Su Mario
Su Mario
Su Mario
Semestre de 2007
www.unasp.edu.br/kerygma
p.53
Glauber S. Arajo
Bacharel em Teologia pelo Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP
TCC apresentado em novembro de 2006
Orientador: Alberto R. Timm, Ph.D.
glauberaraujo@yahoo.com
RESUMO: Desde Glacier View, em 1980, uma quantidade considervel de literatura
relacionada s profecias de Daniel, o santurio, Hebreus, o juzo investigativo e temas
correlacionados tem sido publicada por adventistas em busca de refutaes s idias
apresentadas por Desmond Ford nesse evento. Embora isso tenha sido feito, no foi
encontrado um estudo mostrando que suas idias eram revogadas pelo prprio Ford anos
antes. O propsito deste estudo foi prover uma anlise comparativa das idias de Desmond
Ford durante as reunies em Glacier View com suas idias antes desse evento, a fim de
mostrar que muitas das idias expostas naquela ocasio podem ser refutadas atravs de
seus prprios argumentos publicados previamente. Aps uma anlise das crticas de Ford
relacionadas (1) interpretao proftica, (2) o juzo investigativo e (3) Ellen G. White e o
dom proftico, so providos argumentos publicados anteriormente por Ford contra suas
crticas. Esse estudo est primariamente baseado em livros, artigos e outras obras de
Desmond Ford.
PALAVRAS-CHAVE: Daniel, Santurio, Hebreus, Juzo Investigativo, Ellen G. White.
DESMOND FORD AND THE DOCTRINE OF THE SANCTUARY: A COMPARATIVE ANALYSIS OF TWO
DISTINCT PHASES
ABSTRACT: Since Glacier View, in 1980, a considerable quantity of literature related to the
prophecies of Daniel, the sanctuary, the book of Hebrews, the investigative judgment and
related themes has been published by Adventists, in a search for arguments against the
ideas presented by Desmond Ford in that event. Nonetheless, no study showing that Ford
himself, years earlier, has refuted the same ideas that he later espoused seems to have
being undertaken up to now. The purpose of this study is to provide a comparative analysis
of Desmond Fords ideas during the meetings at Glacier View with his ideas before that
event, in order to demonstrate that many of his later ideas can be refuted through his own
arguments, previously published. After an analysis of Fords critics related to the (1)
prophetic interpretation, (2) investigative judgment, and (3) Elle G. Whites prophetic gift, it
will be provided a critic appraisal of these question on the basis of Fords previous
argumentation on these issues. This study is primarily based on books, articles and other
works published by Desmond Ford.
KEYWORDS: Daniel; Sanctuary; Hebrews; Investigative Judgment; Ellen G. White.
www.unasp.edu.br/kerygma/monografia5.05.asp
53
por
Glauber S. Arajo
Novembro de 2006
SUMRIO
Captulo
I. INTRODUO ....................................................................................................... 1
Definio do problema ......................................................................................
Propsito do Estudo ..........................................................................................
Escopo e Delimitaes do Estudo .....................................................................
Metodologia .....................................................................................................
Organizao do Estudo .....................................................................................
2
2
2
3
4
19
19
21
25
25
26
29
29
31
32
32
35
35
iii
Contaminao e purificao do santurio em Daniel 8:14 ........................... 42
Crticas.................................................................................................. 42
Respostas Anteriores ............................................................................. 43
O Dia da Expiao em Daniel 8:14 ............................................................. 44
Crticas.................................................................................................. 44
Respostas Anteriores ............................................................................. 45
Hebreus ........................................................................................................... 45
Crticas ....................................................................................................... 45
Respostas Anteriores................................................................................... 47
Apocalipse ....................................................................................................... 48
Crticas ....................................................................................................... 48
Respostas Anteriores................................................................................... 49
Concluso ......................................................................................................... 49
V. ELLEN G. WHITE E O DOM DE PROFECIA ...................................................... 51
A inspirao de Ellen G. White ........................................................................
Crticas .......................................................................................................
Respostas Anteriores...................................................................................
Ellen G. White e sua poca ..............................................................................
Crticas .......................................................................................................
Respostas Anteriores...................................................................................
Concluso.........................................................................................................
51
51
52
53
53
54
54
CAPTULO 1
INTRODUO
Desde o final do sculo 18 o mundo cristo contemporneo vem assistindo ao
cumprimento da profecia de Daniel 12:4 concernente ao interesse no estudo e na
compreenso das profecias de Daniel: Muitos correro de uma parte para outra, e o
conhecimento se multiplicar.1 A Igreja Adventista do Stimo Dia surgiu devido a este
interesse no estudo do livro de Daniel. Temos observado uma intensificao desse interesse
desde as reunies de Glacier View, em agosto de 1980, em que lderes e telogos da igreja
discutiram assuntos sobre o livro de Daniel, o santurio, 1844, o juzo investigativo,
Hebreus e temas correlacionados.
Esse evento desencadeou uma grande quantidade de publicaes tratando dos
assuntos acima citados. A interpretao tem permanecida praticamente inalterada, mas
houve um aprofundamento considervel nessas reas. Esse aprofundamento surgiu numa
busca por respostas s crticas feitas por Desmond Ford em Glacier View quanto
interpretao desses temas.
1
2
Definio do Problema
Uma quantidade considervel de literatura tem sido publicada por adventistas
buscando trazer maior compreenso de Daniel 8:14, o santurio e o juzo investigativo.
Embora isto tenha sido feito para refutar as idias apresentadas por Desmond Ford em
Glacier View, at hoje no encontramos um estudo que visa mostrar o contraste de suas
propostas durante Glacier View e suas idias antes deste evento. Vrios estudos foram
apresentados, procurando revogar a nova interpretao feita por Desmond Ford naquele
evento, mas no foi encontrado um estudo mostrando que estas idias eram revogadas pelo
prprio Ford anos antes.
Propsito do Estudo
O propsito deste estudo prover uma anlise comparativa das idias de
Desmond Ford durante as reunies em Glacier View com suas idias antes dessa reunio, a
fim de mostrar que muitas das idias expostas naquela reunio podem ser refutadas atravs
de seus prprios argumentos publicados previamente.
Escopo e Delimitaes do Estudo
Para que o assunto possa ser melhor compreendido, uma breve descrio
histrica da vida de Desmond Ford apresentada. Tambm so providos alguns detalhes
quanto ao contexto no qual Ford vivia e como ele acabou influenciando o mundo teolgico
adventista. Ateno dada aos escritos de outros autores somente quando estes provem
alguma contribuio significativa para a compreenso do contexto histrico.
O estudo comparativo das idias de Desmond Ford antes e durante Glacier
View limita-se a uma anlise comparativa entre as principais propostas feitas por Ford
3
neste evento, atacando a posio tradicional adventista e suas idias anteriormente
mantidas, defendendo a mesma.
O ano de 1959 foi o ano escolhido como o ponto de partida para anlise das
publicaes de Desmond Ford, pois foi naquele ano que aparece sua primeira contribuio
significativa sobre o tema do presente estudo. O ano de 1980 foi o ano escolhido para o
trmino do estudo pois nesse ano foi publicado seu livro contendo todas as suas propostas
apresentadas em Glacier View.
Metodologia
O presente estudo analisa os livros, manuscritos no publicados, e artigos
publicados por Desmond Ford at Glacier View que tratem do livro de Daniel, o santurio,
o juzo investigativo e temas correlacionados. tambm pesquisada sua dissertao de
mestrado sobre Daniel 8:14 e os ltimos dias, 2 sua tese doutoral sobre a abominao da
desolao na escatologia bblica3 e o texto publicado para Glacier View intitulado Daniel
8:14, the Day of Atonement, and the Investigative Judgment.4 Duas abordagens so
utilizadas neste estudo. No estudo biogrfico, usada uma metodologia histricocronolgica, e no estudo da compreenso de Ford sobre os princpios de interpretao
proftica, o juzo investigativo e o dom proftico de Ellen G. White empregada uma
2
Desmond Ford, Daniel 8:14 and the Latter Days (dissertao de M.Th.,
Potolomac University, Washington, DC, setembro de 1959).
3
Desmond Ford, Daniel 8:14, the Day of Atonement, and the Investigative
Judgment (Casselberry, FL: Euangelion Press, 1980); doravante, estaremos nos referindo a
esta obra como Daniel 8:14.
4
metodologia temtico-comparativa.
Organizao do Estudo
Este estudo constitui-se de seis captulos. O primeiro introduz a presente
pesquisa. O captulo 2, intitulado Biografia de Desmond Ford, trata de uma breve
descrio histrica da vida de Desmond Ford e do contexto teolgico de seu tempo.
Tambm so abordados alguns pontos fundamentais que levaram a Glacier View. No
prximo captulo, sob o ttulo Interpretao proftica, oferecida uma comparao dos
escritos de Desmond Ford relacionados (1) ao princpio dia-ano, (2) ao chifre pequeno e
Antoco Epifnio, (3) a Jesus e o Novo Testamento, e (4) ao princpio apotelesmtico.
O captulo 4 O juzo investigativo oferece uma comparao dos escritos de
Desmond Ford relacionados aos juzos investigativos mencionados (1) no Antigo
Testamento e (2) no Novo Testamento. O quinto captulo Ellen G. White e o dom de
profecia analisar, comparativamente, os escritos de Desmond Ford relacionados Ellen
White e o dom proftico. O ltimo captulo contm um resumo e as concluses finais.
CAPTULO 2
BIOGRAFIA DE DESMOND FORD
Desmond Ford nasceu em Townsville, Austrlia,1 em 19292 e cresceu em uma
famlia anglicana.3 Ainda jovem, Ford desenvolveu uma paixo pela leitura de livros sobre
religio, histria, assuntos contemporneos, biografia, cincia e sade.4 Alm de seu
interesse pela leitura, Ford tambm era um aluno brilhante, mas teve que abandonar
temporariamente seus estudos devido Segunda Guerra Mundial, na qual seu pas tambm
estava envolvido.5
Aos 14 anos, Ford comeou a trabalhar no Newspaper of Sidney e a se
interessar por assuntos religiosos. Seu interesse o levou a ler O Grande Conflito de Ellen G.
White.6 Refletindo sobre esta ocasio, Ford relembra:
1
Ibid.
6
Foi o livro O Grande Conflito, de Ellen G. White, que o Senhor usou para tornar-me
um adventista do stimo dia. Quando tinha 16 anos, eu o lia nos trens, bondes, e nos
cinemas ao ar livre enquanto esperava nas filas por um tquete de entrada. Eu levava
o livro comigo ao trabalho nos sbados de manh e o lia quando possvel. Eu vivia
em outro mundo conforme aquelas maravilhosas pginas eram devoradas; e quando
terminei de l-lo, j era, em essncia, um adventista do stimo dia, mesmo tendo meu
batismo ocorrido meses depois.7
Ford se tornou um evangelista seis anos aps seu batismo,8 e posteriormente
cursou o Seminrio de Teologia no Avondale College, em New South Wales, concluindo-o
em 1958.9 Ele est atualmente casado com Gillian, e tem trs filhos.10
Desde sua infncia, a vida de Ford foi marcada por uma sede e busca pelo
conhecimento. Terminando o Bacharelado em Teologia, Ford iniciou seu Mestrado em
Teologia Sistemtica no Seminrio Teolgico Adventista, em Washington, DC, o qual
concluiu em 1959 com uma dissertao sobre Daniel 8:14 e os ltimos dias. 11 Terminando
o Mestrado, Ford iniciou seu Doutorado em Comunicao na Michigan State University,
tendo encerrado em 1961.12
7
12
Timm, 53-54.
7
Em 1972, ele obteve seu segundo Doutorado pela Manchester University com
uma tese sobre a abominao da desolao na escatologia bblica.13 Nos 16 anos seguintes,
Ford foi diretor do departamento de Teologia no Avondale College e membro do Comit de
Pesquisa Bblica da Associao Geral.14
Durante as dcadas de 1960 e 1970, surgiu uma discusso no meio adventista
sobre a justificao pela f. Na Austrlia, Robert D. Brinsmead promovia idias com um
forte teor perfeccionista,15 idias estas que eram contestadas por Desmond Ford. Para Ford,
a justificao
tem uma significao forense... possui associaes legais e est vitalmente ligada com
questes da lei... Assim, quando o pecador, pessoal e gratamente, aceita o pagamento
de Cristo, em lugar de seus prprios pecados... a divina absolvio imputa inocncia,
em razo da aceitao, pelo pecador, dAquele que somente possui perfeita justia...16
Ele continua dizendo:
o crente consagrado tem pecado nele, mas no pecado sobre ele, tal como Cristo tinha
pecado sobre si, mas no em si... toda alma convertida tem ainda sua velha natureza
para combater... Nossa velha natureza ser finalmente destruda, na glorificao,
quando nosso Senhor retornar. Ento no teremos pecado nem em ns, nem sobre
ns.17
13
Timm, 54. Sua dissertao foi posteriormente publicada como Desmond Ford,
Abomination of Desolation in Biblical Eschatology (Lanham: University Press of America,
1978).
14
Ibid., 109-172.
16
Desmond Ford, Signs of the Times, ed. Australiana, julho de 1959, citado em
O abalo do adventismo, 135.
17
8
Ford no rejeitava a necessidade de santificao, mas a separava da justificao
pela f. Em sua opinio, santificao nunca perfeita e no deveria ser considerada como
justificao pela f. Ela o fruto de justificao pela f. Porque sempre imperfeita nesta
vida, ela nunca pode nos justificar.18 As discusses sobre a justificao pela f atingiram
seu auge em uma srie de reunies entre pastores e telogos em Palmdale, Califrnia, de 23
a 30 de abril de 1976. A partir de ento, Ford se tornou o centro das atenes.19
18
19
9
Em 1977, Ford mudou-se com sua famlia para os Estados Unidos, pois fora
convidado a lecionar no departamento de Religio do Pacific Union College, Califrnia, as
matrias de Oratria, Homiltica, Evangelismo, Vida e Ensinos de Cristo, Epstolas
Paulinas, Apologtica, Daniel e Apocalipse, Profetas Maiores e Menores do Antigo
Testamento, Introduo Teologia e Teologia Bblica.20 Durante sua estada no Pacific
Union College, Ford foi convidado a apresentar uma palestra em 27 de outubro de 1979
sobre Hebreus 9 e suas implicaes sobre a doutrina adventista da purificao do santurio
em 1844 e o juzo investigativo.
Nesta ocasio, Ford foi contra a interpretao tradicional adventista sobre a
doutrina do santurio. Ele afirmou que, enquanto lia o captulo 9 de Hebreus, pensava: Isto
estranho, diferente do que os adventistas dizem. H um problema aqui. Isso o
acompanhou, admite ele, durante seus ltimos 35 anos como adventista. Desde o tempo
em que era episcopal at hoje, tenho estado consciente de inconsistncias e incongruncias
em nossa apresentao escatolgica.21 Para ele, inquestionavelmente claro que Hebreus
9 e 10 apresentam Cristo perante Deus no Santssimo aps sua ascenso em 31 d.C. O
anttipo Dia da Expiao, portanto, deveria ter iniciado naquele ano, e no em 1844.22
Segundo Ford,
naquela ocasio, foi declarado que Daniel 8:14 no tem nenhuma ligao lingstica
com o captulo sobre o Dia da Expiao em Levtico, e nem Hebreus, em sua
exposio do santurio, nos aponta para Daniel 8:14. Foi sugerido que o bem
conhecido conceito teolgico da escatologia inaugurada e consumada onde eventos
a se cumprirem materialmente em conexo com o fim do mundo tinham uma
20
22
Oliveira, 135.
10
aplicao legal prvia com a cruz nos oferece uma chave para nosso problema
principal.23
Para sustentar sua argumentao, Ford afirmou que vrios dos principais
editores e escritores do Comentrio Bblico Adventista declaram que no h biblicamente
como provar o juzo investigativo.24 Ele ento exortou os adventistas a deixarem suas
tradies, caso no fossem verdadeiras.25
Preocupada com a palestra e suas implicaes, a liderana da Associao Geral
decidiu conceder-lhe seis meses para desenvolver suas idias e apresent-las perante um
grupo representativo de telogos e administradores da igreja.26 Durante esses seis meses,
Ford e sua famlia foram para Washington, onde a Associao Geral lhe cedeu um
escritrio, ajuda secretarial e livre acesso aos arquivos do Patrimnio Literrio de Ellen G.
White.27
O resultado desses seis meses de estudo foi um texto de quase 1.000 pginas,
intitulado Daniel 8:14, o Dia da Expiao e o Juzo Investigativo.28 Este documento foi
estudado, analisado, e discutido por 114 lderes e telogos da igreja em uma srie de
23
24
25
Ibid., 3.
26
Oliveira, 135.
28
11
reunies em Glacier View, perto de Denver no Colorado, de 10 a 15 de agosto de 1980.29
As reunies em Glacier View causaram tal impacto que o evento acabou sendo mencionado
em revistas como Newsweek, Time e Christianity Today.30 Em seu texto, Ford alegou as
seguintes posies:
1. Hebreus no ensina nossa posio tradicional sobre o santurio.
2. Hebreus ensina que Cristo, em sua ascenso, entrou no Lugar Santssimo direita
de Deus.
3. Hebreus ensina que o primeiro compartimento era um smbolo da era tipolgica e
no afirma em qualquer lugar que possui um significado celestial com respeito a
uma fase do ministrio.
4. A purificao do santurio em Hebreus 9:23 refere-se ao que Cristo realizou por
ocasio de sua morte, e j havia sido realizado na poca em que a epstola foi
escrita.
5. A Bblia no ensina em lugar algum que um dia representa um ano nas profecias.
6. Daniel 9 no usa o princpio dia-ano. Ele no faz referncia a dias.
7. O contexto de Daniel 8:10-14 nada diz sobre a contaminao do santurio
celestial pelos pecados dos santos, mas refere-se muito a um vil poder terrestre
lanando o santurio terrestre por terra. Como esperado, a promessa do qdcn em
8:14 vindicar, justificar, ou restaurar nenhum dos quais surge do
cerimonial de Levtico 16.
8. Apenas Antoco Epifnio cumpre os detalhes especficos da ponta pequena de
Daniel 8 e do homem vil de Daniel 11. Todos os outros cumprimentos, tais como
Roma pag e papal, so cumprimentos mais de princpio do que de detalhes.
9. Daniel 8:14 uma resposta a uma pergunta sobre a durao do sucesso de um
poder vil e no um aviso sobre um juzo investigativo dos pecados dos santos.
10. Daniel 7:9-13 uma cena de juzo com foco na chifre pequeno, no nos santos.
11. Apocalipse 14:7 fala de um juzo sobre Babilnia, no sobre os santos.
12. O Novo Testamento em lugar algum antecipa 20 sculos entre os dois adventos,
mas antecipa o retorno iminente de Cristo no mesmo sculo em que os evangelhos
e as epstolas foram escritos.
13. Nada no Novo ou Antigo Testamento ensina que o santurio contaminado
apenas quando confessamos nossos pecados.
14. O sangue das ofertas do povo comum nunca entrava no primeiro compartimento.
Era um evento raro quando o sangue era levado para l.
29
1980, 6.
30
12
15. O Novo Testamento no ensina que Cristo est atualmente ministrando pelo
pecado no santurio celestial assim como o sacerdote terreno tem sido
apresentado pelos adventistas atuando no santurio tpico.
16. impossvel ser dogmtico quanto a datas precisas de cumprimentos profticos.
17. No h evidncia de que 22 de outubro era o dcimo dia do stimo ms de 1844.
18. Quando nossos pioneiros, incluindo Ellen G. White, aplicaram Mateus 25:1-13 ao
movimento de 1844 e juntaram a entrada de Cristo no Santssimo com a vinda do
noivo em 22 de outubro de 1844, eles assumiram uma posio que
extremamente indefensvel exegeticamente.
19. Nossos pioneiros, incluindo Ellen White, erraram quanto porta fechada, e
mantiveram seu erro at aproximadamente 1851.
20. No h textos bblicos claros que ensinam o juzo investigativo.31
Ford tentou justificar sua nova abordagem das profecias de Daniel alegando que
desde o comeo da exegese cientfica entre os adventistas do stimo dia aquela exegese
que leva em considerao as lnguas originais, contextos histricos e literrios, e luz da
arqueologia, todas as nossas crenas fundamentais sobre o santurio celestial, o servio
sacerdotal de Cristo e 1844 tm sido repetidamente desafiadas por telogos adventistas
ou pelo menos rejeitadas pela maioria daqueles que so especialistas nesta rea bblica em
particular.32
Estudando a mudana de Ford de uma interpretao adventista tradicional para
aquela que ele mais tarde manteria e defenderia arduamente, surge a pergunta: O que
provocou tal mudana? Segundo Ford, quando algum convertido a Cristo, ele
justificado forensicamente. Em outras palavras, justificao sinnimo de salvao. Por
que ento a necessidade de um juzo investigativo dos justos j que todos aqueles que
aceitaram Jesus como Salvador e Senhor j esto salvos? Sua concepo de justificao
pela f teve um impacto direto na sua compreenso do juzo investigativo. Conforme Ford:
31
32
Ibid., 291.
13
Por que ns, assim como todos os outros cristos, fomos encarregados do evangelho
eterno, essencial que nada em nossa apresentao doutrinria compita ou
contradiga este evangelho. Chegar a inferir que a obra expiatria de Cristo no
Calvrio no foi completa, mas necessitava de uma fase seguinte; sugerir que os
mritos do sangue do Salvador no alcanaram o Lugar Santssimo at 1844; declarar
que nosso Senhor esteve durante dezoito sculos envolvido em um ministrio que
representava os privilgios limitados da era judaica pr-cruz (Hb 9:6-9); criar o medo
de que nossa salvao eterna repousa em certa medida em obras ao invs da f, e que
a questo do juzo dependa desta medida de obras no crescimento cristo pr em
risco o evangelho abenoado, esquecer a advertncia de Judas 3, e convidar a
maldio de Glatas 1:8, (ver Gl 2:16-21; Rm 3:19-28; Ef 2:8; Tt 3:4-7). Estes so
assuntos srios, e mesmo que a vida professional de alguns de ns corra perigo por
ouvirem voz da conscincia, tal custo valioso demais quando envolve deslealdade
ao evangelho. Certamente todos ns concordaramos com a escolha de Whitefield,
quando este exclamou: Seja meu nome esquecido, seja eu pisado pelos homens, para
que Jesus seja glorificado.33
Glacier View causou um significativo impacto sobre a denominao. Membros
da igreja e alguns telogos seguiram Desmond Ford, deixando de crer nas doutrinas do
santurio celestial e do juzo investigativo. Muitos pastores devolveram suas credenciais e
deixaram a igreja.34 Ford se recusou a mudar de posio e, por isso, a igreja se sentiu
obrigada a pedir que suas credenciais fossem devolvidas. Desde ento, Ford esteve
trabalhando com a Good News Unlimited em Auburn, Califrnia.35 Ele se mantm ocupado
33
Ibid., i.
34
Richard W. Schwarz and Floyd Greenleaf, Light Bearers (Nampa, ID: Pacific
Press Publishing Association, 2000), 634.
35
14
apresentando palestras, escrevendo artigos36 e livros.37 Mesmo depois de retornar
Austrlia e estar fora do cenrio teolgico adventista, Ford continua sendo discutido.
Olhando para as reunies de Glacier View, podemos afirmar que a igreja
conseguiu lidar com a crise de maneira sbia e madura. Desde aquelas reunies, uma srie
36
Idem, Physicians of the Soul: God's Prophets Through the Ages (Nashville:
Southern Pub. Association, 1980); idem, The Forgotten Day (Newcastle, CA: Desmond
Ford Publications, 1981); idem, Crisis: A Commentary on the Book of Revelation
(Newcastle, CA: Desmond Ford Publications, 1982); idem, The Adventist Crisis of
Spiritual Identity (Newcastle, CA: Desmond Ford Publications, 1982); idem, Will There Be
a NUCLEAR World Holocaust? (Auburn, CA: Good News Unlimited, 1984); idem, How to
Survive Personal Tragedy (Auburn, CA: Good News Unlimited, 1984); idem, Worth More
than a Million!: What Medical Science and Scripture Say about Immunity to Disease
(Auburn, CA: Good News Unlimited, 1984); idem, A Kaleidoscope of Diamonds
(Newcastle, CA: Desmond Ford Publications, 1986); idem, Daniel and the Coming King
(Rocklin, CA: J & M Printing, 1996); Eating Right for Type 2 Diabetes : A Christian
Perspective on a Traumatic Disease (Lincon, NE: IUniverse Book Publisher, 2004); idem,
Right with God Right Now: How God Saves People as Shown in the Bible's Book of
Romans.
de estudos acadmicos, 38
38
15
16
teses, 39
39
17
e livros40 tm sido publicados, na busca de uma melhor compreenso dos assuntos
relacionados a Daniel, Apocalipse, Levtico, Hebreus, o santurio, 1844 e o juzo
investigativo.
Concluso
Desmond Ford se uniu Igreja Adventista do Stimo Dia aos 16 anos de idade
atravs da leitura do livro O Grande Conflito de Ellen G. White. Ele ingressou no
40
C. Mervyn Maxwell, God Cares: The Message of Daniel for you and your
family (Boise, ID: Pacific Press, 1981); Morris Venden, Good News and Bad News about
Judgment (Mountain View, CA: Pacific Press, 1983); C. Mervyn Maxwell, God Cares: The
Message of Revelation for you and your family (Boise, ID: Pacific Press, 1985); Hans K.
LaRondelle, The Israel of God in Prophecy: Principles of Prophetic Interpretation (Berrien
Springs, MI: Andrews University Press, 1987); Clifford Goldstein, 1844 Made Simple
(Boise, ID: Pacific Press, 1988); idem, How Dare You Judge Us, God (Boise, ID: Pacific
Press, 1991); Leslie Hardinge, With Jess in His Sanctuary: Walk Through the Tabernacle
Along His Way (Harrisburg, PA: American Cassette Ministries, 1991); Alberto R. Treiyer,
The Day of Atonement and the Heavenly Judgment: From the Pentateuch to Revelation
(Sioam Springs, AR: Creation Enterprises International, 1992); Clifford Goldstein, False
Balances: The Truth about the Judgment, the Sanctuary, and Your Salvation (Boise, ID:
Pacific Press, 1992); Roy Adams, The Sanctuary: Understanding the Heart of Adventist
Theology (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1993); C. Mervyn Maxwell, Magnificent
Disappointment: What Really Happened in 1844 and Its Meaning for Today (Boise, ID:
Pacific Press, 1994); Frank B. Holbrook, The Atoning Priesthood of Jesus Christ (Berrien
Springs, MI: Adventist Theological Society Publications, 1996); Morris Venden, Never
Without an Intercessor: the Good News about the Judgment (Boise, ID: Pacific Press,
1996); Hans K. LaRondelle, How to Understand the End-Time Prophecies of the Bible: The
Biblical-Contextual Approach (Sarasota, FL: First Impressions, 1997); Normand Gulley,
Christ is Coming (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1998); Paul A. Gordon, The
Sanctuary, 1844 and the Pioneers (Nampa, ID: Pacific Press, 2000); Jacques B. Doukhan,
Secrets of Daniel (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2000); Ranko Stefanovic,
Revelation of Jesus Christ (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2002); Juarez
Rodrigues Oliveira, Chronological Studies Related to Daniel 8:14 and 9:24-27
(Engenheiro Coelho, SP: Imprensa Universitria Adventista, 2004); Gerhard Pfandl,
Daniel: The Seer of Babylon (Hagerstown, MD: Reviews and Herald, 2004); Alberto R.
Timm, Amim A. Rodor, and Vanderlei Dornelles, O futuro: A viso adventista dos ltimos
acontecimentos (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2004); Clifford Goldstein, Graffiti in
the Holy of Holies (Nampa ID: Pacific Press, 2004); William H. Shea, Daniel: A Readers
Guide (Nampa, ID: Pacific Press, 2005).
18
Seminrio Teolgico em Avondale College e prosseguiu seus estudos acadmicos at
conseguir dois doutorados. Durante os anos em que foi pastor da Igreja Adventista do
Stimo Dia, Ford se aprofundou em duas reas da teologia adventista: (1) a justificao
pela f e (2) temas relacionados ao livro de Daniel. Durantes seus ltimos anos como pastor
adventista, Ford comeou a assumir uma posio contrria sua posio anterior com
respeito interpretao do livro de Daniel devido sua compreenso de justificao pela
f. Esta mudana de pensamento acabou levando-o a discutir sua posio diante de um
grupo representativo de telogos e lderes da Igreja. Ford defendia uma interpretao
diferente da posio adventista nas seguintes reas: (1) a interpretao proftica, (2) o juzo
investigativo e (3) o dom proftico de Ellen G. White. Suas idias causaram um impacto
significativo sobre a denominao, e ainda continuam sendo discutidas.
CAPTULO 3
INTERPRETAO PROFTICA
Analisando a obra de Desmond Ford Daniel 8:14, percebemos que ele no
concorda com a interpretao proftica feita pelos adventistas. Este utiliza vrios
argumentos para mostrar que tal interpretao no bblica e, assim, no deveria ser usada.
Ford procura mostrar que: (1) o princpio dia-ano no vlido, (2) o chifre pequeno no
apenas Roma pag e papal, (3) Jesus pretendia voltar no primeiro sculo de nossa era e (4)
apenas atravs do princpio apotelesmtico podemos interpretar corretamente as profecias
de Daniel. Estudaremos cada um desses argumentos procurando mostrar como suas idias
se contradizem quando comparadas com o que ele havia publicado anteriormente sobre os
mesmos assuntos.
O princpio dia-ano
Crticas
Em Daniel 8:14, Desmond Ford apresenta seis argumentos contra o princpio
dia-ano e a interpretao de que o Dia Antitpico da Expiao teria ocorrido em 22 de
outubro de 1844. Em primeiro lugar, ele procura mostra que o princpio dia-ano no qual
um dia proftico equivale a um ano literal no deveria ser empregado na interpretao de
profecias de tempo, tais como as 2.300 tardes e manhs, as 70 semanas, os 1.260 dias, os 42
meses, ou um tempo, tempos, e metade de um tempo. Este princpio pode ser encontrado
19
20
em Nmeros 14:32-35 e Ezequiel 4:1-8, mas no um princpio designado a governar
outras passagens.1
Como segundo argumento, Ford enfatiza que Daniel 8:14 no fala de 2.300
dias, j que no encontramos a palavra dias no texto. No lugar, temos a expresso
ambgua tardes e manhs que mais provavelmente se aplica aos sacrifcios da tarde e da
manh. Portanto, no lugar dos 2.300 dias, se estes exegetas esto corretos, apenas 1.150
dias esto em vista.2 Em terceiro lugar, Ford afirma tambm que Daniel 9:24-27 no
menciona dias em nenhum lugar. O hebraico shabuim significa meramente setes setes de
seja o que o contexto indicar, e aqui anos esto em vista. Muitas tradues modernas,
incluindo a Revised Standard Version, reconhecem este fato.3 Setes ou hebdmadas
como literalmente traduzido, no tem necessariamente conexo com dias.4
Ford oferece outro argumento mostrando que, quando o contexto analisado,
os 2.300 dias se aplicam durao de tempo em que a ponta pequena pisaria por terra o
santurio e suspenderia os sacrifcios dirios. Ele portanto, nega que os 2.300 anos
comearam sculos antes que o chifre pequeno iniciasse seu ataque ao santurio, ou seja,
ao mesmo tempo em que as 70 semanas comearam. A palavra hebraica chathak [em Dn
9:24] significa cortar ou decretar, e no h como provar que estava designado cortar 490
de 2.300.5
1
Ibid., 174-176.
Ibid., 197.
Ibid., 203.
Ibid., 175.
21
Em seu quinto argumento, ele alega que nada em Esdras 7 fala do decreto para
a restaurao de Jerusalm. Alis, o contexto diz que esse decreto, assim como aquele de
Ciro e Dario, tinha a ver com o templo. Os magistrados estavam encarregados de aplicar as
leis do templo. Veja Esdras 6:14 que situa este decreto entre os decretos do templo.6 O ano
de 457 a.C., portanto, no poderia ser uma data para o incio das 70 semanas7.
Finalmente, Ford argumenta que mesmo se estabelecssemos o ano de 457
a.C., no h como demonstrar que devemos datar o decreto para o dia 22 de outubro
daquele ano. Pelo contrrio, h indcios que parecem apontar para a direo oposta...
Teriam todos os judeus caratas observado o dia 22 de outubro como o Dia da Expiao em
1844? A evidncia mostra que a maioria no.8 Para ele, o Dia da Expiao teria cado no
dia 23 de setembro no calendrio carata.9
Respostas Anteriores
Como o propsito deste estudo, as declaraes de Ford podem ser revogadas
pelos seus prprios argumentos anteriormente publicados. Em seu livro Laynd,10 podemos
encontr-lo apresentando seis argumentos a favor do uso do princpio dia-ano. Ele afirma
que (1) dias comuns no poderiam estar aqui tencionados por estas profecias, pois como
as vises abarcam temas amplos, ao invs de temas insignificantes, assim tambm os
6
Ibid.,174-176.
Ibid.
Ibid., 195-196.
Ibid., 196-197.
10
22
perodos de tempo enfatizados so smbolos de eras extensas, ao invs de limitadas.11 (2)
Da mesma forma que em Daniel 2, os quatro metais da imagem so smbolos de quatro
reinos e em Daniel 7, os quatro animais so representaes de quatro reinos, os perodos
de tempo incorporados em tais profecias devem... ser necessariamente simblicos ao invs
de literais e passveis de elucidao. 12 (3) O mtodo em particular no qual os perodos de
tempo em Daniel e Apocalipse so expressos tambm indica que estes devem ser aplicados
simbolicamente. A expresso um tempo, dois tempos, e a metade de um tempo de
Daniel 7:25 no poderia ser literal. Em dois outros lugares este intervalo ocorre nas
Escrituras, e em ambos os casos so expressos em sua forma natural de trs anos e seis
meses (ver Lc 4:25; Tg 5:17). A teoria dia-ano requereria que o smbolo fosse expresso
de tal forma a indicar que no seja interpretado literalmente. Daniel 7:25 no o faz de forma
admirvel?13 (4) O mesmo acontece com a expresso duas mil e trezentas tardes e
manhs. Esta no seria a expresso normal e literal para um perodo entre seis a sete anos.
H apenas trs eventos em toda a histria bblica onde um perodo de tempo maior do
que 40 dias expresso em dias apenas, e absolutamente sem precedentes nas
Escrituras que perodos de mais de um ano sejam assim descritos (Gn 7:24; 8:3; Ne
6:15; Et 1:4).
As diferentes expresses usadas para denotar o mesmo perodo so provas
adicionais que o um tempo, dois tempos, e a metade de um tempo de Daniel 7:25
no pode representar trs anos e meio normais. Duas vezes mencionado como
tempo, dois tempos, e a metade de um tempo (Dn 7:25; 12:7); uma vez como um
tempo, tempos, e a metade de um tempo (Ap 12:14); duas vezes como quarenta e
dois meses (Ap 11:2; 13:5); e duas vezes como mil duzentos e sessenta dias (Ap
11:3; 12:6). Comparando o contexto em cada caso, evidente que todos estes se
aplicam ao mesmo perodo, mas a expresso natural de trs anos e seis meses no
11
Ibid., 301.
12
Ibid., 301
13
Ibid.
23
usada uma s vez. Obviamente Deus est indicando a natureza simblica da
expresso...14
Ele tambm argumenta que (5) assim como animais de vida curta so
utilizados como smbolos de imprios duradouros, seria mais lgico que os tempos
mencionados fossem tambm apresentados proporcionalmente, com uma unidade de
tempo menor representando uma unidade maior.15 Finalmente, Ford argumenta que at
esse ponto, a nica medida de tempo no empregada no simbolismo de Daniel a do ano.
Dias, semanas, e meses so utilizados (1.260 dias, setenta semanas, quarenta e dois
meses), mas a palavra para ano no encontrada... A explicao mais bvia para esta
omisso da palavra para ano em Daniel e Apocalipse, enquanto que os outros termos
de um calendrio so encontrados, que o ano a medida tipificada nessas profecias,
e que o dia, o perodo de tempo mais curto do calendrio simblico, utilizado para o
representar. H uma propriedade natural no princpio dia-ano sendo escolhido pelo
Criador quando lembramos que existem duas grandes rotaes da Terra. Uma em seu
eixo, durando 24 horas, a qual d origem ao dia; e a outra em sua rbita, durando 365
dias, que d surgimento ao ano. realmente apropriado que o menor se torne smbolo
do maior...16
Sobre a expresso tardes e manhs de Daniel 8:14, Ford cita Keil,17
mostrando que Daniel tinha um dia completo em mente:
Quando o hebraico procura expressar separadamente o dia e a noite, as partes
componentes de um dia da semana, ento o nmero de ambos expresso. Eles dizem,
por exemplo, 40 dias e 40 noites (Gn 7:4, 12; x 24:18; 1Re 29:8), e trs dias e trs
noites (Jn 1:17; Mt 12:40), mas no 80 dias e noites ou trs dias e noites, quando
procuram se referir a 40 dias ou trs dias completos. Um leitor do hebraico no
poderia compreender o perodo de tempo de 2.300 tardes e manhs de 2.300 meiodias ou 1.150 dias completos; porque manh e tarde, na criao, no constituam
14
Ibid., 301-302.
15
Ibid., 302
16
Ibid.
17
Ibid., 197.
24
metade, mas o dia completo... Devemos, portanto, ler as palavras como elas so, ou
seja, 2.300 dias completos.18
Em Laynd, Ford tambm mostra que apesar da palavra dias no aparecer em
Daniel 9:24, o autor estava se referindo a dias:
Enquanto que a palavra aqui [Dn 9:24] encontrada para semanas, shaba,
simplesmente significa hebdmada (uma unidade de sete dias), no obstante, o uso
bblico deste termo sempre para uma semana de dias (ver Gn 29:27, 28; Dn 10:2.
No usado, por exemplo, em Lv 25:1-10 para o perodo de sete anos). Considerando
que outras evidncias indicam que este perodo de 490 anos cortado de um perodo
maior dos 2.300, bvio que o ltimo consiste em anos tambm. Deste modo, aqui
em Daniel 9 acertamos no teste pragmtico, e o princpio dia-ano justificado, apesar
do fato que a palavra dia no aparea nesta passagem.19
Ele procura comprovar a conexo existente entre Daniel 8 e 9, mostrando que:
(1) o mesmo anjo do captulo 8 vem para fazer entender a viso no captulo 9. Suas
primeiras palavras a Daniel se referem viso do captulo 8; (2) o tema de ambos os
captulos o mesmo o futuro do santurio; (3) Daniel 9:24 se torna relevante quanto ao
que, e ao quando do evento prometido em 8:14;20 (4) ambas profecias se referem a
Cristo e ao anticristo como os protagonistas na guerra pelo santurio; (5) ambas comeam
com a Medo-Prsia; (6) ambas culminam com o juzo sobre o anticristo no fim dos tempos;
e (7) ambas apontam para o surgimento da justia eterna.21 Mais adiante, Ford afirma que
se Gabriel est cumprindo a comisso de Daniel 8:16 para explicar 8:1-14 a Daniel, e se
o que e quando do verso 14 que continuam preeminentes e requerem explicao, parece
18
20
Ibid., 207.
25
evidente que esta primeira declarao de Gabriel afirma que as 70 semanas de anos sejam
cortadas dos 2.300 dias simblicos ou anos atuais.22
Infelizmente no encontramos Ford explicando o motivo pelo qual concordava
com 457 a.C. anteriormente. A nica coisa que ele comenta que margem de Esdras 7,
todas as Bblias indicam o ano de 457 a.C. como sendo o ano do decreto.23 Alis, todas as
datas que so geralmente aceitas no cristianismo, como 457 a.C. para o decreto da
reconstruo de Jerusalm, 27 d.C. para o batismo de Cristo, 31 d.C. para Sua crucificao,
e 34 d.C. para o apedrejamento de Estevo, eram tambm aceitas por Ford, mas ele no
procurou apresentar argumentos para sua posio.
O chifre pequeno e Antoco Epifnio
Crtica
Ford procura mostrar que Roma no a nica alternativa para o chifre
pequeno, j que devemos procurar por um poder surgido do mundo grego nos anos 300
a.C. e antes da supremacia romana em 30 a.C.. Em sua opinio, o chifre pequeno veio de
um dos quatro chifres, e no de um dos quatro ventos. Afirmar, como alguns tm feito, que
o chifre pequeno surge de um dos quatro ventos, ao invs dos quatro chifres, destri a
unidade visual do smbolo.24 Para Ford, Antoco preencheria o simbolismo perfeitamente
j que suas operaes se encaixam dentro da profecia, o que no aconteceria com Roma.
21
24
26
Ele no limita o cumprimento apenas a Antoco Epifnio mas, atravs do
princpio apotelesmtico, amplia para vrios outros possveis cumprimentos. Ford acredita
que a aplicao sobre o abominvel da desolao feita por Jesus em Mateus 24:15 como
ainda para dias futuros apenas mostra que o significado da profecia no tinha ainda sido
completamente esgotado. Em outras palavras, a declarao de Cristo valida o princpio
apotelesmtico. 25 Ele afirma que a profecia, enquanto originalmente cumprida em
Antoco, e somente com ele em relao aos detalhes, tambm se aplica de maneira geral s
manifestaes posteriores do anticristo, incluindo Roma pag e papal. Seu cumprimento
final ainda est no futuro, quando o homem da iniqidade se assentar no templo de Deus e
se mostrar como Deus no meramente a apostasia papal mas a contrafao final de
Satans.26
Para encaixar os perodos de tempo encontrados na profecia, Ford prope que
perodos de tempo bblicos so normalmente nmeros arredondados, ao invs de
precisos... Daniel 8 apresenta todo o perodo de perseguio, no apenas o perodo de
interrupo dos servios do santurio. Esta perseguio comeou em 171 a.C. e
incluiu o assassinato do embaixador judeu em Tiro em 170 a.C., o morticnio e
cativeiro de 80.000 judeus no mesmo ano, e a profanao do templo nesta poca. Em
168 a.C. ocorreu a suspenso total dos ritos do santurio, uma suspenso que durou
at 165 a.C. O perodo aproximado da opresso por Antoco foram 2.300 dias.27
Respostas Anteriores
Por outro lado, podemos encontrar Ford enfatizando inmeras vezes que um
poder na poca dos macabeus no se enquadra no perfil da profecia. Ao comentar sobre a
25
Ibid., 245.
26
Ibid.
27
Ibid., 239.
27
data em que o livro de Daniel foi escrito, ele mostra que se o livro de Daniel foi escrito no
segundo sculo a.C. e seu horizonte est ligado s faanhas de Antoco Epifnio, ento o
nono captulo tem por tema proftico no o Messias mas um tirano Srio.28 Ford nunca
assumiu essa posio, pelo contrrio, sempre admitiu que o livro de Daniel foi escrito
durante o cativeiro babilnico.29 Neste caso, Deus estaria preocupado com uma esfera mais
ampla do que o problema nacional.30 Ver isto [a profecia de Dn 9:24] como apenas uma
esperana piedosa associada ao restabelecimento do servio do santurio aps Antoco
Epifnio significa restringir sua perspectiva sem uma razo legtima.31 Este captulo
contm uma profecia apocalptica, no esquecendo que
o propsito de toda profecia apocalptica apontar para o fim dos tempos... A
natureza apocalptica do captulo [Dn 8] automaticamente pede no apenas por uma
interpretao escatolgica, mas uma que se estende alm das fronteiras nacionais. A
apocalptica csmica em sua extenso, e seu trmino o reino de Deus em glria.32
Alm do mais,
O princpio da repetio e aumento caracterstico das profecias de Daniel e
Apocalipse tambm oferecem luz aos perodos de tempo empregados nestes livros... o
quarto esboo em Daniel, o dos captulos 11 e 12, cobrem o mesmo contedo dos
captulos 2, 7 e 8. A descrio encontrada em 11:31-45 claramente se encaixa com
8:11-13, 23-25. O captulo final de Daniel oferece, em maiores detalhes, o que
encontrado nos versos 44 e 45 do captulo 2. Deste modo, para podermos interpretar o
28
Idem, The Dating of the Book of Daniel, Part 1, Ministry, julho de 1973,
12.
29
Idem, The Dating of the Book of Daniel, Part 1, Ministry, julho de 1973;
idem, The Dating of the Book of Daniel, Part 2, Ministry, agosto de 1973; idem, Laynd,
30-44.
30
31
32
28
perodo mencionado em 8:14, essencial que levemos em considerao o fato que o
principal poder para os 2.300 dias representado no captulo 11 como durando at
que o reino de Deus seja estabelecido. Neste caso, a inadequabilidade de interpretar
as 2.300 tardes e manhs como apenas dias durante a era macabia aparente.33
Ford relembra que Cristo, Paulo e Joo aplicaram o chifre pequeno s
manifestaes do anticristo, comeando com a Roma pag e atingindo o clmax com as
iluses satnicas nos ltimos dias.34 Mateus 24 deixa claro que ambas as profecias se
referem destruio de Jerusalm em 70 d.C., mas continuam a se cumprirem na guerra
contra o Israel espiritual pelo anticristo durante os sculos... Esse fato apenas desqualifica a
posio dos crticos que aplicam Daniel 8 aos tempos de Antoco Epifnio.35 Ele compara
as palavras de Jesus em Mateus 24:15 com Daniel 8:13 e mostra que ambos os textos
tratam dos mesmos assuntos: a abominao da desolao, o santurio, e este sendo pisado
por terra.36 Em suma, pode ser afirmado que no primeiro livro do Novo Testamento temos
uma referncia especfica a Daniel 8:13, 14, e a aplicao feita no apenas para o futuro;
mas conectado especificamente ao fim do mundo e o estabelecimento do reino de
Cristo.37 O mesmo acontece com Paulo em 2 Tessalonicenses 2:3, 4. Tanto a abominao
da desolao, o santurio, e este sendo pisado por terra, so temas encontrados em Daniel
8:13 e 2 Tessalonicenses 2:3, 4. Paulo os aplica nestes textos ainda para o futuro.38
33
Ibid., 303.
34
Ibid., 172.
35
36
Idem, Daniel Eight in the New Testament, Ministry, novembro de 1961, 28.
37
Ibid.
38
Ibid.
29
Jesus e o Novo Testamento
Crtica
Uma das principais suposies de Ford que todas as profecias, mesmo as que
envolvem perodos de tempo, estavam tencionadas a se cumprirem at o primeiro sculo
d.C. Assim sendo, Cristo pretendia retornar naquele mesmo sculo. Quando, por exemplo,
Jesus em seu discurso no Monte das Oliveiras, encontrado em Marcos 13, fala sobre o fim
de Jerusalm e do mundo, Ford entende que a predio de Jesus aponta para um evento
interligado: a destruio de Jerusalm e o fim do mundo, e no como dois eventos
separados. 39 Ele assume que, como a expresso esta gerao encontrada 14 vezes nos
evangelhos, Jesus pretendia enfatizar a sua volta naquela mesma gerao. 40 A declarao de
Jesus em Marcos 13:30, afirmando Em verdade vos digo que no passar esta gerao sem
que tudo isto acontea, entendida por Ford como sendo uma profecia condicional. Para
ele, Jesus acreditava que se a igreja primitiva se mostrasse fiel comisso missionria, e
se a nao judaica se arrependesse, o fim ocorreria na mesma poca. a juno da
proclamao evanglica ao mundo com fim naquela era que prov a indicao do elemento
contingente. Tal proclamao dependeria da dedicao total da igreja. 41 Ele continua: A
evidncia de Mateus 24:34 (Mc 13:30) torna claro o fato de que no era originalmente o
plano divino que o pecado durasse sculos aps a cruz. Profecias como Daniel 7:25; 8:14;
39
40
Ibid., 178-188.
41
Ibid., 184.
30
Apocalipse 1:2; 12:16; 13:5, teriam se cumprido em escala menor se a igreja tivesse
rapidamente entendido e proclamado o evangelho em sua pureza.42
O plano ideal de Deus era de que Jesus voltaria no primeiro sculo d.C., no muito
tempo aps sua ascenso ao cu. Isto ensinado claramente de Mateus a Apocalipse
e reconhecido por uma vasta maioria de estudiosos do Novo Testamento. Isto nos
ajuda a entender porque Hebreus podia aplicar o Dia da Expiao para a ascenso de
Cristo alm do vu e prometeu que logo sairia para abenoar todos aqueles que, no
ptio terrestre, ansiavam pela sua vinda (ver Hb 9:26-28) .43
Alm disso, o livro de Apocalipse teria sido escrito para preparar e fortalecer
espiritualmente os cristos daquela poca a fim de espalharem o evangelho para que o
fim do mundo fosse consumado em seus dias.44 Qualquer tentativa de dissolver a
iminncia e urgncia dos eventos relatados em Apocalipse seria uma eisegse.45 O uso que
alguns fazem de 2 Pedro 3:8 para explicar a aparente urgncia destes textos no somente
errada como tambm um estratagema humano para evitar a dificuldade.46
Ford conclui: Repetimos a evidncia clara que o livro de Apocalipse foi
escrito a fim de fortalecer a Igreja daqueles dias para completar a comisso evanglica. O
cu pretendia que fiis daquela gerao pudessem ver Cristo voltando nas nuvens e serem
arrebatados nos ares para encontr-lo sem passar pelos portais da tumba.47
42
Ibid., 185.
43
Ibid., 178.
44
Ibid., 185.
45
Ibid., 186.
46
Ibid., 187.
47
Ibid., 188.
31
Respostas Anteriores
Mas em sua tese doutoral, Ford discute extensivamente a conexo feita por
Jesus entre o bde,lugma th/j evrhmw,sewj de Marcos 13:14, e o
~yciWQvi
~mevom.
santa Daniel 9. 48 Ao fazer isto, Cristo no tinha apenas Daniel 9:26-2749 em mente, mas
Daniel 7,50 8:13-14,51 e 11:36.52 H, inclusive, um paralelismo peculiar entre o captulo 13
de Marcos, e todo o livro de Daniel quando se referindo ao poder abominvel.53 Tendo
em mente este paralelismo existente, necessrio no esquecermos que algumas pores
[das profecias de Daniel] estavam seladas at o tempo do fim e que a aplicao vital
destas profecias seladas pertencem no ao tempo dos macabeus, mas aos ltimos dias
desta era.54 Se o livro de Daniel profetisa o estabelecimento final do reino de Deus e sua
48
49
Ibid., 199.
50
Ibid.
51
Ibid., 181.
52
Ibid., 199.
53
Ibid., 144; idem, Daniel 8:14 and the Latter Days, 42.
54
Ibid., 16.
32
vitria sobre o mal,55 ento os perodos de tempo apresentados neste livro so extensos, e
no poderiam se cumprir no primeiro sculo de nossa era.
Ali, Ford tambm mostra que importante no confundir imediao e
iminncia.56 Os sinais apresentados em Apocalipse podem indicar um tempo relativo,
sem revelar o dia ou hora especfico.57 A imagem apresentada por Cristo de que a vinda
de seu reino
ser repentina e inesperada para um mundo ao qual, assim como nos dias de No, se
entregou para as coisas da carne. Assim como a destruio veio repentinamente aos
habitantes de Sodoma e Gomorra apesar dos avisos de L, que compreendia os sinais
dos tempos, assim ser no fim dos tempos. Esta explicao... se harmoniza com
Marcos 13:34 que admoesta os discpulos da impossibilidade de apontar para o
momento exato da Parousia e ainda impele-os a grhgoh/sai. 58
Em nenhum lugar no Antigo ou Novo Testamentos a segunda vinda do
Senhor caracterizada como sujeita a uma demora interminvel.59 A sua iminncia
enfatizada, mas no o tempo especfico.
O princpio apotelesmtico
Crtica
Para resolver as dificuldades exegticas at agora discutidas, Ford prope o
princpio apotelesmtico. Segundo ele, o princpio apotelesmtico afirma que uma
profecia cumprida, ou parcialmente cumprida, ou at no cumprida no tempo designado,
55
56
57
Ibid.
58
Ibid., 54.
59
Ibid., 58.
33
pode ter uma recorrncia posterior ou cumprimento consumado. O cumprimento final o
mais abarcante, mesmo que os detalhes da previso original sejam limitados ao primeiro
cumprimento.60 Em outras palavras, o conceito de que uma profecia especfica, em seu
esboo ou ao considerar uma caracterstica dominante na profecia pode ter mais de uma
aplicao no tempo.61 Quando aplicando este princpio ao livro de Daniel, Ford nos
lembra que
Israel no foi fiel, e a profecia de Daniel 8 tinha um cumprimento limitado para os
dias de Antoco Epifnio, outro com Roma pag, outro com Roma papal, e ainda ter
outro cumprimento final na manifestao de Satans logo antes do milnio e seu fim.
Mas em cada era, o juzo aconteceu. Antoco chegou a seu fim, Roma pag foi
destruda, o papado perdeu seu poder para a Reforma, e o ltimo anticristo ser
destrudo pela glria da segunda vinda de Cristo. Estes juzos sucessivos foram
preditos pelo ento o santurio ser justificado. Cada era de reavivamento das
verdades simbolizadas pelo santurio pode ser considerada um cumprimento de
Daniel 8:14.62
Ford acredita que o princpio dia-ano quanto a sua essncia prtica, sempre
esteve correto aquilo que podia se cumprir em dias caso a igreja tivesse permanecido fiel,
agora est levando anos. Este interpreta o princpio dia-ano como uma base filosfica
para a proviso permissiva de Deus na hermenutica. Ele ento conclui dizendo que
temos tambm errado (com exceo de Ellen G. White e alguns outros) por usar um
historicismo rgido quanto exegese proftica. Enquanto que as Escrituras mostram
claramente que as profecias podiam ter mais do que um nico cumprimento, e Ellen G.
White amplamente exemplificou essa verdade como denominao temos sido lentos em
60
61
Ibid., 302.
34
apreciar o princpio apotelesmtico. Para ele, o princpio apotelesmtico a chave
principal que precisamos para autenticar nossa apropriao denominacional de Daniel 8:14
para nosso prprio tempo e obra.63
Para fortalecer seu argumento, ele cita passagens onde Ellen G. White teria
supostamente endossado o princpio apotelesmtico. Passagens onde ela comenta sobre
um cumprimento parcial ou cumprimento final tais como a de Joel 2:28 apontam,
segundo Ford, para a aceitao de Ellen White deste princpio.64 Ele declara que podemos
encontr-la diversas vezes, aplicando a mesma profecia a instantes diferentes.65 Ela aplica
Apocalipse 11 Revoluo Francesa, que coincide com a abertura do livro selado de
Daniel; os sinais preditos sobre os cus so aplicados ao famoso Dia Escuro de 1789 e a
chuva de meteoros de 1833; a parbola proftica de Mateus 25:1-13 usada como
predizendo o movimento de 1844; e Daniel 8:14; 7:9-13, assim como Malaquias 3:1-4 so
aplicados similarmente... Ellen G. White no considerava esses cumprimentos como sendo
finais, na perspectiva bblica. A Revoluo Francesa apresentada como sendo um (no
63
Ibid., 215.
64
2004), 11.
65
35
o) cumprimento marcante da profecia de Apocalipse 11.66 Isso tambm acontece com
Daniel 8:14 e 1844.67
Respostas Anteriores
No encontramos publicaes por Desmond Ford argumentando contra o
princpio apotelesmtico, j que este encontrado no apenas na obra Daniel 8:14 mas
tambm em laynd,68 em sua dissertao de mestrado69 e tese de doutorado.70 Ford no o
nico a apoiar o uso deste princpio. J em 1955 encontramos encontrar George McCready
Price se referindo a um cumprimento apotelesmtico da profecia, sempre que condies
semelhantes predominam na histria do mundo.71
Concluso
Na obra Daniel 8:14, Ford apresenta vrios argumentos contra os princpios de
66
67
Ibid., 350; Existem vrios outros smbolos alm do Dia da Expiao, ao qual
Ellen G. White os aplica a um primeiro momento, e ento a um segundo momento mais
tarde. Por exemplo, logo aps 1844, ela aplicou o abalo, a ira das naes, o selamento, os
sinais nos tempos e especialmente Mateus 25:1-13 eventos relacionados a 1844. Mas em
anos posteriores, os mesmos smbolos so aplicados a eventos ainda no futuro,
relacionados ao segundo advento. Este um forte paralelo para seu uso do simbolismo do
Dia da Expiao. Ibid., 338-340.
68
69
70
36
interpretao proftica usados por adventistas. Ford procura mostrar que: (1) o princpio
dia-ano no vlido, (2) o chifre pequeno no apenas Roma pag e papal, (3) Jesus
pretendia voltar no primeiro sculo de nossa era e (4) apenas atravs do princpio
apotelesmtico podemos interpretar corretamente as profecias de Daniel.
Contra o princpio dia-ano, Ford argumenta que apesar desse princpio ser
encontrado na Bblia, ele no deve ser usado para interpretar outras passagens alm das
quais referido. Como no encontramos a palavra dia em Daniel 8:14 e 9:24, Ford
acredita que este princpio no deveria ser aqui empregado. Ele tambm alega que as 70
semanas no foram cortadas das 2.300 tardes e manhs e que no h como provar que
ambas profecias comeam no ano 457 a.C. Mesmo se isso fosse possvel, no h como
demonstrar que o Dia da Expiao cairia no dia 22 de outubro. Para isso, foram
apresentadas algumas citaes anteriormente publicadas por Ford, mostrando que (1) o
princpio dia-ano vlido e deve ser utilizado para que haja uma clara interpretao das
profecias envolvendo tempo, (2) Daniel estava se referindo a dias em Daniel 8:14 e 9:24
mesmo se a palavra no aparece no texto, (3) h uma forte ligao entre os captulos 8 e 9
de Daniel, e que, portanto, (4) ambas as profecias comeam na mesma data.
Contra a interpretao de que o chifre pequeno seja Roma, Ford afirma que esta
no cumpre a profecia assim como Antoco Epifnio o faz. Ford tambm prope que
profecias de tempo no so precisas, mas arredondadas. Mais uma vez, encontramos Ford
argumentando, anos antes, contra esta posio. possvel encontrar citaes afirmando que
um poder na poca dos macabeus no se enquadra no perfil da profecia. Alm do mais,
Jesus, o apstolo Paulo, e Joo aplicaram o chifre pequeno para o futuro de seus dias.
37
Com relao a viso neo-testamentria das profecias de Daniel, Ford afirma que
Jesus pretendia retornar naquele mesmo sculo. No era plano divino que a volta de Jesus
demorasse tanto tempo. As profecias de Daniel, portanto, deveriam se cumprir at o fim do
primeiro sculo d.C. Novamente, possvel encontrar Ford negando tais posies, alegando
que as profecias de Daniel estavam seladas at o fim, e no ao tempo dos macabeus. Os
perodos de tempo encontrados em tais profecias so extensos, e no poderiam se cumprir
no primeiro sculo d.C.
Finalmente, Ford prope o princpio apotelesmtico como soluo. Uma
profecia poderia se cumprir vrias vezes, e no caso do chifre pequeno, poderia se cumprir
em Antoco Epifnio, Roma, e o anticristo que surgiria nos ltimos dias ao lado de Satans.
Contra esta posio, no foi encontrada uma citao anteriormente publicada, j que Ford
sempre advogou tal princpio.
A mudana de interpretao das profecias de Daniel relacionadas ao santurio
levou Ford a tambm modificar sua compreenso do juzo investigativo e da purificao do
santurio. Se a purificao do santurio de Daniel 8:14 no ocorreu em 1844 d.C., a
natureza desse evento conseqentemente alterada.
CAPTULO 4
O JUZO INVESTIGATIVO
O juzo investigativo negado por Ford em Daniel 8:14. Ele o faz, alegando
que no podemos encontrar referncias a esse evento no Antigo ou Novo Testamento. Para
tanto, estudaremos sua compreenso desse assunto e suas crticas relacionadas aos captulos
7 e 8 de Daniel e aos livros de Hebreus e Apocalipse.
O juzo investigativo
Crtica
Ford reconhece que os santos sero julgados, assim como mencionado por
Paulo em 1 Corntios 4:4, 5:10 e Romanos 14:10. Ele reconhece que em Apocalipse 20,
encontramos duas ressurreies, onde todos os santos se levantam da priso da morte.
Isto indica que seu julgamento antes da volta de Cristo. O fato de que mencionado que
crentes no apenas comparecem perante o julgamento, mas que devem tambm, como
assistentes de Cristo, julgar o mundo e os anjos cados requer uma deciso antes do
advento a seu favor, antes do julgamento dos perdidos.1 Mas este julgamento dos justos
algo contnuo durante sua vida. Apenas aquele que permanecer fiel at o fim ser salvo. A
deciso de f deve ser continuamente reafirmada. So aqueles que permanecem em Cristo e
1
39
confiam inteiramente em Seus mritos, demonstrado em uma vida de obedincia fiel, que
continuam na prtica da justia quando a porta da graa fechar.2
O fato de que h dois grupos de textos sobre os santos concernente ao juzo um
declarando que at eles devem passar pelo exame divino, e o outro que eles julgaro
os mpios requer um juzo pr-advento para estes. Daniel 12:10 e Apocalipse 22:11
apontam para isto no um processo que se prolonga por sculos, mas um
reconhecimento por nosso Sumo Sacerdote dos nomes daqueles que esto no livro da
vida que, atravs da f, esto intitulados justificao final e irrevogvel.3
Ford acredita que no h necessidade de um juzo investigativo.
Deus no precisa de livros e de 140 anos para definir o destino do homem. Os anjos,
ou os mundos no-cados ou os habitantes desta terra aproveitariam de um juzo
investigativo como o temos descrito. De acordo com Ellen G. White, os anjos j
sabem as intenes e pensamentos de nosso corao, assim como Deus certamente
sabe nosso estado espiritual e aqueles que so Seus. Ele sabe quem so Suas ovelhas
atualmente. Assim, as Escrituras nos dizem que o destino de muitos j foi traado
muito tempo atrs sem a necessidade de um juzo investigativo. Abrao, Isaque, Jac,
os profetas, os apstolos, os heris de Hebreus 11, e a multido ressuscitada no
primeiro advento so apresentados com destino j definido tempos atrs. o juzo
visvel ao fim dos tempos que confirma a vindicao que Deus realizou na cruz, e no
um processo judicial invisvel que seria intil para os mortos, quanto a inform-los de
seu destino.4
Novamente, Ford prope o princpio apotelesmtico como soluo. A
purificao do santurio seria dar fim aos pecados, e trazer a justia eterna. expiar a
iniqidade ou seja, erradicar o mal. Forensicamente, isto ocorreu na cruz, mas sua
consumao est no ltimo juzo, que purificar o universo do pecado e dos pecadores.
Aqui est a inspirada interpretao bblica de Daniel 8:14. Ela aponta para o Dia da
Expiao cumprido no calvrio, e brevemente consumada no juzo final de Deus.5 Logo,
2
Ibid., 230.
Ibid., 403.
Ibid., 403.
Ibid., 259.
40
1844 seria um cumprimento apotelesmtico, ao invs de primrio, da passagem
apocalptica, o que no a torna insignificante, mas deixa de competir com o calvrio e o
segundo advento.6
Respostas Anteriores
Por outro lado, em 1974, Ford enfatiza que o juzo do professo povo de Deus
apresentado em Daniel como cobrindo um perodo referido como tempo do fim... se
referindo a um tempo durante o qual ocorrem eventos climticos antes do advento. A
Daniel foi dito que os 2.300 dias alcanariam o comeo do tempo do fim (Daniel 8:17). A
ele foi dito que compareceria perante o juzo ao fim dos dias (ver Daniel 12:13).7
Em seu artigo Some Reflections on the Investigative Judgment, Ford
relembra que
evidente que um juzo no para o benefcio do Todo Onisciente, mas para tornar
pblica Sua justia. De fato, isso parece ser a nica razo para o Senhor ter permitido
o pecado em primeiro lugar para que Suas criaturas pudessem ador-lo em amor
como resultado da exaltao de seu carter... tambm evidente que se Deus
considera parte de sua justia permitir que Suas criaturas vejam os resultados de Sua
rejeio por muitos antes de Sua execuo de juzo (Ap 20:4, 5; 2Co 5:10; Sl 149:9),
assim tambm os seres cados deveriam ser permitidos a ver as razes para a
recompensa envolvida na primeira ressurreio, e isto requer um juzo investigativo...
as Escrituras claramente descrevem um trabalho judicirio ocorrendo antes da
segunda ressurreio, ou seja, seres criados so permitidos a ver nos registros as
razes para a excluso de milhes do novo mundo a lgica sugere um processo
paralelo antes da primeira ressurreio.8
1965, 8.
Ibid., 229.
41
Daniel 7
Crtica
Desmond Ford reconhece que a cena encontrada em Daniel 7:9-10 uma cena
de juzo. Mas esse um juzo (1) do chifre pequeno9 e (2) dos mpios, e no dos santos. Ele
argumenta que Daniel 7 e a cena do juzo so o corao do livro. Vemos os mpios sendo
examinados, condenados, e destrudos. O juzo est a favor dos santos, por que seus
inimigos so acusados e condenados. Esse o verdadeiro significado do juzo em Daniel 7,
e no uma investigao dos pecados dos santos.10 Para ele, a vindicao dos justos em
Daniel 7:22 tem o mesmo significado de Daniel 8:14 ou seja, a condenao dos mpios, e a
vindicao dos justos.11
Respostas Anteriores
Em resposta a esta crtica, encontramos Ford em 1965 mostrando que, quando
comparamos Daniel 7 e 8, a cena de juzo de Daniel 7:9-10 paralela com a purificao do
santurio de Daniel 8:14. O detalhe interessante que Daniel 8, ao seguir a seqncia
idntica, mas substituindo uma representao interpretativa para a cena do juzo, confirma
nossa interpretao de cada cena. Tambm no sem significado que o termo hebraico aqui
usado para purificado declarado por estudiosos como tendo um significado forense.
Isto , se referindo lei e ao juzo.12
9
10
Ibid., 229.
11
Ibid., 230.
12
42
Daniel 8
Relacionado a Daniel 8, Ford nega que (1) a purificao do santurio em Daniel
8:14 est relacionada aos pecados dos professos crentes em Cristo, (2) purificado seja
uma traduo apropriada para Daniel 8:14 e (3) a purificao do santurio comeou em
1844.13
Contaminao e purificao do santurio em Daniel 8:14
Crtica
Em Daniel 8:14, Ford argumenta que a contaminao feita sobre o santurio de
Daniel 8:14 provm dos mpios, e no dos pecados dos santos. Analisando o contexto, ele
procura mostrar que a pergunta feita em Daniel 8:13 se refere profanao do chifre
pequeno.
Quando interferiria o cu e puniria o agressor? O verso 14 [de Daniel 8] a resposta a
esta indagao, mas a exposio tradicional de adventistas do stimo dia nunca
relaciona os dois. Ao invs, pulamos do tema dos versos sobre as aes do poder que
est contra Deus, e nos concentramos nos pecados dos santos que contaminam o
santurio. No seja esquecido que o contexto nada diz sobre crentes profanando o
santurio, mas os descrentes.14
Em outras palavras, Daniel 8:14
trata do reparo da maldade, da punio daqueles que esto longe de Cristo, e da
vindicao dos crentes. Esse juzo revelado tem em foco os perdidos no o povo de
Deus. o chifre pequeno que est sendo investigado, no os santos sofredores. Os
livros guardam os registros das transgresses deliberadas dos seguidores de Satans, e
no as falhas dos adoradores de Jav.15
13
14
Ibid., 216.
15
Ibid., 219.
43
Conseqentemente, ele acredita que o santurio aqui descrito precisa ser
vindicado do pisotear do chifre pequeno e no uma purificao ritual. Daniel 8:14 fala de
restaurao e vindicao estas so bem diferentes da purificao ritual encontrada em
Levtico 16 e do processo de investigao dos pecados dos santos... Como poderia esse
ltimo ser considerado restaurao ou vindicao?16
Outro argumento oferecido por Ford de que o significado primrio da palavra
hebraica qd;c' (tsadaq) encontrada em Daniel 8:14 e traduzida por purificar,
no purificar, mas vindicar. O verbo usado, automaticamente nos leva para a
indagao do verso 13 isto , a necessidade de vindicao. Mas vindicao algo
bem diferente de expiar os pecados dos santos. Enquanto verdade que entre os
outros significados de sadaq, purificar pode ser evocado, a purificao aqui
indicada teria de se limitar ao que o contexto fala sobre a necessidade de purificao.
E o contexto nada fala sobre os santos criando uma necessidade de purificao
quando confessam seus pecados... Nem o Antigo nem o Novo Testamento ensinam o
que temos tradicionalmente ensinado quanto aos pecados confessados dos santos
profanarem o santurio celestial. At o santurio terrestre era profanado pelo ato do
pecado, no sua confisso.17
Segundo ele,
Ibid., 247.
17
18
Ibid., 217.
44
a pergunta feita em Daniel 8:13 uma que aparece freqentemente nas Escrituras, e
foi professada por lbios humanos desde a queda. uma indagao sobre quando
Deus se levantar para vindicar a Si mesmo, Seu povo e Sua verdade, ao recompensar
a justia e punir a iniqidade... Quanto tempo durar at que a poluio do santurio
seja expiada, at que suas corrupes sejam removidas, seus erros corrigidos, sua
autoridade vindicada? Quanto tempo durar at que o sistema substituto de culto
idlatra ser exposto e Deus e Seu povo triunfar...
estes eram os pensamentos na mente do profeta inspirado. Obviamente, esperamos
uma resposta ampla o suficiente que v ao encontro de tudo que requerido nesta
compreensiva indagao... apenas uma palavra hebraica envolve tudo que esta
situao requer. Esta palavra tsadaq, encontrada na forma niphal na resposta de
Daniel 8:14. Tsadaq inclui tudo que implcito por kaphar e taher, mas vai alm
destas duas, expressando vindicao e salvao.
Caso os escndalos na poca de Antoco Epifnio estivessem na mente de
Daniel, como alguns estudiosos no-adventistas advogam, ao escrever Daniel 8, ele
poderia ter usado o termo taher, que teria sido suficiente para expressar a correo
pelos heris Macabeus dos erros de sua poca. No lugar de taher, no entanto,
encontramos em Daniel 8:14 uma palavra que mais inclinada forensicamente do que
cerimonialmente, sendo totalmente apropriada quando lembramos que Daniel 8:14
faz paralelo tanto com a cena de juzo de Daniel 7:9 e 10, quanto a situao clamando
por juzo descrita em Daniel 11:16-45, especialmente no verso 31. Apenas o juzo
com sua revelao completa das obras de Cristo e do anticristo e seus seguidores
poder vindicar Deus perante o Universo.19
O termo hebraico usado para purificado declarado por estudiosos como tendo um
significado forense, ou seja, tendo referncia lei e o juzo.20
O Dia da Expiao em Daniel 8:14
Crticas
Ford afirma que a purificao do santurio ocorreu nos dias dos Macabeus, mas
esta no apenas limitada a estes dias, pois seria perder a glria da Palavra proftica que,
assim como o seu Autor, abrange passado, presente e futuro. Daniel 8:14 um clmax
vitorioso paralelo cena da pedra se tornando em grande montanha de Daniel 2, ao Filho
do Homem tomando posse do reino em Daniel 7, ao cessar da transgresso e vinda da
19
45
justia eterna em Daniel 9, e ao levantar de Miguel para fazer dos Seus santos as estrelas do
cu para todo sempre em Daniel 12.21
Desta forma, Daniel 2:44; 7:9-13; 8:14; 9:24-27; e 12:1
so apotelesmticos em aplicao, se cumprindo no somente na vitria sobre o
anticristo tpico, Antoco, em 165 a.C., mas na grande redeno na cruz, e finalmente
no juzo final... aplicado tambm a cada reavivamento da verdadeira religio,
onde elementos do reino de Deus, espelhados no santurio pelas tabuas de pedra e a
arca da aliana, so proclamados novamente, como em 1844.22
Respostas Anteriores
Com relao aplicao apotelesmtica da purificao do santurio, no
encontramos qualquer citao anterior de Ford contestando esta posio, j que o
encontramos apoiando esta interpretao anteriormente.23
Hebreus
Crtica
Quanto tratando do livro de Hebreus, Ford nega que as 2.300 tardes e manhs
tenham findado com o incio do antitpico Dia da Expiao, pois Hebreus aplica
claramente o Dia de Expiao em antitpico auto-oferta sacerdotal de Cristo no Calvrio,
apesar de a era crist estar inclusa enquanto esperamos nosso Sumo Sacerdote retornar.24
Para ele, a obra deste compartimento simbolizava as ofertas ineficientes da era levtica
quando o homem tinha acesso restrito a Deus, e experimentava a purificao cerimonial
20
21
22
Ibid., 221.
23
24
46
externa ao invs da perfeio da conscincia.25 Cristo no poderia ter entrado no
Santssimo 1.800 anos depois da cruz, j que Hebreus 9:8, 12, 24, 25; 10:19, 20; 6:19, e 20
dizem que Cristo entrou por trs do segundo vu em sua ascenso.26
Expresses encontradas em Hebreus, tais como Santo dos Santos,
Santssimo, Lugar Santo e Santurio, levam Ford a crer que Cristo tinha, na poca
em que a carta [de Hebreus] tinha sido escrita, j entrado e permanecia no ta hagia se
envolvendo, portanto, na ministrao do ta hagia por pelo menos 30 anos.27 Ele afirma
que praticamente cada estudioso da era crist entende ta hagia em Hebreus como sendo o
segundo compartimento do santurio chamado de Lugar Santo em Levtico 16:2, 3, 16,
17, 23, e 27.28 O autor [de Hebreus] est repetidamente dizendo que o que o Sumo
Sacerdote fazia anualmente, Cristo j o fez.29 A expectativa de Hebreus a sada de Cristo
do Santssimo, e no sua entrada.30 O primeiro compartimento em Hebreus representa a
era antes da cruz, e o segundo compartimento a era aps a cruz.31 Em nenhum lugar no
Novo Testamento mencionado que o santurio celestial possui dois compartimentos.
verdade que o livro de Apocalipse menciona os smbolos e os mveis de ambos
compartimentos, mas no h sinal de um vu. Cristo, por sua morte, uniu ambos
25
Ibid., 174-176.
26
Ibid., 174-176.
27
Ibid., 104.
28
Ibid., 105.
29
Ibid.
30
Ibid.
31
Ibid., 107.
47
compartimentos, rasgando o vu de separao.32 Para Ford, interpretar o santurio terrestre
como uma imagem perfeita do santurio celestial ignorar o testemunho repetido do resto
do livro [de Hebreus] que alguns dos smbolos eram meramente uma parbola sobre a
natureza temporria do sistema que servia como sombra, ao invs de uma imagem do
sacerdcio de Cristo durante a era crist.33
Outro argumento oferecido por Ford que Hebreus nunca faz aluso a Daniel
8:14. A purificao do santurio mencionada neste captulo, repetidamente, mas
sempre aplicada ao que j tinha ocorrido com Cristo antes que a epstola fosse escrita
i.e. a purificao passada, no futura.34
Respostas Anteriores
Por outro lado, Ford, em 1965, mostra que o anttipo Dia da Expiao se
cumpre antes da segunda vinda, e no no comeo de nossa era. Ele afirma que as festas
judaicas prefiguravam toda a era crist.35
Enquanto que a pscoa, a festa das primcias e o pentecostes, respectivamente
tipificavam a cruz, a ressurreio, e o dom do Esprito Igreja; as ltimas festas das
trombetas, Dia da Expiao, e dos tabernculos prefiguravam eventos associados ao
segundo advento de Cristo a proclamao mundial do fim iminente, o juzo, e a
colheita das multides.36
conclusivo que, o ltimo livro da Bblia, com suas profecias especialmente
relacionadas aos ltimos tempos, nutra a imagem deste dia especial [Dia da
Expiao], para expressar verdades vitais. igualmente significativo que essas
imagens so usadas em referncia s outras festas do stimo ms: trombetas e
32
Ibid., 133.
33
Ibid., 134.
34
Ibid., 111.
35
Idem, The Apocalypse and the Day of Atonement, Ministry, maro de 1961,
28.
36
Idem, The Desert Play of Destiny, These Times, fevereiro de 1976, 30.
48
tabernculos, oferecendo um testemunho duplo sobre a aplicao destas ocasies para
os ltimos dias.37
Ele tambm declara que certo que nosso Senhor Jesus Cristo entrou na
presena de Deus imediatamente aps sua ascenso, mas o trabalho distinto do segundo
compartimento concernente transferncia de pecados sobre o bode expiatrio prefigura
Seu trabalho ao fim do tempo.38 Expiao completa para o pecado foi provida no calvrio
e finalmente aplicada no juzo. O juzo examina vidas para ver se seus frutos apontam
para uma confiana constante nos mritos do Cordeiro de Deus. Daniel 8:14 e Daniel 7:9,
10 apontam para este ponto.39
Apocalipse
Crticas
Comentando o juzo investigativo no livro de Apocalipse, Ford relembra que
juzo na [literatura] apocalptica sobre os mpios e a favor dos santos. O foco da
investigao divina nunca est sobre os santos. Se estes se encontram em um
relacionamento correto com Deus, seu status no est aberto para investigao.40 Ford
concorda que encontramos referncia ao juzo em passagens como Apocalipse 6:9-11; 14:7,
18-20; 16:5, 7; 17:1; 16:8, 10, 20; 19:2, 11; e 20:11-15. Ele adverte, no entanto, que Joo
nunca, em seu evangelho, epstolas, ou Apocalipse, usa a palavra juzo alm de
negativamente quando se referindo aos mpios. Aqueles que crem em Cristo no sofrem a
37
38
39
Ibid.
40
Ibid., 220.
49
condenao do juzo. Assim sendo, Apocalipse 14:7 faz um paralelo com Daniel 7:9, 10,
tendo os mpios como foco, e oferecendo vindicao aos santos.41
Respostas Anteriores
Relacionado ao juzo investigativo dos justos no livro de Apocalipse, no
encontramos citaes de Ford argumentando a favor de tal posio.
Concluso
Desmond Ford nega o juzo investigativo baseado na argumentao de que no
h referncia na Bblia de tal juzo. Ele afirma que (1) o juzo enfrentado pelos santos
contnuo, oferecendo reconhecimento aos nomes daqueles que j esto inscritos no livro da
vida; (2) a cena de juzo de Daniel 7:9-10 no trata dos santos, mas do chifre pequeno e dos
mpios; (3) a purificao do santurio de Daniel 8:14 est relacionada ponta pequena, e
no aos pecados dos santos; (4) a palavra tsadaq em Daniel 8:14 deveria ser traduzida
como vindicado; (5) a purificao do santurio ocorre cada vez que h reavivamento da
verdadeira religio e verdades relacionadas ao santurio so proclamadas novamente; (6)
Jesus comeou o anttipo Dia da Expiao logo aps sua ascenso ao cu; e (7) o juzo
sempre tem como foco os mpios, oferecendo vindicao aos santos.
Conforme o objetivo desse trabalho, oferecemos argumentos publicados pelo
mesmo autor, mostrando que (1) assim como haver uma investigao da vida dos mpios
antes da segunda ressurreio, tambm o mesmo ocorrer antes da primeira ressurreio;
(2) a cena de Daniel 7:9-10 faz um paralelo com Daniel 8:14, envolvendo a lei e o juzo, e
que portanto trata do juzo dos santos; (3) purificado a melhor traduo para Daniel
8:14, j que esse termo se molda melhor ao contexto do grande conflito entre Deus e
50
Satans encontrado no livro de Daniel; e (4) o Dia da Expiao faz parte das festas que se
cumprem logo antes da segunda vinda, portanto o ministrio sacerdotal de Cristo no
Santssimo ocorre no fim dos tempos, e no no comeo de nossa era.
Para fortalecer seus argumentos quanto interpretao de profecias e sua
compreenso do juzo investigativo, Ford procura apoiar seus argumentos em citaes de
Ellen G. White relacionados a esses temas. Como nem sempre ambos concordam, Ford
sente-se obrigado a tambm altera seu ponto de vista com relao ao dom proftico
encontrado em Ellen G. White.
CAPTULO 5
ELLEN G. WHITE E O DOM DE PROFECIA
Em Daniel 8:14, Ford apresenta argumentos criticando o uso que adventistas
tem feito dos escritos de Ellen G. White e seu conceito de inspirao. Seus argumentos se
direcionam a duas reas: (1) a inspirao de Ellen White e (2) Ellen White em sua poca.
A inspirao de Ellen G. White
Crticas
Sobre a inspirao de Ellen G. White, Ford argumenta que porque a ateno
divina para diferentes assuntos proporcional sua importncia, Deus exerceu maior
superintendncia sobre as Escrituras, do que sobre os escritos de Ellen White. No falo de
graus de inspirao, mas graus de revelao.1 Ele reconhece que os escritos de Ellen White
so uma luz, mas esses devem ser lidos como admoestaes pastorais, iluminao
espiritual, e no como um comentrio sobre tudo, ou como meio de evitar a tarefa rigorosa
da exegese bblica. 2 No deveramos esperar o mesmo tipo de preciso necessria como
na Palavra.3
1
Ibid., 379.
Ibid., 389.
51
52
Outro argumento apresentado por Ford, de que Ellen G. White, em seu
captulo sobre o juzo investigativo, fala verdadeiramente, mas no literalmente, quando se
refere cuidadosa pesquisa divina de cada pensamento, palavra e ato, assim como seus
motivos. Os livros so a memria de Deus, e as decises instantneas, de acordo com uma
f genuna nos mritos de Cristo (f que leva obedincia) evidenciada.4 Sua [Ellen
White] apresentao detalhada da investigao divina de nossas vidas uma aplicao
homiltica da lei sobre nossas almas, para que possamos analisar nosso corao e voltarmos
para Aquele que pode nos cobrir com Sua justia.5 Desta forma, Ellen G. White foi uma
mensageira especial ao remanescente, confiada com o dom de profecia. Sua inspirao
deveria ser definida nos termos que ela mesmo usou como para propsito prtico,
imperfeita, no refletindo a lgica e retrica divina.6
Respostas Anteriores
Em 1965, encontramos Ford contra-argumentando ao afirmar que Deus revela
sua luz progressivamente. Luz revelada posteriormente no deixa de ser to importante
quanto a luz anteriormente revelada. Concluiramos estas reflexes declarando a
convico de que no estranho que esboos completos desta doutrina [o juzo
investigativo] sejam, baseados no princpio da revelao progressiva, reservados para a
mensageira divinamente inspirada da Igreja Adventista do Stimo Dia Ellen G. White.7
4
Ibid., 392.
Ibid., 393.
Ibid., 406.
53
Ellen G. White e sua poca
Crticas
Ford acredita que muitos dos escritos de Ellen G. White relacionados ao
santurio, Daniel 8:14 e o juzo investigativo se destinavam quela poca, e no so
necessariamente aplicveis aos nossos dias. Seus escritos no so mais teis para um povo
que teve mais de 100 anos para aprender do Novo Testamento, o significado da arca da
aliana na sala do trono celestial. O significado do santurio israelita e o eptome do servio
do Yom Kippur j deveria ter raiado em nosso meio.8 Suas aplicaes eram apropriadas
para seus leitores originais, mas certamente no constituem a palavra final de Deus para
nossos dias.9
A compreenso que os pioneiros da Igreja Adventista do Stimo Dia tinham
sobre o juzo investigativo era essencial no sculo 19 para a sobrevivncia do desapontado
e confuso remanescente que permaneceu fiel nfase milerita. Isto proveu uma razo
lgica para sua posio. Ele acredita que Ellen G. White teria obtido sua compreenso do
juzo investigativo de Uriah Smith e J. N. Andrews... e incorporado no somente os desvios
doutrinrios, mas tambm erros bblicos e histricos. Tal compreenso da profecia era
apropriada para aquela poca, mas no hoje. Seus escritos teriam sido publicados apenas
com propsito prtico.10 A interpretao adventista foi cunhada para enfrentar o
desapontamento, e no bblica.11
8
Ibid., 345.
10
11
Ibid., 343.
54
Ele tambm acredita que
poucos adventistas esto cientes de que a crena no juzo investigativo tardia em
nosso meio. Ela no foi ensinada por nossos pioneiros de 1845. Ela no foi mantida
por Edson, Crosier, ou a famlia White durante a dcada de 1840. Quando Ellen G.
White se refere experincia de buscar nossos marcos histricos na dcada de 1840,
um fato histrico de que o juzo investigativo no se encontrava entre esses. Muito
menos encontramos na viso original qualquer referncia ao juzo investigativo.
A purificao do santurio era um marco histrico, mas no o juzo
investigativo.
Este autor no questiona que a purificao escatolgica do santurio, e o fato de que
o Dia da Expiao e Daniel 8:14 apontam para o mesmo. Tais posies so marcos
histricos de nossos pioneiros e os aceito prontamente. O final das conferncias
sabticas de 1848 encontrou um grupo que acreditava nisso, mas no no juzo
investigativo.12
Respostas Anteriores
Por outro lado, em seu livro Physicians of the Soul, publicado em 1980,
encontramos Ford defendendo o dom proftico de Ellen White, advogado que Ellen White
no caiu na armadilha exegtica de interpretar a profecia com eventos atuais. Mais de 35
anos gastos estudando Ellen White ilustraram seu jeito habilidoso de evitar erros os quais
seus contemporneos, grandes homens como Smith, cometeram. Ele chega a afirmar que
sua perspectiva se assemelha a de uma guia pairando acima dos erros.13
Concluso
Desmond Ford critica as interpretaes de Ellen White, e o uso que adventistas
tem feito de seus escritos. Para ele, Ellen White possui um grau de revelao menor do que
12
Ibid., 374.
13
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a Bblia. Ela deveria ser interpretada como oferecendo admoestaes pastorais, e para fins
prticos. Desta forma, ela no teria autoridade doutrinria. No encontramos muitas
citaes de Ford sobre Ellen White, j que esta no era sua rea de conhecimento. Mas
podemos perceber o uso inconsistente que ele faz de Ellen White em Daniel 8:14. Quando
suas interpretaes vo de encontro com as de Ellen White, isto acontece porque ela
incorporou os erros de sua poca, mas quando ambos supostamente concordam quanto ao
princpio apotelesmtico, ento ela inspirada.
CAPTULO 6
CONCLUSO
Desmond Ford, aps tornar-se membro da na Igreja Adventista do Stimo Dia,
passou a cursar Teologia, ingressando posteriormente no ministrio. Ford prosseguiu seus
estudos de ps-graduao at obter dois ttulos doutorais. Durante seus anos como pastor da
Igreja Adventista do Stimo Dia, Ford se aprofundou em duas reas da teologia adventista:
(1) a justificao pela f e (2) temas relacionados ao livro de Daniel. Durantes seus ltimos
anos como pastor adventista, ele comeou a assumir uma postura contrria sua posio
anterior com respeito interpretao do livro de Daniel. Esta mudana de pensamento
acabou levando-o a discutir suas novas idias diante de um grupo representativo de
telogos e lderes da Associao Geral.
Ele acreditava que (1) o princpio dia-ano no vlido; (2) o chifre pequeno
encontrado no livro de Daniel no apenas Roma pag e papal; (3) Jesus pretendia voltar
no primeiro sculo de nossa era; e (4) apenas atravs do princpio apotelesmtico podemos
interpretar corretamente as profecias de Daniel.
Contra o princpio dia-ano, Ford argumentava que apesar desse princpio ser
encontrado na Bblia, ele no deve ser usado para interpretar outras passagens alm de
Nmeros 14:34-35 e Ezequiel 4:1-8. Como no encontramos a palavra dia em Daniel
8:14 e 9:24, Ford acreditava que este princpio no deveria ser aqui empregado. Ele
56
57
tambm alegava que as 70 semanas no devem ser cortadas das 2.300 tardes e manhs e
que no h como provar que ambas profecias comeam no ano 457 a.C. Para isso, foram
apresentadas algumas citaes anteriormente publicadas por Ford, mostrando que (1) o
princpio dia-ano vlido e deve ser utilizado para que haja uma clara interpretao das
profecias envolvendo tempo; (2) Daniel estava se referindo a dias em Daniel 8:14 e 9:24
mesmo que a palavra no aparece no texto; (3) h uma forte ligao entre os captulos 8 e 9
de Daniel, e que, portanto, (4) ambas as profecias comeam na mesma data.
Ford afirmava que a chifre pequeno de Daniel no poderia ser Roma papal, pois
esta no cumpre a profecia assim como Antoco Epifnio o faz. Ele prope que profecias de
tempo no so precisas, mas arredondadas. Mais uma vez, encontramos Ford
argumentando, anos antes, contra esta posio. Foi possvel encontrar citaes afirmando
que um poder na poca dos macabeus no se enquadra no perfil da profecia. Alm do mais,
Jesus, o apstolo Paulo, e Joo aplicaram o chifre pequeno para o futuro de seus dias.
Ford argumentava que Jesus pretendia retornar naquele mesmo sculo. No era
plano divino que a volta de Jesus demorasse tanto tempo. As profecias de Daniel, portanto,
deveriam se cumprir at o fim do primeiro sculo d.C. Novamente, foi possvel encontrar
Ford negando tais posies, alegando que as profecias de Daniel estavam seladas at o fim,
e no ao tempo dos macabeus. Os perodos de tempo encontrados em tais profecias so
extensos, e no poderiam se cumprir no primeiro sculo d.C.
Finalmente, Ford prope o princpio apotelesmtico como soluo. Uma
profecia poderia se cumprir vrias vezes e, no caso do chifre pequeno, poderia se cumprir
em Antoco Epifnio, Roma, e o anticristo que surgiria nos ltimos dias ao lado de Satans.
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Contra esta posio, no foi encontrada uma citao anteriormente publicada, j que Ford
sempre advogou tal princpio.
A mudana de interpretao das profecias de Daniel relacionadas ao santurio
levou Ford a modificar sua compreenso do juzo investigativo e da purificao do
santurio. Se a purificao do santurio de Daniel 8:14 no ocorreu em 1844 d.C., a
natureza desse evento conseqentemente alterada. Para ele, no h referncia ao juzo
investigativo na Bblia.
Ele afirma que (1) o juzo enfrentado pelos santos contnuo, oferecendo
reconhecimento aos nomes daqueles que j esto inscritos no livro da vida; (2) a cena de
juzo de Daniel 7:9-10 no trata dos santos, mas do chifre pequeno e dos mpios; (3) a
purificao do santurio de Daniel 8:14 est relacionada ponta pequena, e no aos
pecados dos santos; (4) a palavra tsadaq em Daniel 8:14 deveria ser traduzida como
vindicado; (5) a purificao do santurio ocorre cada vez que h reavivamento da
verdadeira religio e verdades relacionadas ao santurio so proclamadas novamente; (6)
Jesus comeou o anttipo Dia da Expiao logo aps sua ascenso ao cu; e (7) o juzo
sempre tem como foco os mpios, oferecendo vindicao aos santos.
Oferecemos, em contra partida, argumentos publicados pelo mesmo autor,
mostrando que (1) assim como haver uma investigao da vida dos mpios antes da
segunda ressurreio, tambm o mesmo ocorrer com os justos antes da primeira
ressurreio; (2) a cena de Daniel 7:9-10 faz um paralelo com Daniel 8:14, envolvendo a lei
e o juzo, e que portanto trata do juzo dos santos; (3) purificado a melhor traduo para
Daniel 8:14, j que esse termo se molda melhor ao contexto do grande conflito entre Deus e
Satans encontrado no livro de Daniel; e (4) o Dia da Expiao faz parte das festas que se
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cumprem logo antes da segunda vinda, portanto o ministrio sacerdotal de Cristo no
Santssimo ocorre no fim dos tempos, e no no comeo da era crist.
Ford no se limita a mudar sua opinio quanto ao que a Bblia fala sobre os
temas acima mencionados, mas crtica tambm o dom proftico manifestado em Ellen G.
White. Para ele, Ellen White possui um grau de revelao menor do que a Bblia. Ela
deveria ser interpretada como oferecendo admoestaes pastorais, para fins prticos. Desta
forma, ela no teria autoridade doutrinria. No encontramos muitas citaes de Ford sobre
Ellen White, j que esta no era sua rea de conhecimento. Oferecemos, no entanto, uma
citao de Ford argumentando que revelao posterior no deixa de ser to importante
quanto a anterior. Portanto, Ellen G. White no teria um grau de revelao inferior ao da
Bblia. Podemos perceber tambm o uso inconsistente que ele faz de Ellen White em
Daniel 8:14. Quando suas interpretaes vo de encontro com as de Ellen White, ele alega
que ela incorporou os erros de sua poca, mas quando ambos supostamente concordam
quanto ao princpio apotelesmtico, ento ela inspirada.
O presente estudo demonstra que muitos dos argumentos apresentados por Ford
contra a interpretao tradicional da Igreja Adventista do Stimo Dia, relevante s profecias
de Daniel, o santurio, o juzo investigativo e o dom proftico de Ellen G. White podem ser
revogados pelos prprios argumentos usados por Desmond Ford, tempos antes, ao defender
a Igreja Adventista do Stimo Dia. Essa mudana de opinio ocorreu como conseqncia
sua compreenso de justificao pela f. Como justificao, para ele, forense, no h
necessidade de um juzo investigativo, j que o fiel automaticamente salvo no momento
da converso. Dessa forma, sua mudana de compreenso no foi repentina, mas contnua
ao longo dos anos, apesar de nem sempre evidente.
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