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Petiçao de Remiçao de Pena C.C Progressão de Regime

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ADVOCACIA NOGUEIRA & ADVOGADOS ASSOCIADOS

Srgio D. Nogueira OAB/PR 43.290


Andra Rodrigues de Lima OAB/PR 68.429
Rua Maranho, n 490 Sobreloja Centro - Londrina Estado do Paran CEP 86.010-410
Telefax: (43) 3024-4447

EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE


EXECUES PENAIS E CORREGEDORIA DOS PRESIDIOS DA COMARCA DE
LONDRINA - ESTADO DO PARAN

Execuo 0051560-98.2012.8.16.0014

GRACIELE DIAS DANTAS, j devidamente qualificado nos


autos em epigrafe, atualmente cumprindo pena no 3 DP de Londrina (distrito policial
de Londrina), vem, por seu advogado que a esta subscreve, com escritrio na Rua
Maranho n. 490, Centro, fone: 043-30244447, mandato em anexo, a presena de
Vossa Excelncia requerer:

PEDIDO DE PROVIDENCIAS
postulando a APLICAO DO ART. 33, 2 e 3 c/c ART. 59, III, TODOS DO
CDIGO PENAL EM FACE DA DECLARAO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO
ART. 2, 1, DA LEI 8.072/1990 (LEI DE CRIMES HEDIONDOS), pelos motivos
fticos e jurdicos que passa a expor
Seguindo o que dispe a Constituio Federal, o Cdigo de
Direito Penal Brasileiro (art. 2) admite a aplicao do direito fundamental da
retroatividade de lei penal mais benfica ao ru, e a Lei de Execuo Penal (lei n

Documento assinado digitalmente, conforme MP n 2.200-2/2001, Lei n 11.419/2006, resoluo do Projudi, do TJPR/OE
Validao deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ5CH AVKGS VG3HL NXUSK

PROJUDI - Processo: 0051560-98.2012.8.16.0014 - Ref. mov. 22.1 - Assinado digitalmente por Andrea Rodrigues de Lima,
06/04/2015: JUNTADA DE PETIO DE INCIDENTE DE EXECUO PENAL. Arq: Petio

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7.210/84) determina a competncia do juiz das execues criminais para empregar a


retroatividade em casos de condenao, independente de ter transcorrido prazo
para o trnsito em julgado.
DOS FATOS
A reeducando foi condenada nas sanes do Art. 33 e 35 caput
da Lei 11343/200 (Lei de drogas), tendo como pena definitiva 08 anos de recluso
no regime inicial fechado.
A reeducando foi presa no dia 13 de maro de 2008, ficando
presa at a data de 04 de novembro de 2008, quando foi prolatada a sentena
oriunda da 3 vara criminal de Londrina, sendo que a reeducando foi absolvida da
acusao e posta em liberdade.
Houve recurso de apelao por parte do representante do MP,
tendo sido modificada a sentena no Tribunal de Justia do Paran, condenando a
reeducando a 05(cinco) anos de recluso por trafico de drogas e a 03(trs) anos de
recluso pela associao ao trafico, somando o total de 08(oito) anos de recluso a
ser cumprido inicialmente no regime fechado, baseando se na Lei dos crimes
hediondos, sendo que o acordo transitou em julgado em 15 de julho de 2011.
A reeducando teve mandado de priso expedido pelo Juiz da
VEP em 25 de fevereiro de 2015, sendo cumprido imediatamente.
Contudo, ante a declarao de inconstitucionalidade do art. 2,
1 da Lei 8.072/1990 (Lei dos Crimes hediondos), requer-se a aplicao do art. 33,
2 e 3 c/c o art. 59, III, todos do CPB, pelos motivos que passa a expor.
DO DIREITO
Como cedio, a Constituio da Repblica Federativa do Brasil
dispe em seu art. 5, XLIII, que a lei considerar crimes inafianveis e
insuscetveis de graa ou anistia a prtica da tortura, o trfico ilcito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos,
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los, se

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omitirem. Diante do exposto, duas concluses podem ser deduzidas: a primeira, a


de que o constituinte igualou constitucionalmente as figuras do crime hediondo e as
da tortura, do trfico ilcito de entorpecentes e do terrorismo, denominadas
equiparadas; e a segunda, a de que quis o constituinte punir mais severamente
aqueles que cometessem tais delitos.
Nesse contexto, surgiu a Lei 8.072, de 11 de julho de 1990, Lei de crimes hediondos
e equiparados. Porm, desde que entrou em vigor, a referida norma alvo de
inmeras controvrsias e constantes modificaes. E isso porque tanto doutrina
quanto jurisprudncia divergem quanto extenso e ao alcance do referido preceito
constitucional.
Dentre as controvrsias e modificaes da Lei de crimes
hediondos e equiparados, destacam-se as que se desenvolveram em torno da
redao original do 1, do art. 2 (a pena por crime previsto neste artigo ser
cumprida integralmente em regime fechado). Assim, inicialmente, duas correntes se
desenvolveram: a primeira, sustentada poca pelo STF, defendia a referida
redao, sob o fundamento de que o constituinte havia reservado punio mais
severa queles que cometessem tais delitos (Nesse sentido: HC 85687/RS, STF;
REsp 696383/RS, STJ; HC 41200/SP, STJ). A segunda, por outro lado, rechaava a
redao original, sob o argumento de que seria inconstitucional, por violar os
princpios da individualizao e da humanidade das penas (Nesse sentido: Alberto
Silva Franco, Ricardo Augusto Schmitt, Luiz Flvio Gomes, entre outros).
Contudo, com a edio da Lei 9.455, de 07 de abril de 1997 (Lei
dos Crimes de Tortura), as discusses novamente se aviventaram, pois seu art. 1,
7 dispe que o regime de cumprimento de pena para os crimes previstos nesta lei
ser o inicialmente fechado e no integralmente, como menciona a Lei de crimes
hediondos e equiparados.
Sendo assim, duas correntes novamente se desenvolveram: a
primeira, adotada inclusive pelo Superior Tribunal de Justia, notadamente pela 6
Turma, defendia que o regime deveria ser inicialmente fechado tambm para os
crimes hediondos e demais figuras equiparadas, pois o constituinte havia
estabelecido uma igualdade no trato constitucional e o legislador a reproduzido na
Lei de Crimes hediondos (Nesse sentido: REsp 140617/GO (97/0049790-9)). A

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segunda, por outro lado, rechaava a adoo de regime inicialmente fechado para
os delitos hediondos e demais figuras equiparadas, tendo, inclusive, o STF editado a
smula 698 com os seguintes dizeres: no se estende aos demais crimes hediondos
a admissibilidade de progresso no regime de execuo da pena aplicada ao crime
de tortura (Nesse sentido: HC 81856/DF, STF; HC 42564/PR, STJ; HC 41200/SP,
STJ).
poca, havia tambm uma terceira corrente, de menor
expressividade, segundo a qual o art. 2, 1, da Lei de crimes hediondos e
equiparados era inconstitucional por violar os princpios individualizador e
ressocializador da pena. Dessa forma, esta corrente defendia a aplicao do art. 33,
2 e 3 c/c o art. 59, III, todos do Cdigo Penal, tambm para os casos de crimes
hediondos. Nesse sentido, eram as lies de Ricardo Augusto Schmitt:
O que rechaamos a vontade (e desvio de atribuies) externada pelo legislador
de que, independente do crime praticado, da quantidade de pena fixada, das
circunstncias especficas do fato e das condies pessoais do condenado,
tenhamos que adotar obrigatoriamente o regime fechado quando versar a hiptese
de crimes hediondos e equiparados. No podemos aceitar essa imposio
legislativa, pois como ocorre com o processo de dosimetria da pena, o regime de
cumprimento depende da anlise criteriosa de diversos fatores que integram o plano
ftico concreto (artigos 33, pargrafo 3 c/c 59, III, ambos do CP).
Ainda nesse sentido, destaca-se tambm o seguinte julgado:
HABEAS CORPUS. PENAL. CRIME DE ATENTADO VIOLENTO AO
PUDOR.
REGIME PRISIONAL. DIREITO PROGRESSO CARCERRIA
RECONHECIDO

NA

INSTNCIA

ORDINRIA.

PENA-BASE

FIXADA NO
MNIMO LEGAL. RECONHECIMENTO DAS CIRCUNSTNCIAS
JUDICIAIS
FAVORVEIS. REGIME INICIAL FECHADO PARA CUMPRIMENTO
DA
PENA. IMPROPRIEDADE. GRAVIDADE GENRICA DO DELITO.

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INOBSERVNCIA DO DISPOSTO NO ART. 33, 2, ALNEA B, E
3
DOCDIGO PENAL. APLICAO DA SMULA N. 718 DO STF.
PRECEDENTES DOSTJ. 1. In casu, o julgador, em manifesto
equvoco, aplicou o
regime inicialmente fechado ao ru condenado pela prtica de
crime hediondo e
afastou, expressamente, a incidncia, na hiptese, do art. 2.,
1., da Lei n.
8.072/1990.2. Publicada a sentena penal condenatria, somente
foi interposto recurso defensivo de apelao criminal, razo pela
qual o decisum transitou em julgado para a acusao, a qual no
aviou qualquer manifestao. Tem-se, portanto, que o regime
prisional, na hiptese, passou a ser regulado to-somente com
amparo nos arts. 33, 2 e3, e 59 do Cdigo Penal. 3. Fixada a
pena-base

no

mnimo

legal,

porquanto

reconhecidas

as

circunstncias judiciais favorveis ao ru, no cabvel infligir


regime prisional mais gravoso apenas com base na gravidade
genrica do delito.
Inteligncia do art. 33, 2 e 3, c.c. o art. 59,ambos do Cdigo
Penal.
Precedentes do STJ.4. "A opinio do julgador sobre a gravidade
em abstrato do crime no constitui motivao idnea para a
imposio de regime mais severo do que o permitido segundo a
pena aplicada." - aplicao do enunciado da Smula n. 718 do
STF. 5. Ordem concedida para fixar o regime semiaberto para o
cumprimento da pena reclusiva imposta ao paciente (STJ, HC
41945/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, 5 Turma, j. em 19.05.05, DJ de
20.06.05, p.322).

No entanto, nova modificao houve em 23 de fevereiro de


2006, no julgamento do HC 82.959-7, o Supremo Tribunal Federal declarou
incidentalmente a inconstitucionalidade do art. 2, 1, da Lei de crimes hediondos e
equiparados, sob o argumento de que o referido dispositivo violava o princpio da
individualizao da pena. Em que pese tenha o Supremo Tribunal Federal
enfrentado questo em sede de controle difuso de constitucionalidade, o qual em
regra repercutiria efeitos apenas com relao ao caso concreto, certo que um

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pronunciamento da mais alta Corte do pas, independentemente do modo que a


questo tenha chegado ao Tribunal, reflete o posicionamento do Tribunal, o qual em
regra coerente no que toca s decises tomadas seja em controle difuso ou
concentrado de constitucionalidade. Bem por isso, tem o STF adotado teoria da
objetivao do controle difuso de constitucionalidade, inclusive admitindo o
ajuizamento de reclamao para garantia da autoridade das decises proferidas em
sede de controle difuso de constitucionalidade com relao a situaes similares no
abrangidas pelo processo originrio, como inclusive se deu HC 82.959-7.
Todavia, mais recentemente, no HC 111840/ES, o Supremo
Tribunal Federal declarou mais uma vez a inconstitucionalidade do art. 2, 1, da
Lei de crimes hediondos e equiparados, sob o fundamento de que o referido
dispositivo continuava a violar o princpio da individualizao da pena, conforme se
observa a seguir: Informativo n 672: inconstitucional o 1 do art. 2 da Lei
8.072/90 (Art. 2 Os crimes hediondos, a prtica da tortura, o trfico ilcito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo so insuscetveis de: ... 1o A pena por
crime previsto neste artigo ser cumprida inicialmente em regime fechado). Com
base nesse entendimento, o Plenrio, por maioria, deferiu habeas corpus com a
finalidade de alterar para semiaberto o regime inicial de pena do paciente, o qual
fora condenado por trfico de drogas com reprimenda inferior a 8 anos de recluso e
regime inicialmente fechado, por fora da Lei 11.464/2007, que institura a
obrigatoriedade de imposio desse regime a crimes hediondos e assemelhados
v. Informativo 670. Destacou-se que a fixao do regime inicial fechado se dera
exclusivamente com fundamento na lei em
vigor. Observou-se que no se teriam constatado requisitos subjetivos desfavorveis
ao paciente, considerado tecnicamente primrio. Ressaltou-se que, assim como no
caso da vedao legal substituio de pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos em condenao pelo delito de trfico j declarada inconstitucional pelo
STF , a definio de regime deveria sempre ser analisada independentemente
da natureza da infrao. Ademais, seria imperioso aferir os critrios, de forma
concreta, por se tratar de direito subjetivo garantido constitucionalmente ao
indivduo. Consignou-se que a Constituio contemplaria as restries a serem

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impostas aos incursos em dispositivos da Lei 8.072/90, e dentre elas no se


encontraria a obrigatoriedade de imposio de regime extremo para incio de
cumprimento de pena. Salientou-se que o art. 5, XLIII, da CF, afastaria somente a
fiana, a graa e a anistia, para, no inciso XLVI, assegurar, de forma abrangente, a
individualizao da pena. Vencidos os Ministros Luiz Fux, Joaquim Barbosa e Marco
Aurlio, que denegavam a ordem.
HC 111840/ES, rel. Min. Dias Toffoli, 27.6.2012. (HC-111840)
Nesse contexto, diante da declarao de inconstitucionalidade da obrigatoriedade
do regime inicial de cumprimento de pena se d em regime fechado, requer a
aplicao do art. 33, 2 e 3 c/c o art. 59, III, todos do CPB, em consonncia com
o princpio da individualizao da pena que, como bem externado pelo Ministro
Relator, constitui-se em um direito subjetivo constitucionalmente garantido a todos
os indivduos.
DA COMPETNCIA DO JUZO DA EXECUO
A competncia do juzo da execuo est insculpida no art. 66
da Lei 7.210/1984 (Lei de Execuo Penal). Segundo Renato Marco (2012, p.33), o
rol do referido dispositivo exemplificativo, logo, a competncia do juiz da execuo
no se restringe s hipteses ali elencadas. Ademais, vale destacar que todo e
qualquer incidente ocorrido na execuo pode ser submetido apreciao judicial,
por imperativo constitucional (art. 5, XXXV, da CRFB).
Nesse sentido, ante a inexistncia de hiptese expressa, urge
destacar que em caso semelhante, HC 82.959-7/SP, o Supremo Tribunal Federal e
o Superior Tribunal de Justia decidiram que a concesso ou no do benefcio de
pleitear a progresso deveria ser analisada em cada caso concreto pelo prprio
Juzo das Execues Penais, nos termos do quanto estatudo pelo art. 112, da LEP,
conforme se verifica nos julgados a seguir:
PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 121, 2, IV, DO CP. CRIME
HEDIONDO.

PROGRESSO

DE

REGIME

PRISIONAL.

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POSSIBILIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE DO 1 DO ART. 2
DA LEI N 8.072/90 DECLARADA PELO STF. REQUISITOS.
NECESSIDADE DE APRECIAO PRVIA PELO JUZO DA
EXECUO. I - O Pretrio Excelso, nos termos da deciso
Plenria proferida por ocasio do julgamento do HC 82.959/SP,
concluiu que o 1 do art. 2 da Lei n 8.072/90,
inconstitucional. II - Assim, o condenado por crime hediondo ou
a ele equiparado, pode obter o direito progresso de regime
prisional, desde que preenchidos os demais requisitos. III - Para
a concesso da progresso de regime faz-se necessria prvia
submisso da matria ao Juzo da Execuo, para que examine a
presena, no caso concreto, dos requisitos previstos no art.
112 da Lei n 7.210/84, sob pena de indevida supresso de
instncia. Ordem parcialmente concedida (STJ, HC 52605/SP,
Rel. Min. Flix Fischer, 5 Turma, j. em 16.05.06, DJ de 01.08.06,
p. 483) (grifo nosso).
HABEAS CORPUS. DOSIMETRIA DAS PENAS. PRIVATIVA DE
LIBERDADE E DE MULTA. ILEGALIDADE. INQURITOS E
PROCESSOS

EM

PERSONALIDADE.

ANDAMENTO.

MAUS

IMPOSSIBILIDADE.

ANTECEDENTES.

CRIME

HEDIONDO.

PROGRESSO DE REGIME PRISIONAL. MATRIA DECIDIDA


PELO

SUPREMO

TRIBUNAL

FEDERAL.

INCONSTITUCIONALIDADE DO 1, DO ARTIGO 2, DA LEI N


8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. ORDEM CONCEDIDA. [...] - O
Plenrio do Supremo Tribunal Federal, por maioria, deferiu o
habeas corpus n 82.959/SP e declarou, incidenter tantum, a
inconstitucionalidade do 1, do artigo 2, da Lei n 8.072, de 25
de julho de 1990, a afirmar o direito do Paciente ao regime
progressivo de pena, segundo as regras inseridas na Parte Geral
do Cdigo Penal. - A deciso plenria no implica deferimento
imediato do direito progresso, pois que tal exame dever ser
realizado pelo Juzo de Execuo competente, segundo o
disposto no artigo 112, da Lei de Execuo Penal. - Ordem
concedida para suprimir da pena privativa de liberdade o
acrscimo decorrente de 1 (um) ano, tornando-a definitiva em 20
(vinte) anos de recluso; anular a pena de multa fixada,

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determinando que o Juzo sentenciante proceda a novo clculo,
e, finalmente; para afastar a vedao legal progresso de
regime (STJ, HC 52697/RJ, Rel. Min. Paulo Medina, 6 Turma, j.
em 04.04.06, DJ de 15.05.06, p. 305) (grifo nosso).

Ademais, cumpre observar que segundo o art. 66, I, da LEP,


compete ao Juiz da Execuo aplicar aos casos julgados lei posterior que de
qualquer modo favorea o condenado. Nesse sentido, o teor da smula 611 do
STF, segundo a qual transitada em julgado a sentena condenatria, compete ao
juzo das execues a aplicao de lei mais benigna.
Nesse diapaso, ainda que esta no seja a hiptese dos
presentes autos, deve-se aplicar tal entendimento por analogia, pois conforme
mxima existente em nosso ordenamento jurdico, onde existe a mesma razo, deve
existir a mesma regra.
DA DECLARAO DE INCONSTITUCIONALIDADE
Como cedio, o ordenamento jurdico ptrio adota o controle
jurisdiciona misto de constitucionalidade, exercido nos modelos concentrado
(sistema austraco ou europeu) e difuso (sistema norte americano). Com relao ao
modelo concentrado, este defere a atribuio para o julgamento das questes
constitucionais a um rgo jurisdicional superior ou a uma Corte Constitucional
(MENDES, Gilmar, 2012, p.1061). O modelo difuso, concreto ou incidental, por sua
vez, pode ser exercido, incidentalmente, por qualquer juiz ou tribunal dentro do
mbito de sua competncia (NOVELINO, Marcelo, 2012, p.257).
In casu, a inconstitucionalidade do art. 2, 1, da Lei de
crimes hediondos e equiparados foi declarada incidentalmente no HC 111.840.
Sendo assim, no que tange aos efeitos da deciso, quanto ao aspecto subjetivo, o
decisum produz efeitos inter partes, em regra, produz efeito apenas para as partes
nele envolvidas, no atingindo terceiros que no participaram da relao processual;
quanto ao aspecto temporal, o decisum produz efeitos retroativos, uma vez que
prevalece o entendimento de que a lei inconstitucional um ato nulo (teoria da

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nulidade), apenas podendo ocorrer a modulao temporal dos efeitos por expressa
determinao do Pretrio Excelso. Nesse sentido:
EMBARGOS DE DECLARAO. AO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DISTRITAL N 3.642/05, QUE
DISPE SOBRE A COMISSO PERMANENTE DE DISCIPLINA
DA POLCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL. AUSNCIA DE
PEDIDO ANTERIOR, NECESSIDADE DE MODULAO DOS
EFEITOS. [...] Continua a dominar no Brasil a doutrina do
princpio da nulidade da lei inconstitucional. Caso o Tribunal no
faa nenhuma ressalva na deciso, reputa-se aplicado o efeito
retroativo. Entretanto, podem as partes trazer o tema em sede de
embargos de declarao (STF, ADI 3.601- ED, Rel. Min. Dias
Toffoli, j. 09.09.10, Plenrio, DJE de 15.12.10).

Por oportuno, importante observar que nos termos do artigo


178 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, logo aps o trnsito em
julgado ser feita a comunicao ao Senado Federal, para que este rgo possa
suspender a execuo, no todo ou em parte da lei declarada inconstitucional. Assim,
de clareza mediana que aps expedio de resoluo pelo Senado Federal,
possvel que a declarao de inconstitucionalidade proferida em sede incidental
possua efeitos erga omnes, e no apenas inter partes.
Ademais, deixa-se consignado que, atualmente, o Supremo
Tribunal Federal entende que o artigo 52, X, da CRFB sofreu uma mutao
constitucional. Desse modo, tal preceito deve ser entendido no sentido de que a
comunicao ao Senado Federal h de ter o simples efeito de dar publicidade, ou
seja, se o STF, em sede de controle incidental, declarar definitivamente, que a lei
inconstitucional, essa deciso ter efeitos gerais (Informativo n 454).
Nesse contexto, exsurge a teoria da transcendncia dos motivos
determinantes, segundo a qual os princpios e motivos determinantes da deciso
proferida pelo Supremo Tribunal Federal devem ser vinculantes. Nessa esteira,
descarta-se a necessidade da resoluo do Senado para que o decisum em sede de

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controle incidental possua efeitos erga omnes. Evidenciando-se, assim, a


aproximao cada vez maior do sistema de controle difuso ao do concentrado.
Quanto

adoo

desta

teoria,

existem

dois

casos

paradigmticos: o RE 197.917, em que o STF determinou a reduo do nmero de


vereadores no municpio de Mira Estrela, e o HC 82.959, em que o STF declarou o
regime integralmente fechado inconstitucional, podendo-se classificar, sem muito
esforo, este ltimo julgado como anlogo ao presente caso. Nesse contexto, a no
aplicao da teoria da transcendncia dos motivos determinantes no caso em tela
representa uma afronta aos princpios da fora normativa da Constituio, da
isonomia e da segurana jurdica. E isso porque no h obrigatoriedade em que o
Senado Federal expea resoluo determinando a suspenso da execuo da lei
declarada inconstitucional. Ademais, como j exposto anteriormente, prevalece no
sistema jurdico brasileiro a teoria da nulidade, logo, lei declarada inconstitucional
ato nulo, por mais que esteja em vigncia, no vlida nem produz efeitos no
ordenamento jurdico.
Nessa esteira, exigir a edio de resoluo do Senado significaria
negar que a Constituio tem fora normativa e, portanto, vale por si s.
Representaria tambm uma afronta aos princpios da isonomia e da segurana
jurdica, uma vez que, em caso anlogo, no HC 82.959, o STF concedeu efeitos
erga omnes a sua deciso. Alm disso, insta observar que um dos requisitos para o
julgamento no mbito do STF a existncia de repercusso geral, i.e., necessrio
que o objeto em litgio transcenda o mero interesse individual, tendo relevncia do
ponto de vista econmico, poltico, social ou jurdico (GONALVES, Marcus Vincius
Rios, 2012, p. 536). Sendo assim, existem inmeros casos semelhantes ao que foi
decidido no mbito do HC 111.840, logo, reconhecer para esse caso a
inconstitucionalidade do art. 2, 1, da Lei de crimes hediondos e equiparados e
no reconhecer para os demais representa uma flagrante violao aos princpios da
isonomia e da segurana jurdica.
Sendo assim, a no adoo da teoria da transcendncia dos
motivos determinantes consubstancia-se, na verdade, em uma dupla violao ao
princpio da isonomia, tendo em vista que tratam de maneira diferente situaes

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semelhantes (inconstitucionalidade do regime integralmente fechado HC 82.959 e


inconstitucionalidade do regime inicialmente fechado HC 111.840).
No sentido por ns aqui perfilhado, em recente deciso,
asseverou o douto magistrado da comarca de Joinville (SC):
Ou seja, se o Supremo Tribunal Federal em 27/06/12, no HABEAS CORPUS
N.111840 reconheceu em sede de controle difuso a inconstitucionalidade do
pargrafo 1 do artigo 2, da Lei n.8.072/90, com redao dada pela Lei 11.464/07,
para um caso concreto que chegou sua competncia, de se ponderar, pelo
princpio da isonomia (art.5, caput e inciso I, da CF), que a deciso deve ser
aplicada a todos os reeducandos que nesta situao se encontram. Isso nada mais
do que reconhecer e reafirmar, sempre, que a pessoa do condenado jamais
perder sua condio humana e por isso ser sempre merecedora de irrestrito
respeito em seus direitos e garantias fundamentais (Vara de execues penais da
comarca de Joinville, Juiz Joo Marcos Buch).
DA SITUAO PROCESSUAL DO REEDUCANDO
Compulsando os autos do processo penal 2008.2301-6,
verifica-se que a ora Reeducando foi sentenciada a uma reprimenda de 08 (oito)
anos de recluso em regime fechado, sob o seguinte fundamento:
Considerando o disposto no artigo 111 da Lei 7.210/84(Lei de Execues Penais)
bem como, no artigo 2, 1, da Lei 8.072/1990 (Lei dos crimes hediondos), fixa-se o
regime inicialmente fechado para o cumprimento da pena.
Portanto, observa-se que o caso em comento amolda-se
perfeitamente hiptese do HC 111.840, tendo em vista que a imposio de
cumprimento de pena em regime fechado se deu exclusivamente com fundamento
na lei outrora em vigor. Logo, a declarao de inconstitucionalidade do art. 2, 1,
da Lei 8.072/1990 deve surtir efeitos no presente caso por tudo o que se exps e
pelo que se expor a seguir.
Primeiramente,

cumpre

observar

que

ante

inconstitucionalidade do mencionado dispositivo, deve-se aplicar ao caso concreto o

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art. 33, 2 e 3 c/c o art. 59, III, todos do Cdigo Penal, em respeito ao princpio
da individualizao da pena.
Este princpio apresenta-se em trs nveis diversos, quais sejam:
o legislativo, de cominao abstrata, onde se d a criminalizao primria, o judicial,
de concretizao da sano penal no processo de conhecimento, onde se d a
criminalizao secundria, com a fixao de determinada quantidade de pena dentro
dos limites da escala punitiva enunciada no preceito secundrio da norma penal
incriminadora e, ainda, da correlata eleio da forma em que ser implementada
sua execuo (regime de cumprimento da pena) e administrativa, onde se d a
execuo (efetividade) do prprio julgado (SCHMITT, Ricardo Augusto, 2008, p.
239).
Sendo

assim,

verifica-se

que

imposio

de

regime

inicialmente fechado a todos os condenados por crimes hediondos e equiparados


representa uma flagrante afronta ao princpio em comento, tendo em vista que este
deve ser observado em todos os seus nveis.
Ademais, a imposio de mesmo regime a condenados com
penas diversas viola tambm o princpio da proporcionalidade e, em ltimo caso, o
da humanidade das penas, uma vez que estes no devem ser observado somente
nos seus aspectos quantitativo (quantidade de pena), mas - e principalmente - nos
seus aspectos qualitativo (natureza da pena e imposio de regime).
Por conseguinte, importante destacar que as funes da pena
tambm restam prejudicadas, uma vez que: a) o Estado, detentor exclusivo do jus
puniendi, estar retribuindo um mal maior do aquele que foi cometido (retribuio);
b) no se estar reafirmando o valor da norma, tendo em vista que com a
declarao de inconstitucionalidade do supramencionado dispositivo, no h norma
que justifique a manuteno do condenado em regime mais gravoso do que o
estipulado no art. 33 e pargrafos (preveno geral positiva); c) se estar
neutralizando um indivduo que poderia estar contribuindo com a sociedade, seja
atravs do trabalho externo, estudo etc. (preveno especial negativa); d) o
indivduo estar mais longe de voltar ao convvio social, logo, estar-se-
postergando a ressocializao do apenado (preveno especial positiva).

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DO PEDIDO
Ante o exposto requer
Sejam aplicados os artigos 33, 2 e 3 c/c 59, III, todos do
CPB, em face da declarao de inconstitucionalidade do art. 2, 1, da Lei
8.072/1990 (Lei de crimes hediondos e equiparados;
Seja readequado o regime inicial de cumprimento de pena para
SEMIABERTO.
Termos em que Pede
e espera Deferimento, por ser de inteira JUSTIA.
Londrina, 06 de abril de 2015

Srgio D. Nogueira
OAB/PR 43290

Andrea Rodrigues de Lima


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