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Livro Festas Juninas

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Festas Juninas

Festas de São João

Origens, Tradições e História

LÚCIA HELENA VITALLI RANGEL

Patrocínio:
Copyright © YOKI Alimentos S.A.

EDIÇÃO, CAPA E FOTOGRAFIAS: Publishing Solutions


IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Ipsis Gráfica e Editora

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Rangel, Lúcia Helena Vitalli


Festas juninas, festas de São João: origens, tradições e história / Lúcia Helena Vitalli
Rangel. – São Paulo: Publishing Solutions, 2008.

Bibliografia.
ISBN 978-85-61653-00-2

1. Festa de São João – História 2. Festas juninas – História. I. Título.

Índice para catálogo sistemático:


1. Festas juninas : Costumes : História 394.268209

Todos os direitos desta edição são reservados à YOKI Alimentos S.A.


Rua Paes Leme, 524 – 4º andar – São Paulo, SP
CEP 05424-904 Tel.: (11) 4346-4177
Endereço na Internet: www.yoki.com.br
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Apresentação

“ O balão vai subindo, vem caindo a


garoa. O céu é tão lindo e a noite é
cheirinho do cravo, da canela e do gengibre.
O fato é que as festas juninas são come-
tão boa. São João, São João, acende a moradas em todo o país e representam
fogueira no meu coração.” uma das mais ricas manifestações culturais
Quem não cantou e se encantou com brasileiras. No entanto, na mesma medida
essa música de Carlos Braga e Alberto em que essas tradições culturais perma-
Ribeiro? Ou não colocou chapéu de palha necem, apesar das profundas mudanças
e dançou a quadrilha com o balancê e o estruturais do Brasil — que em pouco mais
caminho da roça? Ou ainda resistiu às de meio século passou de eminentemente
delícias dessa festa? rural à condição de urbano —, começam a
Aliás, a culinária junina é um capítulo à se esgarçar na memória das novas gera-
parte. A canjiquinha e o munguzá no ções de brasileiros as origens desses feste-
Nordeste, o curau e o bolo de fubá com erva- jos. As crianças continuam dançando a qua-
doce no Sudeste, o amendoim torradinho ou drilha no mês de junho, porém não conhe-
em suas variações, como a paçoquinha, o cem mais a história da festa e de seus santos,
pé-de-moleque e o gibi. Além, é claro, da o significado de seus rituais, as letras das
pipoca, sem dúvida uma unanimidade músicas mais tradicionais.
nacional. E o cheirinho dessa época... Festa Este livro, patrocinado pela Yoki, em-
junina sem quentão, quem já viu? No ar o presa ligada às tradições brasileiras e, em
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especial, a essa festa, uma vez que está variados das comemorações. Narra sua his-
envolvida na produção de ingredientes e tória, que remonta a períodos anteriores à era
quitutes juninos há mais de quarenta anos, cristã, e o papel dos santos juninos nos fes-
é uma colaboração no sentido de manter tejos; fala das diversidades regionais, da re-
vivo na memória nacional esse verdadeiro presentação do boi-bumbá no Norte à tra-
patrimônio cultural. Na decisão de publicá- dição caipira no Sudeste; explica as origens
lo pesou também o compromisso da em- da quadrilha e das roupas usadas na festa.
presa com as novas gerações, pois a idéia Contém também o roteiro do casamento
é que o livro possa servir de subsídio para caipira e da dança da quadrilha, reproduz
a pesquisa escolar. as letras das músicas mais representativas e
Para desenvolver um trabalho com o nível ensina a fazer os quitutes típicos de todas as
de profundidade adequado, a Yoki contratou regiões de nosso país.
a antropóloga Lúcia Helena Vitalli Rangel, Esperamos que você, leitor, aprecie a
especialista no assunto, que foi auxiliada por nossa contribuição e tenha tanto prazer em
Vivian Catenacci. O conteúdo dessa pesquisa ler este livro quanto nós, da Yoki, tivemos
é agora lançado em forma de livro. Festas em editá-lo.
Juninas, Festas de São João abrange aspectos Bom proveito!

GABRIEL JOÃO CHERUBINI


VICE-PRESIDENTE – YOKI ALIMENTOS S.A.

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Apresentação à 3a Edição

C om o sucesso das edições ante-rio


res, estamos apresentando a 3a
edição de Festas Juninas, Festas de São João
como tema a Festa Junina. Nesta 3a edição
estamos acrescentando um capítulo de
poesias juninas, onde publicamos as
– Origens, Tradições e Histórias, totalizando poesias vencedoras do Concurso de Poesia
180.000 exemplares publicados. O de Dois Córregos, cidade do interior de São
resultado da pesquisa elaborada por Lúcia Paulo. Não deixe de ler!
Helena Vitalli Rangel mostra-se oportuna e O livro tem como objetivo ajudar na
atual. Os festejos juninos estão enraizados perpetuação dessa tradição cultural tão
em nossas memórias, com suas melodias e importante. Para isso pretende ser um
aromas característicos. subsídio à pesquisa do tema, princi-
Esta edição apresenta nova diagra- palmente às crianças em idade escolar. Em
mação e apresentação gráfica. Facilitar o seu conteúdo encontramos, simpatias ju-
acesso ao conteúdo da obra é nosso intuito. ninas, adivinhas, letras de músicas cantadas
Buscamos uma aparência mais leve. No nas festas juninas, representação de casa-
projeto gráfico note-se o destaque dado aos mento matuto e evolução da quadrilha
elementos ícones das festas juninas. Tudo caipira. E como não poderia deixar de
para estimular a leitura desse material de faltar, as saborosas comidas típicas en-
pesquisa tão bem aceito, nas escolas e contradas em qualquer festa junina.
bibliotecas brasileiras. Convido você, leitor, a entrar neste
A Yoki participa dessas festas tão bra- mundo maravilhoso.
sileiras, estimulando ações que dêem con-
tinuidade a essas vivências e também pa- GABRIEL JOÃO CHERUBINI
trocinando eventos culturais que tenham VICE-PRESIDENTE – YOKI ALIMENTOS S.A.

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Sumário

11 NOTA INTRODUTÓRIA

15 1 Origem das Festas Juninas


16 A coleta e o cultivo
18 Rituais de fertilidade
18 O dia de São João na Sardenha

21 2 As Comemorações Juninas no Brasil


22 As relações sociais e o compadrio
24 São João em Caruaru e Campina Grande
25 Na Região Norte
25 No Sudeste

27 3 Santo Antônio, São João e São Pedro


27 Santo Antônio: camarada e casamenteiro
29 Simpatias, sortes e adivinhas para Santo Antônio
32 A festa de Santo Antônio
34 São João, a purificação pelo batismo
36 Simpatias, sortes e adivinhas para São João
39 A festa de São João
42 São Pedro, fundador da Igreja Católica
43 A festa de São Pedro
8
47 4 Casamento Caipira ou Matuto
47 Sugestão para a representação do casamento caipira ou matuto

51 5 Danças Juninas
51 Origem da quadrilha
52 Trajes usados na dança
53 Sugestão para a evolução da quadrilha caipira
55 Fandango
57 Bumba-meu-boi
58 Lundu
58 Cateretê

61 6 Jogos Juninos
61 Jogos de terreiro
62 Jogos de barracas

65 7 Músicas Juninas

73 8 O Mastro

77 9 Comidas e Bebidas Juninas

97 Concurso de redações
119 Concurso de Poesias
127 Bibliografia
9
10
Nota Introdutória

E ste livro é resultado de uma pes-


quisa realizada a pedido da Yoki,
o que gerou uma troca fecunda entre
não apenas porque a pesquisa a respeito
da realidade social contribui para o
conhecimento da vida de um povo e das
universidade e empresa. questões sociais, políticas, econômicas e
O tema festas juninas proporciona um culturais que o configuram, mas também
campo fértil de análise do significado desse porque sua prática revela o prazer de
período tão importante na cultura brasi- conhecer.
leira: sua origem, sua transformação na O ato de conhecer conduz ao desco-
história européia e suas redefinições no brimento, à ampliação da capacidade de
contexto brasileiro, desde os tempos analisar, de sistematizar, de explicar.
coloniais até a atualidade. Conhecer, portanto, amplia os horizontes
A pesquisa, concebida por mim, foi rea- da consciência, da cidadania e da crítica.
lizada em conjunto com Vivian Catenacci, Tudo isso fornece bases consistentes
na ocasião minha aluna no curso de para as instituições de ensino e, particu-
graduação em Ciências Sociais da PUC-SP. larmente, para a universidade, centro de
A prática da pesquisa representa um ensino, pesquisa e extensão.
dos pilares fundamentais do conhecimento Outro aspecto importante a ressaltar
sobre a vida social. Aprender fazendo é é que a atividade de pesquisa enriquece
muito importante na formação do aluno, de modo muito especial a relação pro-
11
fessor/aluno. Produzir em conjunto é Sendo assim, este livro tem caráter
estimulante para ambos porque ensinar didático e constitui um convite à pesquisa.
e aprender são dimensões do mesmo ato, Agradeço à Yoki a oportunidade de realizar
cuja base pode estar assentada na um trabalho prazeroso e importante e a
reciprocidade. Vivian a saudável prática da partilha.

LÚCIA HELENA VITALLI RANGEL

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13
14
1 Origem das Festas Juninas

O calendário das festas católicas


é marcado por diversas come-
morações de dias de santos. Seu ciclo mais
desse, outros santos reverenciados em
junho: Santo Antônio (dia 13) e São Pedro e
São Paulo (dia 29).
importante se inicia com o nascimento de Se pesquisarmos a origem dessas
Jesus Cristo e se encerra com sua paixão e festividades, perceberemos que elas
morte. Na tradição brasileira, as maiores remontam a um tempo muito antigo, ante-
festas são Natal, Páscoa e São João. As rior ao surgimento da era cristã. De acordo
comemorações de cunho religioso foram com o livro O ramo de ouro, de sir James
apropriadas de tal forma pelo povo George Frazer, o mês de junho, tempo do
brasileiro que ele transformou o Carnaval solstício de verão (no dia 21 ou 22 de junho
— ritual de folia que marca o início da o Sol, ao meio-dia, atinge seu ponto mais
Quaresma, período que vai da quarta-feira alto no céu; esse é o dia mais longo e a noite
de Cinzas ao domingo de Páscoa — em mais curta do ano) no Hemisfério Norte, era
uma das maiores expressões festivas do a época do ano em que diversos povos —
Brasil no decorrer do século XX. celtas, bretões, bascos, sardenhos, egípcios,
Do mesmo modo, as comemorações persas, sírios, sumérios — faziam rituais de
de São João (24 de junho) fazem parte de invocação de fertilidade para estimular o
um ciclo festivo que passou a ser conhecido crescimento da vegetação, promover a
como festas juninas e homenageia, além fartura nas colheitas e trazer chuvas.
15
Na verdade, os rituais de fertilidade sidade e a vegetação renasce, brota e flo-
associados ao cultivo das plantas, incluindo resce para oferecer as sementes do novo
todo o ciclo agrícola — a preparação do ciclo, cujos frutos estarão maduros no verão.
terreno, o plantio e a colheita —, sempre No Hemisfério Norte, as quatro estações
foram praticados pelas mais diversas do ano estão demarcadas nitidamente; na
sociedades e culturas em todos os tempos. região equatorial e nas tropicais do Hemis-
Das tradições estudadas por Frazer fério Sul, o movimento cíclico alterna os perío-
destacam-se os ritos celebrados nas terras dos de chuva e de estiagem, mas ainda assim
do Mediterrâneo oriental (Egito, Síria, o ciclo vegetativo pode ser observado da
Grécia, Babilônia) com o objetivo de regu- mesma maneira — alteração na coloração e
lar as estações do ano, especialmente a perda das folhas, seca e renascimento.
passagem da primavera para o verão, que O que ocorre com a natureza é algo
sela a superação do inverno. semelhante à saga de Tamuz e Adônis, que
submergem do mundo subterrâneo e
A Coleta e o Cultivo retornam todos os anos para viver com
suas amadas Istar e Afrodite e com elas
O ciclo anual da natureza prevê a morte fertilizar a vida.
e o ressurgimento da vegetação. Todos os
anos as plantas passam por um processo de As lendas de Tamuz e Adônis
transformação: no outono, as folhas mudam
de cor, tornando-se amareladas e murchas; “Na literatura religiosa da Babilônia,
no inverno, elas caem e deixam a planta sem Tamuz surge como o jovem esposo ou
folhas até que chega a primavera. O sol amante de Istar, a grande deusa-mãe, a
então começa a brilhar com mais inten- personificação das energias reprodutivas da
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natureza. [...] Tamuz morria anualmente [...] que confiou a Perséfone, rainha dos infer-
e todos os anos sua amante divina viajava, nos. Mas, quando Perséfone abriu a arca e
em busca dele, ‘para a terra de onde não viu a beleza da criança, recusou-se a
há retorno, para a mansão das trevas, onde devolvê-la a Afrodite [...]. A disputa entre as
o pó se acumula na porta e no ferrolho’. Du- deusas do amor e da morte foi resolvida por
rante sua ausência, a paixão do amor deixa- Zeus, que determinou que Adônis devia viver
va de atuar: homens e animais esqueciam parte do ano com Perséfone no mundo infe-
de reproduzir-se, toda a vida ficava amea- rior, e com Afrodite, no mundo superior ou
çada de extinção. Tão intimamente ligadas na terra, durante a outra parte. [...] a luta
à deusa estavam as funções sexuais de todo entre Afrodite e Perséfone pela posse de
o reino animal que, sem a sua presença, elas Adônis reflete claramente a luta entre Istar
não podiam ser realizadas. [...] A inflexível e Alatu na terra dos mortos, ao passo que a
rainha das regiões infernais, Alatu ou Eresh- decisão de Zeus de que Adônis devia passar
Kigal, permitia, não sem relutância, que Istar parte do ano no mundo inferior e parte do
fosse aspergida com a água da vida e ano no mundo superior é apenas uma versão
partisse, provavelmente em companhia do grega do desaparecimento e reapareci-
amante Tamuz, para o mundo superior e que, mento anual de Tamuz.”
com esse retorno, toda a natureza revivesse.” (Frazer, 1978, p. 123)

  
Com o tempo os homens, além de
“Refletida no espelho da mitologia desfrutar o ciclo da natureza coletando seus
grega a divindade oriental, Adônis surge frutos, passaram a domesticar animais e a
como um belo jovem, amado de Afrodite. Em cultivar plantas para sua alimentação. O
sua infância, a deusa o ocultou numa arca, cultivo de raízes e legumes, juntamente com
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a caça, a pesca e a coleta, representa o rituais mais expressivos que o homena-
conjunto das atividades produtivas que geavam estão os jardins de Adônis: na prima-
tornaram possível a adaptação da espécie vera, durante oito dias, as mulheres plantavam
humana em todas as regiões do planeta, em vasos ou cestos sementes de trigo, cevada,
mas foi a produção de grãos e a domes- alface, funcho e vários tipos de flores. Com o
ticação de animais que ampliaram essa calor do sol, as plantas cresciam rapidamente
capacidade adaptativa. e, como não tinham raízes, murchavam ao
Imitando o ciclo anual da natureza, o final dos oito dias, quando então os pequenos
homem descobriu as sementes que podia jardins eram levados, juntamente com as
guardar a cada colheita e replantar no ano imagens de Adônis morto, para ser lançados
seguinte, quando seriam fertilizadas pela ao mar ou em outras águas.
incidência solar e irrigadas pelas chuvas. As Os rituais de fertilidade perduraram
sementes dos grãos germinam e crescem. O através dos tempos. Na era cristã, mesmo
homem colhe, debulha, seca e tritura os que fossem considerados pagãos, não era
grãos para que eles se tornem seu alimento. mais possível acabar com eles. Segundo
Frazer, é por esse motivo que a Igreja
Rituais de Fertilidade Católica, em vez de condená-los, os adapta
às comemorações do dia de São João, que
Com o cultivo da terra pelo homem, teria nascido em 24 de junho, dia do solstício.
surgiram os rituais de invocação de fertili-
dade para ajudar o crescimento das plan- O Dia de São João na Sardenha
tas e proporcionar uma boa colheita.
Na Grécia, por exemplo, Adônis era Conta Frazer que, no início do século XX,
considerado o espírito dos cereais. Entre os na Sardenha, os jardins de Adônis ainda eram
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plantados na festa do solstício de verão, que lançando-o contra a porta do templo.
lá tem o nome de festa de São João: Sentam-se em seguida em círculo na grama
e comem ovos e verduras ao som da música
“No final de março ou 1o de abril, um de flautas. O vinho é misturado numa taça
jovem da aldeia se apresenta a uma moça, servida a todos, que dela vão bebendo,
pede-lhe para ser a sua comare (comadre passando-a adiante. Em seguida dão-se as
ou namorada) e oferece-se para ser o seu mãos e cantam ‘Namorados de São João’
compare. O convite é considerado como (Compare e comare di San Giovanni) várias
honra pela família da moça e aceito com vezes, enquanto as flautas tocam durante
satisfação. No fim de maio, a moça faz um todo o tempo. Quando se cansam de cantar,
vaso com a casca de um sobreiro, enche-o levantam-se e dançam alegremente em
de terra e nele semeia um punhado de trigo círculo até a noite”.
e cevada. Como o vaso é colocado ao sol e (Frazer, 1978, p. 133)
regado com freqüência, os grãos brotam
com rapidez e, na véspera do solstício Outro aspecto que aproxima a festa de
(véspera de São João, 23 de junho), já está São João às de Adônis e Tamuz é o costume
bem desenvolvido. [...] No dia de São João, de tomar banhos no mar, em rios, nascentes
o rapaz e a moça, vestidos com suas me- ou no sereno na noite da véspera. Também
lhores roupas, acompanhados por uma perdura, desde os tempos antigos, o costume
grande comitiva e precedidos de crianças de acender fogueiras e tochas, que devem
que correm e brincam, vão em procissão até livrar as plantas e colheitas dos espíritos maus
uma igreja da aldeia. Ali quebram o vaso, que podem impedir a fertilidade.

19
20
2 As Comemorações Juninas no Brasil

N a Europa, os festejos do solstício


de verão foram adaptados à
cultura local, de modo que em Portugal foi
a realização dos rituais mais importantes
para os povos que aqui viviam, referentes
à preparação dos novos plantios e às
incluída a festa de Santo Antônio de Lisboa colheitas. O período que vai de junho a
ou de Pádua, em 13 de junho. A tradição setembro é a época da seca em muitas
cristã completou o ciclo com os festejos de regiões do Brasil, quando os rios estão
São Pedro e São Paulo, ambos apóstolos baixos e o solo pronto para enfrentar o
da maior importância, homenageados em plantio. Derruba-se a mata, queimam-se
29 de junho. as ramagens para limpar o terreno, que é
Quando os portugueses iniciaram o adubado com as cinzas, e a seguir começa
empreendimento colonial no Brasil, a partir o plantio. É a técnica da oivara, tão
de 1500, as festas de São João eram ainda difundida entre os povos do continente
o centro das comemorações de junho. americano.
Alguns cronistas contam que os jesuítas Nessa época os roçados velhos, do
acendiam fogueiras e tochas em junho, ano anterior, ainda estão em pleno vigor,
provocando grande atração sobre os repletos de mandioca, cará, inhame,
indígenas. batata-doce, banana, abóbora, abacaxi,
Mesmo que no Brasil essa época mar- e a colheita de milho, feijão e amendoim
casse o início do inverno, ela coincidia com ainda se encontra em período de consumo.
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Esse é um tempo bom para pescar e caçar. As Relações Sociais e o Compadrio
Uma série ritual, que dura todo o período,
inclui um conjunto muito variado de festas Outro fato que ajuda a compreender a
que congregam as comunidades indígenas importância desses festejos está relacionado
em danças, cantos, rezas e muita fartura com a forma de sociabilidade que foi
de comida. Deve-se agradecer a abun- característica da sociedade brasileira. Desde
dância, reforçar os laços de parentesco (as o período colonial até meados do século XX,
festas são uma ótima ocasião para ali- a maioria da população de todas as regiões
anças matrimoniais), reverenciar as divin- do Brasil vivia no campo (até 1950, 70% da
dades aliadas e rezar forte para que os população brasileira vivia na zona rural;
espíritos malignos não impeçam a fer- hoje, mais de 70% vive nas cidades). Fossem
tilidade. O ato de atear fogo para limpar colonos e agregados das fazendas agrícolas
o mato, além de fertilizar o solo, serve ou vaqueiros em grandes fazendas de gado,
principalmente para afastar esses espíritos fossem pescadores nas regiões litorâneas ou
malignos. seringueiros na Amazônia, fossem sitiantes
Houve, portanto, certa coincidência por esse Brasil afora, os brasileiros viviam
entre o propósito católico de atrair os índios integrados em grupos familiares, enten-
ao convívio missionário catequético e as dendo-se como família o conjunto de pais e
práticas rituais indígenas, simbolizadas filhos, tios e primos, avós e sogros.
pelas fogueiras de São João. Talvez seja por As relações familiares eram comple-
causa disso que os festejos juninos tenham mentadas pela instituição do compadrio,
tomado as proporções e a importância que que servia para integrar outras pessoas à
adquiriram no calendário das festas família, estreitando assim os laços entre vizi-
brasileiras. nhos e entre patrões e empregados. Até
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mesmo os escravos podiam ser apadri- Os laços de compadrio
nhados pelos senhores de terra. eram muito importantes,
Havia duas formas principais de tornar- pois os padrinhos po-
se compadre e comadre, padrinho e diam substituir os pais na
madrinha: uma era, e ainda é, pelo batismo; ausência ou na morte
a outra, por meio da fogueira. Nas festas de destes, os compadres inte-
São João, os homens, principalmente, gravam grupos de coope-
formavam duplas de compadres de fogueira: ração no trabalho agrícola e os
ficavam um de cada lado da fogueira e afilhados eram devedores de
deveriam pular as brasas dando-se as mãos obrigações aos padrinhos. A instituição
em sentido cruzado. Era comum recitarem beneficiava os patrões, que tinham um
versos como estes: séquito de compadres e afilhados leais
São João dormiu, tanto nas relações de trabalho como nas
São Pedro acordô, campanhas políticas, quando se benefi-
vamo sê cumpadre ciavam do voto de cabresto.
que São João mandô. O compadrio ainda vigora em muitas
(Nordeste sertanejo) localidades, mas o processo de urbanização
Ou: que hoje atinge todas as regiões do país
São João disse, enfraquece essa instituição e promove
São Pedro confirmou, diversas mudanças nas formas de sociabili-
que nosso Senhor Jesus Cristo mandou dade. Atualmente, os favores (doações,
a gente ser compadre pagamentos, promessas) têm sido mais
nesta vida e na outra também. importantes nas eleições do que a lealdade
(Amazônia cabocla) advinda dos laços de compadrio.
23
São João em Caruaru e rainha do milho, pela rezadeira, pela
Campina Grande rendeira, pela parteira. Ali há também
correio, posto bancário, delegacia, igreja,
Hoje as festas juninas possuem cor lo- restaurantes, teatro de mamulengo. Atores
cal. De acordo com a região do país, encenam nas ruas o cotidiano dos habitan-
variam os tipos de dança, indumentária e tes da região. O maior cuscuz do mundo,
comida. A tônica é a fogueira, o foguetório, segundo o Livro Guinness de Recordes, é
o milho, a pinga, o mastro e as rezas dos feito lá, numa cuscuzeira que mede 3,3
santos. metros de altura e 1,5 metro de diâmetro e
No Nordeste sertanejo, o São João é comporta 700 quilos de massa.
comemorado nos sítios, nas paróquias, nos Uma das grandes atrações da festa é o
arraiais, nas casas e nas cidades. A impor- desfile junino na véspera de São João de
tância dessa festa pode ser avaliada pelo mais de vinte carros alegóricos, carroças
número de nordestinos e turistas que ornamentadas com cortejo de bacamar-
escolhem essa época do ano para sair de teiros, bandas de pífaros, quadrilhas,
férias e participar dos festejos juninos. As casamentos matutos e grupos folclóricos.
cidades de Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande construiu um Forró-
Campina Grande, na Paraíba, são as que dromo que recebe todos os anos milhões
mais atraem gente curiosa em conhecer as de pessoas. Elas se divertem assistindo a
maiores festas de São João do mundo. apresentações do tradicional forró pé-de-
Caruaru criou uma cidade cenográfica, serra, de quadrilhas, cantores, bandas e
a Vila do Forró, que é a réplica de uma desfiles de jegues, participam de jogos e
cidade típica do sertão, com casas coloridas brincadeiras e deleitam-se com as comidas
de arquitetura simples habitadas pela típicas vendidas nas barracas.
24
Na Região Norte No Sudeste
Na Amazônia cabocla, a tradição de A tradição caipira, especialmente a do
homenagear os santos possui um calendário Sudeste do Brasil, caracteriza-se pelas festas
que tem início em junho, com Santo Antônio, e realizadas em terreiros rurais, onde não
termina em dezembro, com São Benedito. Cada faltam os elementos típicos dos três santos
comunidade homenageia seus santos preferidos de junho. Mas elas também se espalharam
e padroeiros, com destaque para os santos pelas cidades e hoje as festas juninas
juninos. São festas de arraial que começam no acontecem, principalmente, em escolas,
décimo dia depois das novenas e nas quais clubes e bairros.
estão presentes as fogueiras, o foguetório, o Como em outras partes do Brasil, o
mastro, banhos, muita comida e folia. calendário das festas paulistas destaca os
No eixo Belém/Parintins/Manaus, desde os rodeios e as festas de peão boiadeiro
tempos coloniais, a criação do boi, introduzida como eventos ou espetáculos mais
pelos portugueses, deu lugar a manifestações importantes, que se realizam de março a
culturais que lhe são típicas: o boi-bumbá, dezembro.
dançado em diversas ocasiões, transformou-se As festas juninas, com maior ou menor
atualmente em grande espetáculo, cujo ápice destaque, ainda são realizadas em todas as
é a disputa entre os grupos Caprichoso e regiões do Brasil e representam uma das
Garantido no Bumbódromo de Parintins, nos manifestações culturais brasileiras mais
dias 28, 29 e 30 de junho. expressivas.

25
26
3 Santo Antônio, São João e São Pedro

Santo Antônio: o padre Antônio Vieira em um sermão de


Camarada e Casamenteiro 1663 realizado no Maranhão: “Se vos
adoece o filho, Santo Antônio; se vos foge

F estejado no dia 13 de junho, Santo


Antônio é um dos santos de maior
devoção popular tanto no Brasil como em
um escravo, Santo Antônio; se requereis o
despacho, Santo Antônio; se aguardais a
sentença, Santo Antônio; se perdeis a
Portugal. Fernando de Bulhões nasceu em menor miudeza de vossa casa, Santo
Lisboa em 15 de agosto de 1195 e faleceu Antônio; e, talvez se quereis os bens
em Pádua, na Itália, em 13 de junho de alheios, Santo Antônio”.
1231. Recebeu o nome de Antônio ao É o santo familiar e protetor dos
passar, em 1220, da Ordem de Santo varejistas em geral, por isso é comum
Agostinho para a Ordem de São Francisco encontrar sua figura em estabelecimentos
e é conhecido como Santo Antônio de comerciais. É também o padroeiro das
Lisboa ou Santo Antônio de Pádua. povoações e dos soldados, pois enfrentou
Santo Antônio era admirado por seus em vida aventuras guerreiras como soldado
dotes de ótimo orador, pois quando pre- português. Sua figura aparece com des-
gava a palavra de Deus ela era entendida taque em episódios da História do Brasil:
até mesmo por estrangeiros. É por assim teria desempenhado o papel de heróico
dizer o “santo dos milagres”, como afirmou defensor da integridade do solo brasileiro,
27
como explicam os cronistas que relatam a Os devotos mais exagerados só
libertação de Pernambuco dos holandeses, confiam seu pedido à imagem do Santo
assim como os que falam da defesa da Antônio das igrejas franciscanas, pro-
colônia do Sacramento, ao Sul, e do Rio de curadas especialmente nas terças-feiras e
Janeiro com relação aos franceses, atri- de modo particular no dia 13 de junho.
buindo a vitória à proteção deste santo. Todos são devotos desse santo
Sua influência é marcante entre o povo “camarada”. Os cantadores se apegam
brasileiro. Seus devotos, em geral, não têm muito a Santo Antônio para tentar vencer
em casa uma imagem grande do santo e os desafios, pois o consideram o mais fiel e
preferem levar no bolso uma pequena para o maior intercessor; os vaqueiros pedem
se proteger. É a ele que as moças ansiosas proteção contra o estouro da boiada e os
pedem um noivo. A prática de colocar o santo pescadores acreditam que no dia 13 de
de cabeça para baixo no sereno, amarrada junho as redes se enchem de peixes. Basta
num esteio, ou de jogá-lo no fundo do poço lançá-las dizendo:
até que o pedido seja atendido, por exemplo,
é bastante comum entre os devotos. No dia 13 de junho
Dos santos juninos, somente Santo Antônio é pô a rede e tirá:
é feito de madeira. Em geral, é esculpido em os peixes ’stão na fiúza
nó de pinho, daí terem surgido os versos: de Santo Antônio falá.

Meu querido Santo Antônio Em homenagem a Santo Antônio,


feito de nó de pinho, geralmente realizam-se duas espécies de
com vós arranjo o que quero, rezas e festas: os responsos, quando ele é
porque peço com jeitinho. invocado para achar objetos perdidos, e a
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trezena, cerimônia que se prolonga com estar sendo usados pela primeira vez,
cânticos, foguetório e comes e bebes de 1o senão… nada de a simpatia funcionar!
a 13 de junho de cada ano.
  

Simpatias, Sortes e Adivinhas A seguir, algumas simpatias feitas para


para Santo Antônio Santo Antônio:

O relacionamento entre os devotos e Em certas zonas paulistas, como na


os santos juninos, principalmente Santo Serrana e na Mantiqueira, Santo Antônio
Antônio e São João, é quase familiar: recebe um vintém para achar os animais
cheio de intimidades, chega a ser, por perdidos nas matas e uma pequena moeda
vezes, irreverente, debochado e quase de cobre para o porco voltar ao chiqueiro.
obsceno. Esse caráter fica bastante Moças solteiras, desejosas de se casar,
evidente quando se entra em contato com em várias regiões do Brasil, colocam-no de
as simpatias, sortes, adivinhas e acalantos cabeça para baixo atrás da porta ou dentro
feitos a esses santos: do poço ou enterram-no até o pescoço.
Fazem o pedido e, enquanto não são
Confessei-me a Santo Antônio, atendidas, lá fica a imagem de cabeça para
confessei que estava amando. baixo. E elas pedem:
Ele deu-me por penitência
que fosse continuando. Meu Santo Antônio querido,
meu santo de carne e osso,
Os objetos utilizados nas simpatias e se tu não me dás marido,
adivinhações devem ser virgens, ou seja, não tiro você do poço.
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Meu querido Santo Antônio, vem amansar minha sogra,
feito de nó de pinho, que é levada do diabo.
me arranje um casamento
  
com um moço bonitinho (ou bonzinho).
Para arrumar namorado ou marido,
Santo Antônio, casamenteiro, basta amarrar uma fita vermelha e outra
não deixe a (dizer o nome) ficar solteira. branca no braço da imagem de Santo
Santo Antônio, me case já, Antônio, fazendo a ele o pedido. Rezar um
enquanto sou moça e viva. Pai-Nosso e uma Salve-Rainha. Pendurar a
imagem de cabeça para baixo sob a cama.
O milho colhido tarde Ela só deve ser desvirada quando a pessoa
não dá palha nem espiga. alcançar o pedido.
Minha avó tem lá em casa
  
um Santo Antônio velhinho.
Em os moços não me querendo Para sonhar com o noivo, basta colocar
dou pancadas no santinho. três rosas vermelhas debaixo do travesseiro
na véspera de Santo Antônio.
Santo Antônio, Santo Antônio,
  
abaixai-me esta barriga,
que não sei que tem dentro, A moça quer saber com quem vai se
se é rapaz ou rapariga. casar? Então, no dia de Santo Antônio, em
cada refeição que fizer, deve deixar um pouco
Santo Antônio pequenino, de comida no prato. No final do dia, ela
mansador de burro brabo, precisa rezar para Nossa Senhora e pedir
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para que o homem amado venha comer os no meio, Nossa Senhora,
restos que deixou durante o dia. Depois é só com seu raminho na mão.
adormecer, e o amado aparecerá em seus
  
sonhos comendo a comida.
Se o noivado não vai muito bem ou se
  
está se prolongando muito, as donzelas
No dia 13, é comum ir à igreja para rezam a seguinte oração:
receber o “pãozinho de Santo Antônio”, que “Padre Santo Antônio dos cativos, vós que
é dado gratuitamente pelos frades. Em sois um amarrador certo, amarrai, por vosso
troca, os fiéis costumam deixar ofertas. O amor, quem de mim quer fugir, empenhai o
pão, que é bento, deve ser deixado junto vosso hábito e o vosso santo cordão com
aos demais mantimentos para que estes algemas fortes e duros grilhões que façam
não faltem jamais. impedir os passos de (nome do amado), que
Feito um pedido a Santo Antônio, caso de mim quer fugir, e fazei, ó meu bem-
a pessoa tenha pressa em ser atendida, deve aventurado Santo Antônio, que ele case
rezar um Pai-Nosso pela metade que o santo comigo sem demora!
a atenderá logo, para que o suplicante Pelos vossos milagres; pela palavra
termine a oração. quando a Jesus faláveis; pela defesa do
vosso pai, um pedido eis-me a fazer.
  
Abrandai a ira do mar; o sopro do vento;
Santo Antônio também é bastante o negrume da noite; a chama abrasadora
lembrado nos acalantos: do sol; a frialdade da lua; a voracidade das
Numa ponta, Santo Antônio, feras; o horror dos desertos. Depois de tudo
noutra ponta, São João, isso, abrandai o que de mais empedernido
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existe sobre a terra: o coração dos homens. artigo “Santos padroeiros no domínio
Oh!, meu milagroso Santo Antônio, fazei folclórico” (Cultura Política, n. 35, dez. 1943),
com que aquele por quem meu coração descreve uma festa de Santo Antônio na
chama ouça a minha voz e, ouvindo-a, vá cidade de Guarabira (Espírito Santo): na
aos pés de Deus Nosso Senhor, comigo, vossa noite de 13 de junho, no centro de um terreiro
humilde devota. bem varrido, decorado com bambu e
Amém.”” bandeirinhas de papel coloridas, encontra-
se um mastro com uma bandeira e a figura
A Festa de Santo Antônio de Santo Antônio em seu topo. Numa casa
em frente, há um oratório preparado com a
Nos primeiros treze dias de junho, os imagem do padroeiro da festa.
devotos de Santo Antônio rezam as trezenas Em determinado momento, começam as
com o intuito de alcançar graças através da cantorias e danças matutas/caipiras ao som
sua intervenção ou de agradecer um milagre de violas, pandeiros e tambor. Os devotos en-
que o santo tenha realizado: tram dançando no meio do terreiro e cantam:

Se queres milagres, Fui ao mato cortar lenha,


implora confiante Santo Antônio me chamou.
de Antônio o favor. Quando o santo chama a gente
Seu braço é tão forte que fará os pecador.
que do erro e da morte
destrói o furor… E todos na roda respondem:
Na porta da sala,
O folclorista Basílio de Magalhães, no tá me chamando.
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Oh gente danada, Como o dia de Santo Antônio é
tá me xingando! comemorado alguns dias antes do
Eu não sou daqui, nascimento de São João, estão presentes
vou me arretirando. em suas festividades elementos próprios
Ai, ai, ai! Ai, ai, ai! das festas deste último, como os fogos e
Santo Antônio me chamou! a fogueira.

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São João, e início dos festejos, é esperado com es-
a Purificação pelo Batismo pecial ansiedade. Segundo Frei Vicente do
Salvador, um dos primeiros brasileiros a
João Batista nasceu no dia 24 de escrever a história de sua terra, já no ano
junho, alguns anos antes de seu primo Jesus de 1603 os índios acudiam a todos os fes-
Cristo, e morreu em 29 de agosto do ano tejos portugueses, em especial os de São
31 d.C., na Palestina. Foi degolado por João, por causa das fogueiras e capelas.
ordem de Herodes Antipas a pedido de sua São João é muito querido por todos,
enteada Salomé, pois a pregação do filho sem distinção de sexo nem de idade.
de Santa Isabel e São Zacarias incomo- Moças, velhas, crianças e homens o fazem
dava a moral da época. Antes mesmo de de oráculo nas adivinhações e festejam o
Jesus, João Batista já pregava publicamen- seu dia com fogos de artifício, tiros e
te às margens do rio Jordão. Ele instituiu, balões coloridos, além dos banhos
pela prática de purificação através da coletivos de madrugada. Acende-se uma
imersão na água, o batismo, tendo inclu- fogueira à porta de cada casa para
sive batizado o próprio Cristo nas águas lembrar a fogueira que Santa Isabel
desse rio. acendeu para avisar Nossa Senhora do
São João ocupa papel de destaque nas nascimento do seu filho.
festas, pois, dentre os santos de junho, foi São João, segundo a tradição, ador-
ele que deu ao mês o seu nome (mês de mece no seu dia, pois se estivesse
São João) e é em sua homenagem que se acordado vendo as fogueiras que são
chamam “joaninas” as festas realizadas no acesas para homenageá-lo não resistiria:
decurso dos seus trinta dias. O dia 23 de desceria à Terra e ela correria o risco de
junho, véspera do nascimento de São João incendiar-se.
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A lenda do surgimento da fogueira de São João
Dizem que Santa Isabel era muito amiga de Nossa Senhora e, por isso, costumavam visitar-
se. Uma tarde, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora e aproveitou para contar-lhe que
dentro de algum tempo nasceria seu filho, que se chamaria João Batista.
Nossa Senhora então perguntou:
— Como poderei saber do nascimento dessa criança?
— Vou acender uma fogueira bem grande; assim você poderá vê-la de longe e saberá
que João nasceu. Mandarei também erguer um mastro com uma boneca sobre ele.
Santa Isabel cumpriu a promessa. Certo dia Nossa Senhora viu ao longe uma fumaceira e depois
umas chamas bem vermelhas. Foi à casa de Isabel e encontrou o menino João Batista, que mais tarde
seria um dos santos mais importantes da religião católica. Isso se deu no dia 24 de junho.

A lenda das bombas de São João


Antes de São João nascer, seu pai, São Zacarias, andava muito triste por não ter filhos.
Certa vez, um anjo de asas coloridas, envolto em uma luz misteriosa, apareceu à frente de
Zacarias e anunciou que ele seria pai.
A alegria de Zacarias foi tão grande que ele perdeu a voz desse momento em diante. No
dia do nascimento do filho, perguntaram a Zacarias como a criança se chamaria. Fazendo um
grande esforço, ele respondeu “João” e a partir daí recuperou a voz. Todos fizeram um barulhão
enorme. Foram vivas para todos os lados.
Vem daí o costume de as bombinhas, tão apreciadas pelas crianças, fazerem parte
dos festejos juninos.
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Simpatias, Sortes e seguir, enfiar a faca numa bananeira. No
Adivinhas para São João outro dia, pela manhã, retirá-la e interpretar
o desenho, ou melhor, as iniciais do nome
A moça deve apanhar pimentas num pé da pessoa com quem vai se casar.
de pimenteira com os olhos vendados.
  
Caso ela colha pimenta verde, seu noivo
será jovem; se for madura, o casamento será Na noite de São João, escrever o nome de
com um velho ou viúvo; se a pimenta for de quatro pretendentes em cada ponta do lençol
verde para madura, o casamento será com e dar um nó em cada uma delas. De manhã, o
um homem de meia-idade. nó que estiver desmanchado tem o nome
daquele com quem a pessoa vai se casar.
  
  
Aplicar um jejum forçado a um galo por
três dias. À noite, no terreiro iluminado, No dia de São João, perguntar o nome
colocar montículos de milho nos pés de do primeiro mendigo que lhe pedir
moços e moças, que devem ter formado esmolas. Esse será o nome do futuro cônjuge.
uma grande roda. Soltar, então, o galo Na noite de São João, encher uma ba-
faminto no centro. O montículo de milho cia com água e ir com ela para a beira da
escolhido pelo galináceo será daquele(a) fogueira. Rezar então uma Ave-Maria e,
que se casará em breve. quando terminar, aparecerá na água a som-
bra do rapaz com quem a moça se casará.
  
  
Passar descalço sobre as brasas da
fogueira com uma faca nova na mão. A Escrever três nomes em pedaços de
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papel. Dobrá-los bem e colocar, aleatoria- relento. Na manhã seguinte, interpretar o
mente, um no fogão, outro na rua e o últi- que está desenhado na clara: torre de
mo sob o travesseiro. Ao amanhecer, des- igreja é casamento (em algumas regiões
dobrar o que está sob o travesseiro; esse do Brasil) ou ingresso na vida religiosa
será o futuro cônjuge. (Maranhão); túmulo, caixão de defunto ou
rede de defunto significa morte na certa em
  
algumas regiões; em outras, a rede
Na noite de São João, passar um ramo também pode ser interpretada como
de manjericão na fogueira e jogá-lo no te- renda, de que é feito o véu de noiva;
lhado. Se na manhã seguinte ele estiver significa, portanto, casamento.
verde, a pessoa vai se casar com moço. Se
  
estiver murcho, o noivo será velho.
Encher uma bacia ou prato virgem com
  
água e levá-la para a beira da fogueira
Ainda ao pé da fogueira, segurar um na noite de São João. Acender então uma
papel branco e passá-lo por cima da fo- vela e, enquanto se vai rezando uma Ave-
gueira. Sem deixar o papel queimar, girá- Maria, deixar os pingos da cera caírem na
lo enquanto se reza uma Salve-Rainha. A água. Depois é só interpretar a inicial do
fumaça vai desenhar o rosto do futuro nome da pessoa com quem vai se casar.
marido.
  
  
Pôr três pratos sobre uma mesa: um com
Na noite de 23 de junho, quebrar um flores, outro com água e o terceiro com um
ovo dentro de um copo e deixá-lo ao terço ou rosário. Os candidatos à sorte en-
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tram na sala com os olhos vendados e nhã seguinte, se ele estiver viçoso, é sinal
postam-se atrás das cadeiras à frente das de casamento; se estiver murcho, nada de
quais estão os pratos. As flores significam casamento.
casamento; o terço, ingresso na vida reli-
  
giosa; a água, viagem. Esta é uma sorte ca-
racterística de regiões marítimas ou fluviais. Para curar verrugas, passar sobre elas
o primeiro ramo que encontrar ao clarear
  
o dia de São João.
Quando estiverem soltando um balão,
  
pensar em algo que se deseja. Se ele subir,
acontecerá o que se pensou; caso se incen- À meia-noite de São João, aquele que
deie, certamente o “sorteiro” ficará solteiro. não enxergar sua imagem completa no rio
Prender uma fita no travesseiro e rezar morrerá logo. Quem enxergar seu corpo
para São João. No outro dia, se ela apa- apenas pela metade morrerá no decorrer
recer solta é porque a pessoa vai se casar. do ano.

  
Salve-Rainha
Numa bacia com água, colocar duas Esta oração está presente em muitas
agulhas. Se elas se juntarem, é sinal de que adivinhações de São João e Santo Antônio.
a pessoa deve se casar em breve.
“ Salve-Rainha, mãe de misericórdia,
  
vida, doçura e esperança nossa, salve!
Às 6 da tarde da véspera de São João, A vós bradamos, os degredados filhos
pôr um cravo num copo com água. Na ma- de Eva.
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A vós suspiramos, gemendo e chorando, des ninguém mais trabalha. Enfeitam-se
neste vale de lágrimas. sítios, fazendas e ruas com bandeirolas
Eia, pois, advogada nossa, esses vossos coloridas para a grande festa da véspera
olhos misericordiosos a nós volvei e depois de São João. Prepara-se a lenha para a
deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito grande fogueira, onde serão assados ba-
fruto do vosso ventre, tata-doce, mandioca, cebola do reino e
Ó clemente, milho. Em torno dela sentam-se os familia-
Ó piedosa, res de sangue e de fogueira.
Ó doce sempre Virgem Maria. O formato da fogueira varia de lugar
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para para lugar: pode ser quadrada, piramidal,
que sejamos dignos das promessas de Cristo. empilhada… Quanto mais alta, maior é o
Amém.”” prestígio de quem a armou. A madeira
utilizada também varia bastante: pinho,
A Festa de São João peroba, maçaranduba, piúva. Não se
queimam cedro, imbaúba nem as ramas da
Em festa de São João, na maioria das videira, por terem uma relação estreita com
regiões brasileiras, não faltam fogos de a passagem de Jesus na terra.
artifício, fogueira, muita comida (o bolo de Os balões levam, segundo os devo-
São João, principalmente nos bairros rurais, tos, os pedidos para o santo. Quando a
é essencial), bebida e danças típicas de fogueira começa a queimar, o mastro, que
cada localidade. recebeu a bandeira do santo homenagea-
No Nordeste, por exemplo, essa festa é do, já se encontra preparado. Ele é levan-
tão tradicional que no dia 23 de junho, tado enquanto se fazem preces, pedidos
depois do meio-dia, em algumas localida- e simpatias:
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São João Batista, batista João, praticada em alguns lugares hoje em dia.
levanto a bandeira Os devotos se dirigem ao rio cantando
com o livro na mão. com entusiasmo:
O nosso corpo é uma podridão,
no fundo da terra, Vamos, vamos,
no centro do chão. toca a marchar,
n’água de São João
São João adormeceu vamos nos lavar.
no colo de sua tia.
Se meu São João soubesse Depois do banho coletivo, todos voltam
quando era seu dia, para o terreiro cantando:
descia do céu na terra
cum bandeira de alegria. N’água de São João me lavei.
Toda mazela que tinha deixei!
Depois do levantamento do mastro, tem
início a queima de fogos, soltam-se os busca- Ou ainda trazem na cabeça grinaldas
pés e as bombinhas. A arvorezinha, também de folhagens:
chamada de mastro, que é plantada em frente
às casas e, no lugar da festa, é plantada perto Capelinha de melão
da fogueira, está enfeitada com laranja, é de São João.
milho verde, coco, presentes, garrafas, etc. É de cravo, é de rosa,
A cerimônia do batismo simbólico de é de manjericão.
São João Batista faz parte da tradição da
festa, mesmo que ela tenha deixado de ser A cerimônia do banho varia de uma
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região para outra. No Mato Grosso, por devotos lavam e esfregam o corpo com
exemplo, não são as pessoas que se ba- esses ingredientes. Acredita-se que o banho-
nham nos rios, e sim a imagem do santo. de-cheiro tenha o poder mágico de trazer
Na Região Norte, principalmente em muita felicidade às pessoas que o praticam.
Belém e Manaus, o banho-de-cheiro faz As danças regionais, o som de violas,
parte das tradições juninas. A preparação rabecas e sanfonas, o banho do santo, o
do banho de São João inicia-se alguns ato de pular a fogueira, a fartura de ali-
dias antes da festa. Trevos, ervas e cipós mentos e bebidas — tudo isso transforma a
são pisados, raízes e paus são ralados festa de São João numa noite de encanta-
dentro de uma bacia ou cuia com água e mento que inspira amores e indica a sorte
depois guardados em garrafas até o de seus participantes. No fim da festa, todos
momento do banho. pisam as brasas da fogueira para demons-
Chegada a hora da cerimônia, os trar sua devoção.

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São Pedro, Pedro que está roncando” ou “ele está
Fundador da Igreja Católica mudando os móveis de lugar”.
No dia de São Pedro, todos os que
São Pedro, o apóstolo e pescador do receberam seu nome devem acender fo-
lago de Genezareth, cativa seus devotos gueiras na porta de suas casas. Além disso,
pela história pessoal. Homem de origem se alguém amarrar uma fita no braço de
humilde, ele foi apóstolo de Cristo e depois alguém chamado Pedro, ele tem a obri-
encarregado de fundar a Igreja Católica, gação de dar um presente ou pagar uma
tendo sido seu primeiro papa. bebida àquele que o amarrou, em ho-
Considerado o protetor das viúvas e menagem ao santo.
dos pescadores, São Pedro é festejado no
dia 29 de junho com a realização de Acalanto de São Pedro
grandes procissões marítimas em várias
cidades do Brasil. Em terra, os fogos e o Acalanto registrado em Cunha (São
pau-de-sebo são as principais atrações de Paulo):
sua festa.
Depois de sua morte, São Pedro, Acordei de madrugada,
segundo a tradição católica, foi nomeado fui varrê a Conceição.
chaveiro do céu. Assim, para entrar no céu, Encontrei Nossa Senhora
é necessário que São Pedro abra as portas. com dois livrinhos na mão.
Também lhe é atribuída a responsabilidade Eu pedi um com ela,
de fazer chover. Quando começa a trovejar, ela me disse que não;
e as crianças choram com medo, é costume eu tornei a lhe pedi,
acalmá-las dizendo: “É a barriga de São ela me deu um cordão.
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Numa ponta tinha São Pedro, mesma empolgação presente na festa de
na outra tinha São João, São João.
no meio tinha um letreiro Também se fazem procissões terrestres,
da Virgem da Conceição. organizadas pelas viúvas, e fluviais, pois,
como vimos, São Pedro é o protetor dos
A Festa de São Pedro pescadores e das viúvas. Em várias regiões
do Brasil, a brincadeira mais comum na
Em homenagem ao santo, acendem- festa é a do pau-de-sebo.
se fogueiras, erguem-se mastros com sua Embora São Paulo também seja home-
bandeira e queimam-se fogos, porém nageado em 29 de junho, ele não é figura
não há, na noite de 29 de junho, a de destaque nas festividades desse mês.

A mãe de São Pedro


A bondade, a simplicidade e a boa-fé desse santo estão presentes nesta história:
“ A mãe de São Pedro era uma velhinha muito má, não tinha amizades e todos fugiam
dela. Certo dia, quando estava lavando num córrego um molhe de folhinhas de cebolas,
uma delas se desprendeu, ganhou a correnteza e lá se foi água abaixo. Ao não conseguir
pegá-la, ela exclamou:
— Ora, seja tudo pelo amor de Deus!
Não levou muito tempo, ela morreu e foi apresentar-se no céu. Mas acabou indo para
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o inferno, tão grande era o peso de seus pecados. O filho ainda andava pelo mundo e não
lhe podia valer.
Quando São Pedro morreu, foi nomeado chaveiro do céu. Sua mãe o viu no gozo das
glórias celestes e pediu-lhe por gestos que a salvasse. Como ele não podia resolver nada
por si, apelou ao Senhor:
— Salva minha mãe, Divino Mestre.
O Senhor lhe respondeu com essas palavras:
— Se houver, no Livro das Almas, na vida de tua mãe, ao menos uma boa ação, estará
salva caso ela saiba aproveitá-la.
Examinou-se o livro e a certa altura, nas contas da mãe de São Pedro, encontrou-se a
folhinha de cebola, nada mais! Era a mesma que motivara o comentário da velha, que ao
menos uma vez na vida se mostrara conformada:
— Seja tudo pelo amor de Deus!
Então o Senhor disse a Pedro:
— Lança uma das pontas da folhinha em direção ao inferno. Tua mãe que se agarre a
ela e tu a puxarás. Se ela conseguir subir até aqui, estará salva.
Pedro fez tudo o que o Senhor lhe ordenou.
A velhinha agarrou-se à folha, mas uma porção de almas, querendo aproveitar a
oportunidade de salvação, segurou-se às pernas da velha. Apesar disso, ela subia.
Quando o grupo já estava a certa altura, outras almas se agarravam às pernas das
primeiras.
A velha, indignada, de avara que era, esperneou e atirou novamente ao inferno as
companheiras, pois não queria levá-las para o céu. Nesse mesmo instante, porém, a
folha de cebola partiu-se, e a mãe de São Pedro ficou no espaço. Não tinha por onde
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subir ao céu, e o pedacinho de folha que conservava nas mãos não a deixava voltar ao
inferno.
E até hoje ela vive assim: nem na terra nem no céu.
Costuma-se dizer que quem fica com a mãe de São Pedro não está nem com Deus nem
com o diabo.””

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subir ao céu, e o pedacinho de folha que conservava nas mãos não a deixava voltar ao
inferno.
E até hoje ela vive assim: nem na terra nem no céu.
Costuma-se dizer que quem fica com a mãe de São Pedro não está nem com Deus nem
com o diabo.””

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4 Casamento Caipira ou Matuto

O casamento caipira ou matuto


aborda de forma bem-humo-
rada a instituição do casamento e as re-
casar com ela. Como ele tenta fugir, o pai
pede a interferência do delegado e de
seus ajudantes. Em algumas localidades,
lações sexuais pré-nupciais e suas conse- o casamento civil é realizado após a ceri-
qüências. Seu enredo, com algumas va- mônia religiosa, sob a vigilância do
riações de uma região para outra, é o delegado e de seus auxiliares. Depois, é
seguinte: só acompanhar a sanfona, o triângulo e
A noiva fica grávida antes do casa- a zabumba e comemorar o casamento
mento e seus pais obrigam o noivo a se com a dança da quadrilha.

Sugestão para a Representação do Casamento Caipira ou Matuto

Personagens Cenário

Padre, coroinha, noiva, noivo, dele- Representação de um altar de igreja


gado, ajudantes do delegado, pais da noiva ou capela.
e padrinhos. Os convidados estão posicionados em
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duas fileiras, deixando o centro para a noiva. O padre anuncia a
chegada da noiva, que entra com o pai e vai até o altar, onde
estão o padre, devidamente paramentado, seu coroinha e os
padrinhos e pais dos noivos.
Os personagens, carregando bastante no sotaque interiorano,
dizem o seguinte:

PADRE: A noiva tá chegano! Vamo batê parma pr’ela, pessoar!!!


Cadê o noivo???
N OIVA: Ai, mãe, ele num vem, acho que vou dismaiá... (E,
simulando um desmaio, é acudida pela mãe e pela madrinha.)

O pai da noiva faz um sinal para o delegado e cochicha


com ele.

D E L E G A D O : Peraí, seu padre, eu já vô buscá ele. (Sai


acompanhado por dois ajudantes, armados de espingarda e
cassetetes.)

Entra o noivo empurrado pelo delegado, que permanece no


altar, grande parte da cerimônia, atrás do noivo, para que ele
não fuja.

PADRE: Bão, vamo começá logo esse casório. Ocê, Chiquinha


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Dengosa, promete, de coração, pra marido toda vida o Pedrinho
Foguetão?
NOIVA: Mas que pregunta isquisita seu vigário faz pra mim. Eu
vim aqui mais o Pedrinho num foi pra dizê que sim???
PADRE: E ocê, Pedrinho, que me olha assim tão prosa, qué mesmo
pra sua esposa a sinhá Chiquinha Dengosa?
NOIVO: Num havia de querê, num é essa minha opinião, mas,
se não caso com a Chiquinha, vô direto pro caixão... (Vira-se para
o delegado, que está com a espingarda em punho.)
P ADRE: Então, em nome do cravo e do manjericão, caso a
Chiquinha Dengosa com o Pedrinho Foguetão! E viva os noivos!
C ONVIDADOS : Viva!!! (Conforme os noivos passam pelos
convidados, pode-se jogar arroz.)
PADRE: E vamo pro baile, pessoar!!!

Com os convidados já devidamente formados, tem início a


quadrilha — o grande baile do casamento.

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5 Danças Juninas

Origem da Quadrilha Depois desceu as escadarias do palácio e


caiu no gosto do povo, que modificou suas

T ambém chamada de quadrilha


caipira ou de quadrilha matuta, é
muito comum nas festas juninas. Consta de
evoluções básicas e introduziu outras,
alterando inclusive a música.
A sanfona, o triângulo e a zabumba são
diversas evoluções em pares e é aberta pelo os instrumentos musicais que em geral
noivo e pela noiva, pois a quadrilha acompanham a quadrilha. Também são
representa o grande baile do casamento comuns a viola e o violão. Nossos com-
que hipoteticamente se realizou. positores deram um colorido brasileiro à
Esse tipo de dança (quadrille) surgiu sua música e hoje uma das canções pre-
em Paris no século XVIII, tendo como feridas para dançar a quadrilha é Festa na
origem a contredanse française, que por roça, de Mario Zan.
sua vez é uma adaptação da country dance O marcador, ou “marcante”, da qua-
inglesa, segundo os estudos de Maria drilha desempenha papel fundamental,
Amália Giffoni. pois é ele que dá a voz de comando em
A quadrilha foi introduzida no Brasil du- francês não muito correto misturado com o
rante a Regência e fez bastante sucesso nos português e dirige as evoluções da dança.
salões brasileiros do século XIX, prin- Hoje, dança-se a quadrilha apenas nas
cipalmente no Rio de Janeiro, sede da Corte. festas juninas e em comemorações festivas
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no meio rural, onde apareceram outras com gola alta, cintura marcada, mangas
danças dela derivadas, como a quadrilha “presunto” e botinas de salto abotoadas do
caipira, no Estado de São Paulo, o baile lado. Os cavalheiros vestiam paletó até o
sifilítico, na Bahia e em Goiás, a saruê joelho, com três botões, colete, calças
(combina passos da quadrilha com outros estreitas, camisa de colarinho duro, gravata
de danças nacionais rurais e sua marcação de laço e botinas.
mistura francês e português), no Brasil Cen- Hoje em dia, na tradição rural brasileira,
tral, e a mana-chica (quadrilha sapateada) o vestuário típico das festas juninas não difere
em Campos, no Rio de Janeiro. do de outras festas: homens e mulheres usam
A quadrilha é mais comum no Brasil suas melhores roupas. Nos centros urbanos,
sertanejo e caipira, mas também é dançada há uma interpretação do vestuário caipira
em outras regiões de maneira muito ou sertanejo baseada no hábito de
própria, caso de Belém do Pará, onde há confeccionar roupas femininas com tecido de
mistura com outras danças regionais. Ali, chita florido e as masculinas com tecidos de
há o comando do marcador e durante a algodão listrados e escuros. Assim, as roupas
evolução da quadrilha dança-se o carimbó, usadas para dançar a quadrilha variam
o xote, o siriá e o lundum, sempre com os conforme as características culturais de cada
trajes típicos. região do país.
Os trajes mais comuns são: para os
Trajes Usados na Dança cavalheiros, camisa de estampa xadrez,
com imitação de remendos na calça e na
No fim do século XIX as damas que camisa, chapéu de palha, talvez um lenço
dançavam a quadrilha usavam vestidos até no pescoço e botas de cano; as damas
os pés, sem muita roda, no estilo blusão, geralmente usam vestidos com estampas
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florais, de cores fortes, com babados e “B ALANCÊ” E “TUR” (balanceio e giro)::
rendas, mangas bufantes e laçarotes no damas e cavalheiros fazem o passo no
cabelo ou chapéu de palha. lugar, balançando os braços naturalmente,
e giram dançando juntos.
Sugestão para a Evolução da GRANDE PASSEIO: as damas colocam-se
Quadrilha Caipira à direita dos cavalheiros e os dois dão-se
os braços. Do lado de fora o outro braço
CAMINHO DA FEST A: os pares seguem atrás
ESTA continua balanceando ao longo do corpo.
dos noivos, iniciando a dança e parando em Formam um círculo e seguem dançando.
determinado momento no centro terreiro. Quando o marcador anuncia nova evolu-
ANARIÊ (do francês en arrière, para trás):: ção, a progressão cessa e os participantes
as damas e os cavalheiros se separam (4 fazem o que foi ordenado.
metros, aproximadamente), formando duas “CHANGÊ” DE DAMAS (trocar de damas)::
colunas. no grande passeio, os cavalheiros avançam
OS CAVALHEIROS CUMPRIMENT AM AS DAMAS:
UMPRIMENTAM e colocam-se ao lado da dama imediata-
eles se aproximam das damas, cumprimen- mente à frente. Se for dito “mais uma vez”,
tando-as. Flexionam o tronco, mantendo a repetem o movimento. Os comandos
cabeça erguida, e voltam a seus lugares, “passar duas” e “passar quatro” também
caminhando de costas. são executados pelo cavalheiro.
AS DAMAS CUMPRIMENT AM OS CAVALHEIROS:
UMPRIMENTAM OLHA O TÚNEL: os noivos, que estão na
elas repetem a evolução dos cavalheiros. frente, param e elevam os braços internos
SAUDAÇÃO GERAL: tanto as damas como para cima e, de mãos dadas, fazem o túnel.
os cavalheiros andam para a frente e, O segundo par flexiona o tronco, passa pelo
quando se encontram, cumprimentam-se. túnel, coloca-se à frente dos noivos e eleva
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os braços, e assim sucessivamente, até que J Á C ONSERT OU ! : voltam a dançar no
ONSERTOU

todos passem. Executa-se o passo no lugar outro sentido.


durante essa evolução. OLHA O CARACOL!: em coluna e com as mãos
SEGUE O PASSEIO: é a voz de comando ainda sobre os ombros de quem está à frente,
para que o grande passeio continue. todos obedecem às ordens do marcador, que
CAMINHO DA ROÇA: as fileiras de damas e começará a descrever um percurso cheio de
cavalheiros fundem-se, formando uma só co- curvas que fazem lembrar o casco de um ca-
luna. O primeiro segura, com as mãos à altura racol. Quando o marcador disser “desvirar”, o
dos ombros, as mãos de quem está atrás. Os guia deverá fazer as curvas em sentido contrário,
demais colocam as mãos nos ombros de voltando a dançar em linha reta.
quem está à sua frente. A coluna progride, FORMAR A GRANDE RODA: os participantes
fazendo curvas para um lado e para outro, da quadrilha dão as mãos formando uma
como se fosse uma serpente. O marcador da grande roda e, ao ouvir a voz de comando
quadrilha continua dando voz de comando. “à direita”, “à esquerda”, deverão se des-
OLHA A CHUVA!: todos dão meia-volta. locar no sentido determinado pelo marcador.
J Á P A S S O U ! : todos dão meia-volta DAMAS AO CENTRO: as damas formam
novamente dizendo “ehh!”. uma roda no centro e deslocam-se no
O LHA A C OBRA! : as damas gritam e sentido indicado pelo marcador.
pulam, os cavalheiros procuram segurá-las COROA DE ROSAS: os cavalheiros, de mãos
em seus braços. dadas, erguem os braços na vertical sobre a
É MENTIRA! : os “caipiras” ou “matutos” cabeça das damas, como se as coroassem,
continuam o passo e gritam “uhh!”. depois abaixam os braços passando-os pela
A PONTE QUEBROU! : todos dão meia- frente, até a altura da cintura das damas,
volta novamente. contornando-as. Fazem o passo no lugar
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durante a coroação. Depois podem festas juninas, o fandango tem sentidos
deslocar-se “à direita” e “à esquerda”. diferentes de acordo com a localidade.
COROA DE ESPINHOS: nesse momento, são No Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio
as damas quem elevam os braços sobre a Grande do Sul e até em São Paulo) o fan-
cabeça dos cavalheiros, coroando-os. dango é um baile com várias danças
O LHA O GRANDE P ASSEIO! : repetem a regionais: anu, candeeiro, caranguejo,
formação descrita anteriormente. chimarrita, chula, marrafa, pericó, quero-
V AI COMEÇAR O GRANDE BAILE. OLHA A quero, cana-verde, marinheiro, polca, etc.
VALSA DOS NOIVOS!: os noivos entram no cen- A coreografia não é improvisada e segue a
tro da roda e dançam juntos. tradição.
O L H A O S P ADRINHOS ! : os padrinhos O fandango se divide em três grupos
dançam no centro da roda. nessa região:
BAILE GERAL!: todos os pares dançam no
centro da roda. 1. BATIDOS: caracterizam-se pelo forte
O GRANDE BAILE ESTÁ ACABANDO. VAMOS sapateado, barulhento, que quase abafa o
NOS DESPEDIR DO PESSOAL! : todos executam a conjunto de tocadores. Apenas os homens
evolução do grande baile e se retiram do sapateiam.
centro do terreiro, despedindo-se das pes- 2. VALSADOS: dança lenta com pares
soas que estão assistindo. fixos, do começo ao fim.
3. MIST OS: as valsas são intercaladas
ISTOS

Fandango de batidos.

Dançado em várias regiões do país em Em São Paulo, o fandango é uma


festividades católicas como o Natal e as dança que se aproxima do cateretê e às
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vezes é sinônimo de chula (bailado Eu plantei caninha-verde
masculino muito comum no Rio Grande do sete palmos de fundura.
Sul, de coreografia agitada e bastante Quando foi de madrugada
complexa). a cana ’stava madura.
No Norte do Brasil, o fandango não é Uai, uai, sete palmos de fundura.
baile nem dança de par ou individual. É Quando foi de madrugada
sempre um auto popular, seqüência de temas a cana ’stava madura.
com certa articulação, que tem origem na Pra cantar caninha-verde
convergência das cantigas portuguesas, não precisa imaginá.
como aponta Cascudo (1988, p. 320 e 321), De qualquer folha de mato
e está presente no nosso país desde a tiro um verso pra cantá.
primeira década do século XIX. Eu tenho um chapéu de palha,
Já no Nordeste brasileiro, o fandango de pano não posso ter.
é o auto característico dos marujos, sendo De palha eu mesmo faço,
conhecido também como chegança dos de pano não sei fazer.
marujos ou marujada. Eu tenho um chapéu de palha
A cana-verde
cana-verde, dançada principalmente que custou mil e quinhentos.
no Sul e no Centro do Brasil, apesar de fazer Quando eu ponho na cabeça
parte do fandango, também é bem popu- não me falta casamento.
lar em outras festividades. Nas festas juninas,
as quadras dessa dança são geralmente Formação
improvisadas, podendo encarregar-se des-
sa tarefa tanto os violeiros como os próprios Forma-se uma roda em fila, no sentido
dançadores. dos ponteiros do relógio. A cana-verde
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pode ser dançada só por homens e o bumba-meu-boi tem características dife-
também por pares. rentes e recebe inclusive denominações
distintas de acordo com a localidade em que
Movimentação é apresentado: no Piauí e no Maranhão,
chama-se bumba-meu-boi; na Amazônia,
Os participantes deslocam-se, saindo boi-bumbá; em Santa Catarina, boi-de-
com o pé esquerdo (eu); no quarto passo, mamão; no Recife, é o boi-calemba e no
batem o pé direito (verde) com uma palma Estado do Rio de Janeiro, folguedo-do-boi.
para o centro da roda. Quando cantam O enredo da dança é o seguinte: uma
“madrugada”, a palma deverá estar do mulher grávida (cujo nome varia de acordo
lado de fora, sempre junto com o pé com a região do Brasil) sente vontade de
direito. No refrão (uai, uai) a roda faz meia- comer língua de boi. O marido resolve
volta, girando no sentido contrário, e segue atender a seu desejo e mata o primeiro boi
sempre a mesma movimentação, ou seja, que encontra. Logo depois, o dono do boi,
uma palma para dentro e outra para fora, que era seu patrão, aparece e fica muito
sempre batendo com o pé direito. zangado ao ver o animal morto. Para con-
No Maranhão, essa dança é executada sertar a situação, surge um curandeiro, que
de forma bastante semelhante à da consegue ressuscitar o boi. Nesse momento,
quadrilha. todos se alegram e começam a brincar.
Os participantes do bumba-meu-boi
Bumba-meu-boi dançam e tocam instrumentos enquanto as
pessoas que assistem se divertem quando
Dança dramática presente em várias o boi ameaça correr atrás de alguém. O
festividades, como o Natal e as festas juninas, boi do espetáculo é feito de papelão ou
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madeira e recoberto por um pano colorido. teado, além do canto acompanhado por
Dentro da carcaça, alguém faz os movi- guitarras e violões. Em geral, a música é
mentos do boi. executada como compasso binário, com
certo predomínio de sons rebatidos.
Lundu Essa dança é típica das festas juninas
(lundum/londu/landu) nos Estados do Norte (como parte da qua-
drilha tradicional e independente desta),
De origem africana, o lundu foi trazido Nordeste e Sudeste do Brasil.
para o Brasil pelos escravos vindos prin-
cipalmente de Angola. Nessa dança, Cateretê
homens e mulheres, apesar de formar pares,
dançam soltos. Dança rural do Sul do país, o cateretê
A mulher dança no lugar e tenta seduzir foi introduzido pelos jesuítas nas comemo-
com seus encantos o parceiro. A princípio rações em homenagem a Santa Cruz, São
ela demonstra certa indiferença, mas, no Gonçalo, Espírito Santo, São João e Nossa
desenrolar da dança, passa a mostrar in- Senhora da Conceição. É uma dança bas-
teresse pelo rapaz, que a seduz e a envolve. tante difundida nos Estados de São Paulo,
Nesse momento, os movimentos são mais Rio de Janeiro e Minas Gerais e também
rápidos e revelam a paixão que passa a está presente nas festas católicas do Pará,
existir entre os dançarinos. Logo o cavalheiro Mato Grosso e Amazonas.
passa a provocar outra dama e o lundu Nas zonas litorâneas, geralmente é
recomeça com a mesma vivacidade. dançado com tamancos de madeira dura. No
O lundu é executado com o estalar dos interior desses Estados, os dançarinos dançam
dedos dos dançarinos, castanholas e sapa- descalços (Taubaté, Cunha, Lagoinha) ou usam
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esporas nos sapatos (Barretos, Guaratinguetá, duas fileiras, com acompanhamento de
Itararé). Em algumas cidades o cateretê é viola, cantos, sapateado e palmas. Os saltos
conhecido como catira (Araçatuba, Nazaré e a formação em círculo aparecem rapida-
Paulista, Piracaia e Pereira Barreto). mente. Os dançarinos não cantam, apenas
Em geral, o cateretê é dançado apenas batem os pés e as mãos e acompanham a
por homens, porém, em alguns Estados, evolução. As melodias são cantadas por dois
como Minas Gerais, as mulheres também violeiros, o mestre, que canta a primeira voz,
participam da dança. Os dançarinos formam e o contramestre, que faz a segunda.

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6 Jogos Juninos

O s jogos que valem prendas são


uma atração tradicional nas
festas juninas. Dividem-se em jogos de
sebo é então solidamente plantado no chão
e muitas vezes recebe, no topo, um triângulo
de madeira ao qual se amarra dinheiro
terreiro e jogos de barracas. (uma cédula de valor alto ou um depósito
repleto de dinheiro).
Jogos de Terreiro A brincadeira consiste em, abraçado ao
pau-de-sebo, tentar subir e alcançar o
Pau-de-sebo prêmio. Como o mastro foi revestido com
Brincadeira que anima as festas juninas, cera, dificilmente os que participam da
principalmente a festa em homenagem a brincadeira conseguem subir até seu topo,
São Pedro no Sudeste, e também está Escorregam até perto do chão e voltam a
presente nas festas natalinas, no Nordeste. insistir várias vezes, até desistir ou atingir o
O pau-de-sebo é um mastro (não confundir alvo, quando recebem palmas e vivas das
com o mastro dos santos juninos) de pessoas que estão assistindo.
madeira envernizada com aproximada-
mente 5 metros de altura. É cuidadosa- Catar amendoim
mente preparado: tiram-se todos os Cada criança deve apanhar, com uma
nódulos da madeira, que depois é lixada, colher, os amendoins colocados à sua
e passa-se sebo de boi ou cera. O pau-de- frente, a uma certa distância, e levá-los
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para seu lugar, junto à linha de partida, Corrida de três pés
um de cada vez. Vence quem primeiro Cada jogador amarra a sua perna
reunir cinco grãos. esquerda à perna direita do parceiro e,
assim, os dois pulam até a linha de chegada.
Corrida de funis
Introduzir dois funis numa corda, com Jogos de Barracas
a parte mais estreita voltada para um laço
feito no centro. Os jogadores terão de, Acertar o Alvo
apenas soprando, levar os funis até o laço. Cada jogador recebe três bolinhas e,
de certa distância, procura jogá-las dentro
Corrida do saci da boca de um grande caipira, desenhado
Riscar no chão duas linhas paralelas, em cartolina. Em algumas regiões, um pa-
sendo uma a de chegada. Ao sinal combi- lhaço substitui o caipira no cartaz.
nado, as crianças saem pulando num pé só
em direção à linha de chegada. Jogo de argolas
Colocam-se várias garrafas estrategi-
Corrida de sacos camente no centro de uma barraca. Cada
Semelhante à corrida do Saci, cada jogador recebe determinado número de
jogador faz o percurso com o corpo enfiado argolas e tenta encaixá-las nas garrafas.
num saco bem preso à cintura.
Pescaria
Num tanque de areia, colocam-se
peixinhos feitos de lata ou papelão. Cada
um tem na boca uma argolinha, que deverá
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ser enganchada pelo anzol do pescador, ou
jogador. Cada peixinho tem um número que
corresponde a uma prenda.

Tiro ao Alvo
Coloca-se um alvo a certa distância; o
jogador deverá acertá-lo utilizando dardos.

Toca do Coelho
Várias tocas numeradas são espalha-
das num espaço fechado da barraca. Os
jogadores apostam em determinada
toca. Quando se solta ali um coelhinho,
vence o jogador da toca em que ele
primeiro entrar.

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7 Músicas Juninas

A s músicas típicas das festas juninas


podem ser apenas cantadas ou
também dançadas. Até hoje muitas são
as de Derramando o gai (coco de Luiz
Gonzaga e Zé Dantas):

compostas especialmente pelos nordes- Eu nesse coco num vadeio mai,


tinos, e formam o repertório do forró, que apagaro o candihero,
se transformou em baile realizado não derramaro o gai
apenas no período junino. Apagaro o candihero,
Entre os compositores e cantores mais derramaro o gai.
famosos, destaca-se o pernambucano Luiz Coisa boa nesse escuro
Gonzaga. Algumas estrofes de suas músicas eu sei que não sai.
são conhecidas de todos os brasileiros,
como as de Olha pro céu, meu amor (em Já não tão mai respeitando
parceria com José Fernandes): nem eu qui sou pai,
pois me dero um beliscão,
Olha pro céu, meu amor. quase a carça cai.
Vê como ele está lindo. Não se pr’onde vai
Olha praquele balão multicor por isso nesse coco
como no céu vai sumindo num vadeio mai
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Capelinha de melão
(João de Barros e Adalberto Ribeiro)

Capelinha de melão
é de São João.
e as de São João na roça (em parceria É de cravo, é de rosa,
com Zé Dantas): é de manjericão.
São João está dormindo,
A fogueira tá queimando não me ouve não.
em homenagem a São João. Acordai, acordai,
O forró já começou. acordai, João.
Vamos, gente, arrasta pé nesse salão. Atirei rosas pelo caminho.
A ventania veio e levou.
Algumas das músicas juninas mais Tu me fizeste com seus espinhos
conhecidas, pelo menos na Região Sudeste, uma coroa de flor.
são as seguintes:

Cai, cai, balão Pedro, Antônio e João


(Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago)
Cai, cai, balão.
Cai, cai, balão. Com a filha de João
Aqui na minha mão. Antônio ia se casar,
Não vou lá, não vou lá, não vou lá. mas Pedro fugiu com a noiva
Tenho medo de apanhar. na hora de ir pro altar.
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A fogueira está queimando, São João ficou zangado.
o balão está subindo, São João só dá cartão
Antônio estava chorando com direito a batizado.
e Pedro estava fugindo.
São João não me atendendo
E no fim dessa história, a São Pedro fui correndo.
ao apagar-se a fogueira, No portão do paraíso
João consolava Antônio, disse o velho num sorriso:
que caiu na bebedeira. ”Minha gente eu sou chaveiro,
nunca fui casamenteiro”.

Isto é lá com Santo Antônio


(Lamartine Babo)

Eu pedi numa oração


ao querido São João
que me desse um matrimônio.

São João disse que não,


São João disse que não,
isto é lá com Santo Antônio.
Implorei a São João
desse ao menos um cartão
que eu levasse a Santo Antônio.
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Balãozinho

Venha cá, meu balãozinho. Toda mata pega fogo.


Diga aonde você vai. Passarinhos vão morrer.
Vou subindo, vou pra longe, Se cair em nossas matas,
vou pra casa dos meus pais. o que pode acontecer.
Já estou arrependido.
Ah, ah, ah, mas que bobagem. Quanto mal faz um balão.
Nunca vi balão ter pai. Ficarei bem quietinho,
Fique quieto neste canto amarrado num cordão.
e daí você não sai.

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Chegou a hora da fogueira Sonho de papel
(Lamartine Babo) (Carlos Braga e Alberto Ribeiro)

Chegou a hora da fogueira. O balão vai subindo,


É noite de São João. vem caindo a garoa.
O céu fica todo iluminado, O céu é tão lindo
fica todo estrelado, e a noite é tão boa.
pintadinho de balão.
São João, São João,
Pensando na cabocla a noite acende a fogueira
também fica uma fogueira no meu coração.
dentro do meu coração.
Quando eu era pequenino, Sonho de papel
de pé no chão, a girar na escuridão
recortava papel fino soltei em seu louvor
pra fazer balão. no sonho multicor.
E o balão ia subindo
para o azul da imensidão. Oh! Meu São João.
Hoje em dia meu destino Meu balão azul
não vive em paz. foi subindo devagar.
O balão de papel fino
já não sobe mais. O vento que soprou
O balão da ilusão meu sonho carregou.
levou pedra e foi ao chão. Nem vai mais voltar.
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Sem título As moça dançam com o padre,
(Djalma da Silveira Allegro e Paulo Soveral) as véia com o delegado.
Uns ainda tão na mesa
A mesa tá preparada, comendo doce e salgado.
os conviva vão chegando,
o quentão vai se servido, A fogueira vai queimando
o leitão tá esturricando. que dá gos to a gente vê.
Tem pipoca, tem pamonha, As estrelas ain da piscando,
mio verde com fartura. o sol quase pra nascê.
Tem cabrito e frango assado, Tá todo mundo esperando
tem doce de rapadura. otro dia amanhe cê…
Tem tanta coisa gostosa
que barriga quase fura…
Chame o Mané Sanfoneiro
que o baile vai começá!
Vamos dançá a quadrilha,
cada um no seu lugar. Pula a fogueira
(João B. Filho)
E a festança continua,
continua o arrasta-pé. Pula a fogueira Iaiá,
Dança home com otro home pula a fogueira Ioiô.
e muié com otra muié. Cuidado para não se queimar.
Um já gastô as butinas, Olha que a fogueira
otro já sentô cansado. já queimou o meu amor.
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Nesta noite de festança Nesta noite de folguedo
todos caem na dança todos brincam sem medo
alegrando o coração. a soltar seu pistolão.
Foguetes, cantos e troca Morena flor do sertão,
na cidade e na roça quero saber se tu és
em louvor a São João. dona do meu coração.

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8 O Mastro

C omo os demais elementos das


festas juninas que estão direta-
mente relacionados com a época da co-
de meia-idade que segura o menino Jesus
nos braços; São João é uma criança de
cabelos encaracolados que tem um carnei-
lheita (do milho, principalmente, no Brasil), rinho no colo, simbolizando Jesus Cristo,
os mastros são símbolos da fecundação apontado por São João Batista como o
vegetal, segundo o folclorista Câmara verdadeiro Cordeiro de Deus; São Pedro
Cascudo (1988, p. 481 e 482). aparece na bandeira como uma pessoa
No topo do mastro, que deve ter mais idosa que tem nas mãos as chaves do céu.
ou menos 5 a 6 metros de altura, fica a ban- A preparação do mastro, até a ocasião
deira do santo padroeiro da festa, símbolo de seu erguimento, é parte essencial das
da sua presença durante a festividade. A festas em homenagem aos santos juninos,
crença popular é de que o mastro tem o principalmente São João. O mastro recebe
poder de sinalizar, dependendo do lado um tratamento especial desde o momento
para onde virar a bandeira que está no seu da escolha da madeira. O tronco da árvore
topo, muita prosperidade ou morte. deve ser o mais reto possível e ser cortado
Em alguns lugares, colocam-se três em uma sexta-feira de lua minguante por
bandeiras sobre o mastro, cada uma com três pessoas que, antes de derrubá-lo, de-
a figura de um dos santos juninos: Santo vem rezar o Pai-Nosso. No momento em
Antônio é representado como um homem que a árvore é derrubada e cai no chão,
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esses homens, em sinal de respeito, devem azul e o vermelho são as cores preferidas.
tirar o chapéu e evitar cuspir naquele lugar. Evita-se pôr pregos no mastro e é geral-
O transporte do tronco escolhido para mente o promotor da festa quem determina
mastro também requer cuidado especial. onde será feito o buraco para levantá-lo.
A madeira deve ser colocada sobre um tipo Também são chamadas de mastro as
de andor ou nos ombros dos homens, que árvores que em geral nessa época, mais
não precisam ser os mesmos que derru- especificamente no dia de cada santo ju-
baram a árvore. Na verdade, todos os nino, são plantadas em frente às casas dos
homens que participarão da festa querem roceiros enquanto eles rezam a oração
carregá-lo pelo menos por alguns Salve-Rainha. Depois de erguidas, essas
instantes, até o seu levantamento. As arvorezinhas são decoradas com fitas,
mulheres levam a bandeira que será flores, laranjas espetadas nos galhos e
colocada em seu topo. cipós de flor-de-são-joão. Seu pé fica repleto
A preparação do mastro não inclui de ovos de galinha, grãos de milho e feijão,
necessariamente a pintura. Quando ele é para assegurar que a colheita seja farta e
pintado, em geral adquire uma só cor no haja uma boa produção de ovos, sem
Norte do Brasil e duas cores no Sul, onde o pestes nem doenças.

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9 Comidas e Bebidas Juninas

P rodutos agrícolas genuinamente


americanos, como milho, amen-
doim, batata-doce e mandioca, cultivados
modo de preparo dos pratos e temperos
variados — que provocaram mudanças no
processamento desses produtos.
pela população indígena, tornaram-se a Hoje eles constituem o cardápio básico
base da alimentação dos brasileiros. Os das festas juninas, acrescentando-se pro-
portugueses trouxeram a tecnologia, como dutos regionais como o pinhão sulino, as
o forno de fazer farinha, e costumes — castanha-de-caju e a do pará.

Arroz-Doce
Arroz lavado
Leite, açúcar (ou leite condensado)
Canela em pau
Raspas de limão ou laranja
Canela em pó
Cozinhe o arroz na água com a canela em pau e, se quiser, com
as raspas de limão ou laranja. Depois de cozido, acrescente o leite
quente e o açúcar ou leite condensado. Salpique canela em pó.
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Bolo de Batata-Doce
1 quilo de batatas-doces cozidas e amassadas
3 xícaras de açúcar refinado
4 gemas, leite puro de 1 coco
120 gramas de manteiga
100 gramas de castanhas-do-pará torradas e moídas
1 xícara de farinha de trigo
1 colher de chá de fermento
2 claras em neve
Misture a batata-doce com todos os ingredientes. Se ficar
pesado, junte um pouco de leite de vaca. Bata bem e coloque, por
último, as claras em neve. Forno quente em fôrma untada.

Bolo de Fubá
1 xícara e meia de açúcar
1 xícara e meia de farinha de trigo
1 xícara de fubá
1 xícara de óleo
1 xícara de leite
1 colher de chá de fermento
3 ovos
1 colher de chá de erva-doce
Bata todos os ingredientes e leve ao forno para assar, de
preferência numa forma com buraco no meio.
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Bolo de Fubá Cozido
2 xícaras de chá de fubá
2 xícaras de chá de açúcar
2 xícaras de chá de leite
2 colheres de sopa cheias de manteiga
1 colher de chá de erva-doce
4 cravos-da-índia
1 rama de canela
1 pitada de sal
Faça um mingau com todos os ingredientes, mexendo sempre
até ficar solto da panela. Deixe esfriar.
4 ovos
1 colher de sopa bem cheia de fermento em pó
1 xícara de chá de leite
1 pires de queijo parmesão ralado
Bata as claras em neve e adicione as gemas batendo um pouco
mais. Junte ao mingau já frio, adicione o fermento em pó dissolvido
no leite e o queijo parmesão ralado. Leve ao forno quente em
fôrma untada com manteiga.

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Bolo de Macaxeira
1 quilo de macaxeira crua ralada
1 coco ralado
1/2 litro de leite
1 colher de sopa de manteiga
Açúcar a gosto
Misture tudo e leve ao forno em fôrma untada.

Bolo de Milho
500 gramas de milho para angu (xerém)
1 colher de chá de erva-doce
2 cocos
250 gramas de açúcar refinado
3 xícaras de água quente para retirar o leite dos cocos
Sal a gosto
2 colheres de sopa de fubá
Cozinhe o xerém no leite de coco. Depois de cozido, acrescente
os outros ingredientes e leve a assar em tabuleiros untados. Uma
vez assado, corte em retângulos.

Bolo de Milho Elétrico


1 lata de milho sem água
1 medida da lata de açúcar
1 medida da lata de milho de leite de coco
80
1 medida da lata de flocos de milho
3 ovos inteiros
1/2 pote pequeno de margarina
Bata bem o milho (sem a água) com o leite de coco e os ovos no
liquidificador, acrescente os demais ingredientes, um por vez, batendo
sempre até formar uma massa homogênea. Asse em forno regular,
em fôrma bastante untada e polvilhada. Assim que desenformar,
polvilhe açúcar peneirado por cima do bolo ainda quente.

Bolo de Milho Verde


6 espigas de milho verde
2 xícaras de chá de leite
2 colheres de sopa de margarina derretida
2 xícaras de chá de açúcar
4 ovos
1 colher de café de canela em pó
1 colher de sobremesa de fermento em pó
Retire os grãos de milho verde com uma faca afiada, cortando-
os rente ao sabugo. Coloque o milho e o leite no liquidificador e
bata muito bem. Junte os ovos, o açúcar, a canela e a margarina,
batendo até ficar uma mistura homogênea. Finalmente acrescente
o fermento. Unte muito bem uma assadeira com margarina. Leve
ao forno por aproximadamente 40 minutos. Deixe esfriar durante
duas a três horas e corte em quadradinhos.
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Bolo de Santo Antônio
250 gramas de farinha de trigo
250 gramas de manteiga
8 ovos
250 gramas de açúcar
10 gramas de erva-doce
100 gramas de castanhas-do-pará assadas sem casca
Misture o açúcar com a manteiga até ficarem bem ligados,
acrescente a erva-doce e vá colocando as gemas uma a uma,
mexendo sempre. Bata bastante e, por fim, junte a farinha de trigo.
Asse em fôrma redonda, untada e forrada com papel vegetal,
também untado. Forno regular. Com as claras, faça uma massa
de suspiro e cubra o bolo depois de assado, enfeitando-o com
castanhas. Volte ao forno para o suspiro dourar.

Bolo de São João


1 tigela de massa de mandioca lavada
14 gemas de ovos
1/2 quilo de açúcar
100 gramas de manteiga
1 xícara de leite de coco
Bata as gemas e, quando estiverem bem batidas, acrescente
100 gramas de manteiga e 1 xícara de leite de coco sem água.
Junte os demais ingredientes e continue a bater até que tudo esteja
82
bem ligado. Leve ao forno regular numa assadeira untada com
manteiga.

Bolo Souza Leão


1 quilo de açúcar
4 cocos
2 quilos de mandioca mole
400 gramas de manteiga
5 xícaras de água
12 gemas
1 pitada de sal
Desmanche a mandioca em bastante água. Peneire. Ponha num
saco grande e lave bastante, até perder completamente a goma.
Esprema e pese 1 quilo. Coloque a massa em uma tigela grande
e “machuque” as gemas uma a uma. Reserve.
Com 3 xícaras de água quente, retire o leite dos cocos e acrescente
à massa. Faça uma calda rala com o açúcar e 2 xícaras de água,
desmanche nela a manteiga e despeje-a quente na massa, aos
poucos, mexendo com uma colher de pau. Tempere com sal. Peneire
e leve a assar em fôrma untada. Forno quente. Está assado quando,
introduzindo um palito no bolo, ele sair melado com uma massa
ligada, como grude.

83
Broa de Fubá
700 gramas de farinha de trigo
300 gramas de fubá
150 gramas de açúcar
150 gramas de margarina
10 gramas de sal (1 pitada)
100 gramas de fermento de pão
Erva-doce
Numa bacia, coloque a farinha e, fazendo no centro uma cova,
junte o fermento desmanchado em um pouco de água ou leite (vai
dobrar de volume). Acrescente o sal, o açúcar, o fubá, a margarina
e a erva-doce. Misture e bata bem. Deixe descansar por 40 minutos.
Faça então as broinhas do formato que quiser e deixe crescer já
na fôrma untada com manteiga e farinha de trigo ou fubá. Depois
de crescerem, leve ao forno a 200 graus.

Canjica ou Mungunzá
Milho próprio para canjica
Leite
Canela em pau
Opcionais: casquinhas de limão ou laranja, leite condensado, coco
ralado, amendoim torrado.
Deixe o milho da canjica de molho na água de preferência de
um dia para outro. Cozinhe em água suficiente na panela de
84
pressão por mais ou menos 20 minutos com a canela em pau e, se
quiser, as casquinhas de limão ou laranja. Depois de cozido,
acrescente o leite quente e o açúcar (ou leite condensado) e deixe
ferver mais um pouco (querendo, pode-se pôr também coco ralado
e amendoim torrado).

Canjica Pernambucana
25 espigas de milho verde
1 xícara de leite de coco grosso
4 litros de leite de coco ralo
3 xícaras de açúcar refinado
1 colher de sopa de manteiga
1 colher de sopa rasa de sal
1 xícara de chá de erva-doce
50 gramas de queijo de manteiga ralado (opcional)
Rale as espigas e lave a massa com parte do leite ralo em
peneira finíssima. Passe na máquina de carne (peça sem dente) ou
no liquidificador. Junte o resto do leite ralo e leve ao fogo, mexendo
sempre com colher de pau. Depois de meia hora de fervura,
acrescente os outros ingredientes e, por último, o leite grosso.
Cozinhe com fervura constante, sempre mexendo. Despeje em
pratos e polvilhe com canela em pó.

85
Curau
Espigas de milho verde
Açúcar
Água (ou leite)
Canela em pó
Retire o milho da espiga com uma faca, rale-o ou bata-o no
liquidificador e passe-o em peneiras finas, apertando bem com
uma colher para obter o suco. Junte o açúcar e leve ao fogo,
acrescentando água ou leite e mexendo sempre com uma colher
de pau, até que o creme fique totalmente cozido. Despeje em
recipientes untados com água fria e salpique canela em pó.
Com o farelo que sobrou na peneira ao preparar o curau,
aproveite para fazer bolinhos de milho verde fritos. Basta
acrescentar ovos, sal, um pouco de óleo e uma pitada de fermento.
Com uma colher, em panela com óleo quente, vá fritando pequenas
quantidades de massa.

Cuscuz de Milho
250 gramas de flocos de milho
1 coco raspado
Sal ou açúcar a gosto
Água
Com a água salgada, umedeça os flocos de milho, misture bem
e leve a cozinhar no cuscuzeiro. Ou faça o seguinte: ferva água numa
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chaleira; coloque a massa em um pires, formando montes; cubra
com um guardanapo úmido, amarre embaixo do pires e tampe
com ele a boca da chaleira. Em 10 a 15 minutos o cuscuz estará
cozido. Deixe esfriar e ensope-o com leite de coco açucarado e com
um pouquinho de sal. Leve ao fogo e mexa sempre até ferver.

Grude
1 quilo de goma (polvilho)
250 gramas de coco raspado
1 colher de café de sal
Lave a goma até tirar o azedo, passe por um tecido fino e
seque, colocando um pano sobre ela. Quando estiver apenas ú-
mida, passe numa peneira e junte o coco e o sal, misturando bem
para a massa ficar ligada. Leve para assar no forno em assadeira.

87
Pamonha com coco
25 espigas
2 1/2 xícaras de açúcar refinado
Leite grosso de 2 cocos
Leite ralo de 2 cocos (7 xícaras)
1 xícara de chá de erva-doce
1 colher de sopa de manteiga derretida
Cascas de milho verde em formato de saquinhos
Rale o milho. Com a metade do leite do coco ralo, lave a
massa e passe-a por peneira mais grossa do que a da canjica.
Acrescente o restante dos ingredientes. Encha os saquinhos feitos
com as palhas, amarre-os com tiras finas de palha e leve a cozinhar
em bastante água fervente com um pouquinho de sal.

Pamonha
Fazer pamonha no interior é sempre um acontecimento festivo
que reúne familiares, vizinhos e amigos. Todos dividem as tarefas
e trabalham num clima de muita alegria e empolgação.

Espigas de milho verde


Leite
Banha
Açúcar (se for pamonha doce)
Sal (se for pamonha salgada)
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Reservar boas palhas de milho para fazer os saquinhos das pamonhas e
também para amarrá-las.
Descasque e rale as espigas de milho, raspando os sabugos com
uma colher. Acrescente o leite, a banha quente em quantidade suficiente
para uma massa consistente e tempere com açúcar ou com sal.
Coloque a massa em cada saquinho feito da palha, amarre-
os e leve para cozinhar em um caldeirão com água fervente. Cubra
com sabugos para que as pamonhas afundem na água,
proporcionando cozimento homogêneo.
OBSERVAÇÃO: na pamonha salgada, pode-se acrescentar, em
cada uma, pedaços de queijo fresco.

Pé-de-moleque
1 quilo de amendoim cru e com casca
2 copos de açúcar
1 colher de café de bicarbonato
Leve uma panela ao fogo com o amendoim e o açúcar e vá
mexendo com uma colher de pau para torrar. Quando estiver
caramelado, apague o fogo e jogue o bicarbonato.
Mexa bem e jogue numa superfície de mármore devidamente
untada com manteiga. Deixe esfriar e quebre os pedaços.

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Pé-de-moleque da Amazônia
1 quilo e meio de massa de macaxeira (aipim ou mandioca) mole
2 cocos
600 gramas de açúcar refinado
5 gramas de cravo torrado
5 gramas de erva-doce torrada
1 litro de água quente
300 gramas de castanhas-do-pará torradas e moídas
100 gramas de castanhas-do-pará torradas para enfeitar
2 ovos inteiros
2 gemas
1 colher de sopa de manteiga derretida
Desmanche a massa na água; peneire e lave até perder o
azedo. Esprema e pese 1 quilo. Retire o leite dos cocos com toda a
água e junte à massa com o restante dos ingredientes. Enfeite com
castanhas inteiras. Fôrma untada e forno quente.
Esta receita também pode ser feita de maneira mais simples,
com macaxeira cozida e amassada, castanha-do-pará, açúcar e
erva-doce. Misturar bem todos os ingredientes e fazer pequenas
porções redondas e achatadas. Levar à chapa do fogão a lenha.
O resultado é uma espécie de bolacha torrada por fora e macia
por dentro. Essa é uma das delícias culinárias típicas das
populações ribeirinhas da Amazônia.

90
Pé-de-Moleque de Rapadura
1 rapadura pura
1/2 quilo de amendoim torrado sem casca e ligeiramente
moído ou passado no liquidificador
1 xícara de café de leite
1 pedaço médio de gengibre cortado miúdo
Pique bem a rapadura e leve ao fogo para derreter juntamente
com o leite e o gengibre, mexendo com uma colher de pau. Quando
desmanchar e formar um melado, coloque um pouco deste numa
xícara com água — se estiver no ponto, formará uma bolinha
consistente. Apague o fogo, acrescente o amendoim e bata bem.
Quando o fundo da panela começar a ficar esbranquiçado,
despeje numa superfície de mármore untada com manteiga. Deixe
esfriar e corte os pés-de-moleque.

Pipoca Doce
1 xícara de chá de milho de pipoca
1 xícara de açúcar
1 xícara de chá de água
1 1/2 xícara de óleo
Misture bem os ingredientes até formar uma calda. Tampe a
panela e deixe a pipoca estourar. Depois de pronta, despeje-a numa
assadeira e deixe esfriar para ficar crocante.

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Pipoca Salgada
Numa panela ou pipoqueira, coloque o milho de pipoca com
um pouco de óleo. Tampe a panela, dando umas sacudidelas para
que os grãos estourem. Acrescente sal e misture bem.

Sopa de Milho Verde


20 espigas de milho verde
5 espigas de milho maduro
1 quilo de costelinha de boi
Temperos secos a gosto
Sal
Vinagre
Coentro
Cebolinha
2 dentes de alho amassados
4 tomates picados
2 cebolas picadas
1 pimentão picado
2 colheres de sopa de extrato de tomate
Rale os 5 milhos maduros e reserve. Em um caldeirão, refogue
as costelinhas com todos os temperos secos e verdes e junte os
grãos dos milhos ralados e as outras espigas de milho. Cubra tudo
com bastante água e deixe em fogo brando até que as espigas
estejam cozidas. É preciso mexer constantemente, pois os grãos
92
ralados descem ao fundo do caldeirão. Observe sempre a água
para que o milho cozinhe bem.

Tapioca
Goma
Sal a gosto
Coco ralado
Lave bem a goma para tirar todo o azedo. Deixe secar numa
vasilha coberta com um guardanapo e, quando estiver úmida, passe
na peneira. Ponha sal com muito cuidado, pois ela salga com
facilidade.
Leve uma frigideira ao fogo e, quando estiver bem quente,
acrescente uma xícara ou um punhado da goma e espalhe com a
mão mesmo em toda a superfície da frigideira. Espalhe por cima
um pouco de coco ralado e polvilhe sobre o coco um pouco de
goma. Quando estiver levantando dos lados, retire e feche em
forma de papel.

Para Assar na Fogueira


Batata-doce
Embrulhe em papel-alumínio e coloque na fogueira para
cozinhar. Depois de cozida, abra ao meio e cubra com manteiga
ou queijo catupiry.
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Cebola do reino
Embrulhe em papel-alumínio e coloque na fogueira para
cozinhar. Depois de cozida, corte em pedaços e tempere com azeite
de oliva.

Bebidas Juninas
Quentão
1 garrafa de pinga
2 xícaras de açúcar
2 xícaras de água
Gengibre
Canela em pau
Cravo
Noz-moscada ralada
Limão cortado em quatro
Leve ao fogo todos os ingredientes, menos a pinga, e deixe ferver
até soltar o sabor. Tire do fogo e acrescente a pinga. Leve novamente
ao fogo até levantar fervura.

Vinho Quente
Vinho tinto
Canela em pau
Cravo
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Gengibre picado
2 xícaras de açúcar
2 xícaras de água
Opcional: frutas picadas (maçã, abacaxi, uva, pêssego...)
Leve todos os ingredientes ao fogo, menos o vinho e as frutas, e
deixe ferver até soltar o sabor. Tire do fogo e acrescente o vinho,
leve ao fogo novamente até levantar fervura. Se quiser, acrescente
as frutas picadas.

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Concurso de Redações
Apresentação das Redações Nota 10

S andro Silva escreve que ficou bonito


vestido de noivo e a noiva ficou
linda na dança da quadrilha de sua escola.
a moça Isabel avisou sua prima Maria do
nascimento de seu filho através de uma
fogueira bem alta acendida na noite de
Raiza Ribeiro descreve que São João dormiu São João.
no dia de seu aniversário e Caroline Cracho Hugo Bertazoni aprendeu histórias das
que São João, Santo Antônio e São Pedro festas juninas com seus avós. “Minha avó diz
brigaram no céu para saber qual deles era que conquistou meu avô em uma dessas fes-
o santo mais importante da festa junina. tas. “Ela só não diz que deixou Santo Antônio
Letícia Abelha informa que essa festa já teve de cabeça para baixo, aquela tradicional
o nome de Festa Joanina, porque São João simpatia para arrumar casamento”. Ele diz
era homenageado. saber “que os tempos são outros, mas se
David Silva afirma que a criançada fica Deus quiser essas festas nunca vão acabar”.
esperando a hora da comilança e Rodrigo Essas frases, retiradas das dez redações
da Costa que “soltou balão, que faz parte de crianças que venceram o Concurso Cul-
da tradição, mas que tomou cuidado para tural, promovido pela Yoki em 2003, refle-
não queimar nada não”. tem duas coisas muito importantes. Primeiro,
Priscila Brito garante que é preciso ter são o resultado de um trabalho de pesquisa,
bom coração para entrar na festa, que é que tão bem faz ao desenvolvimento in-
considerada por Daniel Lisboa como uma telectual das crianças; segundo, explicitam
das mais antigas e populares do Brasil. vivências positivas e alegres que acabam
Alessandra Mallmann conta que em uma conferindo à infância aquela aura mágica que
época que não tinha telefone ou correio, depois de adultos elas nunca esquecerão!
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“Festas Juninas”
Conta a lenda dos mais velhos que no dia do seu aniversário São João não conseguiu
ser acordado por sua mãe. Tanto dormiu, que perdeu o mais lindo espetáculo de uma
noite Junina. O céu fica iluminado como se fosse dia, com a explosão dos fogos de artifícios,
dando colorido especial juntando-se ao brilho das estrelas. No chão o calor das fogueiras
a que das noites frias do mês de junho; incendeia o coração dos namorados; que com
suas crendices tradicionais, tiram sua sorte nas brincadeiras e advinhações.
O clima festeiro de alegria toma conta do povo, da cidade aos lugarejos mais
distantes. O Terreiro se transforma em arraiá, ao som do forró, quadrilha e xaxado ninguém
dança sozinho; somente de rosto colado, o suor castiga o corpo os pés ficam encaliçado
mais o povo não arreda o pé, e quando vem da fé, o dia já tem clareado. Comida não
pode faltar, pamonha, canjica e milho assado. Fica a vontade do próximo São João
poder brincar mais animado.

RAIZA LEITE VIANA RIBEIRO • RECIFE – PE

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O Arraial da Paz
Precisamos fazer uma grande festa, a maior possível, bem enfeitada, colorida, com
muitas bandeirinhas, balõezinhos, uma grande fogueira, muita música, e danças, com
muita alegria e inúmeros convidados.
Com barracas de doces, comidas, bebidas, pipocas, milho-verde e tudo de bom que
existir.
Vamos fazer brincadeiras, reunir todos os amigos e as famílias, nessa grande festa é
proibido indiferenças, todas as pessoas podem ir, ricos e pobres, brancos e negros, enfim
todos aqueles que querem paz, amor e diversão.
Nessa festa tudo será dividido haverá muita união, compreensão, afeto, harmonia e
muita esperança no futuro para que se mantenha tudo isso sempre.
Para entrar nessa festa é preciso ter um bom coração, gostar da natureza e dos animais,
respeitar o próximo e ter fé em Deus.
Essa festa pode ser comemorada todos os dias do ano, sempre que você quiser.
É um verdadeiro arraial da paz feito para você, nunca deixe de sonhar, de ser feliz, de
acreditar que o mundo pode ser uma grande festa colorida e que você será sempre o
convidado especial.
Então vamos todos começar a comemorar dar as mãos e cantar. E se cantarmos bem
alto o mundo irá ouvir e só basta começar.

PRISCILA NUNES DE BRITO • CAMPINAS – SP

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Briga na Festa Junina
No céu, São João, Santo Antônio e São Pedro estavam brigando para ver qual era o
santo mais importante das Festas Juninas:
— Eu sou o santo mais importante das Festas Juninas. As moças me deixam até de
castigo; de ponta cabeça e embaixo da cama. Eu arranjo muitos casamentos sofridamente
e me orgulho disso! — disse Santo Antônio.
— E eu que além de guardar as portas do céu, tenho que confirmar os compadres
que pulam fogueiras, pois a música diz: “ São João falou, São Pedro confirmou, que nós
somos compadres, porque Deus mandou ”! — disse São Pedro.
— Eu também já estou cansado de ler o futuro das pessoas e me acordarem nas
Festas Juninas! — falou São João.
— Xiii! Não estão vendo que a quadrilha vai começar! — exclamou Deus.
E a quadrilha começou. Lindo como nunca. As moças com tranças e vestidos floridos
e os moços com chapéis de palhas, camisa xadrez e calça jeans.
— Quantas guloseimas! Pipocas, paçocas, pamonhas, tapiocas!
— Por isso que você está engordando alguns quilinhos João! — falou São Pedro.
— Mas você não é nenhum santinho, vive alagando a grande São Paulo! – exclamou
São João.
— Agüenta! — gritou Deus
Eu tenho barracas com jogos, como pescaria e argolinhas. E como Deus e os santos
estavam vendo uma Festa Junina lá no Maranhão, a rua ficou repleta de Bois-Bumbá. A
festa estava repleta de bandeirinhas coloridas, também tinha uma fogueira imensa. E se
você quer saber como terminou a briga, Deus deu uma bronca nos santos e eles nunca
mais brigaram.

CAROLINE ANDREASSA CARACHO • SÃO PAULO – SP


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Festas Juninas
F oi com meu avô que aprendi muitas coisas sobre festas juninas.
E le com sua simplicidade, criado na roça me falou o quanto essas festas eram
importante para as famílias que viviam na zona rural.
S empre quando ele começa a falar fico atento. Eu sei que essa tradição foi trazida
pelos europeus, onde lá eles comemoravam as grandes safras. Aprendi isso na escola.
Mas as histórias que meu avô conta é demais!
T odo ano no mês de junho acontecia a tão esperada festa.
A s moças e os rapazes chegavam na festa sem par, mas nunca iam embora sem
deixar um coração apertado.
S empre acabava em casamento.
J ura a minha avó que foi numa dessas festas que meu avô à conquistou. Ela só não
diz que deixou Santo Antônio de cabeça pra baixo. Aquela tradicional simpatia para
arrumar casamento.
U ma vez meu avô disse que algumas pessoas ridicularizam esse povo da roça.
N a escola sempre aprendi que devemos respeitar e resgatar os costumes desse povo.
Falei isso pro meu avô e ele ficou feliz.
I gnorar esses costumes é impossível pois o cheirinho da pipoca e o gostinho da paçoca
é inresistível. E o meu avô concorda.
N ão dá também prá resistir ao som da sanfona e as guloseimas dessa gostosa festa.
A h! Mas uma coisa é certa, eu adoro essas festas.
Sei que os tempos são outros. Mas se Deus quiser essas festas nunca vão deixar de existir.

HUGO BERTAZOLI • MOGI GUAÇU – SP


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História de um Milhinho de Pipoca
Eu sou um pequeno grão de milho de pipoca. Nasci há alguns meses junto com
muitos irmãozinhos, todos enfileiradas na mamãe espiga. E foi ela que contou que estamos
reservados para uma festa muito especial.
— O destino de vocês é ajudarem a animar uma festa junina.
Como nós não sabíamos o que era esta festa, nos explicou tudo bem direitinho: disse
que a comemoração é bem antiga e era chamada “festa Joanina” porque homenageava
São João. Sendo uma festa religiosa, não faltavam procissões e missas.
Com o passar do tempo, São Pedro e Santo Antônio também começaram a ser
homenageados. Como as festas sempre aconteciam nos meses de junho, viraram tradição.
Sendo um mês frio, havia sempre uma fogueira para aquecer o povo. As bebidas também
eram quentes: canjicão e quentão. A pipoca quentinha não podia faltar e o local da
festança era todo enfeitado com bandeirolas.
Eu e meus irmãozinhos começamos a ficar preocupados.
— A pipoca quentinha somos nós?
— Claro, a maior glória para um milhinho de pipoca como vocês é estourarem de alegria
no mês de junho – mamãe nos acalmou, fazendo com que todos imaginassem a cena –
Enquanto um gostoso cheirinho invade o ar, olhinhos gulosos de crianças com roupinhas
caipiras brilham aguardadndo o momento de saborear esta delícia tão simples e insubstituível.
Desde o dia que mamãe nos falou sobre esta festa, não vemos a hora de participar.
Hoje estamos dentro de uma sacolinha esperando o grande momento de ir para panela.
Oba! O mês de junho chegou!

LETÍCIA SOARES ABELHA • IPATINGA – MG


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“Festas Juninas”
A noite estava fria. O céu cheinho de estrelas curiosas. Todas olhavam para a casa de
Isabel. Queriam ser as primeiras a ver o menino que ia nascer.
O mês era de junho. O dia, 24!
Foi nesta noite fria, cheia de estrelas e grilos, que João nasceu.
Zacarias e sua esposa estavam felicíssimos. Os vizinhos e parentes também estavam
alegras.
Mas no meio de tanta felicidade surgiu uma preocupação:
— Zacarias, disse Isabel, minha prima Maria não sabe, que Joãozinho nasceu. Como
vou avisá-lá?
Não havia telefone naquele tempo. Nem telégrafo. Nem correio.
Então, acenderam uma fogueira e levantaram um mastro ali perto.
Nossa Senhora, que morava muito longe, viu a claridade e adivinhou:
— Garanto que o filho de Isabel nasceu.
Esperou o dia amanhecer. Arrumou uns presentes e montou num camelo.
Ia visitar sua prima. Ia dar-lhe os parabéns. E sabe de uma coisa? Ainda hoje o povo
acende fogueira na noite de São João. E comem muitas coisas gostosas!

ALESSANDRA MALLMANN • ESTRELA – RS

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Festa de São João
Fui na festa de São João, pra cantar uma canção, e tocar meu violão. Mas chegando
lá esqueci o refrão.
Fui então soltar balão, pois faz parte da tradição, mas tomei cuidado pra não queimar
nada não.
Comi Pipoca Yoki pra ficar bem mais forte e também tomei quentão.
Fui dançar a quadrilha, com uma linda menina, vestida de Festa Junina.
Estava tudo legal, tinha fogos e foguetes na festa do arraial.
Tinha tudo de bom, algodão doce, pé de moleque, vinho e pinhão.
Naquela noite estrelada, toda a criançada brincava animada.
Fui pular a fogueira, queimei meus pés e tive que me jogar na cachoeira.
Saí todo molhado, mas o mais engraçado foi na hora do casamento, quando os
noivos chegaram encima de um jumento.
Veio a melhor parte, teria que ter muita sorte, como toda festa de São João, teve um
bingão e o prêmio seria um computador. Aí fiz uma oração ao querido São João pra
ganhar no bingão. Pena que era muita gente envolvida pra realizar o sonho da minha
VIDA!

RODRIGO DA COSTA • BLUMENAU – SC

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Redação sobre Festas Juninas
A Festa Junina é uma das mais antigas e populares do Brasil.
Ela começa no dia 13 de junho e dura todo o mês.
O céu cheio de estrelas
Parece trazer uma canção
Para comemorar neste mês
Santo Antônio, São Pedro e São João.
Antigamente, os agricultores pediam aos santos uma boa colheita. E para se
protegerem dos maus espíritos, eles usavam bombas e fogos de artifício.
As crianças soltaram bombinhas
Os adultos soltaram rojões
São Pedro respondeu
Com muitos trovões.
São três os santos homenageados nas festas juninas no dia 13, São João, no dia 24,
São Pedro, no dia 25 de junho.
No interior, as festas ainda são muito parecidas com aquelas trazidas da Europa.
Na cidade há uma lei que proíbe soltar balões e fazer fogueiras nas ruas. Mas as
quermesses nas escolas, igrejas e clubes continuam animando o mês.
Na noite de São João
em volta da alegre fogueira
com a turma tocando violão
vamos dançar a noite inteira.
No céu-espada-buscape-balão; na mesa-milho, licor, cocada YOKI. Uma festa típica
de São João, lá fora onde, a fogueira queima chama Maria Helena.

DANIEL LISBOA • SALVADOR – BA


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As Festas Juninas
Festa junina é festa pra valer.
Todo mundo gosta de festas juninas, velho, rapaz, moça, menino e menina.
As crianças fazem a maior festa nos dias de festa junina é muita alegria e correria
nesses dias de festança, a gente fica só esperando a hora da comilança, os vizinhos se
ajuntam para acender a fogueira, soltam bombas e rojões, só não pode soltar balão pra
não causar confusão.
As mocinhas e rapazes se preparam pra quadrilhas, todos cantam e dançam nos
modos de antigamente, dos tempos dos meus avós. depois de tanta folia é a hora da
alegria e pra repor a energia comemos de tudo um pouco, bolo de milho, mugunzá,
arroz doce, amendoins, pé-de-moleque, cocada, milho assado e cozido, doses de diversos
tipos e tapioca recheada.
Os homens bebem quentão pra alegrar o coração e arrastar pé no forró, as mulheres
amimadas dançam até de madrugada e só então vão para casa levar a criançada
cansada de tanta festa e folia, aí agente dorme sonhando e fica só esperando o ano que
vem, para ter novamente muita festa no Brasil, e fartura, muita dança e alegria durante as
festas juninas.

DAVID ABRANAVEL SANTOS SILVA • MACEIÓ – AL

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Festa Junina
Oi meu nome é Sandro Lino da Silva tenho 7 anos
Eu gosto muito do mês de junho porque é comemorada a festa junina e também o
dia dos santos = São João, São Pedro e Santo Antônio.
Quando chega a festa junina as pessoas enfeitam toda a rua com bandeiras balões.
fazem barracas e vendem doces, pipocas, amendoim, pé de moleque e batata doce
assada na brasa da fogueira e toca da música caipira para as pessoas dançarem. eu
gosto muito de estourar bombinhas e buscapés
Eu sei que é um pouco perigoso mais eu tomo cuidado.
Na minha escola todo ano as professoras fazem festinhas pra nós, enfeitam a escola
toda com bandeiras de papel e nós dança quadrilha
Eu já dancei 3 vez mais a vez que eu mais gostei foi o ano passado porque eu fui o
noivo a professora me emprestou o terno porque eu não tinha fiquei bem bonito a minha
noiva também ficou linda esse ano eu quero dançar de novo as professoras, fazem bolo
de fubá e canjica é muito bom
Eu estudo num colégio de freiras elas são muito boazinhas eu queria muito ganhar os
livros pra ajudar a minha escola, porque ela é municipal e nós só temos ajuda do prefeito,
as professoras ia ficar muito feliz se eu desse os livros pra escola.
Se eu ganhar o dinheiro eu vou dar pra minha mãe porque ela tá precisando mais a
minha mãe nunca vai poder me da um. Eu assisto a Fábrica Maluca todo dia daí eu vi a
Eliana falando dessa promoção daí eu escrevi pra ver se eu ganho. A Eliana mandou
pesquisar na internet ou no livro pra saber mais sobre a festa junina mais como eu não
tenho nenhum dos dois eu escrevi o que eu sabia.
Espero que tenha gostado da minha histórinha,
Ficarei muito feliz se eu ganhar
Muito obrigado fiquem todos com Deus.
SANDRO LINO DA SILVA • LUPIONÓPOLIS – PR
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Concurso de Poesias

E ste capítulo é dedicado às poesias


juninas. Um material rico e que tra-
A cidade é tradicional incentivadora
de eventos, que mantêm vivos os costumes
duz, por meio de versos, a importância das e hábitos do interior. Essa filosofia, de
Festas Juninas em nossa cultura. Todos os promover atividades que resgatam as
trabalhos foram selecionados durante o raízes do povo brasileiro, também faz
tradicional Concurso Regional de Quadrilhas parte da missão da Yoki Alimentos, que
promovido, em 2007, pela prefeitura de Dois apoiou essa manifestação cultural da
Córregos, no interior Paulista. região.

119
Sonho Caipira
S e tem coisa que me anima
É ver uma festa junina
Não sei bem o que me troca
Se o calor da fogueira ou o cheiro da pipoca

S ó sei que fico de um jeito


Me dá uma sardade no peito
Uma vontade de grita, de tirá o sapato
E corrê pro arraia

Mas a vida tem seus caminhos


E com moço fino eu fui me casá
Vim morá aqui na cidade e tenho que me comportá
Ele diz que moça fina não pode se misturá

E ntão eu fico na janela vendo a quadria dançá


E quando a fogueira apaga
A minha maior alegria
É esperá junho de novo chegá

M.C.P.C. - DOIS CÓRREGOS (CONCURSO REGIONAL)

120
Festa Junina
F esta de comemoração
E muita animação
Todos reunidos
Para festejar o mês de São João

T em quadrilha e tem família


Tem bomba e tem rojão
Todos dançam, comem e bebem
Na maior agitação

F esta junina é pra isso


Pular, sorrir e se divertir
Não importa idade, raça ou cor
O que todos querem é curtir

A festa começa ao escurecer


E vai até o sol raiar
Ninguém tem a menor vontade
De fazer essa alegria terminar

LETHICIA MASSOLINI ROMAQUELI - DOIS CÓRREGOS(CONCURSO MUNICIPAL)

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Se nóis não recicrá o mundo vai acabá
Q uando chega as festa junina
Fico esperano a sanfona tocá
E só folia e alegria, que o coração chega a apertá
Prá agradecê, no pé do mastro, a coieita eu vô ofertá

A ntonio, Pedro e João, parô prá adimirá


Esse ano o tema é fazê o povo conscientizá
As roupa tão bonita, não dá prá compará
paper, vidro, latinha e prástico, usamo pra enfeitá

A té a lenha prá fogueira logo, logo


Nem árvore vai precisá cortá
Ceis vão vê, o fogo vai sê recicrave, hão de inventá.
Lá de longe vai dá pra avistá, o brilho do arraiá

A emporgação é tanta com essa história de recicrá


Que dá vontade até de prantá os mio dos piruá
Já pensô se os grão brota, que bonito vai sê o miará
É o jeito caipira prá camada de ozônio preservá.

MARILDA CASONATO – MINEIROS DO TIETÊ (CONCURSO REGIONAL)

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Ao Reciclar, Viver
I
A vontade de viver bem nesta terra
Se encontra lá bem dentro do teu ser
Da consciência soberana que carrega
Dentro dela, reciclado o saber

II

Temos metas ao forjar este ambiente


Vidro, plástico, embalagens ganham vida
Conquistando a natureza no presente
Geração que aproveita não é perdida

III

Lixo orgânico, eu entendo sua história


Mais parece um arauto do amor
Quando quase não resiste à luto inglória
Húmus forte, gera a inesperada flor

IV

Cate aquilo que não possa mais usar


Na coleta seletivo e inteligente
Vamos descalçar a bota da miséria
Reciclando este país e sua gente

MARCONDES SEROTINI FILHO – BARRA BONITA (CONCURSO REGIONAL)


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Reciclagem
O planeta em que vivemos
Tem recursos limitados
Muitos já estão esgotados
Disso tudo já sabemos.

M as estamos aguardando
Um milagre acontecer
Com os braços cruzados e sem nada fazer
Assim, os dias vão passando!

H á tempo ainda, talvez!


Não fique só no abstrato
Reciclar é um belo ato
Faça então sua vez!

Mais o que é reciclagem?


É evitar desperdício pela reutilização
De materiais como vidro, plásticos, papelão
E Tantos outros: é impossível a contagem!

ANTONIO VIEIRA - JAÚ (CONCURSO REGIONAL)

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