Os Domingos Cinzentos de António Lobo Antunes
Os Domingos Cinzentos de António Lobo Antunes
Os Domingos Cinzentos de António Lobo Antunes
Carlos Reis
textos de que vou tratar. Intitula-se o depoimento de Lobo Antunes Facas, garfos e
colheres e nele predomina aquilo que remota e matricialmente determina todos os
processos narrativos: a memria. Lembra o escritor, reportando-se ao tempo da sua
primeira escolaridade:
Para tentarem aperfeioar o embrio que eu era, os meus pais colocaram-me
numa escola onde pontificava um grande educador. Era a escola do senhor
Andr. Isto passava-se num bairro perifrico. O senhor Andr era um grande
educador porque era conhecido pelo facto de os alunos dele nunca
reprovarem. E, de facto, nunca reprovavam. E o senhor Andr educou-me o
essencial, ensinou-me o essencial, que era marcar o livro de leitura com
muita fora para, quando no exame da quarta classe o professor me
mandasse abrir, eu abria o livro, caa naquela pgina que eu j tinha
decorado. Era o Alexandre Herculano, um fragmento das Lendas e
Narrativas.Isto era apimentado com largas distribuies de bofetadas e,
de facto, a educao era espantosa. Era feita com uma rgua e ainda hoje sei.
Por exemplo, ele perguntava: As serras do sistema galaico-duriense? e, se
eu ficava calado, ele pegava na rgua e dizia: Penedo, Suajo, Gers,
Larouco, Falperra. E as serras entraram todas na minha cabea.
(Espaos 16)
O registo memorial a que me referi reforado (e expressou-se no momento
prprio) pelo procedimento de pura rememorao sem suporte escrito, eminentemente
coloquial portanto, conforme se percebe no texto que acabo de citar, texto de sabor
quase infantil, extrado de uma gravao e sem reviso pelo autor. O que aqui bem se
percebe so notaes e dominantes que quero sublinhar: a referncia famlia como
entidade tutelar e marcante; a capacidade para descobrir grandes personagens em
confirma, num quadro de expresso literria em que o romance se define como gnero
em contacto directo com o tempo presente. Terceira noo: a escrita narrativa de Lobo
Antunes procede reiterada articulao de dois impulsos que, por natureza e por
tradio literria, postulamos como polarizados. Por um lado, a tendncia para a
acentuada inscrio do que pessoal, autobiogrfico, at mesmo confessional; por outro
lado, o natural recurso a processos e a categorias que servem uma construo narrativa e
ficcional capaz de modelar um universo de objectos, de eventos e de figuras observados
com relativo distanciamento.
Para alm disso, deve ainda ter-se em conta que, em princpio, as crnicas se
apresentam, no contexto da obra j extensa do autor, como textos de circunstncia,
constituindo uma actividade relativamente recente e por assim dizer paralela escrita
ficcional. Por diversas vezes, de resto, o escritor tratou de desqualificar esta actividade.
Fao-as sempre na manh do primeiro Domingo de cada ms, explica Lobo Antunes,
falando da escrita das crnicas a Maria Lusa Blanco; so duas e fao-as s duas num
par de horas mais ou menos. No creio que tenham importncia. As pessoas querem
uma coisa ligeira que no as faa pensar muito, que as divirta um pouco, esse o
esprito dessas crnicas, para mim no tm nenhuma importncia (Blanco 108).
Olhando, entretanto, de forma mais atenta, distanciada e em termos de conjunto,
podemos observar que a experincia da crnica no apenas recente, mas tambm
relativamente regular: na sequncia de uma dzia de romances e quase vinte anos
depois de ter publicado o primeiro desses romances, Lobo Antunes chega crnica e
rene muitas delas no volume Livro de Crnicas; quatro anos depois, em 2002, reincide,
neste Segundo Livro de Crnicas de que me ocuparei. O que parece significar duas
coisas: que, diferentemente de muitos outros escritores, Lobo Antunes vem do romance
para a crnica (e no o contrrio) e que esse ponto de chegada acabou por se impor com
uma regularidade que tambm a do contacto com um pblico muito mais amplo e
talvez mesmo diferente do dos romances, em publicaes peridicas com um certo
prestgio e ampla circulao.
Talvez seja, ento, caso para dizer que a menoridade das crnicas em relao aos
romances ser efectiva no que toca ao investimento do trabalho do escritor, mas no
tanto no que respeita aos seus modos de articulao com o universo romanesco e em
geral com o imaginrio que domina a obra ficcional de Lobo Antunes. Parafraseando o
escritor, direi que os domingos cinzentos [que] desbotam para dentro de ns (Espaos
73) so tambm aqueles em que, por um par de horas, irrompe uma memria (memria
de gente, de emoes, de coisas, de odores, de sabores) que no se esgota na breve
crnica que o autor debita, pois que nela aflora tambm, fragmentria e
momentaneamente, o mundo bem mais complexo e traumtico que os romances
modelizam e revelam. E em harmonia com tudo isso, uma discreta e cada vez mais
intensa ateno formao (melhor: auto-formao) do sujeito-escritor que nos fala,
instalado num lugar progressivamente dominado pela maturidade de uma voz que diz o
passado com ternura e ironia habilmente caldeadas. No tem outro significado o texto
que inicialmente citei, tambm porque ele est prximo do registo da crnica que aqui
me interessa contemplar: em rigor seria nisso que resultaria a evocao da escola do
senhor Andr e do mais que vem depois, se num dos seus domingos cinzentos o
escritor passasse escrita o que apenas lembrou oralmente. No por acaso, a escola do
senhor Andr que fugazmente aflora num dos primeiros textos do Segundo Livro de
Crnicas, esse que abre com estas palavras: O dedo imenso e estpido do professor
primrio a procurar-me entre as carteiras a pretexto dos afluentes da margem esquerda
do Tejo (Segundo Livro 25).
3. Olho mais de perto esta crnica e leio nela linhas de desenvolvimento do mundo
e do discurso cronstico de Lobo Antunes e mesmo, num outro plano, do seu mundo e
discurso ficcionais. Recordao da infncia e das dolorosas aprendizagens que ela
exige, a crnica Quem me assassinou para que eu seja to doce? a breve histria da
perda da inocncia infantil, da gnese remota de uma amargura adulta e renitente, bem
como da fixao irnica de um olhar que percebe no real a dimenso oculta de rostos e
gestos banais que s esse olhar singular de cronista-ficcionista capaz de atingir. Para
alm disso, a lembrana do jardineiro que matava pardais estrangulando-os atrs das
costas a rir-se para mim; a menina por quem me apaixonei aos dez anos, que ia ser
dentista e morreu antes disso (Segundo Livro 25), juntamente com o farmacutico
republicano que aviava receitas a insultar Deus e com a tia professora de piano que
devia ter amado o farmacutico em jovem (Segundo Livro 26-27), tudo por junto
suscita na crnica de Lobo Antunes a afirmao de procedimentos narrativos e
paraficcionais relativamente depurados, designadamente estes dois: a coexistncia de
estratos temporais diferenciados e autnomos, harmonizados no discurso da crnica, e a
difusa constituio de personagens indissociveis de uma vivncia pessoal, levando a
indagar e a questionar o agente daquele crime de lesa-inocncia sobre o qual parece ter
sido formado o escritor adulto e a obra literria que nele conhecemos.
O autor de Quem me assassinou para que eu seja to doce? no j,
evidentemente, um romancista em formao, testando nas crnicas e mesmo
aprendendo nelas a escrita dos romances que ho-de vir. O cronista em simultneo um
romancista consolidado como tal, que na crnica, voluntria ou involuntariamente,
opera uma espcie de descida aos infernos (traumas e perdas, enganos e desenganos),
descida que, por aquilo que nela vai sendo redescoberto, ilumina tambm um processo
que pode ser assim designado: identificao de um escritor com infncia e com famlia
marcantes. essa identificao que as crnicas oferecem aos leitores de Lobo Antunes,
leitores outros relativamente queles que a fico convoca, porque o so em contexto de
recepo cronstica, com tudo o que isso implica de contrato e de cenrio de leitura e
que agora no analisarei.
Falo aqui de identificao de um escritor, tendo bem presente a noo de que este
escritor concreto vive (e parece mesmo deleitar-se com isso) em tenso latente e s
vezes expressa com aquilo a que chamamos instituio literria, com os seus protocolos,
com as suas rotinas e com os seus procedimentos de canonizao. Para bem e
expressivamente resumir aquela tenso conflitual, cito um passo da crnica em que
Lobo Antunes fala dos prmios literrios: lembrando o espanto com que o amigo Jos
Cardoso Pires o via empilhar os trofus na casa de banho (Segundo Livro 24), Lobo
Antunes explica-se:
A casa de banho, prximo da sanita, o nico lugar digno para as recompensas
literrias que em regra, alis, so fessimas: os meus monstros, em exposio no
mrmore do lavatrio, detm um higinico efeito revulsivo. Para ser inteiramente
sincero no os considero meus, mas apenas uma tentativa de me anular adoptandome, conforme fizeram com o pobre Camilo ao nomearem-no visconde de Correia
Botelho. (Segundo Livro 155)
No entrarei agora na tentadora questo de saber qual o alcance efectivo de um to
negativo juzo vindo de um escritor que, de facto, aceitou receber distines e mesmo,
no caso do texto que citei, comparar-se, por causa das ditas distines, com um confrade
j canonizado. E nem tentarei antecipar o que far o mesmo escritor se um dia lhe
conferirem aquele que o prmio dos prmios ou se s o aceitar desde que (como diz)
no me obriguem a dar entrevistas nem a fazer discursos (Segundo Livro 154) coisa
que, no caso do tal prmio, parece difcil de evitar. Em vez disso, trato de relacionar a
1/2:
embora. Para sempre (Livro de Crnicas 234). No caso deste Segundo Livro de
Crnicas, a famlia para que remete a infncia sobretudo a imagem dos avs: a av
materna que a dedicatria do volume evoca e o av paterno lembrado em Um silncio
refulgente e em Dia de Santo Antnio. A e tambm noutros momentos, como
recentemente aconteceu no volume Conversaciones con Antnio Lobo Antunes (34 ss.),
famlia e infncia cristalizam tematicamente um mundo de afectos a que o escritor
adulto volta regularmente, conforme acontece tambm no texto (de que j falei) Quem
me assassinou para que eu seja to doce?
Mas importa dizer alguma coisa mais, para alm destas referncias relativamente
objectivas. Importa notar que o passado infantil que nas crnicas emerge vem
superfcie do texto como se resultasse (e resulta efectivamente) de um triplo processo de
evocao-representao, cujos vectores, em meu entender, so os seguintes: o culto da
autognose em jeito de desdobramento do sujeito, o fluxo de uma memria de colorao
proustiana e a fixao interseccionista de estratos autnomos do tempo e do espao
rememorados. Olhe-se de perto a crnica Ol e reconhecer-se- nela, antes de tudo, o
tal impulso para a autognose, provindo de um sujeito em processo de auto-observao
quase pirandelliana: E de manh l ests tu no espelho da casa de banho tua espera,
assim abre o texto. E depois, interrogativamente: Tu esse cabelo, esse nariz, as marcas
sob os olhos? Tu (Segundo Livro 81).
O sujeito que assim se autodescobre aquele que reconhece a perda da infncia
como uma espcie de punio silenciosa para o delito de ter querido crescer depressa; o
consolo possvel para atenuar essa punio a memria dos sabores perdidos que de
repente reaparecem na boca (Aproveita o espelho da barba para te acenares a ti mesmo
e vais ver que o sabor das uvas do senhor vigrio te regressa boca (Segundo Livro
83). E assim, o passado invade o presente, com uma feio de totalidade fragmentada e
a um stio ventoso de onde se saa aos espirros (Segundo Livro 89). Desse tempo
infantil conserva Lobo Antunes a imagem de um Deus derrogado e delineado agora com
os traos de uma banalidade suburbana (como diz o escritor) que directamente remete
para o universo da fico e para a subverso de mitos, de valores civilizacionais e de
referncias histricas que nesse universo ficcional em muitos casos se concretiza. Cito e
chamo a ateno para o efeito desmitificador que a radical irriso traz consigo:
O lado suburbano de Deus desagradava-me e o seu retrato, no livrinho do
catecismo, ampliava o desagrado: um senhor hirsuto, empoleirado numa
nuvem e segurando relmpagos na mo como os electricistas, ao qual
ningum, com um bocadinho de senso, abriria a porta se o encontrasse no
capacho. Era impossvel imagin-lo na sala com a minha famlia: as visitas a
entrarem numa revoada de beijos efusivos, a darem com aquele vagabundo
desleixado, o embarao do meu pai
6. Parece evidente, mas ainda assim convm dizer: para alm dos efeitos
corrosivos que esta imagstica de Deus suscita, todo o tratamento da figura divina,
submetida a um nova e perturbante figurao, sugere uma deriva da crnica para o
campo da fico, se que possvel (e em Lobo Antunes no o certamente) erigir
fronteiras ntidas entre o discurso do cronista e o discurso do ficcionista. Por outras
palavras e analisando passo a passo o que aqui est em causa: a crnica Sobre Deus
abre com uma boutade atribuda a Voltaire que, indagado sobre como era a sua relao
com Deus, teria respondido: Cumprimentamo-nos mas no nos falamos; logo depois
entra em cena a ponderao judicativa do cronista: Pela minha parte, no ando longe
disso, dado haver coisas que me parecem to injustas; a seguir a crnica fixa-se, como
tantas vezes acontece, no passado infantil do cronista, ou seja, no tempo do menino de
coro assustado pela igreja e pela religio; por fim o discurso da crnica desliza para o
imaginrio de uma figurao de Deus como prosaico e quase grotesco patro
negligente que, a avaliar pelo p que na igreja se acumulava, no era assim muito
asseado ou ento contratara uma mulher-a-dias incompetente (Segundo Livro 89).
De que fico ou (se preferirmos ser cautelosos) de que projecto de fico se trata
aqui? Tanto quanto me parece, a fico que em diversas crnicas de Antnio Lobo
Antunes se vai articulando e j mesmo brotando a que traduz uma viso do mundo
cptica e asperamente crtica, amargurada e sarcstica, profundamente corrosiva mas
no isenta de laivos de ternura, essa viso do mundo que, nos romances, tem permitido
ao escritor erigir, em clave ficcional, o retrato de um Portugal finissecular, post-colonial
e post-moderno que constitui, ressalvadas obviamente as distncias de registo e de
temas, o equivalente representao do Portugal oitocentista que a Gerao de 70 (e
Ea de Queirs, em particular) nos legou. Um Portugal a que na crnica Ol se chama
Paizinho Portugal. Meu pobre paizinho Portugal (Segundo Livro 82), expresso em
colonial (que vem a ser, como se sabe, um tema marcante na fico portuguesa das
ltimas dcadas; cf. Simes e Vecchi, 1995; Melo, 1998; Azevedo, 1998; Ribeiro, 1998)
ressurge agora sob o signo de uma memria que estranhamente parece meio obsessiva,
meio teraputica, s vezes e de novo tocada por um lan proustiano: Se for janela,
mesmo em Lisboa, vinte mil hectares de girassol a perder de vista, as pestanas loiras, os
mandris (Segundo Livro 30). dessa memria que defluem uma certa nostalgia e os
correlatos afectos, que so tambm, na sua evidncia, um efeito da linguagem que
suporta o processo de rememorao, como acontece com a carta simples e vigorosa de
um (outrora) furriel, que vem permitir uma pausa no sofrimento do escritor s voltas
com um romance por acabar. Quando chega a carta do furriel Alves um mundo que se
reconstri: e as mangueiras de Marimba desataram a estremecer-me ao comprido no
sangue, diz o escritor em H surpresas assim. E conclui:
Ainda aqui esto, estiveram sempre aqui. Isso e ns dois na enfermaria
improvisada, emocionados com um primeiro choro vitorioso e urgente. Que
sinistros, tocantes, impiedosos, maravilhosos bichos ns ramos. (Segundo
Livro 281)
7. Efeito de linguagem, disse, porque isso mesmo que acontece, tambm nas
crnicas. Por outras palavras: os textos do Segundo Livro de Crnicas no so (como
no eram os do Livro de Crnicas) o registo neutro de factos e de impresses, antes
devem ser encarados como tempestivos episdios de articulao do complexo aparelho
discursivo que Antnio Lobo Antunes rege, com agilidade ou com penosa dificuldade,
pouco importa agora.
Decorrendo nem antes nem depois da escrita ficcional, antes em paralelo e s
vezes em interpenetrao com ela, a escrita cronstica ensaia procedimentos discursivos
que no analisarei agora, j que apenas tratarei de os aflorar: essa uma indagao que
carece de maior e mais sistemtico desenvolvimento. Seja como for, a incurso por
gneros narrativos outros que no a crnica, o recurso a estratgias enunciativas
relativamente elaboradas, a composio textual exigente, a emergncia de categorias
ficcionais ou paraficcionais comparecem nas crnicas a par de uma conscincia
metadiscursiva tambm reiteradamente afirmada. Significa isto que no raro o escritor
tematiza a prpria escrita da crnica, mesmo (ou sobretudo) quando nela se declara um
vazio que h que superar. Por exemplo: H mais de uma hora procura de uma ideia
para esta crnica: no tenho nenhuma (Segundo Livro 93); ou ento: Estou h meia
hora aqui sentado espera que me venham as palavras para esta crnica e nada
(Segundo Livro 105). E contudo, a crnica aparece mesmo, talvez sendo j a outra coisa
que implicitamente se afirma quando, no final de um dos textos que citei o cronista se
interroga: Tornando crnica, o que vou escrever hoje? (Segundo Livro 95).
O nada de onde sai o tudo das crnicas podem ser coisas diferentes, j no textos
cronsticos, mas tambm, as mais das vezes, no ainda textos ficcionais formalmente
acabados. Desse nada que o muito oriundo de uma memria autoral hiperactiva saem
esboos de personagens em movimento, figuras oscilantes entre a factualidade para que
aponta a lembrana ou a observao das pessoas e a ficcionalidade, no raro de
consequncias caricaturais e desrealizantes, por vezes mesmo de colorao surrealista;
desse nada sai tambm recorrentemente a pulso autobiogrfica, no limiar de uma
identificao projectiva entre vida e escrita, que a fico, sua maneira, tambm atesta;
desse nada provm ainda a ironia que atravessa os textos cronsticos e em geral todo o
universo literrio de Antnio Lobo Antunes, uma ironia em que amargura e inocncia
infantil se misturam, conforme pude notar acerca daquela caracterizao de Deus que
no lembraria a Alberto Caeiro; desse nada saem ainda derivaes genolgicas
evidentes, designadamete quando a crnica deixa de o ser para se identificar com o
Obras Citadas
Antunes, A. L. Livro de Crnicas. Lisboa: Pub. Dom Quixote, 1998.
---. Facas, garfos e colheres, in A. Prost et alii, Espaos de Educao, Tempos de
Formao. Lisboa: Fund. Calouste Gulbenkian, 2002.
---. Segundo Livro de Crnicas. Lisboa: Pub. Dom Quixote, 2002.
Blanco, M. L. Conversaciones com Antnio Lobo Antunes. Madrid: Ediciones Siruela,
2001.