As Dimensões Psicológicas Da Doença Renal Crônica
As Dimensões Psicológicas Da Doença Renal Crônica
As Dimensões Psicológicas Da Doença Renal Crônica
Fase
de
desenvolvimento.
Enfrentamento.
Humanizao.
ABSTRACT
Despite all the advances in medical technology kidney patients
need to adapt to changes resulting from chronic kidney disease. The
1 INTRODUO
A doena renal crnica uma das doenas que mais cresce atualmente.
Segundo o censo da sociedade brasileira de nefrologia (2008) estima, 26.177 pessoas
comearam o tratamento s em 2008 sendo que, 89,4% delas em hemodilise.
Muitas vezes, ela se faz silenciosa por muitos anos, comprometendo o
funcionamento renal de forma irreversvel. Suas conseqncias dimensionam-se no
eixo mdico, social e econmico. (CESARINO, 2005 apud RESENDE, SANTOS E
SOUZA, 2007, p. 88).
Para Rudnicki (2006) e Thomas (2005), as consequncias da doena
solicitam do indivduo formas de se adaptar e a reconfigurao de seu estilo de vida e de
se organizar frente prpria fase de desenvolvimento.
Nesse sentido, a reviso objetiva refletir sobre as dimenses psicolgicas da
doena renal crnica, considerando as fases de desenvolvimento, diagnstico, formas de
tratamento e a atuao do profissional de psicologia para a qualidade de vida do
paciente.
Foram utilizados na reviso 30 artigos cientficos encontrados em diversas
revistas da base de dados do scielo, destes, 10 so de psicologia, 10 de medicina e 10 de
enfermagem. Como complemento utilizou-se mais 05 livros. Dos quais, 15 artigos
contemplam a temtica. Do ano de 1990 a 2010.
O corpo
Devido ao tratamento para DRC, o paciente acaba tento que sobreviver e se
adaptar sua nova condio fsica. Seu corpo passa a possuir cicatrizes geradas pelas
fstulas, cateteres, exames e cirurgias, pele plida e seca, manchas hemorrgicas e
mltiplas. A partir de Quintana (2006), essas novas caractersticas corporais, devido ao
tratamento e suas conseqncias, como o acumulo de lquidos provocados pelo
medicamento, so para os pacientes provas visveis que so portadores da DRC,
diferenciando-os. A anorexia, presena de toxinas urmicas, distrbios gastrointestinais
e alteraes metablicas podem contribuir na alterao do corpo desse paciente.
A sexualidade
Os autores Quintana (2006) e Meneze (2007) descrevem a sexualidade como:
pensamentos das nossas sensaes, sentimentos e emoes que envolvem a energia
sexual. Sendo esta energia advinda das dimenses psicolgicas, consequentemente
Dieta alimentar
Seguir a termo a dieta oral prescrita, para o paciente hemodialisado ,
segundo Riella (2001), um dos grandes desafios. A dieta especial pode necessitar de
mudanas significativas nos hbitos alimentares e no padro comportamental do
paciente. A ingesto dos alimentos favoritos torna-se restrita, substituindo-os por outros
no to agradveis ao paladar.
Diversas estratgias so lanadas para melhorar a aderncia desse paciente
prescrio da dieta recomendada, se levando em conta a importncia das razes e seus
efeitos correspondentes. Importante tambm a observncia por parte dos parentes
desse paciente, pois devero seguir as recomendaes do nutricionista responsvel pela
prescrio. Para Thomas (2005) e Cesarino (1998), o sucesso da terapia dialtica
depende essencialmente de uma nutrio adequada. Cada paciente necessita de uma
avaliao nutricional individualizada, levando em conta a sua bioqumica atual e os
sintomas clnicos e fsicos.
Repouso e atividade
As alteraes emocionais
Segundo Thomas (2005), Meneze (2007) e Rudnicki (2006), diante da
doena renal o paciente enfrenta vrias mudanas em seu estado emocional, como:
diminuio da imunidade, ansiedade, insegurana, perdas, angustia, medo do
desconhecido, entre outros. Podendo ocasionar depresso ou estado depressivo,
acarretando juntamente a essas mudanas emocionais, menor aderncia dieta e ao
tratamento, fraqueza e inutilidade.
Seid (2001) traz o enfrentamento como processo auxiliador s mudanas do
estado de humor e do estado depressivo. Se o paciente encontra sentido em seu
sofrimento, sua capacidade de enfrentamento da doena se torna maior, e assim, o
sujeito consegue ser feliz apesar das dificuldades. (RESENDE, 2007).
A espiritualidade
Para Meneze (2007) e Quintana (2006) uma forma de dar fora ao paciente
renal, eles vem a religio como algo divino, um apoio para enfrentar as mudanas
decorrentes da DRC. Com o impacto da doena, esses sujeitos precisam crer em algo
mais, em busca de apoio e cura.
As dimenses psicolgicas e as fases de desenvolvimento
At o presente, se discutiu o paciente renal crnico, considerando de forma
geral. Tentar-se- discorrer dimenses considerando as caractersticas presentes em cada
fase de desenvolvimento em seus principais aspectos.
A criana e o adolescente
As crianas e adolescentes portadores de DRC sofrem grandes mudanas
fsicas e psicossociais, podendo prejudicar sua construo de independncia, autonomia,
autoestima devido sua submisso obrigatria, por estar sempre dependendo de outros
indivduos ou da mquina de dilise. (ROMO JUNIOR, 2007; VIEIRA, 2009;
BELLODI, ROMO JR; CRUZ, 1997).
10
11
12
13
idade
adulta
questo
preocupante
empregabilidade,
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