Sociologia Eja
Sociologia Eja
Sociologia Eja
A Sociologia uma das Cincias Humanas que tem como objetos de estudo a sociedade, a
sua organizao social e os processos que interligam os indivduos em grupos, institui!es e
associa!es" #nquanto a $sicologia estuda o indivduo na sua singularidade, a Sociologia estuda os
%en&menos sociais, compreendendo as di%erentes %ormas de constituio das sociedades e suas
culturas"
' termo Sociologia %oi criado em ()*) +sc" ,-,. por Auguste Comte, que
pretendia uni/car todos os estudos relativos ao 0omem 1 como a Hist2ria, a
$sicologia e a #conomia" 3as %oi com 4arl 3ar5, 6mile 7ur80eim e 3a5 9eber que
a Sociologia tomou corpo e seus %undamentos como cincia %oram
institucionalizados"
A Sociologia surgiu como disciplina no sculo ,:---, como resposta acadmica
para um desa/o que estava surgindo; o incio da sociedade moderna" Com a
<evoluo -ndustrial e posteriormente com a <evoluo =rancesa +(>)?., iniciou@se
uma nova era no mundo, com as quedas das monarquias e a constituio dos
#stados nacionais no 'cidente" A Sociologia surge ento para compreender as novas %ormas das
sociedades, suas estruturas e organiza!es"
A Sociologia tem a %uno de, ao mesmo tempo, observar os %en&menos que se repetem
nas rela!es sociais A e assim %ormular e5plica!es gerais ou te2ricas sobre o %ato social A, como
tambm se preocupa com aqueles eventos Bnicos, como por e5emplo, o surgimento do
capitalismo ou do #stado 3oderno, e5plicando seus signi/cados e importCncia que esses eventos
tm na vida dos cidados"
Como toda %orma de con0ecimento intitulada cincia, a Sociologia pretende e5plicar a
totalidade do seu universo de pesquisa" ' con0ecimento sociol2gico, por meio dos seus conceitos,
teorias e mtodos, constituem um instrumento de compreenso da realidade social e de suas
mBltiplas redes ou rela!es sociais"
A Sociologia nasce da pr2pria sociedade, e por isso mesmo essa disciplina pode reDetir
interesses de alguma categoria social ou ser usado como %uno ideol2gica, contrariando o ideal
de objetividade e neutralidade da cincia" Eesse sentido, se e5p!e o parado5o das Cincias
Sociais, que ao contrFrio das cincias da natureza +como a biologia, %sica, qumica etc"., as
cincias da sociedade esto dentro do seu pr2prio objeto de estudo, pois todo con0ecimento um
produto social" Se isso a priori uma desvantagem para a Sociologia, num segundo momento
percebemos que a Sociologia a Bnica cincia que pode ter a si mesma como objeto de
indagao crtica"
INTRODUO A SOCIOLOGIA
O QUE SOCIOLOGIA ????
PARTE I : Construo Sociolgica da Realidade
Os fundamentos da reflexo sociolgica a partir da problematizao do mundo social .
Para alguns, a Sociologia representa uma poderosa arma a servio dos interesses
dominantes; para outros, a expresso terica dos movimentos revolucionrios. Mas afinal,
o que Sociologia ?
A Sociologia uma cincia que estuda as sociedades humanas e os processos que
interligam os indivduos em associaes, grupos e instituies.
Enquanto o indivduo isolado estudado pela Psicologia, a Sociologia estuda os fenmenos
que ocorrem quando vrios indivduos se encontram em grupos de tamanhos diversos, e
interagem no interior desses grupos.
Pondo-se de lado alguns trabalhos precursores, como os de Maquiavel ( Itlia em Florena,
1469 - 1527) e Montesquieu ( Frana em Bordus, 1689 - 1755), o estudo cientfico dos
fatos humanos somente comeou a se constituir em meados do sculo XIX. Nessa poca,
assistia-se ao triunfo dos mtodos das cincias naturais.
Diante da comprovao inequvoca da fecundidade do caminho metodolgico apontado por
Galileu ( Itlia em Pisa, 1564 - 1642) e outros, alguns pensadores que procuravam conhecer
cientificamente os atos !u"anos passaram a abord-los segundo as coordenadas das
cincias naturais. Outros, ao contrrio, afirmando a peculiaridade do fato humano e a
conseqente necessidade de uma "etodologia prpria. Essa metodologia deveria levar em
considerao o fato de que o conhecimento dos fenmenos naturais e um conhecimento de
algo externo ao prprio homem, enquanto nas cincias sociais o que se procura conhecer a
prpria experincia humana ( interna )
De acordo com a distino entre experincia externa e experincia interna, poder-se-ia
distinguir uma srie de contrastes metodolgicos entre os dois grupos de cincias. As cincias
exatas partiriam da observao sensvel e seriam experimentais, procurando obter dados
mensurveis e regularidades estatsticas que conduzissem formulao de leis de carter
matemtico.
As cincias humanas, ao contrrio, dizendo respeito prpria experincia humana, seriam
introspectivas, utilizando a intuio direta dos fatos, e procurariam atingir no generalidades
de carter matemtico, mas descries qualitativas de tipos e formas fundamentais da vida
do esprito.
Os positivistas (como eram chamados os tericos da identidade fundamental entre as cincias
exatas e as cincias humanas) tinham suas origens sobretudo na tradio empirista inglesa
que remonta a #rancis $acon ( Inglaterra em Londres, 1561 - 1626 ) e encontrou
expresso em %avid &u"e ( Esccia em Edimburgo, 1711 - 1776 ), nos utilitaristas do
sculo XIX e outros. Nessa linha metodolgica de abordagem dos fatos humanos se
colocariam Augusto Co"te ( Frana, 1798 - 1857 ) e '"ile %ur(!ei" ( Frana, 1858 -
1917 ), este considerado por muitos como o fundador da sociologia como disciplina cientfica.
Os antipositivistas, adeptos da distino entre cincias humanas e cincias naturais, foram
sobretudo os alemes, vinculados ao idealismo dos filsofos da poca do Romantismo,
principalmente &egel ( Alemanha em Esturgarda, 1770 - 1831 ) e Sc!leier"ac!er
( Polnia em Breslau, 1768 - 1834 ). Os principais representantes dessa orientao foram os
neokantianos )il!el" %ilt!e* ( Alemanha em Briebrich, Rennia, 1833 - 1911 ), )il!el"
)indel+and ( Alemanha em Potsdam, 1848-1915) e &einric! Ric(ert ( Alemanha em
Danzig, 1863 - 1936 ).
Dilthey estabeleceu uma distino que fez fortuna: entre e,-licao .er(l/ren0 e
co"-reenso .verste!en0. O modo explicativo seria caracterstico das cincias naturais,
que procuram o relacionamento causal entre os fenmenos. A compreenso seria o modo
tpico de proceder das cincias humanas, que no estudam fatos que possam ser explicados
propriamente, mas visam aos processos permanentemente vivos da experincia humana e
procuram extrair deles seu sentido.
Os sentidos (ou significados) so dados, segundo Dilthey, na prpria experincia do
investigador, e poderiam ser empaticamente apreendidos por outros em interao com ele
conforme a vivncia de cada um.
Dilthey (como Windelband e Rickert), contudo, foi sobretudo filsofo e historiador e no,
propriamente, cientista social, no sentido que a expresso ganharia no sculo XX. Outros
levaram o mtodo da compreenso ao estudo de fatos humanos particulares, constituindo
diversas disciplinas compreensivas. Na sociologia, a tarefa ficaria reservada a Max Weber.
Levando-se em conta os esforos realizados por tantos pensadores, desde a Antigidade,
para entender a sociedade e o seu desenvolvimento, a Sociologia poderia ser considerada a
mais velha de todas as cincias, e a mais acolhedora. Tanto que hoje em dia praticamente
todo mundo "socilogo - "porque todos estamos sempre analisando os nossos
comportamentos e as nossas experincias interpessoais
1
-, pois, at por razes emocionais,
de alguma forma nos acostumamos a contemplar e a dar palpite sobre os movimentos da
sociedade, as foras que conduzem os seres humanos, as razes dos conflitos sociais, as
origens da famlia, as relaes entre Estado e Direito, o funcionamento dos sistemas polticos,
a funo das ideologias e das religies etc. Segundo esse raciocnio, podem ter sido
socilogos os venerveis santos Agostin!o (Tagasta, Numdia ao norte da frica, 354 -
430 ) e To"1s de Aquino ( Campnia no sul da Itlia, 1225 - 1274 ) e padre Ant2nio
3ieira (Portugal em Lisboa, 1608 - 1697), que interpretavam a realidade social de acordo
com os dogmas e interesses da Igreja Catlica, bem como os notveis l+n 4!aldun,
historiador islmico ( Tunsia, 1332 - 1406 ) e Maquiavel, que criticavam toda interpretao
teolgica da sociedade.
Ibn Khaldun, um precursor das cincias sociais e reconhecido como o historiador principal
do "undo 1ra+e em seu tempo. Mas, o mundo rabe de ento dominava tambm o
Mediterrneo, Espanha e metade de Europa do leste. considerado como hispnico-rabe
pois sua famlia foi uma das principais e mais antigas de Sevilha, embora tivesse nascido na
Tunsia e morrido no Cairo. Era diplomata e estadista, professor nas instituies precursoras
do que hoje associamos a idia de universidade e magistratura.
Sua obra mestra "Muqaddimah ou "introduo histria, que trata do mundo rabe e
muulmano. Entretanto, julgou necessrio conformar uma teoria da histria e do seu mtodo,
e ao o faz-lo, produziu um tratado que segundo alguns, como Arnold To*n+ee ( Inglaterra,
1889 - 1975 ) , desarrolla una filosofa de la historia que es sin duda lo ms grandioso de su
tipo jams escrito, en cualquier tiempo o lugar. Mais do que um tratado da histria ou da
sua filosofia, um exemplo de um enfoque analtico sobre o fenmeno social que hoje em dia
ns chamamos Sociologia. O livro I de sua histria um tratado geral da Sociologia; o II e o
III so sobre a sociologia da poltica (o que hoje chamamos de Cincia Poltica); o IV sobre
economia poltica e o V versa sobre educao e conhecimento.
Toda a obra est estruturada em torno de um conceito que chamou "asabiyah, ou coeso
social. Este o elemento ordenador do fenmeno social que surge espontaneamente das
relaes entre as pessoas e os grupos, que pode ser conformado e institucionalizado pela
cultura e a religio, mas que tambm pode ser destrudo ou debilitado pela decadncia.
I+n 4!aldun 5 u" -recursor das cincias sociais "odernas ao anunciar a e,istncia
de deter"inada orde" social su+6acente ao en2"eno -ol7tico8 econ2"ico8 legal e
"oral9
Em suas palavras, ao definir, o que viu como a cincia nova que chamou "im al umran, ou
cincia da cultura: "Esta cincia tem seu -r-rio o+6eto de estudo, ou seja, a sociedade
humana, com seus problemas e suas mudanas que se sucedem conforme essa natureza
prpria da sociedade. ( traduzido do artigo original em espanhol )
Porm, a trajetria da Sociologia no :cidente, s comea a ser delineada com o movimento
poltico e intelectual conhecido como Ilu"inis"o ( Inglaterra, Holanda e Frana, 1590 - sc
XVII e XVIII ), que exerceu enorme influncia no sculo XVIII, propondo reformas no
interesse das classes privilegiadas ( elite ), conforme leis que regeriam ao mesmo tempo a
sociedade, o universo e a natureza e a Revoluo Industrial ( Inglaterra, 1750 com
introduo da mquina a vapor - sc. XVIII em diante ). Em seguida, aps a Revoluo
#rancesa ( Frana, 1789 - 1799 ) e a queda do Antigo Regi"e ( regime poltico vigente na
Frana at a Rev. Francesa ) , a Sociologia adquiriu os traos que ostenta hoje em dia, aos
poucos destituindo-se da roupagem de cincia tica, de filosofia poltica ou social, preocupada
em determinar uma ordem justa das relaes humanas, para concentrar-se na descrio e
(
GH<E#<, IJJJ
interpretao dos elementos - desempenhos, grupos, valores, normas e modelos sociais de
conduta - que determinam a integrao dos sistemas sociais.
Revoluo S5culo ; Ano Esera de atuao e
i"-acto
Iluminismo a partir de 1590, sc. XVII - XVIII ideolgica
Industrial segunda metade do sc. XVIII
( 1750 )
econmica
Francesa segunda metade do sc. XVIII
( 1789 )
poltica
Nesse sentido, a Sociologia um fenmeno estrito e uma cincia, caracterstica da sociedade
moderna.
O termo Sociologie foi cunhado por Auguste Comte, que esperava unificar todos os estudos
relativos ao homem - inclusive a Histria, a Psicologia e a Economia. Seu esquema
sociolgico era tipicamente positivista, (corrente que teve grande fora no sculo XIX), e ele
acreditava que toda a vida humana tinha atravessado as mesmas fases histricas distintas e
que, se a pessoa pudesse compreender este progresso, poderia prescrever os remdios para
os problemas de ordem social.
O surgimento da sociologia ocorreu num momento de grande expanso do capitalismo,
desencadeado pela dupla revoluo - a industrial e a francesa. O triunfo da indstria
capitalista na revoluo industrial desencadeou uma crescente industrializao e urbanizao,
o que provocou radicais modificaes nas condies de existncia e nas formas habituais de
vida de milhes de seres humanos. Estas situaes sociais radicalmente novas, impostas pela
sociedade capitalista, fizeram com que a sociedade passasse a se constituir em "problema".
Diante disso, pensadores ingleses da poca procuraram extrair dessas novas situaes temas
para a anlise e a reflexo, no objetivo de agir, tanto para manter como para reformar ou
modificar radicalmente a sociedade de seu tempo. Isto foi fundamental para a formao e a
constituio de um saber sobre a sociedade. Outra circunstncia que tambm influenciou e
contribui para a formao da sociologia se deve s transformaes ocorridas nas formas de
pensamento, originadas pelo Iluminismo.
As transformaes econmicas que o ocidente europeu presenciou desde o sculo XVI,
provocaram modificaes na forma de conhecer a natureza e a cultura. A partir da, o
pensamento deixa de ter uma viso sobrenatural para a explicao dos fatos da natureza e
passa a ser substitudo pelo uso da razo.
O emprego sistemtico da razo representou um avano para libertar o conhecimento do
controle teolgico, da tradio, da revelao e para a formulao de uma nova atitude
intelectual diante dos fenmenos da natureza e da cultura. Essas novas maneiras de produzir
e viver, propiciaram um visvel progresso das formas de pensar e contriburam para afastar
interpretaes baseadas em supersties e crenas infundadas, abrindo conseqentemente
um espao para a constituio de um saber sobre os fenmenos histrico-sociais.
Esta crescente racionalizao da vida social no era um privilgio somente de filsofos e
homens que se dedicavam ao conhecimento, mas tambm, do homem comum dessa poca,
que renunciava cada vez mais os fatos submetidos s foras sobrenaturais, passando a
perceb-los como produtos da atividade humana, passveis de serem conhecidos e
transformados.
A revoluo francesa contribuiu para o surgimento da sociologia na medida em que o objetivo
dessa revoluo era mudar a estrutura do Estado monrquico e, ao mesmo tempo, abolir
radicalmente a antiga forma de sociedade; promover profundas inovaes na economia, na
poltica, na vida cultural, etc; alm de desferir seus golpes contra a Igreja. Tais atitudes
ocasionaram profundos impactos, causando espanto aos pensadores da poca e prpria
burguesia, j instalada no poder. Diante disso, esses pensadores se incumbem tarefa de
racionalizar a nova ordem e encontrar solues para o estado de "desorganizao" ento
existente. Mas, para estabelecer esta tarefa seria necessrio, segundo eles, conhecer as leis
que regem os fatos sociais e instituir uma cincia da sociedade.
Assim, pensadores positivistas da poca concluram que, para restabelecer a organizao e o
aperfeioamento na sociedade, seria necessrio fundar uma nova cincia. Essa nova cincia
assumia, como tarefa intelectual, repensar o problema da ordem social, ressaltando a
importncia de instituies como a autoridade, a famlia, a hierarquia social, destacando a
sua importncia terica para o estudo da sociedade. A oficializao da sociologia foi, portanto,
em larga medida, uma criao do positivismo que procurar realizar a legitimao intelectual
do novo regime.
Foram as id5ias desenvolvidas por incontveis homens e mulheres, ao longo da
histria humana, que comea na Mesopotmia e no Egito a mais de quatro mil anos antes do
nascimento de Cristo, que reunidas, trabalhadas e revistas, formaram o que hoje temos como
CONHECIMENTO em todas as reas da vida.
A Sociologia foi o resultado da unio de inmeros pensadores, nas diversas partes do
mundo. Alguns se conheciam, muitos outros nunca se viram. Uns complementando outros,
at formar o que conhecemos como cincia sociolgica ou cincia da sociedade ou Sociologia.
Destes tantos, quatro pensadores foram responsveis por estruturar os fundamentos da
Sociologia possibilitando criar trs linhas mestras explicativas, fundadas por eles e aos quais
iremos estudar com mais profundidade:
1) a Positivista-Funcionalista, tendo como fundador Auguste Co"te e seu principal expoente
clssico '"ile %ur(!ei" ( Frana, 1858 - 1917 ), de fundamentao analtica;
2) a Sociologia Compreensiva iniciada por Ma, )e+er ( Alemanha, 1864 - 1920 ), de
matriz terico-metodolgica hermenutico-compreensiva; e
3) a Sociologia dialtica, iniciada por 4arl Mar, ( Inglaterra, 1818 - 1883 ) que mesmo
no sendo um sociolgo e sequer se pretendendo a tal, deu incio a uma profcua linha de
explicao sociolgica.
TE<RIC: PRI=C>PI:S TE<RIC:S
AUGUSTE COMTE Positivismo
MILE
DURKHEIM
Fato Social, Conscincia coletiva, Anomia
MAX WEBER Ao Social
KARL MARX Modo de produo, mais-valia, acumulao primitiva,
alienao, materialismo histrico, ideologia, luta de
classes, materialismo dialtico
Como fazer cincia Com O!"ETO e #TODO
PARTE II ? :S C@ASSIC:S %A S:CI:@:GIA
ABGBSTE C:MTE
O ncleo da filosofia de Comte radica na idia de que a sociedade s pode ser
convenientemente reorganizada atravs de uma completa reforma intelectual do homem. Ele
achava que antes da ao prtica, seria necessrio fornecer aos homens novos hbitos de
pensar de acordo com o estado das cincias de seu tempo. Por essa razo, o sistema
comteano estruturou-se em torno de trs temas bsicos : em primeiro lugar, uma ilosoia
da !istria com o objetivo de mostrar as razes pelas quais uma certa maneira de pensar
(chamada por ele filosofia positiva ou pensamento positivo) deve imperar entre os homens.
Em segundo lugar, uma fundamentao e classificao das cincias baseadas na ilosoia
-ositiva. Finalmente, uma sociologia que, determinando a estrutura e os processos de
modificao da sociedade permitisse a reforma prtica das instituies.
A contribuio principal de Comte filosofia do -ositivis"o foi sua adoo do "5todo
cient7ico como base para a organizao poltica da sociedade industrial moderna.
O estado positivo corresponde maturidade do esprito humano. O termo positivo designa o
real em oposio ao quimrico, a cer$eza em oposio indeciso, o %reci&o em oposio
ao vago. o que se ope as formas teolgicas ou metafsicas de explicao do mundo.
Ex: a explicao da queda de um objeto ou corpo: o primitivo explicaria a queda como uma
ao dos deuses; o metafsico Aristteles explicaria a queda pela essncia dos corpos
pesados, cuja natureza os faz tender para baixo, onde seria seu lugar natural; Galileu,
esprito positivo, no indagaria o porqu, no procuraria as causas primeiras e ltimas, mas
se contentaria em descrever como o fenmeno da queda ocorre.
No era apenas quanto ao mtodo de investigao que a filosofia positivista se aproximava
das cincias da natureza. A prpria sociedade foi concebida como um organismo constitudo
de partes integradas e coesas que funcionavam harmonicamente, segundo um modelo fsico
ou mecnico. Por isso o positivismo foi chamado tambm de organicis"o.
CARACTER>STICAS %: P:SITI3ISM:
A realidade formada por partes isoladas, de fatos atmicos; a explicao dos fenmenos se
d atravs da relao entre eles; no se interessa pelas causas, mas pelas relaes entre os
fenmenos; rejeio ao conhecimento metafsico; h somente um mtodo para a
investigao dos dados naturais e sociais. Tanto um quanto outro so regidos por leis
invariveis.
Em sua @ei dos trs estados ou estgios do desenvolvimento intelectual, Comte teoriza que
o desenvolvimento intelectual humano havia passado historicamente primeiro por um estgio
teolgico, em que o mundo e a humanidade foram explicados nos termos dos deuses e dos
espritos; depois atravs de um estgio metafsico transitrio, em que as explanaes
estavam nos termos das essncias, de causas finais, e de outras abstraes; e finalmente
para o estgio positivo moderno. Este ltimo estgio se distinguia por uma conscincia das
limitaes do conhecimento humano.
@EI %:S TRCS ESTA%:S D caracter7sticas
Estado Teolgico Estado Meta7sico Estado Positivo
- tudo tem origem no
sobrenatural
- poca dos sacerdotes e
militares
- domnio da organizao
militar
- tudo tem origem na
razo, na natureza e em
foras misteriosas|
- poca jurdica
- prevalece a
organizao jurdica
- cincia substitui a razo, natureza e
foras misteriosas
- poca industrial
- predomnio do intelectual,
principalmente o socilogo|- a
economia se junta sociologia para,
juntas, guiarem os destinos da
organizao social
Comte tentou tambm uma classificao das cincias; baseada na hiptese que as cincias
tinham se desenvolvido a partir da compreenso de princpios simples e abstratos, para da
chegarem compreenso de fenmenos complexos e concretos.
Assim as cincias haviam se desenvolvido a partir da matemtica, da astronomia, da fsica, e
da qumica para atingir o campo mais complexo da biologia e finalmente da sociologia.
De acordo com Comte, esta ltima disciplina, a Sociologia, no somente fechava a srie mas
tambm reduziria os fatos sociais a leis cientficas, e sintetizaria todo o conhecimento
humano, como pice de toda a cincia.
Embora no fosse dele o conceito de sociologia ou da sua rea de estudo, Comte ampliou seu
campo e sistematizou seu contedo. Dividiu a Sociologia em dois campos principais:
Est1tica social, ou o estudo das foras que mantm unida a sociedade; e %inE"ica social,
ou o estudo das causas das mudanas sociais.
ESTB%: %A ESTATICA S:CIA@ F :R%EM
O estudo da esttica social deve ser iniciado com o entendimento do Consenso Social, que
a interdependncia social ou interpenetrao dos fenmenos sociais. Segundo Comte os
fenmenos sociais s podem ser estudados em conjunto porque eles so fundamentalmente
conexos. E pelo Consenso Social que pode existir a Harmonia Social.
A sociedade composta de unidades chamadas de clulas sociais. Essas clulas so famlias e
no indivduos. A famlia, portanto, a verdadeira unidade social por ser a associao mais
espontnea que existe. Ela a fonte espontnea da educao moral e constitui a base natural
da organizao poltica.
A sociedade deve ser organizada com base no "organismo domstico", que tem como
caractersticas principais:
subordinao - subordinao espontnea da mulher ao homem e dos filhos aos pais
unio - a famlia possvel graas a unio de seus membros
cooperao - a sociabilidade no meio familiar possvel graas cooperao
altrusmo - o sentimento familiar desenvolve o prazer de fazer pelo outro e para o
outro.
Toda sociedade deve possuir uma ordem, proveniente dos instintos sociais do indivduo
e que se manifesta atravs da famlia. Essa ordem exige, para sua sobrevivncia, de uma
autoridade. Na famlia essa autoridade o marido e na sociedade o governo. No h
sociedade sem governo, nem governo sem sociedade.
O governo deve manter uma interveno "universal e contnua" na sociedade, de forma
material, intelectual e moral, para evitar que o progresso a inviabilize. Segundo Comte, o
progresso enfraquece a unio e a cooperao, fragilizando a ordem. Essa a interveno do
"conjunto sobre as partes".
As foras sociais que determinam as estruturas sociais so a material, a intelectual e a moral.
A organizao social baseia-se na diviso do trabalho social e na combinao de esforos.
ESTB%: %A %I=GMICA S:CIA@ F PR:GRESS:
Todo estado social uma conseqncia do passado e uma preparao para o futuro. No h
espao para quaisquer vontades superiores. As leis que regem o estado social so leis
anlogas s leis biolgicas. E exatamente por essa analogia conclui-se que a humanidade
caminha para a completa autonomia, o que ocorrer quando for ultrapassada a sua etapa
metafsica.
Mas nada eterno! A evoluo da sociedade, da mesma forma que no indivduo, leva-a para
o inevitvel caminho da decadncia final.
No incio a humanidade assumiu a fase teolgica ou fictcia, que foi uma fase provisria, mas
o ponto de partida necessrio para todo o processo cultural.
A segunda fase a metafsica ou abstrata, que transitria, onde os agentes sobrenaturais
so substitudos por fora abstratas, entendidas como seres do mundo.
A terceira fase a positiva, cientfica ou real, que a fase definitiva da humanidade, quando
o homem descobre a impossibilidade de obter conhecimentos absolutos e desiste de indagar
sobre a origem e a finalidade do universo, assim como sobre as causas ntimas dos
fenmenos. O homem passa a se preocupar apenas em descobrir as leis efetivas que
estabelecem as relaes invariveis de sucesso e semelhana. Estuda-se as leis a abandona-
se a pesquisa das causas.
Pro+le"a unda"ental do estado -ositivo: conciliao da ordem com o progresso, que
a condio necessria ao aparecimento do verdadeiro sistema poltico. Toda ordem
estabelecida dever ser compatvel com o progresso, assim como todo progresso, para ser
realizado, dever permitir as consolidao da ordem.
!stado "ositivo significa o fracasso da Teologia e da Metafsica. Em seguida vir o domnio do
Positivismo e da Sociologia, fazendo surgir a "Religio da Humanidade", com o predomnio do
altrusmo e da harmonia social.
'MI@E %BR4&EIM
Durkheim viveu numa poca de grandes conflitos sociais entre a classe dos empresrios e a
classe dos trabalhadores. tambm uma poca em que surgem novos problemas sociais
como favelas, suicdios, poluio, desemprego etc. No entanto, o crescente desenvolvimento
da indstria e tecnologia fez com que Durkheim tivesse uma viso otimista sobre o futuro cio
capitalismo. Ele pensava que todo o progresso desencadeado pelo capitalismo traria um
aumento generalizado da diviso do trabalho social e, por conseqncia, da solidariedade
orgEnica, a ponto do fazer com que a sociedade chegasse a um estgio sem conflitos e
problemas-sociais.
Com isso, Durkheim admitia que o capitalismo a sociedade perfeita; trata-se apenas de
conhecer os seus problemas e de buscar uma soluo cientifica para eles. Em outras
palavras, a sociedade boa, sendo necessrio, apenas, "curar as suas doenas".
Tal forma de pensar o progresso de um jeito positivo fez com que Durkheim conclusse que os
problemas sociais entre empresrios e trabalhadores no se resolveriam dentro de uma LUTA
POLTICA, e, sim, atravs da CIENCIA, ou melhor, da SOCIOLOGIA. Esta seria, ento, a
tarefa da SOCIOLOGIA: compreender o funcionamento da sociedade capitalista de modo
o#$etivo para o#servar, compreender e classificar as leis sociais, desco#rir as que s%o falhas e
corrigi&las por outras mais eficientes
E como est estruturada esta sociedade segundo Durkheim ?
A estrutura da sociedade formada pelas esferas poltica, econmica e ideolgica. Estas
esferas formam a estrutura social responsvel pela consolidao do Capitalismo.
Ao refletir sobre a sociedade, Durkheim comeou a elaborar algumas questes que
orientaram seu trabalho:
1. O que faz uma sociedade ser sociedade ?
2. Qual a relao entre o indivduo e a sociedade ?
3. Como os indivduos transformam o social ?
4. O social a superao do individual. Em que momento os indivduos constituem uma
sociedade ?
Uma outra preocupao de Durkheim, assim como outros pensadores, era a formao de uma
cincia social desvinculada das Cincias Naturais. Alm disso na e"ergncia do
-roletariado, era preciso encontrar formas de controle de tal forma que o indivduo se
integre ordem. Este princpio ser aplicado na educao.
A contribuio de Durkheim foi de importncia fundamental para que a Sociologia adquirisse
o status de cincia, pois ele estuda a sociedade e separa os fenmenos sociais da Psicologia,
construindo um :+6eto e um M5todo.
Na obra `As regras do Mtodo Sociolgico publicada em 1895, definiu o mtodo a ser usado
pela Sociologia e as definies e parmetros para a Sociologia tornar-se uma cincia,
separada da Psicologia e Filosofia. Ele formulou o tipo de acontecimentos sobre os quais o
socilogo deveria se debruar : os atos sociais. Estes constituiriam o objeto da Sociologia.
M'T:%: S:CI:@<GIC: %E 'MI@E %BR4&EIM
HI Regra do M5todo : tratar o #AT: S:CIA@ como Coisa.
Para mile Durkheim, fatos sociais so maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao
indivduo, dotadas de um poder coercitivo e compartilhadas coletivamente. Variam de cultura
para cultura e tem como base a moral social, estabelecendo um con$unto de regras e
determinando o que certo ou errado, permitido ou proibido. No podem ser confundidos
com os fenmenos orgnicos nem com os psquicos, constituem uma espcie nova de fatos.
FATO SOCIAL diferente do
e do
-ndividual K
#mocional
Fato Individual
7eterminao
biol2gica
Fato Orgnico
FATO SOCIAL
no se reduz ao
individual
7ur80eim separa o
social do individual e
do orgCnico
6 coletivo
6 representao
Representao
Coletiva
Tr5s so as caracter7sticas que %ur(!ei" distingue nos #atos Sociais :
- geral - se repete em todos os indivduos. Tem natureza coletiva.
- exterior - independe da vontade ou adeso consciente do indivduo. Ex : leis
- coercitivo
2
- se impe sobre o indivduo.
Os fatos sociais deveriam ser encarados como coisas, isto , objetos que, lhe sendo
exteriores, poderiam ser medidos, observados e comparados independentemente do que os
indivduos pensassem ou declarassem a seu respeito.
Para se apoderar dos fatos sociais, o cientista deve identificar, dentre os
acontecimentos gerais e repetitivos, aqueles que apresentam caractersticas exteriores
comuns.
Por que considerar o #ato Social co"o coisa J
Para afastar os pr-conceitos, as pr-noes e o individualismo ou seja, seus valores e
sentimentos pessoais em relao ao acontecimento a ser estudado.
Co"o se recon!ece u" ato socialJ
Pelo poder de coero que exerce ou que pode exercer sobre os indivduos, identificado
pelas sanes ou resistncias a alguma atitude individual contrria e quando exterior a ele.
Ex: se um aluno chega no colgio de roupa de praia, ele estar em desacordo com a regra e
sofrer sano por isso, seja voltar para casa ou uma advertncia por escrito.
O social o en$re ns. Onde se d a interao, troca.
As transformaes que se produzem no meio social, sejam quais forem as causas repercutem
em todas as direes do organismo social e no podem deixar de afetar mais ou menos,
todas as suas funes.
Durkheim no aceita a idia que diz ser o social formado de processos psquicos. Durkheim
afirma que o social no pertence a nenhum indivduo mas ao grupo que sofre presses e
sanses sendo obrigado a aceit-lo.
Partindo do princpio de que o objetivo mximo da vida social promover a harmonia
da sociedade consigo mesma e com as demais sociedades, e que essa harmonia conseguida
atravs do consenso social, a `sade do organismo social se confunde com a generalidade
dos acontecimentos e com a fun'%o destes na preservao dessa harmonia, desse acordo
coletivo que se expressa sob a forma de sanes sociais.
Quando um fato pe em risco a harmonia, o acordo, o consenso e, portanto, a adaptao e
evoluo da sociedade, estamos diante de um acontecimento de carter mrbido e de uma
sociedade doente.
Portanto, normal aquele fato que no extrapola os limites dos acontecimentos mais
gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela
maior parte da populao. Patolgico aquele que se encontra fora dos limites permitidos
pela ordem social e pela moral vigente.
Em A& regra& 'o m($o'o &ociol)gico8 escrito em 1894, Durkheim coloca que:
I
Coero : represso, restrio de direitos, que limita a liberdade de agir individual" #5 ; a regra da
escola usar uni%orme composto de blusa com logotipo do colgio, cala jeans azul e tnis"
=ato Social
e5iste AT!S
-ndivduo
=ato Social
e5iste "!#OIS
-ndivdu
o
entre
social -ndivdu
o
1) Devemos afastar sistematicamente todas as id5ias -r5Dconce+idas ou -renoKes ao
se estudar um fato social:
(dia a representao mental de algum ou coisa concreta ou abstrata.
"r&conce#er significa antecipar uma idia, sem saber ao certo o que . Ex: naquela
escola, dizem, o ensino fraco; escola pblica sinnimo de m qualidade no
ensino; todo poltico corrupto, acho que Roberto gosta de vinho suave.
2) Os fatos sociais devem ser explorados de acordo com os seus as-ectos gerais e
co"uns, evitando suas manifestaes individuais. Ex: )spectos gerais da dengue: A dengue
uma doena febril aguda, causada por vrus, de evoluo benigna, na forma clssica, e,
grave, quando se apresenta na forma hemorrgica. A manifesta'%o individual da dengue
varia de pessoa para pessoa. Uma pessoa pode ter dengue hemorrgica enquanto outra pode
ter dengue simples.
3) Para explicar um fenmeno social devemos separar dois estudos: o da sua causa e o da
sua uno9 Ex: qual a fun'%o do professor na escola? Qual a causa do desinteresse do
aluno pelo contedo oferecido na escola?
4) A pesquisa da causa que determina o fato social deve ser feita entre os atos sociais
anteriores e nunca entre os estados de conscincia individual.
Ex: em dada comunidade, h histrico de violncia domstica. Os relatos anteriores e atuais,
determinaram ser a violncia domstica um fato social naquela comunidade e no somente
um caso isolado ou individual.
5) Devemos buscar a origem %rimeira de todo %roce&&o &ocial de alguma importncia na
constituio do "eio social interno.
*eio social interno a famlia, grupo da escola, o ambiente em que a pessoa se desenvolve.
A interao entre a pessoa e o meio ambiente representa a dinmica da vida. um processo
de ao e reao a estmulos positivos ou no e que sero responsveis pelo despertar ou
bloqueio das potencialidades da pessoa.
Processo social qualquer mudana ou interao social em que possvel destacar uma
qualidade ou direo contnua ou constante. Produz aproximao ( cooperao,
acomodao, assimilao ) ou afastamento ( competio, conflito ).
O To'o &e manife&$a n*ma %ar$e+ O To'o ( mai& 'o ,*e a &oma 'a& %ar$e&-
%or,*e a con&cincia cole$i.a %a&&a %ela in'i.i'*ali'a'e ma& .ai al(m 'e&$a
in'i.i'*ali'a'e+
Em seu livro L%a diviso do tra+al!o socialM de 1893, Durkheim reconhecia a existncia de
duas conscincias. Segundo ele :
+em cada uma de nossas conscincias h duas conscincias, uma, que conhecida por
todo o nosso grupo e que, por isso, n%o se confunde com a nossa, mas sim com a sociedade
que vive e atua em ns- a outra, que reflete somente o que temos de pessoal e de distinto, e
que fa. de ns um indivduo / aqui duas for'as contrrias, uma centrpeta e outra
centrfuga, que n%o podem crescer ao mesmo tempo+
Para Durkheim, o social modelado pela Conscincia Coletiva
N
, que uma realidade social
resultante do contato social. Essa conscincia difere da conscincia individual
O
,
3
conscincia coletiva : conjunto das maneiras de agir, pensar e agir, caracterstica de determinado grupo ou
sociedade. Impe-se conscincia individual. a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece como regras
estabelecidas que delimitam o valor atribudo aos atos individuais. Ela define o que, numa sociedade, considerado
!imoral", !reprov#vel" ou !criminoso". $ puni%&o o meio de voltar a conscincia coletiva.
'
conscincia Individual ( tra%os de car#ter ou temperamento e ac)mulo de e*perincias pesoais que permite
relativa autonomia no uso e adapta%&o das maneiras de agir, pensar e sentir.
pertencendo a todos enquanto integrados e a nenhum em particular. Os fenmenos sociais
refletem a estrutura do grupo social que os produz (idia da Sociologia Moderna).
0e a sociedade o corpo, o !stado o seu cre#ro e por isso tem a fun'%o de organi.ar essa
sociedade, reela#orando aspectos da conscincia coletiva
Vimos que a sociedade capitalista esta cheia de problemas.
Durkheim admitia que o Estado uma instituio que tem o dever do elaborar leis que
corrijam os casos patolgicos da sociedade.
Em resumo: 0e ca#e a 0ociologia o#servar, entender e classificar os casos patolgicos,
procurando criar uma nova moral social, ca#e ao !stado colocar em pratica os princpios
dessa nova moral
Neste contexto, a Sociologia e o Estado complementam-se na organizao da sociedade para,
na prtica, evitarem os problemas sociais. Isso levou Durkheim a acreditar que os socilogos
devessem ter uma participao direta dentro do Estado.
Para Durkheim, a Sociologia deveria ter ainda por objetivo comparar as diversas sociedades.
Constituiu assim o campo da "orologia social ou seja, a classificao das espcies sociais.
M:R#:@:GIA S:CIA@ ? AS ESP'CIES S:CIAIS
Morologia: estudo das formas
Morologia social: estudo das estruturas ou das formas de vida social; para Durkheim:
classificao das "espcies sociais (inspirao na biologia)
E.ol*/0o 'a& &ocie'a'e&
Ponto de -artida: a horda (agrupamento social primitivo, em que todos os membros
usufruam de condies iguais)
Evoluo: combinaes vrias, de que resultaram outras "espcies sociais, identificveis
no passado e no presente (cls, tribos, castas etc)
Tra+al!o cient7ico de classiicao das sociedades:
- procedimento: observao experimental
- resultado: "descoberta de que o motor de transformao de toda e qualquer sociedade
seria a passagem da solidariedade mec1nica para a solidariedade org1nica
:+s9 No conceito durkheimiano, o termo solidariedade no tem os significados
usuais de fraternidade, ajuda, assistncia, filantropia e outros.
S:@I%ARIE%A%E + o que liga as pessoas
Basta uma rpida observao do contexto histrico do sculo XIX, para se perceber que as
instituies sociais se encontravam enfraquecidas, havia muito questionamento, valores
tradicionais eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivendo em condies miserveis,
desempregados, doentes e marginalizados.
Ora, numa sociedade integrada essa gente no podia ser ignorada, de uma forma ou de
outra, toda a sociedade estava ou iria sofrer as consequncias.
Durkheim acreditava que a sociedade, funcionando atravs de leis e regras j determinadas,
faria com que os -ro+le"as sociais no tivessem sua origem na economia ( forma pela qual
as pessoas trabalham ), mas sim numa crise "oral8 Isto , num estado social em que vrias
regra& 'e con'*$a n%o est%o funcionando Por exemplo: se a criminalidade aumenta a
cada dia porque as leis que regulamentam o combate ao crime esto falhando, por serem
mal formuladas. A este estado de crise social onde as leis no esto funcionando, Durkheim
denomina -atologia social. "or outro lado, os problemas sociais podem ter sua origem
tambm na ausncia de regras, o que por sua vez se caracterizaria como ano"ia.
Frente a patologia social ( regras sociais falhas ), cabe Sociologia captar suas causas,
procurando evitar a anomia ( crise total ), atravs da criao de uma nova moral social que
supere a velha moral deficiente
Na tentativa de "curar a sociedade da anomia, Durkheim escreve em seu livro P%a diviso
do tra+al!o socialQ8 sobre a necessidade de se estabelecer uma solidariedade orgnica
entre os membros da sociedade. A soluo estaria em, seguindo o exemplo de um organismo
biolgico, onde cada orgo tem uma funo e depende dos outros para sobreviver, cada
membro da sociedade exercer uma uno na diviso do trabalho.
Cada indivduo ou cidado ser obrigado, atravs de um sistema de direitos e deveres, e
tambm sentir a necessidade, de se manter coeso e solidrio aos outros. O importante para
ele que o indivduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da
sociedade de forma orgnica, interiorizada e no meramente mecnica.
Durkheim atravs do estudo da solidariedade - apoiando-se em &er1clito ( Grcia em
feso na Jnia, 540 a.C. - 470 a.C. ) e Aristteles ( Grcia em Estagira, 384-322 a.C.) -
vai dizer que h sempre um processo em direo ao consenso - onde no h conflto.
Durkheim se preocupa com a funo do direito e como trabalhado o consenso e a
solidariedade.
Quando a conscincia coletiva abalada, a punio deve ser aplicada. O indivduo deve
seguir a conscincia coletiva, as regras.
Nas sociedades simples, os indivduos so a extenso do coletivo, da coletividade. A
conscincia individual se dilui, se perde na coletividade. E isso se d naturalmente.
Nas sociedades complexas, o consenso se d atravs do contrato, da contratualidade e tem a
ver com a especializao.
A solidariedade neutraliza uma possvel barbrie na civilizao.
Co"o resultado da diviso do tra+al!o social a sociedade o+t5":
1) aumento da fora produtiva
2) aumento da habilidade do trabalho
3) permite o rpido desenvolvimento intelectual e material das sociedades
4) integra e estrutura a sociedade mantendo a coeso social e tornando seus membros
interdependentes
5) traz equilbrio, harmonia e ordem devido a necessidade de unio pela semelhana e pela
diversidade
6) provoca a solidariedade social
Durkheim mostra em seu livro que :
- a solidariedade o fundamento da civilizao, pois ela interliga as pessoas ;
- o trabalho no existe sem solidariedade ;
- solidariedade significa funo, unio, independente de ser boa ou m ;
- existem dois tipos de solidariedade : mecnica e orgnica.
%A S:@I%ARIE%A%E MECG=ICA R S:@I%ARIE%A%E :RGG=ICA
Soli'arie'a'e #ec1nica 2 a solidariedade por semelhana.
Predominante nas sociedades pr&capitalistas ( primitivas, antigas, asiticas, feudais ):
- influncia marcante do peso coercitivo da conscincia coletiva, que moldava os indivduos
atravs da famlia, da religio, da tradio e dos costumes;
- maior independncia e autonomia individual em relao diviso do trabalho social
Os membros da sociedade em que domina a Solidariedade Mecnica esto unidos por laos
de parentesco.
O meio natural e necessrio a essa sociedade o meio na$al, onde o lugar de cada um
estabelecido pela consanginidade e a estrutura dessa sociedade simples.
O indivduo, nessa sociedade, socializado porque, no tendo individualidade prpria, se
confunde com seus semelhantes no seio de um mesmo tipo coletivo.
Na solidariedade mecnica, o direito repressivo ( Penal ). Crime tudo aquilo que diz
respeito a conscincia coletiva, ao consenso. O crime , o rompimento de uma solidariedade
social. Todo ato criminoso criminoso porque fere a conscincia comum, que determina as
formas de solidariedade necessrias ao grupo social.
No reprovamos uma coisa porque crime, mas sim crime porque a reprovamos. A
solidariedade social representada pelo Direito Penal a mais elementar, espontnea e forte.
Soli'arie'a'e Org1nica 2 a solidariedade por desemelhana.
Tpica das sociedades capitalistas:
- grande interdependncia entre os indivduos, como resultado da acelerada diviso do
trabalho. Essa interdependncia o principal elo de unio social, ao invs das tradies, dos
costumes e dos laos sociais mais estreitos tendncia a uma maior autonomia individual,
pela especializao de atividades
- influncia menor da conscincia coletiva, portanto.
fruto das diferenas sociais, j que so essas diferenas que unem os indivduos pela
necessidade de troca de servios e pela sua interdependncia. Os membros da sociedade
onde predomina a Solidariedade Orgnica esto unidos em virtude da diviso do trabalho
social.
O meio natural e necessrio a essa sociedade o meio %rofi&&ional, onde o lugar de cada
um estabelecido pela funo que desempenha e a estrutura dessa sociedade complexa. O
indivduo, nessa sociedade socializado porque, embora tenha sua individualidade
profissional, depende dos demais e por conseguinte, da sociedade resultante dessa unio.
Na solidariedade orgnica, o direito restitutivo, cooperativo. O Direito Restitutivo
cooperativo preventivo. Evita, previne a represso, a dor. O contrato uma forma de
prevenir que a transgresso seja muito grande. Quanto mais civilizada for uma sociedade,
maior o nmero de contratos dele, que servir para prevenir desobedincias.
Os costu"es so a fonte do direito, mas tudo aquilo que mais importante para a
consicncia coletiva, torna-se direito, regra.
Podemos tornar estes conceitos mais fceis de serem entendidos a partir de um exemplo:
imaginemos um professor que necessite formar grupos para desenvolver o tema da aula. O
professor pode querer a formao dos grupos a partir de dois critrios: ele pode pedir nos
alunos que formem grupos livremente, a partir da amizade existente entre eles. Uma
segunda opo pedir aos alunos para formarem grupos de forma que em cada um dos
grupos fique uma pessoa que saiba datilografia, uma outra que saiba desenhar, outra que
tenha experincia de redao, e, por fim, uma que domine bem o contedo das aulas que
seja o coordenador do grupo.
No primeiro caso, o que uniu os alunos no grupo foi um sentimento, a ami.ade, de onde
teramos a solidariedade "ecEnica. No segundo caso, o que uniu os alunos em grupo foi
a dependncia que cada um tinha da atividade do outro: a unio foi dada pela especiali.a'%o
das fun'2es, de onde teramos a solidariedade orgEnica.
D*r34eim a'mi$e ,*e a &oli'arie'a'e org1nica ( &*%erior 5 mec1nica- %oi& ao &e
e&%ecializarem a& f*n/6e&- a in'i.i'*ali'a'e 'e certo mo'o- ( re&&al$a'a-
%ermi$in'o maior li7er'a'e 'e a/0o+
No grupo formado por amigos, pode acontecer que um elemento discorde muito das opinies
de outro; este fato pode trazer um conflito que pe em risco a existncia do grupo. Nesse
caso, os elementos devem agir do acordo com as idias comuns do grupo, e no a partir das
suas prprias idias. J no grupo onde a unio d-se pela atividade especializada, a
individualidade ressaltada, pois, dentro da sua atividade, cada um age como bem entende,
e a a divergncia de opinies no pe em causa a existncia do grupo.
MAS )E$ER
Max Weber nasceu e teve sua formao intelectual no perodo em que as primeiras disputas
sobre a metodologia das cincias sociais comeavam a surgir na Europa, sobretudo em seu
pas, a Alemanha. Filho de uma famlia da alta classe mdia, Weber encontrou em sua casa
uma atmosfera intelectualmente estimulante. Seu pai era um conhecido advogado e desde
cedo orientou-o no sentido das humanidades. Weber recebeu excelente educao secundria
em lnguas, histria e literatura clssica. Em 1882, comeou os estudos superiores em
Heidelberg; continuando-os em Gttingen e Berlim, em cujas universidades dedicou-se
simultaneamente economia, histria, filosofia e ao direito.
Concludo o curso, trabalhou na Universidade de Berlim, na qual idade de livre-docente, ao
mesmo tempo em que servia como assessor do governo. Em 1893, casou-se e; no ano
seguinte, tornou-se professor de economia na Universidade de Freiburg, da qual se transferiu
para a de Heidelberg, em 1896. Dois anos depois, sofreu srias perturbaes nervosas que o
levaram a deixar os trabalhos docentes, s voltando atividade em 1903, na qualidade de
co-editor do Arquivo de Cincias Sociais (Archiv tr Sozialwissenschatt), publicao
extremamente importante no desenvolvimento dos estudos sociolgicas na Alemanha. A
partir dessa poca, Weber somente deu aulas particulares, salvo em algumas ocasies, em
que proferiu conferncias nas universidades de Viena e Munique, nos anos que precederam
sua morte, em 1920.
A Sociologia weberiana caracteriza-se por um dualismo racionalis"o ? irracionalis"o:
D Racionalis"o: rotina social; estabilidade; tradio; legalidade; continuidade; esprito
cientfico e pragmtico do ocidente, sacrificando a espontaneidade da vida aos clculos e
seleo dos meios, para serem atingidos fins previamente escolhidos.
D Irracionalis"o: crenas; mitos; sentimentos; ao carismtica.
ATU:
Para Weber a sociedade no seria algo exterior e superior aos indivduos, como em Durkheim.
Para ele, a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das aes individuais
reciprocamente referidas. Por isso, Weber define como objeto da sociologia a a/0o &ocial.
: que 5 ao socialJ
Para Weber ao social qualquer ao que o indivduo faz orientando-se pela ao de
outros. Por exemplo um eleitor. Ele define seu voto orientando-se pela ao dos demais
eleitores. Ou seja, temos a ao de um indivduo, mas essa ao s compreensvel se
percebemos que a escolha feita por ele tem como referncia o conjunto dos demais eleitores.
Assim, Weber dir que toda vez que se esta#elecer uma relao significativa , isto ,
algum tipo de sentido entre vrias aes sociais, teremos ento relaes sociais.
A a/0o &ocial, a conduta humana dotada de &en$i'o O sentido motiva a ao individual.
"ara 3e#er, cada su$eito age levado por um mo$i.o que se orienta pela tradio, por
interesses racionais ou pela emotividade.
O objetivo que transparece na ao social permite desvendar o seu sentido, que
social na medida em que cada indivduo age levando em conta a resposta ou reao de
outros indivduos.
A ao social gera efeitos sobre a realidade em que ocorre.
4 o indivduo que atravs dos .alore& &ociai&
8
e de sua motiva'%o, produ. o sentido
da a'%o social
A transmisso destes valores comuns de uma gerao para outra chamada
socializao, que uma forma inconsciente de coero social. Ex. de valores sociais: respeito,
virgindade, honestidade, solidariedade, etc
S existe ao social quando o indivduo tenta esta#elece r algum tipo de comunicao, a
partir de suas aes, com os demais.
A partir dessa definio, Weber afirmar que podemos pensar em diferentes tipos de
ao social, agrupando-as de acordo com o modo pelo qual os indivduos orientam suas
aes. Assim, ele estabelece tipos de ao social:
L
$alores : nveis de pre%erncia estabelecidos pelo ser 0umano para objetos, con0ecimentos,
comportamentos ou sentimentos, ten0am eles origem individual ou coletiva" 3as todos eles geram
algum tipo de conduta, isto , servem de re%erncia para a ao" 6 o valor moral, tico" 's valores
sociais so aqueles gerados por um grupo e que contribuem para sua manuteno" 7ur80eim atribuiu
aos valores a caracteristica de coero social, ou seja, o poder de induzir pessoas a um determinado
comportamento"
1. Ao tradicional: aquela determinada por um costume ou um hbito arraigado.
2. Ao caris"1tica: inova e inobserva tradies. Funda-se na crena de ser seu autor
dotado de poderes sobre-humanos e sobrenaturais que agem, livremente, sem fazer caso
de normas estabelecidas ou de tradies, estabelecendo novas normas e criando
tradies.
3. Ao aetiva: orientada pelas emoes e sentimentos.
4. Ao social racional: determinada pelo clculo racional que coloca fins e organiza os
meios necessrios.
5. Ao -ol7tica: a finalidade ideal da ao poltica a instituio e a perpetuao do
poder. Para a instituio e a perpetuao do poder a ao poltica exerce trs tipos de
dominao que precisam ser legitimados: carismtica, tradicional e legal.
Weber afirma que a Cincia Social que ele pretende exercitar uma "Cincia da Realidade,
voltada para a compreenso da significao cultural atual dos fenmenos e para o
entendimento de sua origem histrica.
O "5todo co"-reensivo, defendido por Weber, consiste em entender o sentido que as
aes de um indivduo contm e no apenas o aspecto exterior dessas mesmas aes.
Se, por exemplo, uma pessoa d a outra um pedao de papel, esse fato, em si mesmo,
irrelevante para o cientista social. Somente quando se sabe que a primeira pessoa deu o
papel para a outra como forma de saldar uma dvida (o pedao de papel um cheque) que
se est diante de um fato propriamente humano, ou seja, de uma ao carregada de
sentido. O fato em questo no se esgota em si mesmo e aponta para todo um complexo de
signiicaKes sociais, na medida em que as duas pessoas envolvidas atribuem ao pedao
de papel a funo do servir como meio de troca ou pagamento; alm disso, essa funo
reconhecida por uma comunidade maior de pessoas.
C:=&ECIME=T:
Lo con!eci"ento so os acontecimentos pensados, racionalizados, no apenas vividos.
: que 5 con!eci"entoJ
O conhecimento a relao entre uma conscincia e um objeto que se quer
conhecer.
O conhecimento o saber acumulado pelo homem atravs das geraes.
O conhecimento produto da a'%o e do pensamento ( que gerou a ao ).
E,: Tive a idia de fazer um bolo. No qualquer bolo. Escolhi fazer um bolo de chocolate. A
massa que saiu do forno o produto da idia que tive. Meus colegas Clvis e Andria, que
comeram o bolo, no pensaram, no tiveram a idia, no racionalizaram criando a receita.
O conhecimento pode ser:
concreto: sujeito estabelece relao com objeto individual. Ex: conhecimento que temos
de algum em particular.
a+strato: relao estabelecida com um objeto geral, universal. Ex: conhecimento que
temos do ser humano, como gnero.
Aconteci"entos Pensados: so as id5ias que temos das coisas: o pensamento
Antes da ao existe a idia, o pensamento do que se quer fazer.
O pensamento organizado com o vocabulrio aprendido assim como os
conceitos e definies.
As aes exemplificam este contedo aprendido racionalmente atravs da lngua
( portuguesa ).
)s idias s%o os pensamentos organi.ados
%einio de id5ia: representao abstrata de um ser, de um objeto, elaborada pelo
pensamento.
Ex: idia do que seja belo ( ideal de beleza ).
TIP: I%EA@
O ti-o ideal uma construo do pensamento e sua caracterstica principal no existir na
realidade, mas servir de "odelo para a anlise de casos concretos, realmente existentes.
As construes de tipo ideal fazem parte do mtodo tipolgico criado por Max Weber. Ao
comparar fenmenos sociais complexos o pesquisador cria tipos ou modelos ideais,
construdos a partir de aspectos essenciais dos fenmenos.
TIP:S I%EAIS %E %:MI=ATU::
D %o"inao caris"1tica: legitimada pela f e pelas qualidades so#renaturais do chefe
D %o"inao tradicional: legitimada pela crena sacrossanta na tradi'%o
D %o"inao legal: legitimada pelas leis a partir dos costumes e tornado possvel pela
+urocracia, trazendo a especializao e a organizao racional e legal das funes.
$BR:CRACIA
O estado moderno, com suas inmeras atribuies, reclama a existncia de uma ampla
estrutura organizacional, constituda por funcionrios sujeitos hierarquia e a regulamentos.
Popularmente, o termo burocracia apresenta em geral uma conotao pejorativa, associada
lentido com que se cumprem os trmites administrativos e existncia de estruturas, um
tanto abstratas, que regem as atividades humanas sem levar em conta as circunstncias
concretas e as necessidades individuais.
Nas cincias sociais, entretanto, a noo de burocracia define, por um lado, a estrutura
organizativa e administrativa das atividades coletivas, no campo pblico e privado, e, por
outro, o grupo social constitudo pelos indivduos dedicados ao trabalho administrativo,
organizado hierarquicamente, de forma que seu funcionamento seja estritamente regido por
rigorosas regras de carter interno, emanadas da legislao administrativa geral.
Foi no sculo XVIII, com a crescente importncia assumida pelos organismos administrativos,
que Jean-Claude Marie Vincent, senhor de Gournay, criou a palavra burocracia, a partir do
francs bureau, "escritrio", e do grego kratia, "poder". Somente em fins do sculo XIX, o
tema passou a ser estudado dentro de uma perspectiva geral.
"O do"7nio legal caracterizado, do ponto de vista da legitimidade, pela existncia de
normas formais. Do ponto de vista do aparelho, pela existncia de um sta ad"inistrativo
+urocr1tico (grupo qualificado de funcionrios pela aptido e competncia, que assiste a um
dirigente em entidades pblicas e privadas). Weber, portanto, define a burocracia como a
estrutura administrativa, de que se serve o tipo mais puro do domnio legal.
Segundo Weber, so trs as caractersticas da burocracia:
A estruturao hierrquica;
O papel desempenhado por cada indivduo dentro da estrutura; e
A existncia de normas reguladoras das relaes entre as unidades dessa estrutura.
A diviso do trabalho em reas especializadas obtida pela definio precisa dos deveres e
responsabilidades de cada pessoa, considerada no individualmente, mas como um "cargo".
Essa definio de cargo delimita determinadas reas de competncia, que no podem ser
desrespeitadas em nenhuma hiptese, de acordo com os regulamentos pertinentes. Em
situaes extremas ou anmalas, recorre-se consulta "por via hierrquica", ao rgo
imediatamente superior.
Essa via, segundo Weber, resulta da absoluta compartimentao do trabalho e da
estruturao hierrquica dos diferentes departamentos, de forma racional e impessoal. A
legitimao da autoridade no pessoal, nem se baseia no respeito primrio tradio, como
nas relaes tradicionais entre superiores e inferiores, mas resulta do reconhecimento da
racionalidade e da excelncia dos processos estabelecidos. O respeito e a obedincia so
devidos no pessoa, nem sequer instituio, mas sim ao ordenamento estabelecido.
Para Weber, a caracterstica bsica de todo o siste"a +urocr1tico a existncia de
determinadas normas gerais e racionais de controle, que regulam o funcionamento do
conjunto de acordo com tcnicas determinadas de gesto, visando o maior rendimento
possvel.
Na realidade, como reconhece Weber, nem todas as organizaes administrativas
apresentam-se com todas essas caractersticas, presentes, no entanto, na grande maioria
delas.
4AR@ MARS
As revolues burguesas do sc. XVIII se encontravam, no incio do sc. XIX,
ameaadas pelas foras conservadoras do feudalismo em decomposio, representadas pela
nobreza e pelo clero desejosas de restituir o absolutismo e excluir a burguesia do poder
poltico.
As foras revolucionrias eram representadas pela +urguesia e pelo crescente
-roletariado, ambos descontentes com a situao socioeconmica. O embate dessas foras
se fez sentir em 1830 e 1848 nos grandes movimentos liberais e nacionais que, iniciados na
Frana, se estenderam pela Blgica, Polnia, Alemanha, Itlia, Portugal e Espanha.
Em uma Alemanha agitada e cheia de problemas, surgiu o marxismo.
Em 1848, Marx e Engels ( 1820 - 1895 ) escrevem o Maniesto Co"unista,
formulando suas idias a partir da realidade social por eles observada: de um lado o avano
tcnico, o aumento do poder do homem sobre a natureza, o enriquecimento e o progresso;
de outro e contraditoriamente, a escravizao crescente da classe operria, cada vez mais
empobrecida.
O objetivo de Marx no era apenas contribuir para o desenvolvimento da cincia, mas propor
uma ampla transformao poltica, econmica e social.
A teoria marxista compe-se de uma teoria cientfica, o "aterialis"o !istrico e de
uma filosofia, o "aterialis"o dial5tico.
Marx desenvolve o materialismo histrico, a corrente mais revolucionria do
pensamento social nas conseqncias tericas e na prtica social que prope. Ele faz uma
leitura crtica da filosofia de Hegel ( Alemanha, 1770 - 1831 ), de quem absorveu e aplicou,
de modo peculiar, o mtodo dialtico.
Para Hegel, o mundo a manifestao da id5ia. Marx e Engels ao contrrio, diz
que a "at5ria a fonte da conscincia e esta um reflexo da matria. Marx diz que:
PA contradio 5 a onte de toda a vida9 S na "edida e" que encerra
e" si u"a contradio 5 que u"a coisa se "ove8 te" vida e atividade9 S o c!oque
entre o -ositivo e o negativo -er"ite o -rocesso de desenvolvi"ento e o eleva a
u"a ase "ais elevada9Q
Naturalmente Marx substitui, do pensamento de Hegel, o es-7rito ou a id5ia, que so os
elementos bsicos de sua dialtica, pelas relaKes de -roduo, pelos siste"as
econ2"icos, pelas classes sociais, ou seja, pelas condies materiais de existncia.
Marx contraria tambm a 5eclara'%o 6niversal dos 5ireitos /umanos elaborada
no perodo iluminista que diz que todos os homens so iguais poltica e juridicamente e que a
liberdade e justia eram direitos inalienveis de todo cidado. Ele proclama que no existe
tal igualdade natural e observa que o @i+eralis"o v os homens como tomos, como se
estivessem livres das evidentes desigualdades estabelecidas pela sociedade. Ele discordar de
Durkheim sobre o consenso, dizendo que no existe consenso, mas sim uma eterna luta de
classes.
MA=I#EST: C:MB=ISTA
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich, *anifesto do "artido 7omunista - 1848
http://www.culturabrasil.pro.br/manifestocomunista.htm )
O Manifesto sugere um curso de ao para uma revoluo socialista atravs da tomada do
poder pelos proletrios.
O Manifesto Comunista faz uma dura crtica ao modo de produo capitalista e na forma
como a sociedade se estruturou atravs desse modo. Busca organizar o proletrio como
classe social capaz de reverter sua precria situao e descreve os vrios tipos de
pensamento comunista, assim como define o objetivo e os princpios do socialismo cientfico.
Marx e Engels partem de uma anlise histrica, distinguindo as vrias formas de opresso
social durante os sculos e situa a burguesia moderna como nova classe opressora. No
deixa, porm, de citar seu grande papel revolucionrio, tendo destrudo o poder monrquico e
religioso valorizando a liberdade econmica extremamente competitiva e um aspecto
monetrio frio em detrimento das relaes pessoais e sociais, assim tratando o operrio como
uma simples pea de trabalho. Este aspecto juntamente com os recursos de acelerao de
produo (tecnologia e diviso do trabalho) destri todo atrativo para o trabalhador,
deixando-o completamente desmotivado e contribuindo para a sua miserabilidade e
coisifica'%o. Alm disso, analisa o desenvolvimento de novas necessidades tecnolgicas na
indstria e de novas necessidades de consumo impostas ao mercado consumidor.
Afirmam sobre o proletariado: +0ua luta contra a #urguesia come'a com sua prpria
existncia+. O operariado tomando conscincia de sua situao tende a se organizar e lutar
contra a opresso e ao tomar conhecimento do contexto social e histrico onde est inserido,
especifica seu objetivo de luta. Sua organizao ainda maior pois toma um carter
transnacional, j que a subjugao ao capital despojou-o de qualquer nacionalismo. Outro
ponto que legitima a justia na vitria do proletariado seria de que este, aps vencida a luta
de classes, no poderia legitimar seu poder sob forma de opresso, pois defende exatamente
o interesse da grande maioria: a abolio da propriedade ("Os proletrios nada tm de seu
para salvaguardar). A exclusividade entre os proletrios conscientes, portanto comunistas,
segundo Marx e Engels, de que visam a abolio da propriedade privada e lutam
embasados num conhecimento histrico da organizao social, so portanto revolucionrios.
Alm disso, destaca que o comunismo no priva o poder de apropriao dos produtos sociais;
apenas elimina o poder de subjugar o trabalho alheio por meio dessa apropriao. Com o
desenvolvimento do socialismo a diviso em classes sociais desapareceriam e o poder pblico
perderia seu carter opressor, enfim seria instaurada uma sociedade comunista.
Analisam e criticam trs tipos de socialismo. O socialismo reacionrio, que seria uma forma
de a elite conquistar a simpatia do povo, e mesmo tendo analisado as grandes contradies
da sociedade, olhava-as do ponto de vista burgus e procurava manter as relaes de
produo e de troca; o socialismo conservador, com seu carter reformador e anti-
revolucionrio; e o socialismo utpico, que apesar de fazer uma anlise crtica da situao
operria no se apia em luta poltica, tornando a sociedade comunista inatingvel. E fecham
com as principais idias do Manifesto, com destaque na questo da propriedade privada e
motivando a unio entre os operrios. Acentua a unio transnacional, em detrimento do
nacionalismo esbanjado pelas naes, como manifestado na clebre frase: 8"roletrios de
todo o mundo, uni&vos9:
MARS E : MATERIA@ISM: &IST<RIC:
Em 1859, Marx
e Engels
publicaram o
9ref:cio da
Contri+uio
V cr7tica da
econo"ia
-ol7tica. Neste
prefcio est a
formulao de
<elao do trabal0ador com o %eio de
produo
uma teoria emprica, fundada na observao de condies reais do capitalismo emergente e
definida como "aterialis"o !istrico.
Os conceitos desenvolvidos por Marx em sua teoria so: mercadoria, capital, lei da mais-
valia, classes sociais, Estado e ideologia.
Em seu livro mais importante, O Capital, Marx afirmava que a nossa sociedade aparece
inicialmente como um grande depsito de mercadorias.
Por exemplo: relaciono-me com o padeiro, porque compro seu po; relaciono-me com o
cobrador do nibus, pois pago a passagem. Tudo acaba sendo mercadoria. O trabalhador
vende sua capacidade de trabalhar em troca de um salrio e assim por diante.
Marx diz que a estrutura da sociedade est fundamentada na mercadoria, ou seja, a
sociedade est estruturada na economia.
Segundo o materialismo histrico, a estrutura econmica de uma sociedade depende da
forma como os homens organizam a -roduo social de +ens. Essa estrutura a
verdadeira base da sociedade. o alicerce sobre a qual se ergue a superestrutura jurdica e
poltica e ao qual correspondem formas definidas de conscincia social.
A produo social de bens, segundo Marx, engloba dois fatores bsicos: as oras
-rodutivas e as relaKes de -roduo.
As foras produtivas e relaes de produo constituem o "odo de -roduo e so as
condies naturais e histricas de toda atividade produtiva que ocorre na sociedade.
O modo de produo da vida material condiciona o processo de vida social, poltica e
espiritual em geral. Para Marx, o estudo do modo de produo fundamental para se
compreender como se organiza e funciona uma sociedade. As relaKes de -roduo, nesse
sentido, so consideradas as mais importantes relaes sociais. As formas de famlia, as leis,
a religio, as idias polticas, os valores sociais so aspectos cuja explicao depende, em
princpio, do estudo do modo de produo.
A histria do homem portanto, a histria do desenvolvimento e do colapso de diferentes
modos de produo. Analisando a histria , Marx identificou alguns modos de produo
especficos: sistema comunal primitivo, asitico, antigo, germnico, feudal e modo de
produo capitalista. Cada qual representa passos sucessivos no desenvolvimento da
propriedade privada e do advento da explorao do homem pelo homem.
Em cada modo de produo, a desigualdade de propriedade, como
fundamento das relaes de produo, cria contradies bsicas com o
desenvolvimento das foras produtivas.
Ao se desenvolverem, as foras produtivas da sociedade entram em
conlito com as relaes de produo existentes. Estas relaes
tornam-se, ento, obstculos para as foras produtivas, nascendo, nesse
momento uma poca de revoluo social.
A mudana da base econmica, gerada pela transformao material das condies
econmicas de produo, provocam revolues jurdicas, polticas, religiosas, artsticas e
filosficas, que so as formas ideolgicas que servem aos homens no s para tomar
conscincia deste conflito, como tambm para explic-lo.
Por outro lado jamais aparecem novas relaes de produo superiores s antigas antes que
as condies materiais de sua existncia se tenham desenvolvido completamente no seio da
velha sociedade.
Marx diz que as desigualdades sociais so provocadas pelas relaes de produo do
siste"a ca-italista, as quais dividem os homens em proprietrios e no-proprietrios dos
meios de produo. As desigualdades so a base da formao das classes sociais.
Ele no acreditava no consenso de Durkheim, mas sim que a histria do homem a histria
da luta de classes, uma luta constante entre interesses opostos. Por outro lado, as relaes
entre as classes so complementares, pois uma s existe em relao outra. S existem
proprietrios porque h uma massa de despossudos cuja nica propriedade sua fora de
trabalho, que precisam vender para assegurar a sobrevivncia. As classes sociais so, pois,
complementares e interdependentes.
#i,ando conceitos
#:RTA PR:%BTI3A F "eios de -roduo W tra+al!o !u"ano .
Todo processo produtivo combina os "eios de -roduo e a ora de tra+al!o.
Constituem as condies materiais de toda a produo. Sem o trabalho humano nada pode
ser produzido e sem os meios de produo, o homem no pode trabalhar.
Todo processo de trabalho implica em determinados o+6etos ( matrias-primas ) e
determinados instru"entos (ferramentas ou mquinas). Os objetos e instrumentos
constituem os "eios de -roduo. O proletariado constitui a fora de trabalho. Os meios
de produo ou meios de trabalho incluem os "instrumentos de produo" (mquinas,
ferramentas), as instalaes (edifcios, armazns, silos etc), as fontes de energia utilizadas
na produo (eltrica, hidrulica, nuclear, elica etc.) e os meios de transporte. Os "o#$etos
de trabalho" so os elementos sobre os quais ocorre o trabalho humano (matrias-primas
minerais, vegetais e animais, o solo etc.).
M:%: %E PR:%BTU: F oras -rodutivas W relaKes de -roduo9
Conceito abstrato para definir os estgios de desenvolvimento do sistema capitalista. a
forma de organizao socioeconmica associada a uma determinada etapa de
desenvolvimento das foras produtivas e das relaes de produo. Rene as caractersticas
do trabalho preconizado, seja ele artesanal, manufaturado ou industrial. So constitudos pelo
objeto sobre o qual se trabalha e por todos os meios de trabalho necessrios produo
(instrumentos ou ferramentas, mquinas, oficinas, fbricas, etc.) Existem 6 modos de
produo: Primitivo, Asitico, Escravista, Feudal, Capitalista e Comunista.
RE@ATXES %E PR:%BTU:: O trabalho necessariamente um ato social. As pessoas
dependem umas das outras para obter os resultados pretendidos. As relaes de produo,
so as formas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva. As
relaes de produo podem ser cooperativistas ( ex: mutiro ), escravistas ( como na
Antiguidade europia ou perodo colonial brasileiro ), servis ( como na Europa feudal ) ou
capitalistas ( como na indstria moderna ). so constitudas pela propriedade econmica das
foras produtivas. Na condio de escravos, servos ou assalariados, os trabalhadores
participam da produo somente com sua fora de trabalho. Na condio de senhores,
nobres ou empresrios, os proprietrios participam do processo produtivo como donos dos
meios de produo.
C@ASSE S:CIA@: O conceito cientifico das classes sociais exige anlise dos seguintes nveis:
modo de produo, estrutura social, situao social e a conjuntura. Em uma explicao mais
simples, classe social um grupo de pessoas que tem status social similar segundo critrios
diversos, especialmente o econmico. Segundo a tica marxista, em praticamente toda
sociedade, seja ela pr-capitalista ou caracterizada por um capitalismo desenvolvido, existe a
classe dominante, que controla direta ou indiretamente o Estado, e as classes dominadas por
ela, reproduzida inexoravelmente por uma estrutura social implantada pela classe dominante.
Segundo a mesma viso de mundo, a histria da humanidade a sucesso das lutas de
classes, de forma que sempre que uma classe dominada passa a assumir o papel de classe
dominante, surge em seu lugar uma nova classe dominada, e aquela impe a sua estrutura
social mais adequada para a perpetuao da explorao.
$I$@I:GRA#IA C:=SB@TA%A
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OLIVEIRA, Prsio Santos de. Introduo Sociologia: srie Brasil. SP: tica, 2004
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#:=TES =A I=TER=ET
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http://redebonja.cbj.g12.br/ielusc/turismo/disciplinas/admin1/grupos/burocrac.htm
http://smurf3.tripod.com/burocracia.html
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?
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http://www.infonet.com.br/marcosmonteiro/sociologiajuridica/objetodasociologia.doc