A Entrevista Na Terapia Familiar Sistemica PDF
A Entrevista Na Terapia Familiar Sistemica PDF
A Entrevista Na Terapia Familiar Sistemica PDF
133
Introduo
A entrevista um instrumento fundamental no trabalho do psiclogo nos diferentes
contextos: clnico, hospitalar, organizacional,
escolar, jurdico, entre outros. No contexto
clnico, este instrumento importantssimo
no acolhimento, na avaliao e na conduo
de todo o processo teraputico at o seu encerramento e, posteriormente, nas entrevistas
de follow-up.
Neste sentido, a entrevista psicolgica se
estrutura a partir dos pressupostos tericos
que sustentam o entendimento do indivduo,
do seu desenvolvimento, das suas relaes,
das suas potencialidades e limitaes, da sua
sade e de seu adoecimento. Assim, pode
estar baseada numa perspectiva psicanaltica, cognitivo-comportamental, humanista,
sistmica ou outra.
Neste artigo, apresentaremos a entrevista
na abordagem de terapia familiar sistmica,
a partir do referencial terico que lhe d
sustentao, considerando que esta ocupa um
espao relevante na formao dos terapeutas
familiares brasileiros (HINTZ e SOUZA,
2009). O mtodo utilizado foi a reviso da
literatura sobre a entrevista na perspectiva
sistmica.
136
A entrevista na abordagem
sistmica
Partindo deste referencial terico, a entrevista d muita ateno comunicao que se
estabelece por quem busca ajuda psicolgica,
desde o primeiro contato usualmente feito
por telefone (ROS-GONZLEZ, 1993;
NICHOLS e SCHWARTZ, 2007; FALCETO,
2008; ROSSET, 2008). Alguns profissionais
trabalham com uma ficha telefnica, que
preenchida j neste primeiro contato.
No modelo utilizado por Ros-Gonzlez
(1993) em sua clnica de formao de terapeutas, a pessoa que recebe a primeira chamada
telefnica, geralmente a secretria da clnica,
preenche uma ficha com os seguintes dados:
paciente identificado (nome completo e idade, estudos ou profisso, posio que ocupa
entre os irmos e nmero de irmos vivos),
endereo postal e telefone de contato com a
pessoa que realizou essa primeira chamada,
quem encaminhou ou solicitou a consulta,
motivo inicial da consulta, quem chamou ou
pediu a consulta, data da primeira chamada,
quem a recebeu na clnica, estrutura da famlia (nomes pai, me, filho, 1, 2, 3, 4...,
idade, profisso, escolaridade de cada um e
observaes feitas ao informar tais dados),
breve sntese do delineamento que a pessoa
fez quando solicitou a consulta e percepes
de quem a recebeu, membros mencionados
para a primeira sesso de famlia, finalizando
com o agendamento da consulta com dia,
ms, hora e nome do profissional da equipe
que os receber.
J a ficha adotada por Ochoa de Alda
(2004), alm desses dados, solicita o estado de sade de cada pessoa que mora na
casa, informaes sobre os avs paternos e
maternos, incluindo idade, estado de sade
e com quem eles residem, as razes mais
PERSPECTIVA, Erechim. v.36, n.136, p.133-142, dezembro/2012
Consideraes Finais
A entrevista na Terapia Familiar Sistmica, alicerada na Teoria Geral dos Sistemas
e na Teoria da Comunicao, considera as
propriedades do sistema e os axiomas da
comunicao. Desta forma, baseia-se na
ideia da totalidade, da causalidade circular,
da reciprocidade, da multicausalidade, de
que a comunicao inclui todas as formas de
expresso alm da verbal, que ao se comunicar a pessoa est expressando a sua forma
de perceber o mundo e que os intercmbios
comunicacionais so simtricos ou complementares.
Estes pressupostos tericos que fundamentam a entrevista na Terapia Familiar Sistmica, em nosso entender, tambm podem
ser utilizados em entrevistas psicolgicas
em outras circunstncias, pois possibilitam a
viso do ser humano como um ser em relao.
Deste modo, no contexto escolar, o olhar
sistmico ampliaria a viso do indivduo para
a famlia, o meio em que vive e a escola. No
contexto organizacional abrangeria o indivduo, suas relaes com colegas, clientes,
fornecedores e com a organizao. Considerando o ambiente hospitalar, geralmente h
uma pessoa internada, mas, de forma geral, h
PERSPECTIVA, Erechim. v.36, n.136, p.133-142, dezembro/2012
AUTORES
Eliana Piccoli Zordan- Doutora em Psicologia pela PUCRS. Professora de Psicologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Misses - Campus de Erechim. Email:
epzordan@uri.com.br.
Rochele Dellatorre - Acadmica do 10 semestre do Curso de Psicologia da Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e das Misses- Campus de Erechim. Email: rochele.
psico@hotmail.com
Lcia Wieczorek - Acadmica do 10 semestre do Curso de Psicologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Misses - Campus de Erechim.
REFERNCIAS
ACQUAVIVA, N. L. As Entrevistas Iniciais em Terapia de Famlia. Pensando Famlias, vol. 1, n. 1,
1999. Disponvel em: http://www.domusterapia.com.br/pdf/PF1C.pdf. Acesso em: 20 jul. 2010.
BLOCK, S; HARARI, E. Terapia familiar. In GABBARD, G; BECK, J; HOLMES, J. Compndio de
Psicoterapia de Oxford. Porto Alegre: Artmed, 2007.
BING, E; CREPALDI, M. A; MOR, C. L. O. O. Pesquisa com Famlias: aspectos terico-metodolgicos. Paidia, Florianpolis, v. 18, n. 40, 2008. Disponvel em:< http://www.scielo.br/pdf/paideia/
v18n40/04.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2010.
CASTILHO, V. B. F. Histria, fundamentos e novas tendncias da terapia familiar sistmica. Revista
Brasileira de Terapia Familiar vol. 1, n. 1, p 79-83, 2008.
CASTOLDI, L. Psicoterapia familiar e de casal. In RAMIRES, V. R; CAMINHA, R. Prticas em sade
no mbito da clnica-escola: a teoria. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2006. p. 221-242.
CUSINATO, M. Psicologia de las relaciones familiares. Barcelona: Herder, 1992.
DIAS, F. N. Padres de comunicao na famlia de toxicodependente. Instituto Piaget: Lisboa, 2001.
FALCETO, O. G. Terapia de famlia. In CORDIOLI, A. V. Psicoterapias: abordagens atuais. Porto
Alegre: Artes Mdicas, 2008. p. 221-244.
FRES-CARNEIRO. T.; PONCIANO, L. T. P. Articulando Diferentes Enfoques Tericos na Terapia
Familiar. Revista Interamericana de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 39, n. 3, 2005. Disponvel em: <
http://www.psicorip.org/Resumos/PerP/RIP/RIP036a0/RIP03951.pdf>. Acesso em: 04 jul. 2010.
141
GALERA, S. A. F; LUIS, M. A. V. Principais conceitos na abordagem sistmica em cuidados de enfermagem ao indivduo e sua famlia. Revista da Escola de Enfermagem da USP, So Paulo, v. 36,
n. 2, jun. 2002. Disponvel em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v36n2/v36n2a 05.pdf>. Acesso em:
04 jul. 2010.
HINTZ, H. C; SOUZA, M. O. A terapia familiar no Brasil. In OSRIO, L. C; VALLE, M. E. P. e cols.
Manual de terapia familiar. Porto Alegre: Artmed, 2009. p. 91-103.
LOPEZ, S.; ESCUDERO, V. Famlia, avaluacin e intervencin. Madrid: CCS, 2003.
MIERMONT, J. Dicionrio de terapias familiares: teoria e prtica. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1994.
NICHOLS, M.; SCHWARTZ, R. C. Modelos iniciais e tcnicas bsicas: processo de grupo e anlise
das comunicaes. In NICHOLS, M.; SCHWARTZ, R. Terapia Familiar: conceitos e mtodos. Porto
Alegre: Artmed, 2007. p. 65- 99.
NUNES, C. C.; SILVA, N. C. B.; AIELLO, A. L. R. As contribuies do Papel do Pai e do Irmo do
Indivduo com Necessidades Especiais na Viso Sistmica de Famlia. Psicologia: Teoria e Pesquisa,
Braslia, n. 1. vol. 24, 2008. Disponvel em: < http:// www.scielo.br/pdf/ ptp/v24n1/a05v24n1.pdf>.
Acesso em: 29 set. 2010.
OCHOA DE ALDA, I. Enfoques em Terapia Familiar Sistmica. Barcelona: Herder, 2004.
OSRIO, L. C. Casais e famlias: uma viso contempornea. Porto Alegre: Artmed, 2002.
ROS-GONZLEZ, J. A. Manual de Orientacin y Terapia Familiar. 2. ed. Madrid: Fundacin
Instituto de Cincias del Hombre, 1993.
ROSSET, S. M. Terapia de famlia relacional sistmica. Revista Brasileira de Terapia Familiar, V.
1, n. 1, p. 57-63, 2008.
SILVA, D. R. Repensando a Sade Mental Luz do Paradigma Sistmico. Revista Brasileira de Terapia Familiar, v. 1, n. 1, jan./jun.2008.
142