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Qualidade Das Aguas Das Piscinas Da Cidade de Caldas Novas GO Brasil PDF

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1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS


UNIDADE UNIVERSITRIA DE MORRINHOS
LICENCIATURA PLENA DE CINCIAS BIOLGICAS

QUALIDADE DAS GUAS DAS PISCINAS DA CIDADE DE CALDAS NOVAS-GO,


BRASIL
ARAJO1, Felipe Souto; DINIZ1, Fernanda Pimenta; CASTRO1, Juliana Gonalves de;
FERREIRA1, Lorenna Leo de Paula; ARAJO1, Naiane Christina Silva; CASTRO2, Mara
Lcia Lemke de.

1. RESUMO
As guas de piscinas so utilizadas para o desenvolvimento de diversas atividades fsicas e
sociais; logo torna-se necessrio que haja tratamento dessas guas pois so veculo de
transmisso de vrias doenas. As etapas do tratamento de gua de piscina incluem o processo de
clarificao fsica e qumica, de desinfeco, os aspectos legais, e a qualidade fsico-qumica e
biolgica. Considerando-se que muitas doenas podem ser transmitidas atravs das guas de
piscina, procurou-se verificar o nvel de contaminao dessas guas em algumas piscinas na
cidade Caldas Novas,Go. Foram feitas anlises fsico-qumica e bacteriolgica de 8 amostras,
sendo os resultados comparados com o Dossi Tcnico para Tratamento e Controle de gua de
Piscina da Fundao Centro Tecnolgico de Minas Gerais (CETEC). Aps anlise, constatou-se
ausncia total de cloro, o que justifica os valores de coliformes totais e fecais encontrados.
Verificou-se tambm que em algumas amostras o nvel de cloreto estava alto, indicando
contaminao das guas por urina ou mesmo suor do corpo, concluindo-se que h necessidade de
orientar o banhista quanto educao sanitria.

Palavras-chave: piscina, tratamento, anlise.

Acadmicos do 2 ano do curso de Cincias Biolgicas da Universidade Estadual de Gois,


Unidade de Morrinhos.
2
Professora Especialista docente do Curso de Cincias Biolgicas da Universidade Estadual de
Gois, Unidade de Morrinhos.

2. INTRODUO
A natao um exerccio importante e tem sido recomendado no mundo inteiro sendo um
dos esportes preferidos por pessoas de varias idades de ambos os sexos, principalmente em
regies tropicais (o que o nosso caso), onde o vero se prolonga por vrios meses e bastante
intenso.
Para mantermos sempre uma excelente qualidade das guas das piscinas muito
importante realizarmos a limpeza fsica e a limpeza qumica da gua. A limpeza fsica consiste na
remoo de sujeiras em suspenso na gua atravs de utilizao de escovas, peneiras etc. A
limpeza qumica consiste basicamente na correo do PH, alcalinidade total e residual de cloro
livre. (Cimil, 2007).
A limpeza qumica esta relacionada com o equilbrio qumico e a ao de produtos
qumicos na gua, como a aplicao de cloro e a manuteno da piscina. Consistem em eliminar a
sujeira invisvel, como bactrias, fungos e outros microorganismos causadores de doenas e
evitar que outras impurezas como algas e os mais variados resduos orgnicos se acumulem na
gua. A importncia do tratamento qumico consiste em manter em equilbrio trs elementos: o
pH, a alcalinidade total, e o residual de cloro livre. Para se obter maior eficincia dos produtos o
pH e a alcalinidade precisam estar ajustados. Esse ajuste define uma qualidade de gua
fundamental para que os produtos qumicos adicionados mesma, cada um com sua funo,
reajam e formem outros elementos qumicos que vo fazer funo determinada. (Cimil, 2007).
O PH potencial de hidrognio um parmetro na medida de acidez, neutralidade ou
alcalinidade da gua. A gua balanceada aquela que na produz irritao nos olhos e mucosas
dos banhistas no corri equipamentos, cimentos ou argamassas e tambm no deposita
incrustaes sobre superfcies submersas. O equilbrio da gua obtido, mantendo o pH e a
alcalinidade na faixa ideal. A gua acida corri os metais dos equipamentos da piscina ou
causam incrustaes. Ajustar o PH significa obter o PH correto. Sua escala varia de 0 a 14. Em
piscinas o PH deve ser mantido entre 7,2 e 7,8, garantindo que os produtos tenham ao eficaz,
proteo dos equipamentos e conforto dos banhistas. Fora da faixa ideal (entre 7,2 e 7,8) os
produtos qumicos adicionados a gua no funcionaro.
O cloro o produto mais utilizado na sanitizao e desinfeco da gua. Para
entendermos o significado do residual de cloro livre importante entender o que significa
demanda de cloro. Quando o cloro adicionado gua da piscina, ele reage destruindo

substancias contaminadas e os microorganismos presentes na gua. A quantidade de cloro


necessria para isso a demanda de cloro. Quanto maior for a poluio acumulada na gua maior
ser a demanda. Se a quantidade de cloro adicionada na gua for maior do que a demanda
originara na gua um residual de cloro e a este residual damos o nome de residual de cloro livre
que deve ser mantido na piscina para eliminar uma futura contaminao. A faixa ideal de residual
de cloro livre de 1 a 3 ppm de forma a garantir a destruio continua e eficaz de todos os
microorganismos que a qualquer momento chegarem a gua por meio de chuva, ventos, gua de
reposio e pelos prprios banhistas. J o residual de cloro livre abaixo de 1 ppm a gua da
piscina no tem condies sanitrias seguras e no deve ser utilizada. Nesse caso o cloro destri
parcialmente as contaminaes da piscina.
A Heterogeneidade de idade e sexo em um meio lquido pode, em parte, ser responsvel
pela disseminao de doenas transmissveis, pois a superfcie corprea de contato grande.
Existem alguns autores que julgam mnimas ou mesmo inexistentes as possibilidades de
veiculao de doenas dentro das piscinas, mesmo quando suas guas estejam consideravelmente
poludas. Mas, as atividades com prolongado e ntimo contato com a gua envolvem considervel
perigo de ingesto do lquido em quantidade suficiente a representar um significante risco a
sade.(FORATTINI; 1969)
comum a ocorrncia de conjuntivite infecciosa, inflamao da orofaringe, afeces de
pele, sndromes disentricas, otites e outras, entre usurios de piscinas, havendo inclusive citao
de surtos epidmicos.
Embora ocorrncias desse tipo no sejam to raras, torna-se difcil a coleta de dados, pois
sabe-se que isso no envolve apenas o banhista, mas sim os proprietrios de piscinas e clubes.
Vrios fatores intervm na ocorrncia de doenas adquiridas nas piscinas , tais como: poluio da
gua, do piso e dos objetos do uso dos freqentadores; - diminuio da resistncia orgnica do
individuo pela fadiga provocada por exerccios, em intensidade, as vezes inconvenientes.
(GUANABARA; 1973)
Parece que o maior problema consiste na contaminao a massa liquida por
microorganismos provindos da mucosa nasal e da bucal, da regio anal e perianal, da superfcie
corporal e da urina to comumente lanada no meio lquido. Porm, se a gua receber os devidos
cuidados e se houver resduos de cloro em nveis adequados, haver pouca possibilidade de
sobrevivncia de contaminantes.

A Finalidade deste trabalho foi verificar as condies sanitrias das guas em algumas
piscinas da cidade de Caldas Novas,Go nos perodos de maior fluncia de banhistas.

3. MATERIAIS E MTODOS
Foram feitas 8 coletas de amostras de gua de piscinas de clubes de Caldas Novas,
durante os meses de julho e agosto de 2007. Todas as piscinas examinadas eram equipadas com
sistema de circulao e tratamento de gua.
Levamos em considerao a forma de tratamento, estimativa de freqentadores, data e
hora da coleta das guas, temperatura ambiente e temperatura das guas.

-Forma de Tratamento
Estudamos as piscinas tratadas com cloro e o sistema clssico utilizando-se a filtrao.
Esvaziamento, higienizao e enchimento com gua limpa.

-Nmero e Tipo de Freqentadores


O nmero de freqentadores varia muito por se tratar de piscinas com intenso fluxo
turstico, mas durante a alta temporada (julho) esse numero foi sempre maior que o recomendado.
Os freqentadores eram de diferentes sexos, idades e tinham condies econmicas
diversificadas.

-Hora da Coleta
Procuramos coletar amostras no mesmo dia em todas as piscinas, escolhendo sempre o
horrio de maior fluncia de freqentadores e tambm medindo sempre a temperatura da amostra
de gua e do ambiente.

-Coleta do Material
Para as anlises bacteriolgicas foram utilizados fracos de 100ml com cinco gotas de
Tiossulfato de sdio, colocados na auto clave por 15 minutos depois de atingir uma temperatura
de 120 C. A coleta foi em dois frascos em dois pontos da piscina a uma profundidade de no

mnimo 40cm. E as amostragens para esse tipo de analise foram conservadas em gelo ate serem
utilizadas.
Para as analises fsico-qumica foram utilizados frascos de 600ml, limpos e secos, sendo
o material coletado igualmente em dois pontos diferentes da piscina. Esse mesmo material foi
utilizado para a verificao de turbidez e PH..
Os materiais utilizados foram cedidos pela SANEAGO de Morrinhos.

-Semeaduras
Todas as analises foram feitas de acordo com o padro recomendado pelo Standard
Methods no laboratrio de saneamento da companhia de Gois a (SANEAGO), em Morrinhos
GO, os resultados obtidos foram comparados com padres estabelecidos pelo Tratamento e
Controle de gua de Piscinas da Fundao Centro Tecnolgico De Minas Gerais (CETEC).

4. RESULTADOS E DISCUSSO
O quadro 1 apresenta os dados referentes as coletas das guas das piscinas. O quadro 2
apresenta os resultados das analises fsico-qumicos e o quadro 3 apresenta os resultados obtidos
das analises bacteriolgicas
Pelos resultados obtidos, as condies sanitrias das guas de piscinas examinadas, em
Caldas Novas, no momento de maior fluncia de banhistas, no foram consideradas ideais, pois
demonstram contaminao por coliformes fecais e totais que podem por em risco a sade dos
usurios.
Em nenhuma das amostra foi detectado qualquer teor de cloro residual que adicionado a
gua reage destruindo substancias contaminadas e os microorganismos presentes na gua, mesmo
que as piscinas sejam limpas todos os dias como alega o clube a falta de cloro residual acarreta
em riscos para sade dos banhistas, principalmente no perodo da tarde e noite quando j esta
prxima a limpeza e muitos banhistas j estiveram nas piscinas, assim o risco aumenta a medida
que a quantidade de banhistas aumenta. O pH das guas de todas as piscinas examinadas
apresentou dentro da faixa ideal (7,2 a 7,8). A turbidez foi sempre maior nas reas com a
presena de bar molhado e brinquedos (toboaguas). Em algumas amostras a quantidade de
cloretos foi bastante significativa, indicando contaminao por urina e suor do corpo humano.

Quadro 1: Dados sobre as coletas


Temperatura

Amostra

Data/2007

Hora

30-07

36,3

15:00

30-07

36,3

15:00

31-07

36,8

18:30

31-07

36,8

18:30

26-08

36,9

17:00

26-08

36,9

17:00

27-08

36,8

18:00

27-08

36,8

18:00

da gua C

Tabela 1: Anlises Fsico-Qumicas


Amostra Turbidez Cor pH Alcalinidade Cloreto Dureza

Cloro

Temperatura
C

2,5

4 7,24

56

37,5

104

Ausncia

36,3

2,2

8 7,46

59

50

144

Ausncia

36,3

1,2

4 7,61

59

50

140

Ausncia

36,8

1,6

3 7,25

55

50

144

Ausncia

36,8

1,41

5 7,47

55

12,25

62

Ausncia

36,9

1,11

2 7,52

58

25,5

84

Ausncia

36,9

1,71

6 7,79

62

14

86

Ausncia

36,8

1,70

6 7,70

45

54

Ausncia

36,8

Quadro 2: Padro para Exame Bacteriolgico, segundo CONAMA N 274.

EXAME BACTERIOLGICO

PARMETRO

CLASSE

CLASSE

CLASSE

CLASSE

II

III

IV

NR

NR

NR

NR

200

1.000

2.500

NR

ndice de Coliforme total


ndice de Coliforme
Termotolerantes

UNIDADE
N.M P/
100ML
N.M P/
100ML

Resoluo CONAMA n 274, de 29 de novembro de 2000 que enquadra a recreao e o contato primrio.
Legenda: N.M.P = Nmero Mais Provvel.

Tabela 2: Anlise bacteriolgica


Padro Classe I

Amostras

ndice de Coliformes Termotolerantes

200

<2

200

<2

200

<2

200

<2

200

140

200

13

200

<2

200

CONAMA N 274

5. CONCLUSO
Verificamos igualmente que as normas adotadas pelo clube no so realmente seguidas
pelos usurios e nem fiscalizadas pelo clube. No foi observada a presena de duchas ou lava ps
prximos a qualquer uma das piscinas, quando deveriam ser colocados de tal maneira que os
freqentadores no pudessem adentrar a piscina, sem passar por eles.
Em alguns perodos foi observado um nmero muito alto de banhistas em uma mesma
piscina. Portanto, para resguardo da sade, os usurios deveriam ser submetidos a um exame
medico rigoroso e pblico, mesmo porque alm dos associados qualquer pessoa pode freqentar
o clube atravs da aquisio de convites. As piscinas infantis so frequentemente utilizada por
adultos o que provavelmente favorece um aumento significativo na cor e turbidez podendo
acarretar prejuzo a sade das crianas, alm de no haver piscinas destinadas apenas para
crianas pequenas. A alcalinidade em todas as amostras apresentaram ndices inferiores a faixa
ideal (80 a 120 ppm) prejudicando a manuteno do pH, pois a alcalinidade funciona como uma
soluo tampo impedindo demasiado abaixamento do pH. Em relao a dureza as amostras
foram classificadas atravs das analises em moderada (entre 50mg.l-1 e 150mg.l-1 de CaCO3)
sendo um beneficio para a manuteno, pois a gua dura causa incrustaes, entupimento de
filtros, dentre outros favorecendo o desequilbrio total da piscina
A ausncia de cloro residual indica que a qualquer momento a gua pode se tornar
contaminada sem haver nenhum agente que empea ou pelo menos diminua o risco de
contaminao.
A elevao da taxa de cloretos sugere contaminao por urina e suor do corpo.
Sentimos que h necessidade de se dar mais nfase a profilaxia, orientando aos banhistas
quanto s normas de educao sanitria.
Deveriam ser realizados exames mdicos em todos os freqentadores, pelo menos a olho
nu para evitar contaminao de doenas como p de atleta e outras doenas causadas por fungos e
bactria detectadas apenas ao passar por um mdico.

As piscinas deveriam ser projetadas, construdas e operadas para funcionar com


obedincia a regulamentos, fazendo com que realmente fossem usadas como elemento necessrio
sade, recreao e ao equilbrio psicofisiolgico.
Isso poderia ser conseguido se houvesse colaborao satisfatria de um mdico
responsvel, alm dos banhistas e dos dirigentes ou proprietrios das piscinas. Acreditamos
tambm que o til funcionamento das piscinas repousa essencialmente no trinmio.

6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

CIMIL. Tratamento de guas de piscinas. Disponvel em: <http www.cemil.com.br>. Acesso


em: 10 de junho. 2007.

FORATTINI, O. P. apud LIMA, C. S. Consideraes de ordem sanitria referente as principais


piscinas existentes em Santa Maria, Gois, Ver. Fac. Farm. Bioq. Santa Maria, 15(1): 13-24,
1969.

GOES, N. A.Tratamento e Controle de guas de piscinas. In: Fundao Centro Tecnolgico de


Minas Gerais. DOSSIE TECNICO. Belo Horizonte, 2007.

GUANABARA, Leis e decretos, etc. Regulamento de piscinas do estado da Guanabara; decreto


E. n. 5499, Rio de Janeiro, 1973.

MENDONCA, C. P; RUFF, S. D. Estudo das Condies Sanitrias das guas de Piscinas


Publicas e Particulares, Na Cidade de Araraquara, SP, Brasil. 1978. 15 f. Artigo. Sade Publica,
Araraquara

ZINGANO, A. G. Contribuio ao estudo higinico das piscinas de Porto Alegre. Porto Alegre
1956. Tese de Doutoramento Faculdade de Medicina.

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