Ísis Sem Véu
Ísis Sem Véu
Ísis Sem Véu
natureza do tecido sobre o qual ele foi escrito. a nica cpia original
que existe atualmente. O mais antigo documento hebraico sobre a cincia
secreta - a Siphra Dzeniouta foi compilado a partir desse livro, e isso
numa poca em que j o consideravam uma relquia literria. Uma de suas
ilustraes representa a Essncia Divina emanada de Ado como um arco
luminoso que tende a formar um circulo; depois de atingir o ponto mais
alto dessa circunferncia. a glria inefvel endireita-se novamente, e
volta Terra, trazendo no vrtice um tipo superior de Humanidade. Quanto
mais se aproxima de nosso planeta, mais a Emanao se torna sombria, at
que, ao tocar o solo, ela to negra como a noite.
Os filsofos hermticos de todos os tempos tm sustentado a convico,
baseada, como alegam, em setenta mil anos de experincia, de que a
matria, devido ao pecado, torna-se, como o passar do tempo, mais
grosseira e mais densa do que era quando da primitiva formao do homem;
de que, no princpio, o corpo humano era de natureza semi-area; e de que,
antes da queda, a humanidade comunicava-se livremente com os universos
invisveis. Mas, depois, a matria tornou-se uma formidvel barreira entre
ns e o mundo dos espritos. As mais antigas tradies esotricas tambm
ensinavam que, antes do Ado mstico, muitas raas de seres humanos
viveram e morreram, cada uma dando por sua vez lugar a outra. Teriam sido
os tipos precedentes mais perfeito? Teriam alguns deles pertencido raa
alada de homens mencionada por Plato no Fedro?
medida que o ciclo prosseguia, os olhos dos homens foram mais e mais se
abrindo, at o momento em que ele veio, tanto quanto os prprios Elohim
(Elohim Deuses ou Senhores) so idnticos aos Devas, Dhyni-Buddhas ou
Homens celestes.-, a conhecer "o bem e o mal". Depois de alcanar o seu
apogeu, o ciclo comea a retroceder. Quando o arco atingiu um certo ponto
que o colocou em paralelo com a linha fixa de nosso plano terrestre, a
Natureza forneceu ao homem "vestes de pele", e o Senhor Deus "os vestiu".
Essa crena na preexistncia de uma raa mais espiritual do que aquela a
que pertencemos atualmente pode ser reconstituda desde as mais antigas
tradies de quase todos os povos. No antigo manuscrito quxua, publicado
por Brasseur de Bourbourg - o Popol Vuh - , os primeiros homens figuravam
como uma raa dotada de razo e de fala, que possua uma viso ilimitada e
que conhecia de imediato todas as coisas. De acordo com Filon, o Judeu, o
ar est repleto de uma hoste de espritos invisveis, alguns dos quais so
livres do mal e imortais, e outros so perniciosos e mortais. "Dos filhos
de EL ns descendemos, e filhos de EL voltaremos a ser." E a declarao
inequvoca do gnstico annimo que escreveu O evangelho segundo So Joo,
de acordo com a qual "todos os que O receberam", isto todos os que
seguiram praticamente a doutrina de Jesus, tornar-se-iam "filhos de Deus",
aponta para a mesma crena. "No sabeis que sois deuses?, exclamou o
Mestre. Plato descreve admiravelmente no Fedro o estado anterior do
homem, e aquele ao qual ele h de retornar: antes e depois da "perda das
asas"; quando "ele vivia entre os deuses, e ele prprio era um deus no
mundo areo". Desde a mais remota Antigidade, as filosofias religiosas
ensinaram que todo o universo estava repleto de seres divinos e
trincou nem quebrou com a queda", e que, por ter ficado "um pouco
amolgada", foi facilmente restaurada com um martelo - um fato histrico.
Paracelso e Van Helmont sustentam ser este agente algum fludo da
Natureza, "capaz de reduzir todos os corpos sublunares, homogneos ou
mistos, ao se ens primun, ou matria original de que so compostos; ou
ao seu licor uniforme, estvel e potvel, que unir com a gua, e os sucos
de todos os corpos, sem perder as suas virtudes radicais; e, se misturando
novamente com ele mesmo, ser assim convertido em gua elementar". Mas
pode-se facilmente conceber, sem qualquer grande esforo de imaginao,
que todos os corpos devem ter sido originalmente formados de alguma
matria primeira, e que esta matria, segundo as lies da Astronomia, da
Geologia e da Fsica, deve ter sido um fludo. Por que o ouro - cujo
gnese os nossos cientistas conhecem to pouco - no teria sido
originalmente uma matria de ouro primitiva ou bsica, um fludo ponderoso
que, como diz Van Helmont, "devido sua prpria natureza, ou a uma forte
coeso entre as suas partculas, adquiriu mais tarde uma forma slida?"
Van Helmont chama-o "o maior e o mais eficaz de todos os sais, o qual,
tendo obtido o grau supremo de simplicidade, pureza e sutileza, goza
sozinho da faculdade de permanecer inalterado e ileso no contato com as
substncias sobre as quais age, e de dissolver os corpos mais duros e mais
refratrios, como pedras, gemas, vidros, terra, enxofre, metais, etc., num
sal vermelho, de peso igual ao da matria dissolvida; e isso to
facilmente como a gua quente derrete a neve".
nesse fludo que os fabricantes do vidro malevel pretenderam, e ainda
hoje pretendem, ter emergido o vidro comum durante horas, para adquirir a
propriedade da maleabilidade.
Esta "terra admica" vizinha prxima do alkahest, e um dos segredos mais
importantes dos alquimistas. Nenhum cabalista revela-lo- ao mundo, pois,
como ele o diz no bem-conhecido adgio: "seria explicar as guias dos
alquimistas, e como as asas das guias so aparadas", um segredo que
Thomas Vaughan (Eugnio Filaletes) levou vinte anos para aprender.
O mundo caminha em crculos. As raas vindouras sero apenas a reproduo
de raas h muito tempo desaparecidas; como ns, talvez, somos as imagens
que viveram h sculos. Tempo vir em que aqueles que agora caluniam
publicamente os hermetistas, mas estudam em segredo os seus volumes
cobertos d p; que plagiam suas idias, assimilando-as e dando-as como
suas prprias - recebero a sua paga. Paracelso foi o intrpido criador
dos remdios qumicos; o fundador de grupos corajosos; controversista
vitorioso, que pertence queles espritos que criaram entre ns um novo
modo de pensar na existncia natural das coisas. O que dissemos atravs de
seus escritos sobre a pedra filosofal, sobre os pigmeus e os espritos das
minas, sobre os smbolos, sobre os homnculos, e sobre o elixir da vida,
que so empregados por muitos para baixar sua estima, no pode extinguir a
nossa recordao agraciada de suas obras gerais, nem a nossa admirao por
seus intrpidos e livres esforos, e sua vida nobre e intelectual."
Mas nossas modernas luzes pretendem saber mais, e as idias dos
Rosa-cruzes sobre os espritos elementares, os duendes e os elfos,
ela espiritualiza todas as coisas: tudo aquilo que no primeiro caso real
e objetivo - corpo e matria -, ela transforma numa representao, e toda
manifestao em vontade".
Essas idias corroboram o que dissemos a respeito dos vrios nomes dados
mesma coisa. Os adversrios batem-se apenas por palavras. Chamai o
fenmeno de fora, energia, eletricidade ou magnetismo, vontade, ou poder
do esprito, ele ser sempre a manifestao parcial da alma, desencarnada
ou aprisionada por um tempo em seu corpo - de uma poro daquela VONTADE
inteligente, onipotente e individual que penetra toda a natureza, e
conhecida, devido insuficincia da linguagem humana para expressar
corretamente imagens psicolgicas, como - DEUS.
As idias de alguns de nossos sbios a respeito da matria so, do ponto
de vista cabalstico, de muitas maneiras errneas
Fenmenos medinicos: a que atribu-los?
Ningum pode tratar este assunto com mais competncia do que o fez
Schopenhauer no seu Parerga. Nesta obra, ele discute extensamente o
Magnetismo animal, a clarividncia, a teraputica simpattica, a profecia,
a Magia, os pressgios, as vises de fantasmas e outros fenmenos
psquicos. "Todas essas manifestaes", diz ele, "so ramos de uma mesma
rvore", e fornecem-nos as provas irrefutveis de existncia de uma cadeia
de seres pertencentes a uma ordem de natureza muito distinta daquela que
se baseia nas leis de espao, tempo e adaptabilidade. Esta outra ordem de
coisa muito mais profunda, pois a ordem original e direta; na sua
presena, as leis comuns da Natureza, que so meramente formais, so
inteis; por conseguinte, sob a sua ao imediata, nem o tempo nem o
espao podem separa os indivduos, e a separao determinada por aquelas
formas no apresenta quaisquer barreiras intransponveis para a relao
entre os pensamentos e a ao imediata da vontade. Dessa maneira, as
mudanas podem ser produzidas por um procedimento completamente diferente
da causalidade fsica, isto , atravs de uma ao da manifestao da
vontade exibida num caminho peculiar e externo ao prprio indivduo.
Portanto, o carter peculiar de todas as manifestaes mencionadas a
visio in distais et acotio in distais (viso e ao distncia), tanto em
sua relao com o tempo como em sua relao com o espao. Uma tal ao
distncia justamente o que constitui o carter fundamental do que se
chama mgico; pois tal a ao imediata de nossa vontade, uma ao
liberada das condies causais da ao fsica, ou seja, do contato
material".
"Alm disso", continua Schopenhauer, "tais manifestaes nos apresentam
uma oposio substancial e perfeitamente lgica ao materialismo, e mesmo
ao naturalismo (...) porque luz de tais manifestaes aquela ordem de
coisas da Natureza que estas duas filosofias procuram apresentar como
absoluta e como a nica genuna surge diante de ns ao contrrio como
simplesmente fenomnica e superficial, contendo, no fundo, um conjunto de
coisas parte e perfeitamente independente de suas prprias leis. Eis por
que aquelas manifestaes - pelo menos de um ponto de vista puramente
filosfico -, entre todos os fatos que nos so apresentados do domnio da
"rapidamente ouviu-se uma belssima msica, que eles afirmaram jamais ter
ouvido igual". Ouviu-se em seguida uma msica ainda mais alta e quatro
aparies de repente apresentaram e danaram at se dissiparem e
desaparecerem no ar. Ento ele agitou novamente o basto, e de repente um
odor "como se todos os ricos perfumes do mundo tivessem sido preparados no
local da melhor maneira que a arte pudesse faz-lo". Ento Roges Bacon,
aps ter prometido mostrar a um dos cortesos a sua amada, apanhou um
enfeite do apartamento real vizinho e todos na sala viram "uma criada da
cozinha com uma concha nas mos". O orgulhoso cavalheiro, embora
reconhecesse a criada que desapareceu to rapidamente quanto surgiu,
irritou-se com o espetculo humilhante, e ameaou o monge com a sua
vingana. Que fez o mgico? Ele simplesmente respondeu: "No me ameaceis,
para que eu no vos envergonhe mais; e guardai-vos de desmentir novamente
os eruditos!".
Como um comentrio a esse respeito, um historiador moderno assinala: "Isto
deve ser visto como uma espcie de exemplificao do gnero de exibies
que eram provavelmente o resultado de um conhecimento superior das
cincias naturais". Ningum jamais duvidou de que isto foi o resultado de
um tal conhecimento, e os hermetistas, os mgicos, os astrlogos e os
alquimistas jamais pretenderam outra coisa.
Os seus prprios escritos provam que eles sustentavam passivos, por meio
da qual muitos efeitos extraordinariamente surpreendentes, mas no entanto
naturais, foram produzidos".
Os fenmenos dos odores msticos e da msica, exibidos por Roger Bacon,
foram freqentemente observados em nossa prpria poca. Para no falar de
nossa experincia pessoal, fomos informados por correspondentes ingleses
da Sociedade Teosfica que eles ouviram acordes da msica mais extasiante
no originados de qualquer instrumento visvel, e inalaram uma sucesso de
odores deliciosos produzidos, como acreditam, pela interveno dos
espritos. Um correspondente relata-nos que um desses odores familiares o de sndalo - era to poderoso que a casa teria sido impregnada com ele
por semanas aps a sesso. O mdium neste caso era membro de uma famlia
fechada, e as experincias foram todas feitas com o crculo domstico.
Outro descreve o que ele chama de uma "pancada musical". As potncias que
so agora capazes de produzir estes fenmenos devem ter existido e ter
sido igualmente eficazes nos dias de Roger Bacon. Quando s aparies,
basta dizer que elas so agora evocadas nos crculos espiritistas, e
abonadas por cientistas, e a sua evocao por Roger Bacon se torna,
portanto, mais provvel do que nunca.
Baptista Porta, no seu tratado sobre Magia Natural, enumera todo um
catlogo de frmulas secretas para produzir efeitos extraordinrios
mediante o emprego dos poderes da Natureza. Embora os "magos" acreditassem
to firmemente quanto os nossos espiritistas num mundo de espritos
invisveis, nenhum deles pretendeu produzir seus efeitos sob o controle
deles ou apenas com o seu concurso. Sabiam muito bem quo difcil manter
distncia as criaturas elementares assim que elas descobrem uma porta
aberta. Mesmo a magia dos antigos caldeus era apenas um profundo
acusados de plgio.
Emanao do universo objetivo a partir do subjetivo
Em primeiro lugar, a sua cosmogonia prova at que ponto foi errnea a
opinio que prevaleceu nas naes civilizadas de que Brahm foi sempre
considerado pelos hindus como o seu chefe ou seu Deus Supremo. Brahm um
divindade secundria e, como Jeov, "um ser que move as guas". Ele o
deus criador e, nas suas representaes alegricas possui quatro cabeas,
correspondentes aos quatro pontos cardeais. Ele o demiurgo, o arquiteto
do mundo. "No estado primordial da criao", diz Polier, em sua Mythologie
ds Indous, "o universo rudimentar, submerso na gua, repousava no seio
Eterno. Emanado desse caos e dessas trevas. Brahm, o arquiteto do mundo,
repousava sobre uma folha de ltus, flutuava [movia-se?] sobre as guas,
incapaz de nada discernir entre guas e trevas". Isto idntico quanto
possvel cosmogonia egpcia, que mostra, nas suas frases de abertura,
Hathor ou a Me Noite (que representa as trevas incomensurveis) como o
elemento primordial, que recobria o abismo infinito, animado pela gua e
pelo esprito universal do Eterno, que habitava sozinho no caos. Como nas
escrituras judaicas, a histria da criao abre-se com o esprito de Deus
e sua emanao criadora - uma outra divindade. Percebendo um estado de
coisas to lgubre, Brahm, consternado, assim se exprime: "Quem sou?
Donde vim?". Ouve ento uma voz: "Dirige tua voz a Bhagavat - O Eterno,
conhecido tambm como Parabrahman", Brahm, abandonando a sua posio
natatria, senta-se sobre o ltus numa atitude de contemplao e medita
sobre o Eterno, que, satisfeito com essa prova de piedade, dispersa as
trevas primordiais e abre o seu entendimento. "Depois disso, Brahm sai do
ovo universal [o caos infinito] sob a forma de luz, pois e seu
entendimento agora est aberto, e se pe a trabalhar, move-se sobre as
guas eternas, com o esprito de Deus nele; em sua capacidade de ser que
move as guas eternas, com o esprito de Deus nele; em sua capacidade de
ser que move as guas ele Nryana (*)e, por serem elas o primeiro lugar
do movimento (ayana) de Nara, este foi denominado de Nrayana (o que se
move sobre as guas). ( * Na simbologia esotrica, representa a primeira
manifestao do princpio vital, difundindo-se no Espao Infinito. ["As
guas foram chamadas de nrs porque foram produzidas por Nara (o Esprito
Divino, o Esprito nascido de si mesmo)
Para os hindus, o ltus o emblema do poder produtivo da Natureza, pela
ao do fogo e da gua (o esprito e a matria). "Eterno", diz uma estrofe
da Bhagavad-Gt [cap. XI], "eu vejo Brahm, o criador, entronizado em ti
sobre o lgus!" e Sir W. Jones nos diz que as sementes do ltus contm mesmo antes de germinarem - folhas perfeitamente formadas, formas
miniaturas daquilo em que, como plantas perfeitas, elas se transformaro
um dia; ou, como diz o autor de The Hearthen Religion - "a Natureza nos d
assim um espcime da pr-formao das suas produes"; acrescentando que
"a semente de todas as plantas fanergamas que trazem flores propriamente
ditas contm um embrio de plantas j formado".
Para os budistas, ele tem a mesma significao. Mah-My, ou Mah-Devi, a
me de Gautama Buddha, deu luz o seu filho anunciado pelo Boddhisattva
segredo, enceram a Causa primria do mesmo ponto de vista. Para eles, Deus
uma Entidade plenamente per se, um Esprito Infinito, e o nico Ser
inteiramente livre e independente dos efeitos e de outras causas; que, por
essa mesma Vontade que engendrou todas as coisas e deu o primeiro impulso
a toda lei csmica, mantm perpetuamente em existncia e em ordem todas as
coisas do universo. Assim como os svvhvikas hindus - A mais antiga
escola de budismo existente. Seus partidrios atriburam a manifestao do
Universo e os fenmenos da vida ao Svabhva ou natureza respectiva das
coisas -, chamados erroneamente de ateus, que pretendem que todas as
coisas, tanto os homens quanto os deuses e os espritos, tenham nascidos
de Svabhva ou de sua prpria natureza, Spinoza e Bruno foram ambos
levados concluso de que Deus deve ser procurado na Natureza e no fora
dela. Com efeito, sendo a criao proporcional ao poder do Criador, tanto
o Universo quanto o Criador devem ser infinitos e eternos, uma forma que
emana da sua prpria essncia e que, por sua vez, cria uma outra forma
O PROF. DOMNICO BERTI, EM SUA Life of Bruno, e compilada de documentos
originais recentemente publicados, provam, sem que dvida alguma possa
subsistir, quais foram as suas verdadeiras filosofia, crena e doutrinas.
Em comum com os platnicos de Alexandria, e com os cabalistas de poca
mais recente, ele estima que Jesus fosse um mago no sentido atribudo a
essa palavra por Porfrio e por Ccero, que a chama de divina sapincia
(conhecimento divino), e por Flon, o Judeu, que descreveu os magos como
os investigadores mais assombrosos dos mistrios ocultos da Natureza, no
no sentido aviltado dado palavra magia em nosso sculo. Na sua nobre
concepo, os magos eram homens santos que, isolando-se de qualquer outra
preocupao terrestre, contemplaram as virtudes divinas e compreenderam
mais claramente a natureza divina dos deuses e dos espritos; e ento
iniciaram outros nos mesmos mistrios, que consistem numa conservao de
um intercmbio ininterrupto com os seres invisveis durante a vida.
ter ou Ether
Os estudantes so muito propensos a confundir o ter com o Akza e com a
Luz Astral. O ter um agente material, embora nenhum aparelho fsico o
tenha, at agora, descoberto, o Aksa um agente distintamente
espiritual, idntico em certo sentido a Anima Mundi, e a Luz Astral
apenas o stimo e mais elevado princpio da atmosfera terrestre, to
impossvel de descobrir como o Aksa Csmica e o verdadeiro ter, por ser
algo que se encontra completamente em outro plano. O stimo princpio da
atmosfera terrestre, ou seja a Luz Astral, apenas o segundo da escala
csmica. A Escala de Foras, Princpios, e Planos csmicos, de Emanaes
(no plano metafsico) e Evolues (no fsico), a Serpente Csmica que
morde sua prpria cauda, a Serpente que reflete a Serpente superior e que
refletida, por sua vez, pela inferior. O Caduceu explica este mistrio e
o qudruplo dodecaedro sobre cujo modelo, diz Plato, o Universo foi
construdo pelo Logos manifestado - sintetizado pelo Primeiro-Nascido
no-manifestado -, d geometricamente, a chave da Cosmogonia e seu reflexo
microcsmico, ou seja, a nossa Terra. [O ter, verdadeiro Proteu
hipottico, uma das "fices representativas" da cincia moderna, um dos
princpios inferiores do que chamamos "Substncia Primordial" (Akza em
snscrito), um dos sonhos da Antiguidade e que agora tornou a ser o sonho
da cincia de nossos dias. Segundo o Dicionrio de Webster, o ter " um
meio hipottico de grande elasticidade e extrema sutileza, que se supe
preencha todo o espao, sem executar o interior dos corpos slidos, e seja
o meio de transmisso da luz e do calor". Para os ocultistas, contudo,
tanto o ter como a Substncia Primordial no so coisas hipotticas, mas
verdadeiras realidades. Acredita-se geralmente que o Akza, da mesma forma
que a Luz Astral dos cabalistas, so o ter, confundindo-se este com o
ter hipottico da cincia. Grave erro. O Akza a sntese do ter, o
ter Superior. O ter o "revestimento" ou um dos aspectos do Akza;
sua forma ou seu corpo mais grosseiro; ocupa toda a vacuidade do Espao
(ou melhor, todo o contedo do Espao) e sua propriedade o som (a
Palavra). o quinto dos sete Princpios ou Elementos csmicos, que por
sua vez tem sete estados, aspectos ou princpios. Este elemento
semimaterial ser visvel no ar no final da quarta Ronda e se manifestar
plenamente na quinta. E ter, como o Akza, tem por origem o Elemento
nico. O ter dos fsicos, o ter inferior, apenas uma de suas
subdivises em nosso plano, a Luz Astral dos cabalistas, com todos os seus
efeitos, tanto bons quanto maus. O ter positivo, fenomenal, sempre ativo,
uma fora-substncia , enquanto o onipresente e onipenetrante ther o
nmero do primeiro, ou seja o Akza. (Glossrio Teosfico).
A fora primordial e suas correlaes
Tem havido uma infinita confuso de nomes para expressar uma nica e mesma
coisa.
O caos dos antigos; o sagrado fogo zoroastrino, ou o tas-Behrm dos
prsis o fogo de Hermes; o fogo de Elmes dos antigos alemes; o relmpago
de Cibele; a tocha ardente de Apolo; a chama sobre o altar de Pan; o fogo
inextinguvel do tempo de Acrpolis, e do de Vesta; a chama gnea do elmo
judia. "Trs cabeas foram esculpidas, uma na outra e esta sobre outra". A
trindade dos egpcios e a da mitologia grega eram igualmente
representaes da primeira emanao tripla que contm dois princpios: o
masculino e o feminino. a unio do Logos masculino, ou sabedoria, a
Divindade revelada, com a Aura ou Anima Mundi feminina - "o Pneuma
sagrado", a Sephira dos cabalistas e a Sophia dos gnsticos refinados que produziu todas as coisas visveis e invisveis. Enquanto a verdadeira
interpretao metafsica desse dogma universal permaneceu nos santurios,
os gregos, com seus instintos poticos, a personificao em inmeros mitos
encantados. Nas Dionisacas de Nono, o deus Baco, entre outras alegorias,
representado como um amante da brisa suave e benigna (o Pneuma Sagrado),
sob o nome de Aura Plcida.
redor do seu veculo adormecido ou erguer-se mais alto, para conversar com
os pais estrelares ou mesmo comunicar-se com os seus irmos a grandes
distncias. Os sonhos de carter proftico, a prescincia e as
necessidades atuais so as faculdades do esprito astral. Esses dons no
so concedidos ao nosso corpo elementar e grosseiro, pois com a morte ele
desce ao seio da Terra e se rene aos elementos fsicos, ao passo que
muitos espritos retornam s estrelas. Os animais", acrescenta, "tm
tambm os seus pressentimentos, pois tambm tm um corpo astral".
Van Helmont, que foi discpulo de Paracelso, diz a mesma coisa, embora
suas teorias sobre o Magnetismo sejam mais amplamente desenvolvidas e
ainda mais cuidadosamente elaboradas. Omagnale magnum, o meio pelo qual a
propriedade magntica secreta permite que uma pessoa afete uma outra,
atribudo por ele a essa simpatia universal que existe entre todas as
coisas e a Natureza. A causa produz o efeito, o efeito remonta causa e
ambos so recprocos. "O Magnetismo", afirma ele", uma propriedade
desconhecida de natureza celestial; muito semelhante s estrelas e nunca
impedida por quaisquer fronteiras de tempo ou de espao. (...) Toda
criatura possui o seu prprio poder celestial e est estreitamente lidada
ao cu. Este poder mgico do homem permanece latente no seu interior at
que se atualiza no exterior. (...) Esta sabedoria e poder mgico esto
adormecidos, mas a sugesto os pe em atividade aumenta medida que se
reprimem as tenebrosas paixes da carne. (...) Isto o consegue a arte
cabalstica, que devolve alma aquela fora mgica, mas natural, e a
desperta do sono em que se achava sumida."
Van Helmont e Paracelso reconhecem o grande poder da vontade durante os
xtases. Dizem que "o esprito est difundido por toda parte; o agente
do Magnetismo"; que a pura magia primordial no consiste em prticas
supersticiosas e cerimnias vs, mas na imperiosa vontade do homem. "No
so os espritos do cu e do inferno que dominam a natureza fsica, mas,
sim, a alma e o esprito que se ocultam no homem como o fogo na
pederneira."
A teoria da influncia sideral sobre o homem foi enunciada por todos os
filsofos medievais. "Os astros consistem igualmente dos elementos dos
corpos terrestres", diz Cornlio Agripa, "e, por isso, as idias se atraem
reciprocamente. (...) As influncias s se exercem com o concurso do
esprito, mas este esprito est difundido por todo o universo e est em
concordncia plena com os espritos humanos. Quem quiser adquirir poderes
sobrenaturais deve possuir f, amor e esperana. (...) Em todas as coisa
h um poder secreto ocultado e da provm os poderes miraculosos da
Magia".
A doutrina de Mesmer
A doutrina de Mesmer era simplesmente uma reafirmao das doutrinas de
Paracelso, Van Helmont, Santanelli e Maxwell, o escocs. Ele foi acusado
de haver plagiado textos da obra de Bertrand e de enunci-los como
princpios seus. Em sua obra, o Prof. Stewart considera que nosso universo
est composto de tomos conectados entre si como os rgos de uma mquina
acionada pelas leis da energia. O Prof. Youmans chama a isto "uma doutrina
extratos. Eles afirmam que nem o contato das mos, as frices, nem os
passos so absolutamente necessrios, pois que, em muitas ocasies, a
vontade e a fixidez do olhar foram suficientes para produzir fenmenos
magnticos, mesmo sem o conhecimento do magnetizado. Os fenmeno
teraputicos atestados" dependem apenas do Magnetismo e no so
reproduzidos sem ele. O estado de sonambulismo existe e ocasiona o
desenvolvimento de novas faculdades, que tm recebido o nome de
clarividncia, intuio e previso interna". O sono (magntico) foi
provocado sob circunstancias em que os magnetizados no podiam ver e
ignoravam completamente os meios empregados para produzi-lo. O
magnetizador, tendo controlado o seu paciente, pode p-lo completamente em
estado de sonambulismo, tir-lo dele sem o seu conhecimento, para fora das
suas vistas, a uma certa distncia e por portas fechadas". Os sentidos
externos da pessoa adormecida parecem completamente paralisados e uma
segunda entidade pode ser posta em ao. "Na maior parte do tempo os
paciente so totalmente estranhos aos rudos externos e inesperados
produzidos perto dos seus ouvidos, tais como o som de vasilhas de cobre
batidas com violncia, a queda de qualquer objeto pesado, etc. (...)
Pode-se faz-los respirar cido hidroclordrico ou amonaco sem dano algum
ou sem que se preocupem com eles". A comisso podia "fazer ccegas nos
seus ps e nas suas narinas, passar uma pena nos cantos dos olhos,
beliscar a sua pele at produzir equimoses, pic-los sob as unhas com
alfinetes enterrados a uma profundidade considervel, sem o menor sinal de
dor ou de conscincia do fato. Em resumo, vimos uma pessoa insensvel a
uma das mais dolorosas cirurgias e cuja fisionomia, assim com o pulso e a
respirao, no manifestou a mnima emoo."
J chega para os sentidos externos; vejamos agora o que eles tm a dizer
sobre os internos, que podem ser considerados capazes de demonstrar uma
diferena notvel entre o homem e o protoplasma de carneiro. "Enquanto
esto em estado de sonambulismo diz a comisso, "as pessoas magnetizadas
que observamos conservam o exerccio das faculdades que possuem quando
esto despertas. A sua memria parece at ser mais fiel e mais extensa.
(...) Vimos dois sonmbulos distinguirem, de olhos fechados, objetos
colocados sua frente; disseram, sem as tocar, a cor e o valor de cartas;
leram palavras traadas com a mo, ou algumas linhas de livros abertos ao
acaso. Este Fenmeno ocorreu mesmo quando as suas plpebras foram
cuidadosamente fechadas com os dedos. Encontramos em dois sonmbulos o
poder de antever atos mais ou menos complicados do organismo. Um deles
anunciou com antecipao de muitos dias, no, de muitos meses, o dia, a
hora e o minuto em que ataques epilpticos ocorreriam e reincidiriam;
outro declarou o momento da cura. As sua previses realizaram-se com
exatido notvel".
Psicometria, "a luz astral e "a memria de Deus"
H cientistas e cientistas; e se as cincias ocultas sofrem, na instncia
do Espiritismo moderno, da malignidade de uma classe, elas tiveram, no
obstante, os seus defensores em todos os tempos entre os homens cujos
nomes derramaram luzes sobre a prpria cincia. No primeiro posta est
corpo, nem viu a paisagem e a pessoa que ele reconhece, pode afirmar que
os viu e os conhece, pois esse conhecimento foi travado durante uma dessas
viagens em "esprito". A isso os filsofos fazem apenas uma objeo.
Respondero que no sono natural - perfeito e profundo - "a metade da nossa
natureza, que volitiva, est em condio de inrcia"; em conseqncia,
incapaz de viajar; tanto mais a existncia de um tal corpo ou alma astral
individual considerada por eles um pouco menos do que um mito potico.
Ningum, por grosseiro e material que seja, pode evitar o fato de levar
uma existncia dupla; uma no universo visvel, outra no invisvel. O
princpio vital que anima a sua constituio fsica est principalmente no
corpo astral; e enquanto suas partculas densas ficam inertes, as mais
sutis no conhecem limites nem obstculos. Estamos perfeitamente
conscientes de que muitos eruditos, e tambm ignorantes, se erguero
contra essa teoria da distribuio do princpio vital. Eles prefeririam
continuar na ignorncia bem-aventurada e confessar que ningum sabe nem
pode pretender dizer de onde vem esse agente misterioso e para onde ele
vai ao invs de conceder um momento de ateno quilo que consideram como
teorias antigas e desacreditadas. Alguns, colocando-se no terreno da
Teologia, podem objetar que os brutos cegos no possuem almas imortais e,
em conseqncia, no tm espritos astrais; pois os telogos, como os
leigos, vivem sob a errnea impresso de que alma e esprito so uma e a
mesma coisa. Mas se estudarmos Plato e outros filsofos da Antigidade,
poderemos perceber perfeitamente que, enquanto a "alma irracional", com
que Plato designa o nosso corpo astral, ou a representao mais etrea do
nosso ser, pode ter no melhor dos casos apenas uma continuidade de
existncia mais ou menos prolongada alm-tmulo - o esprito divino,
erroneamente chamado de alma pela Igreja, imortal por sua prpria
essncia. (Qualquer erudito hebraico apreciar prontamente a distino que
existe entre as palavras, rah, e, nephesh.) Se o princpio vital algo
isolado do esprito astral e no est de maneira alguma ligado a ele, como
que pode dizer que a intensidade dos poderes clarividentes depende tanto
da prostrao corporal do paciente? Quanto mais profundo o sonho
hipntico e menos sinais de vida se notem no corpo fsico, mais claras se
tornam as percepes espirituais e mais penetrantes as vises da alma,
que, desprendida dos sentidos corporais, atua com muito mais potncia do
que quando ele serve de veculo num corpo forte e sadio. Brierre de
Boismonte fornece exemplos repetidos desse fato. Os rgos da viso, do
olfato, do paladar, do tato e da audio provaram tornar-se mais perfeitos
num paciente mesmerizado privado da possibilidade de exerc-los
corporalmente do que quando os utiliza em seu estado normal.
Estes fenmenos provam incontestavelmente a continuidade da vida, pelo
menos por um certo perodo depois de morto o corpo fsico. Mas, embora
durante a sua breve permanncia na Terra a nossa alma possa ser comparada
a uma luz ocultada num alqueire, ela no deixa de brilhar por isso e de
receber a influncia de espritos afins, de modo que todo pensamento bom
ou mau atrai vibraes da mesma natureza to irresistivelmente quanto o
im atrai as limalhas de ferro. Esta atrao proporcional tambm
essncia, eles podem estar certos. Mas a identidade dessas duas foras
acaba a. O princpio vital que anima o corpo do Sr. Cox da mesma
natureza que o do seu mdium; no obstante, ele no o mdium, nem este
o Sr. Cox.
Essa fora, que, para agradarmos tanto ao Sr. Cox quanto ao Sr. Crookes,
podemos chamar de psquica ou de qualquer outra coisa, procede por meio do
mdium individual, e no a partir dele. Se procedesse dele, esta fora
seria gerada no mdium e podemos mostrar que no isso o que acontece;
nem nos exemplos de levitao de corpos humanos, de movimentao de moveis
e de outros objetos sem contato, nem naqueles casos em que a fora
apresenta razo e inteligncia. bastante conhecido dos mdiuns e dos
espritas o fato de que quando mais passivo forem os primeiros, melhores
sero as manifestaes; e de que cada um dos fenmenos mencionados acima
requer uma vontade consciente predeterminada. Em casos de levitao,
deveramos acreditar que essa fora autogerada elevaria do solo a massa
inerte, dirigi-la-ia pelo ar e a recolocaria no solo, evitando obstculos
e, em conseqncia, apresentando inteligncia, agindo automaticamente,
permanecendo o mdium passivo durante todo o tempo. Se as coisas se
passassem dessa maneira, o mdium seria um mago consciente e toda
pretenso de ser um instrumento passivo nas mos de inteligncias
invisveis seria intil. Da mesma maneira, seria um absurdo mecnico
considerar que uma quantidade de vapor suficiente para encher, sem
estourar, uma chaleira, ergueria a chaleira - ou um jarro de Leyden, cheio
de eletricidade, seria movido de lugar. Todas as analogias parecem indicar
que a fora que opera na presena de um mdium sobre objetos externos
procede de uma fonte estranha ao prprio mdium. Poderamos compar-la ao
hidrognio que triunfa da inrcia do balo. O gs, sob o controle de uma
inteligncia, acumulvel no recipiente em volume suficiente para
ultrapassar a atrao de sua massa combinada. Analogamente produz a fora
psquica os fenmenos de levitao, e embora seja de natureza idntica
matria astral do mdium, no a sua mesma matria astral, pois este
permanece durante todo o tempo numa espcie de torpor catalptico, se um
autntico mdium. Portanto, o primeiro extremo da hiptese de Cox
errneo, porque se baseia numa hiptese mecanicamente indefensvel.
Naturalmente o nosso argumento procede da suposio de que a levitao
um caso observado. A teoria da fora psquica, para ser perfeita, deve
explicar todos os "movimentos visveis (...) em substncia slidas" e
entre estes est a levitao.
Quanto ao seu segundo extremo, negamos que no haja prova suficiente de
que a fora que produz os fenmenos seja s vezes dirigidas por
inteligncias outras que no a do mdium. Ao contrrio, h uma tal
abundncia de testemunhos para mostrar que, na maioria dos casos, nenhuma
influncia exerce a mente do mdium nos fenmenos, pelo qual no pode
passar sem reparos a temerria afirmao de Cox neste ponto.
Consideramos igualmente ilgica a sua terceira proposio; pois se o corpo
do mdium no for o gerador mas apenas o canal da fora que produz o
fenmeno - uma questo sobre a qual as pesquisas do Sr. Cox no lanam
papel. Ele caiu e uma nova tentativa foi feita. Na terceira vez, a rgua
levantou-se e voltou para o seu lugar, o lpis permaneceu como havia cado
sobre o papel e uma mensagem alfabtica nos disse: `Tentamos fazer o que
foi solicitado, mas o nosso poder se esgotou!". A palavra nosso, que
indica os esforos inteligentes da amistosa rgua e lpis, fez-nos pensar
que havia duas foras psquicas presentes.
Em tudo isso, h alguma prova de que o agente diretor fosse "a
inteligncia do mdium"? No h, ao contrrio, uma indicao de que os
movimentos da rgua e do lpis eram dirigidos por espritos "dos mortos",
ou pelo menos pelos espritos de alguma outra entidades inteligentes
inobservadas? Com certeza, a palavra Magnetismo explica neste caso to
pouco quanto a expresso fora psquica; entretanto, mais razovel
utilizar a primeira e no a segunda, quando mais no fosse pelo simples
fato de que o magnetismo ou mesmerismo transcendente produz, fenmenos
idnticos, quanto aos efeitos, queles produzidos pelo Espiritismo. O
fenmeno do crculo encantado do Baro Du Potet e Regazzoni to
contrrio s leis aceitas da Fisiologia quanto a elevao de uma mesa sem
contato o s leis da Fisiologia Natural. Assim como homens fortes
freqentemente consideram impossvel levantar uma pequena mesa que pesava
alguns quilos e a reduziram a pedaos nas suas tentativas de ergu-la,
assim tambm uma dzia de experimentadores, entre os quais s vezes
figuravam acadmicos, foram absolutamente incapazes de atravessar uma
linha traada com giz no cho por Du Potet. Numa ocasio, um general
russo, bastante conhecido pelo seu ceticismo, insistiu, at cair no cho
com convulses violentas. Neste caso, o fludo magntico que se ops a tal
resistncia foi a fora psquica do Sr. Cox, que dotou as mesas de um peso
extraordinrio e sobrenatural. Se produzem os mesmo efeitos psicolgicos e
fisiolgicos, existem boas razes para se acreditar que eles sejam mais ou
menos idnticos. No achamos que nossa deduo possa dar margem a alguma
objeo. Alm disso, mesmo que os fatos fossem negados, no h razo para
que no existissem. Numa certa poca, todas as Academias da Cristandade
concordaram em negar que havia montanhas na Lua; e houve uma certa poca
em que, se algum tivesse a temeridade de afirmar que havia vida tanto nas
regies superiores da atmosfera quanto nas profundezas insondveis do
oceano, ele seria tratado como louco ou ignorante.
"O diabo afirma, ento, deve ser mentira!" - costuma dizer o piedoso abade
Almignana, numa discusso com uma "mesa espiritualizada". Logo poderemos
parafrase-lo e dizer: "Os cientistas negam, ento deve ser verdade".
vive "na solido e nas trevas", pode permanecer sobre esta terra para
sempre invisvel, impalpvel e indemonstrada pela cincia experimental.
Contudo, todo o universo estar gravitando ao seu redor, como o fez desde
o "comeo do tempo", e a cada segundo o homem e o tomo aproximam-se desse
solene momento na eternidade, em que a Presena Invisvel se revelar
sua viso espiritual. Quando cada partcula de matria, mesmo a mais
sublimada, for rejeitada da ltima forma que constitui o derradeiro elo
daquela cadeia de dupla evoluo, que, atravs de milhares de sculos e
sucessivas transformaes, impulsionou o ser para a frente; e quando ela
for revestida pela essncia primordial, idntica de seu Criador, ento
esse tomo orgnico impalpvel ter terminado sua marcha, e os filhos de
Deus "regozijar-se-o" uma vez mais com a volta do peregrino.
"O homem", diz Van Helmont, " o espelho do universo, e a sua tripla
natureza est em relao com todas as coisas". A vontade do Criador, por
cujo intermdio todas as coisas foram e receberam seu primeiro impulso,
a propriedade de todo ser vivente. O homem, dotado de uma espiritualidade
adicional, tem a parte maior dela sobre este planeta. Depende da proporo
de matria nele existente a capacidade de exercer a sua faculdade mgica
com maior ou menor sucesso. Dividindo essa potncia divina em comum com
todo tomo inorgnico, ele a exerce durante toda a vida, conscientemente
ou no. No primeiro caso, quando em plena posse de seus poderes, ele se
tornar o seu mestre, e o magnale magnum (a Alma Universal) ser
controlado e guiado por ele. No caso dos animais, plantas e minerais, e
mesmo da mdia Humanidade, esse fludo etreo que impregna todas as coisas
quando no encontra nenhuma resistncia, e abandonado a si mesmo, os
move seguindo seus impulsos diretos. Todo ser criado nesta esfera sublunar
foi formado deste magnale magnum (ou Alma Universal), e relaciona-se a
ele. O homem possui um poder celestial duplo, e est unido ao cu. Este
poder existe "no apenas no homem exterior, mas, num certo grau, tambm
nos animais, e s vezes em todas as outras coisas, pois as coisas no
universo esto em relao umas com as outras; ou, pelo menos, Deus est em
todas as coisas, como os antigos j observaram com uma correo admirvel.
necessrio que a fora mgica seja despertada tanto no homem exterior
quanto no interior. (...) E se o chamamos de poder mgico, s os
ignorantes podem se assustar com essa expresso. Mas, se preferis, podeis
cham-lo de poder espiritual - spirituale robus vocitaveris. Existe um tal
poder no homem interior. Mas, como existe uma certa relao entre o homem
interior e o exterior, essa fora deve ser difundida por todo o homem".
O poder da imaginao
O clebre escocs Maxwell oferecia-se para provar s vrias faculdades de
Medicina que com certos meios magnticos sua disposio ele poderia
curar qualquer uma das doenas abandonadas por elas como incurveis, tais
como epilepsia, insanidade, coxeadura, hidropisia e as febres obstinadas
ou intermitentes.
A histria familiar do exorcismo do "esprito mau procedente de Deus" que
obsediava Saul, ocorrer a todos a este propsito. Ela assim relatada:
"E sucedeu que, quando o esprito maligno da parte de Deus vinha sobre
dos corpos humanos uma cincia til e salutar aos homens", diz Josefo.
As origens das manifestaes medinicas
Indubitavelmente, os que acreditam nos fenmenos modernos podem reclamar
para si uma grande variedade de vantagens, mas o "discernir espritos"
est evidentemente ausente desse catlogo de dons "espirituais". Falando
do "diakka", que uma bela manh ele tinha descoberto num recanto sombrio
da "Summer Land", A.J. Davis, o grande vidente americano, assinala: "Um
diakka um ser que experimenta um prazer insano em pregar peas, em fazer
sortes com truques, em personificar caracteres opostos; para quem as
oraes e as palavras profanas tm o mesmo valor; dominado pela paixo por
narrativas lricas (...) moralmente diferente, ele no tem nenhum
sentimento de justia, de filosofia ou de terna afeio. Ele nada sabe
daquilo que os homens chamam de sentimento de gratido; os objetivos do
dio e do amor so os mesmos para ele; seu lema muitas vezes medonho e
terrvel aos outros - o EU tudo na vida particular, e a aniquilao
exaltada com o fim de toda a vida particular. Ontem mesmo um deles,
assinando-se como Swedemborg, disse a uma senhora mdium o seguinte: "Tudo
que , foi e ser, ou pode ser, SOU EU; e a vida particular no passa de
fantasmas agregados de palpitaes pensantes, correndo em sua elevao
para o corao central da morte eterna!"
Porfrio, cujas obras - para emprestar a expresso de um fenomenalista
irritado - "emboloram como qualquer outro refugo antiquado nos armrios do
esquecimento", fala assim desse diakka - se tal seu nome - redescoberto
no sculo XIX: " com a ajuda direta desses maus demnios que se realizam
todos os atos de feitiaria (...) o resultado de sua operaes, e os
homens que injuriam seus semelhantes pagam freqentemente grande tributo a
esses demnios maus, e especialmente a seu chefe. Estes espritos passam o
tempo enganando-nos, com um grande aparato de prodgios vulgares e
iluses; sua ambio a de serem tomados por deuses, e seu chefe reclama
ser reconhecido como o deus supremo"
O esprito que se assina Swedemborg - citado do Diakka de Davis, e que
sugere ser o EU SOU - assemelha-se singularmente a este chefe dos demnios
maus de Porfrio.
Nada mais natural do que esse aviltamento dos teurgistas antigos e
experiente por certos mdiuns, quando encontramos Jmblico, o expositor da
teurgia espiritualista, proibindo estritamente todo esforo para produzir
tais manifestaes fenomnicas; a no ser depois de um longa preparao de
purificao moral e fsica, e sob a orientao de teurgistas experientes.
Quando, alm disso, ele declara que, com pouqussimas excees, o fato de
uma pessoa "surgir alongada ou mais espessa, ou elevar-se no ar" uma
marca segura de obsesso por demnios maus.
A experincias do Sr. Crookes uma boa evidncia de que muitos espritos
"materializados" falam com uma voz audvel. Ora, ns demonstramos, com
base no testemunho dos antigos, que a voz dos espritos humanos no e
no pode ser articulada, pois , como declara Emanuel Swedenborg, "um
profundo suspiro". Em qual dessas duas classes de testemunhos se deve
acreditar sem medo de errar? a dos antigos que tiveram a experincia de
Os mgicos no-lo respondem. Eles nos afirmam que a fecunda me Terra est sujeita s
mesmas leis que submetem cada um dos seus filhos. No tempo ficado por ela, d luz
todas as coisas criadas; na plenitude dos seus dias, desce ao tmulo dos mundos. O seu
corpo grosseiro, material, desfaz-se lentamente dos seus tomos em virtude da lei
inexorvel que exige a sua nova arrumao em outras combinaes. O seu prprio esprito
vivificador aperfeioado obedece eterna atrao que o leva para o Sol central espiritual de
que procede originalmente e que conhecemos vagamente pelo nome de DEUS.
A figura da uma idia da interao ESPRITO-MATRIA, do Livro: O Homem Deus e o
Universo; I. K. Taimni.
"E o cu era visvel em sete crculos e os planetas apareceram com todos os seus signos, na
forma de astros, e os astros foram divididos e numerados com os seus guias que estavam
neles e o seu curso rotatrio foi limitado pelo ar e mantido num curso circular pela ao do
ESPRITO divino."
O Sr. Proctor fala-nos de uma casca lquida no-congelada que envolve um "oceano
plstico viscoso" em que "h um outro globo slido interior em rotao". Ns, por nosso
turno, tomamos o Magia admica de Eugnio Filaletes, publicado em 1650, e p. XII
encontramo-lo citando Trimegistro nos seguintes termos: "Hermes afirma que no incio a
Terra era um lamaal, ou uma espcie tremelicante de gelatina, feita de nada mais a no ser
gua congelada pela incubao e pelo calor do Esprito Divino; cum adhuc (diz ele) terra
tremula esset, lucente sole compacta est".
Na mesma obra, Filalettes, falando em sua maneira estranha e simblica, diz [Magia
Admica, p. xi-xii] "(...) a Terra invisvel (...) por minha Alma, ela o alm disso, o olho
do homem nunca viu a Terra, nem pode ela ser vista sem a arte. Tornar este elemento
visvel o maior segredo da Magia. (...) Quanto a este corpo grosseiro, feculento, sobre o
qual caminhamos, ele um composto, e no terra, mas h terra nele. (...) Numa palavra,
todos os elementos so visveis exceto um, a saber a Terra, e quando atingirdes um grau de
perfeio, como saber por que Deus colocou a Terra in abscndito, tereis um excelente
meio de conhecer o prprio Deus e como Ele visvel, como invisvel".
A inquietao da matria
A contnua atividade da matria est indicada no dizer de Hermes: "A ao a vida de
Ptah"; e Orfeu chama a natureza de "a me que faz muitas coisas" - ou a me engenhosa,
industriosa, inventiva.
O Sr. Proctor diz: "Tudo o que est sobre a Terra e dentro dela, todas as formas vegetais e
todas animais, nossos corpos, nossos crebros so formados de materiais que foram tirados
dessas profundezas do espao que nos cerca por todos os lados". Os hermticos, e
posteriormente os Rosa-cruzes, afirmam que todas as coisas visveis foram produzidas pela
disputa entre a luz e a escurido e que toda partcula de matria contm em si mesma uma
centelha da essncia divina - ou luz, esprito - que, por meio da sua tendncia a se libertar
dos seus obstculos e retornar fonte central, produziu movimento nas partculas e, do
movimento, forma.
A luz - (primeira criao segundo o Gnese) - chamada pelos cabalistas de Sephirah, ou a
Inteligncia Divina, a me de todos os Sephiroth, ao passo que a Sabedoria Oculta o pai.
A luz o primeiro elementos que nasceu e a primeira emanao do Supremo, e luz vida,
diz o evangelista. Ambos so eletricidade - o princpio vital, anima mundi, que penetra o
universo, o vivificador eltrico de todas as coisas. A luz o grande mgico Proteo; sob a
ao da Vontade Divina do Arquiteto, as suas ondas multifrias, onipotente, do origem a
toda forma, bem como a todo ser vivo. Do seu seio avolumado, eltrico, procedem a
matria e o esprito. Nos seus raios repousam os comeos de toda ao fsica e qumica e de
todos os fenmenos csmicos e espirituais; ela vitaliza e desorganiza; d a vida e produz a
morte, e do seu ponto primordial emergem gradualmente existncia as mirades de
mundos, corpos celestiais visveis e invisveis. Foi no raio desta Primeira Me, uma em
trs, que Deus, segundo Plato, "acendeu um fogo, que agora chamamos Sol", e que no a
causa da luz nem do calor, mas apenas o foco, ou, como podemos dizer, a lente pela qual os
raios da luz primordial se materializam e se concentram no nosso sistema solar e produzem
todas as correlaes de foras.
O elemento radical das religies antigas
O elemento radical das religies mais antigas era essencialmente sabesta (Povo bblico
Astrlatra, que habitava o pais de Sab -S. da Arbia.); e afirmamos que os seus mitos e as
suas alegorias, uma vez interpretados correta e completamente, concordaro perfeitamente
com as mais exatas noes astronmicas dos nossos dias. Diremos mais: dificilmente
haver uma lei cientfica - pertencente ou Astronomia fsica ou Geografia fsica - que
no possa ser facilmente apontada nas engenhosas combinaes de suas fbulas. Eles
interpretaram por meio de alegorias tanto as mais importantes quanto as mais
insignificantes regras dos movimentos celestes; a natureza de todo fenmeno foi
personificada; e, nas biografias mticas dos deuses e das deusas olmpicos, aqueles que
estiver bastante familiarizado, com os ltimos princpios da Fsica e da Qumica encontrar
as suas causas, os interagentes e as relaes mtuas encarnadas no comportamento e no
curso das aes das divindades caprichosas. A eletricidade atmosfrica, nos seus estados
neutro e latente, geralmente simbolizada em semideuses e deusas, cuja esfera de ao
mais limitada Terra e que, em seus vos ocasionais para regies divinas mais elaboradas,
exibem a sua tmpera eltrica sempre na proporo estrita do aumento da distncia da
superfcie da Terra; as armas de Hrcules e de Thor nunca foram mais mortais do que
quando os deuses ascenderam s nuvens. Devemos ter em mente que antes da poca em que
o Jpiter olmpico fosse antromorfizado pelo gnio de Fdias em Deus Onipotente, o
Maximus, o Deus dos deuses, e ento, abandonado adorao das multides, na primeira e
abstrata cincia do simbolismo ele encarnou em sua pessoa e em seus atributos todas as
foras csmicas. O mito era menos metafsico e complicado, porm mais verdadeiro
eloqente como expresso da Filosofia Natural. Zeus, o elemento masculino da Criao,
com Ctnia-Vesta (a terra) e Mtis (a gua), a primeira das Ocenidas (os princpios
feminino), foi considerado, segundo Porfrio e Proclo, como o zon-ek-zon, o chefe dos
seres vivos. Na teologia rfica, a mais antiga de todas, metafisicamente falando, ele
representa tanto a potentia quanto o actus, a causa no-revelada e o Demiurgo, ou o criador
ativo como uma emanao da potncia invisvel. Nesta ltima capacidade demirgica, em
conjuno com os seus companheiros, encontramos nele todos os agentes mais poderosos
da evoluo csmica - a afinidade qumica, a eletricidade atmosfrica, a trao e a repulso.
seguindo as suas representaes nesta idoneidade fsica que descobrimos quo
familiarizados estavam os antigos com todas as doutrinas da cincia fsica em seu
desenvolvimento moderno. Posteriormente, nas especulaes pitagricas, Zeus tornou-se a
trindade metafsica; a Mnada que evolui do EU invisvel, a causa ativa, o efeito, e a
vontade inteligente, que, juntos, constituem a Tetraktys (O "Quatro", o primeiro de tudo
sua Unidade ou o "UM" sob quatro aspectos diferentes; significa a Trada primitiva (ou
Tringulo) fundida na Mnada divina.). Mais tarde ainda encontramos os primeiros
neoplatnicos abandonando a Mnada primitiva, em razo de sua incompreensibilidade
pelo intelecto humano, especulando apenas sobre a trade demirgica dessa divindade to
visvel e inteligvel em seu efeitos; e depois a continuao metafsica por Plotino, Porfrio,
Proclo e outros filsofos, que consideram Zeus como pai, Zeus-Poseidon, ou dynamis, o
filho e o poder, e o esprito ou nous. A Trada tambm foi aceita em seu todo pela escola
irenaica do sculo II; a diferena mais substancial entre as doutrinas dos neoplatnicos e
dos cristos consiste apenas na amalgao forada por estes ltimos da Mnada
incompreensvel com a sua trindade criativa realizada.
Os deuses dos pantees: apenas foras naturais
As leis de Manu so as doutrinas de Plato, Filo, Zoroastro, Pitgoras e da Cabala. O
esoterismo de toda religio pode ser solucionado com o auxlio desta ltima. A doutrina
cabalista do Pai e do Filho alegricos, ou IIayos e Ayos, idntica ao fundamento do
Budismo. Moiss no podia revelar multido os segredos sublimes da especulao
religiosa, nem a cosmogonia do Universo; tudo isto repousando sobre a Iluso Hindu, uma
mscara engenhosa a velar o Sanctum Sanctorum e tudo o que espantava muitos
comentadores teolgicos.
As heresias cabalsticas receberam um apoio inesperado nas teorias heterodoxas do Gen.
Pleasonton. De acordo com suas opinies (que ele apoia em fatos muito mais incontestveis
do que os cientistas ortodoxos as suas), o espao entre o Sol e a Terra est preenchido por
um agente material que, tanto quanto podemos julgar a partir de suas opinies, corresponde
nossa Luz Astral cabalstica. A passagem da Luz por meio dele deve produzir enorme
frico. A frico gera eletricidade e so esta eletricidade e o seu magnetismo correlativo
que formam aquelas extraordinrias formas da Natureza que produzem no nosso Planeta, e
sobre ele e ao seu redor, as vrias alteraes que encontramos por toda parte. Ele prova que
o calor terrestre no pode derivar diretamente do Sol, pois o calor ascendente. A fora pela
qual o calor produzido repelente, diz ele, e, como est associado eletricidade positiva,
atrado para a atmosfera superior por sua eletricidade negativa, sempre associada ao frio,
que se ope eletricidade positiva. Ele fortalece a sua opinio mostrando que a Terra, que
quando coberta pela neve, no pode ser afetada pelos raios de Sol, mais quente onde a
neve mais espessa. Peasonton explica este fato pela teoria de que a radiao do calor do
interior da Terra, positivamente eletrificada, encontrando-se na superfcie da Terra com a
neve que est em contato com ela, negativamente eletrificada, produz o calor.
Ele mostra, assim, que no de maneira alguma ao Sol que devemos a luz e o calor; que a
luz uma criao sui generis, que passou a existir no instante em que a Divindade quis e
pronunciou o seu fiat: "Faa-se a luz"; e que este agente material independente que
produz o calor por fico, em virtude da sua velocidade enorme e constante. Em suma, a
primeira emanao cabalstica que o Gen. Pleasonton nos apresenta: a Sephirah ou
Inteligncia Divina (o princpio feminino), que, unida ao Ain-Soph ou sabedoria divina (o
princpio masculino), produziu tudo que visvel e invisvel. Ele se ri da teoria corrente da
incandescncia do Sol e da sua substncia gasosa. A reflexo da fotosfera do Sol, diz ele,
passando pelos espaos planetrios e estrelar, deve ter ento criado uma vasta soma de
eletricidade e magnetismo. A eletricidade, pela unio das suas polaridades opostas, emite
calor e fornece magnetismo a todas as substncias capazes de receb-lo. O Sol, os planetas,
as estrelas e as nebulosas so, todos eles, Ims.
Se este corajoso cavalheiro chegar a provar a sua tese, as geraes futuras estaro pouco
inclinadas a rir de Paracelso e da sua luz sideral ou astral e da sua doutrina da influncia
magntica exercida pelas estrelas e pelos planetas sobre toda criatura viva, vegetal ou
mineral do nosso globo. Alm disso, se a hiptese de Pleasonton for reconhecida como
bastante seguros de que existem pelo menos boas razes para suspeitar que os antigos
estivessem familiarizados com os movimentos, a posio e as relaes dos corpos
celestiais. Os testemunhos de Plutarco, do Prof. Draper e de Jowett so suficientes
explcitos. O Sr. Proctor esboa-nos a teoria da formao da nossa Terra e das mudanas
sucessivas pelas quais ela passou antes de se ter tornado habitvel pelo homem. Ele pinta
com cores vvidas a condenao gradual da matria csmica em esferas gasosas cercadas
por "uma casca lquida no-permanente"; o resfriamento lento da massa; os resultados
qumicos que se seguem ao do calor intenso sobre a matria terrestre primitiva; a
formao dos solos e a sua distribuio; a mudana na constituio da atmosfera; o
aparecimento da vegetao e da vida animal; e, finalmente, o advento do homem.
Ora, reportemo-nos aos registros escritos mais antigos legados pelos caldeus, o hermtico
Livro dos nmeros, (No temos conhecimento de que uma cpia desse livro antigo figure
no catlogo de qualquer biblioteca europia; mas ele um dos Livros de Hermes e
referido e citado pelas obras de grande nmero de autores filosficos antigos e medievais.
Entre estas autoridades est o Rosarius philosophorum, de Arnaldo de Vila Nova; o Tractat
de lpide, etc., de Francisco Arnolfino Lucense; o Tractatus de transmutatione metallorum,
de Hermes Trimegistro, e, sobretudo, o tratado de Raymond Lully, De angelis opus divinum
de quinta essentia.) e vejamos o que podemos encontrar na linguagem alegrica de Hermes,
Cadmo ou Tehuti, os trs vezes grande Trimegistro. "No comeo dos tempos, o Grande
Ente Invisvel tinha as suas santas mos cheias de matria celestial que espalhou pelo
infinito; e eis que ela se transformou em bolas de fogo e outras de argila; e elas se
espalharam como o metal movente (Mercrio) em muitas bolas menores e comearam a
girar sem cessar; e algumas delas que eram bolas de fogo tornaram-se bolas de argila; e as
bolas de argila tornaram-se bolas de fogo; e as bolas de fogo esperavam o seu momento de
se tornarem bolas de argila; e as outras as invejavam e esperavam a sua vez de se tornarem
bolas de puro fogo divino."
Algum poderia exigir uma descrio mais clara das mudanas csmicas que o Sr. Proctor
to elegantemente expe?
Temos aqui a distribuio da matria no espao; depois, a sua concentrao numa forma
esfrica; a separao de esferas menores, que se destacam das maiores; a rotao axial; a
mudana gradual de orbes do estado incandescente para a consistncia terrestre; e,
finalmente, a perda total de calor que marca a sua entrada no estgio da morte planetria. A
mudana das bolas de argila em bolas de fogo seria para os materialistas um fenmeno
como a ignio de uma estrela em Cassiopia em 1572 d.C. e em Serpentrio, em 1604, que
foi notada por Kepler. Mas os caldeus demonstraram nessa exposio uma filosofia mais
profunda do que a de nossos dias. Esta mudana em bolas de "puro fogo divino" significa
uma existncia planetria contnua, correspondente vida espiritual do homem, para alm
do mistrio aterrador da morte. Se os mundos tm, como os astrnomos nos dizem, os seus
perodos de embrio, infncia, adolescncia, maturidade, decadncia e morte, eles podem,
como o homem, ter a sua existncia continua numa forma sublimada, etrea ou espiritual.
Os mgicos no-lo respondem. Eles nos afirmam que a fecunda me Terra est sujeita s
mesmas leis que submetem cada um dos seus filhos. No tempo ficado por ela, d luz
todas as coisas criadas; na plenitude dos seus dias, desce ao tmulo dos mundos. O seu
corpo grosseiro, material, desfaz-se lentamente dos seus tomos em virtude da lei
inexorvel que exige a sua nova arrumao em outras combinaes. O seu prprio esprito
vivificador aperfeioado obedece eterna atrao que o leva para o Sol central espiritual de
que procede originalmente e que conhecemos vagamente pelo nome de DEUS.
fsico determina a do astral, que, embora seja suscetvel de se extrair por impulsos prprios,
sempre se alinhar com a razo contra as predisposies animalescas do corpo fsico. A
sensualidade e outras paixes provm do corpo carnal; e ainda que opina que h crimes
involuntrios, porque procedem de causas externas, Plato faz distino entre elas. O
fatalismo que ele concede Humanidade no exclui a possibilidade de os evitar, pois
embora a dor, o temor, a clera e outros sentimentos sejam dados aos homens por
necessidades, "se triunfa sobre eles, vive-se corretamente, e se vencido por eles, vive-se
incorretamente". O homem dual divino desapareceu deixando apenas a forma animal e o
corpo astral (a alma mortal mais elevada de Plato), abandonada apenas aos seus
instintos, pois ele foi dominado por todos os males vinculados matria; em conseqncia,
ele se torna um instrumento dcil nas mos dos invisveis - seres de matria sublimada, que
pairam em nossas atmosferas e esto sempre prontos a inspirar aqueles que foram
justamente abandonados por seu conselheiro imortal, o esprito divino, chamado de "gnio"
por Plato. Segundo este grande filsofo e iniciado, "quem viveu bem durante o tempo que
lhe foi atribudo poder voltar a habitar a sua estrela e da levar uma existncia abenoada
e de acordo com a sua natureza. Mas se ele no a conseguir nesta segunda gerao, ele
passar para uma mulher [tornando-se indefeso e fraco como uma mulher], e, se no puser
fim ao mal nesta condio, ser transformado em algo bruto, que se parecer com ele nos
maus dias, e os seus tormentos e as suas transformaes no cessaro at que, seguindo o
princpio original de igualdade e de semelhana que nele existe, ultrapasse, com a ajuda da
razo, as secrees ltimas dos elementos turbulentos e irracionais (demnios elementares)
compostos de fogo e ar, e de gua e terra, e retorne forma da sua primeira e melhor
natureza".
"A cincia verdadeira no tem crenas", diz o ,Dr. Fenwick, em A Strange Story, de
Bulwer-Lytton; "a verdadeira cincia (...) apenas trs estados da mente: negao, convico
e o vasto intervalo entre as duas, que no a crena, mas suspenso de juzo". Essa, talvez,
fosse a cincia verdadeira na poca do Dr. Fenwick, mas a cincia dos nossos tempos
modernos procede de outra maneira; ou nega sem rodeios, sem qualquer investigao
preliminar, ou colocar-se distncia prudente entre a negao e a afirmao e, dicionrio na
mo, inventa novos termos greco-latinos para espcies no-existentes de histeria!
Quo amide clarividentes poderosos e adeptos de Mesmerismo descrevem epidemias e
manifestaes fsicas (embora fossem invisveis para outros) que a cincia atribui
epilepsia, a distrbio hematonervosos e, que sei eu, de origem somtica, como a sua lcida
viso os viu na luz astral. Eles afirmam que as "ondas eltricas" estavam num estado de
violenta perturbao e que eles percebiam uma relao direta entre esses distrbios etreos
e a epidemia mental ou fsica que ento reinava. Mas a cincia no os ouviu, e continuou o
seu trabalho enciclopdico de maquinar nomes novos para coisas velhas.
As provas dos poderes mgicos de Pitgoras
Um dos poucos comentadores dos velhos autores gregos e latinos que se mostraram
equivalentes aos antigos do ponto de vista do seu desenvolvimento mental Thomas
Taylor. Na sua traduo da Vida de Pitgoras, de Jmblico, encontramos a seguinte
observao: "Dado que Pitgoras, como Jmblico nos informa (...) era iniciado em todos os
mistrios de Biblos e de Tiro, nas operaes sagradas dos srios e nos mistrios dos
fencios, e tambm (...) havia passado 22 anos nos ditos dos templos do Egito, reunido
com os magos da Babilnia, e que fora instrudo por eles em seu venervel conhecimento no nada surpreendente que ele fosse muito versado em Magia ou teurgia, e fosse capaz
de fazer que ultrapassam o mero poder humano e que parecem ser absolutamente incrveis
ao vulgo".
O ter universal no era, aos seus olhos, simplesmente algo que se expandia, sem ocupante,
pela extenso do cu; era um oceano sem limites povoado como os nossos mares por
monstros e criaturas menores e que possua em cada uma das suas molculas os germes da
vida. Como as tribos aquticas que formigam nos nossos oceanos e nos mnimos corpos de
gua, cada espcie que vivia em seu hbitat curiosamente adaptada ao seu lugar, algumas
amigveis e outras inamistosas ao homem, algumas agradveis e outras espantosas de se
ver, algumas procurando o refgio de um esconderijo tranqilo e de enseadas abrigadas, e
algumas correndo atravs de grandes reas de gua - as vrias raas de espritos elementais
habitavam, segundo eles, as diferentes regies do grande oceano etreo e, para sermos
exatos, adaptadas s suas respectivas condies. Se no perdemos de vista o fato de que o
curso dos planetas no espao deve criar uma perturbao to absoluta nesse meio plstico e
atenuado quanto a passagem de um tiro de canho no ar ou de um barco a vapor na gua, e
isso em escala csmica, podemos compreender que certos aspectos planetrios, admitindose que nossas premissas sejam verdadeiras, podem produzir uma agitao muito violenta e
ocasionar correntes muito fortes numa determinada direo do que outros. Aceitas essas
mesmas premissas, tambm podemos perceber por que, dados os vrios aspectos dos astros,
bandos de "elementais" amigveis ou hostis podem ser derramados em nossa atmosfera, ou
algumas poro determinada dela, e a fazer sentir a sua presena por meio dos efeitos que
enseja.
neles e o seu curso rotatrio foi limitado pelo ar e mantido num curso circular pela ao do
ESPRITO divino."
O Sr. Proctor fala-nos de uma casca lquida no-congelada que envolve um "oceano
plstico viscoso" em que "h um outro globo slido interior em rotao". Ns, por nosso
turno, tomamos o Magia admica de Eugnio Filaletes, publicado em 1650, e p. XII
encontramo-lo citando Trimegistro nos seguintes termos: "Hermes afirma que no incio a
Terra era um lamaal, ou uma espcie tremelicante de gelatina, feita de nada mais a no ser
gua congelada pela incubao e pelo calor do Esprito Divino; cum adhuc (diz ele) terra
tremula esset, lucente sole compacta est".
Na mesma obra, Filalettes, falando em sua maneira estranha e simblica, diz [Magia
Admica, p. xi-xii] "(...) a Terra invisvel (...) por minha Alma, ela o alm disso, o olho
do homem nunca viu a Terra, nem pode ela ser vista sem a arte. Tornar este elemento
visvel o maior segredo da Magia. (...) Quanto a este corpo grosseiro, feculento, sobre o
qual caminhamos, ele um composto, e no terra, mas h terra nele. (...) Numa palavra,
todos os elementos so visveis exceto um, a saber a Terra, e quando atingirdes um grau de
perfeio, como saber por que Deus colocou a Terra in abscndito, tereis um excelente
meio de conhecer o prprio Deus e como Ele visvel, como invisvel".
A inquietao da matria
A contnua atividade da matria est indicada no dizer de Hermes: "A ao a vida de
Ptah"; e Orfeu chama a natureza de "a me que faz muitas coisas" - ou a me engenhosa,
industriosa, inventiva.
O Sr. Proctor diz: "Tudo o que est sobre a Terra e dentro dela, todas as formas vegetais e
todas animais, nossos corpos, nossos crebros so formados de materiais que foram tirados
dessas profundezas do espao que nos cerca por todos os lados". Os hermticos, e
posteriormente os Rosa-cruzes, afirmam que todas as coisas visveis foram produzidas pela
disputa entre a luz e a escurido e que toda partcula de matria contm em si mesma uma
centelha da essncia divina - ou luz, esprito - que, por meio da sua tendncia a se libertar
dos seus obstculos e retornar fonte central, produziu movimento nas partculas e, do
movimento, forma.
A luz - (primeira criao segundo o Gnese) - chamada pelos cabalistas de Sephirah, ou a
Inteligncia Divina, a me de todos os Sephiroth, ao passo que a Sabedoria Oculta o pai.
A luz o primeiro elementos que nasceu e a primeira emanao do Supremo, e luz vida,
diz o evangelista. Ambos so eletricidade - o princpio vital, anima mundi, que penetra o
universo, o vivificador eltrico de todas as coisas. A luz o grande mgico Proteo; sob a
ao da Vontade Divina do Arquiteto, as suas ondas multifrias, onipotente, do origem a
toda forma, bem como a todo ser vivo. Do seu seio avolumado, eltrico, procedem a
matria e o esprito. Nos seus raios repousam os comeos de toda ao fsica e qumica e de
todos os fenmenos csmicos e espirituais; ela vitaliza e desorganiza; d a vida e produz a
morte, e do seu ponto primordial emergem gradualmente existncia as mirades de
mundos, corpos celestiais visveis e invisveis. Foi no raio desta Primeira Me, uma em
trs, que Deus, segundo Plato, "acendeu um fogo, que agora chamamos Sol", e que no a
causa da luz nem do calor, mas apenas o foco, ou, como podemos dizer, a lente pela qual os
raios da luz primordial se materializam e se concentram no nosso sistema solar e produzem
todas as correlaes de foras.
O elemento radical das religies antigas
O elemento radical das religies mais antigas era essencialmente sabesta (Povo bblico
Astrlatra, que habitava o pais de Sab -S. da Arbia.); e afirmamos que os seus mitos e as
religiosa, nem a cosmogonia do Universo; tudo isto repousando sobre a Iluso Hindu, uma
mscara engenhosa a velar o Sanctum Sanctorum e tudo o que espantava muitos
comentadores teolgicos.
As heresias cabalsticas receberam um apoio inesperado nas teorias heterodoxas do Gen.
Pleasonton. De acordo com suas opinies (que ele apoia em fatos muito mais incontestveis
do que os cientistas ortodoxos as suas), o espao entre o Sol e a Terra est preenchido por
um agente material que, tanto quanto podemos julgar a partir de suas opinies, corresponde
nossa Luz Astral cabalstica. A passagem da Luz por meio dele deve produzir enorme
frico. A frico gera eletricidade e so esta eletricidade e o seu magnetismo correlativo
que formam aquelas extraordinrias formas da Natureza que produzem no nosso Planeta, e
sobre ele e ao seu redor, as vrias alteraes que encontramos por toda parte. Ele prova que
o calor terrestre no pode derivar diretamente do Sol, pois o calor ascendente. A fora pela
qual o calor produzido repelente, diz ele, e, como est associado eletricidade positiva,
atrado para a atmosfera superior por sua eletricidade negativa, sempre associada ao frio,
que se ope eletricidade positiva. Ele fortalece a sua opinio mostrando que a Terra, que
quando coberta pela neve, no pode ser afetada pelos raios de Sol, mais quente onde a
neve mais espessa. Peasonton explica este fato pela teoria de que a radiao do calor do
interior da Terra, positivamente eletrificada, encontrando-se na superfcie da Terra com a
neve que est em contato com ela, negativamente eletrificada, produz o calor.
Ele mostra, assim, que no de maneira alguma ao Sol que devemos a luz e o calor; que a
luz uma criao sui generis, que passou a existir no instante em que a Divindade quis e
pronunciou o seu fiat: "Faa-se a luz"; e que este agente material independente que
produz o calor por fico, em virtude da sua velocidade enorme e constante. Em suma, a
primeira emanao cabalstica que o Gen. Pleasonton nos apresenta: a Sephirah ou
Inteligncia Divina (o princpio feminino), que, unida ao Ain-Soph ou sabedoria divina (o
princpio masculino), produziu tudo que visvel e invisvel. Ele se ri da teoria corrente da
incandescncia do Sol e da sua substncia gasosa. A reflexo da fotosfera do Sol, diz ele,
passando pelos espaos planetrios e estrelar, deve ter ento criado uma vasta soma de
eletricidade e magnetismo. A eletricidade, pela unio das suas polaridades opostas, emite
calor e fornece magnetismo a todas as substncias capazes de receb-lo. O Sol, os planetas,
as estrelas e as nebulosas so, todos eles, Ims.
Se este corajoso cavalheiro chegar a provar a sua tese, as geraes futuras estaro pouco
inclinadas a rir de Paracelso e da sua luz sideral ou astral e da sua doutrina da influncia
magntica exercida pelas estrelas e pelos planetas sobre toda criatura viva, vegetal ou
mineral do nosso globo. Alm disso, se a hiptese de Pleasonton for reconhecida como
exata, a gloria transcendente do Prof. Tyndall ser grandemente obscurecida. De acordo
com a opinio pblica, Pleasonton efetua uma investida violenta contra o eminente fsico
que atribuiu ao Sol efeitos calorficos experimentados por ele uma excurso pelos Alpes, e
que era, devidos apenas sua prpria eletricidade vital.
Plato reconhece que o homem o joguete de necessidade a que est submetido desde a sua
entrada no mundo da matria; a influncia externa das causas semelhante do daimonia
de Scrates. Segundo Plato, feliz o homem corporalmente puro, pois a pureza do corpo
fsico determina a do astral, que, embora seja suscetvel de se extrair por impulsos prprios,
sempre se alinhar com a razo contra as predisposies animalescas do corpo fsico. A
sensualidade e outras paixes provm do corpo carnal; e ainda que opina que h crimes
involuntrios, porque procedem de causas externas, Plato faz distino entre elas. O
fatalismo que ele concede Humanidade no exclui a possibilidade de os evitar, pois
embora a dor, o temor, a clera e outros sentimentos sejam dados aos homens por
necessidades, "se triunfa sobre eles, vive-se corretamente, e se vencido por eles, vive-se
incorretamente". O homem dual divino desapareceu deixando apenas a forma animal e o
corpo astral (a alma mortal mais elevada de Plato), abandonada apenas aos seus
instintos, pois ele foi dominado por todos os males vinculados matria; em conseqncia,
ele se torna um instrumento dcil nas mos dos invisveis - seres de matria sublimada, que
pairam em nossas atmosferas e esto sempre prontos a inspirar aqueles que foram
justamente abandonados por seu conselheiro imortal, o esprito divino, chamado de "gnio"
por Plato. Segundo este grande filsofo e iniciado, "quem viveu bem durante o tempo que
lhe foi atribudo poder voltar a habitar a sua estrela e da levar uma existncia abenoada
e de acordo com a sua natureza. Mas se ele no a conseguir nesta segunda gerao, ele
passar para uma mulher [tornando-se indefeso e fraco como uma mulher], e, se no puser
fim ao mal nesta condio, ser transformado em algo bruto, que se parecer com ele nos
maus dias, e os seus tormentos e as suas transformaes no cessaro at que, seguindo o
princpio original de igualdade e de semelhana que nele existe, ultrapasse, com a ajuda da
razo, as secrees ltimas dos elementos turbulentos e irracionais (demnios elementares)
compostos de fogo e ar, e de gua e terra, e retorne forma da sua primeira e melhor
natureza".
"A cincia verdadeira no tem crenas", diz o ,Dr. Fenwick, em A Strange Story, de
Bulwer-Lytton; "a verdadeira cincia (...) apenas trs estados da mente: negao, convico
e o vasto intervalo entre as duas, que no a crena, mas suspenso de juzo". Essa, talvez,
fosse a cincia verdadeira na poca do Dr. Fenwick, mas a cincia dos nossos tempos
modernos procede de outra maneira; ou nega sem rodeios, sem qualquer investigao
preliminar, ou colocar-se distncia prudente entre a negao e a afirmao e, dicionrio na
mo, inventa novos termos greco-latinos para espcies no-existentes de histeria!
Quo amide clarividentes poderosos e adeptos de Mesmerismo descrevem epidemias e
manifestaes fsicas (embora fossem invisveis para outros) que a cincia atribui
epilepsia, a distrbio hematonervosos e, que sei eu, de origem somtica, como a sua lcida
viso os viu na luz astral. Eles afirmam que as "ondas eltricas" estavam num estado de
violenta perturbao e que eles percebiam uma relao direta entre esses distrbios etreos
e a epidemia mental ou fsica que ento reinava. Mas a cincia no os ouviu, e continuou o
seu trabalho enciclopdico de maquinar nomes novos para coisas velhas.
As provas dos poderes mgicos de Pitgoras
Um dos poucos comentadores dos velhos autores gregos e latinos que se mostraram
equivalentes aos antigos do ponto de vista do seu desenvolvimento mental Thomas
Taylor. Na sua traduo da Vida de Pitgoras, de Jmblico, encontramos a seguinte
observao: "Dado que Pitgoras, como Jmblico nos informa (...) era iniciado em todos os
mistrios de Biblos e de Tiro, nas operaes sagradas dos srios e nos mistrios dos
fencios, e tambm (...) havia passado 22 anos nos ditos dos templos do Egito, reunido
com os magos da Babilnia, e que fora instrudo por eles em seu venervel conhecimento no nada surpreendente que ele fosse muito versado em Magia ou teurgia, e fosse capaz
de fazer que ultrapassam o mero poder humano e que parecem ser absolutamente incrveis
ao vulgo".
O ter universal no era, aos seus olhos, simplesmente algo que se expandia, sem ocupante,
pela extenso do cu; era um oceano sem limites povoado como os nossos mares por
monstros e criaturas menores e que possua em cada uma das suas molculas os germes da
vida. Como as tribos aquticas que formigam nos nossos oceanos e nos mnimos corpos de
gua, cada espcie que vivia em seu hbitat curiosamente adaptada ao seu lugar, algumas
amigveis e outras inamistosas ao homem, algumas agradveis e outras espantosas de se
ver, algumas procurando o refgio de um esconderijo tranqilo e de enseadas abrigadas, e
algumas correndo atravs de grandes reas de gua - as vrias raas de espritos elementais
habitavam, segundo eles, as diferentes regies do grande oceano etreo e, para sermos
exatos, adaptadas s suas respectivas condies. Se no perdemos de vista o fato de que o
curso dos planetas no espao deve criar uma perturbao to absoluta nesse meio plstico e
atenuado quanto a passagem de um tiro de canho no ar ou de um barco a vapor na gua, e
isso em escala csmica, podemos compreender que certos aspectos planetrios, admitindose que nossas premissas sejam verdadeiras, podem produzir uma agitao muito violenta e
ocasionar correntes muito fortes numa determinada direo do que outros. Aceitas essas
mesmas premissas, tambm podemos perceber por que, dados os vrios aspectos dos astros,
bandos de "elementais" amigveis ou hostis podem ser derramados em nossa atmosfera, ou
algumas poro determinada dela, e a fazer sentir a sua presena por meio dos efeitos que
enseja.
vento foi engendrado Mt, ou o Ilus (o lodo). dele que procedem os esporos da criao e
da gerao do universo.
Os antigos, que contavam apenas quatro elementos, fizeram do ter o quinto. Em virtude de
a sua essncia ter-se tornado divina pela presena inobservada, foi ele considerado um
intermedirio entre este mundo e o prximo.
Manifestaes da alma
Tudo o que h de organizado neste mundo, as coisas visveis como as invisveis, tem um
elemento que lhe prprio. O peixe vive e respira na gua; a planta consome o gs
carbnico, que nos animais e nos homens produz a morte; alguns seres foram feitos para
viver em camadas rarefeitas de ar, outros existem apenas nas mais densas. A vida, para
alguns, depende da luz do Sol; para outros, da escurido; e assim que a sbia economia da
Natureza adapta uma forma viva a cada condio de existncia. Essas analogias permitem
concluir no s que no existe uma poro desocupada na Natureza universal, mas tambm
que para cada coisa que tem vida so fornecidas condies especiais, e, tendo sido
fornecidas, elas so necessrias. Assim, admitindo-se que h um lado invisvel, as
condies fixas da Natureza autorizam a concluso de que essa metade est ocupada, como
tambm a outra; e de que cada grupo de seus ocupantes est provido das condies
indispensveis de existncia. O fato de que h espritos implica que haja uma diversidade
de espritos; pois os homens diferem, e os espritos humanos so apenas homens
desencarnados.
Dizer que todos os espritos so semelhantes, ou foram feitos para viver na mesma
atmosfera, ou que possuem poderes iguais, ou so governados pelas mesmas atraes eltricas, magnticas, dicas, astrais, no importa quais -, to absurdo quanto dizer que
todos os planetas tm a mesma natureza, ou que todos os animais so anfbios, ou que todos
os homens podem ser alimentados com a mesma comida. Muitssimo mais razovel supor
que, dentre os espritos, as naturezas mais grosseiras descero s alturas mais profundas da
atmosfera espiritual - em outras palavras, estaro mais prximas da Terra. Ao contrrio, as
mais puras estaro mais longe.
Porfrio apresenta-nos alguns fatos repugnantes cuja veracidade est consubstanciada na
experincia de todo estudioso de Magia. "Tendo a alma", diz ele, "mesmo aps a morte,
uma certa afeio pelo seu corpo, uma afinidade proporcional violncia com que a sua
unio foi rompida, vemos muitos espritos errando em desespero em torno dos seus restos
terrestres; vemo-los at mesmo procurando ansiosamente os restos ptridos de outros
cadveres e se recreiam no sangue recentemente vertido que parece infundir-lhes, por um
momento, vida material.
"Os deuses e os anjos", diz Jmblico, "aparecem-nos na paz e na harmonia; os demnios
maus fazem com que tudo se agite em confuso. (...) Quando s almas comuns, nos
aparecem mais raramente, etc."
"A alma humana (o corpo astral) um demnio que a nossa linguagem pode chamar
gnio", diz Apuleio. "E um deus imortal, embora, em certo sentido, tenha nascido ao
mesmo tempo que o corpo em que ela se encontra. Em conseqncia, podemos dizer que
morre no mesmo sentido que dizemos que nasce".
"A alma nasce neste mundo depois de deixar outro mundo (anima mundi), em que a sua
existncia precede aquela que conhecemos (na Terra). Assim, os deuses que consideram a
sua conduta em todas as fases das vrias existncias e em seu conjunto punem-na s vezes
por pecados cometidos durante uma vida anterior. Ela morre quando se separa de um corpo
em que atravessou a sua vida como num barco frgil. E este , se no me engano, o
significado secreto da inscrio tumular, to simples para o iniciado: `Aos deuses manes
que viveram'. Mas essa espcie de morte no aniquila a alma; apenas a transforma num
lmure. Os lmures so os manes ou fantasmas, que conhecemos sob o nome de lares.
Quando eles se distanciam e nos propiciam uma proteo benfica, ns honramos nelas as
divindades protetoras do fogo domstico; mas, se os seus crimes as sentenciam a errar,
chamamo-los esto larvas. Eles se tornam uma praga para o perverso e o vo terror dos
bons."
Seria difcil tachar de ambigidade essa linguagem, e, apesar disso, os reencarnacionistas
citam Apuleio em apoio de sua teoria de que o homem passa por uma sucesso de
nascimentos humanos fsicos nesse planeta at que finalmente seja purgado das impurezas
da sua natureza. Mas Apuleio diz muito claramente que chegamos a este mundo vindo de
um outro, onde tivemos uma existncia cuja lembrana perdemos. Da mesma maneira que
um relgio passa de mo em mo e de sala em sala da fbrica, uma parte sendo
acrescentada aqui e outra ali, at que a delicada mquina esteja perfeita, de acordo com o
plano concebido na mente do mestre antes que a obra fosse iniciada - assim tambm, de
acordo com a Filosofia antiga, a primeira concepo divina do homem toma forma pouco a
pouco, nos muitos departamentos do ateli universal, e o ser humano perfeito finalmente
aparece em nossa paisagem.
Esta filosofia ensina a Natureza nunca deixa inacabada a sua obra; se frustra na primeira
tentativa, ela tenta novamente. Quando ela faz evoluir um embrio humano, a inteno
que o homem se torne perfeito - fsica, intelectual e espiritualmente. O seu corpo deve
crescer, amadurecer, desgastar-se e morrer; a sua mente deve expandir-se, amadurecer e ser
harmoniosamente equilibrada; o seu esprito divino deve iluminar e confundir-se facilmente
com o homem interior. Nenhum ser humano completa o seu grande crculo, ou o "crculo da
necessidade", at que tudo isso no tenha sido feito. Assim como os retardatrios de uma
corrida lutam e se fatigam logo no incio enquanto o vitorioso atinge o seu objetivo, assim
tambm, na corrida da imortalidade, algumas almas ultrapassam em velocidade todas as
outras e chegam ao fim, enquanto as mirades de seus competidores lutam sob o fardo da
matria, prximo da reta de partida. Algumas, desafortunadas, caem, abandonam a corrida e
perdem toda oportunidade de ganhar o prmio; outras levantam-se e empenham-se de novo
na corrida. isso o que o hindu teme sobre todas as coisas - a transmigrao e a
reencarnao em formas inferiores, mas contra esta contingncia lhes deu Buddha remdio
no menosprezo dos bens terrenos, a restrio dos sentidos, o domnio das paixes e a
contemplao espiritual ou freqente comunho com tman ou a alma.
A antiga doutrina da transmigrao da alma. A causa da reencarnao. O mundo do nirvana
A causa da reencarnao a concupiscncia e a iluso que nos leva a ter como reais as
coisas do mundo. Dos sentidos provm a "alucinao", que chamamos contato; "do contato,
a sensao (tambm ilusria) da sensao, a concupiscncia e da concupiscncia a
enfermidade, a decrepitude e a morte".
"Assim, como as voltas de uma roda, h uma sucesso regular de mortes e nascimentos,
cuja causa moral o apego aos objetos existente, enquanto a causa instrumental o karma
[o poder que controla o Universo, imprimindo-lhe atividade, mrito e demrito]. Portanto, o
grande objeto de todos os seres que se querem desembaraar dos sofrimentos do
nascimento sucessivos encontrar a destruio da causa moral (...) o apego aos objetos
existentes, ou o desejo do mal.(...) Aqueles em quem o desejo do mal est completamente
destrudo so chamados Arhats, que, em virtude de uma libertao, possuem faculdades
taumatrgicas. Em sua morte, o Arhat no se reencarna e invariavelmente atinge o
Nirvana". Nirvana o mundo das causas, em que todos os efeitos enganadores ou as iluses
de nossos sentidos desaparecem. Nirvana a esfera mais elevada que se pode atingir. Os
Pitris (os espritos pr-admicos) so considerados como reencarnados, pelo filsofo
budista, se bem que num grau superior ao do homem da terra. Eles no morrem, por sua
vez? Os seus corpos astrais no sofrem nem gozam, e no sentem a mesma maldio dos
sentimentos ilusrios, como durante a encarnao?
Aquilo que o Buddha ensinou no sculo VI a.C., na ndia, foi ensinado por Pitgoras depois
na Grcia e na Itlia. Gibbon mostra quo profundamente os fariseus estavam
impressionados com essa crena na transmigrao das almas. O crculo de necessidade
egpcio est gravado de maneira indelvel nos vetustos monumentos da Antiguidade. E
Jesus, quando curava um doente, invariavelmente utilizava a seguinte expresso: "Teus
pecados te so perdoados". Isso pura doutrina budista. "Os judeus disseram ao cego: `Tu
nasceste completamente no pecado, e queres nos instruir'. A doutrina dos discpulos [de
Cristo] anloga do `Mrito e Demrito' dos budistas; pois os doentes se curavam se os
seus pecados fossem perdoados." Mas essa vida anterior em que os budistas acreditavam
no uma vida neste planeta, (Citao corrida pela prpria H. P. B. "(...) no uma vida no
mesmo ciclo e na mesma personalidade.") pois, mais do que qualquer outra pessoa, o
filsofo budista apreciava a grande doutrina dos ciclos.
A significao secreta dos ciclos e kalpas. A manifestao de Brahma
As especulaes de Dupuis, Volney e Godfrey Higgins sobre a significao secreta dos
ciclos, ou dos kalpas e dos yugas dos bramnicos e dos budistas, pouco significaram, pois
no possuam a chave da doutrina espiritual esotrica neles contida. Nenhuma filosofia
especulou sobre Deus como uma abstrao mas considerou-O sob as Suas vrias
manifestaes. A "Causa Primeira" da Bblia dos hebreus, as "Monas" pitagricas, a
"Existncia Una" do filsofo hindu e o "Ain-Soph" cabalstico - o Ilimitado - so idnticos.
O Bhagavat hindu no cria; ele entra no ovo do mundo e emana dele como Brahm, da
mesma maneira que a Dada pitagrica se desenvolve das Monas mais elevadas e solitrias.
A Monas do filsofo de Samos o Monas hindu (mente), "que no tem primeira causa
(aprva) ou causa material, nem est sujeito destruio". Brahm, como Praj-pati,
manifesta-se antes de tudo como "doze corpos", ou atributos, representados pelos doze
deuses, que simbolizam:
01) o Fogo;
02) o Sol;
03) o Soma, que d a oniscincia;
04) todos os Seres Vivos;
05) Vyu, ou o ter material;
06) a Morte, ou o corpo de destruio -Shiva;
07) a Terra;
08) o Cu;
09) Agni, o Fogo Imaterial;
10) ditya, o Sol imaterial e feminino invisvel;
11) a Mente;
12) o grande Ciclo Infinito, "que no pode ser interrompido".
Depois disso, Brahm se dissolve no Universo visvel, de que cada tomo ele mesmo.
Feito isto, a Monas no-manifesta, indivisvel e indefinida, retira-se para a solido
imperturbada e majestosa da sua unidade. A divindade manifesta, uma Dada em princpio,
torna-se agora uma Trada; a sua qualidade trina emana incessantemente poderes
espirituais, que se tornam deuses imortais (Almas). Cada uma dessas Almas deve unir-se
por sua vez a um ser Humano e, a partir do momento que surge a sua conscincia, iniciar
uma srie de nascimentos e mortes. Um artista oriental tentou dar expresso pictrica
doutrina cabalista dos ciclos. O quadro cobre toda uma parede interior de um templo
subterrneo situado na proximidade de uma grande pagode budista e extremamente
sugestivo. Tentemos fornecer uma idia do seu plano, tal como nos lembramos dele.
Imaginai um ponto no espao como o ponto primordial; depois, como um compasso, traai
um crculo ao redor desse ponto; onde o comeo e o fim da circunferncia se unem, a
emanao e a reabsoro tambm se encontram. O prprio crculo composto de
inumerveis crculos menores, como os elos de um bracelete, e cada um desses elos
menores forma o cinto da deusa que representa aquela esfera. Onde a curva do arco se
aproxima do ponto extremo do semicrculo - o nadir do grande ciclo - em que o pintor
mstico situou o nosso planeta, a face de cada deusa sucessiva torna-se mais sombria e
horripilante do que a imaginao europia possa conceber. Cada cinto est coberto de
representaes de plantas, animais e seres humanos, pertencentes flora, fauna e
antropologia dessa esfera em particular. H uma certa distncia entre casa uma dessas
esferas, marcada propositalmente; pois, aps o cumprimento dos crculos, atravs das
diversas transmigraes, atribudo alma um templo de Nirvana temporrio, um espao
de tempo em que o tman perde toda lembrana das penas passadas. O espao etreo
intermedirio ento preenchido com seres estranhos. Aqueles que se encontram entre o
ter mais elevado e a Terra so as criaturas de "natureza mediana", espritos da Natureza ou,
como os cabalistas s vezes os chamam, elementais.
Este quadro ou uma cpia de uma quadro descrito para a posteridade por Berosus, o
sacerdote do templo de Belo, na Babilnia, ou o original. Mas a parede est coberta
precisamente de criaturas anlogas quelas que foram descritas pelo semidemnio, ou
semideus, Oannes, o homem-peixe caldeu, (...) seres horripilantes, produzidos por um
princpio duplo" - a luz astral e a matria grosseira.
A misteriosa doutrina da reencarnao
Apresentaremos, alguns fragmentos dessa misteriosa doutrina da reencarnao - to distinta
da metempsicose -, tal como nos foi dada por uma autoridade no assunto. A reencarnao,
isto , o aparecimento do mesmo indivduo, ou antes, da sua Mnada astral, duas vezes no
mesmo planeta (obs. corrigido por H.P.B. pg. 48 do volume I, onde escreve-se "planeta",
leia-se CICLO e PERSONALIDADE), no uma regra da Natureza; trata-se de uma
exceo. precedida por uma violao das leis de harmonia da Natureza e s ocorre
quando esta, tentando restaurar o seu equilbrio perturbado, atira violentamente de volta
vida terrena a Mnada astral que foi expedida do crculo de necessidade por crime ou por
acidente. Assim, em casos de aborto, de crianas que morrem antes de uma determinada
idade e de idiotismo congnito e incurvel, o plano original da Natureza de produzir um ser
humano perfeito foi interrompido. Visto que a matria grosseira de cada uma dessas
entidades se desagrega na morte, pelo vasto reino do ser, o esprito imortal e a Mnada
astral do indivduo - posta esta ltima em reserva para animar um outro arcabouo; e a
primeira, para projetar a sua luz divina sobre a organizao corprea - devem tentar, uma
segunda vez, levar adiante o propsito da inteligncia criadora.
Se a razo tanto se desenvolve a ponto de se tornar ativa e discriminadora, no h
reencarnao nesta Terra, pois as trs partes do homem trino se reuniram e ele capaz de
continuar o seu caminho. Mas quando o novo ser no passou da condio de uma Mnada,
ou quando, como no caso de um idiota, a trindade no foi completada, a centelha imortal
que o ilumina deve entrar novamente no plano terrestre porque ela falhou na sua tentativa.
( bvio, que a "reencarnao imediata" negada e que a matria do indivduo a
personalidade astral, ou o complexo pessoal astro-mental, que tambm pode ser chamado
de Ego astral, e no a individualidade ou Ego Reencarnante. O leitor deve prestar muita
ateno a essa diferena. n. do Org.). De outra maneira as almas mortais ou astrais, e as
imortais e divinas, no poderiam progredir em unssono e passar a uma esfera superior. O
esprito segue uma linha paralela da matria; e a evoluo espiritual se efetua conjunta e
simultaneamente com a evoluo fsica.
Reencarnao - Glossrio Teosfico de Helena P. Blavatsky:
" a doutrina do renascimento, no qual acreditava Jesus e seus apstolos, como toda gente
daqueles tempos, porm negada hoje pelos cristos que parecem no compreender a
doutrina de seus prprios Evangelhos, visto que a Reencarnao ensinada claramente na
Bblia, como o em todas as demais escrituras antigas.
Atravs do processo da Reencarnao, a entidade individual e imortal, a Trada Superior,
transmigra de um corpo para outro, reveste-se de sucessivas e novas formas ou
personalidades transitrias, percorrendo assim, no curso de sua evoluo, uma aps outra,
todas as faces da existncia condicionada nos diversos reinos da Natureza, com o objetivo
de ir entesourando as experincias relacionadas com as condies de vida inerentes a elas,
at que, uma vez terminado o ciclo de renascimentos, esgotadas todas as experincias e
adquirida a plena perfeio do SER, o Esprito Individual, completamente livre de todas as
travas da matria, alcana a Libertao e retorna a seu ponto de origem, abismando-se
novamente no seio do Esprito Universal, como a gota d'gua no oceano. A filosofia
esotrica afirma, pois, a existncia de um princpio imortal e individual, que habita e anima
o corpo do homem e que, com a morte do corpo, passa a encarnar outro corpo, depois de
um intervalo mais ou menos longo de vida subjetiva em outros planos. Desse modo, as
vidas corporais sucessivas se enlaam com outras tantas prolas no fio, sendo este fio o
princpio sempre vivo e as prolas as numerosas e diversas existncias ou vidas humanas na
Terra.
A filosofia exotrica, admite que o Ego humano pode encarnar apenas em formas humanas,
pois s estas oferecem as condies atravs das quais so possveis as suas funes; jamais
poder viver em corpo animais nem retroceder ao bruto, porque isso seria ir contra a lei da
evoluo". (N. C. Resumo do texto original)
A oitava esfera - o Hades alegrico
Mesmo os ocultistas ocidentais modernos a negam, embora seja universalmente aceita nos
pases orientais. Quando, por meio dos vcios, de crimes medonhos e das paixes animais,
um esprito desencarnado cai na oitava esfera - o Hades alegrico, e o Gehenna da Bblia -,
a mais prxima da nossa Terra, ele pode, com o auxlio do vislumbre de razo e de
conscincia que lhe restou, arrepender-se; isto quer dizer que ele, exercendo o resto de seu
poder de vontade, esforar-se por se elevar e, como um homem que se afoga, voltar uma
vez mais superfcie. Nos Orculos caldaicos de Zoroastro encontramos este, que diz,
como advertncia Humanidade:
No olheis para baixo, pois um precipcio existe abaixo da Terra
Que se estende por uma descida de SETE degraus, sob os quais
Est o trono da horrenda necessidade.
Uma ardente aspirao para se libertar dos seus males, um desejo bastante pronunciado ho
de lev-lo uma vez mais atmosfera da Terra. A ele vaguear e sofrer mais ou menos uma
solido dolorosa. Os seus instintos ho de faz-lo procurar com avidez o estabelecimento de
contato com pessoas vivas. (...) Esses espritos so os invisveis, mas muito tangveis,
vampiros magnticos; os demnios subjetivos to bem conhecidos dos estticos medievais,
monjas e monges, e das "feiticeiras" tornadas to famosas pelos The Witches' Hammer; e de
determinados clarividentes sensitivos, segundo as suas prprias confisses. Eles so os
demnios sanginrios de Porfrio, as larvas e as lmures dos antigos; os instrumentos
diablicos que enviaram tantas vtimas desafortunadas e fracas para a roda dentada e para a
morte na fogueira. Orgenes afirma que todos os demnios que possuram os endemoniados
mencionados no Novo Testamento so "espritos" humanos. porque Moiss sabia to bem
o que eles eram, e quo terrveis eram as conseqncias para as pessoas fracas que se
submetiam s suas influencias, que ele editou a lei cruel e sanguinria contra as pretensas
"feiticeiras"; mas Jesus, pelo de amor divino pela Humanidade, curou-as em vez de as
matar. Mais tarde, o nosso clero, pretendendo ser o modelo dos princpios cristos, segui a
lei de Moiss e ignorou completamente a lei d'Aquele a quem chamavam seu "Deus Vivo",
queimando dezenas de milhares dessas pretensas "feiticeiras".
Significado do termo feitiaria
Feitiaria! Nome poderoso, que continha, no passado, a promessa da morte ignominiosa; e
deve ser pronunciado, no presente, apenas para provar uma exploso de ridculo, uma
avalanche de sarcasmos! Como , ento, que sempre existiram homens de inteligncia e de
erudio que nunca julgaram ser contrrio sua reputao de eruditos, ou sua dignidade,
afirmar publicamente a possibilidade de existncia de algo como as "feiticeiras", na correta
acepo da palavra? Um desses intrpidos campees foi Henry More, o erudito de
Cambrigge, do sculo XVII.
As palavras witch ["feitiaria"] e wizard ["mgico"], o Dr. More, significam nada mais do
que homem sbio [wise Man] ou mulher sbia [wise woman]. Na palavra wizard, isso fica
claro desde o primeiro momento; e "a deduo mais simples e menos laboriosa do nome
witch provm de wit, cujo adjetivo derivado seria wittigh ou wittich, e, por contrao, mais
tarde witch; da mesma maneira, o substantivo wit deriva do verbo to weet, `saber'. De
modo que uma witch nada mais do que uma mulher sbia; e que corresponde exatamente
palavra latina saga, na expresso sagae dictae anus quae multa sciunt de Festo"
A vulnerabilidade de algumas "sombras"
"Fecha a porta na cara do demnio, diz a Cabala, "e ele fugir de ti, como se o
perseguisses" - o que significa que no deveis dar guarida a esses espritos de obsesso por
atrai-los a uma atmosfera da mesma natureza.
Esses demnios tentam introduzir-se nos corpos dos simples de esprito e dos idiotas e a
permanecer at que sejam desalojados por uma vontade poderosa e pura. Jesus Apolnio e
alguns dos seus apstolos tinham o poder de afastar os demnios purificando a atmosfera
interna e externa ao paciente, bem como de forar o hspede indesejvel a se retirar. Certos
sais volteis lhes so particularmente desagradveis; e o efeito de certas substncias
qumicas vertidas num pires, colocados sob a cama pelo Sr. Varley, de Londres, com o
objetivo de manter distncia, noite, alguns fenmenos fsicos, confirma esta grande
verdade. Os espritos humanos puros ou mesmo simplesmente inofensivos nada temem,
pois, desembaraados da matria terrestre, os compostos terrestres no os podem afetar; tais
espritos so como um sopro. No acontece a mesma coisa com as almas presas Terra e
aos espritos da Natureza.
Isto se refere quelas larvas terrestres carnais, espritos humanos degradados, com que os
antigos cabalistas alimentavam a esperana de reencarnao. Mas quando, ou como? Num
momento conveniente, e se auxiliados por um sincero desejo de correo e de
arrependimento, inspirado por uma pessoa forte e simptica, ou pela vontade de um adepto,
ou mesmo um desejo que emana de um esprito pecador, contanto que seja poderoso o
suficiente para faz-lo romper o julgo da matria pecaminosa. Perdendo toda a conscincia,
esta Mnada uma vez brilhante apanhada uma outra vez no turbilho de nossa evoluo
terrestre, e atravessa novamente os reinos subordinados e de novo respira na qualidade de
uma criana. Seria impossvel computar o tempo necessrio para que se cumpra esse
processo. Dado que no existe percepo do tempo na eternidade, qualquer tentativa seria
apenas um trabalho intil.
A preparao de orculos
A maneira de obter orculos foi praticamente desde a mais alta Antigidade. Na ndia, essa
sublime letargia chamada "o sono sagrado de ***. Trata-se de um esquecimento em que o
paciente dirigido por determinados processos mgicos, suplementares por goles de suco
de soma. O corpo do que dorme permanece durante muitos dias num estado que se
assemelha morte, e pelo poder do adepto purificado da sua terrenalidade e preparado
para tornar-se o receptculo do esplendor do Augoeides imortal. Nesse estado, o corpo
dorme reflete a glria das esferas superiores, como um espelho reflete os raios do Sol. O
que dorme no tem conscincia do tempo que passa, mas, ao despertar, aps quatro ou
cinco dias de transe, imagina que dormiu apenas momentos. Ele no se lembrar jamais do
que os seus lbios proferiram; mas, como o esprito que os dirige, eles s podem
pronunciar a verdade divina. Durante um lapso de tempo, essa pobreza impotente se faz o
escrnio da presena sagrada e converte-se num orculo mil vezes mais infalvel do que a
pitonisa asfixiada de Delfos; e, diferentemente do seu frenesi mntico, que foi exibido
multido, este sono sagrado testemunhado apenas no recinto sagrado por aqueles poucos
adeptos que so dignos de comparecer presena do ADONAI.
A descrio que faz Isaas da purificao necessria a um profeta para que ele se torne
digno de ser o porta-voz do cu aplica-se perfeitamente ao caso de que tratamos.
Empregando uma metfora que lhe era familiar, ele diz: "Um dos serafins voou para mim
trazendo na sua mo uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com ela tocou a
minha boca e disse: Eis que isto tocou os teus lbios; e a tua iniqidade foi tirada e
purificado o teu pecado".
Espritos elementares tem medo da espada
Em Homero, temos Ulisses evocando o esprito do seu amigo, o adivinho Tirsias.
Preparando-se para a cerimnia do "festival do sangue", Ulisses saca da sua espada e dessa
maneira assusta os milhares de fantasmas atrados pelo sacrifcio. O amigo, o to esperado
Tirsias, no ousa aproximar-se enquanto Ulisses mantm a arma apavorante na mo.
Enias prepara-se para descer ao reino das sombras, e, assim que se aproxima da entrada, a
Sibila que o guia dita ao heri troiano o seu conselho e lhe ordena sacar da sua espada e
abrir para si uma passagem atravs da multido espessa de formas errantes:
Pselo, em sua obra, conta a histria de sua cunhada que foi posta num estado muito
assustador por um demnio elementar que a possura. Ela foi finalmente curada por um
conjurador, um estrangeiro chamado Anaphalangis, que comeou por ameaar o ocupante
invisvel do seu corpo com uma espada nua, at que o desalojou. Pselo apresenta todo um
catecismo da demonologia, em que se exprime nos seguintes termos, tanto quanto nos
lembramos:
"Tuque invade viam, vaginaque eripe ferrum".
Pselo, apresenta todo um catecismo da demonologia, em que exprime nos seguintes termos,
tanto quanto nos lembramos:
"Quereis saber", perguntou o conjurador, "se os corpos dos espritos podem ser feridos por
espadas ou por qualquer outra arma? Sim, eles podem. Qualquer substncia dura que os
golpeie pode causar-lhes uma dor sensvel; e, embora os seus corpos no sejam feitos de
nenhuma substncia slida ou firme, eles a sentem, pois, em seres dotados de sensibilidade,
no so apenas os seus nervos que possuem a faculdade de sentir, mas tambm o esprito
que reside neles (...) o corpo de um esprito pode ser sensvel em seu todo, bem como em
cada uma das suas partes. Sem o auxilio de qualquer organismo fsico, o esprito v, ouve e,
se o tocardes, sente o vosso toque. Se os dividirdes em dois, ele sentir a dor como qualquer
homem vivo, pois ele tambm matria, embora seja esta to refinada que se torna
geralmente invisvel aos nossos olhos. (...) Uma coisa, todavia, o distingue do homem vivo;
a saber, o fato de que quando os membros de um homem so divididos, as suas partes no
podem ser reunidas muito facilmente. Mas cortai um demnio em duas partes, e o vereis
imediatamente se recompor. Assim como a gua ou o ar se renem aps a passagem de um
corpo slido, que no deixa nenhum sinal, nada atrs de si, assim tambm o corpo de um
demnio condensa-se novamente, quando a arma penetrante retirada da ferida. Mas cada
inciso feita nele no lhe causa menos dor. Eis por que os demnios teme a ponta de uma
espada ou de qualquer arma pontiaguda. Que aqueles que os queiram ver sangrar faam a
experincia".
Um dos eruditos mais sbios deste sculo, Bodin, o demonlogo, da mesma opinio: os
elementares humanos e csmicos "so extremamente medrosos de espadas e de adagas".
Tambm esta a opinio de Porfrio, de Jmblico e de Plato. Plutarco menciona-o vrias
vezes. Os teurgos praticantes sabiam-no muito bem e agiam de acordo com a sua
informao; e um grande nmero deles afirma que "os demnios sofrem com qualquer
inciso que seja feita em seus corpos".
Fenmenos que podem ocorrer com a alma
Mas devemos abrir espao agora para algumas narrativas dos filsofos antigos, que, ao
mesmo tempo em que contam, vo nos explicando.
Em primeiro lugar, quanto s maravilhas, preciso colocar Proclo. A sua lista de fatos, cuja
maior parte ele apoia com citaes de testemunhas - s vezes filsofos bastantes conhecidos
-, desconcertante. Ele registra, da sua poca, muitos exemplos de pessoas mortas que
foram encontradas em posio diferente nos seus sepulcros depois de terem sido colocadas
sentadas ou em p - fenmenos que ele atribuam fato de elas serem larvas e que, diz "est
relacionado pelos antigos de Aristeas, Epimnides e Hermodorus". Cita quatro casos
semelhantes extrados da Histria de Clearco, o discpulo de Aristteles. 1) Clenyomus, o
ateniense. 2) Policreto, um homem ilustre entre os etlio. Este fato est relatado pelo
historiador Naumachius, que diz que Plicreto morreu e retornou no nono ms aps a sua
morte. "Hiero, o efsio, e outros historiadores", diz o seu tradutor, Taylor, "atestam a
verdade desse fato". 3) Em Nocpolis, a mesma coisa aconteceu a um certo Eurynous, que
ressuscitou no dcimo-quinto dia aps o seu enterro e viveu algum tempo depois disso
levando um vida exemplar. 4) Rufus, sacerdote da Tesslica, voltou vida no terceiro dia
aps a sua morte, com o objetivo de proceder a algumas cerimnias sagradas que havia
prometido realizar; cumpriu o prometido, e morreu novamente para nunca mais voltar.
Diz Proclo: "Muitos outros escritores antigos recolheram histrias de pessoas que morreram
aparentemente e depois ressuscitaram; e entre eles o filsofo Demcrito, nos seus escritos
relativos ao Hades, e o maravilhoso Conotes, conhecido por Plato. Pois a morte no era,
como parecia, um abandono completo de toda a vida do corpo, mas uma cessao, caudada
por algum golpe, ou talvez uma ferida. Mas os laos da alma ainda continuavam atados
seja suficientemente pura para servir de canal para os espritos capazes de dar uma forma
elevada a sentimentos desse gnero.
Que no podemos resistir aos desejo de citar algumas linhas de um dos escritos snscritos,
tanto mais que ele incorpora aquela poro da filosofia hermtica a que se refere ao estado
antecedente do homem, que descrevemos em outro lugar de maneira bem menos
satisfatria.
A filosofia hermtica aponta os estados antecedentes do homem
"O homem vive em muitas outras terras antes de chegar a esta. Mirades de mundos nadam
no espao em que a alma em estado rudimentar faz as suas peregrinaes, antes que chegue
ao grande e brilhante planeta chamado Terra, cuja funo gloriosa conferir-lhe
autoconscincia. S neste ponto que ele se torna homem; em qualquer outra etapa desta
jornada vasta e selvagem ele apenas um ser embrionrio - uma forma evanescente e
temporria de matria -, uma criatura de cuja alma elevada e aprisionada uma parte, mas
apenas uma parte, resplandece; uma forma rudimentar, com funes rudimentares, sempre
vivendo, morrendo, mantendo uma existncia espiritual passageira to rudimentar quanto a
forma material de que emergiu; uma borboleta despontando da crislida, mas sempre,
medida que avana, em novos nascimentos, novas encarnaes, para daqui a pouco morrer
e viver novamente, mas ainda dando um passo frente, outra para trs, sobre o caminho
vertiginoso, apavorante, cansativo e acidentado, at que desperte uma vez mais - para viver
uma vez mais e ser uma forma material, um algo de poeira, uma criatura de carne e osso,
mas agora - um homem".terial, um algo de poeira, uma criatura de carne e osso, mas agora
- um homem".
Uma experincia psquica
Fomos testemunhas, certa vez, na ndia, de uma experincia de habilidade psquica entre
um venervel gosain (Faquir, mendigo) e um feiticeiro (Um prestidigitador, diga-se) que
nos ocorre agora em relao a esse assunto. Estvamos discutindo sobre os poderes
relativos dos Pitris dos faquires - espritos pr-adamitas e aliados invisveis dos
prestidigitadores. Concordou-se em fazer uma experincia de habilidades, e o autor destas
linhas foi escolhido como rbitro. Fazamos a sesta, prximos de um pequeno lago da ndia
setentrional. Sobre a superfcie das guas cristalinas flutuavam inmeras flores aquticas e
largas folhas brilhantes. Cada um dos contendores tomou uma dessas folhas. O faquir,
apoiando a sua contra o seu peito, cruzou as mos sobre ela e entrou em transe
momentneo. Colocou, ento, a folha sobre a gua, com a superfcie superior voltada para
baixo. O prestidigitador pretendia controlar o "senhor da gua", o esprito que reside na
gua gabou-se de forar o poder a impedir que os Pitris manifestassem quaisquer
fenmenos sobre a folha do faquir em seu elemento. Tomou a sua prpria folha e a colocou
sobre a gua, depois de ter praticado sobre ela uma espcie de encantao selvagem. Ela,
imediatamente, exibiu uma agitao violenta, ao passo que a outra folha continuava
absolutamente imvel. Ao final de alguns segundos, ambas as folhas foram retiradas. Sobre
a folha do faquir vimos - uma indignao do prestidigitador - algo que se assemelha a
desenhos geomtricos formados de caracteres de um branco leitoso, como se os sucos da
planta tivessem sido usados como um fludo corrosivo com que se pudesse escrever.
Quando ela secou, e tivemos a oportunidade de examinar as linhas com cuidado,
reconhecemos serem elas uma srie de caracteres snscritos elaborados com perfeio; o
todo compunha uma frase que enfeixava um preceito de alta mortal. O faquir, acrescentou,
no sabia ler nem escrever. Sobre a folha do prestidigitador, em vez de escrita, encontramos
uma figura hedionda, demonaca. Cada uma das folhas, portanto, trazia uma impresso ou
enormes crocodilos. Esses monstros anfbios rastejam para fora da gua e vm aquecer-se
ao Sol, a poucos ps dos faquires, alguns dos quais podem estar imveis, perdidos na
orao e na contemplao. Enquanto um desses santos mendicantes est vista, os
crocodilos so to inofensivos quanto os gatos domsticos. Mas jamais aconselharamos a
um estrangeiro que se arriscasse a aproximar-se sozinho umas poucas jardas desses
monstros. O pobre francs Pradin encontrou uma cova prematura num desses terrveis
surios, comumente chamados pelos hindus de mudalai.
Fenmenos de animao de esttuas. A matria - cpia de idias abstratas
Quando Jmblico, Herdoto, Plnio ou algum outro escritor falam de sacerdotes que faziam
as spides descerem do altar de sis, ou de taumaturgos que domavam com um olhar os
animais mais ferozes, eles passaram por mentirosos ou imbecis ignorantes. Quando os
viajantes modernos nos contam as mesmas maravilhas realizadas no Oriente, eles so
tratados como tagarelas entusiastas ou como escritores pouco dignos de f.
O homem possui verdadeiramente uma tal poder, como vimos nos exemplos acima
referidos. Quando a Psicologia e a Fisiologia se tornarem dignas do nome de cincias, os
europeus convencer-se-o do poder estranho e formidvel que existe na vontade e na
imaginao humana, seja ela exercida conscientemente ou no. E no entanto, como seria
fcil realizar tal poder do esprito, se apenas pensssemos nesse grande turismo natural de
que o tomo mais insignificante da Natureza movido pelo esprito, que uno em sua
essncia, pois a menor partcula dele representa o todo; e de que a matria , afinal, apenas
a cpia concreta das idias abstratas. A esse respeito, citemos alguns poucos exemplos do
poder imperativo da vontade, ainda que inconsciente, de criar de acordo com a imaginao,
ou antes pela faculdade de discernir imagens na luz astral.
Basta apenas lembrar o fenmeno muito familiar dos stimata, os sinais de nascena, em que
os efeitos so produzidos pela ao involuntria da imaginao materna sob um estado de
excitamento. O fato de que a me pode controlar a aparncia da criana por nascer era to
bem conhecido entre os antigos que os gregos abonados tinham o costume de colocar belas
esttuas junto ao leito, para que a me tivesse constantemente um modelo perfeito diante
dos olhos.
O poder da imaginao sobre a nossa condio fsica, mesmo depois de chegarmos
maturidade, demonstra-se de muitas maneiras. Na Medicina, o mdico inteligente no
hesita em atribu-lo a um poder curativo ou morbfico mais poderoso que as suas plulas e
poes. Ele o chama de vis medicatrix naturae, e seu primeiro objetivo ganhar a confiana
de seu paciente de modo to completo que ele possa fazer a natureza extirpar a doena. O
medo mata com freqncia; e a dor tem um tal poder sobre os fluidos sutis do corpo que ela
no apenas desregula os rgos internos mas tambm embranquece os cabelos.
Da gestao do vulo humano
Qual a forma primitiva do futuro homem? Um gro, um corpsculo, dizem alguns
fisiologistas; uma molcula, um vulo, dizem outros. Se pudssemos analis-lo - por meio
do espectroscpio (instrumento para formar e analisar visualmente o espetro tico de um
corpo.) ou de outra maneira -, de que deveramos esperar v-lo composto? Analogicamente,
poderamos dizer, de um ncleo de matria inorgnica, depositada pela circulao na
matria organizada do germe ovrio. Em outras palavras, este ncleo infinitesimal do futuro
homem composto dos mesmos elementos que uma pedra - dos mesmos elementos que a
terra, que o homem est destinado a habitar. Moiss citado pelo cabalista como uma
autoridade devido sua observao de que a terra e a gua so necessrias para um ser
vivo, e portanto pode-se dizer que o homem surge primeiro como uma pedra.
Ao cabo de trs ou quatro semanas, o vulo assumiu as feies de uma planta, tendo uma
extremidade se tornando esferoidal e a outra, cnica, como uma cenoura. Na dissecao,
descobre-se que ele formado, como a cebola, de lminas ou pelculas muito delicadas que
encerram um lquido. As lminas se estreitam na extremidade inferior, e o embrio pende
da raiz do umbigo como uma fruta do ramo. A pedra transformou-se agora, pela
metempsicose, numa planta. A criatura embrionria comea ento a projetar, de dentro para
fora, os membros, e a desenvolver as suas feies. Os olhos so visveis como dois pontos
negros; as orelhas e a boca formam depresses, como os pontos de um abacaxi, antes de
comearem a projetar-se. O embrio desenvolve-se num feto semelhante ao animal - na
forma de um girino - e, como um rptil anfbio, vive na gua, e desenvolve-se a partir da.
Sua Mnada no se tornou ainda humana ou imortal, pois os cabalistas nos dizem que isso
ocorre apenas na "quarta hora". Sucessivamente, o feto assume as caratersticas do ser
humano, a primeira agitao do sopro imortal passa atravs de seu ser; ele se move; a
Natureza lhe abre caminho; introdu-lo no mundo; e a essncia divina estabelece-se no
corpo da criana, onde habitar at o momento de sua morte fsica, quando o homem se
torna um esprito.
Este misterioso processo de formao, que dura nove meses, os cabalistas o chamam de
concluso do "ciclo individual de evoluo". Assim como o feto se desenvolve do liquor
amnii no tero, do mesmo modo os mundos germinam do ter universal, ou fludo astral,
no tero do universo. Essas crianas csmicas, como os seus habitantes pigmeus, so
inicialmente ncleos; depois vulos; depois amadurecem gradualmente, e se tornam mes
por sua vez, desenvolvem formas minerais, vegetais, animais e humanas. Do centro
circunferncia, da vescula imperceptvel aos ltimos limites concebveis do cosmos, esses
gloriosos pensadores, os cabalistas, seguem os traos dos ciclos que emergem dos ciclos,
que contm e so contidos em sries sem fim. Desenvolvendo-se o embrio em sua esfera
pr-natal, o indivduo em sua famlia, a famlia no Estado, o Estado na Humanidade, a Terra
em nosso sistema, este sistema no universo central, o universo no cosmo, e o cosmo na
Primeira Causa: - o Infinito e o Eterno. Assim caminha a sua filosofia da evoluo:
"Todos so parte de um Todo Admirvel,cujo corpo a Natureza; e Deus, a Alma".
"Mundos incontveis repousam em seu regao como crianas".
Para um estudante de filosofia oculta, que rejeita por sua vez o mtodo de induo por
causa dessas perptuas limitaes, e adota plenamente a diviso platnica de causas - a
saber, a eficiente, a formal, a material e a final, assim como o mtodo eletico de examinar
qualquer proposio dada, simplesmente natural raciocinar do seguinte ponto de vista da
escola neoplatnica: 1) O sujeito ou no como se supe. Portanto, perguntamos: O ter
universal, conhecido pelos cabalistas como "luz astral", contm eletricidade e magnetismo,
ou no? A resposta deve ser afirmativa, pois a prpria "cincia exata" nos ensina que entre
esses dois agentes conversveis que saturam o ar e a terra h uma constante troca de
eletricidade e magnetismo. Resolvida a questo n. 1, teremos que examinar o que acontece
- 1) a ela em relao a si. 2) a ela em relao a todas as outras coisas. 3) a todas as outras
coisas, em relao a ela. 4) a todas as outras coisas em relao a si mesmas.
RESPOSTAS:
1) Em relao a si. As propriedades inertes previamente latentes na eletricidade tornam-se
ativas sob condies favorveis; e num dado momento a forma magntica dotada pelo
agente sutil e penetrante; e num outro, a forma da fora eltrica adotada.
2) Em relao a todas as outras coisas. Ela atrada por todas as outras coisas com as quais
tem alguma afinidade, e repelida pelas demais.
3) A todas as coisas em relao a ela. Ocorre que todas as vezes em que entram em contato
com a eletricidade, elas recebem a impresso desta na proporo de sua condutividade.
4) A todas as outras coisas em relao a si mesmas. Sob o impulso recebido da fora
eltrica, e proporcionalmente sua molcula mudam as relaes entre si; elas se separam
forosamente de modo a destruir o objeto que formam - orgnico ou inorgnico - ou, se
anteriormente perturbadas, so postas em equilbrio (como nos casos de doena); ou a
perturbao pode ser apenas superficial, e o objeto pode ser impresso com a imagem de
algum outro objeto encontrado pelo fludo antes de atingi-lo.
Para aplicar as propriedades acima ao caso em questo: H diversos princpios bemreconhecidos da cincia, como, por exemplo, e de que uma mulher grvida est fsica e
mentalmente num estado de facilmente se sugestionar. A Fisiologia diz-nos que as suas
faculdades intelectuais esto enfraquecidas, e que ela afetada num grau incomum pelos
eventos mais corriqueiros. Seus poros esto abertos e ela exsuda uma respirao cutnea
peculiar; ela parece estar num estado receptivo e todas as influencias da Natureza. Os
discpulos de Reichenbach afirmam que o seu estado dico muito intenso. Du Potet
recomenda tomar-se precauo ao mesmeriz-la, pois teme que se lhe afete a criana. As
doenas da me a atingem, e ela com freqncia as absolve inteiramente; os sofrimentos e
prazeres daquela regem sobre o seu temperamento, assim como sobre a sua sade; grandes
homens tm proverbialmente grandes mes, e vice-versa. " verdade que a imaginao da
me tem uma influncia sobre o feto", admite Magendie, contradizendo assim o que afirma
em outro lugar; e ele acrescenta que "o terror sbito pode causar a morte do feto, ou
retardar o seu crescimento".
liphas Lvi, que certamente dentre os cabalistas uma das maiores autoridades sobre
certos assuntos, diz: "As mulheres grvidas esto, mais do que as outras, sob a influncia da
luz astral, que concorre para a formao das suas crianas, e lhes apresenta constantemente
as reminiscncias de formas de que esto repletas. assim que mulheres muito virtuosas
enganam a malignidade dos observadores por semelhanas equivocas. Elas imprimem com
freqncia sobre o fruto de seu casamento uma imagem que as arrebatou num sonho, e
assim as mesma fisionomias se perpetuam de gerao a gerao".
"A utilizao cabalstica do pentagrama pode por conseqncia, determinar a fisionomia
das crianas por nascer, e uma mulher iniciada poderia dar ao seu filho os traos de Nereu
ou Aquiles, assim como os de Luiz XV ou Napoleo".
Conceitos sobre a imaginao - o poder da mente sobre a matria
Que imaginao? Os psiclogos nos dizem que o poder plstico e criativo da alma; mas
os materialistas a confundem com a fantasia. A diferena radical entre as duas foi no
entanto to claramente indicada por Wordsworth, no prefcio s suas Lyrucal Ballads, que
no se tem mais escusas para confundir as palavras. Pitgoras sustenta que a imaginao
era a lembrana de estados espirituais, mentais e fsicos anteriores, a passo que a fantasia
a produo desordenada do crebro material.
Seja qual for a maneira pela qual encaremos e estudemos o assunto, a antiga filosofia que
ensina que o mundo foi vivificado e fecundado pela idia eterna, pela imaginao - o
esboo abstrato e a preparao do modelo para a forma concreta - inevitvel. Se
rejeitamos esta doutrina, a teoria de um cosmos que se desenvolve gradualmente a partir da
desordem catica, torna-se um absurdo, pois altamente antifilosfico imaginar que a
matria inerte, movida exclusivamente pela fora cega, e dirigida pela inteligncia, se
transforma espontaneamente num universo de harmonia to admirvel. Se a alma do
homem realmente uma emanao da essncia dessa alma universal, um fragmento
exotrico, dos Antigos. Mas, nestes ltimos anos, a descoberta da pedra da Rosetta, os
papiros de Ebers, d'ubigney e outros, e a exumao das bibliotecas de placas abriram um
campo de pesquisa arqueolgica que levar provavelmente a modificaes radicais nesta
"firme e inaltervel experincia".
dvida dos Banqueteadores de Plutarco de saber se foi o pssaro ou se foi o ovo que
primeiro fez a sua apario no mundo.
Agora que a autoridade de Aristteles est estremecida em seus fundamentos pela de Plato
e que os nossos homens de cincia recusam toda autoridade - no, odeiam-na, exceto a sua
prpria; agora que a estima geral da sabedoria humana coletiva est no seu nvel mais baixo
- a Humanidade, encabeada pela prpria cincia, deve ainda retornar inevitavelmente ao
ponto de partida das filosofias mais antigas. Nossa maneira de ver est perfeitamente
expressa por um dos redatores da Popular Science Monthly. "Os deuses das seitas e dos
cultos", diz Osgood Mason, "talvez estejam frustrados com o respeito a que esto
acostumados, mas, ao mesmo tempo, est demonstrado no mundo, com uma luz doce e
mais serena, a concepo, to imperfeita quanto ainda possa ser, de uma alma consciente,
originadora de coisas, ativa e que tudo penetra - a `Super-alma', a Causa, a Divindade; norevelada pela forma humana ou pela palavra, mas que preenche e inspira toda alma vivente
no vasto universo de acordo com as suas medidas; cujo templo a Natureza e cuja adorao
a admirao." Isto puro platonismo, Budismo, e as idias exaltadas mas justas dos
primeiros arianos em sua deificao da Natureza. E tal a expresso do pensamento
fundamental de todo tesofo, cabalista e ocultista em geral; e, se a compararmos com a
citao de Hipcrates, que demos acima, encontramos nela exatamente o mesmo
pensamento e o mesmo esprito.
A criana carece de razo, pois que esta ainda est latente nela; e, durante esse tempo, ela
inferior ao animal em relao aos instinto propriamente dito. Ela h de se queimar e de se
afogar antes de aprender que o fogo e a gua destroem e constituem perigo para ela, ao
passo que o gatinho evitar ambos instintivamente. O pouco de instinto que a criana
possui extingue-se medida que a razo, passo a passo, se desenvolve. Poder-se-ia objetar,
talvez, que o instinto no pode ser um dom espiritual, porque os animais o possuem em
grau superior ao do homem, e os animais no tm alma. Tal errnea e est baseada em
fundamentos muito pouco seguros. Ela provm do fato de que a natureza interior do animal
pode ser ainda menos sondada do que a do homem, que dotado de fala e nos pode exibir
os seus poderes psicolgicos.
Mas que outras provas, seno as negativas, temos ns de que o animal no possui uma alma
que lhe sobreviva, ou que no seja imortal? No terreno estritamente cientfico, podemos
aduzir tanto argumentos a favor quanto contra. Para diz-lo mais claramente, nem o animal
oferece prova alguma a favor da sobrevivncia, ou mesmo contra ela, de suas almas aps a
morte. E do ponto de vista da experincia cientfica impossvel colocar aquilo que no
tem existncia objetiva no domnio de uma lei exata da cincia. Mas Descartes e Du BoisReymond esgotaram as suas imaginaes sobre este assunto e Agassiz no pde conceber a
idia de uma existncia futura que no fosse partilhada pelos animais e mesmo pelo reino
vegetal que nos cerca.
A primeira causa eterna
Os filsofos esotricos professavam que tudo na Natureza apenas uma materializao do
esprito. A Primeira Causa eterna esprito latente, disseram eles, e matria desde o
comeo. "No princpio era o verbo (...) e o verbo era Deus." Admitindo sempre que essa
idia de um Deus uma abstrao impensvel para a razo humana, pretendiam eles que o
instinto humano infalvel dela se apoderasse como uma reminiscncia de algo concreto para
ele, embora fosse intangvel para os nossos sentidos fsicos. Com a primeira idia, que
emanou da Divindade bissexual e at ento inativa, o primeiro movimento foi comunicado
a todo o universo e a vibrao eltrica foi instantaneamente sentida atravs do espao sem
conhecimento de seu deus se torna uma deus, embora esteja em seu corpo mental, e adquire
supremacia sobre todas as coisas.
Citando da teologia vdica a estrofe que diz que "Existe, na verdade, apenas uma
Divindade, o Esprito Supremo; ele da mesma natureza que a alma do homem", o Sr.
Draper quer provar que as doutrinas budistas chegaram Europa oriental por meio de
Aristteles. Acreditamos que esta assero inadmissvel, pois Pitgoras, e Plato depois
dele, ensinaram-na bem antes de Aristteles. Se, por conseguinte, os platnicos posteriores
aceitaram em sua dialtica os argumentos aristotlicos sobre a emanao, isto s aconteceu
porque as suas idias coincidiam em algum aspecto com as dos filsofos orientais. O
nmero pitagrico da harmonia e as doutrinas esotricas de Plato sobre a criao so
inseparveis da doutrina budista da emanao; e o grande objetivo da Filosofia Pitagrica, a
saber, libertar a alma astral dos laos da matria e dos sentidos e torn-la, assim apta
contemplao eterna das coisas, uma teoria idntica doutrina budista da absolvio
final. o Nirvana, interpretado em seu sentido correto; uma doutrina metafsica que os
nossos eruditos snscritos modernos mal comearam a entrever.
A "doutrina esotrica" no concede a todos os homens, por igual, as mesmas condies de
imortalidade. "O olho nunca veria o Sol se ele no fosse da mesma natureza do Sol", disse
Plotino. S "por meio da pureza e da castidade superiores ns nos aproximaremos de Deus
e receberemos, na contemplao d'Ele, o conhecimento verdadeiro e a intuio escreve
Porfrio. Se a alma humana se descuidou durante a sua vida terrena de receber a iluminao
de seu esprito divino, do Deus interno, no sobreviver longo tempo a entidade astral
morte do corpo fsico. Do mesmo modo que um mostro deformado morre logo aps o seu
nascimento, assim, tambm, a alma astral grosseira e materializada em excesso se
desagrega logo depois de nascida no mundo suprafsico fica abandonada pela alma, pelo
glorioso Augoeides. As suas partculas, que obedecem gradualmente atrao
desorganizadora do espao universal, escapam finalmente para fora de toda possibilidade
de reagregao. Por ocasio da ocorrncia de tal catstrofe, o indivduo deixa de existir.
Durante o perodo intermedirio entre a sua morte corporal e a desintegrao de forma
astral, esta, limitada pela atrao magntica ao seu cadver horripilante, vagueia ao redor
das suas vtimas e suga delas a sua vitalidade. O homem, tendo-se subtrado a todos os raios
de luz divina, perde-se na escurido e, em conseqncia, apega-se Terra e a tudo o que
terreno.
Nenhuma alma astral, mesmo a de um homem puro, bom e virtuoso, imortal no sentido
estrito da palavra; "dos elementos ela foi formada - aos elementos deve voltar". Mas, ao
passo que a alma do inquo absolvida sem redeno, a de qualquer outra pessoa, mesmo
modernamente pura, simplesmente troca as suas partculas etreas por outras ainda mais
etreas; e, enquanto permanecer nela uma centelha do Divino, o homem individual, ou
antes o seu Ego pessoal, no morrer. "Aps a morte", diz Proclo, "a alma [o esprito]
continua a permanecer no corpo areo [forma astral], at que esteja completamente
purificado de todas as paixes irritveis e voluptuosas (...) ela se livra ento do corpo areo
por uma segunda morte, como j o fizera com o seu corpo terrestre. assim que os antigos
dizem que existe um corpo celestial sempre unido alma e que imortal, luminoso e da
natureza da estrela."
Instinto e a razo - explicados pelos antigos
Do Instinto e da Razo. De acordo com os antigos, a Razo procede do divino; o Instinto do
puramente humano. O segundo (o instinto) um produto dos sentidos, uma sagacidade
compartilhada com os animais mais inferiores, mesmo aqueles que no tm razo; o outro
ocultas" apenas aos velhos de setenta anos sobre os quais o "Senhor" soprava o esprito que
pairava sobre o legislador. Maimnides, cuja autoridade e cujo conhecimento da Histria
Sagrada dificilmente podem se recusados, diz: "Quem quer que encontre o sentido
verdadeiro do livro do Gnese deve ter o cuidado de no o divulgar. (...) Se uma pessoa
descobrir o seu verdadeiro significado por si mesma, ou com o auxlio de outra pessoa, ela
deve guardar silncio; ou, se falar dele, deve falar apenas obscuramente e de uma maneira
enigmtica.
Esta confisso de que est escrito na Escritura Sagrada apenas uma alegoria foi feita por
outras autoridades judias alm do Maimnides; pois vemos Josefo declarar que Moiss
"filosofou" (falou por enigmas em alegoria figurativa) ao escrever o livro do Gnese. Eis
por que a cincia moderna, no se preocupando em decifrar o verdadeiro sentido da Bblia e
permitindo que toda a cristandade acredite na letra morta da teologia judaica, constitui-se
tacitamente em cmplice do clero fantico. Ela no tem o direito de ridicularizar os
registros de um povo que nuca os escreveu com a idia de que eles pudessem receber essa
interpretao estranha por parte das mos de uma religio inimiga. Um dos caracteres mais
tristes do Cristianismo o fato de os seus textos sagrados terem sido dirigidos contra ele e
de os ossos dos homens mortos terem sufocado o esprito da verdade!
"Os deuses existem", diz Epicuro, "mas eles no so o que a turba, supe eles sejam". E,
entretanto, Epicuro, julgado como de hbito por crticos superficiais, passa por materialista
e apresentado como tal.
Mas nem a grande Primeira Causa, nem a sua emanao - esprito humano, imortal - foram
abandonadas "sem um testamento". O Mesmerismo e o Espiritismo moderno esto a para
atestar as grandes verdades. Por cerca de quinze sculos, graas s perseguies
brutalmente cegas dos grandes vndalos dos primeiros tempos da histria crist,
Constantino e Justiniano, a SABEDORIA antiga degenerou lentamente at mergulhar no
pntano mais profundo da superstio monacal e da ignorncia. O pitagrico
"conhecimento das coisas que so"; a profunda erudio dos gnsticos; os ensinamentos
dos grandes filsofos honrados em todo o mundo e em todos os tempos - tudo isto foi
rejeitado como doutrinas do Anticristo e do Paganismo e levado s chamas. Com os ltimos
sete homens sbios do Oriente, o grupo remanescente dos neoplatnicos - Hermias,
Priciano, Digenes, Eullio, Damcio, Simplcio e Isidoro -, que se refugiaram na Prsia,
fugindo das perseguies fanticas de Justiniano, o reino da sabedoria chegou ao fim.
Fenmenos ocorridos no Tibet
E agora, lembraremos algumas coisas relatadas por viajantes que delas foram testemunhas
no Tibete e na ndia e que os nativos guardam como provas prticas das verdades
filosficas e cientficas transmitidas por seus ancestrais.
Em primeiro lugar, podemos considerar esse fenmeno notvel que se pode contemplar nos
tempos do Tibete e cujos relatos foram transidos Europa por testemunhas oculares que
no os missionrios catlicos - cujo depoimento excluiremos por razes bvias. No comeo
do nosso sculo, um cientista florentino, um cptico e correspondente do Instituto de
France, tendo obtido a permisso de penetrar, sob disfarce, nos recintos sagrados de um
templo budista em que se celebrava a mais solene de todas as cerimnias, relata os fatos
seguintes, que diz ter presenciado. Um altar est preparado no templo para receber o
Buddha ressuscitado, encontrado pelo clrigo iniciado e reconhecido por certos sinais
secretos como reencarnado num beb recm-nascido. O beb, com apenas alguns dias de
idade, trazido presena do povo e reverentemente colocado sobre o altar. Sentando-se
repetidamente, a criana comea a pronunciar em voz alta e viril as seguintes frases: "Eu
sou Buddha, eu sou seu esprito; eu, Buddha, vosso Taley-Lama, que abandonei meu corpo
velho e decrpito no templo de *** e escolhi o corpo desta criancinha como minha prxima
morada terrestre". O nosso cientista, tendo sido finalmente autorizado pelos sacerdotes a
tomar, com a devida reverncia, a criana em seus braos e lev-la a uma distncia dos
assistentes, suficiente para se convencer de que no se estava praticando ventriloquismo, a
criana olha para o acadmico com graves olhos que "fazem a sua carne tremer", como ele
afirma, e repete as palavras que pronunciara anteriormente. Um relato detalhado dessa
aventura, atesta pela assinatura desta testemunha ocular, foi enviado a Paris, mas os
membros do Instituto, em vez de aceitarem o depoimento de um observador cientfico de
credulidade reconhecida, concluram que o florentino, ou estava sob a influncia dum
ataque de insolao, ou havia sido enganado por um ardil engenhoso de acstica.
Embora, segundo o Sr. Stanislas Julien, tradutor francs dos textos sagrados chineses, exista
em verso no Ltus que diz que "Um Buddha to difcil de ser encontrado quanto as flores
de Udumbara e de Palsa, se devemos acreditar em muitas testemunhas oculares, esse
fenmeno realmente ocorre. Naturalmente a sua ocorrncia rara, pois s acontece na
morte de todo grande Taley-Lama; e esses venerveis cavalheiros vivem proverbialmente
vidas muito longas.
O pobre Abade Huc, cujos livros de viagem pelo Tibete e China so bastante conhecidos,
relata o mesmo fato da ressurreio de Buddha. Ele acrescenta, ainda, a curiosa
circunstncia de que o beb-orculo provou peremptoriamente ser uma mente velha num
corpo jovem fornecendo aos que o inquiriam, "e que o conheceram em sua vida passada, os
detalhes mais exatos da sua existncia terrena anterior".
Concepes sobre as religies
A afirmao prudente de Santo Agostinho, um nome favorito das conferncias de Max
Mller, que diz que "no h nenhuma falsa religio que no contenha alguns elementos de
verdade", poderia ainda ser considerada como correta; ainda mais que, longe de ser original
para o Bispo de Hipona, foi emprestada por ele das obras de Ammonius Saccas, o grande
mestre alexandrino.
Este filsofo "versado em divindade", o theodidaktos, repetira exausto estas mesmas
palavras e suas numerosas obras cerca de 140 anos antes de Santo Agostinho. Admitindo
que Jesus era "um homem excelente, e amigo de Deus", ele sempre afirmou que o seu
objetivo no era abolir a comunicao com os deuses e os demnios (espritos), mas apenas
purificar as religies antigas; que "a religio da multido caminhava de mos dadas com a
Filosofia e com ela dividia a sorte de ser gradualmente corrompida e obscurecida com
presunes, supersties e mentiras puramente humanas; que ela devia, em conseqncia,
ser levada de volta sua pureza original por meio da purgao da sua escria e do seu
estabelecimento em princpios filosficos; e que o nico objetivo do Cristo era reinstalar e
restaurar em sua integridade primitiva a sabedoria dos antigos".
Foi Ammonius o primeiro a ensinar que toda religio se baseava numa mesma verdade' que
a sabedoria que est nos Livros de Thoth (Hermes Trimegisto), de que Pitgoras e Plato
extraram toda a sua filosofia. Ele afirmava que as doutrinas do primeiro estavam
identicamente de acordo com os primeiros ensinamentos dos brmanes - agora contidos nos
Vedas mais antigos. "O nome Thorth, diz o Prof. Wilder, "significa um colgio ou uma
assemblia", e no improvvel que os livros fossem assim chamados, pois eles continham
os orculos colecionados e as doutrinas da fraternidade sacerdotal de Mnfis. O rabino
Wise sugere uma hiptese similar em relao s frmulas divinas registradas nas Escrituras
hebraicas. Mas os escritores indianos afirmam que, durante o reinado do rei Kansa, os
Yadus [os judeus?], ou a tribo sagrada, abandonaram a ndia e migraram para o Oeste
levando consigo os quatro Vedas. Havia certamente uma grande semelhana entre as
doutrinas filosficas e os costumes religiosos dos egpcios e dois budistas orientais; mas
no se sabe se os livros hermticos e os quatro Vedas eram idnticos".
Mas uma coisa certa: antes que a palavra filsofo fosse pronunciada pela primeira vez por
Pitgoras na corte do rei dos filisianos, a "doutrina secreta" ou sabedoria era idntica em
todos os pases. Em conseqncia, nos textos mais antigos - aqueles mesmos
contaminados por falsificaes posteriores - que devemos procurar a verdade. E, agora que
a Filosofia est de posse de textos snscritos que se pode afirmar seguramente serem
documentos anteriores Bblia mosaica, dever dos eruditos apresentar ao mundo a
verdade, e nada mais que a verdade. Sem consideraes para com o preconceito ctico ou
teolgico, eles devem examinar imparcialmente ambos os documentos - os Vedas mais
antigos e o Velho Testamento -, e ento decidir qual dos dois a Sruti ou Revelao original
e qual no Smriti, que, como mostra Max Mller, significa apenas lembrana ou tradio.
Parece que os reverendos padres da Ordem dos Jesutas aprenderam muitos artifcios em
suas viagens missionrias. Baldinger reconhece o seu mrito.
Cometrio, em sua Horae subcisivae, narra que, certa vez, existiu uma grande rivalidade
quanto a "milagres" entre os monges agostinianos e os jesutas. Numa discusso levada a
efeito o padre geral dos monges agostinianos, que era muito culto, e o dos jesutas, que era
muito inculto, mas dotado de conhecimento mgico, este props se resolvesse a questo
colocando-se prova os seus subordinados e descobrindo-se quais deles estariam mais
dispostos a obedecer aos seus superiores. Logo depois, dirigindo-se a um dos seus jesutas,
disse: "Irmo Marcos, nossos companheiros tm frio; eu te ordeno, e nome da santa
obedincia que me juraste, traze aqui imediatamente fogo da cozinha e, em tuas mos,
alguns carves incandescentes, para que eles se aqueam enquanto os seguras". O Irmo
Marcos obedeceu instantaneamente e trouxe em ambas as mos um punhado de brasas
incandescentes, que segurou at que o grupo dissesse estar aquecido, aps o que devolveu
os carves ao fogo da cozinha. O padre geral dos monges agostinianos abaixou a cabea,
pois nenhum de seus subordinados o obedeceria at esse ponto. O triunfo dos jesutas foi,
assim, reconhecido.
No Ocidente, um "sensitivo" tem de entrar em transe antes de se tornar invulnervel, por
"guias" que o presidem, e desafiamos qualquer "mdium", em seu estado fsico normal, a
enterrar os braos at os cotovelos em carvo ardente. Mas no Oriente, quer o executor seja
um lama santo ou um feiticeiro mercenrio (estes so em geral chamados de
"prestidigitadores"), ele no necessita de nenhuma preparao, nem se coloca num estado
anormal para se capaz de segurar o fogo, peas de ferro em brasa ou chumbo fundido.
Vimos na ndia meridional esses "prestidigitadores" que mantinham as suas mos no
interior de carves ardentes at que estes fossem reduzidos a cinzas. Durante a cerimnia
de Siva-rtri, ou a viglia noturna de Siv, quando as pessoas passam noites inteiras velando
e orando, alguns dos sivatas chamam um prestidigitador tmil que produziu os fenmenos
mais maravilhosos apenas chamando em seu socorro um esprito que denominavam KuttiShttan - o pequeno demnio.
Mas, longe de permitir que o povo pensasse fosse ele guiado ou "controlado" por esse
gnomo - pois ele era um gnomo, fosse ele alguma coisa -, o homem, enquanto se debruava
sobre o seu inferno ardente, repreendeu soberbamente um missionrio catlico que
aproveitou a ocasio para informar os espectadores que o miservel pecador "se havia
vendido a Sat". Sem remover as mos e braos dos carves ardentes nos quais ele se
refrescava, o tmil apenas voltou a cabea e olhou com arrogncia para o missionrio
afogueado. "O meu pai e o pai do meu pai", disse ele, "tinham este 'pequeno demnio' s
suas ordens. Por dois sculos o Kutti um servidor fiel de nossa casa, e agora, Senhor,
queres fazer crer ao povo que ele meu dono! Mas eles sabem mais e melhor do que isso."
Em seguida, retirou calmamente as mos do fogo e passou as executar outros prodgios.
Quanto aos poderes maravilhosos de predio e de clarividncia apresentados por certos
brmanes, eles so bastantes conhecidos por todos os europeus que residem na ndia. Se
estes, ao retornarem aos seus pases "civilizados", se riem de tais histrias, e algumas vezes
at as negam completamente, eles apenas impugnam a sua boa f, no o fato. Esses
brmanes vivem principalmente em "aldeias sagrada" e em lugares isolados, mormente na
costa ocidental da ndia. Evitam cidades populosas e especialmente o contado com os
europeus, e muito raro que estes ltimos consigam tornar-se ntimos dos "videntes".
Acredita-se geralmente que esta circunstncia se deva sua observncia religiosa da casta;
mas estamos firmemente convencidos de que em muitos casos a razo no essa. Anos,
talvez sculos, passaro antes que a verdadeira razo seja conhecida.
Quando s castas mais baixas - algumas das quais so chamadas pelos missionrios de
adoradores do Diabo, apesar dos esforos piedosos por parte dos missionrios catlicos
para difundir na Europa relatos de partir o corao sobra a misria dessas pessoas "vendidas
ao Arquiinimigo"; e apesar das tentativas anlogas, talvez um pouco menos ridculas e
absurdas, dos missionrios protestantes -, a palavra demnio, no sentido que lhe do os
cristos, uma no-entidade para elas. Elas acreditam em espritos bons e em espritos
maus; mas no adoram nem temem o Diabo. A sua "adorao" apenas uma precauo
cerimoniosa contra espritos "terrestres" e humanos, a quem temem mais do que aos
milhes de elementais de diversas formas. Utilizam-se de todos tipos de msica, incenso e
perfumes em seus esforos de afugentar os "maus espritos" (os elementares). Nesse caso,
elas no devem ser mais ridicularizadas do que aquele cientista muito conhecido, um
espiritista convicto, que sugeriu a posse de vitrolo e salitre em p para manter distncia
os "espritos desagradveis"; e no esto mais errados do que ele em fazer o que fazem;
pois a experincia dos seus ancestrais, que se estendeu por muitos milhares de anos,
ensinou-lhes a maneira de proceder contra essa vil "horda espiritual". O que demostra que
se trata de espritos humanos o fato de que eles tentam muito freqentemente satisfazer e
apaziguar as "larvas" dos seus prprios parentes e das suas filhas, quando tm muitas
razes para suspeitar de que estas no morreram com odor de santidade e de castidade.
Chamam a tais espritos de "Kanys", virgens ms. O caso foi noticiado por muitos
missionrios, dentre os quais o reverendo E. Lewis. Mas esses piedosos cavalheiros
insistem em que eles adoram demnios, quando nada fazem de semelhante; apenas tentam
continuar mantendo boas relaes com eles a fim de no serem molestados. Oferecem-lhes
bolos e frutos e vrias espcies de comida de que gostam quando estavam vivos, pois
muitos deles experimentaram os efeitos da maldade desses "mortos" que retornam, cujas
perseguies so as vezes terrveis. segundo este princpio que eles agem em relao aos
espritos de todos os homens perversos. Deixam sobre os seus tmulos, se foram
enterrados, ou perto do lugar em que os seus restos foram cremados, alimentos e licores
com o objetivo de mant-los prximos desses lugares e com a idia de que esses vampiros
sero dessa maneira impedidos de voltar s suas casas. Isso no adorao; antes uma
espcie prtica de espiritismo. At 1861, prevalecia entre os hindus o costume de mutilar os
ps dos assassinos executados, na crena firme de que, deste modo, a alma desencarnada
seria impossibilitada de vagar e de cometer mais aes ms. Mais tarde, foi proibida, pela
polcia, a continuao dessa prtica.
Uma outra boa razo para se dizer que os hindus no adoram o "Diabo" o fato de que eles
no possuem nenhuma palavra com esse significado. Eles denominam esses espritos de
"ptam", que corresponde antes ao nosso "espectro", ou diabrete malicioso; outra expresso
que eles empregam "pey" e o snscrito pisacha, ambas significando fantasmas ou
"retornados" - talvez duendes, em alguns casos. Os ptam so os mais terrveis, pois eles
so literalmente "espectros obsessivos", que voltam Terra para atormentar os vivos.
Acredita-se que eles visitem geralmente os lugares em que os seus corpos foram cremados.
O "fogo" ou os "espritos de Siv" so idnticos aos gnomos e s salamandras dos Rosacruzes; pois so pintados sob a forma de anes de aparncia assustadora e vivem na terra e
no fogo. O demnio cingals chamado Dewal uma robusta e sorridente figura feminina
que usa um babado branco elisabetano ao redor do pescoo, e uma jaqueta vermelha.
Como o Dr. Warton observa muito justamente: "No h noo mais estritamente oriental do
que a dos drages do romance e da fico; elas esto entremisturados com todas as
tradies de uma data antiga e conferem a elas uma espcie de prova ilustrativa de sua
origem". No h escritos em que essas figuras sejam to marcantes quanto nos detalhes do
Budismo; registram particulares dos nags, ou serpente reais, que habitam as cavidades
subterrneas e correspondem s moradias de Tirsias e dos videntes gregos, uma religio de
mistrio e de escurido na qual se pratica o sistema de adivinhao e da resposta oracular,
ligada inflao, ou de uma espcie de possesso, que designa o prprio esprito de Pton, a
serpente-drago espcie de possesso, que designa o prprio esprito de Pton, a serpentedrago morta por Apolo. Mas os budistas no acreditam mais do que os hindus no demnio
do sistema cristo - isto , uma entidade to distinta da humanidade quanto a prpria
Divindade. Os budistas ensinam que existem deuses inferiores que foram homens neste ou
outro planeta, porm que ainda assim foram homens. Eles acreditam nos nags, que foram
feiticeiros na terra, pessoas ms, e que transmitem a outros homens maus e vivos o poder de
empestar todos os frutos para os quais olhem, e at mesmo as vidas humanas. Quando um
cingals tem a fama de fazer murchar e morrer uma rvore ou uma pessoa para a qual olhe,
diz-se que ele tem o Nga-Rjan, ou o rei-serpente, dentro de si. Todo o interminvel
catlogo dos espritos maus no compreende um nico termo de designe um diabo no
sentido que o clero cristo quer que o entendamos, mas apenas para pecados, crimes e
pensamentos humanos encarnados espiritualmente, se assim podemos dizer. Os deusesdemnios azuis, verdes, amarelos e purpura, bem como os deuses inferiores de
Yugamdhara, pertencem mais espcie de gnios, e muitos so to bons e benevolentes
quanto as prprias divindades de Nat, embora os nats contem entre eles gigantes, gnios do
mal e outros espritos anlogos que habitam o deserto do monte Yugamdhara.
A verdadeira doutrina de Buddha diz que os demnios, quando a natureza produziu o Sol, a
Lua e as estrelas, eram seres humanos que, em virtude dos seus pecados, foram privados do
seu estado de felicidade. Se cometem pecados maiores, sofrem punio maiores, e os
homens condenados so considerados pelos budistas como diabos; ao passo que, ao
contrrio, os demnios que morrem (espritos elementais) e nascem ou se encarnam como
homens, e no cometem mais nenhum pecado, podem chegar ao estado de felicidade
celestial. Isto uma demonstrao, diz Edward Upham em sua History and Doctrine of
Buddhism, de que todos os seres, tanto divinos quanto humanos, esto sujeitos s leis da
transmigrao, que agem sobre todos, de acordo com a escala de atos morais. Esta f, ento,
um teste completo de um cdigo de motivos e leis morais, aplicado regulamentao e ao
poder ilimitado sobre ambos, mas ele raramente o utiliza. Para a produo de fenmenos
fsicos ele convoca os espritos da Natureza como poderes obedientes, no como
inteligncias.
Como gostamos sempre de reforar nossos argumentos com testemunhos outros que no
apenas os nossos, talvez fizssemos bem em aprender a opinio de um jornal, o Herald de
Boston, quanto aos fenmenos em geral e os mdiuns em particular. Tendo experimentado
tristes decepes com algumas pessoas desonestas, que podem ou no ser mdiuns, o
articulista resolveu certificar-se de algumas maravilhas que se dizia serem produzidas na
ndia e as comparou com as da taumaturgia moderna.
"O mdium dos dias atuais", diz ele, "oferece uma semelhana mais estreita, em mtodos e
manipulaes, com o conjurador bem conhecido pela histria do que com qualquer outro
representante da arte mgica. O que se segue demonstra que ele ainda est longe das
performances dos seus prottipos. Em 1615, uma delegao de homens muito cultos e
renomados da English East ndia Company visitou o Imperador Jahngr. No curso de sua
misso, testemunharam muitas performances maravilhosas que quase os fizeram duvidar
dos seus sentidos e estavam longe de qualquer explicao. A um grupo de feiticeiros e
prestidigitadores bengaleses, que exibia a sua arte diante do Imperador, solicitou-se
produzissem no local, e por meio de sementes, dez amoreiras. Eles imediatamente
plantaram as dez sementes, que, em poucos minutos, produziram o mesmo nmero de
rvores. A terra em que a semente havia sido lanada abriu-se para dar passagem a algumas
filhas midas, logo seguidas por brotos tenros que rapidamente se elevaram, desenvolvendo
folhas e brotos e ramos, que finalmente ganharam o ar pleno, abotoando-se, florindo e
dando frutos, que amadureceram no local e provaram ser excelente. Tudo isso se passou
num piscar de olhos. Figueiras, amendoeiras, mangueiras e nogueiras foram produzidas da
mesma maneira, em condies anlogas, fornecendo os frutos que a cada uma competia.
Uma maravilha se sucedeu outra. Os ramos estavam cheios de pssaros de bela plumagem
que voejavam por entre as folhas e emitiam notas plenas de doura. As folhas amarelavam
caiam dos seus lugares, ramos e brotos secavam, e finalmente as rvores adentraram o solo,
donde haviam sado h menos de uma hora.
"Um outro possua um arco e mais ou menos cinqenta flechas com pontas de ao. Lanou
uma delas ao ar, quando, vede! a flecha se fixou num ponto do espao situado a uma altura
considervel. Outra flecha foi atirada, e outra logo aps, e cada uma delas fixava-se no alto
da precedente, de maneira a formar uma cadeia de flechas no espao, exceto a ltima
flecha, que, rompendo a cadeia, trouxe ao cho todas as flechas separadas.
"Instalaram-se duas tendas comuns, uma em face da outra, distncia de uma flechada.
Essas tendas cuidadosamente examinadas pelos espectadores, como o so os aposentos dos
mdiuns, e se concluiu que estavam vazias. As tendas estavam firmemente presas ao cho.
Os espectadores foram ento convidados a escolher que animais ou pssaros desejavam
sassem das tendas e lutassem entre si. Khaun-e-Jahaun pediu, com um acento muito
marcado de incredulidade, para ver um combate entre avestruzes. Alguns minutos depois,
um avestruz saiu de cada uma das tendas e se lanou ao combate com uma energia mortal, e
logo o sangue comeou a correr; mas estavam de tal maneira igualados em fora que
nenhum deles lograva vencer o outro, e foram finalmente separados pelos conjuradores e
empurrados para dentro das tendas. Em seguida, todos os pedidos de animais e pssaros
formulados pelos espectadores foram satisfeitos, sempre com os mesmos resultados.
"Instalou-se um grande caldeiro, dentro do qual se colocou uma grande quantidade de
arroz. Sem o menor sinal de fogo, o arroz comeou a cozinhar e do caldeiro foram
retirados mais de uma centena de pratos de arroz cozido com um pedao de ave sobre um
deles. Esta faanha realizada em escala muito menor pelos mais vulgares faquires dos
nossos dias.
"Mas falta espao para ilustrar, com exemplos do passado, como os exerccios
miseravelmente montonos - por comparao - dos mdiuns dos nossos dias so plidos e
obscurecidos pelas faanhas de pessoas de outras pocas e mais hbeis. No h uma s
caracterstica maravilhosa em qualquer um desses fenmenos ou dessas manifestaes que
no fosse, no, que seja hoje muito mais bem apresentado por outros executores hbeis
cujas ligaes com a Terra, e s com a Terra, so evidentes demais para serem negadas,
mesmo quando o fato no fosse apoiado por seu prprio testemunho".
um erro dizer que os faquires ou prestidigitadores sempre afirmaro que so auxiliados
por espritos. Nas evocaes semi-religiosas - tais como as que o Govinda Svmin de
Jacolliot efetuou diante desse autor francs, que as descreveu, quando os espectadores
desejavam manifestaes psquicas reais -, eles recorrero aos pitris, seus ancestrais
desencarnados, e a outros espritos puros. S os podem evocar por meio de preces. Quando
a todos os outros fenmenos, eles so produzidos pelo mgico e pelo faquir de acordo com
a sua vontade. Apesar do estado de abjeo aparente em que este ltimo parece viver, ele
freqentemente um iniciado dos tempos e est to familiarizado com o ocultismo quando os
seus irmos mais ricos.
A magia dos Caldeus. As superties da Idade Mdia
Os caldeus, que Ccero inclui entre os mgicos mais antigos, situavam a base de toda magia
nos poderes interiores da alma do homem e pelo discernimento das propriedades mgicas
das plantas, dos minerais e dos animais. Com a ajuda desses elementos, eles realizavam os
"milagres" mais maravilhosos. A Magia, para eles, era sinnimo de religio e cincia. Foi
s mais tarde que os mitos religiosos do dualismo masdeano, desfigurado pela Teologia
crist e evemerizado por certos padres da Igreja, assumiram a forma desagradvel em que
os encontramos expostos por escritores catlicos como ds Mousseaux. A realidade objetiva
do ncubo e do scubo medievais, essa superstio abominvel da Idade Mdia que custou
tantas vidas humanas, defendida por seu autor em todo um volume, um produto
monstruoso do fanatismo religioso e da epilepsia. Ela no tem forma objetiva; atribuir os
seus efeitos ao Diabo uma blasfmia: implica que Deus, depois de criar Sat, permitiu-lhe
adotar tal procedimento. Se devemos acreditar no vampirismo, s podemos faz-lo se nos
apoiarmos na fora de suas proposies irrefragveis da cincia psicolgica oculta: 1) A
alma astral uma entidade distinta separvel do nosso Ego e pode correr e vaguear longe
do corpo sem romper o fio da vida; 2) O cadver no est completamente morto e, ao
passo que pode ser repenetrado por seu ocupante, este pode extrair dele emanaes
materiais que lhe permitam aparecer numa forma semiterrestre. Mas sustentar, como ds
Mousseaux e de Mirville, a idia de que o Diabo - que os catlicos dotam de um poder que,
em antagonismo, se iguala ao da Divindade Suprema - o transforma em lobos, serpentes e
ces, para satisfazer a sua luxria e procriar monstros, uma idia em que se encontram
escondidos os germes da adorao do Diabo, da demncia e do sacrilgio. A Igreja
Catlica, que no s nos ensina a acreditar nesta falcia monstruosa, mas tambm obriga os
seus missionrios a pregar este dogma, no tem necessidade de se voltar contra a adorao
do Diabo por parte de algumas seitas parses e da ndia meridional. Ao contrrio; pois,
quando ouvimos os yezidi repetirem o provrbio muito conhecido "Sede amigos dos
demnios; dai-lhes vosso bens, vosso sangue, vosso servio, e no tereis necessidade de vos
preocupardes com Deus - Ele no vos far nenhum mal", consideramos que eles so
considerados em sua crena e em seu respeito para com o Supremo; a sua lgica sadia
racional; reverenciam Deus to profundamente, a ponto de imaginar que Ele, que criou o
universo e as suas leis, no capaz de prejudic-los, pobres tomos; mas os demnios
existem; eles so imperfeitos e, em conseqncia, eles tm boas razes para os temer.
O diabo e suas vrias metamorfoses
Em conseqncia, o Diabo, em suas vrias metamorfoses, s pode ser uma falcia. Quando
imaginamos que o vemos e o ouvimos e o sentimos, mais freqentemente o reflexo de
nossa alma perversa, depravada e poluta que vemos, ouvimos e sentimos. O semelhante
atrai o semelhante, dizem eles; assim, de acordo com a disposio segundo a qual a nossa
forma astral escapa durante as horas de sono, de acordo com os nossos pensamentos, as
nossas tendncias e as nossas ocupaes dirias, todos eles impressos claramente sobre a
cpsula plstica chamada alma humana, esta ltima atrai para si seres semelhantes a si
mesma. Donde alguns sonhos e vises serem puros e bonitos; outros, perversos e bestiais. A
pessoa desperta, ou se dirige com pressa ao confessionrio, ou se ri desse pensamento com
indiferena empedernida. No primeiro caso, -lhe prometida a salvao final, ao curso de
algumas indulgncias (que ela dever comprar Igreja) e talvez um Agostinho de
purgatrio ou mesmo do inferno. Que importa? no est ela segura da eternidade e da
imortalidade, faa ela o que fizer? o Diabo. Afugentemo-lo, com o sino, com o livro e
com o hissope! Mas o "Diabo" volta, e freqentemente o verdadeiro crente forado a
desacreditar de Deus quando ele percebe claramente que o Diabo leva a melhor sobre o seu
Criador ou Senhor. Ele levado ento segunda emergncia. Torna-se indiferente e se d
todo inteiro ao Diabo. Morre e o leitor conheceu as conseqncias nos captulos precedente.
Este pensamento est magnificamente expresso pelo Dr. Ennermoser: "A Religio no
lanou aqui [Europa e China] razes to profundas quanto entre os hindus", diz ele, fazendo
aluso a essa superstio. "O esprito dos gregos e dos persas era mais voltil. (...) A idia
filosfica do princpio do bem e do mal e do mundo espiritual (...) deve ter auxiliado a
tradio a formar vises (...) de formas celestiais e infernais e das distores mais
espantosas, que na ndia eram produzidas simplesmente por um fantico mais entusiasta; l,
o vidente recebido pela luz divina; aqui, perdido numa multido de objetos externos com os
quais confunde a sua identidade. Convulses, acompanhadas da ausncia do esprito longe
do corpo, em pases distantes, eram comuns aqui pois a imaginao era menos firme, e
tambm menos espiritual.
"As causas externas tambm so diferentes; os modos de vida, a posio geogrfica e os
meios artificiais produzem modificaes diversas. O modo de vida nos pases asiticos
ocidentais sempre foi muito varivel e, em conseqncia, ele perturba e distorce a ocupao
dos sentidos, e a vida exterior, em conseqncia, se reflete no mundo interno dos sonhos.
Os espritos, portanto, so de uma variedade infinita de formas e levam os homens a
satisfazerem as suas paixes, mostrando-lhes os meios para faz-lo e descendo at mesmo
aos mnimos detalhes, o que to contrrio ao carter elevado dos videntes indianos".
Que os estudiosos de cincia oculta faa a sua prpria natureza to pura e os seus
pensamentos to elevados quanto os dos videntes indianos, e ele poder dormir sem ser
molestado pelo vampiro, ncubo ou scubo. Ao redor da forma invisvel daquele que
dorme, o esprito imortal irradia um poder divino que o protege das investidas do mal,
como se fosse uma parede de cristal.
adeptos, e isto h no mais de mil anos. Eles foram produzidos, de fato, exatamente de
acordo com o mesmo princpio em virtude do qual o qumico e o fsico do vida aos seus
animalcula.
Desde tempos imemoriais a especulao dos homens de cincia tem tido por objeto saber o
que essa fora vital ou princpios de vida. S a "doutrina secreta" capaz de fornecer a
chave nossa mente. A cincia exata reconhece apenas cinco poderes na Natureza - um
molar e quatro nucleares; os cabalistas, sete; e nesses dois poderes adicionais est encerrado
todo o mistrio da vida. Um deles o esprito imortal, cujo reflexo vincula-se por liames
invisveis at mesmo com a matria inorgnica; a outra, deixamos a cada um descobrir por
si mesmo. Diz o Prof. Joseph Le Conte: "Qual a natureza da diferena entre o organismo
vivo e o organismo morto? No podemos descobrir nenhuma, fsica ou qumica. Todas as
foras fsicas e qumicas extradas do fundo comum da natureza, e encarnadas no
organismo vivo, parecem estar ainda encarnadas no morto, at que pouco a pouco ele caia
em decomposio. E no entanto a diferena imensa, incomensuravelmente grande. Qual
a natureza dessa diferena expressa na frmula da cincia material? o que que partiu, e
para onde foi? H aqui alguma coisa que a cincia no pode ainda compreender. E no
entanto essa coisa que desaparece na morte, e antes da decomposio, que representa no
mais alto sentido a fora vital!"
Por mais difcil, ou antes impossvel que parea cincia descobrir o motor invisvel,
universal de tudo - a Vida -, explicar-lhe a natureza, ou mesmo sugerir uma hiptese
razovel para ela, o mistrio no passa de um pseudomistrio, no apenas para os grandes
adeptos e videntes, mas mesmo para os que acreditam genuna e firmemente num mundo
espiritual. Para o simples crente, no favorecido com um organismo pessoal provido dessa
sensibilidade nervosa e delicada que lhe permitiria - como ao vidente - perceber o universo
visvel refletido como num espelho no Invisvel, e, por assim dizer, objetivamente, a f
divina permanece. Esta ltima est firmemente enraizada em seus sentidos interiores; em
sua infalvel intuio, com a qual a fria razo nada tem a ver, ele sente que ela no pode
engan-lo. Que os dogmas errneos, invenes humanas, e a sofisticaria teolgica se
contradigam; que ambas se destruam, e que a sutil casustica de uma derrote o raciocnio de
outra; a verdade permanece uma s, e no h uma s religio, seja ela crist ou no, que
no esteja firmemente edificada sobre a rocha dos sculos - Deus e o esprito imortal.
As sesses espritas na ndia
Todo animal mais ou menos dotado da faculdade de perceber, se no espritos, pelo
menos algo que permanece no momento invisvel ao homem comum, e s pode ser
discernido por um clarividente. Fizemos centenas de experincias com gatos, cachorros,
macacos de vrias espcies, e, uma vez, com um tigre domesticado. Um espelho negro e
redondo, conhecido como "cristal mgico", foi fortemente mesmerizado por um cavalheiro
hindu nativo, que habitava anteriormente em Dindigul e agora reside um local mais
retirado, entre as montanhas conhecidas como Ghauts Ocidentais. Ele havia domesticado o
filhote de um tigre, que lhe fora enviado da costa do Malabar, regio da ndia em que os
tigres so proverbialmente ferozes; e foi com esse interessante animal que fizemos nossas
experincias.
Como os antigos marsi e psylli, os clebres encantadores de serpentes, esse cavalheiro
afirmava possuir o misterioso poder de domar qualquer espcie de animal. O tigre fora
reduzido a um crnico torpor mental, por assim dizer; e tornou-se to inofensivo e dcil
quanto um cachorro. As crianas podiam provoc-lo e pux-lo pelas orelhas, e ele s tremia
e gemia como um cachorro. Mas todas as vezes que o foravam a olhar o "espelho mgico",
o pobre animal caia instantaneamente numa espcie de frenesi. Seus olhos se enchiam de
um terror humano; gemendo de desespero, incapaz de desviar os olhos do espelho, ao qual
o seu olhar parecia preso por um encantamento magntico, ele se contorcia e tremia at cair
em convulses por medo de alguma viso que para ns permanecia desconhecida. Ele ento
se deitava, gemendo fracamente mas ainda olhando fixamente para o espelho. Quando este
era retirado, o animal ficava ofegante e aparentemente prostrado por cerca de duas horas. O
que via ele? Que retrato espiritual de seu prprio mundo animal invisvel poderia produzir
um efeito terrfico sobre o animal selvagem e naturalmente feroz e temerrio? Quem pode
diz-lo? Talvez aquele que produziu a cena.
O mesmo efeito sobre animais foi observado durante as sesses espiritistas, com alguns
venerveis mendicantes; e tambm quando um srio, meio pago, meio cristo, de
Kunankulam (Estado de Cochim), um reputado feiticeiro, foi convidado a reunir-se a ns a
bem da experincia.
ramos nove pessoas ao todo - sete homem e duas mulheres, uma das quais nativa. Alm de
ns, havia no quarto o jovem tigre, grandemente ocupado com um osso; um vnderoo, ou
um macaco-leo, que, com a sua pele negra e a sua barba e bigode brancos, e olhos vivos e
brilhantes, parecia a personificao da malcia; e um belo papa-figo dourado, limpando
calmamente a sua causa de cores brilhantes num poleiro, colocado prximo a uma grande
janela da varanda. Na ndia, as sesses "espiritistas" no ocorrem na escurido, como na
Amrica, e no se requer nenhuma condio, a no ser silncio total e harmonia. Estava-se
portanto em plena luz do dia, que penetrava atravs das portas e janelas abertas, com um
burburinho longnquo provindo das florestas circunvizinhas e a selva enviando-nos o eco de
mirades de insetos, pssaros e animais. Estvamos instalados no meio de um jardim no
qual a casa fora construda, e ao invs de aspirar a atmosfera sufocante de uma sala de
sesses, estvamos cercados de ramalhetes de eritrina cor de fogo - a rvore coral -,
inalando os aromas fragrantes das rvores e arbustos, e as flores da begnia, cuja ptalas
branca tremiam na brisa suave. Em suma, estvamos cercados de luz, harmonia, e
perfumes. Grandes buqus de flores e arbustos, consagrados aos deuses nativos, tinham
sido colhidos para a circunstncia, e colocados nos cmodos. Tnhamos o manjerico
suave, a flor de Vishnu, sem a qual nenhuma cerimnia religiosa pode ter lugar em
Bengala; e os ramos da Ficus religiosa, a rvore dedicada mesma divindade brilhante,
entremisturando as suas folhas com as flores rosas do ltus sagrado e a tuberosa da ndia,
ornamentavam profusamente as paredes.
Enquanto o "abenoado" - representado por um faquir sujo mas, no obstante, realmente
santo - permanecia imerso em autocontemplao, e alguns prodgios espirituais eram
realizados sob a direo de sua vontade, o macaco e o pssaro exibiam alguns poucos sinais
de inquietude. S o tigre tremia visivelmente a intervalos, e olhava fixamente para toda a
pea, como se seus olhos verdes fosforescentes estivessem seguindo alguma presena
invisvel flutuando para cima e para baixo. Essa coisa ainda imperceptvel aos olhos
humanos devia ter-se tornado objetiva para ele. Quanto ao vnderro (macaco), toda a sua
vivacidade tinha desaparecido; ele entorpecido, e repousava abandonado e sem movimento.
O pssaro deu alguns poucos, se tanto, sinais de agitao. Havia um som como o de asas
batendo suavemente no ar; as flores viajavam pela pea, deslocadas por mos invisveis; e
como uma belssima flor tingida de azul celeste casse sobre as patas cruzadas do macaco,
este teve um sobressalto nervoso, e procurou refugiar-se sob o manto branco de seu dono.
Essas manifestaes duraram cerca de uma hora, e seria muito longo relatar elas; a mais
curiosa de todas foi a que fechou a srie de maravilhas. Como todos se queixassem do
calor, tivemos uma chuva de orvalho devidamente perfumado. As gotas caiam fortemente e
abundantemente, e produziam uma sensao de frescor inexprimvel, que refrescavam as
pessoas sem molh-las.
Quando o faquir deu a sua exibio de magia branca por encerada, os "feiticeiros" ou os
encantadores, como so chamados, prepararam-se para exibir seu poder. Fomos gratificados
por uma srie de maravilhas que os relatos dos viajantes tornaram familiares ao pblico,
provando, entre outras coisas, o fato de que os animais possuem naturalmente a faculdade
da clarividncia, e mesmo, ao que parece, a habilidade de discernir entre os bons e os maus
espritos. Todas as faanhas do feiticeiro foram precedidas de fumigaes. Ele queimou
ramos de rvores resinas e arbustos que enviavam colunas de fumaa. Embora no
houvesse nada em tudo isso capaz de aterrorizar um animal que fizesse uso de seus olhos
fsicos, o tigre, o macaco e o pssaro exibiam um indescritvel horror. Sugerimos a idia de
que os animais podiam ser aterrorizados pelos ramos incendiados, o costume familiar de
acender fogueiras em volta do campo a fim de afastar as feras selvagens. Para no deixar
nenhuma dvida a esse respeito, o srio se aproximou do tigre agachado com um ramo de
rvore bael (consagrada a Shiva), e a agitou diversas vezes sobre a sua cabea,
murmurando, nesse nterim, os seus encantamentos. Os seus olhos saltavam das rbitas
como bolas de fogo; sua boca espumava; ele se precipitava ao solo, como se procurasse um
buraco no qual se esconder; ele soltava um rugido atrs do outro, o que causava centenas de
ecos da selva e da floresta. Finalmente, lanando um ltimo olhar ao ponto do qual os olhos
no se haviam despregado, ele fez um esforo supremo, quebrou a corrente, e saltou pela
janela da varanda, carregando uma pea de estrutura consigo. O macaco tinha fugido h
muito, e o pssaro cara do poleiro como que paralisado.
A vontade deve dominar as foras intelectuais e materiais
"Certa vez, enquanto eu e outros estvamos no caf com Sir Maswell, ele ordenou sua
domstica que introduzisse o encantador. Pouco depois um esqulido hindu, quase nu, com
um rosto asctico e bronzeado, fez a sua entrada. Em torno do pescoo, dos braos, das
coxas e do corpo estavam enroladas as serpentes de diversos tamanhos. Depois de saudarnos, ele disse: `Deus esteja convosco, sou Chibh-Chondor, filho de Chibh-Gontnalh-Mava'.
"`Desejamos ver o que sois capaz de fazer', disse nosso anfitrio.
"`Eu obedeo s ordens de Shiva, que me enviou para c', replicou o faquir, instalando-se
sobre uma das lajes de mrmore.
"As serpentes levantaram as cabeas e silvaram, mas sem mostrar a menor clera. Tomando
ento uma pequena flauta, presa numa mecha do cabelo, ele emitiu sons quase inaudveis,
imitando o tailapaca, um pssaro que se alimenta de cocos quebrados. As serpentes se
desenrolaram e uma aps outra desceram ao cho. Assim que tocaram o solo, elevaram um
tero de seus corpos, e comearam a acompanhar o ritmo da msica de seu mestre.
Subitamente o faquir largou o seu instrumento e fez diversos passes com as mos sobre as
serpentes, que eram em nmero de dez, e todas das espcies mais mortferas de serpentes
indianas. Seus olhos assumiram uma estranha expresso. Todos sentidos uma indefinvel
agitao, e tentamos desviar nossos olhos dele. Nesse momento um pequeno shocra
(macaco), cuja tarefa era oferecer fogo num pequeno braseiro para acender cigarro,
sucumbiu sua influncia, deitou-se e adormeceu. Cinco minutos se passaram, e sentimos
que se as manipulaes continuassem por mais alguns segundos todos adormeceramos.
Chondor ento se ergueu e, fazendo mais dois passes sobre o shocra, disse-lhe: `De fogo ao
comandante'. O jovem macaco levantou-se, e sem hesitar aproximou-se de seu senhor e lhe
ofereceu fogo. Ele foi beliscado, empurrado, at no se ter nenhuma dvida de que ele
estivesse adormecido. Ele no quis afastar-se de Sir Maswell at que o faquir lho ordenasse.
"Examinamos ento as serpentes. Paralisada pela influncia magntica, elas estavam
estendidas ao longo do cho. Pegando-as, encontramo-las rgidas como bastes. Estavam
num estado de completa catalepsia. O faquir ento as despertou, aps o que elas voltaram e
novamente se enrolaram em torno de seu corpo. Perguntamo-lhe se podia fazer-nos
experimentar a sua influncia. Ele fez alguns poucos passes sobre nossas pernas e
imediatamente perdemos o controle sobre esses membros; no podamos deixar nossos
assentos. Ele nos libertou to facilmente quando nos tinha paralisado.
"Chibh-Chondor encerrou a sesso com experincias feitas sobre objetos inanimados. Por
meio de passes simples na direo do objeto sobre o qual se desejava agir, e sem deixar o
assento, ele diminuiu e extingui as lmpadas das partes mais distantes da sala, deslocou a
moblia, incluindo os divs em que estvamos sentados, abriu e fechou portas. Percebendo
um hindu que estava retirando gua de um poo do jardim, ele fez um passe em sua
direo, e a corda subitamente parou de descer, resistindo a todos os esforos do atnito
jardineiro. Com outro passe, a corda desceu novamente.
"Perguntei a Chibh-Chondor:
Empregais para agir sobre objetos inanimados o mesmo processo que utilizais sobre
criaturas vivas?'
"`Tenho apenas um processo', respondeu.
"`Qual ele?'
"`A vontade. O homem, que o fim de todas as foras intelectuais e materiais, deve
dominar a todas. Os brmanes nada sabem alm disso.'"
"Sanung Setzen", o Cel. Yule, "enumera uma variedade de atos maravilhosos que podem
ser realizados atravs do Dharani (encantamentos msticos hindus). Tais so fincar um
prego numa rocha slida; dar vida ao morto; transformar uma cadver em outro; penetrar
em todos os lugares, como o faz o ar (sob forma astral); voar; agarrar feras selvagens com
as mos; ler pensamentos; fazer remontar a corrente de gua; comer ladrilhos; sentar-se no
ar com as pernas dobradas, etc." Antigas lendas atribuem a Simo, o Mago, exatamente os
mesmos poderes. "Ele fazia as esttuas andar; ele saltava no fogo sem se queimar; voava no
ar; transformava as pedras em po; modificava suas formas; apresentava dois rostos ao
mesmo tempo; transformava-se em coluna; fazia as portas fechadas abrirem-se
espontaneamente; fazia os utenslios de uma casa moverem-se, etc.
Os fenmenos psquicos e as artes mgicas
Existem certos homens que os trtaros veneram acima de tudo no mundo" diz o monge
Ricold, "a saber, os baxitae, que so uma espcie de sacerdotes-dolos. Eles so originrios
da ndia, pessoas de profunda sabedoria, de boa conduta e de moral austera. Eles so
versados nas artes mgicas (...) exibem muitas iluses, e predizem os eventos futuros. Por
exemplo, dizia-se que o mais eminente deles era capaz de voar; mas a verdade, contudo,
como ficou provado, que ele no voava, mas caminhava perto da superfcie do solo sem o
tocar; e ele parecia sentar-se sem ter qualquer suporte para sustent-lo. Este ltimo
fenmeno foi testemunhado por Ibn Batuta, em Delhi", acrescenta o Cel. Yule, que cita o
monge em Book of Ser Marco Polo, "na presena do sulto Mahomet Tughlak"; e foi
formalmente exibido por um brmanes em Madras no presente sculo, um descendente dos
brmanes que Apolnio viu caminhando a dois cvados do solo. Isso foi descrito tambm
pelo ilustre Francis Valentyn como sendo um espetculo conhecido e praticado em seu
prprio tempo na ndia. Conta-se, diz que um homem comea por sentar-se sobre trs
bastes reunidos para formar um trpode, aps o que, primeiro um, depois o segundo e
ento o terceiro, todos os bastes so retirados, no caindo o homem, mas permanecendo
sentado no ar! Falei com dois amigos que haviam testemunhado um fato dessa natureza, e
um deles, posso acrescentar, no acreditando em seus prprios olhos, deu-se ao trabalho de
verificar com um basto se no havia algo sobre o qual o corpo se apoiasse; mas, como
contou, ele no pde sentir ou ver qualquer coisa.
Proezas como essas nada so se comparadas com as que fazem os prestidigitadores
profissionais; "proezas", assinala o autor acima citado, "que poderiam passar por meras
invenes se narradas por apenas um autor, mas que parecem merecer uma sria ateno
quando so relatadas por vrios autores, certamente independentes uns dos outros e
escrevendo a longos intervalos de tempo e lugar. Nossa primeira testemunha In Batuta, e
ser necessrio cit-lo por extenso, assim como a outros, a fim de mostrar at que ponto as
suas evidncias concordam entre si. O viajante rabe estava presente por ocasio de um
grande espetculo na corte do Vice-rei de Khansa. "Nessa mesma noite um prestidigitador,
que era um dos escravos de Khan, fez sua apario, e o Emir lhe disse: `Vem e mostra-nos
algumas de tuas maravilhas!' Ele tomou ento uma bola de madeira, com vrios furos, pelos
quais passaram longas correias de couro, e, segurando uma delas, arremessou a bola ao ar.
Ela se elevou to alto que a perdemos de vista (...) (Estvamos no interior da corte do
palcio.) Restou ento apenas uma parte da ponta de uma correia na mo do mgico, e ele
pediu a um dos rapazes que o assistiam que a pegasse e que montasse nela. Ele o fez,
subindo pela correia, e ns o perdemos de vista tambm! O mgico ento o chamou por trs
vezes, mas, no obtendo nenhuma resposta, tomou uma faca, como se estivesse tomado de
clera, subiu pela correia, e desapareceu tambm! Logo ele jogou uma das mos do rapaz,
depois um p, a outra mo, e o outro p, depois o tronco, e por fim a cabea! em seguida ele
prprio desceu ofegante, e com as vestes manchadas de sangue beijou o solo frente do
Emir, e lhe disse algo em chins. O Emir deu alguma ordem em resposta, e nosso amigo
ento apanhou os membros do rapaz, reuniu-os juntos em seus lugares, e deu-lhes um
chute, e eis que l estava o rapaz, que se plantou nossa frente! Tudo isso me surpreendeu
extraordinariamente, e tive um ataque de palpitaes semelhante ao que em sobreveio
outrora na presena do Sulto da ndia, quando ele me mostrou algo do mesmo gnero.
Deram-me no entanto um cordial, que me curou do ataque. O Kaji Afkharuddin estava
prximo de mim e disse: `Senhor! creio que no houve nem subida, nem descida, nem
mutilao, nem remendo! Tudo no passa de um hocus-pocus'"!
E quem duvida de que no se trata de uma "hocus-pocus", de uma iluso, ou My, como
os hindus a chamam? Mas um tal iluso produzida, por assim dizer, diante de milhares de
pessoas ao mesmo tempo, como a vimos durante um festival pblico, os meios pelos quais
uma alucinao to extraordinria pode ser produzida merecem a ateno da cincia!
Quando por uma tal mgica um homem que est vossa frente, numa sala, cujas portas
tivestes o cuidado de fechar, estando as chaves em vossa mo, subitamente desaparece, se
desvanece como um raio de luz, e no o vedes em lugar nenhum mas ouvis a sua voz de
diferentes partes da sala chamando-vos e rindo de vossa perplexidade, tal arte certamente
no indigna do Sr. Huxley ou do Dr. Carpenter. No vale a pena consagrar-se tal estudo da
mesma maneira que a esse outro mistrio menor - como por que os galos cantam meianoite?
Os mistrios da vontade dirigida
Tendo sempre em mente que repudiamos a idia do milagre, podemos agora perguntar que
objeo lgica se pode fazer contra a afirmao de que a reanimao de mortos era
realizada por muitos taumaturgos? Poderia ir mais longe e dizer que a fora de vontade do
homem to tremendamente potencial que pode reanimar um corpo aparentemente morto,
fazendo retroceder a alma esvoaante que ainda no rompeu o fio por meio do qual a vida
unia a ambos. Dezenas de tais faquires permitiram que fossem enterrados vivos diante de
milhares de testemunhas, e semanas depois ressuscitarem. E se os faquires tm o segredo
deste possesso artificial, idntico ou anlogo hibernao, por que no conceder que os
seus ancestrais, os ginosofistas, e Apolnio de Tiana, que havia estudado com estes na
ndia, e Jesus, e outros profetas e videntes, que conheciam mais dobre os mistrios da vida
e da morte do que qualquer um dos nossos modernos homens de cincia, podiam ressuscitar
homens e mulheres mortos? E por estarem familiarizados com este poder - esse algo
misterioso "que a cincia ainda no conseguiu compreender", como confessa o Prof. Le
Conte -, conhecendo, alm disso, "de onde vem ele e para onde vai" Eliseu, Jesus, Paulo,
Apolnio e ascetas entusiastas e sbios iniciados podiam chamar novamente vida com
facilidade todo homem que "no estivesse morto, mas apenas dormindo", e sem qualquer
milagre.
Se as molculas do cadver esto impregnadas da Fora Vital e das Foras qumicas do
organismo vivo, o que pode impedi-las de serem novamente postas em movimento, desde
que conheamos a natureza da Fora Vital, e como comand-la? O materialista no pode
oferecer nenhuma objeo, pois para ele no se apresenta a questo de reinsuflar vida
alma. Para ele a alma no tem existncia, e o corpo humano deve ser encarado
simplesmente como um engenho vital - uma locomotiva que se movimentar aps o
fornecimento de calor e fora, e parar quando estes cessarem. Para o telogo, o caso
oferece dificuldades maiores, pois, a seu ver, a morte corta por inteiro o vnculo que une o
corpo a alma, e esta pode tanto retornar quele sem um milagre quanto o recm-nascido
pode ser compelido a voltar sua vida fetal depois do parto e da seco do cordo
umbilical. Mas o filsofo hermtico coloca-se entre esses dois antagonistas irreconciliveis,
senhor da situao. Ele conhece a natureza da alma - uma forma composta de fludo
nervoso e ter atmosfrico - e sabe como a Fora Vital pode tornar-se ativa ou passiva
vontade, desde que no haja nenhuma destruio definitiva de algum rgo necessrio. As
afirmaes de Gaffarilus - que, a nosso ver, pareceram to despropositadas em 1650 - foram
posteriormente corroboradas pela cincia. Ele sustentava que todo objeto existente na
Natureza, desde que seja artificial, quando queimado, retm a sua forma nas cinzas, em que
permanece at a sua ressurreio. Du Chesne, um qumico eminente, certificou-se do fato.
Kircher, Digby e Vallemont demonstraram que as formas das plantas podiam ser
ressuscitadas a partir das cinzas. Num encontro de naturalistas em 1834, em Stuttgart, uma
receita para produzir tais experincias foi descoberta na obra de Oetinger. As cinzas de
plantas queimadas contidas em pequenos frascos, quando aquecidas, exibiam novamente as
suas formas, "Uma pequena nuvem obscura elevou-se do frasco, assumiu uma forma
definida e apresentou a flor ou a planta de que consistiam as cinzas." (C. Crowe, The NigthSide of Nature, p.110) "O folheto terrestre", escreveu Oetinger, "permanece na retorta, ao
passo que a essncia voltil sobe, como um esprito, mas vazio de substncia."
E, se a forma astral mesmo de uma planta ainda sobrevive nas cinzas, quando o corpo est
morto, persistiro os cpticos em dizer que a alma do homem, o eu interior, se dissolve aps
a morte da forma mais grosseira, e que no existe mais? "Por ocasio da morte", diz o
filsofo, "um corpo exsuda de outro, por osmose e atravs do crebro; ele se mantm perto
de seu antigo invlucro por um dupla atrao, fsica e espiritual, at que este se
decompunha; e se boas condies so dadas, a alma pode reabit-lo e retomar a vida
suspensa. Ela o faz durante o sono; ela o faz mais completamente em transe; e mais
surpreendente obedecendo ao comando e com a assistncia do adepto hermtico. Jmblico
declarou que uma pessoa dotada desses poderes ressuscitadores `pleno de Deus'. Todos os
espritos subordinados das esferas superiores esto sob o seu comando, pois ele no mais
um mortal e sim um deus. Na Epstola aos Corintos, Paulo assinala que `os espritos dos
profetas esto sujeitos aos profetas!'"
Algumas pessoas tm o poder natural e algumas outras o poder adquirido de extrair o corpo
interior do exterior, a vontade, obrigando-o a fazer longas jornadas e a se tornar visvel
quele a quem visita. Numerosos so os exemplos atestados por testemunhas irrecusveis
do "desdobramento" de pessoas que foram vistas e com quem se conversou a centenas de
milhas dos lugares em que se sabia que as mesmas pessoas estavam. Hermotimo, se
podemos dar crdito a Plnio e a Plutarco, podia entrar em transe vontade e ento a
segunda alma seguia para o lugar que lhe aprouvesse.
De acordo com Napier, Osborne, o major Lawes, Quenouillet, Nikiforovitch e muitas
outras testemunhas modernas, os faquires, no decorrer de longo regime, preparo e repouso,
mostraram que eram capazes de levar os corpos a um estado que lhes permitia serem
enterrados a seis ps da terra por um perodo indefinido. Sir Claude Wade estava presente
corte de Rundjit Singh quando o faquir, mencionado pelo Honorvel Cap. Osborne, foi
enterrado vivo por seis semanas, numa caixa colocada numa cela trs ps abaixo do nvel
do solo. Para prevenir a possibilidade de uma fraude, uma guarda composta de duas
companhias de soldados foi destacada, e quatro sentinelas "foram incumbidas, revezandose a cada duas horas, noite e dia, de guardar o edifcio contra intrusos. (...) Abrindo-a", diz
Sir Claude, "vimos uma figura encerrada num sudrio de linho branco amarrado por uma
corda acima da cabea (...) o servente comeou ento a derramar gua quente sobre a figura
(...) as pernas e os braos estavam encolhidos e rijos, o rosto natural, a cabea inclinada
sobre o ombro, como a de um cadver. Chamei ento o mdico que me assistia e pedi-lhe
que viesse inspecionar o corpo, o que ele fez, mas no pde descobrir nenhuma pulsao no
corpo, nas tmporas ou nos braos. Havia, no entanto, um calor sobre a regio do crebro,
que nenhuma outra parte do corpo exibia".
Lamentando que os limites de nosso espao probam citar os detalhes dessa interessante
histria, acrescentamos apenas que o processo de ressurreio inclua o banho com gua
quente, frico, a retirada dos chumaos de cera e algodo das narinas e das orelhas, a
frico das plpebras com ghee, ou manteiga clarificada, e, o que parecer mais curioso a
muitos, a aplicao de um bolo de trigo quente, de cerca de um polegar de espessura, "ao
topo da cabea". Depois de o bolo ter sido aplicado pela terceira vez, o corpo teve
convulses violentas, as narinas se inflaram, a respirao se iniciou, e os membros
adquiriram a sua plenitude natural; mas a pulsao ainda era fracamente perceptvel. "A
lngua foi ento untada com ghee, as plpebras dilataram-se e recuperaram a cor natural, e o
faquir reconheceu os presentes e falou." Cumpriria assinalar que no apenas as narinas e as
orelhas haviam sido tapadas, mas a lngua tinha sido dobrada para trs, de modo a fechar a
garganta, fechado assim efetivamente os orifcios admisso de ar atmosfrico. Quando
estvamos na ndia, um faquir nos disse que isso era feito no apenas para prevenir a ao
do ar sobre os tecidos orgnicos, mas tambm para resguardar contra o depsito de germes
da decomposio, que no caso da animao suspensa causariam a decomposio
exatamente como o fazem com qualquer outra carne exposta ao ar. H tambm localidades
em que um faquir se recusar a ser enterrado, tais como muitas regies da ndia meridional,
infestadas de formigas brancas, essas trmitas terrveis que se contam entre os inimigos
mais perigosos do homem e de suas propriedades. Elas so to vorazes que devoram tudo
que encontram, com exceo, talvez, dos metais. Quando madeira, no h nenhuma
espcie pela qual elas no passem; e mesmo o tijolo e a argamassa oferecem pouca
resistncia aos seus formidveis exrcitos. Elas trabalharam pacientemente atravs da
argamassa, destruindo-a partcula por partcula; e um faquir, por mais santo que seja, e por
mais resistente que seja o seu atade, no se arriscar a ver o seu corpo devorado quando
for o momento de sua ressurreio.
Consideraes sobre a morte fsica
A cincia v o homem como uma agregao de tomos temporariamente unidos por uma
misteriosa fora chamada princpio de vida. Para o materialista, a nica diferena entre um
corpo vivo e um morto que no primeiro essa fora ativa e no outro, latente. Quando
extintas ou completamente latentes, as molculas obedecem a uma atrao superior, que as
espalha e dissemina pelo espao.
Essa disperso deve ser a morte, se possvel conceber uma coisa como a morte, em que as
prprias molculas do corpo morto manifestam uma intensa energia vital. Se a morte
apenas a parada da mquina digestora, locomotiva e pensante, como pode a morte ser real e
no relativa, antes que a mquina se quebre por completo e as suas partculas se dispersem?
Enquanto algumas delas esto unidas, a fora vital centrpeta pode sobrepuljar a ao
centrfuga dispersiva. Diz liphas Lvi: "A mudana atesta o movimento, e o movimento
apenas revela a vida. O cadver no se decomporia se estivesse morto; todas as molculas
que o compem esto vivas e lutam por separar-se. E imaginais que o esprito se liberta
simplesmente para no mais existir? Que o pensamento e o amor podem morrer quando as
formas mais grosseiras da matria no morrem? Se a mudana deve chamar-se morte,
morremos e renascemos todos os dias, pois a cada dia nossas formas sofrem uma
mudana".
Os cabalistas dizem que um homem no est morto quando o seu corpo est enterrado. A
morte nunca sbita; pois de acordo com Hermes, nada se opera na Natureza por transies
violentas. Tudo gradual, e assim como preciso um longo e gradual desenvolvimento
para produzir o ser humano, do mesmo modo o tempo necessrio para retirar
completamente a vitalidade da carcaa. "A morte no pode ser um fim absoluto, assim
como o nascimento no um incio verdadeiro. O nascimento prova a preexistncia do ser,
e a morte prova a imortalidade", diz o mesmo cabalista francs.
Embora acreditando implicitamente na ressurreio da filha de Jairo, o chefe da sinagoga, e
em outros milagres bblicos, os cristos instrudo, que de outro modo se sentiriam
indignados ao se chamados de supersticiosos, acolhem fatos como o de Apolnio e a jovem
que segundo o seu bigrafo foi ressuscitada por ele, com uma desdenhosa incredulidade.
Digenes Larcio, que menciona uma mulher ressuscitada por Empdocles, no tratado
com mais respeito; e o nome do taumaturgo pago, aos olhos dos cristos, apenas um
sinnimo para impostor. Nossos cientistas so, afinal, um pouco mais racionais; eles
agrupam todos os profetas e apstolos bblicos e todos os fazedores de milagres pagos em
duas categorias de tolos alucinados e hbeis impostores.
Mas, deixando de lado a incrvel fico de Lazaro, selecionamos dois casos: a filha do
chefe da sinagoga chamada novamente vida por Jesus, e a noiva corntia ressuscitada por
Apolnio. No primeiro caso, desconsiderando por completo a significativa expresso de
Jesus - "Ela no est morta mas adormecida", o clero fora o seu deus a violar as suas
prprias leis e oferecer injustamente a um o que nega a todos os outros, e sem nenhum
melhor objetivo em vista do que o de produzir um milagre intil. No segundo caso, no
grandes rpteis e insetos, do que para nosso fsico moderno, nas mesmas condies
favorveis, chamar vida insetos menores, que ele chama de bactrias.
Apolnio podia ver, atravs de um espelho, o presente e o futuro
Examinaremos agora, em relao aos fazedores de milagres e aos profetas antigos, as
pretenses dos mdiuns modernos.
Quando a atual e aperfeioada civilizao europia ainda estava em seus comeos, a
filosofia oculta, j encanecida pela idade, especulava sobre os atributos do homem pela
analogia com os de seu Criador. Mas tarde, indivduos cujos nomes permanecero para
sempre imortais, inscritos no portal da histria espiritual do homem, forneceram
pessoalmente exemplos da extenso possvel do desenvolvimento dos poderes divinos do
microcosmos. Descrevendo as Doctrines and Principal Teacher of the Alexandrian School,
diz o Prof. A.Wilder: "Plotino ensinava que h na alma um impulso de retorno, um amor,
que a atrai internamente para a sua origem e centro, o bem eterno. Enquanto a pessoa que
no compreende como a alma contm o belo em si, procurar por um esforo laborioso
reconhecer a beleza no exterior, o homem sbio reconhece-a em si, desenvolve a idia
retirando-a de si mesmo, concentrando a sua ateno, e assim pairando sobre a fonte divina,
cuja corrente flui dentro de si. No se conhece o infinito por meio da razo (...) mas por
uma faculdade superior razo, entrando num estado em que o indivduo, por assim dizer,
cessa de ser o seu eu finito, em cujo estado a essncia divina lhe comunicada. Tal o
XTASE".
A propsito de Apolnio, que afirmava que podia ver "o presente e o futuro num espelho
claro", devido ao seu modo sbrio de viver, o professor faz a seguinte bela observao:
"Isto o que se pode chamar de fotografia espiritual. A alma cmara na qual os fatos e os
eventos, o futuro, o passado e o presente, esto como que fixados; e a mente torna-se
consciente deles. Alm do nosso mundo ordinrio, tudo um dia ou um estado; o passado e
o futuro esto compreendidos no presente".
A mediunidade ensinada na filosofia antiga
Eram "mdiuns" esses homens semelhantes a Deus, como pretendem os espiritistas
ortodoxos? De modo algum, se pelo termo compreendemos os "sensitivos doentes", que
nasceram com uma organizao peculiar, e que em proporo aos seus podres se
desenvolveram mais os menos sujeitos influncia irresistvel de espritos diversos,
puramente humanos, elementares ou elementais. Isso incontestvel, se considerarmos
todo indivduo como um mdium em cuja atmosfera magntica os habitantes das esferas
invisveis superiores podem mover-se, e agir, e viver. Neste sentido, toda pessoa um
mdium. A mediunidade pode ser 1) autodesenvolvida; 2) motivada por influncias
estranhas; ou 3) pode permanecer em estado latente por toda a vida. O leitor deve ter em
mente a definio do termo, pois, a no ser que isso claramente compreendido, a confuso
ser inevitvel. A mediunidade dessa espcie pode ser ativa ou passiva, repelente ou
receptiva, positiva ou negativa. A mediunidade medida pela quantidade da aura pela qual
o indivduo envolvido. Ela pode ser densa, nebulosa, nociva, meftica, nauseabunda para
o esprito puro e atrair apenas aqueles seres abominveis que se comprazem com ela, como
a enguia o faz nas guas turvas, ou pode ser pura, cristalina, lmpida, opalescente como a
aurora. Tudo depende do carter moral do mdium.
Em torno de homens como Apolnio, Jmblico, Plotino e Porfrio condensava-se este
nimbo celeste. Ele era engendrado pelo poder de suas prprias almas em estreita harmonia
com seus espritos; pela moralidade e santidade sobre-humanas de suas vidas, e ajudados
pela contnua contemplao esttica interior. As puras influncias espirituais podiam
aproximar-se de tais homens. Radiando sua volta uma atmosfera de beneficncia divina,
eles punham em fuga os maus espritos. No apenas no possvel a estes existirem em sua
aura, mas eles no podem permanecer mesmo na de pessoas obcecadas, se o taumaturgo
exerce a sua vontade, ou mesmo se aproxima delas. Isto MEDIAO, no mediunidade.
Tais pessoas so templos nos quais habita e esprito do Deus vivo; mas se o tempo est
maculado pela admisso de paixes, pensamentos ou desejos, o mediador cai na esfera da
feitiaria. A porta est aberta; os espritos puros se retiram e os maus entram de tropel. Isto
ainda mediao, ainda que m; o feiticeiro, assim como o mgico puro, forma a sua
prpria aura e submete sua vontade os espritos inferiores que lhe so afins.
Mas a mediunidade, como hoje se compreende e se manifesta, uma coisa diferente. As
circunstncias, independentemente de suas prpria vontade, podem, por ocasio do
nascimento ou depois, modificar a aura de uma pessoa, de modo que manifestaes
estranhas, fsicas e mentais, diablicas ou anglicas, podem ocorrer. Tal mediunidade,
assim como a mediao acima mencionado, existe na Terra desde que o homem nela fez a
sua primeira apario. A primeira a submisso da carne fraca e mortal pelo controle e
pelas sugestes de outros espritos e inteligncias que no o nosso prprio demnio imortal.
literalmente a obsesso e a possesso; e mdiuns que se orgulham de ser escravos fieis de
seus "guias", e que repudiam com indignao a idia de "controlar" as manifestaes, "no
podem contestar o fato de maneira consistente. Essa mediunidade simbolizada na histria
de Eva sucumbindo s artimanhas da serpente; de Pandora espremendo a caixa proibida e
deixando escapar ao mundo a tristeza e o mal, e por Maria Madalena, que depois de ter sido
obsedada por `sete demnios', foi finalmente redimida pela luta vitoriosa de seu esprito
imortal, tocado pela presena de um santo mediador, contra o obsessor". Essa mediunidade,
benfica ou malfica, sempre passiva. Felizes so os puros de esprito, que repelem
inconscientemente, graas pureza de sua natureza interior, os sombrios espritos do mal.
Pois na verdade eles no tm outras armas de defesa a no ser a bondade e a pureza inata. A
mediunidade, tal como praticada em nossos dias, um dom bem menos admirvel do que
o manto de Nesso.
"Conhece-se a rvores por seus frutos." Lado a lado com os mdiuns passivos no progresso
da histria do mundo, aparecem os mediadores ativos. Ns os designamos por esse nome
falta de um melhor. Os antigos feiticeiros e mgicos, e os que tinham um "esprito
familiar", comerciavam com os seus dons; e a mulher de Obeah de En-Dor, to bem
retratado por Henbry More, embora ela possa ter sacrificado um filhote para Saul, aceitava
dinheiro de outros visitantes. Na ndia, os prestidigitadores, que, diga-se de passagem, o so
menos do que muitos mdiuns modernos, e os Essaoua, ou feiticeiros e encantadores de
serpentes da sia e da frica, todos exercem seus dons por causa do dinheiro. No se d o
mesmo com os mediadores ou hierofantes. Buddha recusou o trono do pai para ser um
mendicante. O "Filho do Homem no tinha onde repousar a cabea"; os apstolos eleitos
no tinham "nem ouro, nem prata, nem bronze em sua bolsas". Apolnio deu metade de sua
fortuna a seus familiares, e a outra metade aos pobres; Jmblico e Plotino eram clebres por
sua caridade e abnegao; os faquires, ou santos mendicantes da ndia, so fielmente
descritos por Jacolliot; os essnios pitagricos e os terapeutas acreditavam que suas mos
definhariam ao contato com o dinheiro. Quando ofereciam dinheiro aos apstolos para que
comunicassem seus poderes espirituais, Pedro, embora a Bblia o mostre como um covarde
e por trs vezes como um renegado, repelia indignado a oferta, dizendo: "Que teu dinheiro
perea contigo, pois pensas que o dom do Senhor pode ser comprado com dinheiro". Esses
homens eram mediadores, guiados apenas por seu prprio esprito pessoal, ou alma divina,
e servindo-se da ajuda de espritos apenas at onde estes se conservassem no bom caminho.
Longe de ns o pensamento de lanar uma mcula injusta sobre os mdiuns fsicos.
Exauridos por diversas inteligncias, reduzidos pela influncia predominante dos espritos qual suas naturezas fracas e nervosas so incapazes de resistir - a um estado mrbido, que
ao fim se torna crnico, eles so impedidos por essas "influncias" de assumir outra
ocupao. Eles se tornam mental e fisicamente incapazes para qualquer outra atividade.
Quem pode julg-los severamente quando, lanados numa situao extrema, so
constrangidos a aceitar a mediunidade como um negcio? E o cu sabe, como bem o
demonstraram os ltimos acontecimentos, se essa profisso deve ser invejada por quem
quer que seja! No so os mdiuns, os mdiuns leais, verdadeiros e honestos que jamais
censuraramos, mas seus patres, os espiritistas.
Diz-se que Plotino, quando lhe pediram que assistisse adorao pblica dos deuses,
respondeu altivamente: "Cabe a eles (os espritos) virem a mim". Jmblico afirmava e
provava, por seu prprio caso, que nossa alma pode atingir a comunho com as
inteligncias superiores, de "natureza mais elevada que a nossa prpria", e expulsava
cuidadosamente de suas cerimnias tergicas todos os espritos inferiores, ou maus
demnios, que ele ensinava os discpulos a reconhecer. Proclo, que "elaborou toda a
teosofia e a teurgia de seus predecessores num sistema completo", de acordo com o Prof.
Wilder, "acreditava com Jmblico na possibilidade de obter um poder divino, que,
ultrapassando a vida mundana, tornava o indivduo um rgo da Divindade". Ele ensinava
ainda que havia uma "senha mstica que conduziria uma pessoa de uma ordem de seres
espirituais a outra, mais e mais alto, at que ela chegasse ao divino absoluto". Apolnio
desprezava os feiticeiros e os "adivinhos vulgares", e afirmava que era o seu "modo de vida
sbrio peculiar" que "produziu a acuidade dos sentidos e criou outras faculdades, de modo
que coisas maiores e mais notveis podiam ter lugar". Jesus proclamava ser o homem o
senhor do Sabbath, e ao seu comando os espritos terrestres e elementares fugiam de suas
moradas temporrias; um poder que foi partilhado por Apolnio e por muitos da Irmandade
dos Essnios da Judia e do Monte Carmelo.
inegvel que deve ter havido boas razes para que os antigos perseguissem os mdiuns
desregrados. De outro modo, por que, ao tempo de Moiss e Davi e Samuel, teriam eles
encontrado a profecia e a premonio, a Astrologia e a adivinhao, e mantido escolas e
colgios nos quais esses dons naturais eram fortificados e desenvolvidos, ao passo que os
feiticeiros e os que adivinhavam pelo esprito de Ob (Ob - Hebreu - A Luz astral, melhor
dizendo, suas correntes daninhas, personificadas para os judeus como um Esprito, o
Esprito de Ob.) foram condenados morte? Mesmo ao tempo de Cristo, os pobres mdiuns
oprimidos foram lanados nos tmulos e lugares desertos fora dos muros da cidade. Por que
essas injurias aparentemente grosseira? Por que o banimento, a perseguio e a morte terem
sido a paga dos mdiuns fsicos daqueles dias, e todas as comunidades de taumaturgos como os essnios - serem no apenas toleradas, mas reverenciadas porque os antigos, ao
contrrio de ns, podiam "provar" os espritos e discernir a diferena entre espritos bons e
maus, os humanos e os elementais. Eles tambm sabiam que o relacionamento com
espritos desregrados trazia runa para o indivduo e desastre para a comunidade.
Essa maneira de ver a mediunidade pode ser inslita e talvez repugnante a muitos
espiritistas modernos; mas a viso ensinada na filosofia antiga, e demonstrada pela
experincia da Humanidade desde tempos imemoriais.
As qualidades do mdium e as manifestaes espritas
um erro dizer que um mdium tem poderes desenvolvidos. Um mdium passivo no tem
poder. Ele tem uma certa condio moral e fsica que produz emanaes, ou uma aura, na
qual as inteligncias que o guiam podem viver e pela qual elas se manifestam. Ele apenas
o veculo atravs do qual elas exercem seu poder. Essa aura varia dia a dia, e, segundo as
experincias do Sr. Crookes, mesmo de hora em hora. um efeito externo que resulta de
causas internas. A condio moral do mdium determina a espcie dos espritos que vm; e
os espritos que vm influenciam reciprocamente o mdium, intelectual, fsica e
moralmente. A perfeio de sua mediunidade est na razo da sua passividade, e o perigo
em que ele incorre est no mesmo grau. Quando ele est completamente "desenvolvido" perfeitamente passivo -, o seu prprio esprito astral pode ser paralisado, mesmo retirado de
seu corpo, que ento ocupado por um elemental, ou, o que pior, por um monstro
humano da oitava esfera, que dele se serve como se fosse o seu prprio corpo. Muito
freqentemente a causa dos crimes clebres deve ser procurada em tais possesses.
Como a mediunidade fsica depende da passividade, o seu antdoto bvio; o mdium deve
cessar de ser passivo. Os espritos nunca controlam pessoas de carter positivo que esto
determinadas a resistir a todas as influncias estranhas. Levam ao vcio os fracos e os
pobres de esprito que eles conseguem levar ao vcio. Se os elementais que produzem
milagres e os demnios desencarnados chamados de elementares fossem de fato os anjos
guardies, como se acreditou nos ltimos trinta anos, por que no deram eles a seus
mdiuns fieis pelo menos boa sade e felicidade domstica? Por que os abandonam nos
momentos crticos do julgamento, quando acusados de fraude? notrio que os melhores
mdiuns fsicos so doentios, ou, s vezes, o que ainda pior, inclinados a um ou outro
vcio anormal. Por que esses "guias" curadores, que fazem seus mdiuns exercerem o papel
de terapeutas e taumaturgos para outros, no lhes do a ddiva de um robusto vigor fsico?
Os antigos taumaturgos e os apstolos gozavam geralmente, se no invariavelmente, de boa
sade; seu magnetismo nunca trazia ao doente qualquer mcula fsica ou moral; e eles
nunca foram acusados de VAMPIRISMO, como o faz muito justamente um jornal esprita
contra alguns mdiuns curadores.
Se aplicarmos a lei acima da mediunidade e da mediao ao tema da levitao, com que
abrimos a presente discusso, que descobriremos? Temos aqui um mdium e um indivduo
da classe dos mediadores, ambos levitados - o primeiro numa sesso, o segundo em orao
ou em contemplao esttica. O mdium, por ser passivo, deve ser elevado; o esttico, por
ser ativo, deve levitar a si prprio. O primeiro elevado por seus espritos familiares quaisquer que sejam eles e onde quer que se encontrem -, o segundo, pelo poder de sua
prpria alma anelante. Podemos qualific-los indiscriminadamente de mdiuns?
Poder-se-ia objetar, no entanto, que os mesmos fenmenos so produzidos tanto na
presena de um mdium moderno como na de um santo antigo. Sem dvida; e assim era
tambm nos dias de Moiss; pois acreditamos que o triunfo sobre os mgicos do Fara por
ele proclamado no xodo simplesmente uma fanfarronice nacional da parte do "povo
eleito". Que o poder que produziu os seus fenmenos produziu tambm o dos mgicos, os
quais foram, alis, os primeiros tutores de Moiss e o instruram em sua "sabedoria",
muito provvel. Mas mesmo naqueles dias eles parecem ter bem apreciado a diferena entre
fenmenos aparentemente idnticos. A divindade tutelar nacional dos hebreus (que no o
Pai Supremo), (O Velho Testamento menciona um culto prestado pelos israelitas a mais de
um deus. O El Sahddai de Abrao e Jac no era o Jeov de Moiss, ou o Senhor Deus
reverenciado por eles durante os quarenta anos no deserto. E o Deus do Exrcito de Ams
no , se devemos acreditar em suas prprias palavras, o Deus Mosaico, a divindade sinata,
pois eis o que est escrito: "Eu odeio, eu desprezo as vossas festas (...) no me agradam as
vossas oferendas (...) Por acaso ofereceste-me sacrifcios e oferendas no deserto, durante
quarenta anos, casa de Israel? (...) No, mas fabricastes o tabernculo de vosso Maloch e
de vosso Chiun [Saturno], vossas imagens, estrela de vossos deuses, que fabricastes para
vs (...) Por isso, vos deportarei (...) disse o Senhor, cujo nome O Deus dos Exrcitos"
(Ams, V, 21-7.) probe expressamente, no Deuteronio, o seu povo de "imitar as
abominaes de outras naes. (...) passar pelo fogo, ou utilizar a adivinhao, ou ser um
observador do tempo ou um encantador, ou um mago, ou um consultor de espritos
familiares, ou um necromancista".
Que diferena havia ento entre os fenmenos que acima enumeramos quando produzidos
pelas "outras naes" e quando realizados pelos profetas? Evidentemente, havia alguma boa
razo para isso; e encontramo-lo na Primeira Epstola, IV, de Joo, que diz: "No acrediteis
em qualquer esprito, mas provai os espritos para saber se vm de Deus, porque muitos
falsos profetas se introduziram no mundo".
O nico padro ao alcance dos espiritistas e dos mdiuns de hoje pelo qual eles podem
provar os espritos julgar: 1) por suas aes e palavras; 2) por sua prontido em
manifestar-se; e 3) se o objeto em vista digno da apario de um "esprito desencarnado,
ou se pode desculpar algum por perturbar os mortos". Saul estava a ponto de destruir a si e
a seus filhos, mas Samuel lhe perguntou: "Por que me incomodaste fazendo-me subir?".
Mas as "inteligncias" que visitam as salas de sesso esprita acorrem ao primeiro sinal de
qualquer farsante que procura um passatempo para a sua ociosidade.
Exceto, a histria de Saul e Samuel, no se encontra um nico exemplo na Bblia da
"evocao dos mortos". No que concerne sua legalidade, a assero contraditada por
todos os profetas. Moiss decretou a pena de morte para aqueles que evocam os espritos
dos mortos, os "necromancistas". Em nenhum lugar do Velho Testamento, nem em Homero,
nem em Virglio a comunho com os mortos qualificada a no ser como necromancia.
Flon, o Judeu, faz Saul dizer que se ele banisse da face da Terra todos os adivinhos e
necromancistas o seu nome lhe sobreviveria.
Uma das maiores razes para isso era a doutrina dos antigos, segundo a qual nenhuma alma
provinha da "morada dos eleitos" retornar Terra, salvo nas raras ocasies em que a sua
apario poderia ser solicitada para realizar algum grande objetivo em vista, e assim trazer
algum benefcio para a Humanidade. Neste ltimo caso a "alma" no precisa ser evocada.
Ela envia a sua poderosa mensagem ou por um simulacro evanescente de si mesma, ou por
intermdio de mensageiro, que podem aparecer sob forma material, e personificar fielmente
o falecido. As almas que podiam ser evocadas to facilmente eram consideradas como um
comrcio pouco til e no isento de perigo. Eram as almas, ou as larvae provindas da regio
infernal do limbo - o Sheol, as regio conhecida pelos cabalistas como a oitava esfera, mas
muito diferente do Inferno ou Hades ortodoxo dos antigos mitologistas. Horcio descreve
essa evocao e a cerimnia que a acompanha, a Maimnides d-nos detalhes do rito judeu,
Toda cerimnia necromnticas era realizada em lugares elevados e em montanhas, e o
sangue era utilizado para aplacar esses vampiros humanos.
"As almas", diz Porfrio, "preferem, a tudo mais, sangue fresco derramado, que parece
restaurar-lhes por algum tempo certas faculdades da vida."
Quando s materializaes, elas so profundamente relatadas nos textos sagrados. Mas,
eram operadas sob as mesmas condies que nas sesses modernas? A escurido, ao que
parece, no era requerida naqueles dias de patriarcas e de poderes mgicos. Os trs anjos
que apareceram a Abro beberam plena luz do dia, pois "ele estava sentado na entrada da
tenda, no calor do dia", diz o livro de Gnese. Os espritos de Elias e de Moiss apareceram
igualmente luz do dia, e no provvel que Cristo e os Apstolos estivessem escalando
uma montanha durante a noite. Jesus apresentado aparecendo a Maria Madalena no
jardim. s primeiras horas do dia; aos Apstolos, em trs momentos distintos, e geralmente
de dia; uma vez "quando j amanhecera". Mesmo quando o asno de Balaam viu o anjo
"materializado", estava-se plena luz da Lua.
Estamos dispostos a concordar com o autor em questo em que encontramos na vida de
Cristo - e, podemos acrescentar, no Velho Testamento tambm - "um relato ininterrupto das
manifestaes psquicas", mas nada sobre as medinicas, de carter fsico, se excetuarmos a
visita de Saul a Sedecla, a mulher Obeah de En-Dor. Essa distino de vital importncia.
De fato, a promessa do Mestre foi claramente expressa: "Em verdade, realizareis obras
maiores do que estas", obras de mediao. De acordo com Joel, o tempo vir em que haver
uma expanso do esprito divino: "Vossos filhos e vossas filhas", diz ele, "profetizaro,
vossos velhos vero sonhos, vossos jovens tero vises". O tempo chegou e eles fazem
todas essas coisas agora; o Espiritismo tem seus videntes e mrtires, seus profetas e
curadores. Como Moiss, e Davi, e Joram, existem mdiuns que recebem comunicaes
escritas de autnticos espritos planetrios e humanos.
H poucos, pouqussimos, oradores na tribuna esprita que falam por inspirao, e, se
sabem o que diz, eles esto no estado descrito por Daniel: "No me restou fora alguma.
Ouvi ento o som de suas palavras: e ao ouvir o som de suas palavras, adormeci
profundamente". E h mdiuns, esses de que falamos, para os quais a profecia de Samuel
poderia ter sido escrita: "O esprito do Senhor vir sobre ti, e entrars em delrio com ele e
te transformars em outro homem". Mas onde, na longa lista de prodgios da Bblia,
podemos ler sobre guitarras voadoras, tambores ressonantes, e sinos batendo, oferecidos em
quartos imersos em profunda escurido como prova da imortalidade?
Quando Cristo foi acusado de expulsar os demnios pelo poder de Belzebu, ele o negou, e
replicou amargamente perguntando: "Por qual poder vossos filhos e discpulos os
expulsaram?" Os espiritistas afirma que Jesus era um mdium, que ele era controlado por
um ou muitos espritos; mas quando a imputao lhe foi feita diretamente, ele disse que
nada tinha a ver com isso. "No temos razo em dizer que s um samaritano, e que tens um
demnio?" [daimonion, um Obeah, ou esprito familiar no texto hebraico]. Jesus respondeu,
"Eu no tenho demnio".
Deus geometriza: diz Plato. A energia misteriosa irradiada do Ponto Zero ou Laya
"Prenda-te , diz o alquimista, "s quatro letras do tetragrama dispostas da seguinte maneira:
As letras do nome inefvel esto a, embora no possas distingui-las de incio. O axioma
incomunicvel est cabalisticamente nele encerrado, e isso o que os mestres chamam de
mgico." O arcano - as quatro emanaes do kasa, o princpio de VIDA, que
representado em sua terceira transmutao pelo Sol ardente, o olho do mundo, ou de Osres,
como os egpcios o chamavam. Um olho que vela ternamente a sua filha mais jovem,
esposa, e irm - sis, nossa me Terra. Vede o que Hermes, o mestre trs vezes grande, diz a
respeito dela: "Seu pai o Sol, sua me a Lua". Ele a atrai e acaricia, e ento a repele por
uma fora impulsora. Cabe ao estudante hermtico observar seus movimentos, agarrar suas
correntes sutis, guiar e dirigi-las com a ajuda do atanor, a alavanca de Arquimedes do
alquimista. O que este misterioso atanor? Pode o fsico dizer-nos - ele que o v e observa
diariamente? Sim, ele o v; mas compreende ele os caracteres secretamente cifrados
traados por um dedo divino sobre toda concha do mar na profundeza dos oceanos; sobre
toda folha que treme na brisa; na estrela brilhante cujas linhas estelares no passam aos
seus olhos de linhas mais ou menos luminosas de hidrognio?
"Deus geometriza", disse Plato. "As lei da Natureza so os pensamentos de Deus",
exclama Orsted, h 2.000 anos. "Seus pensamentos so imutveis", repetia o estudante
solitrio da tradio hermtica, " por isso que devemos procurar a Verdade na harmonia e
no equilbrio perfeito de todas as coisas." E assim, procedendo da unidade indivisvel, ele
descobre duas foras contrrias, que emanam dela, cada uma agindo sobre a outra e
produzindo o equilbrio, e as trs so apenas uma, a Mnada Eterna Pitagrica. O ponto
primordial um crculo; o crculo, quadrando-se a partir dos quatro pontos cardiais, tornase quaternrio, o quadrado perfeito, tendo em cada um de seus quatro ngulos uma letra do
nome mirfico, o Tetragrama sagrado. So os quatro Buddhas que vieram e passaram; a
Tetraktys pitagrica - absorvida e transformada pelo nico NO-SER eterno.
A tradio declara que sobre o cadver de Hermes, em Hebron, um Isarim, um iniciado,
descobriu a tbua conhecida como Smaragdine. Ela contm, em algumas sentenas, a
essncia da sabedoria hermtica. quele que os lem apenas com os olhos do corpo, os
preceitos nada sugeriro de novo ou extraordinrio, pois ela comea simplesmente por dizer
que no fala de coisas fictcias, mas do que verdadeiro e certo.
"O que est embaixo igual ao que est em cima, e o que est em cima semelhante ao que
est embaixo para realizar os prodgios de uma coisa.
"Assim como todas as coisas foram produzidas pela mediao de um ser, de igual maneira
todas as coisas foram produzidas a partir deste por adaptao.
"Seu pai o Sol; sua me a Lua.
" a causa de toda perfeio por toda a Terra.
"Seu poder perfeito, se ela se transforma em terra.
"Separai a terra do fogo, o sutil do grosseiro, agindo com prudncia e bom senso.
"Subi com a maior sagacidade da Terra ao cu, e ento descei novamente Terra, e reuni o
poder das coisas inferiores e superiores; possuireis assim a luz de todo o mundo, e toda
obscuridade afastar-se- de vs.
"Essa coisa tem mais fora do que a prpria fora, porque ela dominar toda coisa sutil e
penetrar toda coisa slida.
"Por ela foi o mundo formado (...)".
Essa coisa misteriosa o agente universal, mgico, a Luz Astral, que, pela correlao de
suas foras, fornece o alkahest, a pedra filosofal, e o elixir da vida a filosofia hermtica
chama-o Azoth, a alma do mundo, a virgem celeste, o grande Magnes, etc., etc. A cincia
fsica conhece-a como "calor, luz, eletricidade e magnetismo"; mas ignorando as suas
propriedades espirituais e o poder oculto contido no ter, rejeita tudo que ignora. Ela
explica e retrata as formas cristalinas dos flocos de neve, suas modificaes de um prisma
hexagonal que produz uma infinidade de agulhas delicadas. Ela as estudou to
perfeitamente que calculou, com a mais extraordinria exatido matemtica, que todas
essas agulhas divergem uma das outras por um ngulo de 60. Pode ela dizer-nos a causa
dessa "infinita variedade de formas estranhas", cada uma das quais um si uma figura
geomtrica perfeita? Essas corolas congeladas, semelhantes a estrelas e flores, podem ser,
ao que supe a cincia materialista, uma chuva de mensagens derramadas por mos
espirituais dos mundos superiores para os olhos espirituais inferiores lerem.
A cruz filosfica, as duas linhas que correm em direo opostas, a horizontal e a
perpendicular, a altura e a largura, que a Divindade geometrizante divide um ponto de
interseo, e que forma tanto o quaternrio mgico quanto o cientfico, quando inscrito no
quadrado perfeito, a base do ocultista. Em seu recinto mstico repousa a chave mestra que
abra a porta de toda cincia, tanto fsica como espiritual. Ela simboliza nossa existncia
humana, pois o crculo da vida circunscreve os quatro pontos da cruz, que representa
sucessivamente o nascimento, a vida, a morte e a IMORTALIDADE. Tudo neste mundo
uma trindade completada pelo quaternrio, e todo elemento divisvel segundo este mesmo
princpio. A Filosofia pode dividir o homem ad infinitum, assim como a cincia fsica
dividiu os quatro elementos primeiros e principais em vrias dezenas de outros; ela no
conseguir modificar nenhum. Nascimento, vida e morte sero uma trindade completa
apenas ao fim do ciclo. Mesmo que a cincia consiga modificar a imortalidade desejada em
aniquilao, ela sempre ser uma quaternrio, pois Deus "geometriza"!
um axioma hermtico o de que "a causa do esplendor e da variedade das cores mergulha
profundamente nas afinidades da Natureza; existe uma aliana singular e misteriosa entre as
cores e sons". Os cabalistas pem a sua "natureza mdia" em relao direta com a Luz; e o
raio verdade ocupa o ponto central entre outros, sendo colocado no meio do espectro. Os
sacerdotes egpcios cantavam as sete vogais com um hino dirigido a Serapis; e ao som da
stima vogal, e ao "stimo raio" do Sol levante, a esttua de Memnon respondia. As
recentes descobertas demonstram as maravilhosas propriedades da luz azul-violeta - o
stimo raio do espectro prismtico, quimicamente o mais poderoso de todos, que
corresponde nota mais alta da escala musical. A teoria Rosa-cruz de que todo o universo
um instrumento musical a doutrina pitagrica da msica das esferas. Os sons e as cores
so nmeros espirituais; assim como os sete raios prismticos procedem de um ponto do
cu, do mesmo modo os sete poderes da Natureza, cada um deles um nmero, so as sete
radiaes da Unidade, o Sol espiritual central.
"Feliz aquele que compreende os nmeros espirituais e que percebe a sua poderosa
influncia!", exclama Plato. E feliz, podemos acrescentar, aquele que, percorrendo o
labirinto da correlao de foras, no esquece de remont-las ao Sol invisvel!
Os espritos elementais
"Os fenmenos psquicos", quando ocorriam parte dos ritos religiosos, na ndia, no Japo,
no Tibete, no Sio, e outros pases "pagos", fenmenos centenas de vezes mais diversos e
estonteantes do que jamais vistos na Europa ou na Amrica civilizada, nunca foram
atribudos aos espritos dos mortos. Os pitris nada tm a fazer em tais exibies pblicas. E
basta-nos apenas consultar a lista dos principais demnios ou espritos elementais para
descobrir que os seus prprios nomes indicam as suas profisses, ou, para diz-lo mais
claramente, o truque a que cada variedade deles mais afeita. Temos assim o Mdana, um
nome genrico que indica os espritos elementais perversos, metade burros, metade
monstros, pois Mdana significa aquele que olha como uma vaca. Ele amigo dos
feiticeiros maliciosos e ajuda-os a realizar os seus desgnios demonacos de vingana
atacando os homens e o gado com doena e mortes sbitas.
O Sudla-mdana, ou demnio do cemitrio, corresponde aos nossos vampiros. Ele se
compraz com os locais em que crimes e assassnios foram cometidos, junto aos tmulos e
aos lugares de execuo. Ele ajuda o prestidigitador em todos os fenmenos do fogo assim
como Kutti Shttana, os diabretes trampolineiros. Sudala, dizem eles, um demnio
metade de fogo, metade de gua, pois ele recebeu de Shiva permisso para assumir
qualquer forma que desejasse e transformar uma coisa em outra; e quando no est no fogo,
ele est na gua. ele que impede as pessoas "de verem o que no vem". O Sula-mdana
outro fantasma turbulento. Ele o demnio da fornalha, experiente na arte de moldar e de
cozer. Se vs tornais seus amigos, ele no vos injuriar; mas ai daquele que cai em sua ira.
Sula significa cumprimentos e lisonjas, e porque ele geralmente se mantm sob a terra,
para ele que um prestidigitador deve olhar para obter ajuda para extrair uma rvore de uma
semente num quarto de hora e fazer desabrochar os seus frutos.
Kumila-mdana a prpria ondina. um esprito elemental da gua, e seu nome significa
rebentar como uma bolha. um diabrete muito amigo e alegre, e auxiliar um amigo em
qualquer coisa relativa sua esfera; far chover e mostrar o futuro e o presente quele que
recorrerem hidromancia ou adivinhao por gua.
Poruth-mdana o demnio "lutador"; ele o forte de todos; e sempre que h faanhas em
que a fora fsica requerida, tais como as levitaes, ou a domesticao de animais
selvagens, ele auxiliar o realizador mantendo-o sobre o solo ou subjugar uma fera
selvagem antes que o domador tenha tempo de pronunciar seu encantamento. Assim, todas
as "manifestaes fsicas" tm a sua prpria classe de espritos elementais para
supervision-las.
A levitao de um mdium, seria um fenmeno puramente mecnico. O corpo inerte do
mdium passivo elevado por um vrtice criado seja pelos espritos elementais possivelmente, em alguns casos, por espritos humanos, e s vezes por meio de causas
mrbidas, como nos casos de sonmbulos doentes do Prof. Perty. A levitao do adepto ,
ao contrrio, um efeito eletromagntico. Ele tornou a polaridade de seu corpo oposta da
atmosfera (dizemos campos magntico da Terra), e idntica da Terra; por conseguinte,
atrada pela primeira, mantendo a conscincia nesse nterim. Uma levitao fenomnica
dessa natureza possvel tambm quando a doena modificou a polaridade corporal de um
paciente, pois ela o faz sempre em grau maior ou menor. Mas, em tal caso, a pessoa
levitada no teria provavelmente conscincia de seu ato.
Os adeptos da cincia hermtica conhecem to bem esse princpio que explicam a levitao
de seus prprios corpos, quando ela ocorre de modo imprevisto, dizendo que o pensamento
est fixado to intensamente sobre um ponto sobre eles que, quando o corpo est totalmente
imbudo de fora astral, ele segue a aspirao mental, e eleva-se no espao to facilmente
quanto uma rolha, mantida sob a gua, se eleva superfcie quando a sua fora ascensional
lhe permite faz-lo. A vertigem que algumas pessoas sentem quando esto beira de um
abismo explica-se pelo mesmo princpio. As crianas que tm pouca ou nenhuma
imaginao ativa, e em quem a experincia no teve tempo suficiente para incutir medo,
raramente, ou nunca, se atordoam; mas o adulto de um certo temperamento mental, vendo o
abismo e pintando em sua fantasia imaginativa as conseqncias da queda, deixa-se levar
pela atrao da Terra, e a menos que o encanto da fascinao seja quebrado, seu corpo lhe
seguir o pensamento at o fundo do precipcio.
Que essa vertigem puramente um caso de temperamento prova-o o fato de que algumas
pessoas nunca experimentaram a sensao, e a pesquisa provavelmente revelar que tais
pessoas so desprovidas da faculdade imaginativa. Temos um caso em mente - um
cavalheiro que, em 1858, tinha tanto sangue frio que horrorizou as testemunhas
permanecendo sobre a cimalha do Arc de Triomple, em Paris, com os braos cruzados, e os
ps semi-elevados sobre a borda; mas, depois, sofrendo de miopia, foi tomado de pnico ao
tentar cruzar uma passarela de mais de dois ps e meio de largura, que no oferecia perigo
algum. Ele olhava para o cho, dava livre curso sua imaginao, e cairia se no se
sentasse rapidamente.
tambm a linguagem em que ela era expressa poca do Egito antigo, antecipou a da
revelao crist. Pois nesse Livro dos mortos so utilizadas frases que encontramos no
Novo Testamento em relao ao do Juzo Final; e ele admite que este hierograma foi
"gravado, provavelmente, 2.000 anos antes da Era de Cristo."
De acordo com Bunsen, de quem se diz ter feito os clculos mais perfeitos, a massa de
alvenaria da pirmide de Quops mede 8.651.655 metros e pesaria 6.316.000 toneladas. A
quantidade imensa de pedras quadradas mostra-nos a habilidade sem paralelo dos pedreiros
egpcios. Falando da grande pirmide, Kenrick diz: "As juntas so mal perceptveis, no
mais largas do que a espessura da folha de papel prateado e o cimento to retentivo, que
fragmentos de pedras do revestimento continuam na sua posio original, apesar do lapso
de muitos sculos e da violncia com que elas foram retiradas".
"A habilidade dos antigos pedreiros", diz Bunsen, "revela-se acentuadamente na extrao
de blocos gigantescos, dos quais foram cortados obeliscos e esttuas colossais - obeliscos
de cerca de 27 metros de altura e esttuas de aproximadamente 20 metros, feitos de uma
pedra!" H muito mais. Eles no dinamitavam os blocos para esses monumentos, mas
adotaram o seguinte mtodo cientfico: em vez de usar grandes cunhas de ferro, que
poderiam ter rachado a pedra, "eles cavaram um pequeno sulco por toda a extenso de,
talvez, 30 metros, e a inseriam, prximas umas das outras, um grande nmero de estacas
de madeira seca, depois, despejavam gua no sulco e as cunhas, inchando e estourando
simultaneamente, com uma fora tremenda, rompiam a pedra gigantesca, simplesmente
como um diamante corta um vidro".
Os gegrafos e os gelogos modernos demostraram que esse monlitos foram trazidos de
uma distncia prodigiosa e ficaram confusos nas suas conjecturas sobre como o transporte
teria sido efetuado. Os velhos manuscritos dizem que isso foi feito com a ajuda de trilhos
portteis. Estes repousavam sobre bolsas infladas feitas de couro tornado indestrutvel pelo
mesmo processo usado para preservar as mmias. Esses engenhosos colches de ar
evitavam que os trilhos afundassem na areia profunda. Manetho menciona-os e observa que
eles eram to bem-preparados, que poderiam resistir, por muitos sculos, deteriorao.
A data das centenas de pirmides do vale do Nilo impossvel de ser fixada por qualquer
uma das regras da cincia moderna; mas Herdoto informa-nos que cada rei erigiu uma
delas para comemorar o seu reino e servir como seu sepulcro. Mas Herdoto no disse
tudo, embora ele soubesse que o objetivo real da pirmide era muito diferente daquele que
ele atribui. no fossem os seus escrpulos religiosos, ele teria podido acrescentar que,
externamente, ela simbolizava o princpio criativo da Natureza e tambm ilustrava os
princpios de Geometria, Matemtica, Astrologia e Astronomia. Internamente, era um
templo majestoso, em cujos recessos sombrios eram realizados os mistrios e cujas paredes
freqentemente testemunhavam as cenas de iniciao dos membros da famlia real. O
sarcfago prfiro, que o Prof. Piazzi Smyth, Astronomer-Royalnovo e da Esccia, reduz
condio de um grande caixote para armazenar cereais, era a pia batismal da qual emergia o
nefito, que ento "nascia de novo" e se tornava um adepto.
A antiga nao dos faras
Um dos Livros de Hermes afirma que uma das pirmides repousa sobre uma paia martima,
"cujas ondas arremetem com fria poderosa contra a sua base". Isto implica que as
caractersticas geogrficas do pas se modificaram e pode indicar que devemos atribuir a
esses "celeiros", "observatrios mgico-astrolgico" e "sepulcros reais" um origem que
antecedeu o sublevantamento do Saara e de outros desertos. Isto tambm implicaria uma
ultraje no-merecido. Ser-lhe-ia muito mais fcil virar a mesa e responder a essa indireta,
baseados numa fbula, como um fato provado por arquelogos e estudiosos da simbologia a saber, que Seth, o terceiro filho de Ado, o antepassado de todo Israel, o Ancestral de No
e progenitor do "povo escolhido", no outro seno Hermes, o deus da sabedoria, tambm
chamado Thoth, Tat, Seth,. e Sat-an; e que ele era, alm disso, quando considerado sob este
aspecto mau, Typhon, o Sat egpcio, que tambm era Set. Para o povo Judeu - cujos
homens cultos, como Filo ou Josefo, o historiador, consideram os seus livros mosaicos
como um alegoria - essa descoberta importa muito pouco. Mas para os cristos, que, como
des Mousseaux, muito tolamente aceitam as narrativas da Bblia como histria literal, o
caso muito diferente.
Concordamos com esse piedoso escritor no que diz respeito afiliao; e sentimos a cada
dia que passa que alguns dos povos da Amrica Central sero identificados com os fencios
e com os israelitas mosaicos, bem como sentimos tambm que ser provado que estes
ltimos se dedicaram pertinazmente mesma idolatria - se a idolatria existe - do Sol e
adorao da serpente, como os mexicanos. H provas - provas bblicas - de que dois dos
filhos de Jac, Levi e Dan, bem como Jud, casaram-se com mulheres cananias e seguiram
os cultos das suas esposas. Naturalmente, todo cristo protestar, mas a prova pode ser
encontrada na Bblia traduzida, mutilada como se pode v-la hoje. Jac, ao morrer,
descreve assim os seus filhos: "Vem a ser Dan", diz ele, "como uma serpente no caminho,
uma cerastes na vereda, que morde a unha do cavalo para que caia para trs o seu cavaleiro.
Eu esperei a tua salvao, Senhor!". A respeito de Simo e de Levi, o patriarca (ou Israel)
observa que eles (...) "so irmos; instrumentos de crueldade esto em suas casas. minha
alma, no tome parte no seu segredo, no participe da sua assemblia" (Gnese, XLIX, 178 e 5-6). Bem, no original, as palavras "seu segredo" lem-se O seu SOD. E SOD era o
nome dos grandes mistrios de Baal, Adonais e Baco, que eram todos eles deuses do Sol e
tinham serpentes como smbolos. Os cabalistas explicam a alegoria das serpentes ferozes
dizendo que esse era o nome dado tribo de Levi, a todos os levitas em suma,. e que
Moiss era o chefe dos Sodales. E este o momento de provarmos nossas afirmaes.
Moiss mencionado por muitos historiadores antigos como um sacerdote egpcio;
Manetho diz que ele era um Hierofante de Hierpolis e um sacerdote do culto do deus do
Sol Osris e que o seu nome era Osarsiph. Os historiadores modernos, que aceitam o fato de
que ele "aprendera toda a sabedoria" dos egpcios, tambm devem submeter interpretao
correta da palavra sabedoria aquilo que se conhecia em todo o mundo como um sinnimo
de iniciao nos mistrios sagrados dos magos. Nunca acometeu o leitor da Bblia a idia
de que um estranho nascido em seu pas e levado a um pas estrangeiro no pudesse ser e
no fosse admitido - no queremos dizer iniciao final, o mistrio maior de todos, mas
pelo menos a partilhar do conhecimento do sacerdcio menor, ao qual pertenciam os
mistrios menores? No Gnese, XLII, 32, lemos que nenhum egpcio podia sentar-se para
comer po com os irmos de Jos, "pois isso uma abominao para os egpcios". Mas que
os egpcios comeram "com ele (Jos) servidos parte". Isso prova duas coisas: 1) que Jos,
o que quer que tivesse no corao, havia, em aparncia pelo menos, mudado a sua religio,
casado com a filha de um sacerdote da nao "idlatra" e se tornado ele prprio um egpcio;
de outra maneira, os nativos no teriam comido po com ele. E 2) que Moiss,
posteriormente, se no fosse um egpcio de nascimento, tornou-se ao ser admitido no
sacerdcio e, assim, era um SODALE. Por induo, a narrativa da "serpente de bronze" (o
caduceu de Mercrio ou Asclpio, o filho do deus Sol Apolo-Pton) tornou-se lgica e
natural. Devemos ter em mente que a filha do Fara, que salvou Moiss e o adotou,
chamada por Josefo de Thermethis; e que este, segundo Wilkinson, o nome da spide
consagrado a sis; alm disso, diz-se que Moiss descende da tribo de Levi.
A identidade dos ritos antigos. Os quatro ancestrais da raa humana
A identidade perfeita dos ritos, das cerimnias e das tradies, e mesmo dos nomes das
divindades, entre os mexicanos e os babilnios e os egpcios antigos, uma prova
suficiente de que a Amrica do Sul foi povoada por uma colnia que abriu caminho
misteriosamente atravs do Atlntico. Quando? Em que perodo? A Histria silencia-se a
esse respeito; mas aqueles que consideram que no existe tradio, santificada pelos
sculos, que no tenha um determinado sedimento de verdade no seu centro, acreditam na
lenda da Atlntida. H, espalhado pelo mundo, um punhado de estudiosos refletidos e
solitrios que passam as suas vidas na obscuridade, longe dos rumos do mundo, estudando
os grandes problemas dos universos fsico e espiritual. Eles tm os seus registros secretos
em que esto preservados os frutos dos labores escolsticos da longa linha de reclusos de
que eles so os sucessores. O conhecimento dos seus ancestrais primitivos, os sbios da
ndia, da Babilnia, de Nnive e da Tebas imperial; as lendas e as tradies comentadas
pelos mestres de Solon, de Pitgoras e de Plato, nos sagues de mrmore de Helipolis e
de Sas; tradies que, em sua poca, j pareciam brilhar com luz vacilante por entre a
cortina de fumaa do passado - tudo isso, e muito mais, est registrado num pergaminho
indestrutvel e passado com cuidado ciumento de um adepto a outro. Esses homens
acreditam que a histria da Atlntida no uma fbula, mas argumentam que em pocas
diferentes do passado ilhas imensas, e at continentes, existiram onde agora est um
selvagem ermo de guas. Nos seus templos e bibliotecas submersos um arquelogo
encontraria, pudesse ele explor-los, material suficiente para preencher as lacunas que
agora existem naquilo que ele imagina ser a histria. Eles dizem que numa poca remota
um viajante poderia atravessar o que agora o Oceano Atlntico, apesar da distncia que
separa as terras, cruzando com barcos e de lado a outro por estreitos apertados que ento
existiam.
A nossa suspeita quanto ao relacionamento entre as raas cisatlnticas e transatlnticas
fortalecida pela leitura das maravilhas executadas por Quetzalcohuatl, o mgico mexicano.
O seu cetro deve estar intimamente relacionado ao tradicional basto de safira de Moiss,
basto que floresceu no jardim de Raquel-Jethro, seu sogro, e sobre o qual estava gravado o
nome inefvel. Os "quatro homens" descritos como os quatro ancestrais reais da raa
humana - "que no foram gerados pelos deuses, nem nascidos de mulher", mas cuja
"criao foi uma maravilha realizada pelo Criador", e que foram feitos depois que falharam
trs tentativas de manufatura de homens - apresentam igualmente alguns pontos
extraordinrios de similaridade com as explanaes exotricas dos hermticos; eles tambm
lembram inegavelmente os quatro filhos do Deus da teogonia egpcia. Alm disso, como se
poderia inferir, a semelhana desse mito com a narrativa relatada no Gnese parecer
evidente mesmo para um observador superficial. Esses quatro ancestrais "podiam raciocinar
e falar, sua intuio era ilimitada e conheciam todas as coisas ao mesmo tempo. Quando
eles renderam graas ao seu Criador por suas existncias, os deuses se assustaram e
sopraram sobre os olhos dos homens uma nuvem que s podiam ver a certa distncia e no
eram os prprios deuses". Isso nos leva diretamente ao versculo do Gnese [III, 22]: "Veja!
o homem se tornou como um de ns para conhecer o bem e o mal; e agora, que oferea a
sua mo, e tome tambm da rvore da vida", etc. E, novamente, "enquanto eles dormiam
Deus lhes deu esposas", etc.
"Os quatro ancestrais da raa", acrescenta Max Mller, "parecem ter tido uma vida longa, e
quando, finalmente, morreram, eles desapareceram de maneira misteriosa e legaram aos
seus filhos o que se chama de Majestade Oculta, que nunca devia ser revelada por mos
humanas. No sabemos o que fosse isso."
Se no existe nenhum relacionamento entre essa "Majestade Oculta" e a glria oculta da
Cabala caldaica, de que se diz ter sido deixada por trs por Henoc quando este foi
convertido de maneira to misteriosa, ento no devemos acreditar em nenhuma prova
circunstancial. Mas no seria possvel que esses "quatro anscestrais" da raa quchua
tipicamente em seu sentido esotrico os quatro progenitores sucessivos dos homens,
mencionados no Gnese, I, II e VI? No primeiro captulo, o primeiro homem bissexual "macho e fmea os criou"- e corresponde s divindades hermticas das mitologias
posteriores; o segundo, Ado, feito da "poeira do cho" e unissexual, corresponde aos
"filhos de Deus" do cap. VI; o terceiro, os gigantes, ou Nephilim, que so apenas sugeridos
na Bblia, mas extensamente explicados em outro lugar; o quarto, os pais dos homens
"cujas filhas eram louras".
O diabo a sombra de Deus
"Existe apenas uma luz e existe apenas uma escurido" diz o provrbio siams. Daemon est
Deus inversus, o Diabo a sombra de Deus, afirma o axioma cabalstico universal. A luz
poderia existir se no fosse pela escurido primordial? E o brilhante universo ensolarado
no estirou pela primeira vez os seus braos infantis a partir dos cueiros da escurido e do
caos lgubre? Se a "plenitude d'Aquele que preenche tudo em todos" do Cristianismo uma
revelao, devemos ento admitir que, se existe um diabo, ele deve ser includo nesta
plenitude e ser uma parte daquilo que "preenche tudo em todos". Desde tempos imemoriais,
foi tentada a justificao da Divindade e a Sua separao do mal existente, e o objetivo foi
alcanado pela Filosofia Oriental antiga com a fundao da theodik; mas as suas idias
metafsicas sobre o esprito cado nunca foram desfiguradas pela criao duma
personalidade antropomrfica do Diabo, como foi feito posteriormente pelas luzes diretoras
da teologia crist. Um demnio pessoal, que se ope Divindade e impede o progresso no
seu caminho em direo perfeio, s deve ser buscado na Terra no seio da Humanidade,
no no cu.
assim que todos os movimentos religiosos da Antiguidade, sem distino de pas ou
clima, so a expresso dos mesmos pensamentos idnticos, cuja chave est na doutrina
esotrica. Seria til, sem estudar esta ltima, procurar confundir os mistrios ocultados
durante sculos nos templos e nas runas do Egito e da Assria, ou nos da Amrica Central,
da Colmbia Britnica ou de Nagkon-Vat, no Camboja. Se cada um deles foi construdo por
uma nao diferente e se nem essa nao manteve relaes com as outras durante sculos tambm certo que todos eles foram planejados e construdos sob a superviso dos
sacerdotes. E o clero de cada nao, embora praticasse ritos e cerimnias que podem ter
diferido externamente, foi evidentemente iniciado nos mesmos mistrios tradicionais que
foram ensinados em todo o mundo.
Desafiando a mo do Tempo, a v pesquisa da cincia profana e os insultos das religies
reveladas desvendaro os seus enigmas a apenas alguns dos legatrios daqueles aos quais
foi confiado o MISTRIO. Os lbios frios e ptreos da uma vez oral Memnon e daquelas
esfinges intrpidas mantm os seus segredos bem guardados. Quem os deslacrar? Qual dos
nossos anes materialistas modernos e dos nossos saduceus incrdulos ousar erguer o
VU DE SIS?
A grandiosa poesia dos quatro Vedas; o Livro de Hermes; o Livro dos nmeros caldeus; o
Cdex nazareno; a Cabala dos Tanam; a Sepher Yetzrah; o Livro da Sabedoria de
Shlmh (Salomo); o tratado secreto sobre Mukta e Baddha, atribudo pelos cabalistas
budistas a Kapila, o fundador do sistema Snkhy; os Brmanas, o Bstan-hgyur dos
tibetanos; todos esses livros tm a mesma base. Variando apenas as alegorias, eles ensinam
a mesma doutrina secreta que, uma vez completamente expurgada, provar ser a Ultima
Thule da verdadeira filosofia, e revelar o que essa PALAVRA PERDIDA.
A ndia antiga
Muitos so os eruditos que tentaram, com a sua melhor habilidade, fazer justia ndia
antiga. Colebrooke, Sir William Jones, Barthelmy St.-Hilaire, Lassen, Weber, Strange,
Burnouf, Hardy e finalmente Jacolliot, todos testemunharam as suas realizaes na
legislao, na tica, na filosofia e na religio. Nenhum povo do mundo jamais atingiu a
grandeza de pensamento nas concepes ideais da Divindade e de sua prole, o HOMEM, do
que os metafsicos e telogos snscritos. "Minhas queixas contra muitos tradutores e
orientalistas", diz Jacolliot, "embora admire o seu profundo conhecimento, que, no tenho
vivido na ndia, faltam-lhes a justeza de expresso e a compreenso do sentido simblico
dos cantos poticos, das oraes e das cerimnias; incorrendo eles no raro em erros
materiais, seja de traduo ou de julgamento".
Que a ndia, o pas menos explorado, e menos conhecido do que qualquer outro, a que
todas as outras grandes naes do mundo devem as suas lnguas, as suas artes, as suas
ideologias e a sua civilizao. O progresso dessa nao, que se estagnou sculos antes de
nossa era, at paralisar-se por completo nas seguintes; mas em sua literatura achamos a
prova irrefutvel de suas passadas glrias. Se no fosse to espinhoso o estudo do snscrito,
por certo se despertaria a inclinao pela literatura indiana, comparavelmente mais rica e
copiosa que nenhuma outra. At agora, o pblico em geral, em busca de informaes, teve
que contar com uns poucos eruditos que, no obstante a sua grande sabedoria e
fidedignidade, no esto altura de traduzir e comentar mais do que uns poucos livros
extrados do nmero quase incontvel de obras que, no obstante o vandalismo dos
missionrios, ainda restaram para mostrar o poderoso volume da literatura snscrita. E para
cumprir tal tarefa requerer-se-ia o trabalho de toda a vida de um europeu. Eis por que as
pessoas julgam apressadamente, e cometem com freqncia os erros mais crassos.
com na fora de evidncias circunstanciais - a da razo e a da lgica - que afirmamos
que, se o Egito deu Grcia a sua civilizao, e esta levou a Roma, o prprio Egito
recebeu, naqueles sculos desconhecidos, quando reinava Menes, suas leis, suas
instituies, suas artes e suas cincias da ndia pr-vdica; e que portanto nessa antiga
iniciadora dos sacerdotes - adeptos de todos os outros pases - que devemos buscar a chave
dos grandes mistrios da Humanidade.
E quando dizemos indiscriminadamente "ndia", no pensamos na ndia de nossos dias
modernos; mas na do perodo arcaico. Nos tempos antigos, alguns pases que agora
conhecemos por outros nomes chamavam-se todos ndia. Havia uma ndia Alta, uma Baixa
e uma ndia Ocidental, que hoje a Prcia-Ir. Os pases que agora se chamam Tibete,
Monglia, e Grande Tartria eram tambm considerados pelos escritores antigos como
ndia.
Os registros do grande livro
Diz a tradio, e explicam os registros do Grande Livro, que muito antes da poca de Adam e de sua curiosa mulher He-va, onde atualmente s se encontram lagos secos e
desolados desertos nus, havia uma vasto mar interior, que se estendia sobre a sia central,
E como poderia o nome Atlntida ter sido inventado por Plato? Atlntida no um nome
grego, e sua construo no apresenta elementos gregos. Brasseur de Bourbourg tentou
demonstr-lo anos atrs, e Baldwin, em Prehistoric Nations and Ancient Amrica, cita esse
autor, que declara que "as palavras Atlas e Atlntico no encontram etimologia satisfatria
em qualquer linguagem conhecida na Europa. Eles no so gregos, e no podem ser
referidos a qualquer lngua conhecida do Mundo Antigo. Mas na lngua Nahualt (ou tolteca)
encontramos imediatamente o radical a, atl, que significa gua, guerra, e o alto da cabea.
Dele provm uma srie de palavras, como atlan, margem ou no meio da gua; da qual
temos o adjetivo Atlntico. Temos tambm atlaca, combater. (...) Havia uma cidade de
nome Atlan quando o continente foi descoberto por Colombo, na entrada do golfo de
Urabe, em Darien, com um bom porto. Ela reduziu-se atualmente a um pueblo [aldeia]
pouco importante, de nome Acla.
No extraordinrio, para dizer o menos, encontrar na Amrica uma cidade conhecida por
um nome que contm um elemento puramente local, estranho ademais a qualquer outro
pas, na pretensa fico de um filsofo do sculo IV a.C.? O mesmo se pode dizer do nome
Amrica, que seria mais justo reportar ao Meru, a montanha sagrada no centro dos sete
continente, de acordo com a tradio hindu, do que a Amrico Vespcio. Aduzimos as
seguintes razes em favor de nosso argumento:
1) Americ, Amerrique ou Amerique o nome dado na Nicargua a um planalto ou a uma
cadeia de montanhas que se localiza entre Juigalpa e Liberdad, na provncia de Chontales, e
que se estendem por um lado ao pas dos ndios Carcas, e por outro ao pas dos ndios
Ramos.
Ic ou ique, como sufixo, significa grande, como cacique, etc.
Colombo menciona, em sua quarta viagem, a aldeia de Cariai, provavelmente Cacai. A
localidade abundava em feiticeiros, ou curandeiros; e situava-se na regio da cordilheira da
Amrica, a 3.000 ps de altura.
Todavia, ele no faz meno a esse nome.
O nome Amrica Provncia apareceu pela primeira vez num mapa publicado em St. Di, em
1507 (O livro de Waldseemller deixou a grfica a 25 de abril de 1507. No nono captulo
do livro, se lem:" Mas agora que essas partes do mundo foram amplamente examinadas e
uma outra quarta foi descoberta por Americu Vesputiu (ou se ver), no vejo razo para no
a chamarmos de Amrica, isto , terra de Americus, pois Americus o seu descobridor,
homem de muita sagacidade, j que a Europa e sia receberam na antigidade nomes de
mulheres".) At essa data, acreditava-se que a regio j fazia parte da ndia. Em 1522, a
Nicargua foi conquistada por Gil Gonzles de vila.
2) "Os nrticos, que visitaram o continente no sculo X, uma costa plana recoberta de
espessa floresta", chamaram-na Markland, de mark, floresta. O r devia soar de modo
vibrante, como em marrick. Ima palavra semelhante encontra-se na regio do Himalaia, e o
nome da Montanha do Mundo, Meru, pronuncia-se em alguns dialetos Meruah, com a letra
h fortemente aspirada. A idia principal, contudo, mostrar como dois povos podem aceitar
talvez uma palavra de som semelhante, cada uma utilizando-a em seu prprio sentido, e
aplicando-a ao mesmo territrio.
" mais plausvel", diz o Prof. Wilder, "que o Estado da Amrica Central, em que
descobrimos o nome Americ significando [como o Meru hindu, poderemos acrescentar]
grande montanha, tendo dado o nome ao continente. Vespcio utilizaria o seu sobrenome se
tivesse a inteno de denominar o continente. Se a teoria do Abade de Bourbourg, que
aponta Atlan como a raiz de Atlas ou Atlntico, fosse reconhecida, as duas hipteses
poderiam perfeitamente estar em acordo. Como Plato no foi o nico autor que tratou de
um mundo alm das colunas de Hrcules, e como o oceano ainda pouco profundo e
apresenta plantas marinhas em toda a parte tropical do Atlntico, no desarrazoado
imaginar que esse continente l se elevava, ou que l havia um mundo insular prximo. O
Pacfico tambm oferece indicaes de ter sido o populoso imprio insular dos amalios e
javaleses - se no um continente entre Norte e Sul. Sabemos que a Lemria no oceano
ndico o sonho dos cientistas (Lemria um nome sugerido por S. L. Sclater, por volta de
1874, para um continente antigo do Oceano ndico que unia Madagascar e a Malsia. O
termo foi adotado pelos tesofos para a designao do habitat continental da Terceira RaaRaiz.); e que Saara e a regio central da sia foram outrora leitos ocenicos.
Para continuar a tradio, devemos acrescentar que a classe dos hierofantes dividia-se em
duas categorias distintas: aqueles que eram instrudos pelos "Filhos de Deus" da ilha e eram
iniciados na doutrina divina da revelao pura, e aqueles que habitavam a Atlntida perdida
- se esse deve ser o seu nome - e que, sendo de outra raa, nasciam com uma viso que
abarcava todas as coisas ocultas, e que suplantava tanto a distncia quanto os obstculos
materiais. Em suma, eram a quarta raa de homens mencionada no Popl-Vuch, cuja viso
era ilimitada e que conheciam todas as coisas ao mesmo tempo. Eles eram, talvez, o que
hoje chamaramos de "mdiuns de nascena", que no se esforavam nem sofriam para
obter os seus conhecimentos, nem os adquiriam ao preo de qualquer sacrifcio. Assim,
enquanto os primeiros caminhavam pela trilha de seus instrutores divinos, adquirindo seus
conhecimentos passo a passo, e aprendendo ao mesmo tempo a discernir o bem do mal, os
adeptos por nascimento da Atlntida seguiam cegamente as insinuaes do grande e
invisvel "Drago", o Rei Thevetat ( a Serpente do Gnese?). Thevetat no aprendeu nem
adquiriu seus conhecimentos, mas, para emprestar um expresso do Dr. Wilder
relativamente Serpente tentadora, era uma "espcie de Scrates que conhecia sem ter sido
iniciado". Assim, sob as malvolas insinuaes de seu demnio, Thevetat, a raa Atlntica
tornou-se uma nao de mgicos, cruis. Por essa razo, a guerra foi declarada, e a sua
histria longa demais para narrar; pode-se encontrar-lhe a essncia nas alegorias
desfiguradas da raa de Caim, os gigantes, e na de No e sua justa famlia. O conflito
chegou ao fim pela submerso da Atlntida; a qual encontra a sua imitao nas histrias do
dilvio babilnico e mosaico: Os gigantes mgicos morreram "(...) assim como toda a
carne, e todo homem". Todos exceto Xisuthrus e No, que so substancialmente idnticos
ao grande Pai dos Thlinkithianos do Popul-Vuh, o livro sagrado dos guatemaltecos, que
tambm fala de sua fuga num grande barco, como o No Hindu - Vaivasvata.
Se acreditamos na tradio, devemos dar crdito histria posterior, segundo a qual as
alianas entre os descendentes dos hierofantes da ilha e os descendentes do No atlante
deram origem a uma raa mista de homens justos e perversos. Por um lado, o mundo tinha
seu Henoc, seu Moiss, seu Gautama Buddha, seus numerosos "Salvadores" e grandes
hierofantes; por outro, seus "mgicos por natureza", que, devido falta de freio do poder da
prpria sabedoria espiritual, e fragilidade das organizaes fsicas e mentais, perverteram
involuntariamente os seus propsitos perversos. Moiss no tinha uma palavra de censura
para os adeptos da profecia e de outros poderes que haviam sido instrudos nos colgios da
sabedoria esotrica, mencionados na Bblia. Suas denncias reservavam-se queles que
voluntariamente ou no degradavam os poderes herdados de seus ancestrais atlantes
colocando-os a servio de espritos maus para dano da Humanidade. Sua clera despertava
contra o esprito de Ob, no contra o de Od.
As runas que cobrem as duas amricas
As runas que cobrem as duas Amricas, e que se encontram em muitas ilhas das ndias
Ocidentais, so todas atribudas aos atlantes submersos. Assim como os hierofantes do
mundo antigo, o qual ao tempo da Atlntida, estava unido ao novo por terra, os mgicos da
nao atualmente submersa dispunham de uma rede de passagens subterrneas que corriam
em todas as direes a propsito dessas misteriosas catacumbas, relataremos uma curiosa
histria que no foi contada por um peruano h muito tempo falecido, durante uma viagem
que fazamos juntos pelo interior de seu pas. Deve haver alguma verdade nesse relato, pois
ele nos foi confirmado posteriormente por um cavalheiro italiano, que viu o lugar e que,
no fosse a falta de meios e de tempo, teria verificado ele mesmo a histria, ao menos em
parte. O informante italiano foi um velho sacerdote, que se inteirou do segredo durante a
confisso de um ndio peruano. Poderamos acrescentar, alm disso, que o sacerdote foi
compelido a fazer a revelao, j que estava nesse momento sob a influncia mesmrica do
viajante.
A histria concerne aos famosos tesouros do ltimo rei inca. O peruano afirmou que desde
o bem-conhecido e miservel assassinato deste rei por Pizarro, o segredo conhecido por
todos os ndios, exceto os mestios, que no so confiveis. Reza o seguinte: O inca fora
feito prisioneiro, e sua esposa ofereceu, para libert-lo, um quarto cheio de ouro, "do cho
ao teto, at onde o conquistador pudesse alcanar", antes do pr-do Sol do terceiro dia. Ela
manteve a promessa, mas Pizarro quebrou a sua palavra, de acordo com os aventureiros
espanhois. Maravilhado com a exibio de tais tesouros, o conquistador declarou que no
libertaria o prisioneiro, mas que o mataria, a menos que a rainha revelasse o lugar de onde
provinha o tesouro. Ele havia ouvido que os incas tinham em algum lugar uma mina
inexaurvel; uma estrada ou tnel subterrneo que corria por muitas milhas sob o solo, onde
eram mantidos os tesouros acumulados da nao a infeliz rainha solicitou um prazo, e foi
consultar os orculos. Durante o sacrifcio, o grande sacerdote mostrou-lhe no clebre
"espelho negro" o assassinato inevitvel do esposo, entregasse ela ou no os tesouros da
coroa a Pizarro. A rainha ordenou ento que se fechasse a entrada, que era uma abertura
cavada na muralha rochosa de um precipcio. Sob a direo do sacerdote e dos mgicos, o
precipcio foi ento preenchido at o topo com imensos blocos de rocha, e a superfcie
coberta de modo a ocultar o trabalho. O inca assassinado pelos espanhis e sua infortunada
rainha suicidou-se. A cupidez dos espanhis fracassou devido ao seu prprio excesso e o
segredo dos tesouros enterrados foi guardado no corao de uns poucos peruanos fiis.
As artes mgicas antigas e modernas so idnticas
Os "tempos antigos" so exatamente como os "tempos modernos"; nada mudou no que
concerne s prticas mgicas, exceto que eles se tornaram ainda mais esotricos e arcanos,
e a cautela dos adeptos cresce na proporo da curiosidade dos viajantes. Hiuen-Tsang diz
dos habitantes: "Os homens (...) amam o estudo, mas no o seguem com ardor. A cincia
das frmulas mgicas tornou-se para eles uma profisso regular". No contradiremos o
venervel peregrino chins a respeito desse ponto, e estamos propensos a admitir que, no
sculo VII, algumas pessoas fizeram "uma profisso" da Magia; tambm o fazem hoje
algumas pessoas, mas no certamente os verdadeiros adeptos. No seria Hiuen-Tsang, o pio
corajoso homem, que arriscou a vida uma centena de vezes para ter a ventura de olhar a
sombra de Buddha na caverna de Peshawer, que iria acusar os santos lamas e taumaturgos
monsticos de fazerem "uma profisso" mostrando-a aos viajantes. A injuno de Gautama,
contida em sua resposta ao rei Prasejajit, seu protetor, que o animou a fazer milagres, deve
ter sempre estado na mente de Hiuen-Tsang. "Grande Rei", disse Gautama, "eu no ensino
a lei dos meus discpulos dizendo-lhes 'Ide, e diante dos brmanes e dos notveis fazei, por
suas denominaes, tais como "senado", e "cnsul", etc.; e depois de admitir que Napoleo,
o Grande, conquistou trs quartos da Europa aplicando os princpios de guerra ensinados
por Csar e Alexandre, nosso sculo julga-se to superior ao seus preceptores no que
concerne Psicologia que capaz de enviar ao manicmio todos os que acreditam nas
"mesas girantes".
Seja ela qual for, a religio dos antigos a religio do futuro. Mais alguns sculos, e no
haver mais crenas sectrias em nenhuma das grandes religies da Humanidade.
Bramanismo e Budismo, Cristianismo e Maometismo desaparecero diante do poderoso
afluxo de fatos. "Derramarei meu esprito sobre toda a carne", escreve o profeta Joel (Joel
II,28). "Em verdade vos digo (...) fareis obras maiores do que estas", promete Jesus (Joo
XIV,12). Mas isso s ocorrer quando o mundo retornar grande religio do passado; o
conhecimento dos majestoso sistemas que precederam, em muito, o Bramanismo, e mesmo
o monotesmo primitivo dos antigos caldeus. At ento, devemos nos lembrar dos efeitos
diretos do mistrio revelado. Os nicos meios com a ajuda dos quais os sbios sacerdotes
da Antigidade podiam inculcar nos grosseiros sentidos das massas a idia da Onipotncia
da vontade Criadora ou da CAUSA PRIMEIRA; a saber, a animao divina da matria
inerte, a alma nela infundida pela vontade potencial do homem, imagem microcsmica do
grande Arquiteto, e o transporte de objetos pesados atravs do espao e dos obstculos
materiais.
Uma cincia de nome Theopoe
Sabemos que desde os tempos mais remotos existiu uma cincia misteriosa e solene, sob o
nome de Theopoea. Esta cincia ensinava a arte de conceder aos vrios smbolos dos deuses
vida e inteligncia temporrias. Esttuas e blocos de matria inerte tornavam-se animados
sob a vontade poderosa do Hierofante. O fogo roubado por Prometeu caiu durante a batalha
na Terra; durante a luta para abarcar regies inferiores do firmamento e condensar-se nas
ondas do ter csmico como o kasa poderoso dos ritos hindus. Ns o respiramos e o
absorvemos em nosso sistema orgnico repleto dele desde o instante de nosso nascimento.
Mas ele s se forma poderoso sob o influxo da VONTADE e do ESPRITO.
Abandonado a si mesmo, este princpio de vida seguir as leis da Natureza; e, de acordo
com as circunstancias, produzir sade e exuberncia de vida, ou causar morte e
dissoluo. Mas, guiado pela vontade do adepto, ele se torna obediente; suas correntes
restauram o equilbrio dos corpos orgnicos, preenchem o vazio, e produzem milagres
fsicos e psicolgicos, bem-conhecidos pelos mesmerizadores. Infundidos na matria
inorgnica e inerte, elas criam um aparncia de vida, e portanto de movimento. Se faltar a
essa vida uma inteligncia individual, uma personalidade, ento o operador deve enviar sua
scn-lc (Scn-lc um termo anglo-saxo que significa Magia, necromancia e feitiaria,
bem como apario mgica, uma forma espetral, uma apario ilusria ou um fantasma
(phantasma). Sn-leca um mgico ou feiticeiro, e scn-lece, uma feiticeira. A arte pela
qual se produzem aparies ilusrias era conhecida como scn-craeft. N. do Org.), seu
prprio esprito astral, para anim-la, ou utilizar o seu poder sobre a regio do esprito da
natureza para forar um deles a infundir sua entidade no mrmore, na madeira, ou no metal;
ou, ainda, ser auxiliado pelos espritos humanos. Mas este - exceto a classe dos viciosos e
apegados terra - no infundiro sua essncia nos objetos inanimados. Deixam as espcies
inferiores produzirem o simulacro de vida e animao, e apenas enviam sua influncia
atravs das esferas intermedirias, como um raio de luz divina, quando o pretenso "milagre
requerido para um bom propsito. A condio - e isso uma lei da natureza espiritual - a
pureza de inteno, a pureza da atmosfera magntica ambiente, e a pureza pessoal do
operador. assim como um "milagre" pago pode ser muito mais santo do que um milagre
cristo.
Quem, dentre os que viram a atuao dos faquires na ndia meridional, pode duvidar da
existncia da Theopoea nos tempos antigos? Um cptico inveterado, ainda que ansioso para
atribuir todos os fenmenos prestidigitao, v-se obrigado a comprovar os fatos; e tais
fatos podem ser testemunhados diariamente, se assim se desejar. "Eu no uso", diz ele,
falando de Chibh-Chondor, um faquir de Jaffnapatnam, "descrever todos os exerccios que
ele apresentou. So coisas que ningum ousa dizer mesmo depois de hav-las
testemunhado, de medo que o acusem de ter sofrido uma inexplicvel alucinao! E no
entanto por dez, ou melhor, por vinte vezes, eu vi e revi o faquir obter resultados
semelhantes sobre a matria inerte. (...) Era apenas um brinquedo infantil para o nosso
`encantamento' fazer a chama dos candelabros, que haviam sido colocados, por sua ordem,
nos cantos mais remotos do aposento, empalidecerem e extinguirem-se sua vontade; fazer
moveis caminharem, mesmo os sofs nos quais estvamos sentados, as portas se abrirem e
fecharem repetidamente: e tudo isso sem deixar a esteira na qual estava sentado.
"Altera ele o curso natural dessas leis? `No, mas ele as faz agir utilizando foras que ainda
nos so desconhecidas', dizem os crentes. Como quer que seja, assisti por vinte vezes a
exibies similares, acompanhado dos homens mais distintos da ndia britnica professores, mdicos, oficiais. No h um deles que no tenha assim resumido as suas
impresses ao deixar a sala: `Eis algo verdadeiramente terrvel para a inteligncia humana!'
Todas as vezes que vi o faquir repetindo a experincia de reduzir as serpentes a um estado
catalptico, estado em que esses animais tm toda a rigidez de um ramo seco, meus
pensamentos reportaram-se fbula [?] bblica que atribui um poder anlogo a Moiss e
aos sacerdotes do Fara."
De fato, deve ser to fcil dotar a carne do homem, do animal e do pssaro com um
princpio de vida magntico quanto a mesa inerte de um mdium moderno. Os dois
prodgios so possveis e verdadeiros, ou devem soobrar, juntamente com os milagres dos
dias dos Apstolos, ou os dos tempos mais modernos da Igreja Papal. Se Sisto V
mencionou uma srie formidvel de espritos vinculados a vrios talism, a sua ameaa de
excomungar todos os que praticavam a arte no foi feita porque ele desejava que esse
segredo permanecesse confinado no seio da Igreja? O que aconteceria se esses milagres
"divinos" fossem estudados e reproduzidos com sucesso por todos os homens dotados de
perseverana, de um forte poder magntico positivo e de uma resoluta vontade? Os recentes
acontecimentos de Lourdes (supondo-se, naturalmente, que tenham sido honestamente
relatados) provam que o segredo no se perdeu por completo; e se no h nenhum
mesmerizador mgico escondido sob a batina e a sobrepeliz, ento a esttua de Notre-Dame
movimenta-se pelas mesmas foras que movem as mesas magnetizadas numa sesso
esprita; e a natureza dessas "inteligncias", pertencem elas classe dos espritos humanos,
elementares ou dos elementais, depende de uma srie de confisses. Todo aquele que
conhece um pouco do Mesmerismo e do esprito caritativo da Igreja Catlica Romana, no
teria dificuldade em compreender que as incessantes maldies dos sacerdotes e dos
monges; e os amargos antemas to prodigamente lanados por Pio IX - ele prprio um
poderoso mesmerizador e, ao que se acredita, um jetattore (mau-olhado) - colocaram as
legies de elementares e elementais sob o comando dos Torquemadas desencarnados. So
eles os "anjos" que pregam peas com a esttua da Rainha do Cu. Todo aquele que aceita o
"milagre" e pensa de outro modo comete blasfmia.
Anlise das artes e cincias nas filosofias: egpcia, grega, caldia e assria
Assinalamos as descobertas nas artes, nas cincias, e na filosofia dos egpcios, dos gregos,
dos caldeus e dos assrios; citaremos agora um autor que passou vrios anos na ndia
estudando a sua filosofia. Na clebre e recente obra Cristna et le Christ, descobriremos a
seguinte tabulao:
Filosofia - Os antigos hindus criaram, desde o princpio, os dois sistemas de Espiritismo e
materialismo, de Filosofia Metafsica e de Filosofia Positiva. A primeira ensinada na escola
vdica, cujo fundador foi Vysa; a segunda ensinada na escola sanky, cujo fundador foi
Kapila.
"Cincia astronmica" - Eles fixaram o calendrio, inventaram o zodaco, calcularam a
precesso dos equincios, descobriram as leis gerais dos movimentos. Observaram e
predisseram os eclipses.
"Matemtica" - Inventaram o sistema decimal, a lgebra, os clculos diferencial, integral e
infinitesimal. Descobriram tambm a Geometria e a Trigonometria, e nessas duas cincias
construram e provaram teoremas que s foram descobertas na Europa nos sculos XVII e
XVIII. Foram os brmanes de fato que deduziram pela primeira vez a rea de superfcie de
um tringulo a partir do clculo de seus trs lados, e calcularam a relao da circunferncia
com o dimetro. Alm disso, devemos restituir-lhes o quadrado da hipotenusa e a tbua
impropriamente denominada pitagrica, que descobrimos gravada no goparamad'gua da
maior parte dos grandes pagodes.
"Fsica - Estabeleceram o princpio, ainda em vigor em nossos dias, de que o universo um
todo harmonioso, sujeito a leis que podem ser determinadas pela observao e pela
experincia. Descobriram a hidrosttica; e a famosa proposio de que todo o corpo
submerso na gua perde o seu prprio peso um peso igual ao volume d'gua que desloca
apenas um emprstimo feito pelos brmanes ao famoso arquiteto grego Arquimedes. Os
fsicos de seus pagodes calcularam a velocidade da luz, fixaram de maneira positiva as leis
a que ela obedece em sua reflexo. E finalmente fora de dvida, segundo os clculos de
Srya-Siddharta, que eles conheciam e calcularam a fora do vapor.
"Qumica - Conheciam a composio da gua, e formularam para os gases a famosa lei, que
s viemos a conhecer ontem, segundo a qual os volumes de gs esto na razo inversa da
presso que suportam. Sabiam como preparar os cidos sulfrico, ntrico e muritico; os
xidos de cobre, ferro, chumbo, estanho e zinco; os sulfuretos de zinco e ferro; os
carboretos de ferro, chumbo, e soda; o nitrato de prata; e a plvora.
"Medicina - Seus conhecimentos eram verdadeiramente surpreendentes. Em Caraka e
Sushruta, os dois prncipes da Medicina hindu, encontra-se o sistema de que mais tarde
Hipcrates se apropriou. Sushruta ensinou em especial os princpios da Medicina
preventiva, ou higiene, que coloca bem acima da Medicina curativa - no mais das vezes,
segundo ele, emprica. Estamos hoje mais avanados? No ocioso assinalar que os
mdicos rabes, que gozaram de uma merecida celebridade na Idade Mdia - Averris,
entre outros -, falam constantemente dos mdicos hindus, considerando-os como mestres
dos gregos e de si prprios.
"Farmacologia - Conheciam todos os smplices, suas propriedades, seus usos, e a esse
respeito ainda no cessaram de dar lies Europa. Muito recentemente, receberam deles o
tratamento da asma, pelo estramnio.
"Cirurgia - Nesse ramo no foram menos notveis. Faziam a operao dos clculos e
lograram notvel sucesso na operao da catarata, e na extrao do feto, de que todos os
casos incomuns e perigosos so descritos por Caraka com uma extraordinria exatido
cientfica.
Captulo V
O ter ou "luz astral"
Definio de TER - (conforme o livro Glossrio Teosfico)
ter ou Ether
Os estudantes so muito propensos a confundir o ter com o Akza e com a Luz Astral. O ter
um agente material, embora nenhum aparelho fsico o tenha, at agora, descoberto, o Aksa um
agente distintamente espiritual, idntico em certo sentido a Anima Mundi, e a Luz Astral apenas
o stimo e mais elevado princpio da atmosfera terrestre, to impossvel de descobrir como o
Aksa Csmica e o verdadeiro ter, por ser algo que se encontra completamente em outro plano.
O stimo princpio da atmosfera terrestre, ou seja a Luz Astral, apenas o segundo da escala
csmica. A Escala de Foras, Princpios, e Planos csmicos, de Emanaes (no plano metafsico)
e Evolues (no fsico), a Serpente Csmica que morde sua prpria cauda, a Serpente que
reflete a Serpente superior e que refletida, por sua vez, pela inferior. O Caduceu explica este
mistrio e o qudruplo dodecaedro sobre cujo modelo, diz Plato, o Universo foi construdo pelo
Logos manifestado - sintetizado pelo Primeiro-Nascido no-manifestado -, d geometricamente, a
chave da Cosmogonia e seu reflexo microcsmico, ou seja, a nossa Terra. [O ter, verdadeiro
Proteu hipottico, uma das "fices representativas" da cincia moderna, um dos princpios
inferiores do que chamamos "Substncia Primordial" (Akza em snscrito), um dos sonhos da
Antiguidade e que agora tornou a ser o sonho da cincia de nossos dias. Segundo o Dicionrio de
Webster, o ter " um meio hipottico de grande elasticidade e extrema sutileza, que se supe
preencha todo o espao, sem executar o interior dos corpos slidos, e seja o meio de transmisso
da luz e do calor". Para os ocultistas, contudo, tanto o ter como a Substncia Primordial no so
coisas hipotticas, mas verdadeiras realidades. Acredita-se geralmente que o Akza, da mesma
forma que a Luz Astral dos cabalistas, so o ter, confundindo-se este com o ter hipottico da
cincia. Grave erro. O Akza a sntese do ter, o ter Superior. O ter o "revestimento" ou
um dos aspectos do Akza; sua forma ou seu corpo mais grosseiro; ocupa toda a vacuidade do
Espao (ou melhor, todo o contedo do Espao) e sua propriedade o som (a Palavra). o quinto
dos sete Princpios ou Elementos csmicos, que por sua vez tem sete estados, aspectos ou
princpios. Este elemento semimaterial ser visvel no ar no final da quarta Ronda e se manifestar
plenamente na quinta. E ter, como o Akza, tem por origem o Elemento nico. O ter dos fsicos,
o ter inferior, apenas uma de suas subdivises em nosso plano, a Luz Astral dos cabalistas,
com todos os seus efeitos, tanto bons quanto maus. O ter positivo, fenomenal, sempre ativo,
uma fora-substncia , enquanto o onipresente e onipenetrante ther o nmero do primeiro, ou
seja o Akza. (Glossrio Teosfico).
A fora primordial e suas correlaes
Tem havido uma infinita confuso de nomes para expressar uma nica e mesma coisa.
O caos dos antigos; o sagrado fogo zoroastrino, ou o tas-Behrm dos prsis o fogo de Hermes; o
fogo de Elmes dos antigos alemes; o relmpago de Cibele; a tocha ardente de Apolo; a chama
sobre o altar de Pan; o fogo inextinguvel do tempo de Acrpolis, e do de Vesta; a chama gnea do
elmo de Pluto; as chispas brilhantes sobre os capacetes dos Discuros, sobre a cabea de
Grgona, o elmo de Palas, e o caduceu de Mercrio; o Ptah egpcio, ou R; o Zeus Kataibates (o
que desce); as lnguas de fogo pentecostais; a sara ardente de Moiss; a coluna de fogo do
xodo, e a "lmpada ardente" de Abro; o fogo eterno do "poo sem fundo"; os vapores do orculo
de Delfos; a luz sideral dos Rosa-cruzes; o KSA dos adeptos hindus; a luz astral de liphas
Lvi; a aura nervosa e o fludo dos magnetizadores; o od de Reichenbach; o globo gneo, ou o gato
meteoro de Babinet; o Psicode e a fora ectnica de Thuri; a fora psquica de Sergeant E.W. Cox
e do Sr. Crookes; o magnetismo atmosfrico de alguns naturalistas; galvanismo; e, finalmente,
Comeamos a ter diariamente provas de que esta potncias sustentam os mistrios tergicos e,
portanto, poderiam talvez explicar as faculdades ocultas que os antigos e os modernos teurgistas
possuam como um de seus mais extraordinrios efeitos. Tais foram os dons transmitidos por
Jesus a alguns de seus discpulos. No momento de suas curas miraculosas, o Nazareno sentia que
um poder saa de si. Scrates, em seu dilogo com Theages, falando-lhe de seu deus familiar
(demnio), e de seu poder de comunicar a sua (de Scrates) sabedoria aos discpulos ou de
impedi-lo de reparti-la com as pessoas com quem se associava, aduz a seguinte passagem em
corroborao s suas palavras: "Eu te contarei, Scrates", diz Aristides, "uma coisa incrvel, mas,
pelos deuses, uma verdade. Beneficiei-me quando me associei a ti, mesmo se eu apenas estava
na mesma casa, embora no na mesma sala; porm mais ainda, quando eu estava na mesma sala
(...) e muito mais quando eu te olhava (...). Mas eu me beneficiei muito mais quando eu me sentava
prximo de ti e te tocava".
Tal o Magnetismo e o Mesmerismo moderno de Du Potet e outros mestres, que, quando
submetem uma pessoa sua influncia fludica, podem comunicar-lhe todos os seus
pensamentos, ainda que distncia, e com um poder irresistvel forar seus pacientes a
obedecerem suas ordens mentais. Mas como essa fora psquica era mais bem conhecida entre os
antigos filsofos! Podemos vislumbrar alguma informao sobre esse assunto desde as mais
antigas fontes. Pitgoras ensinava a seus discpulos que Deus a mente Universal difundida
atravs de todas as coisas, e que esta mente, apenas pela virtude de sua identidade universal,
poderia comunicar-se de um objeto a outro e criar as coisas apenas pela fora de vontade do
homem. Para os antigos gregos, Kurios era a Mente de Deus (Nous). "Ora, Koros [Kurios] significa
a natureza pura e imaculada do intelecto - a sabedoria", diz Plato. Kurios Mercrio, a Sabedoria
Divina, e "Mercrio o Sol", do qual Thor-Hermes recebeu esta sabedoria divina, a qual, por sua
vez, ele comunicou ao mundo em seus livros. Hrcules tambm o Sol - o celeiro celestial do
magnetismo universal: ou antes, Hrcules a luz magntica que, tendo feito seu caminho atravs
do "olho aberto do cu", penetra as regies do nosso planeta e assim se torna o Criador. Hrcules
executa os doze trabalhos, valente Tit! Chamam-no "Pai de Tudo" e "autonascido" (autophus).
Hrcules, o Sol, morto pelo Demnio. Tfon como Osris, que o pai e o irmo de Hrus, e ao
mesmo tempo idntico a ele; e no devemos esquecer que o im chamava-se o "osso de Hrus",
e o ferro, o "osso de Tfon". Chamam-no "Hrcules Invictus apenas quando ele desce ao Hades (o
jardim subterrneo), e, colhendo as "mas douradas" da "rvore da vida", mata o drago. O poder
titnico bruto, o "revestimento" de todo deus solar, opes a fora da matria cega ao esprito divino,
que tenta harmonizar todas as coisas da Natureza.
O sol oculto
Todos os deuses solares, com seu smbolo, o Sol Visvel, so os criadores da natureza fsica,
apenas. A espiritual obra do Deus Superior - o SOL Oculto, Central e Espiritual, e de seu
Demiurgo - a Mente Divina de Plato, e a Sabedoria Divina de Hermes Trimegistro - a sabedoria
emanada de Olam ou Cronos.
"Aps a distribuio do fogo puro, nos mistrios samotrcios, uma nova vida comeava". Era esse
o "novo nascimento" a que alude Jesus em seu dilogo noturno com Nicodemos. "Iniciados nos
mais sagrados de todos os mistrios, purificando-nos (...) tornamo-nos justo e santos com
sabedoria." "Soprou sobre eles e lhes disse: 'Recebi o Santo Pneuma' (Alento; vento; ar, alma,
esprito; voz; a sntese dos sete sentidos.) E este simples ato de fora de vontade era suficiente
para comunicar o dom da profecia em sua forma mais nobre e mais perfeita se o instrutor e o
iniciado fossem dignos dele. Ridicularizar este dom, mesmo em seu atual aspeto, "como a
oferenda corrupta e os restos prolongados de uma antiga poca de superstio, e apressadamente
conden-lo como indigno de uma sbria investigao, seria to errado quanto poucos filosfico",
assinala o Rev. J.B. Gross. "Remover o vu que oculta nossa viso do futuro, sempre se tentou em
todas as idades do mundo; e da a propenso para investigar os arcanos do tempo, considerada
como uma faculdades da mente humana, vir recomendada at ns sob a sano de Deus. (...)
Zunglio, o reformado suo, atribua compreenso de sua f na providncia de um Ser Supremo
doutrina cosmopolita de que o Esprito Santo no foi inteiramente excludo da parte mais digna do
mundo pago. Admitindo que isso seja verdade, no podemos conceber facilmente uma razo
vlida para que um pago, uma vez favorecido, no fosse capaz da verdadeira profecia."
A substncia primordial que tudo contm
Pois bem, o que essa substncia mstica, primordial? No livro Gnese, no comeo do primeiro
captulo, ela designada como a "face das guas", sobre a qual, se fiz, flutuava o "Esprito de
Deus". J menciona, no cap. XXVI, 5, que "a alma dos mortos tremem debaixo das guas com
seus habitantes". No texto original, em lugar de "almas mortas", est escrito Rephaim (gigantes, ou
homens primitivos poderosos) mortos, de cuja "Evoluo" se poder um dia traar a nossa
presente raa. Na mitologia egpcia, Kneph, o Deus Eterno no-relado, representado por um
emblema serpentino da eternidade que circunda uma urna aqutica, com sua cabea que plana
sobre as guas, que ele incuba com o seu hbito. Neste caso, a serpente o Agathodaemn, o
esprito bom; em seu carter oposto Kakodaimn - o esprito mau. No Eddas escandinavo, o
man - o alimento dos deuses e das ativas e criativas Yggdrasill (abelhas) - corre durante as horas
da noite, quando a atmosfera est impregnada de umidade; e nas mitologias do Norte, como o
princpio passivo da criao, ela simboliza a criao do universo a partir da gua; este man a luz
astral em uma de suas combinaes e possui propriedades tanto criativas como destrutivas. Na
lenda caldaica de Berosus, Oannes ou Dagon, o homem-peixe, ao instruir o povo, mostra o mundo
incipiente criado das guas e todos os seres que se originaram dessa prima matria. Moiss
ensina que apenas a terra e a gua podem produzir uma alma viva; e lemos nas Escrituras que as
ervas no podiam crescer antes que o Eterno fizesse chover sobre a Terra. No Popol-Vuh quchua,
o homem criado do mud, argila (terra glaise), retirado de sob as guas. Brahm cria Lomasa, o
grande muni (ou primeiro homem), sentado sobre ltus, apenas depois de ter chamado vida os
espritos, que esto gozando entre os mortais de uma prioridade de existncia, e ele o cria da
gua, do ar e da terra. Os alquimistas afirmam que a Terra primordial ou pr-admica, quando
reduzida sua substncia primeira, em seu segundo estgio de transformao como a gua
lmpida, sendo o primeiro degrau o alkahest propriamente dito. Afirma-se que esta substncia
primordial contm em si a essncia de tudo o que contribui para a formao do homem; ela tem
no apenas todos os elementos de seu ser fsico, mas tambm o prprio "sopro de vida" num
estado latente, pronto para ser despertado. Isto ela recebe da "incubao" do Esprito de Deus
sobre a face das guas - o caos; de fato, esta substncia o prprio caos. Paracelso afirmou ser
capaz de com ela criar os seus homunculi; e eis por que Tales, o grande filsofo natural,
sustentava que a gua era o princpio de todas as coisas da Natureza. O que esse caos
primordial seno o ter. O moderno ter; no tal como conhecido por nossos cientistas, mas tal
como era conhecido pelos antigos filsofos, muito tempo antes de Moiss; ter, como todas as
suas propriedades misteriosas e ocultas, que contm em si os germes da criao universal; ter, a
virgem celeste, a me espiritual de toda forma e ser existentes, de cujo seio, assim que so
"incubadas" pelo Esprito Divino, nascem a matria e a vida, a fora e a ao. Eletricidade,
magnetismo, calor, luz e ao qumica so to pouco conhecidos, mesmo agora que fatos recentes
esto constantemente alargando o crculo de nosso conhecimento! Quem sabe onde termina o
poder desse gigante protico - ter; ou onde est a sua misteriosa origem? Quem, queremos
saber, nega o esprito que age nele e dele extrai todas as formas visveis?
uma tarefa fcil mostrar que as lendas cosmognicas espalhadas por todo o mundo baseiam-se
nos conhecimentos que os antigos possuam a respeito das cincias que hoje se aliaram para
apoiar a doutrina da evoluo; e que pesquisas posteriores podero demonstrar que eles estavam
mais familiarizados com o fato da prpria evoluo, nos seus dois aspectos, fsico e espiritual, do
que ns hoje. Para os filsofos antigos, a evoluo era um teorema universal, uma doutrina que
abrangia o todo, e um princpio estabelecido; enquanto os nossos modernos evolucionistas so
capazes de apresentar apenas teorias especulativas; teoremas particulares, seno totalmente
negativos.
A uniformidade da alegoria da gua e do esprito
Um fato, pelo menos, est provado: no existe um nico fragmento cosmognico, pertena
nao que for, que no sustente por sua alegoria universal da gua e do esprito que plana sobre
ela, do mesmo modo que os nossos fsicos modernos que o universo se originou do nada; pois
todas as suas lendas comeam com aquele perodo em que os vapores nascentes e a obscuridade
cimeriana planavam sobre a massa fluida preste a comear a sua jornada de atividade ao primeiro
sopor DELE, que o PRINCPIO NO REVELADO. Elas O sentem, se no O vem. Suas
intuies espirituais ainda estavam to obscurecidas por sutis sofismas dos sculos precedentes
como o est o nosso prprio agora. Se elas falavam menos da poca siluriana que se desenvolveu
lentamente no mamaliano, e se o tempo cenozico foi lembrado apenas pelas vrias alegorias do
homem primitivo - o Ado de nossa raa -, isso apenas uma prova negativa de que esses
"sbios" e mestres no conheciam to bem quanto ns esses perodos sucessivos. Nos dias de
Demcrito e Aristteles o ciclo j tinha comeado a entrar em seu caminho descendente de
progresso. E se esses dois filsofos pudessem discutir to bem a teoria atmica e remontar o
tomo ao ponto material ou fsico, seus ancestrais devem ter ido mais longe.
No apenas dos livros mosaicos que pretendemos retirar as provas para os nossos argumentos
ulteriores. Os antigos judeus tiraram todo o seu conhecimento - tanto religiosos quanto profano das naes com as quais se tinham mesclado nos perodos mais remotos. Mesmo a mais antiga
de todas as cincias, a sua "doutrina secreta" cabalstica, pode ser acompanhada em todos os
detalhes at a sua fonte primeira, a ndia Superior, ou o Turquesto, muito antes da poca da
separao distinta entre as naes arianas e semitas. O rei Salomo, to celebrado pela
posteridade, como diz Josefo, o historiador, por suas habilidades mgicas, recolheu o seu
conhecimento secreto da ndia, atravs de Hiro, o rei de Ofir, e talvez de Sab. Seu anel,
conhecido comumente como o "selo de Salomo", to celebrado pelo poder de sua influncia
sobre as vrias espcies de gnios e demnios, igualmente de origem hindu. Escrevendo sobre
as pretensas e abominveis habilidades dos "adoradores de demnios" de Travancore, o Rev.
Samuel Mateer, da Sociedade das Misses de Londres, afirma, ao mesmo tempo, estar de posse
de um antiqussimo volume manuscrito de encantamentos mgicos e de sortilgios em lngua
malaylam, que d instrues para realizar uma grande variedade de fenmenos. Ele acrescenta,
naturalmente, que "muitos deles so terrveis em sua malignidade e obscuridade", e d em sua
obra o fac-smile de alguns amuletos que trazem figuras e desenhos mgicos. Encontramos entre
eles um com a seguinte legenda: "Para remover o tremor resultante da possesso demonaca desenhe esta figura sobre uma planta que tem seiva leitosa, e atravesse um prego nela; o tremor
cessar". A figura o prprio selo de Salomo, ou o duplo tringulo dos cabalistas.
Consideraes sobre a vontade
liphas Lvi, o mago moderno, descreve a luz astral na seguinte frase: "Dissemos que para
adquirir o poder mgico duas coisas so necessrias: libertar a vontade de toda servido, e
prtica-la sob controle".
"A vontade soberana representada em nossos smbolos pela mulher que esmaga a cabea da
serpente, e pelo anjo resplandecente que domina o drago, e o mantm sob os seus ps e sob a
lana; o grande agente mgico, a corrente dual de luz, o fogo vivo e astral da Terra, foi
representado nas teogonias antigas pela serpente com a cabea de um touro, de um carneiro ou
de um co. a serpente dupla do caduceu, a antiga serpente do Gnese, mas tambm a
serpente bronzeada de Moiss enrolada em torno do tau, vale dizer, do lingam gerador. tambm
o bode do sab das feiticeiras, e o Baphomet dos Templrios; o Hyl dos Gnsticos; a cauda
dupla da serpente que forma as pernas do galo solar de Abraxas; finalmente, o Demnio de
Eudes de Mirville. Mas na verdade a fora cega que as almas devem vencer para libertar a si
mesma dos limites da Terra, pois se a sua vontade no as liberta "de sua fatal atrao, elas sero
absolvidas na corrente pela fora que as produziu, e retornaro ao fogo central e eterno."
Esta figura de linguagem cabalista, no obstante a sua estranha fraseologia, precisamente a
mesma que Jesus utilizava; e em sua mente ela no poderia ter outro significado que no aquele
atribudo pelo gnsticos e pelos cabalistas. Mais tarde os telogos cristo interpletaram-nas de
modo diferente, e para eles ela se tornou a doutrina do inferno. Literalmente, contudo, ela significa
simplesmente o que diz - a luz astral, ou o gerador e o destruidor de todas as formas.
"Todas as operaes mgicas", prossegue Lvi, "consistem em libertar-se dos laos da antiga
serpente; portanto, em colocar o p sobre sua cabea e conduzi-la de acordo com a vontade do
operador. 'Eu te direi', diz a serpente, no mito evanglico, 'todo os reinos da Terra, se te
prosternares e me adorares.' O iniciado deveria replicar-lhe: 'Eu no me prosternarei, mas tu cairs
aos meus ps; tu nada me dars, mas eu te usarei e obterei tudo que desejar. Pois eu sou o
Senhor e Mestre!'. Este o sentido verdadeiro da resposta ambgua dada por Jesus ao tentador.
(...) Portanto, o Demnio no uma entidade. uma fora errante, como o prprio nome indica.
Uma corrente dica ou magntica formada por uma cadeia (um crculo) de desejos perniciosos,
criadora deste esprito demonaco que o Evangelho chama de legio, e que fora uma horda de
porcos a se jogar no mar - outra alegoria evanglica mostrando como as naturezas baixas podem
ser conduzidas temerariamente pelas foras cegas postas em movimento pelo erro e pelo pecado."
Experincias dos faquires
Em sua extensa obra sobre as manifestaes msticas da natureza humana, o naturalista e filsofo
Maximilian Pertv dedicou todo um captulo s Formas modernas de magia. "As manifestaes da
vida mgica", diz ele no Prefcio, " repousam em parte numa ordem de coisas diferente da
natureza com a qual estamos familiarizados, com tempo, espao e causalidade; esta
manifestaes s escassamente so experimentadas; elas podem ser evocadas a nosso convite,
mas devem ser observadas e cuidadosamente seguidas sempre que ocorrem em nossa presena;
podemos apenas agrup-la analogicamente sob certas divises, e deduzi-las dos princpios e leis
gerais." Portanto, para o Prof. Perty, que pertence evidentemente escola de Schopenhauer, a
possibilidade e a naturalidade dos fenmenos que tiveram lugar na presena de Govinda Svmin,
o faquir, e que foram descritos por Louis Jacolliot, o orientalista, so totalmente demonstrados de
acordo com esse princpio. O faquir era um homem que, atravs da completa sujeio da matria
de seu sistema corporal, atingia o estado de purificao no qual o esprito se torna quase
inteiramente livre de sua priso, e pode produzir maravilhas. Sua vontade, no, um simples desejo
seu torna-se uma fora criadora, e ele pode comandar os elementos e os poderes da Natureza.
Seu corpo no mais um entrave; por isso ele pode conversar "esprito a esprito, sopro a sopro".
Sob suas palmas estendidas, uma semente, desconhecida para ele (pois Jacolliot a recolheu ao
acaso, entre uma variedades de sementes, de um saco, e a plantou ele prprio, depois marc-la,
num vaso de flores), germinar instantaneamente, e abrir seu caminho atravs do solo.
Desenvolvendo em menos de duas horas um tamanho e um peso que, talvez, sob circunstncias
comuns, requereriam vrios dias ou semanas, ela cresce miraculosamente sob os prprios olhos
do experimentador perplexo, e confundindo todas as frmulas aceita da Botnica. Trata-se de um
milagre? De modo algum; pode s-lo, talvez, se tornarmos a definio de Webster, segundo a qual
o milagre "todo evento contrrio constituio estabelecida e ao curso das coisas - um desvio
das leis conhecidas da Natureza". Mas estaro os nossos naturalistas preparados para defender a
afirmao de que o que eles estabeleceram uma vez pela observao infalvel? Ou que todas as
leis da Natureza lhes so conhecidas? Neste caso, o "milagre" de uma ordem um pouco mais
elevada que as atuais experincias bem conhecidas do Gen. Pleasontom, da Filadlfia. Enquanto a
vegetao e os frutos de suas vinhas foram estimulados a uma incrvel atividade pela luz violeta, o
fludo magntico que emanava das mos do faquir efetuava mudanas mais intensas e rpidas na
funo vital das plantas indianas. Ele atraiu e concentrou o kasa, ou princpio vital, no germe. Seu
magnetismo, obedecendo sua vontade, dirigiu o kasa numa corrente concentrada atravs da
planta em direo s suas mos, e, mantendo um fluxo ininterrupto pelo espao de tempo
necessrio, o princpio vital da planta construiu clula aps clula, camada aps camada, com
extraordinria atividade, at que a obra se completasse. O princpio vital apenas uma fora cega
que obedece a uma influncia controladora. No curso ordinrio da Natureza, o protoplasma da
planta a teria concentrado e dirigido numa certa velocidade estabelecida. Esta velocidade poderia
ter sido controlada pelas condies atmosfricas predominantes, sendo o seu crescimento rpido
ou lento, e, na haste e na ponta, na proporo do grau de luz, calor e umidade da estao. Mas o
faquir, vindo em auxlio da Natureza com sua vontade poderosa e o esprito purificado do contato
com a matria, condensada, por assim dizer, a essncia da vida da planta em seus germes, e
fora-a a amadurecer antes do tempo. Ao ser totalmente submetida sua vontade, esta fora cega
obedece-a servilmente. Se ele escolhe imaginar a planta como um monstro, ela seguramente se
tornara um, como cresceria ordinariamente em sua forma natural, pois a imagem concreta escrava do modelo subjetivo desenhado na imaginao do faquir - forada a seguir o original em
seus mnimos detalhes, como a mo e o pincel do pintor seguem a imagem que copiam de sua
mente. A vontade do faquir mgico forma uma invisvel mas, para ele perfeitamente objetiva matriz,
na qual a matria vegetal forada a se depositar e a assumir a forma fixada. A vontade cria, pois
a vontade em movimento fora, e a fora produz matria.
Se algumas pessoas objetarem explicao alegando que o faquir no poderia, de modo algum,
criar o modelo em sua imaginao, uma vez que Jacolliot no o informou sobre a espcie de
semente que havia selecionado para a experincia, a elas respondemos que o esprito do homem
como o do seu Criador - onisciente em sua essncia. Enquanto em seu estado natural o faquir
no conhecia e no poderia conhecer se era a semente de um melo ou de qualquer outra planta,
uma vez em transe, consequentemente, morto corporalmente a toda percepo exterior, o esprito,
para o qual no existem distncia, obstculos materiais, nem espao ou tempo, no experimentou
dificuldade alguma para perceber a semente de melo, estivesse ela profundamente enterrada na
terra do vaso ou refletida na mente de Jacolliot. Nossas vises, pressgios e outros fenmenos
psicolgicos, todos os quais existem na Natureza, corroboram o fato acima mencionado.
Faramos bem talvez em responder agora a uma outra objeo pendente. Os prestidigitadores
indianos, dir-nos-o, fazem o mesmo, e to bem quanto o faquir, se podemos acrescentar nos
jornais e nas narrativas dos viajantes. Sem dvida; no entanto, esses prestidigitadores ambulantes
no so nem puros em seus modos de vida nem considerados santos por ningum; nem pelos
estrangeiros nem pelo seu prprio povo, pois so feiticeiros; homens que praticam a arte negra.
Enquanto um homem santo como Govinda Svmin requer apenas a ajuda de sua prpria alma
divina, estritamente unida ao esprito astral, e a ajuda de alguns poucos pitris familiares - seres
puros, etreos, que se agrupam em trono de seu irmo eleito em carne -, o feiticeiro s pode
invocar para a sua ajuda aquela espcie de espritos que conhecemos como elementais. Os
semelhantes se atraem; e a ambio por dinheiro, propsitos impuros e desgnios egostas no
podem atrair outros espritos seno os espritos que os cabalistas judeus conhecem com klippoth,
habitantes de Asiah, o quarto mundo, e os mgicos orientais como afrits, ou espritos elementais
do erro, ou davas (Ou Devas, Demnio ou mau gnio dotado de grande poder).
O que a vontade?
O que a VONTADE? A "cincia exata" pode diz-lo? Qual a natureza desse algo inteligente,
intangvel e poderoso que reina soberanamente sobre toda matria inerte? A grande Idia
Universal desejou, e o Cosmo veio existncia. Eu quero, e meus membros obedecem. Eu quero,
e meu pensamento, ao atravessar o espao, que no existe para ele, abarca o corpo de um outro
indivduo que no uma parte de mim, penetra por seus poros, e substituindo suas prprias
faculdades, se so mais fracas, fora-o a uma ao predeterminada. Age como o fludo de uma
bateria galvnica sobre os membros de um cadver. Os misteriosos efeitos de atrao e repulso
so os agentes inconscientes dessa vontade; a fascinao, tal como a que vemos exercida por
alguns animais, tal qual as serpentes sobre pssaros, uma ao consciente dela, e o resultado
do pensamento. Cera, vidro, mbar, quando esfregado, e, quando o calor latente que existe em
toda substncia despertado, atraem corpos luminosos; eles exercem inconscientemente a
vontade pois a matria inorgnica, assim como a orgnica, possui uma partcula da essncia
divina em si, por mais infinitesimalmente pequena que seja. E como poderia s-lo de outro modo?
Ainda que no curso de sua evoluo tenha passado do princpio ao fim por milhes de formas
diversas, ela deve sempre reter o germe inicial da matria preexistente, que a primeira
manifestao e emanao da prpria Divindade. O que ento esse poder inexplicvel da atrao,
a no ser uma poro atmica daquela essncia que os cientistas e os cabalista reconhecem
igualmente como o "princpio da vida" - o kasa. Admite-se que a atrao exercida por tais corpos
seja cega; mas, se acendermos mais e mais na escala dos seres orgnicos da Natureza,
encontramos este princpio de vida desenvolvendo atributos e faculdades que se tornam mais
determinados e mais caractersticos a cada degrau dessa escala sem fim. O homem, o mais
perfeito dos seres organizados sobre a Terra, em quem a matria e o esprito - a vontade - so
mais desenvolvidos e poderosos, o nico ao qual se concedeu um impulso consciente para
aquele princpio que emana dele. Apenas ele pode comunicar ao fludo magntico impulsos
opostos e diversos em limites quanto direo. "Ele quer", diz Du Petet, "e a matria organizada
obedece. Ela no tem plos."
Diz Cabanis, a razo se desenvolve exclusivamente s expensas do instinto natural, tornando-se
uma espcie de muralha chinesa que se ergue lentamente no solo dos sofismas e, finalmente,
exclui as percepes espirituais do homem, de que o instinto um dos mais importantes exemplos.
Chegando a certos estgios de prostrao fsica, quando a mente e as faculdades raciocinantes
parecem paralisadas pela fraqueza e pela exausto fsica, o instinto - a unidade espiritual dos
cincos sentidos - v, ouve, toca e cheira, inalterado pelo tempo ou pelo espao. Que sabemos dos
limites exatos da ao mental? Como pode um mdico pretender distinguir os sentidos reais dos
imaginrios em um homem cujo corpo, j exaurido de sua vitalidade habitual, deseja viver
espiritualmente e se sente verdadeiramente incapaz de impedir a alma de evolar-se de sua priso?
A luz divina
A luz divina atravs da qual, desimpedida pela matria, a alma percebe coisas passadas,
presentes e futuras, como se os seus raios se refletissem num espelho; o golpe mortal desferido
num instante de violenta raiva ou clmax de um dio longamente inflamado; a bno enviada por
um corao reconhecido ou benvolo; e a maldio lanada contra um objeto - ofensor ou vtima -,
tudo deve passar atravs desse agente universal, que, sob um impulso, o sopro de Deus, e sob
outro - o veneno do demnio. Ele foi descoberto (?) pelo Baro Reichenbach e chamado de OD,
no podemos dizer se intencionalmente ou no, mas singular que se tenha escolhido um nome
que mencionado nos livros mais antigos da Cabala.
Emepht o Princpio Primeiro e Supremo, engendrou o Ovo e depois de incuta-lo impregnando-o de
sua prpria essncia, desenvolveu-se o germe do qual nasceu Ptah o ativo e criador princpio que
iniciou sua obra. Da expanso infinita da matria csmica, que se formara sob seu alento, ou de
sua vontade, esta matria csmica, luz astral, ter, bruma gnea, princpio de vida - pouco importa
o nome que lhe dermos -, este princpio criador, ou, como a nossa moderna filosofia o designa, lei
da evoluo, colocando em movimento as potncias nele latentes, formou sis e estrelas, e
satlites; controlou sua localizao pela lei imutvel da harmonia, e povoou-os "com todas as
formas e qualidades de vida". Nas antigas mitologias orientais, o mito cosmognico diz que no
havia seno gua (O Pai) e o Limo Prolfero (A Me, Ilus ou Hyl), do qual proveio a serpente
csmica - a matria. Era o deus Phanes, o deus revelado, a Palavra ou Logos. A boa vontade com
que este mito foi aceito, at mesmo pelos cristos que compilaram o Novo Testamento, pode ser
inferida pelo seguinte fato: Phanes, o deus revelado, representado neste smbolo da serpente
como um Protogonos, um ser provido das cabeas respectivas de um homem, um falco ou guia,
um touro - taurus - e um leo, com asas em ambos os lados. As cabeas referem-se ao zodaco, e
representam as quatro estaes do ano, pois a serpente Csmica o ano Csmico, ao passo que
a prpria serpente o smbolo de Kneph, o Deus imanifestado, o Pai. O tempo alado, por isso a
serpente representada com asas. Se lembrarmos que cada um dos quatro evangelistas
representado tendo prximo de si um dos animais mencionados - agrupados em conjunto ao selo
de Salomo e no pentagrama de Ezequiel, e reencontrados nos quatro querubins ou esfinges da
Arca da Aliana -, compreenderemos talvez o significado secreto assim como a razo por que os
primeiros cristo dotaram este smbolo; e por que os atuais catlicos romanos e os gregos da
Igreja oriental costumam representar os quatro evangelistas com os respectivos animais
simblicos. Compreenderemos tambm por Irineu, bispo de Lyon, insistia tanto na necessidade de
haver um quarto evangelho, explicando que quatro so as zonas do mundo, e quatro os ventos
principais provindos dos quatro pontos cardiais, etc.
Segundo um dos mitos egpcios, a forma-fantasma da ilha de Chemmis (Chemi, Antigo Egito), que
flutua sobre as ondas etreas da esfera emprea, foi chamada vida por Hrus-Apolo, o deus do
Sol, que a fez evoluir do ovo csmico.
No poema cosmolgico do Volusp (a cano da profetiza), que contm as lendas escandinavas
sobre a aurora mesma das idades, o germe-fantasma do universo representado a repousar no
Ginnugagap - ou a taa da iluso, um abismo sem fim e vazio. Nessa matriz do mundo,
inicialmente uma regio de noite e desolao, Nifelheim (a regio das nuvens), cai um raio de luz
(ter), que se derramou sobre a taa e nela se congelou. Ento, o Invisvel assoprou um vento
abrasador que dissolveu as guas congeladas e dissipou as nuvens. Estas guas, chamadas de
correntes de Elivgar, destiladas em gotas vivificantes, criaram, ao cair, a terra e o gigante Ymir,
que tinha apenas "a aparncia humana" (o princpio masculino). Com ele foi criada a vaca,
Aydhumla (princpio feminino), de cujo bere fluram quatro correntes de leite, que se difundiram
pelo espao (a luz astral a sua emanao mais pura). A vaca Audhumla produz um ser superior,
chamado Buri, belo e poderoso, lambendo as pedras que estavam cobertas de sal mineral.
Ora, se levarmos em considerao que este mineral era universalmente considerado pelos antigos
filsofos como um dos princpios formativos essenciais da criao orgnica; pelos alquimistas
como o dissolvente universal, que, dizem eles, devia ser retirado da gua; e por todo mundo,
mesmo como visto atualmente tanto pela cincia como pelas idias populares, como um
ingrediente indispensvel para o homem e os animais - podemos compreender facilmente a
sabedoria oculta desta alegoria sobre a criao do homem. Paracelso chama o sal "o centro da
gua, em que os metais devem morrer", etc.; e Van Helmont chama o alkahest, "summum et
felicissimum ommium salium", o mais bem logrado de todos os sais.
No Evangelho segundo So Mateus, diz Jesus: "Vs sois o sal da terra: mas se o sal se tornar
insosso, com que o salgaremos?" e, prosseguindo a parbola, acrescenta: "Vs sois a luz do
mundo" (V, 14). Isto mais do que uma alegoria; essas palavras chamam a ateno para um
sentido direto e inequvoco relativamente aos organismos espirituais e fsicos do homem em sua
natureza dupla, e mostram, ademais, um conhecimento da "doutrina secreta", de que encontramos
traos diretos igualmente nas mais antigas e comuns tradies populares do Antigo e do Novo
Testamento, e nos escritos dos msticos e dos filsofos antigos e medievais.
Interpretaes de certos mitos antigos
Mas voltemos nossa lenda do Edda. Ymir, o gigante, adormece, e transpira abundantemente.
Essa transpirao fora a axila de seu brao esquerdo a gerar desse lugar um homem e uma
mulher, enquanto o seu p produz um filho para eles. Assim, enquanto a "vaca" mtica d o ser a
uma raa de homens espirituais superiores, o gigante Ymir engendra uma raa de homens maus e
depravados, os Hrimthussar, ou gigantes de gelo. Comparando esta notas com os Vedas hindus,
entre toda a Humanidade por sua pureza, os seus filhos eram ps-diluvianos. A tnica de pele
recebida "em segredo" -, quando a sua natureza espiritual comeou a ser maculada pela matria por Cuch passou a Nemrod o mais poderoso e forte dos homens fsicos posteriores ao dilvio - o
ltimo remanescente dos gigantes antediluvianos.
Na lenda escandinava, Ymir, o gigante, morto pelos filhos de Burr, e as correntes de sangue que
fluram de suas feridas eram to copiosas que afogaram toda a raa de gigantes de gelo e neblina,
e s Bergelmir que pertencia a esta raa, se salvou com sua mulher, refugiando-se num barco, o
que lhes permitiu perpetuar um novo ramo de gigantes do velho tronco. Mas todos os filhos de Burr
escaparam ilesos da inundao.
Quando se decifra o simbologismo dessa lenda diluviana, percebe-se imediatamente o verdadeiro
sentido da alegoria. O gigante Ymir simboliza a primitiva matria orgnica bruta, as foras
csmicas cegas, em seu estado catico, antes de receberam o impulso inteligente do Esprito
Divino que as ps em movimento regular e dependente das leis imutveis. A prognie de Buri so
os "filhos de Deus", ou os deuses menores mencionados por Plato no Timeu, que foram
incumbidos, como diz, da criao dos homens, pois vemo-los tomando os restos dilacerados de
Ymir do Ginnungagap, o abismo catico, e empregando-os na criao de nosso mundo. Seu
sangue vai formar os oceanos e os rios; seus ossos, as montanhas; seus dentes, as rochas e os
penhascos; seus cabelos, as rvores, etc., ao passo que seu crnio forma a abbada celeste,
mantida por quatro colunas que representam os quatro pontos cardiais. Das sobrancelhas de Ymir
originou-se a futura morada do homem - Midgard. Esta morada (a Terra), diz o Edda, deve, para
ser corretamente descrita em todas as menores particularidades, ser concebida redonda como um
anel, ou um disco, flutuando no meio do Oceano Celestial (ter). circundada por Joumungand, a
gigante Midgard - ou a Serpente da Terra, que mantm a cauda em sua boca. a serpente
csmica, matria e esprito produto combinado e emanao de Ymir, a grosseira matria
rudimentar, e do esprito dos "filhos de Deus", que moldou e criou todas as formas. Esta emanao
a luz astral dos cabalistas, e o ainda problemtico e pouco conhecido ter, ou o "agente
hipottico de grande elasticidade" de nosso fsico.
Graas mesma lenda escandinava da criao da Humanidade, pode-se inferir o quanto estavam
os antigos seguros da doutrina da trina natureza humana. Segundo o Volusp, Odin, Honer e
Lodur, que so os progenitores de nossa raa, encontraram em um de seus passeios nas praias do
oceano dois bastes flutuando sobre as ondas, "impotentes e sem destino". Odin soprou-lhes o
alento da vida; Honer concedeu-lhes alma e movimento; e 'Lodur, beleza, linguagem, inteligncia e
audio. Deram ao homem o nome de Askr - o freixo - e mulher o de Embla - o amieiro. Estes
primeiros homens foram colocados em midgard (jardim do meio, ou den) e herdaram, de seus
criadores, a matria ou vida inorgnica; a mente, ou a alma; e o esprito puro; a primeira
correspondendo quela parte de seu organismo que nasceu dos restos de Ymir, o gigante-matria;
a segunda, de Aesir, ou deuses, descendentes de Buri; de o terceiro, de Vaner, ou representante
do esprito puro.
Quem capaz de estudar cuidadosamente as religies antigas e os mitos cosmognicos sem
perceber que esta semelhana marcante de concepes, em sua forma exotrica e esprito
esotrico, no resulta de uma simples coincidncia, mas manifesta um propsito convergente? Isto
mostra que j naquelas pocas, que foram excludas de nossos olhos pela nvoa impenetrvel da
tradio, o pensamento religioso se desenvolveu com uma simpatia uniforme em todas as pores
do globo. Os cristos chamam essa adorao da natureza em suas verdades mais ocultas de
Pantesmo. Mas se este, que reverncia e nos revela Deus no espao em sua nica forma objetiva
possvel - a da natureza visvel -, lembra perfeitamente a Humanidade daquele que a criou, e uma
religio de dogmatismo religioso apenas serve para ocult-lo mais e mais de nossos olhos, qual
dentre ambos est mais bem-adaptado s necessidades da Humanidade?
A cincia moderna insiste na doutrina da evoluo; a razo e a "doutrina secreta" fazem o mesmo,
e a idia corroborada pelas lendas e mitos antigos, e mesmo pela prpria Bblia que se l nas
entrelinhas. Vemos uma flor desenvolver-se lentamente de um basto e o basto da sua semente.
Mas de onde provm esta, com todo o seu programa predeterminado de transformao fsica, e
suas foras invisveis, portanto espirituais, que desenvolvem gradualmente sua forma, cor e odor?
A palavra evoluo fala por si. O germe da atual raa humana deve ter preexistido na origem desta
raa, como a semente, na qual repousa oculta a flor do prprio vero, desenvolveu-se na cpsula
de sua flor-me; a me pode no diferir seno ligeiramente, mas eles ainda difere de sua futura
prognie. Os ancestrais antediluvianos dos elefantes e dos lagartos atuais foram, o mamute e o
plesiossurio; por que os progenitores de nossa raa humana no poderiam ter sido os "gigantes"
dos Vedas, do Volusp e do livro Gnese? Se positivamente absurdo acreditar que a
"transformao das espcies" tenha ocorrido de acordo com alguns dos pontos de vista mais
materialista dos evolucionistas, simplesmente natural pensar que cada gnero, a comear dos
moluscos e terminando com o homem-macaco, se modificou a partir de sua prpria forma
primordial e distinta. Supondo-se que concordemos em que "os animais descenderam no mximo
de apenas quatro ou cinco progenitores"; e que mesmo la rigueur "todos os seres orgnicos que
j viveram sobre esta Terra descenderam de alguma forma primordial nica"; ainda assim, somente
um materialista cego com uma pedra, ou completamente desprovido de intuio, pode seriamente
esperar ver "no distante futuro (...) a psicologia estabelecida sobre uma nova base, a da aquisio
necessria e por degraus de todos os poderes e capacidades mentais".
O homem fsico, enquanto produto da evoluo, pode ser deixado nas mos do homem da cincia
exata. Ningum, no ser ele, pode esclarecer a origem fsica da raa. Mas devemos positivamente
negar ao materialista o mesmo privilgio no que respeita evoluo psquica e espiritual do
homem, pois nenhuma evidncia conclusiva pode demonstrar que ele e suas faculdades
superiores so "produtos da evoluo, tal como a planta mais humilde e o verme mais nfimo".
A evoluo da teoria hindu
Isto posto, mostraremos agora a hiptese da evoluo dos antigos brmanes, tal como eles lhe
deram corpo na alegoria da rvore csmica. Os hindus representam a sua rvore mtica, que
chamam Asvattha, de uma forma que difere da dos escandinavos. Figura extrada do Livro O
Homem, Deus e o Universo.
conservada em alegoria e lenda, mas tambm retratada nos muros de certos templos da ndia, e,
numa forma fragmentria, foi encontrada nos do Egito e nas lousas de Nemrod e Nineve,
escavadas por Layard.
Mas o que est no fundo da teoria darwiniana sobre a origem das espcies? No que lhe concerne,
nada seno "hipteses inverificveis". Pois, como assinala, ele considerava todos os seres "como
os descendentes direto de alguns poucos seres que viveram muito antes que a primeira camada
do sistema siluriano fosse depositada". Ele no procurava mostrar-nos quem eram esses "poucos
seres". Mas isto responde completamente ao nosso propsito, pois, na admisso de sua
existncia, recorre aos antigos para corroborar a idia e recebe o selo da aprovao cientfica.
Com todas as modificaes por que passou o nosso globo no que respeita a temperatura, clima,
solo e - se merecermos perdo, em face dos progressos recentes - a sua condio
eletromagntica, seria muito temerrio afirmar que qualquer coisa da cincia atual contradiz a
antiga hiptese do homem ante-siluriano. Os machados de slex encontrados inicialmente por
Baucher de Perthes, no vale do Somme, provam que homens devem ter existido numa poca to
antiga que desafia os clculos. Se acreditarmos em Buchner, o homem deve ter existido mesmo
durante e antes da poca glacial, uma subdiviso do perodo quaternrio ou diluviano que
provavelmente se estendeu muito alm daquela. Mas quem pode dizer-nos qual a prxima
descoberta que nos aguarda?
Ora, se temos provas irrefutveis de que o homem existiu t tanto tempo assim, devem ter ocorrido
modificaes extraordinrias em seu sistema fsico, correspondentes s modificaes de clima e
atmosfera. Isto no parece provar, por analogia, que remontando para trs, deve ter havido outras
modificaes que indicam que os progenitores mais remotos dos "gelados gigantes" foram coevos
dos peixes devonianos ou dos moluscos silurianos? verdade que eles no deixaram
machadinhas de slex atrs de si, nem ossos ou depsitos nas cavernas; mas, se os antigos esto
certos, as raas daquele tempo eram compostas no apenas de gigantes, ou "poderosos homens
de renome", mas tambm de "filhos de Deus". Se aqueles que acreditam na evoluo do esprito
to firmemente como os materialistas acreditam na da matria so acusados de ensinar "hipteses
inverificveis", como podem eles facilmente retorquir aos seus acusadores dizendo que, por sua
prpria confuso, a evoluo fsica ainda "uma hiptese inverificada, seno realmente
inverificvel"! Os primeiros tm aos mesmo a prova indutiva dos mitos legendrios, cuja imensa
antiguidade admitida por filsofos e arquelogos; ao passo que os seus antagonistas nada tm
de semelhante, a menos que eles se socorram de uma parte dos antigos hierglifos e suprimam o
resto.
Podemos agora retornar ainda mais uma vez simbologia dos tempos antigos, e aos seus mitos
psico-religiosos. Sob as figuras emblemticas e da fraseologia peculiar do clero da Antiguidade
repousam indicaes ainda no descobertas no ciclo atual.
Mas h mitos que falam por si. Podemos incluir nesta classe os primeiros criadores de ambos os
sexos de todas as cosmogonias. Os gregos Zeus-Zen (ter), e Ctnia (a terra catica) e Mtis (a
gua), suas esposas; Osris e sis-latona - o primeiro representando tambm o ter -, a primeira
emanao da Divindade Suprema, Amun, a fonte primordial de luz; a deusa terra e gua tambm;
Mithras, o deus nascido da rocha, smbolo do fogo csmico masculino, ou a luz primordial
personificada, e Mithra, a deusa do fogo, simultaneamente sua me e esposa; o elemento puro do
fogo (o princpio ativo ou masculino) visto como luz e calor, em conjuno com, a terra e a gua, ou
como matria (elementos femininos ou passivos da gerao csmica). Mithras o filho de Bordj, a
montanha csmica persa, da qual ele reluz como um raio brilhante. Brahm, o deus do fogo, e sua
prolfica consorte; e o Agni hindu, a divindade refulgente, de cujo corpo saem milhares de correntes
de glria e sete lnguas de fogo, e em cuja honra os brmanes Sangika preservam at hoje o fogo
perptuo; Siv, personificado pela montanha csmica dos hindus - o Meru (Himalaia). Este terrvel
deus do fogo, que, segundo consta a lenda, desceu do cu, como o Jehovah judeu, numa coluna
de fogo, e uma dzia de outras divindades arcaicas de ambos os sexos, todos proclamam o seu
significado oculto. E o que podem estes mitos duais significar seno o princpio psicoqumico da
criao primordial? A primeira revelao da Causa Suprema em sua tripla manifestao de esprito,
fora e matria; a correlao divina, no seu ponto de partida de evoluo, alegorizado como
casamento do fogo e da gua, produtos do esprito eletrizante, unio do princpio masculino ativo
com o elemento feminino passivo, que se tornam os pais de sua criana telrica, a matria
csmica, a prima matria, cujo esprito o ter [e cuja sombra ] a LUZ ASTRAL!
Assim, todas as montanhas mundiais e ovos csmicos, as rvores csmicas e as serpentes e
colunas csmicas podem ser consideradas como incorporao de verdades da Filosofia Natural,
cientificamente demonstradas. Todas essas montanhas contm, com suas variaes
insignificantes, a descrio alegoricamente expressa da cosmogonia primordial; a rvore csmica,
a da evoluo posterior do esprito e da matria; as serpentes e colunas csmicas, exposies
simblicas dos vrios atributos dessa dupla evoluo em sua correlao infindvel de foras
csmicas. Nos misteriosos recessos da montanha - a matriz do universo -, os deuses (poderes)
preparam os Vermes atmicos da vida orgnica, e ao mesmo tempo a bebida da vida, que, quando
ingerida, desperta no homem-matria o homem-esprito. O soma, a bebida sacrificial dos hindus,
essa bebida sagrada. Pois, quando da criao da prima matria, enquanto as suas pores
grosseiras eram utilizadas para o mundo fsico embrionrio, a sua essncia mais divina penetra o
universo, permanecendo invisivelmente e encerrando nas suas ondas a criana recm-nascida,
desenvolvendo e estimulando a sua atividade medida que ela lentamente saa do caos eterno.
Da poesia de concepo abstrata, estes mitos csmicos passaram gradualmente s imagens
concretas dos smbolos csmicos, como a arqueologia agora os tem encontrado. A serpente, que
exerce um papel proeminente nas imagens dos antigos, foi degradas por uma absurda
interpretao da serpente do livro Gnese num sinnimo de Sat, o Prncipe das Trevas, quando
ela o mais engenhoso de todos os mitos em seus diversos simbolismos. Num deles, como
agathodaimon, o emblema da arte de curar e de imortalidade do homem. Ela enfeita as imagens
da maior parte dos deuses sanitrios e higinicos. A taa da sade, nos mistrios egpcios, era
enlaada por serpentes. Como o mal s pode originar-se de um extremo do bem, a serpente, em
outros aspetos, torna-se smbolo da matria; que, quanto mais se distancia de sua fonte espiritual
primeira, mais se torna sujeita ao mal. Nas mais antigas imagens do Egito, assim como nas
alegorias cosmognicas de Kneph, a serpente csmica, quando simboliza a matria, usualmente
representada encerrada num crculo; ela repousa estendida ao longo do equador, indicando assim
que o universo da luz astral, a partir do qual o mundo fsico proveio, enquanto limita este ltimo,
ele prprio limitado por Emepht, ou a Causa primeira Suprema. Ptah, que produz R, e as mirades
de formas s quais d vida, so reapresentados deslizando para fora do ovo csmico, porque esta
a forma mais familiar daquilo em que se deposita e se desenvolve o germe de todo o ser vivo.
Quando a serpente representa a eternidade e a imortalidade, ela abarca o mundo, mordendo a
cauda, no oferecendo assim nenhuma soluo de continuidade. Ela se torna ento a luz astral.
Os discpulos de escola de Feredides ensinavam que o ter (Zeus ou Zen) o cu empreo
superior, que encerra o mundo superno e sua luz (a astral) o elemento primordial concentrado.
Tal a origem da serpente, metamorfoseada nos sculos cristos em Sat. Ela o Od, o Ob e o
Or de Moiss e dos cabalistas. Quando em seu estado passivo, quando age naqueles que so
inadvertidamente arremessados em sua corrente, a luz astral Ob, ou Python. Moiss estava
determinado a exterminar todos os que, sensveis sua influncia, se deixavam cair sob o fcil
controle dos seres vivos que se movem nas ondas astrais na gua; seres que nos cercam e que
Bulwe-Lytton chama no Zanoni de "os guardies do limiar". Ela se torna o Od assim que
vivificada pelo efluxo consciente de uma alma imortal, pois ento as correntes astrais esto agindo
sob a tutela seja de um adepto, um esprito puro, seja de um hbil mesmerizador, que ele prprio
puro e sabe como dirigir as foras cegas. Em tais casos, mesmo um esprito planetrio superior,
um da classe de seres que nunca se encarnaram (embora existam muitos entre estas hierarquias
que viveram em nossa terra), desce ocasionalmente nossa esfera, e purificando a atmosfera
circundante torna o paciente capaz de ver e abre nele as fontes da genuna profecia divina. Quanto
ao termo Or, a palavra utilizada para designar certa propriedades ocultas do agente universal.