Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

O Jogo Na Organização Curricular

Fazer download em rtf, pdf ou txt
Fazer download em rtf, pdf ou txt
Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA BAIXADA FLUMINENSE

ARTE MOVIMENTO E LUDICIDADE

PROFESSORA THEMIS DE FARIAS

ALUNO WAGNER ROBERTO

RESENHA DO TEXTO
“O JOGO NA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR PARA DEFICIENTES MENTAIS”

Este instrumento de avaliação tem o propósito de criar uma orientação sobre a didática na
sala de aula constituída por alunos de classes especiais, propondo mudanças na forma como são
conduzidas as aulas e ainda propondo mudanças radicais na postura dos professores que estão
diante desse novo desafio. Devemos ter o pensamento de que a inclusão não poderá ser um mero
depósito do aluno especial na sala de aula. Este artigo também dispõe de informações sobre
quem deverá ser o responsável pela criação e aplicação do currículo na educação especial.
As rotinas nas salas de aula de educação especial não contam com professores
capacitados, e sim com professores dotados de um imenso desinteresse em explorar as
capacidades dos seus alunos, o que dificulta o seu processo de aprendizagem e evolução para a
sua inclusão na sociedade.
Diversas foram as tentativas de alterações no currículo apresentado para os alunos com
deficiência mental, porém nenhuma delas surtiu o efeito esperado. Alguns professores com um
pouco de conhecimento sobre o assunto e com muita boa vontade efetuam, de forma isolada,
alterações no seu modo de trabalho, capazes de melhorar o processo de educação dos alunos
deficientes. Os trabalhos realizados pelos professores não são documentados e tão pouco
divulgados para a sociedade científica.
Huberman coloca que “a mudança é a ruptura do hábito e da rotina”, mas toda mudança
na rotina gera uma grande resistência, é natural do ser humano o sentimento de continuidade.
"Não existe nada mais difícil de fazer, nada mais perigoso de
conduzir, ou de êxito mais incerto do que tomar a iniciava de
introduzir uma nova ordem de coisas, porque a inovação tem
inimigos em todos aqueles que se têm saldo bem sob as condições
antigas, e defensoras não muito entusiásticos entre aqueles que
poderiam sair-se bem na nova ordem das coisas” (Maquiavel,

Duque de Caxias, 28 de julho de 2009.


1513)
O aspecto lúdico da educação com brinquedos e jogos não se enquadram na educação
tradicional, pois os seus pilares são: aquisição de conhecimento, disciplina e a ordem na sala de
aula. E são essas características da escola e dos professores tradicionalistas que irão impor a
resistência às mudanças do sistema de ensino.
O autor do texto nos faz pensar sobre o desafio encontrado pelas mudanças quando o
fator que vai criar a resistência é o preconceito para com as diferenças. Trabalhar com a
diversidade seja ela cultural, social, racional ou movida por deficiências corporais, nunca foi
fácil, porém essa é a lida diária de quem educa. O professor deve criar desafios para o aluno
progredir no seu conhecimento, exigindo dele o viável, o possível, instigando, problematizando
sempre dentro das suas possibilidades acessíveis, para que ele possa criar as suas expectativas e
o estímulo para a sua descoberta quanto um ser humano capaz.
“Não posso esquecer o quanto puder crescer no desempenho da
atividade docente, desafiando também e aberto ao desafio de
estudantes, às vezes jovens urbanos universitários de cidade
várias do mundo, às vezes trabalhadores dos campos e de fábricas
citadinas de pedaços vários do mundo (...) Por isso, não creio em
nenhum esforço chamado de educação para a paz, que em lugar
de desvendar o mundo das injustiças o torna opaco e tenta
miopisar as suas vítimas.” (Paulo Freire ao receber o prêmio
Educação Para a Paz da UNESCO, Paris, 1986).

A Psicogênese da Língua Escrita (Emilia Ferreiro e Ana Teberosky) vem nos apontar que
as crianças não aprendem a escrever necessariamente o que ensinamos e nem da forma como
ensinamos, ou seja, o controle do processo de alfabetização não está nas mãos dos professores,
tampouco se inicia e termina dentro da sala de aula. De acordo com o processo de aprendizagem
construtivista o professor será um mediador entre o ambiente e o aluno, pois a criança é o ator do
processo de aprendizagem, e o educador como um coadjuvante deverá desestabilizar, estimular e
promover oportunidades para promover a troca de informações entre o aluno e o meio social.
O professor deverá estar preparado para a inserção dos jogos na suas atividades, pois ele
encontrará diversos problemas ligados aos objetivos da escola. Ao mesmo tempo em que ele
desperta coisas interessantes nas atitudes dos alunos, não sabemos qual vai ser o resultado
alcançado, gerando incertezas e inconstâncias nas atitudes dos alunos ao praticar as atividades.
Vygotski, nas suas contribuições para a pedagogia, percebe que o desenvolvimento é
fruto de um processo cultural original das relações do aluno com o meio social que ele vive, e é o
professor o responsável pela criação desse ambiente lúdico e propício para o desenvolvimento do
aluno. Algumas premissas importantes devem ser seguidas pelo professor na ocasião em que ele
irá construir o espaço a ser trabalhado com o aluno. Dentre os aspectos importantes a serem
considerados pelo professor podemos citar: Coerência na organização do espaço; possibilidade
de oferecer materiais que permitam às crianças assumirem papéis complementares,
desenvolvendo papéis em sua riqueza e complexidade; preservar o espaço do jogo, separando ele
das outras atividades da escola.
Muitos professores ainda não se reconhecem como responsáveis pela criação do currículo
a ser apresentado na sala de aula tão pouco se colocam no papel de responsável pela
transformação da realidade em que ele atua. A quem pense que criar o currículo seria uma tarefa
muito árdua para o professor e que esta deveria ser uma função dos gestores. Sabemos que na
educação especial iremos nos deparar com inúmeros casos e níveis de deficiência, e somente o
professor que está vivenciando o dia-a-dia com o aluno saberia interpretar as suas possibilidades,
criando situações que privilegiem as condições facilitadoras de aprendizagens que o jogo contém
nos seus diversos domínios afetivo, social, perceptivo-motor e cognitivo. Na era do tecnicismo
não era aceitável essa postura pelo professor. Ele era apenas um órgão de execução de ordens de
gabinete, e por motivos de comodismos muitos professores preferem adotar esta postura.
Quando for possível encontrar um professor habilitado em educação especial na escola
iremos perceber que ele tem total autoridade e autonomia para estabelecer o currículo da sua
classe, além de construir o Projeto Político Pedagógico da Escola e os currículos das classes
compostas de alunos com necessidades especiais e que não tenham professores especializados.
O professor não pode se restringir a ser somente um facilitador do desenvolvimento
cognitivo do aluno, ele deverá também interpretar a concepção de mundo e as aspirações dos
seus alunos.

Mérito Acadêmico:
Nós professores devemos romper de vez com o tradicionalismo e adquirir uma postura
mais radical e revolucionária no tocante a criação do currículo e as práticas pedagógicas
utilizadas nas salas de aula de educação especial. Nós temos que começar a praticar todo o
conhecimento que adquirimos na academia, deixando de lado o comodismo e enfrentando as
resistências que iremos encontrar na nossa caminhada escolar. "A relação entre teoria e prática é
revolucionária porque é dialética. Vimos que a dialética é o movimento das contradições e que a
contradição é a existência de uma relação de negação interna entre termos que só existem
graças a essa negação" (Marilena Chauí, 1980, p. 81).
Encontraremos nos jogos um meio propício para a execução das tarefas ligadas a
aprendizagem, pelo caráter que promove e, principalmente, por ser o mais indicado para os fins
da Educação Inclusiva.

Bibliografia

RIBEIRO, Maria Luisa Sprovieri. O Jogo na organização curricular para deficientes


mentais. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brncadeira, e a educação. 2ª
São Paulo: Cortez, 1997. Cap. , p. 133-141.
MAQUIAVEL, Nicolau, "O PRÍNCIPE", 1513.
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia? São Paulo: Brasiliense, 2001.
GENRO FILHO, Adelmo. Marxismo, filosofia profana. Porto Alegre, Tchê, 1986. pp. 82-
103.
PEREIRA, Dulce Mary Godinho. A IMPORTÂNCIA DO LEGADO DE PAULO
FREIRE PARA A EDUCAÇÃO. 2000. (Graduação) - Curso de Letras, Centro de Ensino
Superior de Juiz de Fora, Juiz de Fora.

Você também pode gostar