A Formação Da Bíblia
A Formação Da Bíblia
A Formação Da Bíblia
Como os Evangelhos e os outros escritos apostlicos foram sendo pouco a pouco considerados
como escritura, foi mister distingui-los pelo nome de O Novo Testamento, expresso que
comeou a empregar-se no princpio do terceiro sculo, quando Orgenes
2
fala das Divinas
Escrituras, que so o Velho e Novo Testamento. (Histria, Doutrina e Interpretao da
Bblia.
3
So Paulo.1951, p.3)
1
Discente de Pedagogia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Estudante de Histria da
Igreja pela Escola Mater Ecclesiae e de Teologia para Leigos pelo Vicariato S. Joo da Diocese de Vitria da
Conquista Ba. paroquiano da Igreja Nossa Senhora das Graas em Itapetinga-Ba.
2
Foi um dos Pais Apostlicos da Igreja Catlica. Mestre de famosa Escola de Teologia em Alexandria (Egito) no
sc. III. Nasceu em 184 e morreu em 254 d.C. em Cesaria na Palestina, durante a perseguio do imperador
romano Dcio.
3
Livro de autor Protestante, Doutor em Teologia.
1
COMO E QUEM DEFINIU QUAIS SERIAM OS LIVROS DA BBLIA
Quanto ao Antigo Testamento, temos trs idiomas originais. A maior parte foi escrita e
chegou at ns em lngua hebraica. Alguns captulos dos livros de Esdras e Daniel, e um
versculo de Jeremias esto em aramaico, que foi o idioma falado na Palestina depois do exlio
babilnico (sc. VI a.C.). Dois livros, o segundo dos Macabeus e a Sabedoria, foram escritos
originalmente em grego. Dos livros de Judite, Tobias, Baruc e Eclesistico, e parte tambm de
Daniel e Ester, perdeu-se como no caso do Evangelho de Mateus, o texto original hebraico ou
aramaico, sendo substitudo pela verso grega. Essas diferenas lingsticas no deixavam de
exercer a sua influncia sobre a extenso do cnon dos livros sagrados. Enquanto os Judeus
disseminados no mundo greco romano no tinham dificuldade em introduzir os livros
redigidos em grego, os judeus da palestina no queriam conformar-se com isso.(Bblia
Sagrada.So Paulo.1982, p.8)
O Antigo Testamento nos foi legado pelos Hebreus, tnhamos no incio do Cristianismo,
duas verses, uma Palestina (Cnon restrito) composta por 39 livros que foram escritos na Terra
Santa, em hebraico, divididos em: A lei (Tor), Os profetas e os Escritos (Hagigrafa) e uma
Alexandrina (Cnon completo), composta de 46 livros, que uma traduo grega, da verso
Palestina, feita na cidade de Alexandria entre 250 a.C e 100 a.C, atravs de setenta sbios judeus
(ou setenta e dois, segundo tradies), fato este que originou o termo verso dos Setenta (LXX)
ou Alexandrina. Os sete livros que s figuram na verso dos Setenta ou Alexandrina so: Tobias,
Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesistico ou Sircida, I e II Macabeus, alm dos fragmentos de Ester 10,4-16,
24, Daniel 3,24-20; e os captulos 13 e 14.
No ano 100 d.C. (sc. I d.C.), poca em que se difundia o Novo Testamento com os
Evangelhos e as cartas dos Apstolos que surgiam, (que os judeus no acreditavam nem
aceitavam) os Doutores da Sinagoga (rabinos judeus) realizaram um Snodo (Conselho de Jmnia)
na cidade de Jmnia (ou Jabnes), perto de Jafa, na Palestina, para definir quais seriam os livros da
Bblia (somente o Antigo Testamento em que eles acreditavam) e definiram como critrio para
isso os seguintes itens como assevera o telogo Felipe Aquino:
1. Deveria ter sido escrito na Terra Santa;
2. Escrito somente em hebraico, nem aramaico nem grego;
3. Escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);
4. Sem Contradio com a Tor ou Lei de Moiss.
Esses critrios eram racionalistas mais do que religiosos, fruto do retorno do exlio da
Babilnia. Por esses critrios no foram aceitos na Bblia Judaica da Palestina os livros que
no constam na Bblia protestante. (Escola da F II A Sagrada Escritura. Lorena -
SP. 2000, p.32)
(...) foi - se formando (...) a opinio de que depois de Esdras (sc. IV a.C.) faltando ou
sendo incerto o dom proftico (cf. I Mac 4,46;14,41) nem sequer admitiam pudessem ser
escritos livros inspirados por Deus. Por isso quando nos fins do sc. I d.C. os Doutores da
Sinagoga fixaram o cnon das sagradas escrituras, foram excludos at os livros escritos em
hebraico depois daquela poca, como o Eclesistico. Da resultou o cnon hebraico em que
faltam sete livros. (Bblia Sagrada. So Paulo.1982, p.8)
2
A definio do Cnon Bblico para os cristos partiu da autoridade apostlica da Igreja
Catlica
4
, tanto para os livros do Velho Testamento, quanto para os livros do Novo Testamento,
como pode ser evidenciado histrica e teologicamente. No que diz respeito ao Antigo
Testamento, os Judeus nos legaram as duas verses acima descritas (Palestina e Alexandrina ou
dos LXX), e a Igreja aps dirimir suas dvidas atravs da anlise teolgica dos livros, juntamente
com o discernimento do Esprito Santo optou pelo Cnon completo da verso dos LXX
(Alexandrina).
A palavra cnon grega e significa literalmente uma regra ou medida, ou varinha direita.
No seu principal sentido metafrico de regra de f aparece a palavra cnon no Novo
Testamento:a todos quanto andarem nesta regra, paz e misericrdia sobre eles (cf. Gal
6,16). Parece ter sido neste sentido na verdade muito apropriado que no quarto sculo a
palavra cnon principiou a ser aplicada s Escrituras, que continham a regra autorizada
pela qual deve ser moldada a vida do homem. Mas foi a Igreja
5
, que guiada por Deus formou
o Cnon, determinando depois de largos debates, que livros deveriam ter sido recebidos como
sagrados e quais deveriam ser rejeitados. A Igreja, pois que primeiramente canonizou os
livros santos, que ficaram sendo cannicos, isto , conforme o cnon regra.
(Histria, Doutrina e Interpretao da Bblia. So Paulo.1951, p.6)
Os protestantes aps a reforma luterana comearam a rejeitar os sete livros acima
citados, da verso dos LXX e em meados dos sculos XIX os retiraram de suas Bblias, como
afirma o telogo Felipe Aquino:
Lutero, ao traduzir a Bblia para o alemo, traduziu tambm os sete livros
(deuterocannicos) na sua edio de 1534, e as Sociedades Bblicas protestantes, at o sculo
XIX incluam os sete livros nas edies da Bblia (Escola da F II A Sagrada Escritura.
Lorena - SP. 2000, p.34)
Os protestantes s admitem como livros sagrados os 39 livros do cnon hebreu (de Jmnia).
O primeiro que negou a canonicidade dos sete deuterocannicos foi Carlostadio (1520),
seguido de Lutero (1534) e depois Calcino (1540). (Como a Bblia foi escrita. A.C.I.
Digital. 2004)
Historicamente se comprova que os primeiros cristos utilizavam o Antigo Testamento
da verso dos LXX (Alexandrina), portanto com os sete livros rejeitados pelos judeus e
protestantes.
4
As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito nas Sagradas Escrituras e nesta se nos
oferecem, foram consignadas sob influxo do Esprito Santo. Pois a Santa Me Igreja, segundo a f apostlica
tem como sagrados e cannicos os livros completos tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as
suas partes, por que, escritos sob a inspirao do Esprito Santo (cf. Jo 20,31; II Tim 3,16; II Ped 1,19-21;
3,15-16), eles tem em Deus o seu autor e nesta sua qualidade foram confiados a Igreja. (Dei Verbum 11).
5
Trata-se da Igreja Catlica Apostlica Romana. A primeira vez na Histria que aparece o termo Igreja
Catlica foi em uma carta de Incio de Antioquia (110), comunidade de Esmirna (atual Izmir, Turquia)
que dizia: "Onde est o Cristo Jesus est a Igreja Catlica" (Carta aos Esmirnenses 8,2). Incio foi o
terceiro bispo da comunidade de Antioquia, fundada por So Pedro. Conheceu pessoalmente So Paulo e
So Joo (evangelista). Foi preso e conduzido a Roma por ordem do imperador Trajano, sendo martirizado
no Coliseu, nos dentes dos lees. A caminho de Roma escreveu cartas s comunidades de feso, Magnsia,
Filadlfia, Esmirna, Trales e ao bispo de Esmirna, So Policarpo. Na Enciclopdia Compacta de
Conhecimentos Gerais (da revista "Isto "), pgina 259, tpico Igreja Catlica, vemos a seguinte
afirmao: "Roma foi a nica Igreja ocidental fundada por um apstolo (So Pedro). Da Irlanda aos
Crpatos, os cristo passaram a reconhecer o bispo de Roma como o Papa (do latim vulgar papa, "pai") e
usavam o latim nos servios religiosos nas leituras das escrituras e na teologia (...)."
3
Tem se dito que a Bblia dos Apstolos, aquela que habitualmente citam a
septuagentina
6
, e que esta verso contm os livros apcrifos. Que eles usavam a verso dos
setenta no sofre dvida. (Histria, Doutrina e Interpretao da Bblia. So Paulo.1951,
p.15)
Os Apstolos e Evangelistas optaram pela Bblia completa dos Setenta (Alexandrina),
considerando cannicos os livros rejeitados em Jmnia (ou Jabnes). Ao escreverem o Novo
Testamento usaram o Antigo Testamento, na forma da traduo grega de Alexandria, mesmo
quando esta era diferente do texto hebraico. O texto grego,dos Setenta tornou-se comum
entre os cristos; e portanto o cnon completo, incluindo os sete livros e os fragmentos de Ester
e Daniel, passou para o uso dos cristos.(Escola da F II A Sagrada Escritura. Lorena -
SP. 2000, p.32)
Quanto s dvidas surgidas no seio da Igreja durante o processo de definio do Cnon
das sagradas escrituras, nota-se o debate teolgico dos grandes Pais Apostlicos da Igreja e a
colaborao do Esprito Santo para a chegada em um consenso.
Alguns Padres da Igreja denotam certas dvidas nos seus escritos, por exemplo, Atansio
7
(373), Cirilo de Jerusalm
8
(386), Gregrio Nazianzeno
9
(389), enquanto outros
mantiveram como inspirados tambm os deutero-cannicos, por exemplo, Baslio
10
( 379),
Santo Agostinho
11
(430), Leo Magno
12
(461). A partir do ano 393 diferentes conclios,
primeiro regionais e logo ecumnicos, foram fazendo precises lista dos Livros "cannicos"
para a Igreja. (Como a Bblia foi escrita. A.C.I. Digital. 2004).
Outro fato importantssimo que nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja
(Patrstica) os livros rejeitados pelos protestantes (deuterocannicos) so citados como Sagrada
Escritura. Assim, So Clemente de Roma
13
, o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu
a Carta aos Corntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesistico;
livros rejeitados pelos protestantes.Da mesma forma, o conhecido Pastor de Hermas
14
, no ano
140, faz amplo uso de Eclesistico, e do II Macabeus; Santo Hiplito
15
(234), comenta o
Livro de Daniel com os fragmentos deuterocannicos rejeitados pelos protestantes, e cita como
6
Forma como tambm conhecida a verso dos LXX (setenta).
7
S. Atansio (295-373 d.C.), considerado doutor da Igreja, nasceu em Alexandria, tornou-se dicono e junto
com o Bispo Alexandre destacou-se no Conclio de Nicia (325 d.C.) combatendo o arianismo que negava a
divindade de Cristo.
8
considerado doutor da Igreja, foi Bispo de Jerusalm, guardio da f professada no conclio de Nicia (325
d.C.), autor da obra Catequeses Mistaggicas, esteve no conclio Ecumnico Constantinopla I (381 d.C.).Morreu
em 386 d.C.
9
considerado Doutor da Igreja, nasceu em 329 d.C. em Naziano na Capadcia e morreu em 389 d.C. Lutou
contra o arianismo, sua doutrina sobre a Santssima Trindade lhe rendeu o ttulo de telogo, confirmado no
Conclio de Calcednia em 481 d.C.
10
considerado Doutor da Igreja, nasceu em 330 d.C. e morreu em 369 d.C., foi Bispo.
11
Foi Bispo e Doutor da Igreja, nasceu em Tagaste na Tunsia, viveu de 354 d.C. a 430 d.C. , se converteu em
Milo, ouvindo as pregaes do Bispo S. Ambrsio.Tornou-se Bispo de Hipona aos 42 anos de idade, combateu
o maniquesmo, o donatismo e o pelagianismo, heresias do seu tempo.
12
Foi Papa (440 461 d.C) e Doutor da Igreja, viveu de 400 d.C. a 461 d.C. Deixou 96 sermes e 173 cartas,
participou do Conclio da Calcednia combatendo o monofisismo.
13
Foi o terceiro sucessor de So Pedro, quarto Papa da Igreja (88 97 d.C.), nos tempos dos imperadores
romanos Domiciano e Trajano (92 102 d.C.). Segundo S. Irineu ele viu os apstolos e com eles conversou,
tendo ouvido diretamente a sua pregao e ensinamento (Contra as heresias). (cf. Fil 4,3).
14
Era irmo do Papa So Pio I (140 155 d.C.). Escreveu a obra Pastor, de viso apocalptica, morreu em 160
d.C.
15
S. Hiplito de Roma (160 234 d.C.), foi discpulo de S. Irineu (140 202 d.C.), foi clebre na Igreja de
Roma, sendo sua pregao ouvida por Orgenes (184 254 d.C.). Escreveu contra os hereges, comps textos
litrgicos e a obra Tradio Apostlica, em que relata os costumes da Igreja no sculo III.
4
Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, I e II Macabeus. Fica assim, muito claro, que
a Sagrada Tradio da Igreja e o Sagrado Magistrio sempre confirmaram os livros
deuterocannicos como inspirados pelo Esprito Santo. Vrios Conclios confirmaram isto, os
Conclios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos
(692). Principalmente os Conclios ecumnicos de Florena (1442), Trento (1546) e
Vaticano I (1870). (Escola da F II A Sagrada Escritura. Lorena - SP. 2000, p.33)
Os livros rejeitados pelos protestantes so por eles chamados de apcrifos, os catlicos
no adotam este termo para tratar os referidos sete livros, considerando-os deuterocannicos, ou
seja, aqueles livros que do sculo II d.C. ao sculo IV d.C. a Igreja no tinha ainda ratificado a sua
canonicidade e eram motivo de estudo e discernimento do Sagrado Magistrio da Igreja
16
.
Chegou-se a fazer distino entre livros reconhecidos (homologmenos), admitidos por todos
(os do cnon hebraico) e livros controversos (antilogmenos), no admitidos por todos (...) os
primeiros se chamam protocannicos e os segundos deuterocannicos, ou seja, cannicos de
primeira e segunda poca. Compreende-se que os hebreus rejeitem, em sua totalidade o Novo
Testamento, alem dos deuterocannicos do Antigo. Os protestantes ocupam uma posio de
meio termo. No novo testamento depois das primeiras incertezas de seus fundadores admitiram
integralmente e sem distino o Cnon Catlico. No Antigo Testamento, ao invs, seguindo o
cnon mais restrito dos hebreus, rejeitam como fora da srie dos livros sagrados, sob o nome de
apcrifos, os que ns chamamos deuterocannicos. (Bblia Sagrada. So Paulo. 1982,
p.8)
Para se chegar ao Novo Testamento que temos, a Igreja Catlica teve de rejeitar
diversos livros que no eram inspirados por Deus, e atravs de sua autoridade apostlica
17
definir o
Cnon das Escrituras.Os livros abaixo citados so os que os catlicos consideram apcrifos, ou
seja, livros no revelados pelo Esprito Santo e que muitas vezes continham heresias, a Igreja os
considera importante para o estudo, visto que alguns deles podem conter verdades
histricas.Atravs da quantidade de livros observa-se como a Igreja teve de ser criteriosa,
inspirada e dirigida pelo Esprito Santo, para retirar o joio do meio do trigo. Sem a autoridade da
Igreja no teramos como saber quais seriam os livros divinamente inspirados por Deus para a
composio da Revelao Escrita As Sagradas Escrituras.
16 Advm da Sucesso Apostlica. formado pelo Papa (sucessor de Pedro) e Bispos (sucessor dos Apstolos),
com a misso de conservar o depsito da f (I Tim.1,10; Luc.10,26;), ensinando a verdade extrada da
Sagrada Escritura e da Sagrada Tradio Apostlica.
17
Em sua extrema benignidade, Deus tomou providencias a fim de que aquilo que Ele revelara para a salvao
de todos os povos se conservasse inalterado para sempre e fosse transmitido a todas as geraes (...). Mas
para que o Evangelho sempre se conservasse vivo e inalterado na Igreja, os Apstolos deixaram como
sucessores os Bispos, a eles transmitindo o seu prprio encargo do Magistrio (S. Irineu in: Adv. Haer., III,
3,1). Portanto, esta Sagrada Tradio e a Sagrada Escritura de ambos os testamentos so como o espelho em
que a Igreja peregrina na terra contempla a Deus de Quem tudo recebe, at que chegue a v-lo face a face
como ( cf. I Jo 3,2).(Dei Verbum, 7). O ensinamento dos Santos Padres testemunha a presena vivificante
dessa tradio, cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igreja que cr e ora. Pela mesma Tradio
torna-se conhecido Igreja o Cnon completo dos livros sagrados (...). E assim o Deus, que outrora falou,
mantm um permanente dilogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Esprito Santo, pelo qual a voz viva do
evangelho ressoa na Igreja e atravs da Igreja no mundo, leva os fieis verdade toda e faz habitar neles
abundantemente a palavra de Cristo (cf. Col 3,16). (Dei Verbum, 8).
5
Apcrifos referentes ao Novo Testamento rejeitados pela Igreja Catlica:
1. Evangelho segundo os Hebreus (gnstico) Fim do Sc I d.C.
2. Proto Evangelho de Tiago.
3. Evangelho do Pseudo Tom.
4. O Evangelho de Pedro Meados do Sc II d.C.
5. O Evangelho de Nicodemos.
6. O Evangelho dos Ebionitas ou dos Doze Apstolos Meados do Sc II d.C.
7. Evangelho segundo os Egpcios Meados do Sc II d.C.
8. Evangelho de Andr Sc II/III d.C.
9. Evangelho de Felipe Sc II/III d.C.
10. Evangelho de Bartolomeu Sc II/III d.C.
11. Evangelho de Barnab Sc II/III d.C.
12. O drama de Pilatos.
13. A morte e assuno de Maria.
14. A Paixo de Jesus.
15. Descida de Jesus aos Infernos.
16. Declarao de Jos de Arimatia.
17. Histria de Jos o garimpeiro.
18. Atos de Pedro.
19. Atos de Paulo.
20. Atos de Andr.
21. Atos de Joo.
22. Atos de Tom.
23. Atos de Felipe.
24. Atos de Tadeu.
25. Epstola de Barnab.
26. III Epstola aos Corntios Sc. II d.C.
27. Epistola aos Loadicenses Fim do Sc. II d.C.
28. Carta dos Apstolos 180 d.C.
29. Correspondncia entre Sneca e So Paulo Sc. IV d.C.
30. Apocalipse de Pedro Meados do Sc. II d.C.
31. Apocalipse de Paulo 380 d.C.
32. Sibila Crist Sc. III d.C.
Tambm em relao ao Antigo Testamento a Igreja Catlica, rejeitou diversos livros
como apcrifos, utilizando-se mais uma vez de sua autoridade para a delimitao do Cnon
Bblico.
Apcrifos referentes ao Antigo Testamento rejeitados pela Igreja Catlica:
1. A vida de Ado e Eva.
2. I Henoque.
3. II Henoque.
4. Apocalipse de Abrao.
5. Testamento de Abrao.
6. Testamento de Isaac.
7. Testamento de Jac.
8. Escada de Jac.
9. Jos e Asenet.
10. Testamento dos Doze Patriarcas.
6
11. Assuno de Moiss.
18
12. Testamento de J.
13. Salmos de Salomo.
14. Odes de Salomo.
15. Testamento de Salomo.
16. Apocalipse de Elias.
17. Ascenso de Isaas.
18. Paralipmenos de Jeremias.
19. Apocalipse Siraco de Baruc.
20. Apocalipse de Sofonias.
21. Apocalipse de Esdras.
22. Apocalipse de Sedrac.
23. III Esdras.
24. IV Esdras.
25. Sibilinos.
26. Pseudo-Filemon.
27. III Macabeus.
28. IV Macabeus.
29. Salmos 151-155.
30. Orao de Manasses.
31. Carta de Aristeu.
32. As Dezoito Bnos.
33. Ahigar.
34. Vida dos Profetas.
35. Recabitas.
Relao de citaes implcitas dos livros deuterocannicos nos escritos do Novo
Testamento:
Deuterocannico Protocannico
Antigo Testamento Novo Testamento
Sabedoria 13,1 9 Romanos 1,19 32
Sabedoria 6,1 4 Romanos 13,1
Sabedoria 2,13.18 Mateus 27,43
Eclesistico 4,34 Tiago 1,19
Eclesistico 27,30 28,1-7 Lucas 11,4; Mateus 6,15
Eclesistico 31,111 Lucas 18,24 25
Eclesistico 35,1124 Lucas 18,1 8
I Macabeus 2,29 48 Marcos 2,27
II Macabeus 6,18 7,42. Hebreus 11,34 40
Tobias 12,15 Apocalipse 8,2
Tobias 12,1 22 Mateus 6,1 18
Tobias 13,11 18 Apocalipse 21,1 22,1 5
18
Na Epstola de S. Judas (cannica), h uma aluso deste apcrifo, citando uma antiga tradio hebraica A
ascenso de Moiss.(cf. Judas v.9).E uma citao do apcrifo de Henoque (cf. Judas v. 14-15).
7
VERSES DO VELHO TESTAMENTO
Pr Massortico e Massortico um trabalho que surge do fim do primeiro
sculo em diante, transmitindo o texto hebraico livre de corrupo. O texto do
Velho Testamento fixou-se pela tradio, e a verso massortica trazia as
variantes anotadas na margem. O hebraico era escrito sem o uso das vogais at
o sculo VII. Entre os sculos VII a X os doutores judeus colocaram as vogais
no texto.
Semticas:
1. Em primeiro lugar se coloca os Targuns, devido a utilizar linguagem que mais se
aproxima do original hebraico. Aps a volta dos Judeus do cativeiro da Babilnia,
em grande parte haviam perdido o uso da prpria lngua, sendo-lhes necessrio no
s ler s escrituras no original como dar-lhe a verdadeira significao. Dessa forma
era feita a traduo parafraseada numa srie de targuns (interpretaes) na lngua
caldica ou no dialeto oriental aramaico. Os targuns eram numerosos e os que
chegaram at nos eram da era crist. Os mais antigos so os da Lei e dois referentes
ao Pentateuco anteriores ao stimo sculo.
2. O Pentateuco Samaritano - Foi escrito num dialeto da famlia hebraica, utilizando
caracteres do antigo hebraico. Eusbio de Cesaria e Cirilo de Jerusalm fazem
referencias a cpias deste manuscrito. Por muito tempo pensou-se que tudo
havia sido perdido, mas no princpio do sculo XVII foi enviada uma cpia de
Constantinopla a Paris. O valor dessa obra chegou a ser superestimado, mas j
no se julga superior ao texto hebraico. A cpia samaritana valorosa para a
determinao da histria das vogais hebraicas.
Verses Gregas:
1. A septuagentina A verso chamada dos LXX (setenta) ou Septuagentina ou ainda
Alexandrina, foi feita no Egito por judeus de Alexandria. Aristeas, um escritor da
Corte de Ptolomeu Filadelfo
19
II (285-247 a.C.) conta em uma pseudocarta, que
esta verso foi feita por setenta e dois judeus (seis de cada tribo) mandados a
Alexandria no ano de 285 a.C. por Eleazer a pedido de Demtrio Falrio, o
bibliotecrio do rei e completada em setenta e dois dias. No se pode precisar
que se tenha ocorrido verdadeiramente dessa maneira que a histria nos chega.
Quanto ao tempo em que se completou, no existe prova alguma. Uma anlise
crtica da obra mostra que esta contm muitas palavras greco-egpcias, e que o
Pentateuco est traduzido com maior exatido do que os outros livros.
19
Rei egpcio de Alexandria no sculo II a.C, que se orgulhava de possuir em sua rica biblioteca todos os livros
do mundo.
8
2. A Hexapla de Orgenes Na primitiva Igreja Crist
20
a verso dos LXX era de
grande estima, embora certos escritores buscassem o texto hebraico para
confirmar seu texto. No intuito de corrigi-la, Orgenes (185-254), um dos
grandes telogos da Igreja Catlica do sculo III, comps a sua Hexapla ou
Verso das seis colunas (em meados de 228 d.C.). Esta verso continha alm da
Verso dos LXX, as tradues gregas do Antigo Testamento feitas por: quila
do Ponto (130 d.C.); Teodoto de feso (160 d.C.) e Smaco um samaritano (218
d.C.). As duas colunas restantes continham o texto hebraico e a sua traduo
em caracteres gregos. Esta obra era constituda de cinqenta volumes e perdeu-
se provavelmente no saque de Cesaria, feito pelos sarracenos em 653 d.C.
Eusbio
21
de Cesaria (260-339) havia copiado a coluna formada pelo texto da
verso dos LXX, com as correes ou adies dos outros tradutores aos quais
Orgenes havia recorrido. O texto hexaplariano como conhecido, foi publicado
em Paris no ano de 1714. Os principais cdices manuscritos dos LXX so: o
Vaticano (B); o Sianatico; o Alexandrino (A) e os fragmentos do Cdice
Efraimita (C). Entre as edies impressas dos LXX, pode-se citar a
Complutensiana (1517), que segue em muitos trechos a verso hebraica
massortica e a Hexapla de Orgenes; a Aldina (1518), que apresenta muitas
variantes do Cdice do Vaticano (B); a Romana ou Vaticana (1587) baseada no
Cdice do Vaticano (B); a Grabiana (1707 a 1720) que foi baseada
principalmente no Cdice Alexandrino (A) e a edio crtica de Cambridge (1887
1894).
Antigas Verses Latinas :
1. Latina Entre as mais antigas verses baseadas nas verses dos LXX, temos a
Latina feita na frica, e muitas vezes transcritas total ou parcialmente em vrias
provncias do Imprio Romano. Pelas diferenas que se encontram nas cpias,
alguns acreditam que houveram diversas verses, porm a hiptese mais aceita
que se trata da revises da mesma traduo original.
2. tala A mais importante das revises da Latina fez-se na Itlia, com o fim de
corrigir os provincianismos e outros pequenos defeitos da verso africana.
Santo Agostinho refere-se a ela em seu escrito De Doctrina Cristiana II,
chamando-a de tala. So Jernimo
22
a considera em geral muito boa. Em seu
texto predomina traos do Cdice Alexandrino (A) e baseando-se em citaes
20
Quando se diz Primitiva Igreja Crist ou Igreja Primitiva, entenda-se a nica Igreja Crist existente na
poca: Catlica Apostlica (vide nota de rodap n 5). As primeiras Igrejas surgiram como comunidades
fundadas pelos apstolos (54 d.C.). Do ncleo fundado por Pedro em Roma, originou-se todo o cristianismo no
Ocidente, que posteriormente foi dividido em arquidioceses, dioceses e provncias eclesisticas, em comunho
com a S Romana, a partir de 70 d.C. (Revista: Superinteressante. Ed.181, pg.22-23).
21
Bispo Catlico de Cesaria na Palestina. Por volta do ano 300 d.C. escreveu a primeira Histria da Igreja.
Nasceu na Palestina, em Cesaria, foi discpulo de Orgenes (184-254). Escreveu sua Crnica, A Histria
Eclesistica, A preparao e a Demonstrao Evanglicas. Foi perseguido pelo imperador romano Dioclesiano.
22
Viveu de 347 a 420 d.C, considerado Doutor Bblico. Em 379 d.C. ordenou-se sacerdote pelo Bispo
Paulino de Antioquia. De 382 a 385 d.C. foi secretrio do Papa S. Damaso, por cuja ordem vez a reviso latina
da Bblia, conhecida como Vulgata, levando aproximadamente 34 anos para terminar. Em S. Jernimo destaca-
se a austeridade, o temperamento forte, a erudio e o amor Igreja e a S de Pedro.
9
de Tertuliano,
23
presume-se que a verso seja do final do segundo sculo (Sc. II
d.C.).
3. Vulgata Devido a diversidade de cpias e as suas imperfeies, a pedido do Papa
(de 366 a 384 d.C.) S. Dmaso, S. Jernimo foi incumbido da tarefa de fazer a
reviso dos textos das cpias latinas, como Orgenes havia feito a reviso da
Septuagentina. Utilizou para isso a Hexapla de Orgenes, para corrigir todo o
Velho Testamento. Quando estava prestes a terminar esta correo, S. Jernimo
decidiu fazer uma traduo em latim, feita diretamente do Hebraico. Consagrou
o melhor do seu tempo a esta obra, completando-a em 404 d.C.
aproximadamente.
Entre os tradutores antigos da Bblia, S. Jernimo foi o ltimo no tempo, embora o primeiro
no mrito: no s por se ter podido valer do trabalho dos seus antecessores, mas sobretudo
porque, pela prtica constante, adquiriu domnio tal das lnguas bblicas (hebraico, aramaico e
grego) que entre os antigos cristos no se conhece igual. Acrescente-se um conhecimento
igualmente nico da literatura exegtica tanto judaica, quanto crist. Com bagagem de cultura
literria incomum, com tima preparao e excelentes critrios, ps mos ao rduo trabalho.
Comeou por corrigir (em Roma em 384 a convite do Papa S. Dmaso) os Evangelhos
Latinos, auxiliado para isso pelos melhores cdices gregos. Transferindo-se depois para a
Palestina (386)... estendeu o mesmo trabalho de paciente reviso... aos livros do Antigo
Testamento; mas tendo terminado uma parte deles, sobretudo os Salmos, que passaram depois
a Vulgata, compreendeu que prestaria um servio muito melhor Igreja, fazendo uma nova
verso diretamente do texto hebraico. E sem esmorecer diante das ingentes dificuldades, e sem
se cansar no longo e spero caminho, a ela se dedicou com admirvel constncia pelo espao de
uns quinze anos, de 390 a 404, at o acabamento feliz da obra. (Bblia Sagrada. So
Paulo. 1982, p.13)
Uma reverencia supersticiosa verso dos LXX, fez com que muitos no aceitassem a
obra de S. Jernimo, mas a traduo foi conquistando espao e ganhando destaque, e no tempo
de Gregrio (o Grande), Papa de 690 a 604, j tinha igual autoridade e foi dignificada com o
nome de Vulgata (versio Vulgata; a verso corrente).
As tradues de S. Jernimo no encontraram imediatamente no mundo latino a acolhida que
mereciam. A propagao devida em parte s dificuldades da poca, foi lenta, mas em constante
progresso, de sorte que dois sculos depois S. Isidoro de Sevilha
24
(636) pde escrever que ela j
estava em uso em toda a Igreja do Ocidente, e mais tarde o renascimento carolngio consagrou-
lhe definitivamente o triunfo sobre as antigas verses latinas. Formou-se assim entre o sc. V e
IX, a verso que propriamente chamada Vulgata. (Bblia Sagrada. So Paulo. 1982,
p.13-14)
23
Tertuliano (220d.C.) de Catargo, norte da frica, era advogado em Roma quando em 195 d.C converteu-se
ao Cristianismo passando a servir Igreja de Catargo como catequista. Combateu as heresias do gnosticismo,
mas se desentendeu com a Igreja. autor da frase: o sangue dos mrtires semente de novos cristos.
24
Viveu de 560 a 636 d.C. foi Bispo e Doutor da Igreja. Nasceu em Sevilha, foi educado por seu irmo So
Leandro, bispo de Sevilha. chamado tambm o ltimo Padre da Igreja do Ocidente. A sua obra Etimologias,
composta de 20 volumes, uma sntese de todo saber antigo e de seu tempo.
10
O texto da Vulgata foi composto em parte da antiga verso latina (Cinco
deuterocannicos do Antigo Testamento: I e II Macabeus, Sabedoria, Eclesistico e Baruc, com a
carta de Jeremias), em parte na edio revista por S. Jernimo (os Salmos, o Antigo e Novo
Testamentos) e tambm uma nova traduo feita diretamente do hebraico (todo o Antigo
Testamento hebraico, exceto os Salmos, Tobias e Judite). S. Jernimo estava familiarizado com
os exegetas hebraicos incorporando muitas das suas interpretaes na vulgata, mas geralmente
seguia-se a verso dos LXX, mesmo quanto o texto diferia do hebraico. Com o passar do tempo,
o texto da Vulgata perdeu um pouco de sua pureza, devido s cpias e introdues de antigas
verses, porm nobres doutores revisaram o texto reconduzindo-o primitiva integridade.
Citamos a reviso efetuada pelo sbio Alcuno (735 808 d.C.), ordenada por Carlos Magno e a
de Lanfranc. Com o passar do tempo comearam a surgir novamente, textos de valor discutveis,
principalmente aps a reforma protestante. Assim sendo, a Sesso IV de 08 de abril de 1546,
do Conclio Ecumnico de Trento, aps definir o Cnon das Sagradas Escrituras, decretou que a
Vulgata seria verso autntica, e que fosse impressa com a mxima correo. Os Papas desde Pio
IV (1559 a 1565) at Clemente III (1592 a 1605) nomearam consecutivamente quatro comisses
para este fim, culminando na edio publicada em 1590 por Sixto V, (Papa de 1585 a 1590),
posteriormente substituda pela edio publicada em 1592 por Clemente VIII, (Papa de 1592 a
1605), edio conhecida como sixto Clementina. Depois houve mais duas edies vaticanas em
1593 e 1598, as quais so a base de todas as verses posteriores at os dias atuais. O mais
importante e clebre manuscrito da vulgata o Codex Amiatinus, do final do stimo sculo, que
est em Florena, Itlia, na biblioteca Laurentiana.
Siraca ou Verso Aramaica Ocidental:
1. A verso Peshita Peshita significa correta ou simples, esta verso foi
feita diretamente do hebraico e concorda com rigor ao texto
massortico. No se pode afirmar em que tempo e onde foi feita esta
traduo, presume-se que os cristos da Sria, obtiveram a Escritura
em sua prpria lngua. Pelo exame da traduo acredita-se que os
tradutores eram judeus cristos que traduziram o Velho Testamento
do original hebraico. Esta verso continha todos os livros cannicos
do Velho e Novo Testamentos, exceto II carta de S. Pedro, II e III
carta de S. Joo, a carta de S. Judas e o Apocalipse de S. Joo. O texto
difere de das principais classes de manuscritos.
Diversas verses antigas:
1. A Histria Eclesistica, de Eusbio de Cesaria, coloca a verso da Etipia
no ano de 330 d.C. O texto baseia-se totalmente na verso dos LXX e segue as
variantes do cdice Alexandrino.
2. A maior parte o Velho Testamento, existe nos dialetos cpticos de Egito. A
poca mais provvel em que essas verses foram feitas so os sculos III ou IV
d.C. com algumas suposies que possam ser dos sculos I ou II d.C. So
11
baseados na verso dos LXX, seguindo as variantes do cdice Alexandrino, os
tradutores so desconhecidos.
3. A verso Gtica da Bblia, foi feita por Ulfilas, bispo dos Ostrogodos, que
esteve no Conclio de Constantinopla I (maio a junho de 381 d.C.). uma
traduo da verso dos LXX, de considervel valor crtico, embora se restem
alguns fragmentos desta verso.
4. A verso Armnia foi feita em meados do sculo V d.C., baseada na
verso Siraca, mais tarde foi revista segundo a verso dos LXX, sendo traduzida
pelo patriarca Mesrob.
5. A verso Gregoriana foi feita no sculo VI d.C., atravs de cpias da
verso Armnia.
6. A verso Eslava ou Eslavnica foi feita em meados do sculo IX d.C.,
pelos irmos catlicos, Cirilo e Metdio de Tessalnica, missionrios da Bulgria e
Moravia, que traduziram as Escrituras para a lngua eslava (ou eslavnica).
Considera-se como proveniente da verso dos LXX embora alguns testemunhos
antigos indiquem que a traduo foi feita do latim.
7. As verses rabes dos diversos livros das Escrituras, foram traduzidas
da verso dos LXX entre os sculos VIII e XII d.C, segundo diversos escritores,
porm os livros de J, Crnicas, Juzes, Rute, Samuel, e algumas partes de outros
livros, foram traduzidas da verso Siraca Peshita.
A DEFINIO DO CNON DO NOVO TESTAMENTO
O Esprito Santo, dado a Igreja, despertou santos instintos, auxiliou o discernimento entre o
puro e o esprio, e assim foi possvel chegar a uma gradual harmnica e por fim unnime
concluso. Havia na Igreja o que um telogo designou com felicidade pela expresso
inspirao da seleo. (Histria, Doutrina e Interpretao da Bblia. So Paulo.1951,
p.29)
A formao do Cnon do Novo Testamento deu-se de forma gradual, de modo que
depois do ano 400 d.C. no existiam mais dvidas a este respeito, graas a interveno da Igreja
Catlica, que como j citamos anteriormente, foi quem atravs do Esprito Santo e agindo de
acordo com sua autoridade apostlica definiu quais eram os livros cannicos.
A princpio os livros foram surgindo separadamente, em diferentes localidades, e eram
guardados cuidadosamente pelas diversas comunidades apostlicas (parquias) e lidos nas
reunies crists. Depois comearam a ser classificados em grupos: os Evangelhos, as Cartas
(Epstolas) de So Paulo, os Atos dos Apstolos e as Cartas Catlicas (Epstolas Gerais) a estes grupos, foi
acrescentado o Apocalipse, estando por volta do final do sculo II d.C. praticamente completa a
coleo. Porm a autenticidade de alguns livros ainda ficou em aberto por certo tempo.
Existiam na Igreja Primitiva (vide nota n 5 e n 20), muitos escritos que diziam tratar
da vida de Jesus. Segundo nos relata S. Lucas (cf. Luc 1,1-2) muitos escritores buscavam
reproduzir o primitivo Evangelho oral, visto que os primeiros Evangelhos s foram escritos de 20 a 30
12
anos aps a morte e ressurreio de Jesus Cristo, estes se conservaram oralmente at serem
escritos graas a assistncia do Esprito Santo, atuando na Sagrada Tradio Apostlica da Igreja,
que se desenvolvia cada vez mais, expandindo-se e convertendo os povos ao Cristianismo.
No demorou para que os quatro Evangelhos, fossem constitudos pela Tradio
Apostlica, sendo universalmente reconhecidos e pela Igreja. Os Evangelhos de S. Marcos e S.
Lucas foram escritos respectivamente sob a influncia de S. Pedro e S. Paulo.
Os Evangelhos de Marcos e de Lucas foram escritos por companheiros dos apstolos:
Marcos, o convertido de Pedro (cf. I Ped 5,13), e Lucas o amigo ntimo de Paulo (cf. At
20,5-6, etc). Papias (130), Justino (falecido em 164), Irineu (180), e Orgenes, todos falam
do Evangelho de Marcos, como geralmente aceito, dizendo que tinha sido ditado e sancionado
por Pedro. Irineu, Tertuliano e Orgenes discorrem sobre o Evangelho de Lucas como sendo
universalmente recebidos e sancionados por Paulo. (Histria, Doutrina e Interpretao da
Bblia. So Paulo.1951, p.72)
Os Pais da Igreja Catlica (S. Clemente de Roma, S. Policarpo de Esmirna, S. Incio de
Antioquia, Hermas) citam os Evangelhos de tal maneira que indicam ser a autoridade dos
Evangelhos inteiramente reconhecida pela Igreja. Taciano (172 d.C.), discpulo de Justino
Mrtir
25
, fez a combinao dos Evangelhos numa Harmonia chamada de Diatessaron, uma outra
Harmonia foi feita por Amnio de Alexandria, professor de Orgenes. S. Irineu que quando
jovem, conheceu S. Policarpo que foi discpulo do apstolo S. Joo (evangelista), reconheceu a
santa quaternidade dos escritos, testificando a aceitao desses livros como inspirados por Deus.
S. Tertuliano da frica, Atansio de Alexandria, e Cirilo de Jerusalm confirmam ser os quatro
Evangelhos as verdadeiras narrativas evanglicas.
Aos Evangelhos foi acrescentado o Livro dos Atos dos Apstolos por consenso geral,
como o segundo livro escrito por de Lucas.
As fontes dos primeiros sculos confirmam a autenticidade do Novo Testamento. Vejamos
apenas uns poucos exemplos. Evangelho de Mateus - No ano 130 o Bispo Ppias, de
Hierpolis na Frgia, regio da sia Menor, que foi uma das primeiras a ser evangelizada
pelos Apstolos, fala do Evangelho de So Mateus dizendo: Mateus, por sua parte, ps em
ordem os dizeres na lngua hebraica, e cada um depois os traduziu como pode (Eusbio,
Histria da Igreja III, 39,16). Quem escreveu essas palavras foi o bispo Eusbio de Cesaria
na Palestina, quando por volta do ano 300 escreveu a primeira histria da Igreja. Ele d o
testemunho histrico de Ppias. Note que Ppias nasceu no primeiro sculo, isto , no tempo
dos prprios Apstolos; S. Joo ainda era vivo. Portanto este testemunho inequvoco.
Outro testemunho importante sobre o Evangelho de Mateus dado por Santo Irineu (200),
do segundo sculo. Ele foi discpulo do grande bispo S. Policarpo de Esmirna, que foi discpulo
de S. Joo evangelista. S. Irineu na sua obra contra os hereges gnsticos, fala do Evangelho de
Mateus, dizendo: Mateus comps o Evangelho para os hebreus na sua lngua, enquanto
Pedro e Paulo em Roma pregavam o Evangelho e fundavam a Igreja.(Adv. Haereses II,
1,1).
Evangelho de So Marcos - tambm o Bispo de Hierpolis, Ppias (130) que d o
primeiro testemunho do Evangelho de Marcos, conforme escreve Eusbio: Marcos, intrprete
de Pedro, escreveu com exatido, mas sem ordem, tudo aquilo que recordava das palavras e
das aes do Senhor; no tinha ouvido nem seguido o Senhor, mas, mais tarde..., Pedro. Ora,
como Pedro ensinava, adaptando-se s vrias necessidades dos ouvintes, sem se preocupar em
oferecer composio ordenada das sentenas do Senhor, Marcos no nos enganou escrevendo
25
Nasceu em Naplusa, antiga Siqum em Israel, achou nos evangelhos a nica filosofia proveitosa, era
filsofo e fundou uma escola em Roma. Dedicou a sua Apologia ao imperador Romano Antonino Pio em 150
d.C. defendendo os cristos. Foi martirizado em Roma em 164 d.C. aproximadamente.
13
conforme recordava; tinha somente esta preocupao, nada negligenciar do que tinha ouvido, e
nada dizer de falso (Eusbio, Histria da Igreja, III, 39,15).
Evangelho de So Lucas - O Prlogo do Evangelho de S. Lucas, usado comumente no
sculo II, dava testemunho deste Evangelho, ao dizer: Lucas foi srio de Antioquia, de
profisso mdica, discpulos dos apstolos, mais tarde seguiu Paulo at a confisso (martrio)
deste, servindo irrepreensivelmente o Senhor. Nunca teve esposa nem filhos; com oitenta e
quatro anos morreu na Bitnia, cheio do Esprito Santo. J tendo sido escritos os evangelhos de
Mateus, na Bitnia, e de Marcos, na Itlia, impelido pelo Esprito Santo, redigiu este
Evangelho nas regies da Acia, dando a saber logo no incio que os outros Evangelhos j
haviam sido escritos.
Evangelho de So Joo Santo Ireneu (202) que d o seu testemunho:
Enfim, Joo, o discpulo do Senhor, o mesmo que reclinou sobre o seu peito, publicou tambm
o Evangelho quando de sua estadia em feso. Ora, todos esses homens legaram a seguinte
doutrina: ... Quem no lhes d assentimento despreza os que tiveram parte com o Senhor,
despreza o prprio Senhor, despreza enfim o Pai; e assim se condena a si mesmo, pois resiste e
se ope sua salvao e o que fazem todos os hereges. (Contra as heresias) (Escola da
F II A Sagrada Escritura. Lorena - SP. 2000, p.40-42)
As Cartas de S. Paulo gozam tambm, da mesma autoridade apostlica dos Evangelhos,
treze delas tem o seu nome, geralmente eram escritas atravs de algum que a copiava para o
apstolo, sendo uma testemunha legtima dos seus escritos, como no caso de Trcio, que redigiu
a carta aos Romanos (cf. Rom 16,22), nestes casos ele acrescentava a sua assinatura e saudao
(cf. I Cor 16,21; Col 4,18). Suas cartas eram enviadas por mensageiros particulares (cf. Rom 16,1;
Ef 6,21; Fil 2,25; Col 4,7-8). Sabemos pelos escritos dos Catlicos S. Incio, S. Policarpo, e S.
Clemente de Roma que as Cartas de S. Paulo eram consideradas como escrituras inspiradas e
lidas com a Lei, os Profetas e os Evangelhos. Uma prova mais remota aparece na II Carta de S.
Pedro (cf. II Ped 3,15-16) onde se da s Cartas de S. Paulo, o nome de Escrituras.
Uma carta de S. Clemente de Roma, do sculo I, dirigida a comunidade de Corinto,
identifica-se com o contedo da Carta aos Hebreus, que era admitida pelos antigos escritores da
escola Alexandrina entre os escritos inspirados do Novo Testamento, porm sobre o autor
pairava dvidas, Eusbio de Cesaria acreditava que a mesma tinha sido concebida por S. Paulo,
mas redigida por outro, ou escrita por S. Paulo em hebraico ou aramaico e traduzida por um
especialista em grego. Orgenes concluiu que os pensamentos so do apstolo (S. Paulo), mas que a
redigiu s Deus sabe.
Quanto aos livros restantes referentes ao Novo Testamento, foram chamados de
antilegmenos, ou seja, no admitidos por todos, sendo classificados tambm como
deuterocannicos, visto que a sua canonicidade s foi atestada numa poca posterior aos dos
outros livros do Novo Testamento acima citados. Estes livros foram sendo introduzidos no
Cnon pouco a pouco, de modo que no princpio do sculo IV, toda a Igreja Catlica j os
reconhecia como inspirados por Deus.
Houve dvidas se os escritos de Tiago
26
, Pedro
27
Joo e Judas
28
teriam sido escritos por
eles, visto que muitas composies falsas surgiam com os nomes dos apstolos, como pode ser
observado pelo ensino apostlico (cf. II Tess 2,1-2; I Joa 4,1).
26
Foi o primeiro Bispo de Jerusalm depois da disperso dos Apstolos, o autor da Epstola Catlica que leva o
seu nome. Foi morto no Templo por instigao do Sumo Sacerdote Ans II, sendo lanado de uma galeria e
espancado at a morte em 62 d.C.
27
Sobre a I Pedro: O autor da epstola sem dvida, S. Pedro, o prncipes dos Apstolos, que ento se
encontrava em Roma e da (cf. I Ped 5,13) escreveu aos longnquos fiis da sia, embora no tenham sido
convertidos por ele (cf. II Ped 3,2), servindo-se de Silvano (cf. I Ped 5,12), como escrivo, e talvez como
redator da epstola, notvel no s pela fora do pensamento, como tambm por que exarada em excelente
grego. Desde que se formou o cnon escriturstico do Novo Testamento, a presente epstola foi includa nele.
Sobre a II Pedro: Nos sculos II e III, a II Pedro era pouco conhecida, ao menos fora do Egito, e a sua
canonicidade, ou carter sagrado, era posto em dvida, quando no negada. Mas no sculo IV passou a ser
14
Ao lado do grande epistolrio paulino, outras sete epstolas de apstolos (uma de Tiago, duas
de Pedro, trs de Joo e uma de Judas) constituem grupo parte no cnon do Novo
testamento. Desde os primeiros sculos foram denominadas tanto em grupo como
individualmente, catlicas, isto , universais... Entre os latinos, foram tambm chamadas
epstolas cannicas, talvez como protesto da f no seu carter de livros sagrados, que a maior
parte delas foi reconhecido em era muito tardia. De fato, somente a primeira de Pedro e a
primeira de Joo foram, desde o princpio, consideradas sem contestaes nas Igrejas, como
inspirados e, portanto, cannicas. Todas as outras, umas mais outras menos, encontraram
oposio em diversos tempos e lugares (Eusbio. Ecles., III, 25, 1-3). No Ocidente, o grupo
encontra-se j constitudo em sua integridade e autoridade cannica, no princpio do sculo IV
(Conclio Plenrio da frica; Papa Inocncio I, 405). Nas Igrejas orientais no antes dos
sculos VI e VII. (Bblia Sagrada. So Paulo. 1982, p.1318)
OS PRIMEIROS CATLOGOS DO NOVO TESTAMENTO
Do ano 200 d.C. ao ano 400 d.C. graas aos Catlicos, publicaram-se aproximadamente
quinze ou dezesseis catlogos de livros do Novo Testamento, vejamos alguns:
O Fragmento Muratoriano ou Cnon de Muratori o mais antigo documento
sobre o Cnon do Novo Testamento, escrito por volta do ano 150 d.C. Uma
cpia do original, datada do sculo VIII, foi descoberta pelo padre Italiano
Ludovico Antnio Muratori em 1740 na Livraria Ambrosiana, em Milo. Fala
do Papa Pio I, (bispo de Roma de 143 a 155 d.C.) irmo de Hermas, como se
fosse contemporneo. O fragmento traduzido do grego principia por Lucas
como terceiro Evangelho, subentendendo os outros dois e cita todos os
livros do Novo Testamento, com exceo das cartas: Hebreus, Tiago, I e II
Pedro e II e III de Joo. Pelo manuscrito pode-se distinguir os livros que eram
lidos publicamente na Igreja, os que algumas pessoas queriam que fossem lidos,
os desprezados e os que eram lidos particularmente. (cf. Anexo I ).
S. Clemente de Alexandria ( 215 d.C.) (segundo Eusbio de Cesaria) No
princpio do sculo III, faz a distino entre o Ecvangelho e o Apstolo,
reconhece quatorze Cartas de S. Paulo, inclusive Hebreus, omite as Cartas de
Tiago, II Pedro e III Joo.
bem mais conhecida no Ocidente e, simultaneamente, foram-se desvanecendo as dvidas a respeito do seu
valor de livro sagrado. Entre o IV e V sculo ocupou um lugar definitivo no cnon das Igrejas da Europa e da
frica, enquanto que na Sria continuou a ser ignorada por mais alguns sculos. O mesmo no se deu com o
reconhecimento da sua autenticidade...S. Pedro verdadeiramente o seu autor. S.Jernimo no registrava
seno os fatos quando afirmava, que no ano 392, que Pedro escreveu duas epstolas denominadas catlicas, a
segunda das quais muitos afirmam no ser de sua autoria, por que (foi) lavrada em estilo diferente da primeira
(De viris III.c.1). Partilhando da opinio de que ambas eram genunas, ele (S.Jernimo) explica as diversidades
de linguagem e de estilo pelo fato de S. Pedro ter ditado a dois tradutores ou redatores gregos diversos (Carta
120, a Edibia,c.9)
28
Esta curta epstola encontrava-se j no sculo II, segundo o testemunho do cnon Mutratoriano, includa no
cnon escriturstico da Igreja de Roma. No faltou j ento, e mais ainda depois, quem pusesse em duvida ou
negasse principalmente sua canonicidade como atesta S. Jernimo (De Vir. Ill., IV), por causa da citao do
livro apcrifo de Henoque (cf. v.14-15). Prevaleceu, porm o uso antigo e a autoridade da Igreja, segundo
testemunho do mesmo S. Jernimo, e bem cedo as oposies cessaram no Ocidente e mais tarde tambm no
Oriente.
15
Orgenes ( 254 d.C.) (segundo Eusbio de Cesaria), lista do todos os livros do
Novo Testamento, exceto as Cartas de Tiago e Judas, aos quais se refere em outra
parte.
Eusbio Panflio (315 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento,
relata porm que h contestao da parte de alguns a respeito das Cartas de
Tiago, Judas, II Pedro, II e III Joo.
S. Atanssio ( 337 d.C) - (315 d.C.) Lista do todos os livros do Novo
Testamento. Fala da obra O Pastor de Hermas, como til, mas no como
cannico.
S. Cirilo de Jerusalm ( 386 d.C) (315 d.C.) Lista do todos os livros do Novo
Testamento, exceto o Apocalipse de S. Joo, os livros contestados de que fala
Eusbio j so neste tempo geralmente aceitos.
Conclio de Laodicia (364 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento,
com exceo do Apocalipse.
Epifnio de Salamis (370 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento.
Gregrio Nazianzeno ( 389 d.C.) (375 d.C.) Lista do todos os livros do Novo
Testamento, menos o Apocalipse.
Anfilquio de Icnio (380 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento,
mas diz que a maioria exclui o Apocalipse.
Filstrio de Brscia (380 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento,
menciona treze Cartas de S. Paulo e a Carta aos Hebreus, dizendo sobre a
mesma, que alguns duvidam que seja de autoria de S. Paulo, diz tambm que
outros negam que sejam de S. Joo o Evangelho e o Apocalipse.
Conclio de Catargo II (397 d.C.) Foi um Conclio regional da Igreja, ao qual S.
Agostinho ( 430 d.C.) assistiu, cita todos os livros do Novo Testamento, sendo
as atas deste Conclio muito importantes pelo seu testemunho histrico.
S. Jernimo ( 420 d.C.) (382 d.C.) Lista do todos os livros do Novo
Testamento, diz que a Carta aos Hebreus colocada por muitos fora dos escritos
de S. Paulo.
Rufino de Aquilia (390 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento.
S. Agostinho ( 430 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento, refere-
se Carta aos Hebreus como sendo de S. Paulo.
S. Joo Crisstomo ( 407 d.C.) Numa sinopse que lhe atribuem, enumera
quatorze Cartas de S. Paulo, os quatro Evangelhos, os Atos dos Apstolos e trs
Epstolas Catlicas, omitindo o restante dos livros.
16
OS MANUSCRITOS DO NOVO TESTAMENTO
Os mais antigos manuscritos dos textos do Novo Testamento eram escritos em papiro,
um material frgil, que se estragava com o manuseio e que somente se conservava em condies
excepcionais de um clima seco como o do Egito.
Existem pedaos dos Evangelhos e Epstolas em papiro, encontrados na grande
quantidade de manuscritos do Egito. Foram encontrados fragmentos de Evangelho S. Mateus
(Mat 1,1-9.12.14-20), do Evangelho de S. Joo (Joa 1,23-31.33-41; 20,11-17.19-25) pelos
exploradores Grenfell e Hunt em Oxyrhynehus, a 120 milhas ao sul do Cairo, no Egito. O
fragmento de Mateus est na Biblioteca da Universidade da Pensilvnia, o de Joo esta no Museu
Britnico. Pelos mesmos exploradores tambm foram encontrados a Logia ou Palavras de Nosso
Senhor, que muito provavelmente foi copiada no ano 200 d.C.
No sculo IV d.C. os papiros foram substitudos pelos pergaminhos, dando aos
manuscritos uma maior durabilidade e permanncia. A Converso de Constantino ao
Cristianismo, fez com que houvesse uma cuidadosa e brilhante produo de escritos cristos. Os
cdice (codex palavra derivada de Caudex, uma tabuinha geralmente coberta de cera, na qual se
escrevia com um ponteiro de ferro, chamado stylus ) foram adotados no lugar dos rolos, e assim
pela primeira vez, as escrituras do Novo Testamento, puderam ser convenientemente ajuntadas
num nico volume. Os cdices eram reunidos por um cordel, que passava por orifcios feitos no
alto dos exemplares esquerda, ficando desse modo com forma de livro, ao contrrio das
volumina ou rolos. Todos os manuscritos que tivessem esta forma eram chamados de
cdice,como as tabuinhas eram muito usadas para fins jurdicos, chama-se cdigo a um sistema
de leis.
Eusbio ( 339 d.C.) afirma em seu livro Vida de Constantino que o Imperador mandou
fazer cinqenta exemplares das Escrituras em pergaminho, para as Igrejas de sua nova capital.
Dois desses exemplares talvez existam no Cdice Vaticano B e no manuscrito Sinatico.
Quando o pergaminho se tornou muito caro para o copista, as palavras eram muitas
vezes lavadas e raspadas, para se escrever outra coisa, esse tipo de manuscrito era chamado de
codex rescriptus ou Palimpsesto,do grego, raspado de novo. Algumas vezes acontecia que a
raspadura no era completa, ou que a tinta do original se tornava to estvel que o velho escrito
reaparecia. Temos como exemplo o Cdice Ephraemi (C), sobre o qual falaremos a seguir.
Os manuscritos do Novo Testamento acham-se divididos em duas classes, a Uncial
(provm de uncia, polegada em latim), escritas em letras maisculas, e a Cursiva, escritas em
letras minsculas.
Nos primeiros sculos o Novo Testamento estava dividido em trs partes: os Evangelhos,
as Epstolas e os Atos dos Apstolos e o Apocalipse. No sculo III d.C. os evangelhos foram divididos
em duas espcies de captulos: os maiores eram os resumos e os menores captulos, estas divises
foram introduzidas por primitivamente por Amnio e por isso chamadas de divises amonianas. No
sculo IV d.C. j eram usadas nos Evangelhos, sendo adaptadas por Eusbio em suas tbuas de
referncia, conhecidos de cnones de Eusbio.
No ano de 459 d.C. Eutlio, dicono de Alexandria, publicou uma edio das Cartas
de S. Paulo, divididas em captulos, segundo as divises amonianas, do mesmo modo, dividiu ele
em 490 d.C. as Epstolas Catlicas e os Atos dos Apstolos. Ele prprio afirma que ps acentos nos
manuscritos, copiados por ele, costume que no se generalizou at o sculo VIII d.C.
A moderna diviso em captulos atribuda aos catlicos cardeal Estevo Langton (
1228), no incio do sculo XIII d.C. na Universidade de Paris, mais tarde no sculo XVI d.C. os
mesmos captulos foram divididos em versculos numerados por Sante Pagnine, para o Antigo
Testamento (1528) e por Roberto Estevo, para o Novo Testamento (1551).
17
So conhecidos aproximadamente 5.236 manuscritos
29
do texto original em grego do
Novo Testamento, sendo 266 cdices unciais, 2.754 cdices cursivos, 81 papiros e 2.135 lecionrios,
comprovadamente autnticos pelos mais renomados pesquisadores e especialistas do mundo.
OS PRINCIPAIS MANUSCRITOS UNCIAIS
So os principais cdices que se conservaram, servindo para que se possa conhecer os
nomes, as datas e o valor comparativo dos principais exemplares do texto sagrado. Segundo S.
Agostinho em sua obra De doctrina Cristiana O primeiro cuidado de quem quer entender a Divina
Escritura deve ser o de corrigir os cdices.
(N) Alef Sinaticus (Aleph 01) Foi descoberto no convento de Sta. Catarina,
no monte Sinai em 1859, pertence ao sculo IV d.C. Contm o Antigo
Testamento grego e todo Novo Testamento, alm das Epstolas de Barnab e
uma parte do Pastor de Hermas. Est no Museu Britnico desde 1933.
(A) Alexandrinus (A02 Alexandrino) Foi oferecido ao Rei Carlos I da Inglaterra,
por Cirilo Lucar, o Patriarca de Constantinopla em 1627. Pertence ao sculo V
d.C. Contm o Velho Testamento grego, e o Novo Testamento desde Mateus
25,6 havendo algumas falhas (Joo 6,50 - 8,1-52; II Corntios 4,13 12,1-6),
contm tambm a Primeira Epstola de Clemente de Roma, com uma pequena
parte da segunda (uma homilia). Est no Museu Britnico.
(B) Vaticanus (B03 Vaticano) Foi colocado na Livraria do Vaticano em Roma,
pelo Papa Nicolau V (1447-1455). Pertence ao sculo IV d.C. Contm o Velho
Testamento em Grego com omisses, e o Novo Testamento at Hebreus (Heb
9,14),contm as Epstolas Catlicas mas faltam as Pastorais (I e II Timteo e
Tito), Filemon e o Apocalipse. Uma edio foi publicada em 1857 pelo cardeal
Mai, por ordem do Papa Pio IX (1846-1878).
(C) Ephraemi (C04 Efrm rescrito) um palimpsesto (codex rescriptus), resultante de
terem sido diversas obras de Ephraem da Sria copiadas sobre o texto original
no sculo XII d.C. Felizmente a tinta do ltimo copista era de menor durao e
qualidade que a do primeiro, foi escrito no sculo V d.C. muito provavelmente
no Egito. Contm fragmentos do Velho Testamento e todos os livros do Novo
Testamento com grandes omisses, exceo da II Tessalonicences e da II
Joo. Est na Biblioteca Nacional de Paris.
(D) Bezae (D05 Beza) um manuscrito em grego e latim, em colunas paralelas,
foi descoberto no mosteiro de S. Irineu em Lyo, e oferecido universidade de
Cambridge, em 1581 por Teodoro Beza. Foi escrito no princpio do sculo VI
d.C. Contm com algumas omisses os Evangelhos e os Atos dos Apstolos.
notvel pelos seus desvios do texto comum e pelas edies.
(D2) Cloromontanus (D06 Claromantano) Foi descoberto em Clermont, prximo
de Beauvais, donde lhe deriva seu nome. Foi escrito no sculo VI d.C. Est
escrito em grego e latim como o cdice Bezae, sendo um suplemento deste,
29
Todos estes manuscritos, so fruto de copistas Catlicos.
18
pois contm as Cartas de S. Paulo com omisses, e a Carta aos Hebreus, sendo
estes os nicos livros do Novo Testamento que se encontram. Pode-se perceber
no manuscrito, o trabalho de vrios copistas posteriores. Est na Biblioteca
Nacional de Paris.
Esses seis cdices descritos acima formam a lista dos unciais de primeira classe.
Citaremos alguns que apesar de parciais e incompletos so de grande valor e oferecem sugestivas
leituras e um bom estudo:
Codex Basiliensis (E) Pertence ao sculo VII/VIII d.C. trazido provavelmente
de Constantinopla para Basilia pelo Cardeal J.B. Ragsio em 1431. Contm os
Evangelhos quase completos.
Codex Regius (L) - Pertence ao sculo VIII d.C., est na Biblioteca Nacional de
Paris. Contm os Evangelhos com omisses, valioso por se ver nele, a dupla
concluso do Evangelho de Marcos.
Codex Zacynthius um palimpsesto de Zanete, oferecido pelo general Macaulay
Sociedade Bblica de Londres em 1821, onde se encontra guardado em sua
biblioteca. Contm a maior parte do Evangelho de Lucas, com comentrios.
Codex Augiensis - Pertence ao sculo IX d.C, existente no Trinity College,
Cambridge (F), vindo do mosteiro de Augia Dives (Reichenau) no Lago de
Constana. Contm a maior parte das Epstolas Paulinas, com a verso Latina.
Manuscrito da Biblioteca Bodleiana de Oxford (T ) - Digno de citao, por ser um
manuscritos muito antigo com data explicita ( 844 d.C.).
Manuscrito Roma (S) Existente na Biblioteca do Vaticano, tambm digno de
citao, por ser um manuscritos muito antigo com data explicita ( 949 d.C.).
OS MANUSCRITOS CURSIVOS
Com o aumento da procura por manuscritos dos textos do Novo Testamento ao longo
dos sculos, era necessrio o emprego de uma forma de escrita com letra menor e mais fcil.
Dessa forma foi introduzida a letra corrente ou cursiva que j era empregada nas
correspondncias sociais e comerciais. Durante quase dois sculos. Usou-se o uncial e o cursivo,
mas pouco a pouco foi prevalecendo o cursivo. Foi com essa letra que nos chegaram a maioria
dos manuscritos do Novo Testamento, que comearam a ser escritos de forma cursiva do sculo
IX d.C. at a inveno da Imprensa no sculo XV d.C. Eram empregados, o papel e o
pergaminho que variavam muito na durao e forma.
19
OS PAPIROS
So antiqssimos testemunhos do texto original do Novo Testamento, com alguns
remontando ao ano 200 d.C. Segundo o telogo Felipe Aquino alguns eles esto distribudos da
seguinte forma:
N
30
CONTEDO LOCAL DATA (Sculo)
P1 Evangelhos Filadlfia III
P2 Evangelhos Florena VI
P3 Evangelhos Viena VI-VII
P4 Evangelhos Paris III
P5 Evangelhos Londres III
P6 Evangelhos Estrasburgo IV
P7 Atos dos Apstolos Berlim IV
FONTE: Escola da F II A Sagrada Escritura. Lorena - SP. 2000, p.38
OS LECIONRIOS
Os Lecionrios so colees dos Evangelhos e Epstolas, para a leitura nas celebraes da
Igreja Catlica, desde os primrdios do cristianismo. So escritos com especial cuidado, com
caracteres grandes e claros. No existe testemunho mais valioso dos textos Sagrados para a
mesma poca em que foram escritos nos Lecionrios. Dos chamados Evangelistaria, que so lies
dos Evangelhos, existem mais de mil exemplares. Dos Praxapostoli que so lies dos Atos dos
Apstolos e Epstolas, conhecem-se aproximadamente trs mil exemplares. Todos estes
Lecionrios so de grande importncia para o estudo do texto original das Sagradas Escrituras.
30
Sigla do Papiro (Exemplo: Papiro 1).
20
AS CITAES DOS PRIMEIROS CRISTOS
As citaes dos primeiros cristos referindo-se aos textos do Novo Testamento,(como
algumas vezes j foram utilizadas nesta pesquisa) so de suma importncia, como testemunho a
respeito do Cnon Bblico. Encontram-se na Histria, diversas citaes dos Catlicos: Clemente de
Roma ( 102 d.C.), Taciano (172 d.C.), Justino Mrtir (164 d.C.), Clemente de Alexandria ( 215
d.C.), Orgenes ( 254 d.C.), Tertuliano (220 d.C.), Cipriano (258 d.C.), Ambrsio (397 d.C.) e
Agostinho (430 d.C.) entre outros.
QUADRO COMPARATIVO DE CITAES
Cristo Evangelho
Atos dos
Apstolos
Epstolas
Catlicas
Epstolas
Paulinas
Apocalipse Total
Justino Mrtir 268 10 63 43 3 387
Irineu 1.038 194 23 499 65 1.819
Clemente de Alexan. 1.017 44 207 1.127 11 2.406
Orgenes 9.231 349 399 7.778 165 17.922
TOTAL GERAL 11.554 597 692 9.447 244 22.534
Adaptado de: Histria, Doutrina e Interpretao da Bblia. So Paulo.1951, p.47
O quadro
31
que se segue (o quadro est na pgina seguinte, para melhor visualizao),
mostra os principais escritores eclesisticos catlicos dos primeiros quatro sculos do
Cristianismo, entre outros, que direta ou indiretamente aceitavam o Cnon do Novo Testamento,
em sua totalidade ou em suas diversas partes.
Legenda:
() Data da morte do escritor.
() Tempo em que mais ou menos floresceu o escritor ou o escrito.
(*) Autor de um catlogo.
31
Adaptado de: Histria, Doutrina e Interpretao da Bblia. So Paulo.1951, p.47
21
Novo Testamento citado como
autntico, uma coleo distinta
Citado, interpretado e comentado
como tendo particular autoridade, ou
como Divino
Seitas que apelaram para o Novo
Testamento
SCULO I
Epstola de Barnab Barnab
Hermas, Pastor 160 Hermas
Clemente de Roma 102 Clemente
Incio 110 Incio
Policarpo 156 Policarpo
-
SCULO II
Quadratus 130 - Basilides, Alex 122
Papias 163 - Valentino, Roma 140
Dionsio de Corntio 163 Dionsio Setites, Egito 140
Justino Mrtir Justino Mrtir Carpocracianos, Alex 145
Melito 180 - Marcio 150
Hegesipo 175 - Montanistas 157
Antengoras 180 Taciano 172 Eucratistes 165
Tefilo 180 Tefilo Celso 178
* Muratorino 150 Irineu Teodoto 193
Irineu 202. - Artemon 193
SCULO III
Cipriano 258 Amnio de Alexandria 200-35 Herngenes, Catargo 203
* Orgenes 254 Cipriano Novaciano, Roma 251
* Clemente de Alexandria 215 Orgenes -
Tertuliano 220 Clemente Sabelianos do Egito 258
Mincio Flix 220 Tertuliano Paulo de Samosata 265
Dionsio Alex 265 - Maniqueu, Prsia 274
Comodiano 270 Dionsio -
Vitrino de Petvio 290 Hiplito 234 Porfrio, Roma 305
Lactncio 325 Vitorino Luciano 312
* Eusbio de Cesaria 339 - -
SCULO IV
Eusbio de Nicomdia 335 - Arianos 318
Apolinrio, Laodicia 362 - Donatistas 328
Conclio de Laodicia 363 - Imperador Julialo 365
Damaso, Roma 367 - -
Hilrio de Pointers 367 - -
Atansio 373 Atansio -
* Anfilquio de Icnio 380 Efram, Srio 378 Priscilianistas 378
* Cirilo de Jerusalm 386 Baslio, Cesaria 379 Apolinaristas 378
* Filstrio 387 - -
* Gregrio Nazianzeno 389 Gregrio Nazianzeno -
Ddimo, Alexandria 396 - -
Ambrsio de Milo 397 Ambrosio -
* Snodo de Catargo 397 - -
* Epifnio, Chipre 403 Epifnio -
* Joo Crisstomo 407 Paldio 407 Pelagianos 410
* Jernimo 420 Jernimo -
* Agostinho 430 - -
Rufino 410 - -
22
A LNGUA DO NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento Inteiro foi escrito em grego; s o Evangelho de Mateus, conforme
testemunho de antigos teve uma primeira redao em aramaico, a qual, porm se perdeu sem
deixar vestgios; em lugar dela temos uma traduo, ou melhor, uma redao grega (Bblia
Sagrada. So Paulo. 1982, p.8)
O grego das escrituras foi escritos por helenistas, judeus que falavam grego, mas o seu
pensamento era formado segundo o original Hebraico e suam mente estava voltada para a
linguagem da Verso dos LXX das escrituras judaicas . A lngua grega uma mistura de dialetos,
cujos principais so o drico e o jnico.
O dialeto drico foi o primeiro pela sua antiguidade e influncia, spero e de som
extenso. J o dialeto jnico que foi o segundo quanto ao tempo, era notvel pela doura e
suavidade, foi primeiramente utilizado na tica e posteriormente na sia Menor.
Com a conquista da Grcia, por Felipe da Macednia, foram-se confundindo os
dialetos e formou-se o Helnico (dialeto comum) cuja base era o tico. Com as conquistas de
Alexandre Magno e a fuso de diferentes povos, acabaram por produzir mais modificaes no
dialeto, os idiomas macednico e alexandrino tornaram-se comum na Grcia, no Egito e no Oriente.
Em Alexandria, residiam muitos judeus e l foi onde se fez a Verso dos LXX, sendo
judeus os escritores, o grego alexandrino que eles falavam foi modificado a ponto de compreender
pensamentos e expresses idiomticas hebraicas. esta, a linguagem do Novo Testamento,
helenstica ou mais propriamente grego-hebraica. Uma mistura de dialetos, modificados por judeus de
Alexandria e da Palestina. Por isso que se encontram palavras e frases, vindos de diversas fontes,
como do aramaico, do latim, do persa e do egpcio. Existem tambm palavras que em sua ortografia,
forma, flexo e gnero so particulares a antigos dialetos que no se usou no helnico. E por fim
temos tambm palavras e expresses de sentido propriamente judaico e cristo.
Podem se ver expresses aramaicas em S. Marcos (cf. Mac 14,36; 3,17), nos Atos dos
Apstolos (cf. At 1,19), em S. Mateus (cf. Mat 5,22), palavras latinas em S. Mateus (cf. 5,26; 10,29;
17,25; 18,28; 26,53; 27,27.65), S. Marcos (cf. Mac 15,39), S. Lucas (cf. Luc 19,20), S. Joo (cf. Joa
2,15), nos Atos dos Apstolos (cf. At 19,12), frases latinas em S. Mateus (cf. Mat 12,14), S. Marcos
(cf. Mac 15,15), S. Lucas (cf. Luc 12,58), nos Atos dos Apstolos (cf. At 17,9), expresses prsicas
em S. Mateus (cf. Mat 2,1; 5,41; 27,32), S. Marcos (cf. Mac 15,21), S. Lucas (cf. Luc 23,43), nos
Atos dos Apstolos (cf. At 8,27) e expresses egpcias em S. Mateus (cf. Mat 27,50) e S. Lucas (cf.
Luc 16,19).
A INSPIRAO E A ORIGINALIDADE DO TEXTO
As coisas reveladas por Deus, que se encontram e manifestam na Sagrada Escritura, foram
escritas por inspirao do Esprito Santo. De fato a Igreja, por f apostlica, considera como
sagrados e cannicos os livros inteiros tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas
as suas partes, por que tendo sido escritos por inspirao do Esprito Santo (cf. Jo 30,31; II
Tim 3,16; II Ped 1,19-21; 3,15-16), tem a Deus por autor e como tais foram confiados
prpria Igreja. Todavia para escrever os Livros sagrados, Deus escolheu homens, que utilizou
na posse de faculdades e capacidades que tinham, para que agindo Deus neles e por meios
deles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e s aquilo que Ele
quisesse. (Bblia Sagrada. So Paulo. 1982, p.9)
A Igreja Catlica, sempre afirmou que a inspirao da Bblia, partiu de Deus, atravs do
Esprito Santo, agindo no autor bblico (hagigrafo) que utilizava de suas faculdades para
23
escrever. Por tanto, coexistem na escritura elementos divinos e humanos, um livro que expressa a
revelao de Deus, utilizando-se da maneira humana de se expressar.
A inspirao Bblica, segundo o conceito Catlico, no uma moo mecnica, nem um
ditado como se o autor humano fosse passivo e nada de prprio assentasse no Livro
inspirado...Antes de tudo, a inspirao uma luz intelectual, que, ou descobre ao homem
aquilo quer antes ignorava (e ento tem-se a revelao) ou com novo esplendor lhe apresenta
aquilo que j sabia...A ao inspiradora estende-se a todas as faculdades do homem, a todas
as suas aes empregadas ao escrever, at redao completa...Dai segue que a inspirao no
suprime nem atenua a personalidade do escritor humano, e nos vrios livros da Bblia, pode-se
ver refletida a ndole e o estilo de cada autor. (Bblia Sagrada. So Paulo. 1982, p.10)
No que diz respeito originalidade dos escritos Bblicos, sabemos que nenhum
autgrafo, tal qual saram das mos do autor bblico, chegou at ns. Porm a substncia do
depsito da f foi magnificamente conservada por Deus, mantendo a revelao divina inalterada
mesmo nas cpias que nos legaram o texto que hoje possumos.
Ainda que em geral possamos estar certos de que possumos substancialmente os livros como
eles foram escritos, no tendo sido obscurecida uma promessa, no tendo sido alterada uma
verdade, e ainda pelo menos a contar do fim do primeiro sculo, a pureza da letra tenha sido
miraculosamente preservada, temos de contentar-nos com a posse dum tesouro que no
corresponde perfeitamente aos autgrafos sagrados. As imperfeies da letra podem levar-nos a
considerar o esprito do texto, indo das palavras para a Palavra, que permanece inabalvel e
cresce em significado atravs dos tempos. (Histria, Doutrina e Interpretao da Bblia. So
Paulo.1951, p.28)
Segundo os mais exigentes crticos do sculo IXX, os eruditos ingleses de Cambridge,
Brook Foss Westcott e Fenton Jhon Anthony Hort (Westcott e Hort), que em 1881, publicaram
o livro The New Testament In The Orginal Greek Vol I e II, contendo a teoria e o mtodo da crtica
textual, existem no Novo Testamento, mais de 150.000 (cento e cinqenta mil) palavras, com mais
de 250.000 (duzentos e cinqenta mil) variantes, que so na maioria mincias que no atingem
absolutamente o sentido. Assim sendo sete oitavas de todo o Novo Testamento so transmitidos sem
variantes, quanto s variantes, somente a milsima parte atinge o sentido, e s umas vinte assumem verdadeira
importncia, nenhuma atinge alguma verdade de f. Desta forma, conclui-se categoricamente que o
texto genuno do Novo Testamento assegurado na substncia e em quase todas as minuciosas
particularidades.
24
CONCLUSO
Eu aprendi a venerar os livros da Escritura que chamamos cannicos. Quanto aos outros,
quando os leio no penso que seja verdadeiro o que dizem, porque o dizem, mas por que me
puderam convencer, ou pelos autores inspirados ou por alguma razo especial, de que no se
desviaram da verdade
Santo Agostinho ( 430 d.C.)
Sem dvidas, a participao da Igreja Catlica Apostlica Romana no processo de
formao, definio e conservao do Cnon Bblico, foi essencial para hoje podermos dispor da Palavra
de Deus a Bblia..
Sem a ao Divina atravs da Igreja, no teramos como saber quais seriam os livros da
Bblia e nem o texto original teria resistido incorruptvel ao longo dos sculos.
Na Sagrada Escritura, salva sempre a verdade e a santidade de Deus, manifesta-se a
admirvel condescendncia da eterna Sabedoria, para nos levar a conhecer a inefvel
benignidade de Deus e a grande acomodao que usou nas palavras, tomando antecipadamente
cuidado da nossa natureza
So Joo Crisstomo ( 407 d.C.)
Deus quis e utilizou a Igreja, para conservar intacta e transmitir ao mundo sem erro, a
sua Revelao.
25
ANEXO I
TRADUO DO CANON DE MURATRI
...aos quais esteve presente e assim o fez. O terceiro livro do Evangelho o de Lucas. Este
Lucas, mdico que depois da ascenso de Cristo foi levado por Paulo em suas viagens, escreveu
sob seu nome as coisas que ouviu, uma vez que no chegou a conhecer o Senhor pessoalmente, e
assim, medida que tomava conhecimento, comeou sua narrativa a partir do nascimento de
Joo. O quarto Evangelho o de Joo, um dos discpulos. Questionado por seus condiscpulos e
bispos, disse: Andai comigo durante trs dias a partir de hoje e que cada um de ns conte aos
demais aquilo que lhe for revelado. Naquela mesma noite foi revelado a Andr, um dos
apstolos, que, de conformidade com todos, Joo escrevera em seu nome. Assim, ainda que
parea que ensinem coisas distintas nestes distintos Evangelhos, a f dos fiis no difere, j que o
mesmo Esprito inspira para que todos se contentem sobre o nascimento, paixo e ressurreio
[de Cristo], assim como sua permanncia com os discpulos e sobre suas duas vindas depreciada e
humilde na primeira (que j ocorreu) e gloriosa, com magnfico poder, na segunda (que ainda
ocorrer). Portanto, o que h de estranho que Joo freqentemente afirme cada coisa em suas
epstolas dizendo: O que vimos com nossos olhos e ouvimos com nossos ouvidos e nossas
mos tocaram, isto o escrevemos? Com isso, professa ser testemunha, no apenas do que viu e
ouviu, mas tambm escritor de todas as maravilhas do Senhor. Os Atos foram escritos em um s
livro. Lucas narra ao bom Tefilo aquilo que se sucedeu em sua presena, ainda que fale bem por
alto da paixo de Pedro e da viagem que Paulo realizou de Roma at a Espanha. Quanto s
epstolas de Paulo, por causa do lugar ou pela ocasio em que foram escritas elas mesmas o dizem
queles que querem entender: em primeiro lugar, a dos Corntios, proibindo a heresia do cisma;
depois, a dos Glatas, que trata da circunciso; aos Romanos escreveu mais extensamente,
demonstrando que as Escrituras tm como princpio o prprio Cristo. No precisamos discutir
sobre cada uma delas, j que o mesmo bem-aventurado apstolo Paulo escreveu somente a sete
igrejas, como fizera o seu predecessor Joo, nesta ordem: a primeira, aos Corntios; a segunda,
aos Efsios; a terceira, aos Filipenses; a quarta, aos Colossenses; a quinta, aos Glatas; a sexta, aos
Tessalonicenses; e a stima, aos Romanos. E, ainda que escreva duas vezes aos Corntios e aos
Tessalonicenses, para sua correo, reconhecesse que existe apenas uma Igreja difundida por toda
a terra, pois da mesma forma Joo, no Apocalipse, ainda que escreva a sete igrejas, est falando
para todas. Alm disso, so tidas como sagradas uma [epstola] a Filemon, uma a Tito e duas a
Timteo; ainda que sejam filhas de um afeto e amor pessoal, servem honra da Igreja Catlica e
ordenao da disciplina eclesistica. Correm tambm uma carta aos Laodicenses e outra aos
Alexandrinos, atribudas [falsamente] a Paulo, mas que servem para favorecer a heresia de
Marcio, e muitos outros escritos que no podem ser recebidos pela Igreja catlica porque no
convm misturar o fel com o mel. Entre os escritos catlicos, se contam uma epstola de Judas e
duas do referido Joo, alm da Sabedoria escrita por amigos de Salomo em honra do mesmo.
Quanto aos apocalipses, recebemos dois: o de Joo e o de Pedro; mas, quanto a este ltimo,
alguns dos nossos no querem que seja lido na Igreja. Recentemente, em nossos dias, Hermas
escreveu em Roma O Pastor, sendo que o seu irmo, Pio, ocupa a Ctedra de Bispo da Igreja
de Roma. , ento, conveniente que seja lido, ainda que no publicamente ao povo da Igreja,
nem aos Profetas cujo nmero j est completo , nem aos Apstolos por ter terminado o seu
tempo. De Arsnio, Valentino e Melcades no recebemos absolutamente nada; estes tambm
escreveram um novo livro de Salmos para Marcio, juntamente com Basledes da sia...
FONTE: www.cleofas.com.br. Acesso em 05/06/2002.
26
ANEXO II
AS CONTRIBUIES CATLICAS PARA A BBLIA
O prprio Lutero disse: "foi um efeito do poder de Deus que o Papado preservou, em primeiro lugar,
o santo batismo; em segundo, o texto dos Santos Evangelhos, que era costume ler no plpito na lngua verncula de
cada nao...".
Muitos Catlicos e protestantes no percebem quanto devem a Igreja catlica por ter a
Bblia como ns temos hoje. Por exemplo, antes que Lutero fizesse sua traduo em alemo em
setembro de 1522, j havia dezessete tradues alems (todas antes de 1518) j impressas, doze
destas no dialeto do baixo-alemo.
50 - 55 d.C. - O PRIMEIRO EVANGELHO FOI ESCRITO:
S. Mateus, um dos doze apstolos de Cristo, mrtir da f, escreve o primeiro evangelho
da vida de Cristo em aramaico. Este evangelho seria seguido por trs outros evangelhos escritos
em grego. O Evangelho de S. Marcos (64 d.C.), o Evangelho de S. Lucas (63 ou 64 d.C.) e o
Evangelho de S. Joo (97 d.C.).
52 d.C. - A PRIMEIRA EPSTOLA FOI ESCRITA:
S. Paulo, apstolo de Cristo, mrtir da f, escreve a primeira Epstola a uma parte da
Igreja. Esta conhecida hoje como "Primeira aos Tessalonicenses". Este escrito seria seguido de 21
outras epstolas Apostlicas, sendo o ltimo escrito pelo Apstolo S. Joo, em 69 d.C.
64 d.C. - FOI ESCRITO OS ATOS DOS APSTOLOS:
S. Lucas, discpulo de S. Paulo, mrtir da f, escreve "Atos dos Apstolos", uma histria da
igreja da Pscoa at a morte de S. Paulo. Atos e o Evangelho Segundo So Lucas, fez S. Lucas o
autor da maior parte do NT, ou seja, 28%.
70 a 140 d.C. - PPIAS ERA BISPO DE HIERPOLIS:
Segundo ele o Apstolo Marcos foi o interprete de Pedro, escreveu fielmente, embora
sem ordem, tudo o que lembrava sobre as palavras e as aes do Senhor. Ao passo que Mateus,
reuniu ordenadamente, em lngua hebraica, a vida de Jesus. O bispo Ppias afirma ter conhecido
as filhas do Apstolo Felipe.
98-99 d.C. - O LTIMO LIVRO DIVINAMENTE INSPIRADO DOS APSTOLOS
FEITO:
S. Joo, Apstolo de Cristo, escreve o ltimo livro divinamente inspirado dos Apstolos.
Isto conhecido hoje como Apocalipse.
153-170 d.C. - O PRIMEIRO TRATADO EM "A HARMONIA DOS
EVANGELHOS":
A mais antiga tentativa de fazer uma harmonia foi por Taciano (morreu em 172) e seu
ttulo, Diatessaron, d abundante evidncia da primitiva aceitao na Igreja Catlica de nossos
quatro Evangelhos Cannicos. A prxima Harmonia foi feita por Amnio de Alexandria,
professor de Orgenes, que apareceu em 220 d.C., mas se perdeu.
27
SCULO II/III - A PRIMEIRA ESCOLA DA BBLIA:
Os antigos Catlicos comearam uma escola em Alexandria para a aprendizagem dos
Evangelhos e outros escritos Catlicos antigos.
250 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA EM IDIOMA PARALELA:
O Catlico Orgenes cria a edio da Hexapla do VT, que continha o hebraico paralelo
com verses gregas.
250 d.C. - A PRIMEIRA BIBLIOTECA CATLICA:
O Catlico Orgenes cria uma bem equipada biblioteca em Cesaria, com a finalidade de
estudar os Evangelhos e outros escritos Catlicos antigos.
250-300 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA EM FORMA DE LIVRO:
Os judeus usaram o rolo de papiro, os primitivos catlicos foram os primeiros ao usar a
forma de livro (cdice) para Escrituras.
SCULO IV - O USO DA PALAVRA "BBLIA":
Veio da palavra grega "biblos", que significa o lado interno do papiro, papel-cana de onde
eram feitos os primeiros papis, no Egito. A forma latina "Bblia", escrita com uma letra maiscula,
veio a significar "O Livro dos Livros", "O Livro" por excelncia. As Santas Escrituras foram
chamadas de Bblia pela primeira vez por S. Crisstomo, arcebispo Catlico de Constantinopla, no
sc. IV.
SCULO IV - AS MAIS ANTIGAS BBLIAS EXISTENTES:
As duas mais antigas Bblias existentes, que contm o Velho e a maioria (mas no
completo) do Novo Testamento, chamam-se hoje de Cdice Vaticanus (325-350 d.C.), o Cdice
Sinaiticus (340-350 d.C.), o Cdice Ephraemi (345 d.C.) e o Cdice Alexandrinus (450), que foram
copiados mo por monges Catlicos.
340 e 373 d.C. CONFIRMAO DO APOCALPSE.
Coube aos pais da Igreja, desde os Catlicos Eusbio de Cesaria e Atansio de
Alexandria confirmarem definitivamente nos anos 340 e 373 dC. que o Apocalipse era obra
inspirada.Os conclios de Hipona e de Cartago, j definiram os 27 livros do Novo Testamento ao
concatenarem os cdigos ocidentais e orientais".
367 d.C. - O USO DO PALAVRA "CNON":
S. Atansio, bispo Catlico de Alexandria, aplica o termo cnon para o contedo da
Bblia, introduzindo o verbo canonizar que significa "dar sano oficial a um documento escrito"
367 d.C. - O CNON DO NOVO TESTAMENTO:
A 39 carta festal de S. Atansio, bispo catlico de Alexandria, enviada para as igrejas sob
sua jurisdio em 367, terminou com toda a incerteza sobre os limites do cnon do NT. Nela,
preservada em uma coleo de mensagens, listou como cannicos os 27 livros do NT, embora os
organizasse em uma ordem diferente. Esses livros do NT, na ordem atual so os quatro
Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas, Joo), Atos dos Apstolos, Romanos, 1 Corntios, 2
Corntios, Glatas, Efsios, Filipenses, Colossenses, 1 Tessalonicenses, 2 Tessalonicenses, 1
Timteo, 2 Timteo, Tito, Filemn, Hebreus, Tiago, 1 Pedro, 2 Pedro, 1 Joo, 2 Joo, 3 Joo,
Judas e Apocalipse.
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388 d.C. - O PRIMEIRO GLOSSRIO DE NOMES DA BBLIA:
S. Jernimo compilou o "Livro de Nomes Hebreus, ou Glossrio de Nomes Formais do Velho
Testamento". O Livro de Nomes Hebreus foi sem dvida de muito uso na poca em que as pessoas
quase no conheciam o hebraico, embora o arranjo seja estranho com um glossrio separado para
cada livro da Bblia.
388 d.C. - O LIVRO DOS NOMES DE LUGARES HEBREUS:
S. Jernimo compilou o "O Livro dos Nomes de Lugares Hebreus" que foram feitos primeiro
por Eusbio com adies de Jernimo. Os nomes sob cada letra so colocados em grupos
separados na ordem dos livros das Escrituras nas quais eles aparecem; por exemplo, na letra A
temos os nomes de Gnesis, depois xodo, e assim por diante. Mas no h lugar para fantasia, e o
testemunho de homens que viveram na Palestina nos sc. IV e V ainda so de grande valor ao
estudante da topografia sagrada. Quando os lugares esto fora do conhecimento do escritor, ele
usa de especulao, como quando o autor nos fala que a Arca pode ser encontrada nas
proximidades do Ararat.
390 d.C. - A PRIMEIRA COMPILAO COMPLETA DO VELHO E NOVO
TESTAMENTO:
No Conclio de Hipona, a Igreja Catlica reuniu os vrios livros que reivindicaram serem
escrituras, revisou cada um e decidiu quais eram inspirados ou no. A Igreja Catlica reuniu todos
os livros e Epstolas inspirados em um volume chamado A Verso de Septuaginta do Velho Testamento
(que foi traduzida por setenta estudiosos em Alexandria, Egito por volta de 227 a.C. e foi a verso
que Cristo e os apstolos usaram) e a mesma Bblia que temos hoje. A Igreja catlica deu-nos
ento, a Bblia.
400 d.C. - A MAIOR PARTE DAS ESCRITURAS SAGRADAS TRADUZIDAS:
Nas lnguas siraco, cptico, etope, georgiano. Na regio do Reno e Danbio (Imprio
romano) Uma verso gtica foi traduzida pelo bispo gtico Ulfilas (318-388), quem, depois de
inventar um alfabeto, produziu uma verso das Escrituras da septuaginta do VT e do grego.
406 d.C. - A TRADUO ARMNIA:
Em 406 o alfabeto Armnio foi inventado por Mesrob, que cinco anos depois completou
uma traduo do VT e NT da verso Sria em Armnio.
405 d.C. - A PRIMEIRA TRADUO DA BBLIA COMPLETA NA LINGUAGEM
COMUM:
A Vulgata latino, de latin editio vulgata: "verso comum", a Bblia ainda usada pela Igreja
Catlica Romana, foi traduzida por S. Jernimo (quem os tradutores da verso KJV de 1611 em
seu prefcio o chamaram de "o pai mais instrudo, e o melhor lingista de sua poca ou de qualquer antes
dele". Em 382, o papa Dmaso pediu a Jernimo, o maior estudioso bblico de sua poca, que
produzisse uma verso latina aceitvel da Bblia das vrias tradues que eram ento usadas. Sua
traduo latina revisada dos Evangelhos apareceu em 383. Usou a verso da Septuaginta grega do
VT do qual ele produziu uma nova traduo latina, um processo que ele completou em 405.
como tradutor das Escrituras que Jernimo mais conhecido. Sua Vulgata foi feita no momento
certo e pelo homem certo. O latim ainda estava vivo, apesar do Imprio Romano estar
desaparecendo. E Jernimo era mestre em latim.
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450-550 d.C. - O BEZAE CANTABRIGIENSIS (TAMBM CHAMADO CDICE
BEZAE):
Este o manuscrito bilnge mais antigo existente, com o grego na pgina esquerda, e
latim direita. O Bezae Cantabrigiensis era um texto ocidental copiado em 450-550 e que
preservou a maior parte dos quatro Evangelhos e partes de Atos.
SCULO VII - A PRIMEIRA TRADUO DA BBLIA PARA O FRANCS:
As verses francesas dos Salmos e o Apocalipse, e um mtrico do Livro de Reis,
apareceu j no stimo sculo. Em 1223 uma traduo completa foi feita sob o rei Catlico Louis, o
Piedoso. Isto foi 320 anos antes da primeira verso francesa protestante. At o dcimo quarto
sculo, foram produzidas muitas histrias da Bblia.
SCULO VII - A PRIMEIRA VERSO ALEM:
A histria da pesquisa Bblica mostra que as numerosas verses parciais no vernculo na
Alemanha j aparecem nos sculos VII e VIII. Tambm h abundncia dessas verses nos sculos
XIII e XIV, e uma Bblia completa no sculo XV, antes da inveno da imprensa.
SCULO VIII - A PRIMEIRA TRADUO DA BBLIA EM INGLS:
Por Adelmo, bispo de Sherborne, e Bede. Uma traduo do sculo IX da Bblia para o
ingls (no dialeto anglo-saxo) foi feita por Alfred. Uma traduo do sc. X para ingls foi feita
por Aelfric. Foi feita uma traduo em 1361 da maior parte das Escrituras no dialeto ingls
(anglo-normando). Isto foi 20 anos antes da traduo de Wycliffe em 1381.
SCULOS VIII e IX - O USO DA FORMA DE ESCRITA CHAMADA
"MINSCULA":
Como o bloqueio do comrcio oriental de papiro fez o mercado ocidental usar o
pergaminho, o fator econmico ficou potente. Para caber mais letras na pgina, o copista teve de
usar letras menores e apertadas. Alguns, para preservar suas formas, colocavam algumas acima e
outras abaixo linha. O resultado foi uma forma de escrita chamada Minscula pequenas letras,
com iniciais maisculas para nfase. Este sistema ainda usado hoje. Foi uma mudana gramatical
da "Maiscula" que consistia de letras grandes usadas pelos gregos, romanos e judeus.
SCULO IX - A PRIMEIRA TRADUO ESLAVA DA BBLIA:
Os Catlicos Cirilo e Metdio pregaram o Evangelho para os eslavos na segunda
metade do nono sculo e S. Cirilo, tendo formado um alfabeto, fez para eles uma verso Velho
Eclesistico Eslavo, ou Blgaro, uma traduo da Bblia do grego. No fim do dcimo sculo esta
verso entrou na Rssia e depois do dcimo segundo sculo sofreu muitas mudanas lingsticas e
textuais. Uma Bblia eslava completa foi feita de um cdice antigo no tempo de Waldimir (m.
1008) foi publicada em Ostrogodo em 1581.
1170 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA PARALELA EM INGLS:
O Psalterium Triplex de Eadwine, que continha a verso latina acompanhada por textos
anglo-normandos e anglo-saxes, se tornou a base de verses anglo-normandas.
SC. XII - A PRIMEIRA DIVISO DE CAPTULOS:
Foi o arcebispo Catlico britnico de Canterbury, St. Estvo Langton (morreu em 1228),
foi o primeiro a dividir as Escrituras em captulos: 1.163 captulos no VT e 260 no NT.
30
SC. XIII - A PRIMEIRA TRADUO DA BBLIA EM ESPANHOL:
Sob o rei Alfonso V de Espanha.
1230 d.C. - A PRIMEIRA CONCORDNCIA:
Uma concordncia da Bblia da Vulgata latina foi compilada pelo frade dominicano
Hugo de So Cher.
1300 d.C. - A PRIMEIRA TRADUO DA BBLIA EM NORUEGUS:
A mais antiga e celebrada a traduo de Gnesis - Reis chamada Stjrn ("Direo"; i.e., de
Deus) em noruegus antigo, em 1300. As verses suecas do Pentateuco e de Atos sobreviveram
do dcimo quarto sculo e um manuscrito de Josu - Juzes por Nicholaus Ragnvaldi de Vadstena
de c. 1500. A verso dinamarquesa mais antiga de Gnesis - Reis deriva de 1470.
1454 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA IMPRESSA:
Gutenberg causou grande excitao quando no outono daquele ano exibiu uma amostra
na feira do comrcio de Frankfurt. Gutenberg rapidamente vendeu todas as 180 cpias da Bblia
da Vulgata latina at mesmo antes da impresso estar acabada.
1466 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA IMPRESSA EM ALEMO:
Isto foi cinqenta oito anos antes de Lutero fazer sua Bblia alem em 1524. Nestes
cinqenta e oito anos os Catlicos imprimiram 30 diferentes edies alems da Bblia.
1470 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA IMPRESSA EM ESCANDINAVO: No dcimo
quarto sculo, foram feitas verses das Epstolas dominicas e dos Evangelhos para uso popular na
Dinamarca. Grandes partes da Bblia, se no uma verso inteira, foi publicada em 1470.
1471 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA ITALIANA:
Muitos anos antes de Lutero fazer sua Bblia (em 1522) os Catlicos j tinham feito 20
diferentes edies italianas da Bblia.
1475 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA IMPRESSA EM HOLANDS:
A primeira Bblia em holands foi impressa por catlicos na Holanda em Delft em 1475.
Algumas foram impressas por Jacob van Leisveldt em Antwerp.
1478 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA IMPRESSA EM ESPANHOL:
Muitos anos antes de Lutero fazer sua Bblia (em 1522) os Catlicos j tinham feito 2
diferentes edies espanholas da Bblia.
1466 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA IMPRESSA EM FRANCS:
Muitos anos antes de Lutero fazer sua Bblia (em 1522) os Catlicos j tinham feito 26
diferentes edies francesas da Bblia.
1516 d.C. - A PRIMEIRA IMPRESSO DO NOVO TESTAMENTO GREGO:
Um Catlico chamado Erasmo fez a primeira impresso de seu NT grego. Muitos anos
antes de Lutero fazer sua Bblia (em 1522) os Catlicos j tinham feito 22 diferentes edies gregas
da Bblia.
31
1534 d.C. - O PRIMEIRO USO DE ITLICOS PARA INDICAR PALAVRAS QUE
NO ESTAVAM NO ORIGINAL:
Um Catlico chamado Munster foi o primeiro em usar itlicos para indicar palavras que
no estavam nos textos originais grego e hebraico, em sua verso da Vulgata latina.
1548 d.C. - AS PRIMEIRAS VERSES CHINESAS:
Entre as tradues mais antigas uma verso a de S. Mateus por Anger, um Catlico
japons (Goa, 1548). O jesuta Padre de Mailla escreveu para uma explicao dos Evangelhos para
domingos e festas em 1740.
1551 d.C. - A PRIMEIRA DIVISO DE VERSCULOS:
A primeira diviso da Bblia em versculos vista pela primeira vez em uma edio do
NT grego publicada em Paris pelo Catlico Robert Stephens.
1551 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA IMPRESSA COMPLETA COM CAPTULOS E
VERSCULOS:
A primeira diviso da Bblia em captulos e versculos vista pela primeira vez em uma
edio da Vulgata publicada em Paris pelo Catlico Roberto Estevo.
1561 d.C. - A PRIMEIRA BBLIA COMPLETA EM POLONS:
Foi impressa em Cracvia em 1561, 1574, e 1577. Jacob Wujek, S.J., fez uma nova
traduo da Vulgata (Cracvia, 1593) admirada por Clemente VIII e que foi muito reimpressa.
1579 d.C. - A PRIMEIRA VERSO MEXICANA:
A primeira Bblia conhecida no Mxico foi uma verso dos Evangelhos e Epstolas em
1579 por Ddaco de S. Maria, O.P., e o Livro de Provrbios por Louis Rodrguez, O.S.F. Uma
verso do NT foi feita em 1829, mas s o Evangelho de S. Lucas foi impresso.
1836 d.C. - A PRIMEIRA TRADUO DA BBLIA PARA O JAPONS:
Uma verso do evangelho de S. Joo e dos Atos foi editada em katakana (tipo quadrado)
em Cingapura (1836) por Charles Gutzlaff.
FONTE: http://geocities.yahoo.com.br/jf_m2001/contribuicoescatolicas.htm. Acesso em 07/07/2004 (Com
Adaptaes).
32
NOTAS DE RODAP
1 Nota do autor.
2 AQUINO, Felipe. Escola da F I A Sagrada Tradio. Lorena SP:
Clofas, 2000,p.31. ; Orgenes e a Reencarnao. Disponvel em:
www.cleofas.com.br.Acesso em 14/08/2001.
3 Nota do autor.
4 Constituio Dogmtica Dei Verbum sobre a Revelao Divina de 18/11/1965, n
11. In:Bblia Sagrada. 47 Ed. So Paulo: Ave Maria,1985.
5 AQUINO, Felipe. Escola da F I A Sagrada Tradio. Lorena SP:
Clofas, 2000,p.29. ; SILVA.Rogrio Amaral. A Fundao da Igreja Catlica
por Nosso Senhor Jesus Cristo.ACI Digital - Agncia Catlica de Imprensa
na Amrica Latina Disponvel em www.acidigital.com.br. Acesso em
16/06/2004.
6 Nota do autor.
7 AQUINO, Felipe. Escola da F I A Sagrada Tradio. Lorena SP:
Clofas, 2000,p.32.
8 Ibid., p.33.
9 Ibid., p.33.
10 Ibid., p.38.
11 Ibid., p.35.
12 Ibid., p.36.
13 Ibid., p.29.
14 Ibid., p.29.
15 AQUINO, Felipe. Escola da F I A Sagrada Tradio. Lorena SP:
Clofas, 2000,p.32
16 AQUINO, Felipe. Escola da F III A Sagrado Magistrio.2 Ed. Lorena SP:
Clofas, 2001,p.12-36.
17 Constituio Dogmtica Dei Verbum sobre a Revelao Divina de 18/11/1965, n
7e 8. In:Bblia Sagrada. 47 Ed. So Paulo: Ave Maria,1985.
18 Nota do autor. (cf. Judas, versculo 9).
19 SILVA, Severino Celestino. Pequena Histria das Tradues Bblicas. Disponvel
em www.nossosaopaulo.com.br. Acesso em 01/07/2004.
20 Superinteressante. So Paulo: Ed. Abril, n181, outubro.2002,p.22-23.
21 AQUINO, Felipe. Escola da F I A Sagrada Tradio. Lorena SP:
Clofas, 2000,p.32
22 Ibid., p.35.
23 Ibid., p.31.
24 Santo Isidoro de Sevilha. Disponvel em
www.capeladelourdes.org.br/santos/vida. Acesso em 06/07/2004.
25 AQUINO, Felipe. Escola da F I A Sagrada Tradio. Lorena SP:
Clofas, 2000,p.30
26 SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. Minidicionrio Compacto Bblico. 3 Ed.
So Paulo: Ridiel,2001, p.312.
27 Bblia Sagrada. 38 Ed. So Paulo: Edies Paulinas,1982,p.1320.
28 Ibid., p.1323.
29 Nota do autor
30 Nota do autor
31 Nota do autor
OBS: todas as notas foram adaptadas pelo autor, exceto n 4 e 23.
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BIBLIOGRAFIA
ANGUS, Joseph e GREEN Samuel G. Histria Doutrina e Interpretao da
Bblia. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista,1951.
AQUINO, Felipe. Escola da F I A Sagrada Tradio. Lorena SP:
Clofas, 2000.
AQUINO, Felipe. Escola da F II A Sagrada Escritura. Lorena SP:
Clofas, 2000.
AQUINO, Felipe. Escola da F III O Sagrado Magistrio. Lorena SP:
Clofas, 2001.
BATTISTINI, Francisco. A Igreja do Deus Vivo Curso Popular sobre a
Verdadeira Igreja.29Ed. Petrpolis RJ:Vozes,1998.
Bblia Sagrada. 47 Ed. So Paulo: Ave Maria,1985.
Bblia Sagrada. 38 Ed. So Paulo: Edies Paulinas,1982
SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. Minidicionrio Compacto Bblico.
3 Ed.So Paulo: Ridiel,2001.
SILVA, Rogrio Amaral. A Fundao da Igreja Catlica por Nosso Senhor
Jesus Cristo.ACI Digital - Agncia Catlica de Imprensa na Amrica
Latina.Disponvel em: www.acidigital.com.br. Acesso em 16/06/2004.
SILVA, Severino Celestino. Pequena Histria das Tradues Bblicas.
Disponvel em www.nossosopaulo.com.br. Acesso em 01/07/2004.
(Autor Desconhecido).Como a Bblia foi escrita. ACI Digital - Agncia
Catlica de Imprensa na Amrica Latina Disponvel em www.acidigital.com.br.
Acesso em 16/06/2004.
Todos os Direitos Reservados.
1 Edio: Setembro / 2004.
2 Edio: corrigida e editada em Agosto/ 2005
permitida a utilizao total ou parcial desta obra, citando-se devidamente o autor.
Fale com o autor (comentrios e crticas): lmartinsj@yahoo.com.br
Obs: Texto disponvel na seo Novidades do site: www.cleofas.com.br.
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