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Ísis Sem Véu

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sis Sem Vu - ndice Geral

sis Sem Vu - Cincia I


Helena P. Blavatsky - ndice Geral
CAPTULO I
A "infalibilidade" da cincia moderna: coisas novas com nomes velhos. A
cabala oriental
O progresso da humanidade caracterizado por ciclos
Cincia secreta antiga
O valor inestimvel dos vedas
A doutrina da metempsicose
Mutilaes dos livros sagrados judaicos traduzidos
Das doutrinas do espiritualismo
A magia vista sempre como uma Cincia Divina
A linguagem simblica usada nos livros antigos. Os fenmenos medinicos
A diviso da histria da humanidade em ciclos
O anseio do homem pela imortalidade
CAPTULO II
Fenmenos e foras: o homem e as influncias dominantes
O moderno espiritismo
Teoria do Sr. Crookes sobre os fenmenos observados
Fenmeno psquico provado pelo Sr. Crookes
As artes perdidas
O universo criado pela vontade divina
O poder da vontade
Fenmenos medinicos: a que atribu-los?
O poder de criao do homem. A magia e suas manifestaes
Os elementais e os elementares
As foras materializadas
CAPTULO III
Condutores cegos dos cegos. Fatos e fenmenos psquicos. O papel da
psicologia
Oriente, a terra do conhecimento
Emanao do universo objetivo a partir do subjetivo
CAPTULO IV
Teorias a respeito dos fenmenos psquicos
CAPTULO V
O ter ou "luz astral"
A fora primordial e suas correlaes
O ter universal e a natureza da substncia primordial
O sol oculto

A substncia primordial que tudo contm


A uniformidade da alegoria da gua e do esprito
Consideraes sobre a vontade
Experincias dos faquires
O que a vontade?
A luz divina
Interpretaes de certos mitos antigos
A evoluo da teoria hindu
CAPTULO VI
Fenmenos psicofsicos
A dvida que temos com Paracelso
Mesmerismo: sua origem, acolhimentos e potencialidades
A alimentao do corpo fsico e sua relao com a energia magntica
A doutrina de Mesmer
Psicometria, "a luz astral e "a memria de Deus"
Transferncia de energia do universo visvel para o invisvel
As experincias de Crookes
A alma astral: um centro de fora
A manifestao da vontade e as foras psquicas
CAPTULO VII
Os elementos, os elementais e os elementares. Atrao e repulso
universal
Os fenmenos psquicos dependem do meio fsico
A alma do mundo e suas potencialidades
O poder da imaginao
As origens das manifestaes medinicas
A lmpada inextinguvel, so obras da alquimia
A indestrutibilidade da matria
A antiguidade e a teoria das correlaes de foras
A universalidade da crena na magia
CAPTULO VIII
Alguns mistrios da natureza. A formao dos corpos celestes
A inquietao da matria
O elemento radical das religies antigas
Os deuses dos pantees: apenas foras naturais
As provas dos poderes mgicos de Pitgoras

sis Sem Vu - Captulo I


Captulo I
A "Infalibilidade" da cincia moderna: coisas novas com nomes velhos. A
cabala oriental
Existem em algum lugar, neste vasto mundo, um livro antigo - to antigo
que os nossos modernos arquelogos poderiam examinar-lhe as pginas
durante um tempo infinito sem contudo chegarem a um acordo quanto

natureza do tecido sobre o qual ele foi escrito. a nica cpia original
que existe atualmente. O mais antigo documento hebraico sobre a cincia
secreta - a Siphra Dzeniouta foi compilado a partir desse livro, e isso
numa poca em que j o consideravam uma relquia literria. Uma de suas
ilustraes representa a Essncia Divina emanada de Ado como um arco
luminoso que tende a formar um circulo; depois de atingir o ponto mais
alto dessa circunferncia. a glria inefvel endireita-se novamente, e
volta Terra, trazendo no vrtice um tipo superior de Humanidade. Quanto
mais se aproxima de nosso planeta, mais a Emanao se torna sombria, at
que, ao tocar o solo, ela to negra como a noite.
Os filsofos hermticos de todos os tempos tm sustentado a convico,
baseada, como alegam, em setenta mil anos de experincia, de que a
matria, devido ao pecado, torna-se, como o passar do tempo, mais
grosseira e mais densa do que era quando da primitiva formao do homem;
de que, no princpio, o corpo humano era de natureza semi-area; e de que,
antes da queda, a humanidade comunicava-se livremente com os universos
invisveis. Mas, depois, a matria tornou-se uma formidvel barreira entre
ns e o mundo dos espritos. As mais antigas tradies esotricas tambm
ensinavam que, antes do Ado mstico, muitas raas de seres humanos
viveram e morreram, cada uma dando por sua vez lugar a outra. Teriam sido
os tipos precedentes mais perfeito? Teriam alguns deles pertencido raa
alada de homens mencionada por Plato no Fedro?
medida que o ciclo prosseguia, os olhos dos homens foram mais e mais se
abrindo, at o momento em que ele veio, tanto quanto os prprios Elohim
(Elohim Deuses ou Senhores) so idnticos aos Devas, Dhyni-Buddhas ou
Homens celestes.-, a conhecer "o bem e o mal". Depois de alcanar o seu
apogeu, o ciclo comea a retroceder. Quando o arco atingiu um certo ponto
que o colocou em paralelo com a linha fixa de nosso plano terrestre, a
Natureza forneceu ao homem "vestes de pele", e o Senhor Deus "os vestiu".
Essa crena na preexistncia de uma raa mais espiritual do que aquela a
que pertencemos atualmente pode ser reconstituda desde as mais antigas
tradies de quase todos os povos. No antigo manuscrito quxua, publicado
por Brasseur de Bourbourg - o Popol Vuh - , os primeiros homens figuravam
como uma raa dotada de razo e de fala, que possua uma viso ilimitada e
que conhecia de imediato todas as coisas. De acordo com Filon, o Judeu, o
ar est repleto de uma hoste de espritos invisveis, alguns dos quais so
livres do mal e imortais, e outros so perniciosos e mortais. "Dos filhos
de EL ns descendemos, e filhos de EL voltaremos a ser." E a declarao
inequvoca do gnstico annimo que escreveu O evangelho segundo So Joo,
de acordo com a qual "todos os que O receberam", isto todos os que
seguiram praticamente a doutrina de Jesus, tornar-se-iam "filhos de Deus",
aponta para a mesma crena. "No sabeis que sois deuses?, exclamou o
Mestre. Plato descreve admiravelmente no Fedro o estado anterior do
homem, e aquele ao qual ele h de retornar: antes e depois da "perda das
asas"; quando "ele vivia entre os deuses, e ele prprio era um deus no
mundo areo". Desde a mais remota Antigidade, as filosofias religiosas
ensinaram que todo o universo estava repleto de seres divinos e

espirituais de diversas raas. De uma delas, no correr do tempo, proveio


ADO, o homem primitivo.
O progresso da humanidade caracterizado por ciclos
Para um homem de Cincia, recusar a oportunidade de investigar um novo
fenmeno, venha este na forma de um homem da Lua, ou na de um fantasma da
quinta de Eddy, igualmente repreensvel.
Provenha este resultado do mtodo de Aristteles ou do mtodo de Plato,
no devemos nos demorar para investig-lo; mas um fato que as naturezas
internas e externa do homem eram perfeitamente conhecidas pelos antigos
andrlogos (que estudavam as cincias do homem). Sem embargo das hipteses
superficiais dos gelogos, estamos comeando a recolher quase diariamente
as provas que corroboram as asseres desses filsofos.
Eles dividiam os interminveis perodos da existncia humana sobre este
planeta em ciclos, durante um dos quais a Humanidade gradualmente atingiu
o ponto culminante da mais alta civilizao e gradualmente recaiu no mais
abjeto barbarismo. A altura qual a raa, em sua fase progressiva, muitas
vezes chegou, pode ser francamente presumida pelo maravilhoso monumento da
Antigidade, ainda visveis, e pelas descries dadas por Herdoto de
outras maravilhas de que no restou nenhum trao. Mesmo em sua poca as
gigantescas estruturas de muitas pirmides e de templos mundialmente
famosos eram apenas montes de runas. Dispersados pela infatigvel mo do
tempo, eles foram descritos pelo Pai da Histria como "as testemunhas
venerveis da glria antiqussima de ancestrais mortos". Ele "evita falar
das coisas divinas" e d posteridade apenas uma descrio imperfeita de
oitava de algumas extraordinrias cmaras subterrneas do Labirinto, onde
jaziam - e ainda jazem - ocultos os restos sagrados dos Reis Iniciados.
Podemos ainda fazer uma idia da alta civilizao atingida em alguns
perodos da Antigidade pelas descries histricas da poca dos
ptolomeus, embora nesse tempo se considerasse que as artes e as cincias
estavam em decadncia, e que muitos dos seus segredos j perdidos. Nas
recentes escavaes de Mariette-bey, aos ps das pirmides, esttuas de
madeira e outras relquias foram exumadas, mostrando que muito tempo antes
das primeiras dinastias os egpcios tinham atingido uma perfeio e um
refinamento artstico capazes de excitar a admirao dos mais ardentes
apreciadores da arte grega. Bayard Taylor descreve tais esttuas numa de
suas conferncia, e conta-nos que a beleza das cabeas, ornamentadas com
olhos de pedras preciosas e sobrancelhas de cobre, insupervel. Bem
abaixo da camada de areia na qual repousavam os restos que figuram nas
colees de Lepsius, de Abbott e do Museu Britnico, encontram-se ocultas
as provas tangveis da doutrina hermtica dos ciclos de que j falamos.
Todo verdadeiro savante admite que em muitos aspetos o conhecimento humano
ainda est em sua infncia. Ser porque nosso ciclo comeou numa poca
relativamente recente? Estes ciclos, segundo a filosofia caldaica, no
abrangem toda a humanidade num nico e mesmo tempo. O Prof. Draper
confirma parcialmente esta teoria ao dizer que os perodos em que a
Geologia "julgou conveniente dividir o progresso do homem na civilizao
no so pocas abruptas (intransponveis) que se mantm simultaneamente

para toda a raa humana"; ele d como exemplo os "ndios nmades da


Amrica", que "s esto emergindo da idade da pedra". Assim, mais de uma
vez os homens de Cincia confirmaram involuntariamente o testemunho dos
antigos.
Qualquer cabalista que esteja a par do sistema pitagrico dos nmeros e da
Geometria pode demonstrar que as idias metafsicas de Plato se basearam
em princpios estritamente matemticos. "As verdadeiras matemticas", "so
algo com que as cincias superiores tm estreita relao; as matemticas
ordinrias no passam de uma fantasmagoria ilusria, cuja to louvada
infalibilidade provm apenas disso - dos materiais, das condies e das
referncias em que elas se fundamentaram". Cientista que acreditam
adotaram o mtodo aristotlico apenas porque se esquivam, quando no
fogem, dos particulares demonstrados nos universais, glorificam o mtodo
da filosofia indutiva, e rejeitam o de Plato, que consideram
insubstancial. O Prof. Draper lamenta que alguns msticos especulativos
como Amnio Saca e Plotino tenham tomado o lugar "de muitos gemetras do
antigo museu". Ele esquece que a Geometria, a nica dentre todas as
cincias a proceder dos universais para os particulares, foi precisamente
o mtodo empregado por Plato em sua filosofia. Desde que a cincia exata
confirme as suas observaes s condies fsicas e proceda como
Aristteles, ela certamente no poder errar. Mas embora o mundo da
matria seja iluminado para ns, ele ainda finito; e assim o
materialismo girar para sempre num crculo vicioso, incapaz de elevar-se
acima do que a circunferncia permitir. A teoria cosmologia dos nmeros
que Pitgoras aprendeu dos Hierofante egpcios a nica capaz de
reconciliar as duas unidades, matria e esprito, e de fazer com que uma
demonstre matematicamente a outra.
Os nmeros sagrados do universo em sua combinao esotrica resolveram os
grandes problemas e explicam a teoria da radiao e o ciclo de emanaes.
As ordens inferiores, antes de se transformarem nas ordens superiores,
devem emanar das ordens espirituais superiores, e, ao chegarem ao ponto de
retorno, devem reabsorver-se novamente no infinito.
A Filosofia, como tudo neste mundo de constante evoluo, est sujeita
revoluo cclica. Como ela parece atualmente emergir com dificuldades das
sombras do arco inferior, um dia poder ser demonstrando que ela atingiu o
ponto mais alto da circunferncia muito tempo antes da poca de Pitgoras.
Cincia secreta antiga
Mochus, o Sidnio, fisilogo e professor da cincia anatmica, floresceu
muito antes do Sbio de Samos - antes da poca de Tria -; e este recebeu
as instrues sagradas dos discpulos e descendentes daqueles. Pitgoras,
o filsofo puro, versado profundamente nos maiores fenmenos da Natureza,
nobre herdeiro das tradies antigas, cuja grande contribuio foi
libertar a lama dos grilhes dos sentidos e fora-la a realizar os seus
podres, dever viver eternamente na memria humana.
A doutrina de Metempsicose - a passagem da alma de um estado de
existncia para outro.- foi amplamente ridicularizada pelos homens da
Cincia e rejeitada pelos telogos; entretanto, se ela fosse

convenientemente compreendida em sua aplicao indestrutibilidade da


matria e imortalidade do esprito, ter-se-ia reconhecido que ela uma
concepo sublime. No deveramos estudar a questo colocando-nos no ponto
de vista dos antigos, antes de nos aventurarmos a desacreditar os seus
mestres? A soluo do grande problema da eternidade no diz respeito nem
superstio religiosa nem ao materialismo grosseiro. A harmonia e a
uniformidade matemtica da dupla evoluo - espiritual e fsica - foram
elucidadas exclusivamente nos nmeros universais de Pitgoras, que
construiu seu sistema inteiramente com base na chamada "fala mtrica" dos
Vedas hindus. Foi s recentemente que um dos mais zelosos eruditos
sanscritistas, Martin Haug, empreendeu a traduo do Aitareya-Brhmana do
Rig-Veda, que era at ento completamente desconhecido; estas explicaes
estabelecem, incontestavelmente, a identidade entre os sistemas pitagrico
e bramnico. Em ambos, a significao esotrica deriva do nmero: no
primeiro, da relao mstica de cada nmero com tudo que inteligvel
para a mente do homem; no segundo, do nmero de slabas com que cada verso
dos Mantras formado. Plato, ardente discpulo de Pitgoras, adotou to
completamente este sistema a ponto de sustentar que o dodecaedro foi a
figura geomtrica empregada pelo Demiurgo - ou Artfice; o supremo Poder
que construiu o Universo.- para edificar o universo. Algumas dessas
figuras tinham uma significao particularmente solene. Por exemplo, o
nmero quatro, de que o dodecaedro triplo, era tido como sagrado pelos
pitagricos. o quadrado perfeito e nenhuma das linhas que o limitavam
cruza outra em qualquer ponto. o problema da justia moral e da eqidade
divina geometricamente expressas. Todos os poderes e todas as grandes
harmonias da natureza fsica e espiritual repousam no quadrado perfeito, e
o nome inefvel daquele que, de outro modo, permaneceria indizvel era
substitudo pelo nmero sagrado "4", o mais inviolvel e solene juramento
entre os antigos msticos - a Tetraktys.
Se a metempsicose pitagrica pudesse ser completamente explicada e
comparada com a moderna teoria da evoluo, seria possvel suprir todos os
"elos perdidos" da corrente desta ltima.
O valor inestimvel dos vedas
Nos vedas, por exemplo, encontramos prova positiva de que j em 2000 a.C.
os sbios hindus e os eruditos devem ter tido conhecimento da rotundidade
de nosso globo e do sistema heliocntrico. Eis por que Pitgoras e Plato
to bem conheceram esta verdade astronmica; pois Pitgoras obteve seu
conhecimento na ndia, ou de homens que l estiveram, e Plato repetia
fielmente os seus ensinamentos.
H fatos que provam que certos clculos astronmicos eram to corretos
entre os caldeus da poca de Jlio Csar como o so hoje. Quando o
calendrio foi reformado pelo Conquistador, descobriu-se que o ano civil
se coadunava to pouco com as estaes, que o vero adentrava pelos meses
de outono e os meses de outono por todo o inverno. Foi Sosgenes, o
astrnomo caldeu, quem restabeleceu a ordem na confuso, recuando em
noventa dias o dia 25 de Maro, e assim fazendo este dia corresponder ao
equincio da primavera; e foi Sosgenes ainda que fixou a durao dos

meses tal como ela existe ainda hoje.


Na Amrica, o exrcito de Montezuma descobriu que o calendrio dos astecas
concedia um nmero igual de dias e de semanas a cada ms. A extrema
correo de seus clculos astronmicos era to grande, que nenhum erro foi
neles descoberto durante as verificaes posteriores, ao passo que os
europeus que desembarcaram no Mxico em 1519 estavam, graas ao calendrio
juliano, aproximadamente dez dias adiantados em relao ao tempo correto.
s tradues escrupulosas e inestimveis dos livros vdicos e s
pesquisas pessoais do Dr. Haug, que devemos a corroborao das pretenses
dos filsofos hermticos. Pode-se facilmente provar a poca de Zaratusta
Spitama (Zoroastro) de uma antigidade incalculvel. Os brmanas, aos
quais Haug atribui quatro mil anos, descrevem a disputa religiosa entre os
antigos hindus que viveram no perodo pr-vdico e os iranianos. Os
combates entre os devas e os asuras - os primeiros representado os hindus
e os ltimos os iranianos - so minuciosamente descritos nos livro
sagrados.
A doutrina da metempsicose
No houve um s filsofo de alguma notoriedade que no tenha sustentado a
doutrina da metempsicose - tal como foi ensinada pelos brmanes, pelos
budistas e mais tarde pelos pitagricos, em seu sentido esotrico -, quer
ele a tenha ou no expresso de maneira inteligvel. Orgenes e Clemente de
Alexandria, Sinsio e Calcdio, todos acreditavam nela; e os gnsticos,
reconhecidos incontestavelmente pela Histria como um grupo de muito
refinados, eruditos e esclarecidos homens, todos professavam a crena na
metempsicose. Scrates comungava doutrinas idnticas s de Pitgoras; e
ambos, para expiar a sua filosofia divina, morreram de morte violenta. O
vulgo sempre foi o mesmo em todos os tempos. O materialismo foi e ser
sempre cego s verdades espirituais. Esses filsofos sustentavam, com os
hindus, que Deus infundiu na matria uma poro de seu prprio Esprito
Divino, que anima e move cada uma das partculas. Eles ensinavam que o
homem tem duas almas, de natureza diversa e totalmente distinta: uma
perecvel - a Alma Astral, ou o corpo fludico interno - e outra
incorruptvel e imortal - a Augoeides, ou poro do Esprito Divino; que a
alma astral ou mortal morre a cada mudana gradual no limite de toda nova
esfera, tornando-se com cada transmigrao mais purificada. O homem
astral, por mais intangvel e invisvel que possa ser aos nossos sentidos
mortais e terrestres, ainda constitudo de matria, embora sublimada.
Aristteles acreditava que as almas humanas so emanaes de Deus e que
elas so finalmente reabsorvidas na Divindade. Zeno, o fundador do
Estoismo, ensina que existem "duas qualidades eternas em toda a natureza;
uma, ativa, ou masculina, e outra, passiva, ou feminina: a primeira ter
puro e sutil, ou Esprito Divino; a outra em si mesma totalmente inerte
at a sua unio com o princpio ativo. O Esprito Divino, ao agir sobre a
matria, produz o fogo, a gua, a terra e o ar; e o nico princpio
motor de toda a natureza. Os esticos, como os sbios hindus, acreditavam
na absoro final. So Justino acreditava que as almas emanam do seio da
divindade, e Tatiano, o Assrio, seu discpulo, declarava que "o homem

to imortal quanto o prprio Deus".


Mutilaes dos livros sagrados judaicos traduzidos
O versculo profundamente significativo do Gnese: "E a todos os animais
da terra e a todas as aves dos cus e a todos os rpteis da terra eu dei
uma Alma Viva (...)" deveria chamar a ateno de todos os eruditos hebreus
capazes de ler a Escritura no original, e demov-los de seguir a traduo
errada, na qual se l: "em que h vida" (Gnese, I, 30.)
Desde o primeiro captulo at o ltimo, os tradutores dos Livros Sagrados
judaicos interpretaram mal este significado. Eles mudaram a ortografia do
nome de Deus, como prova Sir W. Drummond. Assim, El se corretamente
escrito, deveria ler-se Al, e, segundo Higgins, esta palavra significa o
deus Mitra, o Sol, o conservador e o salvador. Sir W. Drummond mostra que
Beth-El significa a Casa do Sol. " Foi assim que a Teologia desfigurou a
antiga Teosofia e a Cincia, a antiga Filosofia.
Por no compreendermos este grande princpio filosfico, os mtodos da
Cincia moderna, embora exatos, a nada levaro. No h um s de seus ramos
que possa demonstrar a origem e o fim das coisas. Em vez de investigar o
efeito a partir de sua fonte primeiro, o seus progresso se d ao inverso.
Os tipos superiores, como ele ensina, resultam da evoluo dos tipos
inferiores. Ela parte do fundo do ciclo, conduzida passo a passo no grande
labirinto da natureza por um fio de matria. Assim que este se rompe e a
pista se perde, ela recua, assustada, diante do Incompreensvel, e
confessa a sua impotncia. No procediam assim Plato e seus discpulos.
Para eles, os tipos inferiores so simplesmente as imagens concretas dos
tipos abstratos superiores. A alma, que imortal, tem uma origem
aritmtica, assim como o corpo tem uma origem geomtrica. Esta origem,
enquanto reflexo do grande ARCHAEUS universal, dotada de movimento
prprio e difunde-se a partir do centro sobre cada corpo do microcosmos.
A figura geomtrica fundamental da Cabala - essa figura que a tradio e
as doutrinas esotricas nos dizem ter sido dada pela prpria Divindade a
Moiss no Monte Sinais (xodo, xxv, 40 - "Cuida para que se execute este
trabalho segundo o modelo que te mostrei no monte") - contm em sua
grandiosa, porque simples, combinao a chave do problema universal. Essa
figura contem em si todas as outras. Para aqueles que so capazes de
domin-la, no h necessidade de exercitar a imaginao. Nenhum
microscpio pode ser comparado intensidade de percepo espiritual.
Das doutrinas do espiritualismo
As doutrinas fundamentais do Espiritualismo, diz Huxley, "esto fora dos
limites da investigao filosfica". Seremos bastantes audazes para
contradizer tal assero, e dizemos que elas esto muito mais dentro
desses limites do que o protoplasma de Huxley. Ainda mais que elas
oferecem fatos palpveis e evidentes da existncia do esprito, e as
clulas protoplasmticas, uma vez mortas, no apresentam absolutamente
nada das origens ou das bases da vida, como este autor, um dos poucos
"pensadores de proa do presente", nos quer fazer acreditar.
Os antigos cabalistas no se demoravam numa hiptese, se a base desta no
estivesse estabelecida sobre a rocha slida das experincias comprovadas.

Mas a exagerada subordinao aos fatos fsicos ocasiona a pujana do


materialismo e a decadncia da espiritualidade e da f. Ao tempo de
Aristteles, era essa a tendncia de pensamento dominante. E embora o
preceito dlfico ainda no tivesse sido completamente eliminado do
pensamento grego, e alguns filsofos ainda sustentassem que "para saber o
que o homem , devemos saber o que o homem foi, o materialismo j tinha
comeado a corroer a f pela raiz. Os prprios mistrios haviam se
degenerado ao extremo em meras especulaes sacerdotais e fraudes
religiosas. Poucos eram os verdadeiros adeptos e iniciados, os herdeiros e
os descendentes daqueles que foram dispersados pelas espadas
conquistadoras de vrios invasores do Antigo Egito.
O tempo predito pelo Hermes em seu dilogo com Esculpio tinha deveras
chegado; o tempo em que estrangeiros mpios iriam acusar o Egito de adorar
monstros, em que nada iria sobreviver de suas instituies, a no ser as
inscries gravadas na pedra sobre os monumentos - enigmas incrveis para
a posteridade. Seus escribas e seus hierofantes erravam sobre a Terra.
Obrigados pelo medo da profanao dos santos mistrios a procurar refgio
entre as confrarias hermticas - conhecidas mais tarde sob o nome de
essnios, seus conhecimentos esotricos foram ento mais do que nunca
sepultados profundamente. A espada triunfante do discpulo de Aristteles
removera de sua trilha de conquista todo vestgio de uma outrora pura
religio, e o prprio Aristteles, tipo e prottipo de sua poca, embora
instrudo na cincia secreta dos egpcios, pouco conheceu desses soberano
redundados de milnios esotricos.
Nossa cincia moderna reconhece um Poder Supremo, de um Deus pessoal.
Logicamente, pode-se contestar que existe uma diferena entre as duas
idias, pois, no presente caso, o Poder e o Ser so idnticos. A razo
humana imagina com dificuldade um Poder Supremo inteligente, se no o
associa idia de um Ser Inteligente. No esperamos que as massas
ignorantes tenham uma clara concepo da onipotncia e da onipresena de
um Deus Supremo sem dotar tais atributos de uma gigantesca projeo de sua
prpria personalidade. Mas os cabalistas jamais consideraram o invisvel
UNSOPH EN-SOPH, O infinito ou ilimitado. seno como um Poder.
A magia vista sempre como uma Cincia Divina
Maimnides, o grande telogo e historiador judeu que, numa certa poca,
foi quase deificado por seus concidados e, mais tarde, tratado como
hertico assinala que quanto mais o Talmud parece absurdo e vazio de
sentido, mais sublime o seu significado secreto. Este homem sbio
demonstrou vitoriosamente que a Magia Caldaica, a cincia de Moiss e de
outros sbios taumaturgos, baseava-se totalmente num extenso conhecimento
dos diversos e hoje esquecidos ramos da cincia natural. Perfeitamente a
par dos recursos dos reinos vegetal, animal e mineral, versados na Qumica
e na Fsica ocultas, psiclogos e fisilogos, por que ficarmos espantados
se os iniciados e os adeptos instrudos nos santurios misteriosos dos
templos podiam operar maravilhas que, mesmo em nossos dias esclarecidos,
parecem sobrenaturais? um insulto natureza humana difamar a Magia e as
cincias ocultas tratando-as como imposturas. Acreditar que durante tantos

milhares de anos uma metade do gnero humano praticou o embuste e a fraude


com a outra metade equivalente a dizer que a raa humana composta quase
exclusivamente de malfeitores e de idiotas incurveis.
Nos mais antigos documentos que hoje possumos - os Vedas e as Leis de
Manu, mais antigas ainda -, encontramos muitos ritos mgicos praticados e
permitidos pelos brmanes. O Tibete, o Japo e China ensinam at hoje o
que ensinavam os antigos caldeus. O clero desses respectivos pases prova,
alm disso, o que eles ensinam, ou seja: que a prtica da pureza moral e
fsica, e de algumas austeridade, desenvolve o poder total da alma para a
auto-iluminao. Concedendo ao homem o controle sobre o seu prprio
esprito mortal, tais prticas lhe do verdadeiro poder sobre os espritos
elementares que lhe so inferiores. No Ocidente, descobriremos que a Magia
remonta a uma poca to recuada como a do Oriente. Os druidas da
Gr-Bretanha a praticavam nas criptas silenciosas de suas grutas
profundas; e Plnio consagrava mais de um captulo "sabedoria" dos
lderes celtas. Os semoteus - os druidas glicos - professavam tanto as
cincias espirituais como as cincias fsicas. Eles ensinavam os segredos
do universos, a marcha harmoniosa dos corpos celestes, a formao da Terra
e, sobretudo, a imortalidade da alma. Em seus bosques sagrados - academias
naturais construdas pela mo do Arquiteto Invisvel - os iniciados se
reuniam, na hora tranqila da meia-noite, para aprender o que o homem foi
e o que ser. No precisavam de iluminao artificial, nem de gs malso,
para alumiar os seus templos, pois a casta deusa da noite projetava os
raios mais prateados sobre as suas cabeas coroadas de folhas de carvalho;
e os bardos sagrados vestidos de branco sabiam como conversar com a rainha
solitria da voluta estrelada.
A Magia to antiga quanto a Humanidade. to impossvel indicar a poca
de seus incio como fixar o dia em que o primeiro homem nasceu.
Consideraram alguns que Odin, o sacerdote e monarca escandinavo, teria
dado incio pratica da Magia por volta de setenta anos antes da era
crist. Mas demostrou-se facilmente que os ritos misteriosos das
sacerdotisa chamadas voilers, valas, eram muito anteriores a essa poca.
Alguns autores modernos procuraram provar que Zoroastro foi o fundador da
Magia, porquanto foi ele o fundador da religio dos magos. Amiano
Marcelino, Arnbio, Plnio e outros historiadores antigos demonstraram
conclusivamente que ele foi apenas um reformador da arte mgica tal como
era praticada pelos caldeus e pelos egpcios.
A linguagem simblica usada nos livros antigos. Os fenmenos medinicos
Os maiores professores de Teologia concordam em reconhecer que todos os
livros antigos foram escritos simbolicamente e numa linguagem inteligvel
apenas aos iniciados. O esboo biogrfico de Apolnio de Tiana um
exemplo disso. Como qualquer cabalista o sabe, tal esboo enfeixa toda a
Filosofia Hermtica e forma, em muitos aspectos, a contrapartida das
tradies que nos foram deixadas pelo rei Salomo. Ele se assemelha a um
conto de fadas, mas, como no caso deste, s vezes os fatos e os
acontecimentos histricos so apresentado ao mundo sob as cores da fico.
A viagem ndia representa alegoricamente as provas de um nefito. Seus

longos dilogos com os brmanes, os sbios conselhos destes e os dilogos


com o corinto Menipo, se interpretados, reproduziriam o catecismo
esotrico. Sua visita ao imprio dos sbios, sua entrevista com o rei
Hiarchas, o orculo de Anfiarau, explicam de maneira simblica muitos dos
dogmas secretos de Hermes. Bem compreendidos, eles nos abririam alguns dos
segredos mais importantes da natureza. liphas Lvi assinala a grande
semelhana que existe entre o rei Hiarchas e o fabuloso Hiram, de quem
Salomo obteve os cedros do Lbano e o ouro de Ofir.
Assim, os babilnios determinaram a durao do ano tropical com um erro de
25 segundos; seu clculo do ano sideral acusa a diferena de apenas dois
segundos a mais. Eles descobriram a precesso dos equincios. Conheciam as
causas dos eclipses e, com a ajuda de seu ciclo, chamado saros, podiam
prediz-los. Seus clculos do valor desse ciclo, que compreendia mais de
6.585 dias, tinha um erro de dezenove minutos e trinta segundos".
"Tais fatos fornecem a prova irrefutvel da pacincia e da habilidade com
as quais a Astronomia foi cultivada na mesopotmia e de que, apesar dos
instrumentos inadequados, esta cincia atingiu um perfeio que no se
deve desprezar. Esses antigos observadores fizeram um catlogo das
estrelas, dividiram o zodaco em doze signos; separaram o dia e a noite em
doze horas. Devotaram-se, por longo tempo, como diz Aristteles,
observao das ocultaes das estrelas pela Lua. Corrigiram as idias a
respeito da estrutura do sistema solar, e conheceram a ordem de
localizao dos planetas. Construram relgios solares, clepsidras,
astrolbios, gnomos."
Falando do mundo das verdades eternas que se ocultam "no mundo das iluses
transitrias e das no-realidades", diz o Prof. Draper: "Esse mundo no
ser descoberto graas s vs tradies que nos transmitiram a opinio dos
homens que viveram nos albores da civilizao, nem no sonhos dos msticos
que se acreditavam inspirados. Ele ser descoberto atravs das
investigaes da Geometria, e das interrogaes prticas Natureza.
Exatamente. A concluso no poderia estar mais bem expressa. Esse
eloqente escritor fala-nos uma verdade profunda. Contudo, ele no nos
fala toda a verdade, pois no a conhece. Ele no descreveu a natureza e a
extenso dos conhecimentos ensinados nos mistrios. Nenhum povo posterior
foi to proficiente na Geometria quanto os construtores das pirmides e de
outros monumentos gigantescos antediluvianos e ps-diluvianos. Por outro
lado, ningum jamais os igualou na interrogao prtica Natureza.
Uma prova inegvel disso o significado de seus incontveis smbolos.
Cada um desses smbolos uma idia concretizada - que combina a concepo
do Divino Invisvel com o terreno e o visvel. Um deriva do outro, por
analogia, de acordo com a frmula hermtica - "como embaixo, assim em
cima". Seus smbolos mostram grande conhecimento das cincias naturais e
um estudo prtico do poder csmico.
Schweigger prova que os smbolos de todas as mitologias tm base e
essncia cientificas. Foi apenas atravs das recentes descobertas das
foras fsicas eletromagnticas da Natureza que alguns entendidos em
Mesmerismo, como Ennemoser, Schweigger e Bart, na Alemanha, o Baro Du

Potet e Regazzoni, na Frana e na Itlia, conseguiram estabelecer, com


rigorosa preciso, a verdadeira correlao que existe entre cada
Theomythos e uma dessas foras. O dedo idico, que tant importncia teve
na arte mgica de curar, consiste num dedo de ferro que alternativamente
atrado e repelido por foras magnticas naturais. Na Samotrcia, ele
produziu prodgios de cura, devolvendo os rgo afetados ao seu estado
normal
Bart vai mais longe do que Schweigger, ele trata extensamente dos dctilos
frgios, esses "mgicos e exorcistas das doenas", e dos teurgistas
cabrios. E diz: "Enquanto tratamos da ntima unio dos dctilos com as
foras magnticas, no nos limitamos necessariamente pedra magntica e
nossas idias a respeito da Natureza no fazem mais do que uma vista
d'olhos sobre o magnetismo em conjunto. Assim se compreende, ento, como
os iniciados, que a si prprios se chamavam dctilo, despertam o assombro
das gestantes com as suas artes mgicas, operando, como fizeram, milagres
de natureza curativa. A isto eles prprios acrescentaram muitos outros
conhecimentos que o clero da Antigidade tinha o hbito de praticar: o
cultivo da terra e da moralidade, o progresso da arte e da cincia, os
mistrios e as consagraes secretas. Tudo isso foi feito pelos sacerdotes
cabros, " e por que no guiados e ajudados pelos misteriosos espritos da
Natureza?" Schweigger da mesma opinio, e demonstra que os fenmenos da
antiga teurgia eram produzidos por poderes magnticos "sob a orientao
dos espritos".
Apesar do seu aparente politesmo, os antigos - pelo menos os das classes
esclarecidas - eram totalmente monotestas; e isso, sculos e sculos
antes dos dias de Moiss. Nos Papiros de Ebers esse fato mostrado de
maneira definitiva nas seguintes palavras, traduzidas das primeiras quatro
linhas da Lmina I: "Eu vim de Helipolis com os grandes seres de Het-aat,
os Senhores da Proteo, os mestres da eternidade e da salvao. Eu vim de
Sais com as Deusas-Mes, que me protegeram. O Senhor do Universo disse-me
como libertar os deuses de todas as doenas mortais". Os homens eminentes
eram chamados de deuses pelos antigos.
Ningum contesta o mrito de Champollion como egiptlogo. Ele declara que
tudo faz crer que os antigos egpcios eram profundamente monotestas. E
confirma em seus mnimos detalhes a exatido das obras do misterioso
Hermes Trimegistro, cuja antigidade se perde na noite dos tempos.
Ennemoser diz tambm: "Herdoto, Tales, Parmnides, Empdocres, Orfeu e
Pitgoras foram ao Egito e ao Oriente a fim de se instrurem na Filosofia
Natural e na Teologia". Foi l tambm que Moiss adquiriu seus
conhecimentos, e Jesus passou os primeiros anos de sua vida.
L se reuniam os estudantes de todas as naes antes da fundao de
Alexandria. "Por que razo", acrescenta Ennemoser, "se veio o conhecer to
pouco dos mistrios? A resposta est no silncio universalmente rigoroso
do iniciado. Outra causa se acha na destruio e perda completa de todos
os relatos escritos do conhecimento secreto da mais remota Antigidade."
Os livros de Numa, descritos por Tito Lvio, que consistiam de tratados
sobre a Filosofia Natural, foram encontrados em seu tmulo; no se

permitiu divulg-los, por receio de que revelassem os mais secretos


mistrios da religio do Estado. O senado e os tribunos do povo
determinaram que esses livros fossem queimados e tal deciso foi
publicamente executada.
A Magia era considerada uma cincia divina que permitia a participao nos
atributos da prpria Divindade. "Ela desvenda as operaes da Natureza",
diz Flon, o Judeu, ":e conduz contemplao dos poderes celestiais".
Mais tarde, o abuso e a sua degenerao em feitiaria a transformaram num
objeto de abominao geral. Devemos, por isso, consider-la apenas como
era no passado remoto, quando toda religio verdadeira se baseava no
conhecimento das foras ocultas da Natureza. No foi a classe sacerdotal
da Prsia antiga que institui a Magia, como se acreditava comumente, mas
sim os magi, que dela derivam o nome. Os mobeds, sacerdotes dos prsis os antigos ghebers -, chamam-se, ainda hoje, mago, no dialeto dos
pehlvis. A Magia surgiu no mundo com as primeiras raas de homens. Cassino
menciona um tratado, muito conhecido nos sculos IV e V, que se atribua a
Cam, o filho de No, que por sua vez o teria recebido de Jared, a quarta
gerao aps Seth, o filho de Ado.
Moiss devia seus conhecimentos me da princesa egpcia Termutis, que o
salvou das guas do Nilo. A mulher do Fara, Batria, era ela prpria uma
iniciada e os judeus lhe deram a guarda de seu profeta, "educado em toda a
cincia dos egpcios e poderoso em palavras e aes". Justino, o Mrtire,
baseando-se na autoridade de Trogo Pompeu, apresenta Jos como algum que
adquiriu um grande conhecimento das artes mgicas entre os sacerdotes do
Egito.
Origines, que pertenceu escola platnica de Alexandria, declara que
Moiss, alm dos ensinamentos da aliana, divulgou alguns importantssimos
segredos "provindos das profundezas mais ocultas da lei" aos setenta
ancios. Ele lhes ordenou que transmitissem tais segredos apenas queles
que julgassem dignos.
O clero das trs principais igrejas crist, a grega, a romana e a
protestante, confunde-se com todos os fenmenos espirituais que se
manifestam atravs dos chamados "mdiuns". E de fato h no muito tempo as
duas ltimas igrejas queimaram, enforcaram e de muitas maneiras
assassinaram todas as vtimas indefesas atravs de cujos corpos os
espritos - e s vezes as foras cegas ainda inexplicadas da Natureza - se
manifestavam. testa das trs igrejas, sobressai a Igreja de Roma. Ela
est pronta e ansiosa para recomear. Mas os seus ps e mos esto atados
pelo esprito de progresso e de liberdade religiosa do sculo XIX que ela
condena e amaldioa diariamente. A Igreja grego-russa a mais doce e a
mais crist em sua simples e primitiva, ainda que cega, f.
Os fenmenos medinicos ocorreram em todos os tempos, na Rssia como em
outros pases. Essa fora ignora diferenas religiosas, ri-se das
nacionalidades e invade, sem convite, qualquer individualidade, seja esta
a de uma cabea coroada ou a de um pobre mendigo.
O Prncipe de Holenlohe, to clebre durante o primeiro quarto deste
sculo por seus poderes de cura, era um grande mdium. De fato, esses

fenmenos e poderes no pertencem a nenhum pas em particular. Fazem parte


dos atributos psicolgicos do homem - o microcosmo.
A diviso da histria da humanidade em ciclos
Para demonstrar que as naes sustentadas pelos antigos a respeito da
diviso da Histria humana em ciclos no careciam inteiramente de bases
filosficas, apresentaremos ao leitor uma das mais antigas tradies da
Antigidade concernentes evoluo de nosso planeta.
Ao trmino de cada "grande ano", que Aristteles - de acordo com Densorino
- chamava o maior, e que consiste de seus sars (BERROSO, Astrlogo CALDEU,
FIXA A DURAO DE UM SAR, EM 3.600 ANOS.), nosso planeta est sujeito a
uma completa revoluo fsica. Os climas polares e equatoriais mudam
gradualmente de lugar. Os primeiros avanam lentamente para a linho
equatorial, e a zona equatorial (com sua vegetao exuberante e seus
enxames de vida animal) toma o lugar dos desertos gelados dos plos. Essa
mudana de clima necessariamente acompanhada por cataclismos, tremores
de terra e outras convulses csmicas. (Antes de rejeitarem essa teoria
por mais tradicional que seja -, os Cientistas deveriam explicar por que,
ao fim do Perodo Tercirio, o hemisfrio norte sofreou uma reduo de
temperatura de tal ordem que transformou completamente a zona trrida num
clima siberiano. Tenhamos em mente que o sistema Heliocntrico nos vem da
ndia setentrional; e que os germes de todas as grandes verdades
astronmicas foram trazidos de l por Pitgoras. Como no temos uma
demonstrao matemtica correta , uma Hiptese to boa quanto a outra.)
Visto que os leitos dos oceanos se deslocam, ao final de cada decamilnio
e por volta de um Neros, ocorre um dilvio semi-universal como o dilvio
legendrio de No. Os gregos chamavam esse ano de helaco, mas ningum,
fora do santurio, tinha com detalhes uma idia exata de sua durao. O
inverno desse ano chamava-se cataclismo ou dilvio - o vero, ecpyrosus.
As tradies populares ensinam que durante essas estaes o mundo
alternativamente queimado e depois inundado. Isso pelo menos o que
ensinam os Fragmentos astronmicos de Censorino e Sneca. A incerteza dos
comentadores a respeito da durao desse ano era tant que nenhum deles
exceto Herclito e Lino, que lhe atriburam, o primeiro 10.800 anos e o
segundo 13.984 anos, se aproximou da verdade. De acordo com a opinio dos
sacerdotes babilnicos, corroborada por Eupolemo, "a cidade de Babilnia
foi fundada pelos que se salvaram da catstrofe do dilvio; eram os
gigante, e construram a torre de que se fala na Histria". Esses
girantes, que eram grandes astrlogos e receberam de seus pais, "os filhos
de Deus", uma completa instruo nas coisas secretas, instruram por sua
vez, os sacerdotes a deixaram nos templos todos os registros do cataclismo
peridico de que eles prprios eram testemunhas. Foi assim que os altos
sacerdotes chegaram ao conhecimento dos grandes anos. Quando lembramos,
alm disso, que Plato no Timeu fala de um velho sacerdote egpcio que
representa a Slon por ignorar o fato de que houve vrios desses dilvios,
como o grande dilvio de Ogyges, podemos facilmente compreender que essa
f no heliakos era uma doutrina sustentada pelos sacerdotes iniciados de
todo o mundo.

Os Neros, o Brihaspati ou os perodos chamados yugas (A milsima parte de


um Kalpa. Uma das quatro idades do Mundo e cuja srie continua em sucesso
durante o ciclo o ciclo Manvantrico. [Ou kalpas Noite de perodo de uma
revoluo do mundo, geralmente um ciclo de tempo, porm comumente
representa um "Dia e uma Noite" de Brahm, um Perodo de 4.320 milhes de
anos.), so problemas vitais a resolver. O Satya-yuga e os ciclos budistas
de cronologia se traduzem por nmeros que fariam arrepiar um matemtico. O
Mah-kalpa ("Grande era". "Ou "GRANDE CICLO".) abarca um nmero incontvel
de perodo que remontam a muito antes das eras antediluvianas.
Como nosso planeta gira todos os anos uma vez em redor do Sol e ao mesmo
tempo uma vez a cada vinte e quatro horas sobre o seu prprio eixo,
atravessando assim crculos menores dentro de outro maior, a obra dos
perodos cclicos menores se cumpre e se reinicia nos limites do Grande
Saros (GRANDE CICLO).
A revoluo do mundo fsico, segundo a antiga doutrina, acompanhada de
uma revoluo anloga no mundo do intelecto - uma vez que tanto o mundo
espiritual como o fsico caminham por ciclos.
Vemos, dessarte, na Histria, uma sucesso alternada de fluxos e de
refluxo na mar do progresso humano. Os grandes reinos e imprios do
mundo, depois de atingirem o ponto culminante de sua grandeza, declinam,
de acordo com a mesma lei que os faz acenderem; at que, ao atingir o
ponto mais baixo, a Humanidade se reafirma e sobe novamente, e a altura de
seu esforo, devido a essa lei de progresso ascendente por ciclos, um
pouco mais elevada do que o ponto do qual ela tinha antes descido.
A diviso da Histria da Humanidade em Idades do Ouro, da Prata, do Cobre
e do Ferro no uma fico. Vemos o mesmo fenmeno reproduzir-se na
literatura dos povos. Uma idade de grande inspirao e de produo
inconsciente invariavelmente seguida de uma idade de crtica e de
conscincia. Uma fornece os materiais para o intelecto analtico e crtico
da outra.
Assim, todas as grandes personalidades que se erguem como gigantes na
histria do gnero humano, como Buddha-Siddharta, e Jesus, no reino das
conquistas espirituais, bom como Alexandre, o Macednio, e Napoleo, o
Grande, no reino das conquistas fsicas, so apenas imagens refletidas de
tipos humanos que viveram h dez mil anos, no decemilnio precedente,
reproduzidas pelos misteriosos poderes que controlam os destinos de nosso
mundo. No existe uma nica personalidade proeminente nos anais da
histria sagrada ou profana cujo prottipo no se possa encontrar nas
tradies, metade fictcias, metade reais, das religies e das mitologias
de outrora. Tal como a estrela que, brilhando a uma distncia
incomensurvel acima de nossas cabeas, na imensidade sem limites do cu,
se reflete nas guas lmpidas de um lago, assim a imagem dos homens
antediluvianos se reflete nos perodos que podemos enfeixar num
retrospecto histrico.
" Como em cima, assim embaixo. O que foi retornar novamente. Como no
cu, assim na terra."
pois, sem dvida, apenas Antigidade que devemos nos dirigir para

conhecer a origem de todas as coisas.


O anseio do homem pela imortalidade
A natureza humana como a Natureza universal em seu horror ao vcuo. Ela
sente uma aspirao intuitiva pelo Poder Supremo. Sem um Deus, o cosmo lhe
pareceria semelhante a um mero cadver sem alma. Proibido de busc-lo onde
apenas os Seus vestgios seriam encontrados, o homem preencheu o penoso
vazio com o Deus pessoal que os seus mestres lhe edificaram com as runas
esparsas dos mitos pagos e com as filosofias encanecidas da Antigidade.
A Humanidade tem uma necessidade inata e irrefrevel que deve ser
satisfeita em qualquer religio que suplante a teologia dogmtica
indemonstrada e indemostrvel de nossos sculos cristos. Trata-se do
anseio pelas provas da imortalidade.
Muitos sacerdotes cristo foram forados a reconhecer que no existe uma
fonte autntica da qual a certeza numa existncia futura possa ser
extrada pelo homem. Como poderia, ento, ter-se mantido essa crena,
durante sculos incontveis, seno porque, entre todas as naes,
civilizadas ou brbaras, homens forneceram as provas demonstrativas?
Os maiores pensadores da Grcia e de Roma consideravam tais "aparies
espectrais" como fatos demonstrados. Eles distinguiam as aparies pelos
nomes de manes, anima e umbra: os manes descem, aps a morte do indivduo,
ao mundo inferior; a anima, ou esprito puro, sobe ao cu; e a umbra (o
esprito ligado a Terra), sem repouso, vaga ao redor de seu tmulo, j que
a atrao da matria e a afeio pelo seu corpo nele predominam e lhe
impedem a ascenso s regies superiores.
Mas todas essas definies devem ser submetidas cuidadosa anlise da
Filosofia. Muitos de nossos pensadores no consideram que as numerosas
modificaes na linguagem, a fraseologia alegrica e a evidente discrio
dos antigos escritores msticos, que eram obrigados a jamais divulgar os
segredos solenes do santurio, puderam infelizmente iludir os tradutores e
comentadores.
O esquecimento e a recusa dessas provas conduziram algumas mentes elevadas
como Hare e Wallace, e outros homens de poder, para o rebanho do moderno
espiritualismo. Ao mesmo tempo, compeliram outros, congenitamente
desprovidos de intuies espirituais, para um materialismo grosseiro que
figura sob vrios nomes.
O momento mais oportuno do que nunca para revisar as filosofias antigas.
Arquelogos, filsofos, astrnomos, qumicos e fsicos esto cada vez mais
se aproximando do ponto em que sero forados a lev-las em considerao.
A cincia fsica j atingiu os seus limites de explorao; a teologia
dogmtica v secaram as suas fontes de inspirao. A menos que os sinais
nos enganem, aproxima-se o dia em que o mundo receber as provas de que
apenas as religies antigas estavam em harmonia com a Natureza, e de que a
cincia abarcava tudo o que pode ser conhecido. Segredos longamente
mantidos podero ser revelados, livros longamente esquecidos e artes,
durante muito tempo perdidas, podero ser novamente trazidos luz;
papiros e pergaminhos de importncia inestimvel surgiro nas mos de
homens que pretendero t-los desenrolado das mmias, ou t-los encontrado

nas criptas soterradas; tbuas e colunas, cujas revelaes esculpidas


desconcertaro os telogos e confundiro os cientistas, podero ser
desterradas e interpretadas. Quem conhece as possibilidades do futuro? Uma
era de desiluso e de reconstruo vai comear - no, j comeou. O ciclo
quase cumpriu o seu curso; um novo ciclo est prestes a comear, e as
futuras pginas da histria do homem no s contero a plena evidncia,
como tambm conduziro plena prova de que:
"Se devemos acreditar em algo dos ancestrais
que os espritos desceram para conversar com o homem,
E lhes revelaram segredos do mundo desconhecido."

sis Sem Vu - Captulo II


Captulo II
Fenmenos e foras: o homem e as influncias dominantes
Basta ao homem saber que ele existe? Basta que se forme um ser humano para
que merea o nome de HOMEM? nossa firme opinio e convico de que para
ser uma genuna entidade espiritual, na verdadeira acepo da palavra, o
homem deve inicialmente, por assim dizer, criar-se de novo - isto ,
eliminar por completo de sua mente e de seu esprito no s a influncia
dominante do egosmo e de outras impurezas, mas tambm a infeco da
superstio e do preconceito. O preconceito difere bastante do que
comumente chamamos antipatia. No princpio, somo irresistvel e
energicamente arrastados sua roda negra pela influncia peculiar, pela
poderosa corrente de magnetismo que emana tanto das idias como dos corpos
fsicos. Somos cercados per ela, e finalmente impedidos pela covardia
moral - pelo medo da opinio pblica - de escapar-lhe. raro os homens
considerarem uma coisa sob o seu verdadeiro ou falso aspecto, aceitando a
concluso por um ato livre do seu prprio julgamento. Muito ao contrrio.
Por via de regra, a concluso procede da cega adoo do modo de ver que
predomina momentaneamente entre aqueles com quem se associam.
A cincia est diria e rapidamente avanando rumo s grandes descobertas
na Qumica e na Fsica, na Organologia e na Antropologia. Os homens
esclarecidos deveriam estar livres de preconceitos e supersties de toda
espcie; entretanto, embora o pensamento e a opinio sejam agora livres,
os cientistas ainda so os mesmos homens de outrora.
O moderno espiritismo
Durante muitos anos, vigiamos o desenvolvimento e o crescimento desse pomo
de discrdia - O MODERNO ESPIRITISMO. Familiarizados com a sua literatura
na Europa e na Amrica, testemunhas estreitas e ansiosamente as suas
interminveis controvrsias comparamos as suas hipteses contraditrias.
Muitos homens e mulheres instrudos - espiritualmente heterodoxos,
naturalmente - tentaram compreender o fenmeno proftico. Como nico,
resultado, eles chegaram seguinte concluso: qualquer que seja a razo
desses fracassos constantes - atribuam-nos quer inexperincia dos

prprios investigadores, quer Fora secreta em ao -, ficou ao final


provado que, medida que as manifestaes psicolgicas crescem em
freqncia e em variedades, a escurido que cerca a sua origem torna-se
mais e mais impenetrvel.
Que os fenmenos so efetivamente testemunhados, misteriosos em sua
natureza - geralmente e talvez erradamente chamados de espiritistas -
intil agora negar. Concedendo um grande desconto fraude inteligente, o
que resta muito srio para exigir o cuidadoso exame da cincia.
Precisamos agora da coragem de Galileu para lan-la ao rosto da Academia.
Os fenmenos psicolgicos j esto na ofensiva.
A posio assumida pelo cientistas modernos a de que, sendo embora um
fato a ocorrncia de fenmenos misteriosos na presena de mdiuns, no h
provas de que eles no so devidos a algum estado nervoso anormal desses
indivduos. A possibilidade de que eles sejam produzidos por espritos
humanos que retornam no deve ser considerada antes de se dedicar a outra
questo. Uma outra exceo se pode registrar quanto a esse posicionamento.
Inquestionavelmente, o nus da prova incumbe queles que afirmam a
interveno dos espritos. Na verdade, a grande maioria das comunicaes
"espirituais" de natureza a indignar at mesmo os investigadores de
inteligncia mdia. Mesmo quando autnticas, elas so triviais,
convencionais e amide vulgares. Durante os ltimos vinte anos recebemos
por intermdio de vrios mdiuns mensagens diversas que passam por ser de
Shakespeare, Byron, Benjamim Franklin, Pedro, o Grande, Napoleo e
Josefina, e at de Voltaire. A impresso geral que nos fica a de que o
conquistador francs e a sua consorte parecem ter esquecido a maneira de
grafar corretamente as palavras; que Shakespeare e Byron se tornaram
bbados contumazes; e Voltaire se tornou um imbecil. O trfico de nomes
clebres vinculados a comunicaes idiotas causou no estmago dos
cientistas uma tal indigesto que este no pode assimilar nem mesmo a
grande verdade que repousa nos plateaux telegrficos desde oceano de
fenmenos psicolgicos. Mas poderiam, com igual propriedade, negar que
existe uma gua clara nas profundezas do mar quando o limo do leo flutua
na superfcie. Por conseguinte, se por um lado no podemos em verdade
censur-los por recuarem ao primeiro sinal do que parece realmente
repulsivo, ns o fazemos, e temos direito de censur-los por sua m
vontade em explorar mais fundo.
Numa recente obra filosfica, The Unseen World, ao mostrar que a partir da
definio mesma dos termos matria e esprito a existncia do esprito no
pode ser demonstrada aos sentidos, e que por isso nenhuma teoria est
sujeita aos testes cientficos, ele desfere, nas seguintes linhas, um
severo golpe em seus colegas:
"A prova num caso assim", diz ele, "ser, de acordo com as condies da
presente vida, para sempre inacessveis. Ela est completamente fora do
mbito da experincia. Por abundante que seja, no podemos esperar
encontr-la. E, por conseguinte, nosso fracasso em produzi-la no deve
suscitar a menor presuno contra a nossa teoria. Assim concebida, a
crena na vida futura no tem base cientfica, mas ao mesmo tempo ela est

situada alm da necessidade da base cientfica e do mbito da critica


cientfica.
Nenhuma exigncia proposta para uma audio das opinies contidas na
presente obra, a no ser a de que elas se baseiam no estudo de muitos anos
da antiga Magia e da sua forma moderna, o Espiritismo. A primeira, mesmo
agora, quando os fenmenos da mesma natureza se tornaram to familiares a
todos, comumente descrita como uma hbil prestidigitao. A ltima,
quando a evidncia esmagadora exclui a possibilidade de sinceramente
declar-la charlatanesca, designada como uma alucinao universal.
Anos e anos de peregrinao entre mgicos, ocultistas, mesmerizadores
"pags" e "cristos" e o tutti quanti das artes brancas e negra, foram
suficientes, acreditamos, para autorizar-nos a praticamente considerar
esta questo duvidosa e muitos complicada. Ns nos juntamos aos faquires,
os homens santos da ndia, e os vimos quando em comunicao com os Pitris
(Antepassados). Vigiamos os procedimentos e modus operandi dos dervixes
rodopiantes e danantes; entretivemos relaes amistosas com os marabuts
da Turquia europia e asitica; e os encantadores de serpente de Damasco e
Benares tm pouqussimos segredos que no tivemos a sorte de estudar. Por
isso, quando os cientistas que jamais tiveram uma oportunidade de viver
entre prestidigitadores orientais que jamais tiveram um oportunidade de
viver entre estes prestidigitadores orientais e que, alm disso, s podem
julgar superficialmente nos dizem que nada h em suas aes a no ser
meros truques de prestidigitao, no podemos deixar de sentir uma
profunda tristeza por tais concluses apressadas. Exigir pretensiosamente
uma anlise profunda dos poderes da Natureza, e ao mesmo tempo exibir uma
negligncia imperdvel para com as questes de carter puramente
fisiolgico e psicolgico, e rejeitar sem exame ou apelao fenmenos
surpreendentes fazer mostra de inconseqncia, fortemente tingida de
timidez, se no obliqidade moral.
Teoria do Sr. Crookes sobre os fenmenos observados
Os Cientistas deveriam ter aprendido, por sua vez, na escola da amarga
experincia, que podem confiar na auto-suficincia das cincias positivas
apenas at um certo ponto; e que, enquanto um nico mistrios inexplicado
existir na Natureza, lhes perigoso pronunciar a palavra impossvel.
Nas Researches on the Phenomena of spiritualism, o Sr. Crookes submete
opinio do leitor oito teorias "para explicar os fenmenos observados".
So as seguintes:
" Primeira teoria. - Todos os fenmenos so o resultado de truques, hbeis
arranjos mecnicos ou prestidigitao; os mdiuns so impostores, e os
demais observadores, tolos (...)
" Segunda Teoria. - As pessoas numa sesso so vtimas de uma espcie de
obsesso ou iluso, e imaginam que ocorrem fenmenos que no tm qualquer
existncia objetiva.
" Terceira Teoria. - Tudo o resultado de uma ao cerebral consciente ou
inconsciente.
" Quarta Teoria. - O resultado do esprito do mdium, talvez em associao
com os espritos de alguns ou de todas as pessoal presentes.

" Quinta Teoria. - As aes de espritos maus, ou de demnios, que


personificam as pessoas ou as coisas que lhes agradam, a fim de minar a
cristandade, e de perder as almas dos homens. [Teoria de nossos telogos.]
" Sexta Teoria. - As aes de uma ordem distinta de seres que vivem nesta
Terra mas so invisveis e imateriais para ns. Capazes, contudo,
ocasionalmente, de manifestar a sua presena. Conhecidos em quase todos os
pases e pocas como demnios (no necessariamente maus), gnomos, fadas,
kobolds, elfos, duendes, Puch, etc. [Uma das opinies dos cabalistas.]
" Stima Teoria. - As aes de seres humanos mortos - a teoria espiritual
par excellence.
" Oitava Teoria. - (A Teoria da Fora Psquica)... um auxiliar da quarta,
quinta, sexta e stima teorias.
Como a primeira dessas teorias s se mostrou vlida em casos excepcionais,
embora infelizmente muito freqentes, ela deve ser rejeitada por no ter
nenhuma influencia material sobre os fenmenos em si. A segunda e a
terceira teorias so as ltimas esboroantes trincheiras da guerrilha dos
cpticos e materialistas, e permanecem, como dizem os advogados, adhuc sub
judice lis est. Portanto, podemos nos ocupar nesta obra apenas com as
quatro teorias restantes, j que a ltima, a oitava, , segundo a opinio
do Sr. Crookes, apenas "um auxiliar necessrio" das outras.
Podemos ver quo sujeita est a erros mesmo um opinio cientifica, apenas
se compararmos os vrios artigos sobre os fenmenos espirituais, oriundos
da hbeis pena de certo cavalheiro, que apareceram de 1870 a 1875. Lemos
um dos primeiros: "(...) o emprego continuo de mtodos cientficos
promover observaes exatas e um respeito maior pela Verdade entre os
pesquisadores, e produzir uma raa de observadores que lanaro
desprezvel resduo do espiritismo no limbo desconhecido da Magia e da
necromancia". E em 1875, ns lemos, acima de sua prpria assinatura,
mincias e muito interessantes descries de um esprito materializado Katie King!
difcil imaginar que o Sr. Crookes tenha estado sob influncia
eletrobiolgica ou sob alucinao durante dois ou trs anos consecutivos.
O "esprito" apareceu em sua prpria casa, em sua biblioteca, sob os mais
severos testes, e foi visto, apalpado e ouvido por centenas de pessoas.
Mas o Sr. Crookes nega jamais ter tomado Katie King por um esprito
desencarnado. O que era ela ento? Se no era a Srta. Florence Cook, e a
sua palavra uma garantia suficiente para ns - ento era o esprito de
algum que viveu na Terra ou de um daqueles que se classificam diretamente
na sexta teoria das oito que o eminente cientista oferece escola do
pblico. Seria um dos seres classificados sob os nomes de: fadas, kobolds,
gnomos, duendes, ou um puck.
Fenmeno psquico provado pelo Sr. Crookes
Sim; Keite King deve ter sido um fada - uma titnia. Pois s a uma fada
poderia aplicar-se com propriedade a seguinte efuso potica que o Sr.
Crookes cita para descrever este maravilhoso esprito:
"Ao seu redor ela criou uma atmosfera de vida;
O prprio ar parecia mais brilhante nos seus olhos,

Eles eram doces, belos e cheios


De tudo que podemos imaginar dos cus;
Sua presena irresistvel nos faz sentir;
Que no seria idolatria ficar de joelhos !"
Assim, aps ter escrito, em 1870, a sua severa sentena contra o
Espiritismo e a Magia, aps ter mesmo dito ento que ele acreditava "que
tudo no passa de superstio, ou, pelo menos, de um truque inexplicado uma iluso dos sentidos", o Sr. Crookes, em 1875, fecha sua carta com as
seguintes memorveis palavras: - "Imaginar, digo, que a Katie King dos
trs ltimos anos possa ser o resultado de uma impostura constitui uma
violncia maior para a razo e o senso comum do que acreditar que ela o
que pretende ser". Esta ltima observao, por outro lado, prova
conclusivamente que:1) Apesar da firme convico do Sr. Crookes de que o
algum que se chamava Katie King no era nem um mdium nem algum cmplice,
mas, ao contrrio, uma fora desconhecida da Natureza, que - como o amor "ri-se dos obstculos"; 2) Que era uma espcie de Fora ainda no
identificada, embora para ele se tenha tornado "no uma questo de
opinio, mas de conhecimento absoluto". O eminente investigador no
abandonou at o fim a sua atitude cptica a respeito da questo. Em suma,
ele acreditava firmemente no fenmeno, mas no podia aceitar a idia de
que se tratava do esprito humano de algum morto.
Parece-nos que, at onde vai o preconceito pblico, o Sr. Crookes
soluciona um Mistrio para citar um outro ainda mais profundo: o obscurum
per obscurius. Em outras palavras, rejeitando " o indigno resduo do
Espiritismo", o corajoso cientista arroja-se intrepidamente no seu prprio
"limbo desconhecido da Magia e da necromancia!".
As artes perdidas
As leis reconhecidas da cincia fsica explicam apenas alguns dos mais
objetivos dos chamados fenmenos espiritistas. Embora provem a realidade
de alguns efeitos visveis de uma fora desconhecida, elas no permitem
aos cientistas controlarem livremente sequer esta parte dos fenmenos. A
verdade que os professores ainda no descobriram as condies
necessrias para a sua ocorrncia. Cumpre-lhes estudar profundamente a
natureza tripla do homem - fisilogos, psiclogos e divina - como o
fizeram os seus predecessores, os magos, os teurgistas e os taumaturgos da
Antigidade. At o presente, mesmo aqueles que investigaram os fenmenos
completa e imparcialmente, como o Sr. Crookes, deixaram de lado a causa,
como se nada houvesse para ser descoberto agora, ou sempre. Eles se
incomodam tanto com isso quanto com a causa primeira dos fenmenos
csmicos da correlao de foras, a observao e classificao de cujos
efeitos lhes custam tanto esforo.
Se os cientistas estudassem os chamados "milagres" em lugar de neg-los,
muitas leis secretas da Natureza - que os antigos compreendiam - seriam
novamente descobertos. "A certeza", diz Bacon, "no provm dos argumentos,
mas das experincias".
A fabricao de uma taa de vidro que foi trazida a Roma por um exilado no
reino de Tibrio - uma taa "que ele atirou no passeio de mrmore e no

trincou nem quebrou com a queda", e que, por ter ficado "um pouco
amolgada", foi facilmente restaurada com um martelo - um fato histrico.
Paracelso e Van Helmont sustentam ser este agente algum fludo da
Natureza, "capaz de reduzir todos os corpos sublunares, homogneos ou
mistos, ao se ens primun, ou matria original de que so compostos; ou
ao seu licor uniforme, estvel e potvel, que unir com a gua, e os sucos
de todos os corpos, sem perder as suas virtudes radicais; e, se misturando
novamente com ele mesmo, ser assim convertido em gua elementar". Mas
pode-se facilmente conceber, sem qualquer grande esforo de imaginao,
que todos os corpos devem ter sido originalmente formados de alguma
matria primeira, e que esta matria, segundo as lies da Astronomia, da
Geologia e da Fsica, deve ter sido um fludo. Por que o ouro - cujo
gnese os nossos cientistas conhecem to pouco - no teria sido
originalmente uma matria de ouro primitiva ou bsica, um fludo ponderoso
que, como diz Van Helmont, "devido sua prpria natureza, ou a uma forte
coeso entre as suas partculas, adquiriu mais tarde uma forma slida?"
Van Helmont chama-o "o maior e o mais eficaz de todos os sais, o qual,
tendo obtido o grau supremo de simplicidade, pureza e sutileza, goza
sozinho da faculdade de permanecer inalterado e ileso no contato com as
substncias sobre as quais age, e de dissolver os corpos mais duros e mais
refratrios, como pedras, gemas, vidros, terra, enxofre, metais, etc., num
sal vermelho, de peso igual ao da matria dissolvida; e isso to
facilmente como a gua quente derrete a neve".
nesse fludo que os fabricantes do vidro malevel pretenderam, e ainda
hoje pretendem, ter emergido o vidro comum durante horas, para adquirir a
propriedade da maleabilidade.
Esta "terra admica" vizinha prxima do alkahest, e um dos segredos mais
importantes dos alquimistas. Nenhum cabalista revela-lo- ao mundo, pois,
como ele o diz no bem-conhecido adgio: "seria explicar as guias dos
alquimistas, e como as asas das guias so aparadas", um segredo que
Thomas Vaughan (Eugnio Filaletes) levou vinte anos para aprender.
O mundo caminha em crculos. As raas vindouras sero apenas a reproduo
de raas h muito tempo desaparecidas; como ns, talvez, somos as imagens
que viveram h sculos. Tempo vir em que aqueles que agora caluniam
publicamente os hermetistas, mas estudam em segredo os seus volumes
cobertos d p; que plagiam suas idias, assimilando-as e dando-as como
suas prprias - recebero a sua paga. Paracelso foi o intrpido criador
dos remdios qumicos; o fundador de grupos corajosos; controversista
vitorioso, que pertence queles espritos que criaram entre ns um novo
modo de pensar na existncia natural das coisas. O que dissemos atravs de
seus escritos sobre a pedra filosofal, sobre os pigmeus e os espritos das
minas, sobre os smbolos, sobre os homnculos, e sobre o elixir da vida,
que so empregados por muitos para baixar sua estima, no pode extinguir a
nossa recordao agraciada de suas obras gerais, nem a nossa admirao por
seus intrpidos e livres esforos, e sua vida nobre e intelectual."
Mas nossas modernas luzes pretendem saber mais, e as idias dos
Rosa-cruzes sobre os espritos elementares, os duendes e os elfos,

afundaram no "limbo da Magia" e dos contos de fada para a infncia.


Concedemos de bom grado aos cpticos que metade, ou talvez mais, desses
supostos fenmenos no passam de fraudes mais ou menos hbeis. As recentes
revelaes, especialmente dos mdiuns "materializados", apenas comprovam
este fato.
O que pensariam os espiritistas sensveis do carter dos guias anglicos,
que, depois de monopolizar, s vezes por anos, o tempo, a sade e os
recursos de um pobre mdium, o abandonam de repente quando ele mais
precisa de sua ajuda? Somente as criaturas sem alma ou conscincia
poderiam ser culpadas de tamanha injustia. As condies? - Mero sofisma.
Que espritos so esses que no convocariam, se necessrio, um exrcito de
espritos amigos (se que existem) para arrancar o inocente mdium do
abismo aberto aos seus ps? Tais coisas aconteceram nos tempos antigos, e
podem acontecer agora. Houve aparies antes do Espiritismo moderno e
fenmenos como os nossos em todos os sculos passados. Se as manifestaes
modernas so uma realidade e fatos palpveis, ento tambm devem t-lo
sido os pretensos "milagres" e as faanhas palpveis de outrora; e se
estas no passam de fices supersticiosas, ento tambm o so aquelas,
pois no repousam sobre provas melhores.
Mas, nesta torrente diariamente crescente dos fenmenos ocultos que se
precipitam de um lado a outro do globo, embora dois teros das
manifestaes se tenham revelado esprios, o que dizer daqueles que so
comprovadamente autnticos, acima de dvidas ou de sofismas? Entre estes
possvel encontrar comunicaes que chegam atravs de mdiuns
profissionais ou no, as quais so sublimes e divinamente elevadas. s
vezes, atravs de crianas e de indivduos ignorantes e simples, recebemos
ensinamentos filosficos e preceitos, oraes poticas e inspiradas,
msicas e pinturas que so totalmente dignas das reputaes de seus
alegados autores. As suas profecias realizam-se com freqncia e as suas
explicaes morais so benfazejas, embora estas ltimas ocorram mais
raramente. Quem so esses espritos, o que so esses poderes ou
inteligncias que so evidentemente exteriores ao prprio mdium e que so
entidades per se? Essas inteligncias merecem o nome; e diferem to
completamente da generalidade de fantasmas e duendes que erram em redor
dos gabinetes das manifestaes fsicas como o dia da noite.
Devemos confessar que a situao parece ser muito sria. O controle de
mdiuns por tais "espritos" inescrupulosos e falazes est se
generalizando cada vez mais; e os efeitos perniciosos de semelhante
diabolismo multiplica-se constantemente. Alguns dos melhores mdiuns esto
abandonando as sesses pblicas e se afastando dessa influncia; e o
movimento esprita tem cariz de igreja. Arriscamo-nos a predizer que a
menos que os espritas se disponham ao estudo da filosofia antiga de modo
a aprender a discernir os espritos e a proteger-se dos da mais baixa
espcie, dentro de vinte e cinco anos eles tero que voar para a
comunidade romana a fim de escapar a esses "guias" e "diretores" que
animaram durante tanto tempo.
Diz Henry More, o respeito platnico ingls, em sua resposta a um ataque

contra os que acreditam nos fenmenos espritas e mgicos feito por um


cptico dessa poca, chamado Webster. "Quando quela outra opinio,
segundo a qual a maior parte dos Ministros reformistas sustenta que foi o
demnio que apareceu sob a forma de Samuel, [ela est abaixo da crtica];
pois embora eu no duvide que em muitas dessas aparies necromnticas
sejam os espritos burlescos, no as almas dos mortos, que aparecem, no
obstante estou convencido da apario da alma de Samuel, como estou
convencido de que em outras necromancias devem ser o demnio ou tais
espcies de espritos, como acima descreve Porfrio, que se transformam em
formas e figuras oniformes, desempenhando uma a parte dos demnios, outro
a dos anjos ou desses, e outro ainda a das almas dos mortos: E eu
reconheo que um desses espritos poderia nesse caso personificar Samuel,
pois Webster nada alegou em contrrio. Pois seus argumentos so deveras
extraordinariamente frgeis e canhestros..."
Quando um metafsico e filsofo como Henry More d um testemunho como
este, podemos dizer que a nossa opinio est bem fundamentada
O universo criado pela vontade divina
Anos atrs o velho filsofo alemo Schopenhauer tratou simultaneamente
dessa fora e dessa matria; e desde a converso do Sr, Wallace o grande
antroplogo adotou evidentemente as duas idias. A doutrina de
Schopenhauer a de que o universo apenas a manifestao da vontade.
Toda fora da Natureza tambm um efeito da vontade, que representa um
grau maior ou menor de sua objetividade. o que ensinava Plato, que
afirmou claramente que tudo que visvel foi criado ou desenvolvido pela
VONTADE invisvel e eterna, e sua maneira. Nosso Cu - diz ele - foi
produzido de acordo com o padro eterno do "Mundo Ideal", contido, como
tudo o mais, no dodecaedro, o modelo geomtrico utilizado pela Divindade.
Para Plato, o Ser Primordial uma emanao do Esprito Demirgico
(Nous), que contm em si, desde a eternidade, a "idia" do "mundo a
criar", a qual idia ele retira de si mesmo. As leis da Natureza so as
relaes estabelecidas desta idia com as formas de suas manifestaes;
"estas formas", diz Schopenhauer, "so o tempo, o espao e a causalidade.
Atravs do tempo e do espao, a idia varia em suas inumerveis
manifestaes".
Esta idias esto longe de ser novas, e mesmo para Plato elas no eram
originais. Eis o que lemos nos Orculos Caldeus: "As obras da Natureza
coexistem com a Luz espiritual e intelectual do Pai. Pois ela a alma que
adornou o grande cu e que o adorna depois do Pai".
"O mundo incorpreo, portanto, j estava terminado, tendo sua sede na
Razo Divina", diz Flon, que erradamente acusado de derivar sua
filosofia da de Plato.
Na Teogonia de Mochus temos em primeiro lugar o ter, e depois o ar; os
dois primeiros dos quais Olam, o Deus intangvel (o universo visvel da
matria), nasceu.
Nos hinos rficos, o Eros-Phanes origina-se do Ovo Espiritual, que os
ventos etreos fecundam, o Vento sendo "o esprito de Deus", que, segundo
se diz se move no ter, "planando sobre o caos" - a "Idia" Divina. "Na

Kathakopanishad hindu, Purusha, O Esprito Divino, precede a matria


original, de cuja unio brota a grande alma do mundo Mahan-tma, o
Esprito da Vida"; estas ltimas denominaes so idnticas s da alma
universal, ou anima mundi, e da luz astral dos teurgistas e cabalistas.
Pitgoras tomou as suas doutrinas dos santurios orientais, e Plato as
reproduziu numa forma mais inteligvel que a dos nmeros misteriosos do
sbio - cujas doutrinas ele adotou integralmente - para os espritos no
iniciados. Assim, para Plato, o Cosmos "o Filho" tendo como pai e me o
Pensamento Divino e a Matria.
"Os egpcios", diz Dunlap, "fazem uma distino entre um velho e um jovem
Horus, o primeiro sendo o irmo de Osris e o segundo o filho de sis e de
Osris," O primeiro a Idia do mundo que permanece no Esprito Demiurgo,
"nascido nas trevas antes da criao do mundo". O segundo Horus esta
"Idia" que emana do Logos, revestindo-se de matria e assumindo uma
existncia real.
"O Deus mundano, eterno, ilimitado, jovem e velho, de forma sinuosa",
dizem os Orculos caldeus.
O poder da vontade
A "Forma sinuosa" uma figura para expressar o movimento vibratrio da
luz astral, que os antigos sacerdotes conheciam perfeitamente bem, embora
elas tenham divergido dos modernos cientistas na sua concepo do ter;
pois no ter colocaram a Idia Eterna que impregna o universo, ou o desejo
que se torna fora e cria ou organiza a matria.
"A vontade", diz Van Helmont, " o primeiro de todos os poderes. Pois,
atravs da vontade do Criador, todas as coisas foram feitas e postas em
movimento (...). A vontade a propriedade de todos os seres espirituais,
e revela-se neles tanto mais ativamente quanto mais eles se libertam da
matria".
E Paracelso, "o divino", como era chamado, acrescenta no mesmo tom: "A f
deve confirmar a imaginao, pois pela f estabelece-se a vontade. (...)
Determinada imaginao um comeo de todas as operaes mgicas (...).
Porque os homens no imaginam perfeitamente, nem crem, o resultado que
as artes so inexatas, ao passo que poderiam ser perfeitamente exatas".
Somente o poder oposto da incredulidade e do ceticismo, se projetando numa
corrente de fora igual, pode refrear o outro, e s vezes neutraliz-lo
completamente. Por que se espantariam os espiritistas com o fato de a
presena de alguns cpticos enrgicos, ou daqueles que, mostrando-se
asperamente contrrios ao fenmeno, exercem inconscientemente a sua fora
de vontade em sentido inverso, impedir e amide deter por completo as
manifestaes? Se no existe nenhum poder consciente na Terra que no
encontre s vezes um outro para nele interferir ou mesmo para
contrabalana-lo, o que h de surpreendente quanto o poder inconsciente,
passivo de um mdium de repente paralisado em seus efeitos por um outro
inverso, embora tambm exercido inconscientemente? Os Profs. Faraday e
Tyndall orgulham-se de que a sua presena num crculo impediria
imediatamente qualquer manifestao. Somente este fato bastaria para
provar os eminentes cientistas que havia alguma fora neste fenmeno capaz

de prender a sua ateno. Como cientista, o Prof. Tyndall era talvez a


pessoa mais importante no crculo daqueles que estavam presente sance;
como observador arguto, algum no facilmente iludido por um mdium
ardiloso, ele talvez no foi melhor, ou ento mais sagaz, do que os outros
na sala, e se as manifestaes foram apenas uma fraude to engenhosa para
enganar os outros, elas no teriam parado, mesmo com a sua importncia.
Que mdium pode vangloriar-se de fenmenos como os que foram produzidos
por Jesus e depois dele pelo apstolo Paulo? No entanto, mesmo Jesus se
deparou com casos em que a fora inconsciente da resistncia sobrepujou
at mesmo a sua to bem dirigida corrente de vontade. "E no fez ali
muitos milagres, por causa da incredulidade deles."
Existe um reflexo de cada uma destas idias na filosofia de Schopenhauer.
Nossos cientistas "investigadores" poderiam consultar suas obras com
proveito. Eles encontrariam nelas muitas hipteses baseadas em idias
antigas, especulaes sobre os "novos" fenmenos, que podem revelar-se to
razoveis como qualquer outra, e poupar o intil trabalho de investigar
novas teorias. As foras psquicas e ectnicas, o "ideomotor" e os
"poderes eletrobiolgicos"; as teorias do "pensamento latente" e mesmo a
da "celebrao inconsciente" podem ser condensadas em duas palavras: a LUZ
ASTRAL cabalista.
As corajosas teorias e opinies expressas nas obras de Schopenhauer
diferem completamente das da maioria de nossos ortodoxos. "Na realidade",
assinala este audacioso especulador, "no existe nem matria nem esprito.
A tendncia para a gravitao numa pedra to inexplicvel quanto o
pensamento num crebro humano. (...) Se a matria pode - ningum sabe por
qu - cair no cho, ento ela pode tambm - ningum sabe por qu - pensar.
(...) Assim que, mesmo na mecnica, ultrapassamos o que puramente
mecnico, assim que atingimos o inescrutvel, a adeso, a gravitao,
etc., estaremos em presena de fenmenos que so to misteriosos para os
nossos sentidos quanto a VONTADE e o PENSAMENTO no homem - ns nos veremos
defrontando o incompreensvel, pois assim toda a Natureza. Onde est
portanto essa matria que todos vs pretendeis conhecer to bem; da qual estando to familiarizados com ela - retirais todas as vossas concluses e
explicaes, e qual atribus todas as coisas? (...) Isso, que pode ser
totalmente compreendido por nossa razo e pelos sentidos, apenas o
superficial: eles jamais podem atingir a verdadeira substncia interior
das coisas. Tal era a opinio de Kant. Se considerais que existe, numa
cabea humana, alguma espcie de esprito, ento sereis obrigado a
conceder o mesmo para uma pedra. Se a vossa matria morta e completamente
passiva pode manifestar uma tendncia para a gravitao, ou, como a
eletricidade, atrair e repelir, e lanar chispas - ento, como o crebro,
ela tambm pode pensar. Em suma, toda partcula do chamado esprito pode
ser substituda por um equivalente de matria, e toda partcula de matria
pode ser substituda pelo esprito. (...) Portanto, no a diviso
cartesiana de todos os seres em matria e esprito que se deve considerar
filosoficamente exata; mas apenas se os dividirmos em vontade e
manifestao, uma forma de diviso que nada tem a ver com a primeira, pois

ela espiritualiza todas as coisas: tudo aquilo que no primeiro caso real
e objetivo - corpo e matria -, ela transforma numa representao, e toda
manifestao em vontade".
Essas idias corroboram o que dissemos a respeito dos vrios nomes dados
mesma coisa. Os adversrios batem-se apenas por palavras. Chamai o
fenmeno de fora, energia, eletricidade ou magnetismo, vontade, ou poder
do esprito, ele ser sempre a manifestao parcial da alma, desencarnada
ou aprisionada por um tempo em seu corpo - de uma poro daquela VONTADE
inteligente, onipotente e individual que penetra toda a natureza, e
conhecida, devido insuficincia da linguagem humana para expressar
corretamente imagens psicolgicas, como - DEUS.
As idias de alguns de nossos sbios a respeito da matria so, do ponto
de vista cabalstico, de muitas maneiras errneas
Fenmenos medinicos: a que atribu-los?
Ningum pode tratar este assunto com mais competncia do que o fez
Schopenhauer no seu Parerga. Nesta obra, ele discute extensamente o
Magnetismo animal, a clarividncia, a teraputica simpattica, a profecia,
a Magia, os pressgios, as vises de fantasmas e outros fenmenos
psquicos. "Todas essas manifestaes", diz ele, "so ramos de uma mesma
rvore", e fornecem-nos as provas irrefutveis de existncia de uma cadeia
de seres pertencentes a uma ordem de natureza muito distinta daquela que
se baseia nas leis de espao, tempo e adaptabilidade. Esta outra ordem de
coisa muito mais profunda, pois a ordem original e direta; na sua
presena, as leis comuns da Natureza, que so meramente formais, so
inteis; por conseguinte, sob a sua ao imediata, nem o tempo nem o
espao podem separa os indivduos, e a separao determinada por aquelas
formas no apresenta quaisquer barreiras intransponveis para a relao
entre os pensamentos e a ao imediata da vontade. Dessa maneira, as
mudanas podem ser produzidas por um procedimento completamente diferente
da causalidade fsica, isto , atravs de uma ao da manifestao da
vontade exibida num caminho peculiar e externo ao prprio indivduo.
Portanto, o carter peculiar de todas as manifestaes mencionadas a
visio in distais et acotio in distais (viso e ao distncia), tanto em
sua relao com o tempo como em sua relao com o espao. Uma tal ao
distncia justamente o que constitui o carter fundamental do que se
chama mgico; pois tal a ao imediata de nossa vontade, uma ao
liberada das condies causais da ao fsica, ou seja, do contato
material".
"Alm disso", continua Schopenhauer, "tais manifestaes nos apresentam
uma oposio substancial e perfeitamente lgica ao materialismo, e mesmo
ao naturalismo (...) porque luz de tais manifestaes aquela ordem de
coisas da Natureza que estas duas filosofias procuram apresentar como
absoluta e como a nica genuna surge diante de ns ao contrrio como
simplesmente fenomnica e superficial, contendo, no fundo, um conjunto de
coisas parte e perfeitamente independente de suas prprias leis. Eis por
que aquelas manifestaes - pelo menos de um ponto de vista puramente
filosfico -, entre todos os fatos que nos so apresentados do domnio da

experincia, so, sem qualquer comparao, as mais importantes. Portanto,


dever de todo cientista familiarizar-se com elas".
Sabemos que toda aplicao da vontade resulta em fora, e, as
manifestaes das foras atmicas so aes individuais da vontade, que
tm como resultado a aglomerao inconsciente de tomos numa imagem
concreta j criada subjetivamente pela vontade. Demcrito ensinou,
seguindo seu mestre Leucipo, que os primeiros princpios de todas as
coisas no universo so os tomos e um vcuo. No seu sentido cabalstico, o
vcuo significa neste caso a Divindade latente, ou fora latente, que em
sua primeira manifestao se tornou VONTADE, e assim comunicou o primeiro
impulso queles tomos - cuja aglomerao a matria. Este vcuo apenas
um outro nome para o caos, e pouco satisfatrio, pois, de acordo com os
peripatticos, "a natureza tem horror ao vcuo".
Que antes de Demcrito os antigos estavam familiarizados com a idia da
indestrutibilidade da matria prova-se por suas alegorias outros fatos.
Movers d uma definio da idia fencia da luz solar ideal como uma
influncia espiritual provinda do DEUS superior, IA, "a luz que s o
intelecto pode conceber - o Princpio fsico e espiritual de todas as
coisas; do qual a alma emana". Era a Essncia masculina, ou Sabedoria, ao
passo que a matria primitiva ou Caos era a feminina. Assim, os dois
primeiros - coeternos e infinitos - eram, j para os fencios primitivos,
esprito e matria. conseqentemente, a teoria to velha quanto o mundo;
pois Demcrito no foi o primeiro filsofo a profess-la; e a intuio
existiu no homem antes do desenvolvimento final de sua razo. Mas na
negao da Entidade infinita e eterna, possuidora da Vontade invisvel,
que ns por falta de um termo melhor chamamos DEUS, que reside a
impotncia de toda cincia materialista para explicar os fenmenos
ocultos. na sua rejeio a priori de tudo que poderia forc-los a cruzar
a fronteira da cincia exata e entrar no domnio da fisiologia
psicolgica, ou, se preferirmos, metafsica, que encontramos a causa
secreta de sua confuso em face das manifestaes, e das suas teorias
absurdas para explic-las. A filosofia antiga afirmou que em
conseqncia da manifestao daquela Vontade - designada por Plato como a
Idia Divina - que todas as coisas visveis e invisveis vieram
existncia. Da mesma maneira que essa Idia Inteligente, que, dirigindo
apenas a sua fora de vontade para o centro das foras concentradas,
chamou as foras objetivas existncia, assim pode o homem, o microcosmo
do grande macrocosmo, fazer o mesmo na proporo do desenvolvimento da sua
fora de vontade. Os tomos imaginrios - uma figura de linguagem
empregada por Demcrito, e que os materialistas adotaram reconhecidamente
- so como operrios automticos movidos interiormente pelo influxo
daquela Vontade Universal dirigida sobre eles, e que, por se manifestar
como fora, os coloca em movimento. O plano da estrutura a ser erigida
est no crebro do Arquiteto, e reflete a sua vontade; ainda abstrato,
desde o instante da concepo ele se torna concreto graas queles tomos
que seguem fielmente toda linha, ponto e figura traados na imaginao do
Gemetro Divino.

O poder de criao do homem. A magia e suas manifestaes


Assim como Deus cria, tambm o homem pode criar. Dando-se uma certa
intensidade de vontade, as formas criadas pela mente tornam-se subjetivas.
Alucinaes, elas so chamadas, embora para o seu criador elas sejam to
reais como qualquer outro objeto visvel o para os demais. Dando-se uma
concentrao mais intensa e mais inteligente dessa vontade, a forma se
torna concreta, visvel, objetiva; o homem aprendeu o segredo dos
segredos; ele um mago.
Uma fora, cujos poderes secretos eram totalmente familiares aos antigos
teurgistas, negada pelos cpticos modernos. As crianas antediluvianas que talvez brincaram com ela, utilizando-a como os meninos do The Coming
Race de Bulwer-Lytton, utilizam o terrvel "vril" - chamavam-na "gua de
Ptah"; seus descendentes designaram-na como anima mundi, a alma do
universo; e mais tarde os hermetistas medievais denominaram-na luz
sideral, ou leite da Virgem Celeste, ou magns, e muitos outros nomes. Mas
os nossos modernos homens eruditos no aceitaro nem a reconhecero sob
tais designaes; pois ela pertence Magia, e a Magia , na sua
concepo, uma vergonhosa superstio.
Apolnio e Jmblico sustentaram que no "no conhecimento das coisas
exteriores, mas na perfeio da alma interior, que repousa o imprio do
homem que aspira a ser mais do que homem". Eles chegaram assim ao perfeito
conhecimento de suas almas divinas, cujo poder utilizaram com sabedoria,
fruto de estudo esotrico da tradio hermtica, herdada por eles de seus
ancestrais. Mas nosso filsofos, fechando-se compactamente em suas conchas
de carne, no podem ou no ousam dirigir seus tmidos olhares alm do
compreensvel.
Diz um provrbio persa: "Quanto mais escuro estiver o cu, mais as
estrelas brilharo". Assim, no negro firmamento da poca medieval
comearam a surgir os misteriosos Irmos da Rosa-cruz. Eles no formaram
associaes, nem construram colgios; pois, caados e encurralados como
feras selvagens, quando a Igreja Catlica os apanhou, eles foram queimados
sem cerimnia.
Muitos desses msticos, seguindo os ensinamentos de alguns tratados,
preservados secretamente de uma gerao a outra, fizeram descobertas que
no seriam desprezveis mesmo em nossos dias das cincias exatas. Roger
Bacon, o monge, foi ridicularizado como um charlato, e hoje includo
entre os "pretendentes" arte mgica; mas suas descobertas foram no
obstante aceitas, e so hoje utilizadas por aqueles que mais o
ridicularizaram. Roger Bacon pertencia, de fato seno de direito, quela
Irmandade que inclui todos os que estudam as cincias ocultas. Vivendo no
sculo XIII, quase como um contemporneo, portanto, de Alberto Magno e
Toms de Aquino, suas descobertas - como a plvora de canho e os vidros
pticos, e seus trabalhos mecnicos - forma considerados por todos como
milagres. Ele foi acusado de ter feito um pacto com o diabo.
Na histria legendria do monge Bacon, conta-se que, convocado pelo rei, o
monge foi convidado a mostrar algumas de suas habilidades diante de sua
majestade, a rainha. Ele ento agitou sua mo (seu basto, diz o texto), e

"rapidamente ouviu-se uma belssima msica, que eles afirmaram jamais ter
ouvido igual". Ouviu-se em seguida uma msica ainda mais alta e quatro
aparies de repente apresentaram e danaram at se dissiparem e
desaparecerem no ar. Ento ele agitou novamente o basto, e de repente um
odor "como se todos os ricos perfumes do mundo tivessem sido preparados no
local da melhor maneira que a arte pudesse faz-lo". Ento Roges Bacon,
aps ter prometido mostrar a um dos cortesos a sua amada, apanhou um
enfeite do apartamento real vizinho e todos na sala viram "uma criada da
cozinha com uma concha nas mos". O orgulhoso cavalheiro, embora
reconhecesse a criada que desapareceu to rapidamente quanto surgiu,
irritou-se com o espetculo humilhante, e ameaou o monge com a sua
vingana. Que fez o mgico? Ele simplesmente respondeu: "No me ameaceis,
para que eu no vos envergonhe mais; e guardai-vos de desmentir novamente
os eruditos!".
Como um comentrio a esse respeito, um historiador moderno assinala: "Isto
deve ser visto como uma espcie de exemplificao do gnero de exibies
que eram provavelmente o resultado de um conhecimento superior das
cincias naturais". Ningum jamais duvidou de que isto foi o resultado de
um tal conhecimento, e os hermetistas, os mgicos, os astrlogos e os
alquimistas jamais pretenderam outra coisa.
Os seus prprios escritos provam que eles sustentavam passivos, por meio
da qual muitos efeitos extraordinariamente surpreendentes, mas no entanto
naturais, foram produzidos".
Os fenmenos dos odores msticos e da msica, exibidos por Roger Bacon,
foram freqentemente observados em nossa prpria poca. Para no falar de
nossa experincia pessoal, fomos informados por correspondentes ingleses
da Sociedade Teosfica que eles ouviram acordes da msica mais extasiante
no originados de qualquer instrumento visvel, e inalaram uma sucesso de
odores deliciosos produzidos, como acreditam, pela interveno dos
espritos. Um correspondente relata-nos que um desses odores familiares o de sndalo - era to poderoso que a casa teria sido impregnada com ele
por semanas aps a sesso. O mdium neste caso era membro de uma famlia
fechada, e as experincias foram todas feitas com o crculo domstico.
Outro descreve o que ele chama de uma "pancada musical". As potncias que
so agora capazes de produzir estes fenmenos devem ter existido e ter
sido igualmente eficazes nos dias de Roger Bacon. Quando s aparies,
basta dizer que elas so agora evocadas nos crculos espiritistas, e
abonadas por cientistas, e a sua evocao por Roger Bacon se torna,
portanto, mais provvel do que nunca.
Baptista Porta, no seu tratado sobre Magia Natural, enumera todo um
catlogo de frmulas secretas para produzir efeitos extraordinrios
mediante o emprego dos poderes da Natureza. Embora os "magos" acreditassem
to firmemente quanto os nossos espiritistas num mundo de espritos
invisveis, nenhum deles pretendeu produzir seus efeitos sob o controle
deles ou apenas com o seu concurso. Sabiam muito bem quo difcil manter
distncia as criaturas elementares assim que elas descobrem uma porta
aberta. Mesmo a magia dos antigos caldeus era apenas um profundo

conhecimentos dos poderes das plantas medicinais e dos minerais. Foi


apenas quando o teurgista desejou a ajuda divina nos assuntos espirituais
e terrestres que ele procurou a comunicao direta, atravs dos ritos
religiosos, com os seres espirituais. Mesmo para eles, aqueles espritos
que permanecem invisveis e se comunicam com os mortais atravs dos seus
sentidos internos despertados, como na clarividncia, na clariaudincia e
no transe, s podiam ser evocados subjetivamente e como resultado da
pureza de vida e da orao. Mas todos os fenmenos fsicos foram
produzidos simplesmente pela aplicao de um conhecimento das foras
naturais, embora certamente no pelo mtodo da prestidigitao, praticado
em nossos dias pelos ilusionistas.
Se os espiritistas esto ansiosos por se manter rigorosamente dogmticos
em suas noes do "mundo dos espritos", eles no devem convidar os
cientistas a investigar os seus fenmenos como verdadeiro esprito
experimental. A tentativa conduziria seguramente a uma redescoberta
parcial da Magia antiga - a de Moiss e de Paracelso. Sob a decepcionante
beleza de algumas dessas aparies, eles poderiam encontrar, um dia, os
silfos e as belas ondinas dos Rosa-cruzes brincando nas correntes da fora
psquica e dica.
Os elementais e os elementares
Estamos longe de acreditar que todos os espritos que se comunicam nas
sesses so das classes "Elementais" e "Elementares". Muitos especialmente
entre aqueles que controlam o mdium subjetivamente para falar, escrever e
agir de diferente maneiras - so espritos humanos desencarnados. Se a
maioria de tais espritos boa ou m, depende largamente da moralidade
privada do mdium, bastante do crculo presente, e muito da intensidade e
objetivo de seu propsito. Se este objeto meramente satisfazer a
curiosidade e passar o tempo, intil esperar qualquer coisa de srio.
Mas, seja como for, os espritos humanos jamais se podem materializar in
prpria persona. Eles jamais podem aparecer ao investigador vestido com
uma carne slida e quente, com mos e faces suarentas e corpos
grosseiramente materiais. O mais que eles podem fazer projetar seu
reflexo etreo na onda atmosfrica, e se o toque de suas mos e vestes em
algumas raras ocasies pode tornar-se objetivo aos sentidos de um mortal
vivo, ele ser sentido como uma brisa que passa acariciando gentilmente
pelo ponto tocado, no como uma mo humana ou um corpo material. intil
alegar que os "espritos materializados" que se exibem com corao
pulsante e vozes fortes (com ou sem trombetas) so espritos humanos. Uma
vez ouvidas as vozes - se tais podem ser designados como vozes - de uma
apario espiritual, dificilmente se consegue esquec-las. A de um
esprito puro como um murmrio trmulo da harpa elica ecoando
distncia; a voz de um esprito sofredor, portanto impuro, se no
totalmente maus, pode ser assimilada voz humana produzida dentro de um
tonel vazio.
Essa no a nossa filosofia, mas a de numerosas geraes de teurgistas e
de mgicos, e baseada em sua experincia prtica. O testemunho da
antigidade positivo a este respeito. As vozes dos espritos no so

articuladas. A voz do esprito consiste numa srie de sons que produz a


impresso de uma coluna de ar comprimido subindo de baixo para cima, e
espalhando-se ao redor do interlocutor vivo.
Por enquanto repetiremos apenas que nenhum esprito que os espiritistas
afirmam ser humano conseguiu prov-lo com testemunhos suficientes. A
influncia dos espritos desencarnados pode ser sentida e comunicada
subjetivamente por eles aos sensitivos. Eles podem produzir manifestaes
objetivas, mas no podem manifestar-se seno da maneira acima descrita.
Podem controlar o corpo de um mdium, e expressar seus desejos e idias
por meio das diversas maneiras bem conhecidas pelos espiritistas; mas no
materializar o que imaterial e puramente espiritual - a sua essncia
divina. Assim, toda pertena "materializao" - quando genuna -
produzida (talvez) pela vontade daquele esprito que a "apario" procura
ser mas que no mximo pode apenas personificar, ou pelos prprios duendes
elementares, que so geralmente demasiado embotados para merecer a honra
de serem chamados de demnios. Em raras ocasies, os espritos so capazes
de subjugar e controlar estes seres sem alma, que esto sempre prestes a
assumir nomes pomposos quando deixados vontade, casos em que o esprito
turbulento "do ar", figurando na imagem real do esprito humano, ser
movido pelo ltimo como uma marionete, incapaz de agir ou pronunciar
outras palavras que no as impostas a ele pela "alma imortal". Mas isto
requer muitas condies geralmente desconhecidas at mesmo dos crculos
espiritistas mais habituados a freqentar as sesses. Nem todos so
capazes de atrair os espritos humanos que desejam. Uma das mais poderosas
atraes de nossos finados a sua forte afeio por aqueles que deixaram
na Terra, e que os impele irresistivelmente, pouco a pouco, para a
corrente da luz astral que vibra entre as pessoas simpticas a eles e a
alma universal. Outra condio muito importante a harmonia e a pureza
magntica das pessoas presentes.
As foras materializadas
Se esta filosofia errada, se todas as formas "materializadas" que
emergem nos quartos escurecidos de gabinetes ainda mais escuros so os
espritos de homens que uma vez viveram nesta Terra, por que uma tal
diferena entre eles e os fantasmas que aparecem inopinadamente - ex
abrupto - sem gabinete ou mdium? Quem nunca ouviu falar das aparies,
"almas" sem descanso, que erram em torno dos locais em que foram
assassinadas, ou que retornaram, por outras misteriosas razes prprias,
com as "mos to quentes" que parecem carne viva, e que embora se saiba
que morreram e foram enterradas, no se distinguem dos mortais vivos?
Temos fatos bem atestados dessas aparies que se fazem freqentemente
visveis, mas nunca, desde o comeo da era das "materializaes", vimos
algo que se lhes assemelhasse.
A autora certificou publicamente ter visto essas formas materializadas.
Reconhecemos tais formas como as representaes visveis dos conhecidos,
amigos e mesmo parentes. Em companhia de muitos outros espectadores,
ouvimo-las pronunciar palavras em lngua desconhecidas no apenas do
mdium e de todos na sala, exceto ns, mas, em alguns casos, de quase

todos seno todos os mdium da Amrica e da Europa, pois eram os idiomas


de tribos e povos orientais. No obstante, essas figuras no eram as
formas das pessoas que elas pretendiam ser. Elas eram simplesmente os seus
retratos-esttuas, construdas, animados e operados pelos elementares. Se
no elucidamos anteriormente este ponto, foi porque a massa espiritista
no estava preparada ento para dar ouvidos proposio fundamental de
que existem espritos Elementais e elementares.
Pausnias escreve que quatrocentos anos aps a batalha de Maratona ainda
era possvel ouvir no lugar em que ela foi travada o relinchar dos cavalos
e os gritos dos soldados espectrais. Os fantasmas dos cachorros, gatos e
muitos outros animais foram vistos repetidamente, e o testemunho universal
to exato sobre este ponto quanto o referente a aparies humanas. Quem
ou o que personifica, se assim podemos nos exprimir, os fantasmas dos
animais mortos? Tratar-se-ia novamente de espritos humanos? Assim
proposta, a questo no d margem a dvidas; devemos admitir que os
animais tm espritos e almas como o homem ou sustentar, com Porfrio, que
h no mundo invisvel uma classe de demnios velhacos e maliciosos, seres
intermedirios entre os homens vivos e os "deuses", espritos que se
deleitam em aparecer sob todas as formas imaginveis, comeando com a
forma humana e terminando com a dos animais multiflicos.
Antes de nos arriscarmos a decidir se as formas animais espectrais vistas
e atestadas com freqncia so os espritos retornados das feras mortas,
devemos considerar cuidadosamente o seu comportamento descrito. Agem esses
espectros de acordo com os hbitos e revelam os mesmos instintos animais
vivos? As feras de rapina permanecem cata de vtimas, e os animais
tmidos fogem na presena do homem; ou estes ltimos mostram uma
malignidade e um disposio para atormentar, completamente estranhas s
suas naturezas? Muitas vtimas dessas obsesses - notadamente as pessoas
atormentadas de Salem e outras feiticeiras histricas - testemunham ter
visto cachorros, gatos, porcos e outros animais invadindo os seus quartos,
modelando-os, andando sobre seus corpos adormecidos, e falando-lhes; s
vezes incitando-os ao suicdio e outros crimes. E a menos que
desacreditemos do testemunho de milhares de espectadores, em todas as
parte do mundo e em todas as pocas, e concedemos o monoplio da vidncia
aos mdiuns modernos, animais espectrais aparecem e manifestam todos os
traos mais caractersticos da natureza humana depravada, sem serem eles
prprios humanos. O que ento, podem eles ser, se no Elementais?

sis Sem Vu - Captulo III


Captulo III
Fenmenos e foras: o homem e as influncias dominantes. O moderno
espiritismo. O papel da psicologia
Acreditamos que apenas alguns dos fenmenos fsicos genunos so

produzidos por espritos humanos desencarnados. Entretanto, mesmo aqueles


que so causados por foras ocultas da Natureza, tal como se manifestam
atravs de poucos mdiuns genunos e so conseqentemente empregados pelos
chamados "prestidigitadores" da ndia e do Egito, merecem uma investigao
cuidadosa e sria por parte da cincia, especialmente agora que muitas
autoridades respeitveis comprovaram em muitos casos a impossibilidade de
fraudes. Sem dvida alguma, existem "conjuradores" profissionais que podem
executar faanhas mais incrveis do que todos os "John King" ingleses e
americanos juntos: Robert-Hodin podia faz-lo, incontestavelmente, mas
isso no evitou que ele, sem rodeios, risse na cara dos acadmicos quando
estes lhe exigiram que declarasse nos jornais que podia fazer uma mesa se
mover, ou faz-la dar respostas a perguntas por meio de pequenas batidas,
sem contato de mos, a menos que a mesa tivesse sido preparada
anteriormente. S o fato de uma clebre prestidigitador de Londres ter
recusado uma aposta de mil libras esterlinas oferecidas pelo Sr. Algernon
Joy para que ele produzisse as mesmas manifestaes obtidas usualmente
atravs de mdiuns - tendo ele estipulado que ficaria solto e livre das
mos de uma comisso -, s este fato desmente o seu expos dos fenmenos
ocultos.
Afirmamos novamente, com toda segurana, que no existe feiticeiro
profissional - do Norte, do Sul ou do Ocidente - que possa rivalizar nem
mesmo em termos de xito aproximado com esses filhos ignorantes e nus do
Oriente. Estes no necessitam de preparativos ou ensaios; mas esto sempre
prontos, feita uma comunicao, a evocar em seu socorro os poderes ocultos
da Natureza, que, tanto para os prestidigitadores quanto para os
cientistas da Europa, so um livro fechado. Na verdade, como diz Eli,
"no so os sbios de muita idade, nem os ancios os que julgam o que
justo".
O desenvolvimento da cincia psicolgica foi retardado mais pelo ridculo
dessa classe de pretensiosos do que pelas dificuldades inerentes a esse
estudo. O riso de mofa dos cientistas iniciados ou dos tolos do modismo
tm contribudo para manter o homem na ignorncia de seus poderes
psquicos soberanos do que as obscuridades, os obstculos e os perigos que
se acumulam sobre o assunto. Isto vlido sobretudo para os fenmenos
espiritistas.
Assim, passo a passo, a Humanidade move-se no crculo restrito do
conhecimento, reparando a cincia constantemente os seus erros e reajustes
no dia seguinte as suas teorias errneas da vspera. Esse foi o caso, no
somente para as questes relativas Psicologia, tais como o Mesmerismo no
seu duplo sentido de fenmeno ao mesmo tempo fsico e espiritual, mas
tambm para as descobertas diretamente relacionadas com as cincias exatas
- e elas tm sido fceis de demonstrar.
Um dos escritos mais hbeis que devemos ao punho do Prof. Tyndall o seu
custico ensaio sobre o "Materialismo cientfico". Consideramos o que ele
tem a dizer sobre o fenmeno da conscincia. Ele cita a seguinte pergunta
feita por Martineau: "Um homem pode (...) dizer 'eu sinto, eu penso, eu
amo'; mas como que a conscincia se imiscuiu no problema?". E logo

responde: "A passagem da parte fsica do crebro aos fatos correspondentes


da conscincia inconcebvel. Dado que um pensamento definido e uma ao
molecular definida ocorrem simultaneamente no crebro, no possumos o
rgo intelectual nem aparentemente nenhum rudimento desse rgo que os
permitiria passar, por um processo de raciocnio, de um a outro. Eles
surgem juntos, mas no sabemos por qu. Se as nossas mentes e os nossos
sentidos fossem muito extensos, fortificados e esclarecidos de maneira que
pudssemos ver e sentir as mnimas molculas do crebro; fssemos ns
capazes de seguir todos os seus movimentos, todos os seus agrupamentos,
todas as suas descargas eltricas, se tais coisas existirem; e
estivssemos ns intimamente familiarizados com os estados correspondentes
do pensamento e do sentimento, ns nos encontraramos ainda mais longe do
que nunca da soluo do problema `Como esto esses processos fsicos
ligados aos fatos da conscincia?'. O abismo entre as duas classes de
fenmenos ainda continua a ser intelectualmente intransponvel".
Esse abismo, to intransponvel para Tyndall quanto o nevoeiro de fogo em
que o cientista se defronta com sua causa desconhecida, uma barreira
apenas para os homens desprovidos de intuies espirituais. O livro
Outlines of Lectures on the Neurological System of Antlopology, do Prof.
Buchanan, obra que remonta a 1.854, contm sugestes que, se os saberetes
as considerassem, mostrariam como se pode construir uma ponte sobre este
abismo apavorante.
Mas o edifcio do materialismo foi todo ele baseado sobre este alicerce
grosseiro - a razo. Quando eles estirarem at os seus limites externos,
os seus mestres podem, quando muito, nos revelar um universo de molculas
animadas por um impulso oculto. Que melhor diagnstico da enfermidade de
nossos cientistas pode ser deduzido da anlise do Prof. Tyndall do estado
mental do clero transmontano por meio de uma ligeira modificao de nomes?
Em vez de "guias espirituais", leia-se "presente materialista"; leia-se
"esprito" em vez de "cincia" e, no pargrafo seguinte, temos o retrato
vvido do moderno homem de cincia desenhado pela mo de um mestre:
"(...) os seus guias espirituais vivem to exclusivamente no passado
pr-cientfico, que mesmo os intelectos verdadeiramente forte entre eles
esto reduzidos atrofia no que diz respeito verdade cientfica. Eles
tm olhos, e no vem; tm ouvidos, e no ouvem; com efeito, os seus olhos
e os seus ouvidos so prisioneiros das vises e dos sons de uma outra era.
Em relao cincia, o crebro dos transmontanos, por falta de exerccio,
virtualmente o crebro infantil no-desenvolvido. assim que so como
crianas em termos de conhecimento cientfico, mas, como detentores
poderosos de uma poder espiritual entre os ignorantes, eles encorajam e
impem prticas tais que o vermelho da vergonha sobre s faces dos mais
inteligentes dentre eles". O ocultista estende esse espelho cincia para
que nele ela se reconhea a si mesma.
Desde que a Histria registrou as primeiras leis estabelecidas pelo homem,
no existiu at agora um nico povo cujo cdigo no faa depender a vida e
a morte dos seus cidados do depoimento de duas ou trs testemunhas dignas
de f. "Sobre o depoimento de duas ou trs testemunhas. morrer aquele que

houver de ser castigado de morte", diz o legislador do povo hebreu. "As


leis que enviam um homem morte pela declarao de uma nica testemunha
so fatais liberdade" - diz Montesquieu. "A razo exige que existam duas
testemunhas."
Assim, o valor da prova testemunhal foi tacitamente reconhecida e aceito
em todos os pases. Mas os cientistas no aceitam a prova baseada no
testemunho de um milho de homens que se pronunciaram contra apenas um.
em vo que centenas de milhares de homens testemunhem fatos. culos habent
et no vident! Eles esto determinados a continuar sendo cegos e surdos.
Trinta anos de demonstrao prtica e o testemunho de alguns milhes de
crentes da Amrica e da Europa certamente merecem, at certo ponto, o
respeito e a ateno.
"A cincia a compreenso da verdade ou dos fatos", diz Wesbster; ela
"uma investigao da verdade por si mesma; a busca do conhecimento puro".
Se a definio est correta, ento a maioria dos nossos modernos eruditos
mostraram-se infiis sua deusa. "A verdade por si mesma!" E onde
procurar, na Natureza, as chaves de cada uma das verdades se no nos
mistrios ainda inexplorados da Psicologia?
A Psicologia no tem inimigos piores do que a escola mdica denominada
alopata. perder tempo lembrar-lhes que, de todas as cincias
supostamente exatas, a Medicina, reconhecidamente, a que menos direitos
tem a esse nome. Embora dentre todos os ramos do conhecimento mdico a
psicologia devesse mais do que qualquer outro ser estudada pelos mdicos,
dado que sem a ajuda desta a sua prtica degenera em meras conjecturas e
intuies fortuitas, eles, a desprezam. A mnima discordncia de suas
doutrinas promulgadas repudiada como uma heresia, e embora um mtodo
curativo impopular e no-reconhecido possa salvar milhares de vidas, eles
parecem, em bloco, dispostos a se agarrar a hiptese e a prescries
tradicionais para condenar o inovador e a inovao at que estes obtenham
o timbre oficial. Milhares de pacientes desafortunados podem morrer
enquanto isso, defendida a honra profissional, o resto de importncia
secundria.
Oriente, a terra do conhecimento
Teoricamente a mais benigna, nenhuma outra escola da Cincia, entretanto,
exibe tantos exemplos de preconceito mesquinho, de materialismo, de
atesmo e de obstinao malvola quanto a Medicina. As predilees e a
tutela dos principais mdicos so raramente medidas pela utilidade de uma
descoberta. A sangria por sanguessugas e por ventosas e a lanceta tiveram
a sua epidemia de popularidade, mas finalmente caram em desgraa
merecida; a gua livremente administrada aos pacientes febris, foi-lhes,
durante muito tempo, negada; os banhos quentes foram suplantados pela gua
fria e, durante um perodo de vrios anos, a hidroterapia se tornou uma
mania. A quina. A quina - que um paladino moderno da autoridade bblica se
esfora seriamente em identificar paradisaca "rvore da Vida", e que
foi trazida Espanha em 1632 - foi desprezada durante muito tempo.
Admite-se desde tempos imemoriais que o distante Oriente era a terra do
conhecimento. Nem mesmo no Egito foram a Botnica e a Mineralogia to

profundamente estudadas quanto pelos sbios da sia Central arcaica.


No entanto, todas as vezes em que se discute o assunto Magia, a ndia
raramente se insinua a algum, pois que a sua prtica geral nesse pas
menos conhecida que a de qualquer outro povo da Antigidade. Entre os
hindus, ela foi e mais esotrica, se possvel, do que foi mesmo para os
prprios sacerdotes egpcios. Era considerada to sagrada que a sua
existncia s era admitida pela metade e era praticada apenas em casos de
emergncia pblicas. Ela era mais do que uma matria religiosa, pois era
considerada divina. Os hierofantes egpcios, apesar da prtica de uma
moralidade rgida e pura, no podiam ser comparados aos ascetas
ginosofistas, nem pela santidade de sua vida nem pelos poderes miraculosos
desenvolvidos neles pela abjurao sobrenatural de coisas terrenas. Todos
os que conheciam bem os tinham em reverncia maior do que aos feiticeiros
da Caldia. "Recusando os confortos mais simples da vida, eles habitavam
em florestas e a levavam a vida dos eremitas mais isolados", ao passo que
os seus irmos egpcios ao menos formavam comunidades. A despeito da
censura feita pela Histria a todos os que praticaram a magia e a
adivinhao, foram eles proclamados possuidores dos maiores segredos do
conhecimento mdico e de habilidade insuperada em sua prtica. Inmeras
so as obras conservadas nos mosteiros hindus em que esto registradas as
provas da sua erudio. Tentar dizer se esses ginosofistas foram os
verdadeiros fundadores da magia na ndia, ou se eles apenas praticavam o
que fora transmitido por herana dos Rishis (os sete sbios primordiais)
seria considerado como uma mera especulao pelos eruditos exatos. "O
cuidado que eles tinham em instruir a juventude, em familiariz-la com os
sentimentos generosos em virtuosos, concedeu-lhes uma honra peculiar, e
suas mximas e os seus discursos, tal como registrados pelos
historiadores, provam que eles eram peritos em assuntos de Filosofia,
Metafsica, Astronomia, Moral e Religio", diz um autor moderno. Eles
preservaram a sua dignidade sob o domnio dos prncipes mais poderosos,
que eles no condescenderam em visitar, ou que eles no perturbaram para
obter deles o mnimo favor. Se estes ltimos desejassem o conselho ou as
preces desses homens santos eram obrigados a ir at eles, ou a lhes enviar
mensageiros. Para esses homens no havia poder secreto das plantas ou dos
minerais que lhes fosse desconhecido. Eles haviam sondado a Natureza at
as suas profundezas, ao passo que a Psicologia e a Fisiologia eram para
eles livros abertos, e o resultado foi aquela cincia ou machagiotia que
agora denominada, desdenhosamente, de Magia.
Enquanto os milagres registrados pela Bblia - dos quais desacreditar
visto como infidelidade - tornaram-se fatos aceitos pelos cristos, as
narrativas de maravilhas e de prodgios no Atharva-Veda - (O QUARTO VEDA)
ora provocam o seu desprezo, ora so vistas como provas de diabolismo. E
entretanto, em mais de um aspeto, e apenas da relutncia de certos
eruditos snscritos, podemos provar a identidade das duas tradies. Alm
disso, como foi provado pelos eruditos que os Vedas antecedem de muitos
sculos a Bblia judaica, fcil inferir que, se um dos dois livros fez
emprstimos ao outro, no so os livros sagrados hindus que devem ser

acusados de plgio.
Emanao do universo objetivo a partir do subjetivo
Em primeiro lugar, a sua cosmogonia prova at que ponto foi errnea a
opinio que prevaleceu nas naes civilizadas de que Brahm foi sempre
considerado pelos hindus como o seu chefe ou seu Deus Supremo. Brahm um
divindade secundria e, como Jeov, "um ser que move as guas". Ele o
deus criador e, nas suas representaes alegricas possui quatro cabeas,
correspondentes aos quatro pontos cardeais. Ele o demiurgo, o arquiteto
do mundo. "No estado primordial da criao", diz Polier, em sua Mythologie
ds Indous, "o universo rudimentar, submerso na gua, repousava no seio
Eterno. Emanado desse caos e dessas trevas. Brahm, o arquiteto do mundo,
repousava sobre uma folha de ltus, flutuava [movia-se?] sobre as guas,
incapaz de nada discernir entre guas e trevas". Isto idntico quanto
possvel cosmogonia egpcia, que mostra, nas suas frases de abertura,
Hathor ou a Me Noite (que representa as trevas incomensurveis) como o
elemento primordial, que recobria o abismo infinito, animado pela gua e
pelo esprito universal do Eterno, que habitava sozinho no caos. Como nas
escrituras judaicas, a histria da criao abre-se com o esprito de Deus
e sua emanao criadora - uma outra divindade. Percebendo um estado de
coisas to lgubre, Brahm, consternado, assim se exprime: "Quem sou?
Donde vim?". Ouve ento uma voz: "Dirige tua voz a Bhagavat - O Eterno,
conhecido tambm como Parabrahman", Brahm, abandonando a sua posio
natatria, senta-se sobre o ltus numa atitude de contemplao e medita
sobre o Eterno, que, satisfeito com essa prova de piedade, dispersa as
trevas primordiais e abre o seu entendimento. "Depois disso, Brahm sai do
ovo universal [o caos infinito] sob a forma de luz, pois e seu
entendimento agora est aberto, e se pe a trabalhar, move-se sobre as
guas eternas, com o esprito de Deus nele; em sua capacidade de ser que
move as guas eternas, com o esprito de Deus nele; em sua capacidade de
ser que move as guas ele Nryana (*)e, por serem elas o primeiro lugar
do movimento (ayana) de Nara, este foi denominado de Nrayana (o que se
move sobre as guas). ( * Na simbologia esotrica, representa a primeira
manifestao do princpio vital, difundindo-se no Espao Infinito. ["As
guas foram chamadas de nrs porque foram produzidas por Nara (o Esprito
Divino, o Esprito nascido de si mesmo)
Para os hindus, o ltus o emblema do poder produtivo da Natureza, pela
ao do fogo e da gua (o esprito e a matria). "Eterno", diz uma estrofe
da Bhagavad-Gt [cap. XI], "eu vejo Brahm, o criador, entronizado em ti
sobre o lgus!" e Sir W. Jones nos diz que as sementes do ltus contm mesmo antes de germinarem - folhas perfeitamente formadas, formas
miniaturas daquilo em que, como plantas perfeitas, elas se transformaro
um dia; ou, como diz o autor de The Hearthen Religion - "a Natureza nos d
assim um espcime da pr-formao das suas produes"; acrescentando que
"a semente de todas as plantas fanergamas que trazem flores propriamente
ditas contm um embrio de plantas j formado".
Para os budistas, ele tem a mesma significao. Mah-My, ou Mah-Devi, a
me de Gautama Buddha, deu luz o seu filho anunciado pelo Boddhisattva

(o esprito de Buddha), que apareceu ao p do seu leito com um ltus em


sua mo. Assim, tambm Osris e Hrus so representados pelos egpcios
constantemente em associao com a flor de ltus.
Todos estes fatos tendem a provar o parentesco comum deste smbolo nos
trs sistemas religiosos - hindu, egpcio e judaico-cristo. Em qualquer
lugar em que o lrio da gua mstica (ltus) seja representado, ele
significa a emanao do objetivo para fora do oculto ou do subjetivo - o
pensamento eterno da Divindade sempre invisvel que passa do abstrato ao
concreto ou forma visvel. Assim, logo que as trevas foram dissipadas e
que "havia luz", o entendimento de Brahm foi aberto, e ele viu no mundo
ideal (at ento eternamente oculto no pensamento Divino) as formas
arquetpicas de todas as coisas infinitas futuras que devem ser chamadas
existncia e, assim tornadas visveis. Nesse primeiro estgio da ao,
Brahm ainda se tornou o arquiteto, o construtor do universo, pois lhe
ser preciso, como um arquiteto, familiarizar-se primeiramente com o plano
e compreender as formas ideais que repousavam no seio do Uno Eterno, tal
como as folhas futuras do ltus esto ocultadas na semente dessa planta. E
nessa idia que devemos procurar a origem e explicao do versculo da
cosmogonia judaica em que se l: "E Deus disse: Produza a terra (...)
rvores frutferas que dem fruto, segundo a sua espcie, e que contenham
a sua semente em si mesma". Em todas as religies primitivas, o "Filho do
Pai" o Deus Criador - isto , Seu pensamento tornado visvel; e antes da
era crist, desde a Trimrti dos hindus at as trades das escrituras
judaicas, segundo a interpretao cabalstica, todas as naes velaram
simbolicamente a trina natureza de sua Divindade suprema. No credo cristo
vemos apenas o enxerto artificial de um ramo novo num tronco velho; e a
adoo pelas Igrejas grega e romana do smbolo do lrio, que o arcanjo
segura no momento da Anunciao, mostra um pensamento que possui
precisamente a mesma significao simblica.
O ltus o produto do fogo (calor) e da gua, da um smbolo dual do
esprito e matria. O Deus Brahm a primeira pessoa da trindade, assim
como Jeov (Ado-Cadmo) e Osris, ou antes Poemandro, ou o Poder do Divino
Pensamento, de Hermes; pois Poemandro quem representa a raiz de todos os
deuses solares egpcios. O Eterno o Esprito de Fogo, que desperta e
frutifica e desenvolve numa forma concreta tudo o que nasce da gua ou da
terra primordial, que evolui de Brahm; mas o universo o prprio Brahm,
e este o universo. Esta a filosofia de Spinoza, extrada por ele da de
Pitgoras; e a mesma pela qual Bruno morreu como mrtir. Este fato
histrico demonstra quanto a Teologia crist se afastou do seu ponto de
partida. Bruno foi massacrado pela exegese de um smbolo que fora adotado
pelos primitivos cristos e interpretado pelos apstolos! O ramo de lrio
do Boddhisattva, e mais tarde de Gabriel, que representa o fogo e a gua,
ou a idia de criao e de gerao, se pe de manifesto no primeiro
sacramento batismal.
As doutrinas de Bruno e de Spinoza so quase idnticas. Bruno, que
reconhece que Pitgoras a fonte de sua informao, e Spinoza, que, sem
com ela concordar to francamente, permite que a sua filosofia traia o

segredo, enceram a Causa primria do mesmo ponto de vista. Para eles, Deus
uma Entidade plenamente per se, um Esprito Infinito, e o nico Ser
inteiramente livre e independente dos efeitos e de outras causas; que, por
essa mesma Vontade que engendrou todas as coisas e deu o primeiro impulso
a toda lei csmica, mantm perpetuamente em existncia e em ordem todas as
coisas do universo. Assim como os svvhvikas hindus - A mais antiga
escola de budismo existente. Seus partidrios atriburam a manifestao do
Universo e os fenmenos da vida ao Svabhva ou natureza respectiva das
coisas -, chamados erroneamente de ateus, que pretendem que todas as
coisas, tanto os homens quanto os deuses e os espritos, tenham nascidos
de Svabhva ou de sua prpria natureza, Spinoza e Bruno foram ambos
levados concluso de que Deus deve ser procurado na Natureza e no fora
dela. Com efeito, sendo a criao proporcional ao poder do Criador, tanto
o Universo quanto o Criador devem ser infinitos e eternos, uma forma que
emana da sua prpria essncia e que, por sua vez, cria uma outra forma
O PROF. DOMNICO BERTI, EM SUA Life of Bruno, e compilada de documentos
originais recentemente publicados, provam, sem que dvida alguma possa
subsistir, quais foram as suas verdadeiras filosofia, crena e doutrinas.
Em comum com os platnicos de Alexandria, e com os cabalistas de poca
mais recente, ele estima que Jesus fosse um mago no sentido atribudo a
essa palavra por Porfrio e por Ccero, que a chama de divina sapincia
(conhecimento divino), e por Flon, o Judeu, que descreveu os magos como
os investigadores mais assombrosos dos mistrios ocultos da Natureza, no
no sentido aviltado dado palavra magia em nosso sculo. Na sua nobre
concepo, os magos eram homens santos que, isolando-se de qualquer outra
preocupao terrestre, contemplaram as virtudes divinas e compreenderam
mais claramente a natureza divina dos deuses e dos espritos; e ento
iniciaram outros nos mesmos mistrios, que consistem numa conservao de
um intercmbio ininterrupto com os seres invisveis durante a vida.

sis Sem Vu - Captulo IV


Captulo IV
Teorias a respeito dos fenmenos psquicos
O Conde de Gasperin um protestante devotado. A sua batalha contra ds
Mousseaux, de Mirville e outros fanticos, que atribuem todos os fenmenos
espiritistas a Sat, foi longa e feroz.
As afirmaes seguintes, relativas aos fenmenos psquicos de que ele
prprio foi testemunha, bem como o Prof. Thury, podem ser encontradas na
volumosa obra de Gasparin.
"Os experimentadores viram freqentemente os ps da mesa colados, por
assim dizer, ao assoalho e, apesar da excitao das pessoas presentes,
recusarem-se a mudar de lugar,. Em outras ocasies, eles viram as mesas
levitarem de uma maneira bastante enrgica. Ouviram, com os seus prprios

ouvidos, algumas batidas fortes e outras muito suaves; as primeiras


ameaavam, por sua violncia, fazer a mesma em pedaos; as outras eram
ligeiras, a ponto de mal serem percebidas. (...) Quanto a LEVITAO SEM
CONTATO, encontramos um meio de produzi-la facilmente com sucesso. (...) E
essas levitaes no so resultados isolados. Ns as produzimos mas de
TRINTA vezes. (...) Um dia a mesa se mover e erguer sucessivamente os
seus ps, mesmo que o seu peso seja acrescentado o de um homem sentado
sobre ela, que pesasse 88 quilos; num outro dia, ela ficar imvel e
imovvel, embora a pessoa colocada sobre ela pese somente 60 quilos. Numa
determinada ocasio, queramos que ela se virasse de pernas para o ar e
ela se virou, com as pernas para cima, embora nossos dedos no a tivessem
tocado sequer uma nica vez.
A partir de 1850, ds Mousseaux e de Miville, catlicos romanos
intransigentes, publicaram vrios volumes cujos ttulos foram habilmente
escolhidos para chamar a ateno pblica. Eles denunciam, da parte dos
seus autores, uma inquietude muito sria que, alm disso, no se preocupam
em ocultar. Se fosse possvel considerar os fenmenos como esprios, a
Igreja de Roma no se esforaria tanto em reprimi-los.
Estando as duas partes de acordo em relao aos fatos, ficando os cpticos
fora do problema, o pblico dividiu-se em dois partidos: os que acreditam
na ao direta do diabo e os que acreditam nos espritos desencarnados e
em outros. A Igreja de Roma nunca foi crdula nem covarde, como o prova
abundantemente o maquiavelismo que caracteriza a sua poltica. Alm disso,
ela nunca se preocupou muito com os incrveis prestidigitadores que ela
sabia serem apenas adeptos da trapaa. Robert-Houdin, Comte, Hamilton e
Bosco puderam dormir seguros nos seus leitos enquanto ela perseguia homens
como Paracelso, Cagliostro e Mesmer, os filsofos hermticos e os msticos
- e fazia cessar efetivamente toda manifestao genuna da natureza oculta
pela morte, da parte dos mdiuns.
Mas o melhor testemunho em favor da realidade dessa fora foi fornecido
pelo prprio Robert-Houdin, o rei dos prestidigitadores, que, tendo como
perito sido chamado pela Academia para ser testemunha dos poderes
maravilhosos de clarividentes e de erros ocasionais de uma mesa, disse:
"Ns, prestidigitadores, jamais cometemos erros e minha segunda viso
jamais me falhou".
"O problema do sobrenatural", diz de Gasparin, "tal como foi apresentado
na Idade Mdia, e tal como se apresenta hoje, no est no conjunto
daqueles de que podemos desdenhar; a sua extenso e a sua grandeza no
escapam a ningum(...) Nele, tudo profundamente srio, tanto o mal
quanto o remdio, a recrudescncia supersticiosas e o fato fsico que deve
finalmente levar vantagem sobre ela."
Entre a multido de livros publicados contra o Espiritismo, proveniente de
fontes catlicas e protestantes, nenhum produziu uma sensao mais
aterradora do que as obras de Mirville e de ds Mousseaus: La magie au XIX
scle; Moeus et pratiques ds dmons; Les hauts phnomnes de la magie;
Les Mdiateur et les moyens de la magie; Pneumatologie. De Esprits et de
leur manifestations diversesfoi um. Elas constituem a biografia mais

enciclopdica do diabo e dos seus diabretes que apareceu para o deleite


secreto dos bons catlicos desde a Idade Mdia.
Negando que a Igreja tivesse algo a ver com seus livros, ds Mousseaux
gratificou a Academia, em acrscimo ao seu Mmoire, com os seguintes
pensamentos interessantes e profundamente filosficos sobre Sat:
" O Diabo coluna fundamental da F. uma das grandes personagem cuja
vida est intimamente ligada Igreja; e sem a sua fala, que saiu to
triunfante da boca da Serpente, o seu mdium, a queda do homem no teria
ocorrido. Assim, se no fosse por ele, o Salvador, o Crucificado, o
Redentor seria apenas um ente ridculo e a Cruz, um insulto ao bom senso!"
Este escritor, lembrai-vos, apenas o eco fiel da Igreja, que anatematiza
ao mesmo tempo aquele que nega Deus e aquele que duvida da existncia
objetiva de Sat.
Esta guerrilha entre os campees do clero e a materialista Academia de
Cincias prova abundantemente quo pouco esta ltima fizera para
desarraigar o fanatismo cego das mentes mesmo das pessoas mais instrudas.
Evidentemente a cincia no venceu, nem sequer refreou a Teologia
Babinet, Rayer e Jobert de Lamballe - todos membros do Instituto distinguiram-se particularmente na sua batalha entre o ceticismo e o
sobrenaturalismo e muito seguramente no colheram louros.
Babinet comeou por aceitar a priori a rotao e os movimentos das mesas,
fato que declarou estar "hors de doute". "Esta rotao", disse ele, "pode
manifestar-se com uma energia considervel, seja por uma velocidade muito
grande, seja por uma forte resistncia quando se deseja que ela se
interrompa."
Agora temos a explicao do eminente cientista: "Suavemente empurrada por
pequenas impulses concordantes das mos colocadas sobre ela, a mesa
comea a oscilar da direita para a esquerda. (...) No momento em que, aps
um intervalo mais ou menos longo, uma trepidao nervosa se estabelece nas
mos e as pequenas impulses individuais de todos os experimentadores se
harmonizam, a mesa se pe em movimento".
Babinet considera isso fcil, pois "todos os movimentos musculares so
determinados nos corpos por alavancas de terceira ordem, para as quais o
ponto de apoio est prximo do ponto em que a fora age. Este, em
conseqncia, comunica uma grande velocidade s partes mveis em busca da
pequena distncia que a fora motriz tem de percorrer. (...) Algumas
pessoas se espantam ao ver uma mesa sujeita ao de muitos indivduos
bem-dispostos e em conjunto, a vencer obstculos poderosos e mesmo a
quebrar as pernas das pequenas aes concordantes. (...) Uma vez mais, a
explicao fsica no oferece dificuldades".
Nessa exposio, dois resultados so claramente mostrados: a realidade dos
fenmenos provada e a explicao cientfica se torna ridcula. Mas
Babinet permite que se ria um pouco s suas custas; ele sabe, em sua
qualidade de astrnomo, que se pode encontrar manchas escuras at no Sol.
O Sr. Crookes, no seu artigo publicado no Quarterly Jorunal of Science a
1 de outubro de 1871, menciona de Gasparin e a sua obra Science versus
Spiritualism. Ele observa que "o autor finalmente chegou concluso de

que todos esses fenmenos devem ser creditados ao de causas naturais e


no exigem a suposio de milagres, nem a interveno de espritos e de
influncias diablicas. [De Gasparin] considera, como um fato plenamente
estabelecido pelos seus experimentos, que a vontade, em certos estados do
organismo, pode agir distncia sobre a matria inerte, e muito da sua
obra consagrada verificao das leis e das condies sob as quais essa
ao se manifesta".
Mas o Sr. Crookes mencionou outro eminente erudito, Thury, de Genebra,
professor de Histria Natural, que foi colaborador de Gasparin nos
fenmenos de Valleyres. Este professor contradiz sem rodeios as asseres
do seu colega. "A condio primeira e mais necessria", diz Gasparin, " a
vontade do experimentador; sem a vontade, nada se obter, podeis formar a
cadeia (o crculo) por 24 horas consecutivas, sem obter o mnimo
movimento."
Isto prova apenas que de Gasparin no faz diferena entre fenmenos
puramente magnticos, produzidos pela vontade perseverante dos assistentes
entre os quais no deve haver um nico mdium, desenvolvido ou
no-desenvolvido, e os chamados psquicos. Ao passo que os primeiros podem
ser produzidos conscientemente por quase todas as pessoas que tenham uma
vontade firme e determinada, os outros dominam o sensitivo muito
freqentemente contra o seu prprio consentimento e sempre agem
independentemente dele. O mesmerizador deseja uma coisa e, se ele for
suficientemente poderoso, essa coisa se produzir. O mdium, mesmo que ele
tenha um propsito honesto a cumprir, pode no conseguir nenhuma
manifestao; quanto menos ele exercita a sua vontade, melhor ser o
fenmeno; quanto mais ele se mostra ansioso, tanto menos provvel que
consiga alguma coisa; mesmerizar requer uma natureza positiva; para ser um
mdium preciso ter uma natureza absolutamente passiva. Este o Alfabeto
do Espiritismo, e nenhum mdium o ignora.
Mas podem os cientistas afirmar que tm em suas mos as chaves dessa lei?
De Gasparin acredita que sim. Vejamos.
"No me arrisco a explicar; no da minha conta [?]. Constatar a
autenticidade de simples fatos e sustentar uma verdade que a cincia
deseja sufocar tudo o que pretendo fazer. Entretanto, no posso resistir
tentao de mostrar queles que nos tratariam como um entre tantos
illuminati ou feiticeiros que a manifestao em questo comporta uma
interpretao que concorda coma as leis comuns da cincia.
Suponhamos um fludo, que emana dos experimentadores, e, sobretudo, de
alguns deles; suponhamos que a vontade determinasse a direo tomada pelo
fludo - e compreendereis facilmente a rotao e a levitao daquela perna
de mesa para a qual foi emitida, com mais ao da vontade, um excesso de
fludo. Suponhamos que um vidro permitisse que o fludo se escapasse - e
compreendereis como um copo colocado sobre a mesa pode interromper a
rotao e que o copo, colocado em um dos lados, causa a acumulao do
fludo no lado oposto, que, em conseqncia, levantado!"
Se cada um dos experimentadores fosse um mesmerizador hbil, a explicao,
minus alguns detalhes importantes, poderia ser aceitvel. Isso basta para

o poder da vontade humana sobre a matria inanimada, de acordo com o


ilustre ministro de Lus Filipe. Mas, e quando inteligncia demonstrada
pela mesa? Que explicao d ele s respostas obtidas pela ao dessa
mesa? Respostas que possivelmente no seriam os "reflexos do crebro" das
pessoas presentes (uma das teorias favoritas de Gasparin), pois que as
idias destas pessoas eram absolutamente o contrario da filosofia muito
liberal professada por essa mesa maravilhosa? Ele se cala a esse respeito.
Tudo, menos espritos - humanos, satnicos ou Elementais.
Assim, a "concentrao simultnea de pensamento" e a "acumulao de
fludo" no so melhores do que a "celebrao inconsciente" e a "fora
psquica" dos outros cientistas. Devemos tentar novamente; e podemos
predizer, de antemo, que as mil e uma teorias da cincia de nada serviro
at que eles confessem que esta fora, longe de ser uma projeo das
vontades acumuladas do crculo, , ao contrrio, uma fora anormal,
estranha a eles e supra-inteligente.
Como nos relata o Sr. Crookes, o Prof. Thury refuta "todas essas
explicaes e acha que os efeitos devidos a uma substncia particular,
fludo ou agente, penetram, de maneira similar ao ter luminfero do
cientista, toda a matria nervosa, orgnica ou inorgnica - que ele
denomina psicode. Discute a fundo as propriedades desse estado ou forma da
matria e prope o termo fora ectnica (...) para o poder exercido quando
a mente age distncia atravs da influncia da psicode".
O Sr. Crookes observa ainda qual a fora ectnica do Professor Thury e a
sua prpria "fora psquica" so evidentemente termos equivalentes.
Ns poderamos, com certeza, demonstra facilmente que as duas foras so
idnticas, alm disso, [] luz astral ou sideral, tal como a definem os
alquimistas e liphas Lvi no seu Dogme et rituel de la haute magie; e
que, com o nome de KSA (Ver inicio captulo V), ou princpio da vida,
esta fora que tudo penetra era conhecida dos ginosofistas, dos mgicos
hindus e dos adeptos de todos os pases h milhares de anos; e que era
conhecida tambm, e ainda hoje usada por eles, dos lamas tibetanos, dos
faquires, dos taumaturgos de todas as nacionalidades e at de muitos dos
"prestidigitadores" hindus.
Em muitos casos de transe, induzidos artificialmente por mesmerizao,
bastante possvel, e at mesmo provvel, que se trate do "esprito" do
paciente que age sob a orientao da vontade do operador. Mas, se o mdium
permanece consciente e se os fenmenos psicofsicos ocorrem de maneira a
indicar uma inteligncia diretora, ento, a menos que no se tratasse de
uma "mgico" e que ele fosse capaz de projetar o seu duplo, a exausto
fsica significa apenas uma prostrao nervosa. A prova de que ele o
instrumento passivo de entidades invisveis que controlam potncias
ocultas parece ser conclusiva.
Assim, vemos que nem Thury, que investigou essas manifestaes com de
Gasparin em 1854, nem o Sr, Crookes, que admitiu a sua autenticidade
inegvel em 1874, chegaram a algo definido. Ambos so qumicos, fsicos e
homens muito cultos. Ambos dedicaram toda a sua ateno a essa questo
enigmtica; e alm desses dois cientistas houve muitos outros que, tendo

chegado mesma concluso, foram tambm incapazes de fornecer ao mundo uma


soluo final. Segue-se que, em vinte anos, nenhum cientista avanou um
passo no desvendamento do mistrio, que continua impassvel e inexpugnvel
como as paredes de um castelo de fadas.
Seria por demais impertinente insinuar que talvez os nossos cientistas
modernos tivessem cado naquilo que os franceses chamam de un cercle
vicieus? Tolhidos pelo peso de seus materialismo e pela insuficincia das
cincias ditas exatas em demonstrar palpavelmente a eles que a existncia
de um universo espiritual, mais povoado e mais habitado ainda do que o
nosso universo visvel - esto eles condenados para sempre se arrastarem
dentro desse crculo, mais por falta de vontade do que por incapacidade de
penetrar no que est para alm desse anel e de explor-lo em sua extenso
e largura? s o preconceito que os impede de um compromisso com os fatos
j bem-estabelecidos e de firmar aliana com especialistas magnetistas e
mesmerizadores como Du Potet e Regazzoni.
"O que, ento, se produz a partir da morte?" pergunta Scrates a Cebes. "A
Vida", foi a resposta. (...) "Pode a alma, dado que imortal, ser algo
mais do que imperecvel?" A "semente no, se desenvolve a menos que seja
consumida em parte", diz o Prof. Le Conte; "o que semeias no se vivifica,
se primeiro no morre", diz So Paulo.
Uma flor desabrocha; depois murcha e fenece. Deixa atrs de si um perfume
que resiste no ar at muito tempo depois de as suas ptalas delicadas se
transformarem em p. Nossos sentidos materiais podem no mais perceb-lo,
mas ele ainda existe. Vibrai uma nota qualquer num instrumento e o som
mais frgil produz um eco eterno. Uma perturbao se produz nas ondas
invisveis do oceano sem praias do espao e a vibrao nunca se extingue.
A sua energia, transporta do mundo de matria para o mundo imaterial,
pendente e racional, a divindade que habita a obra-prima suprema da nossa
natureza, abandonar o seu envoltrio e no mais existir. O princpio de
continuidade que existe mesmo naquilo que se chama de matria inorgnica,
num tomo perdido, seria negado ao esprito, cujos atributos so a
conscincia, a memria, a mente e o AMOR! Realmente, esta idia absurda.
Quanto mais pensamos e quanto mais aprendemos, tanto mais difcil se nos
torna compreendermos o atesmo do cientista. Podemos entender facilmente
que um homem ignorante das leis da Natureza, que no aprendeu nada de
Qumica ou de Fsica, possa ser fatalmente lanado no materialismo por sua
prpria ignorncia, por sua incapacidade de compreender a filosofia das
cincias exatas ou de fazer uma indicao qualquer pela analogia entre o
visvel e o invisvel. Um metafsico nato, um sonhador ignorante, pode
despertar abruptamente e dizer para si mesmo: "Sonhei; no tenho nenhuma
prova palpvel do que imaginei; tudo iluso", etc. Mas para um
cientista, familiarizado com as caractersticas da energia universal,
sustentar a opinio de que a vida apenas um fenmeno de matria, uma
espcie de energia, confessar simplesmente a sua incapacidade de
analisar e de compreender apropriadamente o alfa e o mega mesmo daquela matria.
O ceticismo sincero em relao imortalidade da alma do homem uma

doena, uma m-formao do crebro fsico, que tem existido em todas as


pocas. Da mesma maneira que existem crianas que nascem com uma coifa em
suas cabeas, assim tambm h homens incapazes de, at a sua ltima hora,
livrar-se desta espcie de coifa que, evidentemente, recobre os seus
rgos de espiritualidade. Mas um sentimento bastante diferente o que os
faz rejeitar a possibilidade de fenmenos espirituais e mgicos. O
verdadeiro nome desse sentimento - vaidade. "Ns no podemos produzi-los
nem explic-los; portanto, eles no existem e, alm disso, nunca
existiram." Este o argumento irrefutvel dos nosso filsofos atuais. H
cerca de trinta anos. E. Salverte surpreendeu o mundo dos "crdulos" com a
sua obra, The Philosophy of Magic. O livro pretende desvendar todos os
milagres da Bblia e os dos santurios pagos. Seu rsum: longos sculos
de observao; um grande conhecimento (para aqueles dias de ignorncia)
das cincias naturais e da Filosofia; impostura; trapaa; iluses de
tica; fantasmagoria; exagero. Concluso final e lgica: taumaturgos,
profetas, mgicos, velhacos e desonestos; o resto do mundo, loucos.
Dentre muitas outras provas conclusivas, o leitor pode v-lo oferecendo a
seguinte: "Os discpulos entusisticos de Jmblico afirmavam, a despeito
das asseres contrrias do seu Mestre, que, quando orava, ele era elevado
a uma altura de dez cvados do solo; e, iludidos pela mesma metfora,
embora cristos, tiveram a simplicidade de atribuir um milagre similar a
Santa Clara e a So Francisco de Assis".
Centenas de viajantes contam terem visto faquires a produzir os mesmos
fenmenos e os tomaram a todos por mentirosos ou alucinados. Mas faz pouco
tempo que o mesmo fenmeno foi testemunhado e referendado por um cientista
muito conhecido; foi produzido sob condies de teste; declarado pelo Sr.
Crookes como sendo autntico e estar alm da possibilidade de uma iluso
ou truque.
Por que deveria parecer to impossvel que o esprito, uma vez separado do
seu corpo, possa ter o poder de animar uma forma evanescente, criada por
essa forma mgica "psquica", "ectnica" ou "etrea" com a ajuda das
entidades elementares que lhe fornecem a matria sublimada de seus
prprios corpos? A nica dificuldade consiste em compreender o fato de que
o espao circundante no um vcuo, mas um reservatrio, cheio at a
borda, de modelos de todas as coisas que foram, que so e que sero; e de
seres de raas incontveis, diferentes da nossa. Aparentemente, fatos
sobrenaturais - sobrenatural no sentido de que contradizem flagrantemente
as leis naturais demonstradas da gravitao, como nos casos acima
mencionados de levitao - so reconhecidos por muitos cientistas. Quem
quer que tenha ousado investigar com mincia, viu-se compelido a admitir a
sua existncia; s nos seus esforos inteis de explicar dos fenmenos
segundo teorias baseadas nas leis j conhecidas de tais foras, alguns dos
mais altos representantes da Cincia envolveram-se com dificuldades
inextricveis!
No seu Rsum, de Mirville reproduz a argumentao desses adversrios do
Espiritismo por meio de cinco paradoxos, que ele chama confuses.
Primeira confuso: a de Faraday, que explica o fenmeno da mesa pela que

vos empurra, "em conseqncia da resistncia que a empurra para trs".


Segunda confuso: a de Babinet, ao explicar todas as comunicaes (por
batidas) que so produzidas, como ele diz - "de boa f e em perfeita
conseqncia, correta em toda maneira e em todo o sentido -, por
ventriloquia", cujo uso implica necessariamente - m f.
Terceira confuso: a do Dr. Chevreul, ao explicar a faculdade de o mvel
se movimentar sem contato pela aquisio preliminar dessa faculdade.
Quarta confuso: a do Instituto da Frana e dos membros, que consentem em
aceitar os milagres com a condio de que no contradigam de maneira
alguma as leis naturais com que eles esto familiarizados.
Quinta confuso: a de Gasparin, ao apresentar como fenmeno muito simples
e absolutamente elementar aquilo que todo o mundo rejeita, exatamente
porque ningum viu algo que se assemelhasse a ele.
No a primeira vez na histria do mundo que o mundo invisvel tem de
lutar contra o ceticismo materialista dos saduceus cegos de alma. Plato
deplora tal incredulidade e se refere a essa tendncia perniciosa mais de
uma vez em suas obras.
Desde Kapila - o filsofo hindu que muitos sculos antes de Cristo,
duvidava j de que os iogues em xtase pudessem ver a Deus face a face e
conversar com os seres "mais elevados" - at os voltairianos do sculo
XVIII, que riram de tudo o que fosse considerado sagrado por outras
pessoas, cada poca teve os seus Toms descrentes. Chegaram eles alguma
vez a impedir o progresso da Verdade? No mais do que os beatos ignorantes
que julgaram Galileu impediram o progresso da rotao da Terra. Nenhuma
revelao capaz de afetar virtualmente a estabilidade ou a instabilidade
de uma crena que a Humanidade herdou das primeiras raas de homens,
aqueles que - se podemos acreditar na evoluo do homem espiritual tanto
quanto na do homem fsico - receberam a grande verdade dos lbios de seus
ancestrais, os deuses dos seus pais, "que estavam no outro lado da
inundao". A identidade entre a Bblia e as lendas dos livros sagrados
hindus e as cosmogonias de outras naes deve ser demonstrada qualquer
dia. Das fbulas das pocas mitopoticas dir-se- que elas transformaram
em alegoria as maiores verdades da Geologia e da Antropologia. A essas
fbulas de to ridcula expresso ter de recorrer a Cincia para
encontrar "os elos perdidos".
De outra maneira, de onde provinham essa "coincidncias" estranhas nas
respectivas histrias de naes e povos to distantes entre si? De onde
essa identidades de concepes primitivas que, chamadas agora fbulas e
lendas, contm em si, entretanto, o germe dos fatos histricos, de uma
verdade amplamente com as cascas dos embelezamentos populares, mas ainda
assim a Verdade? Comparai apenas estes versculos do Gnese VI, 1-4: "Como
os homens tivessem comeado a multiplicar-se, e tivessem gerado suas
filhas; vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosos,
tomaram por mulheres as que de entre elas escolheram. (...) Ora, naquele
tempo havia gigantes sobre a Terra", etc. - com esta parte da cosmogonia
hindu, nos Vedas, que fala da origem dos brmanes. O primeiro brmane
lamenta estar sozinho entre todos os seus irmos sem esposa. A despeito de

o Eterno aconselh-lo a devotar os seus dias apenas ao estudo do


Conhecimento Sagrado (Veda), o primognito da Humanidade insiste. Irritado
com tal ingratido, o Eterno deu ao brmane uma esposa da raa dos
daityas, ou gigantes, de que todos os brmanes descendem em linha materna.
Assim, todo o sacerdcio hindu descende, por um lado, dos espritos
superiores (os filhos de Deus) e de daitey, uma filha dos gigantes
terrestres, os homens primitivos. E elas pariram filhos para eles; os
filhos tornaram-se homens poderosos que na velhice foram homens de
renome."
A mesma indicao encontra-se no fragmento cosmognico escandinavo. No
Edda ocorre a descrio, feita a Gangler por Har, um dos trs informantes
(Har, Jafnhar e Thridi), do primeiro homem, chamado Buri, "o pai de Bor,
que tomou por esposa Beila, uma filha do gigante Bolthorn, da raa dos
gigantes primitivos". A narrao completa e muito interessante encontra-se
no Prose Edda, sees 4-8, das Northen Antiquities de Mallet.
O mesmo fundamento tem as fbulas gregas sobre os Tits e pode ser
encontrado na lenda dos mexicanos - as quatros raas sucessivas do
Popol-Vuh. Ele se constitui numa das muitas concluses encontrveis no
novelo emaranhado e aparentemente inextricvel da Humanidade considerada
como fenmeno psicolgico. A crena no sobrenaturalismo seria inexplicvel
de outra maneira. Dizer que ela nasceu, cresceu e se desenvolveu atravs
das incontveis eras, sem causa ou pelo menos sem uma base firme ou slida
sobre a qual repousar, mas apenas com uma fantasia oca, seria consider-la
um absurdo to grande quanto a doutrina teolgica segundo a qual o mundo
foi criado a partir do nada.
No foram fatos que faltaram Psicologia, desde muito tempo, para que ela
tornasse as suas leis misteriosas mais bem-compreendidas e aplicadas s
ocorrncias tanto ordinrias quanto extraordinrias da vida. Ela os teve
em abundncia. O que eles exigem registro e classificao - observadores
treinados e analistas competentes. O corpo cientfico deveria fornecer
tais homens. Se o erro prevaleceu e a superstio correu desenfreada
durante estes sculos por toda a cristandade, essa a infelicidade das
pessoas comuns, a repreenso da Cincia. Geraes nasceram e
desapareceram, cada uma delas fornecendo a sua quota de mrtires para a
conscincia e para a coragem moral, e a Psicologia pouco mais
bem-compreendida em nossos dias do que quando a mo pesada do Vaticano
arremessou aqueles bravos desafortunados a um fim intempestivo e ferreteou
a sua memria com o estigma de heresia e feitiaria.

sis Sem Vu - Captulo V


Captulo V
O ter ou "luz astral"
Definio de TER - (conforme o livro Glossrio Teosfico)

ter ou Ether
Os estudantes so muito propensos a confundir o ter com o Akza e com a
Luz Astral. O ter um agente material, embora nenhum aparelho fsico o
tenha, at agora, descoberto, o Aksa um agente distintamente
espiritual, idntico em certo sentido a Anima Mundi, e a Luz Astral
apenas o stimo e mais elevado princpio da atmosfera terrestre, to
impossvel de descobrir como o Aksa Csmica e o verdadeiro ter, por ser
algo que se encontra completamente em outro plano. O stimo princpio da
atmosfera terrestre, ou seja a Luz Astral, apenas o segundo da escala
csmica. A Escala de Foras, Princpios, e Planos csmicos, de Emanaes
(no plano metafsico) e Evolues (no fsico), a Serpente Csmica que
morde sua prpria cauda, a Serpente que reflete a Serpente superior e que
refletida, por sua vez, pela inferior. O Caduceu explica este mistrio e
o qudruplo dodecaedro sobre cujo modelo, diz Plato, o Universo foi
construdo pelo Logos manifestado - sintetizado pelo Primeiro-Nascido
no-manifestado -, d geometricamente, a chave da Cosmogonia e seu reflexo
microcsmico, ou seja, a nossa Terra. [O ter, verdadeiro Proteu
hipottico, uma das "fices representativas" da cincia moderna, um dos
princpios inferiores do que chamamos "Substncia Primordial" (Akza em
snscrito), um dos sonhos da Antiguidade e que agora tornou a ser o sonho
da cincia de nossos dias. Segundo o Dicionrio de Webster, o ter " um
meio hipottico de grande elasticidade e extrema sutileza, que se supe
preencha todo o espao, sem executar o interior dos corpos slidos, e seja
o meio de transmisso da luz e do calor". Para os ocultistas, contudo,
tanto o ter como a Substncia Primordial no so coisas hipotticas, mas
verdadeiras realidades. Acredita-se geralmente que o Akza, da mesma forma
que a Luz Astral dos cabalistas, so o ter, confundindo-se este com o
ter hipottico da cincia. Grave erro. O Akza a sntese do ter, o
ter Superior. O ter o "revestimento" ou um dos aspectos do Akza;
sua forma ou seu corpo mais grosseiro; ocupa toda a vacuidade do Espao
(ou melhor, todo o contedo do Espao) e sua propriedade o som (a
Palavra). o quinto dos sete Princpios ou Elementos csmicos, que por
sua vez tem sete estados, aspectos ou princpios. Este elemento
semimaterial ser visvel no ar no final da quarta Ronda e se manifestar
plenamente na quinta. E ter, como o Akza, tem por origem o Elemento
nico. O ter dos fsicos, o ter inferior, apenas uma de suas
subdivises em nosso plano, a Luz Astral dos cabalistas, com todos os seus
efeitos, tanto bons quanto maus. O ter positivo, fenomenal, sempre ativo,
uma fora-substncia , enquanto o onipresente e onipenetrante ther o
nmero do primeiro, ou seja o Akza. (Glossrio Teosfico).
A fora primordial e suas correlaes
Tem havido uma infinita confuso de nomes para expressar uma nica e mesma
coisa.
O caos dos antigos; o sagrado fogo zoroastrino, ou o tas-Behrm dos
prsis o fogo de Hermes; o fogo de Elmes dos antigos alemes; o relmpago
de Cibele; a tocha ardente de Apolo; a chama sobre o altar de Pan; o fogo
inextinguvel do tempo de Acrpolis, e do de Vesta; a chama gnea do elmo

de Pluto; as chispas brilhantes sobre os capacetes dos Discuros, sobre a


cabea de Grgona, o elmo de Palas, e o caduceu de Mercrio; o Ptah
egpcio, ou R; o Zeus Kataibates (o que desce); as lnguas de fogo
pentecostais; a sara ardente de Moiss; a coluna de fogo do xodo, e a
"lmpada ardente" de Abro; o fogo eterno do "poo sem fundo"; os vapores
do orculo de Delfos; a luz sideral dos Rosa-cruzes; o KSA dos adeptos
hindus; a luz astral de liphas Lvi; a aura nervosa e o fludo dos
magnetizadores; o od de Reichenbach; o globo gneo, ou o gato meteoro de
Babinet; o Psicode e a fora ectnica de Thuri; a fora psquica de
Sergeant E.W. Cox e do Sr. Crookes; o magnetismo atmosfrico de alguns
naturalistas; galvanismo; e, finalmente, eletricidade, so apenas nomes
diversos para inmeras manifestaes diferentes, ou efeitos da mesma
misteriosa causa que a tudo penetra - o grego Archaeus.
Sir E. Bulwer-Lytton, em seu coming Race [cap. VII], descreve-a como o
VRIL; utilizada pelas populaes subterrneas, e permitiu aos seus
leitores entend-la como fico. "Esse povo", diz ele, "considerava que no
vril eles chegaram unidade dos agentes naturais da energia"; e prossegue
para mostrar que Faraday os designou "sob o nome mais cauteloso de
correlao", pois:
"Sustentei durante muito tempo a opinio, quase a convico, partilhada,
acredito, por muitos outros amantes do conhecimento da Natureza, de que as
vrias formas sob as quais as foras da matria se manifestam TM UMA
ORIGEM COMUM; ou, em outras palavras, tm uma correlao to direta,
dependem to naturalmente uma das outras, que so intercambiveis e
possuem, em sua ao, poderes equivalentes".
Absurda e acientfica como possa parecer a nossa comparao do vril
inventado pelo grande romancista, e da fora primordial do igualmente
grande empirista, com a luz astral cabalstica, ela , no obstante, a
verdadeira definio dessa fora. Desde que comeamos a escrever esta
parte de nosso livro, numerosos jornais tm anunciado a suposta descoberta
pelo Sr. Edson, o eletricista de Newark, Nova Jersey, de uma fora, a qual
parece ser pouco em comum com a eletricidade, ou o galvanismo, exceto o
princpio da condutividade. Se demonstrada, ela permanecer por longo
tempo sob alguns nomes cientficos pseudnimos; mas, no obstante, ela
ser apenas das numerosas famlias de crianas paridas, desde o comeo dos
tempos, por nossa me cabalstica, a Virgem Astral. De fato, o descobridor
diz que "ela to diferente e tem regras to regulares quanto o calor, o
magnetismo ou a eletricidade". O jornal que contm o primeiro relato da
descoberta acrescenta que "o Sr. dison pensa que ela existe em conexo
com o calor, e que ela pode ser gerada por meios independentes mas ainda
ignorados".
A possibilidade de suprimir a distncia entre as vozes humanas por meio do
telefone (falar a distncia), um instrumento inventado pelo Prof. A. Grahm
Bell - outra das mais recentes e surpreendentes descobertas.
Em relao a essas descobertas podemos, talvez, lembrar utilmente aos
nosso leitores as numerosas aluses que se podem encontrar nas antigas
histrias a respeito de certo segredo detido pelo clero egpcio, que podia

comunicar-se instantaneamente, durante a celebrao dos mistrios, de um


templo a outro, mesmo se o primeiro estivesse em Tebas e o segundo em
outra extremidade do pas; as lendas atribuem-no, naturalmente, s "tribos
invisveis" do ar, que levam mensagens aos mortais. O autor de Pre-Adamite
Man cita uma passagem que, dada simplesmente por sua prpria autoridade, e
ele parece no saber ao certo se a histria provm de Macrino ou de
qualquer outro escritor, deve ser tomada pelo que vale. Ele encontrou boas
evidncias, segundo diz, durante sua estada no Egito, de que "uma das
Clepatras [?] enviou notcias por um fio a toda as cidades, de Helipolis a
Elefantina, no Alto Nilo".
O ter universal e a natureza da substncia primordial
Aqueles que no prestaram ateno ao assunto podem surpreender-se ao ver
quanto j se sabia, nos tempos antigos, a respeito do princpio sutil que
a tudo penetra e que foi recentemente batizado de TER UNIVERSAL.
Antes de prosseguir, desejamos uma vez mais enumerar em duas proposies
categricas o que foi sugerido at aqui. Esta proposies eram leis
demonstradas para os antigos teurgistas.
1. Os chamados milagres, a comear de Moiss e finalizando em Cagliostro,
quando genunos, estavam, como de Gasparin insinua muito corretamente em
sua obra sobre os fenmenos, "perfeitamente de acordo com a lei natural";
portanto - nada de milagres. Eletricidade e magnetismo foram
inquestionavelmente utilizados na produo de alguns prodgios, mas agora,
como ento, eles eram requisitados por todos os sensitivos que se servem
inconscientemente desses poderes pela natureza peculiar de sua
organizao, a qual funciona como um condutor para alguns desses fluidos
imponderveis, ainda to ignorados pelos fsicos modernos.
2. Os fenmenos de magia natural testemunhados em Sio, ndia, Egito e
outros pases orientais no tm qualquer relao com a prestidigitao;
aquela um efeito fsico absoluto, devido ao das foras naturais
ocultas, esta um resultado ilusrio obtido por hbeis manipulaes
suplementares por comparsas.
Os taumaturgos de todos os perodos, escolas e pases operavam suas
maravilhas porque estavam perfeitamente familiarizados com as
imponderveis - em seus efeitos - mas outro lado perfeitamente tangveis
ondas da luz astral. Eles controlavam as correntes guiando-as com a sua
fora de vontade. As maravilhas eram de carter fsico e psicolgico; as
primeiras enfeixavam os efeitos produzidos sobre objetos materiais; as
ltimas, os fenmenos mentais de Mesmer e seus sucessores. O Mesmerismo
o ramo mais importante da Magia; e seus fenmenos so os efeitos do agente
universal que sustenta toda a magia e que produziu em todos os tempos os
chamados milagres.
Os antigos chamaram-no Caos; Plato e os pitagricos designaram-no como a
Alma do Mundo. De acordo com os hindus, a Divindade em forma de ter
invade todas as coisas. o fludo invisvel, mas, como dissemos antes,
tangvel. Entre outros nomes, Proteu universal - ou "o nebuloso
Onipotente", como o chama sarcasticamente De Mirville - foi designado
pelos teurgistas como "o fogo vivo", o "Esprito de Luz", e Magns. Este

ltimo nome indica as suas propriedades magnticas e revela sua natureza


mgica. Pois, como acertadamente disse um de seus inimigos - yos e
yvns so dois ramos que crescem do mesmo tronco, e que produzem os
mesmos resultados.
Magnetismo uma palavra cuja origem cumpre remontar a uma poca
incrivelmente antiga. A pedra chamada magnete derivaria seu nome, como
muitos acreditam, de Magnsia, uma cidade ou distrito da Tesslia, onde
essas pedras eram encontradas em abundncia. Acreditamos, contudo, que a
opinio dos hermetistas correta. A palavra magh, magus, deriva do
snscrito mahat, o grande ou o sbio (o ungido pela sabedoria divina).
"Eumolpo o fundador mtico dos eumolpidae (sacerdotes); os sacerdotes
remontavam sua prpria sabedoria Inteligncia Divina". As vrias
cosmogonias mostravam que a Alma Universal era considerada por todas as
naes como a "mente" do Criador Demiurgo, a Sophia dos gnsticos, ou o
Esprito Santo como um princpio feminino. Como os magi derivaram seu nome
da, a pedra magntica, ou im, foi assim chamada em sua honra, pois eles
foram os primeiros a descobrir as suas maravilhosas propriedades. Seus
templos espalhavam-se pelo pas em todas as direes, e entre eles havia
alguns templos de Hrcules - da a pedra, quando se divulgou que os
sacerdotes a utilizavam para seus propsitos curativos e mgicos, ter
recebido o nome de pedra magntica ou herclea. Scrates, falando a seu
respeito, assinala: "Eurpedes chama-a pedra magntica, mas o povo comum,
pedra herclea." A terra e a pedra que foram designadas de acordo com os
magi, no os magi de acordo com ambos. Plnio informa-nos que o anel
nupcial dos romanos era magnetizado pelos sacerdotes antes da cerimnia.
Os antigos historiadores pagos mantiveram cuidadosamente o silncio sobre
certos mistrios do "sbio" (magi), e Pausnias foi advertido por um
sonho, diz ele, a no revelar os ritos sagrados do tempo de Demter e
Persfone em Atenas.
A cincia moderna, depois de ter inutilmente negado o magnetismo animal,
viu-se obrigada a aceit-lo como um fato. Hoje ele uma propriedade
reconhecida da organizao humana ou animal; quanto sua influencia
oculta, psicolgica, as Academias lutam contra ela, em nosso sculo, mais
ferozmente do que nunca. Isto mais lamentvel do que surpreendente, pois
os representantes da "cincia exata" so incapazes de nos explicar, ou
mesmo de nos oferecer algo como um hiptese razovel para a inegvel
potncia misteriosa contida num simples im. Comeamos a ter diariamente
provas de que esta potncias sustentam os mistrios tergicos e, portanto,
poderiam talvez explicar as faculdades ocultas que os antigos e os
modernos teurgistas possuam como um de seus mais extraordinrios efeitos.
Tais foram os dons transmitidos por Jesus a alguns de seus discpulos. No
momento de suas curas miraculosas, o Nazareno sentia que um poder saa de
si. Scrates, em seu dilogo com Theages, falando-lhe de seu deus familiar
(demnio), e de seu poder de comunicar a sua (de Scrates) sabedoria aos
discpulos ou de impedi-lo de reparti-la com as pessoas com quem se
associava, aduz a seguinte passagem em corroborao s suas palavras: "Eu
te contarei, Scrates", diz Aristides, "uma coisa incrvel, mas, pelos

deuses, uma verdade. Beneficiei-me quando me associei a ti, mesmo se eu


apenas estava na mesma casa, embora no na mesma sala; porm mais ainda,
quando eu estava na mesma sala (...) e muito mais quando eu te olhava
(...). Mas eu me beneficiei muito mais quando eu me sentava prximo de ti
e te tocava".
Tal o Magnetismo e o Mesmerismo moderno de Du Potet e outros mestres,
que, quando submetem uma pessoa sua influncia fludica, podem
comunicar-lhe todos os seus pensamentos, ainda que distncia, e com um
poder irresistvel forar seus pacientes a obedecerem suas ordens mentais.
Mas como essa fora psquica era mais bem conhecida entre os antigos
filsofos! Podemos vislumbrar alguma informao sobre esse assunto desde
as mais antigas fontes. Pitgoras ensinava a seus discpulos que Deus a
mente Universal difundida atravs de todas as coisas, e que esta mente,
apenas pela virtude de sua identidade universal, poderia comunicar-se de
um objeto a outro e criar as coisas apenas pela fora de vontade do homem.
Para os antigos gregos, Kurios era a Mente de Deus (Nous). "Ora, Koros
[Kurios] significa a natureza pura e imaculada do intelecto - a
sabedoria", diz Plato. Kurios Mercrio, a Sabedoria Divina, e "Mercrio
o Sol", do qual Thor-Hermes recebeu esta sabedoria divina, a qual, por
sua vez, ele comunicou ao mundo em seus livros. Hrcules tambm o Sol o celeiro celestial do magnetismo universal: ou antes, Hrcules a luz
magntica que, tendo feito seu caminho atravs do "olho aberto do cu",
penetra as regies do nosso planeta e assim se torna o Criador. Hrcules
executa os doze trabalhos, valente Tit! Chamam-no "Pai de Tudo" e
"autonascido" (autophus). Hrcules, o Sol, morto pelo Demnio. Tfon
como Osris, que o pai e o irmo de Hrus, e ao mesmo tempo idntico a
ele; e no devemos esquecer que o im chamava-se o "osso de Hrus", e o
ferro, o "osso de Tfon". Chamam-no "Hrcules Invictus apenas quando ele
desce ao Hades (o jardim subterrneo), e, colhendo as "mas douradas" da
"rvore da vida", mata o drago. O poder titnico bruto, o "revestimento"
de todo deus solar, opes a fora da matria cega ao esprito divino, que
tenta harmonizar todas as coisas da Natureza.
O sol oculto
Todos os deuses solares, com seu smbolo, o Sol Visvel, so os criadores
da natureza fsica, apenas. A espiritual obra do Deus Superior - o SOL
Oculto, Central e Espiritual, e de seu Demiurgo - a Mente Divina de
Plato, e a Sabedoria Divina de Hermes Trimegistro - a sabedoria emanada
de Olam ou Cronos.
"Aps a distribuio do fogo puro, nos mistrios samotrcios, uma nova
vida comeava". Era esse o "novo nascimento" a que alude Jesus em seu
dilogo noturno com Nicodemos. "Iniciados nos mais sagrados de todos os
mistrios, purificando-nos (...) tornamo-nos justo e santos com
sabedoria." "Soprou sobre eles e lhes disse: 'Recebi o Santo Pneuma'
(Alento; vento; ar, alma, esprito; voz; a sntese dos sete sentidos.) E
este simples ato de fora de vontade era suficiente para comunicar o dom
da profecia em sua forma mais nobre e mais perfeita se o instrutor e o
iniciado fossem dignos dele. Ridicularizar este dom, mesmo em seu atual

aspeto, "como a oferenda corrupta e os restos prolongados de uma antiga


poca de superstio, e apressadamente conden-lo como indigno de uma
sbria investigao, seria to errado quanto poucos filosfico", assinala
o Rev. J.B. Gross. "Remover o vu que oculta nossa viso do futuro, sempre
se tentou em todas as idades do mundo; e da a propenso para investigar
os arcanos do tempo, considerada como uma faculdades da mente humana, vir
recomendada at ns sob a sano de Deus. (...) Zunglio, o reformado
suo, atribua compreenso de sua f na providncia de um Ser Supremo
doutrina cosmopolita de que o Esprito Santo no foi inteiramente excludo
da parte mais digna do mundo pago. Admitindo que isso seja verdade, no
podemos conceber facilmente uma razo vlida para que um pago, uma vez
favorecido, no fosse capaz da verdadeira profecia."
A substncia primordial que tudo contm
Pois bem, o que essa substncia mstica, primordial? No livro Gnese, no
comeo do primeiro captulo, ela designada como a "face das guas",
sobre a qual, se fiz, flutuava o "Esprito de Deus". J menciona, no cap.
XXVI, 5, que "a alma dos mortos tremem debaixo das guas com seus
habitantes". No texto original, em lugar de "almas mortas", est escrito
Rephaim (gigantes, ou homens primitivos poderosos) mortos, de cuja
"Evoluo" se poder um dia traar a nossa presente raa. Na mitologia
egpcia, Kneph, o Deus Eterno no-revelado, representado por um emblema
serpentino da eternidade que circunda uma urna aqutica, com sua cabea
que plana sobre as guas, que ele incuba com o seu hbito. Neste caso, a
serpente o Agathodaemn, o esprito bom; em seu carter oposto
Kakodaimn - o esprito mau. No Eddas escandinavo, o man - o alimento dos
deuses e das ativas e criativas Yggdrasill (abelhas) - corre durante as
horas da noite, quando a atmosfera est impregnada de umidade; e nas
mitologias do Norte, como o princpio passivo da criao, ela simboliza a
criao do universo a partir da gua; este man a luz astral em uma de
suas combinaes e possui propriedades tanto criativas como destrutivas.
Na lenda caldaica de Berosus, Oannes ou Dagon, o homem-peixe, ao instruir
o povo, mostra o mundo incipiente criado das guas e todos os seres que se
originaram dessa prima matria. Moiss ensina que apenas a terra e a gua
podem produzir uma alma viva; e lemos nas Escrituras que as ervas no
podiam crescer antes que o Eterno fizesse chover sobre a Terra. No
Popol-Vuh quchua, o homem criado do mud, argila (terra glaise),
retirado de sob as guas. Brahm cria Lomasa, o grande muni (ou primeiro
homem), sentado sobre ltus, apenas depois de ter chamado vida os
espritos, que esto gozando entre os mortais de uma prioridade de
existncia, e ele o cria da gua, do ar e da terra. Os alquimistas afirmam
que a Terra primordial ou pr-admica, quando reduzida sua substncia
primeira, em seu segundo estgio de transformao como a gua lmpida,
sendo o primeiro degrau o alkahest propriamente dito. Afirma-se que esta
substncia primordial contm em si a essncia de tudo o que contribui para
a formao do homem; ela tem no apenas todos os elementos de seu ser
fsico, mas tambm o prprio "sopro de vida" num estado latente, pronto
para ser despertado. Isto ela recebe da "incubao" do Esprito de Deus

sobre a face das guas - o caos; de fato, esta substncia o prprio


caos. Paracelso afirmou ser capaz de com ela criar os seus homunculi; e
eis por que Tales, o grande filsofo natural, sustentava que a gua era o
princpio de todas as coisas da Natureza. O que esse caos primordial
seno o ter. O moderno ter; no tal como conhecido por nossos
cientistas, mas tal como era conhecido pelos antigos filsofos, muito
tempo antes de Moiss; ter, como todas as suas propriedades misteriosas e
ocultas, que contm em si os germes da criao universal; ter, a virgem
celeste, a me espiritual de toda forma e ser existentes, de cujo seio,
assim que so "incubadas" pelo Esprito Divino, nascem a matria e a vida,
a fora e a ao. Eletricidade, magnetismo, calor, luz e ao qumica so
to pouco conhecidos, mesmo agora que fatos recentes esto constantemente
alargando o crculo de nosso conhecimento! Quem sabe onde termina o poder
desse gigante protico - ter; ou onde est a sua misteriosa origem? Quem,
queremos saber, nega o esprito que age nele e dele extrai todas as formas
visveis?
uma tarefa fcil mostrar que as lendas cosmognicas espalhadas por todo
o mundo baseiam-se nos conhecimentos que os antigos possuam a respeito
das cincias que hoje se aliaram para apoiar a doutrina da evoluo; e que
pesquisas posteriores podero demonstrar que eles estavam mais
familiarizados com o fato da prpria evoluo, nos seus dois aspectos,
fsico e espiritual, do que ns hoje. Para os filsofos antigos, a
evoluo era um teorema universal, uma doutrina que abrangia o todo, e um
princpio estabelecido; enquanto os nossos modernos evolucionistas so
capazes de apresentar apenas teorias especulativas; teoremas particulares,
seno totalmente negativos.
A uniformidade da alegoria da gua e do esprito
Um fato, pelo menos, est provado: no existe um nico fragmento
cosmognico, pertena nao que for, que no sustente por sua alegoria
universal da gua e do esprito que plana sobre ela, do mesmo modo que os
nossos fsicos modernos que o universo se originou do nada; pois todas as
suas lendas comeam com aquele perodo em que os vapores nascentes e a
obscuridade cimeriana planavam sobre a massa fluida preste a comear a sua
jornada de atividade ao primeiro sopor DELE, que o PRINCPIO NO
REVELADO. Elas O sentem, se no O vem. Suas intuies espirituais ainda
estavam to obscurecidas por sutis sofismas dos sculos precedentes como o
est o nosso prprio agora. Se elas falavam menos da poca siluriana que
se desenvolveu lentamente no mamaliano, e se o tempo cenozico foi
lembrado apenas pelas vrias alegorias do homem primitivo - o Ado de
nossa raa -, isso apenas uma prova negativa de que esses "sbios" e
mestres no conheciam to bem quanto ns esses perodos sucessivos. Nos
dias de Demcrito e Aristteles o ciclo j tinha comeado a entrar em seu
caminho descendente de progresso. E se esses dois filsofos pudessem
discutir to bem a teoria atmica e remontar o tomo ao ponto material ou
fsico, seus ancestrais devem ter ido mais longe.

No apenas dos livros mosaicos que pretendemos retirar as provas para os


nossos argumentos ulteriores. Os antigos judeus tiraram todo o seu
conhecimento - tanto religiosos quanto profano - das naes com as quais
se tinham mesclado nos perodos mais remotos. Mesmo a mais antiga de todas
as cincias, a sua "doutrina secreta" cabalstica, pode ser acompanhada em
todos os detalhes at a sua fonte primeira, a ndia Superior, ou o
Turquesto, muito antes da poca da separao distinta entre as naes
arianas e semitas. O rei Salomo, to celebrado pela posteridade, como diz
Josefo, o historiador, por suas habilidades mgicas, recolheu o seu
conhecimento secreto da ndia, atravs de Hiro, o rei de Ofir, e talvez
de Sab. Seu anel, conhecido comumente como o "selo de Salomo", to
celebrado pelo poder de sua influncia sobre as vrias espcies de gnios
e demnios, igualmente de origem hindu. Escrevendo sobre as pretensas e
abominveis habilidades dos "adoradores de demnios" de Travancore, o Rev.
Samuel Mateer, da Sociedade das Misses de Londres, afirma, ao mesmo
tempo, estar de posse de um antiqussimo volume manuscrito de
encantamentos mgicos e de sortilgios em lngua malaylam, que d
instrues para realizar uma grande variedade de fenmenos. Ele
acrescenta, naturalmente, que "muitos deles so terrveis em sua
malignidade e obscuridade", e d em sua obra o fac-smile de alguns
amuletos que trazem figuras e desenhos mgicos. Encontramos entre eles um
com a seguinte legenda: "Para remover o tremor resultante da possesso
demonaca - desenhe esta figura sobre uma planta que tem seiva leitosa, e
atravesse um prego nela; o tremor cessar". A figura o prprio selo de
Salomo, ou o duplo tringulo dos cabalistas.
Consideraes sobre a vontade
liphas Lvi, o mago moderno, descreve a luz astral na seguinte frase:
"Dissemos que para adquirir o poder mgico duas coisas so necessrias:
libertar a vontade de toda servido, e pratica-la sob controle".
"A vontade soberana representada em nossos smbolos pela mulher que
esmaga a cabea da serpente, e pelo anjo resplandecente que domina o
drago, e o mantm sob os seus ps e sob a lana; o grande agente mgico,
a corrente dual de luz, o fogo vivo e astral da Terra, foi representado
nas teogonias antigas pela serpente com a cabea de um touro, de um
carneiro ou de um co. a serpente dupla do caduceu, a antiga serpente
do Gnese, mas tambm a serpente bronzeada de Moiss enrolada em torno
do tau, vale dizer, do lingam gerador. tambm o bode do sab das
feiticeiras, e o Baphomet dos Templrios; o Hyl dos Gnsticos; a
cauda dupla da serpente que forma as pernas do galo solar de Abraxas;
finalmente, o Demnio de Eudes de Mirville. Mas na verdade a fora
cega que as almas devem vencer para libertar a si mesma dos limites da
Terra, pois se a sua vontade no as liberta "de sua fatal atrao, elas
sero absolvidas na corrente pela fora que as produziu, e retornaro ao
fogo central e eterno."
Esta figura de linguagem cabalista, no obstante a sua estranha
fraseologia, precisamente a mesma que Jesus utilizava; e em sua mente
ela no poderia ter outro significado que no aquele atribudo pelo

gnsticos e pelos cabalistas. Mais tarde os telogos cristo


interpretaram-nas de modo diferente, e para eles ela se tornou a doutrina
do inferno. Literalmente, contudo, ela significa simplesmente o que diz a luz astral, ou o gerador e o destruidor de todas as formas.
"Todas as operaes mgicas", prossegue Lvi, "consistem em libertar-se
dos laos da antiga serpente; portanto, em colocar o p sobre sua cabea e
conduzi-la de acordo com a vontade do operador. 'Eu te direi', diz a
serpente, no mito evanglico, 'todo os reinos da Terra, se te prosternares
e me adorares.' O iniciado deveria replicar-lhe: 'Eu no me prosternarei,
mas tu cairs aos meus ps; tu nada me dars, mas eu te usarei e obterei
tudo que desejar. Pois eu sou o Senhor e Mestre!'. Este o sentido
verdadeiro da resposta ambgua dada por Jesus ao tentador. (...) Portanto,
o Demnio no uma entidade. uma fora errante, como o prprio nome
indica. Uma corrente dica ou magntica formada por uma cadeia (um
crculo) de desejos perniciosos, criadora deste esprito demonaco que o
Evangelho chama de legio, e que fora uma horda de porcos a se jogar no
mar - outra alegoria evanglica mostrando como as naturezas baixas podem
ser conduzidas temerariamente pelas foras cegas postas em movimento pelo
erro e pelo pecado."
Experincias dos faquires
Em sua extensa obra sobre as manifestaes msticas da natureza humana, o
naturalista e filsofo Maximilian Pertv dedicou todo um captulo s Formas
modernas de magia. "As manifestaes da vida mgica", diz ele no Prefcio,
" repousam em parte numa ordem de coisas diferente da natureza com a qual
estamos familiarizados, com tempo, espao e causalidade; esta
manifestaes s escassamente so experimentadas; elas podem ser evocadas
a nosso convite, mas devem ser observadas e cuidadosamente seguidas sempre
que ocorrem em nossa presena; podemos apenas agrup-la analogicamente sob
certas divises, e deduzi-las dos princpios e leis gerais." Portanto,
para o Prof. Perty, que pertence evidentemente escola de Schopenhauer, a
possibilidade e a naturalidade dos fenmenos que tiveram lugar na presena
de Govinda Svmin, o faquir, e que foram descritos por Louis Jacolliot, o
orientalista, so totalmente demonstrados de acordo com esse princpio. O
faquir era um homem que, atravs da completa sujeio da matria de seu
sistema corporal, atingia o estado de purificao no qual o esprito se
torna quase inteiramente livre de sua priso, e pode produzir maravilhas.
Sua vontade, no, um simples desejo seu torna-se uma fora criadora, e ele
pode comandar os elementos e os poderes da Natureza. Seu corpo no mais
um entrave; por isso ele pode conversar "esprito a esprito, sopro a
sopro". Sob suas palmas estendidas, uma semente, desconhecida para ele
(pois Jacolliot a recolheu ao acaso, entre uma variedades de sementes, de
um saco, e a plantou ele prprio, depois marc-la, num vaso de flores),
germinar instantaneamente, e abrir seu caminho atravs do solo.
Desenvolvendo em menos de duas horas um tamanho e um peso que, talvez, sob
circunstncias comuns, requereriam vrios dias ou semanas, ela cresce
miraculosamente sob os prprios olhos do experimentador perplexo, e
confundindo todas as frmulas aceita da Botnica. Trata-se de um milagre?

De modo algum; pode s-lo, talvez, se tornarmos a definio de Webster,


segundo a qual o milagre "todo evento contrrio constituio
estabelecida e ao curso das coisas - um desvio das leis conhecidas da
Natureza". Mas estaro os nossos naturalistas preparados para defender a
afirmao de que o que eles estabeleceram uma vez pela observao
infalvel? Ou que todas as leis da Natureza lhes so conhecidas? Neste
caso, o "milagre" de uma ordem um pouco mais elevada que as atuais
experincias bem conhecidas do Gen. Pleasontom, da Filadlfia. Enquanto a
vegetao e os frutos de suas vinhas foram estimulados a uma incrvel
atividade pela luz violeta, o fludo magntico que emanava das mos do
faquir efetuava mudanas mais intensas e rpidas na funo vital das
plantas indianas. Ele atraiu e concentrou o kasa, ou princpio vital, no
germe. Seu magnetismo, obedecendo sua vontade, dirigiu o kasa numa
corrente concentrada atravs da planta em direo s suas mos, e,
mantendo um fluxo ininterrupto pelo espao de tempo necessrio, o
princpio vital da planta construiu clula aps clula, camada aps
camada, com extraordinria atividade, at que a obra se completasse. O
princpio vital apenas uma fora cega que obedece a uma influncia
controladora. No curso ordinrio da Natureza, o protoplasma da planta a
teria concentrado e dirigido numa certa velocidade estabelecida. Esta
velocidade poderia ter sido controlada pelas condies atmosfricas
predominantes, sendo o seu crescimento rpido ou lento, e, na haste e na
ponta, na proporo do grau de luz, calor e umidade da estao. Mas o
faquir, vindo em auxlio da Natureza com sua vontade poderosa e o esprito
purificado do contato com a matria, condensada, por assim dizer, a
essncia da vida da planta em seus germes, e fora-a a amadurecer antes do
tempo. Ao ser totalmente submetida sua vontade, esta fora cega
obedece-a servilmente. Se ele escolhe imaginar a planta como um monstro,
ela seguramente se tornara um, como cresceria ordinariamente em sua forma
natural, pois a imagem concreta - escrava do modelo subjetivo desenhado na
imaginao do faquir - forada a seguir o original em seus mnimos
detalhes, como a mo e o pincel do pintor seguem a imagem que copiam de
sua mente. A vontade do faquir mgico forma uma invisvel mas, para ele
perfeitamente objetiva matriz, na qual a matria vegetal forada a se
depositar e a assumir a forma fixada. A vontade cria, pois a vontade em
movimento fora, e a fora produz matria.
Se algumas pessoas objetarem explicao alegando que o faquir no
poderia, de modo algum, criar o modelo em sua imaginao, uma vez que
Jacolliot no o informou sobre a espcie de semente que havia selecionado
para a experincia, a elas respondemos que o esprito do homem como o do
seu Criador - onisciente em sua essncia. Enquanto em seu estado natural o
faquir no conhecia e no poderia conhecer se era a semente de um melo ou
de qualquer outra planta, uma vez em transe, consequentemente, morto
corporalmente a toda percepo exterior, o esprito, para o qual no
existem distncia, obstculos materiais, nem espao ou tempo, no
experimentou dificuldade alguma para perceber a semente de melo,
estivesse ela profundamente enterrada na terra do vaso ou refletida na

mente de Jacolliot. Nossas vises, pressgios e outros fenmenos


psicolgicos, todos os quais existem na Natureza, corroboram o fato acima
mencionado.
Faramos bem talvez em responder agora a uma outra objeo pendente. Os
prestidigitadores indianos, dir-nos-o, fazem o mesmo, e to bem quanto o
faquir, se podemos acrescentar nos jornais e nas narrativas dos viajantes.
Sem dvida; no entanto, esses prestidigitadores ambulantes no so nem
puros em seus modos de vida nem considerados santos por ningum; nem pelos
estrangeiros nem pelo seu prprio povo, pois so feiticeiros; homens que
praticam a arte negra. Enquanto um homem santo como Govinda Svmin requer
apenas a ajuda de sua prpria alma divina, estritamente unida ao esprito
astral, e a ajuda de alguns poucos pitris familiares - seres puros,
etreos, que se agrupam em trono de seu irmo eleito em carne -, o
feiticeiro s pode invocar para a sua ajuda aquela espcie de espritos
que conhecemos como elementais. Os semelhantes se atraem; e a ambio por
dinheiro, propsitos impuros e desgnios egostas no podem atrair outros
espritos seno os espritos que os cabalistas judeus conhecem com
klippoth, habitantes de Asiah, o quarto mundo, e os mgicos orientais como
afrits, ou espritos elementais do erro, ou davas (Ou Devas, Demnio ou
mau gnio dotado de grande poder).
O que a vontade?
O que a VONTADE? A "cincia exata" pode diz-lo? Qual a natureza desse
algo inteligente, intangvel e poderoso que reina soberanamente sobre toda
matria inerte? A grande Idia Universal desejou, e o Cosmo veio
existncia. Eu quero, e meus membros obedecem. Eu quero, e meu pensamento,
ao atravessar o espao, que no existe para ele, abarca o corpo de um
outro indivduo que no uma parte de mim, penetra por seus poros, e
substituindo suas prprias faculdades, se so mais fracas, fora-o a uma
ao predeterminada. Age como o fludo de uma bateria galvnica sobre os
membros de um cadver. Os misteriosos efeitos de atrao e repulso so os
agentes inconscientes dessa vontade; a fascinao, tal como a que vemos
exercida por alguns animais, tal qual as serpentes sobre pssaros, uma
ao consciente dela, e o resultado do pensamento. Cera, vidro, mbar,
quando esfregado, e, quando o calor latente que existe em toda substncia
despertado, atraem corpos luminosos; eles exercem inconscientemente a
vontade pois a matria inorgnica, assim como a orgnica, possui uma
partcula da essncia divina em si, por mais infinitesimalmente pequena
que seja. E como poderia s-lo de outro modo? Ainda que no curso de sua
evoluo tenha passado do princpio ao fim por milhes de formas diversas,
ela deve sempre reter o germe inicial da matria preexistente, que a
primeira manifestao e emanao da prpria Divindade. O que ento esse
poder inexplicvel da atrao, a no ser uma poro atmica daquela
essncia que os cientistas e os cabalista reconhecem igualmente como o
"princpio da vida" - o kasa. Admite-se que a atrao exercida por tais
corpos seja cega; mas, se acendermos mais e mais na escala dos seres
orgnicos da Natureza, encontramos este princpio de vida desenvolvendo
atributos e faculdades que se tornam mais determinados e mais

caractersticos a cada degrau dessa escala sem fim. O homem, o mais


perfeito dos seres organizados sobre a Terra, em quem a matria e o
esprito - a vontade - so mais desenvolvidos e poderosos, o nico ao
qual se concedeu um impulso consciente para aquele princpio que emana
dele. Apenas ele pode comunicar ao fludo magntico impulsos opostos e
diversos em limites quanto direo. "Ele quer", diz Du Petet, "e a
matria organizada obedece. Ela no tem plos."
Diz Cabanis, a razo se desenvolve exclusivamente s expensas do instinto
natural, tornando-se uma espcie de muralha chinesa que se ergue
lentamente no solo dos sofismas e, finalmente, exclui as percepes
espirituais do homem, de que o instinto um dos mais importantes
exemplos. Chegando a certos estgios de prostrao fsica, quando a mente
e as faculdades raciocinantes parecem paralisadas pela fraqueza e pela
exausto fsica, o instinto - a unidade espiritual dos cincos sentidos v, ouve, toca e cheira, inalterado pelo tempo ou pelo espao. Que sabemos
dos limites exatos da ao mental? Como pode um mdico pretender
distinguir os sentidos reais dos imaginrios em um homem cujo corpo, j
exaurido de sua vitalidade habitual, deseja viver espiritualmente e se
sente verdadeiramente incapaz de impedir a alma de evolar-se de sua
priso?
A luz divina
A luz divina atravs da qual, desimpedida pela matria, a lama percebe
coisas passadas, presentes e futuras, como se os seus raios se refletissem
num espelho; o golpe mortal desferido num instante de violenta raiva ou
clmax de um dio longamente inflamado; a bno enviada por um corao
reconhecido ou benvolo; e a maldio lanada contra um objeto - ofensor
ou vtima -, tudo deve passar atravs desse agente universal, que, sob um
impulso, o sopro de Deus, e sob outro - o veneno do demnio. Ele foi
descoberto (?) pelo Baro Reichenbach e chamado de OD, no podemos dizer
se intencionalmente ou no, mas singular que se tenha escolhido um nome
que mencionado nos livros mais antigos da Cabala.
Emepht o Princpio Primeiro e Supremo, engendrou o Ovo e depois de
incuta-lo impregnando-o de sua prpria essncia, desenvolveu-se o germe do
qual nasceu Ptah o ativo e criador princpio que iniciou sua obra. Da
expanso infinita da matria csmica, que se formara sob seu alento, ou de
sua vontade, esta matria csmica, luz astral, ter, bruma gnea,
princpio de vida - pouco importa o nome que lhe dermos -, este princpio
criador, ou, como a nossa moderna filosofia o designa, lei da evoluo,
colocando em movimento as potncias nele latentes, formou sis e estrelas,
e satlites; controlou sua localizao pela lei imutvel da harmonia, e
povoou-os "com todas as formas e qualidades de vida". Nas antigas
mitologias orientais, o mito cosmognico diz que no havia seno gua (O
Pai) e o Limo Prolfero (A Me, Ilus ou Hyl), do qual proveio a serpente
csmica - a matria. Era o deus Phanes, o deus revelado, a Palavra ou
Logos. A boa vontade com que este mito foi aceito, at mesmo pelos
cristos que compilaram o Novo Testamento, pode ser inferida pelo seguinte
fato: Phanes, o deus revelado, representado neste smbolo da serpente

como um Protogonos, um ser provido das cabeas respectivas de um homem, um


falco ou guia, um touro - taurus - e um leo, com asas em ambos os
lados. As cabeas referem-se ao zodaco, e representam as quatro estaes
do ano, pois a serpente Csmica o ano Csmico, ao passo que a prpria
serpente o smbolo de Kneph, o Deus imanifestado, o Pai. O tempo
alado, por isso a serpente representada com asas. Se lembrarmos que cada
um dos quatro evangelistas representado tendo prximo de si um dos
animais mencionados - agrupados em conjunto ao selo de Salomo e no
pentagrama de Ezequiel, e reencontrados nos quatro querubins ou esfinges
da Arca da Aliana -, compreenderemos talvez o significado secreto assim
como a razo por que os primeiros cristo dotaram este smbolo; e por que
os atuais catlicos romanos e os gregos da Igreja oriental costumam
representar os quatro evangelistas com os respectivos animais simblicos.
Compreenderemos tambm por Irineu, bispo de Lyon, insistia tanto na
necessidade de haver um quarto evangelho, explicando que quatro so as
zonas do mundo, e quatro os ventos principais provindos dos quatro pontos
cardinais, etc.
Segundo um dos mitos egpcios, a forma-fantasma da ilha de Chemmis (Chemi,
Antigo Egito), que flutua sobre as ondas etreas da esfera emprea, foi
chamada vida por Hrus-Apolo, o deus do Sol, que a fez evoluir do ovo
csmico.
No poema cosmolgico do Volusp (a cano da profetiza), que contm as
lendas escandinavas sobre a aurora mesma das idades, o germe-fantasma do
universo representado a repousar no Ginnugagap - ou a taa da iluso, um
abismo sem fim e vazio. Nessa matriz do mundo, inicialmente uma regio de
noite e desolao, Nifelheim (a regio das nuvens), cai um raio de luz
(ter), que se derramou sobre a taa e nela se congelou. Ento, o
Invisvel assoprou um vento abrasador que dissolveu as guas congeladas e
dissipou as nuvens. Estas guas, chamadas de correntes de Elivgar,
destiladas em gotas vivificantes, criaram, ao cair, a terra e o gigante
Ymir, que tinha apenas "a aparncia humana" (o princpio masculino). Com
ele foi criada a vaca, Aydhumla (princpio feminino), de cujo bere
fluram quatro correntes de leite, que se difundiram pelo espao (a luz
astral a sua emanao mais pura). A vaca Audhumla produz um ser
superior, chamado Buri, belo e poderoso, lambendo as pedras que estavam
cobertas de sal mineral.
Ora, se levarmos em considerao que este mineral era universalmente
considerado pelos antigos filsofos como um dos princpios formativos
essenciais da criao orgnica; pelos alquimistas como o dissolvente
universal, que, dizem eles, devia ser retirado da gua; e por todo mundo,
mesmo como visto atualmente tanto pela cincia como pelas idias
populares, como um ingrediente indispensvel para o homem e os animais podemos compreender facilmente a sabedoria oculta desta alegoria sobre a
criao do homem. Paracelso chama o sal "o centro da gua, em que os
metais devem morrer", etc.; e Van Helmont chama o alkahest, "summum et
felicissimum ommium salium", o mais bem logrado de todos os sais.
No Evangelho segundo So Mateus, diz Jesus: "Vs sois o sal da terra: mas

se o sal se tornar insosso, com que o salgaremos?" e, prosseguindo a


parbola, acrescenta: "Vs sois a luz do mundo" (V, 14). Isto mais do
que uma alegoria; essas palavras chamam a ateno para um sentido direto e
inequvoco relativamente aos organismos espirituais e fsicos do homem em
sua natureza dupla, e mostram, ademais, um conhecimento da "doutrina
secreta", de que encontramos traos diretos igualmente nas mais antigas e
comuns tradies populares do Antigo e do Novo Testamento, e nos escritos
dos msticos e dos filsofos antigos e medievais.
Interpretaes de certos mitos antigos
Mas voltemos nossa lenda do Edda. Ymir, o gigante, adormece, e transpira
abundantemente. Essa transpirao fora a axila de seu brao esquerdo a
gerar desse lugar um homem e uma mulher, enquanto o seu p produz um filho
para eles. Assim, enquanto a "vaca" mtica d o ser a uma raa de homens
espirituais superiores, o gigante Ymir engendra uma raa de homens maus e
depravados, os Hrimthussar, ou gigantes de gelo. Comparando esta notas com
os Vedas hindus, encontramos, com ligeiras modificaes, a mesma lenda
cosmognica em substncia e detalhes. Brahm, assim que Bhagavat, o Deus
Supremo, lhe concede poderes criativos, produz seres animados,
inteiramente espirituais no princpio. Os Devats, habitantes da regio do
Svarga (celestial), so incapazes de viver na Terra; ento Brahm cria os
Daityas (gigantes, que se tornaram os habitantes do Ptla, as regies
inferiores do espao), que tambm so capazes de habitar Mrityuloka (a
Terra). Para remediar o mal, o poder criativo faz sair de sua boca o
primeiro Brahaman, que ento se torna o progenitor de nossa raa; de seu
brao direito, Brahm cria Kshatriya, o guerreiro, e do esquerdo,
Kshatriyni, a consorte de Kshatriya. O filho de ambos, Vaisya, emana do
p direito do criador, e a sua esposa, Vaisya, do esquerdo. Enquanto na
lenda escandinava Burr (o neto da Vaca Audhumla), um ser superior, desposa
Beisla, uma filha da raa depravada de gigantes, na tradio hindu o
primeiro Brahaman desposa Daiteyi, filha tambm da raa de gigantes; e no
Gnese vemos os filhos de Deus tomando por esposas as filhas dos homens, e
produzindo igualmente os poderosos homens da Antiguidade; todo o conjunto
estabelece uma inquestionvel identidade de origem entre o livro inspirado
dos cristo, e as "fbulas" pags da Escandinvia e do Hindusto. As
tradies de qualquer outra nao vizinha, se examinadas, apresentariam um
resultado semelhante.
Qual o moderno cosmogonista que poderia condenar, num smbolo to simples
como o da serpente egpcia um crculo, um tal mundo de significados? Aqui
temos, nesta criatura, toda a filosofia do universo: a matria vivificada
pelo esprito, e os dois produzindo conjuntamente do caos (Fora) todas as
coisas existentes. Para indicar que os elementos esto firmemente unidos
nesta matria csmica, que a serpente simboliza, os egpcios do um n
sua causa.
H um outro emblema, mais importante, relacionado mudana de pele da
serpente, que, se no nos enganamos, jamais foi anteriormente mencionado
pelos nossos simbologistas. Como o rptil, depois de deixar sua pele, se
torna livre do invlucro de matria grosseira que o estorvava com um corpo

grande demais, e retorna a sua existncia com uma atividade renovada,


assim o homem, rejeitando o corpo material grosseiro, entra no prximo
estgio de sua existncia com poderes maiores e com vitalidade mais
intensa. Inversamente, os cabalistas caldeus relatam-nos que o homem
primordial - que, ao contrrio da teoria darwiniana, era mais puro, mais
sbio e muito mais espiritual, como o mostram os mitos do Buri
escandinavo, os Devats hindus, e os "filhos de Deus" mosaicos, numa
palavra, de uma natureza muito superior do homem da presente raa
admica - tornou-se desespiritualizado ou contaminou-se com a matria e,
assim, pela primeira vez, recebeu o corpo carnal, que caracterizado no
Gnese no versculo profundamente significativo: "O Senhor Deus fez para o
homem e sua mulher tnicas de pele, e os vestiu". A menos que os
comentadores quisessem fazer da Causa Primeira um alfaiate celestial, o
que poderiam estas palavras aparentemente absurdas significar, a no ser
que o homem espiritual atingiu, atravs do progresso da involuo, aquele
ponto em que a matria, predominando sobre o esprito e conquistando-o,
transformou tal homem no homem fsico, ou no segundo Ado, do segundo
captulo do Gnese?
Essa doutrina cabalstica elaborada mais amplamente no Livro de Jasher
No cap. VII, estas vestes de pelo so colocadas por No na arca, depois de
t-las obtido por herana de Matusalm e Henoc, que as receberam de Ado e
de sua mulher. Cam rouba-as de No, seu pai; d-as "em segredo" a Cuch,
que as esconde de seus filhos e irmos e as passa a Nemrod.
Embora alguns cabalistas e mesmo alguns arquelogos digam que "Ado, Henoc
e No poderiam ser, na aparncia externa, homens diferentes, eles eram na
verdade a mesmssima pessoa divina". Outros explicam que entre Ado e No
intervieram muitos ciclos. Isto quer dizer que cada um dos patriarcas
antediluvianos figurava como representante de uma raa que teve seu lugar
numa sucesso de ciclos; e que cada uma dessas raas era menos espiritual
do que a precedente. Assim, No embora um homem bom, no poderia sustentar
a comparao com seu ancestral, Henoc, que "caminhou com Deus e no
morreu". Da a interpretao alegrica que faz No receber sua tnica de
pele por herana do segundo Ado e de Henoc, mas no vesti-la ele prprio,
pois, de outro modo, Cam no poderia roub-la. Mas No e seus filhos
atravessaram o dilvio; e enquanto o primeiro pertencia antiga e ainda
espiritual gerao antediluviana, j que ele foi selecionado entre toda a
Humanidade por sua pureza, os seus filhos eram ps-diluvianos. A tnica de
pele recebida "em segredo" -, quando a sua natureza espiritual comeou a
ser maculada pela matria - por Cuch passou a Nemrod o mais poderoso e
forte dos homens fsicos posteriores ao dilvio - o ltimo remanescente
dos gigantes antediluvianos.
Na lenda escandinava, Ymir, o gigante, morto pelos filhos de Burr, e as
correntes de sangue que fluram de suas feridas eram to copiosas que
afogaram toda a raa de gigantes de gelo e neblina, e s Bergelmir que
pertencia a esta raa, se salvou com sua mulher, refugiando-se num barco,
o que lhes permitiu perpetuar um novo ramo de gigantes do velho tronco.
Mas todos os filhos de Burr escaparam ilesos da inundao.

Quando se decifra o simbologismo dessa lenda diluviana, percebe-se


imediatamente o verdadeiro sentido da alegoria. O gigante Ymir simboliza a
primitiva matria orgnica bruta, as foras csmicas cegas, em seu estado
catico, antes de receberam o impulso inteligente do Esprito Divino que
as ps em movimento regular e dependente das leis imutveis. A prognie de
Buri so os "filhos de Deus", ou os deuses menores mencionados por Plato
no Timeu, que foram incumbidos, como diz, da criao dos homens, pois
vemo-los tomando os restos dilacerados de Ymir do Ginnungagap, o abismo
catico, e empregando-os na criao de nosso mundo. Seu sangue vai formar
os oceanos e os rios; seus ossos, as montanhas; seus dentes, as rochas e
os penhascos; seus cabelos, as rvores, etc., ao passo que seu crnio
forma a abbada celeste, mantida por quatro colunas que representam os
quatro pontos cardiais. Das sobrancelhas de Ymir originou-se a futura
morada do homem - Midgard. Esta morada (a Terra), diz o Edda, deve, para
ser corretamente descrita em todas as menores particularidades, ser
concebida redonda como um anel, ou um disco, flutuando no meio do Oceano
Celestial (ter). circundada por Joumungand, a gigante Midgard - ou a
Serpente da Terra, que mantm a cauda em sua boca. a serpente csmica,
matria e esprito produto combinado e emanao de Ymir, a grosseira
matria rudimentar, e do esprito dos "filhos de Deus", que moldou e criou
todas as formas. Esta emanao a luz astral dos cabalistas, e o ainda
problemtico e pouco conhecido ter, ou o "agente hipottico de grande
elasticidade" de nosso fsico.
Graas mesma lenda escandinava da criao da Humanidade, pode-se inferir
o quanto estavam os antigos seguros da doutrina da trina natureza humana.
Segundo o Volusp, Odin, Honer e Lodur, que so os progenitores de nossa
raa, encontraram em um de seus passeios nas praias do oceano dois bastes
flutuando sobre as ondas, "impotentes e sem destino". Odin soprou-lhes o
alento da vida; Honer concedeu-lhes alma e movimento; e 'Lodur, beleza,
linguagem, inteligncia e audio. Deram ao homem o nome de Askr - o
freixo - e mulher o de Embla - o amieiro. Estes primeiros homens foram
colocados em midgard (jardim do meio, ou den) e herdaram, de seus
criadores, a matria ou vida inorgnica; a mente, ou a alma; e o esprito
puro; a primeira correspondendo quela parte de seu organismo que nasceu
dos restos de Ymir, o gigante-matria; a segunda, de Aesir, ou deuses,
descendentes de Buri; de o terceiro, de Vaner, ou representante do
esprito puro.
Quem capaz de estudar cuidadosamente as religies antigas e os mitos
cosmognicos sem perceber que esta semelhana marcante de concepes, em
sua forma exotrica e esprito esotrico, no resulta de uma simples
coincidncia, mas manifesta um propsito convergente? Isto mostra que j
naquelas pocas, que foram excludas de nossos olhos pela nvoa
impenetrvel da tradio, o pensamento religioso se desenvolveu com uma
simpatia uniforme em todas as pores do globo. Os cristos chamam essa
adorao da natureza em suas verdades mais ocultas de Pantesmo. Mas se
este, que reverncia e nos revela Deus no espao em sua nica forma
objetiva possvel - a da natureza visvel -, lembra perfeitamente a

Humanidade daquele que a criou, e uma religio de dogmatismo religioso


apenas serve para ocult-lo mais e mais de nossos olhos, qual dentre ambos
est mais bem-adaptado s necessidades da Humanidade?
A cincia moderna insiste na doutrina da evoluo; a razo e a "doutrina
secreta" fazem o mesmo, e a idia corroborada pelas lendas e mitos
antigos, e mesmo pela prpria Bblia que se l nas entrelinhas. Vemos uma
flor desenvolver-se lentamente de um basto e o basto da sua semente. Mas
de onde provm esta, com todo o seu programa predeterminado de
transformao fsica, e suas foras invisveis, portanto espirituais, que
desenvolvem gradualmente sua forma, cor e odor? A palavra evoluo fala
por si. O germe da atual raa humana deve ter preexistido na origem desta
raa, como a semente, na qual repousa oculta a flor do prprio vero,
desenvolveu-se na cpsula de sua flor-me; a me pode no diferir seno
ligeiramente, mas eles ainda difere de sua futura prognie. Os ancestrais
antediluvianos dos elefantes e dos lagartos atuais foram, o mamute e o
plesiossurio; por que os progenitores de nossa raa humana no poderiam
ter sido os "gigantes" dos Vedas, do Volusp e do livro Gnese? Se
positivamente absurdo acreditar que a "transformao das espcies" tenha
ocorrido de acordo com alguns dos pontos de vista mais materialista dos
evolucionistas, simplesmente natural pensar que cada gnero, a comear
dos moluscos e terminando com o homem-macaco, se modificou a partir de sua
prpria forma primordial e distinta. Supondo-se que concordemos em que "os
animais descenderam no mximo de apenas quatro ou cinco progenitores"; e
que mesmo la rigueur "todos os seres orgnicos que j viveram sobre esta
Terra descenderam de alguma forma primordial nica"; ainda assim, somente
um materialista cego com uma pedra, ou completamente desprovido de
intuio, pode seriamente esperar ver "no distante futuro (...) a
psicologia estabelecida sobre uma nova base, a da aquisio necessria e
por degraus de todos os poderes e capacidades mentais".
O homem fsico, enquanto produto da evoluo, pode ser deixado nas mos do
homem da cincia exata. Ningum, no ser ele, pode esclarecer a origem
fsica da raa. Mas devemos positivamente negar ao materialista o mesmo
privilgio no que respeita evoluo psquica e espiritual do homem, pois
nenhuma evidncia conclusiva pode demonstrar que ele e suas faculdades
superiores so "produtos da evoluo, tal como a planta mais humilde e o
verme mais nfimo".
A evoluo da teoria hindu
Isto posto, mostraremos agora a hiptese da evoluo dos antigos brmanes,
tal como eles lhe deram corpo na alegoria da rvore csmica. Os hindus
representam a sua rvore mtica, que chamam Asvattha, de uma forma que
difere da dos escandinavos. Figura extrada do Livro O Homem, Deus e o
Universo.
Os hindus a descrevem crescendo ao contrrio, os ramos estendendo-se para
baixo e as razes para cima; aqueles caracterizam o mundo externo dos
sentidos, o universo csmico visvel, e estas, o mundo invisvel do
esprito, porque as razes tm sua gnese nas regies celestes, onde a

Humanidade, desde a criao do mundo, colocou a sua divindade invisvel.


Como a energia criativa se originou nesse ponto primordial, os smbolos
religiosos de todos os povos so igualmente ilustraes dessa hiptese
metafsica exposta por Pitgoras, Plato e outros filsofos. "Estes
caldeus," diz Flon, "opinavam que o Cosmos, entre as coisas que existem,
um simples ponto, que ele prprio ou Deus (Theos) ou o que nele
Deus, e compreende a alma de toda as coisas."
A Pirmide egpcia tambm representa simbolicamente esta idia da rvore
csmica. Seu pice o elo mstico entre o cu e a terra, e sustenta a
raiz, ao passo que a base representa os ramos espalhados que se estendem
pelos quatro pontos cardiais do universo da matria. Ela comporta a idia
de que todas as coisas tiveram origem no esprito - pois a evoluo
comeou originalmente por cima e prosseguiu para baixo, e no ao
contrrio, como ensina a teoria darwiniana. Em outras palavras, houve uma
materializao gradual de formas at que se atingisse o derradeiro
rebaixamento fixo. Este ponto aquele no qual a doutrina da evoluo
moderna adentra a rea das hipteses especulativas. Chegando a este
perodo, acharemos mais fcil de entender a Antropognese de Haeckel, que
traa a genealogia do homem "desde a sua raiz protoplasmtica, fermentada
no vaso dos mares que existiram antes que as mais antigas rochas
fossilferas fossem depositadas", de acordo com a exposio do Professor
Huxley. Poderemos acreditar que o homem evoluiu "pela evoluo gradual de
um mamfero semelhante organicamente ao macaco", e mais fcil ainda
faz-lo quando lembramos que (embora numa fraseologia mais condensada e
menos elegante, mais ainda compreensvel) a mesma teoria foi ensinada,
segundo Berosus, muitos milhares de anos antes de seu sculo, pelo
Homem-peixe Oannes, ou Drago, o semidemonio da Babilnia. Podemos
acrescentar, como um fato de interesse, que esta antiga teoria da evoluo
foi conservada em alegoria e lenda, mas tambm retratada nos muros de
certos templos da ndia, e, numa forma fragmentria, foi encontrada nos do
Egito e nas lousas de Nemrod e Nineve, escavadas por Layard.
Mas o que est no fundo da teoria darwiniana sobre a origem das espcies?
No que lhe concerne, nada seno "hipteses inverificveis". Pois, como
assinala, ele considerava todos os seres "como os descendentes direto de
alguns poucos seres que viveram muito antes que a primeira camada do
sistema siluriano fosse depositada". Ele no procurava mostrar-nos quem
eram esses "poucos seres". Mas isto responde completamente ao nosso
propsito, pois, na admisso de sua existncia, recorre aos antigos para
corroborar a idia e recebe o selo da aprovao cientfica. Com todas as
modificaes por que passou o nosso globo no que respeita a temperatura,
clima, solo e - se merecermos perdo, em face dos progressos recentes - a
sua condio eletromagntica, seria muito temerrio afirmar que qualquer
coisa da cincia atual contradiz a antiga hiptese do homem
ante-siluriano. Os machados de slex encontrados inicialmente por Baucher
de Perthes, no vale do Somme, provam que homens devem ter existido numa
poca to antiga que desafia os clculos. Se acreditarmos em Buchner, o
homem deve ter existido mesmo durante e antes da poca glacial, uma

subdiviso do perodo quaternrio ou diluviano que provavelmente se


estendeu muito alm daquela. Mas quem pode dizer-nos qual a prxima
descoberta que nos aguarda?
Ora, se temos provas irrefutveis de que o homem existiu t tanto tempo
assim, devem ter ocorrido modificaes extraordinrias em seu sistema
fsico, correspondentes s modificaes de clima e atmosfera. Isto no
parece provar, por analogia, que remontando para trs, deve ter havido
outras modificaes que indicam que os progenitores mais remotos dos
"gelados gigantes" foram coevos dos peixes devonianos ou dos moluscos
silurianos? verdade que eles no deixaram machadinhas de slex atrs de
si, nem ossos ou depsitos nas cavernas; mas, se os antigos esto certos,
as raas daquele tempo eram compostas no apenas de gigantes, ou
"poderosos homens de renome", mas tambm de "filhos de Deus". Se aqueles
que acreditam na evoluo do esprito to firmemente como os materialistas
acreditam na da matria so acusados de ensinar "hipteses
inverificveis", como podem eles facilmente retorquir aos seus acusadores
dizendo que, por sua prpria confuso, a evoluo fsica ainda "uma
hiptese inverificada, seno realmente inverificvel"! Os primeiros tm
aos mesmo a prova indutiva dos mitos legendrios, cuja imensa antiguidade
admitida por filsofos e arquelogos; ao passo que os seus antagonistas
nada tm de semelhante, a menos que eles se socorram de uma parte dos
antigos hierglifos e suprimam o resto.
Podemos agora retornar ainda mais uma vez simbologia dos tempos antigos,
e aos seus mitos psico-religiosos. Sob as figuras emblemticas e da
fraseologia peculiar do clero da Antiguidade repousam indicaes ainda no
descobertas no ciclo atual.
Mas h mitos que falam por si. Podemos incluir nesta classe os primeiros
criadores de ambos os sexos de todas as cosmogonias. Os gregos Zeus-Zen
(ter), e Ctnia (a terra catica) e Mtis (a gua), suas esposas; Osris
e sis-latona - o primeiro representando tambm o ter -, a primeira
emanao da Divindade Suprema, Amun, a fonte primordial de luz; a deusa
terra e gua tambm; Mithras, o deus nascido da rocha, smbolo do fogo
csmico masculino, ou a luz primordial personificada, e Mithra, a deusa do
fogo, simultaneamente sua me e esposa; o elemento puro do fogo (o
princpio ativo ou masculino) visto como luz e calor, em conjuno com, a
terra e a gua, ou como matria (elementos femininos ou passivos da
gerao csmica). Mithras o filho de Bordj, a montanha csmica persa, da
qual ele reluz como um raio brilhante. Brahm, o deus do fogo, e sua
prolfica consorte; e o Agni hindu, a divindade refulgente, de cujo corpo
saem milhares de correntes de glria e sete lnguas de fogo, e em cuja
honra os brmanes Sangika preservam at hoje o fogo perptuo; Siv,
personificado pela montanha csmica dos hindus - o Meru (Himalaia). Este
terrvel deus do fogo, que, segundo consta a lenda, desceu do cu, como o
Jehovah judeu, numa coluna de fogo, e uma dzia de outras divindades
arcaicas de ambos os sexos, todos proclamam o seu significado oculto. E o
que podem estes mitos duais significar seno o princpio psicoqumico da
criao primordial? A primeira revelao da Causa Suprema em sua tripla

manifestao de esprito, fora e matria; a correlao divina, no seu


ponto de partida de evoluo, alegorizado como casamento do fogo e da
gua, produtos do esprito eletrizante, unio do princpio masculino ativo
com o elemento feminino passivo, que se tornam os pais de sua criana
telrica, a matria csmica, a prima matria, cujo esprito o ter [e
cuja sombra ] a LUZ ASTRAL!
Assim, todas as montanhas mundiais e ovos csmicos, as rvores csmicas e
as serpentes e colunas csmicas podem ser consideradas como incorporao
de verdades da Filosofia Natural, cientificamente demonstradas. Todas
essas montanhas contm, com suas variaes insignificantes, a descrio
alegoricamente expressa da cosmogonia primordial; a rvore csmica, a da
evoluo posterior do esprito e da matria; as serpentes e colunas
csmicas, exposies simblicas dos vrios atributos dessa dupla evoluo
em sua correlao infindvel de foras csmicas. Nos misteriosos recessos
da montanha - a matriz do universo -, os deuses (poderes) preparam os
Vermes atmicos da vida orgnica, e ao mesmo tempo a bebida da vida, que,
quando ingerida, desperta no homem-matria o homem-esprito. O soma, a
bebida sacrificial dos hindus, essa bebida sagrada. Pois, quando da
criao da prima matria, enquanto as suas pores grosseiras eram
utilizadas para o mundo fsico embrionrio, a sua essncia mais divina
penetra o universo, permanecendo invisivelmente e encerrando nas suas
ondas a criana recm-nascida, desenvolvendo e estimulando a sua atividade
medida que ela lentamente saa do caos eterno.
Da poesia de concepo abstrata, estes mitos csmicos passaram
gradualmente s imagens concretas dos smbolos csmicos, como a
arqueologia agora os tem encontrado. A serpente, que exerce um papel
proeminente nas imagens dos antigos, foi degradas por uma absurda
interpretao da serpente do livro Gnese num sinnimo de Sat, o Prncipe
das Trevas, quando ela o mais engenhoso de todos os mitos em seus
diversos simbolismos. Num deles, como agathodaimon, o emblema da arte de
curar e de imortalidade do homem. Ela enfeita as imagens da maior parte
dos deuses sanitrios e higinicos. A taa da sade, nos mistrios
egpcios, era enlaada por serpentes. Como o mal s pode originar-se de um
extremo do bem, a serpente, em outros aspetos, torna-se smbolo da
matria; que, quanto mais se distancia de sua fonte espiritual primeira,
mais se torna sujeita ao mal. Nas mais antigas imagens do Egito, assim
como nas alegorias cosmognicas de Kneph, a serpente csmica, quando
simboliza a matria, usualmente representada encerrada num crculo; ela
repousa estendida ao longo do equador, indicando assim que o universo da
luz astral, a partir do qual o mundo fsico proveio, enquanto limita este
ltimo, ele prprio limitado por Emepht, ou a Causa primeira Suprema.
Ptah, que produz R, e as mirades de formas s quais d vida, so
reapresentados deslizando para fora do ovo csmico, porque esta a forma
mais familiar daquilo em que se deposita e se desenvolve o germe de todo o
ser vivo. Quando a serpente representa a eternidade e a imortalidade, ela
abarca o mundo, mordendo a cauda, no oferecendo assim nenhuma soluo de
continuidade. Ela se torna ento a luz astral. Os discpulos de escola de

Feredides ensinavam que o ter (Zeus ou Zen) o cu empreo superior, que


encerra o mundo superno e sua luz (a astral) o elemento primordial
concentrado.
Tal a origem da serpente, metamorfoseada nos sculos cristos em Sat.
Ela o Od, o Ob e o Or de Moiss e dos cabalistas. Quando em seu estado
passivo, quando age naqueles que so inadvertidamente arremessados em sua
corrente, a luz astral Ob, ou Python. Moiss estava determinado a
exterminar todos os que, sensveis sua influncia, se deixavam cair sob
o fcil controle dos seres vivos que se movem nas ondas astrais na gua;
seres que nos cercam e que Bulwe-Lytton chama no Zanoni de "os guardies
do limiar". Ela se torna o Od assim que vivificada pelo efluxo
consciente de uma alma imortal, pois ento as correntes astrais esto
agindo sob a tutela seja de um adepto, um esprito puro, seja de um hbil
mesmerizador, que ele prprio puro e sabe como dirigir as foras cegas.
Em tais casos, mesmo um esprito planetrio superior, um da classe de
seres que nunca se encarnaram (embora existam muitos entre estas
hierarquias que viveram em nossa terra), desce ocasionalmente nossa
esfera, e purificando a atmosfera circundante torna o paciente capaz de
ver e abre nele as fontes da genuna profecia divina. Quanto ao termo Or,
a palavra utilizada para designar certa propriedades ocultas do agente
universal. Pertence mais diretamente ao domnio do alquimista, e no
oferece nenhum interesse ao pblico geral.
O autor do sistema filosfico Homoiomeriano, Anaxgoras de Clezemenae,
acreditava firmemente que os prottipos espirituais de todas as coisas,
assim como os seus elementos, podiam ser encontrados no ter infinito,
onde eram geradas, de onde provinham e para onde retornavam oriundos da
Terra. Como os hindus, que personificam seu kasa (cu ou ter) e dele
fizeram uma entidade deifica, os gregos e os latinos deificaram o ter.
Virglio chama Zeus de pater omnipotens aether, Magnus, o grande deus
ter.
Uma vez admitida a existncia de um tal Universo Invisvel - como parece
ser igualmente o fato se as especulaes dos autores do Unseen Universe
forem aceitas pelos seus colegas -, muitos fenmenos, at aqui misteriosos
e inexplicveis, tornar-se-o claros. Ele age sobre o organismo dos
mdiuns magnetizados, penetra-os e satura-os de lado a lado, dirigido pela
vontade poderosa de um mesmerizador ou pelos seres invisveis que produzem
o mesmo resultado. Assim que a operao silenciosa realizada, o
fantasmas astral ou sideral do paciente mesmerizado deixa paralisada sua
envoltura de carne, e, depois de ter vagado pelo espao infinito, se detm
no limiar da misteriosa "fronteira". Para ele, a entrada do portal que
marca o acesso "terra do silncio" est agora apenas parcialmente
entreaberta; ela s escancarar frente do sonmbulo em transe no dia em
que, unido com a sua essncia imortal superior, ele tiver abandonado para
sempre o seu corpo mortal. At ento, o vidente s pode ver atravs de uma
fenda; depender de sua agudeza perceptiva a extenso do campo visual.
A trindade na unidade uma idia que todas as naes antigas sustentaram
em conjunto. As Trs Devats, a Trimrti hindu, as Trs Cabeas da Cabala

judia. "Trs cabeas foram esculpidas, uma na outra e esta sobre outra". A
trindade dos egpcios e a da mitologia grega eram igualmente
representaes da primeira emanao tripla que contm dois princpios: o
masculino e o feminino. a unio do Logos masculino, ou sabedoria, a
Divindade revelada, com a Aura ou Anima Mundi feminina - "o Pneuma
sagrado", a Sephira dos cabalistas e a Sophia dos gnsticos refinados que produziu todas as coisas visveis e invisveis. Enquanto a verdadeira
interpretao metafsica desse dogma universal permaneceu nos santurios,
os gregos, com seus instintos poticos, a personificao em inmeros mitos
encantados. Nas Dionisacas de Nono, o deus Baco, entre outras alegorias,
representado como um amante da brisa suave e benigna (o Pneuma Sagrado),
sob o nome de Aura Plcida.

sis Sem Vu - Captulo VI


Captulo VI
Fenmenos psicofsicos
Definies necessrias:
MAGNETISMO - Uma fora que existe na Natureza e no homem. No primeiro caso
um agente que d origem aos diversos fenmenos de atrao, polaridade
etc. No segundo caso, converte-se em magnetismo "animal", em contraposio
ao magnetismo csmico e terrestre. [O magnetismo, bem como a eletricidade,
nada mais que manifestao do Kundalini Shakti, (*) que inclui as duas
grandes foras de atrao e repulso.]
KUNDALIN-SAKITI (ou shakti) (Snc.) - O poder de vida; uma das Foras da
Natureza; o poder que engendra certa luz naqueles que se dispem ao
desenvolvimento espiritual e clarividente. um poder conhecido por
aqueles que praticam a concentrao e o Yoga. O poder serpentino ou em
espiral, poder divino latente em todos os seres. (Svni Vivenknanda) O
poder ou fora que se move fazendo curvas. o princpio universal de
vida, que se manifesta em todas as partes da Natureza. Esta fora inclui
as duas foras de atrao e repulso. A eletricidade e o magnetismo so
apenas manifestaes suas. Este o poder que produz o "ajuste contnuo
das relaes internas com as relaes externas", que a essncia da vida,
segundo Herbert Spencer, e o "ajuste contnuo das relaes externas com as
internas", que a base da transmigrao das almas (renascimento), segundo
as doutrinas dos antigos filsofos hindus. (Doutrina Secreta, I, 312) Esta
fora, tambm chamada de "Poder gneo", um dos poderes msticos do yog
e o Buddhi considerado como princpio ativo; uma fora criadora que,
um vez desperta, pode matar to facilmente quanto criar. (A Voz do
Silncio, I.).
MAGNETISMO ANIMAL - Enquanto a cincia oficial qualifica-o de "suposto"
agente e afasta por completo sua realidade, os numerosos milhes de
pessoas dos tempos antigos e as naes asiticas que vivem atualmente,

ocultistas tesofos, espritas e msticos de toda a espcie proclamam-no


como um fato bem comprovado. O magnetismo animal um fluido, uma
emanao. Algumas pessoas emitem-no para fins curativos pelos olhos e
pelas pontas dos dedos, enquanto todas as demais criaturas, homens,
animais e ainda todo objeto inanimado, emanam-no seja como uma aura, seja
como um luz varivel, de um modo consciente ou no. Quando aplicado a um
paciente por contado ou pela vontade de um operador humano, recebe o nome
de "Mesmerismo".
MESMERISMOS - Termo derivado de Mesmer, que redescobriu a fora magntica
e suas aplicaes prticas. uma corrente vital, que pode ser transmitida
de uma pessoa para outra e atravs da qual se produz um estado anormal no
sistema nervoso, que permite exercer uma influncia direta sobre a mente e
a vontade do indivduo ou pessoa mesmerizada. (Glossrio da Chave da
Teosofia) A referida corrente de Prana a energia vital, que,
especializada pelo duplo etrico, o mesmerizador emite para restaurar uma
pessoa dbil e para curar as doenas. (Sabedoria Antiga, 64) O mesmerismo,
que em outros tempos foi objeto de grossa zombaria, aceito modernamente
pela cincia oficial sob o nome de Hipnotismo. - Glossrio Teosfico
Editora Ground.
A dvida que temos com Paracelso
A revoluo pela qual a Qumica passou recentemente foi calculada apenas
para concentrar a ateno dos qumicos sobre este fato; e no deve parecer
estranho se, em menos tempo do que fosse necessrio para efetu-la, as
reivindicaes dos alquimistas fossem examinadas com imparcialidade e
estudadas de um ponto de vista racional. Transpor o estreito precipcio
que agora separa a nova Qumica da velha Alquimia pouco, se comparado ao
difcil esforo deles em passar da teoria dualista unitria.
Assim como Ampre serviu para apresentar Avogadro aos nossos qumicos
contemporneos, tambm Reichenbach talvez tenha um dia o mrito de ter
preparado com o seu OD o terreno para a justa apreciao de Paracelso.
Isso aconteceu mais de cinqenta anos antes que as molculas fossem
aceitas como unidade dos clculos qumicos; ser preciso esperar menos da
metade desse tempo para que os eminentes mritos do mstico suo sejam
reconhecidos. O pargrafo abaixo, admoestador dos mdiuns curandeiros, que
se encontram por toda parte, deve ter sido escrito por algum que leu as
suas obras. "deveis compreender", diz ele, "que o im aquele esprito de
vida, do homem, que o doente procura, pois ambos se unem com o caos
exterior. E assim os homens sadios so infectados pelos doentes atravs da
atrao magntica.
Mesmerismo: sua origem, acolhimentos e potencialidades
Uma obra sobre filosofia mgico-espiritual e cincia oculta estaria
incompleta sem uma noticia particular da histria do Magnetismo Animal,
tal como a conhecemos depois que, com ela, Paracelso desconcertou todos os
professores da segunda metade do sculo XVI.
Examinaremos brevemente o seu aparecimento em Paris por ocasio da sua
importao da Alemanha por Antnio Mesmer. Leiamos com cuidado e ateno
os velhos papis que agora se desfazem em p na Academia de Cincia

daquela capital, pois neles perceberemos que, depois de terem rejeitado


uma a uma cada descoberta feita desde Galileu, os Imortais chegaram ao
cmulo de voltar as costas ao Magnetismo e ao Mesmerismo. Fecharam
voluntariamente as portas diante de si mesmos, as portas que levam aos
maiores mistrios da Natureza, que jazem nas regies escuras tanto do
mundo psquico quanto do fsico. O grande solvente universal, o alkahest,
estava ao seu alcance - e eles o deixaram passar despercebido; e agora,
depois que quase cem anos se pausaram, lemos a seguinte confisso:
"Ainda verdade que, alm dos limites da observao direta, a nossa
cincia [Qumica] no infalvel e que as nossas teorias e os nossos
sistemas, embora todos possam conter um germe de verdade, esto submetidos
a mudanas freqentes e so amide revolucionados."
doutrina de Paracelso. Seu estilo incompreensvel, embora vvido, deve
ser lido com os rolos de Ezequiel, " por dentro e por fora ". O perigo de
propor teorias heterodoxas era grande naqueles dias; a Igreja era poderosa
e os feiticeiros eram queimados s dzias. por esta razo que Paracelso,
Agripa e Eugnio Filaletes foram notveis por suas declaraes piedosas
quanto famosos por suas descobertas de Alquimia e Magia. As opinies
completas de Paracelso sobre as propriedades ocultas do im esto
parcialmente explicadas no seu famoso livro, o Archidoxa, em que descreve
a tintura maravilhosa, um medicamento extrado do im e chamado
Magisterium magnetis, e parcialmente em De ente Dei e De ente as trorum,
livro I. Mas as explicaes so todas dadas numa linguagem ininteligvel
para o profano: "Todo campons", diz ele, "v que um im atrair o ferro,
mas um homem sbio deve questionar-se.(...) Descobri que o im, alm deste
poder visvel, o de atrair o ferro, possui um outro poder, que oculto ".
Ele demostra, a seguir, que no homem reside escondida uma "fora sideral
", que uma emanao dos astros e dos corpos celestiais de que se compe
a forma espiritual do homem - o esprito astral. Esta identidade de
essncia, que podemos denominar de o esprito da matria cometria, est
sempre em relao direta com os astros de onde foi extrada e, assim,
existe uma atrao mtua entre os dois, pois ambos so ims. A composio
da Terra e de todos os outros corpos planetrios e do corpo terrestre do
homem constitua a idia fundamental de sua filosofia. "O corpo provem dos
elementos; e o esprito [astral], dos astros. (...) O homem come e bebe
dos elementos, para o sustento do seu sangue e da sua carne, mas dos
astros vm o sustento do intelecto e os pensamentos de sua alma." Vemos
corroboradas as afirmaes de Paracelso, porquanto o espectroscpio
demonstrou a verdade da sua teoria relativa composio idntica do homem
e dos astros; os fsicos agora dissertam para as suas classes sobre as
atraes magnticas do Sol e dos planetas.
Dos elementos conhecidos que compem o corpo do homem, j foram
descobertos no Sol o hidrognio, o sdio, o clcio, o magnsio e o ferro,
e nas centenas de astros observados, encontrou-se hidrognio, exceto em
dois.
E eis que uma questo se apresenta muito naturalmente. Como chegou
Paracelso a apresentar algo da composio dos astros quando, at um

perodo recente - at a descoberta do espectroscpio -, os constituintes


dos corpos celestiais eram completamente desconhecidos dos nossos cultos
acadmicos? E mesmo hoje, apesar do telespectroscpio (Ou telescpio,
instrumento ptico destinado a observar objetos muito distante) e de
outros aperfeioamentos modernos muito importantes, tudo - exceto um
pequeno nmero de elementos e uma cromosfera hipottica - ainda um
mistrio nos astros. Podia Paracelso estar certo da natureza da hoste
estrelar, a menos que tivesse meios dos quais a Cincia nada sabe?
Todavia, nada sabendo, ela nem mesmo pronunciou os nomes desses meios, que
so - a Filosofia Hermtica e a Alquimia.
Devemos ter em mente, alm disso, que Paracelso foi o descobridor do
hidrognio e que ele conhecia todas as suas propriedades e a sua
composio muito tempo antes que quaisquer um dos acadmicos ortodoxos
suspeitasse de sua existncia; ele estudara Astrologia e Astronomia, como
todos os filsofos do fogo; e, se ele afirmou que o homem est em
afinidade direta com os astros, porque sabia muito bem do que estava
falando.
A alimentao do corpo fsico e sua relao com a energia magntica
O ponto seguinte que os fisiologistas devem verificar a sua proposio
de que a alimentao do corpo se faz no s pelo estmago, "mas tambm,
imperceptivelmente, pela fora magntica, que reside em toda a Natureza e
da qual todo indivduo colhe para si o seu alimento especfico." O homem,
diz ele a seguir, colhe no s a sade dos elementos, mas tambm a doena
dos elementos perturbados. Os corpos vivos esto sujeitos s leis da
afinidade qumica, como admite a Cincia; a propriedade fsica mais
notvel dos tecidos orgnicos, de acordo com os fisiologistas, a
propriedade de absolvio. O que h de mais natural, ento, do que essa
teoria de Paracelso, segundo a qual o nosso corpo absorvente, atrativo e
qumico acumula em si mesmo as influncias astrais ou siderais? "O Sol e
as estrelas nos atraem para eles, e ns atramos para ns". Que objeo
oferece a Cincia contra esse fato? O que exalamos foi mostrado atravs da
descoberta do Baro Reichenbach das emanaes dicas do homem, que so
idnticas s chamas que provem dos ims, dos cristais e de todos os
organismos vegetais.
A unidade do universo foi afirmada por Paracelso, que diz que "o corpo
humano est possudo de matria primordial" (ou matria csmica); o
espectroscpio provou esta assero ao mostrar que "os mesmos elementos
qumicos que existem sobre a Terra e no Sol tambm podem ser encontrados
em todas as estrelas". O espectroscpio faz mais ainda: mostra que todas
as estrelas "so sis, similares em constituio ao nosso"; e o Prof.
Mayer acrescenta: as condies magnticas da Terra dependem das variaes
que sofre a superfcie solar, a cujas emanaes ela est sujeita, pelo
que, se as estrelas so sis, tambm tm de influir proporcionalmente na
Terra.
"Nos nossos sonhos", diz Paracelso, "somos como as plantas, que tambm
possuem o corpo elementar e vital, mas no o esprito. No nosso sono, o
corpo astral livre e pode, pela elasticidade da sua natureza, pairar ao

redor do seu veculo adormecido ou erguer-se mais alto, para conversar com
os pais estrelares ou mesmo comunicar-se com os seus irmos a grandes
distncias. Os sonhos de carter proftico, a prescincia e as
necessidades atuais so as faculdades do esprito astral. Esses dons no
so concedidos ao nosso corpo elementar e grosseiro, pois com a morte ele
desce ao seio da Terra e se rene aos elementos fsicos, ao passo que
muitos espritos retornam s estrelas. Os animais", acrescenta, "tm
tambm os seus pressentimentos, pois tambm tm um corpo astral".
Van Helmont, que foi discpulo de Paracelso, diz a mesma coisa, embora
suas teorias sobre o Magnetismo sejam mais amplamente desenvolvidas e
ainda mais cuidadosamente elaboradas. Omagnale magnum, o meio pelo qual a
propriedade magntica secreta permite que uma pessoa afete uma outra,
atribudo por ele a essa simpatia universal que existe entre todas as
coisas e a Natureza. A causa produz o efeito, o efeito remonta causa e
ambos so recprocos. "O Magnetismo", afirma ele", uma propriedade
desconhecida de natureza celestial; muito semelhante s estrelas e nunca
impedida por quaisquer fronteiras de tempo ou de espao. (...) Toda
criatura possui o seu prprio poder celestial e est estreitamente lidada
ao cu. Este poder mgico do homem permanece latente no seu interior at
que se atualiza no exterior. (...) Esta sabedoria e poder mgico esto
adormecidos, mas a sugesto os pe em atividade aumenta medida que se
reprimem as tenebrosas paixes da carne. (...) Isto o consegue a arte
cabalstica, que devolve alma aquela fora mgica, mas natural, e a
desperta do sono em que se achava sumida."
Van Helmont e Paracelso reconhecem o grande poder da vontade durante os
xtases. Dizem que "o esprito est difundido por toda parte; o agente
do Magnetismo"; que a pura magia primordial no consiste em prticas
supersticiosas e cerimnias vs, mas na imperiosa vontade do homem. "No
so os espritos do cu e do inferno que dominam a natureza fsica, mas,
sim, a alma e o esprito que se ocultam no homem como o fogo na
pederneira."
A teoria da influncia sideral sobre o homem foi enunciada por todos os
filsofos medievais. "Os astros consistem igualmente dos elementos dos
corpos terrestres", diz Cornlio Agripa, "e, por isso, as idias se atraem
reciprocamente. (...) As influncias s se exercem com o concurso do
esprito, mas este esprito est difundido por todo o universo e est em
concordncia plena com os espritos humanos. Quem quiser adquirir poderes
sobrenaturais deve possuir f, amor e esperana. (...) Em todas as coisa
h um poder secreto ocultado e da provm os poderes miraculosos da
Magia".
A doutrina de Mesmer
A doutrina de Mesmer era simplesmente uma reafirmao das doutrinas de
Paracelso, Van Helmont, Santanelli e Maxwell, o escocs. Ele foi acusado
de haver plagiado textos da obra de Bertrand e de enunci-los como
princpios seus. Em sua obra, o Prof. Stewart considera que nosso universo
est composto de tomos conectados entre si como os rgos de uma mquina
acionada pelas leis da energia. O Prof. Youmans chama a isto "uma doutrina

moderna", mas encontramos entre as 27 propores expressas por Mesmer, em


1775, justamente um sculo antes, em sua Letter to a Foreign Physician, as
seguintes:
1. Existe uma influncia mtua entre os corpos celestiais, a terra e os
corpos vivos.
2. Um fludo, universalmente disperso e contnuo, de maneira a no admitir
vcuo, cuja sutileza est aqum de toda comparao e que, por sua prpria
natureza, capaz de receber, propagar e comunicar todas as impresses de
movimento, o agente dessa influncia.
Parece, de acordo com essas afirmaes, que a teoria no to nova. O
Prof. Balfour Stewart diz: "Devemos considerar o universo luz de uma
vasta mquina fsica". E Mesmer:
3. Esta ao recproca est sujeita a leis mecnicas, no conhecidas at a
presente data.
O Prof. Mayer, reafirmando a doutrina de Gilbert segundo a qual a Terra
uma grande im, observa que as variaes misteriosas da intensidade da sua
fora parecem estar sujeitas s emanaes do Sol, "modificando-se com as
aparentes revolues diurnas e anuais daquele orbe e pulsando em simpatia
com as imensas ondas de fogo que se agitam na sua superfcie". Ele fala da
"flutuao constante, do fluxo e do refluxo da influncia diretiva da
Terra". E Mesmer:
4. Desta ao resultam efeitos alternativos que podem ser considerados
como um fluxo e um refluxo.
6. por esta operao (a mais universal das que a Natureza nos apresenta)
que as relaes de atividade ocorrem entre os corpos celestiais, a Terra e
as suas partes constituintes.
H ainda duas outras cuja leitura interessaria aos nossos cientistas
modernos:
7. As propriedades da matria e do corpo organizado dependem desta
operao.
8.O corpo animal experimenta os efeitos alternados desse agente; e
insinuando-se. na substncia dos nervos que ele os afeta imediatamente.
Os experimentos de Mesmer foram bastante aperfeioados pelo Marqus de
Puysgur, que dispensou completamente os aparelhos e efetuou curas
notveis entre os arrendatrios da sua propriedade de Busancy. Dados a
pblico, estes fatos fizeram com que muitos outros homens cultos
experimentassem com semelhante xito, e em 1825 Foissac props Academia
de Medicina a instituio de um nova pesquisa.
O que dizem a respeito do Magnetismo como um remdio secreto foi dito
muitas vezes pelos mais respeitveis escritores sobre o moderno
Espiritismo, a saber: " tarefa da Academia estud-lo, submet-lo a
provas; finalmente, retirar o seu uso e a sua prtica das pessoas
estranhas arte, que abusam dos meios que ele fornece e fazem dele um
objeto de lucro e especulao".
O relatrio inclui uma grande quantidade de fenmenos classificados em 3
pargrafos diferentes; todavia, como esta obra no se dedica especialmente
cincia do mesmerismo, nos contentamos apenas com alguns breves

extratos. Eles afirmam que nem o contato das mos, as frices, nem os
passos so absolutamente necessrios, pois que, em muitas ocasies, a
vontade e a fixidez do olhar foram suficientes para produzir fenmenos
magnticos, mesmo sem o conhecimento do magnetizado. Os fenmeno
teraputicos atestados" dependem apenas do Magnetismo e no so
reproduzidos sem ele. O estado de sonambulismo existe e ocasiona o
desenvolvimento de novas faculdades, que tm recebido o nome de
clarividncia, intuio e previso interna". O sono (magntico) foi
provocado sob circunstancias em que os magnetizados no podiam ver e
ignoravam completamente os meios empregados para produzi-lo. O
magnetizador, tendo controlado o seu paciente, pode p-lo completamente em
estado de sonambulismo, tir-lo dele sem o seu conhecimento, para fora das
suas vistas, a uma certa distncia e por portas fechadas". Os sentidos
externos da pessoa adormecida parecem completamente paralisados e uma
segunda entidade pode ser posta em ao. "Na maior parte do tempo os
paciente so totalmente estranhos aos rudos externos e inesperados
produzidos perto dos seus ouvidos, tais como o som de vasilhas de cobre
batidas com violncia, a queda de qualquer objeto pesado, etc. (...)
Pode-se faz-los respirar cido hidroclordrico ou amonaco sem dano algum
ou sem que se preocupem com eles". A comisso podia "fazer ccegas nos
seus ps e nas suas narinas, passar uma pena nos cantos dos olhos,
beliscar a sua pele at produzir equimoses, pic-los sob as unhas com
alfinetes enterrados a uma profundidade considervel, sem o menor sinal de
dor ou de conscincia do fato. Em resumo, vimos uma pessoa insensvel a
uma das mais dolorosas cirurgias e cuja fisionomia, assim com o pulso e a
respirao, no manifestou a mnima emoo."
J chega para os sentidos externos; vejamos agora o que eles tm a dizer
sobre os internos, que podem ser considerados capazes de demonstrar uma
diferena notvel entre o homem e o protoplasma de carneiro. "Enquanto
esto em estado de sonambulismo diz a comisso, "as pessoas magnetizadas
que observamos conservam o exerccio das faculdades que possuem quando
esto despertas. A sua memria parece at ser mais fiel e mais extensa.
(...) Vimos dois sonmbulos distinguirem, de olhos fechados, objetos
colocados sua frente; disseram, sem as tocar, a cor e o valor de cartas;
leram palavras traadas com a mo, ou algumas linhas de livros abertos ao
acaso. Este Fenmeno ocorreu mesmo quando as suas plpebras foram
cuidadosamente fechadas com os dedos. Encontramos em dois sonmbulos o
poder de antever atos mais ou menos complicados do organismo. Um deles
anunciou com antecipao de muitos dias, no, de muitos meses, o dia, a
hora e o minuto em que ataques epilpticos ocorreriam e reincidiriam;
outro declarou o momento da cura. As sua previses realizaram-se com
exatido notvel".
Psicometria, "a luz astral e "a memria de Deus"
H cientistas e cientistas; e se as cincias ocultas sofrem, na instncia
do Espiritismo moderno, da malignidade de uma classe, elas tiveram, no
obstante, os seus defensores em todos os tempos entre os homens cujos
nomes derramaram luzes sobre a prpria cincia. No primeiro posta est

Isaac Newton, "a luz da Cincia", que acreditava plenamente no Magnetismo


tal como fora ensinado por Paracelso, Van Helmont e os filsofos do fogo
em geral. Ningum ousar negar que a sua doutrina do espao e da atrao
universal to-s uma Teoria do Magnetismo. Se as suas prprias palavras
significam alguma coisa, elas querem dizer que ele baseou todas as suas
especulaes na "alma do mundo", o grande agente universal e magntico que
ele chamava de divine sensorium. "Aqui", diz ele, "trata-se de um esprito
muito sutil que penetra tudo, mesmo os corpos mais duros, e que est
oculto na sua substncia. Pela fora e pela atividade desse esprito, os
corpos se atraem uns aos outros e se mantm juntos quando colocados em
contato. Atravs dele, os corpos eltricos operam distncia mais remota,
tanto quanto se estivessem prximos, atraindo-se e repelindo-se; por este
esprito a luz tambm flui e refratada e refletida , e aquece os corpos.
Todos os sentidos por esse esprito e por ele os animais movem os seus
membros. (...) Mas estas coisas no podem ser explicadas com poucas
palavras e no temos experincia suficiente para determinar plenamente as
leis pelas quais opera esse esprito universal".
H duas espcies de magnetizao; a primeira puramente animal, a outra
transcendente e depende da vontade e do conhecimento do mesmerizador,
assim como do grau de espiritualidade do paciente e da sua capacidade de
receber as impresses da luz astral. Deve-se observar aqui a clarividncia
depende muito mais da primeira-animal do que da segunda - transcendente. O
paciente mais positivo se submeter ao poder de um adepto, como Du Potet.
Se a sua opinio estiver convenientemente dirigida pelo mesmerizador, pelo
mago ou pelo esprito, a Luz Astral dever liberar ao nosso escrutnio os
registros mais secretos; pois, se ela um livro que sempre est fechado
queles "que vem e nada percebem", por outro lado est sempre aberto
quele que quer v-lo aberto. Ele guarda um registro inalterado de tudo
que foi, que ou que ser. Os mnimos atos de nossas vidas esto
impressos nele e mesmo os nossos pensamentos esto fotografados em suas
pginas eternas. o livro que vemos aberto pelo anjo do Apocalipse, "que
o Livro da vida e por ele que os mortos so julgados de acordo com as
suas obras". Ele , em suma, a MEMRIA de DEUS!
"Os orculos afirmam que a impresso dos caracteres e de outras vises
divinas aparecem no ter. (...) Nele, as coisas sem figura esto
figuradas", diz um fragmento antigo dos Orculos de Zoroastro.
Assim, tanto a antiga quanto a moderna sabedoria, vaticnio e cincia,
concordam na corroborao das asseres cabalsticas. nas pginas
indelveis da luz astral que so estampadas as impresses de todo
pensamento que pensamos e de todo ato que realizamos; e os eventos futuros
- efeitos de causas h muito esquecidas - j esto ali delineados como uma
pintura vvida que o olho do vidente e do profeta podem ver. A memria - o
despertar do materialista, o enigma do psiclogo, a esfinge da Cincia , para o estudioso das filosofias antigas, apenas um nome que designa o
poder que o homem exerce inconscientemente e que partilha com muitos dos
animais inferiores, de olhar com a viso interior para a luz astral e de
ver a as imagens das sensaes e dos incidentes do passado. Em vez de

procurar os gnglios cerebrais para "as micrografias dos vivos e dos


mortos e de lugares que j visitamos, de incidentes de que j
participamos", eles se dirigiram ao vasto repositrio em que os registros
da vida de todo homem, assim como de toda pulsao do cosmo visvel, esto
armazenadas para toda a eternidade!
O claro da memria, que se supe tradicionalmente mostrar ao homem
submerso todas as cenas h muito esquecidas da sua vida mortal - como a
paisagem revelada ao viajante por intermitentes clares de relmpagos -,
apenas um vislumbre repentino que a alma combatente lana nas galerias
silenciosas em que a sua histria est pintada em cores imperecveis.
O fato bastante conhecido - corroborado pela experincia pessoal de nove
entre dez pessoas - de que freqentemente reconhecemos como familiares
cenas e paisagens e conversas que vemos ou ouvimos pela primeira vez, e s
vezes em lugares aos quais nunca fomos antes, um resultado das mesmas
causas. Os que acreditam na reencarnao invocam esse fato como uma prova
adicional de nossa existncia anterior em outros corpos. Este
reconhecimento de homens, lugares e coisas que nunca vimos atribudo por
eles a clares da memria anmica de experincias anteriores. Mas os
homens de antanho, como os filsofos medievais, difundiram energicamente
uma opinio contrria.
Eles afirmaram que - embora este fenmeno psicolgico fosse um dos maiores
argumentos a favor da imortalidade e tambm da preexistncia da alma,
sendo esta ltima dotada de uma memria individual separada do nosso corpo
fsico - ele no se constitui em prova da reencarnao. Como liphas Lvi
expressa muito bem, "a Natureza fecha a porta depois que cada coisa passa
e leva a vida frente" em formas mais perfeitas. A crislida
transforma-se em borboleta; esta nunca se transforma novamente numa larva.
Na calma das horas noturnas, quando os nossos sentidos corporais esto
tolhidos pelo sono e o nosso fsico repousa, a forma astral torna-se
livre. Ela ento se esvai para fora de sua priso terrena e, segundo a
expresso de Paracelso, "confabula com o mundo exterior" e viaja pelos
mundos visveis e invisveis. "No sono", diz ele, "o corpo astral (alma)
est liberto dos seus movimentos; ento ele voa para os seus pais e
conversa com as estrelas". Os sonhos, os pressgios, a prescincia, os
prognsticos e os pressentimentos so impresses deixadas por nosso corpo
astral em nosso crebro, que os recebe mais ou menos distintamente, de
acordo com a intensidade de sangue que lhe fornecido durante as horas de
sono. Quanto mais dbil esteja o corpo fsico, mais vvida ser a memria
anmica e maior liberdade gozar o esprito. Depois de profundo e
repousado sono sem sonhos, o homem retorna ao estado de viglia, no
conserva nenhuma recordao de sua existncia noturna e, contudo, em seu
crebro, esto gravadas, embora latentes sob a presso da matria, as
cenas e paisagens durante sua peregrinao no corpo astral. Esta imagens
latentes podem ser reveladas pelos relmpagos da memria anmica que
estabelecem momentos intercmbios de energia entre o universo visvel e o
invisvel, isto entre os gnglios microgrficos cerebrais e as molculas
cenogrficas da luz astral. E um homem que sabe que nunca visitou em

corpo, nem viu a paisagem e a pessoa que ele reconhece, pode afirmar que
os viu e os conhece, pois esse conhecimento foi travado durante uma dessas
viagens em "esprito". A isso os filsofos fazem apenas uma objeo.
Respondero que no sono natural - perfeito e profundo - "a metade da nossa
natureza, que volitiva, est em condio de inrcia"; em conseqncia,
incapaz de viajar; tanto mais a existncia de um tal corpo ou alma astral
individual considerada por eles um pouco menos do que um mito potico.
Ningum, por grosseiro e material que seja, pode evitar o fato de levar
uma existncia dupla; uma no universo visvel, outra no invisvel. O
princpio vital que anima a sua constituio fsica est principalmente no
corpo astral; e enquanto suas partculas densas ficam inertes, as mais
sutis no conhecem limites nem obstculos. Estamos perfeitamente
conscientes de que muitos eruditos, e tambm ignorantes, se erguero
contra essa teoria da distribuio do princpio vital. Eles prefeririam
continuar na ignorncia bem-aventurada e confessar que ningum sabe nem
pode pretender dizer de onde vem esse agente misterioso e para onde ele
vai ao invs de conceder um momento de ateno quilo que consideram como
teorias antigas e desacreditadas. Alguns, colocando-se no terreno da
Teologia, podem objetar que os brutos cegos no possuem almas imortais e,
em conseqncia, no tm espritos astrais; pois os telogos, como os
leigos, vivem sob a errnea impresso de que alma e esprito so uma e a
mesma coisa. Mas se estudarmos Plato e outros filsofos da Antigidade,
poderemos perceber perfeitamente que, enquanto a "alma irracional", com
que Plato designa o nosso corpo astral, ou a representao mais etrea do
nosso ser, pode ter no melhor dos casos apenas uma continuidade de
existncia mais ou menos prolongada alm-tmulo - o esprito divino,
erroneamente chamado de alma pela Igreja, imortal por sua prpria
essncia. (Qualquer erudito hebraico apreciar prontamente a distino que
existe entre as palavras, rah, e, nephesh.) Se o princpio vital algo
isolado do esprito astral e no est de maneira alguma ligado a ele, como
que pode dizer que a intensidade dos poderes clarividentes depende tanto
da prostrao corporal do paciente? Quanto mais profundo o sonho
hipntico e menos sinais de vida se notem no corpo fsico, mais claras se
tornam as percepes espirituais e mais penetrantes as vises da alma,
que, desprendida dos sentidos corporais, atua com muito mais potncia do
que quando ele serve de veculo num corpo forte e sadio. Brierre de
Boismonte fornece exemplos repetidos desse fato. Os rgos da viso, do
olfato, do paladar, do tato e da audio provaram tornar-se mais perfeitos
num paciente mesmerizado privado da possibilidade de exerc-los
corporalmente do que quando os utiliza em seu estado normal.
Estes fenmenos provam incontestavelmente a continuidade da vida, pelo
menos por um certo perodo depois de morto o corpo fsico. Mas, embora
durante a sua breve permanncia na Terra a nossa alma possa ser comparada
a uma luz ocultada num alqueire, ela no deixa de brilhar por isso e de
receber a influncia de espritos afins, de modo que todo pensamento bom
ou mau atrai vibraes da mesma natureza to irresistivelmente quanto o
im atrai as limalhas de ferro. Esta atrao proporcional tambm

intensidade com que o impulso do pensamento se faz sentir no ter. Assim


se pode compreender como algum se imponha com tant fora em sua poca,
que sua influencia pode ser transmitida - atravs de correntes de energia
que esto sempre em intercmbio entre os dois mundos, o visvel e o
invisvel - de era em era, at chegar a afetar poro da Humanidade.
Um dos descobrimentos mais interessante dos tempos modernos a faculdade
que permite a uma certa classe de sensitivos receber, de qualquer objeto
colocado em suas mos ou aplicado sobre sua testa, impresses do carter
ou da aparncia do indivduo ou de qualquer objeto com que ele esteve
anteriormente em contato. Assim, um manuscrito, um quadro, uma vestimenta
ou uma jia - seja qual for a sua antigidade - transmite ao sensitivo uma
pintura vvida do escritor, pintor ou usurio, mesmo que ele tenha vivido
nos dias de Ptolomeu ou Enoc. No mais: um fragmento de um antigo edifcio
recordar a sua histria e at cenas que transpiram do seu interior ou das
suas cercanias. Um pedao de minrio levar a viso da alma de volta
poca em que ele estava em processo de formao. Esta faculdade
denominada pelo seu descobridor - Prof. J.R. Buchanan, de Louisville, no
Kentucky - de psicometria. a ele que o mundo est em dbito por este
acrscimo to importante cincia psicolgica; e a ele, talvez, quando
o ceticismo for derrubado pelo acumulo de fatos, que a posteridade erigir
uma esttua. Anunciando ao pblico a sua grande descoberta, o Prof.
Buchanan, limitou-se ao poder da psicometria para delinear o carter
humano, diz: "A influncia mental e fisiolgica atribuda escrita parece
ser indestrutvel, pois os espcime mais antigos que investiguei
forneceram as suas impresses com uma nitidez e uma fora pouco, seno
nada, prejudicadas pelo tempo. Velhos manuscritos, que exigiam um
antiqurio para se decifrar a sua estranha caligrafia antiga, foram
facilmente interpretados pelo poder psicolgico. (...). A propriedade de
conservar a impresso da mente no est limitada escrita. Desenhos,
quadros - tudo aquilo em que o contato, o pensamento e a volio humana
tm sido consumidos - podem encadear-se a esse pensamento e a essa vida,
de maneira que eles re-ocorram mente de uma pessoa quando h contato".
Sem, talvez, conhecer realmente, nas primeiras horas da sua descoberta, a
significao de suas prprias palavras acrescenta: "Esta descoberta, na
sua aplicao s artes e Histria, abrir uma mina de informaes
interessantes".
A existncia desta faculdade foi demonstrada experimentalmente, pela
primeira vez, em 1841. Desde ento, foi verificada por milhares de
psicmetras em diferentes parte do mundo. Ela prova que tudo o que ocorre
na Natureza - por mnimo ou insignificante que seja - deixa a sua
impresso indelvel sobre a natureza fsica; e, como no resulta da
nenhuma perturbao molecular aprecivel, a nica inferncia possvel a
que essas imagens foram produzidas por aquela fora invisvel, universal o ter, ou luz astral.
No livro, The Soul of Things, o Prof. Denton, gelogo, entra em grande
profundidade numa discusso sobre este assunto. Fornece uma enorme
quantidade de exemplos do poder psicomtrico, que a Sra. Dentron possui em

grau bastante acentuado. Um fragmento da casa de Ccero, em Tsculo,


permitiu-lhe descrever, sem a mnima informao sobre a natureza do objeto
colocado a sua frente, no s a vizinhana do grande orador, mas tambm o
morador anterior do edifcio, Cornelius Sulla Flix, ou, como era
usualmente chamado, Sulla, o Ditador. Um fragmento de mrmore da antiga
Igreja Crist de Esmirna fez surgir diante dela a sua congregao e os
sacerdotes oficiantes. Espcimes de Nnive, da China, de Jerusalm, da
Grcia, do Ararat e de outros lugares do mundo trouxeram baila cenas da
vida de vrias personagens cujas cinzas desapareceram a milhares de anos.
Em muitos casos o Prof. Denton verificou as afirmaes com o auxilio de
registros histricos. Mais que isso: um pedao do esqueleto ou um
fragmento do dente de um animal antediluviano induziu a vidente a perceber
a criatura tal como era quando estava viva, e at a viver a sua vida por
alguns breves momentos e a experimentar as suas sensaes. Diante da busca
ansiosa do psicmetra, os recessos mais ocultos do domnio da Natureza
revelam os seus segredos e os eventos das pocas mais remotas rivalizam em
vividez de impresso com as circunstancias fugazes de ontem.
Diz o autor, na mesma obra: "Nenhuma folha tremula, nenhum inseto rasteja,
nenhuma ondulao se pe em mancha - porm cada movimento est gravado por
mil escribas fieis em escrita infalvel e indelvel. Isto vlido para
todas as pocas, da primeira aurora de luz sobre este globo infantil,
quando uma cortina de vapores flutuava ao redor do seu bero, at este
momento. A Natureza esteve sempre ocupada em fotografar cada instante. Que
galeria de quadro ela!"
Parece-nos impossvel imaginar que cenas da antiga Tebas ou de algum
templo pr-histrico pudessem ser fotografadas sobre a simples substncia
de certos tomos. As imagens dos eventos esto incrustadas naquele agente
universal, que tudo penetra, que tudo conserva e que os filsofos chamam
de "a alma do mundo", e o Sr. Denton, de "a alma das coisas". O
psicmetra, aplicando o fragmento de uma substncia sua fronte, coloca o
seu eu interior em relao com a alma interior do objeto que ele toca.
Admite-se agora que o ter universal penetra todas as coisas na Natureza,
mesmo a mais slida. Comea-se a admitir que ele preserva as imagens de
todas as coisas que dele transpiram. Quando o psicmetra examina o seu
espcime, ele colocado em contato com a corrente da Luz Astral, que est
em relao com aquela espcime e que conserva quadros dos eventos
associados histria. Estas cenas, de acordo com Dentron desfilam diante
dos seus olhos com a velocidade da luz; as cenas sucedem to rapidamente
umas s outras, que s pelo exerccio supremo da vontade ele capaz de
reter uma delas no campo de sua viso durante um tempo suficiente para a
descrever.
O psicmetra clarividente; isto , ele v com o olho interior. A menos
que o poder da sua vontade seja muito forte, a menos que ele tenha sido
treinado plenamente para esse fenmeno particular e que o seu conhecimento
das capacidades da sua viso sejam profundos, as suas percepes de
lugares, de pessoas e de eventos devem ser necessariamente muito confusas.
Mas no caso da mesmerizao, em que esta mesma faculdade clarividente se

desenvolveu, o operador, cuja vontade mantm a do paciente sob controle,


pode fora-la a concentrar a sua atrao sobre um determinado quadro
durante o tempo suficiente para observar todos os seus detalhes
minuciosos. Alm disso, sob a direo de um mesmerizador experimentado, o
vidente ultrapassaria o psicmetra natural na previso de eventos futuros,
mais distintos e mais claros do que para este ltimo. E queles que
poderiam objetar contra a possibilidade de se perceber aquilo que "ainda
no ", podemos fazer a seguinte pergunta: Por que mais impossvel ver
aquilo que ser do que trazer de volta viso aquilo que se foi e no
existe mais? Segundo a doutrina cabalstica, o futuro existe na luz astral
em embrio, como o presente existiu em embrio no passado. Ao passo que o
homem livre para agir como lhe agrada, a maneira pela qual ele deseja
agir foi prevista h muito tempo; no no terreno do fatalismo ou do
destino, mas simplesmente no princpio da harmonia universal, imutvel; e,
da mesma maneira, pode-se saber de antemo que, quando uma nota tangida,
as suas vibraes no sero e no podero ser modificadas para as
vibraes de uma outra nota. Alm disso, a eternidade no pode ter passado
nem futuro, mas apenas presente; como o espao infinito, no seu estrito
literal, no pode ter lugar distante nem prximos. As nossas concepes,
limitadas estrita rea de nossa experincia, tendem determinar se no um
fim, pelo menos um princpio para o tempo e para o espao; mas nada disso
existe na realidade - pois nesse caso o tempo no seria eterno, nem o
espao infinito. O passado no existe mais do que o futuro, como dissemos,
s as nossas memrias sobrevivem; e as nossas memrias so apenas relances
que apanhamos dos reflexos desse passado nas corrente da luz astral, da
mesma maneira que o psicmetra os apanha das emanaes astrais do objeto
que ele tem em mos.
Transferncia de energia do universo visvel para o invisvel
Por conseguinte, quando Van Helmont nos conta que, "embora uma parte
homognea da terra elementar possa ser artificialmente convertida em
gua", ainda que ele negue "que a mesma coisa possa ser feita pela
Natureza, pois nenhum agente natural capaz de transmutar um elemento em
outro", fornecendo como razo o fato de os elementos permaneceram sempre
os mesmos - devemos acreditar que ele , seno um ignorante, pelo menos um
aluno atrasado da embolorada "filosofia grega antiga". Vivendo e morrendo
em bem-aventurada ignorncia das futuras 63 substncias, o que que ele
ou o seu amigo mestre Paracelso poderiam ter feito? Nada, naturalmente, a
no ser especulaes metafsicas e malucas, vestidas num jargo
ininteligvel comum a todos os alquimistas medievais e antigos. No
obstante, comparando-se as notas, encontramos a seguinte na mais recente
de todas as obras sobre Qumica moderna: "O estudo de Qumica revelou uma
notvel classe de substncias, de algumas das quais no se pde extrais
por um processo qumico uma segunda substncia qualquer que pese menos do
que a substncia original (...) por nenhum processo qumico podemos obter
do ferro uma substncia que pese menos do que o metal usado na sua
produo. Numa palavra, nada podemos extrair do ferro a no ser ferro".
Alm disso, parece, de acordo com o Prof. Cooke, que "h setenta e cinco

anos atrs os homens no sabiam que havia alguma diferena" entre


substncias elementares e compostas, pois nos tempos antigos os
alquimistas nunca haviam compreendido "que o peso a medida do material e
que, depois de medido, todo material fica ao alcance da compreenso"; mas,
ao contrrio, imaginaram que, em experimentos como esses, "as substncias
envolvidas sofressem uma transformao misteriosa (...) sculos", em suma,
"foram gastos em vs tentativas de transformar em ouro os metais mais
vis".
Aprendemos, com as suas prprias indicaes, que o alkahest induz as
seguintes modificaes:
"(1) O alkahest nunca destri as virtudes seminais dos corpos dissolvidos;
por exemplo, o ouro, por sua ao, reduzido a sal de ouro, o antimnio
em sal de antimnio, etc., das mesmas virtudes seminais ou caracteres da
matria concreta original.
(2) A substncia exposta sua operao convertida em seus trs
princpios - sal, slfur e mercrio - e, depois transformada em gua
clara.
(3) Tudo o que ele dissolve pode tornar-se voltil por um banho de areia
quente; e, se depois de o solvente se volatizar, for submetido
destilao, o corpo permanece puro, sob a forma de gua inspida, mas
sempre igual em quantidade ao original". Mais adiante, constatamos que Van
Helmont, o velho, diz que este sal dissolve os corpos mais indceis em
substncias das mesmas virtudes seminais, "iguais em peso matria
dissolvida" e, ele acrescenta, "este sal - que Paracelso indicou muitas
vezes com a expresso sal circulatum - perde toda a sua fixidez e, a longo
prazo, torna-se uma gua inspida, igual em quantidade ao sal de que foi
feita".
O Prof. T. Sterry Hunt diz em uma de suas conferncias: "Os alquimistas
procuram em vo um solvente universal, mas sabemos agora que a gua,
auxiliada em alguns casos pelo calor, pela presso e pela presena de
certas substncias largamente difundidas, tais como o cido carbnico e os
carbonos de sulfatos alcalinos, dissolver os corpos mais insolveis de
maneira que ela poderia, afinal, ser considerada como alkahest ou o
mnstruo universal to procurado."
Isto se l como uma parfrase de Van Helmont ou do prprio Paracelso! Eles
conheciam as propriedades da gua como solvente tanto quanto os qumicos
modernos e nem por isso ocultavam o fato; o que mostra que no era este o
seu solvente universal.
"Uma coisa que talvez contribua para salvar luzes sobre a questo (...)
observar que Van Helmont, assim como Paracelso, consideraram a gua como o
instrumento [agente?] universal da Qumica e da Filosofia Natural; e a
Terra, como a base imutvel de todas as coisas - que o fogo foi
considerado como a causa suficiente de todas as coisas - que as impresses
seminais foram alojadas no mecanismo da Terra - que a gua, por dissolver
essa terra e fermentar com essa terra, como faz por meio do calor, produz
todas as coisas; da provieram originalmente os reinos animal, vegetal e
mineral".

Os alquimistas conheciam perfeitamente essa potncia universal da gua.


Nas obras de Paracelso, Van Helmont, Filaletes, Taqunio e at de Boyle "a
grande caracterstica do alkahest, a de "dissolver e modificar todas os
corpos sublunares - dos quais se excetua apenas a gua", afirmada
explicitamente. E possvel acreditar que Van Helmont, cujo carter
privado era inatacvel e seu grande saber era reconhecido universalmente,
tivesse solenemente declarado que estava de posse do segredo, se este no
fosse apenas uma gabolice intil!
As experincias de Crookes
No Researches in the Phenomena of Spiritualism do Sr. Crookes, p. 101,
este cavalheiro cita Sergeant Cox que, aps ter dado a esta
fora o qualificativo de psquica, explica-a nos seguintes termos: "Como o
organismo movido e dirigido em sua estrutura por uma fora que ou no
dirigida pela alma, pelo esprito ou pela mente (...) que constitui o
ser individual que chamamos de `Homem`, igualmente razovel a concluso
de que a fora que causa os movimentos que esto fora dos limites dos
corpos a mesma fora que produz o movimento dentro dos limites do corpo.
E da mesma maneira que a fora externa freqentemente dirigida pela
inteligncia, igualmente razovel a concluso de que a inteligncia
diretora da fora externa seja a mesma inteligncia que dirige
internamente a fora".
A fim de compreender melhor essa teoria, poderamos dividi-la em quatro
proposies e mostrar que Sergeant Cox acredita:
1. Que a fora que produz os fenmenos fsicos precede do mdium
(conseqentemente, gerada nele).
2. Que a inteligncia que dirige a fora para a produo dos fenmenos (a)
pode s vezes ser outra que no a inteligncia do mdium; mas a "prova"
desse fato "insuficiente"; portanto, (b) a inteligncia diretora
provavelmente a do prprio mdium. A isto o Sr. Cox chama de "concluso
razovel".
3. Que a fora que move a mesa idntica fora que move o prprio corpo
do mdium.
4. Ele combate energicamente a teoria, ou antes a assero, espiritista de
que "os espritos dos mortos so os nicos agentes na produo de todos os
fenmenos".
Antes de continuarmos nossa anlise dessas opinies, devemos lembrar ao
leitor que nos achamos entre dois opostos extremos representados por duas
faces - os crentes e os descrentes nessa ao dos espritos humanos.
Nenhuma delas parece ser capaz de decidir a questo levantada pelo Sr.
Cox; pois enquanto os espiritistas so to onvoros em sua credulidade,
chegando a acreditar que todo som e todo movimento num crculo deve ser
produzido por seres humanos desencarnados, os seus antagonistas negam
dogmaticamente que algo possa ser produzido por "espritos", pois eles no
existem. Em conseqncia, nenhuma faco est em posio de examinar este
assunto com a serenidade que sua importncia requer.
Se eles consideram que a fora que "produz movimento dentro do corpo" e
aquela que "causa o movimento fora dos limites do corpo" tm a mesma

essncia, eles podem estar certos. Mas a identidade dessas duas foras
acaba a. O princpio vital que anima o corpo do Sr. Cox da mesma
natureza que o do seu mdium; no obstante, ele no o mdium, nem este
o Sr. Cox.
Essa fora, que, para agradarmos tanto ao Sr. Cox quanto ao Sr. Crookes,
podemos chamar de psquica ou de qualquer outra coisa, procede por meio do
mdium individual, e no a partir dele. Se procedesse dele, esta fora
seria gerada no mdium e podemos mostrar que no isso o que acontece;
nem nos exemplos de levitao de corpos humanos, de movimentao de moveis
e de outros objetos sem contato, nem naqueles casos em que a fora
apresenta razo e inteligncia. bastante conhecido dos mdiuns e dos
espritas o fato de que quando mais passivo forem os primeiros, melhores
sero as manifestaes; e de que cada um dos fenmenos mencionados acima
requer uma vontade consciente predeterminada. Em casos de levitao,
deveramos acreditar que essa fora autogerada elevaria do solo a massa
inerte, dirigi-la-ia pelo ar e a recolocaria no solo, evitando obstculos
e, em conseqncia, apresentando inteligncia, agindo automaticamente,
permanecendo o mdium passivo durante todo o tempo. Se as coisas se
passassem dessa maneira, o mdium seria um mago consciente e toda
pretenso de ser um instrumento passivo nas mos de inteligncias
invisveis seria intil. Da mesma maneira, seria um absurdo mecnico
considerar que uma quantidade de vapor suficiente para encher, sem
estourar, uma chaleira, ergueria a chaleira - ou um jarro de Leyden, cheio
de eletricidade, seria movido de lugar. Todas as analogias parecem indicar
que a fora que opera na presena de um mdium sobre objetos externos
procede de uma fonte estranha ao prprio mdium. Poderamos compar-la ao
hidrognio que triunfa da inrcia do balo. O gs, sob o controle de uma
inteligncia, acumulvel no recipiente em volume suficiente para
ultrapassar a atrao de sua massa combinada. Analogamente produz a fora
psquica os fenmenos de levitao, e embora seja de natureza idntica
matria astral do mdium, no a sua mesma matria astral, pois este
permanece durante todo o tempo numa espcie de torpor catalptico, se um
autntico mdium. Portanto, o primeiro extremo da hiptese de Cox
errneo, porque se baseia numa hiptese mecanicamente indefensvel.
Naturalmente o nosso argumento procede da suposio de que a levitao
um caso observado. A teoria da fora psquica, para ser perfeita, deve
explicar todos os "movimentos visveis (...) em substncia slidas" e
entre estes est a levitao.
Quanto ao seu segundo extremo, negamos que no haja prova suficiente de
que a fora que produz os fenmenos seja s vezes dirigidas por
inteligncias outras que no a do mdium. Ao contrrio, h uma tal
abundncia de testemunhos para mostrar que, na maioria dos casos, nenhuma
influncia exerce a mente do mdium nos fenmenos, pelo qual no pode
passar sem reparos a temerria afirmao de Cox neste ponto.
Consideramos igualmente ilgica a sua terceira proposio; pois se o corpo
do mdium no for o gerador mas apenas o canal da fora que produz o
fenmeno - uma questo sobre a qual as pesquisas do Sr. Cox no lanam

nenhuma luz -, ento no decorre que, porque "a alma, o esprito ou a


mente" do mdium dirige o organismo do mdium, "alma, o esprito ou a
mente" que levanta uma cadeira ou d golpes correspondentes s letras do
alfabeto.
Quando quarta proporo, isto , a de que "os espritos dos mortos so
os nicos agentes na produo de todos os fenmenos", no sentimos
necessidade de nos ocuparmos dela neste momento, pois a natureza dos
espritos que produzem manifestaes medinicas tratada externamente em
outros captulos.
A alma astral: um centro de fora
Os filsofos, especialmente os iniciados nos mistrios, sustentavam que a
alma astral o incoercvel duplicado do corpo denso, o perisprito dos
espritos kardecista, ou a forma-esprito dos no-reencanacionistas. Sobre
esse duplicado ou molde interno, iluminando-a tal como o clido raio do
Sol ilumina a Terra, frutificando o germe e trazendo-o para a visualizao
espiritual das qualidades latentes que nele dormem, paira o esprito
divino. O perisprito astral est contido no corpo fsico e nele
confinado, como o ter numa garrafa ou o magnetismo no ferro magnetizado.
um centro e um engenho de fora, alimentado pelo suprimento universal de
fora e movido pelas mesmas leis gerais que regem toda a Natureza e
produzem todos os fenmenos csmicos. A sua atividade inerente causa as
operaes fsicas incessantes do organismo animal e, em ltima instncia,
resulta na destruio da fora por abuso ou pela prpria perda. o
prisioneiro do corpo, no o ocupante voluntrio. Exerce uma atrao to
poderosa sobre a fora universal externa, que, depois de ter consumido o
seu invlucro, termina por escapar dele. Quanto mais forte, mais grosseiro
e mais material for o corpo que o envolve, mais longo o seu
aprisionamento. Algumas pessoas nascem com organismos to excepcionais,
que a porta que impede toda comunicao com o mundo da luz astral pode ser
facilmente destrancada e aberta e as suas almas podem ver aquele mundo, ou
mesmo passar para ele e voltar. Aqueles que o fazem conscientemente, e vontade, so chamados magos, hierofantes, videntes, adeptos; aqueles que
so preparados para faz-lo, seja pelo fludo do mesmerizador ou dos
"espritos", so "mdiuns". A alma astral, uma vez aberta as barreiras,
to poderosamente atrada pelo im astral universal, que ela s vezes
ergue consigo o seu invlucro e o mantm suspenso no ar at que a
gravidade da matria recupere a sua supremacia e o corpo desa novamente
terra.
Toda manifestao objetiva - seja o movimento dum membro vivo, seja o
movimento de um corpo inorgnico - exige duas condies: vontade e fora mais matria, ou aquilo que torna o objeto assim movimentado visvel ao
nossos olhos; e estas trs foras conversveis, ou a correlao de foras
dos cientistas. Por seu turno, elas so dirigidas, ou antes obscurecidas,
pela inteligncia Divina que esses homens deixam to cuidadosamente de
lado, mas sem a qual mesmo o rastejar da menor minhoca no pode ocorrer.
Tanto o mais simples quanto o mais comum de todos os fenmenos naturais o farfalhar das folhas que tremem ao ligeiro contato da brisa - exige um

exerccio constante dessas faculdades. Os cientistas poderiam cham-las de


leis csmicas, imputveis e permanentes. Por trs dessas leis devemos
procurar a causa inteligente, que uma vez criada e tendo posto estas leis
em movimento, infundiu nelas a essncia da sua prpria conscincia. Quer a
chamemos de primeira causa, vontade universal ou Deus, sempre implica
inteligncia.
A manifestao da vontade e as foras psquicas
E agora podemos perguntar: como se manifesta a vontade a um tempo
consciente ou inconscientemente, isto , com inteligncia ou sem ela? A
mente no pode estar separada da conscincia, entendendo-se por tal a
conscincia fsica, seno uma quantidade do princpio senciente da alma,
que pode atuar mesmo quando o corpo fsico esteja adormecido ou
paralisado. Se, por exemplo, levantamos maquinalmente o brao, cremos que
o movimento inconsciente porque os sentidos corporais no apreciam o
intervalo entre o propsito e a execuo. No entanto, a vigilante vontade
gerou fora e ps o brao em movimento. Nada h, nem ao menos nos mais
vulgares fenmenos Medinicos, nada que confirme a hiptese de Cox, pois
se a inteligncia denotada pela fora no prova que o seja de um esprito
desencarnado, menos ainda poderia s-lo do mdium inconsciente. O prprio
Sr. Crookes nos fala de casos em que a inteligncia no poderia ter
emanado de nenhuma pessoa da sala; como no exemplo em que a palavra
"however" ["todavia"], coberta por seu dedo e desconhecida dele prprio,
foi escrita corretamente na prancheta. Nenhuma explicao justificaria
este caso; a nica hiptese admissvel - se excluirmos a interveno de um
poder-esprito - a de que as faculdades clarividentes foram postas em
jogo. Mas os cientistas negam a clarividncia; e se, para escapar da
alternativa importuna de atribuir os fenmenos a uma fonte espiritual,
eles admitirem o fato da clarividncia, ento ela os obriga a aceitar a
explicao cabalstica do que seja esta faculdade, ou ento a cumprir a
tarefa at agora impraticvel de elaborar uma nova teoria que se adapte
aos fatos.
Como dissemos anteriormente, a fora psquica moderna e os fluidos
oraculares antigos, terrestres ou siderais, so idnticos em essncia simplesmente uma fora cega. Assim o ar. E, ao passo que num dilogo as
ondas sonoras produzidas por uma conversao de interlocutores afetam o
mesmo corpo de ar, isto no implica dvida alguma sobre o fato de que h
duas pessoas conversando uma com a outra. mais razovel dizer que,
quando um agente comum empregado pelo mdium e pelo "esprito" para se
intercomunicarem, no deve necessariamente se manifestar seno uma
inteligncia? Como o ar necessrio para a troca mtua de sons audveis,
assim tambm certas correntes de luz astral, ou de ter dirigido por uma
inteligncia, so necessria para a produo dos fenmenos psquicos.
Colocai dois interlocutores no recipiente desprovido de ar de um
compressor e, se eles viverem, as suas palavras sero pensamentos
inarticulados , pois no haveria ar para vibrao e, em conseqncia, para
produo de som que chegasse aos seus ouvidos. Colocai o mdium mais forte
numa atmosfera isolada como a que um mesmerizador poderoso, familiarizado

com as propriedades do agente mgico, pode criar ao seu redor, e nenhuma


manifestao ocorrer at que uma inteligncia oposta, mais patente do que
o poder de vontade do mesmerizador, vena esta ltima e faa cessar a
inrcia astral.
Os antigos distinguiram perfeitamente entre uma fora cega que age
espontaneamente e a mesma fora dirigida por uma inteligncia.
Plutarco, sacerdote de Apolo, ao falar dos vapores oraculares, que no
eram seno gases subterrneos impregnados de propriedades magnticas
intoxicantes, mostra que a sua natureza dual quando se dirige a ele com,
estas palavras: "E quem s tu? sem um Deus que te crie e te aprimore; sem
um demnio [esprito] que, agindo sob as ordens de Deus, te dirige e te
governe - tu no podes nada, tu s nada mais do que um sopro intil".
Assim, sem alma ou inteligncia que a habite, a fora psquica seria
apenas um "sopro intil".
Aristteles afirma que esse gs, ou emanao astral, que escapa de dentro
da Terra, a nica causa suficiente, que age de dentro para fora a
vivificao de todo ser e planta que vivem na crosta exterior. Em resposta
aos negadores cpticos do seu sculo, Ccero, movido por uma ira
justificada, exclama: "E o que pode ser mais divino do que as exalaes da
Terra, que afetam a alma humana de maneira a torn-la capaz de predizer o
futuro? E poderia a mo do tempo evaporar essa virtude? Supes que falas
de uma espcie de vinho ou de carne salgada?". Podem os experimentalistas
modernos pretender ser mais sbios do que Ccero e dizer que essa fora
evaporou-se e que as fontes de profecia esto secas?
Diz-se que todos os profetas da Antigidade - sensitivos inspirados emitiam as suas profecias nas mesmas condies, por eflvio externo direto
da emanao astral ou por uma espcie de fluxo mido proveniente da Terra.
esta matria astral que serve como revestimento temporrio das almas que
se formam nessa luz. Cornlio Agripa expressa as mesmas opinies quanto
natureza desses fantasmas quando os descreve como midos ou aquosos: "in
spiritu trbido humidoque".
As profecias so pronunciadas de duas maneiras - conscientemente, por
magos capazes de ler na luz astral; e inconscientemente, por aqueles que
agem sob a influencia daquilo que se chama inspirao. A esta ltima
classe pertencem os profetas bblicos e os videntes estticos modernos.
To familiarizado estava Plato com este fato, que ele assim se expressa a
respeito desses profetas: "Nenhum homem obtm a verdade proftica e a
inspirao quando est em posse dos seus sentidos, (...) mas necessrio
para isso que sua mente se ache possuda por algum esprito (...) H quem
o chame de profeta, mas ele no mais que um repetidor, porque de nenhum
modo se deve cham-lo profeta, seno transmissor de vises e profecias".
Eis alguns desses fatos de "evidncia esmagadora": 1) O movimento de
corpos pesados com contato, mas sem esforo mecnico. 2) Os fenmenos de
sons de percusso e outros. 3) A alterao do peso de corpos. 4)
Movimentos de substncias pesadas a uma certa distncia do mdium. 6) A
LEVITAO DE SERES VIVOS. 7) "Aparies luminosas". Diz o Sr. Crookes:
"Sob as condies mais estritas de teste, vi um corpo slido autoluminoso,

do tamanho e quase da mesma forma de um ovo de peru, flutuar


silenciosamente pela sala, s vezes a uma altura a que nenhum dos
presentes poderia chegar mesmo na ponta dos ps, e depois descer
suavemente para o cho. Foi visvel por mais de dez minutos e, antes que
desaparecesse, golpeou a mesa por trs vezes com um som que faz um corpo
slido e duro". (Devemos inferir que o ovo tivesse a mesma natureza do
gato-meteoro de Babinet, que est classificado com outros fenmenos
naturais nas obras de Arago.) 8) O aparecimento de mos, autoluminosos ou
visveis em luz comum. 9) "Escrita direta" por essas mesmas mos
luminosas, separadas de um corpo, e evidentemente dotadas de inteligncia
(fora psquica?). 10) "Formas e faces de fantasmas". Neste exemplo, a
fora psquica provm "do canto da sala" como uma "forma de fantasma",
pega um acordeo com as mos e desliza pela sala tocando o instrumento;
Home, o mdium, estava vista de todos durante todo o tempo. O Sr.
Crookes testemunhou e testou tudo isso em sua prpria casa e,
assegurando-se cientificamente da autenticidade do fenmeno, relatou-o
Royal Society. Foi ele bem recebido como o descobridor de fenmenos
naturais de um carter novo e importante? Que o leitor consulte a sua obra
para a resposta.
Alm dos fenmenos enumerados, o Sr. Crookes apresenta uma outra classe de
fenmenos, que ele denomina "exemplos especiais, que lhe parecem advertir
a ao de uma inteligncia exterior".
"Eu estava", diz o Sr. Crookes, "com a Srta. Fox quando ela escrevia uma
mensagem automaticamente para uma pessoa presente, enquanto uma mensagem
para outra pessoa, sobre outro assunto, estava sendo dada alfabeticamente
por meio de `batidas' e, durante todo o tempo, ela conversava
tranqilamente com uma terceira pessoa sobre um assunto totalmente
diferente dos dois outros. (...) Durante uma sesso em que o mdium era
Home, uma pequena rgua (...) se moveu em minha direo, em plena luz, e
me transmitiu uma mensagem por meio de batidas na minha mo; eu repetindo
o alfabeto, e a rgua tocando a minha mo quando eu enunciava a letra
correta (...) a uma certa distncia das mos do Sr. Home." A mesma rgua,
a pedido do Sr. Crookes, transmitiu-lhe "uma mensagem telegrfica atravs
do cdigo Morse, por meio de batidas na minha mo" (o cdigo Morse era
totalmente desconhecido dos presentes e apenas parcialmente conhecido pelo
Sr. Crookes), "e ela, acrescenta o Sr. Crookes, "me convenceu de que havia
um bom operador Morse do outro lado da linha, SEJA L ONDE FOR ISSO".
Seria impertinente neste caso sugerir que o Sr. procurasse o seu operador
no seu domnio privado - a Terra Psquica? Mas a mesma ripa fez mais e
melhor. Em plena luz, na sala do Sr. Crookes, foi solicitada a ela uma
mensagem, "(...) um lpis e algumas folhas de papel foram colocados no
centro da mesa: um instante depois, o lpis ficou em p e, depois de ter
avanado com movimentos hesitantes para o papel, caiu. Ergue-se e tombou
novamente (...) aps trs tentativas infrutferas, uma pequena rgua" (o
operador Morse) "que estava repousando sobre a mesa deslizou para perto do
lpis e ergueu-se a alguns centmetros da mesa; o lpis ergueu-se
novamente e, apoiando-se rgua, tentaram os dois juntos escrever sobre o

papel. Ele caiu e uma nova tentativa foi feita. Na terceira vez, a rgua
levantou-se e voltou para o seu lugar, o lpis permaneceu como havia cado
sobre o papel e uma mensagem alfabtica nos disse: `Tentamos fazer o que
foi solicitado, mas o nosso poder se esgotou!". A palavra nosso, que
indica os esforos inteligentes da amistosa rgua e lpis, fez-nos pensar
que havia duas foras psquicas presentes.
Em tudo isso, h alguma prova de que o agente diretor fosse "a
inteligncia do mdium"? No h, ao contrrio, uma indicao de que os
movimentos da rgua e do lpis eram dirigidos por espritos "dos mortos",
ou pelo menos pelos espritos de alguma outra entidades inteligentes
inobservadas? Com certeza, a palavra Magnetismo explica neste caso to
pouco quanto a expresso fora psquica; entretanto, mais razovel
utilizar a primeira e no a segunda, quando mais no fosse pelo simples
fato de que o magnetismo ou mesmerismo transcendente produz, fenmenos
idnticos, quanto aos efeitos, queles produzidos pelo Espiritismo. O
fenmeno do crculo encantado do Baro Du Potet e Regazzoni to
contrrio s leis aceitas da Fisiologia quanto a elevao de uma mesa sem
contato o s leis da Fisiologia Natural. Assim como homens fortes
freqentemente consideram impossvel levantar uma pequena mesa que pesava
alguns quilos e a reduziram a pedaos nas suas tentativas de ergu-la,
assim tambm uma dzia de experimentadores, entre os quais s vezes
figuravam acadmicos, foram absolutamente incapazes de atravessar uma
linha traada com giz no cho por Du Potet. Numa ocasio, um general
russo, bastante conhecido pelo seu ceticismo, insistiu, at cair no cho
com convulses violentas. Neste caso, o fludo magntico que se ops a tal
resistncia foi a fora psquica do Sr. Cox, que dotou as mesas de um peso
extraordinrio e sobrenatural. Se produzem os mesmo efeitos psicolgicos e
fisiolgicos, existem boas razes para se acreditar que eles sejam mais ou
menos idnticos. No achamos que nossa deduo possa dar margem a alguma
objeo. Alm disso, mesmo que os fatos fossem negados, no h razo para
que no existissem. Numa certa poca, todas as Academias da Cristandade
concordaram em negar que havia montanhas na Lua; e houve uma certa poca
em que, se algum tivesse a temeridade de afirmar que havia vida tanto nas
regies superiores da atmosfera quanto nas profundezas insondveis do
oceano, ele seria tratado como louco ou ignorante.
"O diabo afirma, ento, deve ser mentira!" - costuma dizer o piedoso abade
Almignana, numa discusso com uma "mesa espiritualizada". Logo poderemos
parafrase-lo e dizer: "Os cientistas negam, ento deve ser verdade".

sis Sem Vu - Captulo VII


Captulo VII
Os elementos, os elementais e os elementares. Atrao e repulso universal
Os eruditos antigos e medievais acreditavam nas doutrinas arcanas da

sabedoria. Esta incluam a Alquimia, a Cabala caldaico-judia, os sistemas


esotricos de Pitgoras e dos antigos magos, e os dos ltimos filsofos e
teurgista platnicos. No devemos esquecer de mostrar as grandes verdades
que jazem sob as religies mal compreendidas do passado. Os quatro
elementos de nossos pais, terra, ar, gua e fogo, contm para o estudante
da Alquimia e da antiga Psicologia - ou, como agora chamada, magia muitas coisas com que nossa filosofia jamais sonhou. No devemos esquecer
que o que agora chamado de Necromancia pela Igreja, e Espiritismo pelos
crentes modernos, e que inclui a evocao de espritos mortos, uma
cincia que, desde a remota Antigidade, se difundiu quase universalmente
pela superfcie de nosso globo.
Embora no sendo nem alquimista nem astrlogo, mas simplesmente um grande
filsofo, Henry More, da Universidade de Cambridge, um homem de renome
universal, pode ser considerado um arguto lgico, cientista e metafsico.
Durante toda a vida ele acreditou fortemente na feitiaria. Sua f na
imortalidade e os hbeis argumentos na demonstrao da sobrevivncia do
esprito do homem aps a morte baseiam-se no sistema pitagrico, adotado
por Cardan, Van Helmont, e outros msticos. O esprito infinito e incriado
que chamamos comumente de DEUS, substncia da mais elevada virtude e
excelncia, produziu todas as coisas pela causalidade emanativa. Deus,
portanto, a substncia primria, e tudo o mais, a secundria; se Deus
criou a matria com o poder de mover-se a si prpria, ele, a Substncia
Primria, ainda a causa desse movimento, tanto quanto da matria, e
podemos dizer acertadamente que a matria que se move a si prpria.
"Podemos definir esta espcie de esprito de que falamos como uma
substncia indiscernvel, que pode mover-se, que pode penetrar-se,
contrair-se e dilatar-se, e que tambm pode penetrar, mover e alterar a
matria", que a terceira emanao. Ele acredita firmemente nas
aparies, e defendia intransigentemente a teoria da individualidade de
toda alma, em que "personalidade, memria e conscincia continuaro
seguramente num estado futuro". Ele dividia o corpo astral do homem, aps
a sua sada do corpo, em dois veculos distintos: e "areo" e o "etreo".
Durante o tempo em que o homem desencarnado se move em suas vestes areas,
est sujeito ao Destino, ao mal e tentao, vinculado aos seus
interesses terrestres, e por isso no totalmente puro; apenas quando
abandona esta roupagem das primeiras esferas e se torna etreo que ele se
apresenta seguro de sua imortalidade. "Pois que sombra pode esse corpo
projetar que seja luz pura e transparente, tal como o o veculo etreo?
E assim que se cumpriu o orculo, quando a alma ascendeu quela condio
de que j falamos, na qual s ela fora do alcance do destino e da
mortalidade". Ele concluiu sua obra declarando que esta condio
transcendente e divinamente pura era o nico objeto do pitagricos.
Descartes, embora um cultor da matria, era um dos mais devotados mestres
da doutrina magntica e, num certo sentido, at mesmo da Alquimia. Seu
sistema filosfico assemelha-se bastante ao de outros grandes filsofos. O
espao, que infinito, composto, ou antes preenchido, por uma matria
fluida e elementar, e a nica fonte de toda a vida, que enfeixa todos os

globos celestiais e os mantm em perptuo movimento. As correntes


magnticas de Mesmer so por ele disfaradas nos vrtices cartesianos, e
ambos repousam no mesmo princpio. Ennemoser no hesita em afirmar que
ambos tm mais em comum "do que as pessoas imaginam, pois no examinaram
cuidadosamente o assunto".
O bem-conhecido Dr. Hufeland escreveu uma obra sobre Magia, em que prope
a teoria magntica universal entre homens, animais, plantas e mesmo
minerais. Ele confirma o testemunho de Campanella, Van Helmont e Srvio,
no que se refere simpatia existente tanto entre as diferentes parte do
corpo quanto entre as partes de todas os corpos orgnicos e inorgnicos.
Os fenmenos psquicos dependem do meio fsico
Kepler - precursor de Newton em muitas grandes verdades, inclusive na da
"gravitao" universal, que ele corretissimamente atribui atrao
magntica, embora chame a Astrologia de "a filha insana de uma me muito
sbia", a Astronomia - partilha da crena cabalstica de que os espritos
dos astros no passaram de "inteligncias". Ele acredita firmemente em que
cada planeta a sede de um princpio inteligente e que todos so
habitados por seres espirituais, que exercem influncia sobre outros seres
que habitam esferas mais grosseiras e materiais do que a sua prpria e
especialmente sobre a nossa Terra. Como as influencias estrelares
espirituais de Kepler foram suplantadas pelos vrtices do materialista
Descartes, cujas tendncias atestas no o impediram de acreditar que
havia descoberto um regime que prolongaria sua vida por mais de quinhentos
anos, os vrtices deste ltimo e as suas doutrinas astronmicas podero
algum dia dar lugar s correntes magnticas inteligentes que so dirigidas
pela Anima Mundi.
Batista Porta, o sbio filsofo italiano, no obstante seus esforos para
mostrar ao mundo a fala de fundamento das acusaes de que a Magia
superstio e feitiaria, tem sido tratado pelos crticos modernos com a
mesma injustia que os seus colegas. Este clebre alquimista deixou uma
obra sobre Magia Natural, em que baseia todos os fenmenos ocultos
possveis ao homem na alma do mundo que une todas as coisas entre si. Ele
mostra que a luz astral (* Captulo V) age em harmonia e simpatia com toda
a Natureza; que ela a essncia da qual os nossos espritos so formados;
e que, agindo em unssono com a sua fonte-me, nossos corpos siderais se
tornaram capazes de produzir maravilhas mgicas. Todo o segredo depende de
nosso conhecimento dos elementos afins. Ele acreditava na pedra filosofal,
"da qual o mundo tinha uma to alta opinio que foi alardeada durante
tantos sculos e afortunadamente alcanada por alguns. Finalmente, ele
emite muitas sugestes valiosas a respeito de seu "significado
espiritual". Em 1643, surgiu entre os msticos um monge, Padre Kirche, que
ensinou uma filosofia completa do Magnetismo universal. Suas numerosas
obras abrangem muitos dos assuntos apenas sugeridos por Paracelso. Sua
definio do Magnetismo muito original, pois ele contradisse a teoria de
Gilbert, segundo a qual a Terra um grande im. Ele afirmava que, embora
toda partcula de matria, e mesmo os "poderes" invisveis, sejam
magnticos, no constituem em si mesmo um im. Existe apenas um M no

Universo, e dele procede a magnetizao de tudo. Este im naturalmente o


que os cabalistas chamam de Sol Espiritual Central, ou DEUS. Ele afirma
que o Sol, a Lua, os Planetas e as estrelas so altamente magnticos; mas
eles se tornaram assim por induo vivendo no fludo magntico universal.
Ele demonstra a simpatia misteriosa existente entre os corpos dos trs
principais reino da Natureza, e refora o seu argumento com um catlogo
estupendo de exemplos. Muitos destes foram verificados pelos naturalistas,
mas ainda muitos cuja autenticidade no foi reconhecida; assim, de acordo
com a poltica tradicional e com a lgica equivoca de nossos cientistas,
foram negados. Por exemplo, ele mostra uma diferena entre o magnetismo
mineral e o zoomagnetismo, ou magnetismo animal. Ele o demonstra pelo fato
de que, exceto no caso da magnetita, todos os minerais so magnetizados
pela potncia superior, o magnetismo animal, ao passo que este o possui
como emanao direta da primeira causa - o Criador. Uma agulha pode ser
magnetizada sendo simplesmente segura pela mo dotada de uma vontade
poderosa, e o mbar desenvolve seus poderes mais pela frico da mo
humana do que por qualquer outro objeto; assim, o homem pode transmitir a
sua prpria vida, e, em certa medida, animar objetos inorgnicos. Isso,
"aos olhos dos tolos, feitiaria". "O Sol o mais magntico de todos os
corpos", diz ele, antecipando, assim, a teoria do Gen. Pleasonton em mais
de dois sculos. "Os filsofos antigos jamais negaram o fato", acrescenta
ele, "mas perceberam que o Sol prende todas as coisas a si, e tambm
comunica este poder unificante e outras coisas."
Kirches explica todos os sentimentos humanos como resultado das
modificaes de nossa condio magntica. Raiva, cime, amizade amor e
dio, tudo so modificaes da atmosfera que se desenvolve em ns e que
emana continuamente de ns. O amor uma das variveis, e por isso as suas
manifestaes so incontveis. O amor espiritual, o de uma me por seu
filho, o de um artista por uma arte particular, o amor como pura amizade
so manifestaes simplesmente magnticas de sistemas em natureza
congnitas. O magnetismo do amor puro a origem de toda coisa criada. Em
seu sentido ordinrio, o amor entre os sexos eletricidade, e ele o chama
amor febris species, a febre das espcies. H duas espcies de atrao
magntica: simpatia e fascinao; uma santa e natural, e a outra, m e
no natural. ltima, a fascinao, devemos atribuir o poder do sapo
venenoso que, simplesmente abrindo a boca, atrai o rptil ou o inseto que
se precipita nela para a sua destruio. O veado, assim como outros
animais menores, so atrados pelo hlito da jibia, e so
irresistivelmente compelidos a vir ao seu alcance. O peixe torpedo
entorpece o brao do pescador por algum tempo, com suas descargas. Para
exercer um tal poder com fins benficos, o homem requer trs condies:
1) nobreza de alma; 2) vontade poderosa e capacidade imaginativa; 3) um
paciente mais fraco que o magnetizador, seno ele resistir. Um homem
livre dos estmulos e da sensualidade mundanos pode curar dessa maneira as
doenas mais "incurveis", e a sua viso pode tornar-se lcida e proftica.
A alma do mundo e suas potencialidades
Especialmente nos pases que no foram abenoados com a civilizao que

deveramos buscar uma explicao da Natureza, e observar os efeitos


daquele poder sutil, que os antigos filsofos chamavam de a "alma do
mundo". Apenas no Oriente, e nas imensas regies da frica inexplorada,
encontrar o estudante de Psicologia alimento abundante para a sua alma
sedenta de verdade. A razo bvia. A atmosfera nas regies populosas
est nocivamente viciada pela fumaa e pelas emanaes de fbricas,
mquinas a vapor, estradas de ferro e barcos a vapor, e especialmente
pelas exalaes miasmticas dos vivos. A Natureza depende, tanto quanto o
ser humano, das condies antes de poder agir, e sua poderosa respirao
pode, por assim dizer, ser facilmente estorvada, impedida e interrompida,
e a correlao de suas foras ser destruda num dado ponto, como se ela
fosse um homem. No apenas o clima mas tambm influncias ocultas tendem
diariamente no s a modificar a natureza fsico-psicolgica do homem, mas
tambm a alterar a constituio da chamada matria inorgnica num grau no
facilmente compreendido pela cincia europia.
Vejamos, "Trs espritos vivem no homem e o animam", ensina Paracelso;
"trs mundos projetam seus raios sobre ele; mas todos os trs apenas como
a imagem e o eco de um nico e mesmo princpio de produo que constri e
une todas as coisas. O Primeiro o Esprito dos Elementos [corpo
terrestre e fora vital em seu estado bruto]; e Segundo, o Esprito dos
Astros [corpo sideral ou Astral]; o Terceiro o Esprito Divino
[Augoeides]. Estando nosso corpo humano de posse da "matria terrestre
primeva", como Paracelso a chama, podemos aceitar facilmente a tendncia
da moderna pesquisa cientfica "para encarar os processos da vida animal e
vegetal como meramente fsicos e qumicos". Essa teoria corrobora ainda
mais as afirmaes dos filsofos antigos e a Bblia mosaica, segundo as
quais os nossos corpos foram feitos de p e para o p voltaro. Mas
devemos lembrar que:
"`s p e ao p voltaras',
no da alma que se falou"
O homem um pequeno mundo - um microcosmo dentro do grande macrocosmo.
Como um feto, ele est suspenso, por trs espritos, na matriz do
macrocosmo; e enquanto seu corpo terrestre est em simpatia constante com
a terra, sua me, a sua alma astral, vive em unssono com a anima mundi
sideral. Ele est nela, como ela est nele, pois o elemento que impregna o
universo enche todo o espao, e o prprio espao, s que sem bordas e
infinito. Quanto ao seu terceiro esprito, o divino, o que ele seno um
raio infinitesimal, uma das incontveis radiaes que procedem da Causa
Superior - a Luz Espiritual do Mundo? Tal a trindade na natureza
orgnica e inorgnica - a Espiritual e a Fsica, que so Trs em Um, e a
respeito da qual diz Proclus que "A Primeira Mnada o Deus Eterno; e
Segunda, a Eternidade; a Terceira, o Paradigma, ou o padro do Universo";
constituindo as trs a Trada Inteligvel. Tudo neste universo visvel
Emanao dessa Trada, e uma Trada microcsmica em si. E assim elas se
movem em majestosa procisso nos campos da Eternidade, em torno do Sol
Espiritual, do mesmo modo como no sistema heliocntrico os corpos
celestiais se movem em redor dos Sis visveis. A Mnada pitagrica, que

vive "na solido e nas trevas", pode permanecer sobre esta terra para
sempre invisvel, impalpvel e indemonstrada pela cincia experimental.
Contudo, todo o universo estar gravitando ao seu redor, como o fez desde
o "comeo do tempo", e a cada segundo o homem e o tomo aproximam-se desse
solene momento na eternidade, em que a Presena Invisvel se revelar
sua viso espiritual. Quando cada partcula de matria, mesmo a mais
sublimada, for rejeitada da ltima forma que constitui o derradeiro elo
daquela cadeia de dupla evoluo, que, atravs de milhares de sculos e
sucessivas transformaes, impulsionou o ser para a frente; e quando ela
for revestida pela essncia primordial, idntica de seu Criador, ento
esse tomo orgnico impalpvel ter terminado sua marcha, e os filhos de
Deus "regozijar-se-o" uma vez mais com a volta do peregrino.
"O homem", diz Van Helmont, " o espelho do universo, e a sua tripla
natureza est em relao com todas as coisas". A vontade do Criador, por
cujo intermdio todas as coisas foram e receberam seu primeiro impulso,
a propriedade de todo ser vivente. O homem, dotado de uma espiritualidade
adicional, tem a parte maior dela sobre este planeta. Depende da proporo
de matria nele existente a capacidade de exercer a sua faculdade mgica
com maior ou menor sucesso. Dividindo essa potncia divina em comum com
todo tomo inorgnico, ele a exerce durante toda a vida, conscientemente
ou no. No primeiro caso, quando em plena posse de seus poderes, ele se
tornar o seu mestre, e o magnale magnum (a Alma Universal) ser
controlado e guiado por ele. No caso dos animais, plantas e minerais, e
mesmo da mdia Humanidade, esse fludo etreo que impregna todas as coisas
quando no encontra nenhuma resistncia, e abandonado a si mesmo, os
move seguindo seus impulsos diretos. Todo ser criado nesta esfera sublunar
foi formado deste magnale magnum (ou Alma Universal), e relaciona-se a
ele. O homem possui um poder celestial duplo, e est unido ao cu. Este
poder existe "no apenas no homem exterior, mas, num certo grau, tambm
nos animais, e s vezes em todas as outras coisas, pois as coisas no
universo esto em relao umas com as outras; ou, pelo menos, Deus est em
todas as coisas, como os antigos j observaram com uma correo admirvel.
necessrio que a fora mgica seja despertada tanto no homem exterior
quanto no interior. (...) E se o chamamos de poder mgico, s os
ignorantes podem se assustar com essa expresso. Mas, se preferis, podeis
cham-lo de poder espiritual - spirituale robus vocitaveris. Existe um tal
poder no homem interior. Mas, como existe uma certa relao entre o homem
interior e o exterior, essa fora deve ser difundida por todo o homem".
O poder da imaginao
O clebre escocs Maxwell oferecia-se para provar s vrias faculdades de
Medicina que com certos meios magnticos sua disposio ele poderia
curar qualquer uma das doenas abandonadas por elas como incurveis, tais
como epilepsia, insanidade, coxeadura, hidropisia e as febres obstinadas
ou intermitentes.
A histria familiar do exorcismo do "esprito mau procedente de Deus" que
obsediava Saul, ocorrer a todos a este propsito. Ela assim relatada:
"E sucedeu que, quando o esprito maligno da parte de Deus vinha sobre

Saul, tomava a harpa, e a dedilhava; ento Saul sentia alvio, e se achava


melhor, e o esprito maligno se retirava dele".
Maxwell, em sua De medicina magntica, expe as seguintes proposies, que
no so outras seno as mesmas doutrinas dos alquimistas e dos cabalistas:
"O que os homens chamam de alma do mundo uma vida, como o fogo,
espiritual, ligeira, luminosa e etrea como a prpria luz. um esprito
de vida que existe em toda parte, e que em toda parte o mesmo. (...)
Toda matria desprovida de ao, exceto quando animada pelo esprito.
Esse esprito mantm todas as coisas em seu estado peculiar. Encontra-se
na natureza livre de todos os grilhes; e aquele que sabe como uni-lo a um
corpo harmnico possui um tesouro que ultrapassa todas as riquezas".
"O esprito o vnculo comum de todos os quadrantes da Terra, e vive em
tudo e por tudo."
"Aquele que conhece este esprito da vida universal e as suas aplicaes
pode prevenir todas as injrias".
"Se sabes utilizar este esprito e fix-lo sobre algum corpo particular,
realizar o mistrio da Magia".
"Aquele que sabe como agir sobre o homem por meio desse esprito universal
pode curar, e distncia que lhe aprouver".
"Aquele que pode fortificar o esprito prprio com este esprito universal
continuar a viver at a eternidade".
"Existe um vnculo que une os espritos ou as emanaes, mesmo quando eles
esto separados uns dos outros. E qual esse vnculo? um fluxo eterno e
incessante dos raios de um corpo em outro".
"Entrementes", diz Maxwell, "no sem perigo ocupar-se dele. Muitos
abusos abominveis podem ocorrer".
Vemos agora quais so esses abusos dos poderes mesmricos e magntico sem
alguns mdiuns curadores.
Curar, para merecer tal nome, requer a f do paciente ou uma sade robusta
unida a uma vontade poderosa do operador. Com pacincia suplementada pela
f, pode o homem curar-se de quase todos os estados morbficos. O tmulo
de um santo; uma relquia sagrada; um talism; um pedao de papel ou de
tecido que foi manuseado pelo suposto curador; uma panacia; uma
penitncia ou uma cerimnia; a imposio das mos, ou algumas palavras
pronunciadas de modo emocionante - um ou outro o far. uma questo de
temperamento, imaginao, auto-sugesto. Em milhares de casos, o mdico, o
sacerdote ou a relquia obtiveram o crdito por curas que eram devidas
nica e simplesmente vontade inconsciente do paciente. mulher com
perda de sangue que se espremia pela turba a fim de tocar a tnica de
Jesus, assegurou-se-lhe que foi a "f" que a curou.
A influncia da mente sobre o corpo to poderosa que ela realizou
milagres em todos os tempos.
"Quantas curas inesperadas, sbitas e prodigiosas foram realizadas pela
imaginao", diz Salvete. "Nossos livros de Medicina esto repletos de
fatos dessa natureza, que passariam facilmente por milagres."
Mas, se o paciente no tem f, o que acontece? Se ele fisicamente
negativo e receptivo, e o curador forte, saudvel, positivo, determinado,

a doena pode ser extirpada pela vontade imperativa do operador que,


consciente ou inconscientemente, chama a si e se fortalece com o esprito
da natureza universal, e restaura o equilbrio perturbado da aura do
paciente. Ele pode empregar como um auxiliar um crucifixo - como fazia
Gassner; ou impor as mos e a "vontade", como o zuavo francs Jacob, como
o nosso clebre americano Newton, que curou muitos milhares de sofredores,
como muitos outros; ou como Jesus, e alguns apstolos, ele pode curar com
uma palavra de comando. O processo em cada caso o mesmo.
Em todos estes casos a cura radical e real, e sem efeitos danosos
secundrios. Mas quando algum que est fisicamente doente tenta curar,
ele no apenas falha como tambm comunica muitas vezes a sua doena ao
paciente, e lhe rouba o pouco de fora que tenha. O decrpito rei Davi
reforava o seu vigor combinado com o magnetismo sadio da jovem Abisague;
e as obras de Medicina falam-nos de uma senhora idosa de Bath, Inglaterra,
que arruinou sucessivamente, da mesma maneira, a constituio de duas
criadas. Os velhos sbios, e tambm Paracelso, removiam as doenas
aplicando um organismo sadio parte afligida, e nas obras do filsofo do
fogo acima mencionado sua teoria clara e categoricamente exposta. Se uma
pessoa doente - mdium ou no - tenta curar, sua fora pode ser
suficientemente robusta para deslocar o mal, faz-lo sair do presente
lugar, e faz-lo mudar-se para outro, onde brevemente reaparecer; o
paciente, entrementes, acredita-se curado.
Mas, que acontece se o curador est moralmente doente? As conseqncias
podem ser infinitamente mais nocivas; pois mais fcil curar uma doena
fsica do que purificar uma compleio infeccionada pela torpeza moral. O
mistrio de Morzine, Cvennes e dos jansenistas ainda o para os
filsofos e os psiclogos. Se o dom da profecia, assim como a histeria e
as convulses, podem ser transmitidos pelo "contagio", por que no todos
os outros vcios? O curador, neste caso, comunica ao seu paciente - que
agora sua vtima - o veneno moral que infecta sua prpria mente e corao.
Seu toque magntico contaminao; seu olhar, profanao. Contra sua tara
no existe proteo para o paciente passivelmente receptivo. O curador o
mantm sob seu poder, enfeitiado e impotente, como, a serpente mantm um
pobre e frgil pssaro. O mal que um desses "mdiuns curadores" pode
causar incalculavelmente grande; e tais curadores se contam s centenas.
Mas, para fechar uma lista de testemunhas que se poderia prolongar
indefinidamente, bastar dizer que, da primeira ltima, de Pitgoras a
liphas Lvi, da mais ilustre mais humilde, todas ensinam que o poder
mgico jamais foi possudo por aqueles inclinados a prazeres viciosos.
Apenas o puro de corao "v Deus" ou exerce dons divinos - apenas ele
pode curar as doenas do corpo e deixar-se guiar com relativa segurana
pelos "poderes invisveis". Apenas ele pode dar paz aos espritos
perturbados de seus irmos e irms, pois as guas curativas no provm de
uma fonte envenenada; uva no crescem em espinheiros, e cardos no
produzem figos. Mas, apesar disso, "a Magia nada tem de supremo"; ela
uma cincia, e mesmo o poder de "expulsar demnios" era um ramo seu, de
que os iniciados fizeram um estado especial. "A arte que expulsa demnios

dos corpos humanos uma cincia til e salutar aos homens", diz Josefo.
As origens das manifestaes medinicas
Indubitavelmente, os que acreditam nos fenmenos modernos podem reclamar
para si uma grande variedade de vantagens, mas o "discernir espritos"
est evidentemente ausente desse catlogo de dons "espirituais". Falando
do "diakka", que uma bela manh ele tinha descoberto num recanto sombrio
da "Summer Land", A.J. Davis, o grande vidente americano, assinala: "Um
diakka um ser que experimenta um prazer insano em pregar peas, em fazer
sortes com truques, em personificar caracteres opostos; para quem as
oraes e as palavras profanas tm o mesmo valor; dominado pela paixo por
narrativas lricas (...) moralmente diferente, ele no tem nenhum
sentimento de justia, de filosofia ou de terna afeio. Ele nada sabe
daquilo que os homens chamam de sentimento de gratido; os objetivos do
dio e do amor so os mesmos para ele; seu lema muitas vezes medonho e
terrvel aos outros - o EU tudo na vida particular, e a aniquilao
exaltada com o fim de toda a vida particular. Ontem mesmo um deles,
assinando-se como Swedemborg, disse a uma senhora mdium o seguinte: "Tudo
que , foi e ser, ou pode ser, SOU EU; e a vida particular no passa de
fantasmas agregados de palpitaes pensantes, correndo em sua elevao
para o corao central da morte eterna!"
Porfrio, cujas obras - para emprestar a expresso de um fenomenalista
irritado - "emboloram como qualquer outro refugo antiquado nos armrios do
esquecimento", fala assim desse diakka - se tal seu nome - redescoberto
no sculo XIX: " com a ajuda direta desses maus demnios que se realizam
todos os atos de feitiaria (...) o resultado de sua operaes, e os
homens que injuriam seus semelhantes pagam freqentemente grande tributo a
esses demnios maus, e especialmente a seu chefe. Estes espritos passam o
tempo enganando-nos, com um grande aparato de prodgios vulgares e
iluses; sua ambio a de serem tomados por deuses, e seu chefe reclama
ser reconhecido como o deus supremo"
O esprito que se assina Swedemborg - citado do Diakka de Davis, e que
sugere ser o EU SOU - assemelha-se singularmente a este chefe dos demnios
maus de Porfrio.
Nada mais natural do que esse aviltamento dos teurgistas antigos e
experiente por certos mdiuns, quando encontramos Jmblico, o expositor da
teurgia espiritualista, proibindo estritamente todo esforo para produzir
tais manifestaes fenomnicas; a no ser depois de um longa preparao de
purificao moral e fsica, e sob a orientao de teurgistas experientes.
Quando, alm disso, ele declara que, com pouqussimas excees, o fato de
uma pessoa "surgir alongada ou mais espessa, ou elevar-se no ar" uma
marca segura de obsesso por demnios maus.
A experincias do Sr. Crookes uma boa evidncia de que muitos espritos
"materializados" falam com uma voz audvel. Ora, ns demonstramos, com
base no testemunho dos antigos, que a voz dos espritos humanos no e
no pode ser articulada, pois , como declara Emanuel Swedenborg, "um
profundo suspiro". Em qual dessas duas classes de testemunhos se deve
acreditar sem medo de errar? a dos antigos que tiveram a experincia de

tantos sculos de prtica tergicas, ou a dos espritas modernos, que no


tm nenhuma, e que no tm fatos em que basear qualquer opinio, exceto os
que foram comunicados pelos "espritos", cuja identidade no tm meios de
provar? Existem mdiuns cujos organismos foram utilizados s vezes por
centenas dessas pseudoformas "humanas". No entanto, no lembramos de ter
visto ou ouvido um s que tenha expresso outras coisas que no as idias
mais ordinrias. Este fato deveria certamente chamar a ateno dos
espiritista menos crtico. Se um esprito pode falar, e se o caminho est
aberto tanto aos seres inteligentes quanto aos no inteligentes, por que
no nos do eles comunicaes que se aproximem em qualidade em algum grau
remoto das comunicaes que recebemos atravs da "escrita direta"? Se a
mesma espcie de "espritos" se materializa e produz a escrita direta, e
ambas se manifestam atravs dos mdiuns, e uma fala absurdos, ao passo que
a outra nos d com freqncia ensinamentos filosficos sublimes, por que
deveriam as suas operaes mentais ser limitadas "pelo horizonte
intelectual do mdium" num caso mais do que no outro? Os mdiuns
materialistas - pelo menos at onde se estende a nossa observao - no
so menos educados do que muitos camponeses e operrios que em tempos
diferentes deram, sob influncia suprema, idias profanas e sublimes ao
mundo. Quando os espritos se vem dotados de rgos vocais para falar,
no lhes muito difcil exprimir-se de um modo condizente com a
hipottica educao, inteligncia e posio social que tiveram em vida, em
lugar de cair invariavelmente no diapaso montono de lugares-comuns e,
no muito raramente, de banalidades. Quanto observao esperanosa do
Sr. Sargent, de que "pelo fato de a cincia do Espiritismo esta ainda na
infncia, podermos esperar por mais luz a esse respeito", tememos dever
replicar que no atravs desses "gabinetes escuros" que a luz algum dia
recair.
A lmpada inextinguvel, so obras da alquimia
fcil compreender que um fato ocorrido em 1731, que testificar um outro
fato que aconteceu durante o papado de Paulo III, por exemplo, seja
desacreditado em 1876. E quando os cientistas so informados de que os
romanos mantinham luzes em seu sepulcro por anos incontveis graas
oleosidade de ouro; e que uma dessas lmpadas perptuas foi descoberta
queimando brilhantemente na tumba de Tlia, a filha de Ccero, no
obstante a tumba ter estado fechada durante mil e quinhentos e cinqenta
anos - eles tm um certo direito de duvidar, e mesmo de descrer da
afirmao, at se assegurarem, pela evidncia de seus prprios sentidos,
de que tal coisa possvel. Neste caso, eles podem rejeitar o testamento
de todos os filsofos antigos e medievais. O enterro dos faquires vivos e
a sua ressurreio subseqente, aps trinta dias de inumao, pode
parecer-lhes suspeito. Assim tambm a auto-inflio de feridas mortais, e
a exibio de suas prprias entranhas s pessoas presentes por vrios
lamas, que curam tais feridas quase instantaneamente.
Os faquires continuaro a ser enterrados e a ressuscitar, satisfazendo a
curiosidade dos viajantes europeus; e os lamas e os ascetas hindus
ferir-se-o, mutilar-se-o eviscerar-se-o e achar-se-o ainda melhores

por isso; e as negaes de todo o mundo no sopraro o suficiente para


extinguir as lmpadas perptuas de algumas criptas subterrneas da ndia,
do Tibete e do Japo. Uma de tais lmpadas mencionada pelo Reverendo S.
Mateer, da Misso Londrina. No tempo de Trivandrum, no reino de
Travancore, sul da ndia, "h um profundo poo no interior do templo, no
qual imensas riquezas so lanadas ano aps ano, num outro lugar, uma cova
coberta por uma pedra, uma grande lmpada de ouro, que foi acesa h mais
de 120 anos, ainda continua a queimar", diz este missionrio em sua
descrio do lugar. Missionrios catlicos atribuem essas lmpadas, como
costuma acontecer, aos servios obsequiosos do demnio. O pastor
protestante, mais prudente, menciona o fato, e no faz nenhum comentrio.
O abade Huc viu e examinou uma dessas lmpadas, assim como outras pessoas
que tiveram a boa sorte de conquistar a confiana e amizade dos lamas e
sacerdotes orientais. No se podem negar mais as maravilhas vistas pelo
capito Lane no Egito; as experincias de Jacolliot em Benares e as de Sir
Charles Napier; as levitaes de seres humanos em plena luz do dia.
Entre as reivindicaes da Alquimia est a das lmpadas perptuas. Se
dissermos ao leitor que vimos muitas delas, podero perguntar-nos - no
caso de a sinceridade de nossa crena pessoal no ser questionada - como
podemos dizer que as lmpadas que observamos eram perptuas, j que o
perodo de nossa observao foi muito limitado? Simplesmente porque, como
sabemos quais os ingredientes empregados, e a maneira de faz-las, e a lei
natural aplicvel ao caso, confiamos em que nossa afirmao pode ser
corroborada por investigaes no local adequado. Onde se localiza este
lugar e onde se pode aprender este conhecimento, nossos crticos devem
descobri-lo, esforando-se como ns o fizemos. Entrementes, citaremos
alguns dos 173 autores que escreveram sobre o assunto. Nenhum deles, como
lembramos, afirmou que essas lmpadas sepulcrais queimariam perpetuamente,
mas apenas por um nmero indefinido de anos, e exemplos se registram de
sua contnua iluminao por muitos sculos. No se negar que, se existe
uma lei natural pela qual uma lmpada pode queimar sem ser alimentada
durante dez anos, no h razo por que a mesma lei no permita a combusto
por cem ou mil anos.
Entre muitas personagens de renome que acreditavam firmemente e afirmaram
energicamente que tais lmpadas sepulcrais queimavam por vrios centenas
de anos, e que poderiam continuar a queimar talvez para sempre, se no
tivessem sido extintas, ou os vasos quebrados por algum acidente, podemos
incluir os seguintes nomes: Clemente de Alexandria, Hermolaus Barbarus,
Apiano, Burattinus, Citsio, Clio, Foxius, Costaeus, Casalius, Cedrenus,
Delrius, Ericius, Gesnerus, Jacobonus, Leander, Libavius, Lazius, Pico
dela Mirandola, Eugnio Filaletes, Liceto, Maiolus, Maturantius, Batista
Porta, Pancirollus, Scardeonius, Ludovicus Vives, Voltarranus, Paracelso,
vrios alquimistas rabes e, finalmente Plnio, Solinus, Kirches e Alberto
Magno.
So os egpcios, esses filhos do Pas da Qumica, que lhes reclamam a
inveno. Pelo menos eles foram o povo que utilizou tais lmpadas mais do
que qualquer outra nao, por causa de suas doutrinas religiosas.

Acreditava-se que a alma astral da mmia permanecia sobre o corpo pelo


espao de trs mil anos do ciclo de necessidade. Presa a ele por um fio
magntico, que s podia ser quebrado por seu prprio esforo, os egpcio
esperavam que a lmpada perptua, smbolo de seu esprito incorruptvel e
imortal, convenceria por fim a alma mais material a abandonar o seu
domiclio terrestre e unir-se para sempre com o seu EU divino. por isso
que as lmpadas eram penduradas nos sepulcros dos ricos. Tais lmpadas
so, com freqncia, encontradas nas cavernas subterrneas dos mortos, e
Liceto escreveu um grande inflio para provar que em seu tempo, sempre que
um sepulcro era aberto, uma lmpada ardente era encontrada na tumba, mas
extinguia-se instantaneamente devido profanao. Tito Lvio, Burattinus
e Michael Schatta, em suas cartas a Kirches, afirmam que encontraram
muitas lmpadas nas cavernas subterrneas da velha Mnfis. Pausnias fala
da lmpada de ouro no templo de Minerva, em Atenas, que ele afirma ser
obra de Calmaco, e que queimava durante um ano inteiro. Plutarco afirma
que viu uma no templo de Jpiter Amon, e que os sacerdotes lhe asseguraram
que ela queimava continuamente h anos, e que, mesmo quando colocada ao ar
livre, nem o vento nem a gua podiam extingui-la. Santo Agostinho, a
autoridade catlica, tambm descreve uma lmpada do templo de Vnus, da
mesma natureza que as outras, inextinguvel pelo vento mais violento ou
pela gua. Encontrou-se uma lmpada em Edessa, diz Cedrenus, "que, oculta
no topo de uma certa porta, queimou durante quinhentos anos". Mas, de
todas as lmpadas, a mencionada por Maximus Olybius de Pdua de longe a
mais extraordinria. Ela foi encontrada nas proximidades de Ateste, e
Scardeonius a descreve de maneira muito viva: "Numa ampla urna de argila
havia uma outra menor, e nesta uma lmpada ardente, que assim queimava h
1.500 anos, por meio de um licor purssimo contido em duas vasilhas, uma
de ouro e outra de prata. Estas estavam confiadas guarda de Franciscus
Maturantius, que as avaliava por um valor extraordinrio".
A lmpada de Antiquia, que queimou mil e quinhentos anos, num lugar
pblico e aberto, sobre a porta de uma igreja, foi preservada pelo "poder
de Deus", "que fez um nmero to infinito de estrelas para queimar com luz
perptua". Quando s lmpadas pags, Santo Agostinho assegura-nos que elas
eram obra do demnio, "que nos engana de mil maneiras". Nada mais fcil
para Sat do que representar um facho de luz, ou uma chama brilhante para
aqueles que entraram em primeiro lugar numa tal caverna subterrnea. Isto
foi sustentado por todos os bons cristos durante o papado de Paulo III,
quando, na abertura da tumba na via pia, em Roma, se encontrou o corpo
inteiro de uma jovem nadando num licor brilhante que a preservou to bem
que a face era bela como se estivesse viva. A seus ps queimava uma
lmpada, cuja chama se apagou na abertura do sepulcro. Segundo alguns
sinais gravados, descobriu-se que ela fora sepultada h mais de 1,500 anos
e sups-se que era o corpo de Tulliola, ou Tullia, filha de Ccero.
Qumico e fsicos negam que lmpadas perpetuas so possveis alegando que
tudo que transformado em vapor ou fumaa no pode ser permanente, mas
deve consumir-se; e como a alimentao de leo de uma lmpada acesa
exalada como o vapor, o fogo, por esse motivo, no pode ser perptuo, pois

necessita de alimento. Os alquimistas, por outro lado, negam que toda a


alimentao do fogo ateado deve necessariamente converter-se em vapor.
Eles dizem que h coisas na Natureza que no s resistem ao do fogo e
permanecem inconsumveis, mas tambm se mostram inextinguveis pelo vento
ou pela gua. Numa antiga obra qumica do ano de 1.705, intitulada
Nekpornoeia, o autor d numerosas refutaes s pretenses de vrios
alquimistas. Mas, embora negue que se possa fazer um fogo queimar
perpetuamente, ele est propenso a acreditar na possibilidade de uma
lmpada queimar por vrios sculos. Alm disso, temos numerosos
testemunhos de alquimistas que devotaram anos a essas experincias e
chegaram concluso de que isso era possvel.
A indestrutibilidade da matria
A descoberta da indestrutibilidade da matria e a da correlao de foras,
especialmente a ltima, so proclamadas como um de nossos grandes
triunfos. a "mais importante descoberta do presente sculo", como
expressou Sir William Armstrong em sua orao como presidente da
Associao Britnica. Mas esta "importante descoberta" no em suma uma
descoberta. Sua origem, deixando de lado os traos inegveis encontrados
nos filsofos antigos, perde-se nas densas trevas dos dias pr-histricos.
Seus primeiros vestgio descobrem-se nas especulaes sonhadoras da
teologia vdica, na doutrina da emanao e da absoro, do Nirvana, em
suma. Scoto Ergena esboou-a em sua audaciosa filosofia do sculo VIII, e
convidamos o leitor a ler sua De divisione naturae, para convencer-se
desta verdade. A Cincia diz-nos que quando a teoria da indestrutibilidade
da matria (entre parnteses, uma antiqussima idia de Demcrito) foi
demostrada, tornou-se necessrio estend-la fora. Nenhuma partcula
material pode jamais perder-se; nenhuma parcela de fora que existe na
Natureza pode desaparecer; portanto, a fora mostrou-se igualmente
indestrutvel, e suas vrias manifestaes ou foras, sob diversos
aspectos, revelaram ser mutuamente conversveis, e apenas modos diferentes
de movimento das partculas materiais. E assim se redescobriu a correlao
de foras. O Sr. Grove, j em 1824, deu a cada uma dessas foras, como
calor, eletricidade, magnetismo e luz, o carter de conversibilidade,
tronando-as capazes de ser num instante uma causa e no prximo um efeito.
Mas de onde vm estas foras e para onde vo, quando as perdemos de vista?
Sobre este ponto, a Cincia cala-se.
A antiguidade e a teoria das correlaes de foras
teoria da "correlao de foras", embora possa ser nas mentes de nossos
contemporneos "a maior descoberta de nosso sculo", no pode explicar nem
o comeo nem o fim de tais fora: e no pode indicar-lhes a causa. As
foras podem ser conversveis e uma pode produzir a outra, mas nenhuma
cincia exata capaz de explicar o alfa e o mega do fenmeno. E, assim
parafraseado por Jowett: "Deus conhece as qualidades originais das coisas;
o homem s pode esperar chagar probabilidade". Os antigos hindus
baseavam sua doutrina da emanao e absoro precisamente nessa lei. T
"Ov, o ponto primordial num crculo infinito, "cuja circunferncia est em
parte alguma, e o centro em toda parte", que emana de si todas as coisas,

e que as manifesta no universo visvel sob formas multifrias. As formas


alternam-se, misturam-se e, depois de uma gradual transformao do
esprito puro (ou o "Nada" bdico) na matria mais grosseira, comeam a se
retrair e tambm gradualmente a reemergir em seu estado primitivo, que a
absoro no Nirvana - o que ento isso seno a correlao de foras?
A Cincia diz-nos que o calor desenvolve a eletricidade, e a eletricidade
produz calor; e que o magnetismo produz eletricidade, e vice-versa. O
movimento dizem-nos, resulta do prprio movimento, e assim por diante, ad
infinitun. Este o ABC do ocultismo e dos primeiros alquimistas.
Descobrindo-se e provando-se a indestrutibilidade da matria e da fora, o
grande problema da eternidade est resolvido. Que necessidade temos ento
do esprito? Sua inutilidade est doravante cientificamente demonstrada!
Portanto, pode-se dizer que os filsofos modernos no deram um passo alm
do que os sacerdotes da Samotrcia, os hindus, e mesmo os gnsticos
cristos to bem conheciam. Os ltimos demostraram-no no mito
maravilhosamente ingnuo dos dioskuri, ou "os filhos do cu", os irmos
gmeos a respeito dos quais diz Schweigger "que morrem constantemente e
voltam vida juntos, pois absolutamente necessrio "que um morra para
que o outro possa viver". Eles sabiam to bem quanto os nossos fsicos
que, quando uma fora desaparece, ela simplesmente se converte numa outra
fora. Embora a Arqueologia no tenha descoberto nenhum aparelho antigo
para tais converses especiais, pode-se, no obstante, afirmar com
perfeita razo e com base em dedues analgicas que quase todas as
religies antigas se fundavam em tal indestrutibilidade da matria e da
fora - mais a emanao do todo a partir de um fogo etreo, espiritual ou o Sol Central, que Deus ou Esprito, em cujo conhecimento se baseia
potencialmente a antiga Magia Tergica.
No comentrio manuscrito de Proclus sobre a Magia, ele d a seguinte
explicao: "Do mesmo modo que os amantes avanam gradualmente da beleza
que aparente em formas sensveis para aquela que divina, assim os
sacerdotes antigos, quando pensavam que h uma certa aliana e simpatia
entre as coisas naturais, entre as coisas visveis e as foras ocultas, e
descobriram que todas as coisas subsistem em tudo, edificaram uma cincia
sagrada com base em sua simpatia e similaridade mtua. Portanto, eles
reconheciam nas coisas subordinadas as coisas supremas, e, nas supremas,
as secundrias; nas regies celestes, as propriedades terrestres
subsistindo de maneira causal e celestial, e na terra, as propriedades
celestes, mas de acordo com a condio terrestre".
Proclus assinala certas peculiaridades misteriosas das plantas, dos
minerais e dos animais, todas as quais so muito bem-conhecidas por nossos
naturalistas, mas nenhuma explicada. Tais so o movimento rotatrio do
girassol, do heliotrpio, do ltus - que, antes de o Sol se levantar,
dobram as folhas, guardando-as consigo, por assim dizer, e as expandem
ento gradualmente quando o Sol se levanta, para recolh-las novamente
quando este se pe -, das pedras solares e lunares e do hlio-selene, do
galo e do leo, e outros animais. "Ora, os antigos", diz ele, "tendo
contemplado a mtua simpatia das coisas celestes e terrestres,

aplicaram-na para propsitos ocultos, de natureza celeste e terrestre, por


cujo intermdio, graas a certas semelhanas, deduziram as virtudes
divinas nesta morada inferior.(...) Todas as coisas esto repletas de
naturezas divinas; as naturezas terrestres recebem a plenitude das que so
celestes, e as celestiais das essncias supercelestiais, ao passo que cada
ordem de coisas procede gradualmente de uma bela descida do mais alto ao
mais baixo. Pois tudo que se rene acima da ordem das coisas dilata-se em
seguida descendo, as diversas almas distribuindo-se sob a conduta de suas
diversas divindades".
Evidentemente, Proclus no advoga aqui simplesmente uma superstio, mas
uma cincia ; pois no obstante ser oculta, e desconhecida de nossos
eruditos, que lhe negam as possibilidades, a magia ainda uma cincia.
Ela se baseia solidamente e unicamente nas misteriosas afinidades
existentes entre corpos orgnicos e inorgnicos, nas produes visveis
dos quatro reinos, e nos poderes invisveis do Universo. O que a cincia
chama de gravitao, os antigos e os hermetistas medievais chamavam de
magnetismo, atrao, afinidade. a lei Universal, que foi compreendida
por Plato e exposta no Timeu como a atrao dos corpos menores pelos
maiores, e dos corpos semelhantes pelos semelhantes, estes ltimos
exibindo antes um poder magntico do que a lei da gravitao. A frmula
antiaristotlica de que a gravidade fora todos os corpos a carem com
igual rapidez, sem relao com o seu peso, sendo a diferena causada por
alguma outra desconhecida, aplicar-se-ia ao que parece com mais adequao
antes ao magnetismo do que gravitao, pois o primeiro atrai antes em
virtude da substncia do que do peso. Uma completa familiaridade com as
faculdades ocultas de tudo que existe na Natureza visveis e invisveis;
suas relaes, atraes e repulses mtuas; a causa desta, remonta at o
princpio espiritual que penetra e anima todas as coisas; a habilidade
para fornecer as melhores condies para que este princpio se manifeste,
noutras palavras, um profundo e exaustivo conhecimento da lei natural tal foi e a base da Magia.
A universalidade da crena na magia
A Magia era outrora uma cincia universal e estava inteiramente nas mos
do sbio sacerdote. Embora o foco fosse zelosamente guardado nos
santurios, seus raios iluminavam toda a Humanidade. Como explicaramos de
outro modo a extraordinria identidade de "supersties", costumes,
tradies e mesmo de adgios, repetidos nos provrbios populares to
espalhados de um plo a outro que encontramos as mesmas idias entre os
trtaros e os lapes como entre as naes meridionais da Europa, os
habitantes das estepes russas, e os aborgenes da Amrica do Norte e do
Sul? Tylor demonstra, por exemplo. que uma das antigas mximas
pitagricas, "No ateie o fogo com uma espada", popular entre vrias
naes que no tm a menor conexo entre si. Ele cita De Plano Carpini,
que descobriu que esta tradio prevalecia entre os trtaros j em 1246.
Um trtaro no consentir por preo algum em jogar uma faca ao fogo, ou
toc-lo com qualquer instrumento afiado ou pontiagudo, pois teme cortar a
"cabea de fogo". Os kamachadals do noroeste asitico consideram um grande

pecado faz-lo. Os ndios Sioux da Amrica do Norte no ousaram tocar o


fogo com agulha, faca ou instrumento pontiagudo. Os kalmucks compartilham
desse mesmo medo; e um abissnio preferiria colocar os braos nus at os
ombros num braseiro a utilizar uma faca ou um machado perto dele.
Todos os provrbios de Pitgoras, como muitos dos adgios antigos, tm um
duplo significado; e, enquanto tm um significado fsico oculto, expresso
literalmente em suas palavras, encarnam um preceito moral, que explicado
por Jmblico em sua Vida de Pitgoras. Este "No revolta o fogo com uma
espada" o nono smbolo no Protrptico desse neoplatnico. "Este
smbolo", diz ele, "exorta prudncia". Ele mostra "a propriedade de no
opor palavras mordazes a um homem cheio de fogo e de clera - de no lutar
com ele. Pois freqentemente por palavras impolidas agitareis e irritareis
um homem ignorante, e sofrereis por isso. (...) Herclito testemunha
tambm a verdade desse smbolo. Pois, diz ele, ' difcil lutar com
clera, pois no se pode mais fazer o que necessrio para redimir a
alma'. E ele tem razo em diz-lo. Pois muitos, deixando-se levar pela
clera, modificaram a condio de suas almas, e tornaram a morte
prefervel vida. Mas governando a lngua e calando-se, a amizade nasce
do conflito, pois o fogo da clera se extingue, e vs no parecereis
desprovidos de inteligncia".
O grande corpo dos antigos materialistas, por mais cpticos que nos
paream hoje, pensava de outra maneira, e Epicuro, que rejeitava a
imortalidade da alma, acreditava, no entanto, num Deus, e Demcrito
admitia plenamente a realidade das aparies. A maior parte dos sbios da
Antigidade acreditava na preexistncia e nos poderes divinos do esprito
humano. A magia da Babilnia e da Prsia baseava nisso a doutrina de seus
machagistia. Os Orculos caldeus, que Pleto e Pselo tanto comentaram,
expuseram e ampliaram constantemente o testemunho daqueles. Zoroastro,
Pitgoras, Epicuro, Empdocles, Cebes, Eurpedes, Plato, Euclides, Flon,
Bocio, Virglio, Ccero, Plotino, Jmblico, Proclus, Pselo, Sinsio,
Orgenes e finalmente o prprio Aristteles, longe de negarem a nossa
imortalidade, sustentaram-na muito enfaticamente. Como Cardan e
Pomponazzi, "que no eram partidrios da imortalidade da alma", como diz
Henry More, "Aristteles conclui expressamente que a alma racional um
destino da alma do mundo, embora a mesma essncia, e que ela preexiste
antes de habitar o corpo".
sis Sem Vu - Captulo VIII
Captulo VIII
Alguns mistrios da natureza. A formao dos corpos celestes
O prefcio do ltimo livro de Astronomia de Richard A. Proctor, intitulado Our Plac
Among Infinities, contm estas extraordinrias palavras; "Foi a sua ignorncia - do lugar da
Terra no espao infinito - que levou os antigos a considerar os corpos celestiais como se
eles regessem favoravelmente ou adversamente os destinos dos homens e das naes, e a
dedicar os dias, em conjuntos de sete, aos sete planetas do seus sistema astrolgico".

O Sr. Proctor faz duas asseres distintas nessa frase:


1) Que os antigos ignoravam o lugar da Terra no espao infinito; e
2) Qual eles consideravam os corpos celestiais como se regessem, favorvel ou
adversamente, os destinos dos homens e das naes (No precisamos ir to longe para nos
assegurarmos de que muitos grandes homens acreditavam na mesma coisa. Kepler, o
eminente astrnomo, admitia plenamente a idia de que as estrelas e todos os corpos
celestes, at mesmo a nossa Terra, so dotados de almas viventes e pensantes.). Estamos
bastante seguros de que existem pelo menos boas razes para suspeitar que os antigos
estivessem familiarizados com os movimentos, a posio e as relaes dos corpos
celestiais. Os testemunhos de Plutarco, do Prof. Draper e de Jowett so suficientes
explcitos. O Sr. Proctor esboa-nos a teoria da formao da nossa Terra e das mudanas
sucessivas pelas quais ela passou antes de se ter tornado habitvel pelo homem. Ele pinta
com cores vvidas a condenao gradual da matria csmica em esferas gasosas cercadas
por "uma casca lquida no-permanente"; o resfriamento lento da massa; os resultados
qumicos que se seguem ao do calor intenso sobre a matria terrestre primitiva; a
formao dos solos e a sua distribuio; a mudana na constituio da atmosfera; o
aparecimento da vegetao e da vida animal; e, finalmente, o advento do homem.
Ora, reportemo-nos aos registros escritos mais antigos legados pelos caldeus, o hermtico
Livro dos nmeros, (No temos conhecimento de que uma cpia desse livro antigo figure
no catlogo de qualquer biblioteca europia; mas ele um dos Livros de Hermes e
referido e citado pelas obras de grande nmero de autores filosficos antigos e medievais.
Entre estas autoridades est o Rosarius philosophorum, de Arnaldo de Vila Nova; o Tractat
de lpide, etc., de Francisco Arnolfino Lucense; o Tractatus de transmutatione metallorum,
de Hermes Trimegistro, e, sobretudo, o tratado de Raymond Lully, De angelis opus divinum
de quinta essentia.) e vejamos o que podemos encontrar na linguagem alegrica de Hermes,
Cadmo ou Tehuti, os trs vezes grande Trimegistro. "No comeo dos tempos, o Grande
Ente Invisvel tinha as suas santas mos cheias de matria celestial que espalhou pelo
infinito; e eis que ela se transformou em bolas de fogo e outras de argila; e elas se
espalharam como o metal movente (Mercrio) em muitas bolas menores e comearam a
girar sem cessar; e algumas delas que eram bolas de fogo tornaram-se bolas de argila; e as
bolas de argila tornaram-se bolas de fogo; e as bolas de fogo esperavam o seu momento de
se tornarem bolas de argila; e as outras as invejavam e esperavam a sua vez de se tornarem
bolas de puro fogo divino."
Algum poderia exigir uma descrio mais clara das mudanas csmicas que o Sr. Proctor
to elegantemente expe?
Temos aqui a distribuio da matria no espao; depois, a sua concentrao numa forma
esfrica; a separao de esferas menores, que se destacam das maiores; a rotao axial; a
mudana gradual de orbes do estado incandescente para a consistncia terrestre; e,
finalmente, a perda total de calor que marca a sua entrada no estgio da morte planetria. A
mudana das bolas de argila em bolas de fogo seria para os materialistas um fenmeno
como a ignio de uma estrela em Cassiopia em 1572 d.C. e em Serpentrio, em 1604, que
foi notada por Kepler. Mas os caldeus demonstraram nessa exposio uma filosofia mais
profunda do que a de nossos dias. Esta mudana em bolas de "puro fogo divino" significa
uma existncia planetria contnua, correspondente vida espiritual do homem, para alm
do mistrio aterrador da morte. Se os mundos tm, como os astrnomos nos dizem, os seus
perodos de embrio, infncia, adolescncia, maturidade, decadncia e morte, eles podem,
como o homem, ter a sua existncia continua numa forma sublimada, etrea ou espiritual.

Os mgicos no-lo respondem. Eles nos afirmam que a fecunda me Terra est sujeita s
mesmas leis que submetem cada um dos seus filhos. No tempo ficado por ela, d luz
todas as coisas criadas; na plenitude dos seus dias, desce ao tmulo dos mundos. O seu
corpo grosseiro, material, desfaz-se lentamente dos seus tomos em virtude da lei
inexorvel que exige a sua nova arrumao em outras combinaes. O seu prprio esprito
vivificador aperfeioado obedece eterna atrao que o leva para o Sol central espiritual de
que procede originalmente e que conhecemos vagamente pelo nome de DEUS.
A figura da uma idia da interao ESPRITO-MATRIA, do Livro: O Homem Deus e o
Universo; I. K. Taimni.
"E o cu era visvel em sete crculos e os planetas apareceram com todos os seus signos, na
forma de astros, e os astros foram divididos e numerados com os seus guias que estavam
neles e o seu curso rotatrio foi limitado pelo ar e mantido num curso circular pela ao do
ESPRITO divino."
O Sr. Proctor fala-nos de uma casca lquida no-congelada que envolve um "oceano
plstico viscoso" em que "h um outro globo slido interior em rotao". Ns, por nosso
turno, tomamos o Magia admica de Eugnio Filaletes, publicado em 1650, e p. XII
encontramo-lo citando Trimegistro nos seguintes termos: "Hermes afirma que no incio a
Terra era um lamaal, ou uma espcie tremelicante de gelatina, feita de nada mais a no ser
gua congelada pela incubao e pelo calor do Esprito Divino; cum adhuc (diz ele) terra
tremula esset, lucente sole compacta est".
Na mesma obra, Filalettes, falando em sua maneira estranha e simblica, diz [Magia
Admica, p. xi-xii] "(...) a Terra invisvel (...) por minha Alma, ela o alm disso, o olho
do homem nunca viu a Terra, nem pode ela ser vista sem a arte. Tornar este elemento
visvel o maior segredo da Magia. (...) Quanto a este corpo grosseiro, feculento, sobre o
qual caminhamos, ele um composto, e no terra, mas h terra nele. (...) Numa palavra,
todos os elementos so visveis exceto um, a saber a Terra, e quando atingirdes um grau de
perfeio, como saber por que Deus colocou a Terra in abscndito, tereis um excelente
meio de conhecer o prprio Deus e como Ele visvel, como invisvel".
A inquietao da matria
A contnua atividade da matria est indicada no dizer de Hermes: "A ao a vida de
Ptah"; e Orfeu chama a natureza de "a me que faz muitas coisas" - ou a me engenhosa,
industriosa, inventiva.
O Sr. Proctor diz: "Tudo o que est sobre a Terra e dentro dela, todas as formas vegetais e
todas animais, nossos corpos, nossos crebros so formados de materiais que foram tirados
dessas profundezas do espao que nos cerca por todos os lados". Os hermticos, e
posteriormente os Rosa-cruzes, afirmam que todas as coisas visveis foram produzidas pela
disputa entre a luz e a escurido e que toda partcula de matria contm em si mesma uma
centelha da essncia divina - ou luz, esprito - que, por meio da sua tendncia a se libertar
dos seus obstculos e retornar fonte central, produziu movimento nas partculas e, do
movimento, forma.
A luz - (primeira criao segundo o Gnese) - chamada pelos cabalistas de Sephirah, ou a
Inteligncia Divina, a me de todos os Sephiroth, ao passo que a Sabedoria Oculta o pai.
A luz o primeiro elementos que nasceu e a primeira emanao do Supremo, e luz vida,
diz o evangelista. Ambos so eletricidade - o princpio vital, anima mundi, que penetra o
universo, o vivificador eltrico de todas as coisas. A luz o grande mgico Proteo; sob a
ao da Vontade Divina do Arquiteto, as suas ondas multifrias, onipotente, do origem a

toda forma, bem como a todo ser vivo. Do seu seio avolumado, eltrico, procedem a
matria e o esprito. Nos seus raios repousam os comeos de toda ao fsica e qumica e de
todos os fenmenos csmicos e espirituais; ela vitaliza e desorganiza; d a vida e produz a
morte, e do seu ponto primordial emergem gradualmente existncia as mirades de
mundos, corpos celestiais visveis e invisveis. Foi no raio desta Primeira Me, uma em
trs, que Deus, segundo Plato, "acendeu um fogo, que agora chamamos Sol", e que no a
causa da luz nem do calor, mas apenas o foco, ou, como podemos dizer, a lente pela qual os
raios da luz primordial se materializam e se concentram no nosso sistema solar e produzem
todas as correlaes de foras.
O elemento radical das religies antigas
O elemento radical das religies mais antigas era essencialmente sabesta (Povo bblico
Astrlatra, que habitava o pais de Sab -S. da Arbia.); e afirmamos que os seus mitos e as
suas alegorias, uma vez interpretados correta e completamente, concordaro perfeitamente
com as mais exatas noes astronmicas dos nossos dias. Diremos mais: dificilmente
haver uma lei cientfica - pertencente ou Astronomia fsica ou Geografia fsica - que
no possa ser facilmente apontada nas engenhosas combinaes de suas fbulas. Eles
interpretaram por meio de alegorias tanto as mais importantes quanto as mais
insignificantes regras dos movimentos celestes; a natureza de todo fenmeno foi
personificada; e, nas biografias mticas dos deuses e das deusas olmpicos, aqueles que
estiver bastante familiarizado, com os ltimos princpios da Fsica e da Qumica encontrar
as suas causas, os interagentes e as relaes mtuas encarnadas no comportamento e no
curso das aes das divindades caprichosas. A eletricidade atmosfrica, nos seus estados
neutro e latente, geralmente simbolizada em semideuses e deusas, cuja esfera de ao
mais limitada Terra e que, em seus vos ocasionais para regies divinas mais elaboradas,
exibem a sua tmpera eltrica sempre na proporo estrita do aumento da distncia da
superfcie da Terra; as armas de Hrcules e de Thor nunca foram mais mortais do que
quando os deuses ascenderam s nuvens. Devemos ter em mente que antes da poca em que
o Jpiter olmpico fosse antromorfizado pelo gnio de Fdias em Deus Onipotente, o
Maximus, o Deus dos deuses, e ento, abandonado adorao das multides, na primeira e
abstrata cincia do simbolismo ele encarnou em sua pessoa e em seus atributos todas as
foras csmicas. O mito era menos metafsico e complicado, porm mais verdadeiro
eloqente como expresso da Filosofia Natural. Zeus, o elemento masculino da Criao,
com Ctnia-Vesta (a terra) e Mtis (a gua), a primeira das Ocenidas (os princpios
feminino), foi considerado, segundo Porfrio e Proclo, como o zon-ek-zon, o chefe dos
seres vivos. Na teologia rfica, a mais antiga de todas, metafisicamente falando, ele
representa tanto a potentia quanto o actus, a causa no-revelada e o Demiurgo, ou o criador
ativo como uma emanao da potncia invisvel. Nesta ltima capacidade demirgica, em
conjuno com os seus companheiros, encontramos nele todos os agentes mais poderosos
da evoluo csmica - a afinidade qumica, a eletricidade atmosfrica, a trao e a repulso.
seguindo as suas representaes nesta idoneidade fsica que descobrimos quo
familiarizados estavam os antigos com todas as doutrinas da cincia fsica em seu
desenvolvimento moderno. Posteriormente, nas especulaes pitagricas, Zeus tornou-se a
trindade metafsica; a Mnada que evolui do EU invisvel, a causa ativa, o efeito, e a
vontade inteligente, que, juntos, constituem a Tetraktys (O "Quatro", o primeiro de tudo
sua Unidade ou o "UM" sob quatro aspectos diferentes; significa a Trada primitiva (ou
Tringulo) fundida na Mnada divina.). Mais tarde ainda encontramos os primeiros
neoplatnicos abandonando a Mnada primitiva, em razo de sua incompreensibilidade

pelo intelecto humano, especulando apenas sobre a trade demirgica dessa divindade to
visvel e inteligvel em seu efeitos; e depois a continuao metafsica por Plotino, Porfrio,
Proclo e outros filsofos, que consideram Zeus como pai, Zeus-Poseidon, ou dynamis, o
filho e o poder, e o esprito ou nous. A Trada tambm foi aceita em seu todo pela escola
irenaica do sculo II; a diferena mais substancial entre as doutrinas dos neoplatnicos e
dos cristos consiste apenas na amalgao forada por estes ltimos da Mnada
incompreensvel com a sua trindade criativa realizada.
Os deuses dos pantees: apenas foras naturais
As leis de Manu so as doutrinas de Plato, Filo, Zoroastro, Pitgoras e da Cabala. O
esoterismo de toda religio pode ser solucionado com o auxlio desta ltima. A doutrina
cabalista do Pai e do Filho alegricos, ou IIayos e Ayos, idntica ao fundamento do
Budismo. Moiss no podia revelar multido os segredos sublimes da especulao
religiosa, nem a cosmogonia do Universo; tudo isto repousando sobre a Iluso Hindu, uma
mscara engenhosa a velar o Sanctum Sanctorum e tudo o que espantava muitos
comentadores teolgicos.
As heresias cabalsticas receberam um apoio inesperado nas teorias heterodoxas do Gen.
Pleasonton. De acordo com suas opinies (que ele apoia em fatos muito mais incontestveis
do que os cientistas ortodoxos as suas), o espao entre o Sol e a Terra est preenchido por
um agente material que, tanto quanto podemos julgar a partir de suas opinies, corresponde
nossa Luz Astral cabalstica. A passagem da Luz por meio dele deve produzir enorme
frico. A frico gera eletricidade e so esta eletricidade e o seu magnetismo correlativo
que formam aquelas extraordinrias formas da Natureza que produzem no nosso Planeta, e
sobre ele e ao seu redor, as vrias alteraes que encontramos por toda parte. Ele prova que
o calor terrestre no pode derivar diretamente do Sol, pois o calor ascendente. A fora pela
qual o calor produzido repelente, diz ele, e, como est associado eletricidade positiva,
atrado para a atmosfera superior por sua eletricidade negativa, sempre associada ao frio,
que se ope eletricidade positiva. Ele fortalece a sua opinio mostrando que a Terra, que
quando coberta pela neve, no pode ser afetada pelos raios de Sol, mais quente onde a
neve mais espessa. Peasonton explica este fato pela teoria de que a radiao do calor do
interior da Terra, positivamente eletrificada, encontrando-se na superfcie da Terra com a
neve que est em contato com ela, negativamente eletrificada, produz o calor.
Ele mostra, assim, que no de maneira alguma ao Sol que devemos a luz e o calor; que a
luz uma criao sui generis, que passou a existir no instante em que a Divindade quis e
pronunciou o seu fiat: "Faa-se a luz"; e que este agente material independente que
produz o calor por fico, em virtude da sua velocidade enorme e constante. Em suma, a
primeira emanao cabalstica que o Gen. Pleasonton nos apresenta: a Sephirah ou
Inteligncia Divina (o princpio feminino), que, unida ao Ain-Soph ou sabedoria divina (o
princpio masculino), produziu tudo que visvel e invisvel. Ele se ri da teoria corrente da
incandescncia do Sol e da sua substncia gasosa. A reflexo da fotosfera do Sol, diz ele,
passando pelos espaos planetrios e estrelar, deve ter ento criado uma vasta soma de
eletricidade e magnetismo. A eletricidade, pela unio das suas polaridades opostas, emite
calor e fornece magnetismo a todas as substncias capazes de receb-lo. O Sol, os planetas,
as estrelas e as nebulosas so, todos eles, Ims.
Se este corajoso cavalheiro chegar a provar a sua tese, as geraes futuras estaro pouco
inclinadas a rir de Paracelso e da sua luz sideral ou astral e da sua doutrina da influncia
magntica exercida pelas estrelas e pelos planetas sobre toda criatura viva, vegetal ou
mineral do nosso globo. Alm disso, se a hiptese de Pleasonton for reconhecida como

exata, a gloria transcendente do Prof. Tyndall ser grandemente obscurecida. De acordo


com a opinio pblica, Pleasonton efetua uma investida violenta contra o eminente fsico
que atribuiu ao Sol efeitos calorficos experimentados por ele uma excurso pelos Alpes, e
que era, devidos apenas sua prpria eletricidade vital.
Plato reconhece que o homem o joguete de necessidade a que est submetido desde a sua
entrada no mundo da matria; a influncia externa das causas semelhante do daimonia
de Scrates. Segundo Plato, feliz o homem corporalmente puro, pois a pureza do corpo
fsico determina a do astral, que, embora seja suscetvel de se extrair por impulsos prprios,
sempre se alinhar com a razo contra as predisposies animalescas do corpo fsico. A
sensualidade e outras paixes provm do corpo carnal; e ainda que opina que h crimes
involuntrios, porque procedem de causas externas, Plato faz distino entre elas. O
fatalismo que ele concede Humanidade no exclui a possibilidade de os evitar, pois
embora a dor, o temor, a clera e outros sentimentos sejam dados aos homens por
necessidades, "se triunfa sobre eles, vive-se corretamente, e se vencido por eles, vive-se
incorretamente". O homem dual divino desapareceu deixando apenas a forma animal e o
corpo astral (a alma mortal mais elevada de Plato), abandonada apenas aos seus
instintos, pois ele foi dominado por todos os males vinculados matria; em conseqncia,
ele se torna um instrumento dcil nas mos dos invisveis - seres de matria sublimada, que
pairam em nossas atmosferas e esto sempre prontos a inspirar aqueles que foram
justamente abandonados por seu conselheiro imortal, o esprito divino, chamado de "gnio"
por Plato. Segundo este grande filsofo e iniciado, "quem viveu bem durante o tempo que
lhe foi atribudo poder voltar a habitar a sua estrela e da levar uma existncia abenoada
e de acordo com a sua natureza. Mas se ele no a conseguir nesta segunda gerao, ele
passar para uma mulher [tornando-se indefeso e fraco como uma mulher], e, se no puser
fim ao mal nesta condio, ser transformado em algo bruto, que se parecer com ele nos
maus dias, e os seus tormentos e as suas transformaes no cessaro at que, seguindo o
princpio original de igualdade e de semelhana que nele existe, ultrapasse, com a ajuda da
razo, as secrees ltimas dos elementos turbulentos e irracionais (demnios elementares)
compostos de fogo e ar, e de gua e terra, e retorne forma da sua primeira e melhor
natureza".
"A cincia verdadeira no tem crenas", diz o ,Dr. Fenwick, em A Strange Story, de
Bulwer-Lytton; "a verdadeira cincia (...) apenas trs estados da mente: negao, convico
e o vasto intervalo entre as duas, que no a crena, mas suspenso de juzo". Essa, talvez,
fosse a cincia verdadeira na poca do Dr. Fenwick, mas a cincia dos nossos tempos
modernos procede de outra maneira; ou nega sem rodeios, sem qualquer investigao
preliminar, ou colocar-se distncia prudente entre a negao e a afirmao e, dicionrio na
mo, inventa novos termos greco-latinos para espcies no-existentes de histeria!
Quo amide clarividentes poderosos e adeptos de Mesmerismo descrevem epidemias e
manifestaes fsicas (embora fossem invisveis para outros) que a cincia atribui
epilepsia, a distrbio hematonervosos e, que sei eu, de origem somtica, como a sua lcida
viso os viu na luz astral. Eles afirmam que as "ondas eltricas" estavam num estado de
violenta perturbao e que eles percebiam uma relao direta entre esses distrbios etreos
e a epidemia mental ou fsica que ento reinava. Mas a cincia no os ouviu, e continuou o
seu trabalho enciclopdico de maquinar nomes novos para coisas velhas.
As provas dos poderes mgicos de Pitgoras
Um dos poucos comentadores dos velhos autores gregos e latinos que se mostraram
equivalentes aos antigos do ponto de vista do seu desenvolvimento mental Thomas

Taylor. Na sua traduo da Vida de Pitgoras, de Jmblico, encontramos a seguinte


observao: "Dado que Pitgoras, como Jmblico nos informa (...) era iniciado em todos os
mistrios de Biblos e de Tiro, nas operaes sagradas dos srios e nos mistrios dos
fencios, e tambm (...) havia passado 22 anos nos ditos dos templos do Egito, reunido
com os magos da Babilnia, e que fora instrudo por eles em seu venervel conhecimento no nada surpreendente que ele fosse muito versado em Magia ou teurgia, e fosse capaz
de fazer que ultrapassam o mero poder humano e que parecem ser absolutamente incrveis
ao vulgo".
O ter universal no era, aos seus olhos, simplesmente algo que se expandia, sem ocupante,
pela extenso do cu; era um oceano sem limites povoado como os nossos mares por
monstros e criaturas menores e que possua em cada uma das suas molculas os germes da
vida. Como as tribos aquticas que formigam nos nossos oceanos e nos mnimos corpos de
gua, cada espcie que vivia em seu hbitat curiosamente adaptada ao seu lugar, algumas
amigveis e outras inamistosas ao homem, algumas agradveis e outras espantosas de se
ver, algumas procurando o refgio de um esconderijo tranqilo e de enseadas abrigadas, e
algumas correndo atravs de grandes reas de gua - as vrias raas de espritos elementais
habitavam, segundo eles, as diferentes regies do grande oceano etreo e, para sermos
exatos, adaptadas s suas respectivas condies. Se no perdemos de vista o fato de que o
curso dos planetas no espao deve criar uma perturbao to absoluta nesse meio plstico e
atenuado quanto a passagem de um tiro de canho no ar ou de um barco a vapor na gua, e
isso em escala csmica, podemos compreender que certos aspectos planetrios, admitindose que nossas premissas sejam verdadeiras, podem produzir uma agitao muito violenta e
ocasionar correntes muito fortes numa determinada direo do que outros. Aceitas essas
mesmas premissas, tambm podemos perceber por que, dados os vrios aspectos dos astros,
bandos de "elementais" amigveis ou hostis podem ser derramados em nossa atmosfera, ou
algumas poro determinada dela, e a fazer sentir a sua presena por meio dos efeitos que
enseja.

sis Sem Vu - Captulo VIII


Captulo VIII
Alguns mistrios da natureza. A formao dos corpos celestes
O prefcio do ltimo livro de Astronomia de Richard A. Proctor, intitulado Our Plac
Among Infinities, contm estas extraordinrias palavras; "Foi a sua ignorncia - do lugar da
Terra no espao infinito - que levou os antigos a considerar os corpos celestiais como se
eles regessem favoravelmente ou adversamente os destinos dos homens e das naes, e a
dedicar os dias, em conjuntos de sete, aos sete planetas do seus sistema astrolgico".
O Sr. Proctor faz duas asseres distintas nessa frase:
1) Que os antigos ignoravam o lugar da Terra no espao infinito; e
2) Qual eles consideravam os corpos celestiais como se regessem, favorvel ou
adversamente, os destinos dos homens e das naes (No precisamos ir to longe para nos
assegurarmos de que muitos grandes homens acreditavam na mesma coisa. Kepler, o
eminente astrnomo, admitia plenamente a idia de que as estrelas e todos os corpos
celestes, at mesmo a nossa Terra, so dotados de almas viventes e pensantes.). Estamos

bastante seguros de que existem pelo menos boas razes para suspeitar que os antigos
estivessem familiarizados com os movimentos, a posio e as relaes dos corpos
celestiais. Os testemunhos de Plutarco, do Prof. Draper e de Jowett so suficientes
explcitos. O Sr. Proctor esboa-nos a teoria da formao da nossa Terra e das mudanas
sucessivas pelas quais ela passou antes de se ter tornado habitvel pelo homem. Ele pinta
com cores vvidas a condenao gradual da matria csmica em esferas gasosas cercadas
por "uma casca lquida no-permanente"; o resfriamento lento da massa; os resultados
qumicos que se seguem ao do calor intenso sobre a matria terrestre primitiva; a
formao dos solos e a sua distribuio; a mudana na constituio da atmosfera; o
aparecimento da vegetao e da vida animal; e, finalmente, o advento do homem.
Ora, reportemo-nos aos registros escritos mais antigos legados pelos caldeus, o hermtico
Livro dos nmeros, (No temos conhecimento de que uma cpia desse livro antigo figure
no catlogo de qualquer biblioteca europia; mas ele um dos Livros de Hermes e
referido e citado pelas obras de grande nmero de autores filosficos antigos e medievais.
Entre estas autoridades est o Rosarius philosophorum, de Arnaldo de Vila Nova; o Tractat
de lpide, etc., de Francisco Arnolfino Lucense; o Tractatus de transmutatione metallorum,
de Hermes Trimegistro, e, sobretudo, o tratado de Raymond Lully, De angelis opus divinum
de quinta essentia.) e vejamos o que podemos encontrar na linguagem alegrica de Hermes,
Cadmo ou Tehuti, os trs vezes grande Trimegistro. "No comeo dos tempos, o Grande
Ente Invisvel tinha as suas santas mos cheias de matria celestial que espalhou pelo
infinito; e eis que ela se transformou em bolas de fogo e outras de argila; e elas se
espalharam como o metal movente (Mercrio) em muitas bolas menores e comearam a
girar sem cessar; e algumas delas que eram bolas de fogo tornaram-se bolas de argila; e as
bolas de argila tornaram-se bolas de fogo; e as bolas de fogo esperavam o seu momento de
se tornarem bolas de argila; e as outras as invejavam e esperavam a sua vez de se tornarem
bolas de puro fogo divino."
Algum poderia exigir uma descrio mais clara das mudanas csmicas que o Sr. Proctor
to elegantemente expe?
Temos aqui a distribuio da matria no espao; depois, a sua concentrao numa forma
esfrica; a separao de esferas menores, que se destacam das maiores; a rotao axial; a
mudana gradual de orbes do estado incandescente para a consistncia terrestre; e,
finalmente, a perda total de calor que marca a sua entrada no estgio da morte planetria. A
mudana das bolas de argila em bolas de fogo seria para os materialistas um fenmeno
como a ignio de uma estrela em Cassiopia em 1572 d.C. e em Serpentrio, em 1604, que
foi notada por Kepler. Mas os caldeus demonstraram nessa exposio uma filosofia mais
profunda do que a de nossos dias. Esta mudana em bolas de "puro fogo divino" significa
uma existncia planetria contnua, correspondente vida espiritual do homem, para alm
do mistrio aterrador da morte. Se os mundos tm, como os astrnomos nos dizem, os seus
perodos de embrio, infncia, adolescncia, maturidade, decadncia e morte, eles podem,
como o homem, ter a sua existncia continua numa forma sublimada, etrea ou espiritual.
Os mgicos no-lo respondem. Eles nos afirmam que a fecunda me Terra est sujeita s
mesmas leis que submetem cada um dos seus filhos. No tempo ficado por ela, d luz
todas as coisas criadas; na plenitude dos seus dias, desce ao tmulo dos mundos. O seu
corpo grosseiro, material, desfaz-se lentamente dos seus tomos em virtude da lei
inexorvel que exige a sua nova arrumao em outras combinaes. O seu prprio esprito
vivificador aperfeioado obedece eterna atrao que o leva para o Sol central espiritual de
que procede originalmente e que conhecemos vagamente pelo nome de DEUS.

A figura da uma idia da interao ESPRITO-MATRIA, do Livro: O Homem Deus e o


Universo; I. K. Taimni.
"E o cu era visvel em sete crculos e os planetas apareceram com todos os seus signos, na
forma de astros, e os astros foram divididos e numerados com os seus guias que estavam
neles e o seu curso rotatrio foi limitado pelo ar e mantido num curso circular pela ao do
ESPRITO divino."
O Sr. Proctor fala-nos de uma casca lquida no-congelada que envolve um "oceano
plstico viscoso" em que "h um outro globo slido interior em rotao". Ns, por nosso
turno, tomamos o Magia admica de Eugnio Filaletes, publicado em 1650, e p. XII
encontramo-lo citando Trimegistro nos seguintes termos: "Hermes afirma que no incio a
Terra era um lamaal, ou uma espcie tremelicante de gelatina, feita de nada mais a no ser
gua congelada pela incubao e pelo calor do Esprito Divino; cum adhuc (diz ele) terra
tremula esset, lucente sole compacta est".
Na mesma obra, Filalettes, falando em sua maneira estranha e simblica, diz [Magia
Admica, p. xi-xii] "(...) a Terra invisvel (...) por minha Alma, ela o alm disso, o olho
do homem nunca viu a Terra, nem pode ela ser vista sem a arte. Tornar este elemento
visvel o maior segredo da Magia. (...) Quanto a este corpo grosseiro, feculento, sobre o
qual caminhamos, ele um composto, e no terra, mas h terra nele. (...) Numa palavra,
todos os elementos so visveis exceto um, a saber a Terra, e quando atingirdes um grau de
perfeio, como saber por que Deus colocou a Terra in abscndito, tereis um excelente
meio de conhecer o prprio Deus e como Ele visvel, como invisvel".
A inquietao da matria
A contnua atividade da matria est indicada no dizer de Hermes: "A ao a vida de
Ptah"; e Orfeu chama a natureza de "a me que faz muitas coisas" - ou a me engenhosa,
industriosa, inventiva.
O Sr. Proctor diz: "Tudo o que est sobre a Terra e dentro dela, todas as formas vegetais e
todas animais, nossos corpos, nossos crebros so formados de materiais que foram tirados
dessas profundezas do espao que nos cerca por todos os lados". Os hermticos, e
posteriormente os Rosa-cruzes, afirmam que todas as coisas visveis foram produzidas pela
disputa entre a luz e a escurido e que toda partcula de matria contm em si mesma uma
centelha da essncia divina - ou luz, esprito - que, por meio da sua tendncia a se libertar
dos seus obstculos e retornar fonte central, produziu movimento nas partculas e, do
movimento, forma.
A luz - (primeira criao segundo o Gnese) - chamada pelos cabalistas de Sephirah, ou a
Inteligncia Divina, a me de todos os Sephiroth, ao passo que a Sabedoria Oculta o pai.
A luz o primeiro elementos que nasceu e a primeira emanao do Supremo, e luz vida,
diz o evangelista. Ambos so eletricidade - o princpio vital, anima mundi, que penetra o
universo, o vivificador eltrico de todas as coisas. A luz o grande mgico Proteo; sob a
ao da Vontade Divina do Arquiteto, as suas ondas multifrias, onipotente, do origem a
toda forma, bem como a todo ser vivo. Do seu seio avolumado, eltrico, procedem a
matria e o esprito. Nos seus raios repousam os comeos de toda ao fsica e qumica e de
todos os fenmenos csmicos e espirituais; ela vitaliza e desorganiza; d a vida e produz a
morte, e do seu ponto primordial emergem gradualmente existncia as mirades de
mundos, corpos celestiais visveis e invisveis. Foi no raio desta Primeira Me, uma em
trs, que Deus, segundo Plato, "acendeu um fogo, que agora chamamos Sol", e que no a
causa da luz nem do calor, mas apenas o foco, ou, como podemos dizer, a lente pela qual os

raios da luz primordial se materializam e se concentram no nosso sistema solar e produzem


todas as correlaes de foras.
O elemento radical das religies antigas
O elemento radical das religies mais antigas era essencialmente sabesta (Povo bblico
Astrlatra, que habitava o pais de Sab -S. da Arbia.); e afirmamos que os seus mitos e as
suas alegorias, uma vez interpretados correta e completamente, concordaro perfeitamente
com as mais exatas noes astronmicas dos nossos dias. Diremos mais: dificilmente
haver uma lei cientfica - pertencente ou Astronomia fsica ou Geografia fsica - que
no possa ser facilmente apontada nas engenhosas combinaes de suas fbulas. Eles
interpretaram por meio de alegorias tanto as mais importantes quanto as mais
insignificantes regras dos movimentos celestes; a natureza de todo fenmeno foi
personificada; e, nas biografias mticas dos deuses e das deusas olmpicos, aqueles que
estiver bastante familiarizado, com os ltimos princpios da Fsica e da Qumica encontrar
as suas causas, os interagentes e as relaes mtuas encarnadas no comportamento e no
curso das aes das divindades caprichosas. A eletricidade atmosfrica, nos seus estados
neutro e latente, geralmente simbolizada em semideuses e deusas, cuja esfera de ao
mais limitada Terra e que, em seus vos ocasionais para regies divinas mais elaboradas,
exibem a sua tmpera eltrica sempre na proporo estrita do aumento da distncia da
superfcie da Terra; as armas de Hrcules e de Thor nunca foram mais mortais do que
quando os deuses ascenderam s nuvens. Devemos ter em mente que antes da poca em que
o Jpiter olmpico fosse antromorfizado pelo gnio de Fdias em Deus Onipotente, o
Maximus, o Deus dos deuses, e ento, abandonado adorao das multides, na primeira e
abstrata cincia do simbolismo ele encarnou em sua pessoa e em seus atributos todas as
foras csmicas. O mito era menos metafsico e complicado, porm mais verdadeiro
eloqente como expresso da Filosofia Natural. Zeus, o elemento masculino da Criao,
com Ctnia-Vesta (a terra) e Mtis (a gua), a primeira das Ocenidas (os princpios
feminino), foi considerado, segundo Porfrio e Proclo, como o zon-ek-zon, o chefe dos
seres vivos. Na teologia rfica, a mais antiga de todas, metafisicamente falando, ele
representa tanto a potentia quanto o actus, a causa no-revelada e o Demiurgo, ou o criador
ativo como uma emanao da potncia invisvel. Nesta ltima capacidade demirgica, em
conjuno com os seus companheiros, encontramos nele todos os agentes mais poderosos
da evoluo csmica - a afinidade qumica, a eletricidade atmosfrica, a trao e a repulso.
seguindo as suas representaes nesta idoneidade fsica que descobrimos quo
familiarizados estavam os antigos com todas as doutrinas da cincia fsica em seu
desenvolvimento moderno. Posteriormente, nas especulaes pitagricas, Zeus tornou-se a
trindade metafsica; a Mnada que evolui do EU invisvel, a causa ativa, o efeito, e a
vontade inteligente, que, juntos, constituem a Tetraktys (O "Quatro", o primeiro de tudo
sua Unidade ou o "UM" sob quatro aspectos diferentes; significa a Trada primitiva (ou
Tringulo) fundida na Mnada divina.). Mais tarde ainda encontramos os primeiros
neoplatnicos abandonando a Mnada primitiva, em razo de sua incompreensibilidade
pelo intelecto humano, especulando apenas sobre a trade demirgica dessa divindade to
visvel e inteligvel em seu efeitos; e depois a continuao metafsica por Plotino, Porfrio,
Proclo e outros filsofos, que consideram Zeus como pai, Zeus-Poseidon, ou dynamis, o
filho e o poder, e o esprito ou nous. A Trada tambm foi aceita em seu todo pela escola
irenaica do sculo II; a diferena mais substancial entre as doutrinas dos neoplatnicos e
dos cristos consiste apenas na amalgao forada por estes ltimos da Mnada
incompreensvel com a sua trindade criativa realizada.

Os deuses dos pantees: apenas foras naturais


As leis de Manu so as doutrinas de Plato, Filo, Zoroastro, Pitgoras e da Cabala. O
esoterismo de toda religio pode ser solucionado com o auxlio desta ltima. A doutrina
cabalista do Pai e do Filho alegricos, ou IIayos e Ayos, idntica ao fundamento do
Budismo. Moiss no podia revelar multido os segredos sublimes da especulao
religiosa, nem a cosmogonia do Universo; tudo isto repousando sobre a Iluso Hindu, uma
mscara engenhosa a velar o Sanctum Sanctorum e tudo o que espantava muitos
comentadores teolgicos.
As heresias cabalsticas receberam um apoio inesperado nas teorias heterodoxas do Gen.
Pleasonton. De acordo com suas opinies (que ele apoia em fatos muito mais incontestveis
do que os cientistas ortodoxos as suas), o espao entre o Sol e a Terra est preenchido por
um agente material que, tanto quanto podemos julgar a partir de suas opinies, corresponde
nossa Luz Astral cabalstica. A passagem da Luz por meio dele deve produzir enorme
frico. A frico gera eletricidade e so esta eletricidade e o seu magnetismo correlativo
que formam aquelas extraordinrias formas da Natureza que produzem no nosso Planeta, e
sobre ele e ao seu redor, as vrias alteraes que encontramos por toda parte. Ele prova que
o calor terrestre no pode derivar diretamente do Sol, pois o calor ascendente. A fora pela
qual o calor produzido repelente, diz ele, e, como est associado eletricidade positiva,
atrado para a atmosfera superior por sua eletricidade negativa, sempre associada ao frio,
que se ope eletricidade positiva. Ele fortalece a sua opinio mostrando que a Terra, que
quando coberta pela neve, no pode ser afetada pelos raios de Sol, mais quente onde a
neve mais espessa. Peasonton explica este fato pela teoria de que a radiao do calor do
interior da Terra, positivamente eletrificada, encontrando-se na superfcie da Terra com a
neve que est em contato com ela, negativamente eletrificada, produz o calor.
Ele mostra, assim, que no de maneira alguma ao Sol que devemos a luz e o calor; que a
luz uma criao sui generis, que passou a existir no instante em que a Divindade quis e
pronunciou o seu fiat: "Faa-se a luz"; e que este agente material independente que
produz o calor por fico, em virtude da sua velocidade enorme e constante. Em suma, a
primeira emanao cabalstica que o Gen. Pleasonton nos apresenta: a Sephirah ou
Inteligncia Divina (o princpio feminino), que, unida ao Ain-Soph ou sabedoria divina (o
princpio masculino), produziu tudo que visvel e invisvel. Ele se ri da teoria corrente da
incandescncia do Sol e da sua substncia gasosa. A reflexo da fotosfera do Sol, diz ele,
passando pelos espaos planetrios e estrelar, deve ter ento criado uma vasta soma de
eletricidade e magnetismo. A eletricidade, pela unio das suas polaridades opostas, emite
calor e fornece magnetismo a todas as substncias capazes de receb-lo. O Sol, os planetas,
as estrelas e as nebulosas so, todos eles, Ims.
Se este corajoso cavalheiro chegar a provar a sua tese, as geraes futuras estaro pouco
inclinadas a rir de Paracelso e da sua luz sideral ou astral e da sua doutrina da influncia
magntica exercida pelas estrelas e pelos planetas sobre toda criatura viva, vegetal ou
mineral do nosso globo. Alm disso, se a hiptese de Pleasonton for reconhecida como
exata, a gloria transcendente do Prof. Tyndall ser grandemente obscurecida. De acordo
com a opinio pblica, Pleasonton efetua uma investida violenta contra o eminente fsico
que atribuiu ao Sol efeitos calorficos experimentados por ele uma excurso pelos Alpes, e
que era, devidos apenas sua prpria eletricidade vital.
Plato reconhece que o homem o joguete de necessidade a que est submetido desde a sua
entrada no mundo da matria; a influncia externa das causas semelhante do daimonia
de Scrates. Segundo Plato, feliz o homem corporalmente puro, pois a pureza do corpo

fsico determina a do astral, que, embora seja suscetvel de se extrair por impulsos prprios,
sempre se alinhar com a razo contra as predisposies animalescas do corpo fsico. A
sensualidade e outras paixes provm do corpo carnal; e ainda que opina que h crimes
involuntrios, porque procedem de causas externas, Plato faz distino entre elas. O
fatalismo que ele concede Humanidade no exclui a possibilidade de os evitar, pois
embora a dor, o temor, a clera e outros sentimentos sejam dados aos homens por
necessidades, "se triunfa sobre eles, vive-se corretamente, e se vencido por eles, vive-se
incorretamente". O homem dual divino desapareceu deixando apenas a forma animal e o
corpo astral (a alma mortal mais elevada de Plato), abandonada apenas aos seus
instintos, pois ele foi dominado por todos os males vinculados matria; em conseqncia,
ele se torna um instrumento dcil nas mos dos invisveis - seres de matria sublimada, que
pairam em nossas atmosferas e esto sempre prontos a inspirar aqueles que foram
justamente abandonados por seu conselheiro imortal, o esprito divino, chamado de "gnio"
por Plato. Segundo este grande filsofo e iniciado, "quem viveu bem durante o tempo que
lhe foi atribudo poder voltar a habitar a sua estrela e da levar uma existncia abenoada
e de acordo com a sua natureza. Mas se ele no a conseguir nesta segunda gerao, ele
passar para uma mulher [tornando-se indefeso e fraco como uma mulher], e, se no puser
fim ao mal nesta condio, ser transformado em algo bruto, que se parecer com ele nos
maus dias, e os seus tormentos e as suas transformaes no cessaro at que, seguindo o
princpio original de igualdade e de semelhana que nele existe, ultrapasse, com a ajuda da
razo, as secrees ltimas dos elementos turbulentos e irracionais (demnios elementares)
compostos de fogo e ar, e de gua e terra, e retorne forma da sua primeira e melhor
natureza".
"A cincia verdadeira no tem crenas", diz o ,Dr. Fenwick, em A Strange Story, de
Bulwer-Lytton; "a verdadeira cincia (...) apenas trs estados da mente: negao, convico
e o vasto intervalo entre as duas, que no a crena, mas suspenso de juzo". Essa, talvez,
fosse a cincia verdadeira na poca do Dr. Fenwick, mas a cincia dos nossos tempos
modernos procede de outra maneira; ou nega sem rodeios, sem qualquer investigao
preliminar, ou colocar-se distncia prudente entre a negao e a afirmao e, dicionrio na
mo, inventa novos termos greco-latinos para espcies no-existentes de histeria!
Quo amide clarividentes poderosos e adeptos de Mesmerismo descrevem epidemias e
manifestaes fsicas (embora fossem invisveis para outros) que a cincia atribui
epilepsia, a distrbio hematonervosos e, que sei eu, de origem somtica, como a sua lcida
viso os viu na luz astral. Eles afirmam que as "ondas eltricas" estavam num estado de
violenta perturbao e que eles percebiam uma relao direta entre esses distrbios etreos
e a epidemia mental ou fsica que ento reinava. Mas a cincia no os ouviu, e continuou o
seu trabalho enciclopdico de maquinar nomes novos para coisas velhas.
As provas dos poderes mgicos de Pitgoras
Um dos poucos comentadores dos velhos autores gregos e latinos que se mostraram
equivalentes aos antigos do ponto de vista do seu desenvolvimento mental Thomas
Taylor. Na sua traduo da Vida de Pitgoras, de Jmblico, encontramos a seguinte
observao: "Dado que Pitgoras, como Jmblico nos informa (...) era iniciado em todos os
mistrios de Biblos e de Tiro, nas operaes sagradas dos srios e nos mistrios dos
fencios, e tambm (...) havia passado 22 anos nos ditos dos templos do Egito, reunido
com os magos da Babilnia, e que fora instrudo por eles em seu venervel conhecimento no nada surpreendente que ele fosse muito versado em Magia ou teurgia, e fosse capaz

de fazer que ultrapassam o mero poder humano e que parecem ser absolutamente incrveis
ao vulgo".
O ter universal no era, aos seus olhos, simplesmente algo que se expandia, sem ocupante,
pela extenso do cu; era um oceano sem limites povoado como os nossos mares por
monstros e criaturas menores e que possua em cada uma das suas molculas os germes da
vida. Como as tribos aquticas que formigam nos nossos oceanos e nos mnimos corpos de
gua, cada espcie que vivia em seu hbitat curiosamente adaptada ao seu lugar, algumas
amigveis e outras inamistosas ao homem, algumas agradveis e outras espantosas de se
ver, algumas procurando o refgio de um esconderijo tranqilo e de enseadas abrigadas, e
algumas correndo atravs de grandes reas de gua - as vrias raas de espritos elementais
habitavam, segundo eles, as diferentes regies do grande oceano etreo e, para sermos
exatos, adaptadas s suas respectivas condies. Se no perdemos de vista o fato de que o
curso dos planetas no espao deve criar uma perturbao to absoluta nesse meio plstico e
atenuado quanto a passagem de um tiro de canho no ar ou de um barco a vapor na gua, e
isso em escala csmica, podemos compreender que certos aspectos planetrios, admitindose que nossas premissas sejam verdadeiras, podem produzir uma agitao muito violenta e
ocasionar correntes muito fortes numa determinada direo do que outros. Aceitas essas
mesmas premissas, tambm podemos perceber por que, dados os vrios aspectos dos astros,
bandos de "elementais" amigveis ou hostis podem ser derramados em nossa atmosfera, ou
algumas poro determinada dela, e a fazer sentir a sua presena por meio dos efeitos que
enseja.

sis Sem Vu - Captulo VIII


Captulo VIII
Alguns mistrios da natureza. A formao dos corpos celestes
O prefcio do ltimo livro de Astronomia de Richard A. Proctor, intitulado Our Plac
Among Infinities, contm estas extraordinrias palavras; "Foi a sua ignorncia - do lugar da
Terra no espao infinito - que levou os antigos a considerar os corpos celestiais como se
eles regessem favoravelmente ou adversamente os destinos dos homens e das naes, e a
dedicar os dias, em conjuntos de sete, aos sete planetas do seus sistema astrolgico".
O Sr. Proctor faz duas asseres distintas nessa frase:
1) Que os antigos ignoravam o lugar da Terra no espao infinito; e
2) Qual eles consideravam os corpos celestiais como se regessem, favorvel ou
adversamente, os destinos dos homens e das naes (No precisamos ir to longe para nos
assegurarmos de que muitos grandes homens acreditavam na mesma coisa. Kepler, o
eminente astrnomo, admitia plenamente a idia de que as estrelas e todos os corpos
celestes, at mesmo a nossa Terra, so dotados de almas viventes e pensantes.). Estamos
bastante seguros de que existem pelo menos boas razes para suspeitar que os antigos
estivessem familiarizados com os movimentos, a posio e as relaes dos corpos
celestiais. Os testemunhos de Plutarco, do Prof. Draper e de Jowett so suficientes
explcitos. O Sr. Proctor esboa-nos a teoria da formao da nossa Terra e das mudanas
sucessivas pelas quais ela passou antes de se ter tornado habitvel pelo homem. Ele pinta
com cores vvidas a condenao gradual da matria csmica em esferas gasosas cercadas

por "uma casca lquida no-permanente"; o resfriamento lento da massa; os resultados


qumicos que se seguem ao do calor intenso sobre a matria terrestre primitiva; a
formao dos solos e a sua distribuio; a mudana na constituio da atmosfera; o
aparecimento da vegetao e da vida animal; e, finalmente, o advento do homem.
Ora, reportemo-nos aos registros escritos mais antigos legados pelos caldeus, o hermtico
Livro dos nmeros, (No temos conhecimento de que uma cpia desse livro antigo figure
no catlogo de qualquer biblioteca europia; mas ele um dos Livros de Hermes e
referido e citado pelas obras de grande nmero de autores filosficos antigos e medievais.
Entre estas autoridades est o Rosarius philosophorum, de Arnaldo de Vila Nova; o Tractat
de lpide, etc., de Francisco Arnolfino Lucense; o Tractatus de transmutatione metallorum,
de Hermes Trimegistro, e, sobretudo, o tratado de Raymond Lully, De angelis opus divinum
de quinta essentia.) e vejamos o que podemos encontrar na linguagem alegrica de Hermes,
Cadmo ou Tehuti, os trs vezes grande Trimegistro. "No comeo dos tempos, o Grande
Ente Invisvel tinha as suas santas mos cheias de matria celestial que espalhou pelo
infinito; e eis que ela se transformou em bolas de fogo e outras de argila; e elas se
espalharam como o metal movente (Mercrio) em muitas bolas menores e comearam a
girar sem cessar; e algumas delas que eram bolas de fogo tornaram-se bolas de argila; e as
bolas de argila tornaram-se bolas de fogo; e as bolas de fogo esperavam o seu momento de
se tornarem bolas de argila; e as outras as invejavam e esperavam a sua vez de se tornarem
bolas de puro fogo divino."
Algum poderia exigir uma descrio mais clara das mudanas csmicas que o Sr. Proctor
to elegantemente expe?
Temos aqui a distribuio da matria no espao; depois, a sua concentrao numa forma
esfrica; a separao de esferas menores, que se destacam das maiores; a rotao axial; a
mudana gradual de orbes do estado incandescente para a consistncia terrestre; e,
finalmente, a perda total de calor que marca a sua entrada no estgio da morte planetria. A
mudana das bolas de argila em bolas de fogo seria para os materialistas um fenmeno
como a ignio de uma estrela em Cassiopia em 1572 d.C. e em Serpentrio, em 1604, que
foi notada por Kepler. Mas os caldeus demonstraram nessa exposio uma filosofia mais
profunda do que a de nossos dias. Esta mudana em bolas de "puro fogo divino" significa
uma existncia planetria contnua, correspondente vida espiritual do homem, para alm
do mistrio aterrador da morte. Se os mundos tm, como os astrnomos nos dizem, os seus
perodos de embrio, infncia, adolescncia, maturidade, decadncia e morte, eles podem,
como o homem, ter a sua existncia continua numa forma sublimada, etrea ou espiritual.
Os mgicos no-lo respondem. Eles nos afirmam que a fecunda me Terra est sujeita s
mesmas leis que submetem cada um dos seus filhos. No tempo ficado por ela, d luz
todas as coisas criadas; na plenitude dos seus dias, desce ao tmulo dos mundos. O seu
corpo grosseiro, material, desfaz-se lentamente dos seus tomos em virtude da lei
inexorvel que exige a sua nova arrumao em outras combinaes. O seu prprio esprito
vivificador aperfeioado obedece eterna atrao que o leva para o Sol central espiritual de
que procede originalmente e que conhecemos vagamente pelo nome de DEUS.
A figura da uma idia da interao ESPRITO-MATRIA, do Livro: O Homem Deus e o
Universo; I. K. Taimni.
"E o cu era visvel em sete crculos e os planetas apareceram com todos os seus signos, na
forma de astros, e os astros foram divididos e numerados com os seus guias que estavam

neles e o seu curso rotatrio foi limitado pelo ar e mantido num curso circular pela ao do
ESPRITO divino."
O Sr. Proctor fala-nos de uma casca lquida no-congelada que envolve um "oceano
plstico viscoso" em que "h um outro globo slido interior em rotao". Ns, por nosso
turno, tomamos o Magia admica de Eugnio Filaletes, publicado em 1650, e p. XII
encontramo-lo citando Trimegistro nos seguintes termos: "Hermes afirma que no incio a
Terra era um lamaal, ou uma espcie tremelicante de gelatina, feita de nada mais a no ser
gua congelada pela incubao e pelo calor do Esprito Divino; cum adhuc (diz ele) terra
tremula esset, lucente sole compacta est".
Na mesma obra, Filalettes, falando em sua maneira estranha e simblica, diz [Magia
Admica, p. xi-xii] "(...) a Terra invisvel (...) por minha Alma, ela o alm disso, o olho
do homem nunca viu a Terra, nem pode ela ser vista sem a arte. Tornar este elemento
visvel o maior segredo da Magia. (...) Quanto a este corpo grosseiro, feculento, sobre o
qual caminhamos, ele um composto, e no terra, mas h terra nele. (...) Numa palavra,
todos os elementos so visveis exceto um, a saber a Terra, e quando atingirdes um grau de
perfeio, como saber por que Deus colocou a Terra in abscndito, tereis um excelente
meio de conhecer o prprio Deus e como Ele visvel, como invisvel".
A inquietao da matria
A contnua atividade da matria est indicada no dizer de Hermes: "A ao a vida de
Ptah"; e Orfeu chama a natureza de "a me que faz muitas coisas" - ou a me engenhosa,
industriosa, inventiva.
O Sr. Proctor diz: "Tudo o que est sobre a Terra e dentro dela, todas as formas vegetais e
todas animais, nossos corpos, nossos crebros so formados de materiais que foram tirados
dessas profundezas do espao que nos cerca por todos os lados". Os hermticos, e
posteriormente os Rosa-cruzes, afirmam que todas as coisas visveis foram produzidas pela
disputa entre a luz e a escurido e que toda partcula de matria contm em si mesma uma
centelha da essncia divina - ou luz, esprito - que, por meio da sua tendncia a se libertar
dos seus obstculos e retornar fonte central, produziu movimento nas partculas e, do
movimento, forma.
A luz - (primeira criao segundo o Gnese) - chamada pelos cabalistas de Sephirah, ou a
Inteligncia Divina, a me de todos os Sephiroth, ao passo que a Sabedoria Oculta o pai.
A luz o primeiro elementos que nasceu e a primeira emanao do Supremo, e luz vida,
diz o evangelista. Ambos so eletricidade - o princpio vital, anima mundi, que penetra o
universo, o vivificador eltrico de todas as coisas. A luz o grande mgico Proteo; sob a
ao da Vontade Divina do Arquiteto, as suas ondas multifrias, onipotente, do origem a
toda forma, bem como a todo ser vivo. Do seu seio avolumado, eltrico, procedem a
matria e o esprito. Nos seus raios repousam os comeos de toda ao fsica e qumica e de
todos os fenmenos csmicos e espirituais; ela vitaliza e desorganiza; d a vida e produz a
morte, e do seu ponto primordial emergem gradualmente existncia as mirades de
mundos, corpos celestiais visveis e invisveis. Foi no raio desta Primeira Me, uma em
trs, que Deus, segundo Plato, "acendeu um fogo, que agora chamamos Sol", e que no a
causa da luz nem do calor, mas apenas o foco, ou, como podemos dizer, a lente pela qual os
raios da luz primordial se materializam e se concentram no nosso sistema solar e produzem
todas as correlaes de foras.
O elemento radical das religies antigas
O elemento radical das religies mais antigas era essencialmente sabesta (Povo bblico
Astrlatra, que habitava o pais de Sab -S. da Arbia.); e afirmamos que os seus mitos e as

suas alegorias, uma vez interpretados correta e completamente, concordaro perfeitamente


com as mais exatas noes astronmicas dos nossos dias. Diremos mais: dificilmente
haver uma lei cientfica - pertencente ou Astronomia fsica ou Geografia fsica - que
no possa ser facilmente apontada nas engenhosas combinaes de suas fbulas. Eles
interpretaram por meio de alegorias tanto as mais importantes quanto as mais
insignificantes regras dos movimentos celestes; a natureza de todo fenmeno foi
personificada; e, nas biografias mticas dos deuses e das deusas olmpicos, aqueles que
estiver bastante familiarizado, com os ltimos princpios da Fsica e da Qumica encontrar
as suas causas, os interagentes e as relaes mtuas encarnadas no comportamento e no
curso das aes das divindades caprichosas. A eletricidade atmosfrica, nos seus estados
neutro e latente, geralmente simbolizada em semideuses e deusas, cuja esfera de ao
mais limitada Terra e que, em seus vos ocasionais para regies divinas mais elaboradas,
exibem a sua tmpera eltrica sempre na proporo estrita do aumento da distncia da
superfcie da Terra; as armas de Hrcules e de Thor nunca foram mais mortais do que
quando os deuses ascenderam s nuvens. Devemos ter em mente que antes da poca em que
o Jpiter olmpico fosse antromorfizado pelo gnio de Fdias em Deus Onipotente, o
Maximus, o Deus dos deuses, e ento, abandonado adorao das multides, na primeira e
abstrata cincia do simbolismo ele encarnou em sua pessoa e em seus atributos todas as
foras csmicas. O mito era menos metafsico e complicado, porm mais verdadeiro
eloqente como expresso da Filosofia Natural. Zeus, o elemento masculino da Criao,
com Ctnia-Vesta (a terra) e Mtis (a gua), a primeira das Ocenidas (os princpios
feminino), foi considerado, segundo Porfrio e Proclo, como o zon-ek-zon, o chefe dos
seres vivos. Na teologia rfica, a mais antiga de todas, metafisicamente falando, ele
representa tanto a potentia quanto o actus, a causa no-revelada e o Demiurgo, ou o criador
ativo como uma emanao da potncia invisvel. Nesta ltima capacidade demirgica, em
conjuno com os seus companheiros, encontramos nele todos os agentes mais poderosos
da evoluo csmica - a afinidade qumica, a eletricidade atmosfrica, a trao e a repulso.
seguindo as suas representaes nesta idoneidade fsica que descobrimos quo
familiarizados estavam os antigos com todas as doutrinas da cincia fsica em seu
desenvolvimento moderno. Posteriormente, nas especulaes pitagricas, Zeus tornou-se a
trindade metafsica; a Mnada que evolui do EU invisvel, a causa ativa, o efeito, e a
vontade inteligente, que, juntos, constituem a Tetraktys (O "Quatro", o primeiro de tudo
sua Unidade ou o "UM" sob quatro aspectos diferentes; significa a Trada primitiva (ou
Tringulo) fundida na Mnada divina.). Mais tarde ainda encontramos os primeiros
neoplatnicos abandonando a Mnada primitiva, em razo de sua incompreensibilidade
pelo intelecto humano, especulando apenas sobre a trade demirgica dessa divindade to
visvel e inteligvel em seu efeitos; e depois a continuao metafsica por Plotino, Porfrio,
Proclo e outros filsofos, que consideram Zeus como pai, Zeus-Poseidon, ou dynamis, o
filho e o poder, e o esprito ou nous. A Trada tambm foi aceita em seu todo pela escola
irenaica do sculo II; a diferena mais substancial entre as doutrinas dos neoplatnicos e
dos cristos consiste apenas na amalgao forada por estes ltimos da Mnada
incompreensvel com a sua trindade criativa realizada.
Os deuses dos pantees: apenas foras naturais
As leis de Manu so as doutrinas de Plato, Filo, Zoroastro, Pitgoras e da Cabala. O
esoterismo de toda religio pode ser solucionado com o auxlio desta ltima. A doutrina
cabalista do Pai e do Filho alegricos, ou IIayos e Ayos, idntica ao fundamento do
Budismo. Moiss no podia revelar multido os segredos sublimes da especulao

religiosa, nem a cosmogonia do Universo; tudo isto repousando sobre a Iluso Hindu, uma
mscara engenhosa a velar o Sanctum Sanctorum e tudo o que espantava muitos
comentadores teolgicos.
As heresias cabalsticas receberam um apoio inesperado nas teorias heterodoxas do Gen.
Pleasonton. De acordo com suas opinies (que ele apoia em fatos muito mais incontestveis
do que os cientistas ortodoxos as suas), o espao entre o Sol e a Terra est preenchido por
um agente material que, tanto quanto podemos julgar a partir de suas opinies, corresponde
nossa Luz Astral cabalstica. A passagem da Luz por meio dele deve produzir enorme
frico. A frico gera eletricidade e so esta eletricidade e o seu magnetismo correlativo
que formam aquelas extraordinrias formas da Natureza que produzem no nosso Planeta, e
sobre ele e ao seu redor, as vrias alteraes que encontramos por toda parte. Ele prova que
o calor terrestre no pode derivar diretamente do Sol, pois o calor ascendente. A fora pela
qual o calor produzido repelente, diz ele, e, como est associado eletricidade positiva,
atrado para a atmosfera superior por sua eletricidade negativa, sempre associada ao frio,
que se ope eletricidade positiva. Ele fortalece a sua opinio mostrando que a Terra, que
quando coberta pela neve, no pode ser afetada pelos raios de Sol, mais quente onde a
neve mais espessa. Peasonton explica este fato pela teoria de que a radiao do calor do
interior da Terra, positivamente eletrificada, encontrando-se na superfcie da Terra com a
neve que est em contato com ela, negativamente eletrificada, produz o calor.
Ele mostra, assim, que no de maneira alguma ao Sol que devemos a luz e o calor; que a
luz uma criao sui generis, que passou a existir no instante em que a Divindade quis e
pronunciou o seu fiat: "Faa-se a luz"; e que este agente material independente que
produz o calor por fico, em virtude da sua velocidade enorme e constante. Em suma, a
primeira emanao cabalstica que o Gen. Pleasonton nos apresenta: a Sephirah ou
Inteligncia Divina (o princpio feminino), que, unida ao Ain-Soph ou sabedoria divina (o
princpio masculino), produziu tudo que visvel e invisvel. Ele se ri da teoria corrente da
incandescncia do Sol e da sua substncia gasosa. A reflexo da fotosfera do Sol, diz ele,
passando pelos espaos planetrios e estrelar, deve ter ento criado uma vasta soma de
eletricidade e magnetismo. A eletricidade, pela unio das suas polaridades opostas, emite
calor e fornece magnetismo a todas as substncias capazes de receb-lo. O Sol, os planetas,
as estrelas e as nebulosas so, todos eles, Ims.
Se este corajoso cavalheiro chegar a provar a sua tese, as geraes futuras estaro pouco
inclinadas a rir de Paracelso e da sua luz sideral ou astral e da sua doutrina da influncia
magntica exercida pelas estrelas e pelos planetas sobre toda criatura viva, vegetal ou
mineral do nosso globo. Alm disso, se a hiptese de Pleasonton for reconhecida como
exata, a gloria transcendente do Prof. Tyndall ser grandemente obscurecida. De acordo
com a opinio pblica, Pleasonton efetua uma investida violenta contra o eminente fsico
que atribuiu ao Sol efeitos calorficos experimentados por ele uma excurso pelos Alpes, e
que era, devidos apenas sua prpria eletricidade vital.
Plato reconhece que o homem o joguete de necessidade a que est submetido desde a sua
entrada no mundo da matria; a influncia externa das causas semelhante do daimonia
de Scrates. Segundo Plato, feliz o homem corporalmente puro, pois a pureza do corpo
fsico determina a do astral, que, embora seja suscetvel de se extrair por impulsos prprios,
sempre se alinhar com a razo contra as predisposies animalescas do corpo fsico. A
sensualidade e outras paixes provm do corpo carnal; e ainda que opina que h crimes
involuntrios, porque procedem de causas externas, Plato faz distino entre elas. O
fatalismo que ele concede Humanidade no exclui a possibilidade de os evitar, pois

embora a dor, o temor, a clera e outros sentimentos sejam dados aos homens por
necessidades, "se triunfa sobre eles, vive-se corretamente, e se vencido por eles, vive-se
incorretamente". O homem dual divino desapareceu deixando apenas a forma animal e o
corpo astral (a alma mortal mais elevada de Plato), abandonada apenas aos seus
instintos, pois ele foi dominado por todos os males vinculados matria; em conseqncia,
ele se torna um instrumento dcil nas mos dos invisveis - seres de matria sublimada, que
pairam em nossas atmosferas e esto sempre prontos a inspirar aqueles que foram
justamente abandonados por seu conselheiro imortal, o esprito divino, chamado de "gnio"
por Plato. Segundo este grande filsofo e iniciado, "quem viveu bem durante o tempo que
lhe foi atribudo poder voltar a habitar a sua estrela e da levar uma existncia abenoada
e de acordo com a sua natureza. Mas se ele no a conseguir nesta segunda gerao, ele
passar para uma mulher [tornando-se indefeso e fraco como uma mulher], e, se no puser
fim ao mal nesta condio, ser transformado em algo bruto, que se parecer com ele nos
maus dias, e os seus tormentos e as suas transformaes no cessaro at que, seguindo o
princpio original de igualdade e de semelhana que nele existe, ultrapasse, com a ajuda da
razo, as secrees ltimas dos elementos turbulentos e irracionais (demnios elementares)
compostos de fogo e ar, e de gua e terra, e retorne forma da sua primeira e melhor
natureza".
"A cincia verdadeira no tem crenas", diz o ,Dr. Fenwick, em A Strange Story, de
Bulwer-Lytton; "a verdadeira cincia (...) apenas trs estados da mente: negao, convico
e o vasto intervalo entre as duas, que no a crena, mas suspenso de juzo". Essa, talvez,
fosse a cincia verdadeira na poca do Dr. Fenwick, mas a cincia dos nossos tempos
modernos procede de outra maneira; ou nega sem rodeios, sem qualquer investigao
preliminar, ou colocar-se distncia prudente entre a negao e a afirmao e, dicionrio na
mo, inventa novos termos greco-latinos para espcies no-existentes de histeria!
Quo amide clarividentes poderosos e adeptos de Mesmerismo descrevem epidemias e
manifestaes fsicas (embora fossem invisveis para outros) que a cincia atribui
epilepsia, a distrbio hematonervosos e, que sei eu, de origem somtica, como a sua lcida
viso os viu na luz astral. Eles afirmam que as "ondas eltricas" estavam num estado de
violenta perturbao e que eles percebiam uma relao direta entre esses distrbios etreos
e a epidemia mental ou fsica que ento reinava. Mas a cincia no os ouviu, e continuou o
seu trabalho enciclopdico de maquinar nomes novos para coisas velhas.
As provas dos poderes mgicos de Pitgoras
Um dos poucos comentadores dos velhos autores gregos e latinos que se mostraram
equivalentes aos antigos do ponto de vista do seu desenvolvimento mental Thomas
Taylor. Na sua traduo da Vida de Pitgoras, de Jmblico, encontramos a seguinte
observao: "Dado que Pitgoras, como Jmblico nos informa (...) era iniciado em todos os
mistrios de Biblos e de Tiro, nas operaes sagradas dos srios e nos mistrios dos
fencios, e tambm (...) havia passado 22 anos nos ditos dos templos do Egito, reunido
com os magos da Babilnia, e que fora instrudo por eles em seu venervel conhecimento no nada surpreendente que ele fosse muito versado em Magia ou teurgia, e fosse capaz
de fazer que ultrapassam o mero poder humano e que parecem ser absolutamente incrveis
ao vulgo".
O ter universal no era, aos seus olhos, simplesmente algo que se expandia, sem ocupante,
pela extenso do cu; era um oceano sem limites povoado como os nossos mares por
monstros e criaturas menores e que possua em cada uma das suas molculas os germes da
vida. Como as tribos aquticas que formigam nos nossos oceanos e nos mnimos corpos de

gua, cada espcie que vivia em seu hbitat curiosamente adaptada ao seu lugar, algumas
amigveis e outras inamistosas ao homem, algumas agradveis e outras espantosas de se
ver, algumas procurando o refgio de um esconderijo tranqilo e de enseadas abrigadas, e
algumas correndo atravs de grandes reas de gua - as vrias raas de espritos elementais
habitavam, segundo eles, as diferentes regies do grande oceano etreo e, para sermos
exatos, adaptadas s suas respectivas condies. Se no perdemos de vista o fato de que o
curso dos planetas no espao deve criar uma perturbao to absoluta nesse meio plstico e
atenuado quanto a passagem de um tiro de canho no ar ou de um barco a vapor na gua, e
isso em escala csmica, podemos compreender que certos aspectos planetrios, admitindose que nossas premissas sejam verdadeiras, podem produzir uma agitao muito violenta e
ocasionar correntes muito fortes numa determinada direo do que outros. Aceitas essas
mesmas premissas, tambm podemos perceber por que, dados os vrios aspectos dos astros,
bandos de "elementais" amigveis ou hostis podem ser derramados em nossa atmosfera, ou
algumas poro determinada dela, e a fazer sentir a sua presena por meio dos efeitos que
enseja.

sis Sem Vu - Captulo X


Captulo X
Fenmenos cclicos. A existncia e formao do Universo
O primeiro era o princpio intelectual vivificador de todas as coisas; o caos, um princpio
lquido informe, sem "forma ou sentido"; da unio desses dois princpios veio a existir o
universo, ou antes o mundo universal, a primeira divindade andrgina - cujo corpo
formado de matria catica - e a alma, feita de ter. De acordo com a fraseologia de um
Fragmento de Hermias, "o caos, com esta unio com o esprito, dotando-se de sentido,
resplandeceu com prazer, e assim produziu a luz Protogonos (que-nasceu-primeiro)". Esta
a trindade universal, baseada nas concepes metafsicas dos antigos, que, raciocinando por
analogia, fizeram do homem, que um composto de intelecto e de matria, o microcosmo
do macrocosmo, ou o grande universo.
Este universo visvel de esprito e de matria, apenas imagem concreta da abstrao ideal;
foi construdo com base no modelo da primeira IDIA divina. Assim, o nosso universo
existiu desde a eternidade em estado latente. A alma que anima esse universo puramente
espiritual o Sol Central, a mais elevada Divindade em si mesma. No foi esta Divindade
que construiu a forma concreta da idia, mas o Seu primognito; e, assim como ela foi
construda com base na figura geomtrica do dodecaedro, o primognito "agradou-se em
empregar doze mil anos na sua criao". Este nmero est indicado na cosmogonia tirrena,
que mostra que o homem foi criado no sexto milnio. Isto est de acordo com a teoria
egpcia de 6.000 "anos" (O leitor compreender que com "anos" se pretende dizer "eras",
no meros perodos de 30 meses lunares cada um), e com o cmputo hebraico.
Sanchoniathon, na sua Cosmogonia, afirma que quando o vento (esprito) se torna
enamorado dos seus prprios princpios (o caos), uma unio ntima se estabelece, cuja
conexo foi chamada Pothos, e da qual surgiu a semente de todas as coisas. E o caos no
conheceu a sua prpria produo, pois era desprovido de sentido; mas de seu abrao com o

vento foi engendrado Mt, ou o Ilus (o lodo). dele que procedem os esporos da criao e
da gerao do universo.
Os antigos, que contavam apenas quatro elementos, fizeram do ter o quinto. Em virtude de
a sua essncia ter-se tornado divina pela presena inobservada, foi ele considerado um
intermedirio entre este mundo e o prximo.
Manifestaes da alma
Tudo o que h de organizado neste mundo, as coisas visveis como as invisveis, tem um
elemento que lhe prprio. O peixe vive e respira na gua; a planta consome o gs
carbnico, que nos animais e nos homens produz a morte; alguns seres foram feitos para
viver em camadas rarefeitas de ar, outros existem apenas nas mais densas. A vida, para
alguns, depende da luz do Sol; para outros, da escurido; e assim que a sbia economia da
Natureza adapta uma forma viva a cada condio de existncia. Essas analogias permitem
concluir no s que no existe uma poro desocupada na Natureza universal, mas tambm
que para cada coisa que tem vida so fornecidas condies especiais, e, tendo sido
fornecidas, elas so necessrias. Assim, admitindo-se que h um lado invisvel, as
condies fixas da Natureza autorizam a concluso de que essa metade est ocupada, como
tambm a outra; e de que cada grupo de seus ocupantes est provido das condies
indispensveis de existncia. O fato de que h espritos implica que haja uma diversidade
de espritos; pois os homens diferem, e os espritos humanos so apenas homens
desencarnados.
Dizer que todos os espritos so semelhantes, ou foram feitos para viver na mesma
atmosfera, ou que possuem poderes iguais, ou so governados pelas mesmas atraes eltricas, magnticas, dicas, astrais, no importa quais -, to absurdo quanto dizer que
todos os planetas tm a mesma natureza, ou que todos os animais so anfbios, ou que todos
os homens podem ser alimentados com a mesma comida. Muitssimo mais razovel supor
que, dentre os espritos, as naturezas mais grosseiras descero s alturas mais profundas da
atmosfera espiritual - em outras palavras, estaro mais prximas da Terra. Ao contrrio, as
mais puras estaro mais longe.
Porfrio apresenta-nos alguns fatos repugnantes cuja veracidade est consubstanciada na
experincia de todo estudioso de Magia. "Tendo a alma", diz ele, "mesmo aps a morte,
uma certa afeio pelo seu corpo, uma afinidade proporcional violncia com que a sua
unio foi rompida, vemos muitos espritos errando em desespero em torno dos seus restos
terrestres; vemo-los at mesmo procurando ansiosamente os restos ptridos de outros
cadveres e se recreiam no sangue recentemente vertido que parece infundir-lhes, por um
momento, vida material.
"Os deuses e os anjos", diz Jmblico, "aparecem-nos na paz e na harmonia; os demnios
maus fazem com que tudo se agite em confuso. (...) Quando s almas comuns, nos
aparecem mais raramente, etc."
"A alma humana (o corpo astral) um demnio que a nossa linguagem pode chamar
gnio", diz Apuleio. "E um deus imortal, embora, em certo sentido, tenha nascido ao
mesmo tempo que o corpo em que ela se encontra. Em conseqncia, podemos dizer que
morre no mesmo sentido que dizemos que nasce".
"A alma nasce neste mundo depois de deixar outro mundo (anima mundi), em que a sua
existncia precede aquela que conhecemos (na Terra). Assim, os deuses que consideram a
sua conduta em todas as fases das vrias existncias e em seu conjunto punem-na s vezes
por pecados cometidos durante uma vida anterior. Ela morre quando se separa de um corpo
em que atravessou a sua vida como num barco frgil. E este , se no me engano, o

significado secreto da inscrio tumular, to simples para o iniciado: `Aos deuses manes
que viveram'. Mas essa espcie de morte no aniquila a alma; apenas a transforma num
lmure. Os lmures so os manes ou fantasmas, que conhecemos sob o nome de lares.
Quando eles se distanciam e nos propiciam uma proteo benfica, ns honramos nelas as
divindades protetoras do fogo domstico; mas, se os seus crimes as sentenciam a errar,
chamamo-los esto larvas. Eles se tornam uma praga para o perverso e o vo terror dos
bons."
Seria difcil tachar de ambigidade essa linguagem, e, apesar disso, os reencarnacionistas
citam Apuleio em apoio de sua teoria de que o homem passa por uma sucesso de
nascimentos humanos fsicos nesse planeta at que finalmente seja purgado das impurezas
da sua natureza. Mas Apuleio diz muito claramente que chegamos a este mundo vindo de
um outro, onde tivemos uma existncia cuja lembrana perdemos. Da mesma maneira que
um relgio passa de mo em mo e de sala em sala da fbrica, uma parte sendo
acrescentada aqui e outra ali, at que a delicada mquina esteja perfeita, de acordo com o
plano concebido na mente do mestre antes que a obra fosse iniciada - assim tambm, de
acordo com a Filosofia antiga, a primeira concepo divina do homem toma forma pouco a
pouco, nos muitos departamentos do ateli universal, e o ser humano perfeito finalmente
aparece em nossa paisagem.
Esta filosofia ensina a Natureza nunca deixa inacabada a sua obra; se frustra na primeira
tentativa, ela tenta novamente. Quando ela faz evoluir um embrio humano, a inteno
que o homem se torne perfeito - fsica, intelectual e espiritualmente. O seu corpo deve
crescer, amadurecer, desgastar-se e morrer; a sua mente deve expandir-se, amadurecer e ser
harmoniosamente equilibrada; o seu esprito divino deve iluminar e confundir-se facilmente
com o homem interior. Nenhum ser humano completa o seu grande crculo, ou o "crculo da
necessidade", at que tudo isso no tenha sido feito. Assim como os retardatrios de uma
corrida lutam e se fatigam logo no incio enquanto o vitorioso atinge o seu objetivo, assim
tambm, na corrida da imortalidade, algumas almas ultrapassam em velocidade todas as
outras e chegam ao fim, enquanto as mirades de seus competidores lutam sob o fardo da
matria, prximo da reta de partida. Algumas, desafortunadas, caem, abandonam a corrida e
perdem toda oportunidade de ganhar o prmio; outras levantam-se e empenham-se de novo
na corrida. isso o que o hindu teme sobre todas as coisas - a transmigrao e a
reencarnao em formas inferiores, mas contra esta contingncia lhes deu Buddha remdio
no menosprezo dos bens terrenos, a restrio dos sentidos, o domnio das paixes e a
contemplao espiritual ou freqente comunho com tman ou a alma.
A antiga doutrina da transmigrao da alma. A causa da reencarnao. O mundo do nirvana
A causa da reencarnao a concupiscncia e a iluso que nos leva a ter como reais as
coisas do mundo. Dos sentidos provm a "alucinao", que chamamos contato; "do contato,
a sensao (tambm ilusria) da sensao, a concupiscncia e da concupiscncia a
enfermidade, a decrepitude e a morte".
"Assim, como as voltas de uma roda, h uma sucesso regular de mortes e nascimentos,
cuja causa moral o apego aos objetos existente, enquanto a causa instrumental o karma
[o poder que controla o Universo, imprimindo-lhe atividade, mrito e demrito]. Portanto, o
grande objeto de todos os seres que se querem desembaraar dos sofrimentos do
nascimento sucessivos encontrar a destruio da causa moral (...) o apego aos objetos
existentes, ou o desejo do mal.(...) Aqueles em quem o desejo do mal est completamente
destrudo so chamados Arhats, que, em virtude de uma libertao, possuem faculdades
taumatrgicas. Em sua morte, o Arhat no se reencarna e invariavelmente atinge o

Nirvana". Nirvana o mundo das causas, em que todos os efeitos enganadores ou as iluses
de nossos sentidos desaparecem. Nirvana a esfera mais elevada que se pode atingir. Os
Pitris (os espritos pr-admicos) so considerados como reencarnados, pelo filsofo
budista, se bem que num grau superior ao do homem da terra. Eles no morrem, por sua
vez? Os seus corpos astrais no sofrem nem gozam, e no sentem a mesma maldio dos
sentimentos ilusrios, como durante a encarnao?
Aquilo que o Buddha ensinou no sculo VI a.C., na ndia, foi ensinado por Pitgoras depois
na Grcia e na Itlia. Gibbon mostra quo profundamente os fariseus estavam
impressionados com essa crena na transmigrao das almas. O crculo de necessidade
egpcio est gravado de maneira indelvel nos vetustos monumentos da Antiguidade. E
Jesus, quando curava um doente, invariavelmente utilizava a seguinte expresso: "Teus
pecados te so perdoados". Isso pura doutrina budista. "Os judeus disseram ao cego: `Tu
nasceste completamente no pecado, e queres nos instruir'. A doutrina dos discpulos [de
Cristo] anloga do `Mrito e Demrito' dos budistas; pois os doentes se curavam se os
seus pecados fossem perdoados." Mas essa vida anterior em que os budistas acreditavam
no uma vida neste planeta, (Citao corrida pela prpria H. P. B. "(...) no uma vida no
mesmo ciclo e na mesma personalidade.") pois, mais do que qualquer outra pessoa, o
filsofo budista apreciava a grande doutrina dos ciclos.
A significao secreta dos ciclos e kalpas. A manifestao de Brahma
As especulaes de Dupuis, Volney e Godfrey Higgins sobre a significao secreta dos
ciclos, ou dos kalpas e dos yugas dos bramnicos e dos budistas, pouco significaram, pois
no possuam a chave da doutrina espiritual esotrica neles contida. Nenhuma filosofia
especulou sobre Deus como uma abstrao mas considerou-O sob as Suas vrias
manifestaes. A "Causa Primeira" da Bblia dos hebreus, as "Monas" pitagricas, a
"Existncia Una" do filsofo hindu e o "Ain-Soph" cabalstico - o Ilimitado - so idnticos.
O Bhagavat hindu no cria; ele entra no ovo do mundo e emana dele como Brahm, da
mesma maneira que a Dada pitagrica se desenvolve das Monas mais elevadas e solitrias.
A Monas do filsofo de Samos o Monas hindu (mente), "que no tem primeira causa
(aprva) ou causa material, nem est sujeito destruio". Brahm, como Praj-pati,
manifesta-se antes de tudo como "doze corpos", ou atributos, representados pelos doze
deuses, que simbolizam:
01) o Fogo;
02) o Sol;
03) o Soma, que d a oniscincia;
04) todos os Seres Vivos;
05) Vyu, ou o ter material;
06) a Morte, ou o corpo de destruio -Shiva;
07) a Terra;
08) o Cu;
09) Agni, o Fogo Imaterial;
10) ditya, o Sol imaterial e feminino invisvel;
11) a Mente;
12) o grande Ciclo Infinito, "que no pode ser interrompido".
Depois disso, Brahm se dissolve no Universo visvel, de que cada tomo ele mesmo.
Feito isto, a Monas no-manifesta, indivisvel e indefinida, retira-se para a solido
imperturbada e majestosa da sua unidade. A divindade manifesta, uma Dada em princpio,
torna-se agora uma Trada; a sua qualidade trina emana incessantemente poderes

espirituais, que se tornam deuses imortais (Almas). Cada uma dessas Almas deve unir-se
por sua vez a um ser Humano e, a partir do momento que surge a sua conscincia, iniciar
uma srie de nascimentos e mortes. Um artista oriental tentou dar expresso pictrica
doutrina cabalista dos ciclos. O quadro cobre toda uma parede interior de um templo
subterrneo situado na proximidade de uma grande pagode budista e extremamente
sugestivo. Tentemos fornecer uma idia do seu plano, tal como nos lembramos dele.
Imaginai um ponto no espao como o ponto primordial; depois, como um compasso, traai
um crculo ao redor desse ponto; onde o comeo e o fim da circunferncia se unem, a
emanao e a reabsoro tambm se encontram. O prprio crculo composto de
inumerveis crculos menores, como os elos de um bracelete, e cada um desses elos
menores forma o cinto da deusa que representa aquela esfera. Onde a curva do arco se
aproxima do ponto extremo do semicrculo - o nadir do grande ciclo - em que o pintor
mstico situou o nosso planeta, a face de cada deusa sucessiva torna-se mais sombria e
horripilante do que a imaginao europia possa conceber. Cada cinto est coberto de
representaes de plantas, animais e seres humanos, pertencentes flora, fauna e
antropologia dessa esfera em particular. H uma certa distncia entre casa uma dessas
esferas, marcada propositalmente; pois, aps o cumprimento dos crculos, atravs das
diversas transmigraes, atribudo alma um templo de Nirvana temporrio, um espao
de tempo em que o tman perde toda lembrana das penas passadas. O espao etreo
intermedirio ento preenchido com seres estranhos. Aqueles que se encontram entre o
ter mais elevado e a Terra so as criaturas de "natureza mediana", espritos da Natureza ou,
como os cabalistas s vezes os chamam, elementais.
Este quadro ou uma cpia de uma quadro descrito para a posteridade por Berosus, o
sacerdote do templo de Belo, na Babilnia, ou o original. Mas a parede est coberta
precisamente de criaturas anlogas quelas que foram descritas pelo semidemnio, ou
semideus, Oannes, o homem-peixe caldeu, (...) seres horripilantes, produzidos por um
princpio duplo" - a luz astral e a matria grosseira.
A misteriosa doutrina da reencarnao
Apresentaremos, alguns fragmentos dessa misteriosa doutrina da reencarnao - to distinta
da metempsicose -, tal como nos foi dada por uma autoridade no assunto. A reencarnao,
isto , o aparecimento do mesmo indivduo, ou antes, da sua Mnada astral, duas vezes no
mesmo planeta (obs. corrigido por H.P.B. pg. 48 do volume I, onde escreve-se "planeta",
leia-se CICLO e PERSONALIDADE), no uma regra da Natureza; trata-se de uma
exceo. precedida por uma violao das leis de harmonia da Natureza e s ocorre
quando esta, tentando restaurar o seu equilbrio perturbado, atira violentamente de volta
vida terrena a Mnada astral que foi expedida do crculo de necessidade por crime ou por
acidente. Assim, em casos de aborto, de crianas que morrem antes de uma determinada
idade e de idiotismo congnito e incurvel, o plano original da Natureza de produzir um ser
humano perfeito foi interrompido. Visto que a matria grosseira de cada uma dessas
entidades se desagrega na morte, pelo vasto reino do ser, o esprito imortal e a Mnada
astral do indivduo - posta esta ltima em reserva para animar um outro arcabouo; e a
primeira, para projetar a sua luz divina sobre a organizao corprea - devem tentar, uma
segunda vez, levar adiante o propsito da inteligncia criadora.
Se a razo tanto se desenvolve a ponto de se tornar ativa e discriminadora, no h
reencarnao nesta Terra, pois as trs partes do homem trino se reuniram e ele capaz de
continuar o seu caminho. Mas quando o novo ser no passou da condio de uma Mnada,
ou quando, como no caso de um idiota, a trindade no foi completada, a centelha imortal

que o ilumina deve entrar novamente no plano terrestre porque ela falhou na sua tentativa.
( bvio, que a "reencarnao imediata" negada e que a matria do indivduo a
personalidade astral, ou o complexo pessoal astro-mental, que tambm pode ser chamado
de Ego astral, e no a individualidade ou Ego Reencarnante. O leitor deve prestar muita
ateno a essa diferena. n. do Org.). De outra maneira as almas mortais ou astrais, e as
imortais e divinas, no poderiam progredir em unssono e passar a uma esfera superior. O
esprito segue uma linha paralela da matria; e a evoluo espiritual se efetua conjunta e
simultaneamente com a evoluo fsica.
Reencarnao - Glossrio Teosfico de Helena P. Blavatsky:
" a doutrina do renascimento, no qual acreditava Jesus e seus apstolos, como toda gente
daqueles tempos, porm negada hoje pelos cristos que parecem no compreender a
doutrina de seus prprios Evangelhos, visto que a Reencarnao ensinada claramente na
Bblia, como o em todas as demais escrituras antigas.
Atravs do processo da Reencarnao, a entidade individual e imortal, a Trada Superior,
transmigra de um corpo para outro, reveste-se de sucessivas e novas formas ou
personalidades transitrias, percorrendo assim, no curso de sua evoluo, uma aps outra,
todas as faces da existncia condicionada nos diversos reinos da Natureza, com o objetivo
de ir entesourando as experincias relacionadas com as condies de vida inerentes a elas,
at que, uma vez terminado o ciclo de renascimentos, esgotadas todas as experincias e
adquirida a plena perfeio do SER, o Esprito Individual, completamente livre de todas as
travas da matria, alcana a Libertao e retorna a seu ponto de origem, abismando-se
novamente no seio do Esprito Universal, como a gota d'gua no oceano. A filosofia
esotrica afirma, pois, a existncia de um princpio imortal e individual, que habita e anima
o corpo do homem e que, com a morte do corpo, passa a encarnar outro corpo, depois de
um intervalo mais ou menos longo de vida subjetiva em outros planos. Desse modo, as
vidas corporais sucessivas se enlaam com outras tantas prolas no fio, sendo este fio o
princpio sempre vivo e as prolas as numerosas e diversas existncias ou vidas humanas na
Terra.
A filosofia exotrica, admite que o Ego humano pode encarnar apenas em formas humanas,
pois s estas oferecem as condies atravs das quais so possveis as suas funes; jamais
poder viver em corpo animais nem retroceder ao bruto, porque isso seria ir contra a lei da
evoluo". (N. C. Resumo do texto original)
A oitava esfera - o Hades alegrico
Mesmo os ocultistas ocidentais modernos a negam, embora seja universalmente aceita nos
pases orientais. Quando, por meio dos vcios, de crimes medonhos e das paixes animais,
um esprito desencarnado cai na oitava esfera - o Hades alegrico, e o Gehenna da Bblia -,
a mais prxima da nossa Terra, ele pode, com o auxlio do vislumbre de razo e de
conscincia que lhe restou, arrepender-se; isto quer dizer que ele, exercendo o resto de seu
poder de vontade, esforar-se por se elevar e, como um homem que se afoga, voltar uma
vez mais superfcie. Nos Orculos caldaicos de Zoroastro encontramos este, que diz,
como advertncia Humanidade:
No olheis para baixo, pois um precipcio existe abaixo da Terra
Que se estende por uma descida de SETE degraus, sob os quais
Est o trono da horrenda necessidade.
Uma ardente aspirao para se libertar dos seus males, um desejo bastante pronunciado ho
de lev-lo uma vez mais atmosfera da Terra. A ele vaguear e sofrer mais ou menos uma
solido dolorosa. Os seus instintos ho de faz-lo procurar com avidez o estabelecimento de

contato com pessoas vivas. (...) Esses espritos so os invisveis, mas muito tangveis,
vampiros magnticos; os demnios subjetivos to bem conhecidos dos estticos medievais,
monjas e monges, e das "feiticeiras" tornadas to famosas pelos The Witches' Hammer; e de
determinados clarividentes sensitivos, segundo as suas prprias confisses. Eles so os
demnios sanginrios de Porfrio, as larvas e as lmures dos antigos; os instrumentos
diablicos que enviaram tantas vtimas desafortunadas e fracas para a roda dentada e para a
morte na fogueira. Orgenes afirma que todos os demnios que possuram os endemoniados
mencionados no Novo Testamento so "espritos" humanos. porque Moiss sabia to bem
o que eles eram, e quo terrveis eram as conseqncias para as pessoas fracas que se
submetiam s suas influencias, que ele editou a lei cruel e sanguinria contra as pretensas
"feiticeiras"; mas Jesus, pelo de amor divino pela Humanidade, curou-as em vez de as
matar. Mais tarde, o nosso clero, pretendendo ser o modelo dos princpios cristos, segui a
lei de Moiss e ignorou completamente a lei d'Aquele a quem chamavam seu "Deus Vivo",
queimando dezenas de milhares dessas pretensas "feiticeiras".
Significado do termo feitiaria
Feitiaria! Nome poderoso, que continha, no passado, a promessa da morte ignominiosa; e
deve ser pronunciado, no presente, apenas para provar uma exploso de ridculo, uma
avalanche de sarcasmos! Como , ento, que sempre existiram homens de inteligncia e de
erudio que nunca julgaram ser contrrio sua reputao de eruditos, ou sua dignidade,
afirmar publicamente a possibilidade de existncia de algo como as "feiticeiras", na correta
acepo da palavra? Um desses intrpidos campees foi Henry More, o erudito de
Cambrigge, do sculo XVII.
As palavras witch ["feitiaria"] e wizard ["mgico"], o Dr. More, significam nada mais do
que homem sbio [wise Man] ou mulher sbia [wise woman]. Na palavra wizard, isso fica
claro desde o primeiro momento; e "a deduo mais simples e menos laboriosa do nome
witch provm de wit, cujo adjetivo derivado seria wittigh ou wittich, e, por contrao, mais
tarde witch; da mesma maneira, o substantivo wit deriva do verbo to weet, `saber'. De
modo que uma witch nada mais do que uma mulher sbia; e que corresponde exatamente
palavra latina saga, na expresso sagae dictae anus quae multa sciunt de Festo"
A vulnerabilidade de algumas "sombras"
"Fecha a porta na cara do demnio, diz a Cabala, "e ele fugir de ti, como se o
perseguisses" - o que significa que no deveis dar guarida a esses espritos de obsesso por
atrai-los a uma atmosfera da mesma natureza.
Esses demnios tentam introduzir-se nos corpos dos simples de esprito e dos idiotas e a
permanecer at que sejam desalojados por uma vontade poderosa e pura. Jesus Apolnio e
alguns dos seus apstolos tinham o poder de afastar os demnios purificando a atmosfera
interna e externa ao paciente, bem como de forar o hspede indesejvel a se retirar. Certos
sais volteis lhes so particularmente desagradveis; e o efeito de certas substncias
qumicas vertidas num pires, colocados sob a cama pelo Sr. Varley, de Londres, com o
objetivo de manter distncia, noite, alguns fenmenos fsicos, confirma esta grande
verdade. Os espritos humanos puros ou mesmo simplesmente inofensivos nada temem,
pois, desembaraados da matria terrestre, os compostos terrestres no os podem afetar; tais
espritos so como um sopro. No acontece a mesma coisa com as almas presas Terra e
aos espritos da Natureza.
Isto se refere quelas larvas terrestres carnais, espritos humanos degradados, com que os
antigos cabalistas alimentavam a esperana de reencarnao. Mas quando, ou como? Num
momento conveniente, e se auxiliados por um sincero desejo de correo e de

arrependimento, inspirado por uma pessoa forte e simptica, ou pela vontade de um adepto,
ou mesmo um desejo que emana de um esprito pecador, contanto que seja poderoso o
suficiente para faz-lo romper o julgo da matria pecaminosa. Perdendo toda a conscincia,
esta Mnada uma vez brilhante apanhada uma outra vez no turbilho de nossa evoluo
terrestre, e atravessa novamente os reinos subordinados e de novo respira na qualidade de
uma criana. Seria impossvel computar o tempo necessrio para que se cumpra esse
processo. Dado que no existe percepo do tempo na eternidade, qualquer tentativa seria
apenas um trabalho intil.
A preparao de orculos
A maneira de obter orculos foi praticamente desde a mais alta Antigidade. Na ndia, essa
sublime letargia chamada "o sono sagrado de ***. Trata-se de um esquecimento em que o
paciente dirigido por determinados processos mgicos, suplementares por goles de suco
de soma. O corpo do que dorme permanece durante muitos dias num estado que se
assemelha morte, e pelo poder do adepto purificado da sua terrenalidade e preparado
para tornar-se o receptculo do esplendor do Augoeides imortal. Nesse estado, o corpo
dorme reflete a glria das esferas superiores, como um espelho reflete os raios do Sol. O
que dorme no tem conscincia do tempo que passa, mas, ao despertar, aps quatro ou
cinco dias de transe, imagina que dormiu apenas momentos. Ele no se lembrar jamais do
que os seus lbios proferiram; mas, como o esprito que os dirige, eles s podem
pronunciar a verdade divina. Durante um lapso de tempo, essa pobreza impotente se faz o
escrnio da presena sagrada e converte-se num orculo mil vezes mais infalvel do que a
pitonisa asfixiada de Delfos; e, diferentemente do seu frenesi mntico, que foi exibido
multido, este sono sagrado testemunhado apenas no recinto sagrado por aqueles poucos
adeptos que so dignos de comparecer presena do ADONAI.
A descrio que faz Isaas da purificao necessria a um profeta para que ele se torne
digno de ser o porta-voz do cu aplica-se perfeitamente ao caso de que tratamos.
Empregando uma metfora que lhe era familiar, ele diz: "Um dos serafins voou para mim
trazendo na sua mo uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com ela tocou a
minha boca e disse: Eis que isto tocou os teus lbios; e a tua iniqidade foi tirada e
purificado o teu pecado".
Espritos elementares tem medo da espada
Em Homero, temos Ulisses evocando o esprito do seu amigo, o adivinho Tirsias.
Preparando-se para a cerimnia do "festival do sangue", Ulisses saca da sua espada e dessa
maneira assusta os milhares de fantasmas atrados pelo sacrifcio. O amigo, o to esperado
Tirsias, no ousa aproximar-se enquanto Ulisses mantm a arma apavorante na mo.
Enias prepara-se para descer ao reino das sombras, e, assim que se aproxima da entrada, a
Sibila que o guia dita ao heri troiano o seu conselho e lhe ordena sacar da sua espada e
abrir para si uma passagem atravs da multido espessa de formas errantes:
Pselo, em sua obra, conta a histria de sua cunhada que foi posta num estado muito
assustador por um demnio elementar que a possura. Ela foi finalmente curada por um
conjurador, um estrangeiro chamado Anaphalangis, que comeou por ameaar o ocupante
invisvel do seu corpo com uma espada nua, at que o desalojou. Pselo apresenta todo um
catecismo da demonologia, em que se exprime nos seguintes termos, tanto quanto nos
lembramos:
"Tuque invade viam, vaginaque eripe ferrum".
Pselo, apresenta todo um catecismo da demonologia, em que exprime nos seguintes termos,
tanto quanto nos lembramos:

"Quereis saber", perguntou o conjurador, "se os corpos dos espritos podem ser feridos por
espadas ou por qualquer outra arma? Sim, eles podem. Qualquer substncia dura que os
golpeie pode causar-lhes uma dor sensvel; e, embora os seus corpos no sejam feitos de
nenhuma substncia slida ou firme, eles a sentem, pois, em seres dotados de sensibilidade,
no so apenas os seus nervos que possuem a faculdade de sentir, mas tambm o esprito
que reside neles (...) o corpo de um esprito pode ser sensvel em seu todo, bem como em
cada uma das suas partes. Sem o auxilio de qualquer organismo fsico, o esprito v, ouve e,
se o tocardes, sente o vosso toque. Se os dividirdes em dois, ele sentir a dor como qualquer
homem vivo, pois ele tambm matria, embora seja esta to refinada que se torna
geralmente invisvel aos nossos olhos. (...) Uma coisa, todavia, o distingue do homem vivo;
a saber, o fato de que quando os membros de um homem so divididos, as suas partes no
podem ser reunidas muito facilmente. Mas cortai um demnio em duas partes, e o vereis
imediatamente se recompor. Assim como a gua ou o ar se renem aps a passagem de um
corpo slido, que no deixa nenhum sinal, nada atrs de si, assim tambm o corpo de um
demnio condensa-se novamente, quando a arma penetrante retirada da ferida. Mas cada
inciso feita nele no lhe causa menos dor. Eis por que os demnios teme a ponta de uma
espada ou de qualquer arma pontiaguda. Que aqueles que os queiram ver sangrar faam a
experincia".
Um dos eruditos mais sbios deste sculo, Bodin, o demonlogo, da mesma opinio: os
elementares humanos e csmicos "so extremamente medrosos de espadas e de adagas".
Tambm esta a opinio de Porfrio, de Jmblico e de Plato. Plutarco menciona-o vrias
vezes. Os teurgos praticantes sabiam-no muito bem e agiam de acordo com a sua
informao; e um grande nmero deles afirma que "os demnios sofrem com qualquer
inciso que seja feita em seus corpos".
Fenmenos que podem ocorrer com a alma
Mas devemos abrir espao agora para algumas narrativas dos filsofos antigos, que, ao
mesmo tempo em que contam, vo nos explicando.
Em primeiro lugar, quanto s maravilhas, preciso colocar Proclo. A sua lista de fatos, cuja
maior parte ele apoia com citaes de testemunhas - s vezes filsofos bastantes conhecidos
-, desconcertante. Ele registra, da sua poca, muitos exemplos de pessoas mortas que
foram encontradas em posio diferente nos seus sepulcros depois de terem sido colocadas
sentadas ou em p - fenmenos que ele atribuam fato de elas serem larvas e que, diz "est
relacionado pelos antigos de Aristeas, Epimnides e Hermodorus". Cita quatro casos
semelhantes extrados da Histria de Clearco, o discpulo de Aristteles. 1) Clenyomus, o
ateniense. 2) Policreto, um homem ilustre entre os etlio. Este fato est relatado pelo
historiador Naumachius, que diz que Plicreto morreu e retornou no nono ms aps a sua
morte. "Hiero, o efsio, e outros historiadores", diz o seu tradutor, Taylor, "atestam a
verdade desse fato". 3) Em Nocpolis, a mesma coisa aconteceu a um certo Eurynous, que
ressuscitou no dcimo-quinto dia aps o seu enterro e viveu algum tempo depois disso
levando um vida exemplar. 4) Rufus, sacerdote da Tesslica, voltou vida no terceiro dia
aps a sua morte, com o objetivo de proceder a algumas cerimnias sagradas que havia
prometido realizar; cumpriu o prometido, e morreu novamente para nunca mais voltar.
Diz Proclo: "Muitos outros escritores antigos recolheram histrias de pessoas que morreram
aparentemente e depois ressuscitaram; e entre eles o filsofo Demcrito, nos seus escritos
relativos ao Hades, e o maravilhoso Conotes, conhecido por Plato. Pois a morte no era,
como parecia, um abandono completo de toda a vida do corpo, mas uma cessao, caudada
por algum golpe, ou talvez uma ferida. Mas os laos da alma ainda continuavam atados

medula, e o corao conservava em suas profundezas o empireuma da vida; tudo isto


conservado, readquiria-se a vida, que se extinguira, em virtude de se estar novamente
adaptado animao".
Ele diz ainda: " evidente que possvel alma deixar o corpo e voltar a entrar no corpo
porque ele, que, de acordo com Clearchus, se serviu de uma vara que atrai a alma sobre um
menino adormecido; e que convenceu Aristteles, como Clearco relata em seu Tratado
sobre o sono, de que a alma pode ser separada do corpo e de que ela entra num corpo e o
usa como alojamento. Pois, golpeando o menino com a vara, ele atraiu e, como se diz,
guiou a sua alma, com o objetivo de demonstrar que o corpo estava imvel quando a alma
[corpo astral] estava a uma certa distncia dele, e que no lhe fizera nenhum mal. Mas a
alma, guiada novamente para o corpo por meio da vara, deu-se conta, aps a sua entrada, de
tudo o que havia ocorrido. Nessas circunstancias, assim, os espectadores e Aristteles se
convenceram de que a alma distinta e separada do corpo".
A diferena entre o mdium e o mgico
O mgico difere do feiticeiro no fato de que, enquanto este era um instrumento ignorante
nas mos dos demnios, o outro tornou-se se senhor pela intermediao poderosa de uma
cincia, que s estava ao alcance de poucos, e a que estes seres eram incapazes de
desobedecer". Esta definio, estabelecida e conhecida desde os dias de Moiss.
O autor annimo de Art. Magic, encontramo-lo o seguinte: "O leitor pode perguntar: em
que consiste a diferena entre o mdium e o mgico? (...) O mdium um ser por meio de
cujo esprito astral outros espritos se podem manifestar, fazendo sentir a sua presena por
meio de diversos tipos de fenmenos. Seja qual for a natureza desses fenmenos, o mdium
apenas um agente passivo em suas mos. Ele no pode nem ordenar a sua presena, nem
desejar a sua ausncia; no pode nunca forar a realizao de qualquer ato especial, nem
dirigir a sua natureza. O mgico, ao contrario, pode convocar e dispensar os espritos de
acordo com a sua vontade; pode realizar muitas faanhas de poder oculto atravs do seu
prprio esprito; pode forar a presena e a ajuda de espritos de graus inferiores de ser do
que o dele e efetuar transformaes no reino da Natureza em corpos animados e
inanimados".
Este erudito autor esqueceu-se de assinalar uma distino notvel que existe na
mediunidade, com a qual deve estar totalmente familiarizado. Os fenmenos fsicos so o
resultado da manifestao de foras, por meio do sistema fsico do mdium, pelas
inteligncias inobservadas, e no importa qual classe. Numa palavra, a mediunidade fsica
depende de uma organizao peculiar do sistema fsico; a mediunidade espiritual, que
acompanhada de uma certa manifestao de fenmenos subjetivos e intelectuais, depende
de uma organizao peculiar da natureza espiritual do mdium. Assim como o oleiro pode
fazer de uma bola de argila um belo vaso e, de uma outra, uma vaso ruim, assim tambm,
entre os mdiuns fsicos, o esprito astral plstico de um deles pode estar preparado para
uma determinada classe de fenmenos, e o de outro, para uma classe diferente. Como regra
geral, os mdiuns que foram desenvolvidos para uma classe de fenmenos raramente
mudam para uma outra, mas repetem a mesma performance ad infinitum.
A psicografia ou escrita direta de mensagens ditadas por espritos comum a ambas as
formas de mediunidade. A escrita em si mesma um fato fsico objetivo, ao passo que os
sentimentos que ela exprime podem ser do carter mais nobre. Estes dependem
inteiramente do estado moral do mdium. No se exige que ele tenha instruo alguma para
escrever tratados filosficos dignos de Aristteles, nem que seja um poeta para escrever
versos que fariam honra a Byron ou a Lamartine; mas deve-se exigir que a alma do mdium

seja suficientemente pura para servir de canal para os espritos capazes de dar uma forma
elevada a sentimentos desse gnero.
Que no podemos resistir aos desejo de citar algumas linhas de um dos escritos snscritos,
tanto mais que ele incorpora aquela poro da filosofia hermtica a que se refere ao estado
antecedente do homem, que descrevemos em outro lugar de maneira bem menos
satisfatria.
A filosofia hermtica aponta os estados antecedentes do homem
"O homem vive em muitas outras terras antes de chegar a esta. Mirades de mundos nadam
no espao em que a alma em estado rudimentar faz as suas peregrinaes, antes que chegue
ao grande e brilhante planeta chamado Terra, cuja funo gloriosa conferir-lhe
autoconscincia. S neste ponto que ele se torna homem; em qualquer outra etapa desta
jornada vasta e selvagem ele apenas um ser embrionrio - uma forma evanescente e
temporria de matria -, uma criatura de cuja alma elevada e aprisionada uma parte, mas
apenas uma parte, resplandece; uma forma rudimentar, com funes rudimentares, sempre
vivendo, morrendo, mantendo uma existncia espiritual passageira to rudimentar quanto a
forma material de que emergiu; uma borboleta despontando da crislida, mas sempre,
medida que avana, em novos nascimentos, novas encarnaes, para daqui a pouco morrer
e viver novamente, mas ainda dando um passo frente, outra para trs, sobre o caminho
vertiginoso, apavorante, cansativo e acidentado, at que desperte uma vez mais - para viver
uma vez mais e ser uma forma material, um algo de poeira, uma criatura de carne e osso,
mas agora - um homem".terial, um algo de poeira, uma criatura de carne e osso, mas agora
- um homem".
Uma experincia psquica
Fomos testemunhas, certa vez, na ndia, de uma experincia de habilidade psquica entre
um venervel gosain (Faquir, mendigo) e um feiticeiro (Um prestidigitador, diga-se) que
nos ocorre agora em relao a esse assunto. Estvamos discutindo sobre os poderes
relativos dos Pitris dos faquires - espritos pr-adamitas e aliados invisveis dos
prestidigitadores. Concordou-se em fazer uma experincia de habilidades, e o autor destas
linhas foi escolhido como rbitro. Fazamos a sesta, prximos de um pequeno lago da ndia
setentrional. Sobre a superfcie das guas cristalinas flutuavam inmeras flores aquticas e
largas folhas brilhantes. Cada um dos contendores tomou uma dessas folhas. O faquir,
apoiando a sua contra o seu peito, cruzou as mos sobre ela e entrou em transe
momentneo. Colocou, ento, a folha sobre a gua, com a superfcie superior voltada para
baixo. O prestidigitador pretendia controlar o "senhor da gua", o esprito que reside na
gua gabou-se de forar o poder a impedir que os Pitris manifestassem quaisquer
fenmenos sobre a folha do faquir em seu elemento. Tomou a sua prpria folha e a colocou
sobre a gua, depois de ter praticado sobre ela uma espcie de encantao selvagem. Ela,
imediatamente, exibiu uma agitao violenta, ao passo que a outra folha continuava
absolutamente imvel. Ao final de alguns segundos, ambas as folhas foram retiradas. Sobre
a folha do faquir vimos - uma indignao do prestidigitador - algo que se assemelha a
desenhos geomtricos formados de caracteres de um branco leitoso, como se os sucos da
planta tivessem sido usados como um fludo corrosivo com que se pudesse escrever.
Quando ela secou, e tivemos a oportunidade de examinar as linhas com cuidado,
reconhecemos serem elas uma srie de caracteres snscritos elaborados com perfeio; o
todo compunha uma frase que enfeixava um preceito de alta mortal. O faquir, acrescentou,
no sabia ler nem escrever. Sobre a folha do prestidigitador, em vez de escrita, encontramos
uma figura hedionda, demonaca. Cada uma das folhas, portanto, trazia uma impresso ou

um reflexo alegrico do carter do contendor e indicava a qualidade de seres espirituais a


que obedecia.

sis Sem Vu - Captulo XI


Captulo XI
Maravilhas psicolgicas e fsicas. As propriedades do Akasa. O misterioso fluido vital
A insensibilidade do corpo humano ao impacto de golpes pesados e a resistncia
penetrao de instrumentos pontiagudos e de projeteis de arma de fogo so fenmenos
bastante familiares experincia de todos os tempos e pases. Enquanto a Cincia
totalmente incapazes de dar-nos qualquer explicao razovel para o mistrio, a questo
no parece oferecer qualquer dificuldade aos mesmeristas, que estudaram to bem as
propriedades do fludo. O homem que com alguns poucos passes sobre um membro pode
produzir uma paralisia local de modo a torn-lo completamente insensvel a queimaduras, a
cortes e a picadas de agulhas. Quantos aos adeptos da Magia, especialmente do Sio e das
ndias Orientais, eles esto familiarizados demais com as propriedades do kasa, o
misterioso fludo vital. O fludo astral pode ser comprimido sobre uma pessoa de modo a
formar uma concha elstica, absolutamente impenetrvel por qualquer objeto fsico, por
maior que seja a sua velocidade. Em resumo, este fludo pode igualar e mesmo ultrapassar
em poder de resistncia a gua e o ar.
Na ndia, no Malabar, e em algumas regies da frica Central, os encantadores permitiro
de bom grado a qualquer viajante que os alveje com seu fuzil ou revlver, sem tocar a arma
ou selecionar as balas. Em Travels in Timmannee, Kooranko and Soolima Countries, de
Laing, temos a descrio, feita por um viajante ingls - o primeiro homem branco a visitar
tribos dos Soolimas, nas vizinhanas de Dialliba - de uma cena bastante curiosa. Um grupo
de soldados escolhidos fez fogo contra um chefe que nada tinha para se defender seno
alguns talisms. Embora os seus fuzis estivessem convenientemente carregados e
apontados, nenhuma bala o atingiu. Salverte narra um caso similar em sua Filosofia da
Magia: "Em 1568, o prncipe de Orange condenou um prisioneiro espanhol a ser fuzilado
em Juliers. Os soldados o amarraram numa rvore e o fuzilaram, mas ele era invulnervel.
Os soldados ento o despiram, para ver que armadura ele trajava, mas encontraram apenas
um amuleto. Este lhe foi arrancado e ele tombou morto ao primeiro tiro".
Poucos anos atrs, vivia numa aldeia africana um abissnio que passava por ser um
feiticeiro. Uma vez, alguns europeus, a caminho do Sudo, divertiram-se por uma ou duas
horas alvejando-o com suas prprias pistolas e fuzis, um privilgio que ele lhes concedeu
em troca de uma pequena contribuio. Um francs de nome Longlois fez fogo
simultaneamente por cinco vezes, e as bocas das armas no estavam a mais de duas jardas
do peito do feiticeiro. Em todas as vezes, simultaneamente chama da detonao via-se a
bala aparecer na boca da arma, tremer no ar e, ento, depois de descrever uma pequena
parbola, cair inofensivamente no solo. Um alemo do grupo, que estava em busca de
penas de avestruz, ofereceu cinco francos ao mgico se ele lhe permitisse alvej-lo com o
fuzil tocando-lhe o corpo. O homem recusou em princpio; mas finalmente, depois de ter
uma espcie de colquio com algum sob a terra, consentiu. O experimentador carregou
cuidadosamente a arma e, pressionou a boca da arma contra o corpo do feiticeiro, depois de

um momento de hesitao, atirou (...) o cano rebentou-se em fragmentos, assim como a


coronha, e o homem saiu ileso.
Esse poder de invulnerabilidade pode ser concedido s pessoas pelos adeptos vivos e pelos
espritos. Em nosso prprio tempo, vrios mdiuns bem-conhecidos, na presena das mais
respeitveis testemunhas, no apenas seguraram pedaos de carvo e de fato colocaram
seus rostos sobre o fogo sem chamuscar um cabelo.
Esse poder, que permite uma pessoa comprimir o Fludo Astral de modo a formar uma
concha impenetrvel sobre algum, pode ser utilizado para dirigir, por assim dizer, um jato
do fludo contra um dado objeto, com uma fora fatal. Muitas vinganas tenebrosas foram
praticadas dessa maneira; e em tais casos, os inquritos dos magistrados jamais
descobriram outra coisa que no uma morte sbita, conseqncia, aparentemente, de uma
doena do corao, de um ataque apopltico, ou de alguma outra causa natural, mas no
verdadeira.
Encantamentos de pssaros atravs da fora de vontade
Em 1.864, na provncia francesa de Var, prximo pequena aldeia de Brignoles, vivia um
campons de nome Jacques Plissier, que ganhava a vida matando pssaros apenas por
meio da fora de vontade. Seu caso relatado pelo conhecido Dr. H. D. d'Alger, a pedido
de quem o singular caador exibiu para vrios cientistas o seu mtodo. A histria narrada
como segue: "A cerca de quinze ou vinte ps de ns vi uma encantadora calhandra, que
mostrei a Jacques. `Olha-a bem, monsieur', disse ele, `ela minha'. Estendendo em seguida
a mo direita para o pssaro, aproximou-se dele gentilmente. A calhandra pra, levanta e
baixa a sua bela cabea, bate as asas mas no pode voar; enfim, ela no pode mover-se e se
deixa apanhar agitando as asas com um leve alvoroo. Examino o pssaro; seus olhos esto
inteiramente fechados e seu corpo tem uma rigidez cadavrica, embora as pulsaes do
corao sejam bastantes audveis; um verdadeiro sono catalptico, e todo o fenmeno
prova incontestavelmente uma ao magntica. Quatorze pequenos pssaros foram presos
dessa maneira, no espao de uma hora; nenhum pde resistir ao poder de mestre Jacques, e
todos apresentavam o mesmo sono catalptico; uma sono que, ademais, termina vontade
do caador, de quem esses pequenos pssaros se tinham tornado humildes escravos.
"Pedi talvez uma centena de vezes a Jacques que devolvesse vida e movimento aos seus
prisioneiros, que os encantasse apenas pela metade, de modo que eles pudessem saltitar
pelo solo, e ento que os subjugasse de novo completamente sob o encantamento. Todos os
meus pedidos foram cumpridos risca, e nenhuma falha foi cometida por esse
extraordinrio Nemrond, que finalmente me disse: `Se desejares, matarei aqueles que me
indicares, sem toc-los'. Indiquei dois pssaros para a experincia e, a vinte e cinco ou
trinta passos de distncia, ele cumpriu em menos de cinco minutos o que havia prometido".
O trao mais curioso do caso em questo que Jacques tinha completo poder sobre pardais,
toldos, pintassilgos e calhandras; ele encantava s vezes as cotovias, mas, como diz ele,
"elas me escapam em freqncia".
Esse mesmo poder exercido com maior fora pelas pessoas conhecidas como domadores
de feras selvagens. Nas margens do Nilo, alguns nativos podem encantar os crocodilos para
fora da gua com um assobio peculiarmente melodioso e doce, e agarr-los impunemente,
ao passo que outros possuem tais poderes sobre as serpentes mais mortais. Os viajantes
contam que viram os encantadores cercados por bandos de rpteis de que eles se
desembaraam vontade.
Vimos na ndia uma pequena confraria de faquires reunidos em torno de um pequeno lago,
ou antes de um profundo poo de gua, cujo fundo estava literalmente atapetado de

enormes crocodilos. Esses monstros anfbios rastejam para fora da gua e vm aquecer-se
ao Sol, a poucos ps dos faquires, alguns dos quais podem estar imveis, perdidos na
orao e na contemplao. Enquanto um desses santos mendicantes est vista, os
crocodilos so to inofensivos quanto os gatos domsticos. Mas jamais aconselharamos a
um estrangeiro que se arriscasse a aproximar-se sozinho umas poucas jardas desses
monstros. O pobre francs Pradin encontrou uma cova prematura num desses terrveis
surios, comumente chamados pelos hindus de mudalai.
Fenmenos de animao de esttuas. A matria - cpia de idias abstratas
Quando Jmblico, Herdoto, Plnio ou algum outro escritor falam de sacerdotes que faziam
as spides descerem do altar de sis, ou de taumaturgos que domavam com um olhar os
animais mais ferozes, eles passaram por mentirosos ou imbecis ignorantes. Quando os
viajantes modernos nos contam as mesmas maravilhas realizadas no Oriente, eles so
tratados como tagarelas entusiastas ou como escritores pouco dignos de f.
O homem possui verdadeiramente uma tal poder, como vimos nos exemplos acima
referidos. Quando a Psicologia e a Fisiologia se tornarem dignas do nome de cincias, os
europeus convencer-se-o do poder estranho e formidvel que existe na vontade e na
imaginao humana, seja ela exercida conscientemente ou no. E no entanto, como seria
fcil realizar tal poder do esprito, se apenas pensssemos nesse grande turismo natural de
que o tomo mais insignificante da Natureza movido pelo esprito, que uno em sua
essncia, pois a menor partcula dele representa o todo; e de que a matria , afinal, apenas
a cpia concreta das idias abstratas. A esse respeito, citemos alguns poucos exemplos do
poder imperativo da vontade, ainda que inconsciente, de criar de acordo com a imaginao,
ou antes pela faculdade de discernir imagens na luz astral.
Basta apenas lembrar o fenmeno muito familiar dos stimata, os sinais de nascena, em que
os efeitos so produzidos pela ao involuntria da imaginao materna sob um estado de
excitamento. O fato de que a me pode controlar a aparncia da criana por nascer era to
bem conhecido entre os antigos que os gregos abonados tinham o costume de colocar belas
esttuas junto ao leito, para que a me tivesse constantemente um modelo perfeito diante
dos olhos.
O poder da imaginao sobre a nossa condio fsica, mesmo depois de chegarmos
maturidade, demonstra-se de muitas maneiras. Na Medicina, o mdico inteligente no
hesita em atribu-lo a um poder curativo ou morbfico mais poderoso que as suas plulas e
poes. Ele o chama de vis medicatrix naturae, e seu primeiro objetivo ganhar a confiana
de seu paciente de modo to completo que ele possa fazer a natureza extirpar a doena. O
medo mata com freqncia; e a dor tem um tal poder sobre os fluidos sutis do corpo que ela
no apenas desregula os rgos internos mas tambm embranquece os cabelos.
Da gestao do vulo humano
Qual a forma primitiva do futuro homem? Um gro, um corpsculo, dizem alguns
fisiologistas; uma molcula, um vulo, dizem outros. Se pudssemos analis-lo - por meio
do espectroscpio (instrumento para formar e analisar visualmente o espetro tico de um
corpo.) ou de outra maneira -, de que deveramos esperar v-lo composto? Analogicamente,
poderamos dizer, de um ncleo de matria inorgnica, depositada pela circulao na
matria organizada do germe ovrio. Em outras palavras, este ncleo infinitesimal do futuro
homem composto dos mesmos elementos que uma pedra - dos mesmos elementos que a
terra, que o homem est destinado a habitar. Moiss citado pelo cabalista como uma
autoridade devido sua observao de que a terra e a gua so necessrias para um ser
vivo, e portanto pode-se dizer que o homem surge primeiro como uma pedra.

Ao cabo de trs ou quatro semanas, o vulo assumiu as feies de uma planta, tendo uma
extremidade se tornando esferoidal e a outra, cnica, como uma cenoura. Na dissecao,
descobre-se que ele formado, como a cebola, de lminas ou pelculas muito delicadas que
encerram um lquido. As lminas se estreitam na extremidade inferior, e o embrio pende
da raiz do umbigo como uma fruta do ramo. A pedra transformou-se agora, pela
metempsicose, numa planta. A criatura embrionria comea ento a projetar, de dentro para
fora, os membros, e a desenvolver as suas feies. Os olhos so visveis como dois pontos
negros; as orelhas e a boca formam depresses, como os pontos de um abacaxi, antes de
comearem a projetar-se. O embrio desenvolve-se num feto semelhante ao animal - na
forma de um girino - e, como um rptil anfbio, vive na gua, e desenvolve-se a partir da.
Sua Mnada no se tornou ainda humana ou imortal, pois os cabalistas nos dizem que isso
ocorre apenas na "quarta hora". Sucessivamente, o feto assume as caratersticas do ser
humano, a primeira agitao do sopro imortal passa atravs de seu ser; ele se move; a
Natureza lhe abre caminho; introdu-lo no mundo; e a essncia divina estabelece-se no
corpo da criana, onde habitar at o momento de sua morte fsica, quando o homem se
torna um esprito.
Este misterioso processo de formao, que dura nove meses, os cabalistas o chamam de
concluso do "ciclo individual de evoluo". Assim como o feto se desenvolve do liquor
amnii no tero, do mesmo modo os mundos germinam do ter universal, ou fludo astral,
no tero do universo. Essas crianas csmicas, como os seus habitantes pigmeus, so
inicialmente ncleos; depois vulos; depois amadurecem gradualmente, e se tornam mes
por sua vez, desenvolvem formas minerais, vegetais, animais e humanas. Do centro
circunferncia, da vescula imperceptvel aos ltimos limites concebveis do cosmos, esses
gloriosos pensadores, os cabalistas, seguem os traos dos ciclos que emergem dos ciclos,
que contm e so contidos em sries sem fim. Desenvolvendo-se o embrio em sua esfera
pr-natal, o indivduo em sua famlia, a famlia no Estado, o Estado na Humanidade, a Terra
em nosso sistema, este sistema no universo central, o universo no cosmo, e o cosmo na
Primeira Causa: - o Infinito e o Eterno. Assim caminha a sua filosofia da evoluo:
"Todos so parte de um Todo Admirvel,cujo corpo a Natureza; e Deus, a Alma".
"Mundos incontveis repousam em seu regao como crianas".
Para um estudante de filosofia oculta, que rejeita por sua vez o mtodo de induo por
causa dessas perptuas limitaes, e adota plenamente a diviso platnica de causas - a
saber, a eficiente, a formal, a material e a final, assim como o mtodo eletico de examinar
qualquer proposio dada, simplesmente natural raciocinar do seguinte ponto de vista da
escola neoplatnica: 1) O sujeito ou no como se supe. Portanto, perguntamos: O ter
universal, conhecido pelos cabalistas como "luz astral", contm eletricidade e magnetismo,
ou no? A resposta deve ser afirmativa, pois a prpria "cincia exata" nos ensina que entre
esses dois agentes conversveis que saturam o ar e a terra h uma constante troca de
eletricidade e magnetismo. Resolvida a questo n. 1, teremos que examinar o que acontece
- 1) a ela em relao a si. 2) a ela em relao a todas as outras coisas. 3) a todas as outras
coisas, em relao a ela. 4) a todas as outras coisas em relao a si mesmas.
RESPOSTAS:
1) Em relao a si. As propriedades inertes previamente latentes na eletricidade tornam-se
ativas sob condies favorveis; e num dado momento a forma magntica dotada pelo
agente sutil e penetrante; e num outro, a forma da fora eltrica adotada.
2) Em relao a todas as outras coisas. Ela atrada por todas as outras coisas com as quais
tem alguma afinidade, e repelida pelas demais.

3) A todas as coisas em relao a ela. Ocorre que todas as vezes em que entram em contato
com a eletricidade, elas recebem a impresso desta na proporo de sua condutividade.
4) A todas as outras coisas em relao a si mesmas. Sob o impulso recebido da fora
eltrica, e proporcionalmente sua molcula mudam as relaes entre si; elas se separam
forosamente de modo a destruir o objeto que formam - orgnico ou inorgnico - ou, se
anteriormente perturbadas, so postas em equilbrio (como nos casos de doena); ou a
perturbao pode ser apenas superficial, e o objeto pode ser impresso com a imagem de
algum outro objeto encontrado pelo fludo antes de atingi-lo.
Para aplicar as propriedades acima ao caso em questo: H diversos princpios bemreconhecidos da cincia, como, por exemplo, e de que uma mulher grvida est fsica e
mentalmente num estado de facilmente se sugestionar. A Fisiologia diz-nos que as suas
faculdades intelectuais esto enfraquecidas, e que ela afetada num grau incomum pelos
eventos mais corriqueiros. Seus poros esto abertos e ela exsuda uma respirao cutnea
peculiar; ela parece estar num estado receptivo e todas as influencias da Natureza. Os
discpulos de Reichenbach afirmam que o seu estado dico muito intenso. Du Potet
recomenda tomar-se precauo ao mesmeriz-la, pois teme que se lhe afete a criana. As
doenas da me a atingem, e ela com freqncia as absolve inteiramente; os sofrimentos e
prazeres daquela regem sobre o seu temperamento, assim como sobre a sua sade; grandes
homens tm proverbialmente grandes mes, e vice-versa. " verdade que a imaginao da
me tem uma influncia sobre o feto", admite Magendie, contradizendo assim o que afirma
em outro lugar; e ele acrescenta que "o terror sbito pode causar a morte do feto, ou
retardar o seu crescimento".
liphas Lvi, que certamente dentre os cabalistas uma das maiores autoridades sobre
certos assuntos, diz: "As mulheres grvidas esto, mais do que as outras, sob a influncia da
luz astral, que concorre para a formao das suas crianas, e lhes apresenta constantemente
as reminiscncias de formas de que esto repletas. assim que mulheres muito virtuosas
enganam a malignidade dos observadores por semelhanas equivocas. Elas imprimem com
freqncia sobre o fruto de seu casamento uma imagem que as arrebatou num sonho, e
assim as mesma fisionomias se perpetuam de gerao a gerao".
"A utilizao cabalstica do pentagrama pode por conseqncia, determinar a fisionomia
das crianas por nascer, e uma mulher iniciada poderia dar ao seu filho os traos de Nereu
ou Aquiles, assim como os de Luiz XV ou Napoleo".
Conceitos sobre a imaginao - o poder da mente sobre a matria
Que imaginao? Os psiclogos nos dizem que o poder plstico e criativo da alma; mas
os materialistas a confundem com a fantasia. A diferena radical entre as duas foi no
entanto to claramente indicada por Wordsworth, no prefcio s suas Lyrucal Ballads, que
no se tem mais escusas para confundir as palavras. Pitgoras sustenta que a imaginao
era a lembrana de estados espirituais, mentais e fsicos anteriores, a passo que a fantasia
a produo desordenada do crebro material.
Seja qual for a maneira pela qual encaremos e estudemos o assunto, a antiga filosofia que
ensina que o mundo foi vivificado e fecundado pela idia eterna, pela imaginao - o
esboo abstrato e a preparao do modelo para a forma concreta - inevitvel. Se
rejeitamos esta doutrina, a teoria de um cosmos que se desenvolve gradualmente a partir da
desordem catica, torna-se um absurdo, pois altamente antifilosfico imaginar que a
matria inerte, movida exclusivamente pela fora cega, e dirigida pela inteligncia, se
transforma espontaneamente num universo de harmonia to admirvel. Se a alma do
homem realmente uma emanao da essncia dessa alma universal, um fragmento

infinitesimal desse primeiro princpio criador, ela deve, necessariamente, participar em


certo grau de todos os atributos do poder Demirgico. (Demirgico supremo poder que
constituem o Universo.) Assim como o criador, que fraciona a massa catica do morto, a
matria inativa, dando-lhes forma, tambm o homem, se conhecesse os seus poderes,
poderia em certa medida, fazer o mesmo. Como Fdias, reunindo as partculas esparsas de
argila e umedecendo-as com gua, podia dar forma plstica idia sublime evocada por sua
faculdade criativa, assim tambm a me que conhece o seu prprio poder pode dar criana
por nascer a forma que deseje. Ignorando seus poderes, o escultor produz apenas uma
figura inanimada, embora encantadora, de matria inerte; ao passo que a alma da me,
violentamente afetada pela sua imaginao, projeta cegamente na luz astral uma imagem do
objeto que a impressionou e que, por repercusso, se imprime sobre o feto. A cincia nos
diz que a lei da gravitao assegura que qualquer deslocamento que ocorre no prprio
corao da Terra sentido por todo o universo, "e podemos imaginar que o mesmo
fenmeno se produz em todos os movimentos moleculares que acompanham o
pensamento". Falando a respeito da transmisso de energia atravs do ter universal ou luz
astral, a mesma autoridade diz: "As fotografias contnuas de todos os acontecimentos so
assim produzidas e conservadas. Uma grande poro de energia do universo assim
empregada em tais imagens.
Segundo Demcrito, a alma resulta da agregao de tomos, e Plutarco descreve a sua
filosofia da seguinte maneira: "Existe um nmero infinito de substncias, indivisveis, sem
diferenas entre si, sem qualidades, e que se movem no espao, onde esto disseminadas;
quando elas se aproximam de outras, se unem, se entrelaam e formam, por sua agregao,
a gua, o fogo, uma planta ou um homem. Todas essas substncias, que ele chama de
tomos em razo de sua solidez, no podem experimentar mudanas ou alterao. Mas,
"acrescenta Plutarco", "no podemos fazer uma cor do que incolor, nem uma substncia
ou alma do que no tem alma e qualidade". O Prof. Balfour Stewart diz que, apoiado nesta
doutrina, John Dlton, "permitiu mente humana compreender as leis que regulam as
mudanas qumicas, assim como representar para si o que nelas ocorre". Depois de citar,
com aprovao, a idia de Bacon segundo a qual os homens investigam perpetuamente os
limites extremos da Natureza, ele edifica ento uma regra pela qual ele e seus colegas
filsofos em verdade deveriam pautar o seu comportamento. "Deveramos", diz ele, "ser
muito prudentes antes de abandonar qualquer ramo do conhecimento ou exerccio do
pensamento como inteis".
A destruio da Biblioteca de Alexandria
Tal a convico que procuramos despertar em nossos lgicos e fsicos. Como diz o
prprio Stuart Mill, "no podemos admitir uma proposio como uma lei da Natureza, e no
entanto acreditar num fato em real contradio com ela. Devemos negar o fato alegado, ou
concordar em que erramos ao admitir a suposta lei". Hume cita a "firme e inaltervel
experincia" da Humanidade, que estabelece as leis cuja operao torna os milagres ipso
facto impossveis. A dificuldade est na sua maneira de utilizar o adjetivo em itlico
(inaltervel), pois tal teoria supe que a nossa experincia jamais mudar, e que, como
conseqncia, teremos sempre as mesmas experincias e observaes em que basear o
nosso julgamento. Ela supe tambm que todos os filsofos tero os mesmos fatos sobre os
quais refletir. Ela tambm ignora inteiramente os relatos de experincias filosficas e
descobertas cientficas de que fomos temporariamente privados. Assim, devido ao incndio
da Biblioteca de Alexandria e destruio de Nnive, o mundo foi privado, durante muitos
sculos, dos dados necessrios para se avaliar o verdadeiro conhecimento, esotrico e

exotrico, dos Antigos. Mas, nestes ltimos anos, a descoberta da pedra da Rosetta, os
papiros de Ebers, d'ubigney e outros, e a exumao das bibliotecas de placas abriram um
campo de pesquisa arqueolgica que levar provavelmente a modificaes radicais nesta
"firme e inaltervel experincia".

sis Sem Vu - Captulo XII


Captulo XII
O abismo impenetrvel. O instinto nas manifestaes da natureza
O instinto do ndio blackfoot de Macaulay mais digno de f do que a razo mais instruda
e desenvolvida no que concerne ao sentido interior do homem que lhe assegura a sua
imortalidade. O instinto o dote universal da Natureza conferido pelo Esprito da prpria
Divindade; a Razo, o lento desenvolvimento de nossa constituio fsica, uma evoluo
de nosso crebro material adulto. O instinto, tal uma centelha divina, esconde-se no centro
nervoso inconsciente dos moluscos ascidiceos e manifesta-se no primeiro estgio de ao
do seu sistema nervoso numa forma que o fisilogo denomina ao reflexa. Ele existe nas
classes mais inferiores dos animais acfalos, bem como naqueles que tm cabeas distintas;
cresce e se desenvolve de acordo com a lei da evoluo dupla, fsica e espiritual; e,
entrando no seu estgio consciente de desenvolvimento e de progresso nas espcies
ceflicas j dotadas de sensrio e de gnglios simetricamente distribudos, esta ao reflexa
- que os homens de cincia denominam automtica, como nas espcies inferiores, ou de
instintiva, como nos organismos mais complexos que agem sob a influncia do sensrio e
do estmulo que se origina de sensao distinta - sempre uma e a mesma coisa. o
instinto divino em seu progresso incessante de desenvolvimento. Esse instinto dos animais,
que agem a partir do momento do seu nascimento nos limites prescritos para cada um pela
Natureza e que sabem como, exceto em caso de acidente que procede de um instinto
superior ao seu, preserv-los infalivelmente - esse instinto pode, se quiser uma definio
exata, ser chamado de automtico; mas ele deve ter, no interior do animal que o possui, ou
fora dele, a inteligncia de qualquer coisa ou de algum para o guiar.
Essa crena, ao contrario, em vez de se chocar com a doutrina da evoluo e do
desenvolvimento gradual defendida pelos homens eminentes da nossa poca, simplifica-se
e completa-a. Ela prescinde de uma criao especial para cada espcie; pois, onde o
primeiro lugar deve ser dado ao esprito informe, a forma e a substncia material so de
importncia secundria. Cada espcie aperfeioada na evoluo fsica apenas oferece mais
campo de ao inteligncia dirigente para que ela aja no interior do sistema nervoso
melhorado. O artista extrair melhor as suas ondas de harmonia de um rard real do que o
conseguiria de uma espineta do sculo XVI. Por isso, fosse esse impulso instintivo
impresso diretamente sobre o sistema nervoso do primeiro inseto, ou cada espcie o tivesse
desenvolvido em si mesma instintivamente por imitao dos atos dos seus semelhantes,
como o pretende a doutrina mais aperfeioada de Herbert Spencer, isso pouco importa para
o assunto de que tratamos. A questo diz respeito apenas evoluo espiritual. E se
rejeitamos essa hiptese como acientfica e no-demonstrada, ento o aspeto fsico da
evoluo tambm cair por terra por sua vez, porque uma to no-demonstrada quanto o
outro e a intuio espiritual do homem no est autorizada a concatenar os dois, sob o
pretexto de que ela seja "No-filosfica". Desejemo-lo ou no, teremos de volta velha

dvida dos Banqueteadores de Plutarco de saber se foi o pssaro ou se foi o ovo que
primeiro fez a sua apario no mundo.
Agora que a autoridade de Aristteles est estremecida em seus fundamentos pela de Plato
e que os nossos homens de cincia recusam toda autoridade - no, odeiam-na, exceto a sua
prpria; agora que a estima geral da sabedoria humana coletiva est no seu nvel mais baixo
- a Humanidade, encabeada pela prpria cincia, deve ainda retornar inevitavelmente ao
ponto de partida das filosofias mais antigas. Nossa maneira de ver est perfeitamente
expressa por um dos redatores da Popular Science Monthly. "Os deuses das seitas e dos
cultos", diz Osgood Mason, "talvez estejam frustrados com o respeito a que esto
acostumados, mas, ao mesmo tempo, est demonstrado no mundo, com uma luz doce e
mais serena, a concepo, to imperfeita quanto ainda possa ser, de uma alma consciente,
originadora de coisas, ativa e que tudo penetra - a `Super-alma', a Causa, a Divindade; norevelada pela forma humana ou pela palavra, mas que preenche e inspira toda alma vivente
no vasto universo de acordo com as suas medidas; cujo templo a Natureza e cuja adorao
a admirao." Isto puro platonismo, Budismo, e as idias exaltadas mas justas dos
primeiros arianos em sua deificao da Natureza. E tal a expresso do pensamento
fundamental de todo tesofo, cabalista e ocultista em geral; e, se a compararmos com a
citao de Hipcrates, que demos acima, encontramos nela exatamente o mesmo
pensamento e o mesmo esprito.
A criana carece de razo, pois que esta ainda est latente nela; e, durante esse tempo, ela
inferior ao animal em relao aos instinto propriamente dito. Ela h de se queimar e de se
afogar antes de aprender que o fogo e a gua destroem e constituem perigo para ela, ao
passo que o gatinho evitar ambos instintivamente. O pouco de instinto que a criana
possui extingue-se medida que a razo, passo a passo, se desenvolve. Poder-se-ia objetar,
talvez, que o instinto no pode ser um dom espiritual, porque os animais o possuem em
grau superior ao do homem, e os animais no tm alma. Tal errnea e est baseada em
fundamentos muito pouco seguros. Ela provm do fato de que a natureza interior do animal
pode ser ainda menos sondada do que a do homem, que dotado de fala e nos pode exibir
os seus poderes psicolgicos.
Mas que outras provas, seno as negativas, temos ns de que o animal no possui uma alma
que lhe sobreviva, ou que no seja imortal? No terreno estritamente cientfico, podemos
aduzir tanto argumentos a favor quanto contra. Para diz-lo mais claramente, nem o animal
oferece prova alguma a favor da sobrevivncia, ou mesmo contra ela, de suas almas aps a
morte. E do ponto de vista da experincia cientfica impossvel colocar aquilo que no
tem existncia objetiva no domnio de uma lei exata da cincia. Mas Descartes e Du BoisReymond esgotaram as suas imaginaes sobre este assunto e Agassiz no pde conceber a
idia de uma existncia futura que no fosse partilhada pelos animais e mesmo pelo reino
vegetal que nos cerca.
A primeira causa eterna
Os filsofos esotricos professavam que tudo na Natureza apenas uma materializao do
esprito. A Primeira Causa eterna esprito latente, disseram eles, e matria desde o
comeo. "No princpio era o verbo (...) e o verbo era Deus." Admitindo sempre que essa
idia de um Deus uma abstrao impensvel para a razo humana, pretendiam eles que o
instinto humano infalvel dela se apoderasse como uma reminiscncia de algo concreto para
ele, embora fosse intangvel para os nossos sentidos fsicos. Com a primeira idia, que
emanou da Divindade bissexual e at ento inativa, o primeiro movimento foi comunicado
a todo o universo e a vibrao eltrica foi instantaneamente sentida atravs do espao sem

fim. O esprito engendrou a fora e a fora, a matria; e assim a divindade latente


manifestou-se como uma energia criadora.
Quando, em que momento da eternidade, ou como? Essas questes ficaro sempre sem
resposta, pois a razo humana incapaz de compreender o grande mistrio. Mas, embora o
esprito-matria tenha existido desde a eternidade, ele existia em estado latente; a evoluo
de nosso universo visvel deve ter tido um comeo. Para o nosso fraco intelecto, esse
comeo pode nos parecer ser to remoto, que nos cause o efeito da prpria eternidade - um
perodo que no pode ser expresso em cifras ou palavras. Aristteles concluiu que o mundo
era eterno e que ele ser sempre o mesmo que uma gerao de homens sempre produziu
uma outra, sem que jamais o nosso intelecto pudesse ter determinado um comeo para tal
coisa. Nisso, o seu ensinamento, em seu sentido exotrico, choca-se com o de Plato, que
ensinava que "houve um tempo em que a Humanidade no se perpetuou"; mas ambas as
doutrinas concordam em esprito, pois Plato acrescenta logo em seguida: "Seguiu-se a raa
humana terrestre, em que a histria primitiva foi gradualmente esquecida e o homem
desceu cada vez mais baixo"; e Aristteles diz: "Se houve um primeiro homem, ele deve ter
nascido sem pai e sem me - o que repugna Natureza. Pois no teria existido um primeiro
ovo que desse nascimento aos pssaros, ou teria havido um primeiro pssaro que desse
nascimento aos ovos; pois um pssaro provm de um ovo". Considerou que a mesma coisa
fosse vlida para todas as espcies, acreditando, com Plato, que tudo, antes de aparecer
sobre a Terra, existiu primeiramente em esprito.
O mistrio da primeira criao, que sempre foi o desespero da cincia, indevassvel, a
menos que aceitemos a doutrina dos hermticos. Embora a matria seja coeterna como o
esprito, essa matria no certamente a nossa matria visvel, tangvel e divisvel, mas a
sua sublimao extrema. O esprito puro apenas um degrau superior. A menos que
admitamos que o homem se tenha desenvolvido desse esprito-matria primordial, como
podemos chegar a uma hiptese razovel quanto gnese dos seres animados? Darwin
inicia a evoluo das espcies desde o organismo nfimo at o homem. O seu nico erro
deve ser o de aplicar o seu sistema a um fim errado. Pudesse ele conduzir a sua pesquisa do
universo visvel para o invisvel, ele estaria no caminho certo. Mas, ento, ele estaria
seguindo os passos dos hermticos.
Da dualidade da alma e suas manifestaes
Aristteles, em sua deduo filosfica Sobre os sonhos, mostra claramente essa doutrina da
alma dupla, ou alma e esprito. " necessrio averiguar em que poro da alma aparecem os
sonhos", diz ele. Todos os gregos antigos acreditavam no s que uma alma dupla, mas at
mesmo que uma alma tripla existisse no homem. E at Homero denomina de, a alma
animal, ou a alma astral, que o Sr. Draper chama de "esprito", de alma divina - termo com
que Plato tambm designava o esprito superior.
Os jainistas hindus concebem que a alma, que eles chamam de Jva, est unida desde a
eternidade a dois corpos etreos sublimados, um dos quais invarivel e consiste dos
poderes divinos da mente superior; o outro varivel e composto das paixes grosseiras do
homem, das suas afeies sensuais e dos atributos terrestres. Quando a alma se torna
purificada aps a morte, ela encontra o seu Vaikrika, ou esprito divino, e se torna um
deus. Os seguidores dos Vedas, os brmanes sbios, explicam a mesma doutrina no
Vedanta. De acordo com o seu ensinamento, a alma, enquanto uma poro do esprito
universal divino ou mente imaterial capaz de se unir essncia da sua Entidade superior.
O ensinamento explcito; a Vedanta afirma que todo aquele que obtm o completo

conhecimento de seu deus se torna uma deus, embora esteja em seu corpo mental, e adquire
supremacia sobre todas as coisas.
Citando da teologia vdica a estrofe que diz que "Existe, na verdade, apenas uma
Divindade, o Esprito Supremo; ele da mesma natureza que a alma do homem", o Sr.
Draper quer provar que as doutrinas budistas chegaram Europa oriental por meio de
Aristteles. Acreditamos que esta assero inadmissvel, pois Pitgoras, e Plato depois
dele, ensinaram-na bem antes de Aristteles. Se, por conseguinte, os platnicos posteriores
aceitaram em sua dialtica os argumentos aristotlicos sobre a emanao, isto s aconteceu
porque as suas idias coincidiam em algum aspecto com as dos filsofos orientais. O
nmero pitagrico da harmonia e as doutrinas esotricas de Plato sobre a criao so
inseparveis da doutrina budista da emanao; e o grande objetivo da Filosofia Pitagrica, a
saber, libertar a alma astral dos laos da matria e dos sentidos e torn-la, assim apta
contemplao eterna das coisas, uma teoria idntica doutrina budista da absolvio
final. o Nirvana, interpretado em seu sentido correto; uma doutrina metafsica que os
nossos eruditos snscritos modernos mal comearam a entrever.
A "doutrina esotrica" no concede a todos os homens, por igual, as mesmas condies de
imortalidade. "O olho nunca veria o Sol se ele no fosse da mesma natureza do Sol", disse
Plotino. S "por meio da pureza e da castidade superiores ns nos aproximaremos de Deus
e receberemos, na contemplao d'Ele, o conhecimento verdadeiro e a intuio escreve
Porfrio. Se a alma humana se descuidou durante a sua vida terrena de receber a iluminao
de seu esprito divino, do Deus interno, no sobreviver longo tempo a entidade astral
morte do corpo fsico. Do mesmo modo que um mostro deformado morre logo aps o seu
nascimento, assim, tambm, a alma astral grosseira e materializada em excesso se
desagrega logo depois de nascida no mundo suprafsico fica abandonada pela alma, pelo
glorioso Augoeides. As suas partculas, que obedecem gradualmente atrao
desorganizadora do espao universal, escapam finalmente para fora de toda possibilidade
de reagregao. Por ocasio da ocorrncia de tal catstrofe, o indivduo deixa de existir.
Durante o perodo intermedirio entre a sua morte corporal e a desintegrao de forma
astral, esta, limitada pela atrao magntica ao seu cadver horripilante, vagueia ao redor
das suas vtimas e suga delas a sua vitalidade. O homem, tendo-se subtrado a todos os raios
de luz divina, perde-se na escurido e, em conseqncia, apega-se Terra e a tudo o que
terreno.
Nenhuma alma astral, mesmo a de um homem puro, bom e virtuoso, imortal no sentido
estrito da palavra; "dos elementos ela foi formada - aos elementos deve voltar". Mas, ao
passo que a alma do inquo absolvida sem redeno, a de qualquer outra pessoa, mesmo
modernamente pura, simplesmente troca as suas partculas etreas por outras ainda mais
etreas; e, enquanto permanecer nela uma centelha do Divino, o homem individual, ou
antes o seu Ego pessoal, no morrer. "Aps a morte", diz Proclo, "a alma [o esprito]
continua a permanecer no corpo areo [forma astral], at que esteja completamente
purificado de todas as paixes irritveis e voluptuosas (...) ela se livra ento do corpo areo
por uma segunda morte, como j o fizera com o seu corpo terrestre. assim que os antigos
dizem que existe um corpo celestial sempre unido alma e que imortal, luminoso e da
natureza da estrela."
Instinto e a razo - explicados pelos antigos
Do Instinto e da Razo. De acordo com os antigos, a Razo procede do divino; o Instinto do
puramente humano. O segundo (o instinto) um produto dos sentidos, uma sagacidade
compartilhada com os animais mais inferiores, mesmo aqueles que no tm razo; o outro

(a razo) o produto das faculdades reflexivas, que denota a judiciosidade e a


intelectualidade humanas. Em conseqncia, um animal desprovido de poderes de
raciocnio tem, no instinto inerente ao seu ser, uma faculdade infalvel que apenas uma
centelha do divino que reside em cada partcula de matria inorgnica - prprio esprito
materializado. Na Cabala judaica, o segundo e o terceiro captulo do Gnese so explicados
da seguinte maneira: Quando o segundo Ado foi criado "do p", a matria tornou-se to
grosseira, que ela reina como soberana. Dos seus desejos emanou a mulher, e Lilith possua
a melhor parte do esprito. O Senhor Deus, "passeando no den no frescor do dia" (o
crepsculo do esprito, ou a Luz Divina obscurecida pela sombra da matria), amaldioou
no s aqueles que cometeram o pecado, mas tambm o prprio solo e todas as coisas vivas
- a tentadora serpente-matria acima de tudo.
Quem, a no ser os cabalistas, capaz de explicar este aparente ato de injustia? Como
devemos compreender esta maldio de todas as coisas criadas, inocentes de todo crime? A
alegoria evidente. A maldio inerente prpria matria. Segue-se que ela est
condenada a lutar contra a sua prpria grosseria para conseguir a purificao; a centelha
latente do esprito divino, embora asfixiada, ainda permanece; e a sua invencvel atrao
ascensional obriga-a a lutar com dor e com suor a fim de se libertar. A lgica nos mostra
que, assim como toda matria teve uma origem comum, ela deve ter atributos comuns e
que, assim como a centelha vital e divina encontra-se no corpo material do homem, tambm
ela deve estar em cada espcie subordinada. A mentalidade latente, que, nos reinos
inferiores, considerada semiconscincia, conscincia e instinto, enormemente moderada
no homem. A razo, produto do crebro fsico, desenvolve s expressas do instinto a vaga
reminiscncia de uma oniscincia outrora divina - o esprito. A razo, smbolo da soberania
do homem fsico sobre os outros organismos fsicos, freqentemente rebaixada pela
instinto do animal. Como o seu crebro mais perfeito do que o de qualquer outra criatura,
as suas emanaes devem naturalmente produzir os resultados superiores da ao mental;
mas a razo serve apenas para a considerao das coisas materiais; ela incapaz de auxiliar
o seu possuidor no conhecimento do esprito. Perdendo o instinto, o homem perde os seus
poderes intuitivos, que so o coroamento e o ponto culminante do instinto. A razo a arma
grosseira dos cientistas - a intuio, o guia infalvel do vidente. O instinto ensina planta e
ao animal o tempo propcio para a procriao das suas espcies e guia a fera na procura do
remdio apropriado na hora da doena. A razo - orgulho do homem - fracassa no refrear as
propenses da sua matria e no tolera nenhum obstculo satisfao ilimitada dos seus
sentidos. Longe de lev-lo a ser o seu prprio mdico, a sua sofisticao sutil leva-o muito
freqentemente sua prpria destruio.
Como tudo o mais que tem origem nos mistrios psicolgicos, o instinto foi durante muito
tempo negligenciado no domnio da cincia. "Vemos o que indicou ao homem o caminho
para ele encontrar um alvio para todos os seus sofrimentos fsicos", diz Hipcrates. " o
instinto das raas primitivas, quando a razo fria ainda no havia obscurecido a viso
interior do homem. (...) A sua indicao jamais deve ser desdenhada, pois apenas ao
instinto que devemos os nossos primeiros remdios". Cognio instantnea e infalvel de
uma mente onisciente, o instinto em tudo diferente da razo finita; e, no progresso
experimental desta, a natureza divina do homem amide completamente tragada quando
ele renuncia luz divina da intuio. Uma se arrasta, a outra voa; a razo o poder do
homem; a intuio, a prescincia da mulher!
Plotino, discpulo do grande Ammonius Saccas, o principal fundador da escola
neoplatnica, ensinou que o conhecimento humano tinha trs degraus ascendentes: opinio,

cincia e iluminao. Explicou-o dizendo que "o meio ou instrumento da opinio o


sentido, ou a percepo; o da cincia, a dialtica; o da iluminao, a intuio [ou o instinto
divino]. A esta ltima subordina-se a razo; ela o conhecimento abstrato fundado na
identificao da mente com o objeto conhecido".
Comparaes entre a prece, o desejo e a vontade. O mesmerismo e o espiritismo moderno
A prece abre a viso espiritual do homem, pois prece desejo, e o desejo desenvolve a
VONTADE; as emanaes magnticas que precedem do corpo a cada esforo - mental ou
fsico - produzem a auto-sugesto e o xtase. Plotino recomendava a solido para a prece,
como o meio mais eficiente de obter o que se pedia; e Plato aconselhava queles que
oravam "permanecer em silncio na presena dos seres divinos, at que eles removessem a
nuvem de seus olhos e os tornassem aptos a ver graas luz que sai deles mesmos".
Apolnio sempre se isolava dos homens durante a "conversao" que mantinha com Deus
e, quando sentia necessidade de contemplao divina ou prece, cobria a cabea e todo o
corpo nas dobras do seu branco manto de l. "Quanto orares, entra no teu aposento e, aps
teres fechado a porta, ora a teu Pai em segredo", diz o Nazareno, discpulo dos essnios.
Todo ser humano nasceu com o rudimento de sentido inferior chamado intuio, que pode
ser desenvolvido para aquilo que os escoceses conheciam como "segunda viso". Todos os
grandes filsofos que, como Plotino, Porfrio e Jmblico, empregaram esta faculdade
ensinaram essa doutrina. "Existe uma faculdade da mente humana", escreve Jmblico, "que
superior a tudo o que nasce ou engendrado. Atravs dela somos capazes de conseguir a
unio com as inteligncias superiores, ser transportados para alm das cenas deste mundo e
participar da vida superior e dos poderes peculiares dos seres celestiais."
Sem a viso interior ou intuio, os judeus nunca teriam tido a sua Bblia, nem os cristos
teriam Jesus. O que Moiss e Jesus deram ao mundo foi o fruto de suas intuies ou
iluminaes; mas os telogos que os tm sucedido, adulteraram dogmtica e muitas vezes
blasfemamente a sua verdadeira doutrina.
Aceitar a Bblia como uma "revelao" e sustentar a f numa traduo literal pior do que
um absurdo - uma blasfmia contra a majestade Divina do "Invisvel". Se tivemos de
julgar a Divindade e o mundo dos espritos por aquilo que dizem os seus intrpretes, agora
que a Filologia caminha a passos de gigante no campo das religies comparadas, a crena
em Deus e na imortalidade da alma no resistiria por mais um sculo aos ataques da razo.
O que sustenta a f do homem em Deus e numa vida espiritual vindoura a intuio; esse
produto divino de nosso ntimo que desafia as pantomimas do padre catlico romano e os
seus dolos ridculos; as mil e uma cerimnias do brmane e seus dolos; e as jeremiadas
dos pregadores protestantes e o seu credo desolado e rido, sem dolos, mas com um
inferno sem limites e uma danao esperando ao final de tudo. No fosse por essa intuio imortal, embora freqentemente indecisa por ser obscurecida pela matria -, a vida humana
seria uma pardia e a Humanidade, uma fraude. Esse sentimento inerradicvel da presena
de algum do lado de fora e do lado de dentro de ns mesmo tal, que nenhuma
contradio dogmtica, nenhuma forma externa de adorao pode destruir na Humanidade,
faam os cientistas e o clero o que puderem fazer. Movida por tais pensamentos sobre a
infinitude e a impessoalidade da Divindade, Gautama Buddha, o Cristo hindu, exclamou:
"Como os quatro rios que se atiram ao Gnges perdem os seus nomes to logo mesclem as
suas guas com as do rio sagrado, assim tambm todos aqueles que acreditam em Buddha
deixaram de ser brmanes, xtrias, vaixis e sudras!".
O Velho Testamento foi compilado e organizado segundo a tradio oral; as massas nunca
conheceram o seu significado real, pois Moiss recebeu ordem de comunicar as "verdades

ocultas" apenas aos velhos de setenta anos sobre os quais o "Senhor" soprava o esprito que
pairava sobre o legislador. Maimnides, cuja autoridade e cujo conhecimento da Histria
Sagrada dificilmente podem se recusados, diz: "Quem quer que encontre o sentido
verdadeiro do livro do Gnese deve ter o cuidado de no o divulgar. (...) Se uma pessoa
descobrir o seu verdadeiro significado por si mesma, ou com o auxlio de outra pessoa, ela
deve guardar silncio; ou, se falar dele, deve falar apenas obscuramente e de uma maneira
enigmtica.
Esta confisso de que est escrito na Escritura Sagrada apenas uma alegoria foi feita por
outras autoridades judias alm do Maimnides; pois vemos Josefo declarar que Moiss
"filosofou" (falou por enigmas em alegoria figurativa) ao escrever o livro do Gnese. Eis
por que a cincia moderna, no se preocupando em decifrar o verdadeiro sentido da Bblia e
permitindo que toda a cristandade acredite na letra morta da teologia judaica, constitui-se
tacitamente em cmplice do clero fantico. Ela no tem o direito de ridicularizar os
registros de um povo que nuca os escreveu com a idia de que eles pudessem receber essa
interpretao estranha por parte das mos de uma religio inimiga. Um dos caracteres mais
tristes do Cristianismo o fato de os seus textos sagrados terem sido dirigidos contra ele e
de os ossos dos homens mortos terem sufocado o esprito da verdade!
"Os deuses existem", diz Epicuro, "mas eles no so o que a turba, supe eles sejam". E,
entretanto, Epicuro, julgado como de hbito por crticos superficiais, passa por materialista
e apresentado como tal.
Mas nem a grande Primeira Causa, nem a sua emanao - esprito humano, imortal - foram
abandonadas "sem um testamento". O Mesmerismo e o Espiritismo moderno esto a para
atestar as grandes verdades. Por cerca de quinze sculos, graas s perseguies
brutalmente cegas dos grandes vndalos dos primeiros tempos da histria crist,
Constantino e Justiniano, a SABEDORIA antiga degenerou lentamente at mergulhar no
pntano mais profundo da superstio monacal e da ignorncia. O pitagrico
"conhecimento das coisas que so"; a profunda erudio dos gnsticos; os ensinamentos
dos grandes filsofos honrados em todo o mundo e em todos os tempos - tudo isto foi
rejeitado como doutrinas do Anticristo e do Paganismo e levado s chamas. Com os ltimos
sete homens sbios do Oriente, o grupo remanescente dos neoplatnicos - Hermias,
Priciano, Digenes, Eullio, Damcio, Simplcio e Isidoro -, que se refugiaram na Prsia,
fugindo das perseguies fanticas de Justiniano, o reino da sabedoria chegou ao fim.
Fenmenos ocorridos no Tibet
E agora, lembraremos algumas coisas relatadas por viajantes que delas foram testemunhas
no Tibete e na ndia e que os nativos guardam como provas prticas das verdades
filosficas e cientficas transmitidas por seus ancestrais.
Em primeiro lugar, podemos considerar esse fenmeno notvel que se pode contemplar nos
tempos do Tibete e cujos relatos foram transidos Europa por testemunhas oculares que
no os missionrios catlicos - cujo depoimento excluiremos por razes bvias. No comeo
do nosso sculo, um cientista florentino, um cptico e correspondente do Instituto de
France, tendo obtido a permisso de penetrar, sob disfarce, nos recintos sagrados de um
templo budista em que se celebrava a mais solene de todas as cerimnias, relata os fatos
seguintes, que diz ter presenciado. Um altar est preparado no templo para receber o
Buddha ressuscitado, encontrado pelo clrigo iniciado e reconhecido por certos sinais
secretos como reencarnado num beb recm-nascido. O beb, com apenas alguns dias de
idade, trazido presena do povo e reverentemente colocado sobre o altar. Sentando-se
repetidamente, a criana comea a pronunciar em voz alta e viril as seguintes frases: "Eu

sou Buddha, eu sou seu esprito; eu, Buddha, vosso Taley-Lama, que abandonei meu corpo
velho e decrpito no templo de *** e escolhi o corpo desta criancinha como minha prxima
morada terrestre". O nosso cientista, tendo sido finalmente autorizado pelos sacerdotes a
tomar, com a devida reverncia, a criana em seus braos e lev-la a uma distncia dos
assistentes, suficiente para se convencer de que no se estava praticando ventriloquismo, a
criana olha para o acadmico com graves olhos que "fazem a sua carne tremer", como ele
afirma, e repete as palavras que pronunciara anteriormente. Um relato detalhado dessa
aventura, atesta pela assinatura desta testemunha ocular, foi enviado a Paris, mas os
membros do Instituto, em vez de aceitarem o depoimento de um observador cientfico de
credulidade reconhecida, concluram que o florentino, ou estava sob a influncia dum
ataque de insolao, ou havia sido enganado por um ardil engenhoso de acstica.
Embora, segundo o Sr. Stanislas Julien, tradutor francs dos textos sagrados chineses, exista
em verso no Ltus que diz que "Um Buddha to difcil de ser encontrado quanto as flores
de Udumbara e de Palsa, se devemos acreditar em muitas testemunhas oculares, esse
fenmeno realmente ocorre. Naturalmente a sua ocorrncia rara, pois s acontece na
morte de todo grande Taley-Lama; e esses venerveis cavalheiros vivem proverbialmente
vidas muito longas.
O pobre Abade Huc, cujos livros de viagem pelo Tibete e China so bastante conhecidos,
relata o mesmo fato da ressurreio de Buddha. Ele acrescenta, ainda, a curiosa
circunstncia de que o beb-orculo provou peremptoriamente ser uma mente velha num
corpo jovem fornecendo aos que o inquiriam, "e que o conheceram em sua vida passada, os
detalhes mais exatos da sua existncia terrena anterior".
Concepes sobre as religies
A afirmao prudente de Santo Agostinho, um nome favorito das conferncias de Max
Mller, que diz que "no h nenhuma falsa religio que no contenha alguns elementos de
verdade", poderia ainda ser considerada como correta; ainda mais que, longe de ser original
para o Bispo de Hipona, foi emprestada por ele das obras de Ammonius Saccas, o grande
mestre alexandrino.
Este filsofo "versado em divindade", o theodidaktos, repetira exausto estas mesmas
palavras e suas numerosas obras cerca de 140 anos antes de Santo Agostinho. Admitindo
que Jesus era "um homem excelente, e amigo de Deus", ele sempre afirmou que o seu
objetivo no era abolir a comunicao com os deuses e os demnios (espritos), mas apenas
purificar as religies antigas; que "a religio da multido caminhava de mos dadas com a
Filosofia e com ela dividia a sorte de ser gradualmente corrompida e obscurecida com
presunes, supersties e mentiras puramente humanas; que ela devia, em conseqncia,
ser levada de volta sua pureza original por meio da purgao da sua escria e do seu
estabelecimento em princpios filosficos; e que o nico objetivo do Cristo era reinstalar e
restaurar em sua integridade primitiva a sabedoria dos antigos".
Foi Ammonius o primeiro a ensinar que toda religio se baseava numa mesma verdade' que
a sabedoria que est nos Livros de Thoth (Hermes Trimegisto), de que Pitgoras e Plato
extraram toda a sua filosofia. Ele afirmava que as doutrinas do primeiro estavam
identicamente de acordo com os primeiros ensinamentos dos brmanes - agora contidos nos
Vedas mais antigos. "O nome Thorth, diz o Prof. Wilder, "significa um colgio ou uma
assemblia", e no improvvel que os livros fossem assim chamados, pois eles continham
os orculos colecionados e as doutrinas da fraternidade sacerdotal de Mnfis. O rabino
Wise sugere uma hiptese similar em relao s frmulas divinas registradas nas Escrituras
hebraicas. Mas os escritores indianos afirmam que, durante o reinado do rei Kansa, os

Yadus [os judeus?], ou a tribo sagrada, abandonaram a ndia e migraram para o Oeste
levando consigo os quatro Vedas. Havia certamente uma grande semelhana entre as
doutrinas filosficas e os costumes religiosos dos egpcios e dois budistas orientais; mas
no se sabe se os livros hermticos e os quatro Vedas eram idnticos".
Mas uma coisa certa: antes que a palavra filsofo fosse pronunciada pela primeira vez por
Pitgoras na corte do rei dos filisianos, a "doutrina secreta" ou sabedoria era idntica em
todos os pases. Em conseqncia, nos textos mais antigos - aqueles mesmos
contaminados por falsificaes posteriores - que devemos procurar a verdade. E, agora que
a Filosofia est de posse de textos snscritos que se pode afirmar seguramente serem
documentos anteriores Bblia mosaica, dever dos eruditos apresentar ao mundo a
verdade, e nada mais que a verdade. Sem consideraes para com o preconceito ctico ou
teolgico, eles devem examinar imparcialmente ambos os documentos - os Vedas mais
antigos e o Velho Testamento -, e ento decidir qual dos dois a Sruti ou Revelao original
e qual no Smriti, que, como mostra Max Mller, significa apenas lembrana ou tradio.
Parece que os reverendos padres da Ordem dos Jesutas aprenderam muitos artifcios em
suas viagens missionrias. Baldinger reconhece o seu mrito.
Cometrio, em sua Horae subcisivae, narra que, certa vez, existiu uma grande rivalidade
quanto a "milagres" entre os monges agostinianos e os jesutas. Numa discusso levada a
efeito o padre geral dos monges agostinianos, que era muito culto, e o dos jesutas, que era
muito inculto, mas dotado de conhecimento mgico, este props se resolvesse a questo
colocando-se prova os seus subordinados e descobrindo-se quais deles estariam mais
dispostos a obedecer aos seus superiores. Logo depois, dirigindo-se a um dos seus jesutas,
disse: "Irmo Marcos, nossos companheiros tm frio; eu te ordeno, e nome da santa
obedincia que me juraste, traze aqui imediatamente fogo da cozinha e, em tuas mos,
alguns carves incandescentes, para que eles se aqueam enquanto os seguras". O Irmo
Marcos obedeceu instantaneamente e trouxe em ambas as mos um punhado de brasas
incandescentes, que segurou at que o grupo dissesse estar aquecido, aps o que devolveu
os carves ao fogo da cozinha. O padre geral dos monges agostinianos abaixou a cabea,
pois nenhum de seus subordinados o obedeceria at esse ponto. O triunfo dos jesutas foi,
assim, reconhecido.
No Ocidente, um "sensitivo" tem de entrar em transe antes de se tornar invulnervel, por
"guias" que o presidem, e desafiamos qualquer "mdium", em seu estado fsico normal, a
enterrar os braos at os cotovelos em carvo ardente. Mas no Oriente, quer o executor seja
um lama santo ou um feiticeiro mercenrio (estes so em geral chamados de
"prestidigitadores"), ele no necessita de nenhuma preparao, nem se coloca num estado
anormal para se capaz de segurar o fogo, peas de ferro em brasa ou chumbo fundido.
Vimos na ndia meridional esses "prestidigitadores" que mantinham as suas mos no
interior de carves ardentes at que estes fossem reduzidos a cinzas. Durante a cerimnia
de Siva-rtri, ou a viglia noturna de Siv, quando as pessoas passam noites inteiras velando
e orando, alguns dos sivatas chamam um prestidigitador tmil que produziu os fenmenos
mais maravilhosos apenas chamando em seu socorro um esprito que denominavam KuttiShttan - o pequeno demnio.
Mas, longe de permitir que o povo pensasse fosse ele guiado ou "controlado" por esse
gnomo - pois ele era um gnomo, fosse ele alguma coisa -, o homem, enquanto se debruava
sobre o seu inferno ardente, repreendeu soberbamente um missionrio catlico que
aproveitou a ocasio para informar os espectadores que o miservel pecador "se havia
vendido a Sat". Sem remover as mos e braos dos carves ardentes nos quais ele se

refrescava, o tmil apenas voltou a cabea e olhou com arrogncia para o missionrio
afogueado. "O meu pai e o pai do meu pai", disse ele, "tinham este 'pequeno demnio' s
suas ordens. Por dois sculos o Kutti um servidor fiel de nossa casa, e agora, Senhor,
queres fazer crer ao povo que ele meu dono! Mas eles sabem mais e melhor do que isso."
Em seguida, retirou calmamente as mos do fogo e passou as executar outros prodgios.
Quanto aos poderes maravilhosos de predio e de clarividncia apresentados por certos
brmanes, eles so bastantes conhecidos por todos os europeus que residem na ndia. Se
estes, ao retornarem aos seus pases "civilizados", se riem de tais histrias, e algumas vezes
at as negam completamente, eles apenas impugnam a sua boa f, no o fato. Esses
brmanes vivem principalmente em "aldeias sagrada" e em lugares isolados, mormente na
costa ocidental da ndia. Evitam cidades populosas e especialmente o contado com os
europeus, e muito raro que estes ltimos consigam tornar-se ntimos dos "videntes".
Acredita-se geralmente que esta circunstncia se deva sua observncia religiosa da casta;
mas estamos firmemente convencidos de que em muitos casos a razo no essa. Anos,
talvez sculos, passaro antes que a verdadeira razo seja conhecida.
Quando s castas mais baixas - algumas das quais so chamadas pelos missionrios de
adoradores do Diabo, apesar dos esforos piedosos por parte dos missionrios catlicos
para difundir na Europa relatos de partir o corao sobra a misria dessas pessoas "vendidas
ao Arquiinimigo"; e apesar das tentativas anlogas, talvez um pouco menos ridculas e
absurdas, dos missionrios protestantes -, a palavra demnio, no sentido que lhe do os
cristos, uma no-entidade para elas. Elas acreditam em espritos bons e em espritos
maus; mas no adoram nem temem o Diabo. A sua "adorao" apenas uma precauo
cerimoniosa contra espritos "terrestres" e humanos, a quem temem mais do que aos
milhes de elementais de diversas formas. Utilizam-se de todos tipos de msica, incenso e
perfumes em seus esforos de afugentar os "maus espritos" (os elementares). Nesse caso,
elas no devem ser mais ridicularizadas do que aquele cientista muito conhecido, um
espiritista convicto, que sugeriu a posse de vitrolo e salitre em p para manter distncia
os "espritos desagradveis"; e no esto mais errados do que ele em fazer o que fazem;
pois a experincia dos seus ancestrais, que se estendeu por muitos milhares de anos,
ensinou-lhes a maneira de proceder contra essa vil "horda espiritual". O que demostra que
se trata de espritos humanos o fato de que eles tentam muito freqentemente satisfazer e
apaziguar as "larvas" dos seus prprios parentes e das suas filhas, quando tm muitas
razes para suspeitar de que estas no morreram com odor de santidade e de castidade.
Chamam a tais espritos de "Kanys", virgens ms. O caso foi noticiado por muitos
missionrios, dentre os quais o reverendo E. Lewis. Mas esses piedosos cavalheiros
insistem em que eles adoram demnios, quando nada fazem de semelhante; apenas tentam
continuar mantendo boas relaes com eles a fim de no serem molestados. Oferecem-lhes
bolos e frutos e vrias espcies de comida de que gostam quando estavam vivos, pois
muitos deles experimentaram os efeitos da maldade desses "mortos" que retornam, cujas
perseguies so as vezes terrveis. segundo este princpio que eles agem em relao aos
espritos de todos os homens perversos. Deixam sobre os seus tmulos, se foram
enterrados, ou perto do lugar em que os seus restos foram cremados, alimentos e licores
com o objetivo de mant-los prximos desses lugares e com a idia de que esses vampiros
sero dessa maneira impedidos de voltar s suas casas. Isso no adorao; antes uma
espcie prtica de espiritismo. At 1861, prevalecia entre os hindus o costume de mutilar os
ps dos assassinos executados, na crena firme de que, deste modo, a alma desencarnada

seria impossibilitada de vagar e de cometer mais aes ms. Mais tarde, foi proibida, pela
polcia, a continuao dessa prtica.
Uma outra boa razo para se dizer que os hindus no adoram o "Diabo" o fato de que eles
no possuem nenhuma palavra com esse significado. Eles denominam esses espritos de
"ptam", que corresponde antes ao nosso "espectro", ou diabrete malicioso; outra expresso
que eles empregam "pey" e o snscrito pisacha, ambas significando fantasmas ou
"retornados" - talvez duendes, em alguns casos. Os ptam so os mais terrveis, pois eles
so literalmente "espectros obsessivos", que voltam Terra para atormentar os vivos.
Acredita-se que eles visitem geralmente os lugares em que os seus corpos foram cremados.
O "fogo" ou os "espritos de Siv" so idnticos aos gnomos e s salamandras dos Rosacruzes; pois so pintados sob a forma de anes de aparncia assustadora e vivem na terra e
no fogo. O demnio cingals chamado Dewal uma robusta e sorridente figura feminina
que usa um babado branco elisabetano ao redor do pescoo, e uma jaqueta vermelha.
Como o Dr. Warton observa muito justamente: "No h noo mais estritamente oriental do
que a dos drages do romance e da fico; elas esto entremisturados com todas as
tradies de uma data antiga e conferem a elas uma espcie de prova ilustrativa de sua
origem". No h escritos em que essas figuras sejam to marcantes quanto nos detalhes do
Budismo; registram particulares dos nags, ou serpente reais, que habitam as cavidades
subterrneas e correspondem s moradias de Tirsias e dos videntes gregos, uma religio de
mistrio e de escurido na qual se pratica o sistema de adivinhao e da resposta oracular,
ligada inflao, ou de uma espcie de possesso, que designa o prprio esprito de Pton, a
serpente-drago espcie de possesso, que designa o prprio esprito de Pton, a serpentedrago morta por Apolo. Mas os budistas no acreditam mais do que os hindus no demnio
do sistema cristo - isto , uma entidade to distinta da humanidade quanto a prpria
Divindade. Os budistas ensinam que existem deuses inferiores que foram homens neste ou
outro planeta, porm que ainda assim foram homens. Eles acreditam nos nags, que foram
feiticeiros na terra, pessoas ms, e que transmitem a outros homens maus e vivos o poder de
empestar todos os frutos para os quais olhem, e at mesmo as vidas humanas. Quando um
cingals tem a fama de fazer murchar e morrer uma rvore ou uma pessoa para a qual olhe,
diz-se que ele tem o Nga-Rjan, ou o rei-serpente, dentro de si. Todo o interminvel
catlogo dos espritos maus no compreende um nico termo de designe um diabo no
sentido que o clero cristo quer que o entendamos, mas apenas para pecados, crimes e
pensamentos humanos encarnados espiritualmente, se assim podemos dizer. Os deusesdemnios azuis, verdes, amarelos e purpura, bem como os deuses inferiores de
Yugamdhara, pertencem mais espcie de gnios, e muitos so to bons e benevolentes
quanto as prprias divindades de Nat, embora os nats contem entre eles gigantes, gnios do
mal e outros espritos anlogos que habitam o deserto do monte Yugamdhara.
A verdadeira doutrina de Buddha diz que os demnios, quando a natureza produziu o Sol, a
Lua e as estrelas, eram seres humanos que, em virtude dos seus pecados, foram privados do
seu estado de felicidade. Se cometem pecados maiores, sofrem punio maiores, e os
homens condenados so considerados pelos budistas como diabos; ao passo que, ao
contrrio, os demnios que morrem (espritos elementais) e nascem ou se encarnam como
homens, e no cometem mais nenhum pecado, podem chegar ao estado de felicidade
celestial. Isto uma demonstrao, diz Edward Upham em sua History and Doctrine of
Buddhism, de que todos os seres, tanto divinos quanto humanos, esto sujeitos s leis da
transmigrao, que agem sobre todos, de acordo com a escala de atos morais. Esta f, ento,
um teste completo de um cdigo de motivos e leis morais, aplicado regulamentao e ao

governo do homem, um experimento, acrescenta ele, "que torna o estudo do Budismo um


assunto importante e curioso para o filsofo".
Os hindus acreditam, to firmemente quanto os srvios ou os hngaros, em vampiros. Alm
disso, a sua doutrina a mesma de Pirart, famoso espiritista e mesmerizador francs cuja
escola floresceu h uma dezena de anos. "O fato de que um espectro venha sugar o sangue
humano", diz esse Doutor, "no to inexplicvel quanto parece e aqui apelamos aos
espiritistas que admitem o fenmeno da bicorporeidade ou duplicao da alma. As mos
que apertamos (...) esses membros 'materializados', to palpveis (...) provam claramente o
que podem [os espectros astrais] em condies fsicas favorveis".
Este honorvel mdico reproduz a teoria dos cabalistas. Os Shedim so a ltima das ordens
dos espritos. Maimnides, que nos conta que os seus concidados eram obrigados a manter
um comrcio ntimo com os seus mortos, descreve o festim de sangue que eles celebravam
nessas ocasies. Eles cavavam um buraco, no qual se despejava sangue fresco e sobre o
qual se colocava uma mesa; depois, os "espritos" vinham e respondiam a todas as questes.
Pirart, cuja doutrina estava baseada na dos teurgos, manifesta uma ardente indignao
contra a superstio do clero que exige, todas as vezes em que um cadver suspeito de
vampirismo, que uma estaca lhe seja cravada no corao. Na medida em que a forma astral
no est totalmente liberada do corpo, h a possibilidade de que ela seja forada por atrao
magntica a entrar novamente nele. s vezes ela poder sair apenas at a metade, quando o
cadver, que apresenta a aparncia de morte, for cremado. Em tais casos, a alma astral
aterrorizada reentrar violentamente no seu invlucro; e, ento, acontece uma dessas duas
coisas: ou a vtima infeliz se contorce na tortura agonizante da sufocao, ou, se foi
material grosseiro, ela se torna um vampiro. A vida bicorprea comea; e esses
desafortunados catalpticos enterrados sustentam as suas vidas miserveis fazendo os seus
corpos astrais roubarem o sangue vital de pessoas vivas. A forma etrea pode ir aonde
desejar; e, medida que ela quebre o lao que a prende ao corpo, ela est livre para
vaguear, invisvel, e se alimentar de vtimas humanas. "De acordo com todas as aparncias,
este 'esprito' transmite ento, por meio de um cordo de ligao misterioso e invisvel, que
talvez possa algum dia ser explicado, os resultados da suco ao corpo material que jaz
inerte no centro do tmulo, ajudando-o assim a perpetuar o estado de catalepsia."
Manfestaes de fenmenos entre os adeptos da ndia
Se tivermos de dar uma descrio completa das vrias manifestaes que ocorrem entre os
adeptos na ndia e em outros pases, encheramos volumes inteiros, mas isso seria intil,
pois no haveria espao para explicaes. Eis por que escolhemos, de preferncia, aqueles
que tm equivalentes nos fenmenos modernos ou so autenticados por inquritos legais.
Horst tentou dar uma idia de certos espritos persas aos seus leitores e falhou, pois a mera
meno de alguns deles pode colocar o crebro de um crente ao inverso. Existem os devas
(ou Devas - Um deus, uma divindade "resplandecente". (Deva-Deus, da raiz div, "brilhar",
"esplandecer". Um Deva um ser celestial, seja bom, mau ou indiferente.) e as suas
especialidades; os darwands e os seus artifcios sombrios; os shedim e os jinn; toda a vasta
legio de yazatas amshspands, espritos, demnios, duendes e elfos do calendrio persa; e,
por outro lado, os judaicos serafins, querubins, Sephiroth, Malchim, Alohim; e, acrescenta
Horst, "os milhes de espritos astrais e elementais, de espritos intermedirios, fantasmas e
seres imaginrios de todas as raas e cores".
Mas a maioria desses espritos nada tem a ver com os fenmenos consciente e
deliberadamente produzidos pelos mgico oriental. Estes repudiam tal acusao e deixam
aos feiticeiros a ajuda de espritos elementais e de espetros elementares. O adepto tem um

poder ilimitado sobre ambos, mas ele raramente o utiliza. Para a produo de fenmenos
fsicos ele convoca os espritos da Natureza como poderes obedientes, no como
inteligncias.
Como gostamos sempre de reforar nossos argumentos com testemunhos outros que no
apenas os nossos, talvez fizssemos bem em aprender a opinio de um jornal, o Herald de
Boston, quanto aos fenmenos em geral e os mdiuns em particular. Tendo experimentado
tristes decepes com algumas pessoas desonestas, que podem ou no ser mdiuns, o
articulista resolveu certificar-se de algumas maravilhas que se dizia serem produzidas na
ndia e as comparou com as da taumaturgia moderna.
"O mdium dos dias atuais", diz ele, "oferece uma semelhana mais estreita, em mtodos e
manipulaes, com o conjurador bem conhecido pela histria do que com qualquer outro
representante da arte mgica. O que se segue demonstra que ele ainda est longe das
performances dos seus prottipos. Em 1615, uma delegao de homens muito cultos e
renomados da English East ndia Company visitou o Imperador Jahngr. No curso de sua
misso, testemunharam muitas performances maravilhosas que quase os fizeram duvidar
dos seus sentidos e estavam longe de qualquer explicao. A um grupo de feiticeiros e
prestidigitadores bengaleses, que exibia a sua arte diante do Imperador, solicitou-se
produzissem no local, e por meio de sementes, dez amoreiras. Eles imediatamente
plantaram as dez sementes, que, em poucos minutos, produziram o mesmo nmero de
rvores. A terra em que a semente havia sido lanada abriu-se para dar passagem a algumas
filhas midas, logo seguidas por brotos tenros que rapidamente se elevaram, desenvolvendo
folhas e brotos e ramos, que finalmente ganharam o ar pleno, abotoando-se, florindo e
dando frutos, que amadureceram no local e provaram ser excelente. Tudo isso se passou
num piscar de olhos. Figueiras, amendoeiras, mangueiras e nogueiras foram produzidas da
mesma maneira, em condies anlogas, fornecendo os frutos que a cada uma competia.
Uma maravilha se sucedeu outra. Os ramos estavam cheios de pssaros de bela plumagem
que voejavam por entre as folhas e emitiam notas plenas de doura. As folhas amarelavam
caiam dos seus lugares, ramos e brotos secavam, e finalmente as rvores adentraram o solo,
donde haviam sado h menos de uma hora.
"Um outro possua um arco e mais ou menos cinqenta flechas com pontas de ao. Lanou
uma delas ao ar, quando, vede! a flecha se fixou num ponto do espao situado a uma altura
considervel. Outra flecha foi atirada, e outra logo aps, e cada uma delas fixava-se no alto
da precedente, de maneira a formar uma cadeia de flechas no espao, exceto a ltima
flecha, que, rompendo a cadeia, trouxe ao cho todas as flechas separadas.
"Instalaram-se duas tendas comuns, uma em face da outra, distncia de uma flechada.
Essas tendas cuidadosamente examinadas pelos espectadores, como o so os aposentos dos
mdiuns, e se concluiu que estavam vazias. As tendas estavam firmemente presas ao cho.
Os espectadores foram ento convidados a escolher que animais ou pssaros desejavam
sassem das tendas e lutassem entre si. Khaun-e-Jahaun pediu, com um acento muito
marcado de incredulidade, para ver um combate entre avestruzes. Alguns minutos depois,
um avestruz saiu de cada uma das tendas e se lanou ao combate com uma energia mortal, e
logo o sangue comeou a correr; mas estavam de tal maneira igualados em fora que
nenhum deles lograva vencer o outro, e foram finalmente separados pelos conjuradores e
empurrados para dentro das tendas. Em seguida, todos os pedidos de animais e pssaros
formulados pelos espectadores foram satisfeitos, sempre com os mesmos resultados.
"Instalou-se um grande caldeiro, dentro do qual se colocou uma grande quantidade de
arroz. Sem o menor sinal de fogo, o arroz comeou a cozinhar e do caldeiro foram

retirados mais de uma centena de pratos de arroz cozido com um pedao de ave sobre um
deles. Esta faanha realizada em escala muito menor pelos mais vulgares faquires dos
nossos dias.
"Mas falta espao para ilustrar, com exemplos do passado, como os exerccios
miseravelmente montonos - por comparao - dos mdiuns dos nossos dias so plidos e
obscurecidos pelas faanhas de pessoas de outras pocas e mais hbeis. No h uma s
caracterstica maravilhosa em qualquer um desses fenmenos ou dessas manifestaes que
no fosse, no, que seja hoje muito mais bem apresentado por outros executores hbeis
cujas ligaes com a Terra, e s com a Terra, so evidentes demais para serem negadas,
mesmo quando o fato no fosse apoiado por seu prprio testemunho".
um erro dizer que os faquires ou prestidigitadores sempre afirmaro que so auxiliados
por espritos. Nas evocaes semi-religiosas - tais como as que o Govinda Svmin de
Jacolliot efetuou diante desse autor francs, que as descreveu, quando os espectadores
desejavam manifestaes psquicas reais -, eles recorrero aos pitris, seus ancestrais
desencarnados, e a outros espritos puros. S os podem evocar por meio de preces. Quando
a todos os outros fenmenos, eles so produzidos pelo mgico e pelo faquir de acordo com
a sua vontade. Apesar do estado de abjeo aparente em que este ltimo parece viver, ele
freqentemente um iniciado dos tempos e est to familiarizado com o ocultismo quando os
seus irmos mais ricos.
A magia dos Caldeus. As superties da Idade Mdia
Os caldeus, que Ccero inclui entre os mgicos mais antigos, situavam a base de toda magia
nos poderes interiores da alma do homem e pelo discernimento das propriedades mgicas
das plantas, dos minerais e dos animais. Com a ajuda desses elementos, eles realizavam os
"milagres" mais maravilhosos. A Magia, para eles, era sinnimo de religio e cincia. Foi
s mais tarde que os mitos religiosos do dualismo masdeano, desfigurado pela Teologia
crist e evemerizado por certos padres da Igreja, assumiram a forma desagradvel em que
os encontramos expostos por escritores catlicos como ds Mousseaux. A realidade objetiva
do ncubo e do scubo medievais, essa superstio abominvel da Idade Mdia que custou
tantas vidas humanas, defendida por seu autor em todo um volume, um produto
monstruoso do fanatismo religioso e da epilepsia. Ela no tem forma objetiva; atribuir os
seus efeitos ao Diabo uma blasfmia: implica que Deus, depois de criar Sat, permitiu-lhe
adotar tal procedimento. Se devemos acreditar no vampirismo, s podemos faz-lo se nos
apoiarmos na fora de suas proposies irrefragveis da cincia psicolgica oculta: 1) A
alma astral uma entidade distinta separvel do nosso Ego e pode correr e vaguear longe
do corpo sem romper o fio da vida; 2) O cadver no est completamente morto e, ao
passo que pode ser repenetrado por seu ocupante, este pode extrair dele emanaes
materiais que lhe permitam aparecer numa forma semiterrestre. Mas sustentar, como ds
Mousseaux e de Mirville, a idia de que o Diabo - que os catlicos dotam de um poder que,
em antagonismo, se iguala ao da Divindade Suprema - o transforma em lobos, serpentes e
ces, para satisfazer a sua luxria e procriar monstros, uma idia em que se encontram
escondidos os germes da adorao do Diabo, da demncia e do sacrilgio. A Igreja
Catlica, que no s nos ensina a acreditar nesta falcia monstruosa, mas tambm obriga os
seus missionrios a pregar este dogma, no tem necessidade de se voltar contra a adorao
do Diabo por parte de algumas seitas parses e da ndia meridional. Ao contrrio; pois,
quando ouvimos os yezidi repetirem o provrbio muito conhecido "Sede amigos dos
demnios; dai-lhes vosso bens, vosso sangue, vosso servio, e no tereis necessidade de vos
preocupardes com Deus - Ele no vos far nenhum mal", consideramos que eles so

considerados em sua crena e em seu respeito para com o Supremo; a sua lgica sadia
racional; reverenciam Deus to profundamente, a ponto de imaginar que Ele, que criou o
universo e as suas leis, no capaz de prejudic-los, pobres tomos; mas os demnios
existem; eles so imperfeitos e, em conseqncia, eles tm boas razes para os temer.
O diabo e suas vrias metamorfoses
Em conseqncia, o Diabo, em suas vrias metamorfoses, s pode ser uma falcia. Quando
imaginamos que o vemos e o ouvimos e o sentimos, mais freqentemente o reflexo de
nossa alma perversa, depravada e poluta que vemos, ouvimos e sentimos. O semelhante
atrai o semelhante, dizem eles; assim, de acordo com a disposio segundo a qual a nossa
forma astral escapa durante as horas de sono, de acordo com os nossos pensamentos, as
nossas tendncias e as nossas ocupaes dirias, todos eles impressos claramente sobre a
cpsula plstica chamada alma humana, esta ltima atrai para si seres semelhantes a si
mesma. Donde alguns sonhos e vises serem puros e bonitos; outros, perversos e bestiais. A
pessoa desperta, ou se dirige com pressa ao confessionrio, ou se ri desse pensamento com
indiferena empedernida. No primeiro caso, -lhe prometida a salvao final, ao curso de
algumas indulgncias (que ela dever comprar Igreja) e talvez um Agostinho de
purgatrio ou mesmo do inferno. Que importa? no est ela segura da eternidade e da
imortalidade, faa ela o que fizer? o Diabo. Afugentemo-lo, com o sino, com o livro e
com o hissope! Mas o "Diabo" volta, e freqentemente o verdadeiro crente forado a
desacreditar de Deus quando ele percebe claramente que o Diabo leva a melhor sobre o seu
Criador ou Senhor. Ele levado ento segunda emergncia. Torna-se indiferente e se d
todo inteiro ao Diabo. Morre e o leitor conheceu as conseqncias nos captulos precedente.
Este pensamento est magnificamente expresso pelo Dr. Ennermoser: "A Religio no
lanou aqui [Europa e China] razes to profundas quanto entre os hindus", diz ele, fazendo
aluso a essa superstio. "O esprito dos gregos e dos persas era mais voltil. (...) A idia
filosfica do princpio do bem e do mal e do mundo espiritual (...) deve ter auxiliado a
tradio a formar vises (...) de formas celestiais e infernais e das distores mais
espantosas, que na ndia eram produzidas simplesmente por um fantico mais entusiasta; l,
o vidente recebido pela luz divina; aqui, perdido numa multido de objetos externos com os
quais confunde a sua identidade. Convulses, acompanhadas da ausncia do esprito longe
do corpo, em pases distantes, eram comuns aqui pois a imaginao era menos firme, e
tambm menos espiritual.
"As causas externas tambm so diferentes; os modos de vida, a posio geogrfica e os
meios artificiais produzem modificaes diversas. O modo de vida nos pases asiticos
ocidentais sempre foi muito varivel e, em conseqncia, ele perturba e distorce a ocupao
dos sentidos, e a vida exterior, em conseqncia, se reflete no mundo interno dos sonhos.
Os espritos, portanto, so de uma variedade infinita de formas e levam os homens a
satisfazerem as suas paixes, mostrando-lhes os meios para faz-lo e descendo at mesmo
aos mnimos detalhes, o que to contrrio ao carter elevado dos videntes indianos".
Que os estudiosos de cincia oculta faa a sua prpria natureza to pura e os seus
pensamentos to elevados quanto os dos videntes indianos, e ele poder dormir sem ser
molestado pelo vampiro, ncubo ou scubo. Ao redor da forma invisvel daquele que
dorme, o esprito imortal irradia um poder divino que o protege das investidas do mal,
como se fosse uma parede de cristal.

sis Sem Vu - Captulo XIII


Captulo XIII
Realidades e iluses. Os poderes ocultos da natureza
Existem pessoas cujas mentes seriam incapazes de apreciar a grandeza intelectual dos
antigos, mesmo nas cincias fsicas, ainda que recebessem a mais completa demonstrao
de seu profundo saber e de suas realizaes. Assim, por exemplo, elas riro da idia da
eficcia dos talisms. Que os sete espritos do Apocalipse tm relao com os sete poderes
ocultos da Natureza, eis algo que parece incompreensvel e absurdo s suas frgeis mentes;
e a mera idia de um mgico que afirma poder realizar maravilhas por meio de ritos
cabalsticos f-las retorcer-se de riso. Percebendo apenas a figura geomtrica traada sobre
um papel, um pedao de metal, ou outra substncia, elas no podem imaginar como algum
razovel seria capaz de conferir-lhes qualquer poder oculto. Mas aqueles que se deram ao
trabalho de se informar sabem que os antigos realizaram grandes descobertas tanto na
Psicologia como na Fsica e que as suas investigaes deixaram poucos segredos ainda por
descobrir.
Aplicai um pedao de ferro sobre um m, e ele impregnar-se- de seu princpio sutil e
tornar-se- capaz de comunic-lo por sua vez a outro ferro. Ele no pesa mais nem parece
diferente do que era antes. E, no entanto, uma das foras mais sutis da Natureza lhe
penetrou a substncia. Um talism, em si talvez um mero pedao de metal, um fragmento
de papel, ou um retalho de um tecido qualquer, foi no entanto impregnado pela influncia
do maior de todos os ms, a vontade humana, com um poder para o bem ou para o mal de
to reais efeitos como a propriedade sutil que o ao adquiriu em seu contado com o m.
Deixai que um sabujo fareje uma pea de roupa que foi trajada pelo fugitivo, e ele o seguir
atravs do pntano e da floresta at o seu refgio. Dai um manuscrito a um dos
"psicmetros" do Prof. Buchanan, qualquer que seja a sua antiguidade, e ele vos descrever
o carter do autor, e talvez mesmo a sua aparncia pessoal. Alcanai uma madeixa de
cabelo ou qualquer outro objeto que esteve em contado com a pessoa de quem ser quer
saber algo a uma clarividente, e ela entrar em simpatia com esta de modo to ntimo que
lhe poder seguir passo a passo a vida.
Os criadores nos contam que os animais jovens no devem ser reunidos com os animais
velhos; e os mdicos inteligentes probem os pais de permitirem que as crianas muito
jovens ocupem suas camas. Quando Davi estava velho e fraco, suas foras vitais foram
restabelecidas colocando-se uma jovem em estreito contato com ele a fim de que pudesse
absorver-lhe a fora. A falecida Imperatriz da Rssia, irm de Guilherme I, imperador da
Alemanha, estava to fraca nos ltimos anos de sua vida que os mdicos lhe aconselharam
seriamente a manter em seu leito noite uma robusta e saudvel jovem camponesa. Quem
quer que tenha lido a descrio dada pelo Dr. Kerner da Vidente de Prevost, Mme. Hauffe,
dever recordar-se de suas palavras. Ela declarou repetidamente que se mantinha viva
apenas devido atmosfera das pessoas que a cercavam e s suas emanaes, que eram
vivificadas de maneira extraordinria pela sua presena. A vidente era simplesmente um
vampiro magntico, que absorvia, atirando-se a ela, a vida daqueles que eram fortes o
suficiente para lhe comunicarem a sua vitalidade na forma de sangue volatilizado. O Dr.
Kerner observa que essas pessoas ressentiam dessa perda de fora.
Graas a esses exemplos familiares da possibilidade de um fluido sutil comunicar-se de um
indivduo ao outro, ou substncia por este tocada, torna-se mais fcil compreender que,

atravs de um determinada concentrao da vontade, um objeto de outro modo inerte pode


ser impregnado de um poder protetor ou destrutivo de acordo com o objetivo que se tem em
vista.
Uma emanao magntica, produzida inconscientemente, seguramente vencida por uma
emanao mais enrgica com a qual entra em choque. Mas quando uma vontade inteligente
e poderosa dirige a fora cega, e a concentra num dado ponto, a emanao mais fraca
dominar com freqncia a mais forte. Uma vontade humana tem o mesmo efeito sobre o
kasa.
Certa feita, testemunhamos em Bengala uma exibio de fora de vontade que ilustra um
aspecto altamente interessante do assunto. Um adepto de Magia fez alguns passes sobre
uma pea de estanho comum, o interior de uma marmita, que estava sua frente, e,
olhando-a atentamente durante uns poucos minutos, ele parecia recolher o fluido
impondervel aos punhados e lan-lo sobre a sua superfcie. Quando o estanho foi exposto
plena luz do dia durante seis segundos, a superfcie brilhante se cobriu imediatamente
como um filme. Em seguida, manchas de uma cor escura comearam a surgir sobre a
superfcie da pea; e quando, cerca de trs minutos depois, o estanho nos foi entregue,
encontramos impressa sobre ela uma pintura, ou melhor, uma fotografia da paisagem que se
estendia nossa frente; exata como a prpria Natureza, de colorido perfeito. Ela
permaneceu por cerca de oito horas e ento lentamente se esvaneceu.
Este fenmeno explica-se facilmente. A vontade do adepto condensou sobre o estanho um
filme de kasa que o transformou durante algum tempo numa chapa fotogrfica
sensibilizada. A luz fez o resto.
A animao de esttuas praticadas pelos antigos
Certamente, no conseguimos ver em que o qumico moderno mesmo mgico do que o
antigo teurgista ou o filsofo hermtico, exceto nisso: os ltimos, reconhecendo a dualidade
da Natureza, tm um campo de pesquisa experimental duas vezes maior. Os antigos
animavam esttuas, e os hermetistas chamavam vida, tirando-as dos elementos, as formas
de salamandras, gnomos, ondinas e silfos, que no pretendiam criar, mas simplesmente
tornar visveis mantendo aberta a porta da Natureza, de sorte que, sob condies favorveis,
elas pudessem se tornar visveis. O qumico pe em contato dois elementos contidos na
atmosfera, e desenvolvendo uma fora latente de afinidade, cria um novo corpo - a gua.
Nas prolas esferoidais e difanas que nascem dessa unio de gases, nascem os germes da
vida orgnica, e em seus interstcio moleculares escondem-se o calor, a eletricidade e a luz,
exatamente como o fazem no corpo humano. Donde provm esta vida numa gota d'gua
recm-formada pela unio de dois gases? E o que a gua em si? Sofrem o oxignio e o
hidrognio alguma transformao que oblitera suas qualidade simultaneamente com a
obliterao de sua forma? Aqui est a resposta da cincia moderna: "Se o oxignio e o
hidrognio existem como tais, na gua, ou se so produzidos por alguma transformao
desconhecida e inconcebvel de sua substncia, eis uma questo sobre a qual podemos
especular, mas da qual nada sabemos". Nada sabendo sobre um assunto to simples quanto
a constituio molecular da gua, ou o problema mais profundo do surgimento da vida
nesse elemento, no faria bem o Sr. Maudsley em exemplificar o seu prprio princpio, e
"manter uma calma aquiescncia ignorncia at que a luz se faa".
As afirmaes dos partidrios da cincia esotrica de que Paracelso produzia,
quimicamente, homunculi a partir de certas combinaes ainda desconhecidas da cincia
exata so, como de ordinrio, relegadas ao depsito das fraudes desacreditadas. Mas por
que? Se os homunculi no foram feitos por Paracelso, mas foram produzidos por outros

adeptos, e isto h no mais de mil anos. Eles foram produzidos, de fato, exatamente de
acordo com o mesmo princpio em virtude do qual o qumico e o fsico do vida aos seus
animalcula.
Desde tempos imemoriais a especulao dos homens de cincia tem tido por objeto saber o
que essa fora vital ou princpios de vida. S a "doutrina secreta" capaz de fornecer a
chave nossa mente. A cincia exata reconhece apenas cinco poderes na Natureza - um
molar e quatro nucleares; os cabalistas, sete; e nesses dois poderes adicionais est encerrado
todo o mistrio da vida. Um deles o esprito imortal, cujo reflexo vincula-se por liames
invisveis at mesmo com a matria inorgnica; a outra, deixamos a cada um descobrir por
si mesmo. Diz o Prof. Joseph Le Conte: "Qual a natureza da diferena entre o organismo
vivo e o organismo morto? No podemos descobrir nenhuma, fsica ou qumica. Todas as
foras fsicas e qumicas extradas do fundo comum da natureza, e encarnadas no
organismo vivo, parecem estar ainda encarnadas no morto, at que pouco a pouco ele caia
em decomposio. E no entanto a diferena imensa, incomensuravelmente grande. Qual
a natureza dessa diferena expressa na frmula da cincia material? o que que partiu, e
para onde foi? H aqui alguma coisa que a cincia no pode ainda compreender. E no
entanto essa coisa que desaparece na morte, e antes da decomposio, que representa no
mais alto sentido a fora vital!"
Por mais difcil, ou antes impossvel que parea cincia descobrir o motor invisvel,
universal de tudo - a Vida -, explicar-lhe a natureza, ou mesmo sugerir uma hiptese
razovel para ela, o mistrio no passa de um pseudomistrio, no apenas para os grandes
adeptos e videntes, mas mesmo para os que acreditam genuna e firmemente num mundo
espiritual. Para o simples crente, no favorecido com um organismo pessoal provido dessa
sensibilidade nervosa e delicada que lhe permitiria - como ao vidente - perceber o universo
visvel refletido como num espelho no Invisvel, e, por assim dizer, objetivamente, a f
divina permanece. Esta ltima est firmemente enraizada em seus sentidos interiores; em
sua infalvel intuio, com a qual a fria razo nada tem a ver, ele sente que ela no pode
engan-lo. Que os dogmas errneos, invenes humanas, e a sofisticaria teolgica se
contradigam; que ambas se destruam, e que a sutil casustica de uma derrote o raciocnio de
outra; a verdade permanece uma s, e no h uma s religio, seja ela crist ou no, que
no esteja firmemente edificada sobre a rocha dos sculos - Deus e o esprito imortal.
As sesses espritas na ndia
Todo animal mais ou menos dotado da faculdade de perceber, se no espritos, pelo
menos algo que permanece no momento invisvel ao homem comum, e s pode ser
discernido por um clarividente. Fizemos centenas de experincias com gatos, cachorros,
macacos de vrias espcies, e, uma vez, com um tigre domesticado. Um espelho negro e
redondo, conhecido como "cristal mgico", foi fortemente mesmerizado por um cavalheiro
hindu nativo, que habitava anteriormente em Dindigul e agora reside um local mais
retirado, entre as montanhas conhecidas como Ghauts Ocidentais. Ele havia domesticado o
filhote de um tigre, que lhe fora enviado da costa do Malabar, regio da ndia em que os
tigres so proverbialmente ferozes; e foi com esse interessante animal que fizemos nossas
experincias.
Como os antigos marsi e psylli, os clebres encantadores de serpentes, esse cavalheiro
afirmava possuir o misterioso poder de domar qualquer espcie de animal. O tigre fora
reduzido a um crnico torpor mental, por assim dizer; e tornou-se to inofensivo e dcil
quanto um cachorro. As crianas podiam provoc-lo e pux-lo pelas orelhas, e ele s tremia
e gemia como um cachorro. Mas todas as vezes que o foravam a olhar o "espelho mgico",

o pobre animal caia instantaneamente numa espcie de frenesi. Seus olhos se enchiam de
um terror humano; gemendo de desespero, incapaz de desviar os olhos do espelho, ao qual
o seu olhar parecia preso por um encantamento magntico, ele se contorcia e tremia at cair
em convulses por medo de alguma viso que para ns permanecia desconhecida. Ele ento
se deitava, gemendo fracamente mas ainda olhando fixamente para o espelho. Quando este
era retirado, o animal ficava ofegante e aparentemente prostrado por cerca de duas horas. O
que via ele? Que retrato espiritual de seu prprio mundo animal invisvel poderia produzir
um efeito terrfico sobre o animal selvagem e naturalmente feroz e temerrio? Quem pode
diz-lo? Talvez aquele que produziu a cena.
O mesmo efeito sobre animais foi observado durante as sesses espiritistas, com alguns
venerveis mendicantes; e tambm quando um srio, meio pago, meio cristo, de
Kunankulam (Estado de Cochim), um reputado feiticeiro, foi convidado a reunir-se a ns a
bem da experincia.
ramos nove pessoas ao todo - sete homem e duas mulheres, uma das quais nativa. Alm de
ns, havia no quarto o jovem tigre, grandemente ocupado com um osso; um vnderoo, ou
um macaco-leo, que, com a sua pele negra e a sua barba e bigode brancos, e olhos vivos e
brilhantes, parecia a personificao da malcia; e um belo papa-figo dourado, limpando
calmamente a sua causa de cores brilhantes num poleiro, colocado prximo a uma grande
janela da varanda. Na ndia, as sesses "espiritistas" no ocorrem na escurido, como na
Amrica, e no se requer nenhuma condio, a no ser silncio total e harmonia. Estava-se
portanto em plena luz do dia, que penetrava atravs das portas e janelas abertas, com um
burburinho longnquo provindo das florestas circunvizinhas e a selva enviando-nos o eco de
mirades de insetos, pssaros e animais. Estvamos instalados no meio de um jardim no
qual a casa fora construda, e ao invs de aspirar a atmosfera sufocante de uma sala de
sesses, estvamos cercados de ramalhetes de eritrina cor de fogo - a rvore coral -,
inalando os aromas fragrantes das rvores e arbustos, e as flores da begnia, cuja ptalas
branca tremiam na brisa suave. Em suma, estvamos cercados de luz, harmonia, e
perfumes. Grandes buqus de flores e arbustos, consagrados aos deuses nativos, tinham
sido colhidos para a circunstncia, e colocados nos cmodos. Tnhamos o manjerico
suave, a flor de Vishnu, sem a qual nenhuma cerimnia religiosa pode ter lugar em
Bengala; e os ramos da Ficus religiosa, a rvore dedicada mesma divindade brilhante,
entremisturando as suas folhas com as flores rosas do ltus sagrado e a tuberosa da ndia,
ornamentavam profusamente as paredes.
Enquanto o "abenoado" - representado por um faquir sujo mas, no obstante, realmente
santo - permanecia imerso em autocontemplao, e alguns prodgios espirituais eram
realizados sob a direo de sua vontade, o macaco e o pssaro exibiam alguns poucos sinais
de inquietude. S o tigre tremia visivelmente a intervalos, e olhava fixamente para toda a
pea, como se seus olhos verdes fosforescentes estivessem seguindo alguma presena
invisvel flutuando para cima e para baixo. Essa coisa ainda imperceptvel aos olhos
humanos devia ter-se tornado objetiva para ele. Quanto ao vnderro (macaco), toda a sua
vivacidade tinha desaparecido; ele entorpecido, e repousava abandonado e sem movimento.
O pssaro deu alguns poucos, se tanto, sinais de agitao. Havia um som como o de asas
batendo suavemente no ar; as flores viajavam pela pea, deslocadas por mos invisveis; e
como uma belssima flor tingida de azul celeste casse sobre as patas cruzadas do macaco,
este teve um sobressalto nervoso, e procurou refugiar-se sob o manto branco de seu dono.
Essas manifestaes duraram cerca de uma hora, e seria muito longo relatar elas; a mais
curiosa de todas foi a que fechou a srie de maravilhas. Como todos se queixassem do

calor, tivemos uma chuva de orvalho devidamente perfumado. As gotas caiam fortemente e
abundantemente, e produziam uma sensao de frescor inexprimvel, que refrescavam as
pessoas sem molh-las.
Quando o faquir deu a sua exibio de magia branca por encerada, os "feiticeiros" ou os
encantadores, como so chamados, prepararam-se para exibir seu poder. Fomos gratificados
por uma srie de maravilhas que os relatos dos viajantes tornaram familiares ao pblico,
provando, entre outras coisas, o fato de que os animais possuem naturalmente a faculdade
da clarividncia, e mesmo, ao que parece, a habilidade de discernir entre os bons e os maus
espritos. Todas as faanhas do feiticeiro foram precedidas de fumigaes. Ele queimou
ramos de rvores resinas e arbustos que enviavam colunas de fumaa. Embora no
houvesse nada em tudo isso capaz de aterrorizar um animal que fizesse uso de seus olhos
fsicos, o tigre, o macaco e o pssaro exibiam um indescritvel horror. Sugerimos a idia de
que os animais podiam ser aterrorizados pelos ramos incendiados, o costume familiar de
acender fogueiras em volta do campo a fim de afastar as feras selvagens. Para no deixar
nenhuma dvida a esse respeito, o srio se aproximou do tigre agachado com um ramo de
rvore bael (consagrada a Shiva), e a agitou diversas vezes sobre a sua cabea,
murmurando, nesse nterim, os seus encantamentos. Os seus olhos saltavam das rbitas
como bolas de fogo; sua boca espumava; ele se precipitava ao solo, como se procurasse um
buraco no qual se esconder; ele soltava um rugido atrs do outro, o que causava centenas de
ecos da selva e da floresta. Finalmente, lanando um ltimo olhar ao ponto do qual os olhos
no se haviam despregado, ele fez um esforo supremo, quebrou a corrente, e saltou pela
janela da varanda, carregando uma pea de estrutura consigo. O macaco tinha fugido h
muito, e o pssaro cara do poleiro como que paralisado.
A vontade deve dominar as foras intelectuais e materiais
"Certa vez, enquanto eu e outros estvamos no caf com Sir Maswell, ele ordenou sua
domstica que introduzisse o encantador. Pouco depois um esqulido hindu, quase nu, com
um rosto asctico e bronzeado, fez a sua entrada. Em torno do pescoo, dos braos, das
coxas e do corpo estavam enroladas as serpentes de diversos tamanhos. Depois de saudarnos, ele disse: `Deus esteja convosco, sou Chibh-Chondor, filho de Chibh-Gontnalh-Mava'.
"`Desejamos ver o que sois capaz de fazer', disse nosso anfitrio.
"`Eu obedeo s ordens de Shiva, que me enviou para c', replicou o faquir, instalando-se
sobre uma das lajes de mrmore.
"As serpentes levantaram as cabeas e silvaram, mas sem mostrar a menor clera. Tomando
ento uma pequena flauta, presa numa mecha do cabelo, ele emitiu sons quase inaudveis,
imitando o tailapaca, um pssaro que se alimenta de cocos quebrados. As serpentes se
desenrolaram e uma aps outra desceram ao cho. Assim que tocaram o solo, elevaram um
tero de seus corpos, e comearam a acompanhar o ritmo da msica de seu mestre.
Subitamente o faquir largou o seu instrumento e fez diversos passes com as mos sobre as
serpentes, que eram em nmero de dez, e todas das espcies mais mortferas de serpentes
indianas. Seus olhos assumiram uma estranha expresso. Todos sentidos uma indefinvel
agitao, e tentamos desviar nossos olhos dele. Nesse momento um pequeno shocra
(macaco), cuja tarefa era oferecer fogo num pequeno braseiro para acender cigarro,
sucumbiu sua influncia, deitou-se e adormeceu. Cinco minutos se passaram, e sentimos
que se as manipulaes continuassem por mais alguns segundos todos adormeceramos.
Chondor ento se ergueu e, fazendo mais dois passes sobre o shocra, disse-lhe: `De fogo ao
comandante'. O jovem macaco levantou-se, e sem hesitar aproximou-se de seu senhor e lhe

ofereceu fogo. Ele foi beliscado, empurrado, at no se ter nenhuma dvida de que ele
estivesse adormecido. Ele no quis afastar-se de Sir Maswell at que o faquir lho ordenasse.
"Examinamos ento as serpentes. Paralisada pela influncia magntica, elas estavam
estendidas ao longo do cho. Pegando-as, encontramo-las rgidas como bastes. Estavam
num estado de completa catalepsia. O faquir ento as despertou, aps o que elas voltaram e
novamente se enrolaram em torno de seu corpo. Perguntamo-lhe se podia fazer-nos
experimentar a sua influncia. Ele fez alguns poucos passes sobre nossas pernas e
imediatamente perdemos o controle sobre esses membros; no podamos deixar nossos
assentos. Ele nos libertou to facilmente quando nos tinha paralisado.
"Chibh-Chondor encerrou a sesso com experincias feitas sobre objetos inanimados. Por
meio de passes simples na direo do objeto sobre o qual se desejava agir, e sem deixar o
assento, ele diminuiu e extingui as lmpadas das partes mais distantes da sala, deslocou a
moblia, incluindo os divs em que estvamos sentados, abriu e fechou portas. Percebendo
um hindu que estava retirando gua de um poo do jardim, ele fez um passe em sua
direo, e a corda subitamente parou de descer, resistindo a todos os esforos do atnito
jardineiro. Com outro passe, a corda desceu novamente.
"Perguntei a Chibh-Chondor:
Empregais para agir sobre objetos inanimados o mesmo processo que utilizais sobre
criaturas vivas?'
"`Tenho apenas um processo', respondeu.
"`Qual ele?'
"`A vontade. O homem, que o fim de todas as foras intelectuais e materiais, deve
dominar a todas. Os brmanes nada sabem alm disso.'"
"Sanung Setzen", o Cel. Yule, "enumera uma variedade de atos maravilhosos que podem
ser realizados atravs do Dharani (encantamentos msticos hindus). Tais so fincar um
prego numa rocha slida; dar vida ao morto; transformar uma cadver em outro; penetrar
em todos os lugares, como o faz o ar (sob forma astral); voar; agarrar feras selvagens com
as mos; ler pensamentos; fazer remontar a corrente de gua; comer ladrilhos; sentar-se no
ar com as pernas dobradas, etc." Antigas lendas atribuem a Simo, o Mago, exatamente os
mesmos poderes. "Ele fazia as esttuas andar; ele saltava no fogo sem se queimar; voava no
ar; transformava as pedras em po; modificava suas formas; apresentava dois rostos ao
mesmo tempo; transformava-se em coluna; fazia as portas fechadas abrirem-se
espontaneamente; fazia os utenslios de uma casa moverem-se, etc.
Os fenmenos psquicos e as artes mgicas
Existem certos homens que os trtaros veneram acima de tudo no mundo" diz o monge
Ricold, "a saber, os baxitae, que so uma espcie de sacerdotes-dolos. Eles so originrios
da ndia, pessoas de profunda sabedoria, de boa conduta e de moral austera. Eles so
versados nas artes mgicas (...) exibem muitas iluses, e predizem os eventos futuros. Por
exemplo, dizia-se que o mais eminente deles era capaz de voar; mas a verdade, contudo,
como ficou provado, que ele no voava, mas caminhava perto da superfcie do solo sem o
tocar; e ele parecia sentar-se sem ter qualquer suporte para sustent-lo. Este ltimo
fenmeno foi testemunhado por Ibn Batuta, em Delhi", acrescenta o Cel. Yule, que cita o
monge em Book of Ser Marco Polo, "na presena do sulto Mahomet Tughlak"; e foi
formalmente exibido por um brmanes em Madras no presente sculo, um descendente dos
brmanes que Apolnio viu caminhando a dois cvados do solo. Isso foi descrito tambm
pelo ilustre Francis Valentyn como sendo um espetculo conhecido e praticado em seu
prprio tempo na ndia. Conta-se, diz que um homem comea por sentar-se sobre trs

bastes reunidos para formar um trpode, aps o que, primeiro um, depois o segundo e
ento o terceiro, todos os bastes so retirados, no caindo o homem, mas permanecendo
sentado no ar! Falei com dois amigos que haviam testemunhado um fato dessa natureza, e
um deles, posso acrescentar, no acreditando em seus prprios olhos, deu-se ao trabalho de
verificar com um basto se no havia algo sobre o qual o corpo se apoiasse; mas, como
contou, ele no pde sentir ou ver qualquer coisa.
Proezas como essas nada so se comparadas com as que fazem os prestidigitadores
profissionais; "proezas", assinala o autor acima citado, "que poderiam passar por meras
invenes se narradas por apenas um autor, mas que parecem merecer uma sria ateno
quando so relatadas por vrios autores, certamente independentes uns dos outros e
escrevendo a longos intervalos de tempo e lugar. Nossa primeira testemunha In Batuta, e
ser necessrio cit-lo por extenso, assim como a outros, a fim de mostrar at que ponto as
suas evidncias concordam entre si. O viajante rabe estava presente por ocasio de um
grande espetculo na corte do Vice-rei de Khansa. "Nessa mesma noite um prestidigitador,
que era um dos escravos de Khan, fez sua apario, e o Emir lhe disse: `Vem e mostra-nos
algumas de tuas maravilhas!' Ele tomou ento uma bola de madeira, com vrios furos, pelos
quais passaram longas correias de couro, e, segurando uma delas, arremessou a bola ao ar.
Ela se elevou to alto que a perdemos de vista (...) (Estvamos no interior da corte do
palcio.) Restou ento apenas uma parte da ponta de uma correia na mo do mgico, e ele
pediu a um dos rapazes que o assistiam que a pegasse e que montasse nela. Ele o fez,
subindo pela correia, e ns o perdemos de vista tambm! O mgico ento o chamou por trs
vezes, mas, no obtendo nenhuma resposta, tomou uma faca, como se estivesse tomado de
clera, subiu pela correia, e desapareceu tambm! Logo ele jogou uma das mos do rapaz,
depois um p, a outra mo, e o outro p, depois o tronco, e por fim a cabea! em seguida ele
prprio desceu ofegante, e com as vestes manchadas de sangue beijou o solo frente do
Emir, e lhe disse algo em chins. O Emir deu alguma ordem em resposta, e nosso amigo
ento apanhou os membros do rapaz, reuniu-os juntos em seus lugares, e deu-lhes um
chute, e eis que l estava o rapaz, que se plantou nossa frente! Tudo isso me surpreendeu
extraordinariamente, e tive um ataque de palpitaes semelhante ao que em sobreveio
outrora na presena do Sulto da ndia, quando ele me mostrou algo do mesmo gnero.
Deram-me no entanto um cordial, que me curou do ataque. O Kaji Afkharuddin estava
prximo de mim e disse: `Senhor! creio que no houve nem subida, nem descida, nem
mutilao, nem remendo! Tudo no passa de um hocus-pocus'"!
E quem duvida de que no se trata de uma "hocus-pocus", de uma iluso, ou My, como
os hindus a chamam? Mas um tal iluso produzida, por assim dizer, diante de milhares de
pessoas ao mesmo tempo, como a vimos durante um festival pblico, os meios pelos quais
uma alucinao to extraordinria pode ser produzida merecem a ateno da cincia!
Quando por uma tal mgica um homem que est vossa frente, numa sala, cujas portas
tivestes o cuidado de fechar, estando as chaves em vossa mo, subitamente desaparece, se
desvanece como um raio de luz, e no o vedes em lugar nenhum mas ouvis a sua voz de
diferentes partes da sala chamando-vos e rindo de vossa perplexidade, tal arte certamente
no indigna do Sr. Huxley ou do Dr. Carpenter. No vale a pena consagrar-se tal estudo da
mesma maneira que a esse outro mistrio menor - como por que os galos cantam meianoite?
Os mistrios da vontade dirigida
Tendo sempre em mente que repudiamos a idia do milagre, podemos agora perguntar que
objeo lgica se pode fazer contra a afirmao de que a reanimao de mortos era

realizada por muitos taumaturgos? Poderia ir mais longe e dizer que a fora de vontade do
homem to tremendamente potencial que pode reanimar um corpo aparentemente morto,
fazendo retroceder a alma esvoaante que ainda no rompeu o fio por meio do qual a vida
unia a ambos. Dezenas de tais faquires permitiram que fossem enterrados vivos diante de
milhares de testemunhas, e semanas depois ressuscitarem. E se os faquires tm o segredo
deste possesso artificial, idntico ou anlogo hibernao, por que no conceder que os
seus ancestrais, os ginosofistas, e Apolnio de Tiana, que havia estudado com estes na
ndia, e Jesus, e outros profetas e videntes, que conheciam mais dobre os mistrios da vida
e da morte do que qualquer um dos nossos modernos homens de cincia, podiam ressuscitar
homens e mulheres mortos? E por estarem familiarizados com este poder - esse algo
misterioso "que a cincia ainda no conseguiu compreender", como confessa o Prof. Le
Conte -, conhecendo, alm disso, "de onde vem ele e para onde vai" Eliseu, Jesus, Paulo,
Apolnio e ascetas entusiastas e sbios iniciados podiam chamar novamente vida com
facilidade todo homem que "no estivesse morto, mas apenas dormindo", e sem qualquer
milagre.
Se as molculas do cadver esto impregnadas da Fora Vital e das Foras qumicas do
organismo vivo, o que pode impedi-las de serem novamente postas em movimento, desde
que conheamos a natureza da Fora Vital, e como comand-la? O materialista no pode
oferecer nenhuma objeo, pois para ele no se apresenta a questo de reinsuflar vida
alma. Para ele a alma no tem existncia, e o corpo humano deve ser encarado
simplesmente como um engenho vital - uma locomotiva que se movimentar aps o
fornecimento de calor e fora, e parar quando estes cessarem. Para o telogo, o caso
oferece dificuldades maiores, pois, a seu ver, a morte corta por inteiro o vnculo que une o
corpo a alma, e esta pode tanto retornar quele sem um milagre quanto o recm-nascido
pode ser compelido a voltar sua vida fetal depois do parto e da seco do cordo
umbilical. Mas o filsofo hermtico coloca-se entre esses dois antagonistas irreconciliveis,
senhor da situao. Ele conhece a natureza da alma - uma forma composta de fludo
nervoso e ter atmosfrico - e sabe como a Fora Vital pode tornar-se ativa ou passiva
vontade, desde que no haja nenhuma destruio definitiva de algum rgo necessrio. As
afirmaes de Gaffarilus - que, a nosso ver, pareceram to despropositadas em 1650 - foram
posteriormente corroboradas pela cincia. Ele sustentava que todo objeto existente na
Natureza, desde que seja artificial, quando queimado, retm a sua forma nas cinzas, em que
permanece at a sua ressurreio. Du Chesne, um qumico eminente, certificou-se do fato.
Kircher, Digby e Vallemont demonstraram que as formas das plantas podiam ser
ressuscitadas a partir das cinzas. Num encontro de naturalistas em 1834, em Stuttgart, uma
receita para produzir tais experincias foi descoberta na obra de Oetinger. As cinzas de
plantas queimadas contidas em pequenos frascos, quando aquecidas, exibiam novamente as
suas formas, "Uma pequena nuvem obscura elevou-se do frasco, assumiu uma forma
definida e apresentou a flor ou a planta de que consistiam as cinzas." (C. Crowe, The NigthSide of Nature, p.110) "O folheto terrestre", escreveu Oetinger, "permanece na retorta, ao
passo que a essncia voltil sobe, como um esprito, mas vazio de substncia."
E, se a forma astral mesmo de uma planta ainda sobrevive nas cinzas, quando o corpo est
morto, persistiro os cpticos em dizer que a alma do homem, o eu interior, se dissolve aps
a morte da forma mais grosseira, e que no existe mais? "Por ocasio da morte", diz o
filsofo, "um corpo exsuda de outro, por osmose e atravs do crebro; ele se mantm perto
de seu antigo invlucro por um dupla atrao, fsica e espiritual, at que este se
decompunha; e se boas condies so dadas, a alma pode reabit-lo e retomar a vida

suspensa. Ela o faz durante o sono; ela o faz mais completamente em transe; e mais
surpreendente obedecendo ao comando e com a assistncia do adepto hermtico. Jmblico
declarou que uma pessoa dotada desses poderes ressuscitadores `pleno de Deus'. Todos os
espritos subordinados das esferas superiores esto sob o seu comando, pois ele no mais
um mortal e sim um deus. Na Epstola aos Corintos, Paulo assinala que `os espritos dos
profetas esto sujeitos aos profetas!'"
Algumas pessoas tm o poder natural e algumas outras o poder adquirido de extrair o corpo
interior do exterior, a vontade, obrigando-o a fazer longas jornadas e a se tornar visvel
quele a quem visita. Numerosos so os exemplos atestados por testemunhas irrecusveis
do "desdobramento" de pessoas que foram vistas e com quem se conversou a centenas de
milhas dos lugares em que se sabia que as mesmas pessoas estavam. Hermotimo, se
podemos dar crdito a Plnio e a Plutarco, podia entrar em transe vontade e ento a
segunda alma seguia para o lugar que lhe aprouvesse.
De acordo com Napier, Osborne, o major Lawes, Quenouillet, Nikiforovitch e muitas
outras testemunhas modernas, os faquires, no decorrer de longo regime, preparo e repouso,
mostraram que eram capazes de levar os corpos a um estado que lhes permitia serem
enterrados a seis ps da terra por um perodo indefinido. Sir Claude Wade estava presente
corte de Rundjit Singh quando o faquir, mencionado pelo Honorvel Cap. Osborne, foi
enterrado vivo por seis semanas, numa caixa colocada numa cela trs ps abaixo do nvel
do solo. Para prevenir a possibilidade de uma fraude, uma guarda composta de duas
companhias de soldados foi destacada, e quatro sentinelas "foram incumbidas, revezandose a cada duas horas, noite e dia, de guardar o edifcio contra intrusos. (...) Abrindo-a", diz
Sir Claude, "vimos uma figura encerrada num sudrio de linho branco amarrado por uma
corda acima da cabea (...) o servente comeou ento a derramar gua quente sobre a figura
(...) as pernas e os braos estavam encolhidos e rijos, o rosto natural, a cabea inclinada
sobre o ombro, como a de um cadver. Chamei ento o mdico que me assistia e pedi-lhe
que viesse inspecionar o corpo, o que ele fez, mas no pde descobrir nenhuma pulsao no
corpo, nas tmporas ou nos braos. Havia, no entanto, um calor sobre a regio do crebro,
que nenhuma outra parte do corpo exibia".
Lamentando que os limites de nosso espao probam citar os detalhes dessa interessante
histria, acrescentamos apenas que o processo de ressurreio inclua o banho com gua
quente, frico, a retirada dos chumaos de cera e algodo das narinas e das orelhas, a
frico das plpebras com ghee, ou manteiga clarificada, e, o que parecer mais curioso a
muitos, a aplicao de um bolo de trigo quente, de cerca de um polegar de espessura, "ao
topo da cabea". Depois de o bolo ter sido aplicado pela terceira vez, o corpo teve
convulses violentas, as narinas se inflaram, a respirao se iniciou, e os membros
adquiriram a sua plenitude natural; mas a pulsao ainda era fracamente perceptvel. "A
lngua foi ento untada com ghee, as plpebras dilataram-se e recuperaram a cor natural, e o
faquir reconheceu os presentes e falou." Cumpriria assinalar que no apenas as narinas e as
orelhas haviam sido tapadas, mas a lngua tinha sido dobrada para trs, de modo a fechar a
garganta, fechado assim efetivamente os orifcios admisso de ar atmosfrico. Quando
estvamos na ndia, um faquir nos disse que isso era feito no apenas para prevenir a ao
do ar sobre os tecidos orgnicos, mas tambm para resguardar contra o depsito de germes
da decomposio, que no caso da animao suspensa causariam a decomposio
exatamente como o fazem com qualquer outra carne exposta ao ar. H tambm localidades
em que um faquir se recusar a ser enterrado, tais como muitas regies da ndia meridional,
infestadas de formigas brancas, essas trmitas terrveis que se contam entre os inimigos

mais perigosos do homem e de suas propriedades. Elas so to vorazes que devoram tudo
que encontram, com exceo, talvez, dos metais. Quando madeira, no h nenhuma
espcie pela qual elas no passem; e mesmo o tijolo e a argamassa oferecem pouca
resistncia aos seus formidveis exrcitos. Elas trabalharam pacientemente atravs da
argamassa, destruindo-a partcula por partcula; e um faquir, por mais santo que seja, e por
mais resistente que seja o seu atade, no se arriscar a ver o seu corpo devorado quando
for o momento de sua ressurreio.
Consideraes sobre a morte fsica
A cincia v o homem como uma agregao de tomos temporariamente unidos por uma
misteriosa fora chamada princpio de vida. Para o materialista, a nica diferena entre um
corpo vivo e um morto que no primeiro essa fora ativa e no outro, latente. Quando
extintas ou completamente latentes, as molculas obedecem a uma atrao superior, que as
espalha e dissemina pelo espao.
Essa disperso deve ser a morte, se possvel conceber uma coisa como a morte, em que as
prprias molculas do corpo morto manifestam uma intensa energia vital. Se a morte
apenas a parada da mquina digestora, locomotiva e pensante, como pode a morte ser real e
no relativa, antes que a mquina se quebre por completo e as suas partculas se dispersem?
Enquanto algumas delas esto unidas, a fora vital centrpeta pode sobrepuljar a ao
centrfuga dispersiva. Diz liphas Lvi: "A mudana atesta o movimento, e o movimento
apenas revela a vida. O cadver no se decomporia se estivesse morto; todas as molculas
que o compem esto vivas e lutam por separar-se. E imaginais que o esprito se liberta
simplesmente para no mais existir? Que o pensamento e o amor podem morrer quando as
formas mais grosseiras da matria no morrem? Se a mudana deve chamar-se morte,
morremos e renascemos todos os dias, pois a cada dia nossas formas sofrem uma
mudana".
Os cabalistas dizem que um homem no est morto quando o seu corpo est enterrado. A
morte nunca sbita; pois de acordo com Hermes, nada se opera na Natureza por transies
violentas. Tudo gradual, e assim como preciso um longo e gradual desenvolvimento
para produzir o ser humano, do mesmo modo o tempo necessrio para retirar
completamente a vitalidade da carcaa. "A morte no pode ser um fim absoluto, assim
como o nascimento no um incio verdadeiro. O nascimento prova a preexistncia do ser,
e a morte prova a imortalidade", diz o mesmo cabalista francs.
Embora acreditando implicitamente na ressurreio da filha de Jairo, o chefe da sinagoga, e
em outros milagres bblicos, os cristos instrudo, que de outro modo se sentiriam
indignados ao se chamados de supersticiosos, acolhem fatos como o de Apolnio e a jovem
que segundo o seu bigrafo foi ressuscitada por ele, com uma desdenhosa incredulidade.
Digenes Larcio, que menciona uma mulher ressuscitada por Empdocles, no tratado
com mais respeito; e o nome do taumaturgo pago, aos olhos dos cristos, apenas um
sinnimo para impostor. Nossos cientistas so, afinal, um pouco mais racionais; eles
agrupam todos os profetas e apstolos bblicos e todos os fazedores de milagres pagos em
duas categorias de tolos alucinados e hbeis impostores.
Mas, deixando de lado a incrvel fico de Lazaro, selecionamos dois casos: a filha do
chefe da sinagoga chamada novamente vida por Jesus, e a noiva corntia ressuscitada por
Apolnio. No primeiro caso, desconsiderando por completo a significativa expresso de
Jesus - "Ela no est morta mas adormecida", o clero fora o seu deus a violar as suas
prprias leis e oferecer injustamente a um o que nega a todos os outros, e sem nenhum
melhor objetivo em vista do que o de produzir um milagre intil. No segundo caso, no

obstante as palavras do bigrafo de Apolnio, to claras e precisas que no subsiste a menor


razo para distorc-las, eles acusam Filotrasto de deliberada impostura. Quem poderia ser
mais honesto do que ele, quem menos acessvel acusao de mistificao, pois,
descrevendo a ressurreio da jovem pelo sbio de Tiana, na presena de uma grande
multido, diz o bigrafo, "ela parecia estar morta".
Embora outras palavras, ele indica muito claramente um caso de animao suspensa; e,
ento acrescenta imediatamente, "como a chuva caa muito abundante sobre a jovem",
enquanto estava ela sendo carregada pira, "com a sua fase virada para cima, isto, tambm,
poderia ter excitado os seus sentidos". Isso no mostra claramente que Filotrasto no viu
nenhum milagre nessa ressurreio? Isso no implica, ademais, algo como a grande
sabedoria e habilidade de Apolnio, "que como Asclepades tinha o mrito de distinguir
com um golpe de vista entre a morte real e a aparente"?
Uma ressurreio, depois de a alma e o esprito se terem inteiramente separado do corpo, e
o ltimo fio magntico se ter cortado, to impossvel quanto para um esprito uma vez
desencarnado reencarnar uma vez mais neste mundo, exceto nas circunstncias descritas
nos captulos anteriores. "Uma folha, uma vez cada, no se religa ao ramo", diz liphas
Lvi. "A lagarta torna-se uma borboleta, mas a borboleta no retorna ao estado de larva. A
Natureza fecha a porta atrs de tudo que passa, e puxa a vida para a frente. As formas
passam, o pensamento permanece, e no chama de volta o que uma vez se exauriu."
Por que se imaginaria que Asclepades e Apolnio gozavam de poderes excepcionais para
discernir a morte real? Tem qualquer moderna escola de Medicina este conhecimento para
comunicar a seus estudantes? Que as suas autoridades respondam por eles. Os prodgios de
Jesus e Apolnio so to bem atestados que parecem autnticos. Se num e noutro caso a
vida foi ou simplesmente suspensa, resta o fato importante de que por algum poder,
peculiar a eles, os dois fazedores de milagres chamaram o aparentemente morto de volta
vida por um instante.
Mas, no caso do que os fisiologistas chamam "morte real", e que no o realmente, o corpo
astral se retirou; talvez a decomposio local se tenha manifestado. Como seria o homem
trazido novamente s vida? A resposta , o corpo interior deve ser forado a reentrar no
corpo exterior, e a vitalidade a ser redespertada neste ltimo. O relgio parou, e deve estar
quebrado. Se a morte absoluta; se os rgos no cessaram apenas de agir, mas perderam a
suscetibilidade de ao renovada, ento seria preciso lanar todo o universo no caos para
ressuscitar o cadver - seria preciso um milagre. Mas, como dissemos antes, o homem no
morre quando est frio, rijo, sem pulso, sem respirao, e mesmo mostrando sinais de
decomposio; ele no est morto quando enterrado, nem depois, mas quando um certo
ponto atingido. Este ponto , quando os rgos vitais se decompuseram de tal maneira
que, reanimando-se, eles no realizariam as suas funes costumeiras; quando a mola
central e a roda denteada da mquina, por assim dizer, esto de tal modo desgastadas pela
ferrugem, que elas se quebrariam primeira volta da chave. At que esse ponto no seja
atingido, o corpo astral pode ser forado, sem milagre, a reentrar em seu primeiro
tabernculo, por um esforo de sua prpria vontade, ou sob o impulso irresistvel da
vontade de algum que conhea as potncias da Natureza e saiba como dirigi-las. A
centelha no se extinguiu, mas est apenas latente - latente como o fogo no slex, ou o calor
no ferro frio.
Nos casos da clarividncia catalptica mais profunda, tais como os obtidos por Du Potet, e
descritos muito minuciosamente pelo falecido Prof. William Gregory, em suas Letters on
Animal Magnetism, o esprito est to desengajado do corpo que lhe seria impossvel

reentrar nele sem um esforo da vontade do mesmerizador. O paciente est praticamente


morto, e, se deixado a si mesmo, o esprito escaparia para sempre. Embora independente do
invlucro fsico semilivre ainda est unido a ele por um cordo magntico, descrito pelos
clarividentes como de aspeto sombrio e nebuloso em contraste com o brilho inefvel da
atmosfera astral pela qual eles olham. Plutarco, relatando a histria de Tespsio, que caiu de
uma grande altura, e permaneceu por trs dias aparentemente morto, conta-nos a
experincia deste durante o seu estado de morte parcial. "Tespsio", diz ele, "observou
ento que era diferente dos mortos pelos quais estava cercado. (...) Eles eram transparentes
e cercados de um brilho, mas ele parecia arrastar atrs de si uma radiao negra ou um linha
de sombra." Toda a sua descrio, minuciosa e circunstanciada em seus detalhes, parece ser
corroborada pelos clarividentes de todas as pocas, e, at onde esse testemunho pode ser
admitido, importante. Os cabalistas, como os vemos interpretados por liphas Lvi, em
sua Science des Esprits, dizem que "Quando um homem cai em seu sono derradeiro,
mergulha em primeiro lugar numa espcie de sonho, antes de ganhar conscincia no outro
lado da vida. Ele v, ento, numa bela viso, ou num pesadelo terrvel, o paraso ou o
inferno, em que ele acredita durante a sua existncia mortal. Eis por que acontece com
freqncia a alma aflita volta violentamente vida terrestre que acabou de deixar, e por que
alguns que estavam realmente mortos, i.e., que, se deixados ss e quietos, teriam passado
tranqilamente para sempre num estado de letargia inconsciente, quando enterrados
prematuramente voltam vida no tmulo".
Lvi diz que a ressurreio no impossvel enquanto o organismo vital permanecer intato,
e a alma astral ainda est ao alcance. "A Natureza", diz ele, "nada faz por sobressaltos, e a
morte eterna sempre precedida por um estado que partilha um pouco da natureza da
letargia. um torpor que um grande choque ou o magnetismo de uma vontade so capazes
de sobrepujar." Lvi explica dessa maneira a ressurreio do homem morto ao contato com
os ossos de Eliseu. Ele a explica dizendo que a alma estava errando nesse momento junto
ao corpo; os convivas da cerimnia fnebre, de acordo com a tradio, foram atacados por
salteadores; e como o seu pavor se comunicasse simpaticamente a ela, a alma foi tomada de
horror idia de ver seus restos profanados, e "reentrou violentamente no corpo para ergulo e salv-lo". Aqueles que acreditam na sobrevivncia da alma podem nada ver nesse
incidente que tenha um carter sobrenatural - trata-se apenas de uma manifestao perfeita
da lei natural. Narrar a um materialista um caso como esse, ainda que bem atestado, seria
uma tarefa intil; o telogo, sempre contemplando alm da natureza uma providncia
especial, considera-o um milagre. Diz liphas Lvi: "Eles atribuam a ressurreio ao
contato com os ossos de Eliseu; e, logicamente, a adorao de relquias data dessa poca".
Balfour Stewart est certo - os cientistas "nada sabem, ou quase nada, da estrutura e das
propriedades ltimas da matria orgnica ou inorgnica".
Estamos agora em terreno to firme que daremos um novo passo adiante. O mesmo
conhecimento e o mesmo controle das foras ocultas, incluindo a fora vital que
possibilitou ao faquir deixar temporariamente e depois reentrar em seu corpo, e a Jesus,
Apolnio e Eliseu de ressuscitarem os mortos, possibilitou aos antigos hierofantes
animarem esttuas, e faz-las agir como criaturas vivas. o mesmo conhecimento e poder
que permitiram a Paracelso criar os seus homunculi; a Aaro transformar a sua vara numa
serpente e num ramo florido; a Moiss cobrir o Egito com rs e outras pestes; e ao teurgista
egpcio de nossos dias vivificar a sua mandrgora pigmia, que tem vida fsica mas no
alma. No era mais surpreendente para Moiss, em condies favorveis, chamar vida

grandes rpteis e insetos, do que para nosso fsico moderno, nas mesmas condies
favorveis, chamar vida insetos menores, que ele chama de bactrias.
Apolnio podia ver, atravs de um espelho, o presente e o futuro
Examinaremos agora, em relao aos fazedores de milagres e aos profetas antigos, as
pretenses dos mdiuns modernos.
Quando a atual e aperfeioada civilizao europia ainda estava em seus comeos, a
filosofia oculta, j encanecida pela idade, especulava sobre os atributos do homem pela
analogia com os de seu Criador. Mas tarde, indivduos cujos nomes permanecero para
sempre imortais, inscritos no portal da histria espiritual do homem, forneceram
pessoalmente exemplos da extenso possvel do desenvolvimento dos poderes divinos do
microcosmos. Descrevendo as Doctrines and Principal Teacher of the Alexandrian School,
diz o Prof. A.Wilder: "Plotino ensinava que h na alma um impulso de retorno, um amor,
que a atrai internamente para a sua origem e centro, o bem eterno. Enquanto a pessoa que
no compreende como a alma contm o belo em si, procurar por um esforo laborioso
reconhecer a beleza no exterior, o homem sbio reconhece-a em si, desenvolve a idia
retirando-a de si mesmo, concentrando a sua ateno, e assim pairando sobre a fonte divina,
cuja corrente flui dentro de si. No se conhece o infinito por meio da razo (...) mas por
uma faculdade superior razo, entrando num estado em que o indivduo, por assim dizer,
cessa de ser o seu eu finito, em cujo estado a essncia divina lhe comunicada. Tal o
XTASE".
A propsito de Apolnio, que afirmava que podia ver "o presente e o futuro num espelho
claro", devido ao seu modo sbrio de viver, o professor faz a seguinte bela observao:
"Isto o que se pode chamar de fotografia espiritual. A alma cmara na qual os fatos e os
eventos, o futuro, o passado e o presente, esto como que fixados; e a mente torna-se
consciente deles. Alm do nosso mundo ordinrio, tudo um dia ou um estado; o passado e
o futuro esto compreendidos no presente".
A mediunidade ensinada na filosofia antiga
Eram "mdiuns" esses homens semelhantes a Deus, como pretendem os espiritistas
ortodoxos? De modo algum, se pelo termo compreendemos os "sensitivos doentes", que
nasceram com uma organizao peculiar, e que em proporo aos seus podres se
desenvolveram mais os menos sujeitos influncia irresistvel de espritos diversos,
puramente humanos, elementares ou elementais. Isso incontestvel, se considerarmos
todo indivduo como um mdium em cuja atmosfera magntica os habitantes das esferas
invisveis superiores podem mover-se, e agir, e viver. Neste sentido, toda pessoa um
mdium. A mediunidade pode ser 1) autodesenvolvida; 2) motivada por influncias
estranhas; ou 3) pode permanecer em estado latente por toda a vida. O leitor deve ter em
mente a definio do termo, pois, a no ser que isso claramente compreendido, a confuso
ser inevitvel. A mediunidade dessa espcie pode ser ativa ou passiva, repelente ou
receptiva, positiva ou negativa. A mediunidade medida pela quantidade da aura pela qual
o indivduo envolvido. Ela pode ser densa, nebulosa, nociva, meftica, nauseabunda para
o esprito puro e atrair apenas aqueles seres abominveis que se comprazem com ela, como
a enguia o faz nas guas turvas, ou pode ser pura, cristalina, lmpida, opalescente como a
aurora. Tudo depende do carter moral do mdium.
Em torno de homens como Apolnio, Jmblico, Plotino e Porfrio condensava-se este
nimbo celeste. Ele era engendrado pelo poder de suas prprias almas em estreita harmonia
com seus espritos; pela moralidade e santidade sobre-humanas de suas vidas, e ajudados
pela contnua contemplao esttica interior. As puras influncias espirituais podiam

aproximar-se de tais homens. Radiando sua volta uma atmosfera de beneficncia divina,
eles punham em fuga os maus espritos. No apenas no possvel a estes existirem em sua
aura, mas eles no podem permanecer mesmo na de pessoas obcecadas, se o taumaturgo
exerce a sua vontade, ou mesmo se aproxima delas. Isto MEDIAO, no mediunidade.
Tais pessoas so templos nos quais habita e esprito do Deus vivo; mas se o tempo est
maculado pela admisso de paixes, pensamentos ou desejos, o mediador cai na esfera da
feitiaria. A porta est aberta; os espritos puros se retiram e os maus entram de tropel. Isto
ainda mediao, ainda que m; o feiticeiro, assim como o mgico puro, forma a sua
prpria aura e submete sua vontade os espritos inferiores que lhe so afins.
Mas a mediunidade, como hoje se compreende e se manifesta, uma coisa diferente. As
circunstncias, independentemente de suas prpria vontade, podem, por ocasio do
nascimento ou depois, modificar a aura de uma pessoa, de modo que manifestaes
estranhas, fsicas e mentais, diablicas ou anglicas, podem ocorrer. Tal mediunidade,
assim como a mediao acima mencionado, existe na Terra desde que o homem nela fez a
sua primeira apario. A primeira a submisso da carne fraca e mortal pelo controle e
pelas sugestes de outros espritos e inteligncias que no o nosso prprio demnio imortal.
literalmente a obsesso e a possesso; e mdiuns que se orgulham de ser escravos fieis de
seus "guias", e que repudiam com indignao a idia de "controlar" as manifestaes, "no
podem contestar o fato de maneira consistente. Essa mediunidade simbolizada na histria
de Eva sucumbindo s artimanhas da serpente; de Pandora espremendo a caixa proibida e
deixando escapar ao mundo a tristeza e o mal, e por Maria Madalena, que depois de ter sido
obsedada por `sete demnios', foi finalmente redimida pela luta vitoriosa de seu esprito
imortal, tocado pela presena de um santo mediador, contra o obsessor". Essa mediunidade,
benfica ou malfica, sempre passiva. Felizes so os puros de esprito, que repelem
inconscientemente, graas pureza de sua natureza interior, os sombrios espritos do mal.
Pois na verdade eles no tm outras armas de defesa a no ser a bondade e a pureza inata. A
mediunidade, tal como praticada em nossos dias, um dom bem menos admirvel do que
o manto de Nesso.
"Conhece-se a rvores por seus frutos." Lado a lado com os mdiuns passivos no progresso
da histria do mundo, aparecem os mediadores ativos. Ns os designamos por esse nome
falta de um melhor. Os antigos feiticeiros e mgicos, e os que tinham um "esprito
familiar", comerciavam com os seus dons; e a mulher de Obeah de En-Dor, to bem
retratado por Henbry More, embora ela possa ter sacrificado um filhote para Saul, aceitava
dinheiro de outros visitantes. Na ndia, os prestidigitadores, que, diga-se de passagem, o so
menos do que muitos mdiuns modernos, e os Essaoua, ou feiticeiros e encantadores de
serpentes da sia e da frica, todos exercem seus dons por causa do dinheiro. No se d o
mesmo com os mediadores ou hierofantes. Buddha recusou o trono do pai para ser um
mendicante. O "Filho do Homem no tinha onde repousar a cabea"; os apstolos eleitos
no tinham "nem ouro, nem prata, nem bronze em sua bolsas". Apolnio deu metade de sua
fortuna a seus familiares, e a outra metade aos pobres; Jmblico e Plotino eram clebres por
sua caridade e abnegao; os faquires, ou santos mendicantes da ndia, so fielmente
descritos por Jacolliot; os essnios pitagricos e os terapeutas acreditavam que suas mos
definhariam ao contato com o dinheiro. Quando ofereciam dinheiro aos apstolos para que
comunicassem seus poderes espirituais, Pedro, embora a Bblia o mostre como um covarde
e por trs vezes como um renegado, repelia indignado a oferta, dizendo: "Que teu dinheiro
perea contigo, pois pensas que o dom do Senhor pode ser comprado com dinheiro". Esses

homens eram mediadores, guiados apenas por seu prprio esprito pessoal, ou alma divina,
e servindo-se da ajuda de espritos apenas at onde estes se conservassem no bom caminho.
Longe de ns o pensamento de lanar uma mcula injusta sobre os mdiuns fsicos.
Exauridos por diversas inteligncias, reduzidos pela influncia predominante dos espritos qual suas naturezas fracas e nervosas so incapazes de resistir - a um estado mrbido, que
ao fim se torna crnico, eles so impedidos por essas "influncias" de assumir outra
ocupao. Eles se tornam mental e fisicamente incapazes para qualquer outra atividade.
Quem pode julg-los severamente quando, lanados numa situao extrema, so
constrangidos a aceitar a mediunidade como um negcio? E o cu sabe, como bem o
demonstraram os ltimos acontecimentos, se essa profisso deve ser invejada por quem
quer que seja! No so os mdiuns, os mdiuns leais, verdadeiros e honestos que jamais
censuraramos, mas seus patres, os espiritistas.
Diz-se que Plotino, quando lhe pediram que assistisse adorao pblica dos deuses,
respondeu altivamente: "Cabe a eles (os espritos) virem a mim". Jmblico afirmava e
provava, por seu prprio caso, que nossa alma pode atingir a comunho com as
inteligncias superiores, de "natureza mais elevada que a nossa prpria", e expulsava
cuidadosamente de suas cerimnias tergicas todos os espritos inferiores, ou maus
demnios, que ele ensinava os discpulos a reconhecer. Proclo, que "elaborou toda a
teosofia e a teurgia de seus predecessores num sistema completo", de acordo com o Prof.
Wilder, "acreditava com Jmblico na possibilidade de obter um poder divino, que,
ultrapassando a vida mundana, tornava o indivduo um rgo da Divindade". Ele ensinava
ainda que havia uma "senha mstica que conduziria uma pessoa de uma ordem de seres
espirituais a outra, mais e mais alto, at que ela chegasse ao divino absoluto". Apolnio
desprezava os feiticeiros e os "adivinhos vulgares", e afirmava que era o seu "modo de vida
sbrio peculiar" que "produziu a acuidade dos sentidos e criou outras faculdades, de modo
que coisas maiores e mais notveis podiam ter lugar". Jesus proclamava ser o homem o
senhor do Sabbath, e ao seu comando os espritos terrestres e elementares fugiam de suas
moradas temporrias; um poder que foi partilhado por Apolnio e por muitos da Irmandade
dos Essnios da Judia e do Monte Carmelo.
inegvel que deve ter havido boas razes para que os antigos perseguissem os mdiuns
desregrados. De outro modo, por que, ao tempo de Moiss e Davi e Samuel, teriam eles
encontrado a profecia e a premonio, a Astrologia e a adivinhao, e mantido escolas e
colgios nos quais esses dons naturais eram fortificados e desenvolvidos, ao passo que os
feiticeiros e os que adivinhavam pelo esprito de Ob (Ob - Hebreu - A Luz astral, melhor
dizendo, suas correntes daninhas, personificadas para os judeus como um Esprito, o
Esprito de Ob.) foram condenados morte? Mesmo ao tempo de Cristo, os pobres mdiuns
oprimidos foram lanados nos tmulos e lugares desertos fora dos muros da cidade. Por que
essas injurias aparentemente grosseira? Por que o banimento, a perseguio e a morte terem
sido a paga dos mdiuns fsicos daqueles dias, e todas as comunidades de taumaturgos como os essnios - serem no apenas toleradas, mas reverenciadas porque os antigos, ao
contrrio de ns, podiam "provar" os espritos e discernir a diferena entre espritos bons e
maus, os humanos e os elementais. Eles tambm sabiam que o relacionamento com
espritos desregrados trazia runa para o indivduo e desastre para a comunidade.
Essa maneira de ver a mediunidade pode ser inslita e talvez repugnante a muitos
espiritistas modernos; mas a viso ensinada na filosofia antiga, e demonstrada pela
experincia da Humanidade desde tempos imemoriais.
As qualidades do mdium e as manifestaes espritas

um erro dizer que um mdium tem poderes desenvolvidos. Um mdium passivo no tem
poder. Ele tem uma certa condio moral e fsica que produz emanaes, ou uma aura, na
qual as inteligncias que o guiam podem viver e pela qual elas se manifestam. Ele apenas
o veculo atravs do qual elas exercem seu poder. Essa aura varia dia a dia, e, segundo as
experincias do Sr. Crookes, mesmo de hora em hora. um efeito externo que resulta de
causas internas. A condio moral do mdium determina a espcie dos espritos que vm; e
os espritos que vm influenciam reciprocamente o mdium, intelectual, fsica e
moralmente. A perfeio de sua mediunidade est na razo da sua passividade, e o perigo
em que ele incorre est no mesmo grau. Quando ele est completamente "desenvolvido" perfeitamente passivo -, o seu prprio esprito astral pode ser paralisado, mesmo retirado de
seu corpo, que ento ocupado por um elemental, ou, o que pior, por um monstro
humano da oitava esfera, que dele se serve como se fosse o seu prprio corpo. Muito
freqentemente a causa dos crimes clebres deve ser procurada em tais possesses.
Como a mediunidade fsica depende da passividade, o seu antdoto bvio; o mdium deve
cessar de ser passivo. Os espritos nunca controlam pessoas de carter positivo que esto
determinadas a resistir a todas as influncias estranhas. Levam ao vcio os fracos e os
pobres de esprito que eles conseguem levar ao vcio. Se os elementais que produzem
milagres e os demnios desencarnados chamados de elementares fossem de fato os anjos
guardies, como se acreditou nos ltimos trinta anos, por que no deram eles a seus
mdiuns fieis pelo menos boa sade e felicidade domstica? Por que os abandonam nos
momentos crticos do julgamento, quando acusados de fraude? notrio que os melhores
mdiuns fsicos so doentios, ou, s vezes, o que ainda pior, inclinados a um ou outro
vcio anormal. Por que esses "guias" curadores, que fazem seus mdiuns exercerem o papel
de terapeutas e taumaturgos para outros, no lhes do a ddiva de um robusto vigor fsico?
Os antigos taumaturgos e os apstolos gozavam geralmente, se no invariavelmente, de boa
sade; seu magnetismo nunca trazia ao doente qualquer mcula fsica ou moral; e eles
nunca foram acusados de VAMPIRISMO, como o faz muito justamente um jornal esprita
contra alguns mdiuns curadores.
Se aplicarmos a lei acima da mediunidade e da mediao ao tema da levitao, com que
abrimos a presente discusso, que descobriremos? Temos aqui um mdium e um indivduo
da classe dos mediadores, ambos levitados - o primeiro numa sesso, o segundo em orao
ou em contemplao esttica. O mdium, por ser passivo, deve ser elevado; o esttico, por
ser ativo, deve levitar a si prprio. O primeiro elevado por seus espritos familiares quaisquer que sejam eles e onde quer que se encontrem -, o segundo, pelo poder de sua
prpria alma anelante. Podemos qualific-los indiscriminadamente de mdiuns?
Poder-se-ia objetar, no entanto, que os mesmos fenmenos so produzidos tanto na
presena de um mdium moderno como na de um santo antigo. Sem dvida; e assim era
tambm nos dias de Moiss; pois acreditamos que o triunfo sobre os mgicos do Fara por
ele proclamado no xodo simplesmente uma fanfarronice nacional da parte do "povo
eleito". Que o poder que produziu os seus fenmenos produziu tambm o dos mgicos, os
quais foram, alis, os primeiros tutores de Moiss e o instruram em sua "sabedoria",
muito provvel. Mas mesmo naqueles dias eles parecem ter bem apreciado a diferena entre
fenmenos aparentemente idnticos. A divindade tutelar nacional dos hebreus (que no o
Pai Supremo), (O Velho Testamento menciona um culto prestado pelos israelitas a mais de
um deus. O El Sahddai de Abrao e Jac no era o Jeov de Moiss, ou o Senhor Deus
reverenciado por eles durante os quarenta anos no deserto. E o Deus do Exrcito de Ams
no , se devemos acreditar em suas prprias palavras, o Deus Mosaico, a divindade sinata,

pois eis o que est escrito: "Eu odeio, eu desprezo as vossas festas (...) no me agradam as
vossas oferendas (...) Por acaso ofereceste-me sacrifcios e oferendas no deserto, durante
quarenta anos, casa de Israel? (...) No, mas fabricastes o tabernculo de vosso Maloch e
de vosso Chiun [Saturno], vossas imagens, estrela de vossos deuses, que fabricastes para
vs (...) Por isso, vos deportarei (...) disse o Senhor, cujo nome O Deus dos Exrcitos"
(Ams, V, 21-7.) probe expressamente, no Deuteronio, o seu povo de "imitar as
abominaes de outras naes. (...) passar pelo fogo, ou utilizar a adivinhao, ou ser um
observador do tempo ou um encantador, ou um mago, ou um consultor de espritos
familiares, ou um necromancista".
Que diferena havia ento entre os fenmenos que acima enumeramos quando produzidos
pelas "outras naes" e quando realizados pelos profetas? Evidentemente, havia alguma boa
razo para isso; e encontramo-lo na Primeira Epstola, IV, de Joo, que diz: "No acrediteis
em qualquer esprito, mas provai os espritos para saber se vm de Deus, porque muitos
falsos profetas se introduziram no mundo".
O nico padro ao alcance dos espiritistas e dos mdiuns de hoje pelo qual eles podem
provar os espritos julgar: 1) por suas aes e palavras; 2) por sua prontido em
manifestar-se; e 3) se o objeto em vista digno da apario de um "esprito desencarnado,
ou se pode desculpar algum por perturbar os mortos". Saul estava a ponto de destruir a si e
a seus filhos, mas Samuel lhe perguntou: "Por que me incomodaste fazendo-me subir?".
Mas as "inteligncias" que visitam as salas de sesso esprita acorrem ao primeiro sinal de
qualquer farsante que procura um passatempo para a sua ociosidade.
Exceto, a histria de Saul e Samuel, no se encontra um nico exemplo na Bblia da
"evocao dos mortos". No que concerne sua legalidade, a assero contraditada por
todos os profetas. Moiss decretou a pena de morte para aqueles que evocam os espritos
dos mortos, os "necromancistas". Em nenhum lugar do Velho Testamento, nem em Homero,
nem em Virglio a comunho com os mortos qualificada a no ser como necromancia.
Flon, o Judeu, faz Saul dizer que se ele banisse da face da Terra todos os adivinhos e
necromancistas o seu nome lhe sobreviveria.
Uma das maiores razes para isso era a doutrina dos antigos, segundo a qual nenhuma alma
provinha da "morada dos eleitos" retornar Terra, salvo nas raras ocasies em que a sua
apario poderia ser solicitada para realizar algum grande objetivo em vista, e assim trazer
algum benefcio para a Humanidade. Neste ltimo caso a "alma" no precisa ser evocada.
Ela envia a sua poderosa mensagem ou por um simulacro evanescente de si mesma, ou por
intermdio de mensageiro, que podem aparecer sob forma material, e personificar fielmente
o falecido. As almas que podiam ser evocadas to facilmente eram consideradas como um
comrcio pouco til e no isento de perigo. Eram as almas, ou as larvae provindas da regio
infernal do limbo - o Sheol, as regio conhecida pelos cabalistas como a oitava esfera, mas
muito diferente do Inferno ou Hades ortodoxo dos antigos mitologistas. Horcio descreve
essa evocao e a cerimnia que a acompanha, a Maimnides d-nos detalhes do rito judeu,
Toda cerimnia necromnticas era realizada em lugares elevados e em montanhas, e o
sangue era utilizado para aplacar esses vampiros humanos.
"As almas", diz Porfrio, "preferem, a tudo mais, sangue fresco derramado, que parece
restaurar-lhes por algum tempo certas faculdades da vida."
Quando s materializaes, elas so profundamente relatadas nos textos sagrados. Mas,
eram operadas sob as mesmas condies que nas sesses modernas? A escurido, ao que
parece, no era requerida naqueles dias de patriarcas e de poderes mgicos. Os trs anjos
que apareceram a Abro beberam plena luz do dia, pois "ele estava sentado na entrada da

tenda, no calor do dia", diz o livro de Gnese. Os espritos de Elias e de Moiss apareceram
igualmente luz do dia, e no provvel que Cristo e os Apstolos estivessem escalando
uma montanha durante a noite. Jesus apresentado aparecendo a Maria Madalena no
jardim. s primeiras horas do dia; aos Apstolos, em trs momentos distintos, e geralmente
de dia; uma vez "quando j amanhecera". Mesmo quando o asno de Balaam viu o anjo
"materializado", estava-se plena luz da Lua.
Estamos dispostos a concordar com o autor em questo em que encontramos na vida de
Cristo - e, podemos acrescentar, no Velho Testamento tambm - "um relato ininterrupto das
manifestaes psquicas", mas nada sobre as medinicas, de carter fsico, se excetuarmos a
visita de Saul a Sedecla, a mulher Obeah de En-Dor. Essa distino de vital importncia.
De fato, a promessa do Mestre foi claramente expressa: "Em verdade, realizareis obras
maiores do que estas", obras de mediao. De acordo com Joel, o tempo vir em que haver
uma expanso do esprito divino: "Vossos filhos e vossas filhas", diz ele, "profetizaro,
vossos velhos vero sonhos, vossos jovens tero vises". O tempo chegou e eles fazem
todas essas coisas agora; o Espiritismo tem seus videntes e mrtires, seus profetas e
curadores. Como Moiss, e Davi, e Joram, existem mdiuns que recebem comunicaes
escritas de autnticos espritos planetrios e humanos.
H poucos, pouqussimos, oradores na tribuna esprita que falam por inspirao, e, se
sabem o que diz, eles esto no estado descrito por Daniel: "No me restou fora alguma.
Ouvi ento o som de suas palavras: e ao ouvir o som de suas palavras, adormeci
profundamente". E h mdiuns, esses de que falamos, para os quais a profecia de Samuel
poderia ter sido escrita: "O esprito do Senhor vir sobre ti, e entrars em delrio com ele e
te transformars em outro homem". Mas onde, na longa lista de prodgios da Bblia,
podemos ler sobre guitarras voadoras, tambores ressonantes, e sinos batendo, oferecidos em
quartos imersos em profunda escurido como prova da imortalidade?
Quando Cristo foi acusado de expulsar os demnios pelo poder de Belzebu, ele o negou, e
replicou amargamente perguntando: "Por qual poder vossos filhos e discpulos os
expulsaram?" Os espiritistas afirma que Jesus era um mdium, que ele era controlado por
um ou muitos espritos; mas quando a imputao lhe foi feita diretamente, ele disse que
nada tinha a ver com isso. "No temos razo em dizer que s um samaritano, e que tens um
demnio?" [daimonion, um Obeah, ou esprito familiar no texto hebraico]. Jesus respondeu,
"Eu no tenho demnio".
Deus geometriza: diz Plato. A energia misteriosa irradiada do Ponto Zero ou Laya
"Prenda-te , diz o alquimista, "s quatro letras do tetragrama dispostas da seguinte maneira:
As letras do nome inefvel esto a, embora no possas distingui-las de incio. O axioma
incomunicvel est cabalisticamente nele encerrado, e isso o que os mestres chamam de
mgico." O arcano - as quatro emanaes do kasa, o princpio de VIDA, que
representado em sua terceira transmutao pelo Sol ardente, o olho do mundo, ou de Osres,
como os egpcios o chamavam. Um olho que vela ternamente a sua filha mais jovem,
esposa, e irm - sis, nossa me Terra. Vede o que Hermes, o mestre trs vezes grande, diz a
respeito dela: "Seu pai o Sol, sua me a Lua". Ele a atrai e acaricia, e ento a repele por
uma fora impulsora. Cabe ao estudante hermtico observar seus movimentos, agarrar suas
correntes sutis, guiar e dirigi-las com a ajuda do atanor, a alavanca de Arquimedes do
alquimista. O que este misterioso atanor? Pode o fsico dizer-nos - ele que o v e observa
diariamente? Sim, ele o v; mas compreende ele os caracteres secretamente cifrados
traados por um dedo divino sobre toda concha do mar na profundeza dos oceanos; sobre

toda folha que treme na brisa; na estrela brilhante cujas linhas estelares no passam aos
seus olhos de linhas mais ou menos luminosas de hidrognio?
"Deus geometriza", disse Plato. "As lei da Natureza so os pensamentos de Deus",
exclama Orsted, h 2.000 anos. "Seus pensamentos so imutveis", repetia o estudante
solitrio da tradio hermtica, " por isso que devemos procurar a Verdade na harmonia e
no equilbrio perfeito de todas as coisas." E assim, procedendo da unidade indivisvel, ele
descobre duas foras contrrias, que emanam dela, cada uma agindo sobre a outra e
produzindo o equilbrio, e as trs so apenas uma, a Mnada Eterna Pitagrica. O ponto
primordial um crculo; o crculo, quadrando-se a partir dos quatro pontos cardiais, tornase quaternrio, o quadrado perfeito, tendo em cada um de seus quatro ngulos uma letra do
nome mirfico, o Tetragrama sagrado. So os quatro Buddhas que vieram e passaram; a
Tetraktys pitagrica - absorvida e transformada pelo nico NO-SER eterno.
A tradio declara que sobre o cadver de Hermes, em Hebron, um Isarim, um iniciado,
descobriu a tbua conhecida como Smaragdine. Ela contm, em algumas sentenas, a
essncia da sabedoria hermtica. quele que os lem apenas com os olhos do corpo, os
preceitos nada sugeriro de novo ou extraordinrio, pois ela comea simplesmente por dizer
que no fala de coisas fictcias, mas do que verdadeiro e certo.
"O que est embaixo igual ao que est em cima, e o que est em cima semelhante ao que
est embaixo para realizar os prodgios de uma coisa.
"Assim como todas as coisas foram produzidas pela mediao de um ser, de igual maneira
todas as coisas foram produzidas a partir deste por adaptao.
"Seu pai o Sol; sua me a Lua.
" a causa de toda perfeio por toda a Terra.
"Seu poder perfeito, se ela se transforma em terra.
"Separai a terra do fogo, o sutil do grosseiro, agindo com prudncia e bom senso.
"Subi com a maior sagacidade da Terra ao cu, e ento descei novamente Terra, e reuni o
poder das coisas inferiores e superiores; possuireis assim a luz de todo o mundo, e toda
obscuridade afastar-se- de vs.
"Essa coisa tem mais fora do que a prpria fora, porque ela dominar toda coisa sutil e
penetrar toda coisa slida.
"Por ela foi o mundo formado (...)".
Essa coisa misteriosa o agente universal, mgico, a Luz Astral, que, pela correlao de
suas foras, fornece o alkahest, a pedra filosofal, e o elixir da vida a filosofia hermtica
chama-o Azoth, a alma do mundo, a virgem celeste, o grande Magnes, etc., etc. A cincia
fsica conhece-a como "calor, luz, eletricidade e magnetismo"; mas ignorando as suas
propriedades espirituais e o poder oculto contido no ter, rejeita tudo que ignora. Ela
explica e retrata as formas cristalinas dos flocos de neve, suas modificaes de um prisma
hexagonal que produz uma infinidade de agulhas delicadas. Ela as estudou to
perfeitamente que calculou, com a mais extraordinria exatido matemtica, que todas
essas agulhas divergem uma das outras por um ngulo de 60. Pode ela dizer-nos a causa
dessa "infinita variedade de formas estranhas", cada uma das quais um si uma figura
geomtrica perfeita? Essas corolas congeladas, semelhantes a estrelas e flores, podem ser,
ao que supe a cincia materialista, uma chuva de mensagens derramadas por mos
espirituais dos mundos superiores para os olhos espirituais inferiores lerem.
A cruz filosfica, as duas linhas que correm em direo opostas, a horizontal e a
perpendicular, a altura e a largura, que a Divindade geometrizante divide um ponto de
interseo, e que forma tanto o quaternrio mgico quanto o cientfico, quando inscrito no

quadrado perfeito, a base do ocultista. Em seu recinto mstico repousa a chave mestra que
abra a porta de toda cincia, tanto fsica como espiritual. Ela simboliza nossa existncia
humana, pois o crculo da vida circunscreve os quatro pontos da cruz, que representa
sucessivamente o nascimento, a vida, a morte e a IMORTALIDADE. Tudo neste mundo
uma trindade completada pelo quaternrio, e todo elemento divisvel segundo este mesmo
princpio. A Filosofia pode dividir o homem ad infinitum, assim como a cincia fsica
dividiu os quatro elementos primeiros e principais em vrias dezenas de outros; ela no
conseguir modificar nenhum. Nascimento, vida e morte sero uma trindade completa
apenas ao fim do ciclo. Mesmo que a cincia consiga modificar a imortalidade desejada em
aniquilao, ela sempre ser uma quaternrio, pois Deus "geometriza"!
um axioma hermtico o de que "a causa do esplendor e da variedade das cores mergulha
profundamente nas afinidades da Natureza; existe uma aliana singular e misteriosa entre as
cores e sons". Os cabalistas pem a sua "natureza mdia" em relao direta com a Luz; e o
raio verdade ocupa o ponto central entre outros, sendo colocado no meio do espectro. Os
sacerdotes egpcios cantavam as sete vogais com um hino dirigido a Serapis; e ao som da
stima vogal, e ao "stimo raio" do Sol levante, a esttua de Memnon respondia. As
recentes descobertas demonstram as maravilhosas propriedades da luz azul-violeta - o
stimo raio do espectro prismtico, quimicamente o mais poderoso de todos, que
corresponde nota mais alta da escala musical. A teoria Rosa-cruz de que todo o universo
um instrumento musical a doutrina pitagrica da msica das esferas. Os sons e as cores
so nmeros espirituais; assim como os sete raios prismticos procedem de um ponto do
cu, do mesmo modo os sete poderes da Natureza, cada um deles um nmero, so as sete
radiaes da Unidade, o Sol espiritual central.
"Feliz aquele que compreende os nmeros espirituais e que percebe a sua poderosa
influncia!", exclama Plato. E feliz, podemos acrescentar, aquele que, percorrendo o
labirinto da correlao de foras, no esquece de remont-las ao Sol invisvel!
Os espritos elementais
"Os fenmenos psquicos", quando ocorriam parte dos ritos religiosos, na ndia, no Japo,
no Tibete, no Sio, e outros pases "pagos", fenmenos centenas de vezes mais diversos e
estonteantes do que jamais vistos na Europa ou na Amrica civilizada, nunca foram
atribudos aos espritos dos mortos. Os pitris nada tm a fazer em tais exibies pblicas. E
basta-nos apenas consultar a lista dos principais demnios ou espritos elementais para
descobrir que os seus prprios nomes indicam as suas profisses, ou, para diz-lo mais
claramente, o truque a que cada variedade deles mais afeita. Temos assim o Mdana, um
nome genrico que indica os espritos elementais perversos, metade burros, metade
monstros, pois Mdana significa aquele que olha como uma vaca. Ele amigo dos
feiticeiros maliciosos e ajuda-os a realizar os seus desgnios demonacos de vingana
atacando os homens e o gado com doena e mortes sbitas.
O Sudla-mdana, ou demnio do cemitrio, corresponde aos nossos vampiros. Ele se
compraz com os locais em que crimes e assassnios foram cometidos, junto aos tmulos e
aos lugares de execuo. Ele ajuda o prestidigitador em todos os fenmenos do fogo assim
como Kutti Shttana, os diabretes trampolineiros. Sudala, dizem eles, um demnio
metade de fogo, metade de gua, pois ele recebeu de Shiva permisso para assumir
qualquer forma que desejasse e transformar uma coisa em outra; e quando no est no fogo,
ele est na gua. ele que impede as pessoas "de verem o que no vem". O Sula-mdana
outro fantasma turbulento. Ele o demnio da fornalha, experiente na arte de moldar e de
cozer. Se vs tornais seus amigos, ele no vos injuriar; mas ai daquele que cai em sua ira.

Sula significa cumprimentos e lisonjas, e porque ele geralmente se mantm sob a terra,
para ele que um prestidigitador deve olhar para obter ajuda para extrair uma rvore de uma
semente num quarto de hora e fazer desabrochar os seus frutos.
Kumila-mdana a prpria ondina. um esprito elemental da gua, e seu nome significa
rebentar como uma bolha. um diabrete muito amigo e alegre, e auxiliar um amigo em
qualquer coisa relativa sua esfera; far chover e mostrar o futuro e o presente quele que
recorrerem hidromancia ou adivinhao por gua.
Poruth-mdana o demnio "lutador"; ele o forte de todos; e sempre que h faanhas em
que a fora fsica requerida, tais como as levitaes, ou a domesticao de animais
selvagens, ele auxiliar o realizador mantendo-o sobre o solo ou subjugar uma fera
selvagem antes que o domador tenha tempo de pronunciar seu encantamento. Assim, todas
as "manifestaes fsicas" tm a sua prpria classe de espritos elementais para
supervision-las.
A levitao de um mdium, seria um fenmeno puramente mecnico. O corpo inerte do
mdium passivo elevado por um vrtice criado seja pelos espritos elementais possivelmente, em alguns casos, por espritos humanos, e s vezes por meio de causas
mrbidas, como nos casos de sonmbulos doentes do Prof. Perty. A levitao do adepto ,
ao contrrio, um efeito eletromagntico. Ele tornou a polaridade de seu corpo oposta da
atmosfera (dizemos campos magntico da Terra), e idntica da Terra; por conseguinte,
atrada pela primeira, mantendo a conscincia nesse nterim. Uma levitao fenomnica
dessa natureza possvel tambm quando a doena modificou a polaridade corporal de um
paciente, pois ela o faz sempre em grau maior ou menor. Mas, em tal caso, a pessoa
levitada no teria provavelmente conscincia de seu ato.
Os adeptos da cincia hermtica conhecem to bem esse princpio que explicam a levitao
de seus prprios corpos, quando ela ocorre de modo imprevisto, dizendo que o pensamento
est fixado to intensamente sobre um ponto sobre eles que, quando o corpo est totalmente
imbudo de fora astral, ele segue a aspirao mental, e eleva-se no espao to facilmente
quanto uma rolha, mantida sob a gua, se eleva superfcie quando a sua fora ascensional
lhe permite faz-lo. A vertigem que algumas pessoas sentem quando esto beira de um
abismo explica-se pelo mesmo princpio. As crianas que tm pouca ou nenhuma
imaginao ativa, e em quem a experincia no teve tempo suficiente para incutir medo,
raramente, ou nunca, se atordoam; mas o adulto de um certo temperamento mental, vendo o
abismo e pintando em sua fantasia imaginativa as conseqncias da queda, deixa-se levar
pela atrao da Terra, e a menos que o encanto da fascinao seja quebrado, seu corpo lhe
seguir o pensamento at o fundo do precipcio.
Que essa vertigem puramente um caso de temperamento prova-o o fato de que algumas
pessoas nunca experimentaram a sensao, e a pesquisa provavelmente revelar que tais
pessoas so desprovidas da faculdade imaginativa. Temos um caso em mente - um
cavalheiro que, em 1858, tinha tanto sangue frio que horrorizou as testemunhas
permanecendo sobre a cimalha do Arc de Triomple, em Paris, com os braos cruzados, e os
ps semi-elevados sobre a borda; mas, depois, sofrendo de miopia, foi tomado de pnico ao
tentar cruzar uma passarela de mais de dois ps e meio de largura, que no oferecia perigo
algum. Ele olhava para o cho, dava livre curso sua imaginao, e cairia se no se
sentasse rapidamente.

sis Sem Vu - Captulo XIV


Captulo XIV
A sabedoria egpcia. A origem dos egipcios
Como se deu o Egito a conhecer? Quando rompeu a aurora daquela civilizao, cuja
perfeio assombrosa sugerida pelas peas e fragmentos que os arquelogos nos
fornecem? Ai de ns! os lbios de Memnon esto selados e no mais emitem orculos; a
Esfinge tornou-se, com sua mudez, uma charada maior do que o enigma proposto a dipo.
O que o Egito ensinou a outros, ele certamente no o conseguiu pelo intercmbio de idias
e de descobertas com os seus vizinhos semitas, nem deles recebeu estmulo. "Quanto mais
aprendemos dos egpcios", observa o autor de um artigo recente, "mais maravilhoso eles
parecem ser!" De quem teria o Egito aprendido as suas artes assombrosas, cujos segredos
morreram com ele? Ele no enviou agentes a todas as partes do mundo para aprender o que
os outros sabiam; mas os sbios das naes vizinhas recorreram a ele para lograr o
conhecimento. Encerrando-se orgulhosamente em seu domnio encantado, a formosa rainha
do deserto criou maravilhas como que por artes de uma varinha mgica. "Nada", "prova que
a civilizao e o conhecimento nasceram e prosperaram como ele como no caso de outros
povos, mas tudo parece aplicar-se com a mesma perfeio, s datas mais antigas.
To longe quanto possamos retroceder na Histria, at o reino de Menes, o mais antigo dos
reis sobre o qual conhecemos alguma coisa, encontramos provas de que os egpcios
estavam mais familiarizados com a Hidrosttica e com a Engenharia Hidrulica do que ns
prprios. A obra gigantesca de inverter o curso do Nilo - ou antes, do principal dos seus
braos - e de lev-lo a Mnfis foi realizada durante o reinado desse monarca, que nos
parece to distanciado no abismo do tempo quanto uma estrela que brilha no ponto mais
longnquo da abbada celeste. Diz Wilkinson: "Menes calculou exatamente a resistncia
que era preciso vencer e construiu um dique cujas barreiras grandiosas e aterros enormes
levaram a gua para a direo leste e desde aquela poca o rio est contido no seus novo
leito". Herdoto deixou-nos uma descrio potica mas precisa do lago Moeris, que leva o
nome do Fara que obrigou que este lenol artificial se formasse.
O historiador, na sua descrio, afirma que esse lago media cerca de 724.000 metros de
circunferncia e 90 de profundidade. Era alimentado, atravs de canais artificiais, pelo Nilo
e servia para reservar uma parte do transbordamento anual para irrigao das terras que se
situavam muitas milhas ao seu redor. Os seus portes, as suas represas e as suas eclusas
contra enchentes e os mecanismos apropriados foram construdos com a maior habilidade.
As punjantes obras de engenharia egpcia
Se voltarmos agora para a arquitetura, veremos passar diante de nossos olhos maravilhas
indescritveis. Referindo-se aos templos de Philae, Abu Simbel, Dendera, Edfu e Karnak, o
Prof. Carpenter observa que "essas construes estupendas e belas (...) essa pirmides e
esses templos gigantescos" tm "uma vastido e uma beleza" que "ainda impressionam
aps o lapso de muitos milhares de anos". Ele est assombrado com "o carter admirvel do
acabamento da obra; as pedras, em muitos casos, foram assentadas com uma exatido to
surpreendente, que dificilmente uma faca poderia infiltrar-se entre as juntas". Observou em
sua peregrinao arqueolgica diletante uma daquelas "curiosas coincidncias" que Sua
Santidade, o Papa, acharia interessante de estudo. Ele est falando do Livro dos mortos
egpcio, esculpido sobre os velhos monumentos, e da crena antiga na imortalidade da
alma. "Ora, mais extraordinrio", diz o professor, "notar que no s esta crena, mas

tambm a linguagem em que ela era expressa poca do Egito antigo, antecipou a da
revelao crist. Pois nesse Livro dos mortos so utilizadas frases que encontramos no
Novo Testamento em relao ao do Juzo Final; e ele admite que este hierograma foi
"gravado, provavelmente, 2.000 anos antes da Era de Cristo."
De acordo com Bunsen, de quem se diz ter feito os clculos mais perfeitos, a massa de
alvenaria da pirmide de Quops mede 8.651.655 metros e pesaria 6.316.000 toneladas. A
quantidade imensa de pedras quadradas mostra-nos a habilidade sem paralelo dos pedreiros
egpcios. Falando da grande pirmide, Kenrick diz: "As juntas so mal perceptveis, no
mais largas do que a espessura da folha de papel prateado e o cimento to retentivo, que
fragmentos de pedras do revestimento continuam na sua posio original, apesar do lapso
de muitos sculos e da violncia com que elas foram retiradas".
"A habilidade dos antigos pedreiros", diz Bunsen, "revela-se acentuadamente na extrao
de blocos gigantescos, dos quais foram cortados obeliscos e esttuas colossais - obeliscos
de cerca de 27 metros de altura e esttuas de aproximadamente 20 metros, feitos de uma
pedra!" H muito mais. Eles no dinamitavam os blocos para esses monumentos, mas
adotaram o seguinte mtodo cientfico: em vez de usar grandes cunhas de ferro, que
poderiam ter rachado a pedra, "eles cavaram um pequeno sulco por toda a extenso de,
talvez, 30 metros, e a inseriam, prximas umas das outras, um grande nmero de estacas
de madeira seca, depois, despejavam gua no sulco e as cunhas, inchando e estourando
simultaneamente, com uma fora tremenda, rompiam a pedra gigantesca, simplesmente
como um diamante corta um vidro".
Os gegrafos e os gelogos modernos demostraram que esse monlitos foram trazidos de
uma distncia prodigiosa e ficaram confusos nas suas conjecturas sobre como o transporte
teria sido efetuado. Os velhos manuscritos dizem que isso foi feito com a ajuda de trilhos
portteis. Estes repousavam sobre bolsas infladas feitas de couro tornado indestrutvel pelo
mesmo processo usado para preservar as mmias. Esses engenhosos colches de ar
evitavam que os trilhos afundassem na areia profunda. Manetho menciona-os e observa que
eles eram to bem-preparados, que poderiam resistir, por muitos sculos, deteriorao.
A data das centenas de pirmides do vale do Nilo impossvel de ser fixada por qualquer
uma das regras da cincia moderna; mas Herdoto informa-nos que cada rei erigiu uma
delas para comemorar o seu reino e servir como seu sepulcro. Mas Herdoto no disse
tudo, embora ele soubesse que o objetivo real da pirmide era muito diferente daquele que
ele atribui. no fossem os seus escrpulos religiosos, ele teria podido acrescentar que,
externamente, ela simbolizava o princpio criativo da Natureza e tambm ilustrava os
princpios de Geometria, Matemtica, Astrologia e Astronomia. Internamente, era um
templo majestoso, em cujos recessos sombrios eram realizados os mistrios e cujas paredes
freqentemente testemunhavam as cenas de iniciao dos membros da famlia real. O
sarcfago prfiro, que o Prof. Piazzi Smyth, Astronomer-Royalnovo e da Esccia, reduz
condio de um grande caixote para armazenar cereais, era a pia batismal da qual emergia o
nefito, que ento "nascia de novo" e se tornava um adepto.
A antiga nao dos faras
Um dos Livros de Hermes afirma que uma das pirmides repousa sobre uma paia martima,
"cujas ondas arremetem com fria poderosa contra a sua base". Isto implica que as
caractersticas geogrficas do pas se modificaram e pode indicar que devemos atribuir a
esses "celeiros", "observatrios mgico-astrolgico" e "sepulcros reais" um origem que
antecedeu o sublevantamento do Saara e de outros desertos. Isto tambm implicaria uma

antiguidade maior do que os poucos milnios de anos to generosamente atribudos a elas


pelos egiptlogos.
Mas, apesar de tudo, a mo impiedosa do tempo caiu pesadamente sobre os monumentos
egpcios que alguns deles teriam cado no esquecimento no fossem os Livros de Hermes.
Rei aps rei e dinastia passaram num cortejo cintilante diante dos olhos de gerao
sucessivas e suas famas se espalharam pelo globo habitvel. O mesmo manto de
esquecimento caiu sobre eles e igualmente sobre os seus monumentos, antes que a primeira
de nossas autoridades histricas, Herdoto, preservasse, para a posteridade, a lembrana
daquela maravilha do mundo, o grande Labirinto. A cronologia bblica, aceita desde h
muito tempo, limitou tanto as mentes no s do clero, mas tambm de nossos cientistas mal
desagrilhoados, que, no tratamento dos retos pr-histricos de diferentes partes do mundo,
se pode perceber neles um medo constante de ultrapassar o perodo de 6.000 anos at agora
admitido pela Teologia como a idade do mundo.
Herdoto j mencionou o Labirinto em runas; no obstante, a sua admirao pelo gnio
dos seus construtores no conheceu limites. Considerou-o muito mais maravilhoso do que
as prprias pirmides e, como testemunha ocular que foi, descreve-o minuciosamente. Os
eruditos franceses e prussianos, bem como outros egiptologistas, concordam quanto sua
localizao e identificaram as suas nobres runas. Alm disso, confirmam a narrativa feita
pelo velho historiador. Herdoto diz que encontrou ali 3 cmaras, metade ao nvel do cho
e metade abaixo dele. "As cmaras superiores", diz ele, "eu mesmo as percorri e examinei
em detalhes. Nas subterrneas [que devem existir at hoje, como sabem todos os
arquelogos] os guardas do edifcio no me deixaram entrar, pois ele as contm os
sepulcros dos reis que construram o Labirinto e tambm os dos crocodilos sagrados. As
cmaras superiores, eu as vi e examinei com os meus prprios olhos e acho que elas
excedem todas as outras obras humanas." Na traduo de Rawlinson, Herdoto diz: "As
passagens entre as casas e o meandro variados dos caminhos entre os ptios excitavam em
mim uma admirao infinita medida que eu passava dos ptios para as cmaras e dali para
as colunatas, e das colunatas para outras casas, e novamente para casas no vistas
anteriormente; todos ptio estavam circundados de claustros com colunatas de pedras
brancas, e esculpidas tambm primorosamente. No ngulo do Labirinto h uma pirmide de
72 metros de altura, com grandes figuras esculpidas, na qual se entra por uma vasta
passagem subterrnea".
O poder de sis para curar doenas. A doutrina de Pitgoras
Diodoro, em sua obra sobre os egpcios, diz que sis era digna da imortalidade, pois todos
as naes da Terra testemunham o poder dessa deusa para curar doenas por meio da sua
influncia. "Isto est provado", diz ele, "no por fbulas, como entre os gregos, mas por
fatos autnticos." Galeno recorda muitos meios teraputicos que eram conservados nos
templos, nas alas especficas para as curas. Menciona tambm um remdio universal que
em seu tempo era chamado de sis.
As doutrinas de muitos filsofos gregos, que foram instrudos no Egito, demonstram a sua
profunda erudio. Orfeu, que, segundo Artepano, era discpulo de Moiss, e Pitgoras,
Herdoto e Plato devem a sua filosofia aos mesmos templos em que o sbio Solon foi
instrudo pelos sacerdotes. "Aristides relata", diz Plnio, "que as letras foram inventadas no
Egito por uma pessoa cujo nome era Menos, quinze mil anos antes de Phoroneus, o mais
antigo rei da Grcia." Jablonski prova que o sistema heliocntrico, assim como a
esfericidade da Terra, eram conhecidas pelos sacerdotes do Egito desde tempos imemoriais.
"Essa teoria", acrescenta, "Pitgoras tomou-a dos egpcios, que a receberam dos brmanes

da ndia." Fnelon, o ilustre arcebispo de Cambrai, em suas Lives of the Ancient


Philosophers, d crdito a Pitgoras e ao seu conhecimento e diz que, alm de ensinar os
seus discpulos que, dado que a Terra era redonda, os antpodas deviam ser uma realidade,
uma vez que ela era totalmente habitada, este grande matemtico foi o primeiro a descobrir
que as estrelas da manh e da tarde eram a mesma estrela. Se considerarmos, agora, que
Pitgoras viveu aproximadamente 700 anos a.C., por volta da dcima-sexta olimpada, e
ensinou este fato num perodo to longnquo, devemos acreditar que ele j era conhecido
por outros antes dele. As obras de Aristteles, Digenes e Larcio e muitos outros em que
se menciona Pitgoras demostram que ele havia aprendido dos egpcios algo da obliqidade
da elptica, da composio estrelada da Via-Lctea e da luz emprestada da Lua.
Wilkinson, corroborado posteriormente por outros, diz que os egpcios dividiam o tempo,
conheciam a verdadeira extenso do ano e a precesso dos equincios. Registrando o
surgimento e o desaparecimento dos astros, eles compreenderam as influncias particulares
que procedem das posies e das conjunes de todos os corpos celestiais e, por
conseguinte, os seus sacerdotes, profetizando mudanas meteorolgicas to exatamente
quanto os nosso astrnomos modernos, podiam, ademais astrologizar atravs dos
movimentos astrais. Embora o solene e eloqente Ccero possa estar parcialmente certo em
sua indignao contra os exageros dos sacerdotes babilnicos, que "afirmam que
preservaram em monumentos observaes astronmicas que se estendem por um intervalo
de 470.000 anos". Ainda assim, o perodo em que a Astronomia chegou sua perfeio com
os antigos est alm do alcance do clculo moderno.
Est muito bem demonstrado o fato de que o meridiano verdadeiro foi corretamente
determinado antes que a primeira pirmide fosse construda. Eles possuam relgios e
quadrantes para medir o tempo; o seu cvado era a unidade estabelecida para a medida
linear, correspondente a 1,707 ps da medida inglesa; segundo Herdoto, tambm era
conhecida uma unidade de peso, quanto moeda, possuam anis de ouro e de prata
valorizados pelo peso; possuam modalidades decimais e duodecimais de clculo desde os
tempos mais antigos e eram proficientes em lgebra: como poderiam eles, de outra maneira,
colocar em operao poderes mecnicos to imensos, se eles no tivessem compreendido a
filosofia daquilo que chamamos de poderes mecnicos?
Tambm j foi provado que a arte de fazer linho e tecidos finos era um dos ramos do seu
conhecimento, pois a Bblia fala disso. Jos se apresentou ao Fara com uma veste de linho,
uma corrente de ouro e muitas outras coisas. O linho do Egito era famoso em todo o
mundo. As mmias eram todas envolvidas nele e o linho continua magnificamente
preservado. Plnio fala de uma certa pea de roupa enviada 600 anos antes de Cristo pelo
rei Amasis a Lindus: cada fio do tecido era formado de 365 fios menores torcidos juntos.
Herdoto nos d, em sua descrio de sis e dos mistrios realizados em sua honra, uma
idia da beleza e da "maciez admirvel do linho tecido pelos sacerdotes". Estes usavam
sapatos de papiro e vestimenta de fino linho, porque essa deusa foi a primeira que os
ensinou a us-los; e assim, alm de serem chamados de Isiaci, ou sacerdotes de sis, eles
eram conhecidos como Linigera, ou "os que vestem linho". Esse linho era fiado e tingido
naquelas cores brilhantes e vistosas, cujo segredo est agora entre as artes perdidas.
A preparao da mmia pelos egpcios - eles fabricavam cerveja e vinhos
Mas no processo de preparao das mmias que a habilidade desse povo maravilhoso se
exemplifica no mais alto grau. S aqueles que fizeram um estudo especial do assunto
podem avaliar a dose de habilidade, de pacincia exigida para a realizao dessa obra
indestrutvel, que se efetuava durante meses a fio. Tanto a Qumica quanto a cirurgia eram

chamadas a auxiliar. As mmias, se deixadas ao clima seco do Egito, parecem ser


praticamente imperecveis; e, mesmo quando removidas, aps um repouso de milhares de
anos, no apresentam sinais de alterao. "O corpo", diz Herdoto, "era preenchido com
mirra, cssia e outras gomas e, depois saturado com natro (...)". Seguia-se, ento, o
maravilhoso enfaixamento do corpo embalsamado, to artisticamente executado, que os
bandagistas modernos profissionais esto perdidos de admirao para com a sua excelncia.
Diz o Dr. Granville: "(...) no existe uma nica forma de bandagem conhecida pela cirurgia
moderna de que no existam exemplos [melhores e mais hbeis] nos enfaixamentos das
mmias egpcias. As tiras de linho no possuem nenhuma juntura e se estendiam por quase
1.000 metros. No havia um nica fratura no corpo humano que no pudesse ser reparada
com sucesso pelos mdicos sacerdotais daqueles tempos remotos.
O Egito espremia as suas prprias uvas e fazia o seu prprio vinho. Nada de notvel nisto,
por enquanto, mas ele fermentava a sua prpria cerveja, e em grande quantidade - dizem os
nossos egiptlogos. O papiro de Ebers prova agora, se, dvida, que os egpcios usavam a
cerveja 2.000 anos antes de Cristo. A sua cerveja deve ter sido forte e excelente - como tudo
o que faziam. O vidro era manufaturado em todas as suas variedades. Em muitas das
esculturas egpcias encontramos cenas de pessoas soprando vidro e fazendo garrafas;
ocasionalmente, durante pesquisas arqueolgicas, encontraram-se vidros e cristais, e eles
parecem ter sido muito bonitos.
Obras musicais dos egpcios. O conhecimentos da medicina
Da mesma maneira, os egpcios mais antigos cultivavam as artes musicais e entendiam bem
o efeito da harmonia musical e da sua influncia sobre o esprito humano. Podemos
encontrar nas esculturas e nas gravuras mais antigas cenas em que msicos tocam vrios
instrumentos. A msica era usada no departamento de cura dos templos para curar
distrbios nervosos. Descobrimos em muitos monumentos homens tocando em conjunto
num concerto; o regente marca o tempo com batidas de mos. Assim, podemos provar que
eles compreendiam as leis da harmonia. Possuam a sua msica sagrada, domstica e
militar. A lira, a harpa e a flauta eram usadas em consertos sagrados; para ocasies festivas
tinham a guitarra, a flauta simples ou dupla e as castanholas; para as tropas, e durante o
servio militar, tinham trombetas, tambores e cmbalos.
Quanto ao seu conhecimento de Medicina, agora que um dos Livros de Hermes foi
encontrado e traduzido por Ebers, os egpcios podem falar por si mesmos. As manipulaes
curativas dos sacerdotes - que sabiam como empurrar o sangue para baixo, interromper a
circulao por alguns momentos etc. - parecem provar que eles conheciam a circulao do
sangue.
Mas os egpcios no foram o nico povo de pocas remotas cujas consecues os colocam
em posio to dominante aos olhos da posteridade. Ao lado de outros cuja histria est
atualmente ocultada pelas nvoas da Antiguidade - Tais como as raas pr-histricas das
duas Amricas, de Creta, de Troad, dos Lacustres, do continente submerso da lendria
Atlntida, agora alinhada entre os mitos -, os feitos dos fencios quase os marcaram com o
carter de semideuses.
O gnese bblico
Mas a pesquisa moderna demonstrou, com evidncia inimpugnvel, que todo o quadro
genealgico do dcimo captulo do Gnese refere-se a heris imaginrios e que os
versculos finais do nono so pouco mais do que uma parte da alegoria caldaica de
Xisuthros e do dilvio mtico, compilada e organizada para preencher o arcabouo de No.
Mas supondo que os descendentes desses cananeus, "os malditos", se indignassem com o

ultraje no-merecido. Ser-lhe-ia muito mais fcil virar a mesa e responder a essa indireta,
baseados numa fbula, como um fato provado por arquelogos e estudiosos da simbologia a saber, que Seth, o terceiro filho de Ado, o antepassado de todo Israel, o Ancestral de No
e progenitor do "povo escolhido", no outro seno Hermes, o deus da sabedoria, tambm
chamado Thoth, Tat, Seth,. e Sat-an; e que ele era, alm disso, quando considerado sob este
aspecto mau, Typhon, o Sat egpcio, que tambm era Set. Para o povo Judeu - cujos
homens cultos, como Filo ou Josefo, o historiador, consideram os seus livros mosaicos
como um alegoria - essa descoberta importa muito pouco. Mas para os cristos, que, como
des Mousseaux, muito tolamente aceitam as narrativas da Bblia como histria literal, o
caso muito diferente.
Concordamos com esse piedoso escritor no que diz respeito afiliao; e sentimos a cada
dia que passa que alguns dos povos da Amrica Central sero identificados com os fencios
e com os israelitas mosaicos, bem como sentimos tambm que ser provado que estes
ltimos se dedicaram pertinazmente mesma idolatria - se a idolatria existe - do Sol e
adorao da serpente, como os mexicanos. H provas - provas bblicas - de que dois dos
filhos de Jac, Levi e Dan, bem como Jud, casaram-se com mulheres cananias e seguiram
os cultos das suas esposas. Naturalmente, todo cristo protestar, mas a prova pode ser
encontrada na Bblia traduzida, mutilada como se pode v-la hoje. Jac, ao morrer,
descreve assim os seus filhos: "Vem a ser Dan", diz ele, "como uma serpente no caminho,
uma cerastes na vereda, que morde a unha do cavalo para que caia para trs o seu cavaleiro.
Eu esperei a tua salvao, Senhor!". A respeito de Simo e de Levi, o patriarca (ou Israel)
observa que eles (...) "so irmos; instrumentos de crueldade esto em suas casas. minha
alma, no tome parte no seu segredo, no participe da sua assemblia" (Gnese, XLIX, 178 e 5-6). Bem, no original, as palavras "seu segredo" lem-se O seu SOD. E SOD era o
nome dos grandes mistrios de Baal, Adonais e Baco, que eram todos eles deuses do Sol e
tinham serpentes como smbolos. Os cabalistas explicam a alegoria das serpentes ferozes
dizendo que esse era o nome dado tribo de Levi, a todos os levitas em suma,. e que
Moiss era o chefe dos Sodales. E este o momento de provarmos nossas afirmaes.
Moiss mencionado por muitos historiadores antigos como um sacerdote egpcio;
Manetho diz que ele era um Hierofante de Hierpolis e um sacerdote do culto do deus do
Sol Osris e que o seu nome era Osarsiph. Os historiadores modernos, que aceitam o fato de
que ele "aprendera toda a sabedoria" dos egpcios, tambm devem submeter interpretao
correta da palavra sabedoria aquilo que se conhecia em todo o mundo como um sinnimo
de iniciao nos mistrios sagrados dos magos. Nunca acometeu o leitor da Bblia a idia
de que um estranho nascido em seu pas e levado a um pas estrangeiro no pudesse ser e
no fosse admitido - no queremos dizer iniciao final, o mistrio maior de todos, mas
pelo menos a partilhar do conhecimento do sacerdcio menor, ao qual pertenciam os
mistrios menores? No Gnese, XLII, 32, lemos que nenhum egpcio podia sentar-se para
comer po com os irmos de Jos, "pois isso uma abominao para os egpcios". Mas que
os egpcios comeram "com ele (Jos) servidos parte". Isso prova duas coisas: 1) que Jos,
o que quer que tivesse no corao, havia, em aparncia pelo menos, mudado a sua religio,
casado com a filha de um sacerdote da nao "idlatra" e se tornado ele prprio um egpcio;
de outra maneira, os nativos no teriam comido po com ele. E 2) que Moiss,
posteriormente, se no fosse um egpcio de nascimento, tornou-se ao ser admitido no
sacerdcio e, assim, era um SODALE. Por induo, a narrativa da "serpente de bronze" (o
caduceu de Mercrio ou Asclpio, o filho do deus Sol Apolo-Pton) tornou-se lgica e
natural. Devemos ter em mente que a filha do Fara, que salvou Moiss e o adotou,

chamada por Josefo de Thermethis; e que este, segundo Wilkinson, o nome da spide
consagrado a sis; alm disso, diz-se que Moiss descende da tribo de Levi.
A identidade dos ritos antigos. Os quatro ancestrais da raa humana
A identidade perfeita dos ritos, das cerimnias e das tradies, e mesmo dos nomes das
divindades, entre os mexicanos e os babilnios e os egpcios antigos, uma prova
suficiente de que a Amrica do Sul foi povoada por uma colnia que abriu caminho
misteriosamente atravs do Atlntico. Quando? Em que perodo? A Histria silencia-se a
esse respeito; mas aqueles que consideram que no existe tradio, santificada pelos
sculos, que no tenha um determinado sedimento de verdade no seu centro, acreditam na
lenda da Atlntida. H, espalhado pelo mundo, um punhado de estudiosos refletidos e
solitrios que passam as suas vidas na obscuridade, longe dos rumos do mundo, estudando
os grandes problemas dos universos fsico e espiritual. Eles tm os seus registros secretos
em que esto preservados os frutos dos labores escolsticos da longa linha de reclusos de
que eles so os sucessores. O conhecimento dos seus ancestrais primitivos, os sbios da
ndia, da Babilnia, de Nnive e da Tebas imperial; as lendas e as tradies comentadas
pelos mestres de Solon, de Pitgoras e de Plato, nos sagues de mrmore de Helipolis e
de Sas; tradies que, em sua poca, j pareciam brilhar com luz vacilante por entre a
cortina de fumaa do passado - tudo isso, e muito mais, est registrado num pergaminho
indestrutvel e passado com cuidado ciumento de um adepto a outro. Esses homens
acreditam que a histria da Atlntida no uma fbula, mas argumentam que em pocas
diferentes do passado ilhas imensas, e at continentes, existiram onde agora est um
selvagem ermo de guas. Nos seus templos e bibliotecas submersos um arquelogo
encontraria, pudesse ele explor-los, material suficiente para preencher as lacunas que
agora existem naquilo que ele imagina ser a histria. Eles dizem que numa poca remota
um viajante poderia atravessar o que agora o Oceano Atlntico, apesar da distncia que
separa as terras, cruzando com barcos e de lado a outro por estreitos apertados que ento
existiam.
A nossa suspeita quanto ao relacionamento entre as raas cisatlnticas e transatlnticas
fortalecida pela leitura das maravilhas executadas por Quetzalcohuatl, o mgico mexicano.
O seu cetro deve estar intimamente relacionado ao tradicional basto de safira de Moiss,
basto que floresceu no jardim de Raquel-Jethro, seu sogro, e sobre o qual estava gravado o
nome inefvel. Os "quatro homens" descritos como os quatro ancestrais reais da raa
humana - "que no foram gerados pelos deuses, nem nascidos de mulher", mas cuja
"criao foi uma maravilha realizada pelo Criador", e que foram feitos depois que falharam
trs tentativas de manufatura de homens - apresentam igualmente alguns pontos
extraordinrios de similaridade com as explanaes exotricas dos hermticos; eles tambm
lembram inegavelmente os quatro filhos do Deus da teogonia egpcia. Alm disso, como se
poderia inferir, a semelhana desse mito com a narrativa relatada no Gnese parecer
evidente mesmo para um observador superficial. Esses quatro ancestrais "podiam raciocinar
e falar, sua intuio era ilimitada e conheciam todas as coisas ao mesmo tempo. Quando
eles renderam graas ao seu Criador por suas existncias, os deuses se assustaram e
sopraram sobre os olhos dos homens uma nuvem que s podiam ver a certa distncia e no
eram os prprios deuses". Isso nos leva diretamente ao versculo do Gnese [III, 22]: "Veja!
o homem se tornou como um de ns para conhecer o bem e o mal; e agora, que oferea a
sua mo, e tome tambm da rvore da vida", etc. E, novamente, "enquanto eles dormiam
Deus lhes deu esposas", etc.

"Os quatro ancestrais da raa", acrescenta Max Mller, "parecem ter tido uma vida longa, e
quando, finalmente, morreram, eles desapareceram de maneira misteriosa e legaram aos
seus filhos o que se chama de Majestade Oculta, que nunca devia ser revelada por mos
humanas. No sabemos o que fosse isso."
Se no existe nenhum relacionamento entre essa "Majestade Oculta" e a glria oculta da
Cabala caldaica, de que se diz ter sido deixada por trs por Henoc quando este foi
convertido de maneira to misteriosa, ento no devemos acreditar em nenhuma prova
circunstancial. Mas no seria possvel que esses "quatro anscestrais" da raa quchua
tipicamente em seu sentido esotrico os quatro progenitores sucessivos dos homens,
mencionados no Gnese, I, II e VI? No primeiro captulo, o primeiro homem bissexual "macho e fmea os criou"- e corresponde s divindades hermticas das mitologias
posteriores; o segundo, Ado, feito da "poeira do cho" e unissexual, corresponde aos
"filhos de Deus" do cap. VI; o terceiro, os gigantes, ou Nephilim, que so apenas sugeridos
na Bblia, mas extensamente explicados em outro lugar; o quarto, os pais dos homens
"cujas filhas eram louras".
O diabo a sombra de Deus
"Existe apenas uma luz e existe apenas uma escurido" diz o provrbio siams. Daemon est
Deus inversus, o Diabo a sombra de Deus, afirma o axioma cabalstico universal. A luz
poderia existir se no fosse pela escurido primordial? E o brilhante universo ensolarado
no estirou pela primeira vez os seus braos infantis a partir dos cueiros da escurido e do
caos lgubre? Se a "plenitude d'Aquele que preenche tudo em todos" do Cristianismo uma
revelao, devemos ento admitir que, se existe um diabo, ele deve ser includo nesta
plenitude e ser uma parte daquilo que "preenche tudo em todos". Desde tempos imemoriais,
foi tentada a justificao da Divindade e a Sua separao do mal existente, e o objetivo foi
alcanado pela Filosofia Oriental antiga com a fundao da theodik; mas as suas idias
metafsicas sobre o esprito cado nunca foram desfiguradas pela criao duma
personalidade antropomrfica do Diabo, como foi feito posteriormente pelas luzes diretoras
da teologia crist. Um demnio pessoal, que se ope Divindade e impede o progresso no
seu caminho em direo perfeio, s deve ser buscado na Terra no seio da Humanidade,
no no cu.
assim que todos os movimentos religiosos da Antiguidade, sem distino de pas ou
clima, so a expresso dos mesmos pensamentos idnticos, cuja chave est na doutrina
esotrica. Seria til, sem estudar esta ltima, procurar confundir os mistrios ocultados
durante sculos nos templos e nas runas do Egito e da Assria, ou nos da Amrica Central,
da Colmbia Britnica ou de Nagkon-Vat, no Camboja. Se cada um deles foi construdo por
uma nao diferente e se nem essa nao manteve relaes com as outras durante sculos tambm certo que todos eles foram planejados e construdos sob a superviso dos
sacerdotes. E o clero de cada nao, embora praticasse ritos e cerimnias que podem ter
diferido externamente, foi evidentemente iniciado nos mesmos mistrios tradicionais que
foram ensinados em todo o mundo.
Desafiando a mo do Tempo, a v pesquisa da cincia profana e os insultos das religies
reveladas desvendaro os seus enigmas a apenas alguns dos legatrios daqueles aos quais
foi confiado o MISTRIO. Os lbios frios e ptreos da uma vez oral Memnon e daquelas
esfinges intrpidas mantm os seus segredos bem guardados. Quem os deslacrar? Qual dos
nossos anes materialistas modernos e dos nossos saduceus incrdulos ousar erguer o
VU DE SIS?

sis Sem Vu - Captulo XV


Captulo XV
ndia - o bero de uma raa. A doutrina secreta
A "doutrina secreta" foi por muitos sculos semelhantes ao "homem das aflies" a que
alude o profeta Isaas. "Quem acreditou em nossas palavras?", repetiram os seus mrtires de
gerao em gerao. A doutrina desenvolveu-se diante de seus perseguidores "como uma
tenra planta ou como uma raiz plantada em solo rido; ela no tem forma, nem atrativos (...)
desprezada e rejeitada pelos homens; e eles lhe viram os rostos... Eles no a estimam".
Temos apenas que ignorar a sua letra que mata e agarra o esprito sutil de sua sabedoria
oculta para descobrir dissimuladas nos Livros de Hermes - sejam eles o modelo ou a cpia
de todos os outros - as evidncias da verdade e da filosofia que sentimos que deve basear-se
nas leis eternas. Compreendemos instintivamente que, por mais finitos que sejam os
poderes do homem enquanto este ainda est encarnado, eles devem estar em estreita relao
com os atributos de uma Divindade infinita; e tornamo-nos capazes de apreciar melhor o
sentido oculto do dom prodigalizado pelos Elohim a Ado: "V, eu te dei tudo que est
sobre a face da Terra (...) subjuga-os e "exerce teu poder" SOBRE TUDO.
Os primeiros captulos do gnese
Tivessem as alegorias contidas nos primeiros captulos do Gnese sido mais bemcompreendidas, mesmo em seu sentido geogrfico e histrico, que nada implica de
esotrico, as pretenses de seus verdadeiros intrpretes, os cabalistas, dificilmente teriam
sido rejeitadas por tanto tempo. Todo estudioso da Bblia deve saber que o primeiro e o
segundo captulo do Gnese no podem ter sado da mesma pena. Ambos so
evidentemente alegorias e parbolas, pois as duas narrativas da criao e povoamento de
nossa Terra contradizem-se diametralmente em todos os detalhes de ordem, tempo, lugar e
mtodo empregados na chamada criao. Aceitamos as narrativas literalmente, e como um
todo, rebaixamos a dignidade da Divindade desconhecida. Fazemo-la descer ao nvel dos
homens, e dotamo-la da personalidade peculiar do homem, que precisa do "frescor do dia"
para refrescar-se; que descansa de suas tarefas; e que capaz de raiva, vingana, e mesmo
de tomar precaues contra o homem, "para que ele no estenda os braos e colha tambm
da rvore da vida". (Uma tcida admisso da Divindade, diga-se de passagem, de que o
homem poderia faz-lo, se no fosse impedido simplesmente pela fora.) Mas,
reconhecendo a nuana alegrica da descrio do que se pode chamar de fatos histricos,
colocamos imediatamente os nossos ps em terra firme.
Para comear - o jardim do den, enquanto localidade, no de todo mito; ele pertence a
esses marcos da histria que revelam ocasionalmente ao estudante que a Bblia no
inteiramente uma mera alegoria. "den, ou o hebraico, GAN-EDEN, que significa o parque
ou o jardim do den, um nome arcaico do pas banhado pelo Eufrates e por muitos de
seus afluentes, da sia e da Armnia ao Mar da Eritria." No Livro dos nmeros caldeu, a
sua localizao designada por nmeros; e no manuscrito Rosa-cruz cifrado, deixado pelo
Conde St. Germain, ele descrito por completo. Nas Tbuas assrias, traduzido por GanDuns (corrigido para Kar-Dunas). "Vede", diz o Elohim da Gnese, "o homem tornou-se
como um de ns." Pode-se aceitar os Elohim num sentido como deuses ou poderes, e tomlos em outro caso como Aleim, ou sacerdotes; os hierofantes iniciados no bem e no mal
deste mundo; pois havia um colgio de sacerdotes chamado Aleim, e o chefe de sua casta,

ou chefe dos hierofantes, era conhecido como Yava-Aleim. Ao invs de tornar-se um


nefito, e olhar gradualmente o seu conhecimento esotrico por meio de uma iniciao
regular, um Ado, ou homem, utiliza as suas faculdades intuitivas, e, induzido pela
Serpente - a Mulher e a matria - prova da rvore da Sabedoria - a doutrina esotrica ou
secreta - de modo ilegal. Os sacerdotes de Hrcules, ou MEL-KARTH, O "Senhor" do
den, trajavam "tnicas de pele". O texto diz: "E Yava-Aleim fez para Ado e sua mulher,
KOTHNOTH OR" (Gnese, III, 21). A primeira palavra hebraica, chitun, o grego, chiton.
Ela se tornou uma palavra eslava por adoo da Bblia, e significa uma tnica, uma
vestimenta exterior.
Embora continha o mesmo substrato de verdade esotrica que todas as outras cosmogonias
primitivas, a Escrita hebraica traz em si as marcas de sua dupla origem. Seu Gnese
simplesmente uma reminiscncia do cativeiro babilnico. Os nomes de lugares, homens e
mesmo de objetos podem ser traados desde o texto original dos caldeus e dos acdios, seus
progenitores e instrutores arianos. Contesta-se energicamente que as tribos da Caldia,
Babilnia e Assria fossem de algum modo apresentadas aos brmanes do Indosto; mas h
mais provas a favor dessa opinio do que o contrrio. Os semitas ou os assrios poderiam,
talvez, chamar-se turnios, e os mongis denomina-se citas. Mas se os acdios nunca
existiram a no ser na imaginao de alguns filsofos e etnlogos, eles jamais seriam uma
tribo turaniana, como alguns assirilogos esforaram-se por nos convencer. Eram
simplesmente imigrantes a caminho da sia Menor, proveniente da ndia, o bero da
Humanidade, e seus adeptos sacerdotes demoravam-separa civilizar e iniciar um povo
brbaro. Halvy provou a falcia da mania turaniana, no que concerne ao povo acdio, cujo
nome j foi alterado dezenas de vezes; e outros cientistas provaram que a civilizao
babilnia no nasceu nem se desenvolveu naquela regio. Foi importada da ndia, e os
importadores foram os hindus bramnicos.
Assim, enquanto o primeiro, o segundo e o terceiro captulo do Gnese no passam de
imitaes desfiguradas de outras cosmogonias, o quarto captulo, a partir do dcimo sexto
versculo at o final do quinto captulo, fornece fatos puramente histricos, embora estes
nunca tenham sido corretamente interpretados. Foram colhidos, palavras por palavras, do
Livro dos nmeros secreto da Grande Cabala Oriental. A partir do nascimento de Henoc, o
primeiro pai reconhecido da franco-maonaria, inicia-se a genealogia das chamadas
famlias turanianas, arianas e semtas, se essas denominaes esto corretas. Toda mulher
uma terra ou cidade evemerizada; todo homem patriarca, uma raa, um ramo ou uma
subdiviso de uma raa. As mulheres de Lamech do a chave do enigma, que um bom
erudito poderia facilmente decifrar, mesmo sem ter estudado as cincias esotricas. "E Adah gerou Jabal: ele foi o pai dos que viveram em tendas, e dos que tm gado", a raa ariana
nmade; "(...) e seu irmo era Jubal, que foi o pai de todos os que tocam harpa e rgo; (...)
e Zillah gerou Tutal-Cain, que ensinou aos homens como forjar o cobre e o ferro", etc. Toda
palavra tem um significado; mas no uma revelao. simplesmente uma compilao dos
fatos mais histricos, embora a Histria esteja muito perplexa a esse respeito para saber
como reivindic-los. do Euxino Caximira, e alm, que devemos procurar o brao da
Humanidade, e dos filhos de Ad-ah; e deixar o jardim particular do Ed-en sobre o Eufrates
aos colegas dos misteriosos astrlogos e magos, os Aleim. No estranhemos que o vidente
do norte, Swedenborg, recomende s pessoas procurarem a PALAVRA PERDIDA entre os
hierofantes da Tartria, da China e do Tibete; pois l, e somente l que ela hoje se
encontra, embora a descubramos inscrita sobre os monumentos das mais antigas dinastias
do Egito.

A grandiosa poesia dos quatro Vedas; o Livro de Hermes; o Livro dos nmeros caldeus; o
Cdex nazareno; a Cabala dos Tanam; a Sepher Yetzrah; o Livro da Sabedoria de
Shlmh (Salomo); o tratado secreto sobre Mukta e Baddha, atribudo pelos cabalistas
budistas a Kapila, o fundador do sistema Snkhy; os Brmanas, o Bstan-hgyur dos
tibetanos; todos esses livros tm a mesma base. Variando apenas as alegorias, eles ensinam
a mesma doutrina secreta que, uma vez completamente expurgada, provar ser a Ultima
Thule da verdadeira filosofia, e revelar o que essa PALAVRA PERDIDA.
A ndia antiga
Muitos so os eruditos que tentaram, com a sua melhor habilidade, fazer justia ndia
antiga. Colebrooke, Sir William Jones, Barthelmy St.-Hilaire, Lassen, Weber, Strange,
Burnouf, Hardy e finalmente Jacolliot, todos testemunharam as suas realizaes na
legislao, na tica, na filosofia e na religio. Nenhum povo do mundo jamais atingiu a
grandeza de pensamento nas concepes ideais da Divindade e de sua prole, o HOMEM, do
que os metafsicos e telogos snscritos. "Minhas queixas contra muitos tradutores e
orientalistas", diz Jacolliot, "embora admire o seu profundo conhecimento, que, no tenho
vivido na ndia, faltam-lhes a justeza de expresso e a compreenso do sentido simblico
dos cantos poticos, das oraes e das cerimnias; incorrendo eles no raro em erros
materiais, seja de traduo ou de julgamento".
Que a ndia, o pas menos explorado, e menos conhecido do que qualquer outro, a que
todas as outras grandes naes do mundo devem as suas lnguas, as suas artes, as suas
ideologias e a sua civilizao. O progresso dessa nao, que se estagnou sculos antes de
nossa era, at paralisar-se por completo nas seguintes; mas em sua literatura achamos a
prova irrefutvel de suas passadas glrias. Se no fosse to espinhoso o estudo do snscrito,
por certo se despertaria a inclinao pela literatura indiana, comparavelmente mais rica e
copiosa que nenhuma outra. At agora, o pblico em geral, em busca de informaes, teve
que contar com uns poucos eruditos que, no obstante a sua grande sabedoria e
fidedignidade, no esto altura de traduzir e comentar mais do que uns poucos livros
extrados do nmero quase incontvel de obras que, no obstante o vandalismo dos
missionrios, ainda restaram para mostrar o poderoso volume da literatura snscrita. E para
cumprir tal tarefa requerer-se-ia o trabalho de toda a vida de um europeu. Eis por que as
pessoas julgam apressadamente, e cometem com freqncia os erros mais crassos.
com na fora de evidncias circunstanciais - a da razo e a da lgica - que afirmamos
que, se o Egito deu Grcia a sua civilizao, e esta levou a Roma, o prprio Egito
recebeu, naqueles sculos desconhecidos, quando reinava Menes, suas leis, suas
instituies, suas artes e suas cincias da ndia pr-vdica; e que portanto nessa antiga
iniciadora dos sacerdotes - adeptos de todos os outros pases - que devemos buscar a chave
dos grandes mistrios da Humanidade.
E quando dizemos indiscriminadamente "ndia", no pensamos na ndia de nossos dias
modernos; mas na do perodo arcaico. Nos tempos antigos, alguns pases que agora
conhecemos por outros nomes chamavam-se todos ndia. Havia uma ndia Alta, uma Baixa
e uma ndia Ocidental, que hoje a Prcia-Ir. Os pases que agora se chamam Tibete,
Monglia, e Grande Tartria eram tambm considerados pelos escritores antigos como
ndia.
Os registros do grande livro
Diz a tradio, e explicam os registros do Grande Livro, que muito antes da poca de Adam e de sua curiosa mulher He-va, onde atualmente s se encontram lagos secos e
desolados desertos nus, havia uma vasto mar interior, que se estendia sobre a sia central,

ao norte da soberana cordilheira do Himalaia, e de seus prolongamento ocidental. Uma ilha,


que por sua inigualvel beleza no tinha rival no mundo, era habitada pelos ltimos
remanescentes da raa que precede a nossa. Essa raa podia viver com igual facilidade na
gua, no ar ou no fogo, pois possua um controle ilimitado sobre os elementos. Eram os
"Filhos de Deus"; no aqueles que viram as filhas dos homens, mas os verdadeiros Elohim,
embora na Cabala oriental eles tenham um outro nome. Foram eles que ensinaram aos
homens os segredos mais maravilhosos da Natureza, e lhe revelaram a "palavra" inefvel e
atualmente perdida. Essa palavra, que no uma palavra, percorreu o globo, e ressoou
ainda como um remoto eco no corao de alguns homens privilegiados. Os hierofantes de
todos os Colgios Sacerdotais estavam a par da existncia dessa ilha, mas a "palavra" era
conhecida apenas pelos Yava-Aleim, ou mestres principais de todos os colgios; que a
passavam ao seu sucessor apenas no instante da morte. Havia vrios de tais colgios, e os
antigos autores clssicos fazem meno a eles.
J vimos que uma das tradies universais aceitas por todos os povos antigo a de que
houve muitas raas de homens anteriores s nossas raas atuais. Cada uma delas era muito
distinta da precedente; e todas desapareceram quando a seguinte fez a sua apario. No
Manu mencionam-se claramente seis de tais raas que teriam se sucedido umas s outras.
A antiguidade de Manu. A Atlndida - o continente perdido
Desde Manu-Svayambhuva (o menor, que corresponde ao Ado Cadmo), que proveio de
Savayambhuva, ou o Ser que existe por si mesmo, descenderam seis outros Manus (homens
que simbolizam os progenitores), cada um dos quais deu origem a uma raa de homens. (...)
Esses Manus, todos poderosos, dos quais Svayambhuva o primeiro, produziram e
dirigiram cada um, em seu perodo - antara -, este mundo composto de seres moveis e
imveis".
No Siva-Purna, l-se o seguinte:
" Siva, deus do fogo, possas tu destruir meus pecados, como o fogo destri a grama seca
da floresta. por teu poderoso Alentoque dima [o primeiro homem] e Heva [a perfeio
da vida em snscrito], os ancestrais dessa raa de homens, receberam a vida e cobriram o
mundo com os seus descendentes".
No havia nenhuma comunicao por mar com a ilha, mas passagens subterrneas
conhecidas apenas pelos chefes comunicavam-se com ela em todas as direes. A tradio
fala de muitas dessas majestosas runas da ndia. Ellora, Elephanta, e das cavernas de
Ajunta (cadeia de Chandon), que pertenciam outrora a esses colgios, e com as quais se
comunicavam subterrneos. Quem poder dizer que a Atlntida perdita - que tambm
mencionada no Livro Secreto, mas sob um outro nome pronunciado na lngua sagrada - no
existia naqueles dias? O grande continente perdido no poderia ter-se situado talvez ao sul
da sia, estendendo-se da ndia Tasmnia? ( uma estranha coincidncia que quando a
Amrica foi descoberta pela primeira vez algumas tribos nativas a chamassem de Atlanta.)
Se a hiptese atualmente to contestada e positivamente negada por alguns sbios autores
que a encaram como uma brincadeira de Plato algum dia se confirmar, esto os cientistas
acreditaro talvez que a descrio do continente habitado por deuses no era de todo uma
fbula. E eles podero ento compreender que as insinuaes veladas de Plato e o fato de
ele atribuir a narrativa a Slon e aos sacerdotes egpcios foram, na verdade, apenas um
meio prudente de comunicar o fato ao mundo e combinar habilmente verdade e fico, de
modo a desassociar-se de uma histria que as obrigaes impostas pela iniciao o
proibiam de divulgar.

E como poderia o nome Atlntida ter sido inventado por Plato? Atlntida no um nome
grego, e sua construo no apresenta elementos gregos. Brasseur de Bourbourg tentou
demonstr-lo anos atrs, e Baldwin, em Prehistoric Nations and Ancient Amrica, cita esse
autor, que declara que "as palavras Atlas e Atlntico no encontram etimologia satisfatria
em qualquer linguagem conhecida na Europa. Eles no so gregos, e no podem ser
referidos a qualquer lngua conhecida do Mundo Antigo. Mas na lngua Nahualt (ou tolteca)
encontramos imediatamente o radical a, atl, que significa gua, guerra, e o alto da cabea.
Dele provm uma srie de palavras, como atlan, margem ou no meio da gua; da qual
temos o adjetivo Atlntico. Temos tambm atlaca, combater. (...) Havia uma cidade de
nome Atlan quando o continente foi descoberto por Colombo, na entrada do golfo de
Urabe, em Darien, com um bom porto. Ela reduziu-se atualmente a um pueblo [aldeia]
pouco importante, de nome Acla.
No extraordinrio, para dizer o menos, encontrar na Amrica uma cidade conhecida por
um nome que contm um elemento puramente local, estranho ademais a qualquer outro
pas, na pretensa fico de um filsofo do sculo IV a.C.? O mesmo se pode dizer do nome
Amrica, que seria mais justo reportar ao Meru, a montanha sagrada no centro dos sete
continente, de acordo com a tradio hindu, do que a Amrico Vespcio. Aduzimos as
seguintes razes em favor de nosso argumento:
1) Americ, Amerrique ou Amerique o nome dado na Nicargua a um planalto ou a uma
cadeia de montanhas que se localiza entre Juigalpa e Liberdad, na provncia de Chontales, e
que se estendem por um lado ao pas dos ndios Carcas, e por outro ao pas dos ndios
Ramos.
Ic ou ique, como sufixo, significa grande, como cacique, etc.
Colombo menciona, em sua quarta viagem, a aldeia de Cariai, provavelmente Cacai. A
localidade abundava em feiticeiros, ou curandeiros; e situava-se na regio da cordilheira da
Amrica, a 3.000 ps de altura.
Todavia, ele no faz meno a esse nome.
O nome Amrica Provncia apareceu pela primeira vez num mapa publicado em St. Di, em
1507 (O livro de Waldseemller deixou a grfica a 25 de abril de 1507. No nono captulo
do livro, se lem:" Mas agora que essas partes do mundo foram amplamente examinadas e
uma outra quarta foi descoberta por Americu Vesputiu (ou se ver), no vejo razo para no
a chamarmos de Amrica, isto , terra de Americus, pois Americus o seu descobridor,
homem de muita sagacidade, j que a Europa e sia receberam na antigidade nomes de
mulheres".) At essa data, acreditava-se que a regio j fazia parte da ndia. Em 1522, a
Nicargua foi conquistada por Gil Gonzles de vila.
2) "Os nrticos, que visitaram o continente no sculo X, uma costa plana recoberta de
espessa floresta", chamaram-na Markland, de mark, floresta. O r devia soar de modo
vibrante, como em marrick. Ima palavra semelhante encontra-se na regio do Himalaia, e o
nome da Montanha do Mundo, Meru, pronuncia-se em alguns dialetos Meruah, com a letra
h fortemente aspirada. A idia principal, contudo, mostrar como dois povos podem aceitar
talvez uma palavra de som semelhante, cada uma utilizando-a em seu prprio sentido, e
aplicando-a ao mesmo territrio.
" mais plausvel", diz o Prof. Wilder, "que o Estado da Amrica Central, em que
descobrimos o nome Americ significando [como o Meru hindu, poderemos acrescentar]
grande montanha, tendo dado o nome ao continente. Vespcio utilizaria o seu sobrenome se
tivesse a inteno de denominar o continente. Se a teoria do Abade de Bourbourg, que
aponta Atlan como a raiz de Atlas ou Atlntico, fosse reconhecida, as duas hipteses

poderiam perfeitamente estar em acordo. Como Plato no foi o nico autor que tratou de
um mundo alm das colunas de Hrcules, e como o oceano ainda pouco profundo e
apresenta plantas marinhas em toda a parte tropical do Atlntico, no desarrazoado
imaginar que esse continente l se elevava, ou que l havia um mundo insular prximo. O
Pacfico tambm oferece indicaes de ter sido o populoso imprio insular dos amalios e
javaleses - se no um continente entre Norte e Sul. Sabemos que a Lemria no oceano
ndico o sonho dos cientistas (Lemria um nome sugerido por S. L. Sclater, por volta de
1874, para um continente antigo do Oceano ndico que unia Madagascar e a Malsia. O
termo foi adotado pelos tesofos para a designao do habitat continental da Terceira RaaRaiz.); e que Saara e a regio central da sia foram outrora leitos ocenicos.
Para continuar a tradio, devemos acrescentar que a classe dos hierofantes dividia-se em
duas categorias distintas: aqueles que eram instrudos pelos "Filhos de Deus" da ilha e eram
iniciados na doutrina divina da revelao pura, e aqueles que habitavam a Atlntida perdida
- se esse deve ser o seu nome - e que, sendo de outra raa, nasciam com uma viso que
abarcava todas as coisas ocultas, e que suplantava tanto a distncia quanto os obstculos
materiais. Em suma, eram a quarta raa de homens mencionada no Popl-Vuch, cuja viso
era ilimitada e que conheciam todas as coisas ao mesmo tempo. Eles eram, talvez, o que
hoje chamaramos de "mdiuns de nascena", que no se esforavam nem sofriam para
obter os seus conhecimentos, nem os adquiriam ao preo de qualquer sacrifcio. Assim,
enquanto os primeiros caminhavam pela trilha de seus instrutores divinos, adquirindo seus
conhecimentos passo a passo, e aprendendo ao mesmo tempo a discernir o bem do mal, os
adeptos por nascimento da Atlntida seguiam cegamente as insinuaes do grande e
invisvel "Drago", o Rei Thevetat ( a Serpente do Gnese?). Thevetat no aprendeu nem
adquiriu seus conhecimentos, mas, para emprestar um expresso do Dr. Wilder
relativamente Serpente tentadora, era uma "espcie de Scrates que conhecia sem ter sido
iniciado". Assim, sob as malvolas insinuaes de seu demnio, Thevetat, a raa Atlntica
tornou-se uma nao de mgicos, cruis. Por essa razo, a guerra foi declarada, e a sua
histria longa demais para narrar; pode-se encontrar-lhe a essncia nas alegorias
desfiguradas da raa de Caim, os gigantes, e na de No e sua justa famlia. O conflito
chegou ao fim pela submerso da Atlntida; a qual encontra a sua imitao nas histrias do
dilvio babilnico e mosaico: Os gigantes mgicos morreram "(...) assim como toda a
carne, e todo homem". Todos exceto Xisuthrus e No, que so substancialmente idnticos
ao grande Pai dos Thlinkithianos do Popul-Vuh, o livro sagrado dos guatemaltecos, que
tambm fala de sua fuga num grande barco, como o No Hindu - Vaivasvata.
Se acreditamos na tradio, devemos dar crdito histria posterior, segundo a qual as
alianas entre os descendentes dos hierofantes da ilha e os descendentes do No atlante
deram origem a uma raa mista de homens justos e perversos. Por um lado, o mundo tinha
seu Henoc, seu Moiss, seu Gautama Buddha, seus numerosos "Salvadores" e grandes
hierofantes; por outro, seus "mgicos por natureza", que, devido falta de freio do poder da
prpria sabedoria espiritual, e fragilidade das organizaes fsicas e mentais, perverteram
involuntariamente os seus propsitos perversos. Moiss no tinha uma palavra de censura
para os adeptos da profecia e de outros poderes que haviam sido instrudos nos colgios da
sabedoria esotrica, mencionados na Bblia. Suas denncias reservavam-se queles que
voluntariamente ou no degradavam os poderes herdados de seus ancestrais atlantes
colocando-os a servio de espritos maus para dano da Humanidade. Sua clera despertava
contra o esprito de Ob, no contra o de Od.
As runas que cobrem as duas amricas

As runas que cobrem as duas Amricas, e que se encontram em muitas ilhas das ndias
Ocidentais, so todas atribudas aos atlantes submersos. Assim como os hierofantes do
mundo antigo, o qual ao tempo da Atlntida, estava unido ao novo por terra, os mgicos da
nao atualmente submersa dispunham de uma rede de passagens subterrneas que corriam
em todas as direes a propsito dessas misteriosas catacumbas, relataremos uma curiosa
histria que no foi contada por um peruano h muito tempo falecido, durante uma viagem
que fazamos juntos pelo interior de seu pas. Deve haver alguma verdade nesse relato, pois
ele nos foi confirmado posteriormente por um cavalheiro italiano, que viu o lugar e que,
no fosse a falta de meios e de tempo, teria verificado ele mesmo a histria, ao menos em
parte. O informante italiano foi um velho sacerdote, que se inteirou do segredo durante a
confisso de um ndio peruano. Poderamos acrescentar, alm disso, que o sacerdote foi
compelido a fazer a revelao, j que estava nesse momento sob a influncia mesmrica do
viajante.
A histria concerne aos famosos tesouros do ltimo rei inca. O peruano afirmou que desde
o bem-conhecido e miservel assassinato deste rei por Pizarro, o segredo conhecido por
todos os ndios, exceto os mestios, que no so confiveis. Reza o seguinte: O inca fora
feito prisioneiro, e sua esposa ofereceu, para libert-lo, um quarto cheio de ouro, "do cho
ao teto, at onde o conquistador pudesse alcanar", antes do pr-do Sol do terceiro dia. Ela
manteve a promessa, mas Pizarro quebrou a sua palavra, de acordo com os aventureiros
espanhois. Maravilhado com a exibio de tais tesouros, o conquistador declarou que no
libertaria o prisioneiro, mas que o mataria, a menos que a rainha revelasse o lugar de onde
provinha o tesouro. Ele havia ouvido que os incas tinham em algum lugar uma mina
inexaurvel; uma estrada ou tnel subterrneo que corria por muitas milhas sob o solo, onde
eram mantidos os tesouros acumulados da nao a infeliz rainha solicitou um prazo, e foi
consultar os orculos. Durante o sacrifcio, o grande sacerdote mostrou-lhe no clebre
"espelho negro" o assassinato inevitvel do esposo, entregasse ela ou no os tesouros da
coroa a Pizarro. A rainha ordenou ento que se fechasse a entrada, que era uma abertura
cavada na muralha rochosa de um precipcio. Sob a direo do sacerdote e dos mgicos, o
precipcio foi ento preenchido at o topo com imensos blocos de rocha, e a superfcie
coberta de modo a ocultar o trabalho. O inca assassinado pelos espanhis e sua infortunada
rainha suicidou-se. A cupidez dos espanhis fracassou devido ao seu prprio excesso e o
segredo dos tesouros enterrados foi guardado no corao de uns poucos peruanos fiis.
As artes mgicas antigas e modernas so idnticas
Os "tempos antigos" so exatamente como os "tempos modernos"; nada mudou no que
concerne s prticas mgicas, exceto que eles se tornaram ainda mais esotricos e arcanos,
e a cautela dos adeptos cresce na proporo da curiosidade dos viajantes. Hiuen-Tsang diz
dos habitantes: "Os homens (...) amam o estudo, mas no o seguem com ardor. A cincia
das frmulas mgicas tornou-se para eles uma profisso regular". No contradiremos o
venervel peregrino chins a respeito desse ponto, e estamos propensos a admitir que, no
sculo VII, algumas pessoas fizeram "uma profisso" da Magia; tambm o fazem hoje
algumas pessoas, mas no certamente os verdadeiros adeptos. No seria Hiuen-Tsang, o pio
corajoso homem, que arriscou a vida uma centena de vezes para ter a ventura de olhar a
sombra de Buddha na caverna de Peshawer, que iria acusar os santos lamas e taumaturgos
monsticos de fazerem "uma profisso" mostrando-a aos viajantes. A injuno de Gautama,
contida em sua resposta ao rei Prasejajit, seu protetor, que o animou a fazer milagres, deve
ter sempre estado na mente de Hiuen-Tsang. "Grande Rei", disse Gautama, "eu no ensino
a lei dos meus discpulos dizendo-lhes 'Ide, e diante dos brmanes e dos notveis fazei, por

meio de vossos poderes sobrenaturais, os maiores milagres de que um homem capaz'. Eu


lhe digo, quando ensino a lei, 'Vivei, santos, ocultando vossas grandes obras, e exibindo
vossos pecados'".
Impressionado com os relatos das exibies mgicas testemunhas e registradas pelos
viajantes de todas as pocas que visitaram a Tartria e o Tibete, o Cel. Yule conclui que os
nativos devem ter " sua disposio toda a enciclopdia dos espiritistas modernos. Duhalde
menciona entre as suas bruxarias a arte de produzir por meio de invocaes as figuras de
Lao-ts e suas divindades no ar; e de fazer um pincel escrever respostas a perguntas sem
que ningum o toque".
Essa invocaes pertencem aos mistrios religiosos de seus santurios; executada de outro
modo, ou com vista ao ganho, elas so consideradas como bruxaria, necromancia, e
rigorosamente proibidas. A arte de fazer um pincel escrever sem contato era conhecida e
praticada na China e em outros pases muitos sculos antes da era crist. o ABC da Magia
nesses pases.
A sombra de Buddha adorada por Hiuen-Tsang. O poder da invocao da alma
Quando Hiuen-Tsang desejou adorar a sombra de Buddha, no foi aos "mgicos
profissionais" que ele recorreu, mas ao poder de invocao de sua prpria alma; ao poder
da orao, da f, e da contemplao. Tudo era sombrio e lgubre prximo caverna em que
se acreditava que o milagre por vezes ocorria. Hiuen-Tsang entrou e comeou as suas
devoes. Ele fez 100 saudaes, mas no viu nem ouviu nada. Ento, julgando-se um
pecador, gritou amargamente, e caiu em desespero. Mas no momento em que estava para
renunciar a toda esperana, percebeu na muralha ocidental uma frgil luz, que desapareceu.
Renovou as oraes, dessa vez cheio de esperana, e novamente viu a luz, que brilhou e
desapareceu novamente. Aps isso, pronunciou um solene juramento: no deixaria a
caverna at que tivesse a ventura de ver pelo menos a sombra do "Venervel dos Tempos".
Teve que esperar ainda por muito tempo, pois apenas depois de 200 preces foi a caverna
subitamente "banhada de luz, e a sombra de Buddha, de uma brilhante cor branca, elevouse majestosamente sobre a muralha, como quando as nuvens repentinamente se abrem, e, de
um golpe, descobrem a maravilhosa imagem de `Montanha de Luz'. Um radiante esplendor
iluminava os traos da fisionomia divina. Hiuen-Tsang estava perdido na contemplao e
no prodgio, e no tirava os olhos do sublime e incomparvel objeto". Hiuen-Tsang
acrescenta em seu prprio dirio, Si-yu-Ki, que apenas quando o homem ora com f
sincera e recebeu do alto uma impresso secreta, que ele v a sombra claramente, mas no
pode gozar a viso por muito tempo.
A perpetuao de uma crena
Para que uma crena se torne universal, preciso que ela se fundamente sobre uma imensa
acumulao de fatos, que visem a fortific-la de uma gerao a outra. testa de tais
crenas est a Magia, ou, se preferir - a Psicologia oculta. Quem, dentre aqueles que
apreciam os seus tremendos poderes a partir de suas frgeis e semiparalisados efeitos em
nossos pases civilizados, ousaria negar em nossos dias as afirmaes de Porfrio e Proclo,
de que mesmo os objetos inanimados, tais como esttuas de deuses, poderiam ser postos em
movimento e exibir um vida artificial por alguns instantes? Quem pode negar a afirmao?
Aqueles que testemunham diariamente sobre as prprias assinaturas que viram mesas e
cadeiras moverem-se e caminhar, e lpis escreverem, sem contato? Digenes Larcio falanos de um certo filsofo, Stilpo, que dois exilado de Atenas pelo Aerpago, por ter ousado
negar publicamente que a Minerva de Fdias era algo mais do que um bloco de mrmore.
Mas nosso sculo, depois de ter imitado os antigos em tudo o que era possvel, mesmo em

suas denominaes, tais como "senado", e "cnsul", etc.; e depois de admitir que Napoleo,
o Grande, conquistou trs quartos da Europa aplicando os princpios de guerra ensinados
por Csar e Alexandre, nosso sculo julga-se to superior ao seus preceptores no que
concerne Psicologia que capaz de enviar ao manicmio todos os que acreditam nas
"mesas girantes".
Seja ela qual for, a religio dos antigos a religio do futuro. Mais alguns sculos, e no
haver mais crenas sectrias em nenhuma das grandes religies da Humanidade.
Bramanismo e Budismo, Cristianismo e Maometismo desaparecero diante do poderoso
afluxo de fatos. "Derramarei meu esprito sobre toda a carne", escreve o profeta Joel (Joel
II,28). "Em verdade vos digo (...) fareis obras maiores do que estas", promete Jesus (Joo
XIV,12). Mas isso s ocorrer quando o mundo retornar grande religio do passado; o
conhecimento dos majestoso sistemas que precederam, em muito, o Bramanismo, e mesmo
o monotesmo primitivo dos antigos caldeus. At ento, devemos nos lembrar dos efeitos
diretos do mistrio revelado. Os nicos meios com a ajuda dos quais os sbios sacerdotes
da Antigidade podiam inculcar nos grosseiros sentidos das massas a idia da Onipotncia
da vontade Criadora ou da CAUSA PRIMEIRA; a saber, a animao divina da matria
inerte, a alma nela infundida pela vontade potencial do homem, imagem microcsmica do
grande Arquiteto, e o transporte de objetos pesados atravs do espao e dos obstculos
materiais.
Uma cincia de nome Theopoe
Sabemos que desde os tempos mais remotos existiu uma cincia misteriosa e solene, sob o
nome de Theopoea. Esta cincia ensinava a arte de conceder aos vrios smbolos dos deuses
vida e inteligncia temporrias. Esttuas e blocos de matria inerte tornavam-se animados
sob a vontade poderosa do Hierofante. O fogo roubado por Prometeu caiu durante a batalha
na Terra; durante a luta para abarcar regies inferiores do firmamento e condensar-se nas
ondas do ter csmico como o kasa poderoso dos ritos hindus. Ns o respiramos e o
absorvemos em nosso sistema orgnico repleto dele desde o instante de nosso nascimento.
Mas ele s se forma poderoso sob o influxo da VONTADE e do ESPRITO.
Abandonado a si mesmo, este princpio de vida seguir as leis da Natureza; e, de acordo
com as circunstancias, produzir sade e exuberncia de vida, ou causar morte e
dissoluo. Mas, guiado pela vontade do adepto, ele se torna obediente; suas correntes
restauram o equilbrio dos corpos orgnicos, preenchem o vazio, e produzem milagres
fsicos e psicolgicos, bem-conhecidos pelos mesmerizadores. Infundidos na matria
inorgnica e inerte, elas criam um aparncia de vida, e portanto de movimento. Se faltar a
essa vida uma inteligncia individual, uma personalidade, ento o operador deve enviar sua
scn-lc (Scn-lc um termo anglo-saxo que significa Magia, necromancia e feitiaria,
bem como apario mgica, uma forma espetral, uma apario ilusria ou um fantasma
(phantasma). Sn-leca um mgico ou feiticeiro, e scn-lece, uma feiticeira. A arte pela
qual se produzem aparies ilusrias era conhecida como scn-craeft. N. do Org.), seu
prprio esprito astral, para anim-la, ou utilizar o seu poder sobre a regio do esprito da
natureza para forar um deles a infundir sua entidade no mrmore, na madeira, ou no metal;
ou, ainda, ser auxiliado pelos espritos humanos. Mas este - exceto a classe dos viciosos e
apegados terra - no infundiro sua essncia nos objetos inanimados. Deixam as espcies
inferiores produzirem o simulacro de vida e animao, e apenas enviam sua influncia
atravs das esferas intermedirias, como um raio de luz divina, quando o pretenso "milagre
requerido para um bom propsito. A condio - e isso uma lei da natureza espiritual - a
pureza de inteno, a pureza da atmosfera magntica ambiente, e a pureza pessoal do

operador. assim como um "milagre" pago pode ser muito mais santo do que um milagre
cristo.
Quem, dentre os que viram a atuao dos faquires na ndia meridional, pode duvidar da
existncia da Theopoea nos tempos antigos? Um cptico inveterado, ainda que ansioso para
atribuir todos os fenmenos prestidigitao, v-se obrigado a comprovar os fatos; e tais
fatos podem ser testemunhados diariamente, se assim se desejar. "Eu no uso", diz ele,
falando de Chibh-Chondor, um faquir de Jaffnapatnam, "descrever todos os exerccios que
ele apresentou. So coisas que ningum ousa dizer mesmo depois de hav-las
testemunhado, de medo que o acusem de ter sofrido uma inexplicvel alucinao! E no
entanto por dez, ou melhor, por vinte vezes, eu vi e revi o faquir obter resultados
semelhantes sobre a matria inerte. (...) Era apenas um brinquedo infantil para o nosso
`encantamento' fazer a chama dos candelabros, que haviam sido colocados, por sua ordem,
nos cantos mais remotos do aposento, empalidecerem e extinguirem-se sua vontade; fazer
moveis caminharem, mesmo os sofs nos quais estvamos sentados, as portas se abrirem e
fecharem repetidamente: e tudo isso sem deixar a esteira na qual estava sentado.
"Altera ele o curso natural dessas leis? `No, mas ele as faz agir utilizando foras que ainda
nos so desconhecidas', dizem os crentes. Como quer que seja, assisti por vinte vezes a
exibies similares, acompanhado dos homens mais distintos da ndia britnica professores, mdicos, oficiais. No h um deles que no tenha assim resumido as suas
impresses ao deixar a sala: `Eis algo verdadeiramente terrvel para a inteligncia humana!'
Todas as vezes que vi o faquir repetindo a experincia de reduzir as serpentes a um estado
catalptico, estado em que esses animais tm toda a rigidez de um ramo seco, meus
pensamentos reportaram-se fbula [?] bblica que atribui um poder anlogo a Moiss e
aos sacerdotes do Fara."
De fato, deve ser to fcil dotar a carne do homem, do animal e do pssaro com um
princpio de vida magntico quanto a mesa inerte de um mdium moderno. Os dois
prodgios so possveis e verdadeiros, ou devem soobrar, juntamente com os milagres dos
dias dos Apstolos, ou os dos tempos mais modernos da Igreja Papal. Se Sisto V
mencionou uma srie formidvel de espritos vinculados a vrios talism, a sua ameaa de
excomungar todos os que praticavam a arte no foi feita porque ele desejava que esse
segredo permanecesse confinado no seio da Igreja? O que aconteceria se esses milagres
"divinos" fossem estudados e reproduzidos com sucesso por todos os homens dotados de
perseverana, de um forte poder magntico positivo e de uma resoluta vontade? Os recentes
acontecimentos de Lourdes (supondo-se, naturalmente, que tenham sido honestamente
relatados) provam que o segredo no se perdeu por completo; e se no h nenhum
mesmerizador mgico escondido sob a batina e a sobrepeliz, ento a esttua de Notre-Dame
movimenta-se pelas mesmas foras que movem as mesas magnetizadas numa sesso
esprita; e a natureza dessas "inteligncias", pertencem elas classe dos espritos humanos,
elementares ou dos elementais, depende de uma srie de confisses. Todo aquele que
conhece um pouco do Mesmerismo e do esprito caritativo da Igreja Catlica Romana, no
teria dificuldade em compreender que as incessantes maldies dos sacerdotes e dos
monges; e os amargos antemas to prodigamente lanados por Pio IX - ele prprio um
poderoso mesmerizador e, ao que se acredita, um jetattore (mau-olhado) - colocaram as
legies de elementares e elementais sob o comando dos Torquemadas desencarnados. So
eles os "anjos" que pregam peas com a esttua da Rainha do Cu. Todo aquele que aceita o
"milagre" e pensa de outro modo comete blasfmia.
Anlise das artes e cincias nas filosofias: egpcia, grega, caldia e assria

Assinalamos as descobertas nas artes, nas cincias, e na filosofia dos egpcios, dos gregos,
dos caldeus e dos assrios; citaremos agora um autor que passou vrios anos na ndia
estudando a sua filosofia. Na clebre e recente obra Cristna et le Christ, descobriremos a
seguinte tabulao:
Filosofia - Os antigos hindus criaram, desde o princpio, os dois sistemas de Espiritismo e
materialismo, de Filosofia Metafsica e de Filosofia Positiva. A primeira ensinada na escola
vdica, cujo fundador foi Vysa; a segunda ensinada na escola sanky, cujo fundador foi
Kapila.
"Cincia astronmica" - Eles fixaram o calendrio, inventaram o zodaco, calcularam a
precesso dos equincios, descobriram as leis gerais dos movimentos. Observaram e
predisseram os eclipses.
"Matemtica" - Inventaram o sistema decimal, a lgebra, os clculos diferencial, integral e
infinitesimal. Descobriram tambm a Geometria e a Trigonometria, e nessas duas cincias
construram e provaram teoremas que s foram descobertas na Europa nos sculos XVII e
XVIII. Foram os brmanes de fato que deduziram pela primeira vez a rea de superfcie de
um tringulo a partir do clculo de seus trs lados, e calcularam a relao da circunferncia
com o dimetro. Alm disso, devemos restituir-lhes o quadrado da hipotenusa e a tbua
impropriamente denominada pitagrica, que descobrimos gravada no goparamad'gua da
maior parte dos grandes pagodes.
"Fsica - Estabeleceram o princpio, ainda em vigor em nossos dias, de que o universo um
todo harmonioso, sujeito a leis que podem ser determinadas pela observao e pela
experincia. Descobriram a hidrosttica; e a famosa proposio de que todo o corpo
submerso na gua perde o seu prprio peso um peso igual ao volume d'gua que desloca
apenas um emprstimo feito pelos brmanes ao famoso arquiteto grego Arquimedes. Os
fsicos de seus pagodes calcularam a velocidade da luz, fixaram de maneira positiva as leis
a que ela obedece em sua reflexo. E finalmente fora de dvida, segundo os clculos de
Srya-Siddharta, que eles conheciam e calcularam a fora do vapor.
"Qumica - Conheciam a composio da gua, e formularam para os gases a famosa lei, que
s viemos a conhecer ontem, segundo a qual os volumes de gs esto na razo inversa da
presso que suportam. Sabiam como preparar os cidos sulfrico, ntrico e muritico; os
xidos de cobre, ferro, chumbo, estanho e zinco; os sulfuretos de zinco e ferro; os
carboretos de ferro, chumbo, e soda; o nitrato de prata; e a plvora.
"Medicina - Seus conhecimentos eram verdadeiramente surpreendentes. Em Caraka e
Sushruta, os dois prncipes da Medicina hindu, encontra-se o sistema de que mais tarde
Hipcrates se apropriou. Sushruta ensinou em especial os princpios da Medicina
preventiva, ou higiene, que coloca bem acima da Medicina curativa - no mais das vezes,
segundo ele, emprica. Estamos hoje mais avanados? No ocioso assinalar que os
mdicos rabes, que gozaram de uma merecida celebridade na Idade Mdia - Averris,
entre outros -, falam constantemente dos mdicos hindus, considerando-os como mestres
dos gregos e de si prprios.
"Farmacologia - Conheciam todos os smplices, suas propriedades, seus usos, e a esse
respeito ainda no cessaram de dar lies Europa. Muito recentemente, receberam deles o
tratamento da asma, pelo estramnio.
"Cirurgia - Nesse ramo no foram menos notveis. Faziam a operao dos clculos e
lograram notvel sucesso na operao da catarata, e na extrao do feto, de que todos os
casos incomuns e perigosos so descritos por Caraka com uma extraordinria exatido
cientfica.

"Gramtica - Construram a mais extraordinria lngua do mundo - o snscrito -, que deu


origem maior parte dos idiomas do Oriente, e dos pases indo-europeus.
"Poesia - Praticaram todos os estilos, e revelaram-se mestres supremos em todos.
Sakuntal, Avrita, a Fedra hindu, Sranga, e milhar de outros dramas no foram suplantados
por Sfocles ou Eurpedes, por Corneille ou Shakespeare. 'O lamento de um exilado', que
implora a uma nuvem passageira que lhe leve as lembranas ao seu lar, aos parentes e
amigos, a quem ele jamais ver, para se ter uma idia do esplendor que esse estilo atingiu
na ndia. Suas fbulas foram copiadas por todos os povos modernos e antigos, que no se
deram o trabalho de dar cores diferentes aos temas desses pequenos dramas.
"Msica - Inventaram a escala com as suas diferenas de tons e semitons muito antes de
Guido d'Arezzo. Aqui a escala hindu:
Sa - Ri - Ga - Ma - Pa - Da - Ni - Sa.
"Arquitetura - Parecem ter esgotado tudo o que o gnio do homem capaz de conceber.
Zimbrios inacreditavelmente audaciosos; cpulas cnicas; minaretes com rendas de
mrmore; torres gticas; hemiciclos gregos; estilo policromo - todos os gneros de todas as
pocas nela encontram, indicando claramente a origem e a poca das diferentes colnias
que, emigrando, levaram consigo as lembranas de sua arte nativa".
Tais foram os resultados atingidos por essa antiga e imponente civilizao bramnica.
Eis que podemos ler o que disse Manu, talvez h 10.000 anos antes do nascimento de
Cristo:
"O primeiro germe de vida desenvolveu-se devido gua e ao calor" (Manu, livro I, sloka
8).
"A gua sobre ao cu em vapores; desce do Sol com chuva, e da chuva nascem as plantas, e
das plantas os animais" (Livro III, sloka 76).
Cada ser adquire as qualidades do ser que o precede imediatamente, de modo que, quanto
mais um ser se distancia do primeiro tomo da srie, mais ele dotado de qualidades e
perfeies" (livro I, sloka 20).
"O homem atravessar o universo, ascendendo gradualmente e passando atravs das rochas,
das plantas, dos vermes, insetos, peixes, serpentes, tartarugas, animais selvagens, gado, e
animais superiores. (...) Tal o grau inferior" (Ibid.).
"Estas so as transformaes declaradas da planta ao Brahm que devem operar-se neste
mundo"(Ibid.).
"O grego", diz Jacolliot, " simplesmente o snscrito. Fdias e Prexteles estudaram na sia
as obras-primas de Daouthia, Rmana, e ryavosta. Plato desaparece diante de Jaimini e
Veda-Vysa, que ele copia literalmente. Aristteles empalidece diante do Prva-Mimns e
do Uttara-Mmns, em que se descobrem todos os sistemas de filosofia que agora nos
ocupamos em reeditar, desde o Espiritualismo de Scrates e sua escola, o Ceticismo de
Pirro, Montaigne, e Kant, at o Positivismo de Littr."
Que aqueles que duvidam da exatido deste pargrafo leiam a seguinte frase, extrada
textualmente do Uttara-Mmns, ou Vednta, de Vysa, que viveu numa poca que a
cronologia bramnica fixa em 10.400 anos antes de nossa era:
"Podemos estudar os fenmenos, verific-los e afirmar que so relativamente verdadeiros,
mas como nada neste universo, nem pela percepo, nem pela induo, nem pelos sentidos,
nem pela razo, capaz de demonstrar a existncia de uma Causa Suprema, que, num
determinado ponto do tempo, teria dado origem ao universo, a Cincia no deve discutir
nem a possibilidade, nem a impossibilidade desta Causa Suprema".

Captulo V
O ter ou "luz astral"
Definio de TER - (conforme o livro Glossrio Teosfico)

ter ou Ether
Os estudantes so muito propensos a confundir o ter com o Akza e com a Luz Astral. O ter
um agente material, embora nenhum aparelho fsico o tenha, at agora, descoberto, o Aksa um
agente distintamente espiritual, idntico em certo sentido a Anima Mundi, e a Luz Astral apenas
o stimo e mais elevado princpio da atmosfera terrestre, to impossvel de descobrir como o
Aksa Csmica e o verdadeiro ter, por ser algo que se encontra completamente em outro plano.
O stimo princpio da atmosfera terrestre, ou seja a Luz Astral, apenas o segundo da escala
csmica. A Escala de Foras, Princpios, e Planos csmicos, de Emanaes (no plano metafsico)
e Evolues (no fsico), a Serpente Csmica que morde sua prpria cauda, a Serpente que
reflete a Serpente superior e que refletida, por sua vez, pela inferior. O Caduceu explica este
mistrio e o qudruplo dodecaedro sobre cujo modelo, diz Plato, o Universo foi construdo pelo
Logos manifestado - sintetizado pelo Primeiro-Nascido no-manifestado -, d geometricamente, a
chave da Cosmogonia e seu reflexo microcsmico, ou seja, a nossa Terra. [O ter, verdadeiro
Proteu hipottico, uma das "fices representativas" da cincia moderna, um dos princpios
inferiores do que chamamos "Substncia Primordial" (Akza em snscrito), um dos sonhos da
Antiguidade e que agora tornou a ser o sonho da cincia de nossos dias. Segundo o Dicionrio de
Webster, o ter " um meio hipottico de grande elasticidade e extrema sutileza, que se supe
preencha todo o espao, sem executar o interior dos corpos slidos, e seja o meio de transmisso
da luz e do calor". Para os ocultistas, contudo, tanto o ter como a Substncia Primordial no so
coisas hipotticas, mas verdadeiras realidades. Acredita-se geralmente que o Akza, da mesma
forma que a Luz Astral dos cabalistas, so o ter, confundindo-se este com o ter hipottico da
cincia. Grave erro. O Akza a sntese do ter, o ter Superior. O ter o "revestimento" ou
um dos aspectos do Akza; sua forma ou seu corpo mais grosseiro; ocupa toda a vacuidade do
Espao (ou melhor, todo o contedo do Espao) e sua propriedade o som (a Palavra). o quinto
dos sete Princpios ou Elementos csmicos, que por sua vez tem sete estados, aspectos ou
princpios. Este elemento semimaterial ser visvel no ar no final da quarta Ronda e se manifestar
plenamente na quinta. E ter, como o Akza, tem por origem o Elemento nico. O ter dos fsicos,
o ter inferior, apenas uma de suas subdivises em nosso plano, a Luz Astral dos cabalistas,
com todos os seus efeitos, tanto bons quanto maus. O ter positivo, fenomenal, sempre ativo,
uma fora-substncia , enquanto o onipresente e onipenetrante ther o nmero do primeiro, ou
seja o Akza. (Glossrio Teosfico).
A fora primordial e suas correlaes
Tem havido uma infinita confuso de nomes para expressar uma nica e mesma coisa.
O caos dos antigos; o sagrado fogo zoroastrino, ou o tas-Behrm dos prsis o fogo de Hermes; o
fogo de Elmes dos antigos alemes; o relmpago de Cibele; a tocha ardente de Apolo; a chama
sobre o altar de Pan; o fogo inextinguvel do tempo de Acrpolis, e do de Vesta; a chama gnea do
elmo de Pluto; as chispas brilhantes sobre os capacetes dos Discuros, sobre a cabea de
Grgona, o elmo de Palas, e o caduceu de Mercrio; o Ptah egpcio, ou R; o Zeus Kataibates (o
que desce); as lnguas de fogo pentecostais; a sara ardente de Moiss; a coluna de fogo do
xodo, e a "lmpada ardente" de Abro; o fogo eterno do "poo sem fundo"; os vapores do orculo
de Delfos; a luz sideral dos Rosa-cruzes; o KSA dos adeptos hindus; a luz astral de liphas
Lvi; a aura nervosa e o fludo dos magnetizadores; o od de Reichenbach; o globo gneo, ou o gato
meteoro de Babinet; o Psicode e a fora ectnica de Thuri; a fora psquica de Sergeant E.W. Cox
e do Sr. Crookes; o magnetismo atmosfrico de alguns naturalistas; galvanismo; e, finalmente,

eletricidade, so apenas nomes diversos para inmeras manifestaes diferentes, ou efeitos da


mesma misteriosa causa que a tudo penetra - o grego Archaeus.
Sir E. Bulwer-Lytton, em seu coming Race [cap. VII], descreve-a como o VRIL; utilizada pelas
populaes subterrneas, e permitiu aos seus leitores entend-la como fico. "Esse povo", diz
ele, "considerava que no vril eles chegaram unidade dos agentes naturais da energia"; e
prossegue para mostrar que Faraday os designou "sob o nome mais cauteloso de correlao",
pois:
"Sustentei durante muito tempo a opinio, quase a convico, partilhada, acredito, por muitos
outros amantes do conhecimento da Natureza, de que as vrias formas sob as quais as foras da
matria se manifestam TM UMA ORIGEM COMUM; ou, em outras palavras, tm uma correlao
to direta, dependem to naturalmente uma das outras, que so intercambiveis e possuem, em
sua ao, poderes equivalentes".
Absurda e acientfica como possa parecer a nossa comparao do vril inventado pelo grande
romancista, e da fora primordial do igualmente grande empirista, com a luz astral cabalstica, ela
, no obstante, a verdadeira definio dessa fora. Desde que comeamos a escrever esta parte
de nosso livro, numerosos jornais tm anunciado a suposta descoberta pelo Sr. Edson, o eletricista
de Newark, Nova Jersey, de uma fora, a qual parece ser pouco em comum com a eletricidade, ou
o galvanismo, exceto o princpio da condutividade. Se demonstrada, ela permanecer por longo
tempo sob alguns nomes cientficos pseudnimos; mas, no obstante, ela ser apenas das
numerosas famlias de crianas paridas, desde o comeo dos tempos, por nossa me cabalstica,
a Virgem Astral. De fato, o descobridor diz que "ela to diferente e tem regras to regulares
quanto o calor, o magnetismo ou a eletricidade". O jornal que contm o primeiro relato da
descoberta acrescenta que "o Sr. dison pensa que ela existe em conexo com o calor, e que ela
pode ser gerada por meios independentes mas ainda ignorados".
A possibilidade de suprimir a distncia entre as vozes humanas por meio do telefone (falar a
distncia), um instrumento inventado pelo Prof. A. Grahm Bell - outra das mais recentes e
surpreendentes descobertas.
Em relao a essas descobertas podemos, talvez, lembrar utilmente aos nosso leitores as
numerosas aluses que se podem encontrar nas antigas histrias a respeito de certo segredo
detido pelo clero egpcio, que podia comunicar-se instantaneamente, durante a celebrao dos
mistrios, de um templo a outro, mesmo se o primeiro estivesse em Tebas e o segundo em outra
extremidade do pas; as lendas atribuem-no, naturalmente, s "tribos invisveis" do ar, que levam
mensagens aos mortais. O autor de Pre-Adamite Man cita uma passagem que, dada simplesmente
por sua prpria autoridade, e ele parece no saber ao certo se a histria provm de Macrino ou de
qualquer outro escritor, deve ser tomada pelo que vale. Ele encontrou boas evidncias, segundo
diz, durante sua estada no Egito, de que "uma das Clepatas [?] enviou notcias por um fio a toda
as cidades, de Helpolis a Elefantina, no Alto Nilo".
O ter universal e a natureza da substncia primordial
Aqueles que no prestaram ateno ao assunto podem surpreender-se ao ver quanto j se sabia,
nos tempos antigos, a respeito do princpio sutil que a tudo penetra e que foi recentemente
batizado de TER UNIVERSAL.
Antes de prosseguir, desejamos uma vez mais enumerar em duas proposies categricas o que
foi sugerido at aqui. Esta proposies eram leis demonstradas para os antigos teurgistas.
1. Os chamados milagres, a comear de Moiss e finalizando em Cagliosto, quando genunos,
estavam, como de Gasparin insinua muito corretamente em sua obra sobre os fenmenos,

"perfeitamente de acordo com a lei natural"; portanto nada de milagres. Eletricidade e


magnetismo foram inquestionavelmente utilizados na produo de alguns prodgios, mas agora,
como ento, eles eram requisitados por todos os sensitivos que se servem inconscientemente
desses poderes pela natureza peculiar de sua organizao, a qual funciona como um condutor
para alguns desses fluidos imponderveis, ainda to ignorados pelos fsicos modernos.
2. Os fenmenos de magia natural testemunhados em Sio, ndia, Egito e outros pases orientais
no tm qualquer relao com a prestidigitao; aquela um efeito fsico absoluto, devido ao
das foras naturais ocultas, esta um resultado ilusrio obtido por hbeis manipulaes
suplementares por comparsas.
Os taumaturgos de todos os perodos, escolas e pases operavam suas maravilhas porque
estavam perfeitamente familiarizados com as imponderveis - em seus efeitos - mas outro lado
perfeitamente tangveis ondas da luz astral. Eles controlavam as correntes guiando-as com a sua
fora de vontade. As maravilhas eram de carter fsico e psicolgico; as primeiras enfeixavam os
efeitos produzidos sobre objetos materiais; as ltimas, os fenmenos mentais de Mesmer e seus
sucessores. O Mesmerismo o ramo mais importante da Magia; e seus fenmenos so os efeitos
do agente universal que sustenta toda a magia e que produziu em todos os tempos os chamados
milagres.
Os antigos chamaram-no Caos; Plato e os pitagricos designaram-no como a Alma do Mundo. De
acordo com os hindus, a Divindade em forma de ter invade todas as coisas. o fludo invisvel,
mas, como dissemos antes, tangvel. Entre outros nomes, Proteu universal - ou "o nebuloso
Onipotente", como o chama sarcasticamente De Mirville - foi designado pelos teurgistas como "o
fogo vivo", o "Esprito de Luz", e Magns. Este ltimo nome indica as suas propriedades
magnticas e revela sua natureza mgica. Pois, como acertadamente disse um de seus inimigos yos e yvns so dois ramos que crescem do mesmo tronco, e que produzem os mesmos
resultados.
Magnetismo uma palavra cuja origem cumpre remontar a uma poca incrivelmente antiga. A
pedra chamada magnete derivaria seu nome, como muitos acreditam, de Magnsia, uma cidade ou
distrito da Tesslia, onde essas pedras eram encontradas em abundncia. Acreditamos, contudo,
que a opinio dos hermetistas correta. A palavra magh, magus, deriva do snscrito mahat, o
grande ou o sbio (o ungido pela sabedoria divina). "Eumolpo o fundador mtico dos eumolpidae
(sacerdotes); os sacerdotes remontavam sua prpria sabedoria Inteligncia Divina". As vrias
cosmogonias mostravam que a Alma Universal era considerada por todas as naes como a
"mente" do Criador Demiurgo, a Sophia dos gnsticos, ou o Esprito Santo como um princpio
feminino. Como os magi derivaram seu nome da, a pedra magntica, ou im, foi assim chamada
em sua honra, pois eles foram os primeiros a descobrir as suas maravilhosas propriedades. Seus
templos espalhavam-se pelo pas em todas as direes, e entre eles havia alguns templos de
Hrcules - da a pedra, quando se divulgou que os sacerdotes a utilizavam para seus propsitos
curativos e mgicos, ter recebido o nome de pedra magntica ou herclea. Scrates, falando a seu
respeito, assinala: "Eurpedes chama-a pedra magntica, mas o povo comum, pedra herclea." A
terra e a pedra que foram designadas de acordo com os magi, no os magi de acordo com
ambos. Plnio informa-nos que o anel nupcial dos romanos era magnetizado pelos sacerdotes
antes da cerimnia. Os antigos historiadores pagos mantiveram cuidadosamente o silncio sobre
certos mistrios do "sbio" (magi), e Pausnias foi advertido por um sonho, diz ele, a no revelar
os ritos sagrados do tempo de Demter e Persfone em Atenas.
A cincia moderna, depois de ter inutilmente negado o magnetismo animal, viu-se obrigada a
aceit-lo como um fato. Hoje ele uma propriedade reconhecida da organizao humana ou
animal; quanto sua influencia oculta, psicolgica, as Academias lutam contra ela, em nosso
sculo, mais ferozmente do que nunca. Isto mais lamentvel do que surpreendente, pois os
representantes da "cincia exata" so incapazes de nos explicar, ou mesmo de nos oferecer algo
como um hiptese razovel para a inegvel potncia misteriosa contida num simples im.

Comeamos a ter diariamente provas de que esta potncias sustentam os mistrios tergicos e,
portanto, poderiam talvez explicar as faculdades ocultas que os antigos e os modernos teurgistas
possuam como um de seus mais extraordinrios efeitos. Tais foram os dons transmitidos por
Jesus a alguns de seus discpulos. No momento de suas curas miraculosas, o Nazareno sentia que
um poder saa de si. Scrates, em seu dilogo com Theages, falando-lhe de seu deus familiar
(demnio), e de seu poder de comunicar a sua (de Scrates) sabedoria aos discpulos ou de
impedi-lo de reparti-la com as pessoas com quem se associava, aduz a seguinte passagem em
corroborao s suas palavras: "Eu te contarei, Scrates", diz Aristides, "uma coisa incrvel, mas,
pelos deuses, uma verdade. Beneficiei-me quando me associei a ti, mesmo se eu apenas estava
na mesma casa, embora no na mesma sala; porm mais ainda, quando eu estava na mesma sala
(...) e muito mais quando eu te olhava (...). Mas eu me beneficiei muito mais quando eu me sentava
prximo de ti e te tocava".
Tal o Magnetismo e o Mesmerismo moderno de Du Potet e outros mestres, que, quando
submetem uma pessoa sua influncia fludica, podem comunicar-lhe todos os seus
pensamentos, ainda que distncia, e com um poder irresistvel forar seus pacientes a
obedecerem suas ordens mentais. Mas como essa fora psquica era mais bem conhecida entre os
antigos filsofos! Podemos vislumbrar alguma informao sobre esse assunto desde as mais
antigas fontes. Pitgoras ensinava a seus discpulos que Deus a mente Universal difundida
atravs de todas as coisas, e que esta mente, apenas pela virtude de sua identidade universal,
poderia comunicar-se de um objeto a outro e criar as coisas apenas pela fora de vontade do
homem. Para os antigos gregos, Kurios era a Mente de Deus (Nous). "Ora, Koros [Kurios] significa
a natureza pura e imaculada do intelecto - a sabedoria", diz Plato. Kurios Mercrio, a Sabedoria
Divina, e "Mercrio o Sol", do qual Thor-Hermes recebeu esta sabedoria divina, a qual, por sua
vez, ele comunicou ao mundo em seus livros. Hrcules tambm o Sol - o celeiro celestial do
magnetismo universal: ou antes, Hrcules a luz magntica que, tendo feito seu caminho atravs
do "olho aberto do cu", penetra as regies do nosso planeta e assim se torna o Criador. Hrcules
executa os doze trabalhos, valente Tit! Chamam-no "Pai de Tudo" e "autonascido" (autophus).
Hrcules, o Sol, morto pelo Demnio. Tfon como Osris, que o pai e o irmo de Hrus, e ao
mesmo tempo idntico a ele; e no devemos esquecer que o im chamava-se o "osso de Hrus",
e o ferro, o "osso de Tfon". Chamam-no "Hrcules Invictus apenas quando ele desce ao Hades (o
jardim subterrneo), e, colhendo as "mas douradas" da "rvore da vida", mata o drago. O poder
titnico bruto, o "revestimento" de todo deus solar, opes a fora da matria cega ao esprito divino,
que tenta harmonizar todas as coisas da Natureza.
O sol oculto
Todos os deuses solares, com seu smbolo, o Sol Visvel, so os criadores da natureza fsica,
apenas. A espiritual obra do Deus Superior - o SOL Oculto, Central e Espiritual, e de seu
Demiurgo - a Mente Divina de Plato, e a Sabedoria Divina de Hermes Trimegistro - a sabedoria
emanada de Olam ou Cronos.
"Aps a distribuio do fogo puro, nos mistrios samotrcios, uma nova vida comeava". Era esse
o "novo nascimento" a que alude Jesus em seu dilogo noturno com Nicodemos. "Iniciados nos
mais sagrados de todos os mistrios, purificando-nos (...) tornamo-nos justo e santos com
sabedoria." "Soprou sobre eles e lhes disse: 'Recebi o Santo Pneuma' (Alento; vento; ar, alma,
esprito; voz; a sntese dos sete sentidos.) E este simples ato de fora de vontade era suficiente
para comunicar o dom da profecia em sua forma mais nobre e mais perfeita se o instrutor e o
iniciado fossem dignos dele. Ridicularizar este dom, mesmo em seu atual aspeto, "como a
oferenda corrupta e os restos prolongados de uma antiga poca de superstio, e apressadamente
conden-lo como indigno de uma sbria investigao, seria to errado quanto poucos filosfico",
assinala o Rev. J.B. Gross. "Remover o vu que oculta nossa viso do futuro, sempre se tentou em
todas as idades do mundo; e da a propenso para investigar os arcanos do tempo, considerada
como uma faculdades da mente humana, vir recomendada at ns sob a sano de Deus. (...)
Zunglio, o reformado suo, atribua compreenso de sua f na providncia de um Ser Supremo

doutrina cosmopolita de que o Esprito Santo no foi inteiramente excludo da parte mais digna do
mundo pago. Admitindo que isso seja verdade, no podemos conceber facilmente uma razo
vlida para que um pago, uma vez favorecido, no fosse capaz da verdadeira profecia."
A substncia primordial que tudo contm
Pois bem, o que essa substncia mstica, primordial? No livro Gnese, no comeo do primeiro
captulo, ela designada como a "face das guas", sobre a qual, se fiz, flutuava o "Esprito de
Deus". J menciona, no cap. XXVI, 5, que "a alma dos mortos tremem debaixo das guas com
seus habitantes". No texto original, em lugar de "almas mortas", est escrito Rephaim (gigantes, ou
homens primitivos poderosos) mortos, de cuja "Evoluo" se poder um dia traar a nossa
presente raa. Na mitologia egpcia, Kneph, o Deus Eterno no-relado, representado por um
emblema serpentino da eternidade que circunda uma urna aqutica, com sua cabea que plana
sobre as guas, que ele incuba com o seu hbito. Neste caso, a serpente o Agathodaemn, o
esprito bom; em seu carter oposto Kakodaimn - o esprito mau. No Eddas escandinavo, o
man - o alimento dos deuses e das ativas e criativas Yggdrasill (abelhas) - corre durante as horas
da noite, quando a atmosfera est impregnada de umidade; e nas mitologias do Norte, como o
princpio passivo da criao, ela simboliza a criao do universo a partir da gua; este man a luz
astral em uma de suas combinaes e possui propriedades tanto criativas como destrutivas. Na
lenda caldaica de Berosus, Oannes ou Dagon, o homem-peixe, ao instruir o povo, mostra o mundo
incipiente criado das guas e todos os seres que se originaram dessa prima matria. Moiss
ensina que apenas a terra e a gua podem produzir uma alma viva; e lemos nas Escrituras que as
ervas no podiam crescer antes que o Eterno fizesse chover sobre a Terra. No Popol-Vuh quchua,
o homem criado do mud, argila (terra glaise), retirado de sob as guas. Brahm cria Lomasa, o
grande muni (ou primeiro homem), sentado sobre ltus, apenas depois de ter chamado vida os
espritos, que esto gozando entre os mortais de uma prioridade de existncia, e ele o cria da
gua, do ar e da terra. Os alquimistas afirmam que a Terra primordial ou pr-admica, quando
reduzida sua substncia primeira, em seu segundo estgio de transformao como a gua
lmpida, sendo o primeiro degrau o alkahest propriamente dito. Afirma-se que esta substncia
primordial contm em si a essncia de tudo o que contribui para a formao do homem; ela tem
no apenas todos os elementos de seu ser fsico, mas tambm o prprio "sopro de vida" num
estado latente, pronto para ser despertado. Isto ela recebe da "incubao" do Esprito de Deus
sobre a face das guas - o caos; de fato, esta substncia o prprio caos. Paracelso afirmou ser
capaz de com ela criar os seus homunculi; e eis por que Tales, o grande filsofo natural,
sustentava que a gua era o princpio de todas as coisas da Natureza. O que esse caos
primordial seno o ter. O moderno ter; no tal como conhecido por nossos cientistas, mas tal
como era conhecido pelos antigos filsofos, muito tempo antes de Moiss; ter, como todas as
suas propriedades misteriosas e ocultas, que contm em si os germes da criao universal; ter, a
virgem celeste, a me espiritual de toda forma e ser existentes, de cujo seio, assim que so
"incubadas" pelo Esprito Divino, nascem a matria e a vida, a fora e a ao. Eletricidade,
magnetismo, calor, luz e ao qumica so to pouco conhecidos, mesmo agora que fatos recentes
esto constantemente alargando o crculo de nosso conhecimento! Quem sabe onde termina o
poder desse gigante protico - ter; ou onde est a sua misteriosa origem? Quem, queremos
saber, nega o esprito que age nele e dele extrai todas as formas visveis?
uma tarefa fcil mostrar que as lendas cosmognicas espalhadas por todo o mundo baseiam-se
nos conhecimentos que os antigos possuam a respeito das cincias que hoje se aliaram para
apoiar a doutrina da evoluo; e que pesquisas posteriores podero demonstrar que eles estavam
mais familiarizados com o fato da prpria evoluo, nos seus dois aspectos, fsico e espiritual, do
que ns hoje. Para os filsofos antigos, a evoluo era um teorema universal, uma doutrina que
abrangia o todo, e um princpio estabelecido; enquanto os nossos modernos evolucionistas so
capazes de apresentar apenas teorias especulativas; teoremas particulares, seno totalmente
negativos.
A uniformidade da alegoria da gua e do esprito

Um fato, pelo menos, est provado: no existe um nico fragmento cosmognico, pertena
nao que for, que no sustente por sua alegoria universal da gua e do esprito que plana sobre
ela, do mesmo modo que os nossos fsicos modernos que o universo se originou do nada; pois
todas as suas lendas comeam com aquele perodo em que os vapores nascentes e a obscuridade
cimeriana planavam sobre a massa fluida preste a comear a sua jornada de atividade ao primeiro
sopor DELE, que o PRINCPIO NO REVELADO. Elas O sentem, se no O vem. Suas
intuies espirituais ainda estavam to obscurecidas por sutis sofismas dos sculos precedentes
como o est o nosso prprio agora. Se elas falavam menos da poca siluriana que se desenvolveu
lentamente no mamaliano, e se o tempo cenozico foi lembrado apenas pelas vrias alegorias do
homem primitivo - o Ado de nossa raa -, isso apenas uma prova negativa de que esses
"sbios" e mestres no conheciam to bem quanto ns esses perodos sucessivos. Nos dias de
Demcrito e Aristteles o ciclo j tinha comeado a entrar em seu caminho descendente de
progresso. E se esses dois filsofos pudessem discutir to bem a teoria atmica e remontar o
tomo ao ponto material ou fsico, seus ancestrais devem ter ido mais longe.

No apenas dos livros mosaicos que pretendemos retirar as provas para os nossos argumentos
ulteriores. Os antigos judeus tiraram todo o seu conhecimento - tanto religiosos quanto profano das naes com as quais se tinham mesclado nos perodos mais remotos. Mesmo a mais antiga
de todas as cincias, a sua "doutrina secreta" cabalstica, pode ser acompanhada em todos os
detalhes at a sua fonte primeira, a ndia Superior, ou o Turquesto, muito antes da poca da
separao distinta entre as naes arianas e semitas. O rei Salomo, to celebrado pela
posteridade, como diz Josefo, o historiador, por suas habilidades mgicas, recolheu o seu
conhecimento secreto da ndia, atravs de Hiro, o rei de Ofir, e talvez de Sab. Seu anel,
conhecido comumente como o "selo de Salomo", to celebrado pelo poder de sua influncia
sobre as vrias espcies de gnios e demnios, igualmente de origem hindu. Escrevendo sobre
as pretensas e abominveis habilidades dos "adoradores de demnios" de Travancore, o Rev.
Samuel Mateer, da Sociedade das Misses de Londres, afirma, ao mesmo tempo, estar de posse
de um antiqussimo volume manuscrito de encantamentos mgicos e de sortilgios em lngua
malaylam, que d instrues para realizar uma grande variedade de fenmenos. Ele acrescenta,
naturalmente, que "muitos deles so terrveis em sua malignidade e obscuridade", e d em sua
obra o fac-smile de alguns amuletos que trazem figuras e desenhos mgicos. Encontramos entre
eles um com a seguinte legenda: "Para remover o tremor resultante da possesso demonaca desenhe esta figura sobre uma planta que tem seiva leitosa, e atravesse um prego nela; o tremor
cessar". A figura o prprio selo de Salomo, ou o duplo tringulo dos cabalistas.
Consideraes sobre a vontade
liphas Lvi, o mago moderno, descreve a luz astral na seguinte frase: "Dissemos que para
adquirir o poder mgico duas coisas so necessrias: libertar a vontade de toda servido, e
prtica-la sob controle".
"A vontade soberana representada em nossos smbolos pela mulher que esmaga a cabea da
serpente, e pelo anjo resplandecente que domina o drago, e o mantm sob os seus ps e sob a

lana; o grande agente mgico, a corrente dual de luz, o fogo vivo e astral da Terra, foi
representado nas teogonias antigas pela serpente com a cabea de um touro, de um carneiro ou
de um co. a serpente dupla do caduceu, a antiga serpente do Gnese, mas tambm a
serpente bronzeada de Moiss enrolada em torno do tau, vale dizer, do lingam gerador. tambm
o bode do sab das feiticeiras, e o Baphomet dos Templrios; o Hyl dos Gnsticos; a cauda
dupla da serpente que forma as pernas do galo solar de Abraxas; finalmente, o Demnio de
Eudes de Mirville. Mas na verdade a fora cega que as almas devem vencer para libertar a si
mesma dos limites da Terra, pois se a sua vontade no as liberta "de sua fatal atrao, elas sero
absolvidas na corrente pela fora que as produziu, e retornaro ao fogo central e eterno."
Esta figura de linguagem cabalista, no obstante a sua estranha fraseologia, precisamente a
mesma que Jesus utilizava; e em sua mente ela no poderia ter outro significado que no aquele
atribudo pelo gnsticos e pelos cabalistas. Mais tarde os telogos cristo interpletaram-nas de
modo diferente, e para eles ela se tornou a doutrina do inferno. Literalmente, contudo, ela significa
simplesmente o que diz - a luz astral, ou o gerador e o destruidor de todas as formas.
"Todas as operaes mgicas", prossegue Lvi, "consistem em libertar-se dos laos da antiga
serpente; portanto, em colocar o p sobre sua cabea e conduzi-la de acordo com a vontade do
operador. 'Eu te direi', diz a serpente, no mito evanglico, 'todo os reinos da Terra, se te
prosternares e me adorares.' O iniciado deveria replicar-lhe: 'Eu no me prosternarei, mas tu cairs
aos meus ps; tu nada me dars, mas eu te usarei e obterei tudo que desejar. Pois eu sou o
Senhor e Mestre!'. Este o sentido verdadeiro da resposta ambgua dada por Jesus ao tentador.
(...) Portanto, o Demnio no uma entidade. uma fora errante, como o prprio nome indica.
Uma corrente dica ou magntica formada por uma cadeia (um crculo) de desejos perniciosos,
criadora deste esprito demonaco que o Evangelho chama de legio, e que fora uma horda de
porcos a se jogar no mar - outra alegoria evanglica mostrando como as naturezas baixas podem
ser conduzidas temerariamente pelas foras cegas postas em movimento pelo erro e pelo pecado."
Experincias dos faquires
Em sua extensa obra sobre as manifestaes msticas da natureza humana, o naturalista e filsofo
Maximilian Pertv dedicou todo um captulo s Formas modernas de magia. "As manifestaes da
vida mgica", diz ele no Prefcio, " repousam em parte numa ordem de coisas diferente da
natureza com a qual estamos familiarizados, com tempo, espao e causalidade; esta
manifestaes s escassamente so experimentadas; elas podem ser evocadas a nosso convite,
mas devem ser observadas e cuidadosamente seguidas sempre que ocorrem em nossa presena;
podemos apenas agrup-la analogicamente sob certas divises, e deduzi-las dos princpios e leis
gerais." Portanto, para o Prof. Perty, que pertence evidentemente escola de Schopenhauer, a
possibilidade e a naturalidade dos fenmenos que tiveram lugar na presena de Govinda Svmin,
o faquir, e que foram descritos por Louis Jacolliot, o orientalista, so totalmente demonstrados de
acordo com esse princpio. O faquir era um homem que, atravs da completa sujeio da matria
de seu sistema corporal, atingia o estado de purificao no qual o esprito se torna quase
inteiramente livre de sua priso, e pode produzir maravilhas. Sua vontade, no, um simples desejo
seu torna-se uma fora criadora, e ele pode comandar os elementos e os poderes da Natureza.
Seu corpo no mais um entrave; por isso ele pode conversar "esprito a esprito, sopro a sopro".
Sob suas palmas estendidas, uma semente, desconhecida para ele (pois Jacolliot a recolheu ao
acaso, entre uma variedades de sementes, de um saco, e a plantou ele prprio, depois marc-la,
num vaso de flores), germinar instantaneamente, e abrir seu caminho atravs do solo.
Desenvolvendo em menos de duas horas um tamanho e um peso que, talvez, sob circunstncias
comuns, requereriam vrios dias ou semanas, ela cresce miraculosamente sob os prprios olhos
do experimentador perplexo, e confundindo todas as frmulas aceita da Botnica. Trata-se de um
milagre? De modo algum; pode s-lo, talvez, se tornarmos a definio de Webster, segundo a qual
o milagre "todo evento contrrio constituio estabelecida e ao curso das coisas - um desvio
das leis conhecidas da Natureza". Mas estaro os nossos naturalistas preparados para defender a
afirmao de que o que eles estabeleceram uma vez pela observao infalvel? Ou que todas as

leis da Natureza lhes so conhecidas? Neste caso, o "milagre" de uma ordem um pouco mais
elevada que as atuais experincias bem conhecidas do Gen. Pleasontom, da Filadlfia. Enquanto a
vegetao e os frutos de suas vinhas foram estimulados a uma incrvel atividade pela luz violeta, o
fludo magntico que emanava das mos do faquir efetuava mudanas mais intensas e rpidas na
funo vital das plantas indianas. Ele atraiu e concentrou o kasa, ou princpio vital, no germe. Seu
magnetismo, obedecendo sua vontade, dirigiu o kasa numa corrente concentrada atravs da
planta em direo s suas mos, e, mantendo um fluxo ininterrupto pelo espao de tempo
necessrio, o princpio vital da planta construiu clula aps clula, camada aps camada, com
extraordinria atividade, at que a obra se completasse. O princpio vital apenas uma fora cega
que obedece a uma influncia controladora. No curso ordinrio da Natureza, o protoplasma da
planta a teria concentrado e dirigido numa certa velocidade estabelecida. Esta velocidade poderia
ter sido controlada pelas condies atmosfricas predominantes, sendo o seu crescimento rpido
ou lento, e, na haste e na ponta, na proporo do grau de luz, calor e umidade da estao. Mas o
faquir, vindo em auxlio da Natureza com sua vontade poderosa e o esprito purificado do contato
com a matria, condensada, por assim dizer, a essncia da vida da planta em seus germes, e
fora-a a amadurecer antes do tempo. Ao ser totalmente submetida sua vontade, esta fora cega
obedece-a servilmente. Se ele escolhe imaginar a planta como um monstro, ela seguramente se
tornara um, como cresceria ordinariamente em sua forma natural, pois a imagem concreta escrava do modelo subjetivo desenhado na imaginao do faquir - forada a seguir o original em
seus mnimos detalhes, como a mo e o pincel do pintor seguem a imagem que copiam de sua
mente. A vontade do faquir mgico forma uma invisvel mas, para ele perfeitamente objetiva matriz,
na qual a matria vegetal forada a se depositar e a assumir a forma fixada. A vontade cria, pois
a vontade em movimento fora, e a fora produz matria.
Se algumas pessoas objetarem explicao alegando que o faquir no poderia, de modo algum,
criar o modelo em sua imaginao, uma vez que Jacolliot no o informou sobre a espcie de
semente que havia selecionado para a experincia, a elas respondemos que o esprito do homem
como o do seu Criador - onisciente em sua essncia. Enquanto em seu estado natural o faquir
no conhecia e no poderia conhecer se era a semente de um melo ou de qualquer outra planta,
uma vez em transe, consequentemente, morto corporalmente a toda percepo exterior, o esprito,
para o qual no existem distncia, obstculos materiais, nem espao ou tempo, no experimentou
dificuldade alguma para perceber a semente de melo, estivesse ela profundamente enterrada na
terra do vaso ou refletida na mente de Jacolliot. Nossas vises, pressgios e outros fenmenos
psicolgicos, todos os quais existem na Natureza, corroboram o fato acima mencionado.
Faramos bem talvez em responder agora a uma outra objeo pendente. Os prestidigitadores
indianos, dir-nos-o, fazem o mesmo, e to bem quanto o faquir, se podemos acrescentar nos
jornais e nas narrativas dos viajantes. Sem dvida; no entanto, esses prestidigitadores ambulantes
no so nem puros em seus modos de vida nem considerados santos por ningum; nem pelos
estrangeiros nem pelo seu prprio povo, pois so feiticeiros; homens que praticam a arte negra.
Enquanto um homem santo como Govinda Svmin requer apenas a ajuda de sua prpria alma
divina, estritamente unida ao esprito astral, e a ajuda de alguns poucos pitris familiares - seres
puros, etreos, que se agrupam em trono de seu irmo eleito em carne -, o feiticeiro s pode
invocar para a sua ajuda aquela espcie de espritos que conhecemos como elementais. Os
semelhantes se atraem; e a ambio por dinheiro, propsitos impuros e desgnios egostas no
podem atrair outros espritos seno os espritos que os cabalistas judeus conhecem com klippoth,
habitantes de Asiah, o quarto mundo, e os mgicos orientais como afrits, ou espritos elementais
do erro, ou davas (Ou Devas, Demnio ou mau gnio dotado de grande poder).
O que a vontade?
O que a VONTADE? A "cincia exata" pode diz-lo? Qual a natureza desse algo inteligente,
intangvel e poderoso que reina soberanamente sobre toda matria inerte? A grande Idia
Universal desejou, e o Cosmo veio existncia. Eu quero, e meus membros obedecem. Eu quero,
e meu pensamento, ao atravessar o espao, que no existe para ele, abarca o corpo de um outro

indivduo que no uma parte de mim, penetra por seus poros, e substituindo suas prprias
faculdades, se so mais fracas, fora-o a uma ao predeterminada. Age como o fludo de uma
bateria galvnica sobre os membros de um cadver. Os misteriosos efeitos de atrao e repulso
so os agentes inconscientes dessa vontade; a fascinao, tal como a que vemos exercida por
alguns animais, tal qual as serpentes sobre pssaros, uma ao consciente dela, e o resultado
do pensamento. Cera, vidro, mbar, quando esfregado, e, quando o calor latente que existe em
toda substncia despertado, atraem corpos luminosos; eles exercem inconscientemente a
vontade pois a matria inorgnica, assim como a orgnica, possui uma partcula da essncia
divina em si, por mais infinitesimalmente pequena que seja. E como poderia s-lo de outro modo?
Ainda que no curso de sua evoluo tenha passado do princpio ao fim por milhes de formas
diversas, ela deve sempre reter o germe inicial da matria preexistente, que a primeira
manifestao e emanao da prpria Divindade. O que ento esse poder inexplicvel da atrao,
a no ser uma poro atmica daquela essncia que os cientistas e os cabalista reconhecem
igualmente como o "princpio da vida" - o kasa. Admite-se que a atrao exercida por tais corpos
seja cega; mas, se acendermos mais e mais na escala dos seres orgnicos da Natureza,
encontramos este princpio de vida desenvolvendo atributos e faculdades que se tornam mais
determinados e mais caractersticos a cada degrau dessa escala sem fim. O homem, o mais
perfeito dos seres organizados sobre a Terra, em quem a matria e o esprito - a vontade - so
mais desenvolvidos e poderosos, o nico ao qual se concedeu um impulso consciente para
aquele princpio que emana dele. Apenas ele pode comunicar ao fludo magntico impulsos
opostos e diversos em limites quanto direo. "Ele quer", diz Du Petet, "e a matria organizada
obedece. Ela no tem plos."
Diz Cabanis, a razo se desenvolve exclusivamente s expensas do instinto natural, tornando-se
uma espcie de muralha chinesa que se ergue lentamente no solo dos sofismas e, finalmente,
exclui as percepes espirituais do homem, de que o instinto um dos mais importantes exemplos.
Chegando a certos estgios de prostrao fsica, quando a mente e as faculdades raciocinantes
parecem paralisadas pela fraqueza e pela exausto fsica, o instinto - a unidade espiritual dos
cincos sentidos - v, ouve, toca e cheira, inalterado pelo tempo ou pelo espao. Que sabemos dos
limites exatos da ao mental? Como pode um mdico pretender distinguir os sentidos reais dos
imaginrios em um homem cujo corpo, j exaurido de sua vitalidade habitual, deseja viver
espiritualmente e se sente verdadeiramente incapaz de impedir a alma de evolar-se de sua priso?
A luz divina
A luz divina atravs da qual, desimpedida pela matria, a alma percebe coisas passadas,
presentes e futuras, como se os seus raios se refletissem num espelho; o golpe mortal desferido
num instante de violenta raiva ou clmax de um dio longamente inflamado; a bno enviada por
um corao reconhecido ou benvolo; e a maldio lanada contra um objeto - ofensor ou vtima -,
tudo deve passar atravs desse agente universal, que, sob um impulso, o sopro de Deus, e sob
outro - o veneno do demnio. Ele foi descoberto (?) pelo Baro Reichenbach e chamado de OD,
no podemos dizer se intencionalmente ou no, mas singular que se tenha escolhido um nome
que mencionado nos livros mais antigos da Cabala.
Emepht o Princpio Primeiro e Supremo, engendrou o Ovo e depois de incuta-lo impregnando-o de
sua prpria essncia, desenvolveu-se o germe do qual nasceu Ptah o ativo e criador princpio que
iniciou sua obra. Da expanso infinita da matria csmica, que se formara sob seu alento, ou de
sua vontade, esta matria csmica, luz astral, ter, bruma gnea, princpio de vida - pouco importa
o nome que lhe dermos -, este princpio criador, ou, como a nossa moderna filosofia o designa, lei
da evoluo, colocando em movimento as potncias nele latentes, formou sis e estrelas, e
satlites; controlou sua localizao pela lei imutvel da harmonia, e povoou-os "com todas as
formas e qualidades de vida". Nas antigas mitologias orientais, o mito cosmognico diz que no
havia seno gua (O Pai) e o Limo Prolfero (A Me, Ilus ou Hyl), do qual proveio a serpente
csmica - a matria. Era o deus Phanes, o deus revelado, a Palavra ou Logos. A boa vontade com
que este mito foi aceito, at mesmo pelos cristos que compilaram o Novo Testamento, pode ser

inferida pelo seguinte fato: Phanes, o deus revelado, representado neste smbolo da serpente
como um Protogonos, um ser provido das cabeas respectivas de um homem, um falco ou guia,
um touro - taurus - e um leo, com asas em ambos os lados. As cabeas referem-se ao zodaco, e
representam as quatro estaes do ano, pois a serpente Csmica o ano Csmico, ao passo que
a prpria serpente o smbolo de Kneph, o Deus imanifestado, o Pai. O tempo alado, por isso a
serpente representada com asas. Se lembrarmos que cada um dos quatro evangelistas
representado tendo prximo de si um dos animais mencionados - agrupados em conjunto ao selo
de Salomo e no pentagrama de Ezequiel, e reencontrados nos quatro querubins ou esfinges da
Arca da Aliana -, compreenderemos talvez o significado secreto assim como a razo por que os
primeiros cristo dotaram este smbolo; e por que os atuais catlicos romanos e os gregos da
Igreja oriental costumam representar os quatro evangelistas com os respectivos animais
simblicos. Compreenderemos tambm por Irineu, bispo de Lyon, insistia tanto na necessidade de
haver um quarto evangelho, explicando que quatro so as zonas do mundo, e quatro os ventos
principais provindos dos quatro pontos cardiais, etc.
Segundo um dos mitos egpcios, a forma-fantasma da ilha de Chemmis (Chemi, Antigo Egito), que
flutua sobre as ondas etreas da esfera emprea, foi chamada vida por Hrus-Apolo, o deus do
Sol, que a fez evoluir do ovo csmico.
No poema cosmolgico do Volusp (a cano da profetiza), que contm as lendas escandinavas
sobre a aurora mesma das idades, o germe-fantasma do universo representado a repousar no
Ginnugagap - ou a taa da iluso, um abismo sem fim e vazio. Nessa matriz do mundo,
inicialmente uma regio de noite e desolao, Nifelheim (a regio das nuvens), cai um raio de luz
(ter), que se derramou sobre a taa e nela se congelou. Ento, o Invisvel assoprou um vento
abrasador que dissolveu as guas congeladas e dissipou as nuvens. Estas guas, chamadas de
correntes de Elivgar, destiladas em gotas vivificantes, criaram, ao cair, a terra e o gigante Ymir,
que tinha apenas "a aparncia humana" (o princpio masculino). Com ele foi criada a vaca,
Aydhumla (princpio feminino), de cujo bere fluram quatro correntes de leite, que se difundiram
pelo espao (a luz astral a sua emanao mais pura). A vaca Audhumla produz um ser superior,
chamado Buri, belo e poderoso, lambendo as pedras que estavam cobertas de sal mineral.
Ora, se levarmos em considerao que este mineral era universalmente considerado pelos antigos
filsofos como um dos princpios formativos essenciais da criao orgnica; pelos alquimistas
como o dissolvente universal, que, dizem eles, devia ser retirado da gua; e por todo mundo,
mesmo como visto atualmente tanto pela cincia como pelas idias populares, como um
ingrediente indispensvel para o homem e os animais - podemos compreender facilmente a
sabedoria oculta desta alegoria sobre a criao do homem. Paracelso chama o sal "o centro da
gua, em que os metais devem morrer", etc.; e Van Helmont chama o alkahest, "summum et
felicissimum ommium salium", o mais bem logrado de todos os sais.
No Evangelho segundo So Mateus, diz Jesus: "Vs sois o sal da terra: mas se o sal se tornar
insosso, com que o salgaremos?" e, prosseguindo a parbola, acrescenta: "Vs sois a luz do
mundo" (V, 14). Isto mais do que uma alegoria; essas palavras chamam a ateno para um
sentido direto e inequvoco relativamente aos organismos espirituais e fsicos do homem em sua
natureza dupla, e mostram, ademais, um conhecimento da "doutrina secreta", de que encontramos
traos diretos igualmente nas mais antigas e comuns tradies populares do Antigo e do Novo
Testamento, e nos escritos dos msticos e dos filsofos antigos e medievais.
Interpretaes de certos mitos antigos
Mas voltemos nossa lenda do Edda. Ymir, o gigante, adormece, e transpira abundantemente.
Essa transpirao fora a axila de seu brao esquerdo a gerar desse lugar um homem e uma
mulher, enquanto o seu p produz um filho para eles. Assim, enquanto a "vaca" mtica d o ser a
uma raa de homens espirituais superiores, o gigante Ymir engendra uma raa de homens maus e
depravados, os Hrimthussar, ou gigantes de gelo. Comparando esta notas com os Vedas hindus,

encontramos, com ligeiras modificaes, a mesma lenda cosmognica em substncia e detalhes.


Brahm, assim que Bhagavat, o Deus Supremo, lhe concede poderes criativos, produz seres
animados, inteiramente espirituais no princpio. Os Devats, habitantes da regio do Svarga
(celestial), so incapazes de viver na Terra; ento Brahm cria os Daityas (gigantes, que se
tornaram os habitantes do Ptla, as regies inferiores do espao), que tambm so capazes de
habitar Mrityuloka (a Terra). Para remediar o mal, o poder criativo faz sair de sua boca o primeiro
Brahaman, que ento se torna o progenitor de nossa raa; de seu brao direito, Brahm cria
Kshatriya, o guerreiro, e do esquerdo, Kshatriyni, a consorte de Kshatriya. O filho de ambos,
Vaisya, emana do p direito do criador, e a sua esposa, Vaisya, do esquerdo. Enquanto na lenda
escandinava Burr (o neto da Vaca Audhumla), um ser superior, desposa Beisla, uma filha da raa
depravada de gigantes, na tradio hindu o primeiro Brahaman desposa Daiteyi, filha tambm da
raa de gigantes; e no Gnese vemos os filhos de Deus tomando por esposas as filhas dos
homens, e produzindo igualmente os poderosos homens da Antiguidade; todo o conjunto
estabelece uma inquestionvel identidade de origem entre o livro inspirado dos cristo, e as
"fbulas" pags da Escandinvia e do Hindusto. As tradies de qualquer outra nao vizinha, se
examinadas, apresentariam um resultado semelhante.
Qual o moderno cosmogonista que poderia condenar, num smbolo to simples como o da
serpente egpcia um crculo, um tal mundo de significados? Aqui temos, nesta criatura, toda a
filosofia do universo: a matria vivificada pelo esprito, e os dois produzindo conjuntamente do caos
(Fora) todas as coisas existentes. Para indicar que os elementos esto firmemente unidos nesta
matria csmica, que a serpente simboliza, os egpcios do um n sua causa.
H um outro emblema, mais importante, relacionado mudana de pele da serpente, que, se no
nos enganamos, jamais foi anteriormente mencionado pelos nossos simbologistas. Como o rptil,
depois de deixar sua pele, se torna livre do invlucro de matria grosseira que o estorvava com um
corpo grande demais, e retorna a sua existncia com uma atividade renovada, assim o homem,
rejeitando o corpo material grosseiro, entra no prximo estgio de sua existncia com poderes
maiores e com vitalidade mais intensa. Inversamente, os cabalistas caldeus relatam-nos que o
homem primordial - que, ao contrrio da teoria darwiniana, era mais puro, mais sbio e muito mais
espiritual, como o mostram os mitos do Buri escandinavo, os Devats hindus, e os "filhos de Deus"
mosaicos, numa palavra, de uma natureza muito superior do homem da presente raa admica tornou-se desespiritualizado ou contaminou-se com a matria e, assim, pela primeira vez, recebeu
o corpo carnal, que caracterizado no Gnese no versculo profundamente significativo: "O Senhor
Deus fez para o homem e sua mulher tnicas de pele, e os vestiu". A menos que os comentadores
quisessem fazer da Causa Primeira um alfaiate celestial, o que poderiam estas palavras
aparentemente absurdas significar, a no ser que o homem espiritual atingiu, atravs do progresso
da involuo, aquele ponto em que a matria, predominando sobre o esprito e conquistando-o,
transformou tal homem no homem fsico, ou no segundo Ado, do segundo captulo do Gnese?
Essa doutrina cabalstica elaborada mais amplamente no Livro de Jasher No cap. VII, estas
vestes de pelo so colocadas por No na arca, depois de t-las obtido por herana de Matusalm e
Henoc, que as receberam de Ado e de sua mulher. Cam rouba-as de No, seu pai; d-as "em
segredo" a Cuch, que as esconde de seus filhos e irmos e as passa a Nemrod.
Embora alguns cabalistas e mesmo alguns arquelogos digam que "Ado, Henoc e No poderiam
ser, na aparncia externa, homens diferentes, eles eram na verdade a mesmssima pessoa divina".
Outros explicam que entre Ado e No intervieram muitos ciclos. Isto quer dizer que cada um dos
patriarcas antediluvianos figurava como representante de uma raa que teve seu lugar numa
sucesso de ciclos; e que cada uma dessas raas era menos espiritual do que a precedente.
Assim, No embora um homem bom, no poderia sustentar a comparao com seu ancestral,
Henoc, que "caminhou com Deus e no morreu". Da a interpretao alegrica que faz No receber
sua tnica de pele por herana do segundo Ado e de Henoc, mas no vesti-la ele prprio, pois, de
outro modo, Cam no poderia roub-la. Mas No e seus filhos atravessaram o dilvio; e enquanto
o primeiro pertencia antiga e ainda espiritual gerao antediluviana, j que ele foi selecionado

entre toda a Humanidade por sua pureza, os seus filhos eram ps-diluvianos. A tnica de pele
recebida "em segredo" -, quando a sua natureza espiritual comeou a ser maculada pela matria por Cuch passou a Nemrod o mais poderoso e forte dos homens fsicos posteriores ao dilvio - o
ltimo remanescente dos gigantes antediluvianos.
Na lenda escandinava, Ymir, o gigante, morto pelos filhos de Burr, e as correntes de sangue que
fluram de suas feridas eram to copiosas que afogaram toda a raa de gigantes de gelo e neblina,
e s Bergelmir que pertencia a esta raa, se salvou com sua mulher, refugiando-se num barco, o
que lhes permitiu perpetuar um novo ramo de gigantes do velho tronco. Mas todos os filhos de Burr
escaparam ilesos da inundao.
Quando se decifra o simbologismo dessa lenda diluviana, percebe-se imediatamente o verdadeiro
sentido da alegoria. O gigante Ymir simboliza a primitiva matria orgnica bruta, as foras
csmicas cegas, em seu estado catico, antes de receberam o impulso inteligente do Esprito
Divino que as ps em movimento regular e dependente das leis imutveis. A prognie de Buri so
os "filhos de Deus", ou os deuses menores mencionados por Plato no Timeu, que foram
incumbidos, como diz, da criao dos homens, pois vemo-los tomando os restos dilacerados de
Ymir do Ginnungagap, o abismo catico, e empregando-os na criao de nosso mundo. Seu
sangue vai formar os oceanos e os rios; seus ossos, as montanhas; seus dentes, as rochas e os
penhascos; seus cabelos, as rvores, etc., ao passo que seu crnio forma a abbada celeste,
mantida por quatro colunas que representam os quatro pontos cardiais. Das sobrancelhas de Ymir
originou-se a futura morada do homem - Midgard. Esta morada (a Terra), diz o Edda, deve, para
ser corretamente descrita em todas as menores particularidades, ser concebida redonda como um
anel, ou um disco, flutuando no meio do Oceano Celestial (ter). circundada por Joumungand, a
gigante Midgard - ou a Serpente da Terra, que mantm a cauda em sua boca. a serpente
csmica, matria e esprito produto combinado e emanao de Ymir, a grosseira matria
rudimentar, e do esprito dos "filhos de Deus", que moldou e criou todas as formas. Esta emanao
a luz astral dos cabalistas, e o ainda problemtico e pouco conhecido ter, ou o "agente
hipottico de grande elasticidade" de nosso fsico.
Graas mesma lenda escandinava da criao da Humanidade, pode-se inferir o quanto estavam
os antigos seguros da doutrina da trina natureza humana. Segundo o Volusp, Odin, Honer e
Lodur, que so os progenitores de nossa raa, encontraram em um de seus passeios nas praias do
oceano dois bastes flutuando sobre as ondas, "impotentes e sem destino". Odin soprou-lhes o
alento da vida; Honer concedeu-lhes alma e movimento; e 'Lodur, beleza, linguagem, inteligncia e
audio. Deram ao homem o nome de Askr - o freixo - e mulher o de Embla - o amieiro. Estes
primeiros homens foram colocados em midgard (jardim do meio, ou den) e herdaram, de seus
criadores, a matria ou vida inorgnica; a mente, ou a alma; e o esprito puro; a primeira
correspondendo quela parte de seu organismo que nasceu dos restos de Ymir, o gigante-matria;
a segunda, de Aesir, ou deuses, descendentes de Buri; de o terceiro, de Vaner, ou representante
do esprito puro.
Quem capaz de estudar cuidadosamente as religies antigas e os mitos cosmognicos sem
perceber que esta semelhana marcante de concepes, em sua forma exotrica e esprito
esotrico, no resulta de uma simples coincidncia, mas manifesta um propsito convergente? Isto
mostra que j naquelas pocas, que foram excludas de nossos olhos pela nvoa impenetrvel da
tradio, o pensamento religioso se desenvolveu com uma simpatia uniforme em todas as pores
do globo. Os cristos chamam essa adorao da natureza em suas verdades mais ocultas de
Pantesmo. Mas se este, que reverncia e nos revela Deus no espao em sua nica forma objetiva
possvel - a da natureza visvel -, lembra perfeitamente a Humanidade daquele que a criou, e uma
religio de dogmatismo religioso apenas serve para ocult-lo mais e mais de nossos olhos, qual
dentre ambos est mais bem-adaptado s necessidades da Humanidade?
A cincia moderna insiste na doutrina da evoluo; a razo e a "doutrina secreta" fazem o mesmo,
e a idia corroborada pelas lendas e mitos antigos, e mesmo pela prpria Bblia que se l nas

entrelinhas. Vemos uma flor desenvolver-se lentamente de um basto e o basto da sua semente.
Mas de onde provm esta, com todo o seu programa predeterminado de transformao fsica, e
suas foras invisveis, portanto espirituais, que desenvolvem gradualmente sua forma, cor e odor?
A palavra evoluo fala por si. O germe da atual raa humana deve ter preexistido na origem desta
raa, como a semente, na qual repousa oculta a flor do prprio vero, desenvolveu-se na cpsula
de sua flor-me; a me pode no diferir seno ligeiramente, mas eles ainda difere de sua futura
prognie. Os ancestrais antediluvianos dos elefantes e dos lagartos atuais foram, o mamute e o
plesiossurio; por que os progenitores de nossa raa humana no poderiam ter sido os "gigantes"
dos Vedas, do Volusp e do livro Gnese? Se positivamente absurdo acreditar que a
"transformao das espcies" tenha ocorrido de acordo com alguns dos pontos de vista mais
materialista dos evolucionistas, simplesmente natural pensar que cada gnero, a comear dos
moluscos e terminando com o homem-macaco, se modificou a partir de sua prpria forma
primordial e distinta. Supondo-se que concordemos em que "os animais descenderam no mximo
de apenas quatro ou cinco progenitores"; e que mesmo la rigueur "todos os seres orgnicos que
j viveram sobre esta Terra descenderam de alguma forma primordial nica"; ainda assim, somente
um materialista cego com uma pedra, ou completamente desprovido de intuio, pode seriamente
esperar ver "no distante futuro (...) a psicologia estabelecida sobre uma nova base, a da aquisio
necessria e por degraus de todos os poderes e capacidades mentais".
O homem fsico, enquanto produto da evoluo, pode ser deixado nas mos do homem da cincia
exata. Ningum, no ser ele, pode esclarecer a origem fsica da raa. Mas devemos positivamente
negar ao materialista o mesmo privilgio no que respeita evoluo psquica e espiritual do
homem, pois nenhuma evidncia conclusiva pode demonstrar que ele e suas faculdades
superiores so "produtos da evoluo, tal como a planta mais humilde e o verme mais nfimo".
A evoluo da teoria hindu
Isto posto, mostraremos agora a hiptese da evoluo dos antigos brmanes, tal como eles lhe
deram corpo na alegoria da rvore csmica. Os hindus representam a sua rvore mtica, que
chamam Asvattha, de uma forma que difere da dos escandinavos. Figura extrada do Livro O
Homem, Deus e o Universo.

Os hindus a descrevem crescendo ao contrrio, os ramos estendendo-se para baixo e as razes


para cima; aqueles caracterizam o mundo externo dos sentidos, o universo csmico visvel, e
estas, o mundo invisvel do esprito, porque as razes tm sua gnese nas regies celestes, onde a
Humanidade, desde a criao do mundo, colocou a sua divindade invisvel. Como a energia
criativa se originou nesse ponto primordial, os smbolos religiosos de todos os povos so
igualmente ilustraes dessa hiptese metafsica exposta por Pitgoras, Plato e outros filsofos.
"Estes caldeus," diz Flon, "opinavam que o Cosmos, entre as coisas que existem, um simples
ponto, que ele prprio ou Deus (Theos) ou o que nele Deus, e compreende a alma de toda as
coisas."
A Pirmide egpcia tambm representa simbolicamente esta idia da rvore csmica. Seu pice o
elo mstico entre o cu e a terra, e sustenta a raiz, ao passo que a base representa os ramos
espalhados que se estendem pelos quatro pontos cardiais do universo da matria. Ela comporta a
idia de que todas as coisas tiveram origem no esprito - pois a evoluo comeou originalmente
por cima e prosseguiu para baixo, e no ao contrrio, como ensina a teoria darwiniana. Em outras
palavras, houve uma materializao gradual de formas at que se atingisse o derradeiro
rebaixamento fixo. Este ponto aquele no qual a doutrina da evoluo moderna adentra a rea das
hipteses especulativas. Chegando a este perodo, acharemos mais fcil de entender a
Antropognese de Haeckel, que traa a genealogia do homem "desde a sua raiz protoplasmtica,
fermentada no vaso dos mares que existiram antes que as mais antigas rochas fossilferas fossem
depositadas", de acordo com a exposio do Professor Huxley. Poderemos acreditar que o homem
evoluiu "pela evoluo gradual de um mamfero semelhante organicamente ao macaco", e mais
fcil ainda faz-lo quando lembramos que (embora numa fraseologia mais condensada e menos
elegante, mais ainda compreensvel) a mesma teoria foi ensinada, segundo Berosus, muitos
milhares de anos antes de seu sculo, pelo Homem-peixe Oannes, ou Drago, o semidemonio da
Babilnia. Podemos acrescentar, como um fato de interesse, que esta antiga teoria da evoluo foi

conservada em alegoria e lenda, mas tambm retratada nos muros de certos templos da ndia, e,
numa forma fragmentria, foi encontrada nos do Egito e nas lousas de Nemrod e Nineve,
escavadas por Layard.
Mas o que est no fundo da teoria darwiniana sobre a origem das espcies? No que lhe concerne,
nada seno "hipteses inverificveis". Pois, como assinala, ele considerava todos os seres "como
os descendentes direto de alguns poucos seres que viveram muito antes que a primeira camada
do sistema siluriano fosse depositada". Ele no procurava mostrar-nos quem eram esses "poucos
seres". Mas isto responde completamente ao nosso propsito, pois, na admisso de sua
existncia, recorre aos antigos para corroborar a idia e recebe o selo da aprovao cientfica.
Com todas as modificaes por que passou o nosso globo no que respeita a temperatura, clima,
solo e - se merecermos perdo, em face dos progressos recentes - a sua condio
eletromagntica, seria muito temerrio afirmar que qualquer coisa da cincia atual contradiz a
antiga hiptese do homem ante-siluriano. Os machados de slex encontrados inicialmente por
Baucher de Perthes, no vale do Somme, provam que homens devem ter existido numa poca to
antiga que desafia os clculos. Se acreditarmos em Buchner, o homem deve ter existido mesmo
durante e antes da poca glacial, uma subdiviso do perodo quaternrio ou diluviano que
provavelmente se estendeu muito alm daquela. Mas quem pode dizer-nos qual a prxima
descoberta que nos aguarda?
Ora, se temos provas irrefutveis de que o homem existiu t tanto tempo assim, devem ter ocorrido
modificaes extraordinrias em seu sistema fsico, correspondentes s modificaes de clima e
atmosfera. Isto no parece provar, por analogia, que remontando para trs, deve ter havido outras
modificaes que indicam que os progenitores mais remotos dos "gelados gigantes" foram coevos
dos peixes devonianos ou dos moluscos silurianos? verdade que eles no deixaram
machadinhas de slex atrs de si, nem ossos ou depsitos nas cavernas; mas, se os antigos esto
certos, as raas daquele tempo eram compostas no apenas de gigantes, ou "poderosos homens
de renome", mas tambm de "filhos de Deus". Se aqueles que acreditam na evoluo do esprito
to firmemente como os materialistas acreditam na da matria so acusados de ensinar "hipteses
inverificveis", como podem eles facilmente retorquir aos seus acusadores dizendo que, por sua
prpria confuso, a evoluo fsica ainda "uma hiptese inverificada, seno realmente
inverificvel"! Os primeiros tm aos mesmo a prova indutiva dos mitos legendrios, cuja imensa
antiguidade admitida por filsofos e arquelogos; ao passo que os seus antagonistas nada tm
de semelhante, a menos que eles se socorram de uma parte dos antigos hierglifos e suprimam o
resto.
Podemos agora retornar ainda mais uma vez simbologia dos tempos antigos, e aos seus mitos
psico-religiosos. Sob as figuras emblemticas e da fraseologia peculiar do clero da Antiguidade
repousam indicaes ainda no descobertas no ciclo atual.
Mas h mitos que falam por si. Podemos incluir nesta classe os primeiros criadores de ambos os
sexos de todas as cosmogonias. Os gregos Zeus-Zen (ter), e Ctnia (a terra catica) e Mtis (a
gua), suas esposas; Osris e sis-latona - o primeiro representando tambm o ter -, a primeira
emanao da Divindade Suprema, Amun, a fonte primordial de luz; a deusa terra e gua tambm;
Mithras, o deus nascido da rocha, smbolo do fogo csmico masculino, ou a luz primordial
personificada, e Mithra, a deusa do fogo, simultaneamente sua me e esposa; o elemento puro do
fogo (o princpio ativo ou masculino) visto como luz e calor, em conjuno com, a terra e a gua, ou
como matria (elementos femininos ou passivos da gerao csmica). Mithras o filho de Bordj, a
montanha csmica persa, da qual ele reluz como um raio brilhante. Brahm, o deus do fogo, e sua
prolfica consorte; e o Agni hindu, a divindade refulgente, de cujo corpo saem milhares de correntes
de glria e sete lnguas de fogo, e em cuja honra os brmanes Sangika preservam at hoje o fogo
perptuo; Siv, personificado pela montanha csmica dos hindus - o Meru (Himalaia). Este terrvel
deus do fogo, que, segundo consta a lenda, desceu do cu, como o Jehovah judeu, numa coluna
de fogo, e uma dzia de outras divindades arcaicas de ambos os sexos, todos proclamam o seu
significado oculto. E o que podem estes mitos duais significar seno o princpio psicoqumico da

criao primordial? A primeira revelao da Causa Suprema em sua tripla manifestao de esprito,
fora e matria; a correlao divina, no seu ponto de partida de evoluo, alegorizado como
casamento do fogo e da gua, produtos do esprito eletrizante, unio do princpio masculino ativo
com o elemento feminino passivo, que se tornam os pais de sua criana telrica, a matria
csmica, a prima matria, cujo esprito o ter [e cuja sombra ] a LUZ ASTRAL!
Assim, todas as montanhas mundiais e ovos csmicos, as rvores csmicas e as serpentes e
colunas csmicas podem ser consideradas como incorporao de verdades da Filosofia Natural,
cientificamente demonstradas. Todas essas montanhas contm, com suas variaes
insignificantes, a descrio alegoricamente expressa da cosmogonia primordial; a rvore csmica,
a da evoluo posterior do esprito e da matria; as serpentes e colunas csmicas, exposies
simblicas dos vrios atributos dessa dupla evoluo em sua correlao infindvel de foras
csmicas. Nos misteriosos recessos da montanha - a matriz do universo -, os deuses (poderes)
preparam os Vermes atmicos da vida orgnica, e ao mesmo tempo a bebida da vida, que, quando
ingerida, desperta no homem-matria o homem-esprito. O soma, a bebida sacrificial dos hindus,
essa bebida sagrada. Pois, quando da criao da prima matria, enquanto as suas pores
grosseiras eram utilizadas para o mundo fsico embrionrio, a sua essncia mais divina penetra o
universo, permanecendo invisivelmente e encerrando nas suas ondas a criana recm-nascida,
desenvolvendo e estimulando a sua atividade medida que ela lentamente saa do caos eterno.
Da poesia de concepo abstrata, estes mitos csmicos passaram gradualmente s imagens
concretas dos smbolos csmicos, como a arqueologia agora os tem encontrado. A serpente, que
exerce um papel proeminente nas imagens dos antigos, foi degradas por uma absurda
interpretao da serpente do livro Gnese num sinnimo de Sat, o Prncipe das Trevas, quando
ela o mais engenhoso de todos os mitos em seus diversos simbolismos. Num deles, como
agathodaimon, o emblema da arte de curar e de imortalidade do homem. Ela enfeita as imagens
da maior parte dos deuses sanitrios e higinicos. A taa da sade, nos mistrios egpcios, era
enlaada por serpentes. Como o mal s pode originar-se de um extremo do bem, a serpente, em
outros aspetos, torna-se smbolo da matria; que, quanto mais se distancia de sua fonte espiritual
primeira, mais se torna sujeita ao mal. Nas mais antigas imagens do Egito, assim como nas
alegorias cosmognicas de Kneph, a serpente csmica, quando simboliza a matria, usualmente
representada encerrada num crculo; ela repousa estendida ao longo do equador, indicando assim
que o universo da luz astral, a partir do qual o mundo fsico proveio, enquanto limita este ltimo,
ele prprio limitado por Emepht, ou a Causa primeira Suprema. Ptah, que produz R, e as mirades
de formas s quais d vida, so reapresentados deslizando para fora do ovo csmico, porque esta
a forma mais familiar daquilo em que se deposita e se desenvolve o germe de todo o ser vivo.
Quando a serpente representa a eternidade e a imortalidade, ela abarca o mundo, mordendo a
cauda, no oferecendo assim nenhuma soluo de continuidade. Ela se torna ento a luz astral.
Os discpulos de escola de Feredides ensinavam que o ter (Zeus ou Zen) o cu empreo
superior, que encerra o mundo superno e sua luz (a astral) o elemento primordial concentrado.
Tal a origem da serpente, metamorfoseada nos sculos cristos em Sat. Ela o Od, o Ob e o
Or de Moiss e dos cabalistas. Quando em seu estado passivo, quando age naqueles que so
inadvertidamente arremessados em sua corrente, a luz astral Ob, ou Python. Moiss estava
determinado a exterminar todos os que, sensveis sua influncia, se deixavam cair sob o fcil
controle dos seres vivos que se movem nas ondas astrais na gua; seres que nos cercam e que
Bulwe-Lytton chama no Zanoni de "os guardies do limiar". Ela se torna o Od assim que
vivificada pelo efluxo consciente de uma alma imortal, pois ento as correntes astrais esto agindo
sob a tutela seja de um adepto, um esprito puro, seja de um hbil mesmerizador, que ele prprio
puro e sabe como dirigir as foras cegas. Em tais casos, mesmo um esprito planetrio superior,
um da classe de seres que nunca se encarnaram (embora existam muitos entre estas hierarquias
que viveram em nossa terra), desce ocasionalmente nossa esfera, e purificando a atmosfera
circundante torna o paciente capaz de ver e abre nele as fontes da genuna profecia divina. Quanto
ao termo Or, a palavra utilizada para designar certa propriedades ocultas do agente universal.

Pertence mais diretamente ao domnio do alquimista, e no oferece nenhum interesse ao pblico


geral.
O autor do sistema filosfico Homoiomeriano, Anaxgoras de Clezemenae, acreditava firmemente
que os prottipos espirituais de todas as coisas, assim como os seus elementos, podiam ser
encontrados no ter infinito, onde eram geradas, de onde provinham e para onde retornavam
oriundos da Terra. Como os hindus, que personificam seu kasa (cu ou ter) e dele fizeram uma
entidade deifica, os gregos e os latinos deificaram o ter. Virglio chama Zeus de pater omnipotens
aether, Magnus, o grande deus ter.
Uma vez admitida a existncia de um tal Universo Invisvel - como parece ser igualmente o fato se
as especulaes dos autores do Unseen Universe forem aceitas pelos seus colegas -, muitos
fenmenos, at aqui misteriosos e inexplicveis, tornar-se-o claros. Ele age sobre o organismo
dos mdiuns magnetizados, penetra-os e satura-os de lado a lado, dirigido pela vontade poderosa
de um mesmerizador ou pelos seres invisveis que produzem o mesmo resultado. Assim que a
operao silenciosa realizada, o fantasmas astral ou sideral do paciente mesmerizado deixa
paralisada sua envoltura de carne, e, depois de ter vagado pelo espao infinito, se detm no limiar
da misteriosa "fronteira". Para ele, a entrada do portal que marca o acesso "terra do silncio" est
agora apenas parcialmente entreaberta; ela s escancarar frente do sonmbulo em transe no
dia em que, unido com a sua essncia imortal superior, ele tiver abandonado para sempre o seu
corpo mortal. At ento, o vidente s pode ver atravs de uma fenda; depender de sua agudeza
perceptiva a extenso do campo visual.
A trindade na unidade uma idia que todas as naes antigas sustentaram em conjunto. As Trs
Devats, a Trimrti hindu, as Trs Cabeas da Cabala judia. "Trs cabeas foram esculpidas, uma
na outra e esta sobre outra". A trindade dos egpcios e a da mitologia grega eram igualmente
representaes da primeira emanao tripla que contm dois princpios: o masculino e o feminino.
a unio do Logos masculino, ou sabedoria, a Divindade revelada, com a Aura ou Anima Mundi
feminina - "o Pneuma sagrado", a Sephira dos cabalistas e a Sophia dos gnsticos refinados - que
produziu todas as coisas visveis e invisveis. Enquanto a verdadeira interpretao metafsica
desse dogma universal permaneceu nos santurios, os gregos, com seus instintos poticos, a
personificao em inmeros mitos encantados. Nas Dionisacas de Nono, o deus Baco, entre
outras alegorias, representado como um amante da brisa suave e benigna (o Pneuma Sagrado),
sob o nome de Aura Plcida.

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