Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Psicologia Da Educação Musical

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

A PSICOLOGIA DA EDUCAO MUSICAL

(Musicalizao)
Rogrio Barata Melo
Rgia Lucia
RESUMO
A musicalizao nas escolas um fator importante no que diz respeito educao de modo geral. Esta
educao musical tem se baseado nos antigos estudos, desde a educao na Grcia passando por todas as
pocas at os dias atuais. Neste sentido o presente trabalho tem por objetivo mostrar as formas de se educar
musicalmente desde cedo um indivduo, e de como o processo musical trabalha psicologicamente dentro desse
indivduo. Portanto, esse estudo mostra um pouco da histria da msica e seus mbitos a fim de melhorar o
comportamento humano nas etapas iniciais da vida desde a mais tenra idade.
Palavras-chave: Educao. Psicologia. Msica.
1 INTRODUO
A msica tem um aspecto importante no que diz respeito evoluo do ser humano desde quando ele
gerado at o fim de sua vida. Em todos os sentidos, do educacional ao teraputico, vale ressaltar que a
psicologia musical nos incentiva a t-la como base para o processo de musicalizao nas escolas como forma
de educar.
2 MSICA
A msica uma forma de arte que se constitui em combinaes de sons, seguindo-se uma pr-organizao
ao longo do tempo. Para muitos pensadores considerada uma forma de arte, pois praticada por muitas
civilizaes e manifestaes culturais.
A msica est ligada diretamente com a criao e a performance, podendo variar desde a composio
fortemente organizada at as formas de improvisao. Divide-se em gneros e subgneros, s vezes de forma
sutil, outras vezes de forma sublime, dependendo da interpretao de cada indivduo. Muitas das vezes a arte
da msica considerada criativa de representao ou uma arte de espetculo.
H evidncias de que a msica tenha surgido no perodo pr-histrico, pois o som da natureza
provavelmente pode ter despertado no homem a necessidade de organiz-lo. Apesar de nenhum critrio
cientfico provar tal ideia do desenvolvimento da msica, o mesmo confunde-se com o prprio desenvolvimento
da inteligncia humana.
A msica por definio no algo fcil de retratar, pois ela no algo nico a ser enquadrado. efmera,
pois manipula o som e organiza o tempo. Por isso o jogo fsico e emocional que a msica possui faz dela algo
difcil de enquadrar em um conceito simples. A msica se utiliza tambm da voz humana e de instrumentos
1- Acadmico do Curso de Artes Centro Universitrio Leonardo da Vinci UNIASSELVI Turma ART 0092 Belm-PA Polo
CEFA.
2- Professora-Tutora Externa do Centro Universitrio Leonardo da Vinci UNIASSELVI Turma ART 0092 - Belm-PA Polo
CEFA.
ARTES VISUAIS

38

Maiutica - Ano 1| Nmero 1| Janeiro 2013

musicais para expressar algo a algum.


Podemos dizer que, quando ouvimos alguma msica, no a ouvimos apenas com os nossos ouvidos,
ouvimos tambm atravs das vibraes dos sons em todo o corpo.
3 ABORDAGEM MUSICAL
Entre as vrias teorias, define-se que a msica no pode ter uma s definio precisamente. Todavia a
msica tem um valor histrico que evolui ao longo do tempo pelo domnio popular, folclrico e erudito, sem
contar as abordagens consideradas de suma importncia para a boa utilizao da percepo. Existem vrias
abordagens: abordagem naturalista, funcional, artstica, espiritual, definio negativa e definio social.
4 A PISICOLOGIA E A MSICA
Quando um beb gerado, todos os rgos e funes esto em plena atividade. Neste sentido falamos
que o som uma das atividades mais aguadas no momento da concepo. O feto neste perodo j entra em
contato com o som, e o primeiro deles o som da voz de sua me, e depois as vibraes sonoras de outros
rudos e vozes que o cercam.
O beb passa a saber quem o est gerando atravs do som (no caso sua me). A partir deste momento ele
toma como conhecimento essa educao sonora ou musical que ele passa a ter da por diante. Alguns estudos
mostram que, quando um beb passa a reconhecer sons, suas atividades cerebrais so bem mais desenvolvidas,
fazendo com que ao nascer tenha maior facilidade de aprendizagem.
Atravs dos sentidos musicais e sonoros, os bebs tm a capacidade de sentir medo, raiva e tristeza,
assim como ns, adultos. Com os bebs, no entanto, as sensaes so maiores, como falamos no incio desta
seo, os sentidos e formaes de um feto so bem mais aflorados.
Sendo assim a investigao cientfica dos aspectos e processos psicolgicos ligados musica to
antiga quanto as origens da psicologia como cincia. No sculo XIX, na Alemanha, foi criado o primeiro
laboratrio de psicologia experimental, por Fechner e Weber, atrados pelo estudo quantitativo em eventos
psicolgicos e fsicos, e deram incio psicofsica. Em cima desses estudos foi lanada a teoria das sensaes
auditivas juntamente com a da percepo humana em geral.
O interesse de muitos psiclogos em muitos pases era o da ao psicolgica relacionada diretamente
com a msica para o processo ensino-aprendizagem e com o emprego da msica para fins teraputicos
(musicoterapia).
Outro estudo aponta as diferenas individuais em matria de talento e aptido musical. Segundo Seachore
(1967), Shuter-Dyson e Gabriel (1981) e Carroll (1993), existem diferenas notveis nas predisposies das
pessoas quanto apreciao de vrios aspectos da msica como: tom, ritmo, harmonia e timbre. Ento uma
plena compreenso relevante para a educao musical.
Uma das importantes contribuies para o entendimento da msica, psicologicamente falando, e seus
efeitos, Carroll (1993) destaca um conjunto de nove fatores os quais so responsveis pela capacidade receptiva
auditiva nos seres humanos desde sua gerao:
1- Limiar de audio e fala.
2- Discriminao de som e fala.
3- Percepo de msica e de sons musicais.
Maiutica - Ano 1| Nmero 1| Janeiro 2013

39

ARTES VISUAIS

4- Resistncia distoro do estmulo auditivo.


5- Segmento temporal.
6- Manuteno e julgamento do ritmo.
7- Memria para padres de som.
8- Sonoridade absoluta.
9- Localizao do som.
Esses fatores contribuem para o entendimento musical no crebro humano.
Todo talento provm de capacidade musical a qual estimulada e adquirida com o tempo. Neste sentido
quando uma criana possui uma das sete inteligncias mais fortemente prevista (inteligncia musical), o
hemisfrio direito do crebro seria particularmente importante para a msica, pois, segundo Gardner (1994),
existe uma chamada preparao biolgica, ele nota ainda que, exceto os mais talentosos, o desenvolvimento
musical tende a cessar muito cedo. Quem tem talento pode continuar a progredir e, por volta dos nove anos
de idade, comea a construo da habilidade musical. Seria com a prtica contnua at a adolescncia que o
processo de escolha da msica ocorre, ou seja, quando a pessoa decide se quer ser um msico propriamente
dito ou no.
5 MUSICALIZAO
O ano de 2011 data limite para que todas as escolas pblicas e privadas do Brasil incluam o ensino de
msica em sua grade curricular. A exigncia surgiu com a Lei n 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008,
que determina que a msica deve ser contedo obrigatrio em toda a educao bsica. (BRASIL, 2012).
A musicalizao o processo de construo do conhecimento musical, um processo pelo qual o
educando tem de desenvolver as atividades cognitivas da criana, assim como: o ldico, a socializao, a
musicalidade e as funes rtmicas, percepo espacial, coordenao motora e memorizao. O objetivo dessa
lei no o de formar msicos, mas sim desenvolver a criatividade, a sensibilidade e a interao de alunos,
como diz a professora Cllia Craveiro (Conselheira da Cmara de Educao Bsica do CNE Conselho
Nacional de Educao).
Os trabalhos de musicalizao podem e devem ser aplicados em crianas a partir de dois anos de idade,
esse trabalho faz parte da arte-educao, ou seja, das atividades recreativas da pr-escola e tambm pode ser
ministrada em conservatrios musicais para o ensino de instrumentos e canto. A musicalizao possui vrios
mtodos e recursos que so utilizados para o bom desempenho deste ensino. Os mais conhecidos so:
- Mtodo Orff: desenvolvido pelo compositor Carl Orff. Nesse mtodo so utilizados instrumentos musicais
como: xilofone e metalofone pentatnicos e tambores (instrumentos de percusso), para que a criana
desenvolva sua prpria noo musical.
- Mtodo Coday: criado pelo hngaro Zotam Koday, esse mtodo de percepo rtmica utiliza o canto e as
atividades corporais usando as slabas para compor o solfejo rtmico, ou seja, cantar com os gestos cada
palavra da msica executada.
- Mtodo Willems: a obra Willems conhecida na Europa, na Amrica Latina e em alguns pases da frica.
O prprio Willems esteve no Brasil por trs vezes e muitos professores tiveram a oportunidade de conhecer
os seus princpios e vivenciar a sua rica experincia musical.
O mtodo Willems um mtodo ativo de educao musical ordenadamente progressivo, que leva o
aluno naturalmente at a fase de leitura e escrita musical de uma forma agradvel e segura, e que tem os
seguintes princpios bsicos:
ARTES VISUAIS

40

Maiutica - Ano 1| Nmero 1| Janeiro 2013

- as relaes psicolgicas so estabelecidas entre a msica e o ser humano;


- no utiliza recursos extramusicais no ensino musical.
- Mtodo Tobin: criado pela educadora Cndida Tobin, esse mtodo se utiliza da linguagem simblica e
visual para o ensino da msica, associando as cores para a visualizao da msica em seu tempo, altura e
durao. Esse mtodo utiliza animaes e programas de computador para permitir que a musicalizao seja
feita por professores que no so formados em msica.
J so notrios os benefcios e a eficcia do uso da msica para o desenvolvimento infantil no currculo
escolar (especialmente no Ensino Fundamental). Alm de servir como terapia auxiliando na formao cultural e
emocional, serve tambm para o estmulo de outras disciplinas escolares como: lngua portuguesa, matemtica,
histria, geografia e no prprio ensino da Arte. Baseando-se nisso, existem trs eixos fundamentais que
mostram por diferentes ngulos da Educao Infantil a msica como pea estrutural no programa educativo,
tais como: formao pessoal, cultural e social.
1 - Formao pessoal:
- Traz alegria para a criana.
- Contribui para o desenvolvimento da coordenao motora.
- Educa os sentimentos sociais e o carter.
- Trabalha a questo da aprendizagem em outras disciplinas.
- Disciplina emoes como: raiva, medo, agressividade (musicoterapia).
2 - Formao cultural:
- A msica como fator de conhecimento cultural.
- Desperta o senso rtmico.
- Desenvolve a sensibilidade musical.
- Faz apreciar as realizaes do mundo artstico como: rdio, TV, internet.
- Desperta a criatividade para que a criana seja capaz de compor sua prpria msica.
3 - Formao social:
- Estimula o convvio coletivo.
- Implanta o gosto pelo canto coral (levando a criana a compreender o que trabalhar em grupo).
- Mantm a confraternizao entre a escola e a comunidade.
- Apresenta a criana numa idade propcia a vrios estilos musicais tais como: o clssico, o popular, erudito,
folclrico e religioso.
- Desperta o nacionalismo e desenvolve a cultura nacional com o aprendizado e prtica dos hinos ptrios.
- Faz com que a criana se envolva em projetos e esteja sempre ocupada a fim de evitar problemas e
melhorando o seu aspecto disciplinar.
msica no Ensino Fundamental pode ser inserida nas datas festivas e at mesmo em jogos e
A
brincadeiras com o intuito pedaggico. Vale ressaltar que a escolha das msicas e das brincadeiras com
msica deve ser bem criteriosa, pois muitos educadores cantam msicas sem sentido para o processo ensinoaprendizagem, logo a criana se entediar com o mtodo aplicado pelo educador, fazendo com que a criana se
constranja com algum tipo de msica ou brincadeiras que envolvem cantigas. Abaixo esto alguns exemplos
de msicas utilizadas para fins pedaggicos.
- Canes de datas comemorativas motivam e animam as crianas. Dependendo do nvel de cada uma, essas
musiquinhas podem ser compostas por elas mesmas.
- Temas como: amizade, frias, Natal, festa junina. Entoadas com entusiasmo, as canes proporcionam
escola um bom convvio com os outros.
- Os conhecimentos gerais como clculo, a linguagem oral, oferecem temas fecundos para a musicalizao
nas escolas.
Maiutica - Ano 1| Nmero 1| Janeiro 2013

41

ARTES VISUAIS

- No teatro, nas dramatizaes, o canto fundamental para tornar a brincadeira mais interativa.
- Canes populares ou folclricas podem ser usadas como pardias, nfase no humor ou de conscientizao.
- Na educao fsica a msica aliada aos movimentos automatizados.
- Uma oficina de instrumentos musicais reciclveis ou simplesmente uma sala de msica pode ser instalada
nas escolas.
6 O ENSINO DA MSICA NAS ESCOLAS
muito tempo se educa atravs da arte, j mencionada na idade clssica por Plato, pois a educao na
H
Grcia antiga j a utilizava como recurso pedaggico voltado educao musical. O pedagogo Herbert Read
(a educao pela arte) se inspirava nas ideias platnicas para propor a substituio de uma pedagogia voltada
para o intelecto para uma voltada para os sentimentos e emoes, canalizadas por meio da arte.
abe-se que, desde a Antiguidade clssica, utilizava-se a msica para a educao de crianas e jovens.
S
Alguns estudiosos conferem particular importncia aos gregos que tinham por nfase a educao musical, que
fazia parte de um currculo de ginstica e gramtica (entendia-se essa como educao intelectual). Portanto,
ao longo dos sculos essa educao musical apenas era cultivada pelos filhos de famlias ricas devido
precariedade de ensino de forma geral e falta de professores de msica formados, privilegiando apenas
uma pequena porcentagem de pessoas ricas. Hoje as disciplinas musicais ainda se fazem presentes, sendo
universalmente reconhecidas na formao infantil e juvenil. (MONROE, 1930; MARROU, 1950; JAEGER,
1985).
ara a formao de uma pessoa musicalmente educada, ou seja, para um msico propriamente dito
P
precisa-se de conhecimento terico em msica, habilidade e desempenho (performance musical), habilidade
em canto e em instrumento, apreciao musical e hbitos musicais. Abaixo seguem alguns exemplos de
objetivos para uma pessoa musicalmente educada:
- Reconhecer os fatores essenciais para um desempenho musical (conhecimento).
- Conhecer informaes pertinentes msica (conhecimento).
- Cantar de modo afinado e expressivo (teoria e prtica).
- Ler bem uma msica em partitura para poder execut-la com independncia (habilidade e desempenho).
- Aprender a melodia da msica que ouve (habilidade e desempenho).
- Responder qualidade do desempenho (apreciao).
- Responder ao valor expressivo de diferentes tipos de msica.
- Responder bem s criticas construtivas de seus esforos musicais (atitude).
- Esforar-se para melhorar seu desempenho musical.
7 CONSIDERAES FINAIS
msica faz parte de todo um processo de desenvolvimento humano, desde a mais tenra idade, neste
A
contexto enfatiza-se a educao musical (musicalizao) como processo facilitador para o desenvolvimento
social, cultural e intelectual da criana. A msica, no entanto, no deve ser uma disciplina nica, ela pode ser
integrada ao ensino das artes. Contudo, as escolas devem estar preparadas para essa to antiga e ao mesmo
tempo nova disciplina, pois nela que veremos futuros seres humanos cheios de sensibilidade e valores
atravs da msica.
REFERNCIAS
A ORIGEM da msica. Disponvel em: <htpp//pt.wikipedia.org/wiki/musicali>. Acesso em: 24 maio 2012.
ARTES VISUAIS

42

Maiutica - Ano 1| Nmero 1| Janeiro 2013

BRASIL. Lei n 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei
de Diretrizes e Bases da Educao, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da msica na educao
bsica. Disponvel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/lei/L11769.htm>.
Acesso em: 24 maio 2012.
BRESSIA, Vera Lucia. Educao musical. So Paulo: tomo, 2003.
CARROLL, J. B. Human cognitive abilities: A survey of factor-analytic studies. New York: Cambridge
University Press, 1993.
EDUCAO musical nas escolas. Disponvel em: <htpp//pt.wikipedia.org/wiki/musicali>. Acesso em: 24
maio 2012.
GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a teoria das mltiplas inteligncias. Porto Alegre: Artes
Mdicas, 1994.
JEGER, Werner. Paidia: A formao do homem grego. Lisboa: ster, 1985.
LEITE, Cesar Donizetti; OLIVEIRA, Maria Beatriz; SALLES, Leila Maria. Educao, psicologia e
contemporaneidade: novas formas de olhar a escola. So Paulo: Cabral Editora Universitria, 2000.
MARROU, H. I. Histoire de L ducation Dans Lantiquite. Editora Seuiu, 1950.
MONROE, Paul. Histria da Educao. 1. ed. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 1930. Coleo
Atualidades Pedaggicas. v. 34.
SCHUTER DYSON, R.; GABRIEL, C. The Psychology of Musical Ability. London: Methuen, 1981.
SEASHORE, C. The psychology of music. New York: Dover Publications, 1967.

Maiutica - Ano 1| Nmero 1| Janeiro 2013

43

ARTES VISUAIS

Você também pode gostar