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Nota Tecnica de Tamponamento 1

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GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE SEA


FUNDAO SUPERINTENDNCIA ESTADUAL DE RIOS E LAGOAS - SERLA

Nota Tcnica n 01/2008


DGRH - Diviso de Outorga

Assunto: Tamponamento de Poos Tubulares

1. INTRODUO
Com a crescente industrializao, urbanizao e a tecnificao da agricultura, os
recursos hdricos superficiais esto rareando em vista do elevado consumo e pela
contaminao de mananciais, suscitada pela expanso no planejada dessas
atividades e da populao. Desta forma, as atenes vm convergindo para uma outra
fonte de abastecimento que, embora no visvel, igualmente importante: as guas
subterrneas.
Embora a gua subterrnea seja um recurso menos susceptvel aos impactos da
atividade antrpica comparativamente ao manancial superficial, h dois problemas que
podem afet-la, em alguns casos de modo irremedivel: a poluio e a superexplotao.
A poluio de gua subterrnea ocorre pela ocupao e uso inadequados do solo.
Pode se dar por fossas spticas e negras; infiltrao de efluentes industriais; pontos de
fugas da rede de esgoto e de galerias de guas pluviais; vazamentos de postos de
combustveis; contaminao por gua salina advinda do mar em aqferos costeiros,
contaminao por aterros sanitrios mal operados ou por vazadouro e lixes; uso
indevido de fertilizantes nitrogenados entre outros. Esses fatores ocorrem na superfcie
ou sub-superfcie rasa do solo, levando contaminao do aqfero.
Um outro importante fator que leva contaminao dos aqferos a existncia de
poos sem uso ou abandonados ou em que seu tamponamento tenha sido realizado
de formas inadequadas. Este tipo de ao pode levar contaminao do aqfero em
profundidades maiores, de acordo com a perfurao que se deseja tamponar.

Campo de. S. Cristvo, 138 3 andar S. Cristvo Rio de Janeiro RJ-CEP: 20921-440 Tel: (21)2299-4799

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J a super-explotao ocorre quando a extrao de gua subterrnea ultrapassa os


limites de produo sustentvel do aqfero, provocando danos ao meio ambiente ou
para o prprio recurso.

2. OBJETIVO
Esta Nota Tcnica visa definir procedimentos para a desativao de poos tubulares
abandonados por qualquer motivo ou que no atenderam s normas de construo de
poos previstas pelas NBR 12.212 e 12.244 da ABNT (Associao Brasileira de
Normas Tcnicas), ou que ainda apresente algum risco de contaminao do aqfero
ou dos usurios, inviabilizando sua utilizao.
O objetivo de um tamponamento deve ser primordialmente preventivo, ou seja, eliminar
qualquer possibilidade da penetrao de poluentes no(s) aqfero(s) atravs deste
meio de acesso representado pelo poo.
Esta norma aplicvel por solicitao do usurio e aprovao da SERLA e tambm
por determinao desta em casos onde forem constatadas:
1) Irregularidades construtivas que coloquem o aqfero em risco;
2) Deteco de contaminao do poo ou do aqfero inviabilizando seu uso;
3) Poos Improdutivos (secos ou com vazo insuficiente para o objetivo proposto);
4) Entre outras eventuais irregularidades.

3. DEFINIES

- guas Subterrneas: As guas que ocorrem na subsuperfcie terrestre.


- Aqfero: Formao ou grupo de formaes geolgicas capazes de armazenar e
conduzir gua subterrnea em quantidades utilizveis para fins econmicos.

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- Calda de cimento: Mistura fluida de cimento e gua com consistncia que permita a
colocao atravs de um tubo dentro do poo.
- Desinfeco: Conjunto de procedimentos empregados para higienizao de poos
com solues desinfetantes. Para tal, as solues mais utilizadas so base de cloro,
como hipoclorito de sdio, hipoclorito de clcio, gua sanitria e cal clorada.
- Espao anular ou anelar: Espao entre o revestimento do poo e a parede da
perfurao (dimetro da perfurao).
- Laje de proteo: Piso de concreto que envolve a salincia do revestimento do
poo, construda com pequeno declive do centro para as bordas.
- Obturador ou Packer: Dispositivo usado para tampar ou selar um poo em uma
profundidade especfica; freqentemente utilizado para reter a calda de cimento ao
longo do perfil desejado.
- Poo com vazo insuficiente: Poo tubular cujo teste de vazo obtido no
economicamente vivel para explotao.
- Poo desativado temporariamente: Poo tubular paralisado temporariamente por
problemas construtivos ou de qualidade de gua, reparveis ou simplesmente sem
uso.
- Poo inacabado: Poo tubular perfurado e no completado.
-

Poo

de

monitoramento:

Poo

utilizado

para

obteno

de

parmetros

hidrodinmicos do aqfero e ou de qualidade de gua.


- Poo seco: Perfurao para captao de gua subterrnea sem sucesso, sem gua.
- Poo sem condies de operao: Poo tubular com problemas tcnicoconstrutivos de reparao invivel ou instalado em aqfero contaminado, sem
possibilidade de realizao do tratamento recomendado.
- Poo Tubular: Obra de hidrogeologia de acesso a um ou mais aqferos, para
captao de gua subterrnea, executada com sonda perfuratriz mediante perfurao

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com dimetro nominal de revestimento mnimo de 101,6 mm (4), pode ser parcial ou
totalmente revestido em funo da geologia local.
- Selo sanitrio: Vedao do espao anelar com argamassa ou calda de cimento com
o objetivo de evitar a percolao de guas superficiais para dentro do poo no contato
do revestimento e a parede da perfurao.
- Tamponamento: Conjunto de procedimentos empregados no preenchimento de um
poo ou furo de pesquisa por calda de cimento, bentonita, brita ou outros materiais
inertes com objetivo de evitar a contaminao atravs do poo, mistura de guas de
diferentes unidades aqferas ou perda de presso do aqfero.
- Tremonha (tremie pipe): Tubo usado para posicionar a calda no fundo do poo
evitando a formao de bolhas, vazios ou obstrues. Originalmente desenhado para
posicionar concreto em baixo dgua; deve-se utiliz-lo sempre com a extremidade
submersa na calda que esta sendo aplicada.

4. PROJETO DE TAMPONAMENTO
a) Desativao e Preenchimento
A desativao do poo prev a desinstalao e retirada do barrilete e da bomba de
suco. A prxima etapa a vedao. Para tanto o espao interno do poo deve ser
totalmente preenchido com material inerte a base de brita grantica ou vulcnica, areia
ou o material da prpria perfurao, at uma profundidade de, no mnimo, 2 (dois)
metros abaixo do limite superior da rocha s, sendo toda a parte superior restante
preenchida com pasta de cimento at a superfcie, buscando a mxima vedao
sanitria possvel. No caso de utilizao de materiais nativos ou naturais estes devero
estar livres de contaminao.
Independentemente do estabelecimento da profundidade em que se encontra a rocha
s ou mesmo da profundidade que porventura possa existir uma vedao sanitria,
para poos tubulares profundos o preenchimento com cimento nunca deve ser inferior

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a 15 metros de profundidade, contado a partir da superfcie do terreno, preenchendose a parte inferior com o material inerte acima citado.
Sempre que possvel, aps a cimentao e antes da cura deste, dever-se- retirar o
material que est servindo de revestimento procurando, desta forma, dar a mxima
vedao possvel, e impedir futuras infiltraes pelo lado externo deste revestimento.
O primeiro passo para a realizao de um processo adequado de tamponamento
conhecer o perfil construtivo e litolgico do poo. Caso os perfis dos poos no sejam
conhecidos, deve-se utilizar os processos n1 (para aqfero sedimentar) e n5 (para
aqfero fissural). Caso contrrio o tcnico responsvel optar pelo procedimento
listado abaixo que for mais adequado para o perfil litolgico do poo.
1) Preenchimento com material impermevel e no poluentes (argila, argamassa ou
calda de cimento) ;
2) Preenchimento com calda de cimento, injetada sob presso, a partir do topo do
aqfero ;
3) Instalao de obsturador em uma determinada profundidade e preenchimento com
calda de cimento, calda de bentonita ou argamassa a partir do dispositivo at a
superfcie ;
4) Instalao de obsturador no topo do aqfero produtor e injeo de calda de cimento
sob presso da base do poo at o obsturador ;
5) Preenchimento com cascalho ou brita adicionado a calda de cimento na proporo
5x1 ;
6) Preenchimento com cascalho, areia grossa ou brita ;

A tabela 1 a seguir visa a auxiliar no dimensionamento de calda de cimento em funo


da profundidade e dimetro do poo tubular. So correlacionados o dimetro do poo
com o volume da calda em litros ou em metros cbicos; com o numero de metros que
se poder preencher o orifcio com um saco de cimento de 50 kg; e na ltima coluna,

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quantos sacos de cimento devem ser usados por metro de profundidade. Esses
nmeros so sempre teis na estimativa de quantitativos de materiais e de custos.
Tabela 1 Tabela para auxiliar o dimensionamento do volume de calda de cimento em
funo da profundidade e dimetro do poo tubular.
Dimetro do
Poo
Polegadas
2
3
4
5
6
7
8
10
12
16
20
24
36
40
48
50
60
80

Volume de Calda
Metro linear por
1
por profundidadde saco de cimento2
L/m
1,99
4,6
8,07
12,42
18,63
24,84
32,3
50,93
73,29
130,43
203,72
305,58
658,37
822,61
1170,16
1287,48
1856,5
3307,58

m3/m
0,002
0,005
0,008
0,013
0,019
0,025
0,033
0,051
0,073
0,13
0,204
0,288
0,66
0,82
1,17
1,28
1,85
3,29

m/saco
17,89
7,92
4,48
2,87
1,98
1,46
1,13
0,72
0,49
0,28
0,18
0,07
0,043
0,032
0,031
0,028
0,02
0,011

Saco de Cimento
por metro de
Profundidade
saco/m
0,06
0,13
0,22
0,35
0,5
0,68
0,89
1,4
2,05
3,57
5,56
14,26
23,43
31,25
32,21
35,52
51,21
91,24

1- Calda de cimento: 1 pacote de 50 kg de cimento do tipo Portland para 27 litros de gua.


2- Saco de cimento de 50 kg do tipo Portland
Fonte: Modificado de Derickson, H; Bulher, K & Siegel, Jerry (2001).

b) Caixa protetora
A caixa protetora a ser colocada sobre a cabea do poo deve ser construda com
material resistente, preferencialmente ao, com abas laterais que permitam sua fixao
na laje de proteo. Para fixao da caixa recomenda-se a utilizao de parafusos e
cimento. A figura 1 a seguir apresenta esquematicamente a caixa de proteo do poo.

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Os procedimentos aqui definidos so genricos, eventualmente procedimentos


especficos podero/devero ser estabelecidos conforme a natureza geolgica ou
construtiva para casos de risco em poos perfurados em reas de influncia de
atividades de potencial poluidor como posto de gasolina, metalrgicas, curtumes, etc.

Figura 1 Esquema de caixa de proteo externa para proteo da cabea do poo


para desativao de poos tubulares.
5.

PROCEDIMENTOS

PARA

SOLICITAO

REALIZAO

DO

TAMPONAMENTO
O usurio dever solicitar SERLA o tamponamento de seu poo atravs de
requerimento devidamente preenchido (em anexo). Caso este no possua processo,
dever solicitar ao rgo gestor, a abertura para o tamponamento de poo(s).
O usurio dever apresentar alm do requerimento, o projeto especfico para o
tamponamento de seu(s) poo(s). No projeto de tamponamento devero constar pelo
menos as seguintes informaes:

Relatrio constando o(s) motivo(s) para realizao do tamponamento (baixa


produtividade, gua contaminada etc.) e metodologia a ser aplicada (descrever
as profundidades dos preenchimentos com o material inerte e com a pasta de
cimento obedecendo s normas da ABNT);

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Perfil geolgico construtivo do poo (quando houver);

Coordenadas UTM ou Geogrficas de localizao do poo;

Fotos de acompanhamento do processo de tamponamento;

Declarao no Cadastro Nacional de Recursos Hdricos CNARH;

Anotao de Responsabilidade Tcnica (ART) por profissional habilitado


(Gelogo, Hidrogelogo ou Engenheiro de Minas) com as coordenadas do(s)
poo(s), contendo a descrio do servio realizado;

Cpia da cdula de identidade e pagamento no CREA.

Rio de Janeiro, 15 de Outubro de 2008.

________________________________
Geog. Marilena Alfradique Correixas
Coordenao da Diviso de Outorga/DGRH
Mat. 361.086-2

________________________________
Eng. Mnica Miranda Falco
Diretora de Gesto dos Recursos Hdricos
Mat. 360.413-9

_________________________________
Arq. Luiz Firmino M. Pereira
Presidente da Serla

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6. REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

ABNT NBR 12.212:2006. Poo tubular Projeto de poo tubular para captao de
gua subterrnea.
ABNT NBR 12.244:2006. Poo tubular Construo de poo tubular para captao de
gua subterrnea.
ESTADO DE MINAS GERAIS - IGAM - Nota Tcnica DIC/DvRc n 01/06. Termo de
Referncia para desativao de poos ou permanente de poos tubulares e manuais.
ESTADO DE MINAS GERAIS - LEI 13.771/2000. Dispe sobre a administrao, a
proteo e a conservao das guas subterrneas.
ESTADO DE SO PAULO. Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(CETESB) Disponvel em http:// www.cetesb.sp.gov.br/solo/agua_sub/gestao.asp.
Acesso em setembro de 2007.
ESTADO DE SO PAULO - MANUAL TCNICO DE OUTORGA SUDERHSA.
Estabelece os critrios para outorga dos recursos hdricos.
ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Lei n 3239/99, de 02 de agosto de 1999. Poltica
Estadual

de

Recursos

Hdricos.

Disponvel

em:

http://www.serla.rj.gov.br/l_estadual/lei3239.asp. Acesso em: agosto de 2007.


ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Decreto Estadual n 40.156 de 17 de outubro de
2006, Disponvel em: http://www.serla.rj.gov.br/l_estadual/ dec.40.156.asp Acesso em:
agosto de 2007.
ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Portaria Serla n 385 de 12 de abril de 2005.
Disponvel em: http://www.serla.rj.gov.br/l_estadual/port385.asp. Acesso em: setembro
de 2007.
ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Portaria Serla n 555 de 01 de fevereiro de 2007.
Disponvel em: http://www.serla.rj.gov.br/l_estadual/port.555.asp. Acesso em: setembro
de 2007.

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ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Portaria Serla n 567 de 07 de maio de 2007.


Disponvel em: http://www.serla.rj.gov.br/l_estadual/port.567.asp. Acesso em: setembro
de 2007.
ESTADO DO RIO DE JANEIRO - PROJETO DE LEI n 698/20 03 Minuta GT da
CDMA. Dispe sobre a administrao; a Proteo e a Conservao das guas
Subterrneas.
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Termo
de referncia para tamponamento de poos.
RESOLUO CNRH N. 15/2001. Estabelece diretrizes gerais para a gesto de guas
subterrneas.
UNIVERSIDADE DE SO PAULO Instituto de Geocincias Disponvel em
http://www.igc.usp.br/geologia/aguas_subterraneas.php. Acesso em setembro de 2007.

Analistas de Recursos Hdricos Diviso de Outorga - DGRH


Claudia Abreu
Eny de Lannes
Erica Reimer
Francisco Danciger
Frank Gundim
Guilherme Moreira
Marcelo Torres
Pesquisador CNPq /Serla Projeto CT- Hidro
Alexandre Cruz
Ilustrao
Antonio Mattos
Apoio tcnico e administrativo
Iane Santos
Carolina Franklin
Shirley Torres

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