Cálculo Exterior para Físicos
Cálculo Exterior para Físicos
Cálculo Exterior para Físicos
ISICOS
2008
Prefacio
De um modo geral, a ferramenta matematica usada para tratar as leis
fsicas tem sido o Calculo Tensorial, principalmente quando as mesmas envolvem
simetrias. Contudo, existem situacoes fsicas em que o uso de tensores tem-se
mostrado inadequado, uma vez que esses entes matematicos dependem de um
sistema de coordenadas em relacao ao qual se representam as coordenadas desses
entes. Essa inadequacao se evidencia na manipulacao do labirinto de ndices
ligados a esses componentes e, em vista disso, aspectos importantes de certas
situacoes fsicas sao, `as vezes, perdidos. Por exemplo, se uma partcula e obrigada
a se deslocar em uma esfera, um unico sistema de coordenadas nao pode descrever
completamente a posicao da mesma, e muito menos seu espaco de fase ou espaco
de estados (espaco de conguracao).
As diculdades apontadas acima, e que, conforme armamos, sao rela-
cionadas com sistemas de coordenadas, surgem porque e na representacao
intrnseca de um tensor - e nao em seu componente - que reside a abstracao
de um conceito fsico. Assim, para contornar tais diculdades, usa-se o Calculo
Exterior, cujos elementos basicos sao as formas exteriores diferenciais. Estas
sao quantidades que ocorrem sob o sinal de integral e, portanto, sao as ferramen-
tas essenciais para representar as leis fsicas.
O objetivo deste livro e o de estudar esse Calculo Exterior e aplica-
lo em alguns topicos da Fsica. Ele e composto de duas partes. Na Parte 1,
desenvolvemos o formalismo teorico em 5 Captulos. Os dois primeiros Captulos
tratam, respectivamente, dos Espacos Vetoriais e dos Tensores. Os tres Captulos
restantes sao destinados ao desenvolvimento do Calculo Exterior propriamente
dito, ou seja, da
Algebra, da Diferenciacao e da Integracao Exterior. Para ajudar
o leitor no entendimento dos assuntos tratados em cada Captulo, apresentamos
a solucao de alguns exerccios e, no nal, propomos cinco problemas para que ele
teste o que aprendeu.
A Parte 2 do livro, composta de tres Captulos, e dedicada a tres aplicacoes
fsicas do que foi desenvolvido na Parte 1: Mecanica, Termodinamica e Eletro-
dinamica.
Os autores agradecem aos professores Ruben Aldrovandi, do Instituto
de Fsica da Universidade do Estado de Sao Paulo (IF/UNESP) e Jose Miguel
ii
Veloso Martins, da Faculdade de Matematica da Universidade Federal do Para
(FM/UFPA), pelo esclarecimento sobre a aplicacao da Derivada de Lie usada no
Captulo 6; ao professor Marcelo Otavio Caminha Gomes, do Instituto de Fsica
da Universidade de Sao Paulo (IF/USP) e Sra. Virgnia de Paiva Franceschelli,
Bibliotecaria do IF/USP, pelo acesso a alguns artigos usados neste livro; e a
professora Cristina Vaz, da FM/UFPA, pelo auxlio na impressao do texto em
TEX.
Por m, queremos tambem agradecer a Jose Roberto Marinho, Editor
da Livraria da Fsica, pela oportunidade que oferece aos alunos e profes-
sores brasileiros de colocar `a disposicao deles textos didaticos de autores tambem
brasileiros.
Belem / Sao Paulo, abril de 2008
Jose Maria Filardo Bassalo - Secretario Executivo da Fundacao Minerva
Mauro Sergio Dorsa Cattani - Professor Titular do IFUSP
Sumario
Captulo 1 - 1. 1 Espacos Vetoriais / 3
1.1.1 Denicoes e Propriedades / 3
1.1.2 Espacos Duais / 6
1.1.3 Espacos Vetoriais Euclidianos / 9
1.1.4 Transformacoes ou Operadores Lineares / 14
Problemas (1.1) / 21
Captulo 2 - 2.1 Tensores / 23
2.1.1 Produto Tensorial de Espacos Vetoriais / 23
2.1.2
Algebra Tensorial / 26
2.1.3 Smbolos de Kronecker e de Levi-Civita, Determinantes / 29
2.1.4 Tensor de Levi-Civita / 32
Problemas (2.1) / 37
Captulo 3 - 3.1
Algebra Exterior / 39
3.1.1
Algebra Exterior de ordem dois / 39
3.1.2
Algebra Exterior de ordem p / 44
3.1.3 Produto Exterior entre p-vetores (formas) / 51
3.1.4 Dualidade / 52
3.1.5 Produto Interno entre p-vetores (formas) / 57
Problemas (3.1) / 59
Captulo 4 - 4.1 Diferenciacao Exterior / 61
4.1.1 Formas Diferenciais / 61
4.1.2 Diferenciacao de Formas / 62
4.1.3 Aplicacoes e Mudanca de Variaveis / 70
4.1.4 Variedades e Sistemas de Coordenadas / 74
4.1.5 Campos Vetoriais e Tensoriais sobre Variedades / 81
4.1.6 Variedades Riemanianas / 95
Problemas (4.1) / 105
Captulo 5 - 5.1 Integracao Exterior / 107
5.1.1 Integracao de Formas / 107
5.1.2 Teorema Generalizado de Stokes / 111
5.1.3 Derivada de Lie / 115
5.1.4 Derivada Convectiva e Integracao sobre um Domnio Movel / 120
Problemas (5.1) / 121
iv
Bibliograa - Parte 1 / 122
Captulo 6 - 6.1 Mecanica / 127
6.1.1 Introducao: Geometria dos Espacos Fsicos / 127
6.1.1.1 Variedade (Manifold) / 128
6.1.1.2 Variedade Diferenciavel / 128
6.1.1.3 Espacos Fsicos Contnuos / 129
6.1.1.4 Espaco Tangente / 129
6.1.1.5 Espaco Tangente Fibrado / 130
6.1.2 Mecanica Lagrangiana em Variedades / 132
6.1.2.1 Espaco Tangente / 132
6.1.3 Mecanica Hamiltoniana Simpletica / 132
6.1.3.1 Variedade Simpletica / 132
6.1.3.2 Fibrado Cotangente e sua Estrutura Simpletica / 133
6.1.4 Campos Vetoriais Hamiltonianos / 133
6.1.4.1 Evolucao Temporal / 135
6.1.4.2 Transformacoes Canonicas / 137
Captulo 7 - 7.1 Termodinamica / 139
7.1.1 Lei Zero da Termodinamica / 139
7.1.2 Primeira Lei da Termodinamica / 140
7.1.3 Segunda Lei da Termodinamica / 148
7.1.4 Terceira Lei da Termodinamica / 157
Captulo 8 - 8.1 Eletrodinamica / 159
8.1.1 Introducao / 159
8.1.2 Formas Diferenciais da Eletromagnetostatica / 161
8.1.3 Formas Diferenciais da Eletrodinamica / 171
8.1.4 Forma Diferencial da Lei de Conservacao da Eletrodinamica / 176
8.1.5 Formas Diferenciais da Eletrodinamica no Espaco-Tempo / 178
Bibliograa - Parte 2 / 185
i=1
a
i
e
i
= 0 ;
b. Linearmente Independente (L.I.) se:
i=n
i=1
a
i
e
i
= 0 a
i
= 0, i .
A partir daqui, a m de facilitar a manipulacao da notacao indicial, usaremos a
Notacao de Einstein:
Se num monomio aparecer repetido um ndice, cara subentendida uma soma
relativa a esse ndice:
i=n
i=1
a
i
e
i
= a
i
e
i
.
Denicao 1.1.1.3. Um conjunto de vetores {e
i
} e chamado um gerador de um
espaco vetorial E, se cada vetor x desse espaco pode ser escrito na forma:
x = x
i
e
i
. (1.1.1.1a)
Denicao 1.1.1.4 - Base. Um conjunto de vetores {e
i
} e chamado uma base de
um espaco vetorial E, se ele e um conjunto de vetores linearmente independentes e gera o
espaco E. O n umero desses vetores e chamado de dimensao de E.
Assim, em vista das deni coes acima, se x e um vetor de um espaco vetorial E, ele
e representado pela equacao (1.1.1.1a), na qual os x
i
representam os componentes daquele
vetor na base {e
i
}. Demonstra-se que um espaco vetorial E tem uma innidade de bases.
Mudanca de Base. Seja um espaco vetorial E e sejam {e
i
} e { e
j
} duas bases do
mesmo, onde i = j = 1, 2, ..., n. Usando-se a expressao (1.1.1.1a), os vetores de uma dessas
bases podem ser escritos em termos dos vetores da outra, da seguinte maneira:
e
j
= s
i
j
e
i
, (1.1.1.2a)
onde os coecientes s
i
j
sao escalares. Analogamente, para a transformacao inversa, vale:
e
i
= s
j
i
e
j
, (1.1.1.2b)
Entre os coecientes s
i
j
e s
j
i
existem relacoes bem determinadas. Antes de obtermos
essas relacoes, vamos introduzir o smbolo de Kronecker, que e assim denido:
5
m
n
=
mn
=
mn
= 1, se m = n,
m
n
=
mn
=
mn
= 0, se m = n . (1.1.1.3a)
Observe-se que esse smbolo apresenta a propriedade de trocar ndices toda vez que o mesmo
atuar sobre quantidades indiciadas. Por exemplo:
m
n
a
m
r
= a
n
r
ou
m
n
a
r
m
= a
r
n
. (1.1.1.3b)
Agora, calculemos as relacoes referidas acima. Aplicando-se a expressao (1.1.1.2b)
na (1.1.1.2a) e usando-se (1.1.1.3a,b), teremos:
e
j
= s
i
j
(s
k
i
e
k
) = (s
i
j
s
k
i
) e
k
,
j
e
k
= (s
i
j
s
k
i
) e
k
(
j
s
i
j
s
k
i
) e
k
= 0 .
Como os vetores e
k
sao L.I., a Denicao 1.1.1.2a nos permite escrever que:
j
s
i
j
s
k
i
= 0
j
= s
i
j
s
k
i
. (1.1.1.4a)
Componentes de um Vetor. Se x
i
e x
j
forem, respectivamente, os componentes
de um vetor x nas bases {e
i
} e { e
j
}, entao, de acordo com a expressao (1.1.1.1a), teremos:
x = x
i
e
i
= x
j
e
j
. (1.1.1.1b)
Agora, usando-se as expressoes (1.1.1.2a,b), vira:
x
i
e
i
= x
j
s
i
j
e
i
(x
i
x
j
s
i
j
) e
i
= 0 ,
e:
x
i
s
j
i
e
j
= x
j
e
j
( x
j
x
i
s
j
i
) e
j
= 0 .
Como os vetores e
j
sao L.I., entao, usando-se a Denicao 1.1.1.2b, vira:
x
i
= s
i
j
x
j
, x
j
= s
j
i
x
i
. (1.1.1.5a,b)
Comparando-se as expressoes (1.1.1.2a,b) e (1.1.1.5a,b) verica-se que os compo-
nentes (x
i
, x
j
) se transformam contravariantemente aos vetores da base ({e
i
} e { e
j
}).
Em vista disso, esses componentes se denominam componentes contravariantes.
6
Exerccios (1.1.1)
EX.1.1.1.1 Encontre a relacao entre os coecientes s
i
j
e s
j
i
, partindo da expressao
(1.1.1.2b) e usando a expressao (1.1.1.2a).
Solucao
Aplicando-se a expressao (1.1.1.2a) na (1.1.1.2b) e usando-se (1.1.1.3a,b), teremos:
e
i
= s
j
i
s
k
j
e
k
k
i
e
k
= s
j
i
s
k
j
e
k
(
k
i
s
j
i
s
k
j
) e
k
= 0 .
Como os vetores e
k
sao L.I., a Denicao 1.1.1.2a nos permite escrever que:
k
i
= s
j
i
s
k
j
. (1.1.1.4b)
1.1.2 Espacos Duais
Denicao 1.1.2.1. Sejam (x, y, z, ...) e (a, b, c, ... ), respectivamente, vetores de
um espaco vetorial E (de base {e
i
}), e elementos de um corpo K, sobre o qual E e denido.
Consideremos as funcoes (f, g, h, ...), denominadas de funcoes lineares, de modo que
tenhamos:
1. f (x) = a, f (e
i
) = a
i
, (1.1.2.1a)
2. f (x + y) = f (x) + f (y) , (1.1.2.1b)
3. f (b x) = b [f (x)] , (1.1.2.1c)
4. (f + g) (x) = f (x) + g (x) , (1.1.2.1d)
5. (c f) (x) = c [f (x)] . (1.1.2.1e)
Nestas condicoes, as funcoes lineares (f, g, h, ...) formam um espaco vetorial
E
, chamado o dual de E (que tem a mesma dimensao n de E), e os seus elementos sao
denominados de formas lineares ou covetores.
Denicao 1.1.2.2 - Base Dual. Consideremos uma base {e
i
} do espaco vetorial
E. Portanto, segundo a expressao (1.1.1.1a), se x E, entao:
x = x
i
e
i
.
Seja, ainda, um conjunto de formas lineares {
i
(x)} E
, tal que:
i
(x) (e
j
) =
i
j
. (1.1.2.2)
Nessas condicoes, o conjunto {
i
(x)} e denido como a base dual de E
.
7
Mudanca de Base Dual. Consideremos no espaco E duas bases {e
i
} e { e
j
} e, no
espaco dual E
j
(x)}. Conforme vimos
anteriormente, a mudanca de base dada pelas expressoes (1.1.1.2a,b):
e
j
= s
i
j
e
i
, e
i
= s
j
i
e
j
,
induz as seguintes transformacoes nos componentes x
i
do vetor x E, dadas pelas expressoes
(1.1.1.5a,b):
x
i
= s
i
j
x
j
, x
j
= s
j
i
x
i
.
Agora, vejamos como se transformam as bases duais {
i
(x)} e {
j
(x)}. Se x E,
entao, segundo a expressao (1.1.1.1b), teremos:
x = x
i
e
i
= x
j
e
j
.
Multiplicando-se `a esquerda as expressoes por {
i
(x)} ({
j
(x)}) e usando-se a expressao
(1.1.2.2), vira:
j
(x) x =
j
(x) (x
i
e
i
) = x
i
j
(x) (e
i
) = x
i
j
i
= x
j
, (1.1.2.3a)
k
(x) x =
k
(x) ( x
j
e
j
) = x
k
(x) ( e
j
) = x
j
= x
k
. (1.1.2.3b)
Substituindo-se esses dois resultados nas expressoes (1.1.1.5a,b), teremos:
i
(x) = s
i
j
(x) ,
j
(x) = s
j
i
i
(x) . (1.1.2.4a,b)
Comparando-se as expressoes (1.1.1.2a,b) e (1.1.2.4a,b), verica-se que as bases duais
({
i
(x)}, {
j
(x)}) se transformam contravariantemente em relacao `as bases ({e
i
}, { e
j
}).
Componentes de um Covetor. Se x
i
e x
j
forem, respectivamente, os componentes
de um vetor x nas bases {e
i
} e { e
j
}, entao, de acordo com a expressao (1.1.1.1b), teremos:
x = x
i
e
i
= x
j
e
j
.
Seja f (x) uma forma generica de E
j
e
j
) = x
j
f ( e
j
) =
f
j
j
(x) , (1.1.2.5b),
8
f (x) = f
i
i
(x) =
f
j
j
(x) , (1.1.2.5c),
onde f
i
e
f
j
representam, respectivamente, os componentes de f nas bases duais {
i
(x)} e
{
j
(x)}.
Agora, vejamos a relacao entre esses componentes. Substituindo-se na expressao
(1.1.2.5c) as expressoes (1.1.2.4a,b), teremos:
f
i
i
(x) =
f
j
s
j
i
i
(x) (f
i
f
j
s
j
i
)
i
(x) = 0 ,
f
i
s
i
j
(x) =
f
j
j
(x) (
f
j
f
i
s
i
j
)
j
(x) = 0 .
Como os vetores
i
(x) e
j
(x) sao L.I. (Exerccio 1.1.2.1), as expressoes acima resultam
em:
f
i
= s
j
i
f
j
,
f
j
= s
i
j
f
i
. (1.1.2.6a,b)
Comparando-se as equacoes (1.1.1.2a,b) e (1.1.2.6a,b), ve-se que os componentes do
covetor f e os vetores da base de E seguem a mesma lei de covarianca. E, em vista disso,
esses componentes denominam-se de componentes covariantes.
Exerccios (1.1.2)
EX.1.1.2.1 Demonstre que os vetores
i
(x), que formam a base do espaco vetorial
dual E
, sao L.I.
Solucao
Consideremos a seguinte igualdade:
a
i
i
(x) (x) = 0 ,
onde a
i
K e x E. Ora, a igualdade acima permanece valida tambem para os vetores e
j
,
que formam uma base qualquer de E. Ou seja:
a
i
i
(x) (e
j
) = 0 .
Usando-se a expressao (1.1.2.2), vira:
a
i
i
j
= a
j
= 0, j .
Usando-se a Denicao 1.1.1.2b, o resultado acima demonstra que os vetores
i
(x)
sao L.I.
9
1.1.3 Espacos Vetoriais Euclidianos
Denicao 1.1.3.1 - Produto Escalar. Seja E um espaco vetorial n-dimensional
sobre um corpo K. Entre os vetores (x, y, z, ...) de E denimos uma lei de composicao
interna, denominada produto escalar denotada por ( , ), com as seguintes propriedades:
1. (x, y) = (y, x)
(x, y) ,
4. x, (x, y) = 0 y = 0 ,
5. (x, x) 0 , com a igualdade conservando-se somente para x = 0.
Todo espaco vetorial com produto escalar denido acima e dito propriamente euclidiano.
Se (5) for estritamente positivo [(x, x) > 0], entao esse espaco e chamado estritamente
euclidiano.
Produto Escalar de Vetores da Base. Consideremos dois vetores x e y e uma
base {e
i
} de um espaco vetorial real E. Usando-se a expressao (1.1.1.1a) e a Denicao 1.1.3.1,
teremos:
(x, y) = (x
i
e
i
, y
j
e
j
) = x
i
y
j
(e
i
, e
j
) .
Denindo-se:
g
ij
= (e
i
, e
j
) , (1.1.3.1)
o produto escalar dos vetores x e y sera dado por:
(x, y) = g
ij
x
i
y
j
. (1.1.3.2)
A expressao (1.1.3.1) e a Denicao 1.1.3.1 mostram que:
1. g
ij
= g
ji
,
2. det | g
ij
| = 0 .
Denicao 1.1.3.2. Dois vetores nao nulos (x, y) de um espaco vetorial E sao ditos
ortogonais, se:
(x, y) = 0, comx = 0 e y = 0 .
Denicao 1.1.3.3. Chama-se norma de um vetor x ao seguinte produto escalar:
(x, x) = (x)
2
= N(x) = g
ij
x
i
x
j
. (1.1.3.3)
10
Denicao 1.1.3.4. Chama-se de modulo ou comprimento de um vetor x a ex-
pressao:
mod (x) = | x | =
(x, x) =
g
ij
x
i
x
j
. (1.1.3.4)
Denicao 1.1.3.5. Chama-se de vetor unitario o vetor cujo modulo ou compri-
mento e unitario:
| x | = 1 . (1.1.3.5)
Base Ortonormada. Quando os vetores de uma base {e
i
} de um espaco vetorial
real E sao unitarios e ortogonais, essa base e dita ortonormada, e e dada por:
(e
i
, e
j
) =
ij
. (1.1.3.6)
Desigualdade de Schwarz. Sejam dois vetores x e y pertencentes a um espaco
vetorial propriamente euclidiano. Seja um terceiro vetor z = x + y desse espaco, sendo
um escalar nao nulo. A norma desse vetor sera:
(z, z) = (x + y, x + y) = (x)
2
+ 2 (x, y) +
2
y
2
0 .
Como essa desigualdade se verica para quaisquer que sejam os vetores, entao, pela teoria
das equacoes algebricas, o trinomio em tera o seguinte discriminante:
= 4 (x, y)
2
4.x
2
y
2
0 (x, y)
2
x
2
. y
2
.
Da relacao acima, segue a famosa Desigualdade de Schwarz:
| (x, y) | | x | . | y | . (1.1.3.7).
i
} for uma
base nao ortonormada, o processo de Gram-Schmidt constroi, inicialmente, uma base
ortogonal, subtraindo de cada vetor e
k
seu componente na direcao do vetor anteriormente
ortogonalizado. Entao, se zermos:
e
1
= e
1
,
e:
e
2
= e
2
+ a
1
e
1
, (a
1
=
(e
1
, e
2
)
(e
1
, e
1
)
) (e
1
, e
2
) = 0 .
Continuamos com esse mesmo processo ate esgotar os vetores da base dada. Por m, para
normalizar esses novos vetores e torna-los ortonormados, basta dividir cada um deles por
seu comprimento.
Componentes Contravariantes e Covariantes de um Vetor numa Base. Seja
{e
i
} a base de um espaco vetorial E. Se x E, entao, segundo a expressao (1.1.1.1a), teremos:
x = x
i
e
i
, (1.1.3.9a)
onde x
i
representa o componente contravariante de x na base {e
i
}, conforme ja vimos.
Nessa mesma base, o componente covariante x
i
de x e denido da seguinte maneira:
x
j
= (x, e
j
) . (1.1.3.9b)
Para determinarmos a relacao entre esses dois tipos de componentes, vamos usar as
expressoes (1.1.3.1), (1.1.3.9a,b) e a Denicao 1.1.3.1. Assim, teremos:
x
j
= (x
i
e
i
, e
j
) = x
i
(e
i
, e
j
) ,
x
j
= g
ij
x
i
, (1.1.3.9c)
expressao que mostra ser g
ij
um abaixador de ndice.
Denicao de g
ij
. Considerando-se a equacao (1.1.3.9c) como um sistema de equacoes
lineares, a Regra de Cramer permite escrever que:
x
i
=
G
ij
| g
ij
|
x
j
, (1.1.3.10a)
onde G
ij
e o cofator de g
ij
, que e obtido multiplicando-se o termo (1)
i + j
pelo determinante
(n-1) (n-1), este formado pela eliminacao, na matriz (G), da linha e coluna que se cruzam
em g
ij
.
Denindo-se:
12
g
ij
=
G
ij
| g
ij
|
,
a expressao (1.1.3.10a) cara:
x
i
= g
ij
x
j
, (1.1.3.10b)
expressao que mostra ser g
ij
um levantador de ndice.
Agora, determinemos a relacao entre g
ij
e g
ij
. Usando-se as expressoes (1.1.3.9c) e
(1.1.3.10b), podemos escrever que:
x
i
= g
ij
(g
jk
x
k
)
i
k
x
k
= g
ij
g
jk
x
k
(
i
k
g
ij
g
jk
) x
k
= 0 .
Como a terceira expressao acima se verica para qualquer que seja x
k
, teremos:
g
ij
g
jk
=
i
k
, (1.1.3.11)
expressao essa que indica que os g sao recprocos.
Produto Escalar em Termos de Componentes Co- e Contravariantes. Seja
{e
i
} a base de um espaco vetorial E e x, y E. Usando-se a Denicao 1.1.3.1 e os resultados
anteriores, o produto escalar (x, y) sera dado por:
(x, y) = (x
i
e
i
, y
j
e
j
) = x
i
y
j
(e
i
, e
j
) = g
ij
x
i
y
j
, (1.1.3.12a)
(x, y) = x
i
y
j
= x
i
y
j
. (1.1.3.12b)
Produto Interno e Dualidade. O produto escalar de dois vetores x e y, per-
tencentes a um espaco vetorial E, apresentado na Denicao 1.1.3.1, dene uma funcao
bilinear (x, y). Assim, para um xado vetor x, essa funcao bilinear dene uma funcao
linear de y, pertencente ao espaco dual E
| | g | = 1) , teremos:
| g |
g
=
| g
|
g
= (1)
N
= (1)
(ns)
2
, (1.1.3.15)
onde g = det (g
ij
) e g = det (g
ij
).
E oportuno observar que s nao depende da base na
qual a reducao e feita, conforme demonstrou o matematico ingles James Joseph Sylvester
(1814-1897).
Agora, depois dessa digressao sobre g
ij
(g
ij
), voltemos ao produto interno. Usando-se
as expressoes (1.1.1.1a), (1.1.2.2), (1.1.2.3) e (1.1.3.14a), a expressao (1.1.3.13) cara:
x . y = x y = x
i
i
(x) y
j
e
j
= x
i
y
j
j
i
= x
i
y
i
= g
ij
x
j
y
i
. (1.1.3.16)
Comparando-se as expressoes (1.1.3.12a,b) e (1.1.3.14a,c) verica-se que x
i
e x
i
repre-
sentam, respectivamente, os componentes contra- e covariante de x.
Exerccios (1.1.3)
EX.1.1.3.1 Demonstre a Desigualdade Triangular:
mod(x + y) mod (x) + mod (y) .
14
Solucao
Usando-se a Denicao 1.1.3.1 e considerando-se K = R, vira:
(x + y)
2
= [(x + y), (x + y)] = (x, x) + 2 (x, y) + (y, y) .
Majorando-se o segundo membro da expressao acima com (x, y) mod (x) . mod (y) e
considerando-se a Denicao 1.1.3.4, teremos:
(x + y)
2
= [mod (x + y)]
2
[mod (x)]
2
+ 2 mod (x) . mod (y) + [mod (y)]
2
,
[mod (x + y)]
2
[mod (x) + mod(y)]
2
mod (x + y) mod (x) + mod (y) ,
o que demonstra a Desigualdade Triangular.
1.1.4 Transformacoes ou Operadores Lineares
Denicao 1.1.4.1. Uma aplicacao T de um espaco vetorial n-dimensional E em
si proprio (T: E E) e dita uma transformacao (operador) linear se faz corresponder
cada vetor x de E no vetor Tx, tal que:
1. T(x + y) = Tx + Ty , (1.1.4.1a)
2. T(a x) = a Tx , (1.1.4.1b)
para x, y E e a K.
Exemplos
E1. Operador Identidade I - Ix = x, x ;
E2. Operador Projecao - P
i
x = (e
i
, x) e
i
= x
i
e
i
.
Representacao de um Operador. Seja T um operador linear que atua em um
espaco vetorial E. Esse operador podera ser representado nesse espaco atraves de seu efeito
sobre a base {e
i
} do mesmo. Assim, segundo (1.1.1.1a), temos:
T e
i
= e
j
t
j
i
, (i, j = 1, 2, 3, ..., n) (1.1.4.2)
onde t
j
i
representam os elementos de uma matriz n n. A partir daqui, o ndice superior
representa o ndice de linha, e o inferior o de coluna, para estar de acordo com a denicao de
produto de matrizes, que daremos mais adiante. Esses elementos matriciais sao calculados
da seguinte maneira (numa base ortonormada):
(e
j
, T e
i
) = (e
j
, e
k
t
k
i
) = t
k
i
(e
j
, e
k
) = t
k
i
j
k
,
15
t
j
i
= (e
j
, T e
i
) . (1.1.4.3)
Algebra de Operadores
1. SOMA - Dados dois operadores T e U, a soma entre eles e denida por:
(T + U)(x) = T(x) + U(x) .
Em termos matriciais, usando-se (1.1.4.2) e (1.1.4.3), teremos:
(T + U)
j
i
= (e
j
, (T + U) e
i
) = (e
j
, T e
i
+ U e
i
) = (e
j
, T e
i
) + (e
j
, U e
i
) ,
(T + U)
j
i
= t
j
i
+ u
j
i
. (1.1.4.4)
2. PRODUTO - Dados dois operadores T e U, o produto entre eles e denido por:
(TU)(x) = T [U(x)], (UT)(x) = U [T(x)] U T = T U .
Em termos matriciais, usando-se (1.1.4.2) e (1.1.4.3), teremos:
(TU)
j
i
= (e
j
, (TU) e
i
) = (e
j
, T(U e
i
)) = (e
j
, T (e
k
u
k
i
)) = (e
j
, T e
k
) u
k
i
,
(TU)
j
i
= t
j
k
u
k
i
. (1.1.4.5)
3. TRAC O - Dado um operador T, representado na forma matricial t
j
i
, chama-se de
traco a soma dos elementos da diagonal principal:
tr(T) = t
i
i
. (1.1.4.6)
4. TRANSPOSTA - Dado um operador T, representado na forma matricial t
j
i
,
chama-se de transposta a matriz obtida trocando-se a linha por coluna:
(t
j
i
)
t
= t
i
j
. (1.1.4.7)
4.1. SIMETRIA (ANTISSIMETRIA) - Um operador T e denominado simetrico
(antissimetrico) se, respectivamente:
T
t
= T, T
t
= T . (1.1.4.8a,b)
5. ADJUNTO - Dado um operador A, chama-se de adjunto A
o operador denido
por:
(A x, y) = (x, A
y) . (1.1.4.9a)
16
Em termos matriciais, usando-se a Denicao 1.1.3.1 (propriedade 1) e a expressao (1.1.4.3),
teremos:
(A e
i
, e
j
) = (e
j
, A e
i
)
= (e
i
, A
e
j
) ,
(a
j
i
)
= (a
)
i
j
. (1.1.4.9b)
6. NORMAL - Um operador N e denominado de normal se ele comuta com seu
adjunto:
N N
= N
N . (1.1.4.10)
7. HERMITIANO - Quando um operador He igual ao seu adjunto, ele e denominado
hermitiano ou auto-adjunto:
H
= H . (1.1.4.11)
8. UNIT
= U
1
. (1.1.4.12)
9. ORTOGONAL - Um operador O num espaco vetorial real e denominado orto-
gonal, se:
o
i
j
o
i
k
=
jk
ou o
i
j
o
k
j
=
ik
. (1.1.4.13a,b)
10. DETERMINANTE - Dado um operador T, representado na forma matricial t
j
i
,
o seu determinante e dado por:
det (T) = | t
j
i
| = t
j
i
T
j
i
, (1.1.4.14a)
onde T
j
i
e o cofator de t
j
i
. (Veja-se a denicao de cofator dada anteriormente.) Conforme
veremos no Captulo 2, se (A) e (B) sao duas matrizes, entao:
det (A B) = det (A) . det (B) . (1.1.4.14b)
Transformacao de Similaridade. Seja T um operador linear denido num espaco
vetorial E e sejam {e
i
} e { e
j
} duas bases do mesmo, relacionadas pela expressao (1.1.1.2a).
Sendo t
j
i
a representacao de T na base e, determinemos sua representacao na base e.
Aplicando-se o operador T na expressao (1.1.1.2a) e usando-se a expressao (1.1.4.2), teremos:
T e
j
= T e
i
s
i
j
= (T e
i
) s
i
j
,
17
e
k
t
k
j
= e
m
t
m
i
s
i
j
t
k
j
e
m
s
m
k
= e
m
t
m
i
s
i
j
e
m
(
t
k
j
s
m
k
t
m
i
s
i
j
) = 0 .
Como e
m
sao vetores L.I., a terceira expressao anterior permite escrever que:
s
m
k
t
k
j
= t
m
i
s
i
j
.
Usando-se a expressao (1.1.4.5), teremos:
(S
T)
m
j
= (TS)
m
j
.
Em notacao compacta matricial, teremos:
(S) (
T) = (S)
1
(T) (S) ,
(
T) = (S)
1
(T) (S) . (1.1.4.15)
Diagonalizacao de Operadores: Autovetores e Autovalores. Seja T um ope-
rador linear. Se x e um vetor nao nulo e t e um escalar, tal que:
T x = t x, (1.1.4.16a)
entao dizemos que x e um autovetor (eigenvector) e t um autovalor (eigenvalue) do
operador T.
Calculo de Autovetores e Autovalores. Em termos de componentes, a expressao
(1.1.4.16a) pode ser escrita na seguinte forma matricial:
(T
i
j
t
i
j
) x
j
= 0, (1.1.4.16b)
onde
i
j
e a matriz identidade I. Essa equacao (1.1.4.16b) so tem solucao nao nula para x se,
e somente se:
det(T t I) = 0 . (1.1.4.16c)
A equacao (1.1.4.16c) e uma equacao algebrica de grau n na incognita t e e denomi-
nada de equacao caracterstica ou equacao secular. As razes dessa equacao sao os
autovalores t de T. Se essas razes (autovalores) forem todas distintas, entao a expressao
(1.1.4.16b) dara n autovetores linearmente independentes. Se existirem j (j < n) razes
iguais (t
1
= t
2
= ... = t
j
), entao existirao j autovetores distintos para esse mesmo
autovalor. Nesse caso, diz-se que ha degenerescencia. Com relacao `as n razes (t
1
, t
2
, ... t
n
)
(distintas ou nao), podemos demonstrar que:
(autovalores de T
t
) = (autovalores de T), (1.1.4.17a)
18
det (T) = t
1
. t
2
. ... t
n
, (1.1.4.17b)
tr (T) = t
1
+ t
2
+ ... + t
n
. (1.1.4.17c)
Exerccios 1.1.4
EX.1.1.4.1 Se S e um operador que transforma uma base ortonormada em uma
outra tambem ortonormada de um espaco vetorial real (E), demonstre que:
a) A matriz (S) e ortogonal; b) (S)
t
= (S)
1
; c) Nao existe diferenca entre ndices
contra- e covariante.
Solucao
a) Consideremos as bases ortonormadas de E, isto e:
( e
i
, e
j
) =
i
j
, (e
k
, e
r
) =
kr
.
Usando-se a expressao (1.1.1.2a), na primeira equacao acima, e usando-se a segunda, teremos:
( e
i
, e
j
) =
i
j
= (s
k
i
e
k
, s
r
j
e
r
) = s
k
i
s
r
j
(e
k
, e
r
) = s
k
i
s
r
j
kr
= s
k
i
s
k
j
,
s
k
i
s
k
j
=
i
j
,
que mostra que (S) e ortogonal, conforme a expressao (1.1.4.13a).
b) Partindo-se da expressao anterior, vira:
s
k
i
s
k
j
=
i
j
, s
k
i
s
k
j
= (s
i
k
)
t
s
k
j
=
i
j
(SS
t
)
i
j
=
i
j
.
Em notacao matricial compacta, teremos:
S S
t
= I S
1
S S
t
= S
1
I S
t
= S
1
.
c) Usando-se a expressao (1.1.1.1a) em (1.1.3.9b), resultara:
(x, e
j
) = x
j
= (x
i
e
i
, e
j
) = x
i
(e
i
, e
j
) = x
i
ij
= x
j
.
EX.1.1.4.2 Seja H um operador hermitiano e U um operador unitario. Demonstre
que:
a) Os autovalores de H sao reais e seus autovetores correspondentes sao ortogonais;
19
b) O operador U preserva o produto escalar, e ortogonal (se K = R) e e tambem
normal.
Solucao
a1) Para H, a equacao de autovetores (autovalores) e dada pela expressao (1.1.4.16a):
H x = h x , (x = autovetor, h = autovalor).
Sendo H um operador hermitiano, as expressoes (1.1.4.9a) e (1.1.4.11) permitem escrever
que:
(H x, x) = (x, H
x) = (x, H x) .
Usando-se as propriedades 3 e 3 da Denicao 1.1.3.1 e a expressao (1.1.4.16a) nas equacoes
acima, vira:
(h x, x) = (x, h x) h
(x, x) = h (x, x) (h
h) (x, x) = 0 .
Se x = 0 , entao (x, x) = 0 , logo: h
U y) = (x, U
1
U y) = (x, y) .
b2) Consideremos as seguintes expressoes:
20
U x = v, e U y = z .
Considerando-se, sem perda de generalidades, uma base ortonormada (g
ij
=
ij
), as ex-
pressoes acima sao escritas da seguinte maneira:
v
i
= x
j
u
ji
, z
i
= y
k
u
ki
.
Usando-se as expressoes (1.1.3.9c), (1.1.3.12b) e o fato de considerarmos ser a base ortonor-
mada, efetuemos o seguinte produto escalar:
(U x, U y) = (v, z) = v
i
z
i
= x
j
u
ji
y
k
u
ki
= u
ji
u
ki
x
j
y
k
.
Usando-se o resultado do item anterior nas expressoes acima, vira:
(U x, U y) = (x, y) u
ji
u
ki
x
j
y
k
=
jk
x
j
y
k
(u
ji
u
ki
jk
) x
j
y
k
= 0 .
Como x e y sao vetores quaisquer, da expressao acima podemos escrever que:
(u
ji
u
ki
jk
) = 0 u
ji
u
ki
=
jk
.
Usando-se a expressao (1.1.4.13b), o resultado acima indica que a matriz (U) e ortogonal.
b3) Consideremos a seguinte equacao:
U U
1
= U
1
U = I .
Usando-se a denicao de operador unitario (expressao (1.1.4.12)), na equacao acima, vira:
U U
= U
U .
Esse resultado mostra, segundo a expressao (1.1.4.10), que U e um operador normal.
EX.1.1.4.3 Se A e B sao dois operadores, demonstre que: (AB)
t
= B
t
A
t
.
Solucao .
Usando-se as expressoes (1.1.4.5) e (1.1.4.7), teremos:
(AB)
i
j
= a
i
k
b
k
j
= (a
k
i
)
t
(b
j
k
)
t
= (b
j
k
)
t
(a
k
i
)
t
= (B
t
A
t
)
j
i
,
(AB)
i
j
= [(AB)
j
i
]
t
[(AB)
j
i
]
t
= (B
t
A
t
)
j
i
.
Portanto, usando-se a linguagem matricial compacta, teremos:
(AB)
t
= B
t
A
t
.
21
Problemas (1.1)
1.1.1 Dadas as matrizes (A), (B) e (C), demonstre que:
a) tr (A B C) = tr (B C A) = tr (C A B);
b) (A B C)
= C
.
1.1.2 Se (S) e (A) sao, respectivamente, matrizes simetrica e antissimetrica, demons-
tre que:
a) Qualquer matriz (M) pode ser escrita na forma: (M) = (S) + (A);
b) tr (A) = 0 ;
c) (A)
2
= (S) .
1.1.3 Demonstre que o produto de duas matrizes unitarias e tambem unitario.
1.1.4 Encontre uma base ortonormada para o espaco R
4
gerado pelos vetores:
(1, 1, 0, 0), (1, 1, 1, 1), (1, 0, 2, 1) .
1.1.5 Demonstre as expressoes (1.2.4.17a,b,c).
Captulo 2
2.1 Tensores
2.1.1 Produto Tensorial de Espacos Vetoriais
Denicao 2.1.1.1 - Produto Tensorial de 2 Espacos Vetoriais. Sejam E e
F dois espacos vetoriais, denidos sobre o mesmo corpo K e tendo, respectivamente, as
dimensoes n e m. Denomina-se produto tensorial entre esses dois espacos vetoriais o
espaco vetorial de dimensao n m, denotado por:
E F,
formado por elementos do tipo:
t = x y, (x E e y F) ,
e denominado de tensor.
Componentes de um Tensor. Sejam {e
i
} e {f
j
} as bases respectivas de E e F.
Usando-se a expressao (1.1.1.1a), teremos:
t = x y = (x
i
e
i
) (y
j
f
j
) = x
i
y
j
e
i
f
j
, (2.1.1.1a)
ou:
t = t
ij
e
i
f
j
. (2.1.1.1b)
Nessa expressao, os elementos:
{e
i
f
j
} , (2.1.1.1c)
formam a base do espaco vetorial E F, e
t
ij
= x
i
y
j
, (2.1.1.1d)
sao os componentes do tensor t, composto de m n n umeros.
O espaco vetorial E F denido acima e o dual do produto cartesiano E
e,
algumas vezes, esse produto e considerado como a denicao de E F. (Registre-se que se
denomina produto cartesiano entre dois conjuntos A e B o conjunto de pares ordenados
(, ), com A e B.)
Denicao 2.1.1.2 - Potencia Tensorial de Espacos Vetoriais. Seja E um es-
paco vetorial de dimensao n e E
o seguinte
produto tensorial:
24
E E E ... E E
... E
=
p
E
q
E
.
Cada elemento desse espaco e um tensor misto do tipo (p, q), denido por:
t = x
(1)
x
(2)
... x
(p)
u
(1)
u
(2)
... u
(q)
,
com:
(x
(1)
, x
(2)
, ..., x
(p)
) E e (u
(1)
, u
(2)
, ..., u
(q)
) E
.
Componentes de um Tensor Misto. Sejam {e
i
} e {
j
(x)} as bases respectivas
de E e E
... E
, e:
t
i
1
i
2
...i
p
j
1
j
2
...j
q
= x
i
1
(1)
x
i
2
(2)
... x
i
p
(p)
u
(1)
j
1
u
(2)
j
2
u
(q)
j
q
, (2.1.1.2c)
sao os componentes do tensor misto t, composto de n
p + q
n umeros.
Propriedades do Produto Tensorial. Considerando-se as operacoes (+) e ()
entre os tensores de todos os tipos, observa-se que eles formam uma algebra: fechada com
relacao a essas duas operacoes e a segunda delas () e associativa e distributiva com relacao
`a primeira (+). Por exemplo, se (x, y, ... ) E, (u, v, ... ) E
e (, , ... ) K, entao:
1. a) x y E E; b) u v E
; c) x u E E
; d) u x E
E ;
2. a) (x + y) u = x u + y u; b) (u + v) x = u x + v x ;
25
3. a) x (u + v) = x u + x v; u (x + y) = u x + u y ;
4. a) ( x) u = (x u) = x ( u); b) ( u) x = (u x) = u ( x) .
Mudanca de Base. Sejam {e
i
} e {
j
(x)} as bases respectivas de E e E
. Sejam,
ainda, { e
k
} e {
m
(x)} aquelas bases transformadas segundo as expressoes (1.1.1.2a,b) e
(1.1.2.4a,b), isto e:
e
p
= s
i
p
e
i
, e
i
= s
p
i
e
p
, (1.1.1.2a,b)
k
(x) = s
k
m
m
(x) ,
m
(x) = s
m
k
k
(x) . (1.1.2.4a,b)
Tomemos o seguinte tensor:
t = t
ij
k
e
i
e
j
k
(x) =
t
p n
m
e
p
e
n
m
(x) . (2.1.1.3)
Usando-se as expressoes (1.1.1.2b) e (1.1.2.4a) na expressao (2.1.1.3), vira:
t
ij
k
s
p
i
e
p
s
n
j
e
n
s
k
m
m
(x) =
t
p n
m
e
p
e
n
m
(x) ,
t
ij
k
s
p
i
s
n
j
s
k
m
e
p
e
n
m
(x) =
t
p n
m
e
p
e
n
m
(x) ,
(t
ij
k
s
p
i
s
n
j
s
k
m
t
p n
m
) e
p
e
n
m
(x) = 0 .
Como os vetores do conjunto { e
p
e
n
m
(x)} sao L.I. (vide Exerccio (2.1.1)), teremos:
t
p n
m
= s
p
i
s
n
j
s
k
m
t
ij
k
. (2.1.1.4)
Tipos Especiais de Tensores
1. Contravariante: t
i
1
i
2
...i
p
[Tipo (p, 0)];
2. Covariante: t
j
1
j
2
...j
q
[Tipo (0, q)];
3. Vetor: t
i
[Tipo (1, 0)];
4. Forma Linear: t
j
[Tipo (0, 1)];
5. Escalar: t [Tipo (0, 0)].
6. Euclidiano - Nao ha distincao entre ndice co- e contravariante: t
ij
= t
ij
= t
i
j
.
7. Relativos ou Pseudo-tensores - Quando, numa mudanca de base, eles se trans-
formam segundo a relacao:
26
t
a
1
a
2
... a
p
b
1
b
2
...
b
q
= S
s
a
1
c
1
s
a
2
c
2
... s
a
p
c
p
s
d
1
b
1
s
d
2
b
2
... s
d
q
b
q
t
c
1
c
2
...c
p
d
1
d
2
...d
q
, (2.1.1.5)
onde S e o determinante da transformacao denida pela expressao (1.1.1.2a), isto e:
S = | s
| ,
e e um n umero inteiro relativo, denominado grau do pseudo-tensor.
7a. Densidade Tensorial: = 1 ;
7b. Capacidade Tensorial: = 1 .
Exerccios (2.1.1)
EX.2.1.1.1 Demonstre que os vetores do conjunto { e
p
e
n
m
(x)} sao L.I.
Solucao
Suponhamos que o tensor t E E E
IDO). Sejam t e r
dois tensores de tipo (p, q) e (m, n), respectivamente. Chama-se de produto interno
(contrado) entre t e r ao tensor i, de tipo (p + m - 1, q + n - 1), obtido quando
se iguala um determinado ndice contravariante (covariante) de um deles a um certo ndice
covariante (contravariante) do outro, e soma-se sobre esse ndice. Assim:
t
i
1
i
2
...i
p
j
1
j
2
...j
q
r
i
1
i
2
...i
m
j
1
j
2
...j
n
= t
i
1
i
2
...i
k
...i
p
j
1
j
2
...j
q
r
i
1
i
2
...i
m
j
1
j
2
...j
k
...j
n
= i
i
1
i
2
...i
p1+m
j
1
j
2
...j
q+n1
, (2.1.2.4a)
t
i
1
i
2
...i
p
j
1
j
2
...j
q
r
i
1
i
2
...i
m
j
1
j
2
...j
n
= t
i
1
i
2
...i
p
j
1
j
2
...j
k
...j
q
r
i
1
i
2
...i
k
...i
m
j
1
j
2
...j
n
= i
i
1
i
2
...i
p+m1
j
1
j
2
...j
q1+n
(2.1.2.4b)
Denicao 2.1.2.5 - CRIT
t
m n
= s
m
i
s
n
j
t
ij
= s
n
j
s
m
i
t
ij
.
Se o tensor considerado for simetrico (t
ij
= t
ji
) ou antissimetrico (t
ij
= t
ji
), a expressao
(2.1.1.4) nos garante que:
t
m n
= s
n
j
s
m
i
t
ij
= s
n
j
s
m
i
t
ji
=
t
n m
,
t
m n
= s
n
j
s
m
i
t
ij
= s
n
j
s
m
i
t
ji
=
t
n m
,
A resolucao desse exerccio mostra que nao podemos denir simetria (antissimetria) com
relacao a dois ndices, um contravariante e o outro covariante, pois essa propriedade nao sera
preservada depois de uma mudanca de bases.
EX.2.1.2.2 Calcule o n umero de componentes independentes de um tensor comple-
tamente simetrico (antissimetrico). Estude o caso particular de um de segunda ordem.
Solucao
De um modo geral um tensor p vezes contravariante (covariante) tem n
p
compo-
nentes, onde n e dimensao do espaco vetorial. Contudo, se o tensor for completamente
simetrico (antissimetrico), o n umero de componentes independentes sera menor.
a) Se o tensor (a) for completamente antissimetrico seus componentes independentes
deverao ter todos os ndices distintos e na ordem natural e o seu n umero (N
ca
ind
) sera obtido
29
agrupando-se n elementos p a p e que se distingam apenas pela natureza, tratando-se por-
tanto de uma combinacao:
N
ca
ind
= C
p
n
=
n!
(np)! p!
.
Esses componentes independentes serao denotados por:
a
(a
1
a
2
...a
p
)
ou a
(a
1
a
2
...a
p
)
(a
1
< a
2
< ... < a
p
) .
a1) No caso de um tensor de segunda ordem, teremos:
N
ca
ind
= C
2
n
=
n!
(n2)! 2!
=
n (n1) (n2)!
(n2)! 2
=
n (n1)
2
.
b) Se o tensor (s) for completamente simetrico, o n umero de componentes indepen-
dentes sera C
p
n
acrescido do n umero de elementos diagonais, isto e, aqueles que tem o mesmo
ndice.
b1) No caso de um tensor de segunda ordem, teremos:
N
cs
ind
= C
2
n
+ n =
n (n1)!
2
+ n =
n (n+1)
2
.
2.1.3 Smbolos de Kronecker e de Levi-Civita, Determinante
Denicao 2.1.3.1 - Delta Generalizado de Kronecker. No item 1.1.1., deni-
mos o smbolo delta de Kronecker da seguinte maneira:
m
n
=
mn
=
mn
= 1, (m = n) e
m
n
=
mn
=
mn
= 0. (m = n) .
Agora, vamos denir o Delta Generalizado de Kronecker
i
1
i
2
...i
m
j
1
j
2
...j
m
da seguinte
maneira: os ndices superiores e os inferiores podem ter qualquer valor de 1 a n. Se pelo
menos dois ndices superiores ou dois inferiores tem o mesmo valor, ou se os ndices supe-
riores nao sao o mesmo conjunto dos ndices inferiores, esse smbolo sera nulo. Se todos
os ndices superiores e inferiores sao separadamente distintos e os ndices superiores sao o
mesmo conjunto dos n umeros inferiores, esse smbolo tera o valor 1. Sera + 1 se entre
o conjunto dos ndices superiores e o dos inferiores houver um n umero par de permutacoes;
sera - 1 se o n umero de permutacoes for mpar.
Exemplos:
123
123
=
123
312
= 1,
123
213
=
123
321
= 1,
113
123
=
123
456
= 0 .
Denicao 2.1.3.2 - Smbolo de Levi-Civita. O smbolo de antissimetria
completa de Levi-Civita
a
1
a
2
...a
p
ou
a
1
a
2
...a
p
e denido da seguinte maneira:
30
a
1
a
2
...a
p
=
a
1
a
2
...a
p
12...p
e
a
1
a
2
...a
p
=
12...p
a
1
a
2
...a
p
.
Usando-se a Denicao 2.1.3.1, o smbolo de Levi-Civita pode ser denido da seguinte
maneira:
a
1
a
2
...a
p
(
a
1
a
2
...a
p
) = 0 , se pelo menos dois ndices forem iguais; (2.1.3.1a)
a
1
a
2
...a
p
(
a
1
a
2
...a
p
) = + 1 , se os ndices formarem um n umero par de permutacoes a partir
da permutacao fundamental 1, 2, ..., p; (2.1.3.1b)
a
1
a
2
...a
p
(
a
1
a
2
...a
p
) = 1 , se os ndices formarem um n umero mpar de permutacoes a
partir da permutacao fundamental 1, 2, ..., p; (2.1.3.1c)
Exemplos
11
(
11
) =
22
(
22
) = ... =
nn
(
nn
) = 0,
12
(
12
) =
21
(
21
) = + 1 ;
122
(
122
) =
121
(
121
) = 0,
123
(
123
) =
312
(
312
) =
213
(
213
) = + 1 ;
1233
(
1233
) = 0,
1234
(
1234
) =
2143
(
2143
) =
3412
(
3412
) =
2134
(
2134
) = + 1 ;
Denicao 2.1.3.3 - Determinante. Por denicao chama-se determinante |d
j
i
|,
com i = j = 1, 2, ..., n, `a seguinte equacao:
| d
j
i
| = d =
a
1
a
2
...a
n
d
1
a
1
d
2
a
2
... d
n
a
n
, (2.1.3.2a)
ou:
| d
j
i
| = d =
a
1
a
2
...a
n
d
a
1
1
d
a
2
2
... d
a
n
n
. (2.1.3.2b)
As expressoes (2.1.3.2a,b) tomarao um novo aspecto, considerando-se que a quanti-
dade:
d
b
1
b
2
...b
n
,
sera igual ao determinante d, a menos de sinal, se a permutacao b
1
, b
2
, ..., b
n
for mpar, e
igual a d, se a permutacao for par. Por outro lado, segundo a Denicao 2.1.3.2, podemos
escrever a seguinte igualdade:
d
b
1
b
2
...b
n
=
a
1
a
2
...a
n
d
b
1
a
1
d
b
2
a
2
... d
b
n
a
n
.
Multiplicando-se a expressao acima por
b
1
b
2
...b
n
, obteremos o seguinte resultado:
31
b
1
b
2
...b
n
d
b
1
b
2
...b
n
=
b
1
b
2
...b
n
a
1
a
2
...a
n
d
b
1
a
1
d
b
2
a
2
... d
b
n
a
n
.
Usando-se o Exerccio 2.1.3.1d, que sera resolvido mais adiante, isto e:
b
1
b
2
...b
n
b
1
b
2
...b
n
= n! ,
podemos escrever que:
d =
1
n!
b
1
b
2
...b
n
a
1
a
2
...a
n
d
b
1
a
1
d
b
2
a
2
... d
b
n
a
n
=
1
n!
b
1
b
2
...b
n
a
1
a
2
...a
n
d
a
1
b
1
d
a
2
b
2
... d
a
n
b
n
. (2.1.3.2c,d)
E oportuno destacar que o determinante d pode ainda ser representado pela seguinte notacao:
| d
ji
| = d =
1
n!
b
1
b
2
...b
n
a
1
a
2
...a
n
d
b
1
a
1
d
b
2
a
2
... d
b
n
a
n
, (2.1.3.2e)
e:
| d
ji
| = d =
1
n!
b
1
b
2
...b
n
a
1
a
2
...a
n
d
b
1
a
1
d
b
2
a
2
... d
b
n
a
n
, (2.1.3.2f)
onde j e o ndice de linha e i o ndice de coluna.
Denicao 2.1.3.4 - Cofator. Tomemos a denicao de determinante dada pela
expressao (2.1.3.2). Entao:
|d
j
i
| = d =
a
1
a
2
...a
n
d
1
a
1
d
2
a
2
... d
n
a
n
= d
1
a
1
a
1
a
2
...a
n
d
2
a
2
... d
n
a
n
= d
1
a
1
D
a
1
1
, (2.1.3.3a)
onde:
D
a
1
1
=
a
1
a
2
...a
n
d
2
a
2
... d
n
a
n
, (2.1.3.3b)
e denominado o cofator do elemento d
a
1
1
.
E claro que se pode escrever expressoes analogas
para cada um dos elementos do determinante d. Portanto, de um modo generico, podemos
escrever que:
d = d
m
i
D
i
m
. (i = ndice mudo, m = ndice livre) (2.1.3.3c)
Multiplicando-se `a direita a expressao acima por
m
n
e usando-se a expressao 1.1.1.3b, vira:
d
m
n
= d
m
i
D
i
m
m
n
d
m
n
= d
m
i
D
i
n
. (2.1.3.3d)
a
1
a
2
...a
n
=
| g |
a
1
a
2
...a
n
=
1
| g
a
1
a
2
...a
n
, (2.1.4.1a)
e:
a
1
a
2
...a
n
=
| g
|
a
1
a
2
...a
n
=
1
| g |
a
1
a
2
...a
n
, (2.1.4.1b)
onde:
| g | = modulo de det (g
ij
) e | g
| = modulo de det (g
ij
) .
Observe-se que podemos usar o tensor metrico g
ij
(g
ij
) para denir uma forma
mixta do tensor de Levi-Civita, da seguinte maneira:
a
1
a
2
...a
p
b
p+1
...b
n
= g
a
1
c
1
g
a
2
c
2
... g
a
p
c
p
c
1
c
2
...c
p
b
p+1
...b
n
, (2.1.4.1c)
e:
b
p+1
...b
n
a
1
a
2
...a
p
= g
a
1
c
1
g
a
2
c
2
... g
a
p
c
p
c
1
c
2
...c
p
b
p+1
...b
n
. (2.1.4.1d)
Exerccios (2.1.3)
EX.2.1.3.1 Mostre que, para i, j, k, r, s, t, = 1, 2, 3, teremos:
a)
ijk
rst
=
i
r
j
s
k
t
+
i
t
j
r
k
s
+
i
s
j
t
k
r
i
s
j
r
k
t
i
r
j
t
k
s
i
t
j
s
k
r
;
b)
ijk
ist
=
j
s
k
t
j
t
k
s
;
c)
ijk
ijt
= 2
k
t
;
d)
ijk
ijk
= 6 .
Solucao
1a) Usando-se a Denicao 2.1.3.2, teremos:
ijk
rst
=
ijk
123
123
rst
=
ijk
rst
.
Agora, usando-se a Denicao 2.1.3.1, resultara:
33
ijk
rst
=
ijk
123
123
rst
=
ijk
rst
=
i
r
j
s
k
t
+
i
t
j
r
k
s
+
i
s
j
t
k
r
i
s
j
r
k
t
i
r
j
t
k
s
i
t
j
s
k
r
.
1b) Partindo-se do resultado anterior e fazendo-se r = i, resultara: (Lembrar que:
m
m
= 3 e
m
n
m
p
=
p
n
.)
ijk
ist
=
i
i
j
s
k
t
+
i
t
j
i
k
s
+
i
s
j
t
k
i
i
s
j
i
k
t
i
i
j
t
k
s
i
t
j
s
k
i
=
= 3
j
s
k
t
+
j
t
k
s
+
k
s
j
t
j
s
k
t
3
j
t
k
s
k
t
j
s
=
j
s
k
t
j
t
k
s
.
1c) Partindo-se do resultado anterior e fazendo-se s = j, vira:
ijk
ijt
=
j
j
k
t
j
t
k
j
= 3
k
t
k
t
= 2
k
t
.
1d) Partindo-se do resultado anterior e fazendo-se t = k, vira:
ijk
ijk
= 2
k
k
= 6 = 3! .
a
1
a
2
...a
n
a
1
a
2
...a
n
= n! .
EX.2.1.3.2 Use a Denicao 2.1.3.3 para calcular um determinante de segunda ordem.
Solucao
Segundo a expressao (2.1.3.2), para um determinante de segunda ordem, isto e, com
i, j = 1, 2, tem-se:
d = |d
j
i
| =
ij
d
1
i
d
2
j
=
1j
d
1
1
d
2
j
+
2j
d
1
2
d
2
j
=
=
11
d
1
1
d
2
1
+
12
d
1
1
d
2
2
+
21
d
1
2
d
2
1
+
22
d
1
2
d
2
2
.
Sendo
11
=
22
= 0 e
12
=
21
= 1 , teremos:
d = |d
j
i
| = d
1
1
d
2
2
d
1
2
d
2
1
,
o que coincide com o calculo tradicional, isto e:
d = |d
j
i
| =
d
1
1
d
1
2
d
2
1
d
2
2
= d
1
1
d
2
2
d
1
2
d
2
1
.
34
EX.2.1.3.3 Demonstre que:
det (AB) = det (A) . det (B) .
Solucao
Inicialmente, facamos A . B = C . Assim, usando-se a expressao (1.1.4.5), vira:
c
j
i
= a
j
k
b
k
i
.
Usando-se a expressao acima e a expressao (2.1.3.2), teremos:
|c
j
i
| =
2
...
n
c
1
1
c
2
2
... c
n
n
=
2
...
n
a
1
1
b
1
a
2
2
b
2
... a
n
n
b
n
|c
j
i
| =
2
...
n
a
1
1
a
2
2
... a
n
n
b
1
b
2
... b
n
=
2
...
n
a
1
1
a
2
2
...a
n
2
...
n
b
1
1
b
2
2
...b
n
n
.
Por m, usando-se novamente a expressao (2.1.3.2), teremos:
det(C) = det (AB) = det (A) . det (B) .
EX.2.1.3.4 Demonstre a Regra de Cramer.
Solucao
Dado o sistema de equacoes lineares, nao-homogeneas:
y
i
= d
i
j
x
j
, (d
i
j
= matriz (n n)) ,
determinemos x
j
. Multiplicando-se `a esquerda a equacao acima por D
m
i
e usando-se as
expressoes (2.1.3.3d) e 1.1.1.3b, teremos:
D
m
i
y
i
= D
m
i
d
i
j
x
j
= d
m
j
x
j
= d x
m
.
Se d = 0 , a expressao acima resultara em:
x
m
=
D
m
i
d
y
i
,
expressao essa que traduz a Regra de Cramer.
EX.2.1.3.5 Demonstre que:
a) O smbolo de Levi-Civita (
a
1
a
2
...a
p
) e uma densidade tensorial;
b) O smbolo de Levi-Civita (
a
1
a
2
...a
p
) e uma capacidade tensorial.
Solucao
a) Tomemos o seguinte determinante (p p):
35
S = | s
a
b
| .
Usando-se a Denicao 2.1.3.2, teremos:
S
a
1
a
2
... a
p
=
b
1
b
2
...b
p
s
a
1
b
1
s
a
2
b
2
... s
a
p
b
p
,
a
1
a
2
... a
p
= (
S)
1
s
a
1
b
1
s
a
2
b
2
... s
a
p
b
p
b
1
b
2
...b
p
.
Usando-se o fato de que S
S = 1 e a expressao (2.1.1.4), verica-se que
a
1
a
2
... a
p
e uma
densidade tensorial.
b) Tomemos o seguinte determinante (p p):
S = | s
b
a
| .
Usando-se a Denicao 2.1.3.3, teremos:
S
a
1
a
2
... a
p
=
b
1
b
2
...b
p
s
b
1
a
1
s
b
2
a
2
... s
b
p
a
p
,
a
1
a
2
... a
p
= (S)
1
s
b
1
a
1
s
b
2
a
2
... s
b
p
a
p
b
1
b
2
...b
p
.
Usando-se a expressao (2.1.1.4), verica-se que
a
1
a
2
... a
p
e uma capacidade tensorial.
EX.2.1.3.6 Tomando-se a expressao (1.1.3.1), isto e:
g
ij
= (e
i
, e
j
) ,
demonstre que, nos espacos euclidianos (det | g
ij
| = 0) , tem-se:
a) g
ij
e um tensor covariante de segunda ordem, conhecido como tensor metrico;
b) det | g
ij
| = g e um pseudo-escalar de peso 2;
c)
g e uma densidade escalar;
d)
1
e uma capacidade escalar.
Solucao
a) Consideremos a mudanca de base denida pela expressao (1.1.1.2a):
e
j
= s
i
j
e
i
.
Usando-se a expressao (1.1.3.1) para essa nova base, e considerando-se a expressao (1.1.1.2a),
teremos:
36
g
i
j
= ( e
i
, e
j
) = (s
m
i
e
m
, s
n
j
e
n
) = s
m
i
s
n
j
(e
m
, e
n
) .
Usando-se novamente a expressao (1.1.3.1), resultara:
g
i
j
= s
m
i
s
n
j
g
mn
,
o que demonstra que o tensor metrico e um tensor covariante de segunda ordem.
b) Expressando-se o resultado obtido no item anterior sob a forma de determinante,
vira:
det | g
i
j
| = det| s
m
i
s
n
j
g
mn
| .
Considerando-se o resultado dos Exerccios (1.1.4.1) e (2.1.3.3), teremos:
g = S
2
g ,
o que demonstra que g e um pseudo-escalar de peso 2.
c) Multiplicando-se o resultado anterior por (-) e extraindo-se a raiz quadrada, te-
remos:
g = S
g ,
o que demonstra que
g e uma densidade escalar. Observe-se que, quando o espaco for
estritamente ou propriamente euclidiano (g > 0), teremos:
g = S
g ,
d) Tomando-se o inverso do resultado anterior, teremos:
1
= S
1
1
,
o que demonstra que
1
e uma capacidade escalar. Observe-se que, quando o
espaco for estritamente ou propriamente euclidiano (g > 0), teremos:
1
= S
1
1
.
EX.2.1.3.7 Demonstre que, partindo-se da expressao (2.1.4.1a), obtem-se a ex-
pressao (2.1.4.1b).
Solucao
Tomemos a expressao (2.1.4.1a):
37
a
1
a
2
...a
n
=
| g |
a
1
a
2
...a
n
=
1
| g
a
1
a
2
...a
n
, (I)
Segundo a expressao (1.1.3.10b), podemos escrever que:
b
1
b
2
...b
n
= g
b
1
a
1
g
b
2
a
2
...g
b
n
a
n
a
1
a
2
...a
n
. (II)
Por outro lado, segundo a expressao (2.1.3.2e), temos:
det (g
ji
) = g
=
1
n!
b
1
b
2
...b
n
a
1
a
2
...a
n
g
b
1
a
1
g
b
2
a
2
... g
b
n
a
n
.
Multiplicando-se a expressao acima por
b
1
b
2
...b
n
e usando-se o Exerccio 2.1.3.1d, vira:
g
b
1
b
2
...b
n
=
a
1
a
2
...a
n
g
b
1
a
1
g
b
2
a
2
... g
b
n
a
n
. (III)
Usando-se as expressoes (I) e (II) em (III), resultara:
b
1
b
2
...b
n
= g
b
1
b
2
...b
n
| g | . (IV)
Agora, considerando-se a expressao (1.1.3.11), ou seja:
g
ji
g
jk
=
i
k
g
g = 1
| g
| g | = 1 ,
a expressao (IV) cara:
b
1
b
2
...b
n
=
| g
|
b
1
b
2
...b
n
=
1
| g |
b
1
b
2
...b
n
,
que representa a expressao (2.1.4.1b).
Problemas (2.1)
2.1.1 De um exemplo de aplicacao do criterio de tensorialidade.
2.1.2 Se A
ij
e um tensor antissimetrico, demonstre que:
(
i
j
k
r
+
i
r
k
j
) A
ik
= 0 .
2.1.3 Seja um tensor A
ijk
. Mostre que o n umero N de componentes independentes
desse tensor vale:
N =
n (n + 1) (n + 2)
3!
, se A
ijk
e completamente simetrico;
38
N =
n (n 1) (n 2)
3!
, seA
ijk
e completamente antissimetrico;
2.1.4 Demonstre que:
I.
jk
ik
= (n 1)
j
i
; (i, j, k = 1, 2, ..., n)
II.
a
1
a
2
...a
p
b
p+1
...b
n
b
1
b
2
...b
p
b
p+1
...b
n
= (n p)!
a
1
a
2
...a
p
b
1
b
2
...b
p
;
III.
i
1
i
2
...i
n
= n!
1
i
1
2
i
2
...
n
i
n
,
2.1.5 Se os elementos de um determinante |d
j
i
| = d sao funcoes das variaveis
(x
1
, x
2
, ..., n
n
), demonstre que:
d
x
= D
. (d
i
D
j
= d
j
i
) .
Captulo 3
3.1
Algebra Exterior
3.1.1
Algebra Exterior de ordem dois
Denicao 3.1.1.1 - Produto Exterior de dois vetores. Sejam x e y dois
vetores do espaco vetorial E de dimensao n, denido sobre o corpo R. Denomina-se produto
exterior desses dois vetores o tensor denotado por x y, denominado bivetor ou 2-vetor,
e denido por:
x y = x y y x , (3.1.1.1a)
e que satisfaz as seguintes propriedades:
1. x (y + z) = x y +x z ; (x + y) z = x z +y z ; (3.1.1.1b)
2. a (x y) = (a x) y = x (a y) ; (3.1.1.1c)
3. x x = 0 ; (3.1.1.1d)
4. x y = y x , (3.1.1.1e)
onde (x, y, z, ...) E e a R.
Componentes Estritos de um 2-vetor. Seja {e
i
} a base de E e (x
i
, y
j
) os
componentes de (x, y) E nessa base. Entao, segundo a expressao (1.1.1.1a), o produto
exterior dado pela expressao (3.1.1.1a) sera escrito na forma:
x y = (x
i
e
i
) (y
j
e
j
) (y
j
e
j
) (x
i
e
i
) = x
i
y
j
e
i
e
j
x
i
y
j
e
j
e
i
.
Trocando-se, no segundo termo da expressao acima, i por j, e usando-se a expressao (3.1.1.1a),
vira:
x y = x
i
y
j
e
i
e
j
x
j
y
i
e
i
e
j
= (x
i
y
j
x
j
y
i
) e
i
e
j
, (3.1.1.2a)
expressao essa que mostra que x y e um tensor contravariante antissimetrico de segunda
ordem.
Para obtermos os componentes estritos desse tensor dado pela expressao (3.1.1.2a),
vamos decompor a mesma da seguinte maneira:
x y = (x
i
y
j
x
j
y
i
) e
i
e
j
,
x y =
i < j
(x
i
y
j
x
j
y
i
) e
i
e
j
+
i > j
(x
i
y
j
x
j
y
i
) e
i
e
j
.
Trocando-se o i por j no segundo somatorio, teremos:
40
x y =
i < j
(x
i
y
j
x
j
y
i
) e
i
e
j
+
j > i
(x
j
y
i
x
i
y
j
) e
j
e
i
=
=
i < j
(x
i
y
j
x
j
y
i
) (e
i
e
j
e
j
e
i
) .
Usando-se a expressao (3.1.1.1a) e lembrando-se a denicao de determinante, resul-
tara:
x y =
i < j
x
i
y
i
x
j
y
j
(e
i
e
j
) . (3.1.1.2b)
Nessa expressao, o conjunto {e
i
e
j
} e linearmente independente (LI). Observe-se que se
nao for considerada a restricao i < j , a expressao (3.1.1.2b) apresentara a seguinte forma:
x y =
1
2!
i, j
x
i
y
i
x
j
y
j
(e
i
e
j
) . (3.1.1.2c)
Denicao 3.1.1.2 - Espaco de 2-vetores. Seja E um espaco vetorial de dimensao
n, denido sobre o corpo R, e de base {e
i
}. O subespaco de E E ( =
2
E) dos tensores
contravariantes antissimetricos de segunda ordem, gerados pela base {e
i
e
j
}, e chamado
de espaco de 2-vetores -
2
E. Este espaco consiste de elementos do tipo:
(a x) (b y) ,
onde (a, b) R e (x, y) E, e tem a seguinte dimens ao:
dim
2
E = C
2
n
=
n (n1)
2
.
Observe-se que a
Algebra dos elementos de
2
Ee conhecida como
Algebra de Grassmann,
em virtude de haver sido iniciada pelo matematico alemao Hermann G unther Grassmann
(1809-1877), em 1844.
Mudanca de Base no Espaco
2
E. Neste item, vamos ver como se transformam
os componentes estritos de um 2 vetor numa mudanca de base. Segundo a expressao
(3.1.1.2a), todo 2 vetor e um tensor contravariante antissimetrico de segunda ordem e,
portanto, segundo a expressao (2.1.1.4), teremos:
t
m n
=
t
n m
= s
m
i
s
n
j
t
ij
.
Agora, vamos decompor essa expressao da seguinte maneira:
t
m n
=
i < j
s
m
i
s
n
j
t
ij
+
i > j
s
m
i
s
n
j
t
ij
.
41
Trocando-se o i por j no segundo somatorio e observando-se que o tensor t e antissimetrico
(t
ij
= t
ji
), teremos:
t
m n
=
i < j
s
m
i
s
n
j
t
ij
+
j > i
s
m
j
s
n
i
t
ji
=
i < j
(s
m
i
s
n
j
s
n
i
s
m
j
) t
ij
.
Usando-se a denicao de determinante, resultara:
[
t
m n
]
m < n
=
i < j
s
m
i
s
n
i
s
m
j
s
n
j
t
ij
. (3.1.1.3)
Denicao 3.1.1.3 - Produto Exterior de duas formas. Sejam f e g 2formas
do espaco vetorial E
e (f
i
, g
j
) os
componentes de (f, g) E
f
i
g
i
f
j
g
j
[
i
(x)
j
(x)] . (3.1.1.5b)
Nessa expressao, o conjunto {
i
(x)
j
(x)} e linearmente independente (LI). Observe-se
que, se nao for considerada a restricao i < j , a expressao (3.1.1.5b) apresentara a seguinte
forma:
f g =
1
2!
i, j
f
i
g
i
f
j
g
j
[
i
(x)
j
(x)] . (3.1.1.5c)
Denicao 3.1.1.4 - Espaco de 2-formas. Seja E
( =
2
E
= C
2
n
=
n (n1)
2
.
Observe-se que no espaco denido acima e possvel construir uma
Algebra Exterior de ordem
dois, que e o dual daquela do
2
E.
Mudanca de Base no Espaco
2
E
f
m n
=
f
n m
= s
i
m
s
j
n
f
ij
.
Agora, vamos decompor essa expressao da seguinte maneira:
f
m n
=
i < j
s
i
m
s
j
n
f
ij
+
i > j
s
i
m
s
j
n
f
ij
.
Trocando-se o i por j no segundo somatorio e observando-se que o tensor f e antissimetrico
(f
ij
= f
ji
), teremos:
43
f
m n
=
i < j
s
i
m
s
j
n
f
ij
+
j > i
s
j
m
s
i
n
f
ji
=
i < j
(s
i
m
s
j
n
s
i
n
s
j
m
) f
ij
.
Usando-se a Denicao (2.1.3.3), resultara:
[
f
m n
]
m < n
=
i < j
s
i
m
s
i
n
s
j
m
s
j
n
f
ij
. (3.1.1.6)
Exerccios (3.1.1)
EX.3.1.1.1 Encontre a identidade de Jacobi envolvendo 2 vetores.
Solucao
Consideremos o seguinte determinante:
=
t
ij
t
ik
t
im
x
j
x
k
x
m
y
j
y
k
y
m
,
onde a segunda e terceira linhas s ao formadas pelos componentes de vetores arbitrarios (x, y)
e na primeira linha estao os componentes de um 2 vetor t
ij
= x
i
y
x
j
y
i
. Desse
modo, o determinante acima e escrito na forma:
=
x
i
y
j
x
j
y
i
x
i
y
k
x
k
y
i
x
i
y
m
x
m
y
i
x
j
x
k
x
m
y
j
y
k
y
m
,
ou:
=
x
i
y
j
x
i
y
k
x
i
y
m
x
j
x
k
x
m
y
j
y
k
y
m
x
j
y
i
x
k
y
i
x
m
y
i
x
j
x
k
x
m
y
j
y
k
y
m
.
Como as duas primeiras linhas desses determinantes sao m ultiplas, eles sao nulos. Portanto:
=
t
ij
t
ik
t
im
x
j
x
k
x
m
y
j
y
k
y
m
= 0 .
Desenvolvendo-se esse determinante pela regra de Laplace, teremos:
= t
ij
x
k
x
m
y
k
y
m
+ t
ik
x
m
x
j
y
m
y
j
+ t
im
x
j
x
k
y
j
y
k
= 0 .
44
Usando-se a expressao (3.1.1.2b), teremos:
= t
ik
t
km
+ t
ik
t
mj
+ t
im
t
jk
= 0 ,
expressao essa que representa a identidade de Jacobi. Esse exerccio nos mostra que a
condicao necessaria para que um tensor antissimetrico de segunda ordem seja um 2 vetor
e que seus componentes satisfacam a identidade de Jacobi.
3.1.2
Algebra Exterior de ordem p
Denicao 3.1.2.1 - Produto Exterior de p vetores. Sejam p vetores x
(1)
,
x
(2)
, ..., x
(p)
pertencentes ao espaco vetorial E de dimensao n, denido sobre o corpo R.
Denomina-se produto exterior desses p vetores o tensor (P) contravariante de ordem p
completamente antissimetrico denotado por x
(1)
x
(2)
... x
(p)
denominado p vetor, e
denido por:
P = x
(1)
x
(2)
... x
(p)
=
a
1
a
2
...a
p
12...p
x
(a
1
)
x
(a
2
)
... x
(a
p
)
=
=
a
1
a
2
...a
p
x
(a
1
)
x
(a
2
)
... x
(a
p
)
, (3.1.2.1a)
e que satisfaz as seguintes propriedades:
1. (ax
(1)
+ bx
(2)
) x
(3)
... x
(p)
=
= a(x
(1)
x
(3)
... x
(p)
) + b(x
(2)
x
(3)
... x
(p)
) ; (3.1.2.1b)
2. x
(1)
x
(2)
... x
(p)
= 0, se para qualquer par i = j, x
(i)
= x
(j)
; (3.1.2.1c)
3. x
(1)
x
(2)
... x
(p)
, troca de sinal se qualquer x
(i)
trocar de sinal, (3.1.2.1d)
onde (x
(1)
, x
(2)
, ... x
(p)
) E e (a, b) R.
Exemplo. Consideremos o caso do 3vetor. Entao, segundo a expressao (3.1.2.1a),
teremos:
x
(1)
x
(2)
x
(3)
=
ijk
x
(i)
x
(j)
x
(k)
, com i, j, k = 1, 2, 3.
Efetuando-se o somatorio indicado pelos ndices repetidos e usando-se as expressoes
(2.1.3.1a,b,c), obteremos:
x
(1)
x
(2)
x
(3)
=
1jk
x
(1)
x
(j)
x
(k)
+
2jk
x
(2)
x
(j)
x
(k)
+
3jk
x
(3)
x
(j)
x
(k)
=
45
=
12k
x
(1)
x
(2)
x
(k)
+
13k
x
(1)
x
(3)
x
(k)
+
+
21k
x
(2)
x
(1)
x
(k)
+
23k
x
(2)
x
(3)
x
(k)
+
+
32k
x
(3)
x
(2)
x
(k)
+
31k
x
(3)
x
(1)
x
(k)
=
=
123
x
(1)
x
(2)
x
(3)
+
132
x
(1)
x
(3)
x
(2)
+
213
x
(2)
x
(1)
x
(3)
+
+
231
x
(2)
x
(3)
x
(1)
+
321
x
(3)
x
(2)
x
(1)
+
312
x
(3)
x
(1)
x
(2)
=
= x
(1)
x
(2)
x
(3)
x
(1)
x
(3)
x
(2)
x
(2)
x
(1)
x
(3)
+
+ x
(2)
x
(3)
x
(1)
x
(3)
x
(2)
x
(1)
+ x
(3)
x
(1)
x
(2)
,
ou:
x
(1)
x
(2)
x
(3)
= x
(1)
x
(2)
x
(3)
+ x
(3)
x
(1)
x
(2)
+ x
(2)
x
(3)
x
(1)
x
(2)
x
(1)
x
(3)
x
(1)
x
(3)
x
(2)
x
(3)
x
(2)
x
(1)
.
Componentes Gerais e Estritos de um p-vetor. Seja {e
b
i
} a base de E e (x
b
j
(a
j
)
)
os componentes de (x
(a
k
)
) nessa base, com i, j, k = 1, 2, ... , p. Entao, segundo a expressao
(1.1.1.1a), o produto exterior dado pela expressao (3.1.2.1a) sera escrito na forma:
P = x
(1)
x
(2)
... x
(p)
=
a
1
a
2
...a
p
12...p
(x
b
1
(a
1
)
e
b
1
) (x
b
2
(a
2
)
e
b
2
) ... (x
b
p
(a
p
)
e
b
p
) =
=
a
1
a
2
...a
p
12...p
x
b
1
(a
1
)
x
b
2
(a
2
)
... x
b
p
(a
p
)
e
b
1
e
b
2
... e
b
p
,
P = x
(1)
x
(2)
... x
(p)
= P
b
1
b
2
...b
p
e
b
1
e
b
2
... e
b
p
, (3.1.2.2a)
onde:
P
b
1
b
2
...b
p
=
a
1
a
2
...a
p
12...p
x
b
1
(a
1
)
x
b
2
(a
2
)
... x
b
p
(a
p
)
, (3.1.2.2b)
sao os componentes gerais de P. Porem, de acordo com a Denicao (2.1.3.1) de
a
1
a
2
...a
p
12...p
,
podemos escrever que:
x
b
1
(a
1
)
x
b
2
(a
2
)
... x
b
p
(a
p
)
=
b
1
b
2
...b
p
i
1
i
2
...i
p
x
i
1
(a
1
)
x
i
2
(a
2
)
... x
i
p
(a
p
)
. (i
1
< i
2
< ... < i
p
) .
Desse modo, a expressao (3.1.2.2b) tomara a seguinte forma:
46
P
b
1
b
2
...b
p
=
a
1
a
2
...a
p
12...p
b
1
b
2
...b
p
i
1
i
2
...i
p
x
i
1
(a
1
)
x
i
2
(a
2
)
... x
i
p
(a
p
)
=
b
1
b
2
...b
p
i
1
i
2
...i
p
(
a
1
a
2
...a
p
12...p
x
i
1
(a
1
)
x
i
2
(a
2
)
... x
i
p
(a
p
)
) ,
P
b
1
b
2
...b
p
=
b
1
b
2
...b
p
i
1
i
2
...i
p
P
i
1
i
2
...i
p
, (3.1.2.2c)
onde:
P
i
1
i
2
...i
p
=
a
1
a
2
...a
p
12...p
x
i
1
(a
1
)
x
i
2
(a
2
)
... x
i
p
(a
p
)
, (i
1
< i
2
< ... < i
p
) , (3.1.2.2d)
sao os componentes estritos de P.
Levando-se a expressao (3.1.2.2c) na expressao (3.1.2.2a), teremos:
P = x
(1)
x
(2)
... x
(p)
= P
i
1
i
2
...i
p
b
1
b
2
...b
p
i
1
i
2
...i
p
e
b
1
e
b
2
... e
b
p
.
Aplicando-se a expressao (3.1.2.1a) aos vetores da base, a expressao acima tomara o seguinte
aspecto:
P = x
(1)
x
(2)
... x
(p)
= P
i
1
i
2
...i
p
e
i
1
e
i
2
... e
i
p
. (3.1.2.2e)
Escrevendo-se os componentes estritos de P, dados pela expressao (3.1.4.2d), em termos de
determinante (expressao (2.1.3.2)), a expressao acima resultara em:
P = x
(1)
x
(2)
... x
(p)
=
x
i
1
(1)
x
i
2
(1)
... x
i
p
(1)
x
i
1
(2)
x
i
2
(2)
... x
i
p
(2)
... ... ... ...
x
i
1
(p)
x
i
p
(p)
... x
i
p
(p)
e
i
1
e
i
2
... e
i
p
, (3.1.2.2f)
com i
1
< i
2
< ... < i
p
. Observe-se que se nao for considerada esta restricao entre os
ndices i, a expressao (3.1.2.2f) apresentara a seguinte forma:
P = x
(1)
x
(2)
... x
(p)
=
1
p!
x
i
1
(1)
x
i
2
(1)
... x
i
p
(1)
x
i
1
(2)
x
i
2
(2)
... x
i
p
(2)
... ... ... ...
x
i
1
(p)
x
i
p
(p)
... x
i
p
(p)
e
i
1
e
i
2
... e
i
p
. (3.1.2.2g)
Denicao 3.1.2.2 - Espaco de p-vetores. Seja E um espaco vetorial de dimensao
n, denido sobre o corpo R, e de base {e
i
}. O subespaco de p (p n) replicas de E
(E E ... E =
p
E) dos tensores (P) contravariantes completamente antissimetricos
de ordem p gerados pela base ({e
i
1
e
i
2
... e
i
p
}, i
1
< i
2
< ... < i
p
) e chamado de
espaco de p-vetores -
p
E. Este espaco consiste de elementos do tipo:
a
(1)
x
(1)
a
(2)
x
(2)
... a
(p)
x
(p)
,
47
onde (a
(1)
, a
(2)
, ..., a
(p)
) R e (x
(1)
, x
(2)
, ..., x
(p)
) E, e tem a seguinte dimensao:
dim
p
E = C
p
n
=
n!
p! (np)!
.
Denicao 3.1.2.3 - Espaco de n-vetores. Seja E um espaco vetorial de dimensao
n, denido sobre o corpo R, e de base {e
i
}. Por sua vez, o subespaco de n replicas de E
(E E ... E =
n
E) dos tensores (P) contravariantes completamente antissimetricos
de ordem n gerados pela base ({e
i
1
e
i
2
... e
i
n
}, i
1
< i
2
< ... < i
n
) e chamado de
espaco de n-vetores -
n
E. Este espaco consiste de elementos do tipo:
P = x
(1)
x
(2)
... x
(n)
= P
i
1
i
2
...i
n
e
i
1
e
i
2
... e
i
n
. (3.1.2.3a)
Para esse tipo particular de espaco, tem-se:
dim
n
E = C
n
n
= 1 .
Em vista disso, esse tipo de tensor tem apenas um componente, obtido pela expressao
(3.1.2.2f), fazendo-se p = n:
P = x
(1)
x
(2)
... x
(n)
=
x
i
1
(1)
x
i
2
(1)
... x
i
n
(1)
x
i
1
(2)
x
i
2
(2)
... x
i
n
(2)
... ... ... ...
x
i
1
(p)
x
i
p
(1)
... x
i
n
(p)
e
i
1
e
i
2
... e
i
n
, (3.1.2.3b)
com i
1
< i
2
< ... < i
n
. Observe-se que, se esta restricao nao for considerada, a expressao
(3.1.2.3b) tomara o seguinte aspecto:
P = x
(1)
x
(2)
... x
(n)
=
1
n!
x
i
1
(1)
x
i
2
(1)
... x
i
n
(1)
x
i
1
(2)
x
i
2
(2)
... x
i
n
(2)
... ... ... ...
x
i
1
(p)
x
i
p
(1)
... x
i
n
(p)
e
i
1
e
i
2
... e
i
n
, (3.1.2.3c)
Exemplo. No caso em que n = 3, tem-se:
x y z =
x
1
x
2
x
3
y
1
y
2
y
3
z
1
z
2
z
3
i j k . (3.1.2.3d)
Mudanca de Base no Espa co
p
E. Neste item, vamos ver como se transfor-
mam os componentes estritos de um p-vetor numa mudanca de base. Segundo a expressao
(3.1.2.2a), todo p-vetor e um tensor contravariante completamente antissimetrico de ordem
p e, portanto, segundo a expresao (2.1.1.4), teremos:
48
P
b
1
b
2
...
b
p
= s
b
1
a
1
s
b
2
a
2
... s
b
p
a
p
P
a
1
a
2
...a
p
.
Usando-se os componentes estritos do tensor P dados pela expressao (3.1.2.2d), teremos:
P
j
1
j
2
...
j
p
= s
j
1
a
1
s
j
2
a
2
... s
j
p
a
p
a
1
a
2
...a
p
i
1
i
2
...i
p
P
a
1
a
2
...a
p
, (3.1.2.4a)
com
j
1
<
j
2
< ... <
j
p
e i
1
< i
2
< ... < i
p
.
Em termos de determinante (expressao (2.1.3.2)), a expressao acima sera escrita na
forma:
P
j
1
j
2
...
j
p
=
j
1
i
1
s
j
2
i
1
... s
j
p
i
1
s
j
1
i
2
s
j
2
i
2
... s
j
p
i
2
... ... ... ...
s
j
1
i
p
s
j
2
i
p
... s
j
p
i
p
P
i
1
i
2
...i
p
, (3.1.2.4b)
com
j
1
<
j
2
< ... <
j
p
e i
1
< i
2
< ... < i
p
.
Denicao 3.1.2.4 - Produto Exterior de q formas. Sejam q formas f
(1)
, f
(2)
, ...,
f
(q)
pertencentes ao espaco vetorial E
e (f
(a
j
)
b
j
) os componentes de (f
(a
k
)
) nessa base. Entao, segundo a expressao (2.1.2.5a), o
produto exterior dado pela expressao (3.1.2.5) sera escrito na forma:
Q = f
(1)
f
(2)
... f
(q)
=
=
12...q
a
1
a
2
...a
q
(f
(a
1
)
b
1
b
1
(x)) (f
(a
2
)
b
2
b
2
) (x)) ... (f
(a
q
)
b
q
b
q
(x)) =
=
12...q
a
1
a
2
...a
q
f
(a
1
)
b
1
f
(a
2
)
b
2
... f
(a
p
)
b
q
b
1
b
2
...
b
q
,
Q = f
(1)
f
(2)
... f
(q)
= Q
b
1
b
2
...b
q
b
1
b
2
...
b
q
, (3.1.2.6a)
onde:
49
Q
b
1
b
2
...b
q
=
12...q
a
1
a
2
...a
q
f
(a
1
)
b
1
f
(a
2
)
b
2
... f
(a
q
)
b
q
, (3.1.2.6b)
sao os componentes gerais de Q. Porem, de acordo com a Denicao (2.1.3.1) de
12...q
a
1
a
2
...a
q
,
podemos escrever que:
f
(a
1
)
b
1
f
(a
2
)
b
2
... f
(a
q
)
b
q
=
i
1
i
2
...i
q
b
1
b
2
...b
q
f
(a
1
)
i
1
f
(a
2
)
i
2
... f
(a
q
)
i
q
. (i
1
< i
2
< ... < i
q
) .
Desse modo, a expressao (3.1.2.6b) tomara a seguinte forma:
Q
b
1
b
2
...b
q
=
12...q
a
1
a
2
...a
q
i
1
i
2
...i
q
b
1
b
2
...b
q
f
(a
1
)
i
1
f
(a
2
)
i
2
... f
(a
q
)
i
q
=
i
1
i
2
...i
q
b
1
b
2
...b
q
(
12...q
a
1
a
2
...a
q
f
(a
1
)
i
1
f
(a
2
)
i
2
... f
(a
q
)
i
q
) ,
Q
b
1
b
2
...b
q
=
i
1
i
2
...i
q
b
1
b
2
...b
q
Q
i
1
i
2
...i
q
, (3.1.2.6c)
onde:
Q
i
1
i
2
...i
q
=
12...q
a
1
a
2
...a
q
f
(a
1
)
i
1
f
(a
2
)
i
2
... f
(a
q
)
i
q
, (i
1
< i
2
< ... < i
q
) , (3.1.2.6d)
sao os componentes estritos de Q.
Levando-se a expressao (3.1.2.6c) na expressao (3.1.2.6a), teremos:
Q = f
(1)
f
(2)
... f
(q)
= Q
i
1
i
2
...i
q
i
1
i
2
...i
q
b
1
b
2
...b
q
b
1
b
2
...
b
q
.
Aplicando-se a expressao (3.1.2.5) aos vetores da base, a expressao acima tomara o seguinte
aspecto:
Q = f
(1)
f
(2)
... f
(q)
= Q
i
1
i
2
...i
q
i
1
i
2
...
i
q
. (3.1.2.6e)
Escrevendo-se os componentes estritos de Q, dados pela expressao (3.1.4.6d), em termos de
determinante (expressao (2.1.3.2)), a expressao acima resultara em:
Q = f
(1)
f
(2)
... f
(q)
=
f
(1)
i
1
f
(1)
i
2
... f
(1)
i
q
f
(2)
i
1
f
(2)
i
2
... f
(2)
i
q
... ... ... ...
f
(q)
i
1
f
(q)
i
2
... f
(q)
i
q
i
1
i
2
...
i
q
, (3.1.2.6f)
com i
1
< i
2
< ... < i
q
. Observe-se que, se essa restricao nao for considerada, a expressao
(3.1.2.6f) tera o seguinte aspecto:
Q = f
(1)
f
(2)
... f
(q)
=
1
q!
f
(1)
i
1
f
(1)
i
2
... f
(1)
i
q
f
(2)
i
1
f
(2)
i
2
... f
(2)
i
q
... ... ... ...
f
(q)
i
1
f
(q)
i
2
... f
(q)
i
q
i
1
i
2
...
i
q
. (3.1.2.6g)
50
Denicao 3.1.2.5 - Espaco de q-formas. Seja E
(E
... E
=
q
E
)
dos tensores (Q) covariantes completamente antissimetricos de ordem q gerados pela base
({
i
1
(x)
i
2
(x) ...
i
q
}, i
1
< i
2
< ... < i
q
) e chamado de espaco de q-formas -
q
E
= C
q
n
=
n!
q! (nq)!
.
Denicao 3.1.2.6 - Espaco de n-formas. Seja E
(E
... E
=
n
E
) dos
tensores (Q) covariantes completamente antissimetricos de ordem n gerados pela seguinte
base, isto e: ({
i
1
(x)
i
2
(x) ...
i
n
}, i
1
< i
2
< ... < i
n
), e chamado de espaco de
n-formas -
n
E
= C
n
n
= 1 .
Em vista disso, esse tipo de tensor tem apenas um componente, obtido pela expressao
(3.1.2.6f), fazendo-se q = n:
Q = f
(1)
f
(2)
... f
(n)
=
f
(1)
i
1
f
(1)
i
2
... f
(1)
i
n
f
(2)
i
1
f
(2)
i
2
... f
(2)
i
n
... ... ... ...
f
(n)
i
1
f
(n)
i
2
... f
(n)
i
n
i
1
i
2
...
i
n
, (3.1.2.7b)
com i
1
< i
2
< ... < i
n
. Registre-se que com a nao considerac ao desta restricao entre os
i, a expressao (3.1.2.7b) tomara a seguinte forma:
Q = f
(1)
f
(2)
... f
(n)
=
1
n!
f
(1)
i
1
f
(1)
i
2
... f
(1)
i
n
f
(2)
i
1
f
(2)
i
2
... f
(2)
i
n
... ... ... ...
f
(n)
i
1
f
(n)
i
2
... f
(n)
i
n
i
1
i
2
...
i
n
. (3.1.2.7c)
Mudanca de Base no Espaco
q
E
Q
b
1
b
2
...
b
q
= s
a
1
b
1
s
a
2
b
2
... s
a
p
b
p
Q
a
1
a
2
...a
p
.
Usando-se os componentes estritos do tensor Q dados pela expressao (3.1.4.6d), teremos:
Q
j
1
j
2
...
j
q
= s
a
1
j
1
s
a
2
j
2
... s
a
p
j
p
i
1
i
2
...i
p
a
1
a
2
...a
q
Q
a
1
a
2
...a
q
, (3.1.2.7c)
com
j
1
<
j
2
< ... <
j
q
e i
1
< i
2
< ... < i
q
.
Em termos de determinante (expressao (2.1.3.2)), a expressao acima sera escrita na
forma:
Q
j
1
j
2
...
j
q
=
s
i
1
j
1
s
i
1
j
2
... s
i
1
j
q
s
i
2
j
1
s
i
2
j
2
... s
i
2
j
q
... ... ... ...
s
i
q
j
1
s
i
q
j
2
... s
i
q
j
q
Q
i
1
i
2
...i
q
, (3.1.2.7d)
com
j
1
<
j
2
< ... <
j
q
e i
1
< i
2
< ... < i
q
.
3.1.3 Produto Exterior entre p-vetores (formas)
Denicao 3.1.3.1 - Produto Exterior de dois p-vetores (formas). Sejam
p
1
vetor (forma) e p
2
vetor (forma) dois p vetores (formas). Por denicao,
chama-se de produto exterior entre eles ao (p
1
+ p
2
) vetor (forma) , que satisfaz
as seguintes propriedades:
1. = 0, se : p
1
+ p
2
> n ; (3.1.3.1a)
2. ( + ) = + ; ( + ) = + ; (3.1.3.1b)
3. ( ) = ( ) ; (3.1.3.1c)
4. = ( 1)
p
1
p
2
. (3.1.3.1d)
Ilustremos essa propriedade 4, usando-se as expressoes (3.1.1.1e) e (3.1.3.1c). Com
efeito:
(
1
2
3
) = (
1
2
3
) =
= ( 1)
2
(
1
2
3
) = ( 1)
3
(
1
2
3
) .
Usando-se o resultado anterior, teremos:
(
1
2
3
) (
1
2
) = ( 1)
3
1
(
1
2
3
)
2
=
= ( 1)
3
( 1)
3
(
1
2
) (
1
2
3
) = ( 1)
3.2
(
1
2
) (
1
2
3
) .
52
Denicao 3.1.3.2 - Determinante. Seja A uma transformacao linear de um
espaco vetorial E de dimensao n sobre si mesmo (A : E E). Seja ainda o espaco vetorial
n
E. Dene-se Determinante de A - det A = | A | - a seguinte expressao:
A
1
... A
n
= | A | (
1
...
n
) , (3.1.3.2)
onde
1
...
n
n
E. Observe-se que essa denicao e completamente independente da
representacao matricial de A.
Exerccios (3.1.3)
EX.3.1.3.1 Use a expressao (3.1.3.2) para demonstrar que: | AB | = | A | . | B | .
Solucao
Partindo-se da expressao (3.1.3.2) e usando-se a denicao de produto de operadores,
teremos:
| AB | (
1
...
n
) = ((AB)
1
) ... ((AB)
n
) = A(B
1
) ... A(B
n
) =
= | A | (B
1
... B
n
) = | A | . | B | (
1
...
n
) ,
portanto:
| AB | = | A | . | B | .
EX.3.1.3.2 Relacione a expressao (3.1.3.2) com o determinante de uma matriz (a
ij
)
n n.
Solucao
Seja {e
i
} a base de E. Entao, segundo a expressao (2.1.4.2), teremos:
A e
i
= e
j
a
j
i
.
Por outro lado, usando-se a expressao (3.1.2.2f), vira:
Ae
1
... Ae
n
= | a
j
i
| (e
1
... e
n
), (| a
j
i
| = | A |) ,
resultado que coincide com a expressao (3.1.3.2).
3.1.4 Dualidade
Denicao 3.1.4.1 - Operacao Dual () (Hodge). Sejam os espacos vetoriais
p
E e
np
E, de bases { e
i
1
e
i
2
... e
i
p
} e { e
i
p+1
e
i
p+2
... e
i
n
}, respectivamente.
Dene-se a operacao , denominada operacao dual (Hodge), entre esses espacos a
transforma cao linear:
53
:
p
E
np
E , (p = 0, 1, 2, ..., n)
[e
i
1
e
i
2
... e
i
p
] =
| g
|
(n p)!
i
p+1
i
p+2
...i
n
i
1
i
2
...i
p
e
i
p+1
e
i
p+2
... e
i
n
, (3.1.4.1)
onde | g
| e o modulo de g = det(g
ij
). Observe-se que, como C
p
n
= C
np
n
, os espacos
p
E e
np
E tem entao a mesma dimens ao, o que mostra que os mesmos sao isomorfos.
Observe-se, ainda, que, embora tenhamos escolhido uma base para denir a operacao (),
ela e realmente independente de qualquer escolha de base.
Componentes do Dual de um p-vetor. Seja um pvetor dado pela expressao
(3.1.2.2e,g):
=
1
p!
i
1
i
2
...i
p
e
i
1
e
i
2
... e
i
p
.
Usando-se a Denicao 3.1.4.1, vira:
= [
1
p!
i
1
i
2
...i
p
e
i
1
e
i
2
... e
i
p
] =
1
p!
[
| g
|
(n p)!
i
p+1
i
p+2
...i
n
i
1
i
2
...i
p
i
1
i
2
...i
p
e
i
p+1
e
i
p+2
...e
i
n
].
Usando-se as expressoes (2.1.3.14c) e (2.1.4.1b), teremos:
=
| g
|
(n p)! p!
i
1
i
2
...i
p
i
p+1
i
p+2
...i
n
i
1
i
2
...i
p
e
i
p+1
e
i
p+2
... e
i
n
,
=
1
(n p)!
[
1
p!
i
1
i
2
...i
p
i
p+1
i
p+2
...i
n
i
1
i
2
...i
p
] e
i
p+1
e
i
p+2
... e
i
n
. (3.1.4.2a)
Considerando-se que
np
E, as expressoes (3.1.2.2e) e (3.1.2.2g) permitem escrever
que:
=
1
(n p)!
( )
i
p+1
i
p+2
...i
n
e
i
p+1
e
i
p+2
... e
i
n
. (3.1.4.2b).
Portanto, comparando-se as expressoes (3.1.4.2a,b) e usando-se a expressao (3.1.4.1b), verica-
se que os componentes de s ao dados por:
( )
i
p+1
i
p+2
...i
n
=
| g
|
p!
i
1
i
2
...i
p
i
p+1
...i
n
i
1
i
2
...i
p
=
1
p!
i
1
i
2
...i
p
i
p+1
...i
n
i
1
i
2
...i
p
. (3.1.4.2c)
Observacoes
1. Podemos fazer um desenvolvimento equivalente ao anterior para tratar a dualidade
e a operacao () para as q formas. Desse modo, se for uma q forma, os componentes
de seu dual serao dados por:
( )
i
q+1
i
q+2
...i
n
=
| g |
q!
i
1
i
2
...i
q
i
q+1
...i
n
i
1
i
2
...i
q
=
1
q!
i
1
i
2
...i
q
i
q+1
...i
n
i
1
i
2
...i
q
. (3.1.4.3)
54
2. Se e sao p vetores (q formas) e a e b sao escalares, entao:
(a + b ) = a ( ) + b ( ) . (3.1.4.4)
Exerccios (3.1.4)
EX.3.1.4.1 Seja e
p
= e
i
1
e
i
2
... e
i
p
. Demonstre que:
e
p
= (1)
p(np) +
(ns)
2
e
p
,
onde s e a assinatura da metrica.
Solucao
Usando-se a expressao (3.1.4.1), teremos:
e
p
=
| g
|
(n p)!
i
p+1
i
p+2
...i
n
i
1
i
2
...i
p
[e
i
p+1
e
i
p+2
... e
i
n
] . (I)
Por outro lado, considerando-se que:
[e
i
p+1
e
i
p+2
... e
i
n
]
np
E ,
e usando-se novamente a expressao (3.1.4.1), verica-se que [lembrar que: n (n p) = p]:
[e
i
p+1
e
i
p+2
... e
i
n
] =
| g
|
p!
j
1
j
2
...j
p
i
p+1
i
p+2
...i
n
[e
j
1
e
j
2
... e
j
p
] .
Em vista disso, a expressao (I) anterior cara:
e
p
=
| g
|
(n p)!p!
i
p+1
i
p+2
...i
n
i
1
i
2
...i
p
j
1
j
2
...j
p
i
p+1
i
p+2
...i
n
[e
j
1
e
j
2
... e
j
p
] =
=
| g
|
(n p)!p!
g
k
1
i
1
g
k
2
i
2
... g
k
p
i
p
g
i
p+1
j
p+1
g
i
p+2
j
p+2
... g
i
n
j
n
i
p+1
...i
n
k
1
k
2
...k
p
j
1
j
2
...j
p
j
p+1
...j
n
[e
j
1
e
j
2
... e
j
p
] . (II)
Considerando-se que:
g
k
1
i
1
g
k
2
i
2
... g
k
p
i
p
g
i
p+1
j
p+1
g
i
p+2
j
p+2
... g
i
n
j
n
i
p+1
...i
n
k
1
k
2
...k
p
=
1
g
j
p+1
j
p+2
...j
n
i
1
i
2
...i
p
,
a expressao (II) cara:
55
e
p
=
| g
|
g
1
(n p)!p!
j
1
j
2
...j
p
j
p+1
j
p+2
...j
n
j
p+1
j
p+2
...j
n
i
1
i
2
...i
p
[e
j
1
e
j
2
... e
j
p
] .
Permutando-se os ndices do segundo , a expressao acima cara:
e
p
=
| g
|
g
1
(n p)!p!
(1)
(np)
(1)
p
j
1
j
2
...j
p
j
p+1
...j
n
i
1
i
2
...i
p
j
p+1
...j
n
[e
j
1
e
j
2
... e
j
p
] .
Usando-se o resultado do Problema (2.1.4), a expressao anterior tomara a forma:
e
p
=
| g
|
g
1
(n p)!p!
(1)
p(np)
(n p)!
j
1
j
2
...j
p
i
1
i
2
...i
p
[e
j
1
e
j
2
... e
j
p
] .
Por m, trocando-se (j
1
j
2
...j
p
) por (i
1
i
2
...i
p
) e usando-se ainda o resultado do Pro-
blema (2.1.4), teremos:
e
p
=
| g
|
g
1
(n p)!p!
(1)
p(np)
(n p)!
i
1
i
2
...i
p
i
1
i
2
...i
p
[e
i
1
e
i
2
... e
i
p
] =
=
| g
|
g
1
(n p)!p!
(1)
p(np)
(n p)! p! [e
i
1
e
i
2
... e
i
p
] .
Usando-se a expressao (1.1.3.15), teremos:
e
p
= (1)
p(np) +
(ns)
2
e
p
.
A partir dessa expressao, podemos, simbolicamente, escrever que:
()
2
= (1)
p(np) +
(ns)
2
()
1
= (1)
p(np) +
(ns)
2
.
312
e
3
=
312
e
3
= e
3
,
[e
1
e
3
] =
1
(32)!
2
13
e
2
=
22
213
e
2
=
213
e
2
= e
2
,
[e
2
e
3
] =
1
(32)!
1
23
e
1
=
11
123
e
1
=
123
e
1
= e
1
.
De posse desses resultados, podemos escrever que:
(u v) = (u
2
v
3
u
3
v
2
) e
1
+ (u
3
v
1
u
1
v
3
) e
2
+ (u
1
v
2
u
2
v
1
) e
3
.
Usando-se a denicao de produto vetorial entre dois vetores da
Algebra Vetorial, verica-se
que:
(u v) = u v .
b. Usando-se a expressao (3.1.2.3d), teremos:
[u v w] =
u
1
u
2
u
3
v
1
v
2
v
3
w
1
w
2
w
3
[e
1
e
2
e
3
] .
Considerando-se que a base de E
3
seja ortonormada, isto e: (e
i
, e
j
) =
ij
=
ij
e usando-se
as expressoes (3.1.4.1) e (2.1.3.1b,c), vira:
[e
1
e
2
e
3
] =
1
(33)!
123
= 1 .
Portanto:
57
[u v w] =
u
1
u
2
u
3
v
1
v
2
v
3
w
1
w
2
w
3
.
Usando-se a denicao de produto misto entre tres vetores da
Algebra Vetorial, verica-se
que:
(u v w) = (u v) . w = (uvw) .
EX.3.1.4.3 Seja o escalar 1 (0 vetor). Calcule 1.
Solucao
Usando-se a expressao (3.1.4.1), vira:
1 =
| g
|
n!
i
1
i
2
...i
n
e
i
1
e
i
2
... e
i
n
.
Usando-se o resultado do Problema (2.1.4.III), isto e:
i
1
i
2
...i
n
= n!
1
i
1
2
i
2
...
n
i
n
,
teremos:
1 =
| g
| e
1
e
2
... e
n
.
Observe-se que se considerarmos o escalar 1 como uma 0 forma, entao:
1 =
| g |
1
(x)
2
(x) ...
n
(x) .
3.1.5 Produto Interno entre p-vetores (formas)
Denicao 3.1.5.1 - Produto Interno de dois p-vetores (formas). Sejam
e dois p vetores (formas) de mesma ordem. O produto interno (, ) entre eles e
denido de modo que tenhamos:
1. ( ) = (, ) ( 1) , (3.1.5.1)
2. ( ) = ( ) . (3.1.5.2)
Exerccios (3.1.5)
EX.3.1.5.1 Sejam u e v 1 vetores pertencentes ao espaco vetorial E
3
. Demonstre
que:
58
u ( v) = (u . v) (e
1
e
2
e
3
) ,
onde (u . v) representa o Produto Escalar da
Algebra Vetorial.
Solucao
Seja (e
i
) uma base de E
3
. Entao, nessa base, podemos escrever:
u = u
1
e
1
+ u
2
e
2
+ u
3
e
3
, v = v
1
e
1
+ v
2
e
2
+ v
3
e
3
.
Usando-se a expressao (3.1.4.4), teremos:
u ( v) = (u
1
e
1
+ u
2
e
2
+ u
3
e
3
) (v
1
e
1
+ v
2
e
2
+ v
3
e
3
) =
= (u
1
e
1
+ u
2
e
2
+ u
3
e
3
) (v
1
e
1
+ v
2
e
2
+ v
3
e
3
) . (I)
Considerando-se que a base de E
3
seja ortonormada, isto e: (e
i
, e
j
) =
ij
=
ij
e usando-se
as expressoes (3.1.4.1) e (2.1.3.1b,c), vira:
e
1
=
1
(31)!
(
23
1
e
2
e
3
+
32
1
e
3
e
2
) =
1
2
(
231
e
2
e
3
+
321
e
3
e
2
) =
=
1
2
(
123
e
2
e
3
+
123
e
2
e
3
) = e
2
e
3
,
e
2
=
1
(31)!
(
13
2
e
1
e
3
+
31
2
e
3
e
1
) =
1
2
(
132
e
1
e
3
+
312
e
3
e
1
) =
=
1
2
(
123
e
1
e
3
+
123
e
1
e
3
) = e
1
e
3
,
e
3
=
1
(31)!
(
12
3
e
1
e
2
+
21
3
e
2
e
1
) =
1
2
(
123
e
1
e
2
+
213
e
2
e
1
) =
=
1
2
(
123
e
1
e
2
+
123
e
1
e
2
) = e
1
e
2
.
Tomando-se os resultados acima e considerando-se as expressoes (3.1.1.1b,c,d,e), a expressao
(I) tomara a forma:
u ( v) = (u
1
e
1
+ u
2
e
2
+ u
3
e
3
) (v
1
e
2
e
3
v
2
e
1
e
3
+ v
3
e
1
e
2
) =
= u
1
v
1
e
1
e
2
e
3
u
2
v
2
e
2
e
1
e
3
+ u
3
v
3
e
3
e
1
e
2
=
= (u
1
v
1
+ u
2
v
2
+ u
3
v
3
) (e
1
e
2
e
3
) .
Usando-se a denicao de produto escalar entre dois vetores da
Algebra Vetorial, verica-se
que:
59
u ( v) = (u . v) (e
1
e
2
e
3
) .
Considerando-se que:
[e
1
e
2
e
3
] = 1 ,
podemos escrever que:
[u ( v)] = (u . v) .
Problemas (3.1)
3.1.1 Demonstre a expressao (3.1.4.4).
3.1.2 Expresse em termos de
Algebra Exterior as seguintes expressoes da
Algebra
Vetorial:
a.
A (
B
C) = (
A .
C)
B (
A .
B)
C ;
b. (
A
B) (
C
D) = (
A
B .
D)
C (
A
B .
C)
D .
3.1.3 Demonstre a expressao (3.1.5.2).
3.1.4 Seja um espaco quadridimensional de base ortonormada: (e
1
, e
2
, e
3
, e
4
). Cal-
cule os seguintes produtos ():
a. e
i
(i = 1, 2, 2, 4); b. (e
i
e
j
), i = j (i, j = 1, 2 , 3, 4);
c. (e
i
e
j
e
k
), i = j = k (i, j, k = 1, 2, 3, 4);
d. (e
i
e
j
e
k
e
m
), i = j = k = m (i, j, k, m = 1, 2, 3, 4).
3.1.5 Sejam: u um q vetor, uma p forma e uma (p q) forma. Se:
x = (u x), x um(p q) vetor,
demonstre que:
( ) u = ( u) + ()
p
( u) .
Captulo 4
4.1 Diferenciacao Exterior
4.1.1 Formas Diferenciais
Denicao 4.1.1.1. Dene-se forma diferencial de grau p (p-forma) a ex-
pressao:
=
1 i
1
< i
2
< ... i
p
n
a
i
1
i
2
...i
p
(x
1
, x
2
, ..., x
n
) dx
i
1
dx
i
2
... dx
i
p
, (4.1.1.1)
onde os coecientes a
i
1
i
2
...i
p
sao funcoes de classe C
1
d . (4.1.2.1.2)
Essa operacao transforma uma p forma em uma (p 1) forma .
2. Uma forma , para a qual = 0 , e dita cofechada.
3. Uma forma , que pode ser escrita como = para algum , e dita coexata.
Laplaciano (). Seja a 0forma f(x, y, z) que corresponde a uma funcao escalar.
Calculando-se o seu diferencial, teremos:
df =
f
x
dx +
f
y
dy +
f
z
dz .
Calculando-se o operador () da expressao acima, vira:
df =
f
x
dx +
f
y
dy +
f
z
dz =
df =
f
x
dy dz +
f
y
dz dx +
f
z
dx dy .
Agora, calculemos o diferencial da expressao acima:
68
d df = d(
f
x
) dy dz +
+ d(
f
y
) dz dx + d(
f
z
) dx dy ,
d df = (
2
f
x
2
dx +
2
f
x y
dy +
2
f
x z
dz) dy dz +
+ (
2
f
y x
dx +
2
f
y
2
dy +
2
f
y z
dz) dz dx +
+ (
2
f
z x
dx +
2
f
z y
dy +
2
f
z
2
dz) dx dy ,
d df = (
2
f
x
2
+
2
f
y
2
+
2
f
z
2
) dx dy dz .
Aplicando-se a operacao ao resultado anterior, vira:
(d df) = (
2
f
x
2
+
2
f
y
2
+
2
f
z
2
) (dx dy dz) = (
2
f
x
2
+
2
f
y
2
+
2
f
z
2
) .
Comparando-se o resultado acima com a operacao laplaciano () denida na Analise
Vetorial, conclui-se que:
= d d
Observacoes sobre o Laplaciano
1. Para o caso de espacos cujas metricas tem s = n, Georges de Rham (1955) deniu
o operador Laplaciano (
R
) da seguinte maneira:
R
= (d + )
2
= d + d . (4.1.2.3)
Essa operacao, que leva uma p forma numa p forma, tem as seguintes pro-
priedades:
d
R
=
R
d;
R
=
R
;
R
=
R
.
2. Para 0 formas,
R
reduz-se ao operador usual de Laplace-Beltrami: .
3. No R
3
, onde a metrica usual permite identicar 1-formas com vetores e
1
= ,
esse operador de Rham aplicado a vetores e o operador de Laplace-Beltrami, com o sinal
trocado. Assim:
A =
R
= (d + d)
A = [d () ( d )
A + ( d) ( d)
A] ,
A = .
A
A . (4.1.2.4)
69
EX.4.1.2.2 Use o Lema de Poincare e demonstre que:
1. (f) = 0; 2. . (
f) = 0 .
Solucao
1. Usando-se o resultado do Exerccio anterior e o Lema de Poincare, teremos:
(f) = ( d) df = ddf = 0 .
2. Usando-se o resultado do Exerccio anterior e o Lema de Poincare, teremos:
. (
f) = (d ) d
f = d
2
d
f .
Considerando o resultado do Exerccio (3.1.4.1), ou seja:
(
2
) = 1 ,
teremos:
. (
f) = dd
f = 0 .
EX.4.1.2.3 Use a Denicao (4.1.2.1) e demonstre que:
1. (fg) = g f + f g ;
2. (f
A) = f
A + f
A ;
3. . (f
A) = f .
A + f .
A .
Solucao
Para resolvermos esse Exerccio, vamos usar os resultados obtidos no Captulo 3 e
no Exerccio anterior, quais sejam:
A .
B ( );
A
B ( ) .
d; .
A [d ( )];
A (d) .
1. Como f e g sao 0 formas, a expressao (4.1.2.1d) nos dara:
(fg) d (fg) = df g + f dg ,
(fg) = g f + f g ;
2. Usando-se a expressao (4.1.2.1e), teremos:
70
. (f
A)
_
d[ (f)]
_
=
_
df + f d( )
_
= (df ) + f [d()],
. (f
A) = f .
A + f .
A .
3. Usando-se a expressao (4.1.2.1e), teremos:
(f
A) d(f) = (df + f d) = (df ) + f [ (d)] ,
(f
A) = f
A + f
A .
4.1.3 Aplicacoes e Mudanca de Variaveis
Denicao 4.1.3.1. Dene-se uma aplicacao (mapping) como uma regra que
assinala a cada ponto x = (x
1
, x
2
, ... x
m
) E
m
, um ponto y = (y
1
, y
2
, ... y
n
) E
n
, isto e:
: E
m
E
n
: x y .
Desse modo, podemos escrever que:
y
i
= y
i
(x
1
, ... x
m
) , i = 1, 2, 3, ..., n. (4.1.3.1)
Observacoes
1. Uma aplicacao e dita diferenciavel se as funcoes coordenadas denidas por
(4.1.3.1) sao continuamente diferenciaveis (C
);
2. Uma aplicacao e dita um-a-um se um e somente um ponto em E
m
corresponde
a um e somente um ponto em E
n
;
3. A aplicacao inversa
1
de existe se e um-a-um, e e denotada por:
1
: E
n
E
m
.
4. De um modo geral, a aplicacao e denida entre variedades diferenciaveis, quando
se estuda espacos vetoriais que nao sejam euclidianos (E
n
).
Denicao 4.1.3.2. Dada a aplicacao : E
m
E
n
, dene-se
como
uma aplicacao (pullback) que transforma cada p forma F
p
(E
n
) em uma p forma
F
p
(E
m
), isto e:
: F
p
(E
n
) F
p
(E
m
). [y = y(x)] (4.1.3.2)
Observacao
A ideia basica da aplicacao
e fazer a substituicao:
71
dy
i
=
y
i
x
j
dx
j
,
e usar as regras da
Algebra Exterior.
Exemplos. Consideremos as seguintes formas:
1. 0 forma : f. Entao:
f = f ,
onde () e a composicao de funcoes (regra da cadeia) do Calculo Elementar.
2. 1 forma : = a
i
(y) dy
i
. Entao:
= a
i
[y(x)]
y
i
x
j
dx
j
,
3. 2 forma : = dy
1
dy
2
. Considerando-se que: y
i
= y
i
(x
1
, x
2
) (i = 1, 2),
teremos:
(dy
1
dy
2
) = (
y
1
x
1
dx
1
+
y
1
x
2
dx
2
) (
y
2
x
1
dx
1
+
y
2
x
2
dx
2
) =
= (
y
1
x
1
y
2
x
2
y
1
x
2
y
2
x
1
) dx
1
dx
2
=
(y
1
, y
2
)
(x
1
, x
2
)
dx
1
dx
2
,
(dy
1
dy
2
) = J dx
1
dx
2
,
onde J e o jacobiano do Calculo Elementar, dado por:
J =
(y
1
, y
2
)
(x
1
, x
2
)
=
_
y
1
x
1
y
1
x
2
y
2
x
1
y
2
x
2
_
=
_
y
1
x
1
y
1
x
2
y
2
x
1
y
2
x
2
_
.
Propriedades de
. A aplicacao
( + ) =
, (4.1.3.2a)
2.
( ) = (
) (
) , (4.1.3.2b)
3.
(d) = d(
) , (4.1.3.2c)
4. Se : E
m
E
n
, : E
n
E
r
e : E
m
E
r
, entao:
( )
= (
) ou ( )
. (4.1.3.2d,e)
Observacoes
1. Na expressao (4.1.3.2a), as formas e devem ter o mesmo grau, enquanto na
(4.1.3.2b) elas podem ter graus diferentes.
72
2. A expressao (4.1.3.2c) mostra que a diferenciacao exterior d e invariante por uma
transformacao de coordenadas.
3. As expressoes (4.1.3.2d,e) representam a regra da cadeia para as derivadas
parciais do Calculo Elementar.
Vamos vericar as tres primeiras propriedades de
( + ) =
( + ) =
( + ) =
.
2. Propriedade representada pela expressao (4.1.3.2b):
( ) = (
) (
)
Considerando-se os mesmos dados e resultados do item anterior, vira:
( ) =
.
73
3. Propriedade representada pela expressao (4.1.3.2c):
(d) = d(
)
Para os valores de e
) = d[(u
2
v
2
) (du + dv)] = d(u
2
v
2
) du + d(u
2
v
2
) dv =
= (2u du 2v dv) du + (2u du 2v dv) dv = 2(u + v) du dv ,
(d) =
) .
4. Propriedade representada pela expressao (4.1.3.2d):
( )
= (
)
Para vericar essa propriedade, consideremos uma 0 forma f e as regras de com-
posicao do Calculo Elementar. Entao:
( )
f = f ( ) =
(f ) = (
)f .
Exerccios (4.1.3)
EX.4.1.3.1 Se = x dy , calcule
= (t
2
)
y
t
dt = (t
2
)
t
(t
3
) dt = 3 t
4
dt .
EX.4.1.3.2 Dada a aplicacao:
74
: R
2
R
2
: (, ) (x = cos, y = sen) ,
calcule:
1.
E =
(dx dy) .
Solucao
1. Usando-se as Denicoes (4.1.3.2) e (3.1.1.3), vira:
E = X
(, ) (
x
d +
x
d) + Y
(, ) (
y
d +
y
d) =
= X
(, ) (cos d sen d) + Y
(, ) (sen d + cos d) =
= [X
(, ) cos + Y
(, ) sen] d + [ X
(, ) sen + Y
(, ) cos] d ,
E = R(, ) d + (, ) d ,
onde:
R(, ) = X
(, ) cos + Y
(, ) sen ,
( ) = X
(, ) sen + Y
(, ) cos ,
X
X = X Y
Y = Y .
2. Usando-se os resultados do item anterior, podemos escrever:
(dx dy) = (
x
d +
x
d) (
y
d +
y
d) =
= (
x
(dx dy) = d d .
Observe-se que representa justamente o jacobiano da aplicacao dada.
4.1.4 Variedades e Sistemas de Coordenadas
Ate aqui, consideramos a Diferenciacao Exterior d sobre os espacos vetoriais eucli-
dianos E
n
e, tambem, usamos as coordenadas cartesianas (x
i
, i = 1, 2, ... , n). Isso signica
dizer que trabalhamos num subconjunto aberto de E
n
ou, equivalentemente, que esse
75
espaco foi embebido num plano. Contudo, existem espacos geometricos que nao podem
ser considerados como subconjuntos abertos de E
n
. Por exemplo, a superfcie S
2
de uma
esfera do R
3
nao pode ser embebida em um plano. Assim, considerando-se que a operacao
d independe de sistemas de coordenadas, segundo a expressao (4.1.3.2c), vamos estudar
essa operacao d naqueles espacos geometricos que sao, genericamente, conhecidos como
variedades (manifolds). Para isso, vamos antes apresentar algumas denicoes.
Denicao 4.1.4.1. Um espaco topologico ET e um par (E, T), onde E e um
conjunto nao vazio de pontos e T e uma famlia de subconjuntos abertos U
i
(i I) de E
satisfazendo as seguintes condicoes:
1. E, T ( = conjunto vazio);
2.
i J
U
i
T (J I, J = nito);
3.
i J
U
i
T (J I).
Os elementos de E sao chamados de abertos e T de topologia do ET.
Exemplo. Seja um espaco topologico simples constitudo por quatro elementos:
E = {a, b, c, d} .
Enquanto a seguinte famlia de subconjuntos abertos:
T =
_
{a}, {a, b}, {a, b, d}, E,
_
,
forma uma topologia, pois satisfaz `as condicoes da Denicao (4.1.4.1), o mesmo nao acontece
com a famlia de subconjuntos abertos:
T
=
_
{a}, {a, b}, {b, c, d}, E,
_
,
pois:
{ a, b} {b, c, d} = { b} / T
.
Observacoes
1. Os mais conhecidos espacos topologicos sao: a reta (R), o plano (R
2
), o espaco
(R
3
) e a superfcie esferica (S
2
).
2. Um espaco topologico (E, T) e dito um espaco topologico de Hausdor -
ETH quando:
x, y E, (U, V ) T U V = (x U, y V, x = y) .
3. Dois espacos topologicos (E
i
, T
i
) (i = 1, 2) sao chamados homeomorcos ou
topologicamente equivalentes se:
76
f : E
1
E
2
tal que (f, f
1
) sao contnuas.
Nesse caso, a aplicacao bijetiva f e chamada um homeomorsmo.
4. Um espaco topologico (E, T) e dito compacto, se ele e um ETH e se cada
cobertura tem uma subcobertura nita. Registre-se que uma famlia de abertos dada
por U = (A
i
| i I) E e chamada cobertura de E, se:
A
i
= , E =
i I
A
i
,
e de subcobertura, se:
E =
j J I
A
j
.
Denicao 4.1.4.2. Uma base para uma topologia T e uma colecao B de seus
abertos (B T) tal que qualquer membro U de T pode ser obtido como uma uniao dos
elementos de B.
Observacao
No caso da reta (R), uma base possvel e aquela formada por todos os intervalos
abertos:
(a, b) = { x | a < x < b } .
Exemplo. Seja o espaco topologico constitudo por tres elementos:
E = {a, b, c} .
Sejam, tambem, as seguintes famlias de subconjuntos abertos:
T =
_
, {b}, {a, c}, {a, b, c} = E
_
,
B =
_
, {b}, {a, c}
_
.
Verica-se que T dene uma topologia em E, tendo B como uma possvel base.
Com efeito, para vericar que T dene uma topologia, temos de ver se ela satisfaz
as condicoes da Denicao (4.1.4.1). Assim:
a) E , T ;
b) {b} {a, c} = T ;
c) {b} {a, b, c} = {a, c} T ;
d) {a, c} {a, b, c} = {b} T ;
77
e) {b} {a, c} = {a, b, c} T ;
f) {a, c} {a, b, c} = {a, b, c} T .
Por outro lado, para mostrar que B dene uma base de T, vamos usar a Denicao
(4.1.4.2). Assim:
a)
_
, {b}, {a, c}
_
(= B)
_
, E, {b}, {a, c}
_
(= T) ;
b) {b } = {b } ;
c) {a, c } = {a, c } ;
d) {a, b, c} = {b } {a, c} .
Denicao 4.1.4.3. Um conjunto M de pontos e denominado uma variedade
(manifold) se cada ponto p M tem um conjunto aberto (vizinhanca) U que e homeomor-
co a um conjunto aberto em algum E
n
, ou seja, se se pode denir uma aplicacao um-a-um
em E
n
:
: U U
E
n
,
com U um aberto em E
n
.
Observacoes
1. A variedade M e um espaco topologico de Hausdor localmente quase eu-
clidiano;
2. A variedade M tem a mesma dimensao n em todos os seus pontos;
3. A variedade M tem uma base que e enumeravel.
E oportuno registrar que um
conjunto X e dito enumeravel quando existe uma aplicacao:
f : N X ,
onde f e bijetiva e N e o conjunto dos n umeros naturais.
Denicao 4.1.4.4. Dene-se uma carta (ou sistema de coordenadas locais) c
em uma variedade M como um terno c = (U, , n), tal que:
1. U M e aberto;
2. : U U
= (U) E
n
e aberto e e um homeomorsmo;
3. n ( 0) Z e a dimensao de c.
Observacoes
1. Daqui para a frente, desde que nao haja perigo de confusao, uma carta sera
denotada por (U, ).
2. O homeomorsmo pode ser denido no sentido inverso (
1
), isto e, de um
conjunto aberto de E
n
para alguma vizinhanca de um ponto p M. Neste caso ele e chamado
uma parametrizacao.
78
Denicao 4.1.4.5. Duas cartas (U
1
,
1
) e (U
2
,
2
) sao ditas C
k
-compatveis
quando:
1. ou U
1
U
2
= ou U
1
U
2
= ;
2. as aplicacoes:
1
1
2
:
2
(U
1
U
2
)
1
(U
1
U
2
) ,
2
1
1
:
1
(U
1
U
2
)
2
(U
1
U
2
) ,
sao de classe C
k
, ou seja, existem as k primeiras derivadas.
Observacoes
1. Seja
1
uma aplicacao que leva qualquer ponto P (U
1
U
2
) em um aberto
de E
n
(
1
(U
1
)), digamos o ponto (x
1
, x
2
, ..., x
n
), e
2
uma aplicacao que leva o mesmo
ponto P em um outro aberto de E
n
(
2
(U
2
)), digamos o ponto (y
1
, y
2
, ..., y
n
). As relacoes
funcionais denidas abaixo:
2
1
1
: E
n
E
n
, [y
i
= y
i
(x
i
) , i = 1, 2, ..., n] (4.1.4.1a)
1
1
2
: E
n
E
n
, [x
j
= x
j
(y
j
) , j = 1, 2, ..., n] (4.1.4.1b)
sao chamadas de transformacoes de coordenadas.
E importante destacar que se o de-
terminante da matriz jacobiana que caracteriza cada uma dessas transformacoes for maior
que zero, isto e:
det(
2
1
1
) > 0 ou det(
1
1
2
) > 0 ,
a variedade Me dita orientavel. Se o determinante for negativo, Me dita nao-orientavel,
como acontece, por exemplo, com a ta de Mobius e a garrafa de Klein.
2. Os sistemas de coordenadas usualmente considerados (cartesiano, polar, elptico,
etc.) formam um sistema de funcoes coordenadas. Esta e uma distincao relevante, uma
vez que tal sistema necessita de um n umero diferente de cartas para plotar a variedade
M. Contudo, enquanto o sistema cartesiano (x, y) e bastante para plotar o R
2
, o mesmo
nao acontece com o sistema polar (r, ), pois a coordenada nao se relaciona com um
homeomorsmo, ja que os pontos = 0 e = 2 sao coincidentes.
E oportuno observar
que a mais popular singularidade na Fsica - a singularidade de Schwarzschild - nao e
real, ela decorre da escolha de um sistema de coordenadas.
Denicao 4.1.4.6. Dene-se atlas sobre uma variedade M a reuniao de cartas
(U
i
,
i
) C
k
-compatveis que cobre M, isto e:
i I
U
i
= M .
79
Observacoes
1. Se todas as cartas sao relacionadas por aplicacoes lineares em suas interseccoes,
teremos um atlas linear.
2. Toda variedade compacta pode ser coberta por atlas nitos, isto e, um atlas com
um n umero nito de cartas.
3. O espaco euclidiano E
n
e uma variedade cujo atlas e composto de uma unica carta.
Neste caso, esse espaco e automaticamente orientavel.
Exemplo. Seja a circunferencia S
1
denida por:
S
1
= {(x, y) R
2
| x
2
+ y
2
= 1 } .
Consideremos uma aplicacao
1
1
denida pela coordenada polar:
1
1
: (0 2) S
1
, (x = cos, y = sen) .
Verica-se que
1
1
nao e homeomorca, pois o ponto (1, 0) sobre S
1
e o mesmo para dois
valores de (0, 2). Porem, se considerarmos a aplicacao:
1
1
: (0 < < 2) S
1
, (x = cos, y = sen) .
verica-se que:
1
1
(0 < < 2) = U = S
1
{ (1, 0) }, U S
1
.
Desse modo, o par (U , ) representa uma carta em S
1
. Porem, como U nao cobre toda a
variedade S
1
, precisamos encontrar uma outra carta. Assim, consideremos a aplicacao
1
2
denida por:
1
2
: ( < < ) S
1
, (x = cos, y = sen) .
Entao:
1
2
( < < ) = V = S
1
{ ( 1, 0) }, V S
1
,
dene uma nova carta dada por (V,
2
). Ora, como:
U V = S
1
,
entao essas duas cartas constituem um atlas para a variedade S
1
, de acordo com a Denicao
(4.1.4.6).
Denicao 4.1.4.7. Um atlas denido em uma variedade M e dito diferenciavel
se todas as transformacoes de coordenadas sao aplicacoes diferenciaveis (C
).
80
Observacao
Tomemos as transformacoes de coordenadas denidas pelas expressoes (4.1.4.1a,b).
Diferenciando-se as mesmas e usando-se a regra da cadeia, vira:
i
k
=
y
i
x
j
x
j
y
k
.
Essa expressao indica que ambos os jacobianos das transformacoes de coordenadas -
y
i
x
j
e
x
j
y
k
- s ao diferentes de zero.
Denicao 4.1.4.8. Um atlas diferenciavel em uma variedade M e dito um atlas
maximal ou completo, quando nao pode estar contido propriamente em nenhum outro
atlas diferenciavel em M.
Denicao 4.1.4.9. Dene-se uma variedade diferenciavel como sendo uma va-
riedade topologica M com um atlas diferencial completo ou maximal.
Exemplo. O R
n
e uma variedade diferenciavel e o seu atlas e constitudo de uma
unica carta:
U = (R
n
, I), I(identidade) : R
n
R
n
,
onde as funcoes coordenadas dessa carta sao as coordenadas canonicas (x
1
, x
2
, ..., x
n
).
Observe-se que quando R
n
e considerada como uma variedade diferenciavel ela e entao conhe-
cida como um espaco am.
Denicao 4.1.4.10. Sejam M e N duas variedades diferenciaveis. Uma aplicacao
contnua f : M N e dita diferenciavel em um ponto p (p M) se dadas as
cartas (U , g) de M e (V , h) de N, a aplicacao denida por:
h f g
1
: g(U) h(V ) ,
e diferenciavel ( C
k
) no ponto g(p) .
Observacoes
1. A aplicacao h f g
1
esta denida em g[f
1
(V ) U] .
2. A aplicacao f e dita diferenciavel se ela e diferenciavel em todos os pontos de M.
3. Se f e uma bijecao e sua inversa f
1
e tambem diferenciavel, entao f e denominada
difeomorsmo.
E interessante destacar que uma variedade diferenciavel e difeomorca ao
espaco E
n
, o que signica dizer que ela se comporta localmente como E
n
.
Denicao 4.1.4.11. Seja M uma variedade diferenciavel e N um subconjunto de
M (N M). Entao N e chamada de subvariedade diferenciavel de M se, para todo
ponto p N, existe uma carta (U , f) do atlas de M, tal que:
p U f(p) = 0 E
n
;
81
f(U N) = f(U) E
m
.
Denicao 4.1.4.12. Sejam M e N duas variedades diferenciaveis. A aplicacao
diferenciavel f : M N e dita uma imersao se as cartas (U , g) (g : U U
E
m
)
e (V , h) (h : V V
E
n
(m < n)) podem ser escolhidas de tal modo que:
h f g
1
: g(U) h(V ) ,
e uma inclusao, isto e, quando consideramos que E
m
como E
m
{ 0 } E
n
.
Observacoes
1. A representacao de f em coordenadas locais e dada por:
(x
1
, x
2
, ... x
m
) (x
1
, x
2
, ... x
m
, 0, ..., 0) .
2. Se:
a) f(M) N e uma subvariedade de N ;
b) f : M f(M) e um difeomorsmo,
entao f e denominada um mergulho (imbed) e, conseq uentemente, se diz que M esta
mergulhada em N.
Exemplos
1. A aplicacao f denida por:
f : E
1
E
2
; f(x) = (cos 2x, sen 2x) ,
e uma imersao com f(E
1
) = S
1
E
2
. Assim, se diz que o crculo (S
1
) esta imerso
(embebido) e nao mergulhado no plano.
2. A aplicacao denida por:
f : E
1
E
3
; f(x) = (cos 2x, sen 2x, x) ,
e um mergulho. Assim, se diz que a helice f(E
1
) esta mergulhada ou embebida no espaco.
i
.
2.1. Qualquer vetor V
p
T
p
(M) pode ser escrito da seguinte forma:
V
p
= V
i
p
i
= V
p
(x
i
)
i
. (4.1.5.2a)
E oportuno notar que a expressao (4.1.5.2a) tem sua genese no desenvolvimento em serie de
Taylor de uma dada funcao f(x). Com efeito, considerando-se um ponto (x = p + v)
muito proximo de p, o desenvolvimento de Taylor de f(x) sera dado por:
f(x = p + v) = f(p) + v
d(f(x)
dx
|
x = p
+ ... , (4.1.5.2b)
83
onde
d(f(x)
dx
|
x = p
representa a inclinacao de f(x) no ponto p. Assim, se tivermos uma varie-
dade n-dimensional com coordenadas x
i
, poderemos ter n direcoes diferentes, de modo que
o segundo termo da equacao (4.1.5.2b) torna-se:
v
i
(f(x)
x
i
|
x = p
.
Em vista do exposto acima, o termo:
v
i
x
i
|
x = p
, (4.1.5.2c)
identico `a expressao (4.1.5.2a), e denominado derivada direcional.
2.2. Quando uma variedade Me embebida em um espaco vetorial, um vetor tangente
V
p
T
p
(M) pode ser considerado como um vetor velocidade no tempo t = 0 , para um
ponto que descreve uma curva (t) passando atraves de p no tempo nulo [ (0) = p]. Essa
curva e associada a uma derivada direcional que indica a taxa de variacao no tempo 0 de
uma funcao f denida sobre M:
(
d[(t)]
dt
)
t=0
=
t = 0
f[(t)] . (4.1.5.2d)
2.3. Para uma transformacao de coordenadas ( x x (x)), a regra da cadeia do
Calculo Elementar nos mostra que:
x
i
=
x
j
x
i
x
j
. (4.1.5.2e)
3. Segundo vimos no topico (1.1) do Captulo 1, um espaco vetorial admite sempre
um espaco vetorial dual. Ora, sendo T
p
(M) um espaco vetorial, o seu dual - T
p
(M) - sera
constitudo pelas aplicacoes lineares:
p
: T
p
(M) E
1
.
Esse espaco e denominado espaco cotangente de M em p, e seus elementos sao chamados
covetores, ou vetores covariantes, ou ainda 1 formas. Esse espaco tem a mesma
dimensao de T
p
(M).
E oportuno salientar que, conforme vimos ainda no item (1.1), dada
uma base arbitraria { e
i
} de T
p
(M), existe uma unica base {
j
} de T
p
(M), chamada sua
base dual, com a propriedade dada pela expressao (1.1.2.2a), ou seja:
j
(e
i
) =
j
i
. (4.1.5.3)
3.1. Na Mecanica Classica, o espaco tangente corresponde ao espaco de velocidades
q
i
e o espaco cotangente ao espaco dos momentos p
i
, ambos relativos ao espaco das
conguracoes q
i
.
4. A reuniao dos espacos T
p
(M) para todo p e denominada espaco brado (bun-
dle) tangente T
(M) sobre M:
84
T
(M) =
p
T
p
(M) .
Denicao 4.1.5.3. Seja f C
(U, E
1
) e p U M . Dene-se a diferencial de
f em p o n umero (df)
p
dado por:
(df)
p
: T
p
(M) E
1
,
v (df)
p
(v) = v(f), v T
p
(M) . (4.1.5.4)
Observacoes
1. Consideremos um sistema de coordenadas locais (x
i
) em uma vizinhanca de p.
Segundo vimos acima, { (
x
i
)
p
} formam uma base para T
p
(M).
1.1. Segundo a expressao (4.1.5.2a), para v T
p
(M) podemos escrever:
v = a
i
(
x
i
)
p
, (a
i
K) .
Aplicando-se a expressao (4.1.5.4) ao resultado acima, vira:
(df)
p
(v) = (df)
p
[a
i
(
x
i
)
p
] = a
i
(
f
x
i
)
p
(df)
p
(
x
i
)
p
= (
f
x
i
)
p
. (4.1.5.5a)
Em particular, se zermos f = x
j
(x
j
: M E
i
), a expressao (4.1.5.5a) nos da:
(dx
j
)
p
(
x
i
)
p
= (
x
j
x
i
)
p
=
j
i
. (4.1.5.5b)
Comparando-se as expressoes (4.1.5.3) e (4.1.5.5b), verica-se que {(dx
1
)
p
, ..., (dx
n
)
p
} e
a base do espaco dual T
p
(M).
E oportuno destacar que esse resultado nos mostra que as
formas diferenciais dx
i
nao sao os incrementos da variavel x
i
, como indicam alguns
textos classicos do Calculo Elementar, e sim, elas representam uma aplicacao (operador)
linear.
1.2. Para uma transformacao de coordenadas: x x (x), a regra da cadeia do
Calculo Elementar nos mostra que:
d x
i
=
x
i
x
j
dx
j
. (4.1.5.5c)
2. Considerando-se que (df)
p
T
p
(M) e usando-se o resultado acima, podemos
escrever:
(df)
p
= a
j
(dx
j
)
p
, (a
j
K) . (4.1.5.6a)
Usando-se a expressao acima no lado esquerdo da expressao (4.1.5.5a) e usando-se, tambem,
a expressao (4.1.5.5b), vira:
85
(df)
p
(
x
i
)
p
= a
j
(dx
j
) (
x
i
)
p
= a
j
j
i
= a
i
.
Em vista disso, a expressao (4.1.5.5a) tomara a seguinte forma:
(df)
p
= (
f
x
i
)
p
(dx
i
)
p
, (4.1.5.6b)
que representa a expressao usual para a diferencial de uma funcao real do Calculo Elementar.
Esse resultado explica por que os membros do espaco cotangente sao tambem chamados de
1-formas.
Denicao 4.1.5.4. Dene-se um campo de vetores X em uma variedade dife-
renciavel M como uma aplicacao X que associa a cada ponto p M um vetor tangente
X
p
T
p
(M):
X : p M X
p
T
p
(M) .
Observacoes
1. Seja (x
1
, x
2
, ... x
n
) um sistema de coordenadas locais em um conjunto aberto
U M; entao p U, teremos:
X
p
= X
i
p
x
i
|
p
, (4.1.5.7a)
onde X
i
p
sao os componentes de X relativamente ao sistema (x
i
).
2. Seja f o conjunto das funcoes diferenciaveis em M [f R(M)]. Entao, usando-se
a expressao (4.1.5.7a), teremos:
(Xf)
p
= X
i
p
f
x
i
|
p
, (4.1.5.7b)
3. No item (2.1) do Captulo 2, estudamos os tensores denidos em espacos vetoriais
euclidianos e seus respectivos espacos duais. Agora, podemos generalizar o que foi estudado
nesse item, denindo tensores em variedades diferenciaveis. Assim, considerando-se as
bases desses espacos ({e
i
} e {
j
(x)}) e, tambem, a expressao (4.1.5.5b), podemos fazer a
seguinte correspondencia:
e
i
x
i
,
j
(x) dx
j
.
Portanto, a expressao (2.1.1.2a) sera escrita da seguinte maneira:
t = t
i
1
i
2
...i
p
j
1
j
2
...j
q
x
i
1
x
i
2
...
x
i
p
dx
j
1
dx
j
2
... dx
j
q
. (4.1.5.8a)
3.1. Para uma transformacao de coordenadas x x (x), teremos:
t
a
1
a
2
... a
p
b
1
b
2
...
b
q
=
x
a
1
x
c
1
x
a
2
x
c
2
...
x
a
p
x
c
p
x
d
1
x
b
1
x
d
2
x
b
2
...
x
d
q
x
b
q
t
c
1
c
2
...c
p
d
1
d
2
...d
q
. (4.1.5.8b)
86
Registre-se que a maioria dos livros sobre Calculo Tensorial apresenta a expressao acima
como a denicao de tensor.
Denicao 4.1.5.5. Sejam X e Y dois campos de vetores de uma variedade dife-
renciavel M e f uma funcao diferenciavel tambem de M [f R(M)]. Dene-se comutador
entre X e Y da seguinte maneira:
[X, Y ](f) = (XY Y X)(f) = X Y (f) Y X(f) , (4.1.5.9)
e que satisfaz as seguintes propriedades:
1. [X, Y ] = [Y, X] ; (4.1.5.9a)
2. [aX + bY, Z] = a [X, Z] + b [Y, Z]; a, b K , (4.1.5.9b)
3. [[X, Y ], Z] + [[Y, Z], X] + [[Z, X], Y ] = 0 ; (Identidade de Jacobi) (4.1.5.9c)
4. [fX, gY ] = fg [X, Y ] + f X(g)Y g Y (f)X; f, g R(M) . (4.1.5.9d)
Observacoes
1. Uma
Algebra satisfazendo as expressoes (4.1.5.9,a,b,c,d) e denominada
Algebra
de Lie.
2. O produto (operador) XY denido abaixo:
(XY )f = X(Y f) = X
i
x
i
(Y
j f
x
j
) = X
i Y
j
x
i
f
x
j
+ X
i
Y
j
2
f
x
i
x
j
,
nao pertence ao espaco tangente devido `a presenca do ultimo termo na expressao acima.
Denicao 4.1.5.6. Seja uma variedade diferenciavel M e um conjunto aberto U da
mesma, isto e, U M. Um conjunto { X
i
} de m campos vetoriais e chamado uma base
local (local frame, comoving frame ou vielbein) se, para qualquer p U, { X
(p)i
} e
uma base de T
p
(M). Isto signica que cada X
(p)i
e um vetor tangente de M em p e que o
conjunto deles e linearmente independente.
Observacoes
1. Qualquer conjunto de m campos de vetores linearmente independentes pode ser
usado como uma base local. Para algumas variedades existe uma base global, enquanto que
para outros, somente base local. Registre-se que, quando m = 4, a base local se denomina
tetrada.
2. Uma base local { X
i
}, diretamente relacionada a um sistema de coordenadas
locais denido em U, e dita holonomica, ou coordenada, se:
[X
i
, X
j
](f) = 0, f R(M) . (4.1.5.10a)
No caso contrario, isto e:
87
[X
i
, X
j
](f) = 0 , (4.1.5.10b)
ela e dita nao-holonomica ou nao-coordenada.
2.1. Se (x
1
, x
2
, ..., x
m
) sao coordenadas sobre U, entao o conjunto de campos de
vetores tangentes:
{
x
i
|
p
}, p U ,
forma uma base coordenada ou base holonomica, considerando-se que ela satisfaz a
expressao (4.1.5.10b), em virtude da igualdade das derivadas cruzadas conforme se demonstra
no Calculo Elementar. Cada elemento dessa base (
x
i
) representa um vetor tangente `a linha
coordenada ao longo da qual somente x
i
varia, enquanto as outras coordenadas permanecem
xas.
2.2. No caso de uma base nao-holonomica o comutador de quaisquer de seus elementos
pode ser expandido nessa mesma base, isto e:
[X
i
, X
j
] = C
k
ij
X
k
, (4.1.5.11)
onde C
k
ij
sao chamados os coecientes de estrutura da
Algebra correspondente.
2.3. Dada uma base nao-holonomica { X
i
}, e sempre possvel escreve-la em alguma
base coordenada, ou seja:
X
i
= X
j
i
x
j
.
Exemplos
1. Seja (x, y, z) um sistema de coordenadas cartesianas no E
3
. A base holonomica
correspondente ao mesmo sera: (
x
,
y
,
z
) que representam, respectivamente, vetores
ortonormados tangentes aos eixos coordenados x, y e z, isto e: ( e
x
, e
y
, e
z
). Observe-se
que esse sistema representa a carta (E
3
, I), onde I e a identidade:
I : E
3
E
3
, (x, y, z) (x, y, z) .
2. Seja (r , ) um sistema de coordenadas polares de E
2
. A base holonomica corres-
pondente a esse sistema sera: (
r
,
, e
=
1
r
, X
=
1
r sen
,
e uma base nao-holonomica cujos coecientes de estrutura sao obtidos por intermedio da
expressao (4.1.5.11), da seguinte maneira.
[X
r
, X
] = C
r
r
X
r
+ C
r
X
+ C
r
= [
r
,
1
r
] =
r
(
1
r
)
1
r
(
r
) =
=
1
r
2
r
1
r
(
1
r
)
1
r
2
r
=
1
r
(
1
r
) =
1
r
X
= C
r
r
X
r
+ C
r
X
+ C
r
X
.
Portanto:
C
r
r
= C
r
= 0; C
r
=
1
r
.
De modo analogo, podemos mostrar que:
C
r
=
1
r
; C
=
1
r tg
,
e os demais coecientes sao nulos.
Exerccios (4.1.5)
EX.4.1.5.1 Para o sistema de coordenadas esfericas (r, , ) denido por:
f : (r, , ) (x = r sen cos, y = r sen sen, z = r cos) ,
f
1
: (x, y, z)
_
r =
x
2
+ y
2
+ z
2
, = tg
1
(
x
2
+ y
2
z
), = tg
1
(
y
x
)
_
,
89
encontre as bases holonomica e dual.
Solucao
a) Base holonomica. Usando-se a regra da cadeia (expressao (4.1.5.2e)) para a
transforma cao de coordenadas f considerada, vira:
r
=
x
r
x
+
y
r
y
z
r
z
= cos sen
x
+ sen sen
y
+ cos
z
,
=
x
x
+
y
y
+
z
z
= r cos cos
x
+ r cos sen
y
r sen
z
,
=
x
x
+
y
y
+
z
z
= r sen sen
x
+ r sen cos
y
+ 0 .
Em termos matriciais, podem escrever:
_
_ =
_
_
sen cos sen sen cos
r cos cos r cos sen r sen
r sen sen r sen cos 0
_
_
_
z
_
_ =
_
z
_
_ .
Em termos de vetores tangentes, teremos:
_
_
e
r
e
_ =
_
_
sen cos sen sen cos
r cos cos r cos sen r sen
r sen sen r sen cos 0
_
_
_
_
e
x
e
y
e
z
_
_ .
Considerando-se que a base ( e
x
, e
y
, e
z
) e ortonormada, o produto escalar entre os vetores
da base holonomica calculada acima e dado por:
(e
r
, e
r
) = sen
2
cos
2
+ sen
2
sen
2
+ cos
2
=
= sen
2
(sen
2
+ cos
2
) + sen
2
= sen
2
+ cos
2
= 1 ,
(e
, e
) = r
2
cos
2
cos
2
+ r
2
cos
2
sen
2
+ r
2
sen
2
= r
2
,
(e
, e
) = r
2
sen
2
sen
2
+ r
2
sen
2
cos
2
= r
2
sen
2
,
(e
r
, e
) = (e
, e
r
) = r sen cos cos
2
+ r sen cos sen
2
r sen cos = 0 ,
(e
r
, e
) = (e
, e
r
) = r sen
2
sen cos + r sen
2
sen cos = 0 ,
(e
, e
) = (e
, e
) = r
2
sen cos sen cos + r
2
sen cos cos sen = 0 .
90
Verica-se, portanto, que a base holonomica (e
r
, e
, e
,
1
r sen
e
) = ( e
r
, e
, e
.)
b) Base dual. Para obtermos essa base, vamos usar a expressao (4.1.5.6b) para a
transforma cao de coordenadas f
1
considerada e a seguinte expressao:
d
dz
(tg
1
z) =
1
1 + z
2
.
Desse modo, teremos:
dr =
r
x
dx +
r
y
dy +
r
z
dz =
x
r
dx +
y
r
dy +
z
r
dz =
= sen cos dx + sen sen dy + cos dz ,
d =
x
dx +
y
dy +
z
dz =
z x
r
2
x
2
+ y
2
dx +
z y
r
2
x
2
+ y
2
dy
x
2
+ y
2
r
2
dz =
=
1
r
(cos cos dx + cos sen dy sen dz) .
d =
x
dx +
y
dy +
z
dz =
y
x
2
+ y
2
dx +
x
x
2
+ y
2
dy + 0 dz =
=
1
r sen
( sen dx + cos dy + 0 dz) ,
Em termos matriciais, podem escrever:
_
_
dr
d
d
_
_ =
_
_
sen cos sen sen cos
1
r
cos cos
1
r
cos sen
1
r
sen
1
r sen
sen
1
r sen
cos 0
_
_
_
_
dx
dy
dz
_
_ .
Agora, vejamos se essa base dual e ortonormada. Para isso, inicialmente, vamos mostrar que
a base dual (dx , dy , dz) e ortonormada. Com efeito, usando-se os resultados dos exerccios
(4.1.2.1) e (3.1.5.1), isto e:
dx = dy dz, dy = dz dx, dz = dx dy, (dx dy dz) = 1 ,
(d, d) = (d d) ,
teremos:
91
(dx, dx) = (dx dx) = (dx dy dz) = 1 ,
(dx, dy) = (dy, dx) = (dx dz dx) = (dx dx dz) = 0 ,
(dx, dz) = (dz, dx) = (dx dx dy) = 0 ,
(dy, dy) = (dy dz dx) = (dx dy dz) = 1 ,
(dy, dz) = (dz, dy) = (dy dx dy) = 0 ,
(dz, dz) = (dz dx dy) = (dx dy dz) = 1 .
De posse desses resultados, teremos:
(dr, dr) = sen
2
cos
2
+ sen
2
sen
2
+ cos
2
= 1 ,
(dr, d) = (d, dr) =
1
r
(sen cos cos cos + sen sen cos sencos sen) = 0,
(dr, d) = (d, dr) =
1
r sen
(sen cos sen + sen sen cos) = 0 ,
(d, d) =
1
r
2
(cos
2
cos
2
+ cos
2
sen
2
+ sen
2
) =
1
r
2
.
(d, d) =
1
r
2
sen
2
(sen
2
+ cos
2
) =
1
r
2
sen
2
,
(d, d) = (d, d) =
1
r
2
sen
( cos sen cos + cos sen cos) = 0 .
Verica-se, portanto, que a base dual (dr, d, d) e ortogonal, porem nao ortonormada. Para
torna-la ortonormada, basta multiplicar o segundo e terceiros covetores, respectivamente,
por r e r sen, os famosos parametros de Lame. Assim, a base dual ortonormada para o
sistema de coordenadas esfericas sera:
(dr, r d, r sen d) .
Observacoes complementares
As tecnicas usadas nesse problema nos permitem demonstrar que:
1. Entre as bases ortonormadas dual e holonomica, existe a seguinte correspondencia:
dr e
r
; (r d) e
; (r sen d) e
.
2. Para a base dual ortonormada (dr, r d, r sen d), podemos escrever:
92
dr = r d r sen d, (r send d) = dr r d, (r d) = r sen d dr ,
(dr r d) = r sen d), (r sen d dr) = r d, (r d r sen d) = dr ,
(dr r d r sen d) = 1 .
3. Para o sistema de coordenadas polares (r, ) denido por:
f : (r, ) (x = r cos, y = r sen) ,
f
1
: (x, y)
_
r =
x
2
+ y
2
, = tg
1
(
y
x
)
_
,
podemos demonstrar que a base dual ortonormada vale:
(dr, r d) .
EX.4.1.5.2 Usando a Denicao (4.1.2.1) e os resultados dos Exerccios (4.1.2.1) e
(4.1.5.1), obtenha o gradiente, divergente, rotacional e laplaciano, em coordenadas esfericas
(r, , ).
Solucao
a) Gradiente. Seja a funcao escalar f(r, , ) . Segundo o Exerccio (4.1.2.1), o
gradiente dessa (0 forma) sera dado por:
f = df .
Do Calculo Elementar, podemos escrever que:
f = df =
f
r
dr +
f
d +
f
d .
Em termos da base dual ortonormada do sistema de coordenadas esfericas, a expressao acima
e escrita na forma:
df =
f
r
dr +
1
r
f
(r d) +
1
r sen
f
(r sen d) .
Por outro lado, em termos da base holonomica ortonormada desse mesmo sistema, podemos
escrever:
f =
f
r
e
r
+
1
r
f
+
1
r sen
f
r d + A
r sen d .
Assim, usando-se os resultados do Exerccio (4.1.5.1) e a Denicao (4.1.2.1), teremos:
A = (A
r
dr + A
r d + A
r sen d) =
= A
r
dr + A
(r d) + A
(r sen d) =
= A
r
r d r sen d + A
r sen d dr + A
dr r d ,
d A = d(r
2
A
r
sen) d d + d(r sen A
) d dr + d(r A
) dr d =
=
1
r
2
(r
2
A
r
)
r
dr r d r sen d +
1
r sen
(sen A
r d r sen d dr +
+
1
r sen
A
r sen d dr r d =
= (
1
r
2
(r
2
A
r
)
r
+
1
r sen
(sen A
+
1
r sen
A
) (dr r d r sen d) ,
d A =
_
1
r
2
(r
2
A
r
)
r
+
1
r sen
(sen A
+
1
r sen
A
_
(dr r sen d r d) .
Portanto:
.
A =
1
r
2
r
(r
2
A
r
) +
1
r sen
(sen A
) +
1
r sen
(A
)
c) Rotacional. Seja o vetor
A. Segundo o Exerccio (4.1.2.1), o rotacional desse
vetor sera dado por:
A = dA .
Portanto, para calcularmos esse rotacional vamos, inicialmente, levaremos em con-
sideracao a 1 forma associada a esse vetor, isto e:
A = A
r
dr + A
r d + A
r sen d .
Usando-se a Denicao (4.1.2.1) e o resultado do Exerccio (4.1.5.1), vira:
94
dA = d(A
r
) dr + d(r A
) d + d(r sen A
) d =
=
_
A
r
r
dr +
A
r
d +
A
r
d
_
dr +
+
_
(r A
)
r
dr +
(r A
d +
(r A
d
_
d +
+
_
(r sen A
)
r
dr +
(r sen A
d +
(r sen A
d
_
d =
=
1
r
A
r
(r d dr) +
1
r sen
A
r
(r sen d dr) +
+
1
r
(r A
)
r
(dr r d) +
1
r sen
(A
(r sen d r d) +
+
1
r
(r A
)
r
(dr r sen d) +
1
r sen
(sen A
(r d r sen d) ,
dA =
1
r sen
_
(sen A
_
(r d r sen d) +
+
1
r
_
1
sen
A
r
(r A
)
r
_
(r sen d dr) +
+
1
r
_
(r A
)
r
A
r
_
(dr r d) ,
dA =
1
r sen
_
(sen A
_
dr +
+
1
r
_
1
sen
A
r
(r A
)
r
_
r d +
1
r
_
(r A
)
r
A
r
_
r sen d .
Em termos da base holonomica ortonormada, teremos:
A =
1
rsen
_
(sen A
_
e
r
+
1
r
_
1
sen
A
r
(r A
)
r
_
e
+
1
r
_
(r A
)
r
A
r
_
e
d +
f
d .
95
Usando-se o resultado do Exerccio (4.1.5.1) e a Denicao (4.1.2.1), teremos:
df =
f
r
dr +
1
r
f
(r d) +
1
r sen
f
(r sen d) =
=
f
r
(r d r sen d) +
1
r
f
(r sen d dr) +
1
r sen
f
(dr r d) ,
d df = d
_
f
r
(r d r sen d) +
1
r
f
(r sen d dr) +
1
r sen
f
(dr r d)
_
=
=
1
r
2
r
(r
2 f
r
) (dr r d r sen d) +
1
r sen
(
1
r
sen
f
) (r d r sen d dr) +
+
1
r
2
sen
2
(
f
(r sen d dr r d) =
=
_
1
r
2
r
(r
2 f
r
) +
1
r
2
sen
(sen
f
) +
1
r
2
sen
2
2
f
2
_
(dr r d r sen d) ,
d f =
_
1
r
2
r
(r
2 f
r
) +
1
r
2
sen
(sen
f
) +
1
r
2
sen
2
2
f
2
_
(dr r dr send).
Portanto:
f =
1
r
2
r
(r
2 f
r
) +
1
r
2
sen
(sen
f
) +
1
r
2
sen
2
2
f
2
4.1.6 Variedades Riemannianas
Denicao 4.1.6.1. Seja T
p
(M) o conjunto de campos de vetores diferenciaveis.
Dene-se uma metrica Riemanniana a forma bilinear (tensor covariante de ordem 2)
denida por:
g
p
: T
p
(M) T
p
(M) R ,
(X, Y ) g
p
(X, Y ) ,
com as seguintes propriedades:
1. g
p
(X, X) > 0 (positiva-denida);
2. g
p
(X, Y ) = g
p
(Y, X) = < X, Y > , onde < , > = produto escalar ou interno;
3. g
p
(X, Y ) = 0, X T
p
(M) Y = 0 .
Observacoes
1. A metrica e dita indenida, quando:
96
g
p
(X, X) = 0 nao implica X = 0 .
2. Sendo a metrica uma forma bilinear, e suciente conhecer seus valores sobre uma
base. Assim, seja a base local { X
(p)i
} de uma variedade M. Portanto, a metrica g
p
sera
dada pela matriz n n:
g
(p)ij
= g
p
(X
(p)i
, X
(p)j
) = < X
(p)i
, X
(p)j
> , (4.1.6.1)
que e simetrica (g
(p)ij
= g
(p)ji
) e invertvel (det(g
(p)ij
= 0).
2.1. Seja uma mudanca de bases descrita pela matriz :
X
(p)i
=
j
i
X
(p)j
. (4.1.6.2a)
Segundo a expressao (1.1.4.15), a matriz da metrica se transforma da seguinte maneira:
g
(p)ij
=
_
T
g
p
1
_
ij
. (4.1.6.2b)
3. Teorema de Gram-Schmidt. Qualquer metrica admite sempre uma base
ortonormada {
i
}, isto e:
g(
i
,
j
) =
ij
,
onde
ij
e uma matriz diagonal com P sinais positivos (+) e N sinais negativos, sendo
P + N = n:
ij
= diag(1, 1, ..., 1, 1, 1, ..., 1) .
Esse Teorema permite dizer que para qualquer matriz g, simetrica e de determinante nao-
nulo, existe sempre uma matriz invertvel , tal que:
_
T
g
p
1
_
ij
=
ij
.
3.1. Conforme vimos no Captulo 1, a assinatura s de uma metrica e dada por:
s = P N. Quando s = 0, a metrica e positiva-denida. Assim, estritamente falando,
somente nesse caso ela recebe o nome de metrica riemanniana ou produto escalar.
Quando s = 0, teremos a pseudometrica riemanniana, conforme vimos acima.
4. Teorema de Sylvester. A assinatura de uma metrica s nao depende da escolha
da base ortonormal.
5. Segundo vimos anteriormente, o espaco vetorial T
p
(M) induz o espaco vetorial
T
p
(M) como seu dual. Desse modo, dada uma base arbitraria { e
i
} de T
p
(M), existe uma
base {
j
} de T
p
(M), chamada sua base dual, com a propriedade dada pela expressao
(1.1.2.2a), ou seja:
97
j
(e
i
) =
j
i
. (4.1.6.3)
5.1. Essa base dual sera holonomica, se ela for uma 1 forma exata, isto e, se
existem 0 formas x
j
, tal que:
j
= dx
j
d(dx
j
) = 0 .
5.2. Para essa base dual {
j
} podemos denir a seguinte metrica:
g
ij
= g
(
i
,
j
) . (4.1.6.4)
Conforme mostramos na expressao (1.1.3.11), essa metrica e recproca da metrica g
jk
, isto e:
g
ij
g
jk
=
i
k
. (4.1.6.5)
5.3. Essa metrica dual sera ortonormada, se:
g
(
i
,
j
) =
ij
=
ij
. (4.1.6.6)
6. Usando-se a expressao (4.1.5.8a), podemos escrever para a metrica g a seguinte
expressao:
g = g
ij
dx
i
dx
j
. (4.1.6.7a)
Registre-se que a notacao usual para essa metrica e a seguinte:
ds
2
= g
ij
dx
i
dx
j
. (4.1.6.7b)
6.1. Seja uma curva parametrizada () denida em M cujo vetor tangente sobre a
mesma e dado por
X =
dx
d
. O seu comprimento sera dado por:
d
2
= <
dx,
dx > = <
X d,
X d > = <
X,
X > d
2
= g(
X,
X) d
2
.
Se a metrica for positiva-denida
_
g(
X,
X) > 0
_
, entao o comprimento de um elemento
da curva sera:
d =
_
g(
X,
X) d . (4.1.6.7c)
Quando a metrica e indenida, teremos:
d =
_
|g(
X,
X)| d . (4.1.6.7d)
98
7. Uma metrica estabelece uma relacao entre campos vetoriais e covetoriais, ou seja,
ela pode ser denida como uma aplicacao unvoca (um um) que transforma vetores em
1 formas (covetores):
g(X, ) =
X, X T
p
(M),
X R(M) .
7.1. Se { e
i
} for uma base arbitraria de T
p
(M), entao:
g(X, e
i
) =
X(e
i
) = X
i
= g(X
j
e
j
, e
i
) = X
j
< e
j
, e
i
> = X
j
g
ji
,
onde X
i
e chamada a imagem contravariante de X. Considerando-se a simetria de g
ij
e a
expressao (4.1.6.5), observa-se que:
X
i
= g
ij
X
j
, (4.1.6.8a)
g
ki
X
i
= g
ki
g
ij
X
j
=
k
j
X
j
X
k
= g
ki
X
i
. (4.1.6.8b)
As expressoes (4.1.6.8a,b) nos mostram que o tensor metrico g
ij
e seu recproco g
ij
funcionam,
respectivamente, como abaixadores e levantadores de ndices.
Exemplos
1. Para o sistema de coordenadas polares (r, ), a metrica correspondente (obtida
usando-se a expressao (4.1.6.1) e o Exerccio (4.1.5.1)), sera dada por:
g
rr
= (e
r
, e
r
) = 1; g
= (e
, e
) = r
2
; g
r
= (e
r
, e
) = 0 ,
g
rr
g
rr
= 1 g
rr
= 1; g
= 1 g
=
1
r
2
.
Em termos matriciais, teremos:
g
ij
=
_
1 0
0 r
2
_
, g
ij
=
_
1 0
0
1
r
2
_
.
Destaque-se que essa metrica tambem pode ser obtida por intermedio da expressao (4.1.6.2b),
considerando-se que, para o sistema cartesiano (x , y , z), a sua metrica e a matriz unitaria.
2. Para o sistema de coordenadas esfericas (r, , ), a metrica correspondente (obtida
usando-se a expressao (4.1.6.1) e o Exerccio (4.1.5.1)) sera dada por:
g
rr
= (e
r
, e
r
) = 1; g
= (e
, e
) = r
2
; g
= (e
, e
) = r
2
sen
2
;
g
r
= (e
r
, e
) = 0; g
r
= (e
r
, e
) = 0; g
= (e
, e
) = 0 .
99
Em termos matriciais, teremos:
g
ij
=
_
_
1 0 0
0 r
2
0
0 0 r
2
sen
2
_ .
E oportuno destacar que essa metrica tambem pode ser obtida por intermedio da
expressao (4.1.6.2b), considerando-se que, para o sistema cartesiano (x , y , z), a sua metrica
e a matriz unitaria. Destaque-se ainda que, usando-se a expressao (4.1.6.5), a metrica asso-
ciada `a base dual desse sistema de coordenadas sera dada por:
g
ij
=
_
_
1 0 0
0
1
r
2
0
0 0
1
r
2
sen
2
_ .
Denicao 4.1.6.2. Dene-se uma variedade Riemanniana a toda variedade dife-
renciavel M sobre a qual e denida uma metrica Riemanniana.
Observacoes
1. Se a metrica for nao-Riemanniana, a variedade e chamada nao-Riemanniana.
2. Teorema de Whitney.
E sempre possvel denir pelo menos uma metrica Rie-
manniana sobre uma variedade diferenciavel arbitraria.
Denicao 4.1.6.3. Seja X(M) um conjunto de campos de vetores X de uma va-
riedade diferenciavel M. Dene-se conexao am sobre M a seguinte aplicacao:
: X(M) X(M) X(M) , (4.1.6.9a)
(X, Y )
X
(Y ) , (4.1.6.9b)
com as seguintes propriedades:
1.
fX+gY
(Z) = f
X
(Z) + g
Y
(Z) , (4.1.6.9c)
2.
X
(Y + Z) =
X
(Y ) +
X
(Z) , (4.1.6.9d)
3.
X
(fY ) = f
X
(Y ) + X(f)(Y ) , (4.1.6.9e)
onde X, Y, Z X(M) e f, g R(M).
Observacoes
1. A conexao am e dita simetrica, se:
X
(Y )
Y
(X) = [X, Y ] . (4.1.6.10a)
2. Para uma base local (
i
=
x
i
, i = 1, 2, ..., n), dene-se:
100
i
(
j
) =
k
ij
k
. (4.1.6.10b)
3. Para uma base dual (dx
i
, i = 1, 2, ..., n), dene-se:
i
(dx
j
) =
j
ik
d
k
, (4.1.6.10c)
4. Para uma base arbitraria { e
i
} e sua correspondente base dual {
i
}, dene-se a
forma de conexao
i
j
da seguinte maneira:
e
k
e
j
=
i
j
(e
k
) e
i
, (4.1.6.11a)
onde:
1.
i
j
=
i
kj
k
. (4.1.6.11b)
2.
ij
+
ji
= dg
ij
,
ij
= g
ik
k
j
. (4.1.6.11c)
3. d
i
+
i
j
j
= 0 . (4.1.6.11d)
Denicao 4.1.6.4. Dado um campo de vetores X, dene-se um campo de tensores
X, chamado derivada covariante ou derivada absoluta, da seguinte maneira:
X(Y, ) = < ,
Y
(X) > , (4.1.6.12a)
onde < , > signica produto interno e e uma 1 forma.
Observacoes
1. Para uma base local (
i
) e sua correspondente base dual (dx
i
), segundo a expressao
(4.1.5.8a), podemos escrever:
X =
j
X
i
i
dx
j
.
Usando-se as expressoes (4.1.6.3) e (4.1.6.12a), e considerando-se que X = X
k
k
, vira:
j
X
i
= X(
j
, dx
i
) = < dx
i
,
j
(X
k
k
) > =
= < dx
i
,
j
(X
k
)
k
+ X
k
j
(
k
) > = < dx
i
,
j
X
k
k
+ X
k
m
jk
m
> =
=
j
X
k
(dx
i
k
) +
m
jk
X
k
(dx
i
m
) =
j
X
k
i
k
+
m
jk
X
k
i
m
.
Portanto:
j
X
i
= X
i
,j
=
j
X
i
+
i
jk
X
k
. (4.1.6.12b)
101
1.1. Para um covetor X
i
, a sua derivada covariante e obtida usando-se a expressao
(4.1.6.10c). Assim, teremos:
j
X
i
= X
i,j
=
j
X
i
k
ji
X
k
. (4.1.6.12c)
2. Seja (t) uma curva denida em M, isto e:
(t) : [a, b] R M .
Para um campo de vetores X denido em uma vizinhanca aberta de ([a, b]), a sua derivada
covariante ao longo de e dada por:
t
(X). ( =
d
dt
) .
2.1. Para uma base local (
i
) e considerando-se que:
X = X
i
i
, =
dx
i
dt
i
,
teremos:
(X) = (
dX
k
dt
+
k
ij
dx
i
dt
X
i
)
k
|
(t)
. (4.1.6.13a)
2.2. Um campo vetorial X e dito ser transportado paralelamente ao longo de
uma curva suave (t) em uma variedade diferenciavel M, se:
(X) = 0 . (4.1.6.13b)
2.3. A conexao am e dita metrica se o transporte paralelo de X ao longo de
toda curva diferenciavel em M preserva o produto interno, ou seja:
X
g = 0 . (4.1.6.14)
3. Para toda variedade Riemanniana, existe uma unica conexao am que e
metrica e simetrica. Assim, dada uma base local, tem-se:
k
ij
=
k
ji
=
1
2
g
km
(
i
g
mj
+
j
g
im
k
g
ij
) , (4.1.6.15)
que sao conhecidos como os smbolos de Christoel, coecientes da conexao ,
conexao de Levi-Civita ou conexao Riemanniana.
Denicao 4.1.6.5. Seja X(M) um conjunto de campos de vetores X de uma va-
riedade diferenciavel M e a conexao am sobre M. Dene-se torsao T e curvatura R
dessa conexao, respectivamente, as aplicacoes denidas por:
102
T : X(M) X(M) X(M), (4.1.6.16a)
T(X, Y ) =
X
(Y )
Y
(X) [X, Y ] , (4.1.6.16b)
R : X(M) X(M) X(M) X(M) , (4.1.6.17a)
R(X, Y )(Z) =
X
_
Y
(Z)
_
Y
_
X
(Z)
_
[X,Y ]
(Z) , (4.1.6.17b)
onde (X, Y, Z) X(M).
Denicao 4.1.6.6. Dene-se o tensor torsao T
k
ij
de uma conexao am em uma
variedade diferenciavel M como a aplicacao:
T : X
i
(
j
)
j
(
i
) [
i
,
j
] > .
Usando-se as expressoes (4.1.6.3) e (4.1.6.10a), teremos:
T
k
ij
= < dx
k
,
m
ij
m
n
ji
n
> =
m
ij
(dx
k
m
)
n
ji
(dx
k
n
) .
Por m, usando-se a expressao (4.1.6.3), vira:
T
k
ij
=
m
ij
k
m
n
ij
k
n
T
k
ij
=
k
ij
k
ji
. (4.1.6.18c)
E oportuno esclarecer que, quando a variedade e Riemanniana, o tensor tensao e nulo, uma
vez que
k
ij
e simetrico.
Denicao 4.1.6.7. Dene-se o tensor curvatura R
i
jk
de uma conexao am em
uma variedade diferenciavel M como a aplicacao:
R : X
) = < dx
i
, R(
k
,
)
j
> =
= < dx
i
, (
k
[
k
,
]
)
j
> =
= < dx
i
,
k
(
j
)
k
j
) > = < dx
i
,
k
(
m
j
m
)
(
n
kj
n
) > =
= < dx
i
, (
k
m
j
)
m
+
m
j
(
k
m
) (
n
kj
)
n
n
kj
(
n
) > =
= < dx
i
, (
k
m
j
)
m
+
m
j
r
km
r
(
n
kj
)
n
n
kj
s
n
s
> =
=
k
m
j
(dx
i
m
) +
m
j
r
km
(dx
i
r
)
n
kj
(dx
i
n
)
n
kj
s
n
(dx
i
s
) =
=
k
m
j
i
m
+
m
j
r
km
i
r
n
kj
i
n
n
kj
s
n
i
s
.
Por m, teremos:
R
i
jk
=
k
i
j
i
kj
+
m
j
i
km
n
kj
i
n
. (4.1.6.20a)
1.1. O tensor curvatura R
i
jk
, conhecido como tensor de Riemann-Christoel,
satisfaz as seguintes propriedades:
a) R
i
jk
+ R
i
jk
+ R
i
kj
= 0 . (Primeira Identidade de Bianchi) (4.1.6.20b)
b) R
i
jk,m
+ R
i
jmk,
+ R
i
jm,k
= 0 . (Segunda Identidade de Bianchi) (4.1.6.20c)
c) R
i
jk
= R
i
jk
. (4.1.6.20d)
d) R
ijk
= g
im
R
m
jk
= R
jik
, R
ijk
= R
ijk
, R
ijk
= R
kij
. (4.1.6.20e,f,g)
2. A partir do tensor curvatura R
i
jk
, dene-se:
R
j
= R
i
ji
, (Tensor de Ricci) (4.1.6.21a)
R = g
ik
R
ik
. (Curvatura Escalar) (4.1.6.21b)
104
3. Para uma base arbitraria { e
i
} e sua correspondente base dual {
i
}, dene-se a
forma de curvatura
i
j
da seguinte maneira:
R(e
i
, e
j
) e
k
=
k
(e
i
, e
j
) e
, (4.1.6.22a)
onde:
1.
i
j
= R
i
kj
k
. (4.1.6.22b)
2.
i
j
= d
i
j
+
i
k
k
j
. (4.1.6.22c)
= d(r
2
) = 2 r dr = 2
= r dr .
Sendo:
i
j
= g
ik
jk
,
entao:
r
r
= g
rr
rr
= 0,
= g
=
1
r
2
r dr =
dr
r
.
105
b) Forma de curvatura
Usando-se a expressao (4.1.6.22c) e os resultados anteriores, vira:
r
r
= d
r
r
+
r
k
k
r
= d(0) +
r
r
r
r
= 0 + 0 = 0 ,
= d
k
k
= d(
dr
r
) +
= d(
1
r
) dr + 0 =
1
r
2
dr dr = 0 .
Problemas (4.1)
4.1.1. Usando o conceito de diferenciacao exterior:
a) Calcule d, onde:
a.1) = x
2
y dy dz x z dx dy; a.2) = 2 x y dx + x
2
dy ;
a.3) = 2 y z dy dz + x y dz dx x z dx dy .
b) Demonstre que:
b.1) . (
A
B) =
A .
B
B .
A ;
b.2) (f
A) = f
A + f
A .
4.1.2. Para o sistema de coordenadas cilndricas (r, , z) denido por:
f : (r, , z) (x = r cos, y = r sen, z = z) ,
f
1
: (x, y, z)
_
r =
x
2
+ y
2
, = tg
1
(
y
x
)
_
,
0 r < , 0 2 < z < ,
encontre: a) as bases holonomica e dual; b) as formas do gradiente, divergente, rotacional e
laplaciano; c) a metrica correspondente g
ij
; d) a derivada covariante de g
ij
.
4.1.3. Mostre que o smbolo de Christoel
i
jk
nao e um tensor do tipo (1,2).
4.1.4. Para o tensor de Riemann-Christoel R
i
jk
, demonstre as propriedades
representadas pelas expressoes (4.1.6.20b,c,d,e,f,g).
4.1.5. Para as formas de Cartan (conexao
i
j
e curvatura
i
j
), demonstre as pro-
priedades representadas pelas expressoes (4.1.6.11c,d) e (4.1.6.22c), e calcule essas formas
para o sistema de coordenadas esfericas.
Captulo 5
5.1 Integracao Exterior
5.1.1 Integracao de Formas
Denicao 5.1.1.1. Dada uma variedade M e um intervalo fechado I E
1
,
dene-se um segmento de curva ou (1 segmento) como a aplicacao:
: I = [a, b] M .
Denicao 5.1.1.2. Seja uma 1forma em uma variedade Me um 1segmento.
Dene-se a integral de sobre como:
=
[a,b]
=
[a,b]
=
b
a
(t)
dt , (5.1.1.1a)
onde (*) e a operacao dada pela Denicao (4.1.3.2).
Observacoes
1. Seja
f =
f
1
(x, y, z), f
2
(x, y, z), f
3
(x, y, z)
=
f
1
dx + f
2
dy + f
3
dz =
f . dr =
=
b
a
[f
1
(t) x
(t) + f
2
(t) y
(t) + f
3
(t) z
(t)] dt ,
onde:
f
i
= f
i
[x(t), y(t), z(t)] (i = 1, 2, 3), x
(t) =
dx(t)
dt
, y
(t) =
dy(t)
dt
, z
(t) =
dz(t)
dt
.
No Calculo Vetorial Elementar, essa integral e conhecida como integral de linha ou cir-
culacao. Na Fsica, um dos exemplos mais conhecidos dessa integral e o trabalho de
uma for ca
F ao longo de uma curva :
=
F . dr .
2. Seja f uma 0 forma e uma curva (1 segmento) que vai do ponto a ao ponto
b - = [a, b]. O operador fronteira aplicado a - - e denido como:
108
= b a ,
e a integral de f sobre como:
f = f(b) f(a) . (5.1.1.1b)
Denicao 5.1.1.3. Dada uma variedade M e um retangulo fechado D E2,
dene-se uma superfcie suave S ou (2 segmento) como a aplicacao:
S : D = [u, v] M (a u b, c v d) .
Observacoes
1. Essa superfcie S e formada por curvas-arestas, que sao os 1 segmentos
S
1
, S
2
, S
3
e S
4
, denidos por:
S
1
(u) = S(c, u), S
2
(v) = S(b, v) , (5.1.1.2a,b)
S
3
(u) = S(d, u) , S
4
(v) = S(a, v) , (5.1.1.2c,d)
onde o sentido de percurso se da no crescimento das variaveis u e v.
2. Dene-se o operador fronteira aplicado a S - S - pela expressao:
S = S
1
+ S
2
S
3
S
4
. (5.1.1.2e)
Os sinais de menos na frente de S
3
e S
4
signicam que devemos inverte-los quando se
efetua um percurso num so sentido pelas curvas-arestas de D.
Denicao 5.1.1.4. Seja uma 2forma em uma variedade Me S um 2segmento.
Dene-se a integral de sobre S como:
S
=
D
=
D
S
=
b
a
d
c
S
u
, S
v
du dv . (5.1.1.3)
Observacoes
1. Seja
f =
f
1
(x, y, z), f
2
(x, y, z), f
3
(x, y, z)
f . d
S =
S
f . n dS =
R
yz
f
1
dy dz
R
zx
f
2
dz dx
R
xy
f
3
dx dy ,
109
onde R
yz
, R
zx
e R
xy
representam as projecoes de
S sobre os planos yz, zx e xy, respectiva-
mente, e os sinais das integrais do segundo membro sao determinados pela posicao relativa
entre o vetor unitario n e os eixos coordenados (x , y , z). Desse modo, a expressao (5.1.1.3)
sera escrita na forma:
S
=
S
(f
1
dy dz + f
2
dz dx + f
3
dx dy) =
S
f . d
S ,
que representa, no Calculo Vetorial Elementar, um tipo de integral de superfcie. Na
Fsica, ele representa o uxo de um campo vetorial atraves de uma superfcie.
Denicao 5.1.1.5. Seja uma 1 forma e S a fronteira de S. Dene-se a
integral de sobre S como:
S
=
S
1
+
S
2
+
S
3
+
S
4
=
=
S
=
S
1
+
S
2
S
3
S
4
. (5.1.1.4)
Exerccios (5.1.1)
EX.5.1.1.1 Calcule
, nos seguintes casos:
a) = x dy y dx; : (x, y) (cos t, sen t), 0 t 2 .
b) = x
2
dx + y dy + xyz dz; : (x, y, z) (t, t, t), 0 t 1 .
Solucao
a) Segundo a expressao (5.1.1.1a), teremos:
(x dy y dx) =
[0, 2]
(x dy y dx) =
=
2
0
[cost d(sen t) sen t d(cos t)] =
2
0
[cos
2
t + sen
2
t] dt =
2
0
dt = 2 .
b) Tomando-se ainda a expressao (5.1.1.1a), teremos:
(x
2
dx + y dy + xyz dz) =
[0, 1]
(x
2
dx + y dy + xyz dz) =
=
1
0
(t
2
+ t + t
3
) dt =
t
3
3
+
t
2
2
+
t
4
4
1
o
= (
1
3
+
1
2
+
1
4
) =
13
12
.
EX.5.1.1.2 Calcule
S
, nos seguintes casos:
a) = x dy dz + y dx dy ;
110
S : (x, y) (u + v, u v, uv), 0 u 1, 0 v 1 .
b) = xy dy dz + x dz dx + 3xz dx dy ;
S : (x, y, z) (u, v, u
2
+ v
2
), 0 u 1, 0 v 1 .
Solucao
a) Inicialmente, calculemos S
:
S
(x dy dz + y dx dy) =
= (u + v) d(u v) d(uv) + (u v) d(u + v) d(u v) =
= (u + v) (du dv) (u dv + vdu) + (u v) (du + dv) (du dv) =
= (u + v) (u du dv v dv du) + (u v) ( du dv + dv du) =
= (u + v)(u + v)du dv 2 (u v) du dv = [(u + v)
2
2 u + 2 v]du dv ,
S
(x dy dz + y dx dy) = (u
2
+ 2 u v + v
2
2 u + 2v) du dv .
Usando-se a expressao (5.1.1.3), teremos:
S
(x dy dz + y dx dy) =
D
S
(x dy dz + y dx dz) =
=
1
o
1
o
(u
2
+ 2 u v + v
2
2 u + 2v) du dv =
=
1
o
[
1
o
(u
2
2u + 2 u v) du] (v
2
+ 2 v) dv =
=
1
o
(
1
3
2 .
1
2
+ 2 .
v
2
+ v
2
+ 2v) dv =
1
o
(v
2
+ 3 v
2
3
) dv =
7
6
.
b) Inicialmente, calculemos S
:
S
(uv dv d(u
2
+ v
2
) + u d(u
2
+ v
2
) du + 3u(u
2
+ v
2
) du dv =
= uv dv (2 udu + 2vdv) + u (2 udu + 2 vdv) du + (3 u
3
+ 3uv
2
) du dv =
= 2 u
2
v dv du + 2 uv dv du + (3 u
3
+ 3 uv
2
) du dv =
= (3 u
3
+ 3 uv
2
2 u
2
v 2 uv) du dv .
111
Usando-se a expressao (5.1.1.3), teremos:
S
(xy dy dz + x dz dx + 3xz dx dy) =
=
D
S
1
o
(3 u
3
+ 3 uv
2
2 u
2
v 2 uv) du dv =
=
1
o
(
3
4
+
3
2
v
2
2 .
1
3
v 2 .
1
2
v) dv = (
3
4
+
3
2
1
3
5
3
1
2
) =
5
12
.
5.1.2 Teorema Generalizado de Stokes
Seja uma p forma e D um (p + 1)-domnio orientado com uma fronteira D
cuja orientacao e induzida pela de D. O Teorema Generalizado de Stokes arma que:
D
d =
D
. (5.1.2.1)
Observacoes
1. O Teorema Generalizado de Stokes, tambem conhecido como Teorema
de Barrow-Newton-Leibniz-Gauss-Ostrogradski-Green-Stokes-Poincare, pode ser
demonstrado em uma variedade diferenciavel M. Neste caso, D e D recebem o nome
generico de cadeia.
2. Se e uma p forma e uma q forma, as expressoes (4.1.2.1b) e (5.1.2.1)
nos permitem obter a generalizacao da integracao por partes, ou seja:
D
d( ) =
D
(d + (1)
p
d) =
D
( ) . (5.1.2.2)
3. O operador fronteira satisfaz a seguinte propriedade:
. = 0 . (5.1.2.3)
Intuitivamente, essa propriedade e entendida da seguinte forma: uma curva que limita uma
superfcie nao tem pontos extremos; a superfcie que limita um volume nao tem borda.
3.1. Uma cadeia C, para a qual C = 0 , e dita um ciclo.
3.2. Uma cadeia C, que pode ser escrita como C = B para algum B, e dita uma
fronteira. Em vista da expressao (5.1.2.3), temos:
C = ( B) = 0 . (5.1.2.4)
A expressao acima e equivalente ao Lema de Poincare:
112
d(d) = 0 ( B) = 0 .
Exemplo
Vericar o Teorema Generalizado de Stokes no caso particular em que e uma
1 forma dada por:
= f
1
(x, y, z) dx + f
2
(x, y, z) dy + f
3
(x, y, z) dz .
Consideremos uma transformacao T que muda para um novo sistema de coorde-
nadas (u , v). Entao, segundo a Denicao (4.1.3.2), teremos:
= f(u, v) du + g(u, v) dv ,
onde f e g sao funcoes diferenciaveis de (u, v). Usando-se a Denicao (4.1.2.1), teremos:
d(
) = df du + dg dv = (
f
u
du +
f
v
dv) du + (
g
u
du +
g
v
dv) dv ,
d(
) = (
g
u
f
v
) du dv .
Usando-se a Denicao (5.1.1.4), a expressao (4.1.3.2c) e o resultado anterior, vira:
S
d =
D
(d)
=
D
d(
) =
D
(
g
u
f
v
) du dv =
=
D
g
u
du dv
D
f
v
du dv .
Para resolvermos as integrais duplas acima, vamos trata-las como integrais iteradas.
Inicialmente, lembremos que o 2 segmento S tem as fronteiras
S
1
,
S
2
,
S
3
e
S
4
e que o
correspondente retangulo D (a u b; c v d), decorrente da transformacao T, tem
as fronteiras D
1
(u) = D(c, u), D
2
(v) = D(b, v), D
3
(u) = D(d, u) e D
4
(v) =
D(a, v) . Assim, teremos:
D
g
u
du dv =
d
c
b
a
g(u,v)
u
du
dv =
d
c
I(v) dv .
Como v e uma constante na integral I(v), o integrando e uma derivada ordinaria em
relacao a u. Portanto, de acordo com o Teorema Fundamental do Calculo, teremos:
I(v) =
b
a
g(u,v)
u
du = g(b, v) g(a, v) ,
conseq uentemente:
D
g
u
du dv =
d
c
g(b, v) dv
d
c
g(a, v) dv .
113
Sobre a curva D
2
, du = 0 , entao
d
c
g(b, v) dv =
D
2
=
S
2
.
De modo analogo, teremos:
d
c
g(a, v) dv =
D
4
=
S
4
.
Em vista disso, podemos escrever que:
D
g
u
du dv =
S
2
S
4
.
Um raciocnio analogo ao que foi considerado acima nos mostra que:
D
f
v
du dv =
S
3
S
1
.
Os resultados obtidos acima e mais a Denicao (5.1.1.5) nos levam a vericar o
Teorema Generalizado de Stokes. Com efeito:
S
d =
S
1
+
S
2
S
3
S
4
S
d =
S
.
Exerccios (5.1.2)
EX.5.1.2.1 Use o Teorema Generalizado de Stokes para demonstrar:
a) O Teorema Fundamental do Calculo ou Teorema de Barrow-Newton-
Leibniz -
b
a
df = f(b) f(a) ;
b) O Teorema de Gauss-Ostrogradski -
V
.
A dV =
S
A . d
S ;
c) O Teorema de Stokes -
S
A . d
S =
A . d
.
Solucao
a) Teorema de Barrow-Newton-Leibniz - Seja f uma 0 forma e
consideremos D = [a, b] cuja fronteira e D = ([a, b]) . Entao, usando-se as expressoes
(5.1.1.1b) e (5.1.2.1), teremos:
[a,b]
df =
b
a
df =
([a,b])
f = f(b) f(a) .
b) Teorema de Gauss-Ostrogradski - Sejam os seguintes vetores:
A = A
x
(x, y, z) x + A
y
(x, y, z) y + A
z
(x, y, z) z ,
114
d
S = dy dz x + dz dx y + dx dy z .
Seja
A
a 1 forma correspondente ao vetor
A, isto e:
A
= A
x
(x, y, z) dx + A
y
(x, y, z) dy + A
z
(x, y, z) dz .
Segundo vimos no Exerccio (4.1.2.1), temos:
A
= A
x
dy dz + A
y
dz dx + A
z
dx dy ,
d
A
= (
A
x
x
+
A
y
y
+
A
z
z
) dx dy dz .
Escolhendo-se =
A
, o Teorema Generalizado de Stokes nos permite escrever que:
V
d (
A
) =
S
(
A
)
V
(
A
x
x
+
A
y
y
+
A
z
z
) dx dy dz =
S
A
x
dy dz + A
y
dz dx + A
z
dx dy .
Usando-se a nota cao do Calculo Vetorial, teremos:
V
.
A dV =
S
A . d
S .
c) Teorema de Stokes - Sejam os seguintes vetores:
A = A
x
(x, y, z) x + A
y
(x, y, z) y + A
z
(x, y, z) z ,
d
S = dy dz x + dz dx y + dx dy z ,
d
= dx x + dy y + dz z .
Seja
A
a 1 forma correspondente ao vetor
A, isto e:
A
= A
x
(x, y, z) dx + A
y
(x, y, z) dy + A
z
(x, y, z) dz .
Segundo vimos no Exerccio (4.1.2.1), temos:
d
A
= (
A
z
y
A
y
z
) dy dz + (
A
x
z
A
z
x
) dz dx + (
A
y
x
A
x
y
) dx dy .
Escolhendo-se =
A
, o Teorema Generalizado de Stokes nos permite escrever que:
S
d
A
=
A
115
S
(
A
z
y
A
y
z
) dy dz + (
A
x
z
A
z
x
) dz dx + (
A
y
x
A
x
y
) dx dy =
=
A
x
dx + A
y
dy + A
z
dz .
Usando-se a notacao do Calculo Vetorial, teremos:
S
A . d
S =
A . d
.
EX.5.1.2.2 Considere um campo de forca descrito pela 1 forma:
= (2x + y) dx + x dy .
Encontre o trabalho realizado por esse campo para mover uma partcula do ponto A (1, -2)
ao ponto B (2, 1) ao longo de qualquer curva.
Solucao
Inicialmente, calculemos d:
d = d[(2x + y) dx + x dy] = 2 dx dx + dy dx + dx dy =
= dx dy + dx dy = 0 .
Portanto, segundo o Lema de Poincare, essa forma e fechada. Vejamos se ela e exata.
Para isso, procuremos a 0 forma (x, y) de modo que tenhamos:
= d =
x
dx +
y
dy = (2x + y) dx + x dy ,
x
= 2x + y = x
2
+ y x + f(y) ,
y
= x = x y + g(x) (x, y) = x
2
+ x y + C .
Usando-se o Teorema Generalizado de Stokes e o Teorema Fundamental do Calculo,
vira:
D
d =
D
=
B
A
= (B) (A) = [x
2
+ x y + C]
(2, 1)
[x
2
+ x y +C]
(1, 2)
,
= 4 + 2 + C 1 + 2 C = 7 .
5.1.3 Derivada de Lie
Denicao 5.1.3.1. Seja (X
1
, X
2
, ... X
p1
) um conjunto de campos de vetores sobre
uma variedade M e uma p forma. Dene-se o operador produto interno de por X,
a (p 1) forma diferencial i
X
dada por:
116
(i
X
) (X
1
, X
2
, ... X
p1
) = (X, X
1
, X
2
, ... X
p1
) , (5.1.3.1)
com as seguintes propriedades:
1) i
X + Y
= i
X
+ i
Y
; (5.1.3.2a)
2) (i
X
)
2
= i
X
i
X
= 0 ; (5.1.3.2b)
3) Se e sao p formas e a R, entao:
i
X
( + ) = i
X
+ i
X
; i
X
(a ) = a i
X
; (5.1.3.2c,d)
4) Se e uma p forma e uma q forma, entao:
i
X
( ) = (i
X
) + ( 1)
p
(i
X
) ; (5.1.3.2e)
5) Se e uma p forma e f uma 0 forma, entao:
i
fX
= i
X
(f ) ; (5.1.3.2f)
6) Se e uma 1 forma e f uma 0 forma, entao:
i
X
= (X); i
X
(f) = 0 . (5.1.3.2g,h)
Observacoes
1. Seja uma p forma escrita em termos da base { dx
i
} :
=
i
1
i
2
...i
p
dx
i
1
dx
i
2
... dx
i
p
,
e seja ainda X = X
i
x
i
, onde {
x
i
} e uma base natural de T
p
(M), dual de { dx
i
}, entao:
i
X
=
1
(p 1)!
X
i
1
i
1
i
2
...i
p
dx
i
2
dx
i
3
... dx
i
p
. (5.1.3.3a)
1.1. Seja a 1 forma df, dada por:
df =
f
x
i
dx
i
,
entao:
i
X
df = X
i f
x
i
= < X, df > = X(f) , (5.1.3.3b)
onde < , > e o produto escalar ou interno.
Denicao 5.1.3.2. Seja uma p forma escrita em termos da base { dx
i
}:
117
=
i
1
i
2
...i
p
dx
i
1
dx
i
2
... dx
i
p
.
Dene-se a Derivada de Lie de em relacao a X - L
X
- como:
L
X
= X(
i
1
i
2
...i
p
) dx
i
1
dx
i
2
... dx
i
p
+ (
i
1
X
k
)
ki
2
...i
p
dx
i
1
dx
i
2
... dx
i
p
+
+ (
i
2
X
k
)
i
1
k...i
p
dx
i
1
dx
i
2
... dx
i
p
+ ...
... + (
i
p
X
k
)
i
1
i
2
...i
p1
k
dx
i
1
dx
i
2
... dx
i
p
. (5.1.3.4)
Observacoes
1. Para a 0 forma f, as expressoes (5.1.3.4) e (5.1.3.3b) permitem escrever que:
L
X
f = X(f) = i
X
df = X
i f
x
i
= < X, df > . (5.1.3.5)
Comparando-se a expressao acima com a expressao (4.1.5.2a), que dene a derivada dire-
cional, verica-se que elas sao equivalentes. Desse modo, podemos dizer que:
A Derivada de Lie de uma funcao e a derivada direcional.
2. Para a 1forma =
j
dx
j
, segundo as expressoes (5.1.3.4) e (5.1.3.5), teremos:
L
X
= X(
j
) dx
j
+ (
j
X
i
)
i
dx
j
= X
i
(
i
j
) dx
j
+ (
j
X
i
)
i
dx
j
.
Usando-se as expressoes (5.1.3.2d,e) e (5.1.3.3b), obtem-se os seguintes resultados:
i
X
d = i
X
[d
i
dx
i
] = i
X
[(
j
i
) dx
j
dx
i
] ,
i
X
d =
j
i
(i
X
dx
j
) dx
i
(
j
i
dx
j
) (i
X
dx
i
) = X
j
i
dx
i
X
i
i
dx
j
.
d(i
X
) = d(X
i
i
) = (
i
X
j
)
j
dx
i
+ X
i
(
j
i
) dx
j
.
i
X
d + d(i
X
) = X
j
i
dx
i
+ (
i
X
j
)
j
dx
i
= X
i
j
dx
j
+ (
j
X
i
)
i
dx
j
.
Comparando-se esse resultado com o de L
X
calculado acima, verica-se que:
L
X
= i
X
d + d(i
X
) = (i
X
d) + (d i
X
) L
X
= { i
X
, d } ,
onde { , } indica o operador anti-comutador.
2.1. A expressao acima vale para uma pforma . Desse modo, podemos apresentar
a seguinte denicao.
Denicao 5.1.3.3. Seja uma p forma. Dene-se a Derivada de Lie de
como:
118
L
X
= (i
X
d) + (d i
X
) = (i
X
d + d i
X
) = { i
X
, d } . (5.1.3.6)
Observacao
A expressao acima mostra que os operadores d, i
X
e L
X
satisfazem a chamada
identidade de homotopia:
L
X
= i
X
d + d i
X
, (5.1.3.7a)
com as seguintes propriedades:
a) L
X
. d = d . L
X
; L
X
. i
X
= i
X
. L
X
; (5.1.3.7b,c)
b) [L
X
, L
Y
] = L
[X, Y ]
; [L
X
, i
Y
] = i
[X, Y ]
; (5.1.3.7d,e)
c) [[L
X
, L
Y
], L
Z
] + [[L
Z
, L
X
], L
Y
] + [[L
Y
, L
Z
], L
X
] = 0 ; (5.1.3.7f)
d) L
X
( + ) = L
X
+ L
X
; L
X
(a ) = a L
X
; (5.1.3.7g)
e) L
X
( ) = L
X
+ L
X
; (5.1.3.7h)
f) L
X
f = X f; L
X
df = d(X f) ; (5.1.3.7i,j)
g) L
fX
= f L
X
+ df i
X
; (5.1.3.7k)
h) L
X + Y
= L
X
+ L
Y
; L
aX
= a L
X
, (5.1.3.7l,m)
i) L
X
= d[(X)] + (d)(X) . (5.1.3.7n).
Observacao
A expressao (5.1.3.7n) e conhecida como Identidade de Cartan [Burke (1985)].
Denicao 5.1.3.4. Para o tensor T
a
1
a
2
...a
p
b
1
b
2
...b
q
, a Derivada de Lie e denida da
seguinte maneira:
(L
X
T)
a
1
a
2
...a
p
b
1
b
2
...b
q
= X
k
k
T
a
1
a
2
...a
p
b
1
b
2
...b
q
(
k
X
a
1
) T
ka
2
...a
p
b
1
b
2
...b
q
(
k
X
a
2
) T
a
1
k...a
p
b
1
b
2
...b
q
...
(
k
X
a
p
) T
a
1
a
2
...a
p1
k
b
1
b
2
...b
q
+ (
b
1
X
k
) T
a
1
a
2
...a
p
kb
2
...b
q
+ (
b
2
X
k
) T
a
1
a
2
...a
p
b
1
k...b
q
+ ... +
+ (
b
q
X
k
) T
a
1
a
2
...a
p
b
1
b
2
...b
q1
k
. (5.1.3.8a)
Observacao
Para o tensor metrico g
ij
, tem-se:
(L
X
g)
ij
= X
i, j
+ X
j, i
, (5.1.3.8b)
onde a vrgula (,) representa a Derivada Covariante. Registre-se que, quando L
X
g = 0,
temos a chamada Equacao de Killing, que representa uma isometria, denida como uma
119
transformacao de uma variedade em si propria que preserva a metrica. Essa transformacao
e tambem chamada de movimento.
Exerccios (5.1.3)
EX.5.1.3.1 Use a Denicao de Derivada Covariante, dada pela expressao (4.1.6.12c),
para demonstrar a expressao (5.1.3.8b).
Solucao
Usando-se as expressoes (5.1.3.8a) e (4.1.6.8a), teremos:
(L
X
g)
ij
= X
k
k
g
ij
+ (
i
X
k
) g
kj
+ (
j
X
k
) g
ik
, (I)
j
X
i
=
j
(g
ki
X
k
) = X
k
j
g
ki
+ (
j
X
k
) g
ki
(
j
X
k
) g
ki
=
j
X
i
X
k
j
g
ki
,
i
X
j
=
i
(g
kj
X
k
) = X
k
i
g
kj
+ (
i
X
k
) g
kj
(
i
X
k
) g
kj
=
i
X
j
X
k
i
g
kj
,
Levando-se essas duas ultimas expressoes na expressao (I) e lembrando que o tensor g
ij
e
simetrico, vira:
(L
X
g)
ij
= X
k
(
k
g
ij
j
g
ki
i
g
kj
) +
i
X
j
+
j
X
i
. (II)
Tomemos o smbolo de Christoel, dado pela expressao (4.1.6.15):
k
ij
=
k
ji
=
1
2
g
km
(
i
g
mj
+
j
g
im
m
g
ij
) 2
k
ij
= g
km
(
i
g
mj
+
j
g
im
m
g
ij
),
2
k
ij
X
k
= g
km
X
k
(
i
g
mj
+
j
g
im
m
g
ij
) = X
m
(
i
g
mj
+
j
g
im
m
g
ij
) ,
2
k
ij
X
k
= X
k
(
i
g
kj
+
j
g
ik
k
g
ij
)
k
ij
X
k
k
ji
X
k
= X
k
(
k
g
ij
i
g
kj
j
g
ki
) . (III)
Levando-se (III) em (II), e usando-se a expressao (4.1.6.12c), vira:
(L
X
g)
ij
=
i
X
j
k
ij
X
k
+
j
X
i
k
ji
X
k
(L
X
g)
ij
= X
j, i
+ X
i, j
.
120
5.1.4 Derivada Convectiva e Integracao sobre um Domnio Movel
Existem situacoes onde a evolucao de sistemas fsicos pode ser vista como um uxo
em alguma conguracao espacial apropriadamente escolhida, como acontece, por exemplo, na
Mecanica dos Fluidos e nos problemas de transporte de um modo geral, tanto classico quanto
quantico. Neste caso, a existencia de um uxo sugere imediatamente o uso da Derivada de
Lie relativa `a velocidade V para a generalizacao do conceito de Derivada Convectiva
t
,
importante no tratamento de problemas de uxo, uma vez que este e descrito por um campo
vetorial V de velocidades.
Denicao 5.1.4.1. Seja uma p forma. Dene-se a Derivada Convectiva de
-
t
- como:
t
=
t
+ L
V
. (5.1.4.1)
Observacoes
1. Para a 0 forma f, as expressoes (5.1.4.1) e (5.1.3.5) permitem escrever que:
t
f =
t
f + L
V
f =
t
f + V
i
i
f =
t
f + (
V . ) f . (5.1.4.2a)
2. Para a p forma , as expressoes (5.1.4.1) e (5.1.3.6) permitem escrever que:
t
=
t
+ L
V
=
t
+ i
V
(d ) + d (i
V
) . (5.1.4.2b)
Denicao 5.1.4.2. Seja uma p forma e consideremos um domnio D que se
move com uma velocidade V. Dene-se a taxa de variacao da integral de ao longo de D,
como:
D
=
D
t
. (5.1.4.3a)
Observacoes
1. Usando-se as expressoes (5.1.4.3a) e (5.1.4.2b), teremos:
D
=
D
t
+
D
i
V
(d ) +
D
d (i
V
) .
Usando-se o Teorema Generalizado de Stokes, dado pela expressao (5.1.2.1), vira:
D
=
D
t
+
D
i
V
d +
D
i
V
. (5.1.4.3b)
1.1. A expressao acima generaliza as formulas do Calculo Vetorial relativas `a inte-
gracao sobre domnios de dimensoes 1, 2 e 3. Por exemplo, na dimensao 2, ela corresponde
ao Teorema de Helmholtz:
d
dt
A . d
S =
S
V .
A (
V
A)
. d
S . (5.1.4.3c)
121
Problemas (5.1)
5.1.1. Dada a 1 forma :
= 2 x y z dx + x
2
z dy + x
2
y dz ,
calcule
, para:
: (x, y, z) (ru, su, tu), 0 u 1 .
5.1.2. Para cada uma das 1 formas dadas abaixo, verique se elas sao fechadas,
e quais sao exatas.
a) 2 x y dx + x
2
dy + 2 z dz ;
b)
( y dx + x dy)
x
2
+ y
2
;
c) e
x y
(dx +
x
y
dy) ;
d)
(x cos x senx)
x
2
y dx +
senx
x
dy .
5.1.3. Use o Teorema Generalizado de Stokes para demonstrar:
a) Teorema de Green:
V
(f g g f) dV =
S
(f g g f) . d
S .
b) V =
1
3
R
(x dy dz + y dz dx + z dx dy) .
5.1.4. Demonstre as propriedades da Derivada de Lie - L
X
.
5.1.5. Demonstre o Teorema de Helmholtz:
d
dt
A . d
S =
S
V .
A (
V
A)
. d
S .
122
Bibliograa - Parte 1
1. Aldrovandi, R. and Pereira, J. G. An Introduction to Geometrical Physics. World
Scientic (1995).
2. Arnold, V. I. Metodos Matematicos da Mecanica Classica. Editora Mir Moscovo
(1987).
3. Bamberg, P. and Sternberg, S. A Course in Mathematics for Students of Physics
1, 2. Cambridge University Press (1992).
4. Bressoud, D. M. Second Year Calculus. Springer-Verlag (1991).
5. Burke, W. L. Applied Dierential Geometry. Cambridge University Press (1987).
6. Costa, J. E. R. O Calculo das Componentes do Tensor de Riemann atraves
de Formas Diferenciais. Trabalho de Conclusao de Curso, Departamento de Fsica
da Universidade Federal de Juiz de Fora (1990).
7. Deschamps, G. A. Exterior Dierential Forms. IN: Mathematics Applied to
Physics. Springer-Verlag (1970).
8. , Electromagnetics and Dierential Forms, Proceedings of the IEEE,
69 (6): 676-696 (1981).
9. Eguchi, T., Gilkey, P. B. and Hanson, A. J. Gravitation, Gauge Theories and
Dierential Geometry, Physics Reports 66 (6):213-393 (1980).
10. Ferreira, B. A. Equacoes de Maxwell em Forma Tensorial e em Linguagem de
Formas Diferenciais. Trabalho de Conclusao de Curso, Departamento de Fsica da
Universidade Federal de Juiz de Fora (1992).
11. Flanders, H. Dierential Forms with Applications to the Physical Sciences.
Academic Press (1963).
12. , Dierential Forms, IN: Studies in Global Geometry and Analysis 4.
The Mathematical Association of America. (1967).
13. Gockeler, M. and Sch ucker, T. Dierential Geometry, Gauge Theories, and
Gravity. Cambridge University Press (1995).
14. Hsu, H. P. Vector Analysis. Simon and Schuster, Inc. (1969).
15. Kremer, H. F. Calculo Tensorial. Notas de aulas. Instituto de Fsica da Universidade
Federal do Parana (1962).
16. Nash, C. and Sen, S. Topology and Geometry for Physicists. Academic Press
(1992).
17. Oliveira, W. Introducao `a Geometria Riemanniana. Notas de Aulas. Departa-
mento de Fsica da Universidade Federal de Juiz de Fora (1990).
123
18. ONeil, B. Elementos de Geometria Diferencial. Editorial Limusa-Wiley, S. A.
(1972).
19. Schleifer, N. Dierential Forms as a Basis for Vector Analysis, with Applica-
tions to Electrodynamics, American Journal of Physics 51 (12): 1139-1145 (1983).
20. Schutz, B. Geometrical Methods of Mathematical Physics. Cambridge Univer-
sity Press (1995).
21. Spivak, M. Calculus on Manifolds. W. A. Benjamin, Inc. (1965).
22. von Westenholz, C. Dierential Forms in Mathematical Physics. North-Holland
Publishing Company (1986).
Captulo 6
6.1 Mecanica
6.1.1 Introducao: Geometria dos Espacos Fsicos
Ate o Captulo 5 apresentamos os aspectos formais do Calculo Exterior. A partir
deste Captulo 6 e nos dois Captulos seguintes, vamos apresentar algumas aplicacoes fsicas
desse Calculo: Mecanica, Termodinamica e Eletrodinamica. Contudo, para entendermos a
relevancia do Calculo Exterior precisaramos estudar a Geometria dos Espacos Fsicos.
Entendemos por Geometria a ciencia do espaco, ou melhor, dos espacos que sao
adotados para estudar os fenomenos fsicos. Nao e nossa intencao analisar essa geometrizacao.
Esta pode ser vista, por exemplo, nos excelentes livros citados na Bibliograa - Parte 2:
[Aldrovandi e Pereira (1995); Schutz (1995)].
Geometrizar um certo fenomeno dinamico [Videira (1987)], como a gravitacao, ou
o eletromagnetismo (ou qualquer outro fenomeno signica incorporar o campo (ou o poten-
cial) associado a esse fenomeno dinamico numa dada estrutura geometrica, isto e, o objeto
dinamico campo (potencial) tera de ser parte constituinte de uma certa variedade. Esse e
o objetivo quando buscamos geometrizar um certo campo (potencial).
Isto implica que devemos escolher ou postular o tipo de variedade de acordo com
as necessidades fsicas. Desse ponto de vista,a Geometria devera depender estritamente do
tipo da dinamica que precisa ser incorporada. Poderemos fazer isso denindo uma Geome-
tria, isto e, uma variedade, e dependendo dessa escolha vericar que tipo de dinamica
ela comporta ou, partindo de certos aspectos denamicos inferir qual deve ser a Geometria.
Em outras palavras, esse acoplamento entre dinamica e geometria exige que a estrutura
geometrica do sistema fsico a ser descrito seja postulada de antemao ou inferida [Videira,
Rocha Barros e Fernandes (1985)]. De qualquer modo e claro que a estrutura geometrica
devera ser sucientemente complexa e rica para que possa comportar a dinamica necessaria.
Conforme podemos ver nos textos citados acima, a geometrizacao dos processos
fsicos leva-nos a usar variedades com uma Geometria muito mais complicada, mais rica,
que a Riemaniana denominadas de variedades bradas. Nestas variedades os objetos geo-
metricos basicos sao as p formas e usa-se o Calculo Exterior, conforme vimos no Captulo
3. As atuais teorias de gauge, por exemplo, baseiam-se na Geometria Fibrada.
Vejamos, agora, sem muita preocupacao com o rigor matematico (sobre este, ver
Captulo 4) as propriedades matematicas e geometricas essenciais de entes que chamamos
de variedades, variedades diferenciaveis e variedades bradas, objetivando o estudo
da Mecanica, objeto deste Captulo.
Em Fsica usamos a palavra espaco para denir, muitas vezes, intuitivamente e de
modo pouco rigoroso um conjunto de pontos (coordenadas) usados para descrever a dinamica
de um dado sistema. As suas propriedades sao denidas, muitas vezes, baseadas em nossa
experiencia cotidiana (Aldrovandi e Pereira, op. cit.).
E difcil de imaginar um problema
fsico (Schutz, op. cit.) que nao envolva alguma especie de espaco contnuo. Ele pode ser
128
um espaco euclidiano 3-dim, um espaco-tempo 4-dim de Minkowski, um espaco de fase em
Mecanica Classica ou Mecanica Quantica, o espaco de estados de equilbrio termodinamico
(ver Captulo 7), ou outro espaco ainda mais abstrato. Todos esses espacos tem diferentes
propriedades geometricas, mas eles partilham algo em comum, algo que tem a ver com o fato
de serem espacos contnuos, em vez, digamos, de serem redes de pontos discretos.
Um dos objetivos primordiais da Geometria Diferencial e o de estudar as propriedades
comuns a todos esses espacos fsicos contnuos criando um substituto matematicamente pre-
ciso para o ente espaco contnuo. Veremos a seguir como isso e feito denindo primeiramente
variedade e variedade diferenciavel.
6.1.1.1 Variedade (Manifold)
Seja R
n
o conjunto de todas as enuplas de n umeros reais x = (x
1
, x
2
, ..., x
n
). O
conjunto desses pontos x constitui uma variedade (manifold), que indicaremos por
M, se cada ponto x de M tem uma vizinhanca aberta que tem um mapeamento contnuo 11
sobre um conjunto aberto de R
n
para um dado n. Isto signica que M e localmente seme-
lhante a R
n
. A dimensao de M e igual a de n.
E oportuno lembrarmos aqui que a geometria dos brados e fundamental para a mo-
derna Teoria de Gauge (Videira, op. cit.; Videira, Rocha Barros e Fernandes, op. cit.) usada
para investigar a estrutura de Partculas Elementares. Nessa teoria o brado e constitudo
pelo produto topologico (cartesiano) entre dois tipos de variedades: a variedade base espaco-
temporal M(x), que leva em conta as simetrias externas, e as variedades tangentes (bras)
que levam em conta as simetrias internas. A ligacao entre essas simetrias e feita por um
operador chamado de conexao ou potencial de gauge. O operador quantico unitario
U que depende de x e de graus internos de simetria [Moriyasu (1983)] e dado por:
U = exp[i q
k
(x) F
k
] , (6.1.1.5.1)
onde
k
(x) e um parametro que depende da variedade base M(x), que e uma funcao contnua
de x, F
k
sao geradores do grupo interno de simetria e q e a constante de acoplamento para um
grupo arbitrario de gauge. A transformacao dada pela Equacao (6.1.1.5.1), denominada de
transformacao de gauge, e formalmente identica a de uma rotacao espacial se identicarmos
o parametro
k
(x) com os angulos de rotacao. Quando a partcula vai de um ponto x para
um outro x + dx na variedade espaco-temporal o angulo
k
(x) no espaco interno roda
de um valor d
k
(x) =
k
(x + dx)
k
(x). Pode-se mostrar (Moriyasu, op. cit.) que
existe um operador A
k
(x) F
k
. Ele e uma generalizacao do potencial vetor A
do eletromagnetismo
(Captulo 8). Ele e um operador de conexao (ou so conexao) entre a variedade-base
espaco-temporal M(x) e o espaco interno das partculas (bras) e a conexao A e 1forma
(Captulo 3), um objeto geometrico brado. Esse tipo de teoria se presta para a descricao,
nao apenas do eletromagnetismo, como tambem de fenomenos envolvendo as interacoes forte
e fraca que sao de curto alcance.
No caso do eletromagnetismo o grupo interno de simetria e o grupo de fase U(1) e o
operador de gauge U, denido pela Equacao (6.1.1.5.1), e dado por U = exp[ i q (x)]
mostrando que o espaco interno de uma carga eletrica consiste de todos os possveis valores
de uma fase (x) de sua funcao de onda. Pode-se mostrar que U e responsavel por uma
transformacao de gauge familiar do eletromagnetismo: A
= A
(x) (Captulo
8). Como o operador de gauge roda o espaco interno isso sugere uma interpretacao geometrica
para a transformacao de A
. Como A
e
o campo visto por um observador no sistema de coordenadas que foi rodado. No caso de
interacao forte o grupo de simetria e o SU(3)
cor
e no caso da interacao eletrofraca o grupo
132
de simetria e o SU(2) U(1).
6.1.2 Mecanica Lagrangiana em Variedades
Com sabemos [Goldstein (1959)] a Mecanica Lagrangiana descreve o movimento de
um sistema dinamico assumindo que o mesmo e descrito por n coordenadas generalizadas
independentes q = (q
1
, q
2
, ..., q
n
) onde q
i
= q
i
(t), supondo vnculos holonomos. O
espaco n-dim M
n
(q) descrito pelas coordenadas generalizadas q, que e denominado espaco
conguracional possui a estrutura de uma variedade diferenciavel.
A evolucao temporal do sistema mecanico conservativo e obtida resolvendo as equa-
coes de Lagrange que sao dadas por:
d/dt L/q
i, t
L/q
i
= 0 , (6.1.2.1)
onde q
i, t
= q
i
/t, L = L(q
i
, qi, t) e a funcao de Lagrange ou Lagrangiana dada
por L = T(q
i
, q
i t
) V (q
i
, q
i t
), sendo T a energia cinetica e V a energia potencial.
A evolucao do sistema dinamico com o tempo e descrita por uma curva q(t) na
variedade M
n
(q).
6.1.2.1 Espaco Tangente
Como dissemos antes, numa variedade podemos ainda manter a imagem de um vetor
como uma seta tangente `a curva. E que somente vetores num mesmo ponto P M
n
(q)
podem ser somados juntos. Vetores em diferentes pontos nao possuem nenhuma relacao uns
com os outros. Os vetores estao contidos, nao em M
n
(q), mas em um espaco tangente a
M
n
(q) no ponto P denominado de TM
P
ou, simplesmente, TM. O termo vetor indica um
vetor em um dado ponto P de M
n
(q) e o termo campo vetorial refere-se `a regra que dene
um vetor em cada ponto de M
n
(q).
2
= d p dq = dp
i
dq
i
. Em F M temos a 1-forma
1
dada por = p dq = p
i
dq
i
conhecida como forma de Liouville. Notemos que a 2 forma
2
e nao degenerada, ou
seja, d
2
= 0 e que
2
= d
1
.
Observacoes
(a) Consideremos o sistema mecanico Lagrangiano com variedade conguracional
M(q) e a funcao de Lagrange L. Verica-se que a velocidade generalizada Lagrangiana q
i
e
um vetor tangente `a variedade base M(q), ou seja, q
i
TM enquanto o momento generalizado
p = L/q
,t
e um vetor cotangente (Arnold, op. cit.), ou seja, p = L/q
,t
T M.
(b) O espaco de fase (q, p) e um brado cotangente F M da variedade M(q) e a
Hamiltoniana H( p, q) e uma funcao sobre esse brado (Schutz, op. cit.).
6.1.4 Campos Vetoriais Hamiltonianos
Com o intuito de simplicar a notacao no estudo de campos vetoriais na variedade
M
2n
( p, q) (espaco de fase) vamos considerar somente p = p(t) e q = q(t), omitindo os
ndices i = 1, 2, ..., n dessas variaveis. As equacoes de movimento de um sistema dinamico
no formalismo Hamiltoniano comeca com o Lagrangiano L(q, q
,t
) que e funcao da variavel
q(t). O momento p denido pela expressao p = L/q
,t
e a Hamiltoniana pela expressao
H = p q
,t
L = H(p, q). As equacoes dinamicas sao dadas por:
d/dt (L/q
,t
) L/q = 0 , (6.1.4.1)
e o momento p denido pelas equacoes:
H/q = dp/dt e H/p = dq/dt . (6.1.4.2a,b)
134
A funcao Hamiltoniana H(q, p) tem como diferencial a 1 forma:
dH = (H/p) dp + (H/q) dq. (6.1.4.3)
Derivando a expressao (6.1.4.3) em relacao ao tempo t, e usando as expressoes
(6.1.4.2a,b), vira:
dH/dt = (H/p) dp/dt + (H/q) dq/dt = (H/p) H/q + (H/q) H/dp = 0,
resultado esse que indica o valor de H e conservado ao longo de cada curva integral dada
por: [q = q(t), p = p(t)].
Consideremos em M
2n
a 2forma
2
= dq d p e a curva [q = q(t), p = p(t)] que
e solucao das equacoes (6.1.4.2a,b). Vamos mostrar que, se o vetor tangente (campo de ve-
locidade vetorial) a essa curva e denido por [segundo as expressoes (4.1.5.2a) e (6.1.4.2a,b)]:
U
H
= d/dt = (dq/dt) (/q) + (dp/dt) (/p) =
= (H/p) (/q) (H/q) (/p) , (6.1.4.4)
entao
2
obedece a seguinte condicao:
L
H
2
= 0 , (6.1.4.5)
onde U = U
H
e L
H
e a Derivada de Lie [ver expressao (5.1.3.6)].
Ora, levando em conta que a Derivada de Lie de uma p forma com respeito a
um campo vetorial U
H
e dada por [ver expressao (5.1.3.7n)]:
L
U
p
= d[
p
(U)] + (d
p
)(U)
e que d
p
= 0, pelo Lema de Poincare [ver expressao (4.1.2.1c)], teremos:
L
U
2
= d[
2
(U)] . (6.1.4.6)
Porem, como [ver expressao (3.1.1.1a)]:
2
(U) = dq d p = dq
dp dp
dq , (6.1.4.7)
entao (Schutz, op. cit.):
2
(U) = (dq/dt) dp (dp/dt) dq . (6.1.4.8)
Usando as expressoes (6.1.4.2a,b;3), a expressao (6.1.4.8), cara:
135
2
(U) = (H/p) dp + (H)/q) dq = dH . (6.1.4.9)
Levando a expressao (6.1.4.9) na expressao (6.1.4.6) e usando o Lema de Poincare
[ver expressao (4.1.2.1c)], teremos:
L
U
H
2
= d(dH) = 0 ,
o que demonstra a expressao (6.1.4.5). O campo vetorial U
H
que satisfaz essa expressao e
conhecido como campo vetorial Hamiltoniano. Por outro lado, esse mesmo campo gera
um grupo uniparametrico (Aldrovandi e Pereira, op. cit.) denominado de uxo Hamilto-
niano.
Derivando a expressao (6.1.4.3) em relacao ao tempo t, e usando as expressoes
(6.1.4.2a,b), vira:
dH/dt = (H/p) dp/dt + (H/q) dq/dt =
= (H/p) (H/q) + (H/q) (H/p) = 0 dH/dt = 0 , (6.1.4.10)
resultado esse que indica que o valor de H e conservado ao longo de cada curva integral
[q = q(t), p = p(t)].
Vejamos agora uma outra maneira de escrevermos a relacao entre U
H
e dH. Cal-
culando o produto interno i
H
[expressao (5.1.3.1)] da 2 forma
2
, teremos (Aldrovandi e
Pereira, op. cit.):
i
H
2
= dH , (6.1.4.11)
resultado esse que estabelece um isomorrmo entre campo de vetores (U
H
) e 1 formas
(co-vetores) (dH) sobre a variedade M
2n
. Em outras palavras, o produto interno (i
H
) gera
uma correspondencia um-a-um entre campos vetoriais e 1 formas sobre a variedade
M
2n
.
6.1.4.1 Evolucao Temporal
Aplicando o campo vetorial [vide expressao (6.1.4.4)]:
U
H
= (H/p) (/q) (H/q) (/p) ,
em um funcao qualquer diferenciavel F(q, p), usando as expressoes (6.1.4.2a,b) e a denicao
de parenteses de Poisson ({}) [Goldstein (1959)], obteremos:
U
H
F = (H/p) (F/q) (H/q) (F/p) = {F, H} =
= (F/p) (dp/dt) + (F/q) (dq/dt) = dF/dt
136
dF/dt = U
H
F = {F, H} . (6.1.4.1.1)
A expressao (6.1.4.1.1) representa a equacao de movimento conhecida como Equacao
de Liouville. Portanto, o campo vetorial U
H
faz uir a funcao F ao longo do tempo, e
representa exatamente o papel do gerador de transformacoes innitesimais no tempo (Al-
drovandi e Pereira, op. cit.).
Observacao
O operador U
H
e conhecido em Mecanica Estatstica como operador de Liouville.
As funcoes F(q, p) sao observaveis classicos ou funcoes dinamicas. A funcao H(q, p) pre-
side a evolucao temporal do sistema fsico: dizemos que H(q, p) e a funcao geratriz do
campo vetorial U
H
.
A evolucao temporal de F(q, p) e obtida resolvendo a expressao (6.1.4.1.1), ou seja,
usando a expansao de Euler, a expressao (6.1.4.1.1), e as propriedades do { } (Goldstein, op.
cit.):
F(t) = F[q(t), p(t)] = F(0) exp(t U
H
) =
= F(0) [1 + t U
H
] + (t U
H
)
2
/2!) + ... ] =
= F(0) + t {F(0) , U} + (t
2
/2!) {{F(0) , H}, H} + ... =
= F[exp(t H
H
) q(0) , exp(t U
H
) p(0)] . (6.1.4.1.2)
Como a Derivada de Lie de uma funcao qualquer F(q, p) dada por (5.1.3.7i)
L
U(H)
F = U
H
F e considerando a expressao (6.1.4.1.1), poderemos escrever que:
L
U(H)
F = U
H
F = {F, H} = dF/dt . (6.1.4.1.3)
Se a funcao F e uma constante de movimento, isto e, dF/dt = 0, entao, de acordo
com a expressao (6.1.4.1.3), {F, H} = 0, o que signica que L comuta com H. Alem disso,
L
U(H)
F = 0. Ora, como mostramos que L
U(H)
2
= 0 [expressao (6.1.4.5)] e considerando
que
2
= dq d p, concluimos que 2 forma
2
e uma constante de movimento.
Aplicando a expressao (5.1.3.7h) [L
X
( = (L
X
) + (L
X
)] para
o caso geral (
2
)
n
dado por:
(
2
)
n
=
2
2
...
2
= (1)
n
dq
1
dq
2
... dq
n
dp
1
dp
2
... dp
n
, (6.1.4.1.4)
e usando a expressao (6.1.4.5), concluimos que
2
tambem e uma constante de movimento.
Observacao
Quando n = 1, temos que
2
= dq dp que e a 2-forma-area do espaco de
fase, e sua conservacao temporal e simplesmente o Teorema de Liouville para um grau
137
de liberdade. No caso geral n, a conservacao temporal de (
2
)
n
pelo uxo Hamiltoniano
representa o Teorema Geral de Liouville. Note que os sistemas dissipativos violam esse
Teorema.
6.1.4.2 Transformacoes Canonicas
A escolha das coordenadas q e p para estudar um sistema dinamico nao e unica.
Podemos escolher outrad coordenadas P = P(q, p) e Q = Q(q, p) para descrever o
mesmo sistema. Nas coordenadas (q, p) temos H(q, p) e as equacoes de movimento sao
dadas (6.1.4.2a,b). Se com as transformacoes P = P(q, p) e Q = Q(q, p) as novas
equacoes de movimento forem dadas por:
H
/Q = dP/dt e H
/P = dQ/dt , (6.1.4.2.1a,b)
onde H
2
(q, p) = dq dp = dQ dP =
2
(Q, P) . (6.1.4.2.2)
A condicao necessaria e suciente para isso e que (Schutz, op. cit.):
(Q/q) (P/p) (Q/p) (P/q) = 1 . (6.1.4.2.3)
Observacao
As varias formas de transformacoes canonicas podem ser vistas, por exemplo, em
Landau et Lifchitz (1973) e Goldstein, op. cit.
Captulo 7
7.1 Termodinamica
7.1.1 Lei Zero da Termodinamica
Denicao 7.1.1.1. Um sistema termodinamico - uma parte isolada do Universo
que e objeto de estudo - e caracterizado por parametros termodinamicos que sao quan-
tidades macroscopicas (X
i
) medidas experimentalmente. Um conjunto desses parametros
dene um estado termodinamico representado por uma funcao f, satisfazendo a equacao:
f (
i
) = 0 , i= 1, 2, ..., n. (Equacao de Estado)
Observacoes
1. A menos que seja especicado ao contrario, um estado termodinamico representa
sempre um estado de equilbrio, ou seja, um estado que nao muda com o tempo. Na
descricao de cada um desses estados ha certas funcoes que representam um papel importante
e que se denominam variaveis de conguracao. O conjunto de estados de equilbrio de um
sistema tem a estrutura de uma variedade diferenciavel de um espaco vetorial de dimensao
nita, e as variaveis de conguracao representam um sistema de coordenadas locais desse
espaco. Essas variaveis sao de dois tipos: extensivas, se dependem ou sao proporcionais a
um fator de escala global do sistema; intensivas, se nao dependem.
1.1. No caso de um gas, as variaveis de conguracao sao: pressao P (intensiva),
volume V (extensiva), e temperatura T (intensiva).
1.2. Costuma-se representar a equacao de estado termodinamico de um gas - a funcao
f (P, V, T) - por uma superfcie (variedade) no espaco tridimensional: P V T. A projecao
dessa superfcie nos planos coordenados (P V ), (P T) e (V T) dao, respectivamente,
os seguintes diagramas: diagrama P V , diagrama P T e diagrama V T.
1.3. Para um gas ideal, a equacao de estado foi obtida pelo fsico frances Emile
Clapeyron (1799-1864), em 1834, conhecida como a Equacao de Clapeyron:
P V = n R T , (7.1.1.1)
onde R = 8, 315joule/K e a constante universal dos gases e n e o n umero de moles.
2. Quando ha mudancas nas condicoes externas de um estado termodinamico, devido
`a interacao do sistema com o resto do Universo, diz-se que o mesmo sofreu uma trans-
formacao. Esta e dita quasi-estatica quando ela ocorre lentamente de modo que em
qualquer instante o sistema pode ser considerado aproximadamente em equilbrio. Ela e dita
reversvel se o sistema retrocede no tempo quando as condicoes externas tambem retro-
cederem. Enquanto toda transformacao reversvel e quasi-estatica, a situacao inversa nem
sempre e verdadeira. As trajetorias (t) seguidas pelo estado termodinamico numa trans-
formacao (quasi) reversvel recebem nomes especcos, como isotermicas (T = constante),
140
isobaricas (P = constante), isovolumetricas ou isometricas (V = constante),
adiabaticas (calor constante), etc.
Lei Zero da Termodinamica
Existe uma forma especial de interacao entre dois sistemas, chamada contacto
termico, na qual os estados de equilbrio do sistema combinado deles constituem um sub-
conjunto de um conjunto de pares de estados de equilbrio dos sistemas iniciais. Por exemplo,
se p
1
e o estado de equilbrio do primeiro sistema e p
2
o do segundo, quando os dois sistemas
sao levados a um contacto termico os mesmos tenderao a um estado de equilbrio (q
1
, q
2
),
onde q
1
e um novo estado de equilbrio do primeiro sistema e q
2
do segundo. Desse modo,
diz-se que os dois sistemas estao em equilbrio termico. Em 1909, o matematico alemao
Constantin Caratheodory (1873-1950) apresentou um conceito matematico para a tempe-
ratura ao desenvolver o seguinte raciocnio.
E um fato experimental que se dois corpos estao
em equilbrio termico deve existir uma relacao entre seus parametros termodinamicos. Por-
tanto, se os corpos 1 e 2 estao em equilbrio termico, assim como os corpos 2 e 3, entao
1 e 3 tambem deverao estar em equilbrio termico. Desse fato, Caratheodory concluiu que
existe uma temperatura emprica que e a mesma para todos os corpos em equilbrio termico.
Em outras palavras, isso signica dizer que a classe de equivalencia de todos os sistemas em
equilbrio termico e chamada temperatura abstrata, e o sistema escolhido que da o valor
numerico da mesma e chamado termometro. Esse postulado de Caratheodory foi mais
tarde reconhecido como a Lei Zero da Termodinamica:
Dois sistemas em equilbrio termico com um terceiro estao em equilbrio
termico entre si.
7.1.2 Primeira Lei da Termodinamica
Denicao 7.1.2.1. Dene-se o trabalho elementar realizado por um sistema
termodinamico como a 1 forma diferencial linear, dada por:
=
1
dx
1
+ ... +
n
dx
n
, (7.1.2.1a)
onde
i
sao funcoes denidas no espaco dos estados de equilbrio do sistema termodinamico.
Otrabalho total W realizado por um sistema ao longo de qualquer curva (quasi) reversvel
e dado por:
W() =
. (7.1.2.1b)
Observacoes
1. No caso de o sistema termodinamico ser um gas, teremos:
= P dV , (7.1.2.1c,d)
141
onde o sinal mais (+) refere-se ao trabalho realizado pelo gas, e o sinal menos (), sobre o
gas.
2. Experimentalmente, observa-se que o trabalho realizado por (ou sobre) um sistema
termodinamico depende do tipo de transformacao. Portanto, para um ciclo, teremos:
= 0 d = 0 .
Esse ultimo resultado deriva do Teorema Generalizado de Stokes [ver expressao (5.1.2.1)].
Denicao 7.1.2.2. Dene-se a quantidade de calor elementar, ou simplesmente
calor elementar adicionado ou retirado a um sistema termodinamico, como a 1forma
diferencial linear, dada por:
= dX + C dY , (7.1.2.2a)
onde e C sao funcoes denidas na variedade dos estados de equilbrio e X, Y sao as
variaveis de conguracao. O calor total Q adicionado ou retirado por um sistema ao longo
de qualquer curva (quasi) reversvel e dado por:
Q() =
. (7.1.2.2b)
Observacoes
1. Para um gas, considerando-se as variaveis de conguracao V, T ou P, T, teremos,
respectivamente:
=
V
dV + C
V
dT , (7.1.2.2c)
=
P
dP + C
P
dT . (7.1.2.2d)
1.1. Ate a metade do Seculo XIX, pensava-se que o calor fosse uma forma fechada,
isto e, acreditava-se que existia uma funcao C, chamada calorico, representando o total
de calor em um sistema tal que:
= dC.
= 0 d = 0 .
Esse resultado mostra que e uma forma nao fechada.
2. Um reservatorio de calor, ou simplesmente reservatorio, e um sistema tao
grande que o ganho ou a perda de uma certa quantidade de calor nao muda sua temperatura.
3. Um sistema e dito isolado termicamente se nao ha nenhuma troca de calor
entre ele e o ambiente externo. O isolamento termico de um sistema pode ser conseguido
envolvendo-o por uma parede adiabatica. Assim, qualquer transformacao sofrida por um
sistema isolado termicamente e dita transformacao adiabatica. Em nosso mundo coti-
diano, o isolamento termico e aproximadamente conseguido por uma garrafa de Dewar
ou garrafa termica. Este tipo de garrafa foi inventada pelo fsico e qumico ingles James
Dewar (1842-1923), em 20 de janeiro de 1893.
Primeira Lei da Termodinamica
Ate aqui, vimos que as 1 formas e nao sao fechadas. Contudo, experimental-
mente, observou-se que a sua soma e fechada, isto e:
d( + ) = 0 .
Em vista do Lema de Poincare [ver expressao (4.1.2.1c)], a expressao acima pode ser
escrita na forma:
+ = dU , (7.1.2.4a)
143
onde U e uma funcao bem denida sobre um sistema termodinamico (determinada a menos
de uma constante aditiva) conhecida como energia interna.
Consideremos um sistema termodinamico que sofre um determinado processo de
transformacao que o leva de um estado (1) a um outro estado (2). Entao, as expressoes
(7.1.2.1b), (7.1.2.2b), (7.1.2.4a) e o Teorema Fundamental do Calculo nos mostram
que:
=
2
1
dU U(2) U(1) W = Q , (7.1.2.4b)
onde Q representa o calor total fornecido ao sistema pelo processo e W o trabalho total
realizado pelo sistema em decorrencia desse mesmo processo. Contudo, enquanto Q e W
dependem do mecanismo como o sistema e levado do estado (1) ao estado (2), a expressao
(7.1.2.4b) mostra que a variavel de estado U nao depende daquele mecanismo. Esse resultado
traduz a Primeira Lei da Termodinamica:
A energia e conservada num sistema termodinamico.
Observacoes
1. A expressao (7.1.2.4b) mostra que o calor Q e uma grandeza fsica derivada
e nao fundamental, uma vez que ela e calculada pela diferenca entre a energia interna
(U) e o trabalho (W). Contudo, historicamente, o calor Q foi estudado como uma grandeza
fundamental nas celebres experiencias realizadas por Mayer, pelo fsico ingles James Prescott
Joule (1818-1889) e pelo fsico e siologista alemao Hermann von Helmholtz (1821-1894), na
decada de 1840, para a determinacao do equivalente mecanico do calor J. Com efeito,
nessas experiencias, eles estudaram o comportamento adiabatico (Q = 0) de um sistema
quando recebe uma quantidade externa de trabalho. Assim, tomando-se Q = 0 na expressao
(7.1.2.4b), resultara:
W = U(2) U(1) .
Esse resultado signica dizer que se um sistema isolado termicamente e levado de um estado
(1) a um outro estado (2) por aplicacao de um trabalho externo, o total desse trabalho e
sempre o mesmo nao importa como esse trabalho foi aplicado. Recordemos que Joule estudou
a producao de calor pela passagem da corrente eletrica em um o condutor, assim como pela
agitacao da agua colocada em um recipiente, por intermedio de pas acionadas por um peso
suspenso em uma corda que passava por uma polia. Como resultado de suas pesquisas, Joule
constatou que:
A quantidade de calor capaz de aumentar a temperatura de uma libra de agua de 1
o
F e
equivalente `a forca mecanica representada pela queda de 772 libras pelo espaco de um pe.
2. Quando um gas recebe uma certa quantidade de calor ( > 0), e realizado um
certo trabalho sobre o mesmo, provocando uma variacao de sua energia interna U. Por-
tanto, de acordo com as expressoes (7.1.2.1d) e (7.1.2.4a), para esse sistema termodinamico,
a Primeira Lei da Termodinamica e escrita na forma:
144
= P dV + dU . (7.1.2.4c)
A expressao acima pode ser interpretada como uma relacao entre varias 1formas em uma
variedade bidimensional cujas coordenadas sao (V, U), sobre a qual a funcao P = P(V, U)
(Equacao de Estado) e denida.
3. Sabemos, experimentalmente, que a 1 forma nao e fechada, ou seja: d = 0.
Contudo, vejamos a condicao para que a mesma seja fechada. Para isso, procuremos uma
1 forma Q, dada pela expressao:
Q = P dV + dU ,
tal que: dQ = 0. Portanto, usando-se a expressao acima, o fato de que P = P(V, U) e o
Lema de Poincare [expressao (4.1.2.1c)], teremos:
dQ = 0 = dP dV + ddU = [(
P
V
)
U
dV + (
P
U
)
V
dU] dV
0 = (
P
U
)
V
dU dV (
P
U
)
V
= 0 .
Portanto, para que Q seja fechada e necessario que (
P
U
)
V
seja sempre nulo, o que, contudo,
ainda nao foi observado para nenhum gas.
4. Capacidades Calorcas: C
V
, C
P
. Consideremos a energia interna U denida
em uma variedade bidimensional cujas coordenadas sao (V, T). Entao:
dU = (
U
V
)
T
dV + (
U
T
)
V
dT .
Levando-se a expressao acima na expressao (7.1.2.4c), teremos:
= P dV + (
U
V
)
T
dV + (
U
T
)
V
dT = (
U
T
)
V
dT + [(
U
V
)
T
+ p] dV .
Para o caso de uma transformacao em que o volume V permaneca constante, vira:
()
V
= (
U
T
)
V
dT .
Desse modo, comparando-se a expressao acima com a expressao (7.1.2.2c) e usando-se a
expressao (7.1.2.4c), verica-se que:
()
V
= C
V
dT = (
U
T
)
V
dT C
V
= (
U
T
)
V
, (7.1.2.5a)
()
V
= dU dU = C
V
dT . (7.1.2.5b)
Consideremos, agora, a energia interna U denida em uma variedade bidimensional
cujas coordenadas sao (P, T). Entao:
145
dU = (
U
P
)
T
dP + (
U
T
)
P
dT .
Levando-se a expressao acima na expressao (7.1.2.4c), teremos:
= P dV + (
U
P
)
T
dP + (
U
T
)
P
dT .
Para o caso de uma transformacao em que a pressao P permaneca constante, vir a:
()
P
= P dV + (
U
T
)
P
dT .
Diferenciando-se a expressao (7.1.1.1), no caso em que a pressao P e constante, e substi-
tuindo-se na expressao acima, vira:
()
P
= n R dT + (
U
T
)
P
dT = [n R + (
U
T
)
P
] dT .
Comparando-se a expressao acima com a expressao (7.1.2.2d) e usando-se a expressao (7.1.2.3),
verica-se que:
()
P
= C
P
dT = (n R + C
V
) dT = [n R + (
U
T
)
P
] dT
C
V
= (
U
T
)
P
. (7.1.2.6a)
Usando-se a expressao (7.1.2.5a) obtem-se:
C
V
= (
U
T
)
V
= (
U
T
)
P
. (7.1.2.6b)
E oportuno registar que esse resultado indica que a energia interna U de um gas
ideal so depende da temperatura: U = U(T). Ele foi obtido experimentalmente por Joule,
em uma das experiencias que realizou para a determinacao do equivalente mecanico da calo-
ria, conhecida como a expansao livre de um gas. Nessa experiencia, ele mergulhou dois
recipientes, ligados por uma valvula, um evacuado e o outro contendo ar a uma pressao de
20 atm, num calormetro pequeno, contendo o mnimo possvel de agua e isolado termica-
mente. Apos medir a temperatura inicial (T
i
) da agua, Joule abriu a valvula, produzindo a
expansao livre do ar, e tornou a medir a temperatura nal (T
f
) da agua. Ele observou que
nao houve nenhuma variacao da temperatura, ou seja:
T = T
f
T
i
= 0 .
Ora, como a expansao do ar foi livre, ele nao realizou nenhum trabalho externo, ou
seja: P dV = 0 . Portanto, considerando-se que o calormetro estava isolado adiabatica-
mente ( = 0), a expressao (7.1.2.4c) nos mostra que:
dU = 0 U = constante, nas transformacoes isotermicas.
146
Essa mesma conclusao sobre a dependencia U(T) foi obtida por Joule e pelo fsico
ingles William Thomson (1824-1907), posteriormente Lord Kelvin (1892), em uma experiencia
que realizaram, em 1862, conhecida como experiencia do tampao poroso. Nessa ex-
periencia, a expansao livre usada por Joule e substituda por uma expansao de um gas,
tambem adiabatica, atraves de uma parede porosa (tampao), que reduz a pressao do gas.
Assim, inicialmente, o gas tem um volume V
i
e uma pressao P
i
; depois da expansao ele passa
a ter um volume V
f
e uma pressao P
f
. Desse modo, o trabalho total (W) realizado nessa
expansao sera:
W = P
i
(0 V
i
) + P
f
(V
f
0) = P
f
V
f
P
i
V
i
.
Ora, considerando-se que a expansao e adiabatica ( = 0), a expressao (7.1.2.4c) nos mostra
que a variacao da energia interna ocorrida na expansao porosa e dada por:
U
f
U
i
= W = P
i
V
i
P
f
V
f
U
i
+ P
i
V
i
= U
f
+ P
f
V
f
= constante.
Essa funcao foi denida pelo fsico-qumico norte-americano Josiah Williard Gibbs (1839-
1903), em 1875, e denominada funcao calor sob pressao constante, e representa a troca
de calor nas reacoes qumicas. Seu conceito como uma funcao de estado foi introduzido
pelo fsico-qumico alem ao Richard Mollier (1863-1935), em 1902, e o nome entalphia H
para essa funcao foi cunhado pelo fsico holandes Heike Kamerlingh-Onnes (1853-1926; PNF,
1913). Assim:
H = U + P V . (7.1.2.7a)
Diferenciando-se a expressao acima e usando-se as expressoes (7.1.1.1), (7.1.2.3) e
(7.1.2.5b), resultara:
dH = dU + d(PV ) = dU + d(n R T) = C
V
dT + n R dT = (C
V
+ n R) dT
dH = C
P
dT . (7.1.2.7b)
5. Calores Latentes:
V
,
P
. Consideremos a energia interna U denida em uma
variedade bidimensional cujas coordenadas sao (V, T). Entao:
dU = (
U
V
)
T
dV + (
U
T
)
V
dT .
Levando-se a expressao acima na expressao (7.1.2.4c), teremos:
= P dV + (
U
V
)
T
dV + (
U
T
)
V
dT = (
U
T
)
V
dT + [(
U
V
)
T
+ p] dV .
Para o caso de uma transformacao em que a temperatura T permaneca constante, vira:
()
T
= [(
U
V
)
T
+ p] dV.
147
Comparando-se a expressao acima com a expressao (7.1.2.2c), teremos:
()
T
=
V
dV = [(
U
V
)
T
+ p] dV
V
= (
U
V
)
T
+ P . (7.1.2.8a)
Consideremos, agora, a energia interna U denida em uma variedade bidimensional
cujas coordenadas sao (P, T). Entao:
dU = (
U
P
)
T
dP + (
U
T
)
P
dT .
Levando-se a expressao acima na expressao (7.1.2.4c), teremos:
= P dV + (
U
P
)
T
dP + (
U
T
)
P
dT .
Diferenciando-se a expressao (7.1.1.1) e substituindo-se na expressao acima, vira:
= n R dT V dP + (
U
P
)
T
dP + (
U
T
)
P
dT = [n R + (
U
T
)
P
] dT + [(
U
P
)
T
V ] dP .
Para o caso de uma transformacao em que a temperatura T permaneca constante, vira:
()
T
= [(
U
P
)
T
V ] dP.
Comparando-se a expressao acima com a expressao (7.1.2.2d), teremos:
()
T
=
P
dP = [(
U
P
)
T
V ] dP
P
= (
U
P
)
T
V . (7.1.2.8b)
6. Teorema de Reech: =
C
P
C
V
. Diferenciando-se a expressao (7.1.1.1), vira:
P dV + V dP = n R dT =
P V
T
dT
dV
V
+
dP
P
=
dT
T
. (I)
Para uma transformacao isotermica (T = constante), teremos:
(
dP
dV
)
T
=
P
V
, (II)
Essa equacao diferencial representa a transformacao isotermica. Para uma transformacao
adiabatica ( = 0), as expressoes (7.1.1.1), (7.1.2.3), (7.1.2.4c) e (7.1.2.5b) nos mostram
que:
0 = dU + P dV = C
V
dT + n R T
dV
V
= C
V
dT + (C
P
C
V
) T
dV
V
dT
T
= (
C
P
C
V
C
V
)
dV
V
= ( 1)
dV
V
.
Usando-se a expressao (I), vira:
148
dV
V
+
dP
P
= ( 1)
dV
V
(
dP
dV
)
=
P
V
. (III)
Essa equacao diferencial representa a transformacao adiabatica. Dividindo-se as equacoes
(III) e (II), teremos o teorema demonstrado pelo engenheiro naval frances Ferdinand Reech
(1805-1884), em 1844, conhecido como Teorema de Reech:
=
(
dP
dV
)
(
dP
dV
)
T
. (7.1.2.9)
Esse teorema signica que e obtido pela relacao entre os coecientes angulares das trans-
formacoes adiabatica e isotermica que passam em um mesmo ponto, no diagrama (P V ).
6.1. Esse teorema resolveu uma questao que cou polemica por muito tempo, qual
seja, a do calculo da velocidade do som no ar. O fsico e matematico ingles Sir Isaac Newton
(1642-1727), em 1687, havia armado que a velocidade do som c era dada por:
c
2
= (
dP
d
)
T
, =
m
V
,
P
= P V = constante.
No entanto, durante mais de 100 anos, o valor experimental calculado para c era cerca de
15% maior que o dado pela Formula de Newton. Foi o matematico frances Pierre Simon
de Laplace (1749-1827) quem, em 1816, corrigiu esse erro ao mostrar que a propagacao do
som no ar e um processo adiabatico e nao isotermico, como considerou Newton e, portanto,
o valor de c
2
que ele encontrara deveria ser multiplicado por , ou seja:
c
2
= (
dP
d
)
= (
dP
d
)
T
.
Esse resultado concordou com a experiencia, pois para o ar,
=
1, 4 1, 18.
7.1.3 Segunda Lei da Termodinamica
Vimos anteriormente que a Primeira Lei da Termodinamica, que trata do prin-
cpio geral de conservacao de energia, reconhece o calor como uma forma de energia. Assim,
segundo essa lei, qualquer processo em que a energia seja conservada em cada instante pode
ocorrer em dois sentidos: em seq uencia temporal ou invertendo-se tal seq uencia, ou seja, o
processo seria reversvel. Contudo, a experiencia mostra que os processos observados na
escala macroscopica tendem a ocorrer num so sentido, isto e, sao processos irreversveis. As
primeiras observacoes sobre esse tipo de processo foram feitas pelo fsico frances Nicolas Sadi
Carnot (1796-1832), em 1824, ao descrever sua famosa maquina de calor. Esta maquina
descrita por Carnot e uma maquina ideal, sem atrito, que realiza um ciclo completo, de
modo que a substancia usada - vapor, gas ou outra qualquer - e levada de volta a seu estado
inicial. Esse ciclo completo, mais tarde denominado de ciclo de Carnot, e composto de
duas transformacoes isotermicas e duas adiabaticas, da seguinte maneira. Inicialmente, o
gas (ideal) encontra-se em um estado caracterizado por (P
1
, V
1
, T
1
). Ele entao e expandido
isotermicamente ate o estado (P
2
, V
2
, T
1
), ao receber a quantidade de calor (Q
1
> 0)
do exterior. Em seguida, ele e expandido adiabaticamente ate o estado (P
3
, V
3
, T
2
), sem
troca de calor com o exterior. A partir da, ele e comprimido. Primeiro, isotermicamente,
149
levando-o ao estado (P
4
, V
4
, T
2
), ocasiao em que ele fornece a quantidade de calor (Q
2
< 0)
ao exterior e, nalmente, o ciclo e completado com uma compressao adiabatica que o leva ao
estado inicial (P
1
, V
1
, T
1
), sem troca de calor. Ora, como nas transformacoes isotermicas a
energia interna e conservada, segundo as expressoes (7.1.1.1), (7.1.2.2b) e (7.1.2.4c), teremos:
Q
1
=
2
1
P
1
dV = n R T
1
2
1
dV
V
= n R T
1
n
V
2
V
1
, (IV)
Q
2
=
4
3
P
3
dV = n R T
2
4
3
dV
V
= n R T
2
n
V
4
V
3
. (V)
Como as transformacoes (2 3) e (4 1) sao adiabaticas, usando-se as expressoes
(7.1.1.1) e (II), vira:
dP
dV
=
P
V
n (P V
) = constante T V
1
= constante ,
T
1
V
1
2
= T
2
V
1
3
; T
2
V
1
4
= T
1
V
1
1
,
(
V
2
V
1
)
1
= (
V
3
V
4
)
1
V
2
V
1
=
V
3
V
4
. (V)
O rendimento de uma maquina ideal que realiza esse ciclo reversvel sera (lembrar
que Q
2
< 0):
=
Q
1
+ Q
2
Q
1
.
Assim, usando-se as expressoes (IV), (V) e (VI), teremos:
=
n R T
1
n
V
2
V
1
n R T
2
n
V
3
V
4
n R T
1
n
V
2
V
1
=
T
1
T
2
T
1
= 1
T
2
T
1
. (VII)
Por outro lado, temos:
=
Q
1
| Q
2
|
Q
1
= 1
| Q
2
|
Q
1
. (VIII)
Comparando-se as expressoes (VII) e (VIII), vira:
Q
1
T
1
+
Q
2
T
2
= 0 . (7.1.3.1)
E oportuno observar que esse rendimento identica-se com a potencia motriz do fogo
referida por Carnot, conforme pode-se concluir de suas palavras:
A potencia motriz do fogo (calor) e independente dos agentes empregados para produzi-la;
sua quantidade e determinada somente pelas temperaturas dos corpos entre os quais, no
resultado nal, ocorre a transferencia do calorico.
150
O estudo do ciclo de Carnot visto acima mostra que para uma certa quantidade
de calor ser convertida em trabalho ha necessidade de haver duas fontes: uma quente e uma
fria. Para que esse calor fosse convertido integralmente em trabalho, a fonte fria nao deveria
existir, ou seja, sua temperatura deveria ser nula. Foi isso que Kelvin armou em 1851:
E impossvel realizar um processo (cclico) cujo unico efeito seja remover calor de um
reservatorio termico e produzir uma quantidade equivalente de trabalho.
As conseq uencias imediatas desse enunciado de Kelvin sao as seguintes:
a) A geracao de calor por atrito a partir de trabalho mecanico e irre-
versvel.
b) A expansao livre de um gas e um processo irreversvel.
Um outro tipo de processo irreversvel foi estudado pelo fsico alemao Rudolf Julius
Emmanuel Clausius (1822-1888). Assim, em 1850, ele armou que:
E impossvel realizar um processo (cclico) cujo unico efeito seja transferir calor de um
corpo mais frio para um corpo mais quente.
Observe-se que, mais tarde, com o desenvolvimento da Termodinamica, mostrou-se
que os enunciados de Clausius e de Kelvin sao equivalentes e, hoje, sao traduzidos pelo
Teorema de Carnot:
a) Nenhuma maquina termica que opere entre uma dada fonte quente e uma dada fonte fria
pode ter rendimento superior ao de uma maquina de Carnot:
I
R
.
b) Todas as maquinas de Carnot que operem entre duas fontes (quente e fria) terao o
mesmo rendimento:
R
=
R
.
Em 1854, Clausius comecou a pensar que a transformacao de calor em trabalho e
a transformacao de calor em alta temperatura para calor em baixa temperatura poderiam
ser equivalentes. Em vista disso, propos que o uxo de calor de um corpo quente para um
corpo frio (com a conseq uente transformacao de calor em trabalho) deveria ser compensado
pela transformacao de trabalho em calor, de modo que o calor deveria uir do corpo frio
para o quente. Desse modo, Clausius introduziu o conceito de valor de equivalencia
de uma transformacao termica, que era medido pela relacao entre a quantidade de calor
(Q) e a temperatura (T) na qual ocorre a transformacao. Por intermedio desse conceito
fsico, Clausius pode entao fazer a distincao entre processos reversveis e irreversveis. Assim,
assumindo arbitrariamente que a transformacao de calor de um corpo quente para um frio
tenha um valor de equivalencia positivo, apresentou uma nova versao para o seu enunciado
de 1850:
A soma algebrica de todas as transformacoes ocorrendo em um processo circular somente
pode ser positiva.
151
Em 1865, Clausius propos o termo entropia (do grego, que signica transformacao),
denotando-o por S, em lugar do termo valor de equivalencia, que havia usado em 1854.
Portanto, retomando suas ideias sobre esse novo conceito fsico, considerou um ciclo qual-
quer como constitudo de uma sucessao de ciclos innitesimais de Carnot e chegou ao celebre
Teorema de Clausius. Em notacao atual, usando-se a expressao (7.1.3.1), esse teorema e
escrito na forma:
Q
1
T
1
+
Q
2
T
2
+ ... +
Q
i
T
i
+ ... =
Q
T
=
dS 0 , (7.1.3.2)
onde o sinal de menor (<) ocorre para as transformacoes irreversveis e o de igualdade (=),
para as reversveis.
Segunda Lei da Termodinamica
Ate aqui, apresentamos o desenvolvimento historico-emprico da Segunda Lei da
Termodinamica. Agora, vejamos como essa lei foi tratada formalmente, via formas dife-
renciais exteriores, gracas aos trabalhos pioneiros de Caratheodory, em 1909, referido ante-
riormente, e do fsico alemao Max Born (1882-1970; PNF, 1954), em 1921. Conforme vimos,
essa lei deriva do comportamento de um sistema termodinamico quando nao e permitida a
troca de calor. Assim, se considerarmos esse sistema em um ambiente adiabatico, onde nao
ha troca de calor () com o exterior, isso signica dizer que, nesse ambiente, o sistema segue
caminhos (funcoes contnuas e seccionalmente diferenciaveis), as chamadas curvas nulas,
denidas como segue.
Denicao 7.1.3.1. Seja uma 1 forma denida no R
n
e dada por:
= A
i
(x) dx
i
, i = 1, 2, ..., n. (7.1.3.3a)
Uma curva parametrizada ((t)) e dita uma curva nula de , se:
(t)
=
A
i
[x(t)] x
i
(t)
dt = 0 , (7.1.3.3b)
onde x
i
(t) e o vetor tangente.
Observacao
Uma curva reversvel nula para a 1forma (calor elementar) e denominada curva
adiabatica reversvel.
Exemplos
1. Encontre uma curva nula para a 1 forma = x dy + dz denida no R
3
.
Para essa forma, segundo a expressao (7.1.3.3a), teremos:
A
1
= 0; A
2
= x; A
3
= 1 .
152
Sem perda de generalidades, vamos encontrar uma curva nula para essa 1 forma, que
ligue a origem O = (0, 0, 0) ao ponto Q = (a, b, c), e que seja composta de varios
trechos retos representando curvas nulas. Inicialmente, observamos que um deslocamento
sobre o eixo dos x, ou paralelamente a ele, sera uma curva nula para , pois, como para
esse deslocamento y = z = 0 (ou constante), teremos: dy = dz = 0, logo: = 0.
Portanto, indo da origem O ao ponto A = (
c
b
, 0, 0) durante o intervalo 0 t 1, essa
curva (O A) sera uma curva nula para . Em seguida, vamos desse ponto A ao ponto
B = (
c
b
, b, c) segundo a reta:
x(t) =
c
b
, (t 1) b + (t 1) c
. (1 t 2).
Para essa curva (A B), calculemos a expressao (7.1.3.3b):
(t)
=
A
1
[x(t)] x
1
(t) + A
2
[x(t)] x
2
(t) + A
3
[x(t)] x
3
(t)
dt ,
(t)
=
0 0
c
b
b + 1 c
dt = 0 .
Esse resultado mostra que (A B) e uma curva nula para . Por m, vamos do ponto B
ao ponto Q segundo a reta:
x(t) =
c
b
+ (t 2) (a +
c
b
), b, c
. (2 t 3) .
Para essa curva (B Q), calculemos a expressao (7.1.3.3b):
(t)
=
A
1
[x(t)] x
1
(t) + A
2
[x(t)] x
2
(t) + A
3
[x(t)] x
3
(t)
dt ,
(t)
=
0 (a +
c
b
)
c
b
0 + 1 0
dt = 0 .
Esse resultado mostra que (B Q) e tambem uma curva nula para . Portanto, uma curva
nula de sera: (O Q) = (O A) + (A B) + (B Q). Esse exemplo nos mostra
que quaisquer dois pontos do R
3
podem ser ligados por intermedio de uma curva nula para
a 1 forma = x dy + dz, para a qual vale:
d = dx dy; d = (dz + x dy) dx dy = dx dy dz = 0 .
2. Se = df, sendo f uma 0 forma, o Teorema Fundamental do Calculo
nos mostra que para dois pontos A e B de uma curva nula teremos:
0 =
df =
B
A
df = f(B) f(A) f(A) = f(B) .
153
Vimos acima que existem 1 formas para as quais dois pontos do espaco no qual
elas estao denidas podem ser ligados por curvas nulas. Contudo, em 1909, Caratheodory
demonstrou o seguinte teorema:
Seja uma forma diferencial linear com a propriedade de que para qualquer ponto
arbitrario P existem pontos Q, arbitrariamente proximos de P, que nao podem ser ligados a
P por intermedio de curvas nulas de . Entao, localmente, existem funcoes f e g, tais que:
= f dg . (7.1.3.4)
Essa expressao, contudo, nao determina f e g completamente.
Esse teorema permitiu ao proprio Caratheodory, assim como, mais tarde, a Born,
apresentarem uma formulacao axiomatica da Termodinamica, considerando-se os enunciados
de Clausius e de Kelvin sobre a segunda lei dessa parte da Fsica. Por exemplo, segundo
esses enunciados, ha certos tipos de trabalho realizados sobre um sistema termodinamico
isolado adiabaticamente, tal como um violento movimento, que nao pode ser recuperado por
intermedio de uma transformacao adiabatica reversvel. Essa armacao signica que essa
situacao pode ocorrer em pontos proximos do estado de equilbrio, que e, exatamente, a
situacao descrita pelo Teorema de Caratheodory. Ou seja, existem estados termodinamicos
vizinhos que nao podem ser ligados por uma curva adiabatica reversvel nula.
Por outro lado, segundo vimos anteriormente, usando o conceito de entropia S,
Clausius havia mostrado que a variacao lquida de S em torno de qualquer ciclo e zero.
Como ele deniu S como a relacao entre a troca de calor (Q) e a temperatura absoluta
(T) numa transformacao isotermica (vide expressao (7.1.3.2)), Caratheodory identicou f
com T, a temperatura absoluta (variavel intensiva), que e sempre positiva, e g com S
(variavel extensiva), que e determinada a menos de uma constante. Assim, na formulacao
de Caratheodory-Born, a Segunda Lei da Termodinamica tem o seguinte enunciado:
Na vizinhanca de qualquer estado de equilbrio de um sistema existem estados de equilbrio
proximos que nao podem ser ligados por curvas adiabaticas reversveis nulas da
1 forma - calor elementar:
= T dS . (7.1.3.5)
Observacoes
1. Funcoes (Potenciais) Termodinamicas. O uso combinado das Primeira e
Segunda Leis da Termodinamica, dadas pelas expressoes (7.1.2.4c) e (7.1.3.5), isto e:
T dS = P dV + dU , (7.1.3.6)
permite estudar as transformacoes do estado de um sistema termodinamico como funcao de
duas variaveis independentes, por intermedio das chamadas Funcoes (Potenciais) Ter-
modinamicas: U, H, F, G.
154
1.1. Variaveis Volume (V ) e Entropia (S): Energia Interna - U. Usando-se a
expressao (7.1.3.6) e considerando-se que U = U(V, S) , teremos:
dU = P dV + T dS = (
U
V
)
S
dV + (
U
S
)
V
dS
P = (
U
V
)
S
; T = (
U
S
)
V
. (7.1.3.7a,b)
1.2. Variaveis Pressao (P) e Entropia (S): Entalpia - H. Diferenciando-se a
expressao (7.1.2.7a) e usando-se a expressao (7.1.3.6), teremos:
dH = dU + d(P V ) = dU + P dV + V dP
dH = V dP + T dS . (7.1.3.8a)
Considerando-se H = H(P, S), vira:
dH = (
H
P
)
S
dP + (
H
S
)
P
dS
V = (
H
P
)
S
; T = (
H
S
)
P
. (7.1.3.8b,c)
1.3. Variaveis Volume (V ) e Temperatura (T): Energia Livre (Funcao de
Helmholtz) - F. Em 1877, o fsico e siologista alemao Hermann Ludwig von Helmholtz
(1821-1894) desenvolveu o conceito de energia livre F, denida por:
F = U T S . (7.1.3.9a)
Diferenciando-se a expressao acima, usando-se a expressao (7.1.3.6) e considerando-se que
F = F(V, T), resultara:
dF = dU d(T S) = dU T dS S dT = P dV S dT =
= (
F
V
)
T
dV + (
F
T
)
V
dT
P = (
F
V
)
T
; S = (
F
T
)
V
. (7.1.3.9b,c)
1.4. Variaveis Pressao (P) e Temperatura (T): Entalpia Livre (Funcao de
Gibbs) - G. Em 1875, Gibbs desenvolveu o conceito de entalpia livre G, denida por:
G = H T S . (7.1.3.10a)
Diferenciando-se a expressao acima, usando-se as expressoes (7.1.3.6) e (7.1.3.8a), e conside-
rando-se que G = G(P, T), teremos:
155
dG = dH d(T S) = dH T dS S dT = V dP S dT = (
G
P
)
T
dP + (
G
T
)
P
dT
V = (
G
P
)
T
; S = (
G
T
)
P
. (7.1.3.10b,c)
2. Relacoes de Maxwell. Em 1870, o fsico e matematico escoces James Clerk
Maxwell (1831-1879) deduziu relacoes entre as variaveis termodinamicas (P, V, T, S) e suas
derivadas parciais. Vejamos algumas dessas relacoes. Vamos partir da expressao (7.1.3.6) e
calcular a sua diferenciacao exterior. Considerando-se o Lema de Poincare [ver expressao
(4.1.2.1c)] (dd = 0), teremos:
d(T dS) = d(P dV ) + d(dU) dT dS = dP dV . (7.1.3.11)
Supondo-se S = S(P, T) e V = V (P, T), a expressao (7.1.3.11) cara:
dT [(
S
P
)
T
dP + (
S
T
)
P
dT] = dP [(
V
P
)
T
dP + (
V
T
)
P
dT]
(
S
P
)
T
dT dP = (
V
T
)
P
dP dT [(
S
P
)
T
+ (
V
T
)
P
] dP dT = 0
(
S
P
)
T
= (
V
T
)
P
, (7.1.3.12a)
que representa uma Relacao de Maxwell.
Agora, considerando-se S = S(T, V ) e P = P(T, V ), a expressao (7.1.3.11)
cara:
dT [(
S
T
)
V
dT + (
S
V
)
T
dV ] = [(
P
T
)
V
dT + (
P
V
)
T
dV ] dV
(
S
V
)
T
dT dV = (
P
T
)
V
dT dV [(
S
V
)
T
(
P
T
)
V
] dT dV = 0
(
S
V
)
T
= (
P
T
)
V
, (7.1.3.12b)
que representa uma outra Relacao de Maxwell.
Agora, considerando-se T = T(P, S) e V = V (P, S), a expressao (7.1.3.11) cara:
[(
T
P
)
S
dP + (
T
S
)
P
dS] dS = dP [(
V
P
)
S
dP + (
V
S
)
P
dS]
(
T
P
)
S
dP dS = (
V
S
)
P
dP dS [(
T
P
)
S
(
V
S
)
P
] dP dS = 0
(
T
P
)
S
= (
V
S
)
P
, (7.1.3.12c)
156
que representa, tambem, uma outra Relacao de Maxwell.
2
V
T
2
)
P
= T (
T
)
P
(
V
T
)
P
. (7.1.4.2c)
Agora, usando-se as expressoes (7.1.3.12a), (7.1.4.1) e (7.1.4b,c), teremos:
V = (
V
T
)
P
= (
S
P
)
T
= (
P
)
T
T
o
C
P
dT
T
=
T
o
(
C
P
P
)
T
dT
T
=
=
T
o
(
T
)
P
(
V
T
)
P
dT V = [ (
V
T
)
P
]
T
[ (
V
T
)
P
]
T = 0
. (7.1.4.3)
A expressao (7.1.4.3) nos mostra que:
0, se T 0 .
Captulo 8
8.1 Eletrodinamica
8.1.1 Introducao
No nal do Seculo 19, dois formalismos matematicos se rivalizavam: a Teoria dos
Quaternios apresentada pelo matematico irlandes William Rowan Hamilton (1805-1865)
em seu celebre livro intitulado Lectures on Quaternions, publicado em 1853, e difundido
pelo fsico e matematico ingles Peter Guthrie Tait (1831-1901), em seu livro Elementary
Treatise on Quaternions, publicado em 1867; e a Analise Vetorial, apresentada, inde-
pendentemente, pelo fsico e qumico norte-americano Josiah Williard Gibbs (1839-1903) em
seu Elements of Vector Analysis, publicado em 1881, e pelo fsico e engenheiro eletricista
ingles Oliver Heaviside (1850-1925) que a usou em seu livro Electromagnetic Theory, cuja
primeira edicao ocorreu em 1893. Registre-se que Gibbs foi inuenciado pelo livro publicado,
em 1844, pelo matematico alemao Hermann G unter Grassmann (1809-1877), que tem como
ttulo Die Lineale Ausdehnungslehre - Ein neuer Zweig der Mathematik (A Teoria
de Extensao Linear - Um novo Ramo da Matematica). Esse livro pode ser considerado o
precursor do Calculo Vetorial ja que, as duas operacoes (produto interno e produto
externo) que ele dene nesse livro para tratar dos hipern umeros - uma generalizac o dos
n umeros complexos -, sao hoje conhecidos como o produto escalar e o produto vetorial
entre vetores.
A Teoria Eletromagnetica, tema deste Captulo, foi desenvolvida pelo fsico e mate-
matico escoces James Clerk Maxwell (1831-1879) em seu livro intitulado A Treatise on
Electricity and Magnetism, publicado pela primeira vez em 1873. Em seu desenvolvi-
mento, Maxwell usou os quaternios Hamiltonianos, e suas celebres equacoes, com as quais
sintetizou todo o conhecimento teorico e experimental sobre os fenomenos eletromagneticos,
foram apresentadas em 8 equacoes envolvendo derivadas parciais. Conforme podemos ver
no livro citado acima, porem, com as notacoes atuais, tais equacoes tem as seguintes repre-
sentacoes (validas para o vacuo):
B
x
/x + B
y
/y + B
z
/z = 0 , (8.1.1.1)
E
z
/y E
y
/z = B
x
/t , (8.1.1.2)
E
x
/z E
z
/x = B
y
/t , (8.1.1.3)
E
y
/x E
x
/y = B
z
/t , (8.1.1.4)
E
x
/x + E
y
/y + E
z
/z = , (8.1.1.5)
B
z
/y B
y
/z = E
x
/t + J
x
, (8.1.1.6)
160
B
x
/z B
z
/x = E
y
/t + J
y
, (8.1.1.7)
B
y
/x B
x
/y = E
z
/t + J
z
, (8.1.1.8)
onde E
x
, E
y
e E
z
, B
x
, B
y
e B
z
representam, respecticamente, os componentes cartesianos
dos campos eletrico e magnetico, e a densidade de carga eletrica, e J
x
, J
y
e J
z
, sao os
componentes cartesianos do vetor densidade de corrente eletrica.
As oito equacoes de Maxwell vistas acima, foram reduzidas para quatro por Heavi-
side, no livro referido acima e, para isso, ele usou a notacao do Calculo Vetorial (Kline, 1972),
e que, na notacao atual, apresentam o seguinte aspecto (ver os livros de Eletrodinamica
citados na Bibliograa - Parte 2):
.
B = 0 ,
E + (1/c)
B/t = 0 , (8.1.1.9,10)
.
E = 4 ,
B = (1/c)
E/t + (4 /c)
J . (8.1.1.11,12)
Comparando-se as expressoes (8.1.1.1-8) e (8.1.1.9-12), ve-se as seguintes corres-
pondencias: (8.1.1.1) (8.1.1.9), (8.1.1.2-4) (8.1.1.10), (8.1.1.5) (8.1.1.11) e, por m,
(8.1.1.6-8) (8.1.1.12).
Na decada nal do Seculo 19 e no comeco do Seculo 20, um novo formalismo
matematico foi desenvolvido pelo matematico italiano Gregorio Ricci-Curbestro (1853-1925),
em 1892 (Bulletin des Sciences Mathematiques 16, p. 167), e pelo proprio Ricci e seu famoso
discpulo italiano Tullio Levi-Civita (1873-1941), em 1901 (Mathematische Annalen 64,
p. 125), conhecido inicialmente como Calculo Diferencial Absoluto. Contudo, com o de-
senvolvimento da Teoria da Relatividade Geral por parte do fsico germano-norte-americano
Albert Einstein (1879-1955; PNF, 1921), em 1916 (Grundlage der Allgemeinen Rela-
tivitatstheorie), esse novo tipo de Calculo passou a ser denominado de Calculo Tensorial,
nome dado pelo proprio Einstein (Kline, op. cit.), uma vez que envolvia os entes matematicos
conhecidos como tensores, termo cunhado pelo fsico alemao Woldemar Voigt (1950-1919),
em 1898, em conexao com a elasticidade dos cristais (Whittaker, 1953).
Neste Captulo, veremos que o Calculo Tensorial permite escrever as Equacoes
de Maxwell por intermedio de apenas duas expressoes:
= 0 , (8.1.1.13)
= j
, (8.1.1.14)
onde F
E + I
B) = 4 [ (1/c)
J] , (8.1.1.15)
onde I e um pseudo-escalar, tal que I
2
= 1, e
= + (1/c) /t e o multive-
tor gradiente generalizado. Registre-se que, em Ferreira, op. cit., pode-se ver como a
expressao (8.1.1.15) contem as expressoes (8.1.1.9-12).
8.1.2 Formas Diferenciais da Eletromagnetostatica
Denicao 8.1.2.1. A Intensidade do Campo Eletrico E e uma 1 forma
diferencial linear:
E = E
x
(x, y, z) dx + E
y
(x, y, z) dy + E
z
(x, y, z) dz , (8.1.2.1a)
tal que:
=
E =
E
x
(x, y, z) dx + E
y
(x, y, z) dy + E
z
(x, y, z) dz , (8.1.2.1b)
onde e uma curva denida por:
: [a, b] R R
3
: t [a, b] r = (t) . (8.1.2.1c)
Observacoes
1. Na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao (8.1.2.1a) representa o Vetor
Campo Eletrico
E:
E(r) = E
x
x + E
y
y + E
z
z = E
x
x
+ E
y
y
+ E
z
z
, (8.1.2.1d)
e e interpretado como a forca que atua uma carga eletrica unitaria (q = 1), colocada em
repouso no ponto r.
2. Ainda na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao (8.1.2.1b) signica a cir-
culacao de
E ao longo de e representa o trabalho realizado por
E sobre a carga
unitaria, ao longo de :
162
=
E = E | =
E . dr . (8.1.2.1e)
3. Experimentalmente observou-se que:
E = 0 .
Usando-se o Teorema de Stokes Generalizado [ver expressao (5.1.2.1)], teremos:
D
dE =
E = 0 dE = 0 . (8.1.2.1f)
Usando-se o Lema de Poincare [ver expressao (4.1.2.1c)] (dd = 0), a expressao (8.1.2.1f)
permite escrever que:
E = dV , (8.1.2.1g)
onde V e uma 0forma denominada potencial eletrico. Na linguagem do Calculo Vetorial,
a expressao (8.1.2.1g) e escrita como:
E = V . (8.1.2.1h)
E oportuno destacar que o sinal menos () deriva da Lei de Coulomb, formulada ex-
perimentalmente pelo fsico frances Charles Augustin Coulomb (1736-1806), em 1785. Por
exemplo, no vacuo, o campo eletrico
E e o respectivo potencial eletrico V , a uma distancia
r, criado por uma carga eletrica q colocada na origem de um sistema de eixos ortogonais,
sao dados, respectivamente, por:
E =
q
4
o
r
r
2
; V =
q
4
o
1
r
. (8.1.2.1i,j)
3.1. Calculando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] na express ao (8.1.2.1f),
teremos:
dE = 0 . (8.1.2.1k)
Usando-se a linguagem do Calculo Vetorial, a expressao acima e escrita na forma:
E = 0 . (8.1.2.1)
4. O uso de E como uma 1 forma representando a circulacao
E . dr mostra que
ela pode ser escrita da mesma maneira em qualquer sistema de coordenadas. Por exemplo,
em coordenadas esfericas (r, , ), teremos:
E = E
r
(r, , ) dr + E
(r, , ) d + E
(r, , ) d .
163
Registre-se, contudo, que a tripla (dr, d, d) nao forma uma base ortonormada, como
ocorre com a tripla (dx, dy, dz). E mais ainda, que a circulacao
E
| sera calculada
simplesmente por uma transformacao de coordenadas (pullback).
Denicao 8.1.2.2. A Densidade de Corrente Eletrica J e uma 2 forma
diferencial linear:
J = J
x
(x, y, z) dy dz + J
y
(x, y, z) dz dx + J
z
(x, y, z) dx dy , (8.1.2.2a)
tal que:
I =
S
J = J | S =
=
S
J
x
(x, y, z) dy dz + J
y
(x, y, z) dz dx + J
z
(x, y, z) dx dy , (8.1.2.2b)
onde S e uma superfcie denida por:
S : [u, v] R
2
R
3
(a u b; c v d) . (8.1.2.2c)
Observacoes
1. Aplicando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] na expressao (8.1.2.2a), tere-
mos:
J = [J
x
dy dz + J
y
dz dx + J
z
dx dy] =
= J
x
(dy dz) + J
y
(dz dx) + J
z
(dx dy)
J = J
x
dx + J
y
dy + J
z
dz . (8.1.2.2d)
Na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao (8.1.2.2d) representa o Vetor Densidade
de Corrente Eletrica
J:
J = J = J
x
x + J
y
y + J
z
z = J
x
x
+ J
y
y
+ J
z
z
. (8.1.2.2e)
2. Ainda na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao (8.1.2.2b) signica o uxo
de
J atraves de uma superfcie S e representa a corrente eletrica I em um circuito eletrico:
I =
S
J = J | S =
S
J . n dS . (8.1.2.2f)
3. No estudo dos condutores, o fsico alemao Georg Simon Ohm (1787-1854), em
1825, observou experimentalmente que:
164
J =
E , (8.1.2.2g)
onde e a condutividade eletrica do condutor, que e, via de regra, um tensor de ordem
2. Contudo, se o condutor for homogeneo e isotropico, entao = constante.
3.1. Aplicando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] na expressao (8.1.2.1a),
teremos:
E = [E
x
dx + E
y
dy + E
z
dz] ,
E = E
x
dy dz + E
y
dz dx + E
z
dx dy . (8.1.2.2h)
Assim, para os condutores homogeneos e isotropicos, as expressoes (8.1.2.2a,h) per-
mitem escrever a express ao (8.1.2.2g), em termos de formas diferenciais, da seguinte maneira:
J = E , (8.1.2.2i)
onde e a 0 forma correspondente `a condutividade eletrica .
Denicao 8.1.2.3. A Densidade de Carga Eletrica Q e uma 3 forma dife-
rencial linear:
Q = dx dy dz , (8.1.2.3a)
tal que:
q =
V
Q = Q | V =
V
dx dy dz . (8.1.2.3b)
Observacoes
1. Aplicando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] na expressao (8.1.2.3a), tere-
mos:
Q = (dx dy dz) Q = . (8.1.2.3c)
2. Na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao (8.1.2.3b) e dada por:
q =
V
dV , (8.1.2.3d)
e q representa a carga eletrica no interior do volume.
Denicao 8.1.2.4. O Deslocamento Dieletrico D e uma 2 forma diferencial
linear:
D = D
x
(x, y, z) dy dz + D
y
(x, y, z) dz dx + D
z
(x, y, z) dx dy , (8.1.2.4a)
165
tal que:
S
D =
V
Q D | S = Q | V . (8.1.2.4b)
Observacoes
1. Aplicando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] na expressao (8.1.2.4a), tere-
mos:
D = [D
x
dy dz + D
y
dz dx + D
z
dx dy] =
= D
x
(dy dz) + D
y
(dz dx) + D
z
(dx dy)
D = D
x
dx + D
y
dy + D
z
dz . (8.1.2.4c)
Na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao (8.1.2.4c) representa o Vetor Deslocamento
(Inducao) Eletrico
D:
D = D = D
x
x + D
y
y + D
z
z = D
x
x
+ D
y
y
+ D
z
z
. (8.1.2.4d)
2. Aplicando-se o Teorema de Stokes Generalizado [ver expressao (5.1.2.1)] ao
primeiro membro da expressao (8.1.2.4b), vira:
S
D =
V
dD =
V
Q dD = Q . (8.1.2.4e)
Calculando-se a diferenciacao exterior [ver Denicao (4.1.1.1)]da expressao (8.1.2.4a), vira:
dD = d
D
x
(x, y, z) dy dz + D
y
(x, y, z) dz dx + D
z
(x, y, z) dx dy
dD =
D
x
x
+
D
y
y
+
D
z
z
dx dy dz .
Usando-se as expressoes (8.1.2.3a) e (8.1.2.4e), teremos:
dD =
D
x
x
+
D
y
y
+
D
z
z
dx dy dz = dx dy dz .
Calculando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] na expressao acima e considerando que
(dx dy dz) = 1 , vira:
dD =
D
x
x
+
D
y
y
+
D
z
z
D =
E , (8.1.2.4h)
onde e a permitividade eletrica do dieletrico, que e, via de regra, um tensor de ordem
2. Contudo, se o dieletrico for homogeneo e isotropico, entao = constante.
3.1. Para os dieletricos homogeneos e isotropicos, as expressoes (8.1.2.2h) e (8.1.2.4a)
permitem escrever a expressao (8.1.2.4h), em termos de formas diferenciais, da seguinte
maneira:
D = E , (8.1.2.4i)
onde e a 0 forma correspondente `a permitividade eletrica .
4. Aplicando-se o operador () [ver Denicao (3.1.4.1)] `a expressao (8.1.2.1g) e
usando-se a expressao (8.1.2.4i), teremos:
E = dV
D
= dV .
Diferenciando-se a expressao acima e usando-se a expressao (8.1.2.4e). vir a:
1
dD = d dV
Q
= d dV .
Aplicando-se o operador () [ver Denicao (3.1.4.1)] `a expressao acima e usando-se a ex-
pressao (8.1.2.3c), resultara:
Q
= d dV d dV =
.
Na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao acima traduz a Equacao de Poisson, que
foi apresentada pelo matematico frances Simeon Denis Poisson (1781-1840), em 1813:
V =
. (8.1.2.4j)
167
Denicao 8.1.2.5. A Intensidade do Campo Magnetico H e uma 1 forma
diferencial linear:
H = H
x
(x, y, z) dx + H
y
(x, y, z) dy + H
z
(x, y, z) dz , (8.1.2.5a)
tal que:
I =
H =
H
x
(x, y, z) dx + H
y
(x, y, z) dy + H
z
(x, y, z) dz , (8.1.2.5b)
onde e I foram denidos, respectivamente, pelas expressoes (8.1.2.1c) e (8.1.2.2b).
Observacoes
1. Na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao (8.1.2.5a) dene o Vetor Campo
Magnetico
H:
H(r) = H
x
x + H
y
y + H
z
z = H
x
x
+ H
y
y
+ H
z
z
. (8.1.2.5c)
2. Ainda na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao (8.1.2.5b) signica a cir-
culacao de
H ao longo de e representa a Intensidade de Corrente I que circula atraves
de uma superfcie S limitada por :
I =
H = H | =
H . dr . (8.1.2.5d)
A expressao acima decorre de uma observacao experimental feita, em 1820, independente-
mente, pelos fsicos, o dinamarques Hans Christiaan Oersted (1777-1851) e o frances Andre
Marie Ampere (1775-1836). Com efeito, eles observaram que o campo magnetico
H e criado
toda vez que uma corrente I circula em um condutor.
3. Usando-se a expressao (8.1.2.2b) e o Teorema de Stokes Generalizado [ver
expressao (5.1.2.1)] na expressao (8.1.2.5b), vira:
H =
S
dH =
S
J dH = J . (8.1.2.5e)
3.1. Aplicando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] `a expressao acima, resultara:
dH = J . (8.1.2.5f)
Usando-se a linguagem do Calculo Vetorial e a expressao (8.1.2.2e), a expressao acima traduz
a Equacao de Amp`ere (1820):
H =
J . (8.1.2.5g)
Denicao 8.1.2.6. A Inducao Magnetica B e uma 2 forma diferencial linear:
168
B = B
x
(x, y, z) dy dz + B
y
(x, y, z) dz dx + B
z
(x, y, z) dx dy , (8.1.2.6a)
tal que:
0 =
S
B = B | S =
=
S
B
x
(x, y, z) dy dz + B
y
(x, y, z) dz dx + B
z
(x, y, z) dx dy , (8.1.2.6b)
onde S foi denido pela expressao (8.1.2.2c).
Observacoes
1. Aplicando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] `a expressao (8.1.2.6a), tere-
mos:
B = [B
x
dy dz + B
y
dz dx + B
z
dx dy] =
= B
x
dx + B
y
dy + B
z
dz . (8.1.2.6c)
Na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao (8.1.2.6c) representa o Vetor Inducao
Magnetica
B:
B = B = B
x
x + B
y
y + B
z
z = B
x
x
+ B
y
y
+ B
z
z
. (8.1.2.6d)
2. Ainda na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao (8.1.2.6b) mostra que o uxo
de
B atraves de uma superfcie S que limita um determinado volume V e nulo:
S
B = B | S =
S
B . n dS = 0 . (8.1.2.6e)
A expressao acima signica que as linhas de forca de
B sao fechadas, conforme observaram,
o erudito frances Petrus Peregrinus de Maricourt [c.1240-c.1270(1290)], em 1269, e o fsico
ingles Michael Faraday (1791-1862), em 1832.
3. Aplicando-se o Teorema de Stokes Generalizado [ver expressao (5.1.2.1)] `a
expressao (8.1.2.6e), vira:
S
B =
V
dB = 0 dB = 0 . (8.1.2.6f)
Calculando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] na expressao acima e considerando-se
que
2
= = 1 (no R
3
) e que 0 = 0, teremos:
d () B = (d) (B) = 0 .
Usando-se a linguagem do Calculo Vetorial e a expressao (8.1.2.6d), a expressao acima traduz
a Segunda Equacao de Maxwell (1873), para meios materiais:
169
.
B = 0 . (8.1.2.6g)
4. Usando-se o Lema de Poincare [ver expressao (4.1.2.1c)] (dd = 0), a expressao
(8.1.2.6f) permite escrever que:
B = dA , (8.1.2.6h)
onde A e uma 1 forma denominada Potencial Vetor denida por:
A = A
x
(x, y, z) dx + A
y
(x, y, z) dy + A
z
(x, y, z) dz , (8.1.2.6i)
introduzido por Maxwell, em 1865. Na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao (8.1.2.6i)
representa o Potencial Vetor
A:
A = A
x
x + A
y
y + A
z
z = A
x
x
+ A
y
y
+ A
z
z
. (8.1.2.6j)
4.1. Aplicando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] `a expressao (8.1.2.6h), tere-
mos:
B = dA . (8.1.2.6k)
Usando-se a linguagem do Calculo Vetorial e as expressoes (8.1.2.6d,j), a expressao acima e
escrita na forma:
B =
A . (8.1.2.6)
4.2. Em virtude do Lema de Poincare [ver expressao (4.1.2.1c)] (dd = 0), para
qualquer funcao , a expressao (conhecida como transformacao gauge):
A
= A + d , (8.1.2.6m)
satisfaz a expressao (8.1.2.6h), pois:
B = d(A
+ d) = dA
+ dd = dA
. (8.1.2.6n)
4.3. Desde que Maxwell apresentou o potencial vetor
A, em 1865, este foi considerado
apenas como um artifcio matematico, sem interpretacao fsica. Contudo, em 1959, os fsicos,
o israelense Yaki Aharonov (1932- ) e o norte-americano David Joseph Bohm (1917-1992),
apresentaram uma interpretacao fsica daquele vetor atraves da Eletrodinamica Quantica,
hoje conhecida como o efeito Aharonov-Bohm.
5. No estudo dos materiais magneticos, observou-se experimentalmente que:
B =
H , (8.1.2.6o)
170
onde e a permitividade magnetica do material magnetico, que e, via de regra, um tensor
de ordem 2. Contudo, se esse material for homogeneo e isotropico, entao = constante.
5.1. Aplicando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] `a expressao (8.1.2.5a), tere-
mos:
H = [H
x
dx + H
y
dy + H
z
dz] ,
H = H
x
dy dz + H
y
dz dx + H
z
dx dy . (8.1.2.6p)
Para os materiais magneticos homogeneos e isotropicos, as expressoes (8.1.2.6a,p)
permitem escrever a expressao (8.1.2.6o), em termos de formas diferenciais, da seguinte
maneira:
B = H , (8.1.2.6q)
onde e a 0 forma correspondente `a permitividade magnetica .
6. Aplicando-se o operador de Laplace-Beltrami (ver Captulo 4) `a 1forma A
e considerando-se que ()
2
= 1 (no R
3
), teremos:
LB
A = (d + d) A = [d()( d ) A + (d) (d A)] .
Usando-se as expressoes (8.1.2.5d) e (8.1.2.6k,q), vira:
LB
A = d ( d ) A (d) ( B) = d ( d ) A (d) ( H)
LB
A = d ( d ) A ( dH) = d ( d ) A J .
Considerando-se o gauge de Coulomb:
( d ) A = 0, ( .
A = 0) (8.1.2.6r,s)
LB
A = J . (8.1.2.6t)
Na linguagem do Calculo Vetorial, teremos:
A =
J . (8.1.2.6u)
7. Aplicando-se a divergencia `a expressao (8.1.2.6m) e usando-se o gauge de
Coulomb - d ) A
= ( d ) A = 0 - resultara:
( d ) A
= ( d ) A + ( d ) d ( d d) = 0 . (8.1.2.6v)
171
Na linguagem do Calculo Vetorial, vira:
= 0 . (8.1.2.6x)
8.1.3 Formas Diferenciais da Eletrodinamica
Denicao 8.1.3.1. O Campo-Forca Eletromagnetico F e uma 2 forma dife-
rencial linear:
F = B + E dt , (8.1.3.1a)
tal que:
C
F =
C
(B + E dt) = 0 , (8.1.3.1b)
onde:
B = B
x
(x, y, z, t)dydz + B
y
(x, y, z, t)dzdx + B
z
(x, y, z, t)dxdy , (8.1.3.1c)
E = E
x
(x, y, z, t) dx + E
y
(x, y, z, t) dy + E
z
(x, y, z, t) dz , (8.1.3.1d)
e C e a fronteira de um cilindro tridimensional C gerado pelo deslocamento de uma su-
perfcie cilndrica bidimensional S entre dois instantes de tempo (t [a, b]).
Observacoes
1. Usando-se o Teorema de Stokes Generalizado [ver expressao (5.1.2.1)] na
expressao (8.1.3.1b), teremos:
C
F =
C
dF = 0 dF = d(B + E dt) = 0 . (8.1.3.1e)
Usando-se a expressao (4.1.2.1b) e considerando-se que B(x, y, z, t), a expressao (8.1.3.1e)
cara:
(dB +
B dt + dE dt E ddt) = [dB + (
B + dE) dt] = 0 , (8.1.3.1f)
onde o operador d signica uma diferencial com relacao `as variaveis espaciais (x, y, z) e
B e
obtido da forma B substituindo-se seus coecientes por suas derivadas em relacao `a variavel
t, isto e:
B =
B
t
=
B
x
t
dy dz +
B
y
t
dz dx +
B
z
t
dx dy . (8.1.3.1g)
2. Partindo-se da expressao (8.1.3.1f), podemos escrever que:
dB = 0 , (8.1.3.1h)
172
dE +
t
B = dE +
B = 0 . (8.1.3.1i)
Considerando-se que
2
= = 1 (no R
3
), 0 = 0 e
t
=
t
, as expressoes
(8.1.3.1h,i) tomam os seguintes aspectos:
d () B = (d) (B) = 0 , (8.1.3.1j)
dE +
t
(B) = 0 . (8.1.3.1k)
Na linguagem do Calculo Vetorial, as expressoes acima traduzem, respectivamente, a Se-
gunda Equacao de Maxwell (1873), para meios materiais (conforme vimos acima):
.
B = 0 , (8.1.3.1)
e a Terceira Equacao de Maxwell (1873):
E +
B
t
= 0 . (8.1.3.1m)
3. Integrando-se a expressao (8.1.3.1i) atraves de uma superfcie S cuja fronteira
vale S = C, usando-se o Teorema de Stokes Generalizado [ver expressao (5.1.2.1)],
teremos:
S
dE +
S
B = 0
S
dE +
S
t
B = 0 . (8.1.3.1n)
3.1. Considerando-se S xa, a expressao acima cara:
C
E +
t
S
B = 0 . (8.1.3.1o)
Usando-se as expressoes (8.1.3.1c,d), vira:
C
(E
x
dx + E
y
dy + E
z
dz) +
t
S
(B
x
dydz + B
y
dzdx + B
z
dxdy) = 0 . (8.1.3.1p)
Na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao acima traduz a celebre Lei de Faraday
(1831):
E . d
=
d
dt
B . d
S . (8.1.3.1q)
3.2. Considerando-se que a superfcie S se move com uma velocidade
V , e usando-se
as expressoes (5.1.4.3b) e (8.1.3.1i), teremos:
S
B =
S
t
B +
S
i
V
dB +
C
i
V
B =
S
t
B +
C
i
V
B
173
S
t
B =
t
S
B
C
i
V
B .
Levando-se a expressao acima na expressao (8.1.3.1n), resultara:
C
E +
t
S
B
C
i
V
B = 0
S
B +
C
(E i
V
B) = 0 . (8.1.3.1r)
Usando-se a expressao (5.1.3.3a) e a notacao do Calculo Vetorial, a expressao acima repre-
senta a Lei da Inducao de Faraday para um Circuito Movel:
C
(
E
V
B). d
=
d
dt
B . d
S . (8.1.3.1s)
3.3. Chamando-se:
=
E
V
B, (8.1.3.1t)
a expressao (8.1.3.1s) tomara a seguinte forma:
. d
=
d
dt
B . d
S ,
que representa a Lei de Faraday para um Circuito Fixo, e o campo eletrico
E
e relativo
ao sistema de laboratorio. Por outro lado, da expressao (8.1.3.1t), podemos escrever:
E =
E
+
V
B . (8.1.3.1u)
A expressao acima nos mostra que quando um circuito esta em movimento, o campo eletrico
no laboratorio (
) e transformado para (
F
em
= q
E = q (
+
V
B
) , (8.1.3.1v)
onde () indica o sistema de laboratorio.
4. Usando-se o Lema de Poincare [ver expressao (4.1.2.1c)] (dd = 0), a expressao
(8.1.3.1d) permite escrever que:
F = d , (8.1.3.1v)
com dado por:
174
= A V dt , (8.1.3.1x)
onde A e a 1forma denida pela expressao (8.1.2.6i) (Potencial Vetor) e V e a 0forma
denida pela expressao (8.1.2.1g) (Potencial Eletrico). As expressoes acima e mais a
expressao (8.1.3.1a) nos mostram que:
F = d = d(A V dt) = dA + (dV +
A)dt = B + Edt
B = dA, E = dV +
A . (8.1.3.1y,w)
Na linguagem do Calculo Vetorial, as expressoes acima sao escritas da seguinte forma:
B =
A ,
E = V
A
t
. (8.1.3.1z,z)
Registre-se que a troca de sinal da 1 forma A para o vetor
A mostrada acima, decorre
do fato de que essas equacoes sao escritas na linguagem nao-relativista. [Lembrar (ver
Captulo 1) que a assinatura s da metrica quadridimensional (x, y, z, t) relativista vale:
s = 3 1 = 2 .]
Denicao 8.1.3.2. O Campo-Fonte Eletromagnetico G e uma 2 forma dife-
rencial linear:
G = D H dt , (8.1.3.2a)
tal que:
C
G =
C
(D H dt) =
C
j , (8.1.3.2b)
onde:
D = D
x
(x, y, z, t)dydz + D
y
(x, y, z, t)dzdx + D
z
(x, y, z, t)dxdy , (8.1.3.2c)
H = H
x
(x, y, z, t) dx + H
y
(x, y, z, t) dy + H
z
(x, y, z, t) dz , (8.1.3.2d)
j = Q J dt , (8.1.3.2e)
Q = (x, y, z, t) dx dy dz , (8.1.3.2f)
J = J
x
(x, y, z, t)dydz + J
y
(x, y, z, t)dzdx + J
z
(x, y, z, t)dxdy , (8.1.3.2g)
e C e C foram denidos anteriormente.
Observacoes
1. Usando-se o Teorema de Stokes Generalizado [ver expressao (5.1.2.1)] e a
expressao (8.1.3.2e), a expressao (8.1.3.2b) sera escrita na forma:
175
C
G =
C
dG =
C
d(D H dt) =
C
j =
C
(Q J dt)
dG = j d(D H dt) = Q J dt . (8.1.3.2h)
Usando-se as expressoes (4.1.2.1b), (8.1.3.2f) e considerando-se que D(x, y, z, t), a ex-
pressao (8.1.3.2h) cara:
[dD + (
D dH) dt] = Q J dt , (8.1.3.2i)
onde o operador d signica uma diferencial com relacao `as variaveis espaciais (x, y, z) e
D e
obtido da forma D substituindo-se seus coecientes por suas derivadas em relacao `a variavel
t, isto e:
D =
D
t
=
D
x
t
dy dz +
D
y
t
dz dx +
D
z
t
dx dy . (8.1.3.2j)
2. Partindo-se da expressao (8.1.3.2i), podemos escrever que:
dD = Q , (8.1.3.2k)
dH
t
D = dH
D = J . (8.1.3.2)
Calculando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] nas expressoes acima e considerando-se
que
2
= = 1 (no R
3
) e
t
=
t
, teremos:
d () D = (d) (D) = Q , (8.1.3.2m)
dH
t
(D) = J . (8.1.3.2n)
Na linguagem do Calculo Vetorial, as expressoes acima traduzem, respectivamente, a Pri-
meira Equacao de Maxwell (1873) (conforme vimos acima):
.
D = , (8.1.3.2o)
e a Quarta Equacao de Maxwell (1873), para meios materiais:
H
D
t
=
J . (8.1.3.2p)
3. Usando-se o Lema de Poincare [ver expressao (4.1.2.1c)] (dd = 0), a expressao
(8.1.3.2h) permite escrever que:
ddG = dj = d(Q J dt) = 0 .
176
Usando-se a expressao (4.1.2.1b) e considerando-se que Q = Q (x, y, z, t), a expressao
acima cara:
d(Q J dt) = dQ + (
Q dJ) dt = 0 , (8.1.3.2q)
onde o operador d, no segundo membro da expressao acima, signica uma diferencial com
relacao `as variaveis espaciais (x, y, z) e
Q e dado por:
Q =
t
dx dy dz . (8.1.3.2r)
Considerando-se a expressao (8.1.3.2f), teremos:
dQ = ddxdydz = (
x
dx +
y
dy +
z
dz)dxdydz = 0 . (8.1.3.2s)
Desse modo, a expressao (8.1.3.2q) cara:
d(Q J dt) = (
Q dJ) dt = 0
Q dJ = 0 . (8.1.3.2t)
Calculando-se a operacao () da expressao acima e considerando-se que
2
= = 1 (no
R
3
) e
t
=
t
, vira:
d(J)
t
(Q) = 0 . (8.1.3.2u)
Na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao acima traduz a famosa Equacao da Con-
tinuidade:
.
J +
t
= 0 . (8.1.3.2v)
Registre-se que a troca de sinal da 3forma Q para a funcao mostrada acima, decorre do
fato de que essa equacao e escrita na linguagem nao-relativista. [Lembrar (ver Captulo 1) que
a assinatura s da metrica quadridimensional (x, y, z, t) relativista vale: s = 3 1 = 2 .]
O resultado visto acima nos mostra que a Equacao da Continuidade e traduzida pela
expressao:
dj = 0 . (8.1.3.2x)
8.1.4 Forma Diferencial da Lei de Conservacao da Eletrodinamica
Denicao 8.1.4.1. O Fluxo-Energia do Campo Eletromagnetico S e uma
2 forma diferencial linear:
S = E H = S
x
dy dz + S
y
dz dx + S
z
dx dy , (8.1.4.1a)
177
onde E e H sao dados, respectivamente, pelas expressoes (8.1.3.1d) e (8.1.3.2d).
Observacoes
1. Calculando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] na expressao (8.1.4.1a), vira:
S = (E H) = [S
x
dy dz + S
y
dz dx + S
z
dx dy]
S = S
x
dx + S
y
dy + S
z
dz = S
x
x + S
y
y + S
z
z .
Na linguagem do Calculo Vetorial, a expressao acima traduz o famoso Vetor de Poynting
S =
E
H . (8.1.4.1b)
2. Calculando-se a diferencial exterior da expressao (8.1.4.1a) por intermedio da
expressao (4.1.2.1b), resultara:
dS = d(E H) = dE H E dH . (8.1.4.1c)
Usando-se as expressoes (8.1.3.1i) e (8.1.3.2), a expressao (8.1.4.1c) cara:
dS =
B H E (
D + J)
B H + E
D + E J + dS = 0 . (8.1.4.1d)
Calculando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] na expressao acima e considerando-se
que
2
= = 1 (no R
3
) e que
t
=
t
, teremos:
[ (
B) H] + [E (
D)] + [E (J)] + (d)S = 0 .
Usando-se a linguagem do Calculo Vetorial, a expressao acima traduz o famoso Teorema
de Poynting ou Teorema da Conservacao da Energia Eletromagnetica:
B .
H +
E .
D +
E .
J + .
S = 0 . (8.1.4.1e)
2.1. Usando-se as expressoes (8.1.2.4h) e (8.1.2.6o) e considerando-se que e sao
constantes no tempo, a expressao (8.1.4.1e) cara:
u
em
t
+
E .
J + .
S = 0 , (8.1.4.1f)
onde:
178
u
em
=
1
2
(
E
2
+
H
2
) =
1
2
(
E .
D +
H .
B) , (8.1.4.1g)
e a densidade de energia do campo eletromagnetico, cuja 3 forma correspondente
e dada por:
em
=
1
2
(E D + H B) , (8.1.4.1h)
pois:
em
=
1
2
[E (D)] + [H (B)]
u
em
=
1
2
(
E .
D +
H .
B) .
2.2. Integrando-se a expressao (8.1.4.1d) sobre um volume V limitado por uma su-
perfcie A e usando-se o Teorema de Stokes Generalizado [ver expressao (5.1.2.1)], tere-
mos:
V
(
B H + E
D) +
V
E J +
A
S = 0 . (8.1.4.1i)
Usando-se a linguagem do Calculo Vetorial e considerando-se que e sao constantes no
tempo, a expressao (8.1.4.1i) cara:
V
u
em
t
dV +
V
E .
J dV =
A
S . d
A . (8.1.4.1j)
A expressao acima, que representa o Princpio da Conservacao da Energia, e interpretada
da seguinte forma: o primeiro termo do primeiro membro representa a taxa da energia
armazenada no interior de um certo volume V , o segundo termo da a taxa de dissipacao de
energia (efeito Joule) sobre as fontes (sem histeresis) no interior de V , e o segundo membro
mede o uxo da potencia externa atraves da fronteira A que limita V .
8.1.5 Formas Diferenciais da Eletrodinamica no Espaco-Tempo
Consideremos o espaco vetorial de Minkowski (4-dimensional) cujas coordenadas sao:
(x
) = (x
1
, x
2
, x
3
, x
4
) = (x, y, z, t) (c = 1), com a metrica (dual) denida por:
g(dx
, dx
) = g
= g
= diag(1, 1, 1, 1) , (8.1.5.0a)
e que funciona como um levantador ou abaixador de ndices, ou seja:
g
= V
e g
V
= V
. (8.1.5.0b)
De acordo com a Denicao (3.1.4.1) e as expressoes obtidas no item (4.1.5), podemos
escrever que:
(dx
i
dt) = dx
j
dx
k
; (dx
j
dx
k
) = dx
i
dt , (8.1.5.0c,d)
179
onde (i, j, k) deve ser tomado na ordem cclica de (x, y, z) ou de (1, 2, 3).
Segundo vimos no Exerccio 4.1.2.1, o operador Laplaciano e dado por:
= (d + d) ,
onde a coderivada e dada por:
= ()
p + 1
1
d .
Para o espaco de Minkowski, o Exerccio (3.1.4.1) nos mostra que:
2
= 1
1
= = ()
p + 1
d . (8.1.5.0e,f,g)
Nesse espaco, o operador Laplaciano, que e denominado operador dAlembertiano 2, e
representado por:
2 = (d + d) , (8.1.5.0h)
com obtido pela expressao (8.1.5.0g).
Usando-se a expressao (4.1.2.1c) e o Teorema Generalizado de Stokes [ver ex-
pressao (5.1.2.1)], podemos escrever que:
D
d( ) =
D
[d + (1)
p
d ] =
D
.
Considerando-se que se anula na fronteira D e as expressoes (8.1.5.0e,g), teremos:
d =
. (8.1.5.0i)
Denicao (8.1.5.1). - Tensor Campo-Forca Eletromagnetico F
. Conside-
rando-se o vacuo (e um sistema particular de unidades:
o
=
o
= c = 1) e
partindo-se das expressoes (8.1.2.4h,i), (8.1.2.6o,q) e (8.1.3.1a,c,d) podemos escrever que:
F = B + E dt =
= B
x
dydz + B
y
dzdx + B
z
dxdy + E
x
dxdt + E
y
dydt + E
z
dz dt
F = H
x
dydz + H
y
dzdx + H
z
dxdy + E
x
dxdt + E
y
dydt + E
z
dzdt . (8.1.5.1a)
Usando-se a metrica de Minkowski [proposta pelo matematico russo-alemao Hermann
Minkowski (1864-1909), em 1908] relacionada acima, a expressao acima sera escrita na forma:
F =
1
2
F
dx
dx
, (8.1.5.1b)
180
onde o Tensor Campo-Forca Eletromagnetico F e dado por:
F
0 H
z
H
y
E
x
H
z
0 H
x
E
y
H
y
H
x
0 E
z
E
x
E
y
E
z
0
. (8.1.5.1c)
Observacoes
1. Equacoes de Maxwell no Espaco-Tempo: Grupo Homogeneo. Esse grupo
e dado pela expressao (8.1.3.1e):
dF = 0 . (8.1.5.1d)
Usando-se a expressao (8.1.5.1b) e a Denicao (4.1.2.1), a expressao acima cara:
dF = d(
1
2
F
dx
dx
) =
1
2
dF
dx
dx
=
=
1
3!
(
) dx
dx
dx
= 0
= 0 . (8.1.5.1e)
2. Usando-se o Lema de Poincare [ver expressao (4.1.2.1c)] (dd = 0), a expressao
(8.1.5.1d) permite escrever que (veja-se as expressoes (8.1.3.1v,x)):
F = d , (8.1.5.1f)
com dado por:
= A V dt , (8.1.5.1g)
onde A e a 1forma (tridimensional) denida pela expressao (8.1.2.6i) (Potencial Vetor)
e V e a 0 forma denida pela expressao (8.1.2.1g) (Potencial Eletrico). Usando-se
a metrica de Minkowski referida anteriormente, vamos redenir a 1 forma pela
1 forma A (quadridimensional):
A = A
dx
. (8.1.5.1h)
Usando-se a Denicao (4.1.2.1) e as expressoes (8.1.5.f,h), teremos:
F = dA = d(A
dx
) =
1
2
(
) dx
dx
. (8.1.5.1i)
Comparando-se as expressoes (8.1.5.1b,i), vira:
181
F
. (8.1.5.1j)
. Conside-
rando-se o vacuo (e um sistema particular de unidades:
o
=
o
= c = 1) e partindo-se
das expressoes (8.1.2.4h,i), (8.1.2.6o,q) e (8.1.3.2a,c,d) podemos escrever que:
G = D H dt =
= D
x
dydz + D
y
dzdx + D
z
dxdy H
x
dxdt H
y
dydt H
z
dz dt
G = E
x
dydz + E
y
dzdx + E
z
dxdy H
x
dxdt H
y
dydt H
z
dzdt . (8.1.5.2a)
Usando-se a metrica de Minkowski relacionada acima, a expressao acima sera escrita na
forma:
G =
1
2
G
dx
dx
, (8.1.5.2b)
onde o Tensor Campo-Fonte Eletromagnetico G
e dado por:
G
0 E
z
E
y
H
x
E
z
0 E
x
H
y
E
y
E
x
0 H
z
H
x
H
y
H
z
0
. (8.1.5.2c)
Observacoes
1. Equacoes de Maxwell no Espaco-Tempo: Grupo Nao-Homogeneo. Esse
grupo e dado pela expressao (8.1.3.2h):
dG = j d j = 0 . (8.1.5.2d)
Usando-se as expressoes (8.1.5.0c,d), calculemos a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] da
expressao (8.1.5.1a):
F = H
x
(dy dz) + H
y
(dz dx) + H
z
(dx dy) +
+ E
x
(dx dt) + E
y
(dy dt) + E
z
(dz dt)
182
F = H
x
dx dt H
y
dy dt H
z
dz dt +
+ E
x
dy dz + E
y
dz dx + E
z
dx dy .
Comparando-se a expressao acima com a expressao (8.1.3.2a), usando-se tambem as ex-
pressoes (8.1.2.4h) e (8.1.5.2d) e considerando-se o vacuo (e, ainda, um sistema particular
de unidades:
o
=
o
= c = 1), teremos:
G = F d ( F) = j . (8.1.5.2e)
2. Vejamos como se escreve a expressao acima na forma tensorial. Inicialmente,
calculemos F. Para isso, usemos as expressoes (3.1.4.3) e (8.1.5.1b). Desse modo, resultara:
F = (
1
2
F
dx
dx
) =
1
2
(
1
2
) dx
dx
,
com a seguinte convencao para o tensor de Levi-Civita:
1234
= + 1. Agora, calculemos
o diferencial da expressao acima por intermedio da Denicao (4.1.2.1). Assim, teremos:
d(F) = d[
1
2
(
1
2
) dx
dx
] =
1
2 2
dF
dx
dx
d ( F) =
1
3!
[
] dx
dx
dx
. (8.1.5.2f)
Considerando-se as expressoes (8.1.3.2e,f,g) podemos escrever a 3 forma j, da seguinte
maneira:
j =
1
3!
[
] dx
dx
dx
, (8.1.5.2g)
onde o 4 vetor j
= (
= j
. (8.1.5.2h)
3. Calculando-se a operacao () [ver Denicao (3.1.4.1)] na expressao (8.1.5.2e), tere-
mos:
d F = j .
Considerando-se que F e uma 2 forma (p = 2) e usando-se as expressoes (8.1.5.0e) e
(8.1.5.1f,h) , a expressao acima cara:
F = dA = j , (8.1.5.2i)
que representa uma equacao de movimento para A. Escolhendo-se, por exemplo, o Gauge
de Lorentz:
183
A = 0 , (8.1.5.2j)
e considerando-se as expressoes (8.1.5.0h) e (8.1.5.2i) podemos escrever que:
( d + d ) A = j 2 A = j . (8.1.5.2k)
Denicao (8.1.5.3). - A Acao Eletromagnetica S[A] e uma 4 forma denida
por:
S[A] =
(
1
2
F F j A) , (8.1.5.3a)
onde F, A e j sao dados, respectivamente, pelas expressoes (8.1.5.1b), (8.1.5.1h) e (8.1.5.2g).
Observacoes
1. Seja a transformacao gauge dada por:
A
= A + d .
Considerando-se as expressoes (8.1.5.3a), (8.1.5.1i), e o Lema de Poincare [ver expressao
(4.1.2.1c)] (dd = 0), teremos:
S[A
] = S[A + d ] =
[
1
2
d(A + d ) d(A + d )
j (A + d )] = S[A]
j d . (8.1.5.3b)
Usando-se a expressao (4.1.2.1c) e o Teorema Generalizado de Stokes [ver expressao
(5.1.2.1)], podemos escrever que:
D
d(j ) =
D
[d j + (1)
p
j d ] =
D
j .
Considerando-se que j (3forma) se anula na fronteira D e a expressao (8.1.5.2d), teremos:
j d = 0 .
Levando-se a expressao acima na expressao (8.1.5.3b), resultara:
S[A + d ] = S[A] . (8.1.5.3c)
A expressao acima indica que a S[A] e um invariante gauge.
2. Considerando-se S como um funcional de A, estudemos entao a sua variacao para
A
Indice Onomastico
A
Abraham, M. 185
Aharonov, Y. 169, 185
Aldrovandi, R. 122, 127, 128, 135, 136, 185
Alencar, P. T. S. 185
Amp`ere, A. M. 167
Andrade, S. C. B. 185
Arnold, D. V. 188
Arnold, V. I. 122, 132, 133, 185
Azevedo, J. C. A. 185
B
Bamberg, P. 122, 185
Barrow, I. 111, 113
Bassalo, J. M. F. 129, 185
Becker, R. 185
Beltrami, E. 68, 170
Bianchi, L. 103
Bohm, D. J. 169, 185
Born, M. 151, 153, 156
Boyer, C. B. 129, 185
Bressoud, D. M. 122, 185
Burke, W. L. 118, 122, 185
C
Callen, H. B. 156, 185
Campos, I. 185
Caratheodory, C. 140, 151, 153
Carnot, N. S. 148-151
Cartan, E. 104, 105, 118, 161, 185
Cattani, M. S. D. 129, 185
Christoel, E. B. 101, 103-105, 119
Christy, R. W. 187
Clapeyron, E. 139
Clausius, R. J. E. 150, 151, 153
Cliord, W. K. 161
Costa, J. E. R. 122
Coulomb, C. A. 162, 170
Cramer, G. 11, 12, 34
D
De La Pe na, L. 185
Deschamps, G. A. 122, 186
Dewar, Sir J. 142
Dulong, P. L. 157
Duzer, T. van 187
E
Eguchi, T. 122
Einstein, A. 4, 13, 129, 160, 186
Euler, L. 136
F
Farady, M. 168, 172, 173
Fernandes, N. C. 127, 131, 187
Ferreira, B. A. 122
Ferreira, G. F. L. 161, 186
Flanders, H. 122, 186
Frank, M. 187
Frenkel, J. 186
G
Galilei, G. 129
Gauss, C. F. 111, 113
Gibbs, J. W. 146, 154, 159
Gilkey, P. B. 122
Gockeller, M. 122, 186
Goldstein, H. 132, 135-137, 186
Gram, J. P. 10, 11, 96
Grassman, H. G. 40, 159, 161
Green, G. 111, 121
H
Hamilton, W. R. 159
Hanson, A. J. 122
Hausdor, F. 75, 77
Heaviside, O. 159, 160
Helmholtz, H. L. F. von 120, 121, 143, 154
Hodge, W. 52
Hsu, H. P. 122, 186
190
J
Jackson, J. D. 186
Jacobi, C. G. J. 44, 86
Jeans, J. 186
Joule, J. P. 143, 145, 146, 178
K
Kelvin, Lord (W. Thomson) 146, 150, 153
Killing, W. K. J. 118
Klein, F. 78, 81
Kline, M. 160, 186
Kremer, H. F. 122
Kronecker, L. 4, 29
L
Lagrange, J. L. 132, 133
Lame, G. 90, 91
Landau, L. D. 137, 186
Laplace, P. S. 43, 68, 148, 170
Lavoisier, A. 142
Leibniz, G. W. 82, 111, 113
Leite Lopes, J. 186
Levi-Civita, T. 29, 30, 32, 34, 101, 160, 182
Lie, S. 86, 115, 117, 118, 120, 121, 134, 136, 137
Lifchitz, E. M. 137, 186
Liouville, J. 133, 136, 137
Lorentz, H. A. 129, 173, 182
M
Macedo, A. 186
Maricourt, P. P. de 168
Maxwell, J. C. 122, 129, 155, 156, 159-161, 166,
168, 169, 172, 175, 180, 181, 185-187
Mayer, J. R. 142
Milford, F. J. 187
Minkowski, H. 129, 178-181, 186
Mobius, A. F. 78, 81
Mollier, R. 146
Moreira, A. 186
Moriyasu, K. 131, 186
N
Nash, C. 122
Nassar, A. B. 129, 185
Nerst, W. H. 157, 158
Newton, I. 111, 113, 148
Nussenzveig, H. M. 186
O
Oersted, H. C. 167
Ohm, G. S. 163
Oliveira, W. 122
ONeil, B. 123
Onnes, H. K. 146
Ootrogradski, M. 111, 113
P
Panofsky, W. K. H. 187
Parrott, S. 186
Peregrinus, P. 168
Pereira, J. G. 122, 127, 128, 135, 136, 185
Petit, A. T. 157
Phillips, M. 187
Planck, M. K. E. 158
Poincare, J. H. 63-65, 69, 111, 115, 134, 135, 141,
142, 144, 155, 162, 169, 173, 175, 180, 182
Poisson, S. D. 135, 166
Portis, A. M. 186
Poynting, J. H. 177
Pugh, E. M. 187
Pugh, E. W. 187
R
Ramo, S. 187
Reech, F. 147, 148
Reitz, J. R. 187
Rham, G. 68
Riemann, G. F. 103-105, 129
Ricci-Curbestro, G. 103, 104, 160
Rocha Barros, L. A. 127, 131, 187
191
S
Schleifer, N. 123, 187
Schmidt, E. 11, 96
Sch ucker, T. 122, 186
Schutz, B. 123, 127, 130, 133, 134, 137, 187
Schwarzschild, K. 78
Schwarz, H. A. 10
Selfridge, R. H. 188
Sen, S. 122
Slater, J. C. 187
Smythe, W. R. 187
Sommerfeld, A. J. W. 187
Spivak, M. 123
Sternberg, S. 122, 185
Stokes, Sir G. G. 111-115, 120, 121, 141, 162, 165,
167, 168, 171, 172,174, 178, 179, 182
Stratton, J. A. 187
Sylvester, J. J. 13, 96
T
Tait, P. G. 159
Taylor, B. 82
Thomson, W. (Lord Kelvin) 146, 150, 153
Tiomno, J. 187
V
Valente, Z. A. 185, 187
Van Duzer, T. 187
Videira, A. L. L. 127, 131, 187
Voigt, W. 160
Von Helmholtz, H. L. F. 120, 121, 143, 154
Von Westenholz, C. 123, 187
W
Wangness, R. K. 187
Warnick, K. F. 188
Weber, E. 188
Weinhold, F. 188
Westenholz, C. von 123, 187
Whitney, H. 99
Whittaker, Sir E. T. 160, 188
Winnery, J. R. 187
Z
Zemansky, M. W. 188