Aula 5 - Pontes
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CAPTULO 5
PROCESSOS CONSTRUTIVOS DE PONTES
_____________________________________________________________________
5.1
Introduo
Comprimento da obra;
Altura do escoramento;
Velocidade do rio;
Economia.
b)
c)
d)
e)
Superestrutura pr-fabricada;
f)
5.2
101
102
TRECHO B
TRECHO A
TRECHO B
TRECHO A
103
SENTIDO DE CONCRETAGEM
1,00 m
1,00 m
0,25L
0,25L
L
104
ser retirados aps uma hora do trmino da concretagem, quando a superfcie contida j
se sustenta. As grades de barras de armadura no necessitam ser retiradas.
No processo construtivo de superestrutura moldada no local sobre escoramento
direto, deve ser dada uma ateno especial ao projeto e controle de execuo do
escoramento, pois grande parte dos acidentes em pontes, principalmente as protendidas,
se d quando a obra encontra-se ainda sobre escoramento.
Escoramentos
Os escoramentos so estruturas provisrias destinadas a suportar o peso das
estruturas at que as mesmas sejam auto-portantes. A NBR-10839 - Execuo de
Obras de Arte Especiais em Concreto Armado e Concreto Protendido da ABNT, no
seu item 5.3.3, fixa as cargas que devem ser adotadas no clculo dos escoramentos. Os
escoramentos devem ser calculados para resistir o peso prprio do concreto fresco a ser
lanado e, ainda, uma sobrecarga de 75 kN/m2, para frmas e escoramentos de frmas,
acrescida de 1,25 kN/m2, para cargas de operrios, assim como dos equipamentos
utilizados no mtodo construtivo. Devem ainda, ser consideradas as cargas de vento,
atuando sobre as frmas e sobre o prprio escoramento. O DNER, atual DNIT, possui o
procedimento especfico para execuo de estruturas de escoramento PRO 207/87
Projeto, Execuo e Retirada de Cimbramentos de Pontes de Concreto Armado e
Protendido. O PRO 207/87, embora sem carter de Norma, bem mais abrangente em
informaes que a NBR-10839.
Os escoramentos so utilizados nas obras moldadas no local, e podem ser de
madeira, metlicos, de concreto armado, ou misto.
a)
Escoramentos de madeira
105
Ateno especial deve ser dada ao detalhamento e execuo das emendas das
peas, pois a reside a principal causa dos acidentes ocorridos neste tipo de
escoramento.
A soluo de superestrutura moldada no local sobre escoramento de madeira
bastante adequada para alturas de escoramento de at 6 m, e em obras de concreto
armado com seo transversal em duas vigas ligadas por laje e transversinas.
Uma grande quantidade de solues em escoramentos de madeira podem ser
encontradas no livro Cimbramentos do Professor Walter do Couto Pfeil.
A Figura 5.4 apresenta um esquema de escoramento de ponte com tabuleiro em
caixo de concreto protendido.
Escoramentos metlicos
Versatilidade de emprego;
Rapidez de montagem.
106
25
DH
DH
F2
F2
F5
421
F5
DH
DH
DH
DH
100
160
100
160
230
160
100
160
100
Escoramentos mistos
108
ESCORAMENTO TUBULAR
METLICO
109
5.3
110
Canteiro de Pr-moldagem
O canteiro de pr-moldagem deve ser bem planejado e exige rea plana com
dimenses suficientes para acomod-lo e topografia adequada. O nmero de pistas de
produo de vigas e de conjuntos de frmas depende da quantidade a ser produzida e do
cronograma da obra. A Figura 5.10 ilustra um arranjo clssico de canteiro de produo
de vigas pr-moldadas.
ARRANJO DO CANTEIRO
X
X
SENTIDO DE
TRANSPORTE
X
X
X
X
X
X
X
X
TRANSPORTE
SENTIDO DE
CAMINHO DA
TRELIA
EIXO DA PONTE
LEGENDA :
1_ CENTRAL DE CARPINTARIA
2_ CENTRAL DE ARMAO
3_ BEROS DE FABRICAO DAS VIGAS
4_ LINHAS DE TRILHO SOBRE DORMENTES
E LASTRO DE BRITA
5_ PTIO DE ESTOCAGEM DE VIGAS
6_ BERO DE APOIO DAS VIGAS
7_ FABRICAO DE CABEAS PR-MOLDADAS
RIO
8_ FABRICAO DE PR-LAJES
111
112
113
CABO
Figura 5.15 - Seo transversal de viaduto com laje ao nvel dos tales das vigas
A evoluo natural da tcnica levou adoo de lajes em concreto armado sobre
o talo superior das vigas. Desta forma, o problema da corroso das armaduras foi
eliminado, permitindo a utilizao de lajotas pr-moldadas, o que suprimiu por
completo o escoramento das lajes.
A Figura 5.16 ilustra uma seo transversal de ponte moderna com laje sobre o
talo superior das vigas.
114
PR-LAJE
DRENO
NOTA:
Figura 5.16 - Seo transversal de viaduto moderno com laje sobre os tales das vigas
A soluo atual apresenta as seguintes vantagens em relao a soluo das
primeiras obras:
115
116
Montagem do Sistema:
o Montar sobre os consoles de concreto armado, previamente projetados
nas travessas, um perfil metlico transversal em toda a extenso do
console, apoiado previamente em um par de caixas de areia metlicas
com seus topos no nvel 1, prevendo calos de madeira, com seus topos
no nvel 2 -abaixo do nvel 1- regularmente espaados, para apoio
posterior do perfil;
o Instalar um par de macacos hidrulicos, em cada extremidade da viga,
entre o console e o perfil metlico transversal, internamente e junto s
caixas de areia metlicas adjacentes lateral da viga. Estes macacos,
dispostos um em cada face lateral da viga, so interligados a uma bomba
manual para que sejam acionados simultaneamente, evitando assim
levantamentos assimtricos que desequilibrem a viga provocando seu
tombamento;
o Sobre o perfil metlico, que dever ser engraxado para reduo do atrito,
apiam-se um par de trelias metlicas, montadas e contraventadas
previamente, centradas sob a posio a viga, para servirem de apoio para
a forma da viga que normalmente j est incorporada ao par de trelias.
O par de trelias posicionado com auxlio de guindaste ou grua, em
funo da altura do greide da ponte ou viaduto;
o Colocar no interior da forma - normalmente por uma das laterais aberta o conjuntos de armaes passivas e ativas, j pr-montado com auxlio
do mesmo guindaste ou grua e fechar a forma lateral.
b)
c)
Descimbramento do Sistema:
o Acionar o par de macacos, elevando todo o conjunto trelia/formas/viga,
um apoio por vez. Afrouxar os parafusos das caixas de areia, para que a
mesma possa verter para fora da caixa e permitir a descida do conjunto,
at que este se apie nos calos de madeira, situados no nvel 2.
d)
Deslocamento do Sistema:
o Fixar um cabo de ao ligado a um tifor na base da trelia, em cada um
dos apoios desta. Retirar as formas com auxlio de cabo areo ou da grua.
Aps verificar se o sistema est solto, acionar os dois tifor, de forma
117
CAIXA DE AREIA
TRAVESSA
ALTURA DO CALO EM
FUNO DO BERO DO
APARELHO DE APOIO
LD
LE
T1'
V3
EMENDA
T1'
CM
V2
EIXO
EIXO
V1
EIXO
T2'
CM
T2'
CM
T3'
T3'
CM
TRAVESSA
CAIXAS DE AREIA
118
V3
EIXO
EIXO
V1
LD
EIXO
LE
T1'
TRAVESSA
T1'
CM
T2'
CM
T2'
T3'
CM
T3'
CM
CAIXAS DE AREIA
MACACOS HIDRULICOS
V3
EIXO
EIXO
V1
LD
EIXO
LE
T1'
T1'
CM
T2'
CM
T2'
CM
T3'
T3'
CM
CM
TRAVESSA
LD
V3
EIXO
EIXO
V1
EIXO
LE
T1'
T1'
CM
T2'
CM
T2'
CM
T3'
CM
T3'
CM
TRAVESSA
MACACOS HIDRULICOS
119
S1
S2
S3
S4
S5
S5
S6
S7
S8
S9
S1O
120
Figura 5.24 - Trelia de escoramento posicionada para execuo das vigas. Viaduto
de Vila Rica na BR-040/MG Construo M.MARTINS - projeto do autor
Figura 5.25 - Detalhe de escoramento invertido - projeto do Prof. Jos Luiz Cardoso
Independentemente do mtodo construtivo, superestruturas com tabuleiro
composto por vigas pr-moldadas apresentam elevado nmero de juntas transversais no
tabuleiro. Esta desvantagem atualmente evitada com o emprego das lajes de
continuidade, ilustrada na Figura 5.26, que por sua vez, requerem ateno especial no
dimensionamento.
O projeto, detalhamento e execuo destas lajes requer procedimentos especiais
que so apresentados no Captulo 12 deste Livro.
121
VAR
16
PLACA DE ISOPOR
60
60
20
20
50
50
60
20 20
180
20 20
60
10
30 10 10
10
10 10 30
5.4
122
Vigas contnuas;
Prticos.
So adotados ainda sistemas estaiados, porm estes fogem ao mbito deste livro.
As primeiras pontes produzidas por este sistema eram constitudas por vigas
isostticas com rtula central, vigas isostticas ligadas por vos gerbers ou por prticos
providos de rtulas no meio do vo central conforme relata CASADO, C, F em
Puentes de Hormigon Armado e Pretensado. Este fato est associado ao
desconhecimento de tcnicas de anlise que permitissem avaliar a modificao das
solicitaes seccionais provenientes dos carregamentos de peso prprio estrutural e da
protenso, decorrentes das modificaes do sistema estrutural durante a construo, em
funo do processo de fluncia do concreto, conforme relata Mathivat, J. em
Construction par Encorbellement des Ponts en Beton Prcontraint.
No Brasil, a Ponte de s/o rio apelotas, ponte tornou-se smbolo deste tipo de
problema pela grandeza da deformao vertical apresentada no meio do vo central.
Esta obra, de grande importncia, apresenta vo central de 189 m, o qual se constituiu
em recorde mundial na categoria em sua poca. A Figura 5.27 ilustra o sistema
estrutural da ponte e suas sees transversais no vo e nos apoios.
123
B
A
18900
3000
SEO B-B
SEO A-A
1160
320
1160
30
30
12 22
3000
121
1100
600
600
124
4800
1500
1500
8100
3300
6 ADUELAS DE 400
3300
1800
ARRANQUE
6 ADUELAS DE 400
3300
1500
60
VO GERBER
4050
1500
6 ADUELAS DE 400
3300
1800
ARRANQUE
750
6 ADUELAS DE 400
60
VO GERBER
VO GERBER
Figura 5.28 - Sistema em prticos ligados por vos gerbers Ponte sobre o rio
Parnaba na BR - 402-Divisa PI/MA - projeto do autor
Com o avano das pesquisas, principalmente as efetuadas pelo engenheiro Karl
Dischinger na Alemanha, novos sistemas estruturais foram adotados nas pontes em
balanos sucessivos. Estes sistemas eliminaram as rtulas centrais e as ligaes atravs
de vos gerbers. A continuidade promovida entre os trechos executados em balanos,
proporcionou muitas vantagens, no s no aspecto estrutural, como tambm na esttica
e na durabilidade das obras. Esta continuidade obtida por meio da concretagem e
protenso dos trechos entre os balanos executados. A anlise luz da reologia do
concreto torna-se indispensvel. Com a adoo das continuidades centrais e laterais
nestas pontes, a considerao dos efeitos visco-elsticos do concreto torna-se
imprescindvel.
Os mtodos de anlise visco-elsticos correntemente utilizados no passado, para
a determinao da redistribuio das tenses no concreto por modificaes no sistema
estrutural, praticamente no levam em conta o faseamento construtivo inerente ao
processo.
As primeiras tentativas de resolver o problema admitem diversas simplificaes
tais como: execuo de cada um dos balanos sobre escoramento em uma nica fase e
concretagem de bloqueio imediatamente aps a retirada do escoramento. Alm disto,
estes processos enfrentam o problema da fluncia do concreto de forma artificiosa
atravs da correo do seu mdulo de elasticidade. Este artifcio no apresenta respaldo
fsico, tendo em vista que a amplificao das deformaes com o tempo obtida pela
reduo do mdulo de elasticidade do concreto, que na verdade cresce com o tempo.
Processos como este, esto descritos em PODOLNY, W. Jr.; MULLER, J. M. em
Construction and Design of Prestressed Concrete Segmental Bridges.
Processos empricos e regras simplificadas, preconizadas pelo Ministre de
l`Equipement da Frana de abril de 1975 para soluo do problema da fluncia no
concreto, so descritos por J. MATHIVAT. O mais simplista dos processos empricos
consiste na recomendao de se garantir uma tenso mnima de compresso na fibra
inferior da seo do meio do vo da ordem 2 MPa de forma a enfrentar a migrao de
tenses provenientes da ao visco-elstica do concreto.
Interessante processo aproximado para determinao de contra-flechas em
pontes em balanos sucessivos, levando-se em conta a fluncia do concreto,
apresentado pelo engenheiro OSWALDO DUARTE PAIM, em 1983, no Seminrio de
Concreto Protendido.
125
750
Nas Figuras 5.29 a 5.31 podem ser observados sistemas estruturais de pontes,
todas projetadas e executadas no Brasil, com adoo das continuidades centrais e
laterais.
4000
ESCORAMENTO DIRETO
4000
BALANOS SUCESSIVOS
ESCORAMENTO DIRETO
300
N. E.
FECHO CENTRAL
N.A.=3,62
2000
2000
500
180
500
300
4000
180
500
7000
180
500
Figura 5.29 - Sistema em viga com continuidade central, com vos laterais escorados Ponte sobre o Rio Parnaba em Floriano/PI projeto Engenheiros
Associados
17180
330
1055
4000
6400
4000
1055
P1
FECHO CENTRAL
90
90
NA.146,00
E2
FECHO LATERAL
410
1660
950
250
P2
410
3
2300
1500
480
480
FECHO LATERAL
ARRANQUE
300
1500
250
5 ADUELAS DE 460
2300
ARRANQUE
90
1350
5 ADUELAS DE 460
250
950
E1
330
90
N.A. M.C.
NA.133,50
Figura 5.30 - Ponte ferroviria com sistema em prtico, com continuidades central
e lateral Ponte sobre o rio Curicaca na Ferrovia Norte-Sul - projeto do
autor
7500
3000
750
1500
LASTRO DE
CONCRETO
450
8 ADUELAS DE 400
200
3000
8 ADUELAS DE 400
40
450
180
750
380
40
FECHO CENTRAL
Figura 5.31 - Sistema em viga com continuidade central, com vos laterais lastrados
Viaduto da Serra na BR-116/SP - projeto do autor
Os sistemas estruturais aporticados, como o ilustrado na figura 5.32, sempre que
possam ser adotados, so superiores aos constitudos por vigas contnuas. As principais
vantagens apresentadas so:
Reduo da armadura dos pilares no caso de obras com greides muito altos.
127
O Sistema Construtivo
A construo em balanos sucessivos consiste na execuo de trechos da seo
transversal da superestrutura, denominados aduelas, que vo avanando em balanos, a
partir dos pilares, at a completa realizao do vo. Estes trechos ou aduelas tm
comprimento de 2 a 5 m, em funo da capacidade portante do escoramento superior.
Neste mtodo, as aduelas so moldadas no local, utilizando como cimbramento
uma trelia metlica especialmente projetada que apia-se na aduela anterior j
protendida e projeta-se em balano sobre a prxima aduela a ser executada. O apoio
frontal da trelia funciona comprimido enquanto o apoio traseiro funciona trao,
tendo que ser atirantado na laje superior da aduela j executada. Alguns tipos destas
trelias existentes no mercado utilizam contrapeso no apoio traseiro para dispensar o
atirantamento, porm esta no uma boa soluo porque dificulta a movimentao das
mesmas e introduz solicitaes adicionais nas etapas construtivas.
Uma vez concretada a aduela, aguarda-se de 2 a 3 dias e aplica-se a protenso
correspondente a esta aduela. Aps a protenso, a aduela torna-se auto-portante e podese liberar a trelia para o avano e execuo de uma nova aduela. O processo se repete
at a execuo das ltimas aduelas, restando apenas pequenos trechos de fechamento
dos vos a serem concretados posteriormente.
O mtodo dos balanos sucessivos recomendado quando se tornam presentes
os seguintes fatores:
Economia de frmas;
Economia de fundaes;
O ciclo mdio de execuo de uma aduela dura cerca de 5 dias, sendo maior nas
primeiras aduelas e menor nas ltimas. O processo ganha agilidade com o passar do
tempo de execuo, em funo dos seguintes fatores:
128
129
TRELIA METLICA
ADUELA 1
ADUELA 1
LEGENDA :
1_ CALOS DE CONCRETO
2_ BARRAS DYWIDAG
3_ MACACOS TRICOS
1
1
A limitao das deformaes nas trelias de escoramento alcanada limitandose as tenses de trabalho nas suas peas a 50 MPa. As Figuras 5.37 e 5.38 ilustram os
130
220
TRELIA
CALO DE
MADEIRA
TIRANTE
60
20
200
20
680
540
305
TRELIA
TIRANTE
LUVA
200
220
200
20
260
20
375
375
260
131
TIRANTE
CALO
CALO
N.A.=3,62
Figura 5.40 - Ponte em balano sucessivo com vos laterais escorados diretamente no solo
Na Figura 5.41, pode-se observar a etapa final de execuo de uma ponte com
fechamento central constitudo por vo gerber.
1500
2400
1700
2400
1500
2400
900
2400
1500
Figura 5.41 - Escoramento dos vos gerbers de ligao de torres em balanos sucessivos
132