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Artigo - Inclusão Escolar de Crianças Com Deficiência Múltipla - Concepções de Pais e Professores PDF

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Psicologia: Teoria e Pesquisa


Jan-Abr 2006, Vol. 22 n. 1, pp. 079-088
1 Este trabalho parte da Dissertao de Mestrado da primeira autora,
apresentado no Instituto de Psicologia da Universidade de Braslia, sob
a orientao da segunda autora.
2 Endereo: Universidade de Braslia, Instituto de Psicologia, Departa-
mento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento, Campus Univer-
sitrio Darcy Ribeiro, Braslia, DF, Brasil 70919-900. E-mail: marisa.
brito.neves@uol.com.br
Incluso Escolar de Crianas com Decincia Mltipla:
Concepes de Pais e Professores
1
Flvia Furtado Silveira
Marisa Maria Brito da Justa Neves
2
Universidade de Braslia
RESUMO O presente trabalho teve como objetivo identicar as concepes dos pais e dos professores de crianas com
decincia mltipla sobre a incluso escolar e social dessas crianas. Participaram deste estudo 10 famlias (sete casais e trs
mes) e 10 professoras de crianas decientes mltiplas, atendidas pelo Programa de Atendimento a Decientes Mltiplos da
Secretaria do Estado de Educao do Distrito Federal. Utilizaram-se entrevistas semi-estruturadas com os pais e os professores
e observaes no ambiente escolar. Os resultados indicaram que os pais percebem a decincia do lho como algo que acarreta
grande sofrimento e que traz comprometimentos sociais, principalmente relacionados ao trabalho. Os pais e os professores
acreditam no ser possvel a incluso escolar dessas crianas, por conceberem o desenvolvimento delas como inexistente e
por considerarem a escola de ensino regular despreparada para receb-las.
Palavras-chave: decincia mltipla; concepes de pais e professores; incluso escolar e social.
Scholar Inclusion of Multiple Deciency Children:
Parents and Teachers Conceptions
ABSTRACT This research aimed at identifying the conceptions of parents and teachers of children with multiple deciencies,
regarding their scholar and social inclusion. Ten families (seven couples and three mothers) as well as 10 teachers of multiple
deciency children participated in this research; these children are attended by the Program of Attendance to Multiple Decient
of the State Secretary of Education of the Federal District SEDF. Half-structured interviews were made with parents and
teachers and also observation of the scholar environment. The results indicated that parents are aware of their childrens
deciency as something that brings great suffering and social limitations, specially related to work. Parents and teachers believe
that the scholar inclusion of these children is not possible, for conceiving their development as inexistent and for considering
the regular teaching school unprepared to receive them.
Key words: multiple deciencies; conceptions of parents and teachers; scholar and social inclusion.
documentos, todas as crianas devem ser acolhidas pela
escola, independente de suas condies fsicas, intelectuais,
sociais, emocionais.
A incluso escolar do deciente mltiplo pessoas com
duas ou mais decincias de base associada que, na maioria
das vezes, percebido como o educando com necessidades
educacionais mais acentuadas, fato bastante recente na
educao brasileira (MEC, 2002). Nos questionamentos sobre
a possibilidade de incluso escolar dessa populao, ainda
habitam no imaginrio social e individual dos prossionais da
educao e dos familiares dessas crianas, desconhecimento
e dvidas que culminam em incertezas sobre os benefcios e
as possibilidades da incluso.
consenso que a pessoa com necessidades educacionais
especiais se benecia das interaes sociais e da cultura na
qual est inserida, sendo que essas interaes, se desenvolvi-
das de maneira adequada, sero propulsoras de mediaes e
conitos necessrios ao desenvolvimento pleno do indivduo
e construo dos processos mentais superiores (Vygotsky,
1987).
Para Vygotsky, a transformao dos processos mentais
elementares em funes superiores ocorre por meio das ati-
vidades mediadas e por meio das ferramentas psicolgicas,
o que implica, para esse autor, que a formao da subjeti-
A incluso escolar da pessoa com necessidades edu-
cacionais especiais um tema de grande relevncia e vem
ganhando espao cada vez maior em debates e discusses que
explicitam a necessidade de a escola atender s diferenas
intrnsecas condio humana.
A Declarao Mundial sobre Educao para Todos
(Unesco, 1990), aprovada pela Conferncia Mundial sobre
Educao para Todos, realizada em Jomtiem Tailndia, no
ano de 1990, e a Declarao de Salamanca (Unesco, 1994),
rmada na Espanha em 1994, marcam, no plano internacio-
nal, momentos histricos em prol da Educao Inclusiva. No
Brasil, a Constituio Federal de 1988, art. 208, inciso III
(Brasil, 1988), o Plano Decenal de Educao para todos, 1993
2003 (MEC, 1993) e os Parmetros Curriculares Nacionais
(MEC, 1999) so exemplos de documentos que defendem
e asseguram o direito de todos educao. Segundo esses
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F. F. Silveira e M. M. B. J. Neves
vidade individual decorre do relacionamento com os outros
(Gindis, 1995).
As proposies de Vygotsky (1993) na rea da Defecto-
logia conduziram o autor a propor que o desenvolvimento
de uma criana deciente representa, sempre, um processo
criativo e que essa criana apresenta meios particulares de
processar o mundo. A abordagem de Vygotsky incorpora a
noo de compensao e, de acordo com o autor, no con-
tato do indivduo deciente com o mundo externo surgem
conitos, e a resoluo desses conitos pode propiciar a
emergncia de solues alternativas, que se constituem em
formas qualitativamente diferentes das funes psicolgicas
superiores. Desta maneira, Vygotsky assume uma posio
que privilegia a importncia dada aprendizagem escolar
como promotora do desenvolvimento e que reconhece o papel
desempenhado pelo professor como mediador no processo
de aquisio de conhecimento, na formao de conceitos
cientcos e no desenvolvimento cognitivo de seus alunos.
Ao compreender o desenvolvimento como um processo
qualitativamente diferente para cada indivduo, no qual os
obstculos podem ser contornados por meio de processos
compensatrios, sendo a mediao fundamental para a
obteno de bons resultados, as proposies de Vygotsky
sobre o desenvolvimento anormal oferecem uma viso da
decincia como uma anormalidade social e as diferenas
no desenvolvimento passam a ser vistas como variaes
qualitativas.
Pez (2001) descreve que a incluso pode trazer benef-
cios incontestveis para o desenvolvimento da pessoa com
decincias, desde que seja oferecido na escola regular, ne-
cessariamente, uma Educao Especial que, em um sentido
mais amplo, signica educar, sustentar, acompanhar, deixar
marcas, orientar, conduzir (p. 33).
Desta forma, a incluso escolar pressupe mudanas
fsicas relacionadas a posturas frente s concepes que
co-habitam na escola, sendo que um dos embates de maior
signicncia o que se refere formao de professores
em nveis tericos, prticos e pessoais, que, na maioria das
vezes, se mostra bastante inslita para edicar prticas que
realmente estimulem a autonomia, a criatividade e a amplia-
o das competncias do aluno com decincia mltipla.
Para Esteban (1989), a concepo que o professor tem de
mundo e de homem tem relao com sua concepo sobre o
processo de alfabetizao, assim como a leitura que faz do
desenvolvimento da criana tem relao com a qualidade
da sua interveno (p. 77).
Tambm se revestem de grande importncia as concep-
es e expectativas dos familiares em relao pessoa com
necessidades educacionais especiais. Para Jerusalinsky e Pez
(2001), as concepes e expectativas familiares proporcio-
naro um arsenal simblico que muito dir sobre como essa
criana dever ser includa no ambiente social. No entanto,
para que essa incluso acontea de maneira efetiva, preciso
mostrar criana as representaes e os traos privilegiados
pelo discurso social para possibilitar que ela possa vir a
representar-se nesse discurso.
Estudos que abordam as relaes familiares de crianas
com problemas no desenvolvimento apontam um alto nvel
de estresse nos pais, em especial nas mes, de crianas com
decincias e uma maior tendncia desses pais em desen-
volverem depresso (Glidden & Floyd; Negrin & Cristante,
citados por Dessen & Silva, 2000).
Por se reconhecer a importncia da escola e da famlia
no desenvolvimento das crianas com decincia mltipla,
justica-se a relevncia do presente trabalho. As concepes
das pessoas envolvidas no cotidiano dos decientes mltiplos
nos permitem entender a natureza e a qualidade de suas in-
tervenes, considerando que as aes so orientadas pelas
concepes historicamente construdas (Oliveira, 1999).
Decorre destes pressupostos, a formulao desse estudo
que teve como objetivo geral investigar as concepes dos
pais e dos professores de crianas com decincia mltipla
sobre a incluso escolar e social dessas crianas.
Mtodo
Contextualizao da pesquisa
O presente estudo foi realizado com pais e professores de
crianas com decincias mltiplas que freqentavam, no ano
de 2003, as classes para decientes mltiplos de dois Centros
de Ensino Especial do Distrito Federal. De cada centro, parti-
ciparam os pais e os professores de cinco crianas, totalizando
10 famlias e 10 professores. As 10 crianas tinham, na poca
do estudo, idade entre 4 e 10 anos, sendo cinco crianas do
sexo feminino e cinco do sexo masculino.
Dentre as decincias de base associadas, sete crianas
eram acometidas por decincias fsica e mental; duas, por
decincias fsica, mental e visual; e uma por decincias
fsica, auditiva e mental. Tais diculdades, nessas crianas,
so decorrentes de diagnstico de hidrocefalia (quatro crian-
as), e de outras intercorrncias tais como: sndrome de West,
microcefalia, paralisia cerebral por sofrimento fetal, entre
outros diagnsticos.
Participantes
Pais Participaram deste estudo 10 famlias (sete casais
e trs mes) de crianas com decincias mltiplas. Os pais
tinham idade entre 23 e 44 anos e as mes idades entre 25
e 43 anos. Os pais apresentavam as ocupaes de pedreiro,
balconista e servios gerais. Das 10 mes, nove se dedicavam
aos afazeres domsticos, e uma era psicloga atuando em
uma instituio pblica.
Professores Participaram 10 professores das crianas.
Os professores em sua maioria (nove) eram do sexo femi-
nino. Quanto ao tempo de trabalho no Ensino Especial, oito
professores tinham tempo de atuao igual ou inferior a cinco
anos, e dois, atuavam no Ensino Especial por um perodo
entre seis e 11 anos.
Instrumentos
Utilizaram-se com os pais duas entrevistas semi-estrutu-
radas. A primeira entrevista (Anexo 1) teve como objetivo
principal levantar as concepes dos pais sobre a incluso
escolar e social dos seus lhos. A segunda entrevista (Anexo
2) foi realizada com o auxlio de fotograas, com intuito de
demonstrar a forma como essas famlias desenvolvem, na
vida diria, a socializao e a incluso social dessas crianas.
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Incluso Escolar e Decincia Mltipla
Era pedido que os pais apresentassem a criana, por meio
das fotograas, pesquisadora.
Com os professores, realizou-se uma entrevista semi-
estruturada (Anexo 3), com o objetivo de vericar suas
concepes a respeito da incluso escolar e social dos
alunos com decincia mltipla. Com o intuito de vericar
o modo como se processam as prticas dos professores e
poder relacion-las s suas concepes, foram realizadas
observaes no contexto escolar, utilizando-se uma verso
modicada (Anexo 4) do modelo apresentado por Bassedas
e cols. (1996).
Construo e anlise dos dados
Inicialmente foi solicitada Secretaria de Estado de
Educao do Distrito Federal a autorizao para realizao
da pesquisa. De posse da autorizao, uma das pesquisadoras
dirigiu-se aos Centros de Ensino Especial e explicou os obje-
tivos da pesquisa aos diretores e professores. A escolha dos
participantes foi determinada pela possibilidade de aceitao
do professor e das famlias das crianas, respeitando-se o
limite de cinco crianas de cada Centro. Tanto os professo-
res, como os pais, foram esclarecidos sobre os objetivos da
pesquisa, aceitaram e autorizaram, por escrito, participar de
sua realizao.
A coleta dos dados com os pais ocorreu no perodo de
junho a agosto de 2003, tendo a primeira entrevista a durao
mdia de uma hora e as entrevistas com apoio de fotograas
a durao mdia de uma hora e 30 minutos. As entrevistas
com os professores foram realizadas nos meses de agosto
e setembro de 2003 e tiveram a durao de 50 minutos. As
observaes das atividades desenvolvidas pelos professores
com seus alunos ocorreram nesse mesmo perodo, e tiveram
a durao de uma hora e 15 minutos. Essas observaes
ocorreram em sala de aula, no ptio e no refeitrio.
Todas as entrevistas foram gravadas em udio e transcritas
na ntegra. Aps a transcrio das entrevistas, os dados foram
submetidos anlise de contedo, conforme proposta de
Bardin (1977). A anlise de contedo aplica-se a discursos
e baseia-se na deduo ou inferncia sistemticas, de forma
objetiva identicando algumas caractersticas da mensagem,
por meio da construo de categorias, reunidas por temas de
signicao (Berg, 1998; Bauer, 2002).
Resultados e Discusso
Apresentam-se a seguir, e separadamente, os resulta-
dos e a discusso dos dados obtidos com os pais e com os
professores e, depois, as semelhanas encontradas entre as
concepes dos pais e as dos professores.
Concepes dos pais
A anlise das primeiras entrevistas realizadas com os
pais, que tiveram como objetivo levantar suas concepes
sobre a incluso escolar e social, possibilitou o levantamento
de quatro categorias, agrupadas por temas de signicao
semelhantes, dispostos a seguir (Quadro 1).
Em relao primeira categoria Impacto do diagns-
tico na vida familiar os pais relataram terem vivenciado
momentos iniciais de bastante angstia, intensicada nos
momentos posteriores, principalmente em quadros decor-
rentes de convulso dos lhos.
Os pais tm diculdade de encontrar uma explicao para
o diagnstico e, diante da inexistncia de explicao pela
equipe de sade, preenchem o espao vazio deixado pela
falta de etiologia com explicaes baseadas no senso-comum.
Respostas do tipo: o crebro da criana havia cozinhado ou
algo que somente a Deus caberia uma explicao.
Em relao s mudanas familiares, essas esto relaciona-
das principalmente ao emprego; em especial, ao emprego da
me. A literatura aponta que as mudanas, inevitveis diante
do nascimento de um lho, particularmente de um lho com
necessidades educacionais especiais, podem ser percebidas,
como foi encontrado nas respostas dos pais, de forma positiva
ou negativa. Pode haver casos em que alguns relacionamentos
so fortalecidos e em outros casos, essa relao pode ser de
intenso sofrimento, no qual um dos pais sofre de maneira
isolada e a seu modo a situao (Miller, 2002).
A segunda categoria Aprendizagem e incluso aponta
que os pais acreditam ser o ensino especial a melhor opo
para suas crianas, considerando as extremas diculdades
apresentadas por seus lhos. Consideram muito difcil a
Quadro 1. Categorias das concepes dos pais sobre a incluso escolar e
social do deciente mltiplo (N=10).
Categorias Denio
Impacto do diagnstico
na vida familiar
Os pais descreveram os sentimentos iniciais
frente ao diagnstico (choque, tristeza, an-
gstia, susto, medo, insegurana), passando
pelo momento de adaptao, onde puderam
vislumbrar possibilidades futuras. Tm dicul-
dades para entender o diagnstico, que trouxe
mudanas como: alterao na produtividade do
trabalho, na vida religiosa e no lazer.
Aprendizagem e
incluso
Os pais desacreditam na possibilidade de
incluso escolar, por diculdades da escola de
ensino regular e do prprio deciente mltiplo.
Quanto escola especial, ela necessita de
mudanas relacionadas disponibilizao de
prossionais da sade, como mdicos, fono-
audilogos e sioterapeutas, para atenderem
s crianas em suas diculdades.
Impacto da decincia
na educao e
socializao
Os pais, principalmente as mes, se referiram
grande diculdade em estabelecer limites
criana deciente mltiplo. H um compro-
metimento em relao ao lazer, restringido
praticamente em ir para a escola, devido s
diculdades de como a criana no ter con-
trole de esfncter, no dormir e/ou no comer
fora de casa, alm de no gostar de ambientes
tumultuados e de ter diculdades de deixar a
criana com outra pessoa.
Direitos e desrespeito
pessoa com
necessidades
educacionais especiais
Referiram-se, principalmente, ao direito ao
transporte coletivo que, na maioria das vezes,
desrespeitado pelos motoristas e pelos pas-
sageiros dos nibus.
Outras diculdades descritas foram: habitao
prpria adaptada e prxima ao Centro de Ensi-
no Especial; necessidade de cadeiras de roda e
discriminao por parte da sociedade.
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F. F. Silveira e M. M. B. J. Neves
possibilidade de seus lhos estarem inseridos em classes
regulares. Apontaram as turmas cheias, o despreparo dos
professores, o preconceito por parte dos alunos e, mais uma
vez, as diculdades exacerbadas da prpria criana, como
os principais fatores impeditivos da incluso.
Os dados desta pesquisa, em consonncia com Kassar
(1999), demonstram que, para os pais, a escola tem seu
valor para os decientes mltiplos somente no sentido da
interao com outros colegas em detrimento da aprendiza-
gem sistemtica.
A terceira categoria Impacto da decincia na educa-
o e socializao sumarizou respostas nas quais os pais
demonstraram grande diculdade em empreender aes
educacionais estabelecendo limites e promovendo a auto-
nomia de suas crianas. Alguns pais verbalizaram que, para
eles, a criana seria sempre um beb. Nessa mesma direo,
Kassar (1999) apontou a tendncia que as famlias tm de
perceber as crianas gravemente comprometidas de forma
infantilizada, por toda a vida.
Em relao socializao, as respostas de nove pais foram
unnimes em apontar que as diculdades da criana em rela-
o higienizao, ao humor, alimentao, dentre outras,
constituem-se em fatores dicultadores do lazer familiar.
A categoria Direitos e desrespeito pessoa com ne-
cessidades educacionais especiais indica que as respostas
dos pais apontaram que o descumprimento desses direitos
afeta diretamente a famlia e a criana. Para Silva (2001), o
impacto da decincia/pobreza alcana dimenses bastante
negativas, principalmente ao gerar espao para que aes
assistencialistas se proliferem.
Os pais deste estudo, usurios do transporte coletivo,
relataram comportamentos de impacincia dos motoristas e
atitudes de intolerncia e desrespeito por parte dos passagei-
ros. Esses relatos apontam para o despreparo da populao
em relao ao convvio e aos direitos das pessoas com ne-
cessidades educacionais especiais em termos dos assentos
preferenciais.
A segunda entrevista realizada com os pais contou com
o apoio de fotograas. Penn (2002), ao ressaltar a importn-
cia da anlise de imagens para o campo cientco, denota
a importncia de uma leitura que se apie em informaes
adicionais para alm do que est registrado em fotograas.
Assim, cada imagem contm um contexto e sentidos pr-
prios que s poderiam ser atingidos, ou melhor, construdos
se as fotos falassem. Por isso, imagem e narrativa formam
um par harmonioso que, juntas, construiro signicados
(Caixeta, 2001, p. 49). Neste sentido, as fotograas so, antes
de tudo, instrumentos que potencializaro lembranas, que
podero fornecer pistas sobre as concepes dos pais e as dos
professores a respeito da criana deciente mltipla.
Em relao s fotograas, elas retratavam, em sua maio-
ria, cenas familiares, seja com a criana em casa sozinha ou
com irmos ou primos. No caso de diagnstico precoce, as
primeiras fotos foram acompanhadas de verbalizaes que
indicavam sofrimento e angstia em relao ao problema da
criana, sendo que algumas fotos foram tiradas ainda no hos-
pital ou em internaes posteriores. Das crianas que foram
diagnosticadas posteriormente, as primeiras fotos sempre
foram indicadas como momentos felizes vivenciados, na me-
dida em que ainda no lidavam com o problema do lho.
A maioria das famlias apresentou pelo menos uma foto
de passeio, apesar de esses se restringirem visita a casa e ao
stio de parentes ou Igreja. Em relao a festas, a maioria
das fotos foi tirada em festas na escola, o que conrma o
discurso dos pais ao relatarem que a escola o espao prio-
ritrio de lazer das crianas. Metade das famlias apresentou
fotograas de festas de aniversrio das crianas. Dentre os
pais que relataram no comemorarem os aniversrios, foram
encontrados aqueles que entendiam ser isso desnecessrio,
devido ao fato de a criana no compreender o que estava
se passando.
Quando se pediu aos pais que escolhessem uma foto que
melhor representasse a criana, os pais escolheram sempre
fotos alegres. Algumas fotos foram anteriores ao diagnstico
e, as fotos tiradas aps o diagnstico, foram com familiares
ou, ainda, fotos que segundo os pais, a decincia no cava
to notria.
A anlise dos dados gerados na segunda entrevista com
os pais apontou grandes similaridades com os contedos
da primeira entrevista que tratou de suas concepes. Os
temas de signicao no apresentaram contradies entre as
concepes e as prticas realizadas. Para os pais, a incluso
escolar e social de seus lhos determinada por concepes
baseadas em vises medicalizadas e biolgicas que dicultam
o desenvolvimento de prticas que promovam a aprendiza-
gem e o desenvolvimento.
Concepes dos professores
A anlise das entrevistas realizadas com os professores
levantou dados sobre suas concepes a respeito da incluso
escolar e social dos alunos com decincias mltiplas e pos-
sibilitou o levantamento de quatro categorias, agrupadas por
temas de signicao. Essas categorias esto demonstradas
no Quadro 2.
Na primeira categoria Critrios para a incluso os
professores argumentam que a incluso s possvel para
pessoas com necessidades educacionais especiais menos
comprometidas, demonstrando uma descrena em relao
incluso escolar do deciente mltiplo. Esse dado diverge do
que exposto pelo MEC (2002), quando arma que a grande
maioria dessas crianas adapta-se muito bem educao
regular, com a convivncia, o envolvimento de prossionais
especializados e o comprometimento da famlia.
Outros fatores que impossibilitam a incluso dos decien-
tes mltiplos, para esses participantes, seriam as condies
insalubres da escola de ensino regular, como a falta de preparo
dos professores. Concorda-se com Carvalho (2001), quanto
armao de que o discurso do despreparo tcnico e prtico
apenas cristaliza e imobiliza as aes inclusivas.
A segunda categoria Impacto da decincia nas ativi-
dades reete o descrdito no desenvolvimento e aprendi-
zagem e, conseqentemente, na capacidade dos decientes
mltiplos executarem atividades que denotam autonomia e
exigem reexo, abstrao e memria.
Quando indagados sobre os objetivos educacionais, os
professores demonstraram diculdades em deni-los. Os
professores no denem as atividades de socializao, de
autonomia em relao higiene pessoal, como atividades
de cunho pedaggico. Dessa forma, consideram impossvel
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Incluso Escolar e Decincia Mltipla
a realizao de qualquer atividade pedaggica com os de-
cientes mltiplos. Os professores parecem considerar apenas
as atividades de letramento e aquisies matemticas como
atividades pedaggicas. Essas concepes induzem o desen-
volvimento das demais atividades de forma espontanesta e
no intencional.
A maioria dos professores relatou experienciar senti-
mentos de frustrao em relao ao atendimento criana,
mas, a m de resolverem os conitos emergentes desses
sentimentos, acreditam que s a afetividade que dispensam
s crianas j o bastante.
Em relao a esta questo, os dados encontrados nesta
pesquisa seguem na mesma direo da literatura. H uma
tendncia em se considerar a pessoa com necessidades educa-
cionais especiais tendo baixas perspectivas de aprendizagem,
de escolarizao e com total nvel de dependncia por toda
a vida (Carvalho, 2001).
A anlise da terceira categoria Atendimento individu-
alizado para o deciente mltiplo apontou que os profes-
sores consideram o ensino regular como um espao que no
propicia o desenvolvimento concomitante de atividades com
os alunos regulares e com os decientes mltiplos. Eles con-
sideram a dependncia de cuidados prticos, tais como dar
banho, trocar fraldas, como um fator de forte impedimento
ao trabalho do professor.
Em relao a esta constatao, Kruppa (2001) assegura
que a escola no acredita na capacidade de aprender de
todo ser humano e se julga competente para apontar de
forma arbitrria, preconceituosa e equivocada aqueles que
podem aprender (p. 28).
Por desacreditarem no desenvolvimento dos alunos, al-
guns professores profetizaram que algumas crianas iriam
passar a vida no atendimento aos decientes mltiplos.
A ltima categoria levantada Relao famlia-escola
e demandas familiares apresentou dados que indicam o
reconhecimento por parte dos professores da importncia do
trabalho conjunto com as famlias. Segundo os professores,
h pais omissos, que transferem a responsabilidade aos pro-
fessores e outros bastante ansiosos. Diante destes ltimos,
s resta aos professores, vista as altas expectativas de alguns,
omitir dados em relao ao que acreditam ser as verdadeiras
potencialidades do aluno.
Os professores desta amostra relataram o predomnio de
bom relacionamento entre famlia e escola e evidenciaram a
necessidade de um trabalho conjunto, a m de atender aos
decientes mltiplos em suas diculdades. Ao mesmo tempo,
encontram-se nos discursos dos professores algumas questes
que arranham a conana e a franqueza na relao, o que
diculta, sobremaneira, uma interao pais-escola alicera-
da, sobretudo, no respeito mtuo, apesar de os professores
reconhecerem as dores e as diculdades dos pais de crianas
com necessidades educacionais especiais.
A anlise das observaes das prticas desenvolvidas
pelos professores assinalou pistas importantes sobre como
as concepes dos professores se concretizam em suas pr-
ticas pedaggicas. Porm, verica-se a necessidade de um
estudo mais aprofundado sobre as prticas pedaggicas dos
professores das escolas especiais.
Contudo, de maneira exploratria, os dados dessa obser-
vao corroboraram com os contedos das entrevistas, na
medida em que parece que os professores, em sua grande
maioria, estruturam suas atividades tendo como base as
crenas recorrentes da incapacidade no desenvolvimento
e na aprendizagem do deciente mltiplo. s crianas, em
muitos momentos, no eram dispensadas as mediaes para
uma atividade ou, passavam muito tempo sem uma atividade
direcionada, enquanto os professores conversavam entre si. A
falta de planejamento das atividades a serem desenvolvidas
com as crianas foi recorrente nas observaes realizadas.
Concepes de pais e professores: semelhanas e
diferenas
As concepes dos pais e as dos professores sobre a in-
cluso escolar e social e, tambm, sobre as possibilidades de
desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com decincias
mltiplas, apesar de suas especicidades, apresentaram-se,
em sua grande maioria, convergentes.
Sobre a incluso escolar Pais e professores concordam
em relao impossibilidade de se realizar a incluso escolar
do deciente mltiplo, principalmente por acreditarem que
Quadro 2. Categorias das concepes dos professores sobre a incluso
escolar e social do deciente mltiplo (N=10).
Categorias Descrio
Critrios para a
incluso
A incluso s pode ser possvel se for realizada
com cautela e em longo prazo, se levar em
conta o comprometimento da criana, se no
se destinar aos mais comprometidos, se for so-
mente no campo social e se houver um preparo
do corpo tcnico e do ambiente fsico.
Impacto da decincia
nas atividades
Descrevem como principal objetivo, nas
atividades desenvolvidas com seus alunos, a
independncia nas atividades de vida diria.
Os professores relatam desenvolver papel de
babs, enfocando atividades de higienizao,
massagem, msica, gestos e brincadeiras, sen-
do invivel o trabalho pedaggico.
Sentimentos de frustrao so relatados, sendo
amenizados por meio da conscientizao da
importncia da sua presena e da afetividade
para as crianas.
Atendimento
individualizado para o
deciente mltiplo
Os professores relatam a necessidade de aten-
dimento especializado devido s diculdades
dos alunos (serem dependentes, apresenta-
rem impossibilidade de desenvolvimento e
de aprendizagem). Relatam, ainda, que os
professores das escolas regulares no esto
preparados, em termos prticos e tcnicos, para
atender demanda. As salas dessas escolas so
consideradas inadequadas para a permanncia
do deciente mltiplo.
Relao famlia-escola
e demandas familiares
Apesar das diculdades, limitaes nanceiras,
de transporte e as decorrentes da decincia do
lho; bem como do descrdito de alguns pais
na importncia da socializao da criana, a
integrao famlia-escola considerada satisfa-
tria. Acreditam que a continuao do trabalho
em casa primordial para o desenvolvimento
do lho. Descrevem a necessidade de uma
rede de apoio aos pais, pois eles tm muitas
diculdades diante da situao do lho.
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F. F. Silveira e M. M. B. J. Neves
suas diculdades, as da escola de ensino regular e as das
crianas que dela fazem parte, inviabilizariam o processo
de incluso escolar.
Sobre incluso social Ambos acreditam na importncia
das interaes sociais para o desenvolvimento do deciente
mltiplo e, inclusive, percebem a incluso social como a
nica vivel, pois no acreditam na possibilidade de incluso
escolar dessas crianas.
Sobre o desenvolvimento dos decientes mltiplos As
concepes dos pais e as dos professores deste estudo parecem
convergir, quando se trata das caractersticas do desenvolvi-
mento do deciente mltiplo. A decincia, principalmente
para os professores, tem carter estritamente biolgico e, por-
tanto, diante das diculdades, esses alunos estariam fadados a
se desenvolver de maneira lenta e imperceptvel.
Sobre as possibilidades de aprendizagem Pais e pro-
fessores reconhecem alguns progressos alcanados pela
criana, principalmente aqueles relacionados autonomia
em atividades prticas cotidianas e a socializao, porm,
embasados em concepes idealizadas, centram-se nas li-
mitaes das crianas.
Percepes e sentimentos frente decincia Os pais e
os professores se relacionam com a decincia das crianas
de modo estanque. Antecipam resultados de fracassos e de
decepes. No entanto, os pais mostraram perspectivas futu-
ras mais positivas e mais esperanosas que os professores.
Consideraes Finais
As concepes dos pais e as dos professores proble-
matizam a diculdade da incluso escolar dos decientes
mltiplos, principalmente no que se refere a diculdades de
esses alunos acompanharem os contedos ministrados na
sala de ensino regular.
De acordo com os dados deste estudo, o olhar inclusivo
sobre as escolas especiais ou regulares, deve ser um olhar de
mudanas e inquietaes, que vem assinalar a necessidade
de transformaes no sistema educacional, no sentido de
considerar as pessoas, suas histrias, concepes, percepes,
crenas, experincias e trajetrias pessoais. Tanto os pais,
que em sua maioria advm de um nvel scio-econmico
desfavorecido extremamente desrespeitados em seus direi-
tos, quanto os professores, apresentaram em seus discursos
severo descrdito no desenvolvimento e na aprendizagem
dos decientes mltiplos.
Neste sentido, a formao prossional passa a ser uma
questo central para a implantao da escola inclusiva.
Acima de tudo, a predisposio para perceber o aluno como
ser cognocente e se perceber como pea-importante no de-
senvolvimento do aluno, de forma a co-responsabilizar-se
pelas mudanas que urgem serem realizadas no processo
educacional, se traduz como uma questo urgente a ser en-
frentada no trabalho com os professores.
Portanto, garantir um espao de informao/forma-
o/redenio poderia colaborar no sentido de promover
debates sobre os fatores referentes s baixas expectativas
dos pais e professores em relao ao desenvolvimento e
aprendizagem dos decientes mltiplos, articulando-os para
cobrarem de todo o sistema educacional posturas e prticas
de qualidade.
A escola deve estar aberta, em todo momento, partici-
pao dos pais dessas crianas, inclusive no que se refere
presena em determinadas aulas, para que esteja claro, para
os pais, a seriedade da proposta pedaggica especca para
seu lho, bem como para que se possa instrumentalizar os
pais para atividades possveis de serem realizadas em casa.
Tratando-se das polticas pblicas, a partir dos discursos
de pais e professores, a respeito das situaes em que expe-
rienciaram o desrespeito aos seus direitos, evidenciou-se a
necessidade de realizao de polticas pblicas, destinadas
populao em geral, a respeito da necessidade de todos terem
aes de tolerncia diversidade humana. Sabe-se, que as
aes dos prossionais que lidam com o pblico , tambm,
funo de polticas internas das instituies.
Ainda com relao s polticas pblicas, elas ho que
propiciar maior investimento em materiais pedaggicos,
prteses e rteses e recursos de adaptao para as escolas
inclusivas, a m de se garantir meios que facilitem a aco-
modao, comunicao e aprendizagem dos alunos com
necessidades educacionais especiais, assim como se deve
questionar a eccia dos treinamentos e cursos destinados
aos professores que lidam com esses alunos.
Desta forma, a incluso remete urgncia da trans-
formao de toda a realidade social e escolar. escola,
preconizam-se as mudanas relacionadas ao acolhimento
do sujeito como ser em constante construo e desenvol-
vimento. O conhecimento deve, outrossim, ser percebido
no como algo determinado e acabado, mas como o produto
da co-construo gerado pela interao entre o indivduo,
o meio fsico e as relaes humanas. Portanto, isso sig-
nica a reexo sobre as concepes que permeiam as
construes cognitivas de pais, de professores e de todos
os agentes da escola, que culminem em prticas em que a
prioridade seja dada mediao do outro, em se tratando
da disponibilizao dos bens culturais participao do
deciente mltiplo.
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Recebido em 08.12.2005
Aceito em 12.04.2006
NORMAS DE PUBLICAO
So adaptadas de Publication Manual of the American Psy-
chological Association (APA, 5 Edio, 2001) e podem ser
consultadas ao nal de cada nmero (verso impressa ou
online) ou no stio: http://www.revistaptp.org.br
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F. F. Silveira e M. M. B. J. Neves
Anexo 1 Primeira entrevista com os pais
I Nascimento e diagnstico da decincia
1. Como foi para vocs, para os irmos e para demais familiares o nascimento de uma criana com necessidades educacionais
especiais?
2. Por ocasio do nascimento, vocs procuraram ou receberam algum tipo de ajuda prossional? O que vocs entendem sobre
o diagnstico do seu lho e o que, para vocs, pode ter causado a decincia?
3. Atualmente como vocs e os irmos se relacionam com (nome da criana)?
II Dinmica familiar
1. Quem ou quem so os responsveis pelos cuidados com o/a (nome da criana)?
2. Relate um fato marcante da infncia do/da (nome da criana)
3. Quais mudanas e/ou adaptaes foram efetivadas na vida familiar aps o nascimento da criana (nome da criana)?
4. Como a educao do/da (nome da criana)? O que ela realiza de forma autnoma?
5. Como vocs imaginam o futuro do/da (nome da criana)?
III Atitudes e percepes frente escolarizao e socializao
1. Como e de quem foi a iniciativa de lev-lo/la ao Centro de Ensino Especial? O que vocs pensam sobre a escolarizao
do/da (nome da criana)?
2. O que vocs pensam sobre a incluso social e escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais?
3. Como vocs avaliam a qualidade da escolarizao do/da (nome da criana)?
4. O que vocs pensam que poderia mudar em relao escolarizao do/da (nome da criana)?
5. O que a famlia faz nos momentos de lazer?
6. O que vocs pensam a respeito da participao do (nome da criana) em atividades com outras crianas, como festas de
aniversrio e brincadeiras?
7. Fale algo sobre os direitos da pessoa com necessidades especiais.
8. Houve algum episdio em que vocs tiveram que cobrar, de algum membro da sociedade, uma postura diferenciada em
relao socializao, aceitao e escolarizao do seu lho com necessidades educacionais especiais?
Anexo 2 Segunda entrevista com os pais
I Introduo
Mais uma vez eu convidei vocs para conversarmos sobre o/a (nome da criana), pois eu gostaria de saber um pouco mais
sobre como vive o/a (nome da criana), o que ele/ela gosta de fazer, enm, como o seu dia-a-dia. Acredito que com as fotos em
mos ser mais fcil lembrar sua trajetria de vida, seus primeiros anos, suas brincadeiras e os fatos marcantes de sua vida.
II Histria de vida
Em primeiro lugar, gostaria que contassem sobre a vida do/da (nome da criana) utilizando os fatos registrados pelas
fotograas.
Conte-me, por meio das fotos, a histria de vida do/da (nome da criana).
1. Em que circunstncias foram tiradas as primeiras fotos?
2. Vocs lembram o que sentiam na poca dessa foto?
3. Vocs registraram algum momento do/da (nome da criana) em situao de brincadeira?
4. Eram oferecidos brinquedos para que brincasse? Que tipos de brinquedos?
5. Com que freqncia costumam passear? Onde e como so esses passeios? H registros em fotos?
6. Qual a foto que melhor representa a vida do/da (nome da criana)?
Anexo 3 Roteiro de entrevista com professores
1. Fale sobre o que voc pensa da incluso escolar e social da pessoa com necessidades educacionais especiais.
2. Faa consideraes a respeito da incluso escolar e social do deciente mltiplo.
3. Relate as atividades desenvolvidas com os decientes mltiplos.
4. Com os recursos disponveis, como voc pensa que poderia melhorar o atendimento a essas crianas?
5. Como tem se dado a interao famlia-escola?

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