Flauta Doce PDF
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FLAUTA DOCE NO PRIMEIRO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA DE MUSICALIZAO E ENSINO DO INSTRUMENTO COM BASE NO LIVRO SONORIDADES BRASILEIRAS E MTODOS ATIVOS
Resumo: Este relato apresenta uma proposta de musicalizao e ensino de flauta doce tendo por abordagem metodolgica o livro Sonoridades Brasileiras e os mtodos ativos em educao musical da primeira e da segunda gerao. A proposta surgiu pela necessidade de atender a obrigatoriedade e a importncia da musica no ambiente escolar na Escola Realeza do municpio de Palmeira no estado do Paran. A mentora e docente desse projeto a autora deste relato e, observando os resultados obtidos a partir desse trabalho, pode-se destacar que os alunos obtiveram um avano na apropriao dos conceitos musicais bem como na aprendizagem do instrumento. Palavras-chave: Flauta doce; Ensino Fundamental II; musicalizao
A educao musical na escola bsica do Brasil tem percorrido um longo caminho, desde as suas primeiras manifestaes com os jesutas, passando pelo perodo do canto orfenico e sofrendo aps isso uma ausncia significativa de 30 anos, em 2008, chega-se a um perodo importante quando da alterao da alterao da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, sendo aprovada em 19 de agosto de 2008, a Lei 11.769. Com a aprovao da mesma, instituiu-se que a msica deveria ser componente curricular obrigatrio e, ainda, o perodo de trs anos letivos para as escolas adaptarem-se, ou seja, a obrigatoriedade comearia a valer no ano letivo de 2012. Aps alguns vetos e modificaes a atual situao da Lei a obrigatoriedade dos contedos de msica no necessariamente em uma disciplina especfica, tampouco formao docente na rea de msica.
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Um dos argumentos que fomentou a discusso sobre a volta da educao musical s escolas foi a sua importncia no contexto pedaggico. H muito tempo educadores musicais e pesquisadores discorrem sobre a relevncia da educao musical na educao bsica. Entre o que se sabe pode-se destacar que a presena das disciplinas artsticas no currculo escolar justifica-se tanto para uma dimenso da cultura, como uma dimenso da estrutura psquica do indivduo. Sendo assim, o significado social da experincia artstica na escola vai alm da dimenso sensorial e motora, h de se garantir uma experincia vivida. Alm disso, a arte desempenha um papel significativo, tanto pessoal, individual, quanto social. Pensando mais especificamente na educao musical, a mesma pode produzir os mesmo benefcios nos educandos visto que:
O desenvolvimento humano no se faz apenas cultural, social e intelectualmente e sim, por meio da emotividade, a sensibilidade, a capacidade de improvisao e da criatividade. A msica possibilita uma experincia humana que propicia a educao e o desenvolvimento global da criana, do jovem e do adulto. A msica, assim, uma forma de representar o mundo, de relacionar-se com ele, de fazer compreender a imensa diversidade musical existente, que, de uma forma direta ou indireta, interfere na vida da humanidade. (PARAN, 2009, p. 75).
Msica na Escola: Posposta de musicalizao na Escola Realeza Pensando na obrigatoriedade do ensino de msica nas escolas, e, tambm na sua importncia enquanto formadora de discentes crticos, musicalmente falando, que se props a musicalizao como atividade extracurricular para os alunos do terceiro ao quinto ano do Ensino Fundamental II da Escola Realeza. Essa escola da rede particular, situada no municpio de Palmeira, Pr. importante ressaltar que os demais alunos do ensino fundamental II, isto , dos primeiros e segundos anos, tm a disciplina de msica ofertada dentro de carga horria curricular. A presente proposta de musicalizao surgiu no intuito de se realizar uma experincia de educao musical onde os alunos pudessem ser inseridos em um contexto musical interessante e atrativo, no qual, alm de tocar a flauta doce, eles pudessem produzir, interpretar, entender e ouvir msica. Segundo Beineke, apud Wiese:
66 (...) o ensino de flauta doce na escola regular baseada nos princpios de educao musical contempornea, fundamentados em Swanwick, prope diretrizes para o ensino de instrumento nesse contexto, esclarecendo que o que diferencia o trabalho com a flauta doce na escola que a aula de msica o centro da proposta, um conceito mais amplo que o de aula de flauta. Assim, a autora discute algumas diretrizes para o ensino deste instrumento que so: a valorizao das prticas musicais dos alunos e da fluncia musical, a viso de criatividade perante as prticas musicais, a realidade do aluno em relao motivao para aprender, o compromisso com a diversidade e dinmicas de grupo na sala de aula.(WIESE, 2010, p.55)
Sendo assim como proposta pedaggica pensou-se em seguir o livro Sonoridades Brasileiras: mtodo para flauta doce soprano. No com o intuito de faz-lo um mtodo, mas, como auxilio pedaggico s demais metodologias utilizadas. Dessa forma, optou-se por utilizar, juntamente a isso os mtodos ativos da primeira e segunda geraes.
Msica na Escola: A abordagem metodolgica O livro Sonoridades Brasileiras foi desenvolvido pelas professoras ngela Sasse, Renate Weiland e Anete Weichselbaum. Sua proposta abordar o ensino da flauta doce de uma forma ampla, aliando a nfase na execuo instrumental com propostas que sirvam de suporte pedaggico-musical para um trabalho incluindo a apreciao, a improvisao e a criao musical. A preocupao que a qualidade do ensino da flauta doce seja fundada numa prtica consciente das possibilidades do instrumento. Dessa forma, entende-se como importante a execuo correta do instrumento e a partir disso consolidar a aprendizagem musical. Dessa forma, ao utilizar esse livro como guia, a presente proposta visa desenvolver o pensamento artstico e esttico musical, de maneira significativa e reflexiva destacando-se trs atividades, imprescindveis na educao musical, apontadas por Swanwick: a apreciao, a criao e interpretao, englobadas no Modelo C(L)ASP ou TEC(L)A por este autor, que inclui os parmetros de composio, apreciao e performance, bem como a literatura e tcnica (Swanwick, 2003, p. 70). Dentro dos princpios de uma educao musical ativa onde o aluno o agente de seu conhecimento musical, duas correntes contemporneas de educao musical foram tambm
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escolhidas a fim de que se efetive, acima de tudo, o acesso musicalizao e o ensino do instrumento. Os mtodos ativos da primeira gerao so embasados em quatro autores principais e tm caractersticas comuns, pois todos permitem a criatividade, socializao, criao, no entanto cada um deles oferece uma proposta nica, singular, de acordo com o meio e a realidade em que vivem. Todos eles tm como foco de ensino a msica tonal e partem da prtica como base da construo de conhecimento em msica, mesmo na aprendizagem da teoria. Alguns educadores que podem ser mencionados so: Kodly, Orff, Martenot e Dalcroze Os mtodos ativos da segunda gerao tambm tm como base a prtica como construo de conhecimentos em msica, no entanto se diferenciam dos mtodos da primeira gerao pois enfocam o conhecimento da msica atonal. A pode-se dizer que o enfoque o som. Estuda-se ento a matria-prima da msica e a partir da amplifica-se o mundo do conhecimento musical. Quatro autores principais tambm podem ser citados: Schafer, Paynter e Koellreuter, no Brasil. Para fins de se entender as atividades executadas ser exposto um breve comentrio dos encaminhamentos metodolgicos abordados em cada eixo de aprendizagem (Apreciao, Interpretao e Criao), no entanto as prticas no dissociam-se umas das outras, elas ocorrem, por vezes, de forma simultnea sem que cada aula seja especfica para o desenvolvimento de um eixo. Apreciao - O livro Sonoridades Brasileiras d conta das atividades de apreciao onde o aluno pode escutar as msicas propostas pelas autoras. Contudo, nas atividades de apreciao, onde o enfoque a audio de msicas para flauta doce, o grupo incentivado a fazer o que se chama de escuta ativa. Utiliza-se os recursos propostos pelos mtodos ativos, como movimento com lenos coloridos, notao contempornea, e outros. Interpretao O desenvolvimento da interpretao normalmente parte das peas propostas no livro Sonoridades Brasileiras, visto que cada pea proposta em sequencia tem dificuldades diferentes a serem superadas. Antes de tocar as peas, trabalha-se com leitura rtmica (mnemnica), solfejo (manossolfa, solmnizao, e d mvel) e canto. Aps os alunos terem se apropriado do ritmo e melodia eles passam a executar a pea na flauta assegurando-se da postura, respirao e articulao correta. Por vezes cada aluno toca a
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pea para os demais a fim de que a professora possa corrigir erros de digitao, postura e articulao. Em outras vezes, distribui-se ao grupo papis diferentes, por exemplo, quando um grupo est tocando flauta, outro est solfejando e outro batendo palmas com o ritmo e o pulso com os ps. E ainda, montam-se as peas com percusso corporal, e tcnica expandida onde os alunos utilizam os sons alternativos de suas flautas para fazer o acompanhamento ao grupo (ou o solista) que est tocando a melodia. Criao alm das atividades propostas pelo livro Sonoridades Brasileiras de criao, o grupo realiza criaes de paisagens e contos sonoros utilizando os sons de suas flautas e outros corpos sonoros, escrevem suas criaes a partir da notao contempornea (smbolos) e tambm da notao tradicional, visto que eles desenvolvem sua leitura musical principalmente nas atividades de interpretao.
Msica na escola: Resultados e Concluso Partindo das abordagens metodolgicas acima citadas, os alunos participantes do projeto de musicalizao e flauta doce, tm se desenvolvido musicalmente de forma satisfatria e prazerosa. Esto em processo de conhecimento dos elementos musicais. J atingiram os objetivos de executar, apreciar e criar msica mesmo que ainda simples. Podese perceber que nos avanos obtidos nas aulas, que a leitura rtmica a mais avanada. Alm disso, eles esto desenvolvendo suas capacidades musicais, aperfeioando-se cognitivamente, psicologicamente, e tornando-se interessados, mais atentos e concentrados em todas as reas, alm de disciplinados e sociveis. Dessa forma, pode-se concluir que a proposta vivel, e contribui para que a educao musical tenha novamente seu valor dentro do ambiente escolar.
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REFERNCIAS ILARI, Beatriz. Msica na infncia e na adolescncia: um livro para pais, professores e aficcionados. Curitiba: Ibpex, 2009
PARAN. DCE Arte - Diretrizes Curriculares Estaduais de Arte, 2003
SWANWICK, Keith. Ensinando msica musicalmente (A. Oliveira & C. Tourinho, Trad.). So Paulo: Moderna, 2003. SCHAFFER, Murray. O ouvido Pensante. So Paulo: UNESP, 1991 WIESE, Tatiane. O(s) conceito(s) de musicalidade na perspectiva de experts, professores e bacharis da rea de flauta doce. Dissertao de Mestrado Curitiba: UFPR, 2011.