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Revista Autismo - ABA

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Revista Autismo - ABA: uma interveno comportamental eficaz em casos de autismo

Escrito por Sabrina Ribeiro Qui, 16 de Setembro de 2010 11:20 Por Sabrina Ribeiro

O autismo uma condio crnica, caracterizado pela presena de importantes prejuzos em reas do desenvolvimento, por esta razo o tratamento deve ser contnuo e envolver uma equipe multidisciplinar (Schwartzman, 2003).

A eficcia de um tratamento depende da experincia e do conhecimento dos profissionais sobre o autismo e, principalmente, de sua habilidade de trabalhar em equipe e com a famlia (Bosa, 2006).

Existem vrios tipos de tratamento que podem ser usados para ajudar uma criana com autismo.Independente da linha escolhida, a maioria dos especialistas ressalta que: o tratamento deve comear o mais cedo possvel; as terapias devem ser adaptadas s necessidades especficas de cada criana e a eficcia do tratamento deve ser medida com os avanos da criana.

Sabe-se que uma boa interveno consegue reduzir comportamentos inadequados e minimizar os prejuzos nas reas do desenvolvimento. Os tratamentos visam tornar os indivduos mais independentes em todas as suas reas de atuao, favorecendo uma melhoria na qualidade de vida das pessoas com autismo e suas famlias.

Neste artigo tentarei explicar ao leitor um pouco sobre a metodologia ABA, que usada como um mtodo de interveno comportamental no tratamento dos sintomas do autismo.

A anlise do comportamento aplicada, ou ABA ( Applied Behavior Analysis , na sigla em ingls) uma abordagem da psicologia que usada para a compreenso do comportamento e vem sendo amplamente utilizada no atendimento a pessoas com desenvolvimento atpico, como os transtornos invasivos do desenvolvimento (TIDs). ABA vem do behaviorismo e observa, analisa e explica a associao entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem (Lear, K., 2004)

As origens experimentais da terapia comportamental trouxeram algumas vantagens importantes ao clnico: ele foi treinado na observao de comportamentos verbais e no

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verbais, seja em casa, na escola e/ou no prprio consultrio, o que fonte de dados relevantes. Ele estuda o papel que o ambiente desempenha ambiente este onde possvel interferir e verificar as hipteses levantadas. Outra habilidade o entendimento do que observado como um processo comportamental, com contnuas interaes e, portanto, sujeito a mudanas (Windholz, 2002).

As tcnicas de modificao comportamental tm se mostrado bastante eficazes no tratamento, principalmente em casos mais graves de autismo. Para o analista do comportamento ser terapeuta significa atuar como educador, uma vez que o tratamento envolve um processo abrangente e estruturado de ensino-aprendizagem ou reaprendizagem (Windholz, 1995).

Um dos princpios bsicos da ABA que um comportamento qualquer ao que pode ser observada e contada, com uma freqncia e durao, e que este comportamento pode ser explicado pela identificao dos antecedentes e de suas consequncias. a identificao das relaes entre os eventos ambientais e as aes do organismo. Para estabelecer estas relaes devemos especificar a ocasio em que a resposta ocorre, a prpria resposta e as conseqncias reforadoras (Meyer, S.B., 2003).

Estes comportamentos so motivados, de forma prazerosa. Eles tm uma funo: servem para conseguir algo que se deseja.

Sabemos que todos os comportamentos de um modo geral so aprendidos, bem como os comportamentos problemas. Isso no significa que algum intencionalmente nos ensinou a exibir este tipo de comportamento problema, apenas que aprendemos que eles so eficazes para conseguirmos o que queremos.

O mtodo ABA pode intencionalmente ensinar a criana a exibir comportamentos mais adequados no lugar dos comportamentos problemas.

Comportamentos esto relacionados a eventos ou estmulos que os precedem (antecedentes) e a sua probabilidade de ocorrncia futura est relacionada s conseqncias que os seguem.

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Todo comportamento modificado atravs de suas conseqncias (Moreira e Medeiros, 2007). Tentamos fazer coisas e se elas funcionam faremos novamente; quando nossas aes no funcionam menos provvel que as realizemos novamente no futuro.

Os objetivos da interveno so:

1. Trabalhar os dficits, identificando os comportamentos que a criana tem dificuldades ou at inabilidades e que prejudicam sua vida e suas aprendizagens.

2. Diminuir a freqncia e intensidade de comportamentos de birra ou indesejveis, como, por exemplo: agressividade, estereotipias e outros que dificultam o convvio social e aprendizagem deste indivduo.

3. Promover o desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas, adaptativas, cognitivas, acadmicas etc.

4. Promover comportamentos socialmente desejveis

A interveno baseada em uma anlise funcional, ou seja, anlise da funo do comportamento determinante, para eliminar comportamentos socialmente indesejveis. Este um ponto central para entendermos qual o propsito do comportamento problema que a criana est apresentando e, com isso, montarmos a interveno para modific-lo. Se o

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comportamento influenciado por suas consequncias, podemos manipul-las para entendermos melhor como essa sequncia se d e tambm modificar os comportamentos das pessoas, programando conseqncias especiais para tal (Moreira e Medeiros, 2007).

O primeiro passo para se resolver um comportamento problema identificar a sua funo. Se no soubermos por que uma criana deve se engajar em um comportamento adequado (qual a funo ou propsito), ser difcil saber como devemos ensin-la.

Pais, terapeutas e professores tendem a imaginar ou achar um motivo para o comportamento e isso incorrer no insucesso da interveno. A avaliao comportamental a fase da descoberta, e visa identificao e o entendimento de alguns aspectos relativos criana com autismo e seu ambiente. Alguns dos objetivos da avaliao so: - Entender o repertrio de comunicao da criana: presena ou no de linguagem funcional, contato visual, atendimento de ordens, entre outros; - Como ela se relaciona em seu ambiente: brinquedos preferidos, apresenta birras frequentes, como reage s pessoas; - Qual a funo de seus comportamentos; - Em que circunstncias certos problemas ocorrem ou deixam de ocorrer com maior freqncia ou intensidade? - Quais as conseqncias fornecidas a esses comportamentos problema?

Com base nestas informaes, o segundo passo traar pequenos objetivos a curto prazo, visando ampliao de habilidades e eliminao de comportamentos inadequados, realizando a manipulao dos antecedentes (estratgias de preveno).

importante que a modificao de comportamentos desafiadores seja feita gradualmente, sendo a reduo da ansiedade e do sofrimento o objetivo principal. Isto feito pelo estabelecimento de regras claras e consistentes (quando o comportamento no admitido ou permitido); uma modificao gradativa; identificao de funes subjacentes, tais como ansiedade ou incerteza; modificaes ambientais (mudana nas atitudes ou tornar a situao mais previsvel) e transformao das obsesses em atividades adaptativas (Bosa, 2006).

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Modificando os antecedentes podemos prevenir que o comportamento problema acontea.

Isto realizado de diferentes maneiras:

1. Evitando situaes ou pessoas que sirvam como antecedentes para o comportamento problema;

2. Controlando o meio ambiente no decorrer da vida do indivduo o ambiente modela, cria um repertrio comportamental e o mantm; o ambiente ainda estabelece as ocasies nas quais o comportamento acontece, j que este no ocorre no vcuo (Windholz, 2002).

3. Dividindo as tarefas em passos menores e mais tolerveis, o que chamamos de aprendizagem sem erro. Toda a interveno est baseada na aprendizagem sem erros, ou seja, deixamos de lado o histrico de fracassos e ensinamos a criana a aprender.

Esta aprendizagem deve ser prazerosa e divertida para a criana, podendo-se usar reforadores para manter a criana motivada. Um reforo uma conseqncia que aumenta a probabilidade de esta resposta acontecer novamente. Quando um comportamento fortalecido, mais provvel que ele ocorra no futuro.

Alm do reforo, usamos a hierarquia de dicas: quando iniciamos o ensino de qualquer comportamento, ajudamos a criana a realiz-lo com a dica necessria, que pode ser verbal (total ou parcial), fsica, leve, gestual, visual ou auditiva e planejamos a retirada dessa dica at que a criana seja capaz de realizar o comportamento de maneira independente.

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O terceiro passo a elaborao de programas de ensino. Os programas de ensino so individualizados, geralmente ocorrem em situao de um para um e envolvem as diversas reas do desenvolvimento: acadmica, linguagem, social, verbal, motora, de brincar, pedaggica e atividades de vida diria.

A metodologia ABA e seus procedimentos so constantes e padronizados, o que possibilita que mais de um professor (pessoa que realiza os programas) trabalhe com a criana.

Este um programa intensivo e deve ser feito de 20 a 30 horas por semana. importante ressaltar que este programa no aversivo e rejeita qualquer tipo de punio.

A participao dos familiares da criana no programa de grande contribuio para seu sucesso e assegura a generalizao e manuteno de todas as habilidades aprendidas pela criana.

Sabrina Helena Bandini Ribeiro psicloga, trabalha com pessoas com autismo desde 1995, mestre em Distrbios do Desenvolvimento, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, especialista em Assistncia Psicoprofiltica em Medicina Fetal, pela Universidade Federal de So Paulo, e atende em So Paulo e Atibaia (SP), alm de ser professora do curso de graduao em Psicologia da FAAT (Faculdades Atibaia) e fez parte do grupo de pesquisa sobre transtornos invasivos do desenvolvimento e avaliao neuropsicolgica do Laboratrio de Distrbios do Desenvolvimento, na Universidade Presbiteriana Mackenzie.E-mail: sabandini2@yahoo.com.br Acesse o CONTEDO EXTRA deste texto

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