Signum Magnum
Signum Magnum
Signum Magnum
SIGNUM MAGNUM
DE SUA SANTIDADE
PAPA PAULO VI
CONSAGRADA AO CULTO
DA VIRGEM MARIA,
ME DA IGREJA
E MODELO DE TODAS AS VIRTUDES
INTRODUO
O sinal grandioso que o Apstolo S. Joo viu no Cu: uma Mulher
revestida com o sol (cfr. Apoc 12,1), no sem fundamento o
interpreta a Sagrada Liturgia como referindo-se Santssima Virgem
Maria, Me de todos os homens pela graa de Cristo Redentor.
Est ainda viva, Venerveis Irmos, no nosso nimo a recordao da
grande emoo sentida ao proclamar a augusta Me de Deus como
Me espiritual da Igreja e portanto de todos os fiis e sagrados
Pastores, a coroar a terceira sesso do Conclio Ecumnico Vaticano II,
aps ter solenemente promulgado a Constituio Dogmtica Lumen
Gentium. Grande foi tambm a exultao, quer de muitssimos
Padres conciliares, quer dos fiis presentes ao sagrado rito na Baslica
de S. Pedro e de todo o povo cristo espalhado pelo mundo.
Espontnea tornou ento mente de muitos a recordao do primeiro
grandioso triunfo alcanado pela humilde Serva do Senhor
(cfr. Lc 1,38) quando os Padres do Oriente e do Ocidente, reunidos no
Conclio Ecumnico em feso, no ano de 431, saudaram Maria como
Theotokos: Me de Deus. A exaltao dos Padres associou-se com
jubiloso mpeto de f a populao crist da ilustre cidade, que os
acompanhou com archotes s suas residncias. Oh! com que
maternal complacncia, naquela hora gloriosa para a histria da
Igreja, a Virgem Maria ter observado Pastores e fiis, reconhecendo,
nos hinos de louvor que se elevavam em honra principalmente do
Filho e depois em sua honra, o eco do cntico proftico que Ela
prpria, por impulso do Esprito Santo, tinha elevado ao Altssimo: enaltece
a minha alma ao Senhor ... porque olhou para a humilde condio da sua
Serva. De facto, desde agora me ho-de chamar ditosa todas as geraes,
porque me fez grandes coisas o Omnipotente (Lc 1,46,48-49).
Aproveitando a ocasio das cerimnias religiosas que tm lugar nestes dias
em Ftima (Portugal) em honra da Virgem Me de Deus, onde Ela
venerada por numerosas multides de fiis, pelo seu corao maternal e
compassivo, desejamos mais uma vez chamar a ateno de todos os filhos
da Igreja para o inseparvel nexo to amplamente ilustrado na Constituio
que est nos Cus, esse que meu irmo, minha irm e minha me
(Mt 12,50).
Per Mariam ad Jesum
9. , tambm, vlida para a imitao de Cristo a norma geral: Per Mariam
ad Jesum. No se perturbe, porm, a nossa f, como se a interveno de
uma criatura em tudo semelhante a ns, menos no pecado, ofendesse a
nossa dignidade pessoal e impedisse a nossa intimidade e a nossa relao
imediata de adorao e de amizade com o Filho de Deus. Reconheamos
antes a bondade de Deus nossos Salvador (cfr. Tit 3,4), o qual,
condescendendo com a nossa misria to afastada da sua infinita
santidade, nos quis ajudar a imit-la propondo-nos o modelo da pessoa
humana de Sua Me. Ela, na verdade, entre as criaturas humanas oferece o
exemplo mais brilhante e, ao mesmo tempo, mais perto de ns daquela
perfeita obedincia com a qual nos conformamos amorosa e prontamente
aos desejos do Pai eterno; e o prprio Cristo, como bem sabemos, foi nesta
plena adeso vontade do Pai que disse estar o ideal supremo da sua
conduta humana, ao declarar: Eu fao sempre o que do seu agrado
(Jo 8,29).
Maria, nova Eva, Aurora do Novo Testamento
10. Se pois contemplarmos a humilde Virgem de Nazar na aurola das suas
prerrogativas e das suas virtudes, v-la-emos refulgir ao nosso olhar como a
Nova Eva, a excelsa Filha de Sio, o vrtice do Antigo Testamento e a
aurora do Novo, na qual se realizou a plenitude do tempo (Gal 4,4),
predestinado por Deus Pai para enviar o Seu Filho Unignito ao mundo. Na
verdade, a Virgem Maria, mais do que todos os patriarcas e profetas, mais
do que o justo e piedoso Simeo, implorou e obteve a consolao de
Israel ... o Messias do Senhor (Lc 2, 25-26), e saudou a sua vinda com o
hino do Magnificat, quando Ele desceu ao Seu castssimo seio, para nele
assumir a nossa carne. Por isso, em Maria que a Igreja aponta o exemplo
do mais digno modo de receber no nosso esprito o Verbo de Deus,
consoante a luminosa sentena de S. Agostinho: Mais bem-aventurada,
pois, foi Maria em receber Cristo pela f do que em conceber a carne de
Cristo. A consanguinidade materna, de nada teria servido a Maria, se Ela
no se tivesse sentido mais feliz em acolher Cristo no seu Corao, que no
seu seio. E ainda n'Ela que os cristos podem admirar o exemplo de
como realizar, com humildade insigne e grandeza de nimo, a misso que a
cada um neste mundo Deus confia, em ordem sua prpria salvao eterna
e do prximo.
Portanto, vo-lo rogo, tornai-vos meus imitadores, como eu o sou de Cristo
(1Cor 4,16). Estas palavras, com mais razo do que Paulo aos cristos de
Corinto, pode a Me da Igreja dirigi-las multido dos crentes que, em
unssono de f e de amor com as geraes dos sculos passados, a
PAULO, PP. VI