Casos de Penal - 1
Casos de Penal - 1
Casos de Penal - 1
4) Haroldo, dedicava-se ao comrcio informal de objetos de ouro, os quais adquiria sem muita
preocupao com a origem dos mesmos. Assim, j havia adquirido algumas peas de ouro 12 de
Fabrcio (que vivia de pequenos furtos), quando resolveu vend-las, em seu estabelecimento.
Fabrcio, por sua vez, pretendia ampliar os seus negcios, dedicando-se a uma atividade mais
lucrativa. Dessa forma, com o dinheiro que recebeu de Haroldo, pelas jias furtadas, abriu uma
conta bancria, e comprou uma motocicleta usada que pertencia ao seu irmo Felipe. Como
pagamento emitiu um cheque, tendo posteriormente sustado o seu pagamento para que Felipe
no pudesse descont-lo. Para no ficar no prejuzo, Felipe, no sbado, procurou um colega e,
alegando que precisava do dinheiro com urgncia, o convenceu a descontar o cheque para ele,
e ficar na posse do ttulo at poder descont-lo no Banco na segunda-feira. Analisando a situao
hipottica acima, responda:
a) Tipifique as condutas de cada um dos personagens, considerando qualificadoras e causas de
aumento e de diminuio de pena:
Haroldo: praticou crime de receptao qualificada do art. 180, 1 c/c 2 (comrcio
informal) e agiu, no mnimo, com dolo eventual
Fabrcio: praticou crime de receptao do art. 180, bem como o crime de estelionato
do art. 171, 2, VI (fraude no pagamento por meio de cheque)
Felipe: praticou o crime de estelionato do art. 171, caput (no o mesmo crime de
Fabrcio fraude no pagamento por meio do cheque pois mero endossante do ttulo)
b) Se Fabrcio, tivesse sustado o cheque apenas por ter tido a sua carteira furtada, e
providenciasse o pagamento do cheque a Felipe, antes do recebimento da denncia, a ao
penal prosseguiria? Por qu? E se Felipe, em conseqncia, tambm ressarcisse o prejuzo do
terceiro de boa-f antes do recebimento da denncia, teria algum benefcio? Por qu?
No caso de Fabrcio, a ao penal no prosseguiria, pois no haveria o dolo especfico
de obter vantagem ilcita em prejuzo alheio. J no caso de Felipe, teria o benefcio de no ser
punido em razo do arrependimento eficaz, pois o crime de estelionato no se teria
consumado
5) Bebel, com 16 anos de idade, trabalhava na Rua Garibaldi h alguns metros da Rodoviria de
Porto Alegre. Ao final de cada dia de trabalho como profissional do sexo, Bebel era obrigada a
pagar pelo ponto, entregando 70% do que recebia Jader, que passava o dia bebendo e jogando
sinuca num boteco daquela rua, de onde acompanhava os passos de Bebel. Para evitar
problemas com o Conselho Tutelar, Jader alterou o ano de nascimento de Bebel na sua carteira
de identidade, de forma que parecesse que ela possua 18 anos. Diante dessa situao faa o
enquadramento legal de Jader, justificando sua resposta:
Jader comete o crime de Rufianismo qualificado por ser cometido contra menor de 18
anos (art. 230, 1). Alm disso, cometeu crime de falsificao de documento pblico do art.
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8) Jos Manoel, casado h mais de 20 anos com Slvia, apaixonou-se por Lilian, uma moa de
apenas 12 anos que vendida balas e biscoitos para sobreviver, passando a manter com ela um
relacionamento s escondidas e iniciando sexualmente a moa por meio da prtica de coito
vagnico e anal, com o seu consentimento. Diante do fato, indique que delito(s) Jos praticou,
justificando sua resposta.
Jos praticou o crime de estupro de vulnervel do art. 217-A.
9) Num circo, o malabarista A projeta facas contra uma tbua qual se encontra encostada sua
companheira B. Uma das facas atinge-lhe o pescoo, seccionando a cartida, vindo ela a falecer.
Apura-se posteriormente que (faa o enquadramento legal em cada uma das hipteses):
a) A estava embriagado, e por isso errara o arremesso; Praticou o crime de homicdio doloso
do art. 121 (dolo eventual, porque ao embriagar-se assumiu o risco de produzir o resultado)
b) A efetivamente pretendera matar B; Praticou o crime de homicdio doloso do art. 121 (dolo
direto), se matasse pelo fato de ela ser mulher, seria feminicdio
c) A estava usando pela primeira vez um novo jogo de facas, sem certificar-se convenientemente
de suas qualidades de peso, tamanho etc., da derivando o arremesso infeliz; Praticou o crime
de homicdio culposo do art. 121, 3 (culpa consciente)
d) A, que participava de tal espetculo h dez anos, com imensa habilidade, errara o arremesso.
Praticou o crime de homicdio culposo (culpa inconsciente)
10) A alugou um carro na Locadora de Automveis B, e foi jantar, s 22h 30min, num
movimentado restaurante. Enquanto A jantava, C se aproximou do carro e, com o emprego de
uma chave de fenda, apossou-se dos faris e das calotas. Quando C se afastava do veculo, foi
percebido pelo guardador de carros, que saiu no seu encalo, vindo a det-lo a duzentos metros
do local, com o auxlio de um guarda.
a) Faa o enquadramento legal de C, fundamentando sua resposta: cometeu o crime de furto
do art. 155 (se considerarmos que a consumao se d quando o bem sai da esfera de
disponibilidade da vtima, o crime foi consumado; no entanto, se considerarmos que a
consumao somente ocorre com a posse tranquila, teramos o crime de tentativa de furto,
caso em que sua pena seria diminuda de um a dois teros)
b) Qual o sujeito passivo do crime? Sujeito passivo A, pois detm a posse transitria da coisa
c) Qual seria a situao, caso C fosse o proprietrio nico da Locadora de Automveis B, e,
portanto dono do carro? Considerando que o veculo possua seguro, seria o crime de
estelionato do art. 171, 2, V (fraude para recebimento de indenizao ou valor do seguro)
d) Qual seria a soluo jurdica caso C houvesse subtrado o carro para dar um passeio,
restituindo-o ao mesmo lugar antes de A regressar do restaurante? No teria cometido o crime,
pois no caso seria um furto de uso, cuja conduta atpica por no estar presente o dolo de
assenhoramento
e) Figurar a hiptese em que C esposa de A: fica isenta de pena, com base no art. 181
11) A, sabedor que certo caminho fora furtado num estado do sudoeste, dispe-se mesmo
assim a compr-lo, Como no possui numerrio suficiente, induz B a associar-se na compra,
assegurando-lhe que o baixo preo fruto de uma situao de necessidade do suposto
proprietrio. B, apesar da evidente desproporo do preo, e das precrias condies pessoais
de A, aceita a proposta, e o caminho adquirido. Faa o enquadramento legal de A e B, dizendo
se h concurso de agentes:
A: praticou o crime de receptao do art. 180, caput
B: praticou o crime de receptao culposa do art. 180, 3
No houve concurso de agentes, pois no h liame subjetivo (um doloso e outro
culposo)
12) A ingressa no txi do motorista B, indicando-lhe, como destino, o subrbio. A meio caminho,
A se dirige a B dizendo-lhe: Pare o carro e me entregue a fria do dia, ou sers um homem
morto. B lhe entrega o dinheiro, A desce, e B se dirige a uma delegacia de polcia.
a) Faa o enquadramento legal de A, figurando a hiptese em que ele estivesse armado com um
revlver: praticou o crime de roubo do art. 157, 2, I (com a majorante do emprego de arma)
b) Figurar a hiptese em que o revlver fosse de brinquedo: praticou o crime de roubo do art.
157, caput (pois arma de brinquedo no apresenta potencial lesivo)
c) Qual seria a soluo jurdica, se diante da resistncia de B, A lhe desferisse um tiro que
produzisse leses leves? A teria praticado o crime de roubo do art. 157, 2, I (com a majorante
do emprego de arma), mas no teria sua pena aumentada pelo fato de ter atirado contra a
vtima, pois as leses causadas foram leves
d) E se a arma de A tivesse disparado acidentalmente em face de seu nervosismo, produzindo
leses graves em B? A teria praticado o crime de roubo qualificado do art. 157, 3 (no
tentativa de latrocnio porque no houve inteno de matar do agente)
b) Figurar hiptese em que as mercadorias fossem entregues no ato da compra: nesse caso, A
teria cometido o crime de estelionato do art. 171, caput, tendo o crime se consumado, pois a
vantagem indevida foi obtida
c) Figurar hiptese na qual o cheque pertena a A, mas no disponha de suficiente proviso de
fundos. Determine o momento consumativo do delito. Nesse caso, teria A cometido o crime de
estelionato do art. 171, 2, VI (fraude no pagamento por meio de cheque), tendo o delito se
consumado quando o sacado (banco) recusou o pagamento