Geometria Analítica e Cálculo Vetorial UFF Cap 1-3
Geometria Analítica e Cálculo Vetorial UFF Cap 1-3
Geometria Analítica e Cálculo Vetorial UFF Cap 1-3
Introduo
2.
Proposio 1
Sejam X e Y dois pontos sobre o eixo E com coordenadas x e y respectivamente. Ento,
d(X, Y ) = |y x| = |x y|.
Prova.
Se X = Y , no h o que provar.
Suponhamos ento que X 6= Y . Para fixar as idias, vamos assumir que X
est esquerda de Y , isto , x < y. Temos trs casos a considerar:
Caso 1. X e Y esto direita da origem. Isto , 0 < x < y.
GGM-IME-UFF
x+y
.
2
Geometria Analtica e Clculo Vetorial
3.
x+y
.
2
Coordenadas no Plano
Designamos por R2 o conjunto formado pelos pares ordenados (x, y), onde x e y so
nmeros reais. O nmero x
chama-se primeira coordenada e o nmero y chamase segunda coordenada do
par ordenado (x, y).
Um sistema de eixos ortogonais OXY num plano
um par de eixos OX e OY ,
Figura 10:
tomados em , que so perpendiculares e tm a mesma origem O.
GGM-IME-UFF
r keixoOY e P r,
s keixoOX e P s.
Reciprocamente:
Dado o par ordenado (x, y) R2
temos que, se:
Observao 3
Os eixos ortogonais decompem o plano em quatro regies chamadas quadrantes:
1o
2o
3o
4o
e
e
e
e
y
y
y
y
> 0}
> 0}
< 0}
< 0}
4.
GGM-IME-UFF
Soluo.
Temos:
d(A, B) =
Exemplo 2
Determine para quais valores de m R os pontos P = (m, 1) e Q = (2m, m)
tm distncia igual a 1.
Soluo.
Temos:
Exemplo 3
Determine os pontos P pertencentes ao eixo-OX tais que d(P, A) = 5, onde
A = (1, 3).
Soluo.
O ponto P da forma (x, 0) para algum x R. Logo,
p
d(A, P ) = (x 1)2 + (0 3)2 = 5
(x 1)2 + 9 = 25 (x 1)2 = 16
x 1 = 4 x = 5 ou x = 3
P = (5, 0) ou P = (3, 0).
Definio 2
Dados um ponto A num plano e o nmero r > 0, o crculo C de centro
A e raio r > 0 o conjunto dos pontos do plano situados distncia r do
ponto A, ou seja:
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
C = {P | d(P, A) = r}.
Seja OXY um sistema de eixos ortogonais no plano e sejam a e b as
coordenadas do centro A neste sistema de eixos. Ento,
P = (x, y) C d(P, A) = r d(P, A)2 = r2
(x a)2 + (y b)2 = r2
Assim, associamos ao crculo C uma equao que relaciona a abscissa com a ordenada de cada um de seus
pontos. Uma vez obtida
a equao, as propriedades
geomtricas do crculo podem ser deduzidas por mtodos algbricos.
Figura 14: Crculo de centro A = (a, b) e raio r > 0.
Exemplo 4
Determine o centro e o raio do crculo dado pela equao:
(a) C : x2 + y 2 4x + 6y = 0.
(b) C : x2 + y 2 + 3x 5y + 1 = 0.
Soluo.
(a) Completando os quadrados, obtemos:
x2 4x + y 2 + 6y = 0
(x2 4x+4) + (y 2 + 6y+9) = 0+4+9
(x 2)2 + (y + 3)2 = 13.
Portanto, o crculo C tem centro no ponto A = (2, 3) e raio r =
13.
GGM-IME-UFF
10
3 5
30
e raio
.
Assim, C o crculo de centro no ponto A = ,
2 2
2
Exemplo 5
Seja OXY um sistema de eixos ortogonais e considere os pontos P1 = (x1 , y1 )
x + x y + y
1
2
2
e P2 = (x2 , y2 ). Ento, M =
, 1
o ponto mdio do
2
segmento P1 P2 .
Soluo.
De fato, considerando os pontos
Q1 = (xM , y1 ) e Q2 = (xM , y2 ), temos que os tringulos 4P1 M Q1 e
4P2 M Q2 so congruentes (AAL),
onde M = (xM , yM ).
Logo,
d(P1 , Q1 ) = d(P2 , Q2 )
= |xM x1 | = |x2 xM |
= xM o ponto mdio entre
x1 e x2
= xM
x + x2
= 1
.
2
y1 + y2
.
2
11
Exemplo 6
Dados dois pontos A e B do plano , seja R o conjunto dos pontos equidistantes de A e B, ou seja:
R = {P | d(P, A) = d(P, B)}.
Mostre algebricamente que R a mediatriz do segmento AB, isto , R
a reta perpendicular ao segmento AB que passa pelo ponto mdio M de
AB.
Soluo.
Para isso, escolhemos um sistema de eixos ortogonais OXY de modo que
o eixoOX seja a reta que passa pelos pontos A e B, com origem no ponto
mdio M do segmento AB e orientada de modo que A esteja esquerda de
B (figura 17).
Neste sistema de eixos, A e B tm coordenadas (x0 , 0) e (x0 , 0), respectivamente, para algum nmero real x0 > 0. Ento,
P = (x, y) R d(P, A) = d(P, B) d(P, A)2 = d(P, B)2
(x (x0 ))2 + (y 0)2 = (x x0 )2 + (y 0)2
(x + x0 ))2 + y 2 = (x x0 )2 + y 2
x2 + 2xx0 + x20 + y 2 = x2 2xx0 + x20 + y 2
2xx0 = 2xx0 4xx0 = 0 x = 0 P eixo OY .
GGM-IME-UFF
12
Como
(
13
Isso significa que o ponto P 0 obtido a partir do ponto P por uma rotao
de 90o do segmento OP em torno da origem.
GGM-IME-UFF
14
Captulo 2
Vetores no plano
1.
Paralelogramos
Lembremos que um paralelogramo um quadriltero (figura geom-
16
1.. PARALELOGRAMOS
Proposio 1
No quadriltero ABDC os lados opostos AC e BD so congruentes e paralelos se, e somente se, as diagonais de ABDC se intersectam num ponto que
o ponto mdio de ambas.
Prova.
(a) Suponhamos que os lados
opostos AC e BD no quadriltero ABDC so congruentes e paralelos, e seja M o ponto
de interseo das diagonais AD
e BC. Pela hiptese, temos:
17
\
\
AM
C = DM
B, pois so ngulos opostos pelo vrtice.
Pelo critrio LAL (lado-ngulo-lado), os tringulos 4AM C e 4DM B so
congruentes.
[ = CBD,
\ ou seja, os lados AC e DB
Em particular, |AC| = |DB| e ACB
so congruentes e paralelos.
Voc pode (e deve) demonstrar as outras equivalncias da mesma forma.
2.
Segmentos orientados
GGM-IME-UFF
18
Proposio 2
AB CD ponto mdio de AD = ponto mdio de BC
Prova.
Com efeito, se AB k CD j sabemos que a equivalncia verdadeira, pois
ABDC um paralelogramo.
Vejamos que isso tambm verdadeiro quando AB e CD so segmentos
colineares.
Consideremos a reta r que contm A, B, C e D com uma orientao e uma
origem O escolhidas de modo que B esteja direita de A (figura 9).
Sejam a, b, c e d as respectivas coordenadas dos pontos A, B, C e D na reta
r.
(a) Como AB e CD tm o mesmo sentido, a < b e c < d, e, como estes
segmentos tm o mesmo comprimento, b a = d c. Logo,
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
19
b a = d c a + d = b + c
b+c
a+d
=
2
2
a+d
b+c
=
. Ento,
2
2
a + d = b + c = b a = d c .
Como b a e d c tm o mesmo sinal e o mesmo mdulo, AB e CD tm
o mesmo sentido e o mesmo comprimento, alm de serem colineares (por
hiptese). Assim, AB CD.
Proposio 3
Dados A, B e C pontos quaisquer no plano, existe um nico ponto D no
plano tal que AB CD.
Prova.
Como os pontos A, B e C podem ou no ser colineares, temos dois casos
a considerar.
(a) A, B e C so colineares.
Neste caso, a circunferncia de centro no ponto C e raio |AB| intersecta a
reta que contm os pontos A, B e C em exatamente dois pontos, mas apenas
um deles, que designamos D, tal que AB e CD tm o mesmo sentido (veja
a figura 10).
(b) A, B e C no so colineares.
Seja r a reta que passa pelo ponto C e paralela reta que contm os pontos
A e B.
GGM-IME-UFF
20
3.. VETORES
3.
Vetores
Definio 2
Quando os segmentos de reta orientados AB e CD so equipolentes, dizemos
Isto , o vetor
v = AB o conjunto que consiste de todos os segmentos orientados equipolentes ao segmento AB. Tais segmentos so chamados
representantes do vetor
v .
Observao 1
tal que
v = CD . Isto , qualquer ponto do plano origem de um nico
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
21
C = (c1 , c2 )
D = (d1 , d2 )
b1 a1 = d1 c1
b2 a2 = d2 c2
Prova.
Pela proposio 2,
AB CD
=
2
(a1 + d1 , a2 + d2 ) = (b1 + c1 , b2 + c2 )
a1 + d1 = b1 + c1
e a2 + d 2 = b 2 + c 2
b1 a1 = d1 c1
e b 2 a2 = d 2 c 2 .
coordenadas do vetor
v = AB e escrevemos
v = (b1 a1 , b2 a2 ).
Note que, se AB CD, ento, pela proposio anterior,
AB = (b1 a1 , b2 a2 ) = (d1 c1 , d2 c2 ) = CD .
Exemplo 1
Sejam A = (1, 2), B = (3, 1) e C = (4, 0). Determine as coordenadas do
GGM-IME-UFF
22
3.. VETORES
vetor
v = AB e as coordenadas do ponto D tal que
v = CD .
Soluo.
Temos
v = AB = (3 1, 1 2) = (2, 1) . Alm disso, se D = (d1 , d2 ),
temos
v = AB = CD AB CD
(2, 1) = (d1 4, d2 0)
2 = d1 4 e
1 = d2 0
d1 = 2 + 4 = 6 e d2 = 1 + 0 = 1 .
Portanto, D = (6, 1).
Corolrio 1
Usando a proposio 4, fcil verificar que:
(a) AB CD AC BD.
Figura 12: AB CD AC BD
(b) AB CD e CD EF = AB EF .
Figura 13: AB CD e CD EF = AB EF .
23
GGM-IME-UFF
24
4.
Sejam
u = AB e
v = CD vetores dados e seja E um ponto no
u +
v = EQ
que
u = E 0P 0 e
v = P 0 Q0 . Segundo a definio anterior, deveramos ter
tambm
u +
v = E 0 Q0 .
Verifiquemos, ento, que os segmentos EQ e E 0 Q0 so equipolentes.
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
25
u = EP = E 0 P 0 = EP E 0 P 0 = EE 0 P P 0 ,
v = P Q = P 0 Q0 = P Q P 0 Q0 = P P 0 QQ0 .
Logo, pelo corolrio 1(b), EE 0 QQ0 e novamente pelo corolrio 1(a):
EQ E 0 Q0 = EQ = E 0 Q0 .
Portanto, o vetor
u +
v est bem definido.
Observao 2
Sejam
u = AB e
v = CD vetores no plano. Quando os segmentos AB
e CD no so colineares ou paralelos, podemos determinar tambm o vetor
soma AB + CD da seguinte maneira:
GGM-IME-UFF
26
u = EP e
v = ER .
De fato, como
u = EP ,
v = ER = P Q , ento
u +
v = EP + P Q = EQ .
Adio de vetores em coordenadas
Se
u = (, ) e
v = (0 , 0 ) so dois vetores dados por suas coordenadas
com respeito a um sistema ortogonal OXY , ento
u +
v = ( + 0 , + 0 )
=
u +
v = OP + OQ = OP + P Q0
= OQ0 = ( + 0 , + 0 ).
27
AB 0 = AB
representado pelo segmento orientado AB 0 , tal que:
A, B, B 0 so colineares;
d(A, B 0 ) = ||d(A, B);
o sentido de AB 0 igual ao sentido de AB se > 0, e oposto, se < 0;
B 0 = A, se = 0.
d(A, B 0 ) =
= ||d(A, B);
GGM-IME-UFF
28
p
((b1 a1 ) + (a1 b1 ))2 + ((b2 a2 ) + (a2 b2 ))2
p
( 1)2 (b1 a1 )2 + ( 1)2 (b2 a2 )2
=
p
= | 1| (b1 a1 )2 + (b2 a2 )2
d(B, B 0 ) =
= | 1|d(A, B).
Para verificar que A, B e B 0 so colineares, analisaremos os quatro casos
abaixo:
Caso 1. Se (0, 1), ento:
d(A, B 0 ) + d(B 0 , B) = d(A, B) + (1 )d(A, B) = d(A, B).
Logo, pelo teorema 1, A, B e B 0 so colineares e B 0 est entre A e B.
Caso 2. Se = 1, B 0 = (b1 , b2 ) = B, o que coincide com a definio
geomtrica de B 0 .
Caso 3. Se > 1, ento:
d(A, B) + d(B, B 0 ) = d(A, B) + ( 1)d(A, B) = d(A, B) = d(A, B 0 ).
Ento, pelo teorema 1, A, B e B 0 so colineares e B est entre A e B 0 .
Caso 4. Se < 0, ento:
d(B 0 , A) + d(A, B) = d(A, B) + d(A, B) = (1 )d(A, B) = d(B 0 , B).
Assim, pelo teorema 1, A, B e B 0 so colineares e A est entre B 0 e B.
Resta provar que AB e AB 0
tm o mesmo sentido se > 0 e
sentidos opostos se < 0.
Suponhamos primeiro que
b1 a1 > 0.
Neste caso, o sentido de percurso de A para B coincide, no eixoOX, com o sentido de crescimento
das abscissas dos pontos.
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
29
Portanto:
Se > 0, ento a1 + (b1 a1 ) > a1 , ou seja, o sentido de A para B 0
coincide com o sentido de A para B.
Se < 0, ento a1 + (b1 a1 ) < a1 , ou seja, o sentido de A para B 0
oposto ao sentido de A para B.
O caso de b1 a1 < 0 pode ser analisado de maneira anloga.
Suponhamos agora que b1 a1 = 0. Neste caso, b2 a2 6= 0, pois A e
B so pontos distintos.
Se b2 a2 > 0, o sentido de
percurso de A para B coincide, no
eixo-OY, com o sentido de crescimento das ordenadas dos pontos.
De modo anlogo ao caso
b1 a1 > 0, podemos verificar que
o sentido de percurso de A para
B 0 coincide com o de A para B se
> 0, e oposto ao de A para B,
se < 0.
A multiplicao do vetor
v pelo nmero real , por definio, o vetor
v = (d1 c1 , d2 c2 ) = (b1 a1 , b2 a2 ),
onde A = (a1 , a2 ), B = (b1 , b2 ), C = (c1 , c2 ) e D = (d1 , d2 ).
GGM-IME-UFF
30
Portanto,
= CD = AB .
Alm disso, fica provado tambm que:
se
v = (, ) ento
v = (, ).
Ento, se
v = OP e
v = OP 0 , temos que P = (, ) e P 0 = (, ).
~ 0.
~ e ~v = OP
Figura 22: Coordenadas dos vetores ~v = OP
Observao 3
Note que,
0 = AA = AA = 0 ;
0AB = AA = 0 .
Proposio 6
Um ponto P pertence a reta r que passa pelos pontos A e B se, e somente se,
AP = AB , para algum R.
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
31
Prova.
d(A, P )
.
d(A, B)
Dados os vetores
u = (1, 1) e
v = (3, 1), determine
a = 2
u +
v , b =
u + 2
v ,
c = b
a .
2
Soluo.
Temos
GGM-IME-UFF
32
a =
=
=
=
=
=
2
u +
v
2(1, 1) + (3, 1)
(2(1), 2(1)) + (3, 1)
(2, 2) + (3, 1)
(2 + 3, 2 + 1)
(5, 1) ,
b =
=
=
=
=
=
u + 2
v
(1, 1) + 2(3, 1)
(1, 1) + (2(3), 2(1))
(1, 1) + (6, 2)
(1 + 6, 1 + 2)
(7, 1) ,
c =
b
a
=
=
=
=
2
1
(7, 1) (5, 1)
2
7 1
(5, 1)
,
2 2
7
1
5, (1)
2
2
3 3
.
,
2 2
Figura 24: Exemplo 3.
Exemplo 4
Dados os pontos do plano A = (1, 3) e B = (6, 1).
(a) Calcule o ponto mdio C do segmento AB utilizando a multiplicao de
um vetor por um nmero real.
(b) Determine os pontos D e E que dividem o segmento AB em trs partes
iguais.
Soluo.
(a) Para isto basta notar que
1
AC = AB .
2
Assim, se C = (x, y) temos:
1
(x 1, y 3) = (5, 2) =
2
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
5
, 1 ,
2
Geometria Analtica e Clculo Vetorial
33
ento:
x1 = 5
7
2 = x = e y = 2.
y 3 = 1
2
Portanto,
C=
7
,2 .
2
5 2
, ,
3 3
10 4
2
, ,
(z 1, w 3) = (5, 2) =
3
3
3
1
(x 1, y 3) = (5, 2) =
3
ento:
x1 = 5
8
7
3
= x = e y =
2
3
3
y3 =
3
e
z1
10
3 = z = 13 e w = 5
4
3
3
w3 =
3
8 7
13 5
Portanto, D =
,
eE=
,
.
3 3
3 3
=
Observao 4
O mtodo utilizado para resolver o exemplo acima pode ser generalizado da
seguinte maneira: dado um segmento AB, os pontos P1 , P2 , , Pn1 que
dividem o segmento AB em n partes iguais so dados por:
k
APk = AB , k = 1, , n 1.
n
GGM-IME-UFF
34
5.
Comutatividade:
u +
v =
v +
u.
) = (
.
Associatividade:
u + (
v +
w
u +
v )+
w
que
u +0 =
u.
De fato, se
u = AB e
v = BC , ento
u +
v = AB + BC = AC .
v = AD .
Logo,
v +
u = AD + DC = AC .
Portanto,
u +
v = AC =
v +
u.
35
se
u = AB , sendo 0 = AA = BB , temos:
u + 0 = AB + BB = AB =
u,
0 +
u = AA + AB = AB =
u.
u = BA , pois
u + (
u ) = AB + BA = AA = 0 ,
u +
u = BA + AB = BB = 0 .
Observao 5
O vetor simtrico
u = BA do vetor
u = AB o vetor (1)
u , pois
se
u = (, ) o vetor
u dado em coordenadas, ento:
BA = (, ) = (1)(, ) = (1)AB .
Definio 6
O vetor
u + (
v ), escrito
u
v ,
GGM-IME-UFF
36
u + (
v ) = AB + (AC )
= AB + CA
= CA + AB = CB .
Propriedades da multiplicao de nmeros reais por vetores
Sejam
u e
v vetores no plano e , R. Valem as seguintes
propriedades:
Existncia de elemento neutro multiplicativo: 1 R satisfaz
1
u =
u.
Propriedades distributivas:
( + )
u =
u +
u.
(
u +
v ) =
u +
v e
De fato, se
u = (a, b) e
v = (a0 , b0 ), ento, dados , R, temos:
(
u +
v ) = [(a, b) + (a0 , b0 )] = (a + a0 , b + b0 )
= ((a + a0 ), (b + b0 )) = (a + a0 , b + b0 )
= (a, b) + (a0 , b0 ) = (a, b) + (a0 , b0 )
=
u +
v .
A outra propriedade distributiva se verifica da mesma forma (faa-o!).
6.
Definio 7
v =
u.
v 1,
v 2 , . . .,
v n quando existem nmeros reais 1 , 2 , . . ., n , tais que
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
37
v = 1
v 1 + 2
v 2 + + n
v n.
Em relao a esta definio, observe que:
De fato, 0 = 0
u.
Nenhum vetor no nulo pode ser mltiplo do vetor nulo.
De fato, se
u 6= 0 , no existe R tal que 0 =
u , pois 0 = 0 ,
para todo R.
Se
v =
6 0 mltiplo de
u , ento
u tambm mltiplo de
v .
e
u 6= 0 .
1
v .
Logo
u =
Um dos vetores
u = (a, b) e
se,
a
0
a
Prova.
v = (a0 , b0 ), temos:
(a0 , b0 ) = (a, b) = (a, b) = a0 = a
e
b0 = b = ab0 ba0 = ab ba = 0.
GGM-IME-UFF
38
b = 0 =
u = (0, 0) = 0 =
u = 0
v .
b0
a0 = 0 e b 6= 0 = (0, b0 ) = b (0, b) =
v =
u.
b
0
a
Caso a =
6 0: Se a =
6 0, temos ab0 ba0 = 0 = b0 = b . Logo:
a
a0
a0
u = (a, b) =
a
a
a0 a0
a, b
a
a
= (a0 , b0 ) =
v .
Exemplo 5
Determine se os vetores
u = (1, 2) e
v = (3, 6) so mltiplos um do outro.
Soluo.
1 2
Temos
= 6 6 = 0. Portanto, um vetor mltiplo do outro.
3 6
Note que
v = 3
u.
Proposio 8
vetor
w
u e
w
u +
v .
Prova.
39
a00 b0 b00 a0
ab0 ba0
ab00 ba00
.
ab0 ba0
dois vetores
u e
v , que no sejam mltiplos um do outro, para conhecer
todos os outros vetores do plano. De fato, pela proposio anterior, qualquer
outro vetor se expressa de forma nica como combinao linear destes dois
vetores.
Exemplo 6
Verifique que qualquer vetor do plano se escreve como combinao linear dos
= (1, 1) como
vetores
u = (2, 1) e
v = (3, 2), e escreva o vetor
w
combinao linear de
u e
v .
GGM-IME-UFF
40
Soluo.
2 1
u e
v no so mlti Como
= 4 3 = 1 6= 0, os vetores
3 2
plos um do outro. Pela proposio anterior, qualquer outro vetor se escreve
w
u +
v .
Escrevendo esta equao em coordenadas, vemos que:
(1, 1) = (2, 1) + (3, 2) = (2 3, + 2),
ou seja,
(
2 3 = 1
+ 2 = 1 .
Os nmeros e que resolvem este sistema so:
=
1 2 (3) 1
=2+3=5
1
2 1 1 (1)
= 2 + 1 = 3.
1
= 5
Portanto,
w
u + 3
v .
7.
k
v k = d(A, B).
Observe que a norma de um vetor um nmero bem definido, isto
, depende apenas do vetor e no do segmento orientado escolhido para
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
41
represent-lo.
De fato, se
Se
v = (x, y) = OP , ento P = (x, y) e
p
k
v k = d(O, P ) = x2 + y 2 .
Quando k
v k = 1, dizemos que o vetor
v um vetor unitrio.
Observao 7
Se
v = (x, y) e R ento k
v k = || k
v k. De fato, como
v = (x, y),
ento:
p
p
k
v k =
2 x2 + 2 + y 2 = 2 (x2 + y 2 )
p
p
2 x2 + y 2 = || x2 + y 2 = || k
v k.
=
Definio 9
Sejam
u = AB e
v = AC vetores no plano.
O ngulo entre
u e
v , designado (
u ,
v ),
o menor ngulo formado pelos segmentos AB
e AC.
Figura 30: ngulo entre ~
u e ~v .
GGM-IME-UFF
42
Observao 8
kv k
v
1
1
k
k v k = 1.
=
v k=
kv k
kv k
kv k
v = k
v k
kv k
e k
v k > 0, temos que
v e
tm a mesma direo e o mesmo sentido.
kv k
Assim, se
u e
v so vetores no nulos,
u
v
( u , v ) =
,
.
||
u || ||
v ||
Definio 10
designamos por h
u ,
v i, definido da seguinte maneira:
h
u ,
v i = 0,
se
u =0
h
u ,
v i = k
u k k
v k cos ,
se
u 6= 0 ,
v =
6 0
ou
v =0
e
= (
u ,
v )
Proposio 9
Sejam
u = (, ) e
v = (0 , 0 ) dois vetores no plano. Ento,
h
u ,
v i = 0 + 0
Prova.
Se
u ou
v so vetores nulos, a identidade acima verifica-se, pois, neste
caso, h
u ,
v i = 0 e 0 + 0 = 0.
v = OQ , ento P = (, ), Q = (0 , 0 ) e
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
43
PQ =
=
=
=
P O + OQ
OQ OP
v
u
0
( , 0 ).
k
v
u k2 = k
u k2 + k
v k2 2k
u k k
v k cos ,
onde = (
u ,
v ). Desta identidade, obtemos:
2k
u k k
v k cos = k
u k2 + k
v k2 k
v
u k2
(2 + 2 ) + ((0 )2 + ( 0 )2 ) ((0 )2 + ( 0 )2 )
2 + 2 + (0 )2 + ( 0 )2 ((0 )2 20 + 2
( 0 )2 2 0 + 2 )
2 + 2 + (0 )2 + ( 0 )2 (0 )2 + 20 2
( 0 )2 + 2 0 2
20 + 2 0
2(0 + 0 )
Portanto, h
u ,
v i = k
u k k
v k cos = 0 + 0 , como queramos demonstrar.
=
=
+
=
=
=
GGM-IME-UFF
44
(1) h
u ,
u i = k
u k2 0
(2) h
u ,
u i = 0
u =0
(3) h
u ,
v i = h
v ,
ui
(4) h
u ,
v i = h
u ,
v i
(5) h
u ,
v i = h
u ,
v i
(6) h u + w , v i = h u ,
v i + h
w
v i
i = h
i
(7) h
u ,
v +
w
u ,
v i + h
u ,
w
Definio 11
Sejam
u e
v vetores do plano. Dizemos que
u perpendicular a
se (
u ,
v ) = 90o ou
u = 0 ou
v = 0 . Se
u perpendicular a
perpendicular a
u.
Temos, ento, a seguinte caracterizao da perpendicularidade entre
dois vetores por meio do produto interno.
Proposio 11
Dois vetores so perpendiculares se, e somente se, o seu produto interno
igual a zero. Isto ,
u
v h
u ,
v i=0
Prova.
Sejam
u e
v vetores do plano. Se algum destes vetores o vetor nulo,
ento u v e h
u ,
v i = 0, por definio.
h
u ,
v i = k
u k k
v k cos = 0 cos = 0 = 90o ,
como queramos demonstrar.
Proposio 12
Seja
u = (a, b) um vetor no nulo. Ento o vetor
v perpendicular ao
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
45
vetor
u se, e s se,
v = (b, a), para algum R.
Prova.
De fato, se v = (b, a), ento
h
u ,
v i = a(b) + b(a) = 0 =
u
v .
Reciprocamente, se h
u ,
v i=0e
v = (c, d), ento ac + bd = 0, isto ,
c d
= 0.
b a
Logo, pela Proposio 7, (c, d) mltiplo de (b, a), ou seja, existe R
tal que
v = (c, d) = (b, a).
Exemplo 7
Dados os pontos A = (2, 3), B = (0, 1) e C = (4, 2). Calcule o cosseno do
ngulo entre os vetores AB e AC .
Soluo.
Sabemos que
Dados os vetores
u = (4, 3) e
v = (x, 1), determine x R de modo que
h
u ,
v i = 5.
Soluo.
Como h
u ,
v i = 5 temos:
GGM-IME-UFF
46
4 x 3 1 = 5 = x = 2.
Portanto, x = 2.
Exemplo 9
Dados os vetores
u = (a + 1, 2) e
v = (3, 1), calcule o valor de a R para
que
u seja perpendicular a
v .
Soluo.
Para que
u e
v sejam perpendiculares, necessrio e suficiente que
h
u ,
v i = 0,
ou seja,
(a + 1) (3) + 2 1 = 0 3a 3 + 2 = 0 a = 13 .
1
Portanto, a = .
3
Proposio 13
Seja
u = (a, b) um vetor no nulo. Ento os vetores unitrios
v
1 e v2 que
u
w
v1 = cos
+ sen
||
||
u ||
||w
u
w
v2 = cos()
+ sen()
|| ,
||
u ||
||w
= (b, a) um vetor perpendicular a
onde
w
v .
Prova.
De fato:
u
w
u
w
2
||v1 || = < cos
+ sen
+ sen
|| , cos ||
|| >
||
u ||
||w
u ||
||w
u
u
w
u
= cos2 <
,
>
+2
cos
sen
<
,
|| >
||
u || ||
u ||
||
u || ||
w
w
w
+ sen2 <
,
|| ||
|| >
||w
w
= cos2 + sen2 = 1,
47
<
v
1 ,u >
cos (
v
,
u
)
=
1
||
v
1 |||| u ||
u
w
< cos
+ sen
,
u >
|| u ||
||w ||
=
||
u ||
<
u ,
u >
<
w
u >
= cos ,
= cos
+
sen
2
|| u ||
||w || ||
u ||
pois,
<
u ,
u >
1
||
u ||2
=
< u , u >=
=1
||
u ||2
||
u ||2
||
u ||2
||2
,
>
1
||
w
<
w
w
||2 = ||
||2 < w , w >= ||
||2 = 1
||
w
w
w
>
<
u ,
w
1
>= 0.
=
<
u ,
w
|| u ||||w ||
|| u ||||w ||
o vetor
u = (1, 2) tal que cos = 25 .
Soluo.
GGM-IME-UFF
48
2 ,
5
1 .
5
posio anterior,
u
1 (2, 1)
w
2 (1, 2)
v1 = cos
+ sen
= +
|| u ||
||w ||
5 5
5
5
=
2
1
(1, 2) + (2, 1) = (0, 1),
5
5
u
1 (2, 1)
w
2 (1, 2)
v
=
cos()
+
sen()
=
2
|| u ||
||w ||
5 5
5
5
2
1
=
(1, 2) (2, 1) =
5
5
4 3
,
5 5
.
Exemplo 11
Mostre que os pontos mdios dos lados de um quadriltero so os vrtices de
um paralelogramo.
Soluo.
Seja ABDC um quadriltero qualquer e sejam X, Y , Z e W os pontos
mdios dos lados AC, CD, DB e BA, respectivamente. Devemos mostrar
que XY W Z um paralelogramo (figura 33).
Temos:
AC
CD
XY = XC + CY =
+
2
2
1
1
=
AC + CD = AD ,
2
AB
BD
ZW = ZB + BW =
+
2
2
1
1
=
AB + BD = AD .
2
1
Logo XY = AD = ZW . Entao XY ZW , e portanto, XY ZW um
2
paralelogramo.
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
49
GGM-IME-UFF
50
Captulo 3
Equaes da reta no plano
1.
AB .
AP = tAB
Note que o nmero t determinado de forma nica pelo ponto P e
chamado parmetro de P em r.
Assim, para atingir o ponto P na reta r, devemos ir at o ponto A e
nos deslocarmos ao longo da reta por tAB . Escrevemos ento a equao que
51
52
r : P = A + tAB ,
tR
x = a + t(a0 a)
para algum t R .
y = b + t(b0 b),
Dizemos que as equaes
(
x = a + t(a0 a)
;
r:
y = b + t(b0 b)
tR
escrevemos v k r.
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
53
Um vetor
v paralelo a uma reta r chamado vetor direo de r.
Observao 1
Sejam C e D pontos pertencentes a reta r que passa pelos pontos A e B.
AC = sAB
e AD = tAB .
Logo,
CD = AB , onde = t s.
Observao 2
P r AP mltiplo de
v
AP = t v , para algum t R
P = A + t
v , para algum t R.
Portanto, a equao paramtrica de r :
v ;
r : P = A + t
tR
GGM-IME-UFF
54
v = (, ), ento:
P = (x, y) r (x, y) = (a, b) + t(, ), t R
x = a + t
;t R
y = b + t
Assim, as equaes paramtricas de r, neste caso, so:
(
x = a + t
r:
;t R
y = b + t
Exemplo 2
Determinar a equao paramtrica da reta r que passa por A = (1, 4) e
paralela ao vetor
v = (5, 2).
Soluo.
Temos que:
P = (x, y) r (x, y) = (1, 4) + t(5, 2) = (1 + 5t, 4 + 2t),
Portanto,
(
x = 1 + 5t
r:
; t R,
y = 4 + 2t
t R.
55
3 + t = 2 4s
t + 4s = 1
4 + 2t = 3 + s
2t s = 1
2t 8s = 2
9s = 1 e 2t = s 1
2t s = 1
s1
1/9 1
10
5
1
=
= = .
s = e t =
9
2
2
18
9
Substituindo t = 5/9 em (3 + t, 4 + 2t) ou s = 1/9 em (2 4s, 3 + s),
obtemos que o ponto de interseo das retas :
10
4
1
22 26
5
= 2 + ,3
=
,
.
P = 3 ,4
9
9
9
9
9 9
Ateno: Para determinar o ponto de interseo de duas retas dadas
por suas equaes paramtricas, devemos usar parmetros diferentes, pois o
parmetro de um ponto ao longo de uma reta pode no ser igual ao parmetro
do mesmo ponto ao longo da outra reta.
2.
vetor
u = (a, b) 6= 0 .
Vamos agora caracterizar algebricamente (usando o produto interno) a
equao de uma reta normal (isto , perpendicular) a uma direo dada.
Definio 2
Um vetor
u 6= 0 normal ou perpendicular a uma reta r se
u AB ,
quaisquer que sejam os pontos A, B r.
GGM-IME-UFF
56
vetor
u = (a, b) 6= 0 . Ento,
P = (x, y) r
AP
u
hAP , u i = 0
h(x x0 , y y0 ), (a, b)i = 0
a(x x0 ) + b(y y0 ) = 0
ax + by = ax0 + by0
ax + by = c , onde c = ax0 + by0 .
normal
u = (a, b) e que o valor de c determinado quando se conhece um
ponto de r, no caso, o ponto A = (x0 , y0 ). Observe tambm que a e b no
Um vetor
u = (a, b) 6= (0, 0) normal reta r se, e somente se, o vetor
v = (b, a) paralelo r.
De fato, sejam A e B dois pontos quaisquer pertencentes reta r.
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
57
Se
u = (a, b) normal reta r ento, por definio,
u AB . Logo, pela
ou seja,
u AB . Assim, por definio,
u um vetor normal a r.
Exemplo 4
Determine a equao cartesiana da reta r que passa pelo ponto A = (2, 3) e
normal ao vetor
u = (1, 2).
Soluo.
Como
u r, devemos ter
r : x + 2 y = c.
O valor de c calculado sabendo que
A = (2, 3) r:
c = 1 2 + 2 3 = 2 + 6 = 8.
Portanto, a equao procurada
r : x + 2y = 8.
Figura 4: Exemplo 4.
Exemplo 5
Determinar a equao cartesiana da reta r que passa pelo ponto B = (2, 3)
e paralela ao vetor
v = (1, 2).
Soluo.
Conhecer um ponto e um vetor paralelo da reta equivale a dar as equaes
paramtricas:
(
x=2+t
r:
; t R.
y = 3 + 2t
GGM-IME-UFF
58
Como
v = (1, 2) k r temos, pela observao 4,
u = (2, 1) r.
Portanto,
r : 2x y = c.
Para determinar c, usamos o fato de que
B = (2, 3) r, isto ,
c = 2 2 3 = 1.
Logo,
r : 2x y = 1.
Exemplo 6
Determine a equao cartesiana da reta r :
Figura 5: Exemplo 5.
x=2s
; s R.
y = 1 + 3s
Soluo.
Das equaes paramtricas, obtemos o vetor
Figura 6: Exemplo 6.
Exemplo 7
Determine as equaes paramtricas da reta r : 4x + 3y = 16.
59
Soluo.
Para achar as equaes paramtricas de r
precisamos conhecer um vetor paralelo a r
e um ponto de r.
Da equao cartesiana, temos:
u = (4, 3) r =
v = (3, 4) k r .
Para determinar um ponto de r, fazemos
y = 0 na equao cartesiana de r e calculamos o valor correspondente de x:
y = 0 = 4 x + 3 0 = 16 = x = 4 .
Portanto, o ponto A = (4, 0) pertence a r.
Figura 7: Exemplo 7.
Como o vetor
u = (2, 1) perpendicular reta r, o vetor
v = (1, 2),
pela observao 4, paralelo reta r.
Figura 8: Exemplo 8.
= (2, 1) e
Sejam
w
v
1 , v2 os vetores unitrios que fazem um ngulo de
GGM-IME-UFF
60
/4 com o vetor
v . Ento, pela proposio 13 do captulo anterior, temos:
w
v
+ sin /4
v1 = cos /4
||
||
v ||
||w
1 (3, 1),
10
v
=
cos(/4)
+ sin(/4)
2
|| v ||
w
||
||
w
1 (1, 3).
10
1
Como a reta r1 paralela ao vetor
v
1 = 10 (3, 1) e a reta r2 paralela ao
1
vetor
v
2 = 10 (1, 3), temos que u1 = (1, 3) um vetor normal reta r1 e
Assim,
r1 : x + 3y = c1 e r2 : 3x y = c2 ,
onde c1 = 13+31 = 6 e c2 = 3311 = 8 so as equaes cartesianas
das retas que passam pelo ponto A e fazem um ngulo de /4 com a reta
r.
Observao 5
A equao cartesiana da reta r que corta o eixo-horizontal no ponto de abscissa a e o eixo-vertical no ponto de ordenada b, com a e b diferentes de zero,
x y
dada por + = 1.
a b
De fato, como os pontos A = (a, 0)
e B = (0, b) so distintos e a equax
y
o
+
= 1 representa uma reta
a
b
que passa por A e B, concluimos que
x
y
r :
+
= 1, pois por dois pontos
a
b
distintos passa uma nica reta.
Figura 9: Reta passando pelos pontos (a, 0) e
(0, b).
61
Exemplo 9
Uma reta r que passa pelo ponto P = (2, 4/3) forma com os semieixos coordenados positivos um tringulo de permetro 12. Determine sua equao.
Soluo.
Sejam a e b nmeros reais positivos tais que
{(a, 0)} = r eixo OX e {(0, b)} = r eixo OY .
x y
Pela observao anterior, r : + = 1 a equao cartesiana de r.
a b
a + b + a2 + b2 = 12,
onde A = (a, 0) e B = (0, b). Temos, ento, que resolver o sistema:
(
6a + 4b = 3ab
a + b + a2 + b2 = 12
(1)
a2 + b2 = 12 (a + b)
a2 + b2 = 144 24(a + b) + (a2 + 2ab + b2 )
24(a + b) = 144 + 2ab
12(a + b) = 72 + ab.
Assim, o sistema (1) equivalente ao sistema:
GGM-IME-UFF
62
12(a + b) = 72 + ab
4a + 6b = 3ab
36(a + b) = 3 72 3ab
4a + 6b = 3ab
108 16a
.
15
(2)
108 16a
na equao 6b + 4a = 3ab, temos:
15
6
3
(108 16a) + 4a = a(108 16a)
15
15
15 225 216
15 9
a =
=
4
4
18
9
a =
=
ou a = 3.
4
2
108 16 9/2
108 72
36
12
=
=
= ,
15
15
15
5
e a equao da reta r1
2x 5y
+
= 1 8x + 15y = 36.
9
12
Se a2 = 3, ento b2 =
108 16 3
60
=
= 4, e a equao da reta r2
15
15
x y
+ = 1 4x + 3y = 12.
3 4
r2 : 4x + 3y = 12.
Geometria Analtica e Clculo Vetorial
63
3.
onde
u = (a, b) 6= (0, 0) um vetor normal a r.
Vamos verificar que r pode ser reescrita das seguintes formas:
Se b = 0, ento um ponto (x, y) r se, e somente se, x = ac . Ou seja,
r = {(d, y); y R},
onde d =
c
a
GGM-IME-UFF
64
se,
c
a
by = ax + c y = x + .
b
b
Ou seja,
r = {(x, mx + n); x R},
onde m =
a
c
en= .
b
b
65
m=
y2 0
= tg .
x2 x1
.
2
GGM-IME-UFF
66
m=
0y1
x2 x1
= tg( ) = tg .
< < .
m = 0 = = 0 = m = tg .
Exemplo 10
Determine as equaes das retas que contm os lados do tringulo de vrtices
nos pontos A = (1, 1), B = (4, 1) e C = (1, 3).
67
Soluo.
A reta r1 que contm o lado AC vertical, pois A e C tm a mesma
abscissa 1. Assim, r1 : x = 1.
A reta r2 que contm o lado AB horizontal, pois A e B tm a mesma
ordenada 1. Portanto r2 : y = 1.
A reta r3 que contm o lado BC tem inclinao m =
2
31
= . Assim,
14
3
a equao de r3 da forma:
2
3
r3 : y = x + n.
Como B = (4, 1) r3 , obtemos, substituindo x por 4 e y por 1 na equao
anterior, que:
2
3
1 = 4 + n = n = 1 +
8
11
= .
3
3
Portanto,
2
3
r3 : y = x +
11
,
3
4.
em relao outra):
(a) coincidentes: quando so iguais, isto , r1 = r2 ;
(b) paralelas: quando no se intersectam, isto ,
r1 r2 = .
Neste caso, escrevemos r1 k r2 .
(c) concorrentes: quando se intersectam em um ponto, isto ,
r1 r2 = {P }.
A partir das equaes cartesianas de r1 e r2 , determinemos quando
GGM-IME-UFF
68
cb0 c0 b
ab0 a0 b
y=
ca0 c0 a
.
ab0 a0 b
69
Corolrio 1
As retas r1 : ax + by = c
r2 : a0 x + b0 y = c0 so coincidentes se, e
c0 = c .
Prova.
Pelo teorema acima, se as retas so coincidentes, existe 6= 0 tal que a0 = a
e b0 = b.
Seja (x0 , y0 ) um ponto da reta r. Como r1 = r2 , as coordenadas x = x0 e
y = y0 satisfazem tambm a equao de r2 . Logo,
c0 = a0 x0 + b0 y0 = ax0 + by0 = c ,
isto c0 = c.
Reciprocamente, se existe R, 6= 0, tal que a = a0 , b = b0 e
c = c0 , claro que as equaes de r1 e r2 representam a mesma reta, isto ,
r1 = r2 .
Como consequncia do corolrio anterior e da proposio 1, obtemos:
Corolrio 2
As retas r1 : ax + by = c
c0 6= c .
Exemplo 11
Determine a equao cartesiana da reta r2 paralela reta r1 : 2x + 3y = 6
que passa pelo ponto A = (1, 0).
Soluo.
Seja r2 : ax + by = c a equao cartesiana da reta r2 . Pela proposio
1, existe 6= 0 tal que
(a, b) = (2, 3),
onde (2, 3) o vetor normal reta r1 . Podemos tomar, sem perda de generalidade, = 1, ou seja, (a, b) = (2, 3).
GGM-IME-UFF
70
Exemplo 12
Verifique se as retas
r1 : 2x + y = 1, r2 : 6x + 3y = 2
r3 : 4x + 2y = 2 ,
so paralelas ou coincidentes.
Soluo.
Multiplicando a equao de r1 por 3, obtemos r1 : 6x + 3y = 3 e, como
3 6= 2, temos r1 k r2 .
Multiplicando a equao de r1 por 2, obtemos a equao de r3 . Logo r1 = r3 .
Alm disso, r2 k r3 .
Definio 3
O ngulo (r1 , r2 ) entre duas retas r1 e r2 se define da seguinte maneira:
se r1 e r2 so coincidentes ou paralelas, ento (r1 , r2 ) = 0,
se as retas so concorrentes, isto , r1 r2 = {P }, ento (r1 , r2 ) o menor
dos ngulos positivos determinados pelas retas.
J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff
71
Em particular, 0 < (r1 , r2 ) /2. A medida dos ngulos pode ser dada
em graus ou radianos.
Sejam
v
1 e v2 vetores paralelos s retas r1 e r2 , respectivamente. En
)| = |hv1 , v2 i| ,
cos (r1 , r2 ) = | cos (
v
,
v
1
2
kv1 k kv2 k
0 < (r1 , r2 ) /2
|| |h
v
|h
v
2 , v2 i|
2 , v2 i|
=
v
1 = v2 =
Proposio 2
As retas r1 : ax+by = c e r2 : a0 x+b0 y = c0 so perpendiculares se, e somente
se, seus vetores normais
w = (a, b) e
w = (a0 , b0 ) so perpendiculares, ou
1
seja,
aa0 + bb0 = 0.
GGM-IME-UFF
72
Prova.
onde
v
1 e v2 so vetores paralelos s reta r1 e r2 respectivamente.
0 0
Como
w
1 = (a, b) r1 e w2 = (a , b ) r2 temos, pela observao 4, que
v = (b, a) k r e
v = (b0 , a0 ) k r . Logo r r se, e somente se,
1
0
0
0
0
h
v
1 , v2 i = (b)(b ) + aa = aa + bb = 0,
0
0
ou seja, h
w
1 , w2 i = aa + bb = 0.
Exemplo 13
Determine a equao cartesiana da reta r2 que passa pelo ponto (1, 2) e
perpendicular reta r1 : x + 3y = 1.
Soluo.
Seja r2 : ax + by = c a equao cartesiana de uma reta perpendicular a
r1 : x + 3y = 1.
Pela proposio anterior, o vetor
u = (a, b) perpendicular ao vetor
2
u
1 = (1, 3) e, portanto, pela proposio 12 do captulo anterior, u2 = (3, 1)
para algum 6= 0.
Podemos tomar, sem perda de generalidade, = 1, ou seja,
u = (3, 1).
2
73
n0 6= n.
GGM-IME-UFF
74
= (m, 1)
r r se, e somente se, seus vetores normais
v = (m, 1) e
w
1
so ortogonais.
Logo,
i = mm0 + 1 = 0 mm0 = 1.
r1 r2 h
v ,
w
Exemplo 15
Determine a equao da reta r2 que passa pelo ponto A e perpendicular
reta r1 , onde:
(a) r1 : x = 2 ,
A = (5, 3) ;
(b) r1 : y = 4x + 5 ,
A = (4, 1) .
75
Soluo.
(a) Como r1 vertical, r2 deve ser horizontal e a sua equao da forma
r2 : y = n.
Sendo que A = (5, 3) r2 , devemos ter 3 = n e, portanto, r2 : y = 3.
r2 r1 .
r2 : y = x + n.
Para determinar o valor de n usamos que A = (4, 1) r2 . Ou seja, as
coordenadas de A devem satisfazer a equao de r2 :
1
4
1 = 4 + n = n = 2 .
1
GGM-IME-UFF
76
2
3
rd0 : y = x + d .
Variando d R obtemos a equao de qualquer reta perpendicular reta r.
Figura 26: Reta passando pelos pontos A e B e algumas retas da famlia rd0 : y =
2
x
3
+ d.
Escrevemos o valor d como subndice em rd0 para indicar que a reta em questo
depende do valor d. Ou seja, mudar o valor de d significa considerar outra
reta tambm perpendicular a r.
A equao da reta rd0 se escreve na forma cartesiana como:
2
3
rd0 : x + y = d
, ou seja,
rd0 : 2x 3y = 3d .