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Dimensionamento Torre Éolica

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FACULDADE DE E NGENHARIA DA U NIVERSIDADE DO P ORTO

Análise e Dimensionamento
de Torre Eólica Offshore:
Estudo Paramétrico

Vasco Manuel Jerónimo Maia


Licenciado em Engenharia Civil
pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Dissertação submetida para satisfação parcial dos


requisitos do grau de mestre
em
Estruturas de Engenharia Civil

Dissertação realizada sob a supervisão de:


Professor Doutor Rui Carneiro Barros
do Departamento de Engenharia Civil
da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Porto, Julho de 2009


Resumo

A temática da emissão de gases de efeito estufa, cuja principal consequência é o aquecimento


global, tem-se tornado, cada vez mais, uma preocupação permanente nas sociedades ocidentais.
A redução do consumo de energia, o aumento de eficiência energética e a adopção de polı́ticas
que privilegiem a utilização de fontes de energia renováveis, constituem respostas aos problemas
ambientais actuais e vindouros, resultantes do aquecimento global. A energia eólica apresenta-se
como alternativa aos recursos energéticos convencionais.
Em Portugal, a publicação dos Dec.-Lei 312/01 e 339C/01 em Dezembro de 2001 representou
a clara aposta em fontes de energia renováveis. Até 2010, a Direcção-Geral de Energia prevê a
atribuição de pontos de interligação a aproveitamentos de energia eólicas, cuja potência totalizará
3750 MW .
Historicamente, o desenvolvimento de turbinas eólicas foi sempre terrestre. Contudo, há
sempre que considerar parâmetros tais como: disponibilidade de espaço e capacidade eólica. O
offshore torna-se particularmente importante, uma vez que a primeira destas restrições deixa de
existir. Além disso, as turbinas offshore apresentam uma outra vantagem: a potência disponibili-
zada é cerca de 50% mais elevada que em turbinas onshore idênticas.
O principal objectivo desta dissertação é o dimensionamento da estrutura de apoio da turbina
eólica offshore.
Primeiramente, refere-se o estado-da-arte da engenharia eólica offshore, assim como o seu
crescimento notável ao longo dos últimos anos, nomeadamente em paı́ses do norte da Europa
como Dinamarca, Holanda e Suécia, para além das suas vantagens e desvantagens em relação à
solução onshore.
De seguida, faz-se descrição algo detalhada da natureza vento e sua quantificação numérica,
assim como de noções básicas de teoria da onda.
Referem-se os tipos de turbinas de eólicas existentes, tal como o seu modo de funcionamento.
Mais tarde enumeram-se os diferentes tipos de fundação que podem ser adoptados para uma
estrutura offshore, mencionando-se, de seguida, o método das curvas p-y para a modelação da
interacção da estrutura-solo.
Finalmente procede-se à definição das acções presentes utilizando diferentes regulamentos,
quer nacionais, quer internacionais, tal como as necessárias verificações de segurança, seguindo-
se o dimensionamento da estrutura e as conclusões.

i
Abstract

The astonishingly increase of emission of greenhouse gases, which main consequence is global
warming, has become an ongoing concern in western societies.
The reduction of energy consumption, increasing energy efficiency and the implantation of
government programs that favor the use of renewable energy sources, are responses to current and
future environmental problems, from global warming. Wind energy presents itself as an alternative
to conventional energy resources.
In Portugal, the release of Decree-Law 312/01 and 339C/01 of December 2001 has reinforced
government’s commitment of developing renewable energy sources. By 2010, the Department of
Energy expect to attach wind farm grid conncections with a total power capacity of 3750 MW .
Historically, the development of wind turbines has always been onshore. However, there are
parameters to be always regarded such as availability of land and wind capacity. The offshore
becomes particularly important, since the first of these restrictions no longer exist. Furthermore,
the offshore turbines have another advantage: the power available is 50% higher than on identical
onshore turbines.
This dissertation main focus is on the design of the support structure of the offshore wind
turbine.
First an overview of the offshore wind engineering state of the art, its remarkable growth over
the last years, specially in northern european countries like Denmark, Netherlands and Sweden as
well as the advantages and disadvantages regarding the onshore solution.
Then a detailed characterization of wind engineering and the basics wave theory are regarded,
as such wind energy technology principles, followed by different offshore structure foundation
types and the modelation of soil-structure by lateral soil resistance-deflection (p-y) curves.
Later the structure loading characterization is addressed using different codes both national
and internations, and finally the design of the support structure itself and the conclusions.

ii
Prefácio

O crescimento da população e a consequente escassez de espaço para a implantação de tor-


res eólicas em terra, tem levado alguns paı́ses a optar pelo desenvolvimento de parques eólicos
offshore. A energia eólica offshore tem um futuro promissor, uma vez que as populações tendem,
cada vez mais, a ocupar as regiões costeiras.
Em virtude da diminuição de instalação de energia eólica onshore, por volta de 2015, Portugal
terá de encarar a criação de parques eólicos offshore, havendo na zona norte costeira, entre Viana
de Castelo e Porto, um potencial de 500 MW até 40 m de profundidade.
É com base na certeza que a energia eólica offshore poderá contribuir para o crescimento da
economia nacional, através do desenvolvimento de tecnologias e serviços associados à produção,
instalação e operação/manutenção de torres eólicas, que surge esta dissertação.
Como paı́s desde sempre ligado à actividade marı́tima, dado à sua localização geográfica pri-
veligiada e com uma zona económica exclusiva recém-alargada e de caraćter ı́mpar em toda a
Europa, torna-se quase imperioso o aproveitamento deste recurso, especialmente quando estabe-
leceu limites muito ambiciosos para a emissão de gases de efeito de estufa.

iii
Agradecimentos

Ao Prof. Rui Carneiro de Barros pela sua disponbilidade e pela cedência de material bibli-
ográfico indispensável à elaboração desta tese.

O Autor

iv
“You should be glad that bridge fell down.
I was planning to build thirteen more to that same design”

Isambard Kingdom Brunel

v
Conteúdo

1 Introdução 1
1.1 Estado-da-Arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Vantagens e Desvantagens da Energia Eólica Offshore . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Estrutura da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 O Recurso Eólico 6
2.1 Origem e Mecanismo de Geração do Vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2 Mapas Meteorológicos de Superfı́cie e os Ventos . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2.1 Vento Geostrófico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2.2 Vento Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2.3 Vento à Superfı́cie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3 Caracterização do Vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3.1 Variações Anuais e Sazonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3.2 Variações Sinópticas e Diurnas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3.3 Turbulência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3.4 Velocidade de Rajada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.5 Velocidades do Vento Extremas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3 Teoria de Ondas e sua Aplicação 17


3.1 Ondas Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.2 Teoria de Stokes de 2.a Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.3 Considerações sobre Condições de Aplicabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . 22

4 Turbinas Eólicas 25
4.1 Tecnologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1.1 Classificação de Turbinas Eólicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1.2 Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.1.3 Cabina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.1.4 Forças Actuantes na Pá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.1.5 Controlo de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.1.5.1 Entrada em Perda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.1.5.2 Variação do Passo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.1.5.3 Vantagens e Incovenientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.2 Ciclo de Vida de Eólica Offshore . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.2.1 Concepção e Planeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.2.2 Construção e Instalação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.2.3 Funcionamento e Gestão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2.3.1 Funcionamento do Parque Eólico . . . . . . . . . . . . . . . . 33

vi
CONTEÚDO vii

4.2.3.2 Gestão e Manutenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33


4.2.4 Decomissionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

5 Fundações 34
5.1 Considerações Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.2 Tipos de Fundações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.2.1 Fundações por Estaca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.2.2 Fundações por Gravidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.2.3 Fundação por Tripé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.3 Caracterização Geológica e Geotécnica do Local . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.3.1 Definição de Capacidade de Carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.3.2 Deslizamento pela Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.3.3 Capacidade de Carga de uma Estaca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.3.3.1 Resistência Axial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.3.3.2 Resistência Lateral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.3.4 Capacidade de Carga de uma Estaca: Resistência a Acções Laterais . . . 42
5.3.5 Resposta do Solo: Curvas p-y . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.3.5.1 Curvas p-y para Argilas Moles Submersas . . . . . . . . . . . 43
5.3.5.2 Curvas p-y Argilas Rijas Submersas . . . . . . . . . . . . . . 45
5.3.5.3 Curvas p-y para Argilas Submersas: Critério Unificado . . . . 48
5.3.5.4 Curvas p-y para Areias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.3.6 Algumas Considerações Sobre os Métodos Apresentados . . . . . . . . . 54

6 Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 55


6.1 Considerações Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.2 Definição de Acções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
6.2.1 Metodologias de Dimensionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
6.2.1.1 Dimensionamento Apoiado na Experimentação . . . . . . . . 57
6.2.1.2 Verificação pelo Método dos Factores Parciais . . . . . . . . . 57
6.2.2 Estados Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
6.2.3 Modelação Estrutural e Resistência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.2.4 Acções Permanentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.2.5 Acção do Vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.3 Determinação das Respostas da Estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
6.3.1 Caso 1 - Resposta Permanente (Tipo A) na Direcção do Vento . . . . . . 59
6.3.2 Caso 2 - Resposta Não-Permanente (Rajada) na Direcção do Vento . . . . 60
6.3.3 Caso 3 - Resposta Dinâmica na Direcção Transversal devido à Partilha de
Vórtices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
6.4 Instabilidade das Torres Metálicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
6.4.1 Ovalização das Secções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
6.4.2 Efeitos P-Delta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
6.5 Acção de Vento na Torre Metálica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
6.6 Acção do Vento nas Pás e Rotor segundo RSA (2001) . . . . . . . . . . . . . . 63
6.7 Acção da Água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
6.7.1 Efeitos da Ondulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
6.7.2 Descrições Determinı́sticas de Ondas Oceânicas . . . . . . . . . . . . . 65
6.7.3 Forças de Ondas em Estruturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
6.7.4 Conservação do Momento Linear de um Fluido . . . . . . . . . . . . . . 67
6.8 Acções Dinâmicas e Sı́smicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
CONTEÚDO viii

6.9 Combinações de Acções e Verificação de Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . 72


6.9.1 Fundações: Verificação ao Derrube . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
6.9.2 Fundações: Capacidade de Carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
6.9.3 Efeitos Dinâmicos: Partilha de Vórtices . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
6.9.4 Efeitos Dinâmicos: Ovalização de Secções . . . . . . . . . . . . . . . . 75
6.9.5 Estabilidade da Torre: Verificação de Segurança das Secções . . . . . . . 75
6.9.6 Estabilidade da Torre: Verificação de Segurança dos Elementos . . . . . 76
6.9.7 Combinação de Acções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

7 Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 78


7.1 Condicionantes da Escolha do Local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
7.1.1 Medição do Vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
7.1.2 Ocupação do Solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
7.1.3 Local de Implantação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
7.2 Modelo de Turbina Eólica a Utilizar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
7.3 Pré-dimensionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
7.4 Modelação da Estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
7.5 Determinação de Acções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
7.5.1 Acções Permanentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
7.5.2 Quantificação da Acção do Vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
7.5.2.1 Pressão Dinâmica do Vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
7.5.2.2 Coeficientes de Força . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
7.5.2.3 Acção do Vento na Torre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
7.5.2.4 Acção do Vento no Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
7.5.3 Determinação da Acção da Água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
7.5.4 Acção Sı́smica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
7.6 Esforços na Estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
7.7 Verificações de Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.7.1 Fundações: Verificação ao Derrube . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.7.2 Fundações: Capacidade de Carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.7.3 Efeitos Dinâmicos: Partilha de Vórtices . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
7.7.4 Efeitos Dinâmicos: Ovalização de Secções . . . . . . . . . . . . . . . . 109
7.8 Estabilidade da Torre: Verificação de Elementos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110

8 Conclusões 114

Referências 118

Índice Remissivo 119


Lista de Figuras

1.1 Parque eólico offshore de Vindeby na Dinamarca. . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2.1 Mecanismo de geração do vento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7


2.2 Função Gama. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3 Funções de densidade de probabilidade de Weibull. . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4 Factor de Rajada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.1 Representação da onda linear. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17


3.2 Domı́nios de aplicabilidade de diversas teorias de ondas segundo Le Méhauté
( Veloso-Gomes (1983)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4.1 Componentes de uma turbina eólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26


4.2 Sistema de forças num perfil alar. Castro (2003) . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

5.1 Fundação por monoestaca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36


5.2 Fundação por gravidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.3 Fundação por tripé. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.4 Curva p-y para uma dada profundidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.5 Curva p-y de uma argila mole submetida a acção estática. . . . . . . . . . . . . . 44
5.6 Curva p-y de uma argila mole submetida a acção cı́clica. . . . . . . . . . . . . . 46
5.7 Constantes Ac e As para argilas rijas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
5.8 Curva p-y para areias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.9 Constantes Ac e As para areias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.10 Constantes Bc e Bs para areias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

6.1 Cenário de dimensionamento considerado no RSA. . . . . . . . . . . . . . . . . 63

7.1 Distribuição de NEP em Portugal Continental por ano para um aerogerador com 2
MW de potência e a hub a 60 m de altura Estanqueiro (2001). . . . . . . . . . . 79
7.2 Rosa dos vento obtida pelo QuikScat. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
7.3 Rosa dos vento obtida pelo SeaWinds. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
7.4 Local de implantação (L1) da turbina eólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
7.5 Solução para torre eólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
7.6 Divisão da estrutura em elementos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
7.7 Divisão nodal da estrutura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
7.8 Frequências dos perı́odos de onda em Leixões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
7.9 Elementos da estrutura nos quais se considera a acção da água. . . . . . . . . . . 91
7.10 Forças resultantes de um estado de mar com perı́odo T igual a 7s. . . . . . . . . 92
7.11 Forças resultantes de um estado de mar com perı́odo T igual a 9s. . . . . . . . . 93

ix
LISTA DE FIGURAS x

7.12 Forças resultantes de um estado de mar com perı́odo T igual a 11s. . . . . . . . . 93


7.13 Forças resultantes de um estado de mar com perı́odo T igual a 13s. . . . . . . . . 94
7.14 Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 0.30Hz. . . . 94
7.15 Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 1.36Hz. . . . 95
7.16 Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 3.45Hz. . . . 95
7.17 Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 7.456Hz. . . 96
7.18 Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 10.74Hz. . . 96
7.19 Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 12.15Hz. . . 97
7.20 Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 18.73Hz. . . 97
7.21 Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 19.61Hz. . . 98
7.22 Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 24.43Hz. . . 98
7.23 Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 33.61Hz. . . 99
7.24 Deslocamentos resultantes da acções sı́smicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.25 Curva p-y para uma profundidade 1.27m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
7.26 Curva p-y para uma profundidade 2.54m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
7.27 Curva p-y para uma profundidade 5.08m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
7.28 Curva p-y para uma profundidade 7.62m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
7.29 Curva p-y para uma profundidade 10.16m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
7.30 Curva p-y para uma profundidade 12.70m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
7.31 Curva p-y para uma profundidade 17.78m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
7.32 Curva p-y para uma profundidade 22.86m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Lista de Tabelas

1.1 Parques eólicos offshore em funcionamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4


1.2 Energia eólica offshore vs. energia eólica onshore. . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.1 Valores tı́picos de z0 Freris (1990). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12


2.2 Parâmetros que definem as classes de turbinas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

3.1 Grandezas cinemáticas da teoria de ondas linear. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

4.1 Ângulo de ataque vs. regime. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

5.1 Dados comparativos entre uma estrutura offshore tradicional e uma torre eólica. . 35
5.2 Parâmetro de dimensionamento de estacas em solos não coesivos . . . . . . . . . 42
5.3 Valores de ε50 indicados por Skempton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.4 Valores de k para argilas rijas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.5 Valores de ε50 para o critério unificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.6 Parâmetros da curva do critério unificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.7 Valores representativos de k . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.8 Valores de k para areias sob acções estáticas ou cı́clicas . . . . . . . . . . . . . . 53

6.1 Classificação de Acções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56


6.2 Tipos de Acções com origem no Vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

7.1 Especificações de modelos de turbinas eólicas tı́picas . . . . . . . . . . . . . . . 82


7.2 Especificações do rotor da VESTAS V80 - 2MW. . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
7.3 Pesos dos diversos elementos da torre eólica a considerar no dimensionamento. . 82
7.4 Dados para dimensionamento das torres eólicas offshore. . . . . . . . . . . . . . 83
7.5 Caracterı́sticas dos diferentes tipos de soluções disponı́veis para torres eólicas
offshore. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
7.6 Resultados de uma prospecção geotécnica realizada no Golfo do México. . . . . 83
7.7 Divisão em elementos da torre elólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
7.8 Divisão nodal da torre eólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
7.9 Identificação do local de instalação para efeitos da acção do vento. . . . . . . . . 88
7.10 Acção do vento na torre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
7.11 Acção do vento no rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
7.12 Dados para ação sı́smica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
7.13 Esforços axiais resultantes do permanente ou peso próprio (G). . . . . . . . . . . 100
7.14 Esforço transversos e momentos flectores resultante da acção do vento (V). . . . 100
7.15 Esforço transversos e momentos flectores resultante da acção da água (A). . . . . 101
7.16 Esforço transversos e momentos flectores resultante da acção sı́smica (S). . . . . 101

xi
LISTA DE TABELAS xii

7.17 Esforços resultantes das acções G e V combinadas. . . . . . . . . . . . . . . . . 102


7.18 Esforços resultantes das acções A e S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
7.19 Esforços nas secções crı́ticas da estrutura para a combinação 1. . . . . . . . . . . 102
7.20 Esforços nas secções crı́ticas da estrutura para a combinação 2. . . . . . . . . . . 103
7.21 Esforços nas secções crı́ticas da estrutura para a combinação 3. . . . . . . . . . . 103
7.22 Esforços nas secções crı́ticas da estrutura para a combinação 4. . . . . . . . . . . 104
7.23 Esforços nas secções crı́ticas da estrutura para a combinação 5. . . . . . . . . . . 104
7.24 Verificação da capacidade de carga do solo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
7.25 Verificação de partilha de vórtices. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
7.26 Verificação de ovalização de secções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
7.27 Caracterı́sticas mecânicas das secções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
7.28 Verificação do esforço transverso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
7.29 Dados auxiliares de cálculo para a verificação da flexão composta. . . . . . . . . 111
7.30 Verificação da flexão composta para a combinação 1. . . . . . . . . . . . . . . . 111
7.31 Verificação da flexão composta para a combinação 2. . . . . . . . . . . . . . . . 111
7.32 Verificação da flexão composta para a combinação 3. . . . . . . . . . . . . . . . 112
7.33 Verificação da flexão composta para a combinação 4. . . . . . . . . . . . . . . . 112
7.34 Verificação da flexão composta para a combinação 5. . . . . . . . . . . . . . . . 112
7.35 Definição das secções dos elementos da torre eólica em termos de classes de aço. 113
Abreviaturas e Sı́mbolos

EC1 Eurocódigo 1: Bases de Projecto e Acções em Estruturas


EC2 Eurocódigo 2: Projecto de Estruturas de Betão
EC3 Eurocódigo 3: Projecto de Estruturas de Aço
EC7 Eurocódigo 7: Projecto Geotécnico
ELA Estados Limites de Acidentes
ELF Estados Limites de Fadiga
ELS Estados Limites de Serviço
ELU Estados Limites Últimos
REBAP Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado
RSA Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifı́cios e Pontes

A Acção da água para efeitos de dimensionamento


E Módulo de Elastcidade (Young)
G Acção do peso próprio para efeitos de dimensionamento
S Acção sı́smica para efeitos de dimensionamento
V Acção do vento para efeitos de dimensionamento

xiii
Capı́tulo 1

Introdução

No inı́cio do século I, o vento, a água e a lenha eram os recursos utilizados na produção


de calor e de força motriz. Em tempos mais recentes, as novas fontes (o carvão, o petróleo, o
gás e o nuclear) ocuparam o lugar destes recursos tradicionais, em particular nos paı́ses mais
industrializados.
O renovado interesse nas energias renováveis dá-se a partir dos choques petrolı́feros da década
de 70. Por um lado, a necessidade de garantir a diversidade e segurança no fornecimento de energia
e, por outro lado, a obrigação de proteger o ambiente, cuja degradação é tem-se vindo a agravar
devido à utilização de combustı́veis fósseis, têm possibilitado o resurgimento das renováveis.

1.1 Estado-da-Arte
De forma a reduzir a sua dependência em relação ao petróleo externo, diversas nações criaram
programas de investigação e desenvolvimento no âmbito do aproveitamento da energia do vento
para produção de electricidade.
Em 1973 ( Righter (1996)), deu-se o inı́cio da instalação, perto de Cleveland, no estado norte-
americano do Ohio, a primeira turbina eólica da era moderna, a Mod 0 com um rotor de duas pás
com 38 m de diâmetro e 100 kW de potência.
A experiência de operação adquirida pela instalação desta turbina, e mais outras quatro entre-
tanto instaladas entre 1977 e 1980, possibilituou concluir acerca da viabilidade da sua exploração
em modo abandonado.
Em 1981, novamente nos EUA, procedeu-se à instalação das turbinas de elevadas dimensões,
Boeing Mod 2 de 91 m de diâmetro e 2.5 MW de potência, incorporando os mais recentes pro-
gressos tecnológicos conseguidos até à data.

1
Introdução 2

Entretanto, começaram a constituir-se os primeiros consórcios compostos por empresas ame-


ricanas e europeias, nomeadamente suecas e alemãs, em programas de investigação e desenvolvi-
mento de turbinas de grande potência. Um dos exemplos mais relevantes destas parceiras foram
as turbinas americano-suecas W T S3 (3 MW ) e W T S4 (4 MW ) instaladas em 1982.
O sucesso destes programas de investigação em grandes máquinas estimulou o desenvolvi-
mento da indústria da energia eólica que, logicamente, se iniciou com turbinas de dimensão muito
inferior. As primeiras turbinas eólicas comerciais foram instaladas no inı́cio dos anos 80, tanto na
Europa (principalmente na Dinamarca e Holanda) como nos EUA (em particular na Califórnia),
tendo tipicamente entre 10 a 20 m de diâmetro e potências de 50 a 100 kW .
A polı́tica de incentivo à disseminação de energias renováveis promovida pelas autoridades
do estado norte-americano da Califórnia foi decisiva para do desenvolvimento da energia eólica,
que conjugada com os elevados valores registados para a velocidade do vento em alguns locais
deste estado, possibilitou o rápido desenvolvimento de parques eólicos financiados por entidades
privadas.
Em 1987, a potência instalada em sistemas de conversão de energia eólica era de 1500 MW
fornecidos por cerca de 15000 turbinas eólicas, a maior parte delas com diâmetros entre 15 a 25
m.
A experiência positiva da operação com turbinas mais pequenas, associada as resultados obti-
dos pelos programas de investigação, conduziram a que a dimensão das turbinas eólicas comerciais
não tenha parado de crescer.
No inı́cio da década de 90, a capacidade standard das turbinas era da ordem de 300 kW e
actualmente (2009) já se situa na gama de 2 a 5 MW .
O sucessivo crescimento do tamanho das turbinas é benéfico em termos económicos e ambien-
tal. Normalmente, num dado local, quanto maior for a potência unitária mais energia é produzida
e melhor rentabilizadas são as infra-estruturas eléctricas e de construção civil. Por outro lado, a
redução do número de rotores em movimento diminui o impacto visual.
Os programas de investigação desempenharam um papel fundamental na uniformização do
desenvolvimento tecnológico das turbinas. Analisando a actual oferta comercial dos fabricantes
verifica-se a predominância de algumas opções básicas de projecto, nomeadamente, as turbinas de
eixo horizontal relativamente às de eixo vertical, os rotores de três pás (cerca de 90%) em relação
aos de duas e a colocação do rotor à frente da torre relativamente à sua colocação na parte de trás
(em relação à direcção do vento).
Apesar destas aspectos comuns subsiste ainda um conjunto de questões de projecto não total-
mente esclarecidas. Tais como as opções relacionadas com os materiais empregues no fabrico das
pás e da torre, o tipo de rotor (flexı́vel ou rı́gido), o sistema de controlo da potência para velocida-
des do vento acima da nominal (regulação do passo das pás ou entrada em perda aerodinâmica),
o tipo de gerador eléctrico (sı́ncrono ou assı́ncrono com interface electrónica de ligação à rede ou
assı́ncrono directamente ligado à rede), o modo de exploração (velocidade constante ou variável).
Sucintamente, pode afirmar-se que a tecnologia dos sistemas de conversão de energia eólica
atingiu já um estado de maturidade considerável, sendo os equipamentos considerados fiáveis,
1.2 Vantagens e Desvantagens da Energia Eólica Offshore 3

com taxas médias de disponibilidade superiores a 90%, e duradouros, com vidas úteis estimadas
em cerca de 20 anos.
Uma das áreas onde se tem registado, e sobre a qual este trabalho se debruça, é a instalação
de turbinas no mar. A tendência para o aumento da potência unitária, associada a um profundo
conhecimento da tecnologia de fundações das turbinas no mar e das condições de vento no local,
está a contribuir o aumento do grau de competitividade desta forma de aproveitar a energia do
vento em condições ambientais diferentes.
Os paı́ses do norte da Europa, designadamente a Dinamarca, têm liderado a instalação offshore:
o primeiro parque eólico deste tipo foi o de Vindeby (figura 1.1), instalado em 1991, localizado no
mar Báltico a cerca de 2 km da costa, composto por 11 turbinas de 450 kW ; em 2002 entrou em
operação o parque de Horns Rev, com 160 MW instalados em 80 turbinas de 2 MW . No final do
ano de 2006, a Dinamarca detinha uma potência eólica offshore instalada de cerca de 400 MW .

Figura 1.1: Parque eólico offshore de Vindeby na Dinamarca.

A tabela 1.1 indica quais os parques eólicos offshore europeus a operar correntemente.
A operação dos parques não se revelado problemática o que tem contribuı́do para aumentar as
esperanças no offshore, esperando-se que, a prazo, a maior produtividade destes aproveitamentos
compense o sobreinvestimento inicial.

1.2 Vantagens e Desvantagens da Energia Eólica Offshore


São várias as vantagens da energia eólica offshore. A velocidade média do vento offhore pode
ser 20% superior que a velocidade do vento onshore, o que conduz a um aumento de 70% da
energia resultante. O problema de espaço para instalação de parque eólicos é bem maior onshore,
devido ao elevado povoamento, que offhore. Apesar do maior custo de construção, este pode
ser compensado através de parques eólicos offhore maiores e com turbinas mais potentes. O uso
de fundações em aço em vez de betão pode minimizar os custos de construção (mais fáceis de
transportar e instalar). A diferença de temperatura entre a supefı́cie do mar e do ar é mais pequena
que a correspondente diferença entre a terra e o ar, o vento torna-se menos turbulento permitindo
aumentar o tempo de vida dos aerogeradores.
Introdução 4

Normalmente, as turbinas são construı́das para instalação a profundidades inferiores a 30 m


(para profundidades superiores os custos são demasiado elevados).

Parque Potência Paı́s N ◦ de Inı́cio da


Eólico (MW ) turbinas Exploração
Arklow Bank 25 Irlanda 7 2004
Barrow 90 Reino Unido 30 2006
Beatrice 10 Reino Unido 2 2007
Blyth 4 Reino Unido 2 2000
Bockstigen 2.75 Suécia 5 1998
Burbo Bank 90 Reino Unido 25 2007
Egmond aan Zee 108 Holanda 36 2006
Frederikshavn 11 Dinamarca 4 2003
Horns Rev 160 Dinamarca 80 2002
Irene Vorrink 11 Holanda 28 1996
Kemi Ajos 24 Finlândia 8 2008
Kentish Flats 90 Reino Unido 30 2005
Lely 2 Holanda 4 1994
Lillgrund 110 Suécia 48 2007
Lynn and Inner Dowsing 194 Reino Unido 54 2008
Middelgrunden 40 Dinamarca 20 2001
North Hoyle 60 Reino Unido 30 2003
Nysted 166 Dinamarca 72 2003
Princess Amalia 60 Holanda 60 2008
Samso 60 Dinamarca 10 2003
Scroby Sands 60 Reino Unido 30 2004
Thorton Bank I 30 Bélgica 6 2008
Vindeby 5 Dinamarca 11 1991
Yttre Stengrund 10 Suécia 5 2002

Tabela 1.1: Parques eólicos offshore em funcionamento.

A tabela 1.2 apresenta alguns dados comparativos entre a energia eólica offshore e onshore.

Ambiente Investimento Custo de Energia Custos de Operação e Manutenção


Offshore 700 a 1000 e/kW 3 a 8 e/kW h 1 a 3% Custos de Instalação
Onshore ≈ 1650 e/kW 5 a 10 e/kW h ≈ 30 e/kW

Tabela 1.2: Energia eólica offshore vs. energia eólica onshore.

1.3 Estrutura da Dissertação


O capı́tulo 2 aborda o vento, quanto aos seus mecanismos de geração e natureza, a variabili-
dade da sua velocidade, quer no tempo, quer no espaço por intermédio de funções de distribuição
de probabilidade e perfis de de velocidade, não esquecendo os valores extremos de velocidade
1.3 Estrutura da Dissertação 5

com elevados perı́odos de retorno. Também o fenómeno da turbulência é tratado, através da sua
caracterização matemática e o seu impacte nas turbinas eólicas.
No capı́tulo 3 descreve-se de uma forma simples as teorias de ondas corrente, com especial
destaque para a teoria de Airy e a teoria de Stokes.
No capı́tulo 4 faz-se uma caracterização das turbinas eólicas, quer em relação ao seu princı́pio
de funcionamento, quer aos seus componentes, materiais constituintes e tipos de turbinas, com
destaque para as respectivas vantagens e desvantagens.
No capı́tulo 5 abordam-se, essencialmente, métodos de cálculo de esforços em estacas cra-
vadas em diferentes tipos de solos e que permitem de forma relativamente simples modelar a
interacção solo-estaca.
No capı́tulo 6 descrevem-se algumas metodologias passı́veis de serem aplicadas no dimensio-
namento da torre eólica, bem como as acções que têm de ser consideradas e respectivas verificações
de segurança.
No capı́tulo 7 procede-se ao dimensionamento da torre eólica.
Finalmente, no capı́tulo 8 referem-se as conclusões deste trabalho.
Capı́tulo 2

O Recurso Eólico

2.1 Origem e Mecanismo de Geração do Vento

O vento resulta do aquecimento não homogéneo da atmosfera, que representa uma das con-
sequência das irregularidades da superfı́cie terrestre (por exemplo terra versus mar), da rotação da
Terra (noite versus dia) e da forma quase esférica do nosso planeta. As massas de ar quente sobem
na atmosfera e geram zonas de baixa pressão junto à superfı́cie terrestre. Consequentemente, mas-
sas de ar frio deslocam-se para essas zonas de baixa pressão e dão origem ao vento. As regiões
equatoriais, que recebem os raios solares quase que perpendicularmente, são mais aquecidas do
que as regiões polares (figura 2.1). Assim, o ar quente que se encontra nas baixas altitudes das
regiões tropicais tende a subir, sendo substituı́do por uma massa de ar mais frio que se desloca das
regiões polares. O deslocamento de massas de ar determina a formação dos ventos.
Existem regiões no globo terrestre nos quais os ventos não páram de “soprar”, pois os me-
canismos que os produzem - aquecimento no Equador e arrefecimento nos pólos - estão perma-
nentemente presentes na natureza. Estes ventos planetários ou constantes podem ser classificados
em:

• Alı́sios: ventos que sopram dos trópicos para o Equador, a baixas altitudes;

• Contra-alı́sios: ventos que sopram do Equador para os pólos, a altitudes elevadas;

• Ventos do oeste: ventos que sopram dos trópicos para os pólos;

• Polares: ventos friso que sopram dos pólos para as zonas temperadas.

A existência de variações sazonais na distribuição de radiação recebida na superfı́cie da Terra,


em virtude da inclinação de 23.5◦ em relação ao plano da sua órbita, resultam em variações sa-
zonais de intensidade e duração dos ventos, em qualquer local da superfı́cie terrestre. Como tal,
surgem os ventos continentais ou periódicos nos quais se incluem as monções - ventos periódicos
que mudam de direcção a cada seis meses - e as brisas.

6
2.2 Mapas Meteorológicos de Superfı́cie e os Ventos 7

De acordo com as diferentes capacidades de reflexão, refracção e emissão, inerentes a cada


tipo de superfı́cie - tais como mares e continentes - surgem as brisas que se caracterizam por
serem ventos periódicos que sopram do mar para o continente e vice-versa.
Durante o perı́odo diurno, devido à maior capacidade da terra de refletcir os raios solares, a
temperatura do ar aumenta, formando-se uma corrente de ar que sopra do mar para a terra (brisa
marı́tima). À noite, a temperatura da terra decresce de forma mais acentuada do que a temperatura
da água, resultando uma brisa terrestre que sopra da terra para o mar.
Geralmente, a intensidade da brisa terrestre é menor do que a da brisa marı́tima devido à
menor diferença de temperatura que ocorre durante o perı́odo nocturno. Paralelamente ao sistema
de geração dos ventos acima descritos, encontram-se os ventos locais, que são originados por
outros mecanismos mais especı́ficos. Tratam-se de ventos que sopram em determinadas regiões e
resultam de condições locais, que os tornam bastante individualizados. Durante o dia, o ar quente
nas encostas da montanha se eleva e o ar mais frio desce sobre o vale para substituir o ar que subiu.
No perı́odo nocturno, a direcção do vento inverte-se e o ar frio das montanhas desce e acumula-se
nos vales.

Figura 2.1: Mecanismo de geração do vento.

2.2 Mapas Meteorológicos de Superfı́cie e os Ventos


A pressão atmosférica é o peso da atmosfera - é a força (o peso) que o ar exerce (por unidade
de área) sobre uma superfı́ce. Quando o número de moléculas de ar sobre uma superfı́cie aumenta,
aumenta a pressão sobre ela. Nos mapas meteorológicos de superfı́cie estão desenhadas as linhas
que unem as áreas com igual pressão à superfı́cie - as linhas isobáricas - a partir das quais se
podem localizar as áreas de baixas e a altas pressões que correspondem a ciclones e anticiclones.
São as diferenças de pressão à superfı́cie (o gradiente de pressão) que causam o movimento
do ar, sob a forma de vento, das altas para as baixas pressões, num esforço para conseguir o
equilı́brio. Além disso, para um observador na Terra, no Hemisfério Norte, o vento parece desviar-
se para a direita do seu caminho (e, no Hemisfério Sul, para a equerda). Este efeito aumenta com
a velocidade do vento e com a latitude, sendo nulo no equador e deve-se à rotação da Terra. Para
um observador, o vento parece ser desviado por uma força - a força de Coriolis .
O Recurso Eólico 8

Segundo Moran (2006), para baixas altitudes, ou seja, para altitudes inferiores a 100 m, os
ventos locais são extremamente influenciados pela superfı́cie, sendo deflectidos por obstáculos e
zonas mais rugosas, sendo a sua direcção o resultado da soma dos efeitos globais e locais.

2.2.1 Vento Geostrófico


Inicialmente, o fluxo de ar move-se perpendicularmente às linhas isobáricas, impulsionado
pela força resultante de gradiente de pressão. A força de Coriolis só começa a agir após o inı́cio
do movimento, desviando o fluxo para a direita (Hemisfério Norte). Na ausência de outras forças
como, tais como o atrito de superfı́cie, à medida que tempo passa e o vento aumenta de velocidade,
a inflexão vai aumentando até que passadas cercas de 24 h, o fluxo já terá acelerado o suficiente
para que a força de Coriolis fique dirigida no sentido exactamente oposto ao da força de gradiente
de pressão, ficando com uma magnitude igual a esta. O fluxo de ar resultante é o designado por
vento geostrófico, que é paralelo às linhas isobáricas e tempre as baixas pressões à sua esquerda
(no Hemisfério Norte).
No Hemisfério Norte, quando um avião voa com vento de cauda, as pressões mais baixas es-
tarão sempre à sua esquerda. Se voa na direcção das pressões mais baixas, o vento estará incidindo
da esquerda.
Na atmosfera real, esse equilı́brio geostrófico entre a força de gradiente de pressão e a força de
Coriolis no plano horizontal só se dá quando o gradiente de pressão é uniforme (linhas isobáricas
rectas e paralelas). Quando as isóbaras são curvas que convergem ou divergem, o vento real será
mais rápido ou mais lento do que corresponderia ao equilı́brio geostrófico.

2.2.2 Vento Gradiente


Na vizinhança de um centro de pressões, as linhas isobáricas são curvas e o gradiente não é
uniforme. O fluxo de ar que roda em torno de centro de pressões é designado por vento gradiente.
Verifica-se um movimento acelerado, mesmo se a velocidade for constante e existe uma força
centrı́peta dirigida para o vento de rotação que representa a diferença entre a força de gradiente de
pressão e a força de Coriolis.
Para uma depressão ciclónica no Hemisfério Norte, a força de gradiente de pressão está di-
rigida para o centro e a força de Coriolis para o exterior. Consequentemente, resulta uma força
que assegura a aceleração centrı́peta que mantém o ar numa trajectória circular. Num anticiclone,
a força de gradiente de pressão está dirigida para fora de e a força de Coriolis para o centro. A
velocidade do vento é maior do que a do vento geostrófico e a força de Coriolis será mais forte do
que a da força de gradiente de pressão.

2.2.3 Vento à Superfı́cie


O efeito da fricção na superfı́cie faz-se sentir apenas na camada mais baixa da atmosfera, até
cerca de 1 km de altitude. A fricção diminui a velocidade do vento e, consequentemente, a força
de Coriolis também diminui. Os ventos geostróficos têm uma velocidade cerca de 50% maior que
2.3 Caracterização do Vento 9

os ventos de superfı́cie, por não estarem sujeitos a efeitos de fricção. O equilı́brio geostrófico é
substituı́do pelo equilı́brio de três forças vectoriais: a força de Coriolis, a força de gradiente de
pressão e a força de fricção na superfı́cie, que actua no sentido oposto ao do vento. Devido ao
efeito de fricção, os ventos, designados por barostróficos não soprarão por não serem paralelos às
isobáricas, mas sim ligeiramente inclinados, na direcção das baixas pressões. A inclinação média
devida ao efeito de fricção é de cerca de 10◦ sobre o mar, 45◦ sobre a terra e 70◦ em montanhas.

2.3 Caracterização do Vento


2.3.1 Variações Anuais e Sazonais
Num dado local, a velocidade do vento pode variar de forma gradual a longo prazo. É possı́vel
estabelecer-se uma relação entre esta variação com a da temperatura do ar nesse mesmo local, a
longo prazo. Reconhece-se, também a influência do aquecimento global, causado pelo Homem,
na variação do vento.
A distribuição de probabilidade de Weibull permite obter uma boa representação da variação
horária da velocidade do vento média durante um ano, na grande maioria dos locais. Tal função é
dada por:

"  #
U k
F(U) = exp − (2.1)
A

onde F(U) representa a fracção do tempo para a qual a velocidade média horária é superior ao
valor U.
Os dois parâmetros que definem esta distribuição de probabilidade são:

• O parâmetro de escala, A (m/s) ;

• O parâmetro de forma, k .

O parâmetro de forma, k traduz a variabilidade da velocidade em relação á média. O parâmetro


de escala, A relaciona-se com a velocidade média horária anual, Ū através da relação:
 
1
Ū = AΓ 1 + (2.2)
k

onde Γ representa a função gama .


Analisando a figura 2.2, pode ter-se uma ideia da densidade de probabilidade de ocorrência de
uma determinada velocidade do vento.
Derivando F(U) e considerando obtém-se a função de densidade de probabilidade de Weibull:
O Recurso Eólico 10

0.98

0.96

Γ 1+ 1
k - Função Gama

0.94 k - factor de forma

0.92

0.9

0.88
1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
k

Figura 2.2: Função Gama.

"  #
d U k−1 U k
f (U) = [1 − F(U)] = k k exp − (2.3)
dU A A

Quando o parâmetro
  de forma
√ da distribuição é igual a 2, obtém-se a distribuição de Rayleigh
1 π
. Neste caso, Γ 1 + = = 0.8862. Se o valor de k for superior a 2.0, está-se na presença
2 2
de um local onde a variação horária da velocidade média em relação à média anual é relativamente
baixa. Para valores inferiores de k a 2, como 1.5 ou 2, indicam grande variabilidade em relação à
média.

2.3.2 Variações Sinópticas e Diurnas


Segundo Burton et al. (2001), para perı́odos de tempo reduzidos, como por exemplo 10 min,
as variações da velocidade do vento são mais aleatórias, logo menos previsı́veis. Contudo, tais
variações têm padrões bem definidos e a sua frequência de ocorrência é aproximadamente de qua-
tro dias, entre picos. Esta variação designa-se por sinóptica e está associada a padrões climáticos
de larga escala, tais como zonas de alta ou baixa pressões e respectivas frentes, enquanto estas se
movem ao longo da superfı́cie terrestre. Quando o ar se desloca das zonas de baixa pressão para
zonas de alta pressão, a força de Coriolis introduz uma rotação neste movimento, afectando assim
os padrões de circulação atmosférica.
2.3 Caracterização do Vento 11

Função densidade de probabilidade da velocidade média horária do vento


0.4
k=1.25
k=1.5
0.35 k - parâmetro de forma
k=2.0
k=2.5
0.3 k=3.0

0.25 A - parâmetro de escala (A = 3.0)

Função densidade de Weibull :


f (U )

0.2
"   #
k
U k−1 U
0.15 f (U ) = k exp −
Ak A

0.1

0.05

0
0 5 10 15 20 25
U (m/s)

Figura 2.3: Funções de densidade de probabilidade de Weibull.

2.3.3 Turbulência
A turbulência do vento tem origem na transformação da sua energia cinética em energia
térmica de acordo com Manswell e Sharpe (2002), através da criação e destruição de turbilhões
progressivamente mais pequenos. O vento turbulento pode ter um valor médio aproximadamente
constante ao longo de um perı́odo igual ou superior a uma hora, mas para intervalos de tempo
inferiores, ou seja com duração de apenas alguns minutos apenas, tal valor pode variar significa-
tivamente. Numa primeira análise, a variabilidade do vento parece ser aleatória, mas na realidade
tem aspectos bastante distintos.
A turbulência é constituı́da por três componentes: longitudinal, lateral e vertical. A compo-
nente longitudinal tem a mesma direcção predominante do vento é designada por u(z,t), a lateral
é ortogonal à componente longitudinal e representa-se por v(z,t) e a componente vertical é defi-
nida por w(z,t). Cada uma destas componentes é frequentemente encarada como uma velocidade
média a curto prazo. A componente longitudinal define-se como sendo a soma do valor médio de
velocidade Ū com a flutuação ũ, ou seja:

u = Ū + ũ (2.4)

onde u representa a componente longitudinal da velocidade instantânea do vento.


Segundo Hau (2006), o atrito entre a superfı́cie terrestre e o vento tem como consequência
O Recurso Eólico 12

o retardamento do último. As camadas inferiores do ar retardam as lhe que estão por cima, re-
sultando numa variação da velocidade média do vento com a altura do solo. O efeito da força de
atrito vai diminuindo até praticamente se anular a uma altitude de 2000 m.
Na superfı́cie terrestre, a condição fronteira obriga a que a velocidade do escoamento seja nula.
Esta zona da atmosfera definida pela variação de velocidade com a altura designa-se por camada
limite atmosférica; acima desta diz-se que a atmosfera é livre.
A área de camada limite atmosférica que se prolonga até 100 m de altura - camada superficial
- representa a zona de interesse para as turbinas eólicas. Nesta zona, a topografia do terreno e
a rugosidade do solo influenciam decisivamente o perfil de velocidades do vento, que pode ser
adequadamente representado pela lei logarı́tmica de Prandtl :

 
u∗ z
Ū(z) = ln (2.5)
κ z0

onde Ū(z) é a velocidade média do vento à altura z, u∗ designa-se por velocidade de atrito e κ a
constante de Von Kármán assume um valor de 0.4 e z0 representa o comprimento caracterı́stico da
rugosidade do solo, cujos valores limites são dados pela tabela 2.1.

Tipo de Terreno z0min (m) z0max (m)


Lama/gelo 0.00001 0.00003
Mar Calmo 0.0002 0.0003
Areia 0.0002 0.001
Neve 0.001 0.006
Descampados 0.02 0.03
Floresta 0.1 1
Subúrbios 1 2
Centro de Cidades 1 4

Tabela 2.1: Valores tı́picos de z0 Freris (1990).

Devido à dificuldade que geralmente constitui a determinação da velocidade de atrito, u∗ ,


pelo facto de esta depender da rugosidade do solo, da velocidade do vento e de forças que se
desenvolvem na atmosfera, para se determinar o perfil de velocidades do vento recomenda-se a
aplicação de:
 
z
Ū(z) ln z0
=   (2.6)
Ū(zre f ) ln zre f
z0

A turbulência atmosférica é uma caracterı́stica do escoamento e não do fluı́do. Uma tenta-


tiva de visualização da turbulência consiste em imaginar uma série de turbilhões tridimensionais,
de diferentes tamanhos, a serem transportados ao longo do escoamento médio. A turbulência é
completamente irregular e não pode ser descrita de uma maneira determinı́stica, sendo necessário
2.3 Caracterização do Vento 13

recorrer a técnicas estatı́sticas. A componente flutuante do vento pode conter energia significativa
em frequências próximas das frequências de oscilação da estrutura da turbina eólica, pelo que, pelo
menos, há que ter em consideração que os esforços a que a turbina fica sujeita afectam o perı́odo de
vida útil. Dado que a turbulência é um fenómeno inerente ao escoamento, não é possı́vel suprimi-
lo: a solução é contemplar a turbulência como um elemento determinante no projecto das turbinas
eólicas.
Na turbulência representa-se os desvios da velocidade instantânea do vento, u(t) em relação à
média do regime quasi-estacionário - Ū.
Um método de medir a turbulência é pela variância da sua componente longitudinal, σu 2 :
Z t0 + T
1 2
σu 2 = |u(t) −U|2 dt (2.7)
T t0 − T2

onde T representa a duração do intervalo de tempo em análise.


De acordo com Hau (2006), a intensidadade de turbulência, Iu é definida por:

σu
Iu = (2.8)
u

Atendendo que a variância varia de modo mais lento com a altura do que a velocidade média,
resulta que a intensidade da turbulência normalmente decresce com a altura. A realização de
experiências revelaram que a relação σu = 2.5u∗ se verifica na camada superficial, o que permite
obter a seguinte expressão:

1
Iu (z) =   (2.9)
z
ln z0

2.3.4 Velocidade de Rajada


É recomendável que se saiba, para um dado local, a rajada máxima para um determinado
intervalo de tempo e que se traduz pelo coeficiente de rajada G. Tal coeficiente é a razão entre a
velocidade da rajada e a velocidade média horária do vento. O valor de G é função da duração da
respectiva rajada - assim o coeficiente de rajada de 1 s é superior ao coeficiente de rajada de 3 s .
Wieringa (1973) propôs a seguinte expressão para determinar o coeficiente de rajada:

 
3600
G(t) = 1 + 0.42Iu ln (2.10)
t

onde t representa a duração da rajada em segundos e Iu a intensidade de turbulência longitudinal.

2.3.5 Velocidades do Vento Extremas


Para além das descrições feitas das propriedades estatı́sticas médias do vento, é de todo o
interesse estimar velocidades do vento extremas de longa duração que podem ocorrer num dado
O Recurso Eólico 14

1.8
Iu = 10%
Iu = 15%
1.7 Iu = 20%

1.6 Iu - Intensidade de turbulência longitudinal


Factor de rajada, G

1.5  
3600
G = 1 + 0.42Iu ln
t
1.4

1.3

1.2

1.1

1
100 101 102 103 104
Duração da rajada, t(s)

Figura 2.4: Factor de Rajada.

local.
Uma distribuição probabilı́stica da velocidade média horária do vento como a distribuição
de Weibull permite aferir da probabilidade de ocorrência de uma dada velocidade média horária
acima de um dado valor. Contudo, esta distribuição não se adequa a velocidades extremas pois foi
calibrada com dados obtidos a baixa velocidade de vento.
O dimensionamento de turbinas eólicas deve contemplar que estas suportem ventos extremos,
assim como comportarem-se eficazmente em condições extremas. Desta forma os diversos regu-
lamentos especificam velocidades do vento extremas para dimensionamento.
Condições extremas podem ser experimentadas com a máquina em operação, parada ou em
ponto morto com ou sem vários tipos de falhas, ou durante operações especiais como a paragem
da turbina. As condições de vento extremas podem ser caracterizadas por perı́odos de retorno:
por exemplo, uma rajada de 50 anos é aquela cuja severidade é admitida de 50 em 50 anos. Será
expectável que uma turbina sobreviva a tal rajada, admitindo que não existem falhas na turbina.
Claro que é possı́vel considerar que devido a uma falha na turbina esta possa estar a ventos
extremos, por exemplo, com ângulo de ataque errado, sendo desta forma as acções superiores ao
considerado. Também é razoável considerar que esta probabilidade é extremamente baixa. Assim,
geralmente admiti-se que uma turbina, em situação de falha, terá que resistir ao vento extremo com
perı́odo de retorno de 1 ano em vez de 50 anos. Para tal consideração ser válida é importante que
as falhas em questão não directamente relacionadas com condições de vento extremas. Uma falha
na rede eléctrica não é considerada como correlacionada com a turbina, mas sim com condições
2.3 Caracterização do Vento 15

extremas de vento, esta é uma situação possı́vel que tem grande importância para quem projecta a
rede eléctrica, mas não sob o ponto de vista estrutural.
É óbvio que ventos extremos e rajadas, ambos em termos de magnitude e forma, podem ser
muito especı́ficos de local para local. Estes podem variar consideravelmente de uma zona costeira
para uma zona mais montanhosa, por exemplo.
IEC (1999), por exemplo, especifica uma velocidade do vento de referência, U(zre f ), é cinco
vezes maior que a velocidade média anual.

U(zre f ) = 5Ū (2.11)

O vento extremo de 50 anos à altura do rotor (hub), é então obtido multiplicando Ure f por 1.4,
e variando em altura através de uma lei de potência com um expoente igual a 0.11, ou seja:

Ue50 (zhub ) = 1.4U(zre f ) (2.12)

 0.11
z
Ue50 (z) = Ue50 (zhub ) (2.13)
zhub

O vento extremo anual é tido como 75% do valor a 50 anos. A descrição das informações
presentes neste regulamento deve-se ao facto de que a norma DNV (2007) prevê o recurso ao
mesmo na definição da acção vento.
IEC (1999) define, ainda, um número de cenários para os quais a turbina deverá a resistir:

• Extreme Operating Gust (EOG): rajada extrema em funcionamento;

• Extreme Direction Change (EDC): alteração extrema da direcção do vento;

• Extreme Coherent Gust (ECG): rajada extrema coerente;

• Extreme Coherent Gust with Direction Change (ECD): rajada extrema com mudança da
direcção do vento;

• Extreme wind shear (EW S): acção transveral extrema do vento (forças verticais).

Estas situações são de rajadas determinı́sticas que representam variações turbulentas que se
prevêem ocorrer para um dado perı́odo de retorno. Não está previsto que ocorram em sobreposição
à turbulência normal.
As condições extremas são usadas para determinar de cargas eólicas extremas que actuam
nas turbinas eólicas. Estas condições incluem picos de ventos devido a tempestades e rápidas
variações na velocidade e direcção do vento.
Os valores de velocidade do vento extremas Ue50 e Ue1 com perı́odo de retorno de 50 anos
e 1 ano, respectivamente, são determinados através da velocidade de vento para uma altura de
O Recurso Eólico 16

referência, zre f . Para o dimensionamento de turbinas eólicas de acordo com a tabela 2.2 os valores
de U50 e Ue1 são dados por:

 0.11
z
Ue50 (z) = 1.4Ure f (2.14)
zhub

Ue1 (z) = 0.75Ue50 (z) (2.15)

onde zhub representa a altura do hub.


As condições externas a considerar no dimensionamento são dependentes do local selecci-
onado para a instalação da torre eólica. As classes de turbinas são definidas em função de
parâmetros dependentes da velocidade do vento e turbulência respectiva. A intenção dos valo-
res da velocidade do vento e turbulência é reproduzir os valores caracterı́sticos de diferentes tipos
de locais para instalação de turbinas. O objectivo é estabelecer uma classificação em função de
parâmetros de velocidade e turbulência. A tabela 2.2 especifica os parâmetros básicos que definem
as classes de turbinas eólicas, que A representa a categoria para as caracterı́sticas da turbulência
elevada, B representa a categoria para as caracterı́sticas da turbulência reduzida, I15 é o valor ca-
racterı́stico da intensidade de turbulência para uma velocidade de vento igual a 15m/s.

Classes de Turbinas I II III IV S


Ure f (m/s) 50 42.5 37.5 30
Ū(m/s) 10 8.5 7.5 6
I15 0.18 0.18 0.18 0.18
A A definir pelo fabricante
a 2 2 2 2
I15 0.16 0.16 0.16 0.16
B
a 3 3 3 3

Tabela 2.2: Parâmetros que definem as classes de turbinas.


Capı́tulo 3

Teoria de Ondas e sua Aplicação

A facilidade de utilização prática das teorias lineares tem concorrido para a sua grande divulgação.
A consideração de teorias não lineares será um refinamento desncessário quando não se introduz,
paralelamente, uma redução dos erros experimentais e um aumento na confiabilidade e disponi-
bilidade de dados de campo. São dois limites que continuam a subsistir mas que, pelo menos,
teoricamente, poderão vir a ser alterados a médio prazo.

3.1 Ondas Lineares


A teoria de ondas lineares, ilustrada na figura 3.1, igualmente conhecida por teoria de Airy ou
teoria de 1.a ordem é, provavelmente, a mais importante das teorias clássicas, pois é nela que a
maioria dos espectros de ondas das teorias probabilı́sticas se apoia.

Figura 3.1: Representação da onda linear.

Os nove pressupostos de aplicação desta teoria são:

• A amplitude A é pequena quando comparada com o comprimento de onda λ e a profundi-


dade d.

17
Teoria de Ondas e sua Aplicação 18

u2 + w2
• A altura cinética é desprezável quando comparada com a carga piezométrica. Sendo
2g
u e w as velocidades de uma partı́cula em x e z, repectivamente.

• A profundidade d é constante.

• O fluido é não viscoso e o escoamento irrotacional.

• O fluido é incompressı́vel e homogéneo.

• A força de Coriolis associada à rotação terrestre é desprezável.

• O fundo é suave e impermeável.

• As tensões superficiais são desprezáveis.

• A pressão atmosférica, patm , é uniforme.

Perante tais considerações requer-se que a velocidade da partı́cula e pressão do fluido satisfaça
as seguintes equações diferenciais, sendo que p é a pressão da água:

∂u ∂w
− =0 (3.1)
∂z ∂x

∂u ∂w
+ =0 (3.2)
∂x ∂z

∂u 1 ∂p
=− (3.3)
∂t ρ ∂x

∂w 1 ∂p
=− −g (3.4)
∂t ρ ∂z

∂η
w= , para z = 0 (3.5)
∂t

w = 0, para z = −d (3.6)

p = patm , para z = 0 (3.7)


3.2 Teoria de Stokes de 2.a Ordem 19

Assim se se considerar:

η(x,t) = A cos(kx − ωt) (3.8)

obtém-se:

cosh k(z + d)
u = Aω cos(kx − ωt) (3.9)
sinh kd

sinh k(z + d)
w = Aω sin(kx − ωt) (3.10)
sinh kd

cosh k(z + d)
p = patm − ρgz + ρgA cos(kx − ωt) (3.11)
cosh kd

onde −ρgz é a componente hidrostática da pressão. As equações 3.8 a 3.11 sastisfazem as


equações 3.1 a 3.6. De igual modo, estas equações também satisfazem as condições 3.5 e 3.7,
levando a que o número de onda e a frequência satisfaçam a seguinte relação:

ω 2 = gk tanh kd (3.12)

Sabendo que a velocidade de fase c é definida por:

ω λ
c= = (3.13)
k T

Os resultados da teoria linear estão resumidas na tabela 3.1.

3.2 Teoria de Stokes de 2.a Ordem


A suposição base no desenvolvimento da teoria de ondas de amplitude finita é que o escoa-
mento do fluido é irrotacional. Esta suposição pode ser justificada fisicamente se a viscosidade do
fluido for muito pequena.
Desta forma, as equações que descrevem o movimento podem ser escritas da mesma forma
que para a teoria linear:

∂w ∂u
− =0 (3.14)
∂x ∂z
Teoria de Ondas e sua Aplicação 20

Parâmetro Fórmula
Perfil de superfı́cie η(x,t) = A cos(kx − ωt)

2πA cosh k(z+d)


Velocidade horizontal da partı́cula u= T sinh kd cos(kx − ωt)

2πA sinh k(z+d)


Velocidade vertical da partı́cula w= T sinh kd sin(kx − ωt)

4πA cosh k(z+d)


Aceleração horizontal da partı́cula u̇ = T2 sinh kd sin(kx − ωt)

4π 2 A sinh k(z+d)
Aceleração vertical da partı́cula ẇ = T2 sinh kd cos(kx − ωt)

Pressão dinâmica p = ρgA cosh k(z+d)


cosh kd cos(kx − ωt)
q
Celeridade da onda c = gk tanh kd

Velocidade de grupo cg = c
2 1 + sinh
2kd
2kd

Tabela 3.1: Grandezas cinemáticas da teoria de ondas linear.

∂u ∂u
− =0 (3.15)
∂x ∂z

∂u ∂u ∂u 1 ∂p
+u +ω =− (3.16)
∂t ∂x ∂z ρ ∂x

∂w ∂w ∂w 1 ∂p
+u +ω =− −g (3.17)
∂t ∂x ∂z ρ ∂z

As expressões 3.14 e 3.15 expressam a vorticidade nula e a condição de continuidade, já as


equações 3.16 e 3.17 são as equações de conservação de momento.
A determinação do campo de velocidades possibilitará, igualmente, encontrar a solução do
campo de pressões. A condição fronteira do campo de pressões está definida, visto que à superfı́cie
a pressão é constante, isto é:

p(x,t, z = η) = patm = ctt (3.18)

Geralmente, p = p(x, z,t), o que implica:


3.2 Teoria de Stokes de 2.a Ordem 21

∂p ∂p ∂p
+u +w =0 (3.19)
∂t ∂x ∂z

Assim, a condição fronteira de superfı́cie livre é não linear em relação às variáveis u, w e p.
Stokes (1847) solucionou as expressões 3.14 a 3.19 através de sucessivas aproximações onde
a solução foi formulada em termos de séries com termos de ordem crescente.
O perfil de superfı́cie é dado por:

H H 2 π cosh kd
η= cos(kx − ωt) + [2 + cosh 2kd cosh 2(kx − ωt)] (3.20)
2 8 λ sinh3 kd

A velocidade horizontal da partı́cula é definida por:

 
π cosh k(z + d) 3 π2 cosh k(z + d)
u=H cos(kx − ωt) + H 2 sin 2(kx − ωt) (3.21)
T sinh kd 4 Tλ sinh4 kd

A velocidade vertical da partı́cula é representada por:

 
π sinh k(z + d) 3 π2 sinh 2k(z + d)
w=H sin(kx − ωt) + H 2 sin 2(kx − ωt) (3.22)
T sinh kd 4 Tλ sinh4 kd

A aceleração horizontal da partı́cula é dada por:

 
2π 2 H cosh k(z + d) π3 cosh 2k(z + d)
u̇ = sin(kx − ωt) + 3H 2 sin 2k(kx − ωt) (3.23)
T2 sinh kd T 2λ sinh4 kd

A aceleração vertical da partı́cula é definida por:

2π 2 H sinh k(z + d) 2 π sinh 2k(z + d)


3
ẇ = sin(kx − ωt) + 3H cos 2(kx − ωt) (3.24)
T2 sinh kd T 2 λ sinh4 kd

A pressão dinâmica é definida por:

 
H cosh k(z + d) 3  ρgπ  cos 2(kx − ωt) cosh 2k(z + d) 1
p = ρg cos(kx − ωt) + H 2 − (3.25)
2 coshkd 4 λ sinh 2kd sinh2 kd 3

A celeridade da onda é representada por:

r
g
c= tanh kd (3.26)
k
Teoria de Ondas e sua Aplicação 22

As expressões de ordem superior, da teoria de Stokes, são simplesmente aquelas nas quais as
aproximações dos efeitos dos termos correctivos são desenvolvidos até ao termo de ordem corres-
pondente. Normalmente, a teoria de Stokes, se usada uma ordem suficientemente elevada, deve
ser adequada na descrição de ondas para qualquer profundidade da água. Na prática, isto apenas
é possı́vel para ondas em águas profundas. Em águas de profundidade reduzida os termos correc-
tivos tornam-se extensos, as séries têm convergência lenta e errática, sendo necessário número de
termos para obter um grau de precisão uniforme.
Ursell (1953) estudou a precisão da teoria de 2a ordem comparando a amplitude do termo
de 2a ordem com a amplitude do termo de 1a ordem. Ursell (1953) generalizou a comparação e
expressou-a em função dos termos do parâmetro de Ursell, Ur , definido por:

λ
Ur = H (3.27)
d3

onde H é a altura de onda. Quando o parâmetro de Ursell é reduzido, a teoria linear de pequena
amplitude é válida. Contudo, apesar do parâmetro de Ursell ser útil, não constitui a única grandeza
na determinação da importância relativa dos termos não lineares. Em águas pouco profundas, por
H
exemplo, a amplitude relativa torna-se o parâmetro mais relevante.
d

3.3 Considerações sobre Condições de Aplicabilidade


A facilidade de utilização das teorias lineares tem contribuido para a sua grande divulgação. A
consideração de teorias não lineares será um refinamento desnecessário, quando não se introduz,
paralelamente, uma redução dos erros experimentais e um aumento na confiabilidade e disponibi-
lidade de dados de campo.
É importante salientar que uma boa correlação entre valores teóricos e experimentais de um
dos parâmetros caracterı́sticos de um sistema de ondas, como por exemplo, o perfil da superfı́cie
livre, não significa, claramente, que essa teoria se ajuste bem a outros parâmetros, tais como as
velocidades das partı́culas, trajectórias, distribuição de pressões e celeridades. Poder-se-á equa-
cionar o problema em termos da definição da teoria que melhor caracteriza um dado parâmetro
em determinadas condições de estudo bem definidas, ou então numa perspectiva de tentativa de
optimização global, procurando uma representação geral desses parâmetros. Sucintamente, pode
referir-se que em sucessivas fases de investigação, foram e e estão a ser considerados dois tipos de
análise.
Em primeiro lugar, a validade analı́tica das teorias de ondas, consistindo na identificação do
grau de satisfação das diversas condições hidrodinâmicas. Uma validade analı́tica perfeita equi-
valeria a uma teoria que satisfizesse na ı́ntegra tais condições, em particular condições fronteiras,
que podem ser descritas por expressões matemáticas mais ou menos complexas. Uma não perfeita
validade analı́tica de uma determinada teoria sugeria a contemplação de outras teorias ou tentativas
de refinamento dessa teoria, por exemplo, pela consideração de aproximações de ordem superior.
3.3 Considerações sobre Condições de Aplicabilidade 23

Em segundo lugar, a validade experimental das teorias de ondas, consistindo na comparação


de valores experimentais de perfis de superfı́cie livre, órbitas de velocidades, pressões, com os
respectivos valores teóricos. Com esta análise, poder-se-á constatar até que ponto uma teoria com
uma determinada validade analı́tica simularia, ou não, correctamente a um fenómeno natural. A
não consideração nos desenvolvimentos teóricos de, por exemplo, fenómenos de viscosidade e
tensão superficial justifica a necessidade de constatação da validade experimental.
A situação limite hidrodinâmica correspondente ao inı́cio da rebentação tem sido considerada.
Considerando uma situação de interesse prático ilustrativa da necessidade de resposta aos pro-
blemas levantados: o estudo das solicitações dinâmicas que se exercem sobre elementos estruturais
submersos no mar submetidos a agitação.
Em muitos casos, considera-se que as forças são proporcionais ao quadrado da velocidade
local das partı́culas fluidas, estando o coeficiente de arrasto CD incluı́do no factor de proporciona-
lidade. A determinação do quadrado da velocidade local das partı́culas fluidas através da aplicação
das diferentes teorias conduz a valores dı́spares, principalmente para certos domı́nios (por exem-
H
plo, > 0.5, aplicando teorias da onda solitária).
d
As forças estimadas serão então bastante afectadas de acordo com a teoria seleccionada. O
problema consistirá em utilizar a teoria que, sendo analiticamente válida, tenha tido uma boa
comprovação experimental do campo de velocidades que prevê. Se possı́vel, deverá ainda ser de
simples aplicação, dispensando sofisticados e laboriosos meios de tratamento.
Infelizmente, nem sempre assim se procede. Em primeiro lugar, os problemas nem sempre são
tão simples quanto aparentam. Também não existe nenhuma teoria perfeita, quer do ponto vista
analı́tico, quer em termos de comprovação experimental. Ao contrário do anteriormente sugerido,
em geral existem vários parâmetros de interesse e fundamentais para o estudo de um determinado
fenómeno e poucas ou nenhumas teorias adequadas a uma tradução fiel do comportamento global.
Também os ı́ndices de validade analı́tica que têm sido considerados isoladamente, como por
exemplo o grau de satisfação das condições fronteira à superfı́cie livre e quantificado para diversas
teorias, só parcialmente são correctos.
A teoria linear de Airy apresenta um grau de satisfação das condições fronteira relativamente
bom, em águas de pequena profundidade relativa.
A figura 3.2 apresenta um gráfico de grande utilidade part́ica, adaptado de Le Méhauté. Nesta
figura, os domı́nios de aplicabilidade prática, das diversas teorias são delimitados pelo parâmetros
H d H L2 H
adimensionais: , , e 3 .
gT 2 gT 2 d d
Teoria de Ondas e sua Aplicação 24

Figura 3.2: Domı́nios de aplicabilidade de diversas teorias de ondas segundo Le Méhauté ( Veloso-
Gomes (1983)).
Capı́tulo 4

Turbinas Eólicas

As turbinas eólicas foram concebidas para extrair a energia cinética do vento, o que é conse-
guido através da passagem do vento pelas pás do rotor, provocando a sua rotação para accionar
um veio.
Genericamente, as turbinas eólicas modernas dividem-se em dois tipos: turbinas de eixo hori-
zontal e de eixo vertical. Actualmente, as turbinas de eixo horizontal são a forma mais comum de
turbinas eólicas utilizadas. São o único tipo de turbinas instaladas ao largo, sobretudo porque são
mais eficientes e tanto podem ser instaladas perto da costa ou em águas mais profundas.
Graças a desenvolvimentos recentes, as instalações em águas mais profundas oferecem no-
vas potencialidades de desenvolvimento. Estas instalações serão capazes de aproveitar ventos
mais fortes em alto mar e representam uma oportunidade de desenvolvimento de mais áreas de
exploração, minimizando o seu impacte visual em terra.
Tal como já referido, a energia eólica resulta da radiação solar uma vez que os ventos são
gerados pelo aquecimento não uniforme da superfı́cie terrestre. Uma estimativa da energia total
disponı́vel dos ventos ao redor do planeta pode ser feita a partir da hipótese de que, aproximada-
mente, 2% da energia solar absorvida pelo planeta é convertida em energia cinética dos ventos.

4.1 Tecnologia
4.1.1 Classificação de Turbinas Eólicas
As pequenas turbinas com menos de 50 kW servem normalmente para alimentar casas, antenas
de telecomunicações, bombas de água, etc. As turbinas de maior potência (existem turbinas de
vários megawatts) são geralmente agrupadas em parques eólicos e a electricidade por elas gerada
é introduzida na rede de distribuição eléctrica.
Em termos de potência nominal, a classificação de turbinas é a seguinte:

• Pequenas turbinas: potência nominal inferior a 30 kW ;

25
Turbinas Eólicas 26

• Grandes tubinas: potência nominal entre 30 e 1000 kW ;

• MultiMW turbinas: potência nominal superior a 1000 kW ;

Segundo Castro (2003) existem turbinas upwind com as pás viradas para o vento, e turbinas
downwind que funcionam de modo oposto, dado que o vento passa pela parte de trás da turbina
para os rotores. As turbinas eólicas, cujos componentes estão ilustrados na figura 4.1, também
podem ser classificadas de acordo com o método como a potência é regulada em altas velocidades
de vento. As turbinas eólicas reguladas por um mecanismo de perda aerodinâmica (stall-regulated)
são uma das categorias. Estas turbinas têm pás de rotor de ângulo constante que, à medida que
aumenta a velocidade do vento, entram gradualmente em perda (stalled). A segunda categoria são
as turbinas de ângulo regulado que, em vez de terem um ângulo de rotor fixo, alteram o ângulo
para regular a potência da turbina eólica.

Figura 4.1: Componentes de uma turbina eólica.

4.1.2 Rotor
De acordo com Hansen (2008) o dimensionamento das pás do rotor, no qual a forma da pá e
o ângulo de ataque em relação à direcção do vento têm uma influência determinante, beneficiou
do conhecimento da tecnologia das asas dos aviões, que apresentam um funcionamento idêntico.
Em relação à superfı́cie de ataque do vento incidente nas pás, o rotor tanto pode ser instalado a
montante (upwind) ou a jusante (downwind) da torre. A opção upwind, na qual o vento ataca as pás
pelo lado da frente, generalizou-se pelo facto de o vento incidente não ser perturbado pela torre.
A opção downwind, em que o vento ataca as pás pelo lado de trás, permite o auto-alinhamento do
rotor na direcção do vento, mas tem vindo a ser progressivamente abandonada, pois o escoamento
é perturbado pela torre antes de incidir no rotor.
Considera-se como solidez (solidity) a razão entre a área total das pás e a área varrida pelas
mesmas. Se o diâmetro e a solidez das pás forem mantidos constantes, o rendimento aumenta com
o número de pás. Tal se sucede, porque diminuem as chamadas perdas de extremidade.
4.1 Tecnologia 27

Contudo, Hau (2006) que consideram a de solidez de uma turbina eólica como sendo a razão
entre a área total das pás da turbinas e uma área varrida pelas pás considerando apenas 70% do
diâmetro total do rotor. Esta grandeza pode ser determinada pela seguinte expressão:

n
σ= (4.1)
0.7πD

Actualmente, as turbinas têm uma solidez de cerca de 5%.


O aumento na energia capturada ao vento está estimado em cerca de 3 a 5% quando se passa de
duas para três pás Hansen (2008), mas esta percentagem vai-se tornando progressivamente menor
à medida que se aumenta o número de pás. Esta razão conduziu a uniformização de turbinas cujos
rotores têm três pás, muito embora a solução com duas pás apresente benefı́cios relacionados com
a diminuição de peso e de custo.
Por outro lado, é necessário que o cubo do rotor - local de fixação das pás - possa baloiçar
(teetering hub), isto é, que apresente um ângulo de inclinação relativamente à vertical (tilt angle)
tal como enunciado por Hansen (2008), de forma a acomodar os desequilı́brios resultantes da
passagem das pás em frente à torre.
O perı́odo de vida útil do rotor está relacionado com os esforços a que fica sujeito e com as
condições ambientais em que se insere. A selecção dos materiais usados na construção das pás
das turbinas é, pois, uma operação delicada: actualmente, a escolha faz-se entre a madeira, os
compostos sintéticos e os metais.
A madeira representa o material de fabrico de pás de pequena dimensão (da ordem de 5 m de
comprimento). Ultimamente, a madeira passou a ser empregue em técnicas avançadas de fabrico
de materiais compósitos de madeira laminada. Hoje em dia, existem alguns fabricantes a usar
estes materiais em turbinas de 40 m de diâmetro.
Os compostos sintéticos constituem os materiais mais usados nas pás das turbinas eólicas,
especialmente, plásticos reforçados com fibra de vidro. Estes materiais são relativamente baratos,
robustos, resistem bem à fadiga, mas, principalmente, são facilmente moldáveis, o que representa
um grande benefı́cio na fase de fabrico. Sob o ponto de vista das propriedades mecânicas, as fibras
de carbono apresentam-se como a melhor opção. Contudo, o seu preço elevado representa ainda
um obstáculo que se opõe à sua maior aplicação.
Quanto aos metais, o aço tem sido o mais usado, principalmente nas turbinas de maiores
dimensões. Contudo, trata-se de um material denso, o que o torna pesado. Em alternativa, alguns
fabricantes optaram por ligas de alumı́nio que apresentam melhores propriedades mecânicas, mas
têm a desvantagem de a sua resistência à fadiga se deteriorar rapidamente.
A tendência actual aponta para o desenvolvimento na direcção de novos materiais compósitos
hı́bridos, por forma a tirar partido das melhores caracterı́sticas de cada um dos componentes,
designadamente sob o ponto de vista do peso, robustez e resistência à fadiga.
Turbinas Eólicas 28

4.1.3 Cabina
Na cabina estão alojados, entre outros equipamentos, o veio principal, o travão de disco, a
caixa de velocidades (quando existe), o gerador e o mecanismo de orientação direccional (yaw).
O veio principal de baixa rotação transfere o binário primário do rotor para a caixa de veloci-
dades. Neste veio estão montadas as tubagens de controlo hidráulico dos travões aerodinâmicos
(spoilers).
Em situações de emergência devidas a falha no travão aerodinâmico ou para efectuar operações
de manutenção é usado um travão mecânico de disco. Este travão tanto pode estar situado no veio
de baixa rotação como no veio de alta rotação, após a caixa de velocidades. Na segunda opção,
o travão é menor e mais barato, pois o binário de travagem a fornecer é menor. Contudo, na
eventualidade de uma falha na caixa de velocidades, não há controlo sobre o rotor.
A caixa de velocidades (quando existe) é necessária para adaptar a frequência do rotor da
turbina, tipicamente da ordem de 0.33Hz (20 rpm) ou 0.5 Hz (30 rpm), à frequência do gerador,
isto é, da rede eléctrica de 50 Hz.
O gerador converte a energia mecânica disponı́vel no veio de alta rotação em energia eléctrica.
A ligação mais flexı́vel do gerador assı́ncrono, permitida pelo escorregamento, tem levado a maior
parte dos fabricantes a escolhê-lo como equipamento de conversão mecano-eléctrica, já a ligação
rı́gida caracterı́stica do gerador sı́ncrono não se adapta bem às variações do vento, pelo que este
conversor só é usado em sistemas de velocidade variável.
É, ainda, necessário que o rotor fique alinhado com a direcção do vento, de modo a extrair a
máxima energia possı́vel. Para executar esta função, existe o mecanismo de orientação direccional,
constituı́do essencialmente por um motor, o qual, em face da informação recebida de um sensor
de direcção do vento, roda a nacelle e o rotor até que a turbina fique adequadamente posicionada.
No cimo da cabina está montado um anemómetro e o respectivo sensor de direcção. As medi-
das da velocidade do vento são usadas pelo sistema de controlo para efectuar o controlo da turbina,
nomeadamente, a entrada em funcionamento, a partir da velocidade de aproximadamente 5 m/s, e
a paragem, para ventos superiores a cerca de 25 m/s. A informação da direcção do vento é usada
como entrada do sistema de orientação direccional.
A torre suporta a nacelle e eleva o rotor até uma cota em que a velocidade do vento é superior
e menos perturbada do que junto ao solo.
As torres modernas podem ter cinquenta e mais metros de altura, pelo que a estrutura tem de
ser dimensionada para suportar cargas significativas, bem como para resistir a uma exposição em
condições naturais ao longo da sua vida útil, estimada em cerca de vinte anos.
Para fabricar as torres tubulares pode usar-se aço ou betão, sendo, normalmente os diversos
troços fixados no local com uma grua. Estas torres são mais seguras para o pessoal da manutenção,
que pode usar uma escada interior para aceder à plataforma da nacelle.
4.1 Tecnologia 29

4.1.4 Forças Actuantes na Pá


A geometria das pás do rotor, cuja secção recta tem a forma de um perfil alar, determina a
quantidade de energia que é extraı́da a cada velocidade do vento. A figura 4.2 ilustra as forças
presentes num elemento do perfil alar.

Figura 4.2: Sistema de forças num perfil alar. Castro (2003)

A velocidade relativa do vento W que actua no elemento de pá, resulta de duas componentes:
a velocidade do vento Up e a velocidade tangencial da pá Ut . O ângulo de ataque α, definido
como sendo o ângulo entre a linha que une os bordos de entrada e de saı́da do perfil (linha de
corda) e a velocidade relativa, o ângulo β é o ângulo entre o plano de rotação da pá e a linha de
corda, o ângulo do escoamento, φ é a soma de α com β . A força F pode ser dividida em duas
componentes: uma actuando na mesma direcção da velocidade relativa, designa-se por força de
resistência D (drag), outra é perpendicular e denomina-se por sustentação L (lift). O vector força
F pode, igualmente, ser decomposto na direcção do plano de rotação e na direcção perpendicular,
obtendo-se a componente que contribui para o movimento da pá N, e a componente que contribui
para o binário motor T . Estas forças podem ser, respectivamente, calculadas por:

N = L sin φ − D cos φ (4.2)


T = L cos φ + D sin φ (4.3)

É desejável que o desempenho da pá possa ser caracterizado, independentemente do seu ta-
manho e da velocidade com que está animada. Assim, é habitual dividir a força de sustentação
L e a força de resistência D pela força experimentada pela secção recta A de uma pá, animada da
velocidade do vento U. Obtém-se, respectivamente, o coeficiente de sustentação CL e o coeficiente
de resistência CD :

L
CL = 1 2
(4.4)
2 ρU A
Turbinas Eólicas 30

D
CD = 1 2
(4.5)
2 ρU A

onde ρ é a massa especı́fica do ar.


De um modo geral, o comportamento dos perfis alares em função do ângulo de ataque α pode
ser dividido em três zonas de funcionamento, conforme se evidencia na tabela 4.1.

Ângulo de Ataque α Regime


−15◦ < α < 15◦ Linear
15◦ < α < 30◦ Desenvolvimento de perda
30◦ < α < 90◦ Travão

Tabela 4.1: Ângulo de ataque vs. regime.

Para os perfis normalmente utilizados em turbinas eólicas, verifica-se que o coeficiente de


sustentação atinge o seu valor máximo para um ângulo de ataque de cerca de 10◦ a 15◦ , a partir do
qual decresce.
O coeficiente de arrastamento mantém-se aproximadamente constante até se atingir o ângulo
de ataque para o qual o coeficiente de sustentação atinge o seu máximo; para valores de α superi-
ores, o coeficiente de arrastamento sofre um crescimento acentuado. No entanto, este coeficiente
é mais difı́cil de calcular, porque depende, fortemente, da rugosidade da pá e de efeitos de fricção.
Com a finalidade de extrair do vento a máxima potência possı́vel, a pá deve ser dimensionada
para funcionar com um ângulo de ataque tal, que a relação entre a sustentação e o arrastamento
seja máxima.

4.1.5 Controlo de Potência


De acordo com Castro (2003) verifica-se a necessidade de limitar a potência fornecida pela
turbina eólica para valores acima da velocidade nominal do vento, valores estes que ocorrem
poucas vezes por ano.
Esta tarefa de regulação pode ser efectuada por meios passivos, isto é, desenhando o perfil das
pás de modo a que entrem em perda aerodinâmica a partir de determinada velocidade do vento,
sem necessidade de variação do passo, ou por meios activos, isto é, variando o passo das pás do
rotor.
Teoricamente seria possı́vel efectuar o controlo de potência desviando a turbina da direcção do
vento, por intermédio do mecanismo de orientação direccional. Contudo, esta operação dá origem
a cargas aerodinâmicas muito elevadas e, consequentemente, põe problemas de fadiga, pelo que
não é praticada.

4.1.5.1 Entrada em Perda

As turbinas que controlam a potência usando o método da entrada em perda têm as pás fixas,
ou seja não rodam em torno de um eixo longitudinal. Relativamente ao esquema da figura 4.2 o
4.1 Tecnologia 31

ângulo de passo β é constante.


A estratégia de controlo de potência assenta nas caracterı́sticas aerodinâmicas das pás do rotor
que são projectadas para entrar em perda a partir de uma certa velocidade do vento.
Uma vez que as pás estão colocadas a um dado ângulo de passo fixo, quando o ângulo de
ataque aumenta para além de um certo valor, a componente de sustentação diminui, ao mesmo
tempo que as forças de arrastamento passam a ser dominantes. Nestas condições, a componente
T da força que contribui para o binário diminui (expressões 4.2 e 4.3): diz-se, neste caso, que a pá
entrou em perda (de sustentação).
Note-se que o ângulo de ataque aumenta quando a velocidade do vento aumenta, porque o
rotor roda a uma velocidade constante.

4.1.5.2 Variação do Passo

Esta outra opção para limitar o rendimento da apropriação da energia do vento, a altas veloci-
dades, consiste em permitir a rotação de toda a pá em torno do seu eixo longitudinal; neste caso,
diz-se que o controlo é feito por variação do passo das pás, exactamente porque se actua sobre o
ângulo de passo, β .
Até se atingir a velocidade nominal de projecto (para a qual a turbina está a fornecer a potência
nominal), o sistema de controlo vai variando o passo da pá, de modo a maximizar sempre a com-
ponente da força que contribui para o binário.
Para velocidades do vento superiores à nominal, o sistema de controlo do passo actua de modo
a que o binário motor produzido corresponda à potência nominal, isto é, provoca artificialmente,
através de uma adequada inclinação da pá, uma diminuição do binário.
Um assunto que ainda não está totalmente solucionado refere-se à extensão da pá sujeita a este
tipo de controlo. Enquanto uns fabricantes aplicam este controlo apenas na ponta da pá, perma-
necendo a restante fixa, outros optam por permitir o movimento da pá em toda a sua extensão. A
primeira solução permite retirar o movimento da zona crı́tica de encastramento da pá no cubo do
rotor, o que permite robustecer a pá. A favor da outra solução pode argumentar-se que o controlo
aplicado a uma área maior é mais efectivo.

4.1.5.3 Vantagens e Incovenientes

Patel (2008) afrima que a regulação por stall tem como principal vantagem a sua simplicidade
devido à ausência de mais partes em movimento; por isso é também mais barata.
No entanto, a sua implementação implica complicados métodos de cálculo aerodinâmico para
definir o ângulo de ataque para o qual a pá entra em perda. Este aspecto é crucial para o desempe-
nho deste método.
Outras desvantagens da regulação por entrada em perda relacionam-se com a incapacidade
destas turbinas auxiliarem os processos de arranque e paragem.
Turbinas Eólicas 32

No arranque, quando a velocidade do vento é baixa, a turbina de pás fixas não tem binário
suficiente. Torna-se necessário dispor de um motor auxiliar de arranque ou, então, usar o próprio
gerador a funcionar como motor para trazer o rotor até à velocidade adequada.
No processo de paragem não é possı́vel colocar as pás na posição ideal para esse efeito, a
chamada posição de bandeira, pelo que é exigido um sistema complementar de travagem por
meios aerodinâmicos, por exemplo, deflexão de spoilers.
A favor da solução pitch jogam, por exemplo, o bom controlo de potência, para todas as gamas
de variação da velocidade do vento. O sistema de variação do passo permite o controlo de potência
muito mais fino.
Por outro lado, a variação do ângulo de passo permite também a redução dos esforços de fadiga
com vento muito forte, porque, nessa situação, a pá apresenta uma menor superfı́cie frontal em
relação ao vento.
Outra vantagem deste método de regulação de potência relaciona-se com o facto de o processo
de arranque ser assistido, porque o ângulo de passo pode ser variado de modo a conseguir um
embalamento do rotor até à velocidade de rotação nominal.

4.2 Ciclo de Vida de Eólica Offshore


4.2.1 Concepção e Planeamento
Segundo Twidell (2009), primeiramente, deve ser identificada uma localização adequada. A
meteorologia é importante para a análise do regime de ventos, uma vez que ajuda os promotores
na selecção das turbinas. A humidade em alto mar pode conter muito sal provocando avarias e des-
gaste na turbina. A natureza e a profundidade do fundo do mar devem ser consideradas, porque po-
dem afectar a selecção das estruturas das fundações. A distância à costa ou outra estação de apoio
é equacionada no sentido de minimizar os custos de construção e de manutenção. Esta distância
afecta os custos em termos de transmissão da energia produzida e de voltagem e frequência ne-
cessárias para a ligação à rede de distribuição eléctrica.

4.2.2 Construção e Instalação


A maior parte dos componentes são construı́dos em terra. Normalmente, a nacelle é totalmente
montada antes de ser transferida para o local. Todos os outros componentes são transferidos e
montados no local, depois da construção das fundações. Os cabos têm que estar no local para ser
iniciada a montagem da turbina.
A nacelle montada, a torre, o cubo e as pás do rotor são transferidas para o local e a montagem
começa de maneira semelhante à dos parques eólicos em terra. A torre, que pode ter duas ou mais
partes, é erguida e assente na estrutura das fundações; segue-se a colocação da nacelle e das pás.
A maior diferença entre as concepções de turbinas para instalação em terra e offshore são as
fundações. Enquanto as turbinas eólicas em terra necessitam de grandes estruturas de fundações
em betão, as turbinas eólicas offshore necessitam de diferentes tipos de estruturas de fundações,
4.2 Ciclo de Vida de Eólica Offshore 33

dependendo da profundidade e das caracterı́sticas do fundo do mar. As estruturas das fundações


das turbinas eólicas offshore podem ser de estacas, de tripés, ou por gravidade.

4.2.3 Funcionamento e Gestão


4.2.3.1 Funcionamento do Parque Eólico

O funcionamento diário de um parque eólico é monitorizado e controlado por um sistema de


controlo de supervisão e de aquisição de dados. Este sistema estabelece a ligação entre todos os
componentes (i.e. turbinas eólicas, estações e subestações meteorológicas) do parque eólico e um
computador central, que permite ao operador monitorizar e controlar o funcionamento do parque
eólico. O sistema fornece e armazena informação relativa ao funcionamento do parque eólico,
podendo ser identificadas falhas ou problemas de funcionamento.

4.2.3.2 Gestão e Manutenção

O procedimento de manutenção das turbinas eólicas offshore requer especialização técnica


semelhante à das turbinas eólicas em terra, porque partilham componentes semelhantes. Contudo,
geralmente, os componentes das turbinas eólicas offshore têm maiores dimensões.

4.2.4 Decomissionamento
Nenhum projecto de parques eólicos completou ainda o ciclo de vida estimado de 25 anos. O
decomissionamento do projecto consistirá na remoção dos dispositivos e das fundações do mar,
de modo a que a zona volte ao estado em que se encontrava antes do projecto, o que normalmente
é uma exigência. Embora a remoção dos dispositivos não seja difı́cil, a remoção das estruturas
das fundações será mais complexa. As fundações por estacas ou de várias estacas, que geralmente
estão fixas no fundo do mar, irão envolver um procedimento de remoção complexo. As estruturas
de base gravitacional também serão muito caras, uma vez que têm um peso muito superior.
É possı́vel que as estruturas de fundações possam ser utilizadas para a instalação de outras
turbinas na mesma zona, desde que sejam adequadas para as tecnologias disponı́veis no momento
do decomissionamento.
Capı́tulo 5

Fundações

5.1 Considerações Gerais


Em virtude da experiência acumulada pela indústria de extração de crude e gás natural, a
tecnologia para dimensionamento de fundações de estruturas offshore encontra-se num estádio de
grande desenvolvimento, sendo que uma variedade de soluções para fundações são possı́veis de
adoptar.
Os principais factores que condicionam a selecção do tipo de fundação são:

• Profundidade;

• Propriedades geotécnicas do fundo do mar;

• Acções das ondas;

• Método de construção;

• Custo.

De acordo com Barros (1998) e Barros (2005) as tradicionais fundações de estruturas offshore
estão adaptadas a cada situação, desde estacas (com comprimentos superiores a 80 m e diâmetros
superiores a 2 m), poços, fundações por gravidade, cuja estabilidade é assegurada pelo peso próprio
da fundação, a fundações temporárias associadas a estruturas auto-elevatórias (jack-up) e bóias
ancoradas ao fundo do mar. Muitas destas tecnologias podem ser igualmente extrapoladas para
as fundações de torres eólicas offshore, todavia, verificam-se algumas diferenças relevantes que
devem ser contempladas em fase de selecção e projecto.
Alguns dados comparativos entre fundações estruturas offshore tradicionais e torres eólicas
offshore são indicados na tabela 5.1.
As fundações das torres eólicas offshore estão, geralmente, implantadas em águas pouco pro-
fundas, ao largo da costa, não excedendo, em média, os 25 m de profundidade. Assumindo um
papel preponderante na concepção estrutural, destaca-se o facto destas estruturas se encontrarem

34
5.2 Tipos de Fundações 35

Estrutura offshore
Torre eólica
tradicional
Profundidade de água (m) 20 a 120 10 a 25
Vertical 500 a 3000 100 a 300
Força (ton)
Horizontal 10% a 20% da força vert. 70% a 150% da força vert.
Mderrub Prof. de água × força horiz. (Prof. de água + 50 m) × força horiz.
N ◦ de instalações 1 20 a 100

Tabela 5.1: Dados comparativos entre uma estrutura offshore tradicional e uma torre eólica.

sujeitas a forças verticais de baixa magnitude (peso próprio e a turbina), conferindo, deste modo,
particular importância às forças horizontais, vento e água, e momentos derrubadores superiores.
Também se destaca o elevado número de fundações associadas a um único parque de energia
eólica offshore, implicando, deste modo, soluções que estimulem a sua repetição de uma forma
simples, rápida e pouco onerosa.
O dimensionamento das fundações de torres eólicas offshore assenta, por esta via, sobretudo na
avaliação do custo de instalação, desempenho em serviço e remoção da estrura, após desactivação
da turbina. O custo de instalação representa um critério fundamental na viabilidade económica de
uma exploração eólica offshore, porque muitas estruturas individuais são exigidas.
A fundação tem de suportar satisfatoriamente, em serviço, os vários ciclos de carga e elevados
momentos derrubadores. Quando uma estrutura offshore é desactivada, exige-se ao operador a
remoção total da estrurura. Desta forma, a fundação deve ser projectada com os custos associados
à sua remoção.

5.2 Tipos de Fundações


Para torres ólicas offshore existem seis tipos combinações estruturas/fundações essenciais:
monotubo ou estrutura em tripé, sendo que cada uma destas pode ser suportada por uma fundação
de gravidade, estaca ou poço.

5.2.1 Fundações por Estaca


Hoje em dia, a forma mais comum e mais divulgada de instalação de torres eólicas offshore é
através de fundações por estaca ilustrada na figura 5.1.
A instalação da estaca é normalmente efectuada através da sua cravação no maciço de fundação
com recurso a macacos hidráulicos. A manobra e condução da estaca implica, geralmente, o
recurso a maquinaria pesada e especı́fica, colocada em plataformas flutuantes ou estruturas auto-
elevatórias (jack-up). Por vezes, na presença solos de elevada rigidez, i.e. argilas de grande rigidez
ou rochas, é necessaário o recurso a equipamento de perfuração.
A estrutura pode ser configurada como uma monoestaca, ou em alternativa ser constituı́da por
vários elementos anexados envolvendo múltiplas estacas.
Fundações 36

Figura 5.1: Fundação por monoestaca.

Mais comuns, as monoestacas são simples estacas de grande diâmetro (4 a 5 m) enterradas no


solo a profundidades entre 15 e 30 m, dependendo dos esforços instalados na estutura e no maciço
de fundaçã. A monoestaca pode ter uma extremidade aberta de forma a permitir a entrada de solo
durante a penetração e assim adquirir uma resistência interna adicional.
Assim, tal como todas as fundações, as estacas devem ser cuidadosamente dimensionadas
tendo por base as condições particulares do solo de fundação de forma a resistirem a todas as
condições de exposições locais.

5.2.2 Fundações por Gravidade


Contrariamente às fundações por estaca, as fundações por gravidade são projectadas com o
objectivo de resistirem através do seu peso próprio às acções não estabilizadoras que actuam na
estrutura ( Barros (1994a)). A figura 5.2 ilustra um exemplo de uma fundação por gravidade .

Figura 5.2: Fundação por gravidade.


5.3 Caracterização Geológica e Geotécnica do Local 37

As fundações por sapata devem ser adoptadas para um material com caracterı́sticas mecânicas
e de resistência apropriadas a poucos metros do solo.
Deste modo, o momento derrubador instalado na sapata é resistido por uma força de reacção
excêntrica correspondente ao peso da estrutura. A excentricidade da reacção e consequentemene
a magnitude do momento estabilizador é limitado pela capacidade de carga do solo da fundação,
que assim determina a área de sapata necessária para resistir às forças verticais.
De acordo com Barros (1988) quando as forças de gravidade instaladas na estrutura revelam
ser insuficientes para garantirem por si só a estabilidade global da estrutura, torna-se indispensável
acrescentar à fundação uma massa estabilizadora. Estas massa adicional pode ser garantida pela
colocação de areia, betão, ou aço em compartimentos adequados previstos no projecto ou, alter-
nativamente, colocada sobre a base da fundação após a sua instalação.

5.2.3 Fundação por Tripé


Este tipo de fundação é constituı́do por um mastro principal apoiado em três tubos cilı́ndricos
de aço inclinados supreiores e três tubos inferiores que apoiam no solo entre si, tal como ilustrado
na figura 5.3. O apoio no solo efectua-se através do conjunto de estacas em cada base das pernas
do tripé, não necessitando de uma profundidade de estacaria tão grande como a de monotubo.
Este esquema estrutura permite por um lado, um aumento da rigidez na zona mais eforçada, e por
outro, uma transmissão da carga horizontal mais eficazmente ao solo .

Figura 5.3: Fundação por tripé.

5.3 Caracterização Geológica e Geotécnica do Local


A avaliação do solo do local seleccionado para a instalação da estrutura eólica offshore deve
ser feita de forma prudente e coordenada com todas as fases do projecto, pois a sua correcta
caracterização é imprescindı́vel para a correcta elaboração do projecto e do respectivo orçamento,
bem como, permite evitar surpresas durante o processo construtivo, possibilitando a construção da
obra dentro do custo e prazo previsto ( Barros (1993)).
Fundações 38

Um estudo completo para caracterização geotécnica compreende geralmente o reconheci-


mento e estudo geológico do local, a prospecção geotécnica e geofı́sica e ensaios, quer in situ,
quer em laboratório.
O alcance deste estudo, assim como a escolha dos métodos a utilizar, deve ter em consideração
o tipo, o tamanho e a importância da estrutura offshore, bem como, a complexidade do solo e do
maciço rochoso em causa e o tipo de sedimentos actuais sobre ele depositado.
A prospecção do solo deve iniciar-se antes da escolha definitiva do local da obra, pois que, no
decorrer desta prospecção e face aos parâmetros conhecidos, poder-se-á concluir ser mais vanta-
joso escolher outro local. Por outro lado, não existe motivo para realizar a prospecção completa
antes da primeira fase do projecto, geralmente correspondente ao ante-projecto, esta definida, o
que poderia conduzir, quer a informações insuficientes, quer a gastos desnecessários.
Antes do inı́cio de eventuais estudos e prospecções realizadas no local, deve proceder-se à
compilação das infomações disponı́veis que deverão ser tidas em consideração, tais como os da-
dos topográficos, batimétricos e geológicos e ainda registos de sondagens e outras operações de
prospecção anteriormente executadas no local.
Deve resultar da caracterização final geológica e geotécnica do local toda a informação relativa
à classificação mecânica (c0 , φ 0 , su ) e da deformabilidade do solo (E, ν) e a caracterização do
estado de tensão (σv0 , σh0 ).

5.3.1 Definição de Capacidade de Carga


A determinação da capacidade de carga de uma fundação por gravidade não tem solução ma-
temática para a generalidade dos solos reais.
Contudo, existem diversas soluções aproximadas obtidas com base na teoria da plasticidade
resultantes da introdução de simplificações e hipóteses de partida, cujos valores fornecidos têm
aproximação bastante aceitável.
Consideram-se as seguintes hipóteses de base e esquema de cálculo:

• Solo rı́gido-plástico;

• Critério Mohr-Coulomb;

• Resistência ao corte nula acima da base da sapata;

• Atrito e adesão sapata/solo nulos acima da base da sapata.

A capacidade de carga do solo de fundação é definida por:

1
qult,d = γ 0 be f f Nγ sγ iγ + qNq sq iq + cd Nc sc ic (5.1)
2

onde c é a coesão do terreno em termos de tensões efectivas, γ 0 o peso especı́fico efectivo do


terreno abaixo da base da sapata, D largura da base da sapata e q = γa h (h distância entre a base
da sapata e superfı́cie do terreno) representa a tensão efectiva vertical ao nı́vel da bse de sapata,
sendo γa o peso especı́fico do solo acima da base da sapata.
5.3 Caracterização Geológica e Geotécnica do Local 39

Para condições não drenadas (argilas), o que implica φ 0 = 0 a expressão 5.1 fica:

qult,d = sud Nc sc ic + q (5.2)

onde sud representa a resistência lateral não drenada de dimensionamento . Os parâmetros Nγ , Nq


e Nc são factores adimensionais de capacidade de carga definidos por:

 
π φ
Nq = exp(π tan φd ) tan 2
+ (5.3)
4 2
Nc = (Nq − 1) cot φ (5.4)
Nγ = 2(Nq − 1) tan φ (5.5)

De acordo com Fleming et al. (2009) as propriedades superficiais do solo, pode ser necessário
execturar certas operações de preparação de terreno de forma a evitarem um inclinação inaceitável
da estrurua e assegurar uma distribuição uniforme de tensões no terreno (tolerable tilt).
DNV (2007) define os factores de forma sγ , sq e sc .

be f f
sγ = 1 − 0.4 (5.6)
le f f
be f f
sq = 1 + 0.2 (5.7)
le f f
sc = sq (5.8)

Para condições drenadas (tensões efectivas), segundo DNV (2007), os parâmetros iγ , iq e ic


são factores adimensionais de inclinação definem-se como:

Hd
iq = ic = 1 − (5.9)
Vd + Ae f f cd cot φd
iγ = i2q (5.10)

onde Ae f f representa a àrea da sapata que resiste a uma determinada combinada de acções que esta
se encontra submetida.
Em condições não drenadas (φ 0 = 0) os parâmetros iq e ic são determinados da mesma forma
daquela usada para condições não drenadas, contudo iγ é dado por
s
H
iγ = 0.05 + 0.5 1 − (5.11)
Ae f f sud

onde H representa a carga horizontal da fundação.


Fundações 40

5.3.2 Deslizamento pela Base


O deslizamento pela base da sapata é resistido sobretudo pelo atrito na base da sapata. Para
condições drenadas (solos arenosos) deve verificar-se a seguinte condição:

Hsd ≤ Ae f f c +V tan φ (5.12)

onde V é a carga vertical que actua sobre a fundação.


Para condições não drenadas (solos argilosos) deve garantir-se:

Hsd ≤ Ae f f sud (5.13)

5.3.3 Capacidade de Carga de uma Estaca


5.3.3.1 Resistência Axial

A capacidade de carga de uma estaca ser solicitada axialmente, Qult é constituı́da por duas
parcelas: resistência lateral e resistência de ponta , ou seja:

Qult = Ql + Q p (5.14)

onde Ql a resistência mobilizável ao longo da superfı́cie lateral e Q p representa a resistência do


maciço envolvente da ponta da estaca definida por:

Qp = Apqp (5.15)

onde A p corresponde à área de ponta de uma estaca e q p representa a capacidade de carga da ponta
da estaca, cujo modo de cálculo varia consoante o tipo de solo.
No caso de um solo arenoso não coesivo, a capacidade de carga da ponta da estaca é definida
por:

0
q p = Nq σv0 ≤ q1 (5.16)

onde Nq corresponde a um factor de capacidade de carga e q1 constitui um limite de resistência de


ponta. Os valores de ambas grandezas são indicados pela tabela 5.2.
Em solos argilosos, a resistência de uma estaca pode ser calculada através de:

q p = Nc su (5.17)
5.3 Caracterização Geológica e Geotécnica do Local 41

onde Nc é igual a 9 e su corresponde à resistência não lateral drenada .

5.3.3.2 Resistência Lateral

A resistência lateral de uma estaca pode ser determinada através de:

Ql = Al τmed (5.18)

onde Al representa a área lateral e a tensão de corte média resistente mobilizável no interface
estaca-maciço.
Para estacas em solos coesivos argilosos, a tensão de corte média resistente pode ser determi-
nada por três métodos enunciados em DNV (2007).
O primeiro método baseia-se na tensão total (condições não drenadas) em que:

τmed = αsu (5.19)

onde su representa a resistência lateral não drenada do solo e α um factor adimensional dado por:


q1 su

 se ≤ 1.0
2 σs0u q
α= v0
(5.20)

 q1 s
u se su
q > 1.0
2 4 0
σv0

onde q representa a tensão efectiva no solo no ponto em análise.


O segundo método apoia-se na análise de tensões efectivas:

0
τmed = β σv0 (5.21)

onde β assume valores entre 0.10 e 0.25 são para estacas com comprimento superior a 15 m.
O terceiro método é um método semi-empı́rico no qual:

0

τmed = λ σv0 + 2su (5.22)

0 e s representam a tensão efectiva média instalada no solo e a resistência não drenada


onde σv0 u
do solo, respectivamente e λ um parâmetro adimensional, função do comprimento de estaca. Tal
método permite que o depósito da fundação seja analisado como um único estrato, cuja tensão de
corte média é dada pela expressão 5.22.
De acordo com DNV (2007), a tensão de corte média para estacas em solos coesivos arenosos
é definida por:
Fundações 42

0
τmed = Kσv0 tan δ ≤ f1 (5.23)

onde K = 0.8 para estacas com extremidade aberta e K = 1.0 para estacas com extremidade fe-
0
chada, σv0 representa a tensão vertical efectiva instalada no solo, δ é a aderência solo-estaca dada
pela tabela 5.2, tal como o parâmetro f1 que respresenta um limite de resistência.

Densidade Tipo de Solo δ (◦ ) f1 (MPa) Nq q1


Muito Solta Silte
Solta Areia siltosa 15 48 8 1.9
Média Silte
Solta Areia
Média Areia siltosa 20 67 12 2.9
Densa Silte
Média Areia
25 81 20 4.8
Densa Areia siltosa
Densa Areia
30 96 40 9.6
Muito densa Areia siltosa
Densa Areia grossa (cascalho)
35 115 50 12.0
Muito densa Areia

Tabela 5.2: Parâmetro de dimensionamento de estacas em solos não coesivos

5.3.4 Capacidade de Carga de uma Estaca: Resistência a Acções Laterais


A solução de um problema de interacção solo-estrutura exige a satisfação das condições de
equilı́brio e de compatibilidade, ou seja, é necessário resolver a equação diferencial deduzida por
Hetenyi (1946):

d4y d2y
EI + Pz −p=0 (5.24)
dz4 dz2

onde EI representa a rigidez de flexão da estaca, y é o deslocamento da estaca na posição z, Pz


é a acção axial e p a reacção do solo por unidade de comprimento da estaca. A expressão 5.24
pode ser resolvida por métodos de cálculo automático, embora também se possam utilizar métodos
empı́ricos que apresentam, geralmente, bons resultados.
Uma estaca pode estar sujeita ao conjunto de acções seguinte:

• Estáticas de curta duração;

• Cı́clicas;

• Dinâmicas;
5.3 Caracterização Geológica e Geotécnica do Local 43

• Permanentes.

5.3.5 Resposta do Solo: Curvas p-y


O desempenho do solo nas imediações de estacas carregadas lateralmente é normalmente des-
crito em termos de curvas p-y, que relacionam a resistência do solo com o deslocamento da estaca
a várias profundidades ( Barros (1992b)). Geralmente, estas curvas são não lineares (figura 5.6) e
dependem de vários parâmetros, incluindo profundidade, resistência lateral do solo e número de
ciclos. O módulo secante da reacção do solo, para a resolução da expressão 5.24 é dado por:

p
Ks = (5.25)
y

Tal como pode ser constatado na figura 5.6 o valor de Ks pode variar aleatoriamente com a
profundidade e a deformação, todavia, assume-se que Ks tem um comportamento linear ao longo
da profundidade z, ou seja, Ks = kz em que k é uma constante.

Figura 5.4: Curva p-y para uma dada profundidade.

5.3.5.1 Curvas p-y para Argilas Moles Submersas

Matlock (1970) apresentou um método para a elaboração de curvas p-y para argilas moles
submersas sujeitas a acções estáticas de curta duração e acções cı́clicas.
No caso de acções estáticas de curta duração (figura 5.5), pretende-se a obter a melhor estima-
tiva da resistência lateral e do peso volúmico efectivo, assim como o valor de ε50 que representa a
extensão correspondente a metade da diferença da máxima tensão principal. Se não se conseguir
determinar o valor de ε50 , pode-se recorrer à tabela 5.3.
Fundações 44

Curva p − y caracterı́stica para argilas moles (acção estática)


1

0.9

0.8

0.7

0.6
    31
p y
0.5 = 0.5
pu
p

pu y50
0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
y
y50

Figura 5.5: Curva p-y de uma argila mole submetida a acção estática.

Consistência da Argila ε50


Mole 0.020
Média 0.010
Rija 0.005

Tabela 5.3: Valores de ε50 indicados por Skempton

A determinação da resistência última do solo por unidade de comprimento, pu é o menor valor


indicado por uma das seguintes expressões:

 
γ0 0.5
pu = 3 + z + z su D (5.26)
su D
pu = 9su D (5.27)

onde γ 0 representa o peso volúmico efectivo médio desde a supefı́cie do solo até à profundidade z
para a qual se pretende determinar a curva p-y, su constitui a resistência lateral não drenada e D o
diâmetro da estaca. O valor pu é calculado a cada profundidade onde se deseje obter uma curva
p-y.
O parâmetro y50 associado a metade da resistência última do solo é determinado por:
5.3 Caracterização Geológica e Geotécnica do Local 45

y50 = 2.5ε50 D (5.28)

A curva p-y pode agora ser determinada a partir da expressão:

  31
p y
= 0.5 (5.29)
pu y50

y
A partir de > 8 o valor de p permanece constante.
y50
No caso de acções cı́clicas (figura 5.6), o procedimento para se obter as curvas p-y é igual
p
ao adoptado para acções estáticas, desde que pu ≤ 0.72. A resolução simultânea das expressões
5.26 e 5.27 permite obter a profundidade zR que representa a profundidade de transição. Se o peso
volúmico e a resistência lateral não drenada forem constantes, então:

6su D
zR = (5.30)
γ 0 D + 0.5su

Se a profundidade da curva p-y for maior ou igual a zR , então p é igual a 0.72pu , no domı́nio
y p
> 3. Se a profundidade de p-y for inferior a zR , então diminui linearmente de 0.72 até
y50 pu
z y
0.72 para igual a 15, ou seja:
zR y50

z
p = 0.72pu (5.31)
zR

5.3.5.2 Curvas p-y Argilas Rijas Submersas

Para acções estáticas de curta de duração, é necessário obter os valores de resistência lateral
não drenada, su , em função do peso volúmico γ 0 , diâmetro de estaca D e da profundidade z. Deve
calcular-se a resistência lateral não drenada média sua , até a profundidade z.
A resistência última do solo junto à superfı́cie é dada por

ps1 = 2sua D + γ 0 Dz + 2.83sua z (5.32)

A resistência última do solo para profundidades consideráveis é dada por

ps2 = 11sua D (5.33)


Fundações 46

Curva p − y caracterı́stica para argilas moles (acção cı́clica)


1

0.9
Para profundidades: z > zR
   1
0.8 p y 3
= 0.5
pu y50
0.7

0.6

0.5 Para profundidades: z ≤ zR


pu
p

0.4

0.3

0.2 .72 zzR

0.1

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
y
y50

Figura 5.6: Curva p-y de uma argila mole submetida a acção cı́clica.

O menor valor das resistências obtidas das expressões 5.32 e 5.33 é o valor da resistência
última do solo.
Selecciona-se o valor apropriado de A para a profundidade não dimensional, conforme o tipo
de solicitação, por observação da figura 5.7.
Calcula-se o troço linear da curva p-y:

p = kzy (5.34)

onde k é definido pela tabela 5.4.

Resistência lateral não drenada média, sua (kPa) ks (estático) kc (cı́clico)


[53.63, 107.25] 135723.3 54289.29
[107.25, 214.50] 271447.15 108578.86
[257.40, +∞] 542894.29 217157.72

Tabela 5.4: Valores de k para argilas rijas.

Sabendo valor de ε50 por análise da tabela 5.3, y50 é dado pela expressão 5.35.

y50 = ε50 D (5.35)


5.3 Caracterização Geológica e Geotécnica do Local 47

Constantes Ac e As para argilas rijas submersas


0.65

0.6
Ac
0.55 As

0.5

0.45 Ac - constante para acção cı́clica.


Ac , As

0.4 As - constante para acção estática.

0.35

0.3

0.25

0.2
0 2 4 6 8 10 12
z
D

Figura 5.7: Constantes Ac e As para argilas rijas.

O primeiro troço parabólico da curva p-y é definido por:

  12
p y
= 0.5 (5.36)
ps y50

O segundo troço parabólico da curva p-y é dada por:

  12  5
p y y − As y50 4
= 0.5 − 0.055ps , As y50 ≤ y ≤ 6As y50 (5.37)
ps y50 As y50

A parcela linear da curva p-y é dada por:

p 1 0.0625
= 0.6As2 − 0.411ps − (y − 6As y50 ), 6As y50 ≤ y ≤ 18As y50 (5.38)
ps y50

Para acções cı́clicas repete-se o procedimento seguido nas acções estáticas, mas com a parti-
cularidade substituir o parâmetro adimensional As por Ac . Determina-se y50 através de:

y50 = ε50 D (5.39)


Fundações 48

onde o valor de ε50 é indicado pela tabela 5.3 e o valor de y p é dado por:

y p = 4.1Ac y50 (5.40)

Estabelece-se a parcela parabólica da curva p-y fazendo:

5 !
p y − 0.45y p 2
= Ac 1 − (5.41)
ps 0.45y p

Identificar o valor de y correspondente ao ponto de intersecção das expressões 5.41 e 5.34 no


y
domı́nio yp ≤ 0.6. Estabelecer a parcela recta seguinte:

p 0.085 y
= 0.936Ac − (y − 0.6y p ), 0.6 ≤ ≤ 1.8 (5.42)
ps y50 yp

Definir o troço rectilı́neo final:

p yp y
= 0.936Ac − 0.102 , ≥ 1.8 (5.43)
ps y50 yp

5.3.5.3 Curvas p-y para Argilas Submersas: Critério Unificado

Nos métodos acima apresentados não existe uma clara distintição entre argilas moles e rijas.
Algumas recomendações, que podem ser feitas e aproximam-se bastante dos resultados experi-
mentais. Note-se, também, que a tensão efectiva instalada interfere na resistência do solo e que os
métodos anteriores não estabelecem nenhuma correcção directa para esse efeito.
Para acções estáticas de curta duração, deve obter-se os valores da resistência lateral não dre-
nada, su , peso volúmico submerso γ 0 e diâmetro da estaca, D. Também deve-se determinar os
valores de ε50 a partir da lei constitutiva σ − ε. Se não existirem, podem-se adoptar os valores da
tabela 5.5 como valores de referência.

su (kPa) ε50
[11.97, 23.94] 2
[23.94, 67.88] 1
[47.88, 95.76] 0.7
[95.76, 191.52] 0.5
[191.52, 383.04] 0.4

Tabela 5.5: Valores de ε50 para o critério unificado


5.3 Caracterização Geológica e Geotécnica do Local 49

Determinar pu de acordo com a profundidade. Se z ≤ 12D, pu será o menor valor dado por
cada uma das duas expressões seguintes:

 
σ̄v z
pu = 2 + + 0.833 sua D (5.44)
sua D
 z
pu = 3 + 0.5 su D (5.45)
D

onde sua é a resistência lateral não drenada média e σ̄v representa a tensão efectiva média.
Para z > 12D, pu é dado por:

pu = 9su D (5.46)

Os coeficientes A e F determinados empiricamente são dados na tabela 5.6.

A F Descrição da Argila
Sabine: inorgânica e intacta.
su = 13.46 kPa, ε50 = 0.7%
2.5 1.0
OR ≈ 1, St ≈ 2, WL = 92, PI = 68, LI = 1
Manor: inorgânica e bastante fissurada.
su ≈ 114.91 kPa, ε50 = 0.5%,
0.35 0.5
OR > 10, St ≈ 1, wL = 77
PI = 60, LI = 0.2

Tabela 5.6: Parâmetros da curva do critério unificado.

onde WL representa o limite de liquidez, PI o ı́ndice de plasticidade, LI o ı́ndice de liquidez,


OR o rácio de sobreconsolidação e St é a sensibilidade.
O procedimento recomendado para estimar A e F funciona apenas em determinadas condições,
pelo que se recomenda:

• Determinar o maior número possı́vel de parâmetros das argilas em estudo, su , ε50 , OR , St ,


grau de fissuração, rácio entre a resistência lateral não drenada e residual, WL , PI e LI;

• Comparar as propriedades do solo em estudo com as propriedades de argilas indicadas na


tabela 5.6;

• Se as propriedades não forem similares às propostas de Sabine e Manor, então usar os
coeficientes A e F definidos;

• Se as propriedades não forem idênticas, dever-se-á estimar os valores A e F com base na


tabela 5.6.

Determina-se y50 através de:


Fundações 50

y50 = Aε50 D (5.47)

Quando nenhum outro método estiver disponı́vel, a expressão 5.48 e a tabela 5.7 permitem
determinar com alguma precisão o valor de ks,max .

ks,max = kz (5.48)

su (kPa) k (kNm−3 )
[11.97, 23.94] 8143.11
[23.94, 47.88] 27144.71
[47.88, 95.76] 81434.14
[95.76, 191.52] 271447.15
[191.52, 383.04] 814341.44

Tabela 5.7: Valores representativos de k

Aferir a deformação correpondente ao ponto de intersecção da parcela linear inicial com o


troço curvilı́neo definida pela expressão:

  23
0.5pu −1 yg
yg = y502 , ≤8 (5.49)
ks,max y50

Calcular a reacção do solo p, para os seguintes casos:

p = ks,max y, 0 < y < yg (5.50)


  13
y yg y
p = 0.5pu , < <8 (5.51)
y50 y50 y50
 
pR − pu y y
p = pu + −8 , 8< < 30 (5.52)
22 y50 y50
y
p = pR , > 30 (5.53)
y50

onde

h x i
pR = pu F + (1 − F) , pR ≤ pu (5.54)
12D

No caso de acções cı́clicas, o procedimento a adoptar é igual aquele aplicado para cargas
estáticas de curta duração, excepto no que diz respeito ao cálculo da reacção do solo p, mas antes
5.3 Caracterização Geológica e Geotécnica do Local 51

disso, deve-se determinar o valor de pcr dado por:

z
pcr = 0.5pu ≤ 0.5pu (5.55)
12D

O valor pu da reacção do solo obtém-se a partir de:

p = ks,max y, 0 < y < yg (5.56)


  13
y yg y
p = 0.5pu , < <1 (5.57)
y50 y50 y50
 
pc r − 0.5pu y y
p = 0.5pu + −1 , 1≤ ≤ 20 (5.58)
19 y50 y50
p = pcr , y > 20y50 (5.59)

5.3.5.4 Curvas p-y para Areias

O objectivo é obter os valores dos parâmetros do solo seguintes: φ e γ indicados na figura 5.8.

Figura 5.8: Curva p-y para areias.

Efectuam-se cálculos preliminares seguintes:

φ
α= (5.60)
2
φ
β = 45 + (5.61)
2
K0 = 0.4 (5.62)
1 − sin φ
Ka = (5.63)
1 + sin φ
Fundações 52

Constantes Ac e As para areias


3
Ac
As

2.5

Ac - constante para acção cı́clica.

2 As - constante para acção estática.

Ac , As

1.5

0.5
0 1 2 3 4 5 6
z
D

Figura 5.9: Constantes Ac e As para areias.

A resistência última junto à superfı́cie é obtida a partir de:

 
K0 z tan φ sin β tan β (D + z tan β tan α)
pct = γz − + K0 z tan β (tan φ sin β − tan α) − Ka D (5.64)
tan(β − φ ) tan(β − φ )

A resistência última em profundidade é dada por:

pcd = Ka Dγz (tan β − 1) + K0 Dγz tan φ tan4 β (5.65)

para a areia submersa γ deve ser substituı́do por γ 0 . Para determinar o valor de profundidade zt ,
isto é, a profundidade a partir da qual a expressão 5.64 deixa de ser válida e a expressão é aplicável
5.65, igualam-se estas duas expressões. De seguida, selecciona-se a profundidade z para a qual se
3D
pretende determinar a curva p-y e estabelecer yu = para determinar pu :
80

pu = Apc (5.66)

onde A deverá ser escolhido, consoante a natureza da acção, por consulta da figura 5.9 para a
profundidade particular adimensional. De seguida, calcular Bc para a profundidade z.
D
Estabelece-se ym = e determina-se pm através de:
60

pm = Bpc (5.67)

onde B é obtido analisando a figura 5.10.


Estabelece-se a inclinação do troço inicial da curva, seleccionando k com base na tabela 5.8.
5.3 Caracterização Geológica e Geotécnica do Local 53

2.4
Bc
2.2 Bs

1.8 Bc - constante para acção cı́clica.

1.6 Bs - constante para acção estática.

Bc , Bs 1.4

1.2

0.8

0.6

0.4
0 1 2 3 4 5 6
z
D

Figura 5.10: Constantes Bc e Bs para areias.

Densidade relativa k (kPa) para areia submersa k (kPa) para areia não submersa
Solta 5.42894 6.78618
Média 16.28683 24.433024
Densa 33.939086 61.07561

Tabela 5.8: Valores de k para areias sob acções estáticas ou cı́clicas

Entre os pontos (yk , pk ) e (ym , pm ) adopta-se um troço com a seguinte forma:

1
p = Cy m (5.68)

A inclinação entre os pontos (ym , pm ) e (yu , pu ) é dada por:

pu − pm
m= (5.69)
yu − ym

A potência da parábola é definida por:

pm
n= (5.70)
mym

Obtém-se o coeficiente C:

pm
C= 1 (5.71)
ymm
Fundações 54

Determina-se a abcissa do ponto (yk , pk ) através de:

  n−1
n
C
yk = (5.72)
kx

5.3.6 Algumas Considerações Sobre os Métodos Apresentados


Cada um dos procedimentos apresentados baseia-se em estudos experimentais realizados em
modelos a escala real. Além da aproximação das curvas teóricas aos resultados experimentais, na
definição das curvas teóricas aos resultados experimentais, na definição das curvas foram usadas o
máximo de teorias disponı́veis para estabelecer o solo. Após o estabelecimento das curvas foram
feitos outros ensaios e as comparações foram excelentes.
Note-se que este método não está definido para cargas permanentes e sı́smicas, como tal, deve
ser usado com precaução nestes casos, ou então aplicar estes métodos mais aproproados para esses
casos.
Em muitos locais onde existem estruturas offshore existe a possibilidade de erosão na su-
perfı́cie junto à estaca.
A erosão é normalmente mais severa perto da estaca, mas camada de lodo nas redondezas de
uma estaca de suporte a uma estrutura offshore vai com certeza sofrer alguma erosão.
Capı́tulo 6

Disposições Regulamentares e
Considerações para o Cálculo de Torre
Eólica Offshore

6.1 Considerações Gerais


Para se conceber uma torre eólica offshore deve respeitar-se os seguintes requisitos:

• Garantir resistência adequada considerando as condições mecânicas, fı́sicas e quı́micas a


que eventualmente possam estar submetidas;

• Processos de produção e instalação apropriados face às técnicas disponı́veis;

• Facilidade para posterior prospecção, manutenção e reparação, caso seja necessário.

De qualquer forma, dever-se-á assegurar a ductilidade apropriada da estrutura, excepto quando


condições especı́ficas assim o justifiquem.
Todas as ligações estruturais devem ser projectadas com vista a minimizar o mais possı́vel, a
concentração de tensões e assim evitar trajectórias de tensões elevadas.
Como regulamentação orientadora utilizada num projecto desta natureza destaca-se:

• DNV-OS-J101 Design of Offshore Wind Turbine Structures ( DNV (2007)),;

• Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifı́cios e Pontes ( RSA (2001));

• Eurocódigo 1: Bases de Projecto e Acções em Estruturas (EC1) ( EN1991 (2004));

• Eurocódigo 2: Projecto de Estruturas de Betão (EC2) ( EN1992 (2004));

• Eurocódigo 3: Projecto de Estruturas Metálicas ( EN1993 (2004));

• Eurocódigo 7: Projecto Geotécnico (EC7) ( EN1997 (2004));

55
Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 56

6.2 Definição de Acções


Segundo a DNV (2007), as acções intervenientes no projecto de uma torre eólica offshore
podem ser divididas nos seguintes grupos:

Sı́mbolo Designação Acções


G Permanente Peso Próprio
Q Variável Sobrecargas
E Ambiental Vento, Água, Sismo e Gelo
D Deformação Temperaturas e Assentamento de Apoios

Tabela 6.1: Classificação de Acções.

Neste caso concreto, assumem especial destaque as acções ambientais, quer pelo seu peso nos
esforços finais instalados na estrutura, quer pela especificidade do cálculo a estas associado.
Os Eurocódigos propõem outras classificações, nas quais uma dada acção F pode ser conside-
rada:

• Directa: correspondente a uma força aplicada;

• Indirecta: correspondente a um deslocamento, deformação ou aceleração imposta.

As acções podem, ainda, ser classificadas de acordo com a sua variação no tempo e no espaço
ou pela resposta estrutura.
Na classficação de acções de acordo com a sua natureza ou com a natureza da resposta estru-
tural devem ser contempladas acções estáticas ou dinâmicas.

6.2.1 Metodologias de Dimensionamento


Com base na regulamentação disponı́vel pode-se, no projecto de uma torre eólica offshore,
recorrer às seguintes metodologias gerais de dimensionamento:

• Dimensionamento pelo método dos coeficientes parciais de segurança com combinação li-
near de acções e esforços;

• Dimensionamento pelo método dos coeficientes parciais de segurança com simulação di-
recta dos efeitos provocados pela actuação simultânea de todas as acções;

• Dimensionamento apoiado na experimentação;

• Dimensionamento com base numa análise probabilı́stica.

Neste caso concreto, salienta-se a relevância de uma metodologia de dimensionamento com


base em coeficientes parciais de segurança. Esta metodologia merece um papel decisivo na prática
corrente de cálculo.
6.2 Definição de Acções 57

6.2.1.1 Dimensionamento Apoiado na Experimentação

Sempre que as regras de cálculo ou as propriedades dos materiais especificadas nos regula-
mentos não são aplicáveis ou suficientes para a especificidade da estrutura em estudo, parte dos
procedimentos de cálculo pode ser apoiadas na experimentação.
A regulamentação existente, nomeadamente o DNV (2007), indica procedimentos para este
tipo de análise e estabelece a sua definição com base nos seguintes testes:

• Definição da resistência última das partes estruturais;

• Obtenção das propriedades dos materiais;

• Redução de incertezas nos parâmetros das acções ou resistências;

• Validação do dimensionamento durante ou após a execução, por exemplo através de ensaios


de carga.

6.2.1.2 Verificação pelo Método dos Factores Parciais

Segundo o conceito de estados limites, a fiabilidade estrutural é garantida pelo método dos
factores parciais de segurança. Através deste método passa-se a verificar que os estados limites
não são excedidos quando são usados no modelos de cálculo das acções, propriedades materiais e
dados geométricos.
As situações de cálculo devem abranger os casos de carga crı́ticos, estabelecendo disposições
de carga particularmente desfavoráveis e em combinação de acções independentes apropriadas.

6.2.2 Estados Limites


Uma torre eólica offshore deve ser projectada e executada de forma fiável e económica e que
satisfaça os estados limites seguintes:

• Estados Limites Últimos (ELU): corresponde à capacidade da estrutura suportar as acções


e influências que durante a sua execução e vida útil possam vir a ocorrer;

• Estados Limites de Serviço (ELS): correspondente à capacidade da estrutura em manter-se


apta para o uso que lhe é requerido;

• Estados Limites de Fadiga (ELF): corresponde à ruı́na da estrutura associada ao efeito da


actuação de cargas cı́clicas;

• Estados Limites de Acidente (ELA): corresponde à capacidade de assegurar que o danos


causados por fogo, explosões ou impactos não sejam desproporcionados em relação às cau-
sas que o provocam.
Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 58

6.2.3 Modelação Estrutural e Resistência


De acordo com Rodrigues et al. (2005) a análise estrutural é efectuada com base em modelos
de cálculo apropriados. Tais modelos devem, por sua vez, incluir diversas variáveis relevantes e
de uma forma fiável devem ser capazes de prever o comportamento estrutural e os estados limites
considerados.
A análise estática deve apoiar-se em modelos que contabilizem de forma apropriadas as ca-
racterı́sticas elasto-geométricas da estrutura e que permitam ter em conta as relações forças-
deslocamentos dos elementos e ligações.
As análises dinâmicas deverão ser realizadas, em geral, com base numa metodologia de análise
modal. Deve ser tida em conta a capacidade de dissipação de energia da estrutura e, de forma
adequada, o seu comportamento não linear material.
Efeitos de segunda ordem, associados a uma análise não linear geométrica, devem ser consi-
derados sempre que produzam um acréscimo dos efeitos superiores a 10%.

6.2.4 Acções Permanentes


As acções permanentes podem dividir-se em as reais e fictı́cias. As acções reais são cons-
tituı́das pelos vários pesos próprios da estrutura eólica: o rotor, a cabina, a torre e, eventualmente
outras sub-estruturas auxiliares.
A interação água-estrutura durante a ocorrência das acções dinâmicas é extremamente com-
plexa. Existem processos laboriosos de simulação dessa interação como a tentativa de modelação
de água. Um processo simples e prático consiste em adicionar uma certa massa de água (vizinha
da torre) à estrutura, tal como se tratasse de uma massa concentrada. Assim, a vibração da torre
eólica já será afectada pela existência de água. Uma boa medida para essa massa é a correspon-
dente ao volume de cilindro de diâmetro igual ao dobro do diâmetro da torre eólica e altura igual
à profundidade da água. A não ser que a profundidade da água seja baixa é conveniente adicio-
nar várias massas ao longo da altura da torre, em vez de apenas uma, para se obter uma melhor
distribuição. Cada uma destas massas é colocada a meia altura do cilindro de água correspondente.

6.2.5 Acção do Vento


No dimensionamento de torres eólicas offshore o vento é, juntamente como a água, a acção de
maior relevância. Neste caso, a acção do vento pode ser dividida em duas componentes:

• Acção do vento na torre;

• Acção do vento nas pás e rotor.

Pode-se afirmar que a pressão exercida pelo vento na torre pode ser dividida em três categorias
indicadas pela tabela 6.2.
A pressão Pi (t) num qualquer ponto i da estrutura resultante do vento é definida por:
6.3 Determinação das Respostas da Estrutura 59

Designação Direcção Tipo de Acção


A - Permanente Segundo a direcção de propagação do vento Estática
B - Rajada Segundo a direcção de propagação do vento Dinâmica
C - Partilha de vórtices Perpendicular à direcção de propagação Dinâmica

Tabela 6.2: Tipos de Acções com origem no Vento

1 dUi (t)
Pi (t) = ρ(Cdi )Ui2 (t) + ρ(Cmi )ei (6.1)
2 dt

onde ρ representa a massa volúmica do ar, U(t) é a velocidade horizontal do vento no nó i no
instante t, ei é a espessura do mastro no nó i, Cdi e Cmi são o coeficientes de resistência (arrasto -
drag) e de massa no nó i, respectivamente. A expressão 6.1 é em tudo idêntica à fórmula de Mo-
rison utilizada no cálculo de acções hidrodinâmicas em estruturas submersos. Todavia, verifica-se
que para situações de vento habituais o segundo termo da expressão 6.1 é desprezável face ao
primeiro, pelo que deixará de ser considerado ( Barros et al. (2003)).
Segundo a direcção do vento de propagação do vento a separação entre forças estáticas e
dinâmicas é efectuada com base na decomposição da velocidade do vento, Ui (t), em velocidade
média, Ūi e a flutuação da velocidade relativamente ao seu valor médio, ui (t). Assim, a pressão do
vento no nó i de uma estrutura pode ser calculada através de:

1 2 1  
Pi (t) = P̄i + pi (t) ≈ ρ(Cdi ) [Ūi + ui (t)] ≈ ρ(Cdi ) Ūi2 + 2Ūi ui (t) (6.2)
2 2

onde P̄i é a pressão média do vento (estática) e pi (t) é a pressão de flutações temporais (dinâmica).
Separa-se a pressão do vento numa componente estática P̄i e numa componente dinâmica,
pi (t), ou seja:

1
Acção Estática (Tipo A) P̄i =
2
1
Acção Dinâmica (Tipo B) pi (t) ≈ ρ(Cdi )2Ūi
2

6.3 Determinação das Respostas da Estrutura


6.3.1 Caso 1 - Resposta Permanente (Tipo A) na Direcção do Vento
Tal como já referido, a acção permanente caracteriza-se pelas pressões médias a actuar esta-
ticamente, P̄i . Consequentemente, a resposta associada a P̄i obtém-se pela simples determinação
do diagrama de pressões médias ao longo da torre, que por sua vez, é função do diagrama de
velocidades em altura, Ūi . Relacionando o diagrama de pressões obtido, e fazendo intervir áreas
Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 60

de influência, obtêm-se as forças médias em cada nó. Finalmente, sabendo a matriz de rigidez da
torre, K, determinam-se os deslocamentos nodais médios r̄. A expressão seguinte, que representa
a equação de equilı́brio estático, resume os cálculos:

Kr̄ = Rv = T p P̄ (6.3)

onde K representa a matriz de rigidez, r̄ são os deslocamentos médios nodais, r̄ = Rv é o vector


das forças aerodinâmicas médias, P̄ é o vector de pressões nodais médias, T p constitui a matriz
de transformação que permite transformar o vector de pressões nodais médias, P̄, num vector de
forças fazendo interferir coefcientes de influência.

6.3.2 Caso 2 - Resposta Não-Permanente (Rajada) na Direcção do Vento


Dado que neste caso a acção em causa, tal como foi vista, é uma acção dinâmica, pi (t), a
correspondente resposta terá ser determinada pela equação de equilı́brio dinâmico. Tal como
no caso A, existe a mesma matriz de transformação, T p , para tranformar o vector de pressões
flutuantes nodais p(t), no vector de forças nodais flutuante r̄ = R f . Assim a equação do movimento
fica:

Mr̈ f (t) + Tṙ f (t) + Kr f (t) = R f (t) = T p p(t) (6.4)

onde M representa a matriz de massa, C é matriz de amortecimento, K é a matriz de rigidez e


r f (t) é o vector dos deslocamentos nodais devido às pressões flutuantes, p(t) e R f (t) é o vector
das forças nodais flutuante.
Este modelo de determinação da resposta às acções flutuantes dinâmicas é o mais rigoroso,
contudo, para simplificar o dimensionamento, segundo Barros (2002) e Almeida e Barros (2006),
é frequentemente usado o chamado coeficiente de rajada cr . Este coeficiente não é mais do
que um coeficiente de ampliação dinâmica que permite determinar os efeitos dinâmicos por uma
aproximação efectuada através de uma análise estática. Assim, multiplicam-se as pressões médias,
P̄i , pelo coeficiente de rajada, cr , de forma a ter em conta os ditos efeitos. Para estruturas com
perı́odos fundamentais que variam entre 2 e 6 s, cr é igual a 1.7, enquanto que para estruturas com
um perı́odo fundamental inferior a 2 s, cr = 1.0.

6.3.3 Caso 3 - Resposta Dinâmica na Direcção Transversal devido à Partilha de


Vórtices
Quando sobre uma dada estrutura tubular incide um dado fluido, para uma velocidade crı́tica
existe, em simultâneo, com o movimento longitudinal (direcção de propagação do vento), um mo-
vimento transversal gerado pelos designados turbilhões de Von Kármán. Este fenómeno, variável
com o número de Reynolds do escoamento, Re , ocorre com mais intensidade, como referido, para
6.3 Determinação das Respostas da Estrutura 61

uma velocidade de crı́tica, Ucr , ou seja para um número de Reynolds crı́tico, Recr ( Barros (1986),
Barros (1987a) e Barros (1987b)). Portanto, pode-se afirmar que, se a frequência de partilha de
vórtices em torno de um mastro, fvortex , for da ordem de grandeza da frequência fundamental do
mastro, f , poderão ocorrer oscilações em ressonância altamente prejudiciais para a estabilidade
da estrutura ( Bessa et al. (2006)). A frequeência fvortex é dada por:

1 U
fvortex = (6.5)
φ (Re ) l

onde φ (Re ) é uma função adimensional que depende do número de Reynolds (sendo que assume,
no caso de tubos circulares, o valor aproximado 5.0), U é a velocidade do vento e l o diâmetro do
tubo.
No que concerne ao dimensionamento a expressão usada é a seguinte:

Ucr
D= (6.6)
5f

onde Ucr é a velocidade do vento crı́tica (para efeitos de dimensionamento deverá ser considerada
como tomando um valor baixo), f é a frequência natural da estrutura.
Verifica-se que ao limitar a velocidade do vento crı́tica, Ucr , a um valor correspondente a 20%
da velocidade média de projecto, as tensões geradas na base do mastro não serão controladas pelos
movimentos transversais, ou seja, não serão controladas pelo fenómeno de partilha de vórtices.
Como alternativa a este modo de dimensionamento, o regulamento canadiano estabelece um
procedimento, no qual o tubo é dimensionado pela actuação de uma força estática equivalentes às
forças geradas durante as oscilações em ressonância. Essa força por unidade de comprimento é,
então, definida:

1
FL = CL Dqcr (6.7)

onde CL é o coeficiente de sustentação de Von Kármán (CL = 0.2 para cilindros), ξ é coeficiente
de amortecimento viscoso, qcr é a sobrecarga dinâmica crı́tica devido ao vento e é dada por:

qcr = 0.613Ucr2 (6.8)

A velocidade do vento crı́tica, Ucr , é dada por:

fD
Ucr = (6.9)
St
Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 62

onde St é o número de Strouhal com um valor aproximado de 0.2.

6.4 Instabilidade das Torres Metálicas


6.4.1 Ovalização das Secções
Em virtude do fenómeno de partilha de vórtices, para além das oscilações transversais já men-
cionadas, também se pode verificar um fenómeno de instabilidade normalmente conhecido por
ovalização das secções. Este fenómeno é mais gravoso em torres mais esbeltas, ou seja, com uma
D
relação e superior a 200, embora o limite aconselhável seja de 250. Para valores superiores são
necessários anéis de enrijecimento.
A frequência de oscilação fundamental é dada por:


e E
fov = 175.4 2 (6.10)
D

onde e é a espessura, D é o diâmetro, E é o módulo de elasticidade do material constituinte mastro.


Casos que a condição de ressonância ocorre, aproximadamente, quando a frequência funda-
mental de ovalização das seccões, fov , é o dobro de frequência de partilha de vórtices , fvortex , ou
seja:


fov D E
fov = 2 fcr = 2 f1 ⇒ Uov = ≈ 2.5 fov D = 438.5e (6.11)
2St D

6.4.2 Efeitos P-Delta


No dimensionamento de torres eólicas é importante considerar os efeitos de 2a ordem, nome-
adamente o chamado efeito P − ∆ . Este efeito provoca um aumento dos esforços da estrutura
em relação ao eixo das peças. Hoje em dia, os programas de cálculo já incorporam a possibili-
dade deste efeito ser incluı́do no cálculo já incorporam a possibilidade deste efeito ser considerado
desde processos iterativos à consideração de barras com área negativa ou a utilização do método
de Mandera ( Barros (2003))

6.5 Acção de Vento na Torre Metálica


No exemplo prático do presente trabalho, acção do vento foi calculada utilizando expressões
do RSA (2001) para o efeito da velocidade média, vmed , do coeficiente de pressão dinâmica, ωmed
e do coeficiente de força, δ f . Então, as expressões são as seguintes:

 0.28
h
vmed = 18 (6.12)
10
6.6 Acção do Vento nas Pás e Rotor segundo RSA (2001) 63

ωmed = 0.613v2med (6.13)

O coeficiente de força, δ f , para uma estrutura de forma cilı́ndrica considera-se igual a 0.6.
Para o efeito da determinação da acção do vento foram considerados troços de extensão igual
a 5 m. Desta forma foi possı́vel obter pressões médias a actuar em cada troço torre considerado:

pmed = ωmed δ f (6.14)

A forma corrente de se considerarem os efeitos dinâmicos, sem que uma análise dinâmica seja
efectuada de forma explı́cita, é pela aplicação de um coeficiente de rajada cr . Dado que o perı́odo
de fundamental da torre eólica é da ordem de 3 s usa-se um cr igual a 1.7.

6.6 Acção do Vento nas Pás e Rotor segundo RSA (2001)


A força que actua em cada pá é obtida através do produto da área da sua superfı́cie frontal
pela pressão dinâmica caracterı́stica média à cota do seu centro de gravidade. Esse valor foi ainda
corrigido pelo coeficiente aerodinâmico, α, que depende da orientação da superfı́cie relativamente
ao vento.
No cenário de dimensionamento, ilustrado na figura 6.1, considera-se que o dispositivo de
rotação das pás não se encontra funcional numa das pás (vertical).

Figura 6.1: Cenário de dimensionamento considerado no RSA.


Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 64

6.7 Acção da Água


6.7.1 Efeitos da Ondulação
Excepto na ocorrência de fenómenos extraordinários como maremotos, as ondas resultam da
acção do vento sobre a superfı́cie do mar. Ao movimentarem-se as massas de ar sobre o mar, as
pequenas diferenças de pressão que existem no ar e a fricção ar/água produzem forças sobre a
superfı́cie, as quais põem em movimento as partı́culas de água.
Esta acção leva ao encrespamento da supefı́cie do mar. O vento exerce, então, forças na
parte posterior da onda e de sucção na parte frontal. Estas são tanto maiores quanto maior for
a altura onda, pois são proporcionais à área de contacto. No ciclo descrito, mais vento implica
maior onda e uma onda maior gera mais superfı́cie aumentando a acção do vento, só termina
quando por efeito da gravidade da massa de água as forças se equilibrem, admitindo sempre uma
velocidade de vento um perı́odo de tempo suficientemente grande. Perante isto, as caracterı́sticas
da ondulação dependem essencialmente da velocidade do vento que as gera e pode estabelecer-se
uma correlação entre os dois fenómenos.
As partı́culas de água que formam uma onda não sofrem translação, mas sim oscilam descre-
vendo uma trajectória aproximada aproximadamente circular. A posição aproximadamente circu-
lar. A posição relativa de uma partı́cula que se encontra na superfı́cie, em relação às contı́guas,
varia com o tempo, ocupando uma posição nova no circulo que descreve. A forma criada pela
superfı́cie da água designa-se por perfil de onda. Este sofre as variações e são estas variações
que dão a impressão da translação da água, ou seja, que esta avança na mesma direcção que a
onda. Na realidade, o que se move é a forma de onda, sem que as suas partı́culas sofram quaisquer
translações.
As ondas podem-se definir por três parâmetros principais:

• Altura de onda, H, medida de crista à cava;

• Comprimento de onda, λ , medido entre duas cristas sucessivas;

• Perı́odo de onda, T , ou seja o tempo que decorre para que uma partı́cula percorra um ciclo
completo do seu movimento e volte à posição inicial. O perı́odo de onda e o comprimento
gT 2
de onda relacionam-se pela expressão: λ = .

As partı́culas que se encontram abaixo da superfı́cie também oscilam, descrevendo cı́rculos
cada vez de menor diâmetro à medida que aumenta a profundidade. Portanto, o perfil da onda
mantém-se a mesma forma ao aumentar a profundidade, mas a amplitude, mas a amplitude do
movimento diminui, ou seja, a altura a que se elevam as partı́culas de água reduz.
A descrição feita à válida em águas profundas, onde a interação com o fundo marinho não
interfere com o movimento da água. Quando a profundidade d é inferior metade do comprimento
λ
de onda, ou seja d < , o atrito com o fundo causa uma força contrária ‘a geração da onda. Como
2
6.7 Acção da Água 65

tal, a altura e comprimento de onda diminuem e a trajectória que descrevem as partı́culas fica
distorcida, passando de circular a elı́ptica.
Com a redução da profundidade, as forças de fricção com o fundo causam um desequilı́brio
nas forças de fricção que mantém as ondas, de maneira que as partı́culas que ocupam a posição
mais elevada transpõem as que se encontram mais à frente originando o rebentamento da onda e à
libertação de uma grande quantidade de energia.
De forma a determinar a acção das ondas sobre a estrutura é necessário, primeiro, determinar
os parâmetros de cálculo da onda e depois aferir o efeito na estrutura da onda.
Conta-se com medições das ondas em vários locais que permitem deduzir as distribuições
de frequências de parâmetros da onda e com eles determinar os valores que têm o perı́odo de
ocorrência desejado.
O procedimento mais usual para fixar a onda de projecto é a partir da correlação entre esta e o
vento que a gera e da suposição de uma velocidade do vento que tem um perı́odo pré-fixado. Estu-
dos mais elaborados baseiam-se em informação estatı́sticas de furacões, mas só para determinadas
zonas de globo e para estruturas de grande importância como plataformas petrolı́feras.
Essencialmente, a altura das ondas depende da velocidade do vento, da sua duração e máxima
distância sobre a qual o vento pode actuar sem pertubações geográficas, fetch. Depende também
da profundidade local. Para algumas zonas costeiras é comum existirem estudos oceanográficos,
principalmente nas zonas portuárias e zonas adjacentes, permitindo a elaboração de gráficos de
altura de ondas e daı́ deduzir ondas de dimensionamento.
Em relação do efeito das ondas num estrutura, é necessário distinguir dois casos extremos que
cobrem a maioria das estruturas marı́timas:

• Embate de onda sobre uma parede vertical da água rı́gida que provoca o quebrar da onda,
como em quebra-mares e muros costeiros;

• Efeito da onda em pequenos elementos estruturais que não alteram o movimento da onda,
como por exemplo, estacas, molhes ou tubos de plataformas.

O embate em paredes verticais depende se estas se encontram sujeitas à acção de ondas de


zona da rebentação ou não. Admitindo que não, pode-se ainda ter dois tipos de situação, se a onda
não passa através do obstáculo como um quebra-mar ou se atravessam como num tubo vertical.

6.7.2 Descrições Determinı́sticas de Ondas Oceânicas


Existem duas formas para abordar a problemática da caracterização das ondas superficiais
gravı́ticas. A primeira consiste em utilizar métodos determinı́sticos ou analı́ticos e a segunda aplica
métodos de probababilidade. Abordagens determinı́sticas revelam ser mais úteis na descricçõa
dos efeitos de curta duraçõa e consistem em métodos que podem ser descritos como analı́ticos,
ou numéricos. Os métodos analı́ticos consistem, principalmente, nas teorias clássicas de ondas e
podem ser divididos em lineares e não lineares. Já as abordagens probabilı́sticas, que não serão
referidas, são mais úteis na previsão do comportamento de ondas a longo prazo.
Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 66

6.7.3 Forças de Ondas em Estruturas


Segundo Veloso-Gomes (1985) no estudo de aspectos hidrodinâmicos relativos à acção de
ondas marı́timas, torna-se necessário recorrer a uma ou várias das teorias de ondas gravı́ticas,
bidimensionais, periódicas existentes. Tal acontece, quer a nı́vel de tratamento de dados e re-
sultados de campo e laboratoriais, quer a nı́vel do desenvolvimento de formulações teóricas e
simulação matemática. A elaboração matemática das várias teorias de ondas hoje em dia utiliza-
das antecedeu, amplamente, o estudo experimental em modelo e em protótipo, o que conduziu a
um desfasamento temporal entre conhecimentos teóricos e práticos, que actualmente susbsistem,
mas em menor grau.
Trabalhos efectuados por diversos especialistas permitem uma primeira opção entre as di-
versas teorias matemáticas ou a introdução de parâmetros correctivos no formulário teórico dis-
ponı́vel. Contudo, existem áreas de conhecimento ainda muito esbatidas que justificam os traba-
lhos em curso em diversos laboratórios, bem como o seguimento de esforços cientı́ficos e troca de
informações que possibilitam avanços significativos.
No domı́nio da Hidráulica Marı́tima ( Barros (1992a)) seria desejável o conhecimento correcto
dos campos e pressões, campo de velocidades, perfis de superfı́cie livre, deformações em função
da distância de propagação e outras caracterı́sticas associadas a um determinado estudo hidro-
dinâmico. O grau de correlação entre valores experimentais e valores teóricos de algumas dessas
grandezas, tem justificado a adopção de uma das teorias para o estudo particular em questão. No
entanto, por facilitismo, a utilização das teorias lineares de ondas acontece de forma quase sis-
temática e por vezes nitidamente fora das condições de aplicabilidade. A crescente utilização de
modelos faz reviver o interesse do tema para que as equações de base possam ser criticamente
apoiadas.
De acordo com Barros (1999) para se estimar as forças máximas de ondas em estruturas
offshore é basear o cálculo numa única onda de projecto . Para uma teoria de onda em particular,
com uma altura de onda e perı́odo de onda escolhido de acordo com a local de implantação da es-
trutura, calculam-se os campos de pressões e a componente horizontal da velocidade e aceleração
da partı́cula. Com estas informações do movimento a distribuição dos dois parâmetros que go-
vernam o movimento Re e KC (número de Reynolds e Keulegan-Carpenter, respectivamente) é
encontrada para as várias componentes estruturais; o regime do escoamento fica definido; os coe-
ficientes de arrasto, inércia e difracção são convenientemente seleccionados ( Barros (1994b)).
Morison et al. (1950) deduziu, apoiando-se em resultados experimentais, a seguinte expressão

πD2 γ 1 γ
f = CM u̇ + CD Du|u| (6.15)
4 g 2 g

No caso em que a onda em redor de um obstáculo, os efeitos produzidos pelo desvio local
de fluxo de água são muito semelhantes aos do vento, ou seja, o fluxo separa-se do obstáculo do
criando áreas de arrasto e de sucção dando lugar a uma força de arrasto global que depende da
6.7 Acção da Água 67

área exposta, da densidade do fluido e do quadrado da velocidade, assim como de um coeficiente


que depende da forma do objecto.
A força de arrasto, fD , por unidade de comprimento do objecto é definida por:

1 γ
fD = CD u|u| (6.16)
2 g

onde CD é o coeficiente de arrasto , γ o peso volúmico da água, g representa a aceleração da gra-


vidade, D é o diâmetro do tubo ou o eixo da secção exposta ao fluido e u é a velocidade horizontal
para qual tenderia a partı́cula do fluido no ponto em estudo, caso não existisse o obstáculo. O uso
de u|u| em vez de u2 tem como objectivo, contemplar a contribuição do sentido de cada partı́cula na
força de arrasto, de forma que para velocidades negativas vamos obter forças de arrasto negativas.
A contı́nua aceleração e desaceleração das partı́culas de água induz, também, sobre o obstáculo
uma força de inércia que depende da aceleração no ponto em análise, da densidade da água e do
volume de água deslocado pelo objecto. A força de inércia, fM por unidade de comprimento do
objecto é dada por:

γ πD2
fM = CM u̇ (6.17)
g 4

onde CM representa o coeficiente cujo valor depende da forma do objecto, u̇ é a acelaração da água
no ponto. Na realidade, a força de inércia é constituı́da por duas componentes, a força de massa
hidrodinâmica e a força de Froude-Krylov :

γ πD2 γ πD2 γ πD2


fM = Cm u̇ + u̇ = (Cm + 1) u̇ (6.18)
g 4 g 4 g 4

A soma dos efeitos - arrasto e inércia - proporciona a pressão total da onda num ponto so-
bre o objecto. A força total sobre o objecto será igual ao integral das pressões ao longo do seu
comprimento.

6.7.4 Conservação do Momento Linear de um Fluido


A conservação do momento linear de um fluido apoia-se na 2a Lei de Newton (Lei Funda-
mental da Dinâmica) aplicada a um fluido de volume V , em qualquer instante. Neste caso, V é
seleccionado como o espaço delimitado por um paralelepı́pedo que rodeia uma parcela elementar
de um cilindro. Assim, V = D2 δ z, onde D representa o dâmetro do disco e δ z a altura elementar.
Para água com densidade ρ e com uma velocidade horizontal u segundo x (direcção horizontal), o
esforço na direcção perpendicular ao cilindro é:
Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 68

Z Z

∑ Fx = ∂t V
ρU dV +
A0
ρu · u dA0 (6.19)

Define-se q̄ como a força de reacção por unidade de comprimento do cilindro δ z, desta forma
tem-se:

∑ Fx = −q̄δ z (6.20)

Por aproximação tem-se o que o primeiro integral de 6.19 é dado por:

Z

ρu dV ≈ −ρD2 δ zu̇ (6.21)
∂t V

o sinal negativo é desta vez usado pois o fluido acelera negativamente dentro do volume que rodeia
o disco. O segundo integral de 6.19 constitui o fluxo de momento em x, ou a diferença entre o
momento exterior e o momento interior através da área A0 = Dδ z. Assim,

Z Z Z
ρu · u dA0 = ρu · u dA0 − ρu · u dA0 = −ρu|u|Dδ z (6.22)
ext int

onde |u| é o valor absoluto da velocidade, permitindo que quando u muda de direcção assim vai
mudar q̄. Reunindo-se as expressões 6.21 e 6.22 obtém-se a expressão 6.19, ou seja:

− q̄δ z ≈ −ρD2 δ zu̇ − ρDu|u|δ z ⇔ q̄ ≈ ρD2 u + ρDu|u| (6.23)

Na aplicação da fórmula de Morison é necessário calcular os coeficientes CD e CM . Fo-


ram efectuadas ao longo dos anos várias pesquisas nesse sentido, tendo-se obtido valores muito
dı́spares, principalmente para CD pois este depende do número de Reynolds, da rugosidade da su-
perfı́cie e da forma secção. O coeficiente CD é mı́nimo para secções circulares levando a que estas
sejam as mais indicadas em estruturas offshore para minimizar o efeito das ondas.
Para ondas com altura elevada, aconselha-se CD = 0.7 e CM = 2.0 e admite-se que ambos
dependem dos números de Reynolds e de Keulegan-Carpenter.
Recorde-se que a força total depende de dois factores, o de arrasto e o de inércia e os dois
não tomam o seu máximo para a mesma posição de onda; na crista a força de arrasto é máxima
e a de inércia é nula. Portanto, deve integrar-se diversas posições da onda, calcular em cada uma
o integral de pressões sobre a altura do objecto e determinar a posição em que a força total é
máxima. Como poderá facilmente constatável, este cálculo é moroso e requer o recurso ao uso de
computadores e/ou software especı́fico.
6.8 Acções Dinâmicas e Sı́smicas 69

6.8 Acções Dinâmicas e Sı́smicas


Uma considerável fracção das acções actuantes consideradas têm carácter dinâmico, ou seja,
o valor de acção não é constante no tempo ( Almeida e Barros (2005)). As acções consideradas
foram: o peso próprio, a acção do vento, a acção da água e a acção sı́smica. Destas apenas o
peso prṕrio tem carácter permanente sendo tratada como uma carga estática distribuı́da. A acção
do vento, apesar de dinâmica vai ser transformada numa acção estática (através dos seus valores
máximos ou das consequências que o movimento dinâmico pode causar) devido à falta de dados
meteorológicos para introduzir num possı́vel modelo dinâmico. A acção da água e a acção sı́smica,
têm carácter dinâmico e, como tal, estas acções são consideradas dinâmicas.
O objectivo é determinar os esforços sı́smicos para esta estrutura e os esforços máximos na
estrutura devido às acções sı́smicas.
Para resolver esta questão, introduzem-se os principais conceitos da dinâmica de estruturas.
Antes de mais convém referir que a acção da água é determinı́stica, isto é, tem lei de variação
conhecida. De facto, a acção da água sobre a estrutura é conhecida no tempo através dos mo-
delos adaptados. A acção sı́smica, ou seja, o seu cálculo baseia-se na idealização de modelos
estocásticos.
Aquilo que diferencia a análise dinâmica da análise estática é a inclusão de forças de inércia
e amortecimento devidas ao deslocamento e velocidades consideráveis existentes na estrutura.
Como tal, é necessário considerar que a estrutura tem massa de amortecimento. Estes podem ser
contı́nuos ou discretos.
Para uma estrutura de um grau de liberdade de massa m, rigidez k e amortecimento c sujeita à
acção p(t), a equação de forças é:

mü + cu̇ + ku = p(t) (6.24)

o que é equivalente a:

p(t)
ü + 2ξ ωn u̇ + ωn2 u = (6.25)
m
c
onde ξ = representa o coeficiente de amortecimento, ccr = 2mωn é o factor de amortecimento
ccr r
k
crı́tico e ωn = é a frequência de vibração própria da estrutura.
m
A grande dificuldade é obter a lei de variação u(t), uma vez que a equação é diferencial. No
entanto, com o software usado hoje em dia e com modelos numéricos existentes é facil determinar
u(t). O método mais divulgado é Método de Duhamel que se baseia na transformação de p(t) num
conjunto infinito de pulsos. Uma vez conhecida a resposta u(t) é fácil determinar os esforços na
estrutura, por exemplo: F(t) = ku(t).
Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 70

Quando a estrutura é composta por n graus de liberdade (como a estrutura em causa, até porque
foi discretizada em vários elementos) a equação anterior transforma-se num sistema de equações,
uma por cada grau de liberdade em análise:

Mü + Cu̇ + Ku = P(t) (6.26)

onde M representa a matriz de massa consistente, C representa a matriz dos coeficientes de amorte-
cimento, K é a matriz de rigidez da estrutura nos graus de liberdade considerados, P(t) representa
o vector de forças aplicadas em cada grau de liberdade da estrutura, u é o vector de deslocamentos.
A resolução do sistema de equações diferenciais é complexa. O método mais utilizado para
resolver o problema é o Método da Sobreposição Modal que se baseia na ortogonalidade das
matrizes de massa e de rigidez em relação aos modos de vibração, para transformar o sistema
de equações num conjunto fictı́cio de n equações independentes relativas a um grau de liberdade
fictı́cio. Uma vez resolvido este conjunto de equações, a solução final é a soma da solução de cada
equação independente fictı́cia pesada por certos factores.
Primeiramente, a aferição dos modos de vibração passa pela determinação das n frequências
próprias através da equação:

| K − ω 2 M| = 0 (6.27)

de onde se extraem as frequências próprias ωi , permitindo a determinação do modo próprio φi


respectivo através de:

(K − ωi2 M)φi = 0 (6.28)

Sinteticamente, apresentam-se as etapas para a resolução do problema:


Formula-se as equações do movimento:

Mü + Cu̇ + Ku = P(t) (6.29)

Determina-se as frequências próprias ω1 ω2 . . . ωn e a matriz modal:

Φ = (φ1 φ2 . . . φn ) (6.30)

Formula-se as massas modais e as acções modais:


6.8 Acções Dinâmicas e Sı́smicas 71

Mi = φi T Mφi (6.31)

Pi = φi T P (6.32)

Obtenção das n equações diferenciais independentes relativas aos n modos de vibração:

Pi (t)
ÿi + 2ξi ωi ẏi + ωi2 yi = (6.33)
Mi

Determina-se a resposta modal para cada equação diferencial independente, através do integral
de Duhamel:

Z t
1
yi (t) = Pi (τ)e−ξi ωi (t−τ) sin ωai (t − τ) dτ (6.34)
Mi ωai 0

q
onde ωai = ωi 1 − ξi2 e Pi (t) é decomposto em vários infinito de pulsos.
Deduz-se a resposta em termos de deslocamentos segundo as coordenadas geométricas:

u(t) = φ1 y1 (t) + φ2 y2 (t) + . . . + φ1 y1 (t) (6.35)

Resposta em termos de forças:

Fe (t) = Ku(t) = Kφ1 y1 (t) + Kφ2 y2 (t) + . . . + Kφn yn (t) (6.36)

Este é o procedimento de resolução norma do problema. Introduzem-se as acções variáveis e


a estrutura no programa de cálculo dá a resposta da estrutura ao longo do tempo devido às acções
aplicadas.
Quanto à acção da água já é possı́vel obter os esforços máximos na estrutura, mas em relação
à acção sı́smica existe o problema de não conhecermos uma lei para a sua acção.
Por isso usam-se espectros de resposta que não são mais do que gráficos cujas ordenadas in-
dicam o valor máximo da aceleração (e/ou velocidade e/ou deslocamento) devido à acção sı́smica
em função da frequência da estrutura. De acordo com o RSA (2001) é ainda funcção do local ou
zona do paı́s (α), do tipo de terreno (I, II ou III) e do coeficiente de amortecimento (ξ ).
Para estruturas com um grau de liberdade, facilmente se obtém a força sı́smica máxima :

mSa α
Fe = (6.37)
η
Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 72

onde η representa o coeficiente de comportamento e α = 0.3 na região Norte de Portugal.


Para estruturas com múltiplos graus de liberdade é necessário determinar as respostas de cada
oscilador para a sua aceleração máxima (facilmente convertida em deslocamento) e em seguida
fazer uma combinação quadrática destas respostas para obter a resposta total porque, num sismo,
os máximos dos vários osciladores não ocorrem todos simulataneamente.
Assim, para a acção sı́smica, o processo é o seguinte:
Determina-se as frequências próprias ω1 ω2 . . . ωn e modos de vibração φ1 φ2 . . . φn respectivos
a partir de |K − ω 2 M| = 0.
Quantifica-se a resposta sı́smica máxima para cada oscilador desacoplado (independente):

Sa,i α Li
yi = (6.38)
ωi2 Mi

onde Li é o factor de excitação sı́smica relativo ao modo de vibração i e é dado por:

Li = φ T M1Sa (ωi , ξi ) (6.39)

onde 1 é uma matriz coluna de valores unitários, Sa (ωi , ξi ) é o máximo as acelerações resultantes
das acção de tipo I e II previstas no RSA (2001).
Calcula-se a resposta em termos de deslocamento segundo as coordenadas geométricas, usando
a referida combinação quadrática simples:

q
u(t) = ∑ [φi yi (t)]2 (6.40)

Obtém-se a resposta em termos de forças sı́smicas (elaásticas):

Fe (t) = Ku(t) (6.41)

6.9 Combinações de Acções e Verificação de Segurança


Normalmente numa estrutura existem dois estados limites a verificar: os estados limites de
serviço (ELS) e os estados limites últimos (ELU), sendo que satisfeitos estes considera-se que a
estrutura verifica a funcionalidade e a segurança.
De acordo com o EN1993 (2004) tem-se:

• “Os estados limites de serviço correspondem aos estados para além dos quais as condições
de utilização deixam de ser satisfeitas.”
6.9 Combinações de Acções e Verificação de Segurança 73

• “Os estados limites últimos são os associados ao colapso, ou a outras formas de rotura
estrutural que ponham em perigo a segurança das pessoas.”

Numa estrurura apenas serão analisados os estados limites últimos porque, por um lado não
se conhecem as condições de serviço são bastantes inferiores às da rotura, o que normalmente
implica um bom funcionamento em serviço ( Santos e R. Bessa (2005)).
Assim, as verificações a realizar para este tipo de estruturas são:

• Fundações: verificação ao derrube ;

• Fundações: capacidade de carga;

• Efeitos dinâmicos: partilha de vórtices;

• Efeitos dinâmicos: ovalização de secções ;

• Estabilidade da torre: verificação de secções ;

• Estabilidade da torre: verificação de elementos ;

• Verificação à fadiga.

Embora as verificações dos efeitos dinâmicos possam parecer verificações de serviço, na rea-
lidade podem provocar rotura e colapso da estrutura.

6.9.1 Fundações: Verificação ao Derrube


A interação solo-estrutura foi traduzida por molas de rigidez variável (não linear). Assim im-
porta verificar se apenas algumas (ou nenhumas) das molas plastificaram e se uma grande maioria
delas se manteve em regime linear. Assim sendo, poderá deduzir-se que o solo de fundação terá
capacidade ao derrube.

6.9.2 Fundações: Capacidade de Carga


Neste estado limite, verifica-se se o solo tem capacidade suficiente para suportar as acções ver-
ticais (peso próprio). O contacto lateral do solo com a estrutura funciona como elemento resistente
é definido por:

Al τmed
Nsd ≤ Q1 = (6.42)
FS

onde FS é o factor de segurança e considera-se, geralmente, igual a 2, Al representa a área lateral.

τ(z) = sa = f su (z) (6.43)


Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 74

onde sa representa a adesão solo-estrutura , su constitui a resistência não drenada do solo e f é o


factor adimensional ( f = 1.0 para argilas moles).
Então obtém-se:

τ(z)z 1
τmed (z) = = su (z) (6.44)
2z 2

6.9.3 Efeitos Dinâmicos: Partilha de Vórtices


De acordo com Barros (2003) numa estrutura, principalmente com simetria de revolução, o
movimento do ar em seu redor com determinada velocidade (velocidade crı́tica) pode originar
a formação do fenómeno designado por partilha de vórtices ou turbilhões de Von Kármán. Tal
fenómeno consiste na libertação de vórtices alternados a jusante da estrutura, o que pode provocar
uma vibração na estrutura perpendicularmente à direcção do vento.
Esta alternância de vórtices tem uma frequência que é função da velocidade do vento U, da
geometria da estrutura D e do regime do escoamento Re ≈ 5:

U U
fvortex = ≈ (6.45)
Re D 5D

Caso esta frequência se aproxime da frequência fundamental da estrutura f1 poderá ocorrer


ressonância. Nesse caso a velocidade crı́tica seria então:

fvortex = f1 (6.46)
Ucr,vortex = 5 f1 D (6.47)

Aplicando a seguinte fórmula que consta em vários regulamentos, entre os quais RSA (2001),
obtemos a pressão, na direcção do vento, sobre a estrutura devido ao vento crı́tico:

q = 0.613U 2 (6.48)

Como este fenómeno é transversal ao vento, interessa principalmente saber a força transversal
capaz de provocar a vibração para dimensionamento. De acordo com o regulamento canadiano
esta pode ser calculada através da seguinte expressão:

1
FL = CL qD (6.49)

Nestas estruturas CL = 0.2 (cilindros) e ξ = 0.02 (estruturas em aço) obtem-se:


6.9 Combinações de Acções e Verificação de Segurança 75

FL = 0.5qD (6.50)

Na maioria dos casos, as forças provocadas por esta acção são desprezáveis. Verifica-se que:
Ucrit ≤ 0.2Upro jecto , sendo Upro jecto a velocidade do vento de projecto, as tensões na base da torre
não serão controladas pelo fenómeno de partilhas de vórtices.

6.9.4 Efeitos Dinâmicos: Ovalização de Secções


O movimento do vento pode provocar na estrutura um fenómeno de vibração, a chamada
ovalização das secções . Como localmente a acção do vento não é uniforme: de um lado comprime
contra a secção e do outro lado descomprime (sucção) sobre a secção, geram-se esforços de flexão
que podem conduzir à ovalização da secção .
A frequência de ovalização é definida por:


e E
fov = 175.4 2 (6.51)
D

onde e é a espessura (m), D representa o diâmetro (m) e E constitui o módulo de elasticidade.


Como este é um fenómeno local, ao nı́vel da secção, a ressonância não está relacionada com a
frequência própria da estrutura f1 , mas sim com a frequência de partilha de vórtices. É aceite que
a ressonância ocorre para


e E
fov ≈ 2 fvortex ⇔ Ucr,ov ≈ 438.5 (6.52)
D

Aplicando a fórmula q = 0.613U 2 , pode-se determinar os momentos máximos ao nı́vel da


secção iguais a 0.0785qD2 , para zonas de sobrepressão, ou iguais a 0.0680qD2 para zonas de
sucção.
D
Quando < 250 não é necessário realizar os cálculos referidos uma vez que, em princı́pio, a
e
acção do fenómeno é desprezável.

6.9.5 Estabilidade da Torre: Verificação de Segurança das Secções


De acordo com o EN1993 (2004) é necessário determinar qual a classe da secção transversal.
Como se explicará à frente admitiu-se que as secções são da classe 3.
A acção considerada é do tipo flexão composta. Segundo o EN1993 (2004) (cláusula 5.4.8.2)
para verificar a segurança para a classe 3 é necessário que:

NSd MSd
+ ≤ 1.0 (6.53)
A fyd Wel fyd
Disposições Regulamentares e Considerações para o Cálculo de Torre Eólica Offshore 76

0.5Av fyd
VSd ≤ 0.5VRd,pl = √ (6.54)
3γM0

onde Nsd é o esforo̧ axial actuante, MSd representa o momento flector actuante, VSd é o esforço
transverso actuante, A = Av é a área de secção transveral, Wel é o módulo de flexão elástico da
secção transversal , fyd é a tensão de cedência e γM0 é o coeficiente de segurança parcial.
Esta verificação aplicar-se-á a todas as secções da torre. Na prática, vão ser analisadas apenas
as secções em condições de carregamento mais desfavoráveis.

6.9.6 Estabilidade da Torre: Verificação de Segurança dos Elementos


Segundo o EN1993 (2004), é necessário verificar o estado limite de encurvadura por vareja-
mento. Assim para a classe 3 adoptar-se-á a seguinte a condição:

Nsd kMsd
+ ≤ 1.0 (6.55)
χA fyd Wel fyd
γM1

onde Nsd é o esforço axial actuante, Msd é o momento flector actuante, A é a área de secção
transversal, Wel é o módulo de flexão elástico da secção transversal, fyd é a tensão de cedência,
γM1 é o coeficiente de segurança parcial, χ factor de redução para o modo de encurvadura de
varejamento.
O factor de redução para o varejamento é dado por:

1
χ= q ≤1 (6.56)
φ + φ − λ̄
2 2

onde φ é igual a

1 
φ= 1 + α(λ̄ − 0.2) + λ̄ 2 (6.57)
2

onde α representa o coeficiente de imperfeição, que neste caso é igual a 0.34 (curva b do EN1993
(2004)) e λ̄ é dado por:

le
λ
λ̄ = = i (6.58)
λ1 93.9ε
s
235
onde ε = .
fy d
O valor do comprimento de encurvadura, le , considera-se igual a 2l. Contudo, tal consideração
só é válida se o esforço axial fosse constante ao longo da torre.
6.9 Combinações de Acções e Verificação de Segurança 77

6.9.7 Combinação de Acções


Consideram-se as seguintes combinações de acções:

• Combinação 1: 1.25G + 0.70(A +V + S);

• Combinação 2: 1.00G + 1.35(A +V + S);

• Combinação 3: 1.00G + 1.50(A + Ψ0,V V );

• Combinação 4: 1.00G + 1.50(V + Ψ0,A A);

• Combinação 5: 1.00G + 1.50S + Ψ2,A A + Ψ2,V V .

onde Ψ0,A = Ψ0,V = 0.4 e Ψ2,A = Ψ2,V = 0 e G representa a acção do peso próprio, A é a acção da
água, V constitui a acção do vento e S representa sı́smica.
As duas primeiras combinações, isto é, a combinação 1 e 2 estão previstas na norma DNV
(2007) e as restantes combinações são definidas pelo Eurocódigo 1 EN1991 (2004).
Capı́tulo 7

Dimensionamento de uma Torre Eólica


Offshore

Neste capı́tulo, abordam-se algumas fases de dimensionamento de uma torre eólica offshore.

7.1 Condicionantes da Escolha do Local


A potência disponı́vel no vento é proporcional ao cubo da velocidade do vento (P ∼ U 3 ), pelo
que a implantação das turbinas em locais com ventos fortes e persistentes é um factor determinante
no sucesso económico da operação.
Numa fase inicial, a selecção na escolha de locais potenciais consiste em aplicar algumas
regras de senso comum:

• Os topos das montanhas são, em geral, locais muito ventosos;

• Os planaltos e as planı́cies elevadas podem ser locais com bastante vento, tal como as zonas
costeiras, sendo uma das grandes vantagens da instalação de turbinas eólicas nestes locais é
a persistência do vento, que se traduz pelo número de horas equivalentes à potência nominal
de aerogerador por ano, também designado por NEP (a figura 7.1 ilustra a distribuição de
NEP em Portugal Continental para um aerogerador com 2 MW de potência e a hub a 60 m
de altura);

• Geralmente, os vales são lugares com menos vento, embora, possam ocorrer efeitos de
concentração local.

Os locais potencialmente interessantes podem ser identificados usando cartografia adequada e


a sua escolha complementada com visitas de campo. Se estiverem disponı́veis mapas de isoventos
(linhas de igual velocidade média anual do vento) eles devem ser usados para fazer uma primeira
estimativa do recurso eólico.

78
7.1 Condicionantes da Escolha do Local 79

Figura 7.1: Distribuição de NEP em Portugal Continental por ano para um aerogerador com 2 MW
de potência e a hub a 60 m de altura Estanqueiro (2001).

Por observação da figura 7.1 pode-se constatar que a zona ao largo do Porto de Leixões apre-
senta um NEP que varia entre 2000 e 2200 h/ano.

7.1.1 Medição do Vento


Idealmente, a caracterização do recurso eólico num local deve ser feita com base em medições
realizadas em vários pontos da zona envolvente e ao longo de uma perı́odo significativo de anos.
Contudo, a escassez de tempo e de recursos económico-financeiros conduz a que as decisões sejam
muitas vezes baseadas num único registo medido ao longo de apenas de um ano.
A medição é feita com instrumentação especı́fica: anemómetros e sensores de direcção ou
então por dispersómetros instalados em satélites.
O satélite QuikScat equipado com dispersómetro Quik foi lançado pela agência espacial norte-
america a 19 de Junho de 1999. Usando o dispersómetro de SeaWinds mede velocidade do vento
no mar. (Os dados recolhidos pelo QuikScat refere-se a um local com as coordenadas 41.125◦ N,
−9.125◦ E).
Infelizmente, estes dados não poderão ser utilizados devido à sua acentuada descontinuidade
temporal, bem como devido à reduzida fiabilidade do processo de recolha, especialmente em dias
de grande pluviosidade.
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 80

Figura 7.2: Rosa dos vento obtida pelo QuikScat.

7.1.2 Ocupação do Solo


É óbvio que colocar uma torre eólica numa área habitacional é quase impensável, até mesmo
instalar um parque eólico numa área remonta não suficientemente afastada da povoação masi
próxima. Além disso, onshore existirão sempre conflitualidades com edı́ficios, árvores e massas
terrestres na velocidade do vento.
Esta problemática deixa de fazer sentido em ambiente offshore, embora possam surgir conflitos
com rotas de navegação, direitos de pesca e problemas ambientais relacionados com a conservação
da fauna e flora marinhas. A rugosidade é muito baixa e não parece haver falta de espaço. Contudo,
a realidade não é exactamente assim, pois nem todos os locais são adequados à implantação de
torres eólicas, apesar das boas potencialidade de vento.

7.1.3 Local de Implantação


Com base na ponderação dos factores atrás citados, considera-se viável a localização da torre
eólica em estudo no ponto designado por L1 indicado na figura 7.4.
No entanto, destaca-se que a solução aqui apontada de um estudo mais rigoroso ao nv́el do im-
pacte ambiental, viablidade económica, ligação à rede eléctrica e interferência na navegabilidade
junto ao porto. Todavia, face aos objectivos propostos, considera-se que o aprofundamento deste
temas, não se insere no âmbito deste trabalho.
7.1 Condicionantes da Escolha do Local 81

Figura 7.3: Rosa dos vento obtida pelo SeaWinds.

Figura 7.4: Local de implantação (L1) da turbina eólica.


Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 82

7.2 Modelo de Turbina Eólica a Utilizar


Actualmente, existe uma grande variedade de modelos de diferentes fabricantes de turbinas
eólicas, quer em termos de potência nominal, quer em termos de altura do hub, tal como pode ser
constatado na tabela 7.1.

Modelo P (MW ) L pa (m) Hhub (m) Htot (m) Avarr (m2 ) Upamax (m/s) Unom (m/s)
GE 1.5s 1.5 35.25 64.7 99.95 3904 81.33 12
GE 1.5sle 1.5 38.5 80 118.5 4657 14
Vestas V90 1.8 45 80 125 6032 88.89 13
Vestas V100 2.75 50 80 125 7854 79.56 15
Gamesa G87 2.0 43.5 78 121.5 5945 86.2 13.5
Siemens 2.3 46.5 80 126.5 6793 75.11 13 - 14
Bonus (Siemens) 1.3 31 68 99 3019 63.11 14
Bonus (Siemens) 2.0 38 60 98 4536 67.11 15
Bonus (Siemens) 2.3 41.2 80 121.2 5333 69.77 15
Clipper Liberty 2.5 44.5 80 124.5 6221 72.44 11.5
Clipper Liberty 46.5 126.5 6792 75.11
Clipper Liberty 49.5 78 127.5 7698 69.77
REPower MM92 2.0 46.25 100 146.25 6720 72.44 11.2

Tabela 7.1: Especificações de modelos de turbinas eólicas tı́picas

Rotor
Diâmetro (m) 80
Área Varrida (m2 ) 6032
Velocidade (rpm) 16.7
Intervalo operacional (rpm) 9 - 19
Número de pás 3
Regulador de energia Pitch/ OptiSpeed

Tabela 7.2: Especificações do rotor da VESTAS V80 - 2MW.

A altura do hub pode ser de 60, 67, 78, ou de 100 m.

Peso (ton)
Altura do hub (m)
60 67 78 100
Torre 100 130 170 220
Cabina 61 61 61 61
Rotor 34 34 34 34
Total 205 225 265 315

Tabela 7.3: Pesos dos diversos elementos da torre eólica a considerar no dimensionamento.
7.3 Pré-dimensionamento 83

7.3 Pré-dimensionamento
No pré-dimensionamento considerou-se as condições especı́ficas do local de implantação, bem
como a informação disponı́vel relativa ao custo e comportamento estrutural de torres eólicas pre-
viamente projectadas distribuı́das por todo o mundo.
Os aspectos das torres eólicas offshore indispensáveis a este processo de pré-dimensionamento
estão indicadas nas tabelas 7.4 e 7.5.

Profundidade de Água (m) 10 a 25


Vertical 100 a 300
Força (ton)
Horizontal 70 a 150% da força vertical
Momento Derrube (Prof. da água + 65 m)× (Força Horiz.)
N ◦ de Instalações 20 a 100

Tabela 7.4: Dados para dimensionamento das torres eólicas offshore.

Tipo de Fundação Diâmetro (m) Peso (ton)


Gravidade 12 a 15 500 a 1000
Monopilar 3 a 3.5 175
Tripé 0.9 125

Tabela 7.5: Caracterı́sticas dos diferentes tipos de soluções disponı́veis para torres eólicas offshore.

A solução adoptada para torre eólica é ilustrada pela figura 7.5 com uma fundação do tipo
monoestaca.
Devido à indisponibilidade de dados relativos a uma caracterização geotécnica da região em
análise, adoptou-se uma prospecção geotécnica relativa ao Golfo do México, cujos resultados são
expressos pela tabela 7.6.

Prof. abaixo do solo (m) γ 0 (kN/m3 ) su (kPa) pu (kN/m)


0.0 5.42 0 0
1.27 5.51 1.74 43.91
2.54 5.61 3.48 91.01
5.08 5.78 6.98 193.87
7.62 5.97 10.47 309.13
10.16 6.16 13.96 436.64
12.7 6.32 17.45 549.69
17.78 6.70 24.43 769.7
22.86 7.05 31.41 989.49

Tabela 7.6: Resultados de uma prospecção geotécnica realizada no Golfo do México.


Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 84

Figura 7.5: Solução para torre eólica.

7.4 Modelação da Estrutura


A idealização do modelo de cálculo foi feita para possibilitar a análise do comportamento da
estrutura no âmbito dos aspectos do projecto seguintes:

• Resposta dinâmica da estrutura;


7.5 Determinação de Acções 85

• Interacção solo-estrutura;

• Interacção água-estrutura;

• Verificação de segurança aos Estados Limites Últimos (ELU);

• Verificação aos Estados Limites de Serviço (ELS).

Desta forma procurou-se elaborar um modelo de cálculo que caracterizando os aspectos acima
referidos, assegura-se uma adequada aproximação à realidade com a apropriada simplicidade na
entrada dos lados, na análise dos resultados e no processo de cálculo.
Tendo em conta as caracterı́sticas da estrutura e aos objectivos da corrente análise estrutural
recorreu-se a um modelo de barra linear de secção variável de forma discreta de acordo com as di-
menões estabelecidas no pré-dimensionamento. A tabela 7.7 e a figura 7.6 exibem a discretização
em elementos da estrutura.

Elemento Cotain f Cotasup D (m) e (mm)


-1 -40 -25 3.5 75
0 -25 -15 3.5 75
1 -15 -8.85 3.5 75
2 -8.85 -3.35 3.5 75
3 -3.35 0 3.5 75
4 0 3.45 2.8 60
5 3.35 10.85 2.8 60
6 10.85 20 2.8 60
7 20 30 2.8 32
8 30 40 2.8 32
9 40 50 2.8 25
10 50 60 2.8 25
11 60 65 2.8 20

Tabela 7.7: Divisão em elementos da torre elólica.

A tabela 7.8 e a figura 7.7 exibem a discretização da massa da estrutura em nós. Esta discretização
é utilizada na análise modal da estrutura (com um coeficiente de amortecimento ξ = 0.02) para se
determinar os modos de vibração e frequências naturais.

7.5 Determinação de Acções


7.5.1 Acções Permanentes
A acção do peso próprio divide-se em: peso do rotor e cabina (nacelle) e peso da torre.
Tal como já referido, seleccionou-se turbina eólica VESTAS V80 - 2 MW , cujo rotor tem um
peso de cerca de 34 ton e a cabina um peso de 61 ton, perfazendo um peso total de 95 ton, o que
equivale a uma força vertical de 950 kN aplicada no topo da torre eólica de cima para baixo.
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 86

Figura 7.6: Divisão da estrutura em elementos.

Nós Cota
-1 -25
0 -20
1 -11
2 -6.7
3 0
4 6.7
5 15
6 25
7 35
8 45
9 55
10 65

Tabela 7.8: Divisão nodal da torre eólica.

Em relação ao peso da torre, dado que se trata de uma torre em aço, calculou-se de acordo com
peso volúmico do aço ou seja 77 kN/m3 .
Quando às massa concentradas de água, adoptou-se as seguintes cargas verticais descendentes:

• 385 kN à cota −15 ;

• 799 kN à cota −11;


7.5 Determinação de Acções 87

Figura 7.7: Divisão nodal da estrutura.

• 1058 kN à cota −6.7;

• 645 kN à cota 0.

A modelação da interação solo-estrutura é feita através de m conjunto de apoios elásticos


horizontais (molas), ao longo do troço enterrado da torre, com relações constitutivas (carga-
deslocamento) não lineares, caracterizadas pelas curvas p-y conforme a profundidade.

7.5.2 Quantificação da Acção do Vento


Para efeito da quantificação da acção do vento, adoptou-se o procedimento preconizado no
RSA para a determinação da pressão estt́ica do vento e, posteriormente, majorou-se esse valor
com um factor de ampliação (coeficiente de rajada) de modo a ter uma resposta quasi-estática
incluindo assim as flutuações de pressão dinâmica:

pdinamica = pestatica cr (7.1)

RSA (2001) baseia a quantificação da acção do vento na determinação do perfil de veloci-


dades que se verifica no local da estrutura. Este perfil de velocidades depende de acordo com o
preconizado nos art. 20◦ e 21◦ da zona de território e da correspondente rugosidade do solo.
De tal modo, tendo em conta a localização da estrutura considerara-se as caracterı́sticas locais
seguintes:
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 88

Zona Descrição Tipo de Rugosidade Descrição


B Região costeira. II Zonas rurais e periferia de zonas urbanas.

Tabela 7.9: Identificação do local de instalação para efeitos da acção do vento.

A determinação dos efeitos a ação do vento foi feita simplificadamente e numa primeira fase,
supondo aplicadas à superfı́cie da estrutura forças estáticas que resultam da multiplicação da
pressão dinâmica do vento por coeficiente de força e coeficientes de rajada adequados à forma
da estrutura em causa.

7.5.2.1 Pressão Dinâmica do Vento

Considerou-se os valores caracterı́sticos da pressão dinâmica do vento wk , obtidos com base


nos valores caracterı́sticos da velocidade média do vento, definidos em função da altura acima do
solo, h, pela expressão regulamentar seguinte:

"  0.20 #
h
v = 1.1 25 (7.2)
10

Na vizinhança imediata do solo, ou seja, para h < 10 m num solo de rugosidade tipo II, admitiu-
se uma velocidade média constante igual a 25 m/s.
A pressão dinâmica do vento calcula-se através de:

w = 0.613v2 (7.3)

Atendendo ao facto de se tratar de uma estrutura identicamente solicitada pelo vento qual-
quer que seja o rumo deste, os valores obtidos caracterı́sticos da pressão dinâmica do vento pela
expressão foram ainda multiplicados pelo factor 1.3.

7.5.2.2 Coeficientes de Força

Adoptou-se um coeficiente de força δ f de acordo com o preconizado o anexo 1 do RSA,


relativamente a construções totalmente fechadas de forma cilı́ndrica. Este coeficiente é função da
esbelteza e do regime de escoamento, resultando:

65 √ √
≈ 23.2d w, d w ≥ 0.15 → δ f = 0.6 (7.4)
2.8

Os coeficientes de força adoptados relativamente às pás de turbina resultam das caracterı́sticas
aerodinâmicas da turbina e da respectiva orientação das pás face ao vento.
7.5 Determinação de Acções 89

Face à dificuldade em encontrar informação disponı́vel, junto do fabricante, adoptaram-se os


seguintes valores:

• Pás orientadas paralelamente ao vento: α = 0.3;

• Pás orientadas perpendicularmente ao vento: α = 1.0.

Posteriormente, atendendo ao facto de se tratar de uma estrutura com frequência própria muito
baixa (aproximadamente de 0.3), recorreu-se à introdução de coeficientes de rajada correctivos do
valor anteriormente obtido.
Coeficiente de rajada: cr = β δ = 2.2 × 0.75 = 1.7.

7.5.2.3 Acção do Vento na Torre

A quantificação acção do vento na torre foi realizada, de forma a perimitir a consideração da


variação do diâmetro do respectivo perfil estrutural e a variação da pressão dinâmica em altura,
por intermédio da divisão da torre de em troços com 5 m de altura. Em cada troço determinou-se
a superfı́cie frontal correspondente ao produto da sua altura 5 m pelo diâmetro respectivo:

Z (m) v (ms−1 ) w (kN/m2 ) δf cr pi (kN/m)


0 25 0.60 0.6 1.7 1.71
5 24 0.60 0.6 1.7 1.71
10 25 0.60 0.6 1.7 1.71
15 27.1 0.70 0.6 1.7 2.01
20 28.7 0.79 0.6 1.7 2.25
25 30 0.86 0.6 1.7 2.46
30 31.1 0.93 0.6 1.7 2.65
35 32.1 0.99 0.6 1.7 2.82
40 33 1.04 0.6 1.7 2.97
45 33.8 1.99 0.6 1.7 3.12
50 34.5 1.14 0.6 1.7 3.25
55 35.2 1.18 0.6 1.7 3.38
60 35.8 1.22 0.6 1.7 3.50
65 36.4 1.26 0.6 1.7 3.61

Tabela 7.10: Acção do vento na torre.

7.5.2.4 Acção do Vento no Rotor

Para determinar do vento nas pás e rotor considera-se o cenário correspondente à configuração
das pás mais desfavorável do ponto de vista estrutural.
Considera-se a acção do vento para o caso em que o mecanismo de rotação de segurançadas
pás não está funcional numa das pás. Neste caso, posicionou-se a pá mais desfavorável, isto é, a
pá orientada perpendicularmente em relação ao vento.
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 90

Pá z (m) v (m/s) w (kN/m2 ) A (m2 ) α cr F (kN) Mrotor (kNm)


Pá 1 (vert.) 85 38.4 1.41 82.0 1.0 1.7 196.1 3922.2
Pá 2 (incl.) 55 35.2 1.18 34.0 0.3 1.7 20.5 3922.2
Pá 3 (incl.) 55 35.2 1.18 34.0 0.3 1.7 20.5 -205.0
Cubo do rotor 55 35.2 1.26 12.6 1.0 1.7 27.1 0

Tabela 7.11: Acção do vento no rotor

7.5.3 Determinação da Acção da Água


O cálculo das ondas foi efectuado com base na fórmula de Morison e um estado de mar carac-
terizado pela teoria de onda linear. A determinação propriamente dita foi efectuada com recurso
ao programa de cálculo de forças de ondas WaveLoads, que através de um interface gráfico sim-
ples permite caracterizar acções impostas pelas ondas em estruturas utilizando diferentes estados
de mar, isto é, com diferentes alturas de onda e perı́odos, bem como diferentes tipos de teoria de
ondas. Para efectuar os cálculos basta introduzir as incógnitas comuns da teoria. Estas incógnitas
são função do local escolhido. Para o caso em estudo, as incógnitas basearam-se num estudo
realizado para o porto de Leixões. Assim tem-se:

• Profundidade de água igual a 15m;

• Altura de onda de 13m;

• Perı́odos de onda de 7, 9, 11, 13s;

• Velcodade da corrente (na ausência de dados deverá ser usado o valor mais desfavorável que
corresponde à corrente no Golfo do México com um valor igual a 0.8m/s);

• Coeficiente de Arrasto (CD ) igual a 0.7;

• Coeficiente de Massa (CM ) igual a 2.0.

Os perı́odos de onda utilizados foram obtidos de um registo efectuado por uma bóia instalada
em Leixões e cujo resultado é ilustrado pela figura 7.8.
Fez-se uma simulação no software WaveLoads, com duração total de 30s e passo temporal
∆t = 0.1s, das forças de água que actuam na estrutura.
O troço da torre sujeito à acção da água foi discretizado nos quatro elementos seguintes:

• Elemento 1: da cota −15 a −8.85;

• Elemento 2: da cota −8.85 a −3.35;

• Elemento 3: da cota −3.35 a 3.35;

• Elemento 4: da cota 3.35 a 10.85.


7.5 Determinação de Acções 91

Figura 7.8: Frequências dos perı́odos de onda em Leixões.

Figura 7.9: Elementos da estrutura nos quais se considera a acção da água.

Os elementos da estrutura estão ilustrados na figura 7.9.


As forças obtidas em cada elemento são resultado de uma acção distribuı́da sobre o mesmo
elemento variável no tempo. A posição dessa resultante varia com o tempo, mas não é muito
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 92

acentuada e, como tal, na modelação software Robot Millenium estabeleceu-se que a carga actuava
sempre ao nı́vel do centro geométrico do elemento, isto é, a meio deste.
As cargas obtidas no WaveLoads e introduzidas Robot Millenium onde Fi actua sobre o ele-
mento i, correspndentes aos perı́odos de onda de 7, 9, 11 e 13 s, são indicadas pelas figuras 7.10,
7.11, 7.12 e 7.13, respectivamente.
Quando o valor da força Fi (t) é nulo siginifica que no instante t a onda está abaixo do elemento
i, não provocando qualquer tipo de acção.

Figura 7.10: Forças resultantes de um estado de mar com perı́odo T igual a 7s.

7.5.4 Acção Sı́smica


A acção sı́smica foi calculada utilizando o programa de cálculo estrutural Robot Millenium
mediante a entrada dos seguintes dados:

• Coeficiente de amortecimento ξ é igual a 0.02;

• Zona sı́smica D (α = 0.3);

• Terreno do tipo III.

Coeficiente de amortecimento ξ Zona Sı́smica Tipo de Terreno


0.02 D (α = 0.3) III

Tabela 7.12: Dados para ação sı́smica.


7.5 Determinação de Acções 93

Figura 7.11: Forças resultantes de um estado de mar com perı́odo T igual a 9s.

Figura 7.12: Forças resultantes de um estado de mar com perı́odo T igual a 11s.

O espectro de resposta usado Sa (ξ , f ) é a envolvente dos espectros de acção do tipo 1 e 2


preconizados no RSA (2001), afectado pelo coeficiente de sismicidade α.
Com os dados indicados na tabela 7.12, efectuou-se uma análise modal, a partir da qual
obtiveram-se as configurações dos modos de vibração ilustrados pelas figuras 7.14, 7.15, 7.16,
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 94

Figura 7.13: Forças resultantes de um estado de mar com perı́odo T igual a 13s.

7.17, 7.18, 7.19, 7.20, 7.21, 7.22 e 7.23.

Figura 7.14: Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 0.30Hz.

Após a determinação da resposta sı́smica, constata-se que apenas os primeiros 4 modos têm
influência nesta acção. A acção sı́smica pode ser traduzida por um conjunto de deslocamentos
ilustrado na figura 7.24.
7.6 Esforços na Estrutura 95

Figura 7.15: Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 1.36Hz.

Figura 7.16: Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 3.45Hz.

7.6 Esforços na Estrutura


Considerando apenas as diferentes acções separadamente obtêm-se os seguintes esforços, para
a acção do peso próprio - não esquecendo que existe uma carga vertical aplicada no topo da
estrutura com o valor total de 950 kN que representa o peso do rotor, bem massas concentradas de
água ao longo da torre - obtêm-se os seguintes resultados:
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 96

Figura 7.17: Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 7.456Hz.

Figura 7.18: Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 10.74Hz.

Os resultados obtidos resultam de uma análise estática efectuada no software Robot Millenium
na qual se consideraram os efeitos de segunda ordem P − Delta, dada a presença de uma carga
estática que representa o peso do rotor no topo da torre.
Para a acção do vento isolada, efectua-se novamente uma análise estática no Robot Millenium
na qual se incluem os efeitos de segunda ordem P − Delta, uma que esta acção é encarada como
7.6 Esforços na Estrutura 97

Figura 7.19: Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 12.15Hz.

Figura 7.20: Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 18.73Hz.

estática tal como preconizado no RSA (2001), obtêm-se os seguintes resultados:


Os esforços resultantes da acção da água são obtidos por intermédio de uma análise dinâmica
time history no Robot Millenium, sem incluir os efeitos P − Delta, que permite definir cada uma
das forças Fi através um conjunto de trezentos pares ordenados (t, Fi (t)) . Uma vez que se consi-
deraram quatro estados de mar, cuja única diferença é o perı́do de ondas T , os resultados indicados
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 98

Figura 7.21: Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 19.61Hz.

Figura 7.22: Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 24.43Hz.

pela tabela 7.15 representam os valores da envolvente da acção da água para cada secção da es-
trutura, ou seja é indicado o esforço máximo, Vmax e Mmax , em cada secção, resultante dos quatro
estados de mar.
Finalmente, os resultados da acção sı́smica é são obtidos mediante uma análise dinâmica es-
pectral, utilizando os espectros de resposta (acção tipo 1 e 2) previstos no RSA (2001). A tabela
7.16 indica para cada secção o valor máximo verificado para os dois espectros de resposta.
7.6 Esforços na Estrutura 99

Figura 7.23: Modo de vibração da estrutura correspondente a uma frequência de 33.61Hz.

Figura 7.24: Deslocamentos resultantes da acções sı́smicas.

Para efeitos do cálculo de esforços resultantes de combinação de acções, apenas se consideram


as seções nas quais existe alteração de caracterı́sticas geométricas, ou seja, mudança de diâmetro
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 100

Secção N (kN)
z = −40m 4945.4
z = −25m 3605.7
z = −20m 3392.9
z = −11m 3390.3
z = −6.7m 3144.5
z = 0m 2462.7
z = 6.7m 2165.3
z = 15m 1862.3
z = 25m 1648.4
z = 35m 1435.5
z = 45m 1268.7
z = 55m 1099.9
z = 65m 965.5

Tabela 7.13: Esforços axiais resultantes do permanente ou peso próprio (G).

Secção V (kN) M (kNm)


z = −40m -3520.1 0
z = −25m -580.4 -35479.4
z = −20m 435.3 -33564.3
z = −11m 435.3 -31843.7
z = −6.7 435.3 -30010.5
z = 0m 435.3 -27030.5
z = 6.7m 2165.3 -23854.2
z = 15m 1862.3 -20685.4
z = 25m 412.5 16776.4
z = 35m 362.4 -12950.4
z = 45m 332.3 -9485.6
z = 55m 300.1 -6328.75
z = 65m 264.2 -3515.3

Tabela 7.14: Esforço transversos e momentos flectores resultante da acção do vento (V).

e/ou espessura.
Os esforços resultantes das combinações de acções 1, 2, 3, 4 e 5 são indicados pelas tabelas
7.19, 7.20, 7.21, 7.22 e 7.23, respectivamente.
Seleccionam-se seis secções para análise de esforços para as cinco diferentes combinações de
acções. As seis secções escolhidas representam as zonas da torre onde há mudança de diâmetro
e/ou espessura.
Uma vez que existem acções de natureza estática (peso próprio e vento) e de natureza dinâmica
(água e sismo), os esforços resultantes das combinações de acções são determinados em duas
fases. Primeiramente, combina-se as acções do vento e peso próprio (permanente), pois ambas
são estáticas, e no Robot Millenium efectua-se uma análise estática na qual se incluem os efeitos
7.6 Esforços na Estrutura 101

Secção V (kN) M (kNm)


z = −40m 2056.4 0
z = −25m 537.8 16837.3
z = −20m 654.2 15436.3
z = −11m 1034.2 10326.4
z = −6.7m 1234 2494.3
z = 0m 644.9 11230.2
z = 6.7m 490.4 5674.2
z = 15m 295.4 5934.3
z = 25m 175.3 5903.4
z = 35m 157.4 5486.3
z = 45m 201.4 4432.8
z = 55m 253.5 3342.6
z = 65m 334.7 0

Tabela 7.15: Esforço transversos e momentos flectores resultante da acção da água (A).

Secção V (kN) M (kNm)


z = −40m 600.4 6.2
z = −25m 156.3 6816.8
z = −20m 179.5 5706.9
z = −11m 200.6 5301.2
z = −6.7m 297.7 4890.4
z = 0m 192.5 4430.1
z = 6.7m 139.6 3910.5
z = 15m 83.8 3358.7
z = 25m 5.01 2921.8
z = 35m 73.9 2372.9
z = 45m 80.6 1675.7
z = 55m 86.7 871.8
z = 65m 88.2 0

Tabela 7.16: Esforço transversos e momentos flectores resultante da acção sı́smica (S).

de segunda ordem P − Delta. Os esforços em cada uma das secções da seleccionadas da torre
estão indicados na tabela 7.17. Os esforços resultantes das acções de água e do sismo são obtidos
por análise dinâmica time history e análise dinâmica espectral, respectivamente (tabela 7.18).
A segunda fase consiste em combinar, para cada secção da torre, a acção pré-combinada peso
próprio e vento com a da água e sismo.
Recordando que a combinação 1 é definida por 1.25G + 0.70V + 0.70A + 0.70S, combinam-
se os esforços da acção do peso próprio e do vento, determinados por análise estática (com P −
Delta), com os eforços obtidos das acções da água e do sismo submetidos à combinação 1.
Por exemplo, para a secção z = 15m, Nsd é determinado pela soma de 1.25G + 0.70G, indicado
na tabela 7.17 pelo valor de 1121.6kN, com 0.70A que é igual e 0.70 × 7 = 4.9 onde 7 é indicado
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 102

Permanentes (G) + Vento (V)


Combinação 1 Combinação 2 Combinação 3 Combinação 4 Combinação 5
Secção
Nsd Msd Vsd Nsd Msd Vsd Nsd Msd Vsd Nsd Msd Vsd Nsd Msd Vsd
(kN) (kNm) (kN) (kN) (kNm) (kN) (kN) (kNm) (kN) (kN) (kNm) (kN) (kN) (kNm) (kN)
z = −25m 3623.9 25188.7 208.8 3866.8 50407.9 279.2 3866.8 56157.2 299.2 3865.1 21983.8 220.1 3865.2 0 0

z = 0m 2388.4 21372.3 312.2 2871.3 42595.4 613.4 2871.2 47425.1 683.4 2875.8 18792.1 268.7 2876.9 0 0

z = 15m 1121.6 14726.2 194.3 1855.6 29528.2 583.4 1852.4 32865.6 649.1 1862.9 13043.2 257.2 1864.2 0 0

z = 35m 587.1 9168.2 257.8 1424.7 18459.3 521.1 1419.9 20537.9 580.3 1433.1 8162.2 230.3 1436.3 0 0

z = 55m 166.2 4443.1 211.2 088.3 8854.8 433.8 1085 9848.2 484.4 1098.2 3924.3 192.4 1100.2 0 0

z = 65m 2 2458.8 186.1 954.4 4742.2 388.2 950.1 5268.3 432 964.2 2107.2 171.3 965 0 0

Tabela 7.17: Esforços resultantes das acções G e V combinadas.

Água (A) Sismo (S)


Secção Nsd Msd Vsd Nsd Msd Vsd
(kN) (kNm) (kN) (kN) (kNm) (kN)
z = −25m 10 16387.3 537.8 7.0 6816.8 156.3
z = 0m 8 11230.2 644.9 36 4430.1 192.5
z = 15m 7 5940 296 55 3369 82
z = 35m 6 5486.3 157.4 98 2372.9 73.9
z = 45m 1 3342.6 253.5 108 871.8 86.7
z = 55m 4 0 334.7 108 0 88.2

Tabela 7.18: Esforços resultantes das acções A e S.

Combinação 1
Secção
NSd (kN) MSd (kNm) VSd (kN)
z = −25m 3635.8 41746.6 694.7
z = 0m 2419.2 32334.5 898.4
z = 15m 1165 21242.5 458.9
z = 35m 659.9 14669.6 419.7
z = 55m 242.5 7393.2 449.3
z = 65m 80.4 2458.8 482.1

Tabela 7.19: Esforços nas secções crı́ticas da estrutura para a combinação 1.

na tabela 7.18 e 0.70S que tem o valor de 0.70 × 55 = 38.5 onde 55 é igualmente referido na tabela
7.18, sendo o resultado final de 1.25G + 0.70V + 0.70A + 0.70S igual a 1165kN. O cálculo de Vsd
e Msd é análogo ao de Nsd . Vsd , na secção z = 15m, é igual à soma de 194.3 (1.25G + 0.70V )
com 0.7 × 296 (0.70A) e 0.70 × 82 (0.70S), obtendo-se o valor total de 458.9kN. De igual modo
o valor de Msd é determinado pela soma de 14726.2 (1.25G + 0.70V ) com 0.70 × 5940 (0.70A) e
0.70 × 3369, cujo valor total é 21242.5kNm.
Repete-se o mesmo procedimento aplicado para o cálculo dos esforços resultantes da combinação
1 para os esforços da combinação 2, não esquecendo que esta define-se por 1.00G + 1.35V +
7.6 Esforços na Estrutura 103

1.35A + 1.35S.
Combinação 2
Secção
NSd (kN) MSd (kNm) VSd (kN)
z = −25m 3889.8 82340.9 1216.2
z = 0m 2930.7 63736.8 1743.9
z = 15m 1939.3 42095.4 1093.7
z = 35m 1565.1 29069.2 833.4
z = 55m 1235.5 14544.2 893.2
z = 65m 1105.6 4742.2 959.1

Tabela 7.20: Esforços nas secções crı́ticas da estrutura para a combinação 2.

Na secção z = 35m, considerando a combinação 2, o valor de Nsd é igual à soma de 1424.7kN,


que corresponde a acção do peso próprio e vento 1.00G + 1.35V com 1.35 × 6 = 8.1, que equivale
à acção da água 1.35A e ainda de 1.35 × 98 referente à acção sı́smica 1.35S. O valor de Nsd é
igual a 1565.1kN. Repetindo o procedimento para o cálculo de Msd e Vsd obtém os valores finais
de 29069.2kNm e 833.4kN, respectivamente.
A combinação 3 define-se por: 1.00G + 0.6V + 1.50A .

Combinação 3
Secção
NSd (kN) MSd (kNm) VSd (kN)
z = −25m 3881.8 81413.2 1105.9
z = 0m 2883.2 64270.4 1650.8
z = 15m 1862.9 41775.6 1093.2
z = 35m 1428.9 28767.4 816.4
z = 55m 1086.5 14862.1 864.7
z = 65m 956.1 5268.3 934.1

Tabela 7.21: Esforços nas secções crı́ticas da estrutura para a combinação 3.

No caso da combinação 3, para a secção z = 0m, o valor de Nsd é calculado pela soma de
2871.2, que corresponde 1.00G + 0.6V , com 1.5 × 8.0 = 12 que equivale a 1.5A, obtendo-se um
resultado final de é 2883.2kN. Analogamente, os valores de Msd e Vsd são iguais a 64270.4kNm e
1650.8kN, respectivamente.
A combinação 4 é definida por: 1.00G + 1.50V + 0.60A.
Na secção z = 65m, o valor de Nsd é calculado pela soma de 964.2, que corresponde a 1.00G +
1.50V com 0.60 × 4.0 = 2.4 que equivale a 0.60A, cujo resultado é igual a 966.6kN. De igual
modo, para a mesma secção z = 65m, Vsd resulta da adição de 171.3, que corresponde a 1.00G +
1.50V , com 0.60 × 334.7 = 200.8, que equivale a 0.60A, originando um valor final de 372.1kN.
Consequentemente, o valor de Msd para z = 65m é igual a 2107.1kNm.
A combinação 5 é dada por: 1.00G + 1.50S.
Para esta combinação, na secção z = −25m, o valor de Nsd é determinado pela soma de 3865.2,
correspondente a 1.00G, com 1.50 × 7 = 10.5 que equivale 1.50S, obtendo-se um valor total de
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 104

Combinação 4
Secção
NSd (kN) MSd (kNm) VSd (kN)
z = −25m 3871.1 32086.2 542.8
z = 0m 2880.6 25530.2 655.6
z = 15m 1867.1 16607.2 434.8
z = 35m 1436.7 11454 324.7
z = 55m 1098.8 5929.9 344.5
z = 65m 966.6 2107.1 372.1

Tabela 7.22: Esforços nas secções crı́ticas da estrutura para a combinação 4.

Combinação 5
Secção
NSd (kN) MSd (kNm) VSd (kN)
z = −25m 3875.7 10225.2 234.5
z = 0m 2930.9 6645.2 288.8
z = 15m 1946.7 5053.5 123
z = 35m 1583.3 3559.4 110.9
z = 55m 1262.2 1307.7 130.3
z = 65m 1127 0 132.3

Tabela 7.23: Esforços nas secções crı́ticas da estrutura para a combinação 5.

3875.7kN. O valor de Msd , para a mesma secção z = −25m, é definido pela adição de 0, que
corresponde a 1.00G, com 1.50 × 6816.8 = 10225.2 que equivale a 1.50S, originando um valor
total igual a 10225.2kNm. Repetindo o procedimento Vsd , conclui-se que este tem um valor igual
a 1.5 × 156.3 = 234.5kN.

7.7 Verificações de Segurança


7.7.1 Fundações: Verificação ao Derrube
À excepção das molas a cota mais elevada, quase todas as molas têm deslocamentos bastante
reduzidos e como tal pode afirmar-se que o solo não plastifica, tal como ilustrado pelas figuras
7.25, 7.26, 7.27, 7.28, 7.29, 7.30, 7.31 e 7.32 o que significa que não ocorre derrube.
Deve atentar-se que aos valores de profudidade z há que adicionar 25 m para estar de acordo
com o referencial usado na estrutura.

7.7.2 Fundações: Capacidade de Carga


Atendendo que o solo em questão se trata de uma argila, para se determinar a capacidade de
carga, ter-se-á de adoptar a seguinte formulação:
7.7 Verificações de Segurança 105

Curva p − y para profundidade z = 1.27m


35

0.72pu = 31.584kN/m
30

25
 
z
0.72 pu = 22.125kN/m
zR
20
p(kN/m)

15

z
10 = 0.7
zR

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
y(m)

Figura 7.25: Curva p-y para uma profundidade 1.27m.

Curva p − y para profundidade z = 2.54m


70
0.72pu = 65.399kN/m

60

 
50 z
0.72 pu = 48.586kN/m
zR

40
p(kN/m)

30

z
20 = 0.7
zR

10

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
y(m)

Figura 7.26: Curva p-y para uma profundidade 2.54m.


Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 106

Curva p − y para profundidade z = 5.08m


140 0.72pu = 139.527kN/m

 
120 z
0.72 pu = 114.7kN/m
zR

100

80
p(kN/m)

z
60 = 0.822
zR

40

20

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
y(m)

Figura 7.27: Curva p-y para uma profundidade 5.08m.

Curva p − y para profundidade z = 7.62m


250

0.72pu = 222.513kN/m
 
z
200 0.72 pu = 201.504kN/m
zR

150
p(kN/m)

z
100 = 0.906
zR

50

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
y(m)

Figura 7.28: Curva p-y para uma profundidade 7.62m.


7.7 Verificações de Segurança 107

Curva p − y para profundidade z = 10.16m


350
 
0.72pu = 314.313kN/m z
0.72 pu = 310.889kN/m
300 zR

250

200
p(kN/m)

z
= 0.989
zR
150

100

50

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
y(m)

Figura 7.29: Curva p-y para uma profundidade 10.16m.

Al τmed
NSd ≤ (7.5)
FS

onde τmed = αsu e FS é o factor de segurança que toma um valor igual a 2.


O resultado da verificação da capacidade de carga é indicado pela tabela 7.24.

Al τmed (z) Al τmed (z)


z (m) su (z) (kPa) τmed (kPa) Al (m2 ) FS (kN) Nsd ≥ Nsd
FS FS
-25 67.5 33.75 274 2 4630 3890 Ok!

Tabela 7.24: Verificação da capacidade de carga do solo.

7.7.3 Efeitos Dinâmicos: Partilha de Vórtices


Determina-se o valor de Ucr,vortex e verifica-se se respeita a condição regulamentar Ucr,vortex <
0.2Upro jecto .
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 108

Curva p − y para profundidade z = 12.7m


600

pu = 549.675kN/m

500

400
p(kN/m)

z
300 = 1.07
zR

200

100

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
y(m)

Figura 7.30: Curva p-y para uma profundidade 12.70m.

Curva p − y para profundidade z = 17.78m


800
pu = 769.545kN/m

700

600

500
p(kN/m)

z
400 = 1.24
zR

300

200

100

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
y(m)

Figura 7.31: Curva p-y para uma profundidade 17.78m.


7.7 Verificações de Segurança 109

Curva p − y para profundidade z = 22.86m


1000 pu = 989.415kN/m

900

800

700

600
p(kN/m)

z
500 = 1.4
zR

400

300

200

100

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
y(m)

Figura 7.32: Curva p-y para uma profundidade 22.86m.

f1 (Hz) D (m) Ucr,vortex = 5 f1 D(m/s) Upro jecto (m/s) Ucr,vortex ≤ 0.2Upro jecto
0.29 2.8 4.1 33 Ok!

Tabela 7.25: Verificação de partilha de vórtices.

7.7.4 Efeitos Dinâmicos: Ovalização de Secções


D
Determina-se para que troço da estrutura para o qual a relação é máximo e respeita o
  e
D
requisito regulamentar: < 250.
e max
D D
D (m) e (mm) e e < 250
3.5 75 46.67 Ok!
2.8 60 46.67 Ok!
2.8 32 87.5 Ok!
2.8 25 112 Ok!
2.8 20 140 Ok!

Tabela 7.26: Verificação de ovalização de secções.


Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 110

7.8 Estabilidade da Torre: Verificação de Elementos


Procede-se à verificação dos estados limites de utilização, mais concretamente, a verificação
do estado limite de encurvadura.
O material usado na torre foi o Fe510 cuja fyd é igual a 335 MPa.
As caracterı́sticas mecânicas das secções que compõem a torre eólica são indicadas na tabela
7.27.

Secção D (m) e (mm) A (m2 ) Av = 2A


π (m2 ) I (m4 ) Wel (m3 )
z = −25m 3.5 75 0.81 0.51 1.184 0.677
z = 0m 2.8 60 0.52 0.33 0.485 0.346
z = 15m 2.8 32 0.28 0.18 0.267 0.190
z = 35m 2.8 25 0.22 0.14 0.210 0.150
z = 0m 2.8 20 0.17 0.11 0.169 0.121
z = −25m 2.8 20 0.17 0.11 0.169 0.121

Tabela 7.27: Caracterı́sticas mecânicas das secções.

Verifica-se a condição VSd ≤ 0.5VRd,pl , caso contrário ter-se-á que proceder a uma redução dos
momentos resistentes.
Selecciona-se para cada secção o valor máximo de esforço transverso das cinco combinações
de acçẽs e de seguida compara-se com o valor de 0.5VRd,pl .

0.5Av fyd
Secção Vsd,max (kN) 0.5VRd,pl = √
3γM0
(kN) VSd ≤ 0.5VRd,pl
z = −25m 1216.2 44836 Ok!
z = 0m 1743.9 29012 Ok!
z = 15m 1093.7 15825 Ok!
z = 35m 833.4 12308 Ok!
z = 55m 893.1 9671 Ok!
z = 65m 959.1 9671 Ok!

Tabela 7.28: Verificação do esforço transverso.

Procede-se à verificação da condição:

NSd kMSd
+ ≤ 1.0 (7.6)
χA fyd Wel fyd
γM1

para cada uma das combinações de acções.


A tabela 7.29 indica o valor de algumas grandezas indispensáveis para a verificação de segurança
ao estado limite de encurvadura.
7.8 Estabilidade da Torre: Verificação de Elementos 111

Secção A(m2 ) I(m4 ) i(m) le (m) λ̄ φ χ bM m k


z = −25m 0.81 0.237 0.54 20 3.88 8.66 0.06 1.27 -5.67 1
z = 0m 0.52 0.228 0.66 40 2.57 4.21 0.13 1.34 -3.40 1.00
z = 15m 0.28 0.213 0.87 80 1.20 1.39 0.48 1.44 -1.35 1.01
z = 35m 0.22 0.201 0.96 130 0.55 0.71 0.86 1.44 -0.61 1.04
z = 55m 0.17 0.169 0.98 160 0.27 0.55 0.98 1.55 -0.24 1.36
z = 65m 0.17 1 1.50

Tabela 7.29: Dados auxiliares de cálculo para a verificação da flexão composta.

Transpondo os resultados indicados na tabela 7.19, procede-se à verificação de segurança para


a combinação 1, tal como indicada na tabela 7.30.

Combinação 1
NSd kMSd NSd kMSd
Secção fyd
+ fyd
≤1
χA fyd Wel γM1 χA f yd Wel γM1
z = −25m 0.22 0.30 0.52 Ok!
z = 0m 0.11 0.42 0.53 Ok!
z = 15m 0.03 0.38 0.41 Ok!
z = 35m 0.01 0.32 0.33 Ok!
z = 55m 0 0.20 0.20 Ok!
z = 65m 0 0.07 0.07 Ok!

Tabela 7.30: Verificação da flexão composta para a combinação 1.

Utilizando os resultados dos esforços obtidos para a combinação 2, referidos na tabela 7.20,
efectua-se a verificação de segurança para tal combinação, com os resultados indicados na tabela
7.31.

Combinação 2
NSd kMSd NSd kMSd
Secção fyd
+ fyd
≤1
χA fyd Wel γM1 χA fyd Wel γM1
z = −25m 0.24 0.60 0.84 Ok!
z = 0m 0.13 0.82 0.95 Ok!
z = 15m 0.04 0.76 0.80 Ok!
z = 35m 0.02 0.64 0.67 Ok!
z = 55m 0.02 0.39 0.42 Ok!
z = 65m 0.02 0.13 0.15 Ok!

Tabela 7.31: Verificação da flexão composta para a combinação 2.

Recorrendo aos esforços determinados para a combinação 3, indicados na tabela 7.21, realiza-
se a verificação de segurança para esta combinação. Os resultados obtidos são indicados na tabela
7.32.
Dimensionamento de uma Torre Eólica Offshore 112

Combinação 3
NSd kMSd NSd kMSd
Secção fyd
+ fyd
≤1
χA fyd Wel γM1 χA fyd Wel γM1
z = −25m 0.24 0.59 0.83 Ok!
z = 0m 0.13 0.83 0.96 Ok!
z = 15m 0.04 0.75 0.79 Ok!
z = 35m 0.02 0.64 0.66 Ok!
z = 55m 0.02 0.40 0.42 Ok!
z = 65m 0.02 0.14 0.16 Ok!

Tabela 7.32: Verificação da flexão composta para a combinação 3.

Com os esforços resultantes da combinação 4, referidos na tabela 7.22, efectua-se a verificação


de segurança para esta combinação de acções, tal como pode ser constatado na tabela 7.33.

Combinação 4
NSd kMSd NSd kMSd
Secção fyd
+ fyd
≤1
χA fyd Wel γM1 χA fyd Wel γM1
z = −25m 0.24 0.23 0.47 Ok!
z = 0m 0.13 0.33 0.46 Ok!
z = 15m 0.04 0.30 0.34 Ok!
z = 35m 0.02 0.25 0.28 Ok!
z = 55m 0.02 0.16 0.18 Ok!
z = 65m 0.02 0.06 0.07 Ok!

Tabela 7.33: Verificação da flexão composta para a combinação 4.

Finalmente, a verificação de segurança para a combinação 5 é feita usando os valores da tabela


7.23. Os resultados desta verificação são indicados na tabela 7.34.

Combinação 5
NSd kMSd NSd kMSd
Secção fyd
+ fyd
≤1
χA fyd Wel γM1 χA fyd Wel γM1
z = −25m 0.24 0.07 0.31 Ok!
z = 0m 0.13 0.09 0.22 Ok!
z = 15m 0.03 0.08 0.13 Ok!
z = 35m 0.05 0.09 0.10 Ok!
z = 55m 0.14 0.09 0.06 Ok!
z = 65m 0.02 0 0.02 Ok!

Tabela 7.34: Verificação da flexão composta para a combinação 5.

A utilização da expressão da verificação anterior implica que as secções tranversais sejam da


classe 3. Na realidade, tal como indicado na tabela 7.35 existem secções da classe 4. Para se
7.8 Estabilidade da Torre: Verificação de Elementos 113

q
Material: Fe510 fy = 355 MPa ε= 235
fy
D
Elementos Cotain f (m) Cotasup (m) D (m) e (mm) e Classe
-1 -40 -25 3.5 75 41.67 3
0 -25 -15 3.5 75 41.67 3
1 -15 -8.85 3.5 75 41.67 3
2 -8.85 -3.35 3.5 75 41.67 3
3 -3.35 0 3.5 75 41.67 3
4 0 3.45 2.8 60 41.67 3
5 3.35 10.85 2.8 60 41.67 3
6 10.85 20 2.8 60 41.67 3
7 20 30 2.8 32 87.5 4
8 30 40 2.8 32 87.5 4
9 40 50 2.8 25 112 4
10 50 60 2.8 25 112 4
11 60 65 2.8 20 140 4

Tabela 7.35: Definição das secções dos elementos da torre eólica em termos de classes de aço.

ultrapassar esta incongruência decide-se introduzir nestas secções quatro nervuras verticais e uma
horizontal por cada 3 metros de comprimento.
Capı́tulo 8

Conclusões

A procura do equilı́brio entre os interesses do desenvolvimento económico e da preservação


ambiental, está a originar uma procura crescente de fontes renováveis de energia. A energia eólica
é uma fonte de energia não poluidora, contribuindo significativamnte para a minimização das
emissões CO2 .
Os parques eólicos offshore apresentam um benefı́cio extra associado ao facto de a energia
produzida ser cerca de 50% mais elevada do que aquela produzida em turbinas onshore idênticas.
Contudo, os custos associados ao projecto, construção e manutenção das estruturas offshore são
bastante superiores à das estruturas onshore.
Apesar da existência de alguma regulamentação internacional, especialmente DNV (2007)
utilizada, o processo de dimensionamento de torres eólicas offshore está ainda pouco desenvolvido.
Grande parte de procedimentos (métodos) de dimensionamento de estrutuuras afastadas da costa
está sujeito a um rigoroso sigilo comercial.
Além das tı́picas acções permanentes e sobrecargas, aparecem nas estruturas offshore um novo
grupo de acções ambientais. Estas assumem particular destaque, quer pelo seu peso nos esforços
finais da estrutura, quer pela especificidade do seu cálculo.
Foram utilizadas metodologias especı́ficas de quantificação e análise da acção do vento apro-
priadas para o tipo de estrutura e para as condições particulares de exposição offshore. A acção da
água foi igualmente contabilizada com base em teorias especı́ficas, nomeadamente com as teorias
de Airy e Morison muitas delas são o resultado de anos de experiência acumulada na concepção
das tradicionais plataformas offshore.
Estas estruturas estão sujeitas constantemente a dois tipos de interação: a interacção solo-
estrutura e a interação água estrutura. A primeira foi modelada através da aplicação de molas de
rigidez não linear (curvas p-y). A segunda foi conseguida adicionando massas à estrutura na zona
submersa, com intuito de acrescentar inércia ao conjunto.
Estruturalmente, a modelação da torre revelou-se pouco complexa, apenas com a particulari-
deade da escolha da posição de nós (mudanças de diâmetro e/ou espessuras).
A solução adoptada permitiu de forma fácil e eficiente dar resposta às exigências do projecto.

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Índice Remissivo

adesão solo-estrutura, 74 módulo de flexão elástico da secção transversal,


argilas moles submersas, 43 76
matriz de massa consistente, 70
cabina, 28 momento linear de um fluido, 67
capacidade de carga, 38
coeficiente de arrasto, 67 número de Keulegan-Carpenter, 66
coeficiente de comportamento, 72 número de Reynolds, 66
coeficiente de força, 63 número de Strouhal, 62
coeficiente de rajada, 13
comprimento de encurvadura, 76 onda de projecto, 65, 66
constante de Von Kármán, 12 ovalização da secção, 75
curvas p-y, 43 ovalização das secções, 75
ovalização de secções, 73
densidade de probabilidade de Weibull, 9
distribuição de Rayleigh, 10 pás do rotor, 26
distribuição de probabilidade de Weibull, 9 parâmetro de Ursell, 22
parâmetro de escala, 9
efeito P-Delta, 62 parâmetro de forma, 9
erosão, 54 partilha de vórtices, 74
pressão atmosférica, 7
força de Coriolis, 7
força de Froude-Krylov, 67 resistência última, 44
força de arrasto, 67 resistência de ponta, 40
força de inércia, 67 resistência lateral, 40
força sı́smica máxima, 71 resistência lateral não drenada de dimensiona-
frequência de oscilação fundamental, 62 mento, 39
frequência de ovalização, 75 resistência não lateral drenada, 41
frequência de partilha de vórtices, 61, 62 rotor, 26
frequência fundamental da estrutura, 74
função gama, 9 solidez, 26
fundação por estaca, 35
tensão de corte média, 41
fundação por gravidade, 36
turbulência, 11
fundação por tripé, 37
variação do passo, 31
intensidadade de turbulência, 13
velocidade da rajada, 13
lei logarı́tmica de Prandtl, 12 velocidade de atrito, 12
velocidade do vento de projecto, 75
método da entrada em perda, 30 vento extremo anual, 15
Método da Sobreposição Modal, 70 vento extremo de 50 anos, 15
Método de Duhamel, 69 vento geostrófico, 8
vento gradiente, 8

119
ÍNDICE REMISSIVO 120

verificação ao derrube, 73
verificação de elementos, 73
verificação de secções , 73

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