Arts & crafts

Papel de parede de "Alcachofra" , de John Henry Dearle para William Morris & Co., 1897 (Victoria and Albert Museum). O movimento das arts & crafts (do ingls artes e ofcios, embora seja mais comum manter a expresso original) foi um Movimento Esttico Social ingls surgido na Inglaterra, na segunda metade do sculo XIX, defendia o artesanato criativo como alternativa mecanizao e produo em massa. Entre outras idias, defendia o fim da distino entre o arteso e o artista. Fez frente aos avanos da indstria e pretendia imprimir em mveis e objetos o trao do arteso-artista, que mais tarde seria conhecido como designer. Foi influenciado pelas idias do romntico John Ruskin e liderado pelo socialista e medievalista William Morris. Durou relativamente pouco tempo, mas influenciou o movimento francs da art nouveau e considerado por diversos historiadores como uma das razes do modernismo no design grfico, desenho industrial e arquitetura.

William Morris

William Morris, socialista inovador no movimento das artes e ofcios William Morris (24 de maro de 1834 - 3 de outubro de 1896) foi um dos pricipais fundadores do Movimento das Artes e Ofcios britnico e mais conhecido como designer de papis de parede, tecidos padronizados e livros, alm de escritor de poesia e fico e um dos fundadores do movimento socialista na Inglaterra.

O conflito trgico na vida de Morris era seu desejo no realizado de criar objetos belos a preos acessveis ou mesmo de graa para as pessoas comuns, enquanto que o resultado na vida real era sempre a criao de objetos extremamente caros para uma minoria bvia. (Em seu romance utpico Notcias de Lugar Nenhum, todos trabalham apenas pelo prazer e objetos belamente confeccionados so dados de graa para aqueles que simplesmente os apreciam.) Morris nasceu em Walthamstow, prximo a Londres. Sua famlia era rica, e ele foi para a Oxford (Faculdade de Exeter), onde se tornou influenciado por John Ruskin e onde conheceu seus amigos e colaboradores de toda a vida, Dante Gabriel Rossetti, Edward Burne-Jones, Ford Madox Brown e Philip Webb. Ele tambm conheceu sua esposa, Jane Burden, uma mulher da classe trabalhadora cuja pele clara e cabelo cprico eram considerados por Morris e seus amigos o eptome da beleza. O movimento artstico que Morris e os outros tornaram famoso foi a Irmandade Pr-Rafaelita. Eles evitavam a manufatura industrial barata de artes decorativas e da arquitetura e favoreciam um retorno ao artesanato, elevando os artesos condio de artistas. Morris deixou Oxford para entrar em uma firma de arquitetura, mas logo se viu cada vez mais atrado para as artes decorativas. Ele e Webb construram a Casa Vermelha em Bexleyheath em Kent, o presente de casamento de Morris Jane. Foi aqui que suas idias de design comearam a tomar forma fsica. A torre de relgio feita de tijolos no centro de Bexleyheath teve, em 1996, um busto de Morris colocado em uma posio original. Em 1861, ele fundou a firma Morris, Marshall, Faulkner & Co. com Gabriel Rossetti, BurneJones, Madox Brown e Philip Webb. No decorrer de sua vida, ele continuou a trabalhar em sua prpria firma, embora esta mudasse de nome. Sua encarnao mais famosa foi como Morris and Company. Seus designs so vendidos ainda hoje sob licenas dadas a Sanderson and Sons e Liberty de Londres. Em 1877, ele fundou a Sociedade para a Proteo de Prdios Antigos. Seu trabalho de preservao resultou indiretamente na fundao do National Trust. Morris e sua filha May estavam entre os primeiros socialistas da Inglaterra, trabalhando diretamente com Eleanor Marx e Engels para iniciar o movimento socialista. Em 1883, ele entrou para a Federao Democrtica Social e, em 1884, organizou a Liga Socialista. Uma de suas obras mais conhecidas, Notcias de Lugar Nenhum, um romance utpico que descreve uma sociedade socialista. Esse aspecto da obra de Morris bem discutido na biografia (com o subttulo de Romntico a Revolucionrio) escrita por E. P. Thompson. Morris e Rossetti alugaram uma casa de campo, Kelmscott Manor, prxima a Lechlade, Gloucestershire, como um retiro de vero, mas ela logo se tornou um refgio para Rossetti e Jane Morris terem um duradouro caso. Para fugir do desconforto, Morris freqentemente viajava para a Islndia, onde pesquisava lendas islandesas que posteriormente se tornariam a base de poemas e romances. Considera-se que o livro de Morris, The Wood Between the Worlds, tenha influenciado a srie Narnia de C. S. Lewis, enquanto que J. R. R. Tolkien foi inspirado pelas reconstrues de Morris da vida germnica primitiva em The House of the Wolfings e The Roots of the Mountains. Aps a morte de Tennyson em 1892, foi oferecida a Morris a condio de Poeta Laureado, mas ele a recusou.

William Morris morreu em 1896 e foi sepultado no cemitrio da igreja na aldeia de Kelmscott, em Oxfordshire.

A natureza do Gtico (The Nature of Gothic) porJohn Ruskin, impresso por Kelmscott Press. primeira pgina de texto, com ornamentaes. Design de William Morris.

A Kelmscott Press
Em janeiro de 1891, Morris fundou a editora Kelmscott Press em Hammersmith, Londres para produzir exemplos de design aprimorado de impresso e livros. Ele desenvolveu tipos claros de letras, tais como seu tipo 'dourado' romano, que foi inspirado pelo tipo do antigo tipgrafo veneziano Nicolaus Jenson, e bordas decorativas medievalizadas para livros que eram inspirados pelos incunabula do sculo XV e suas ilustraes talhadas em madeira. A seleo de papel e tinta e a preocupao com a integrao completa entre tipo e decoraes nas pginas fez da Kelmscott Press a mais famosa das grficas particulares do Movimento das Artes e Ofcios. Ela operou at 1898, produzindo 53 volumes e inspirando outras grficas particulares. Entre os amantes de livros, sua edio de Os Contos da Canturia considerado um dos mais belos livros j produzidos.

Obras literrias

The Defence of Guinevere, and other Poems (1858) The Life and Death of Jason (1867) The Earthly Paradise (1868-70) The Story of Sigurd the Volsung and the Fall of the Nibelungs (1876) Love is Enough, or The Freeing of Pharamond (1872) A Dream of John Ball (1886) The House of the Wolfings (1888) The Roots of the Mountains (1889) Notcias de Lugar Nenhum (1890) The Story of the Glittering Plain (1890) The Well at the World's End (1892) The Wood Beyond the World (1892)

Morris tambm traduziu um grande nmero de obras clssicas e medievais, incluindo colees de sagas islandesas tais como Three Northern Love Stories (1875), a Eneida de Virglio (1875) e a Odissia de Homero (1887). As Socidades Morris tanto na Inglaterra como nos E.U.A. so ativas na preservao da obra e das idias de Morris.

Ligaes externas

The Online Books Page - textos de William Morris em formatos eletrnicos William Morris and his Circle The William Morris Gallery (London Borough de Waltham Forest) The William Morris Internet Archive (marxists.org) The William Morris Society Azulejos e tecidos por William Morris The Arts and Crafts Home

John Ruskin

Autoretrato John Ruskin (*1819 - 1900) foi um escritor mais lembrado por seu trabalho como crtico de arte e crtico social britnico. Foi tambm poeta e desenhista. Os ensaios de Ruskin sobre arte e arquitetura foram extremamente influentes na era Vitoriana, repercutindo at hoje. O pensamento de Ruskin vincula-se ao Romantismo, movimento literrio e ideolgico (final do sculo XVIII at meado do sculo XIX), e que d nfase a sensibilidade subjetiva e emotiva em contraponto com a razo. Esteticamente, Ruskin apresenta-se como reao ao Classicismo e com admirao ao medievalismo. Na sua definio de restaurao dos patrimnios histricos, considerava a real destruio daquilo que no se pode salvar, nem a mnima parte, uma destruio acompanhada de uma falsa descrio. A partir de 1851, foi um defensor inicial e patrono da Irmandade Pr-Rafaelita e a inspirao para a criao do movimento Arts & Crafts.

Desenho em nanquin de John Ruskin. Estudo de Gneiss Rock, Glenfinlas, 1853. Ashmolean Museum, Oxford, Inglaterra

Escritos
"Podemos viver sem a arquitetura de uma poca, mas, no podemos record-la sem a sua presena. Podemos saber mais da Grcia pelos seus destroos e de sua cultura que pela poesia e a sua histria. Deve-se fazer histria com a arquitetura de uma poca e depois conserv-la. As construes civis e domsticas so as mais importantes no significado histrico. A casa do homem do povo deve ser preservada, pois, relata a evoluo nacional, devendo ter o mesmo respeito que o das grandes construes consideradas por muitos importantes. Mais vale um material grosseiro, mas, que narre uma histria, do que uma obra rica e sem significado. A maior glria de um edifcio no depende da sua pedra ou de seu ouro, mas sim, o fato de est relacionada com a sensao profunda de expresso. Uma expresso no se reproduz, pois as idias so inmeras e diferentes os homens, e segundo os objetos de diferentes estudos, se chegaria a inmeras concluses. A restaurao a destruio do edifcio, como tentar ressucitar os mortos. melhor manter uma runa do que restaur-la."

Legado
A influncia de Ruskin vai alm do campo da histria da arte. Leo Tolstoy descreveu Ruskin como "um desses homens raros que pensam com seu corao". Marcel Proust era um entusiasta de Ruskin e traduziu sua obra para o francs. Mahatma Gandhi disse que Ruskin foi a maior influncia em sua vida.

Biografias

O livro The Darkening Glass (Columbia UP, 1960) tida como a "obra definitiva sobre Ruskin no sculo XX", escrita pelo professor de Columbia John D. Rosenberg, acompanhado de sua antologia de Ruskin, The Genius of John Ruskin. Outra obra de grande importncia a biografia em dois volumes de Tim Hilton: John Ruskin: The Early Years (Yale University Press, 1985) e John Ruskin: The Later Years (Yale University Press, 2000). Ruskin tambm viria a ser a fasca que iria incendiar o esprito da vanguarda do sculo XX que viria a buscar a completa renovao do ornamento e das formas da arte decorativa, que teria a Arte Noveau como resultado final, e em seguida, o modernismo.

Bibliografia parcial

The Poetry of Architecture (1838) The King of the Golden River (1841) Modern Painters (1843) Modern Painters II (1846) The Seven Lamps of Architecture (1849) Pre-Raphaelitism (1851) The Stones of Venice I (1851) The Stones of Venice II and III (1853) Architecture and Painting (1854) Modern Painters III (1856) The Harbours of England (1856) Political Economy of Art (1857) The Two Paths (1859) The Elements of Perspective (1859) Modern Painters IV (1860) Unto This Last (1862) Munera Pulveris (Essays on Political Economy) (1862) Cestus of Aglaia (1864) Sesame and Lilies (1865) The Ethics of the Dust (1866) The Crown of Wild Olive (1867) Time and Tide (1867) The Flamboyant Architecture of the Somme (1869) The Queen of the Air (1869) Verona and its Rivers (1870) Aratra Pentelici (1872) The Eagle's Nest (1872) Love's Meinie (1873) Ariadne Florentina (1873) Val d'Arno (1874) The Ethics of the Dust 1875 Mornings in Florence (1877) Fiction, Fair and Foul (1880) Deucalion (1883) St Mark's Rest (1884) Storm-Clouds of the Nineteenth Century (1884) Bible of Amiens (1885)

Proserpina (1886) Praeterita (1889)

Art nouveau

Rtulo de loo Edista. Um exemplo tpico do estilo do Art Nouveau Art nouveau ([aR.nu'vo], do francs arte nova), chamado Arte Nova em Portugal, foi um estilo esttico essencialmente de design e arquitectura que tambm influenciou o mundo das artes plsticas. Era relacionado com o movimento arts & crafts e que teve grande destaque durante a Belle poque, nas ltimas dcadas do sculo XIX e primeiras dcadas do sculo XX. Relaciona-se especialmente com a 2 Revoluo Industrial em curso na Europa com a explorao de novos materiais (como o ferro e o vidro, principais elementos dos edifcios que passaram a ser construdos segundo a nova esttica) e os avanos tecnolgicos na rea grfica, como a tcnica da litografia colorida que teve grande influncia nos cartazes. Devido forte presena do estilo naquele perodo, este tambm recebeu o apelido de modern style (do ingls, estilo moderno). O nome surgiu de uma loja parisiense (capital internacional do movimento), chamada justamente Art nouveau e que vendia mobilirio seguindo o estilo. Caracteriza-se pelas formas orgnicas, escapismo para a Natureza, valorizao do trabalho artesanal, entre outros. O movimento simbolista tambm influenciou o art nouveau. Recebeu nomes diversos dependendo do pas em que se encontrava: Flower art na Inglaterra, "Modern Style", "Liberty" ou stilo "Floreale" na Itlia. Os alemes criam sua prpria vertente de Art Nouveau chamada Jugendstil. No Brasil, teve fundamental participao na divulgao e realizao da art nouveau o Liceu de Artes e Ofcios de So Paulo. Um dos maiores nomes desse estilo, no Brasil, o artista Eliseu Visconti, pioneiro do design no Pas. Em Portugal, edifcios em estilo arte nova so particularmente comuns em Aveiro e Caldas da Rainha. Em Lisboa, a Casa - Museu Dr. Anastcio Gonalves um bom exemplo da variante portuguesa do estilo, assim como no Porto o Caf Majestic. Em Portugal foi comum, mais que a arquitetura, a decorao de fachadas e interiores com azulejos em estilo arte nova, como se comprova em muitos edifcios da virada dos sculos XIX e XX.

Uma esttica para o design

Livraria Lello & Irmo, no Porto. Ao contrrio da maioria das correntes associadas ao movimento modernista, o Art Nouveau no foi dominado pela pintura. Mesmo os pintores mais estreitamente relacionados com o estilo, Toulouse-Lautrec, Pierre Bonnard, Gustav Klimt, criaram cartazes e objetos de decorao memorveis. Juntamente com o Arts and Crafts, o Art Nouveau foi um dos estilos estticos que preparam o caminho do design moderno. Art Nouveau modernizou o design editorial, a tipografia e o design de marcas comerciais; alm de se destacar pelo desenvolvimento dos cartazes modernos. Art Nouveau tambm revolucionou o design de moda, o uso dos tecidos e o mobilirio, assim como o design de vasos e lamparinas Tiffany, artigos de vidro Lalique e estampas Liberty. A litografia colorida tornou-se disponvel ao final do sculo XIX, possibilitando aos designers da poca trabalhar direto na pedra, sem as restries da impresso tipogrfica, possibilitando um desenho mais livre. Esse avano tecnolgico foi muito reponsvel pelo florecimento e difuso do cartaz.

Influncia da pintura japonesa

Talvez a principal influncia esttica que inspirou o uso livre do espao graficamente foi a popularidade das estampas japonesas. A pintura japonesa valorizava muito o espao em branco do papel e a composio precisa dos elementos figurativos, alm do movimento e textura grfica da pincelada. Podemos perceber essa influncia direta na composio e desenho, extremamente grficos e econmicos, de Aubrey Beardsley, um dos pioneiros do design (e do desenho artstico) moderno. Alm disso, a expressividade da caligrafia japonesa pode ter influnciado tambm muito da caligrafia expressiva do Art Nouveau.

A influncia do Art Nouveau

Embora o Art Nouveau seja uma manifestao tpica do sculo XIX, podem-se encontrar traos desse movimento no design grfico posterior do sculo XX. Para demonstrar a continuidade da influncia do estilo, podemos destacar:

O estilo psicodlico dos anos de 1960-70 (ver Milton Glaser). Especialmente influnciados pelo Jugendstil. A famlia tipogrfica Bookman, o arredondado da Cooper Black e o redesenho de tipografias antigas e ornamentadas, possveis por avanos tecnolgicos como a fotoletra, fotocomposio e a tipografia digital.

Embora, por muito tempo, designers educados sombra do Bauhaus e do Estilo internacional tenham criticado o Art Nouveau como uma manifestao esttica excessivamente ornamental, atualmente se valoriza muito a importncia histrica do Art Nouveau, sem menosprezar a sua riqueza ornamental.

Notveis designers, artistas e arquitetos do Art Nouveau

Ilustrao, Design Grfico

Aubrey Beardsley (1872-1898) Gaston Gerard (1878-1969) Alfons Mucha (1860-1939) Edvard Munch (1863-1944) Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901) Pierre Bonnard (1867-1947) William Bradley (1868-1962) Eliseu Visconti (1866-1944)

Mveis

Carlo Bugatti (1856-1940) Eugne Gaillard (1862-1933) Louis Majorelle (1859-1926) Henry van de Velde (1863-1957)

Vidro e Vitrais

Daum Frres (1825-1885) mile Gall (1846-1904) Jacques Gruber (1870-1936) Ren Lalique (1860-1945) Louis Comfort Tiffany (1848-1933)

Outras artes decorativas

Charles R. Ashbee (1863-1942) Jules Brunfaut (1852-1942) Auguste Delaherche (1857-1940)

Georges de Feure (1868-1928) Hermann Obrist (1863-1927) Philippe Wolfers (1858-1929)

Murais e mosaicos

Mikhail Vrubel (1856-1910) Gustav Klimt (1862-1918) Eliseu Visconti(1866-1944)

Casa Mil projeto de Antoni Gaud, Espanha.

Arquitetura

mile Andr (1871-1933) Georges Biet (1868-1955) Paul Charbonnier (1865-1953) Raimondo Tommaso D'Aronco (1857-1932) August Endel (1871-1925) Antoni Gaud (1852-1926) Victor Horta (1861-1947) Josef Hoffmann (1870-1956) Hector Guimard (1867-1942) Charles Rennie Mackintosh (1868-1928) Louis Sullivan (1856-1924) Eugne Vallin (1856-1922) Fyodor Shekhtel (1859-1926) Henry Van de Velde (1863-1957) Otto Wagner (1841-1918) Lucien Weissenburger (1860-1929) Marian Peretiatkovich (1872-1916)

Ligaes externas

LE CERCLE GUIMARD - A associao para a proteco e a promoo da obra Hector Guimard (francs) lartnouveau.com (francs-english) Eliseu Visconti e o Art Nouveau (em portugus)

Art dco

Nova Iorque vista do Rockefeller Center. Arquitetura Art Dco. Art dco no foi um movimento, mas sim um estilo que afetou a arquitetura, as artes plsticas, o design grfico e o design indstrial, e que surgiu na dcada de 1920 ganhando fora nas anos 30 na Europa e nas Amricas. Representa a adaptao pela sociedade de massa dos princpios do cubismo. Edifcios, esculturas, jias, luminrias e mveis so geometrizados. Sem abrir mo do requinte, os objetos tm decorao moderna. Mesmo quando feitos com bases simples, como concreto armado e compensado de madeira, ganham ornamentos de bronze, mrmore, prata, marfim e outros materiais nobres. Diferentemente da Art Nouveau, mais rebuscada, a Arte Dco tem mais simplicidade de estilo.

O nome
O estilo deve seu nome Exposio Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas (em francs: Exposition Internationale des Arts Dcoratifs et Industriels Modernes), realizada em Paris, em 1925. Na mostra, nus femininos, animais e folhagens so apresentados em cores discretas, traos sintticos, formas estilizadas ou geomtricas. Muitas peas exibem marcas de civilizaes antigas. o caso de uma escrivaninha de madeira laqueada, marfim e metal que reproduz um templo asteca.

Design industrial

Design Indstrial Art Dco do Maurice Ascalon, Pal-Bell, 1939-1950.

Ao lado de objetos industrializados, h peas feitas artesanalmente em nmero limitado de cpias. Ao contrrio do design criado pela Bauhaus, no art dco no h exigncia de funcionalidade. O art dco pode ser visto como uma tentativa de modernizar o art nouveau. O uso de materiais menos nobres como o baquelite, concreto armado, compensado de madeira e ao tubular e o incio da produo em srie contribuem para baixar o preo unitrio das obras. o caso das luminrias de vidro com esculturas de bronze criadas pelo francs Ren Lalique (1860-1945), vendidas em grandes lojas. Antes designer de jias art nouveau, ele um dos grandes expoentes do art dco. A Art Deco possui, nos Estados Unidos da Amrica, duas fases formais distintas: na primeira procurou-se inspirao nas mquinas e formas industrias; na segunda seguiu-se o estilo Hollywood de inspirao nos figurinos e cenrios dos filmes.

Arquitetura

Empire State Building, Nova York Na arquitetura art dco, as fachadas tm rigor geomtrico e ritmo linear, com fortes elementos decorativos em materiais nobres. Dois exemplos so o Empire State Building e o Rockefeller Center, em Nova York.

Influncia do art dco

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) o art dco sai de moda, mas, no fim da dcada de 60, colecionadores do mundo todo voltam a se interessar pelo estilo.

No Brasil
No Brasil, o estilo influencia artistas como o escultor Vtor Brecheret (1894-1955), o pintor Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), John Graz, Regina Graz. Uma obra de Brecheret fortemente influenciada pelo art dco o Monumento s Bandeiras, em So Paulo. O edifciosede da Biblioteca Mrio de Andrade e o Estdio do Pacaembu, ambos tambm em So Paulo, so dois grandes marcos arquitetnicos do estilo na cidade. Outro belo exemplar da Art Dco na capital paulista situa-se rua Domingos de Morais. Foi o Art Dco que inspirou os primeiros prdios de Goinia, nova capital de Gois, projetada em 1933 por Atlio Correa Lima, sendo que o acervo arquitetnico de Goinia considerado um dos mais significativos do pas. Alguns dos exemplos mais significativo do Art Dco no Brasil so a torre do relgio da Central do Brasil e o Cristo Redentor no Rio de Janeiro. A arquitetura art dco est espalhada por todo o pas, mas o principal acervo art dco brasileiro concentra-se nas seguintes cidades: So Paulo, Rio de Janeiro, Goinia, Campo

Grande (com a obra do arquiteto Frederico Urlass) e Juiz de Fora, MG (nos projetos do arquiteto Raphael Arcuri). Um conjunto arquitetnico em Art Dco significativo est localizado em Campina Grande PB, batizado de Art Dco Sertanejo por possuir caractersticas prprias da regio Nordeste.

Escola de Chicago
A expresso Escola de Chicago refere-se a escolas e correntes do pensamento de diferentes reas e pocas que ficaram conhecidas por serem discutidas e desenvolvidas na cidade norteamericana de Chicago.

Na sociologia, a Escola de Chicago representa um conjuto de teorias cujo principal tema eram os grandes centros urbanos, pela primeira vez estudados etnograficamente. Na arquitetura e no urbanismo, a Escola de Chicago representa um conjunto de ideais e pensamentos sobre o futuro das cidades e do planejamento urbano americanos, desenvolvidos no incio do sculo XX. Na economia, a Escola de Chicago representa uma corrente que defende o livremercado. Seu mais conhecido representante Milton Friedman, ganhador do Prmio Nobel de Economia em 1976. Na comunicao, a Escola de Chicago representa um conjunto de estudos referentes a comunicao na sociedade, afirmando que a sociedade um produto da comunicao que torna possvel o consenso entre as pessoas. Tambm expressa que a comunicao serve, promove e reprime o conhecimento

Escola de Chicago (arquitectura)

A Escola de Chicago foi pioneira no assunto que desenvolveu, no sc. XX, a tese de que os processos de interao entre as pessoas so constitudos simbolicamente pela comunicao. Nas tendncias socializao e integrao dos indivduos constituemse entre si uma base forte, j as tendncias individualizao e competio entre seus membros constituem seu fator e renovao devido comunicao que permite que os mesmos modifiquem o comportamento na sociedade. A Escola de Chicago de arquitectura e urbanismo foi preponderante no desenvolvimento da cidade no final do sculo XIX. Representa um estilo de construo que passa a utilizar o ferro na estrutura ao invs da madeira, sendo produzido em srie. Por um lado criou uma fachada constante, isto , sem muitas variaes, mais ou menos tal como conhecemos hoje: janelas iguais, aspecto de bloco no edifcio. Por outro lado possibilitou um erguimento mais rpido e prtico. Alm disso, abriu a possibilidade de uma nova diviso do peso da construo, aumentando o gabarito. A escola de Chicago o base da construo dos arranha-cus. Depois do Grande Incndio de Chicago a cidade ficou parcialmente destruda. Era necessrio reconstru-la de forma rpida e eficaz. As influncias modernistas da Escola de Glasgow e da Secesso Vienense foram uma ajuda preciosa no planejamento de novos edifcios. Foram estudados sistemas de aliceramento, cimentao, resistncia e isolamento. Foi o incio da construo em altura, at ento um pouco invivel devido inexistncia de elevadores eltricos. Utilizaram o mtodo moderno de projectar grandes edifcios Parede cortina, grandes reas de parede envidraadas. A estrutura ortogonal em ferro veio trazer um novo sistema de planeamento das plantas mais flexvel, ajudando na colocao de canalizaes. Surgiram desta forma os primeiro Arranhacus. A ornamentao era completamente rejeitada, bem ao estilo do Modernismo, constituindo uma das bases fundamentais da Bauhaus e do Estilo Internacional.

Um dos mais conhecidos arquitectos desta escola foi Frank Lloyd Wright, que apesar de no ter seguido esta vertente, serviu para impulsionar a arquitectura modernista na cidade de Chicago e nos Estados Unidos da Amrica.

Federao Alem do Trabalho

A Deutscher Werkbund (ou "Federao Alem do Trabalho") foi fundada em 1907, por um grupo de arquitetos, designers e empresrios alemes que tinham estado, de alguma maneira, ligados ao Jugendstil, ou "Arte Nova Alem". Entre seus principais expoentes encontra-se Peter Behrens, Walter Gropius e Mies Van der Rohe. Para o movimento Deutscher Werkbund a indstria era parte dos novos tempos e, atravs dela, poder-se-ia obter um mundo melhor. O artista e o arteso buscaram, juntos, melhor condio de vida e melhor qualidade de produtos industriais. Em 1929, esse mesmo grupo funda a escola Bauhaus de arquitetura e artes. Atribui-se a Hermann Muthesius o papel decisivo da sua fundao.

Bauhaus

Palavra Bauhaus marcada na fachada de seu edifcio em Dessau A Staatliches Bauhaus (literalmente, casa estatal de construo, mais conhecida simplesmente por Bauhaus) foi uma escola de design, artes plsticas e arquitectura de vanguarda que funcionou entre 1919 e 1933 na Alemanha. A Bauhaus foi uma das maiores e mais importantes expresses do que chamado Modernismo no design e na arquitectura, sendo uma das primeiras escolas de design do mundo.

Histrico

Sede da Bauhaus em Dessau, Alemanha. o Edifcio foi projetado por Walter Gropius, diretor da escola A escola foi fundada por Walter Gropius em Weimar no ano de 1919, a partir da reunio da Escola do Gro-Duque para Artes Plsticas com a Kunstgewerberschule. A maior parte dos trabalhos feitos pelos alunos nas aulas-oficina foi vendida durante a Segunda Guerra Mundial. A inteno primria era fazer da Bauhaus uma escola combinada de arquitectura, artesanato, e uma academia de artes, e isso acabou sendo a base de muitos conflitos internos e externos que se passaram ali. Gropius pressentiu que comeava um novo perodo da histria com o fim da Primeira Guerra Mundial e decidiu que a partir da dever-se-ia criar um novo estilo arquitectnico que refletisse essa nova poca. O seu estilo tanto na arquitectura quanto na criao de bens de consumo primava pela funcionalidade, custo reduzido e orientao para a produo em massa, sem jamais limitar-se apenas a esses objetivos. O prprio Gropius afirma que antes de um exerccio puro do racionalismo funcional, a Bauhaus deveria procurar definir os limites deste enfoque, e atravs da separao daquilo que meramente arbitrrio do que essencial e tpico, permitir ao esprito criativo construir o novo em cima da base tecnolgica j adquirida pela humanidade. Por essas razes Gropius queria unir novamente os campos da arte e

artesanato, criando produtos altamente funcionais e com atributos artsticos. Ele foi o diretor da escola de 1919 a 1928, sendo sucedido por Hannes Meyer e Ludwig Mies van der Rohe. A Bauhaus tinha sido grandemente subsidiada pela Repblica de Weimar. Aps uma mudana nos quadros do governo, em 1925 a escola mudou-se para Dessau, cujo governo municipal naquele momento era de esquerda. uma nova mudana ocorre em 1932, para Berlim, devido perseguio do recm-implantado governo nazista.

Em 1933, aps uma srie de perseguies por parte do governo hitleriano, a Bauhaus fechada, tambm por ordem do governo. Os nazistas que se opuseram Bauhaus durante a [[dcada de 1920, bem como a qualquer outro grupo que tivesse uma orientao poltica de esquerda. A escola foi considerada uma frente comunista, especialmente porque muitos artistas russos trabalhavam ou estudavam ali. Escritores nazistas como Wilhelm Frick e Alfred Rosenberg clamavam directamente que a escola era "anti-Germnica," e desaprovavam o seu estilo modernista. Contudo, a Bauhaus teve impacto fundamental no desenvolvimento das artes e da arquitectura do ocidente europeu, e tambm dos Estados Unidos da Amrica nas dcadas seguintes - para onde se encaminharam muitos artistas exilados pelo regime nazista. O principal campo de estudos da Bauhaus era a arquitectura (como fica implcito at pelo seu nome), e procurou estabelecer planos para a construo de casas populares baratas por parte da Repblica de Weimar. Mas tambm havia espao para outras expresses artsticas: a escola publicava uma revista chamada Bauhaus e uma srie de livros chamados Bauhausbcher. O diretor de publicaes e design era Herbert Bayer.

Projeto de ensino
Apesar de ter passado por diversas alteraes em seu perfil de ensino medida que a direo da escola evolua, a Bauhaus, de uma forma geral, acreditava que os seus prprios mtodos de ensino deveriam estar relacionados s suas propostas de mudanas nas artes e no design. Um dos objetivos principais da Bauhaus era unir artes, artesanato e tecnologia. A mquina era valorizada, e a produo industrial e o desenho de produtos tinham lugar de destaque. O Vorkurs - literalmente curso preparatrio - era um curso exigido a todos os alunos e ministrado nos moldes do que o moderno curso de Desenho Bsico, fundamental em escolas de arquitectura por todo o mundo. No se ensinava nada de histria na Bauhaus porque acreditava-se que tudo deveria ser criado por princpios racionais ao invs de ser criado por padres herdados do passado.

Nomes ligados Bauhaus

Alguns artistas e professores da Bauhaus:

Walter Gropius Josef Albers Marcel Breuer Lyonel Feininger Johannes Itten Wassily Kandinsky Paul Klee Gerhard Marks Lszl Moholy-Nagy Georg Muche Hinnerk Scheper Lyonel Feininger Oskar Schlemmer Joost Schmidt Lothar Schreyer Gunda Stlzl Marianne Brandt

Escritores/as ligados Bauhaus:

Magdalena droste,autora de um livro de memorias cujo titulo o mesmo que o da escola

Bibliografia

ARGAN, Giulio Carlo; Arte moderna; So Paulo: Editora Companhia das Letras, 1992. BENEVOLO, Leonardo; Histria da arquitetura moderna; So Paulo: Editora Perspectiva. GROPIUS, Walter; Bauhaus - novarquitetura; So Paulo: Editora Perspectiva.

Bauhaus (1919-1933)
Fonts

Futurismo
O futurismo um movimento artstico e literrio, que surgiu oficialmente em 20 de fevereiro de 1909 com a publicao do Manifesto Futurista, pelo poeta italiano Filippo Marinetti, no jornal francs Le Figaro. Os adeptos do movimento rejeitavam o moralismo e o passado, e suas obras baseavam-se fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos tecnolgicos do final do sculo XIX. Os primeiros futuristas europeus tambm exaltavam a guerra e a violncia. O Futurismo desenvolveu-se em todas as artes e influenciou diversos artistas que depois fundaram outros movimentos modernistas.

Le mots en libert: tipografia futurista

No primeiro manifesto futurista de 1909, o slogan era Le mots en libert ("Liberdade para as palavras") e levava em considerao o design tipogrfico da poca, especialmente em jornais e na propaganda. Eles abandonavam toda distino entre arte e design e abraavam a propaganda como forma de comunicao. Foi um momento de explorao do ldico, da linguagem vernacular, da quebra de hierarquia na tipografia tradicional, com uma predileo pelo uso de onomatopias. Essas exploraes tiveram grande repercusso no dadasmo, no concretismo, na tipografia moderna, e no design grfico ps-moderno.

Pintura futurista

Auto-retrato de Umberto Boccioni A pintura futurista foi influenciada pelo cubismo e pelo abstracionismo, mas a utilizao de cores vivas e contrastes e a sobreposio das imagens pretendia dar a ideia de dinamismo deformao e desmaterializao por que passam os objetos e o espao quando ocorre a ao. Para os futuristas, os objetos no se esgotam no contorno aparente e os seus aspectos interpenetram-se continuamente a um s tempo. Procura-se neste estilo expressar o movimento real, registrando a velocidade descrita pelas figuras em movimento no espao. O artista futurista est interessado em pintar um automvel, mas captar a forma plstica a velocidade descrita por ele no espao. Seus primeiros seguidores foram Umberto Boccioni, Carlo Carr e Lus Russolo, que lanaram um manifesto no teatro Chiasella em Turim, em 8 de maro de 1910.

Futurismo no Brasil
O futurismo influenciou diversos artistas que depois fundaram outros movimentos modernistas, como Oswald de Andrade e Anita Malfatti, que tiveram contacto com o Manifesto Futurista e com Marinetti em viagens Europa j em 1912. Aps uma interrupo forada pela Grande Guerra, o contato foi retomado. Foi certamente uma das influncias da Semana de Arte Moderna de 1922, e seus conceitos de desprezo o passado para criar o futuro e no cpia e venerao pela originalidade caiu como uma luva no desejo dos jovens artistas de parar de copiar os modelos europeus e criar uma arte brasileira. Oswald , principalmente, apercebeu-se que o Brasil e toda a sua multiplicidade cultural, desde as variadas culturas autctones dos ndios at cultura negra, representavam uma vantagem e que com elas se podia construir uma identidade e renovar as letras e as artes.

Futurismo em Portugal
Logo em 1909 o Manifesto de Marinetti, foi traduzido do Le Figaro no Dirio dos Aores, mas passou despercebido. Em Maro de 1915 Aquilino Ribeiro, numa crnica parisiense anuncia na revista Ilustrao Portuguesa o movimento futurista aos Portugueses. Mas foi no nmero dois da Revista Orpheu, dirigida por Fernando Pessoa e Mrio de SCarneiro que o futurismo aparece como movimento em Portugal. Na revista aparecem quatro trabalhos de Santa-Rita Pintor, e a Ode Martima de Fernando Pessoa, mereceu de S Carneiro a apreciao de "Obra Prima do Futurismo". Em 4 de Abril de 1917, realizada no Teatro Repblica (So Luis) em Lisboa uma matine para apresentao do futurismo ao pblico portugus. Participam Almada Negreiros, SantaRita Pintor e outros, onde se leram textos de Marinetti e outros futuristas. Em Novembro-Dezembro de 1917 Santa-Rita preparou o lanamento da Revista Portugal Futurista, que foi apreendida porta da tipografia, por subverso e obscenidade de alguns textos. Com a morte de Santa-Rita e Amadeu em 1918 e a partida de Almada para Paris o movimento Futurista Portugus entra em declnio.

Manifesto Futurista
Manifesto Futurista por Filippo Tommaso Marinetti

1. Ns pretendemos cantar o amor ao perigo, o hbito da energia e a intrepidez. 2. Coragem, audcia, e revolta sero elementos essenciais da nossa poesia.

3. Desde ento a literatura exaltou uma imobilidade pesarosa, xtase e sono. Ns pretendemos exaltar a ao agressiva, uma insnia febril, o progresso do corredor, o salto mortal, o soco e tapa. 4. Ns afirmamos que a magnificincia do mundo foi enriquecida por uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um carro de corrida cuja capota adornada com grandes canos, como serpentes de respiraes explosivas de um carro bravejante que parece correr na metralha mais bonito do que a Vitria da Samotrcia. 5. Ns queremos cantar hinos ao homem e roda, que arremessa a lana de seu esprito sobre a Terra, ao longo de sua rbita 6. O poeta deve esgotar a si mesmo com ardor, esplendor, e generosidade, para expandir o fervor entusistico dos elementos primordiais. 7. Exceto na luta, no h beleza. Nenhum trabalho sem um carter agressivo pode ser uma obra de arte. Poesia deve ser concebida como um ataque violento em foras desconhecidas, para reduzir e serem prostradas perante o homem. 8. Ns estamos no ltimo promontrio dos sculos!... Porque ns deveramos olhar para trs, quando o que queremos atravessar as portas misteriosas do Impossvel? Tempo e Espao morreram ontem. Ns j vivemos no absoluto, porque ns criamos a velocidade, eterna, onipresente. 9. Ns glorificaremos a guerra a nica higiene militar, patriotismo, o gesto destrutivo daqueles que trazem a liberdade, idias pelas quais vale a pena morrer, e o escarnecer da mulher. 10. Ns destruiremos os museus, bibliotecas, academias de todo tipo, lutaremos contra o moralismo, feminismo, toda covardice oportunista ou utilitria. 11. Ns cantaremos as grandes multides excitadas pelo trabalho, pelo prazer, e pelo tumulto; ns cantaremos a cano das mars de revoluo, multicoloridas e polifnicas nas modernas capitais; ns cantaremos o vibrante fervor noturno de arsenais e estaleiros em chamas com violentas luas eltricas; estaes de trem cobiosas que devoram serpentes emplumadas de fumaa; fbricas pendem em nuvens por linhas tortas de suas fumaas; pontes que transpem rios, como ginastas gigantes, lampejando no sol com um brilho de facas; navios a vapor aventureiros que fungam o horizonte; locomotivas de peito largo cujas rodas atravessam os trilhos como o casco de enormes cavalos de ao freados por tubulaes; e o vo macio de avies cujos propulsores tagarelam no vento como faixas e parecem aplaudir como um pblico entusiasmado.

De Stijl

Exemplo da revista De Stijl, Letterklankbeelden, projeto grfico de Theo van Doesburg. Movimento esttico que teve profunda influncia sobre o design e artes plsticas. A revista De Stijl foi uma publicao iniciada em 1917 por Theo van Doesburg e alguns colegas que viriam a compor o movimento artstico conhecido por Neoplasticismo. Devido influncia dos textos da revista, que muitas vezes assumiam um aspecto de manifesto, o prprio movimento neoplstico (e mais tarde, o Elementarismo) confundido com o nome da revista. Tambm costuma-se chamar o seu grupo criador pelo ttulo da publicao. Entre seus colaboradores estavam, alm de Doesburg, o pintor Piet Mondrian, o designer de produto Gerrit Rietvield, entre outros. Um dos mais idealistas movimentos artsticos do sculo XX, o Stijl (ou Neoplasticismo, nome dado por Piet Mondrian sua filosofia artstica) foi um dos grandes marcos da arte moderna, o mais puro dos movimentos abstratos. O movimento, de origem e essncia neerlandesa, permaneceu ativo e coeso por menos de quinze anos, mas sua influncia pode ser sentida at hoje, particularmente nos campos da pintura e arquitetura. Arrancando a pintura do campo da representao e abraando o abstracionismo total, objetivando a sntese das formas de arte, o Stijl caracterizou-se pelo fervor quase religioso de seus partidrios, que acreditavam existir leis que regem a expresso artstica e que viam em sua arte um modelo para relaes harmoniosas julgadas possveis para indivduos e sociedade.

Histria
De Stijl (O estilo, em neerlands) comeou oficialmente nos Pases Baixos em 1917, quando Mondrian, Van Doesburg e o arquiteto Bart van der Leck lanaram a revista que deu nome ao movimento. Tendo Van Doesburg como editor, a revista, de tiragens pequenas mas importantes, foi o eixo de coeso dos artistas, apresentando idias e teorias sobre a nova concepo artstica apresentada. O auge do movimento foi entre 1921 e 1925, quando Theo Van Doesburg, propagandista brilhante com devoo ardente ao movimento, convidou artistas de toda parte para participar

do Stijl, e, paralelamente, fez diversas conferncias pela Europa para divulgar sua cruzada. Suas palestras e performances serviram para intensificar a tendncia idealista entre os mestres da famosa escola alem de desenho industrial, a Bauhaus, onde Van Doesburg chegou a lecionar, internacionalizando, de fato, o movimento. Em 1925, no entanto, o Stijl j mostrava alguns sinais de desgaste, no tendo se renovado e com muitos artistas procurando novos caminhos. Neste ano, Piet Mondrian renunciou publicamente ao movimento, ao entrar em conflito com Van Doesburg acerca do rumo terico a ser seguido Mondrian condenava o uso de linhas diagonais que Van Doesburg passou a fazer, j que o ngulo reto era um dos pilares fundamentais de sua teoria neoplstica. Aps sua sada do Stijl, Mondrian participou (e influenciou) o grupo francs AbstractCration, fundado em Paris, 1931, por Naum Gabo (1890-1977) e Antoine Pevsner (18841962). Nos anos subseqentes, Mondrian mudou-se para Nova Iorque, onde influenciou muitos artistas americanos e, sob a influncia do jazz, pintou quadros famosos como Broadway Boogie-Woogie. Em 1928, a revista De Stijl finalmente parou de circular, aps alguns anos de publicao intermitente, fazendo com que muitos estudiosos apontassem-no como o ano final do Neoplasticismo. Todavia, devido militncia persistente de Theo Van Doesburg, alguns especialistas afirmam que a dissoluo s ocorreu em 1931, ano da morte do pintor.

Conseqncias e influncia do Stijl

Ao injetar slido embasamento terico em suas obras pinturas, construes, esculturas, entre outros os Neoplasticistas radicalizaram e renovaram a arte moderna. Os ecos do modo neoplstico de encarar a arte so sentidos at os dias de hoje em inmeras reas. No campo da pintura, Mondrian permanece na panteo dos grandes pintores do sculo XX, influenciando mltiplas geraes e correntes abstratas contemporneas. Ao romper com a arte figurativa e reneg-la, promovendo o salto subseqente de uma concepo esttica cujas origens podem ser traadas na pintura cubista, o holands amplificou a vitalidade da pintura abstrata e ajudou-a a ser vista com seriedade e admirao. Como afirma H.B Chipp, suas idias profundas e sua presena quase santa tiveram grande influncia no crescimento de outros movimentos abstratos. Suas composies nicas, imediatamente reconhecveis, entraram, em certa medida, no imaginrio popular e foram apropriadas pela indstria cultural (um fenmeno interessante a profuso de livros, no necessariamente relacionados arte, cujas capas imitam as famosas composies de Mondrian). Dessa forma, com tal apelo visual extremamente peculiar, podemos compreender porque Piet Mondrian tornou-se um cone muito maior do que seus companheiros no Stijl cone esse to grande e impactante que superou at mesmo a fama do prprio movimento. Na arquitetura e desenho industrial, a influncia do Stijl talvez tenha ido mais longe ainda. Com o intercmbio entre o movimento e a Bauhaus, o ideal neoplstico tornou-se imensamente popular, com produo e consumo em escala industrial de infindveis peas diretamente inspiradas pelas propostas do grupo holands, que adquiriram um carter moderno, voltado para o futuro. At hoje, obras como a Poltrona de Rietveld so imediatamente associadas a uma atitude voltada para o futuro, sendo comum ver at mesmo em filmes de fico cientfica cenrios recheados de elementos neoplsticos como forma de realar o aspecto futurista do ambiente.

O legado do Stijl se faz presente at em reas insuspeitas e improvveis como a msica pop em 2000, o duo americano de blues-rock White Stripes lanou um lbum denominado De Stijl, cuja capa composta por uma foto dos integrantes em um ambiente diretamente inspirado pelo movimento holands blocos lisos vermelhos e brancos e hastes pretas.

Construtivismo russo

Cartaz de El Lissitzky, 1929 O Construtivismo russo foi um movimento esttico-poltico que iniciou na Russia apartir de 1914, como parte do contexto dos movimentos de vanguarda no pas e um termo usado at hoje. Ele negava uma "arte pura", procurou abolir a idia de que a arte um elemento especial da criao humana, separada do mundo cotidiano. Ela deveria servir objetivos sociais, a construo de um mundo socialista. O termo arte construtivista foi introduzida pela primeira vez por Malevich para descrever o trabalho de Rodchenko em 1917. Caracterizou-se, de forma bastante genrica, pela utilizao constante de geometria, cores primrias, fotomontagem e a tipografia sem serifa. O Construtivismo teve influncia profunda na arte moderna e no design moderno e est inserido no contexto das vanguardas estticas europias do incio do Sculo XX. So considerados manifestaes influnciadas pelo Construtivismo o De Stijl, a Bauhaus, o Suprematismo (assim como grande parte da vanguarda russa). Do ponto de vista das artes plsticas, usando uma acepo mais ampla da palavra, toda a arte abstrata geomtrica do perodo (dcadas de 1920, 30 e 40) pode ser grosseiramente chamada de construtivista (o que inclui as experincias artsticas na Bauhaus, o Neoplasticismo e outros movimentos similares).

Questo social, poltica e contexto histrico

(Rssia, primeiros trinta anos do sculo XX) Uma arte construtiva que no decora, mas organiza a vida Lissitzki, 1922 At o surgimento do construtivismo, nenhum movimento na evoluo da arte moderna tinha sido uma expresso to inserida numa realidade revolucionria concreta, ou tinha colocado to explicitamente a funo social da arte como uma questo poltica. O construtivismo foi

uma expresso com ideologias marxistas e estava intimamente ligado a um organismo comunista revolucionrio. Em seu mago, o construtivismo tinha a convico de que o artista podia contribuir para suprir as necessidades fsicas e intelectuais da sociedade como um todo, relacionando-se diretamente com a produo de mquinas, com a engenharia arquitetnica e com os meios grficos e fotogrficos de comunicao. A arte torna-se instrumento de transformao social, participa da reconstruo do modo de vida e da revolucionarizao da conscincia do povo, deseja satisfazer as necessidades materiais e organizar e sistematizar os sentimentos do proletariado revolucionrio - eis o objetivo: no a arte poltica, mas a socializao da arte. A partir de 1915, o Suprematismo de Malevitch e o Construtivismo de Tatlin (1885-1953) so as duas grandes correntes da arte russa; ambas se inserem no vasto movimento da vanguarda ideolgica e revolucionria, liderada por Maiakovski e oficialmente sustentada pelo comissrio para a instruo do governo de Lnin, Lunacharsky. O Manifesto Realista, escrito por Naum Gabo e assinado por seu irmo Antoine Pevsner, definia claramente os limites e possibilidades da arte-no figurativa e contrariava as idias metafsicas de Malevitch. Considerado o primeiro construtivista, o Manifesto Realista foi afixado nos muros de Moscou durante o primeiro levante de revoluo poltica em meio guerra civil e teve, portanto, grande repercusso. A partir dele, muitos manifestos de correntes antagonistas, distintas, porm, que buscavam tambm essa questo social, foram anunciados. Com o surgimento do NEP em 1921, a Nova Poltica Econmica de Lnin, a utilidade do construtivismo passou a ser seriamente questionada. E em seguida, com sua morte e a queda de Lunacharsky, a nova burocracia stalinista reduziu a arte a um instrumento de propaganda poltica e de divulgao cultural. A vanguarda foi desautorizada e reprimida; a velha academia, revalorizada. A partir de 1930 aproximadamente, a pintura, a arquitetura e a escultura da Unio Sovitica tornaram-se semelhantes em tudo, exceto na temtica, pintura, escultura e arquitetura oficiais do fascismo italiano e do nazismo alemo.

Esttica e conceitos
Na Rssia, a ruptura com a pintura e a escultura cubista foi parcialmente estimulada pelo futurismo e pelo livro Do espiritual na arte, de Kandinsky. Deste modo, os russos encontravam-se preparados para lanar-se rumo a uma arte completamente no-figurativa. Aps a revoluo, as linhas artsticas haviam sido traadas em Moscou e a discusso de projetos e filosofias de arte era bastante aberta, apesar das controvrsias. De um lado, achavam-se os que acreditavam que os artistas deveriam servir s massas, deveriam ser compreensveis em relao s necessidades do proletariado e usar tcnicas e materiais industriais. Tal posio era incitada por Tatlin, Rodchenko e por El Lissitzki. Do outro lado, havia os que viam na arte no-figurativa uma poesia pura, liberada de ideologias, como era proclamado por Malevitch, apoiado pelos irmos Pevsner. Tratando-se de crticos e historiadores de arte, essa oposio de pensamentos surge em relao prpria definio do termo construtivismo que, para alguns uma arte geomtrica e no mimtica, e permeia, dessa forma, Tatlin, Malevitch, Gabo, Kandinsky, pelo fato de todos utilizarem os traos da arte geomtrica. Em oposio, outros falam do construtivismo como uma arte puramente tecnolgica, estritamente submetida aos imperativos do material e do objeto, uma antecipao do design. Ao que tudo indica, portanto, trata-se, desde a origem, de um ismo plural, pelo fato de entremear artistas de diversas correntes que buscavam a valorizao da construo da obra de arte em oposio composio. Para alguns crticos e historiadores, o termo construtivismo toma o lugar da arte no-objetiva (as formas puras) e, para outros, o termo substitui o "objetivismo" oriundo da cultura dos materiais de Tatlin.

Mesmo com tantas controvrsias, percebemos um consenso entre todos os artistas a respeito da finalidade social da arte. Nenhum artista russo do perodo 1917-21 parece ter ficado de fora dos acontecimentos sociais e polticos. Assim, vemos que os critrios so menos estticos, intra-artsticos, do que sociais, j que a arte atribui a si mesma uma tarefa de peso, a de organizar a vida, e no de decor-la. A pintura de cavalete , por conseguinte, abolida. Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que o construtivismo uma das principais tendncias da linha de uma arte til. Para interpretar essa "utilidade" basta observar determinadas caractersticas construtivistas: a busca da tcnica da engenharia, a utilizao dos novos materiais, a tendncia para a arquitetura e o design, a opo pela atividade coletiva em oposio ao individualismo, a idia de construir objetos entendidos como snteses, a superao dos limites da arquitetura, da escultura e da pintura, entre outros. Os artistas construtivistas acreditavam, portanto, que um novo mundo tinha nascido e que o artista devia ocupar seu lugar ao lado do cientista e do engenheiro. Eles elogiavam as formas simples e viam na geometria - reas uniformes de cores puras uma objetividade prpria com novos significados e novas formas. Buscavam a fabricao de coisas socialmente teis e acreditavam que a direo materialista de suas obras desvendaria as qualidades e a expressividade inatas dos materiais. Como aspiravam unificao da arte e da sociedade, os construtivistas eliminaram de suas mentes e de seu vocabulrio as classificaes arbitrrias que tradicionalmente haviam imposto arte uma escala hierrquica, sendo a supremacia conferida pintura, escultura e arquitetura. A idia de que as Belas-Artes so superiores s chamadas "artes prticas" perdera para eles toda a validade. Para Tatlin, um dos maiores representantes do movimento, a arte deve estar a servio da revoluo, fabricar coisas para a vida do povo, como antes fabricava para o luxo dos ricos. A pintura e a escultura tambm so construes (e no representaes) e devem, portanto, utilizar os mesmo materiais e os mesmos procedimentos tcnicos da arquitetura, que, por sua vez, deve ser simultaneamente funcional e visual, isto , visualizar a funo. No mais existem artes maiores e menores: como forma visual, uma cadeira no difere em nada de uma escultura, e a escultura deve ser funcional como uma cadeira. Uma das obras mais simblicas do construtivismo o Monumento da III Internacional, de Tatlin. constitudo por uma gigantesca espiral de ao contendo trs grandes aposentos, totalmente envidraados e informativos. Cada um deles gira sobre si prprio, em tempos diferentes uns dos outros: o superior, de forma cilndrica, durante um dia; o do meio, em forma de pirmide, leva um ms; o inferior, de forma cbica, um ano. A torre, embora tenha sido concebida para desempenhar funes prticas, portadora - sobretudo pela sua estrutura em espiral - de valores simblicos, exprimindo-se globalmente na frmula mais tpica e caracterizadora do construtivismo: utilitarismo + representatividade. A pintura e a escultura no foram inteiramente descartadas. No eram fins em si, de acordo com os princpios do realismo construtivistas, mas faziam parte de processos atravs dos quais a arquitetura ou os produtos industriais eram inteiramente realizados. O conceito de Lissitzki do Proun assinala isso. Proun uma abreviao da frase russa que significa algo como novos objetos de arte. Esse paradigma pretendia, em sua essncia, veicular a idia de evoluo criadora, comeando com o plano horizontal e verses mais ou menos ilusionsticas (uma espcie de planta de arquiteto ou projetista), seguido pela fabricao de modelos tridimensionais, at, finalmente, a realizao total da construo de objetos utilitrios. Proun era, simplesmente, um mtodo de trabalho, em total harmonia com os modernos recursos tecnolgicos.

O ano de 1920 o mais significativo para o movimento. Constitui-se o primeiro grupo construtivista, que pe parte toda a forma de arte que no seja til e surgem o Instituto de Cultura Artstica (Inkhuk) e os Atelis Tcnico-artsticos Superiores (Vkutemas). Ainda em 1920, verificam-se as primeiras articulaes do Construtivismo e, tambm, as primeiras cises. Os irmos Gabo e Pevsner publicam o Manifesto do Realismo, onde j se pode perceber uma distino entre o esprito do Construtivismo e a sua interpretao poltica. Escrevem, entre outras coisas: No avaliamos o nosso trabalho segundo o critrio da beleza, no o pesamos com o peso da ternura e dos sentimentos. Com o fio de prumo na mo, com os olhos infalveis dos dominadores, com um esprito exato como um compasso, edificamos a nossa poca como o universo edifica a sua, como o engenheiro constri as pontes e o matemtico elabora as frmulas das rbitas. Sabemos que tudo tem uma imagem essencial prpria: a cadeira, a mesa, a lmpada, o telefone, o livro, a casa, o homem. So todos eles mundos completos, com os seus ritmos e as suas rbitas. Logo, a obra de arte deixa de ser representao, como o era para os expressionistas, ou ainda configurao abstrata, para passar a ser um objeto potencialmente capaz de se transformar num artefato til.

Dilogos e influncias
Observando agora os antecedentes e preliminares do construtivismo, pode-se afirmar que, em sntese, as experincias iniciais da pintura moderna, verificadas no perodo que vai desde a primeira metade do sculo 19, com o romantismo e o realismo, at Czanne (1839-1906) e o cubismo, no incio do sculo 20, procedem dissoluo do sistema renascentista e esboam novos paradigmas. De incio, preciso remontar obra de Czanne, que, para o construtivismo, tem significado estratgico pois, diz Tarabukin, " a partir de Czanne que o pintor comea a lanar toda a sua ateno sobre a estrutura material real da tela. Pode-se entender, no caso, tal estrutura como a ordenao especfica dos materiais reais da pintura, vale dizer, a cor, a textura, a pincelada e a sua organizao. no trabalho de Czanne, que, para alm da dimenso representacional, a estrutura da pintura ganhar destaque, apresentando-se explcita e decididamente, para o seu observador, como foco de ateno incontornvel. Alguns avanos que o cubismo introduz, numa nova economia pictrica: depurao da forma processual de sua extrao subjetiva, presente em Czanne, para torn-la, quanto sua origem, impessoal e abstrata tal um mdulo ou engrenagem de mquina e radicalizao da dimenso processual da arte. Por outro lado, uma das caractersticas bsicas do sculo XX foi o triunfo da abstrao sobre a mimese, um triunfo baseado no prestgio que a razo e a cincia possuam no princpio do sculo. O novo grau de abstrao consistiu na introduo do tempo na cincia e o cubismo explorou esta nova viso de uma realidade percebida de maneira dinmica e simultnea a partir de diversos pontos de vista. Os construtivistas aprendem com os futuristas italianos uma nova forma de difuso do pensamento, o manifesto, e utilizam-se dele para expor suas idias e conceitos. Alm disso, a esttica, o iderio e os objetos futuristas sero apropriados e transformados pelo construtivismo. Trotski considera que "o futurismo um fenmeno europeu que desperta interesse porque, entre outras razes, no se fechou, ao contrrio do que afirma a escola formal russa, nos limites da arte, mas, desde o incio, se ligou aos acontecimentos polticos e sociais, sobretudo na Itlia". Malevitch diz que O cubismo e o futurismo, formas artsticas revolucionrias, foram os prenncios da Revoluo poltica e econmica de 1917". Dessa forma, Cubismo e Futurismo foram rapidamente conhecidos e assimilados na Rssia, onde um grupo de artistas, nascido da combinao dos dois (desconstruo do espao e do

objeto cubista e temtica da cidade, do movimento e da velocidade futurista), se denominou at mesmo de cubofuturistas. Alguns autores separam Construtivismo de Produtivismo, fazendo deste uma segunda fase do primeiro (a partir da superao da composio pela construo e da primazia do utilitarismo), enquanto outros colocam o produtivismo como caracterstica do construtivismo. As concepes construtivistas e suprematistas coincidem em muitos aspectos, principalmente no fato de ambas quererem ser materialistas e concretas. Porm o suprematismo, assim como o Construtivismo Ocidental, pretexta a geometria como modelo contemplativo, de linguagem abstrata, a partir de pressupostos idealistas ou msticos. Em sntese, d-se, neste limiar, a superao da dimenso representacional da arte e a postulao de um objeto com valor em si, isto , cujos nexos esto postos nele prprio e no em alguma instncia externa. Malevich denomina isto de novo no realismo pictrico. Forja-se a uma nova noo de realismo, inteiramente distinta daquela ingnua, derivada do naturalismo. No Ocidente capitalista, com possvel exceo dos dadastas, que trabalham previamente a recepo de seus trabalhos, o momento da produo costuma ser desvinculado da recepo ou do consumo ao contrrio do que acontece no Construtivismo. Os autores O. Hahn e M. A. Prat chegam a propor a dissoluo da aparente contradio entre dadasmo e construtivismo. Hahn via em Gabo e Pevsner a origem do movimento. Identifica-se correntemente o construtivismo com sucedneos ocidentais de mesma denominao: certos produtos da Bauhaus alem e o neoplasticismo holands, por exemplo. certo que todos estes grupos desdobraram-se, segundo graus variados, a partir de ecos do construtivismo russo, mas, a rigor, eles pouco tem a ver com os princpios e objetivos originais do construtivismo russo. So autores auto-exilados como Gabo e Pevsner, que divergem do construtivismo, e, sem esquecer de outros, como Kandinsky e Chagall, que nunca se disseram construtivistas - mas, que, sendo emigrados russos e tendo circulado nos meios artsticos de ento, no operaram para desfazer a confuso que contriburam, de vrias maneiras, para que se estabelecesse uma contrafao do movimento, capaz, no caso, de ser conjugada ao capitalismo. Tambm no se deve esquecer, neste imbrglio, o papel da Guerra Fria, que secundou a operao, iniciada pelo stalinismo, de apagamento das origens e diretrizes do construtivismo. Um construtivismo retardado originou-se no Rio de Janeiro e em So Paulo sob a denominao de Concretismo, logo seguido pelo Neo-concretismo, na dcada de 1950.

Cinema
Para vocs, o cinema um espetculo. Para mim, quase um meio de compreender o mundo. Maiakovski, 1922 O discurso construtivista, em suma, reconhece o cinema como essencial ao seu ideal (como arte industrial, mecnica, annima, ligada sociedade e ao mundo reais - filmando as coisas existentes e destinado s massas) e aponta para a superao do estgio da cinematografia na poca e do mau-uso ideolgico e esttico do cinema. Mas o pensamento sobre o cinema tardio, mesmo entre intelectuais da vanguarda muitos no o consideravam uma arte, apenas um aparelho tcnico; outros o enxergavam como inferior ao teatro e literatura por apenas reproduzir imagens do mundo real, e no cri-las. Os primeiros, mais tarde, apoiaro Vertov e Schub, enquanto os segundos daro preferncia a Eisenstein.

O futurismo e o construtivismo, na Rssia, aparecem no cinema a princpio timidamente em filmes com linguagem tradicional, seja na insistncia em objetos mecnicos ou na esttica dos cenrios e figurinos. Assim que a semntica da montagem passa para o primeiro plano que pode-se falar em cinema construtivista e logo surgiro diferentes estratgias de abordagem quanto ao papel do cinema e ao tipo de filme exigido pela situao. Para Dziga Vertov, o futuro da arte cinematogrfica a negao de seu presente (os velhos filmes romanceados e o espao dado a intrusos como a msica, a literatura e o teatro). Seu cinema, um tanto futurista, tem como objeto o movimento das coisas (mais especificamente, seu ritmo) e apiase na recusa do psicolgico e na exaltao da mquina. Por meio da organizao, da construo do material registrado pela montagem que no deve manipular o material, mas revel-lo, torn-lo legvel, inteligvel -, o cinema (mquina) evoluir rumo cinematografia (viso construtiva do mundo). Com base nos filmes de Vertov, Gan far do cinema, em seus escritos tericos, o meio de expresso construtivista por excelncia compreendendo o mecanismo da vida e afastando-se da arte por meio a representao do real (sem uso de atores, ou sem encenao). Sergei Eisenstein trar, j do teatro, a influncia plstica/esttica construtivista e seus dois primeiros filmes, A greve e O encouraado Potemkin (1924-5), trazem as marcas das construes cnicas construtivistas e da organizao plstica linear reivindicada, por exemplo, por Rodchenko. Porm, esses so os aspectos mais superficiais de sua filiao problemtica construtivista. De seus estudos resultar sua teoria da montagem que, de maneira diferente da de Vertov, estabelece a articulao significante no cinema (os intervalos entre os planos) como uma compreenso da funo social do filme . Assim, seus dois filmes seguintes vo fundar um novo cinema, chamado intelectual. Eisenstein apresenta, ento, a maioria dos traos do construtivismo: alm do linearismo de suas construes e sua concepo original da montagem, ele trabalha o papel e o sentido dos objetos, integra a escritura imagem, usa a arquitetura como modelo social e responde vigorosamente noo de encomenda social.

Referncias bibliogrficas

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Ligaes externas
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