Adobe - Tecnicas Retrospectivas
Adobe - Tecnicas Retrospectivas
Adobe - Tecnicas Retrospectivas
Bononi
ACADMICOS: SANDY LIA PAVAN KARINA SOAREA PIAI JULIANA LOPES DANIELE HILGENBERG CARINA CAROSO GRECO - RA 45.104 - RA 45.113 - RA 45.308 - RA 46.257 RA 45.105
UMUARAMA 2012
1. O que o adobe? O adobe, ou tijolo seco ao sol, um dos mais antigos e vulgares materiais de construo conhecidos pelo homem. Tradicionalmente, os tijolos de adobe nunca eram cozidos no forno. Os tijolos de adobe no cozidos consistem em areia, argila, gua e, frequentemente, palha ou erva misturados manualmente, enformados em moldes de madeira, e secos ao sol. Hoje em dia, alguns tijolos parecidos com adobe, que esto comercialmente disponveis, so cozidos. Como os tijolos de adobe no vo ao forno, ao contrrio dos tijolos cermicos, eles no endurecem permanentemente, mas ficam instveis eles retraem e distorcem constantemente com as alteraes do respectivo teor em gua. A sua resistncia tambm flutua com o teor em gua: quanto maior este teor em gua, mais baixa a resistncia. O adobe no se liga permanentemente com os metais, com a madeira ou com a pedra porque exibe muito maiores movimentos do que estes outros materiais, separando-se, fissurando ou rodando nas interfaces.
2. Tcnicas de construo em adobe Tijolo: O tijolo de adobe moldado a partir de areia e argila misturadas com gua. Vulgarmente acrescenta-se palha ou erva como agente de ligao. A lama preparada colocada em moldes de madeira, comprimida e nivelada manualmente, aps isso so colocados em uma superfcie plana e so cobertos por palha para secarem, quando secos, vo para a cura ao ar livre, onde ficam em p num perodo de 4 semanas ou mais. Argamassa: Historicamente, a maioria das paredes em adobe so compostas por tijolos de adobe assentados com uma argamassa de lama. Esta argamassa apresenta as mesmas propriedades que os tijolos sendo assim a melhor forma de ligao de tijolos de adobe. Fundaes das edificaes: As fundaes das primitivas edificaes em adobe variavam conforme as prticas locais de construo e conforme a disponibilidade em materiais. Muitas fundaes tinham grandes dimenses e eram solidamente construdas, mas
outras so quase inexistentes. Mais frequentemente, as fundaes das edificaes em adobe eram construdas com tijolos, pedra recolhida no terreno, ou paredes de pano duplo com o interior preenchido com detritos de pedra, fragmentos de tijolo cermico ou conchas. Parede: devido a fraca resistncia estrutural, as paredes em adobe so espessas e raramente ultrapassam a altura de dois pavimentos, em alguns locais era comum colocarem peas compridas de madeira entre as fiadas superiores dos tijolos de adobe. Esta madeira proporcionava uma grande superfcie horizontal para apoio da cobertura, distribuindo assim o peso desta por toda a parede. Coberturas: troncos de madeira maiores, espaados a cada 70cm ou menos, que suportavam troncos menores de aproximadamente 5cm de dimetro, os quais, por sua vez, suportavam lascas em madeira ou em camadas de canas, e eram recobertas com uma camada de 15 cm de terra de adobe batida. As coberturas eram ligeiramente inclinadas e possuam drenos feitos com troncos ocos. Pavimentos: Historicamente, os materiais de pavimento eram colocados diretamente sobre o solo, com pouca ou nenhuma preparao subjacente. Os materiais de pavimento nos edifcios em adobe variavam desde a terra batida at ao tijolo de adobe, ao tijolo cermico, ao ladrilho e aos convencionais pavimentos em madeira.
3. Revestimentos superficiais tradicionais Mud plaster: o mud plaster composto por argila, areia, gua e palha ou erva, e por isso exibe caractersticas equiparveis s do adobe original, facilitando sua ligao. Apesar de a aplicao do mud plaster exigir pouca percia, um processo trabalhoso e demorado. Uma vez aplicado, ele tem que ser regularizado. Esta operao era feita manualmente; s vezes usavam-se peles de veado, peles de carneiro e pequenas pedras arredondadas para se regularizar o reboco e para criar uma superfcie polida. White wash: O white wash consiste em pedra de gesso pulverizada, gua e argila, ele atua como um selante e pode ser pintado sobre a parede de adobe. Possui uma fraca durabilidade. Reboco de cal: O reboco de cal, foi largamente usado durante o sculo XIX como revestimento exterior e interior, muito mais resistente que o mud plaster. Ele , no
entanto, menos flexvel. Consiste em cal, areia e gua, sendo aplicado em camadas espessas, colher ou pincel. Para fazer o reboco de cal aderir ao adobe, as paredes eram frequentemente arranhadas na diagonal com a picadeira, produzindo-se riscos com cerca de 3 cm de profundidade. Estes riscos eram preenchidos com uma mistura de argamassa de cal e pequenas lascas de pedra ou de telhas partidas. A parede era ento espessamente recoberta com argamassa de cal. Stucco de cimento: O stucco de cimento consiste em cimento, areia e gua, e aplicado colher, em 1 a 3 camadas, sobre uma rede de arame pregada superfcie do adobe. Este material era muito popular porque exigia pouca manuteno quando era aplicado sobre tijolos de adobe estabilizados ou cozidos, e porque podia ser pintado facilmente. No entanto, deve-se assinalar que o stucco de cimento no cria nenhuma ligao com o adobe; ele tem que confiar na rede de arame e nos pregos para manter-se no lugar. Mesmo quando eram usados pregos muito compridos, a umidade penetrada no adobe podia provocar a corroso da rede e dos pregos, perdendo-se, assim, o contato com o adobe. Outros revestimentos superficiais tradicionais: Incluem-se aqui materiais tais como as tintas ( base de leo, de resina ou de emulso), revestimentos com extratos de plantas e revestimentos com sangue fresco de animais.
4. Origens da degradao Os sinais as origens e algumas solues comuns da degradao em construes com tijolos de adobe.
Danos estruturais: No adobe existem diversos problemas estruturais como mau projeto, construo de fraca qualidade, fundaes insuficientes, materiais fracos ou inapropriados, e tambm por efeitos naturais como o vento, a gua, a neve ou os sismos. As respectivas solues envolvem reparaes das fundaes, o realinhamento das paredes deformadas ou barrigudas, a construo de contrafortes nas paredes, e a reparao de estruturas e coberturas gravemente degradadas, mas tudo isso com a superviso de Engenheiros capacitados. No adobe, as fendas so bem visveis, o que facilita a identificao dos problemas estruturais nos edifcios, como fendas nas paredes, nas fundaes e nos telhados o que
normal o aparecimento por que com a retrao e com o passar do tempo o adobe continua a secar e assim se deformar.
Foto: http://www.worldisround.com/articles/322641/photo44.html
Problemas relacionados com a gua: A degradao do adobe se da pela umidade excessiva, e a sobrevivncia de um edifcio em adobe depende da forma como, ele descarta a gua. A ao da gua da chuva e a secagem posterior das coberturas, parapeitos e paredes podem provocar a formao de perfuraes, fendas, fissuras profundas e superfcies desgastadas, que se deixadas sem reparao os danos podem destruir totalmente a construo. J a gua empoada no terreno por falta de uma drenagem adequada, de uma rega excessiva de plantaes ou de alteraes no nvel do terreno, a gua pode subir pelas paredes e provocar a eroso, o abaulamento e a escavao do adobe, uma das solues para se evitar essa degradao manter uma cobertura bem vedada com drenagem adequada da gua chuva. Num esforo para deterem os efeitos destrutivos da queda da chuva, os construtores do sculo XIX capeavam frequentemente os parapeitos com tijolos cermicos, estes tijolos eram mais resistentes e mais adequados exposio da gua da chuva. Com um alto teor de umidade no adobe, o mesmo chega a um ponto em que acaba ficando macio como uma pasta que se torna lama e flui como um lquido, este fenmeno varia em funo do contedo de areia, argila e silte no adobe, atravs deste fenmeno podem aparecer tambm danos muito srios como a deformao conhecida como barriga, que uma salincia nas paredes. Como a barriga fica invisvel por baixo do stucco, os danos podem prosseguir sem serem detectados durante algum tempo, portanto, na reparao ou na reconstruo de partes
das paredes devem ser usados as tcnicas e os materiais tradicionais e adequados da construo em adobe. O tunelamento na base desta parede pode ter sido provocado pelos sais depositados pela gua excessiva no terreno ou pelo salpicar da chuva, que tambm causam deformaes agressivas nas paredes em adobe.
Os arbustos, as rvores e outra vegetao junto das fundaes podem provocar danos fsicos. Para no ocorrer degradaes futuras nas paredes, devem ser retirado todo tipo de vegetaes, razes pelo fato que pode haver crescimento e a razes pode transferir umidade, assim deste modo conclui uma processo bem sucedido! O nvel do terreno imediatamente adjacente s paredes pode ser causador de uma drenagem insuficiente. No entorno do edifcio no poder haver nivelamento devido ao empoamento que possa vim ocorrer, deste modo deve manter uma pequena inclinao para fora do mesmo.
Pode ser considerada a instalao de drenos na base das paredes. Ajudando para que no haja futuros desmoronamento em construes de adobe, criamse valas de drenagem ao redor do edifcio, possuindo um tamanho de 60 a 75 cm. Para local de solo fracos so criados taludes, assim para melhor eficincia, o fundo da vala revestido com barreira em vapor polietileno, para no acumular gua. Aplica-se tambm no fundo da
vala, tubo em cermica ou em plstico que servir para drenar a gua para um poo de absoro ou valeta aberta. A vala preenchida com brita at cerca de 15 cm da superfcie, e a escavao, depois, com solo poroso at superfcie. Todas essas preservaes so importantssima para manter o edifcio em boas condies, mas devem ser feitas cuidadosamente, para no acabar sendo destrutiva aos vestgios arqueolgicos. Logo aps realizao das prevenes aplicadas cuidadosamente, permitido alguns remendos nas reas afetadas. No entanto, se for causa erosiva ir certamente prosseguir, mas os revestimentos superficiais e os remendos s reparam os efeitos da eroso pela gua do terreno e pelo vento, mas no conseguem curar as suas causas. Eroso pelo vento: A areia transportada pelo vento tem sido fator para a eroso em adobe. A eroso provocada pelo vento , por vezes, difcil de isolar porque provoca resultados semelhantes ao da eroso pela gua; no entanto, geralmente, aparecem na metade superior e nos cantos das paredes, enquanto que as consequentes da gua situam-se, no tero inferior dessas paredes. A boa manuteno a soluo para os efeitos destrutivos da eroso pelo vento. Os danos nas paredes e coberturas em adobe podem ser reparadas pela aplicao de lama de adobe nova, para ganhar proteo contra quaisquer futuros possveis efeitos destrutivos. Se o vento forte for um problema continuado, deve ser construda uma barreira contra o vento, usando-se vedaes de arbustos ou rvores e devem ter o cuidado em sua plantao e com a escolha da vegetao.
Vegetao, insetos e bichos: A vegetao e os infestantes so fenmenos naturais que podem acelerar a
degradao do adobe. Como a ao das razes pode romper os tijolos em adobe ou provocar a reteno de umidade, os animais, aves e insetos tambm vivem frequentemente nas estruturas em adobe, abrindo e fazendo ninhos dentro das paredes ou das fundaes. Estas infestantes minam e destroem a solidez estrutural da construo em adobe. A madeira tambm so vulnerveis ao ataque e destruio pelas trmitas.
Para preservao fundamental libertarem-se as estruturas em adobe de todas as infestaes por plantas, animais e insetos contra seu regresso. A remoo devem ser cuidadosa para que os seus sistemas radiculares no desloquem o material do adobe. Devem ser estudados maneiras de eliminao de infestantes que envolvam o uso de qumicos,para que haja efeitos imediatos. importante que um profissional nesta rea esteja envolvido, no s porque os qumicos podem ser transportados para dentro das paredes e havendo degradaes, mas tambm por razes de segurana das pessoas e ambiente.
Incompatibilidades de materiais: Como os edifcios em adobe esto sujeitos a deformaes, provvel que j tenham
sido executados outros trabalhos de reparao, anteriormente, durante a sua vida. As filosofias de abordagem conservao do adobe tm mudado, assim como as tcnicas de restauro e de reabilitao.Essas tcnicas vem mudando com o passar dos anos, antigamente, era colocados matrias incompatveis, causando ainda mais degradaes aos edifcios em adobe, por no possurem caractersticas de propriedade do materiais compatveis. Em alguns casos ocorrem a retiragem tranquila,mas em outros, precisam de ajuda de especialistas, pois em sua retirada pode causar mais danos ao edifcio.
5. Reparao e Manuteno dos Edifcios Histricos em Adobe Depois de reparar a degradao no adobe e a qualquer outro dano estrutural, o restauro do edifcio pode prosseguir, devendo-se ainda optar por materiais tradicionais ou originais, quando da substituio, reparao e/ou reproduo dos materiais danificados.
Remendos e reparaes dos tijolos em adobe Para o remendo ou substituio dos tijolos em adobe, deve-se encontrar uma argila com textura e cor semelhantes s da fbrica original. Quando uma pea de tijolo em adobe estiver parcialmente desintegrado, ele pode ser remendado no seu lugar. O material degradado deve ser escarificado e retirado, sendo substitudo por uma lama de adobe apropriada. comum que fragmentos de tijolos originais em adobe sejam pulverizados, misturados com gua e voltados a usar para se remendarem reas erodidas. No entanto, quando se tem que substituir tijolos completos ou sees inteiras das paredes, deve-se ter o maior cuidado na compra de tijolos atualmente, pois so produzidos
com o uso de estabilizadores na sua composio, e, portanto incompatveis com a fbrica dos edifcios histricos em adobe. Os blocos de cimento e de cinzas tambm so solues semelhantes numa substituio extensa de tijolos em adobe; mas, tal como com os tijolos em adobe estabilizados comercialmente, eles so instveis e incompatveis com os mais antigos tijolos em adobe. Apesar disso, os blocos de cimento tm sido usados com sucesso em paredes divisrias interiores.
Reparao e substituio de argamassas: Para reparar argamassas de adobe soltas e degradadas, deve-se sempre verificar a cor e a textura originais. Nunca deve ser substituda uma argamassa de lama de adobe por uma argamassa de cal ou de cimento Portland. As argamassas compostas com cimento Portland ou cal no tem a mesma taxa de dilatao trmica que os tijolos em adobe e, portanto, as argamassas provocam fissuras nos tijolos o material mais fraco a sua desagregao e eventual desintegrao. No entanto, alguns edifcios histricos tardios possuem argamassas de cimento Portland e cal na sua construo inicial. A remoo e substituio destas argamassas por argamassa de lama no so aconselhadas, porque tais remoes podem destruir os prprios tijolos em adobe. Para reparar as fissuras no adobe, pode ser usado um procedimento semelhante ao da reparao das juntas em alvenaria, sendo necessrio aprofundar-se nas fissuras at uma profundidade 2 a 3 vezes superior largura da junta da argamassa, para se obter uma boa ligao mecnica entre a argamassa nova e os tijolos em adobe.
Reparao e substituio de peas em madeira: As peas em madeira apodrecidas ou infestadas por cupins, tais como vigas, vergas, e contraventamentos das paredes, ou assoalhos devem ser reparados ou substitudos. Madeira deve ser sempre substituda por madeira. No entanto, no caso de trabalhos esculpidos, podem ser usados consolidantes epxi de baixa resistncia, para essas reparaes. Devem ser sempre feitos ensaios preliminares antes das reparaes para se verificar se os resultados desejados so mesmo obtidos, j que, normalmente, eles no so reversveis.
Reparao
substituio
de
revestimentos
superficiais:
Historicamente,
praticamente todas as superfcies dos edifcios em adobe eram revestidas. Quando estes revestimentos se degradam, devem ser substitudos pelo mesmo material que originalmente foi empregue.
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Quando esse revestimento em mud plaster, este processo exige que o mud plaster degradado seja escarificado e substitudo com materiais e tcnicas semelhantes. Porm, o processo no assim to simples quando estiverem envolvidos stuccos de cal ou de cimento Portland. Deve-se remover tanto quanto possvel do revestimento superficial degradado sem se danificar a fbrica subjacente em tijolos de adobe. Nunca se deve aplicar uma nova camada de stucco de cal ou de cimento Portland sobre um revestimento superficial degradado, porque provavelmente existe uma degradao maior ainda nas camadas inferiores, em virtude deste problema ser relacionado gua. Se forem necessrias aplicaes extensas de stucco de cal ou de cimento Portland, pode considerar-se o recobrimento de todo o edifcio com ripado sobre o qual ser, depois, aplicado o revestimento, criando, assim, uma barreira de vapor. Deve-se remendar sempre com o mesmo material que ser substitudo. Apesar de o stucco de cal ou de cimento Portland ser menos satisfatrio como revestimento superficial, muitos edifcios em adobe sempre o tiveram como revestimento superficial e a sua remoo total danific-lo-ia mais do que a degradao natural. Coberturas: As coberturas planas em adobe devem ser restauradas e mantidas com a sua forma e materiais originais; Para se restaurar uma cobertura plana em adobe, utiliza-se uma camada fresca de lama de adobe sobre a cobertura em adobe existente, devendo-se escorar temporariamente essa cobertura durante o trabalho.
Num edifcio em adobe, no aconselhvel construir-se uma nova cobertura que seja mais pesada do que a cobertura que deva ser substituda. Se as antigas paredes tiverem problemas com umidade, o peso adicional da nova cobertura pode provocar seu abaulamento. Se as paredes estiverem secas, o peso adicional pode provocar fraturas e desmoronamento.
Pavimentos, janelas, portas, etc.: As janelas, as portas, os pavimentos e outros pormenores originais do velho edifcio em adobe devem ser retidos.
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6. Manuteno
A manuteno peridica sempre foi a chave para o sucesso da sobrevivncia dos edifcios em adobe. Uma vez que sejam executadas obras de reabilitao ou de restauro, deve ser iniciado um programa de manuteno contnua. As alteraes no edifcio devem ser cuidadosamente anotadas. Os estados iniciais de fissurao, deformao ou abaulamento nas paredes em adobe devem ser regularmente monitorizados. Devem ser registados todos os danos por ao da gua e remediados o mais cedo possvel. Os danos consequentes de plantas, animais e insetos devem ser detidos antes que se tornem irremediveis. A cobertura deve ser inspecionada periodicamente. Os revestimentos superficiais devem ser inspecionados frequentemente e reparados ou substitudos, conforme necessrio. Os sistemas mecnicos devem ser monitorizados para se evitarem as avarias. Por exemplo, os canos de gua com fugas e a condensao podem ser potencialmente mais danificadores para um edifcio em adobe do que para uma estrutura em tijolo, pedra ou madeira.
7. CAPELA DE SO MIGUEL
A histria do monumento: suas fases at hoje Uma rudimentar capelinha levantada para marcar a presena de Cristo entre os ndios guaianazes no aldeamento de So Miguel de Urura, iniciado em 1560, pelo "Apstolo do Brasil", Jos de Anchieta, tambm um dos fundadores de So Paulo de Piratininga, marca o nascimento do bairro. A primeira capela, construda por volta de 1580, foi substituda, sob a orientao do carpinteiro e bandeirante Ferno Munhoz e com a mo de obra dos ndios guaianazes em 1622. Segundo informaes constantes no Primeiro relatrio, elaborado por Mrio de Andrade por volta de 1937, o ncleo mais antigo da Igreja de So Miguel Paulista teria sido construdo em taipa de pilo pelos paulistas Ferno Munhoz e Pe. Joo lvares, e concludo, provavelmente, no ano de 1622. Em fins do sculo 18, ento sob a assistncia dos frades franciscanos, teria sofrido sua primeira reforma mais expressiva, recebendo, sobre o corpo primitivo da nave, um alteamento em tijolos de adobe. Por volta de 1904 foram registrados
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pequenos reparos e a insero de forro na nave central. Em 1927, ainda segundo o relatrio de Mrio de Andrade, teria sido executada a ltima reforma, na qual teriam sido reforadas as bases erodidas da taipa e reexecutada a pintura interna. Em 1938, quase trs sculos depois da sua construo, a Capela dos ndios, descaracterizada e praticamente destruda, passou por um processo de revitalizao. Foi um trabalho minucioso em busca de suas origens com o objetivo de manter a autenticidade de sua arquitetura e de seus elementos artsticos. Pinturas do perodo colonial paulista, arte barroca e traados incas foram encontrados. A recuperao inclua ainda o resgate de peas e ornamentos de madeiras vendidos a antiqurios.
E com a idia de dar mais visibilidade ao local, a Praa Aleixo Monteiro Mafra, em frente, tambm foi restaurada. Implantou-se uma rea ajardinada e foram retiradas construes que impediam a viso da igreja. Em 2006 teve incio uma nova fase de revitalizao. O projeto foi dividido em duas partes:
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A primeira fase consistiu na restaurao de todo o edifcio que se encontrava gravemente danificado, correndo o risco de desabamento. Toda a estrutura, desde as paredes centenrias em taipa de pilo, passando pela realizao de trabalhos de arqueologia, at o projeto de iluminao foram contemplados, esta etapa foi concluda em 2008. A segunda fase foi concebida com o objetivo de fornecer a todo o visitante, elementos que proporcionassem a leitura e o entendimento de todo o significado que a Capela e seus elementos possuem. Foi realizado um curso de educao patrimonial e formao de monitores com os membros da comunidade, com o objetivo de que a multiplicao dos saberes seja realizado por aqueles que j possuem um envolvimento e uma histria pessoal com o Patrimnio. Para a preservao, houve um acordo com a sociedade em suspender o uso religioso. Optouse em organizar visitaes, com vitrines, painis e placas, onde sero apresentadas pesquisas arqueolgicas, histria e influncia dos povos da regio.
As tcnicas construtivas da poca As paredes foram levantadas com taipa de pilo que um sistema rudimentar de construo de paredes e muros. As colunas internas da igreja foram feitas com madeiras como: jacarand, pau-ferro. Os rebocos foram feitos com ostras, que eram queimadas, modas e misturadas com fios de cabelo. O telhado era feito com telhas em formatos irregulares. O historiador Lucio Costa, observando antigas capelas existentes nos arredores e a igreja da capital, explana sobre a tcnica construtiva: Na capela to simptica de So Miguel, daquela mesma regio de So Paulo, o aspecto mais leve e gracioso resulta no alteamento da nave com paredes de adobe (tijolos de terra crua, gua e palha e algumas vezes outras fibras naturais, moldados em frmas por processo artesanal), material muito empregado nas reformas e acrscimos do sec. XVIII, desta velha capela de 1622 data do portal e da valiosa pea que a grade de separao do presbtero seria, acrescido de alpendre, o das capelas tpicas de aldeia (COSTA, 1997, p 108).
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A primeira restaurao iniciada em 1939, pelo SPHAN, teve duas fases. A primeira vai de 1939 a 1941 e a segunda vai de 1958 a 1961.
Figura 2 - Posse como vigrio de Pe. Aleixo Monteiro Mafra em 1941. Foto: Arquivo CPDOC So Miguel A inteno de restaurao estava prevista a substituio dos elementos considerados de fatura recente bem como a posterior reconstituio do suposto feitio original. Havia uma grande preocupao em no deformar o carter da construo de Taipa, originalmente empregada na construo da capela. Segundo o guia, a mo de obra utilizada nessa reforma no correspondia s necessidades que a capela necessitava e, ainda segundo o guia, a obra no foi executada por mo de obra devidamente especializada. A segunda restaurao iniciada em 2006 e concluda no ano de 2011 esteve sob a responsabilidade da Associao Cultural Beato Jos de Anchieta, com patrocnio da Petrobras, do Grupo Votorantim e do Banco Ita. A prefeitura de So Paulo tambm investiu no projeto. O Projeto de Restauro da Capela de So Miguel Arcanjo resgatou um templo religioso com valores histricos reconhecidos por urbanistas, historiadores, arquitetos e pesquisadores, como Gilberto Freire, Sergio Buarque de Holanda e Lcio Costa, entre outros.
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Figura 3 - Vista atual da fachada da Capela de So Miguel Arcanjo. Autor: Arquivo CPDOC So Miguel Essa restaurao tambm foi dividida em duas etapas. A primeira buscou informaes, cadastrou o estado atual da capela e promoveu o restauro fsico de seus elementos artsticos e do entorno. A segunda etapa prope a ordenao da leitura desses elementos, sua interpretao em diversos contextos sociais, localizando tais informaes em um circuito de visitao criando assim o museu da capela de S. Miguel Arcanjo. A criao do museu se deu, entre outras coisas, com a inteno de criar condies tangveis de manuteno e preservao do monumento. Percebemos, portanto, duas grandes diferenas entre a primeira e a segunda restaurao. A primeira consiste no fato de que a restaurao mais recente tinha um projeto j definido, que sofreu algumas alteraes para se adaptar as necessidades do monumento mas que j existia a priori. A segunda consiste no fato de que a restaurao anterior deu mais ateno a parte estrutural do monumento, e no poderia ser diferente, afinal a capela encontrava-se em um estado de preservao lastimvel. No entanto a segunda restaurao prestou ateno tambm a preservao da parte artstica da capela se dedicando tambm a restaurao das obras de arte que compe o acervo da capela, alm de tentar proporcionar um
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meio de que o monumento consiga angariar os fundos e obter a devida ateno dos rgos competentes para sua manuteno .
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8. Sites teis
http://5cidade.files.wordpress.com