Nhengaíbas
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo compreender historicamente o discurso formulado
pelo Padre Antonio Vieira acerca dos povos indgenas. Centrado nos seus Escritos
Instrumentais, resultado da pesquisa que tem como foco as correspondncias produzidas pelo
jesuta no Estado do Maranho na dcada de 1650. Esta anlise busca, de forma subjacente s
posies de Vieira em relao converso e administrao dos povos indgenas, quais as
determinaes materiais e subjetivas para seu discurso. Dessa maneira damos nfase aos
aspectos de ordem institucional e religiosa que se desenvolviam no seio da Companhia de Jesus
e, simultaneamente, as determinaes que extravasavam seu regime disciplinar e hierrquico, j
que situados na lgica do sistema colonial e do contexto ps-restauracionista do trono
portugus. Somado a isso, parte das leituras mais recentes da etno-histria sobre os povos
indgenas passam a compreend-los como sujeitos ativos do processo histrico do contato,
dando nfase as apropriaes e ressignificaes por parte deles em relao do discurso Europeu.
Palavras chave: Padre Antnio Vieira, Povos indgenas, Companhia de Jesus.
THE 'BRASIS' AND THE JESUIT: INDIGENOUS PEOPLES IN THE WRITINGS OF
FATHER ANTNIO VIEIRA (1652-1651)
ABSTRACT: This article aims to understand historically the speech made by Father Antnio
Vieira about the indigenous people. Centered in their Writing Instrument, it is the result of the
research that focuses on the correspondences produced by this Jesuit in the state of Maranho in
the 1650s. This analysis seeks, in an underlying way to Vieira positions in relation to conversion
and management of indigenous people, which are the material and subjective determinations for
his speech. Thus we emphasize institutional and religious aspects that were developed within
the Society of Jesus and, simultaneously, the determinations that go beyond their disciplinary
and hierarchical regime, as situated in the the logic of the colonial system and the postrestorationist context of the Portuguese throne. Added to this, some of the most recent readings
of the ethnohistory of the indigenous people understand them as active subjects of the historical
process of contact, emphasizing the appropriations and reframes from them regarding the
European speech.
Keywords: Father Antonio Vieira, Indigenous Peoples, Society of Jesus.
Introduo
Os jesutas tem sido objeto freqente de descrio na historiografia brasileira,
principalmente no que diz respeito sua ligao com os povos indgenas. Seu conflito
Este texto resultado do projeto de pesquisa de mesmo ttulo, financiado pelo PIBIC/UFPB/CNPq e
executado entre agosto de 2010 e julho de 2011.
Graduado
em
Histria
pela
Universidade
Federal
da
Paraba.
Ex-bolsista
PIBIC/UFPB/CNPq.jonathapret@gmail.com
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com os colonos pela jurisdio dos ndios sempre foi assunto polmico e a imagem da
Companhia de Jesus varia entre a de defensora e a de detratora da populao nativa.
Entre seus membros de maior destaque e audcia estava o Padre Antonio Vieira, cuja
atuao a favor da coroa Portuguesa se estendeu ao redor de todo mundo. Homem de
prestgio durante o sculo XVII e dono de umas das maiores inteligncias do seu tempo,
sintetizou bem este perodo de conflitos econmicos e religiosos, cujo grande palco era
o Atlntico em disputa. O oceano sobre o qual Portugal estava perdendo a hegemonia.
Famoso pelos sermes escritos aps ter se formado no Brasil, foi para Lisboa em 1540,
onde se tornou importante militante do poder dos Bragana durante o processo de
Restaurao do trono portugus1. Dessa forma, envolveu-se profundamente nas
contendas polticas do imprio, tendo sido orador rgio, conselheiro, diplomata e amigo
de D. Joo IV.
Formulou, durante a guerra luso-holandesa (1630-1654), a teoria que profetizava
o destino messinico do Imprio portugus como predestinado realizao dos
desgnios divinos na terra e, entre eles, estava a converso dos povos ao redor do
mundo. Acompanhando a viso providencialista que identificava D. Joo como ungido
por Deus, traou as diretrizes polticas de Portugal para reforma do imprio, entre elas a
necessidade de lutar contra o Reino de Castela e a Holanda, esta ltima uma inimiga
que, por dcadas, ocupava o norte do Brasil. Neste contexto, em que a casa Bragana
tentava legitimar Portugal como reino independente do Imprio Habsburgo, atuou como
diplomata e umas das suas mais importantes misses tinha como objetivo negociar com
as Provncias Unidas a soluo para a questo da ocupao de Pernambuco pela W.I.C.
Espelhando-se nas companhias de comrcio da Holanda e Inglaterra, idealizou a criao
da Companhia de Comrcio do Brasil. Para financiamento da empreitada defendeu a
1
Em 1578, o rei de Portugal, D. Sebastio, desapareceu em combate com muulmanos na frica. Como o
soberano no tinha herdeiros diretos, foi desencadeada uma crise dinstica que conduziu unio dos
tronos ibricos. Em 1580, Felipe II da Espanha declarado soberano de Portugal, (como Felipe I) dando
incio ao perodo conhecido como da unio ibrica, que dura seis dcadas. No perodo da Unio Ibrica,
Portugal herdou os inimigos espanhis e entre eles a Holanda. Este conflito fez com que Portugal
perdesse, para as Companhia das ndias Ocidentais Holandesas, parcela significativa de suas posses
ultramarinas, inclusive um dos mais lucrativos territrios coloniais: Pernambuco e as demais Capitanias
do Norte do Brasil, invadidas em 1630. O processo de retomada desses territrios pelos portugueses
chegou ao fim em 1654.
Em 1640, a partir da atuao de setores da nobreza portuguesa, chega ao pice o movimento restaurador,
aclamando D. Joo, duque de Bragana, como o novo rei de Portugal, com o nome de D. Joo IV.
Contudo, este processo resultou em dcadas de conflito com a Espanha, se estendendo a luta por sua
legitimao perante Roma e as demais potncias europias at a dcada de 1680. Para saber mais sobre os
impasses diplomticos no processo de restaurao, e suas conseqncias para as capitanias do Norte do
Brasil durante o conflito luso-holands ver Evaldo Cabral de Mello: O negcio do Brasil Portugal os
Pases Baixos e o Nordeste (Rio de Janeiro Topbooks,1998).
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Sob proposta de Bento Maciel Parente, ento capito-mor (1621-1626), em 1621, a capitania do
Maranho torna-se administrativamente autnoma do Estado do Brasil, sendo dividida em duas grande
capitanias-gerais: Maranho e Gro-Par, sub-divididas em outras capitanias subsidirias instaladas em
momentos diferentes. A Capitania Geral do Maranho, a Cabea do Estado, com sede So Lus, foi
dividida em sete capitanias, quatro dessas eram da Coroa: Cear, Itapecuru, Icatu e Mearim. Assim como
foi feito no Estado Brasil, as capitanias que no pertenciam coroa foram entregues a capites-donatrios,
sendo estas: Tapuitapera, Caet e Vigia. A Capitania do Gro-Par, por sua vez, tinha sob sua jurisdio
outras capitanias secundrias, quais sejam: do Gurup (da Coroa), de Joanes, do Camet, do Cabo do
Norte e do Xingu (MEIRELLES, 2001, p.71).
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Relao da Misso da Serra da Ibiapaba (VIEIRA apud GIORDANO, 1992, p.122191) uma descrio detalhada da histria e do trabalho missionrio na regio.
Para fins de nossa exposio classificamos a documentao analisada em duas
categorias, pois ainda que tratem do mesmo assunto (a misso da serra da Ibiapaba), de
forma geral possuem estruturas formais, finalidades e um nvel de circulao
diferentes3. Dessa forma, a primeira, destinada ao padre provincial, possui um teor mais
objetivo e restrito aos interesses da Ordem, podendo ser tratada como uma hijuela, ou
anexo a uma carta principal. J a segunda, por ser uma Relao, segue um modelo de
composio que ressalta o tom espiritual da misso, suas dificuldades e superaes, de
forma que poderia ser publicada para os principais membros da Ordem ou mesmo fora
dela. Contudo, como veremos adiante, essa distino j no faz tanto efeito em meados
do sculo XVII, o perodo que tratamos, possuindo as duas cartas, associados s
finalidades espirituais, teor poltico e diplomtico, informando sempre sobre o contexto
poltico e militar do lugar da misso. Uma vez que a Serra da Ibiapaba, no perodo,
constitua um lugar estratgico da expanso colonial para os sertes do Maranho,
portanto, configurando rea a ser conquistada pelas armas ou de forma pacfica,
entendemos este documento como uma Relao de Entrada modelo de escrita
estabelecido a partir das demandas da expanso colonial para o interior 4. Retomaremos
3
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Albuquerque, mais tarde conhecido como Jernimo de Albuquerque Maranho. (MEIRELES, 2001, p.60)
O isolamento do Maranho em relao s demais capitanias exigia uma maior ao da Coroa, sob o risco
de perder o domnio sobre todo territrio, sustando o desejo, possibilitado pela Unio Ibrica, de chegar
ao Peru pela Amaznia. Os portugueses expulsaram os franceses em 1615, sob o comando de Jernimo de
Albuquerque, passando a ter controle sobre o litoral Maranhense. Contudo, a difcil geografia da regio
fazia com que permanecesse separada das demais capitanias. A prpria direo dos ventos, sentido
noroeste, fazia que as rotas martimas que partiam da Europa, divergissem daquelas utilizadas para
capitania de Pernambuco, ncleo econmico e comercial da colnia (ALENCASTRO, 2000, p.59-63). O
estabelecimento de rotas viveis, entre o Maranho e o restante do Brasil, s poderia ocorrer abrindo
caminhos pelo interior. Contudo, o processo de interiorizao colonial, facilitado nas primeiras dcadas
da Unio Ibrica, seria interrompido com a invaso holandesa das Capitanias do Norte (1630-1654) no
Maranho especificamente entre os anos de 1642-1644 , sendo retomada aps sua expulso definitiva.
(ABREU, 1988, p.15-16).
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POMPA, Cristina. Religio como Traduo. Missionrios, Tupi e Tapuia no Brasil Colonial. Bauru:
Edusc, 2003.
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Aos ndios aliados foi garantida a liberdade durante toda a colonizao. Apesar disso os colonos
encontram diversas maneiras de burlar a legislao. O mesmo serve para remunerao do trabalho
indgena, oficialmente garantida desde a lei de 24/02/1587, reafirmada em Alvar de 26/10/1653 e na lei
de 1611. No momento da chegada de Vieira ao Maranho vigorava a proviso real de 1649 que
estabelecia que nenhum ndio seria obrigado a servir sem salrio, os que trabalhassem em canaviais,
tabacos e lavouras penosas podiam ausentar-se livremente; os brancos que os violentassem ficavam
sujeitos ao degredo de quatro anos e multa de 500 cruzados (LEITE, 1965, p.249). Para uma discusso
mais aprofundada ver, de Beatriz Perrone-Moiss, ndios livres e ndios escravos: os princpios da
legislao indigenista do perodo colonial (sculos XVI a XVIII) (In: CUNHA, Maria Manuela Carneiro
da (Org.). Histria dos ndios no Brasil. So Paulo: Companhia das Letras: Secretaria Municipal de
Cultura: FAPESP, 1992, p. 115-132.).
7
Por ndios de corda entendem-se aqueles aprisionados por grupos inimigos, cujo destino era, muitas
vezes, o sacrifcio. Portanto, ao serem resgatados era considerado legtimo que portugueses os
mantivessem cativos por prazo determinado.
8
Ver Informao Que Deu O Padre Antnio Vieira Sobre O Modo Que Foram Sentenciados Por Cativos
Os ndios Do Ano de 1655. In: Escritos Instrumentais Sobre os ndios; So Paulo:
EDUC/Loyola/Giordano, 1992, p128.
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ento cativos. Diante da presso dos moradores, no mesmo ano o rei expediu nova
ordem, revogando a primeira, assim como os captulos de liberdade, deixando a porta
aberta para cativeiros injustos. Devido ao prestgio que tinha junto ao Rei D. Joo IV,
Vieira partiu para Lisboa com o intuito de conseguir uma nova lei que restringisse o
cativeiro indgena, regressando com sucesso no ano seguinte, j que obteve o decreto
real de 9 de abril de 1654 para o Estado do Maranho. Este decreto afirma a liberdade
dos ndios daquele Estado, dando Companhia de Jesus autonomia e liderana nas
expedies de entrada e proibindo a presena de capites nas aldeias que deviam ser
governadas pelos missionrios e pelos chefes indgenas (principais de nao e
lideranas) (CUNHA, 2002, p.119).
Vieira sempre foi conhecido como defensor de medidas em favor dos ndios,
alegando a perseguio da Companhia e destes povos pela da cobia dos colonos.
bem sabido que, na opinio dos missionrios, a evangelizao e a pacificao da
colnia, objetivos da ao jesuta, tinham como principal impedimento os interesses de
moradores, autoridades e religiosos de outras ordens em explorar o suor e o sangue
indgena, cuja menoridades s nos defendemos (VIEIRA, 2008 p. 336).
As representaes sobre a incapacidade indgena fazem parte de uma longa
construo dos missionrios, datada do incio da colonizao.9 Da que a ideia de povos
sem rei, sem lei e sem f, cujos costumes no encontram nenhum sinal de idolatria,
condizia plenamente com a concepo de gentio: desconhecendo a f, so aptos a
receb-la. Contudo, o rpido entusiasmo dos batizados em massa nos primeiros anos da
chegada da Companhia, em 1549, deu lugar a uma profunda desiluso. O tema das
dificuldades da converso na colnia est consagrado em O Dilogo da Converso do
Gentio, escrito pelo padre Manuel de Nbrega em 1556, um ano antes da criao das
aldeias pelos jesutas:
Gonalo lvares: por demais He de trabalhar com estes; so to
Bestais que no lhes entra no corao coisa de Deus; estes to
encarniados em matar e comer, que nenhuma outra bem aventurana
9
Juan Carlos Estenssoro analisando a experincia de catequese no Chile, nos sculos XVI e XVII, chama
a ateno para o fato que os relatrios dos padres sobre as dificuldades da evangelizao, se manifestam
mais que a incompatibilidade indgena ao cristianismo, j que todos eles esto integrados a materiais
catequticos, legais ou projetos polticos cujo o objetivo exercer um controle rigoroso da religiosidade
indgena. Neste sentido, a suposta prova da resistncia indgena( ou de sua inconstncia), na realidade
seria, na Amrica Espanhola, parte da justificativa ideolgica da Igreja colonial para restringir o carter de
conversos dos ndios em seu conjunto, procurando estabelecer uma destinao tnica e social . A igreja
teve que desempenhar um constante duplo papel de estimular e ensinar a f, e ao mesmo tempo, construir
e reconstruir (e, portanto, inventar) o carter de conversos dos ndios em seu conjunto. (ESTENSSORO,
1999, p. 183).
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desenvolvem prescries sobre a estrutura formal do texto, ao qual Alcir Pcora insere
numa tradio epistolar que remete a tratados de escrita clssicos e medievais. Segundo
este, a escrita de cartas pelos missionrios est estabelecida a partir de um modelo de
narrativa edificante, exemplar e universal sobre qualquer matria em questo,
atravessada por uma teleologia da histria cujo objetivo instituir, atravs da
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De forma simultnea aos cuidados para no fossilizar os povos indgenas, excluindo-os da histria,
estudos recentes tem desempenhados esforos no sentido de no conduzir a leitura acerca do catolicismo
como um bloco ptreo e imutvel, posto que a riqueza das fontes histricas americanas sobre a
evangelizao permite-nos inverter essa perspectiva e aproxima-nos de um mundo de rpidas mudanas,
tanto da populao indgena e de suas crenas como da Igreja, obrigada a redefinir constantemente os
contedos de evangelizao (ESTENSSORO, 1999, p. 183).
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Diante disto, fica claro o temor que os portugueses tinham de vrios grupos
indgenas, dos quais dependia o prprio domnio do territrio. Esta preocupao se
expressa tambm numa representao escrita por Vieira, em junho de 1661, ao Senado
do Par. Diante dos tumultos contra os jesutas a as leis de liberdade, iniciados em So
11
Para ver a atuao estratgica das lideranas indgenas no conflito luso-holands ver Gonalves,
Cardoso e Pereira. Povos Indgenas no Domnio Holands: uma analise dos documentos tupis (16301656) (in Ensaios sobre a America Portuguesa. Joo Pessoa, Universitria/UFPB, 2009, p.39-53).
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Lus, em maio, e que se alastraram para Belm, o jesuta tentou convencer a Cmara a
no aderir aos revoltosos, chamando a ateno para os riscos de se quebrar a paz no
Estado. Neste documento Vieira enfatiza a importncia das alianas realizadas pela
Companhia com vrias naes indgenas que ocupavam toda regio e o perigo de no se
guardarem as leis e os acordos firmados diante da ameaa que algumas destas naes
representavam. Tais amizades ainda se encontravam instveis diante da contnua
desconfiana dos ndios em relao aos portugueses.
Dentre as naes que mais perigos ofereciam regio estavam os Nenghabas
que, at a paz firmada em 1658, causaram, por vinte anos, grandes danos Capitania,
naes to vizinhas e to inimigas; quanto mais perigosa seria ainda a unio destas
naes com os holandeses; como de fato, j havia notcias deste envolvimento. Ainda
que, em funo do que prometeram os padres no acordo, tenham conseguido descer
nove aldeias dos Nheengabas para o litoral, poderia se por tudo a perder com qualquer
mudana que haja na observncia das ditas leis e condies que foram juradas e
prometidas em nome de sua majestade, de que se mandaram papeis autnticos ao dito
senhor (VIEIRA, 1992, p.53-54). Vieira ressalta a relevncia do respeito aos acordos
em relao aos ndios da Serra da Ibiapaba j que, apenas atravs destas leis, mostradas
e lidas, que eles juraram todos em mos do Padre Antonio Vieira vassalagem a sua
majestade; [assim como deixaram] a passagem de Pernambuco por este meio
desimpedida, o mar seguro, e o comrcio corrente. (Idem).
Dessa maneira, percebe-se que as leis de liberdade que defendia Vieira, no se
tratavam apenas de um ato de nobreza a favor dos indefesos ndios. Mas de condies
necessrias, impostas por eles prprios, como forma de se aliarem aos portugueses.
Neste processo, os missionrios da Companhia de Jesus tinham o papel de mediar os
termos dessas alianas. Se, como j afirmado, o projeto de catequese tinha como uma de
suas funes transformar os ndios em sditos, estes por sua vez, tentaram se inserir de
forma estratgica atravs da apropriao de signos polticos e religiosos do invasor:
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Em seguida Vieira ressalta a ameaa com uma nova aliana com os holandeses
de acordo com a identificao que os ndios ainda possuam com estes, a partir da
adoo dos seus costumes, assim como pela lembrana que tinham das concesses
realizadas pelos antigos aliados:
Dessa forma, o que se expe nesta missiva uma defesa para que os
missionrios do Maranho dessem continuidade catequese neste stio, contrariando as
ordenaes do Superior e do Visitador para interromp-la. Segundo o prprio Vieira, o
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motivo fundamental para a ordem dos superiores foi por um lado inacessibilidade do
lugar, onde os padres no poderiam ser socorridos nem visitados; e por outro, ao fato
do padre Antonio Ribeiro, superior da misso, ter viajado ao Cear para apaziguar uma
rebelio de ndios juguaruanas deixando seu companheiro Pedro Pedrosa solitrio
com os ndios da Serra12. Apesar das ordens do Provincial na Bahia serem instncia
mxima da Companhia de Jesus dentro da Amrica Portuguesa, portanto, no podendo
serem desobedecidas por Vieira, este pede a interferncia do Rei para a continuidade da
misso, acionando o direito do Padroado Rgio.
O que nos interessa nesta situao que ela apresenta um desvio nas exigncias
normativas da Companhia de Jesus de acordo com as necessidades locais de converso,
condies impostas em decorrncia da longa experincia indgena de contato com os
europeus. A ao consciente dos ndios da serra em impor seus termos para realizao
da misso no nada surpreendente, se levada em conta a longa guerra travada contra
os portugueses e as dcadas de aliana com os holandeses. O que se observa que esta
misso, alm dos objetivos espirituais, viveu um rduo processo de consolidao de um
acordo entre portugueses e as vrias naes que habitavam a Serra. Com efeito, neste
sentido que se consolida o argumento levantado por Vieira na Relao da Serra da
Ibiapaba (1660) expondo a postura dos ndios da regio diante das ordens do Superior:
12
As consideraes por parte dos superiores, quanto inacessibilidade do lugar e presena de um nico
jesuta na misso, expressam um aspecto importante das exigncias disciplinares da Companhia. Os
Regulamentos de Gouveia, elaborados quando visitador do Brasil em 1586, apontam as aldeias como um
lugar de perigoso disciplina espiritual. Primeiro porque (fazendo total sentido) os missionrios estariam
sujeitos perder a sua identidade enquanto religiosos e jesutas, devido a reduzida ordem numrica de
padres para estabelecer o esprito de comunidade. Atrelado a isto estava a constante preocupao que os
missionrios sucumbissem lascividade dos ndios. Era preciso, portanto, estabelecer um estado de
vigilncia geral, que se estendia desde o superior do colgio, passando pelo superior da aldeia e de seu
companheiro, estes ltimos, por sua vez, deviam estabelecer uma relao de vigilncia mtua
(CASTELNAU-LESTOILE, 2006, p.129-131). A terceira Visita do padre Manuel de Lima (1607-1609),
apresenta um complemento dos Regulamentos de Gouveia no sentido de praticamente isolar os
missionrios da populao indgena, principalmente das mulheres (POMPA, 2002 p.73). No se trata,
como pode parecer, de medidas de pouca relevncia, mas de uma questo fundamental que se impe na
virada do XVII nos debates entre poder central e Provncia quanto ao estatuto das aldeias e que podiam
definir o rumo das prprias misses. Estas, Como foi dito anteriormente, passaram por um desgaste
devido a acentuao do aconflito entre colonos e missionrios aps a lei de 1596, pela qual a coroa
Filipina atribui aos Jesutas a prerrogativa para efetuar descimentos e repartio dos ndios dos serto.
Roma no v com bons olhos tamanho envolvimento dos padres na esfera temporal da colnia, o que, a
seus olhos, colocava em perigo a identidade espiritual de seus membros. No ano seguinte lei, o Geral
Acquaviva envia ordem ao provincial do Brasil proibindo os padres de se envolverem nas questes
temporais nas aldeias, principalmente no que diz respeito repartio e ao trabalho indgena. A posio
de Roma era manter a paz com os poderes coloniais, evitando, assim, denncias que manchassem a
reputao da Companhia (como as de Gabriel Soares de Sousa na ultima dcada do sculo XVII)
(CASTELNAU-LESTOILE, 2006, p.282-288). Ainda segundo Castelnau-LEstoile, tais medidas se
mostraram pouco eficientes em face a um crescente processo de autonomizao da Provncia, aps a
primeira dcada do sculo XVII, na formulao de um projeto de catequese de acordo com as
possibilidades locais. Esse processo de autonomizao se acentua aps o perodo de ocupao holandesa.
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Eis aqui como era verdade o que at agora todos cuidvamos, e como
os padres no tiveram nunca outro intento, seno para arrancar de
nossas terras para fazerem escravos de seus parentes os brancos. o
que o maior principal, que tem maior sagacidade, respondeu se por
sermos del rei, quereis que vamos para o Maranho , estas terras
tambm so de El Rei, e se por sermos cristos e filhos de Deus, que
Deus est em toda parte (VIEIRA, 2008, p. 353).
13
Em 1667 o missionrio flamengo, Jacobus Roland (ou, em latim, Jacobus Rolandus) escreve uma carta
intitulada Questo: se os Tapuias tm de ser tirados do serto e levados mais o prximos do litoral,
propondo a fixao dos missionrios nas aldeias dos Tapuias. A posio de Roland, apesar de censurada
na Provncia, recebe grande adeso de jesutas de destaque, como o ex-provincial Simo de Vasconcelos.
(POMPA, 2006, p.76-77).
Em 1 de dezembro 1686 foi publicado o Regimento das Misses para o Maranho. Este diploma rgio (
cujo Vieira foi um dos conselheiros) regulava toda ao missionria no Estado. No artigo 23 encontra-se a
seguinte passagem permitindo a permanncia de padres nas aldeias do serto : [...] conveniente que as
aldeias se dilatem pelos sertes para que se possam mais facilmente penetrar e se tirem as vantagens
pretendidas (Regimento das misses, In LEITE, 2004, p.149).
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Jesutas e Principais
Em carta escrita ao Rei D. Afonso VI em novembro de 1659, Vieira d conta das
trs misses realizadas no Rio Amazonas e Tocantins no ano anterior. Entre naes
descidas e ndios resgatados, esta Relao de Entrada remete ao carter de novas
descobertas das misses no Amaznia. Os jesutas aparecem como desbravadores de
novas terras, novos rios e naes. Ao contrrio da experincia no litoral as misses de
entrada ao serto, lideradas pelos jesutas, so definidas pelo seu tom pacfico. Dessa
maneira, onde nas nossas primeiras conquistas se levantaram padres das armas de
Portugal, aqui vo se levantando os padres da Sagrada Cruz, com que se vai tomando
posse dessas terras por Cristo e para Cristo (VIEIRA, 2008, p.412). De fato, a multido
de ndios gentis presentes na Amaznia, e o carter de descoberta impresso por Vieira,
permitiam reavivar o projeto catequtico na Amrica portuguesa, encarado, por este,
como fracassado no litoral do Brasil.
No
entanto,
as
razes
espirituais
dessas
misses
no
eram
de
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O assunto mais importante da carta diz respeito misso junto s vrias naes
de lnguas diferentes e dificultosas que ocupavam a grande ilha na boca do Rio
Amazonas (atual ilha de Maraj), designados pelos portugueses como nheengabas (aos
quais j nos referimos). Estes estiveram em guerra com os portugueses por quase uma
dcada. Segundo Vieira, a origem da guerra, mais uma vez, fora causada graas cobia
dos colonos portugueses por cativos. A princpio receberam estas naes os nossos
conquistadores em boa amizade; mas, depois que a larga experincia lhes foi mostrando
que o nome de falsa paz com que entraram se convertia em declarado cativeiro,
tomaram as armas em defesa da liberdade, e comearam a fazer guerra aos portugueses
em toda a parte (VIEIRA, 2008, p.414). A importncia poltica e diplomtica desta
misso se justifica pelo perigo que estas naes representam para o projeto colonial no
Maranho:
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terras o papel do Padre grande, de que j nos tinha chegado fama, que
por amor de ns e da outra gente da nossa pele se tinha arriscado s
ondas do mar alto, e alcanado ele El-Rei para todos ns as cousas
boas; posto que no entendemos o que dizia o dito papel, mais que
pela relao destes nossos parentes, logo no mesmo ponto lhe demos
to inteiro crdito que se, esquecidos totalmente de todos os agravos
dos portugueses, nos vimos aqui meter entre suas mos dos padres, de
quem j de lhe a diante nos chamamos filhos, no haver quem nos
faa mal( VIEIRA, 2008, p.416).
no mesmo dia deu o padre seu presente a cada um dos principais, como eles tinham trazido, conforme
o costume dessas terras, que a ns sempre mais custoso que a eles. os dias que ali se detiveram os
padres, que foram catorze, se passaram todos, de dia em receber e ouvir os hospedes, e de noite, em
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obstante, a abertura para absoro dos costumes do outro pelos ndios, se evidencia no
fato de terem construdo uma igreja para os jesutas antes de receb-los; ou de terem
guardado, com grande estima, o crucifixo que lhes dera o padre Joo de Souto Maior,
em 1655. O mesmo se percebe na ocasio da elaborao do termo jurdico em que se
encontravam apenas os padres e os principais, que assinaram os mesmos principais;
estimando muito que seus nomes houvessem de se chegar a presena de V.M, em cujo o
nome se lhe passaram logo cartas, para em qualquer parte e tempo serem conhecidos
por vassalos ( VIEIRA, 2008, p.418).
No temos dvidas que as transcries das falas dos ndios no perodo colonial,
passam por estratgias especficas, de acordo com o contexto, os interesses de cada
grupo envolvido e o destinatrio da verso descrita. Como j dissemos, os relatos da
Companhia de Jesus no sculo XVII no fugiam a esta regra. Muito menos os de Vieira,
gestor de um projeto especfico de civilizao do gentio na Amaznia. Dessa forma,
frequente em seus relatos, um grande grau de reverncia ao rei por parte dos ndios,
ainda mais comuns em suas cartas destinadas aos monarcas. Por outro lado, a
construo do relato tambm fruto de uma interao em que ndios se autorepresentam, de acordo com o interlocutor e a expectativa de benefcios que podem
obter. No obstante, mais do que meras palavras vazias, este episdio revela, acima de
tudo, a transformao de identidades em curso, posto em marcha pelo processo de
colonizao, mas tambm pelas condies dialticas de encontro.
A fala das lideranas presente nos relatos de entrada, na maioria das ocasies,
ressalta sua predisposio a se aliarem coroa portuguesa. Dessa forma, fica claro que
estratgia do jesuta consiste em atrair os principais como intermedirios dos processos
de paz, para tanto atraindo-os como fator de apoio monarquia e companhia na
gesto dos aldeamentos. Contudo, longe se serem fantoches manipulados pelos
europeus, estes principais demonstram ser bastante conscientes do seu poder, agindo
como verdadeiras lideranas polticas no processo de negociao da paz. Este o caso
de um principal nheengaba, cuja fala parece interromper a narrativa de Vieira, em
ocasio da pronncia dos termos de aceitao da f a fidelidade o rei:
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Consideraes finais
A necessidade da consolidao do poder dos principais indgenas, como aliados
na administrao dos aldeamentos, aparece em grande parte dos pareceres de Vieira s
autoridades coloniais e ao rei. De acordo com a poltica portuguesa de conceder mercs
a seus sditos, muitos dos lderes aliados recebiam ttulos oficiais como de sargento46
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O conflito entre jesutas e alguns principais revela uma complexa relao entre
ndios, missionrios e colonos do perodo colonial. Demonstra-se, portanto, que a
posio dos ndios gentis ou aldeados varia de acordo com interesses particulares,
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Esta carta fora publicada em 1660 como Copia de huma carta para ElRey N. Senhor, sobre as misses
do Sear, doMaranham, do Par & do grande rio das Almazonas. Escrita pelo Padre Antonio Vieira da
Companhia de Jesu, Pregador de Sua Magestade & Superior dos Religiosos da mesma Companhia
naquela Conquista. Lisboa: Officina de Henrique Valente de Oliveira, 1660.
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assim como pelo dever do imprio de lhes incutir a f (VIEIRA apud NOVAES, 1992,
p.425).
As questes relativas s dificuldades da catequese dos ndios, assim como nos
primeiros missionrios, tambm so retomadas em Vieira. Mas em nenhum momento
esse pessimismo exacerbado de forma que a converso seja entendida como
impossvel de ser realizada.
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