A Minha Loja Sou Eu

Danton Medrado

So Paulo - SP

A Minha Loja Sou Eu

Copyright 2011 Danton Medrado
All rights reserved.

Diagramao e projeto grfico:

Livro Alternativo

ISBN:1530661358
ISBN-13: 978-1530661350

DEDICATRIA

Este trabalho dedicado especialmente aos amados Iir. :

Dcio Igncio MM
Henrique Tafuri de Oliveira MM
Jurandir Evangelista de Jesus MM

CONTEDO

1 - Introduo
2 - Da elite, religiosa e branca
3 - rfos, filhos da viva
4 - Maonaria e histria
5 - O que a loja
6 - A minha loja melhor
7 - Como funciona uma loja
8 - Ferramentas para formao
9 - Despotismo, ignorncia e erros
10 - No ajo, no penso e no participo
11 - Formao duvidosa
12 - A vergonha de Hiram
13 - O dono da loja
14 - Eu quero ser venervel
15 - Afinal, quem manda na loja?
16 - Para concluir
17 Sobre o autor

1 INTRODUO

Meus irmos, no queria parecer-me um agitador ao

apresentar este opsculo, mas, no posso negar minha
formao libertria e de incansvel buscador,
apaixonado pela ordem, principalmente. No sou de
abrir mo de meus direitos e procuro saber dos meus
deveres, no s em relao Maonaria, como
tambm aqueles relacionados s minhas aes sociais,
base de boa convivncia entre diferentes e diferenas.
A multiplicidade de ideias, sujeitos e aes fazem da
ordem, se no a mais ambicionada pelos homens, ao
menos uma das mais cobiadas dentre as organizaes
das quais sonham em um dia conhecer e participar.
Infelizmente, toda essa aura de grandeza e ideal tem se
perdido a cada ano que passa, e no demorar muito
para sermos vistos como outro agrupamento qualquer,
sem importncia social, sem fundamentos, reunindonos apenas para ler rituais e papear.
O fato que ser maom hoje tornou-se algo banal,
desprovido de propsito e sentido. A Maonaria
atualmente um campo frtil onde medram s
centenas, incautos, prfidos e curiosos, e onde sobejam
fanticos religiosos aos milhares, presos em suas
gaiolas de ouro dos ditos salvos e escolhidos,
6

abraados a outros tantos com complexo de pavo

misterioso. Visto pelo ngulo conservador, (no sentido
pejorativo da palavra) poder-se-ia dizer que esta
abertura uma oportunidade sem precedentes para
aqueles que sempre tiveram curiosidade de saber como
funciona a maonaria. Que aes podemos esperar de
lojas formadas sob estes parmetros?
Parece que no ltimo sculo desconstrumos todos os
conceitos possveis de maonaria, em troca de lojas
cheias, quadro composto por figures e a salvaguarda
dos sistemas polticos.
sabido que a ordem manica possibilita ao homem
contato com ferramentas importantes e vitais para
interao humana, e que seu uso inadequado pode
causar danos irreparveis, principalmente por serem
eles coletivos, afinal, no existe ao manica
individual, restrita ou limitada a um nico maom, j
que, pelo simples fato de ser uma ao manica, ela
torna-se
ampla,
naturalmente
coletiva,
e
indiscutivelmente abrangente.
Essa sua abrangncia nas aes no pode ser vista de
modo algum como sendo impositiva ou autoritria,
pois, fundamenta-se justamente na liberdade, direito
mximo e inalienvel da pessoa humana, que
justamente o que municia essas aes, justifica nossos
atos e valida nossa constante busca pelo bem comum.
7

O conceito de homens livres, pedreiros livres e at

livres pensadores justifica-se pelo fato (tambm) de
respeitarmos e complementarmos a liberdade do outro,
lutarmos por ela, e por ela viver. Ou seja, no se impe
Maonaria aos indivduos, mas condio vital para
pertencer ordem, que o sujeito seja efetivamente
algum devotado emancipao da humanidade, que
no esteja preocupado apenas com o seu umbigo ou
seu status quo. Do mesmo modo que no se pode
imaginar uma loja manica que se rena sob
princpios fascistas e/ou autoritrios, visto que estes
tendem a cercear a liberdade.
As nossas ferramentas continuamente ensinam, mas
nunca impem, deixando-nos livres para conduzir
nossas prprias vidas, mesmo sabendo o quo difcil
aprender quando se tem a mente embotada pela
discriminao e o preconceito em relao ao que o
outro faz ou pensa.
Este texto trata de temas que tocam o indivduo e a
ordem manica no geral, muito embora ele represente
to somente a minha opinio, e tentarei exp-la, para
que vocs mesmos possam decidir se ou no
aproveitvel como instruo e incentivo ao estudo
manico. Tambm no sou especialista em nada, sou
apenas um buscador, como voc.
8

Sou defensor de uma Maonaria pensante, racional,

laica e ativa. Defendo tambm um expurgo geral de
indivduos que permanecem em nosso meio como
cnceres, corroendo nossas entranhas diariamente sem
que providenciemos um remdio, uma cura, ou mesmo
extirpao deste rgo doente. Assim como eu, muitos
outros sonham com isso, pois a doena se espalha e
acaba por infectar muitas mentes ainda em formao,
que deveriam ser tratadas com mais zelo, cuidado e
responsabilidade.
Como qualquer outra entidade que agrega pessoas
diversas, no somos perfeitos, e por mais que
tenhamos sofrido perseguies, permanecemos em
atividade perpetuando a ideia de contnuo movimento
e estreitamento de laos fraternais, nossa fora sempre
foi a unio. Mas, hoje no, hoje nos tornamos ferida
exposta, em que todos querem por o dedo.
Temos passado continuamente por cima dos princpios
manicos (e dos prprios), trazendo para nosso
convvio pessoas que nunca deveriam sequer passar
perto de nossas lojas, mas que hoje chamamos
vergonhosamente de irmos. Sim, tenho vergonha de
assumir que certos indivduos so maons. Se me
perguntam, eu nego categoricamente, pois a primeira
coisa que fazem comparar.
9

Sou acusado de ser radical quando exijo o

cumprimento inflexvel do dever e do juramento
manico, ou quando peo que sejam banidos para
sempre de nosso meio os perjuros, no permitindo que
voltem nunca mais a frequentar uma loja. Sim, me
chame de intolerante, at porque tolerar admitir
convivncia com o erro. O fato que, assim como
voc, tenho na loja a minha famlia, e fao de tudo
para proteg-la, no me importando com o ttulo ou
prestgio que o camarada traga do mundo profano.
Decerto que o radicalismo no bem visto no meio
manico, ao menos no pelos defensores da moral e
dos bons costumes. Claro que se dependssemos
desses puritanos no teramos libertados os escravos,
ou conquistado a emancipao do pas etc... Mas no
ser toda essa mansido fruto dessas mentes
doentias que se achegam e tentam nos cegar, com suas
pretensas riquezas, ttulos e beros?
No espere de uma mente livre, que ela se submeta a
desvarios, crendices e injustias sociais. Se paramos
para pensar, a simples ideia de defendermos a
igualdade de direitos, a liberdade de expresso e
manifestao de ideias, ou mesmo antes, quando
lutamos pela libertao dos escravos, derrubamos
tiranos, ou institumos a repblica, para muitos
10

maons isso tambm era radicalismo, subverso e

violncia.
A Maonaria atravs de seus adeptos tem encampado
lutas em todo o mundo em prol de justia e direitos
sociais, sua fora residia na defesa da liberdade, foi
sempre assim, exceto de alguns tempos para c,
quando nos tornamos apticos, igrejeiros,
subservientes, covardes e refns do sistema. Isso
tambm aconteceu e acontece com outras associaes.
Os inimigos da emancipao humana, aos poucos
foram adentrando em nossas lojas at tornarem-se a
maioria. Estabeleceram suas leis, normatizaram nossos
conceitos, impregnaram-nos com suas crenas e
promulgaram novos padres morais e de
comportamento. Querem-nos assim, apticos e
calados. Logo seremos conhecidos como: Aqueles
que aceitam.
Esquecemos at o quo radical e violenta a fome; a
misria; a escravido (fsica ou mental); a tirania e
outras coisas mais que surgem em nosso cotidiano
manico como sendo normais e aceitveis. Essas
anomalias que contradizem a liberdade, brotam diante
de nossa apatia e conivncia, diante de nosso
pacifismo e ignorncia, plantadas em nossa sociedade
por aqueles que querem permanecer como senhores e
11

precisam manter seus escravos. Antes eles eram nossos

inimigos, hoje dormem conosco em nossa casa e
partilham do mesmo prato de comida.
Estou cansado, e acredito que voc tambm, de lojas
onde os irmos colam as costas nas cadeiras e se
eximem de participao. Estou cansado dos que se
omitem, dos que se vendem, dos que se apoderam, dos
que traem, dos que mentem... Infelizmente esse
fenmeno da submisso cega, do cordeiro que segue o
lobo, ns encontramos em todas as esferas de nossa
ordem, uma contradio bvia a nossos princpios de
liberdade, uma afronta razo e um atentado
dignidade humana.
Voc dir: - Somos humanos... Erramos.
Obviamente, e temos o direito de nos redimirmos.
Retratarmo-nos parte da evoluo humana, no
podemos negar-nos esse direito, o de errar, afinal,
quando o reconhecemos, j um passo importante
para o aprendizado. Porm, no se esquea, passar por
cima dos problemas, omitindo-se e acobertando
aqueles que insistem no erro, atentando contra a
liberdade e a justia, isso ser conivente, o que
implica cumplicidade.
Meus irmos me reconhecem como maom, e por isso
12

mesmo trabalho por uma Maonaria mais fechada,

ativa de fato, poltica como deve ser, e com sua
imprescindvel funo social. Felizmente ainda temos
entre os maons alguns livres-pensadores, homens
bons e do bem, dignos e competentes para mudar a
histria, alis, para nos inserir de volta na histria, essa
que um dia ajudamos a construir.
Cansei de ver maons amorfos, vacas de prespio,
comparecendo sem saber nem o porqu, contente com
o ttulo de maom, contrariando suas crenas e seus
familiares, achando que pode converter a loja e os
indivduos sua f e sua moral medieval.
Estou farto de ter que ver em lojas, verdadeiros cultos
religiosos, com direito a orao e tudo mais, com a
desculpa de ser uma orao ecumnica, alis, um
ecumenismo que se desfaz facilmente quando se
proposto uma outra orao de religio no
convencional por exemplo, evidenciando um
preconceito doentio e uma discriminao odiosa. Se eu
no respeito as diferenas, eu contrario o conceito de
liberdade e de justia.
Respeito sua f meu irmo, acredite, mas exijo que
voc respeite o meu direito de no compartilhar
contigo a mesma opinio sobre sua crena. A loja no
13

 uma igreja, livre-nos de suas pregaes, de suas

crendice e de suas banalidades. Temos uma sociedade
em ebulio, preocupemo-nos com ela.
Se voc sai da loja, por exemplo, e vai para a farra,
volta bbado e agride sua esposa, no diga que isso
problema seu apenas. Voc me compromete, voc joga
na lama a instituio e milhares de outros indivduos
que como eu prometeu defender. Sua arrogncia para
com seus empregados na empresa que dirige; o
desrespeito aos cidados no trnsito; o apoio ao
candidato corrupto em troca de favores... Tudo isso me
compromete, tudo isso me abala, tudo isso me ofende.
Alguns bondosos e compreensivos irmos acreditam
que esses profanos de avental esto entre ns por
acaso, e que apenas uma questo de tempo para que
deixem a loja. No creia nisso! Eles esto conosco
porque ns os apresentamos, ns que somos os
responsveis por essas anomalias, ns somos
cmplices de seus crimes, ns, os que apadrinhamos
desconhecidos.
Sei que muitos no acreditaro, mas no sou candidato
a nada, no estou galgando cargos aqui ou ali, no
pretendo ser condecorado o rei da cocada preta, apenas
expresso a minha indignao por ver constar em
14

nossos quadros pessoas que no deveriam jamais ter

chegado nem porta de um templo, e em ver tambm
agigantar-se cada vez mais a ignorncia, os
preconceitos e os erros, onde deveria haver ao menos o
esforo para cess-los. O que ns juramos combater
comea a medrar incessantemente nas lojas como uma
maldita praga.
Estou longe de ser santo, mas, quem disse que eu
quereria ser? Porm, se eu no trabalhar para meu
progresso e a evoluo da humanidade, combatendo os
males que assolam os indivduos e a sociedade,
continuarei estagnado e propenso a erros constantes.
S um tolo engana a si mesmo achando que assim
engana os outros.
Na loja, convivendo com os irmos, participando
ativamente da vida da oficina, temos grandes chances
de melhorarmos como seres humanos, tem um ditado
oriental que ilustra bem isso: "s de conviver com um
sbio j o suficiente para comear a aprender", eu
concordo com isso, quantos de ns no tm aprendido
com a convivncia entre irmos?
Claro que muito mais cmodo ir loja uma vez por
semana ou ms, usar o ritual s para acompanhar a
sesso, cumprir com suas obrigaes manicas,
15

usar um pesado anel no dedo, duzentos adesivos no

carro, dobrar seus joelhos na igreja, dar esmolas
arrotando bondade, votar porque obrigatrio, renderse ao que a mdia determina, servir a governos tiranos
s porque cidado... como se ser maom fosse
apenas um status... status?
Quanto ao lema: liberdade, igualdade e fraternidade,
deve ser apenas palavras de incentivo; combater o
despotismo, a ignorncia e os erros devem ser palavras
para complementar um ideal apenas, ou para lembrar
que temos que estudar; promover o bem estar da ptria
e da humanidade significa que estou bem, sou patriota
e eu estou englobado na humanidade, j que a
Maonaria universal
Em suma, boa parte dos maons atropela ou
desconhece os princpios manicos, se apegam
apenas a discusses ritualsticas ou banais, atm-se a
olhar para seus umbigos e se enfeitarem de medalhas e
badulaques brilhantes para se parecerem maiores e
importantes. Esquecem-se muitas vezes de que as
ferramentas que lhes foram apresentadas para o
trabalho, so e devem ser usadas para o
aperfeioamento como indivduo, e que este
aperfeioamento
acarreta
para
ele
muitas
responsabilidades, visto que o aprendizado o levar a
16

aplicar seus conhecimentos em favor da humanidade.

Os Maons de hoje, no podemos generalizar, claro,
tornaram-se um misto de dspotas, ignorantes,
preconceituosos, cheios de vaidades e de vcios, e
encontram-se muito, mas muito mesmo, afastados da
verdadeira Maonaria, e s falta ir missa de avental,
pois at desfile militar j consta em seu expediente.
Muito mais tem se dito sobre isso, sobre quebra de
sigilos, sobre perjuros, sobre intolerncias, sobre as
iniciaes indiscriminadas em busca de nmeros e
outras coisas mais. Existe at campanha de
moralizao da maonaria, (claro que no
oficialmente), e se existe isso porque muitos maons
esto desgostosos com o rumo tomado pela
organizao. Esses verdadeiros maons cansaram de
ser comparados, confundidos ou jogados no mesmo
balaio que os profanos de avental.
Assim como os maons no querem e no podem ser
confundidos com os profanos de avental, a Maonaria
tambm paga caro por ter em seus quadros homens
que representam tudo aquilo que ela combate, ou
combateu. Sim, eu sei, a maonaria mudou, mas no
foi ao extremo a ponto de inverter todo o seu ideal
humanista.
17

Dizem por a que progredimos. Alguns falam

orgulhosos: A maonaria progressista... Se eu
tivesse que escolher optaria indubitavelmente pela
evoluo. Somos resultados de adaptaes modernas
para no cairmos no esquecimento, mas para tanto
devemos abandonar nossa histria? No adianta
esconder-se no passado glorioso, a realidade pode ser
invisvel para alguns, mas no para todos. Tornamonos reacionrios, conservadores e doutrinrios.
Retrocedemos mais ainda em nosso machismo
ridculo, em nossa intolerncia s lutas, em nossa
moral religiosa medieval e no patriotismo do beijamo.
Aceitamos as migalhas do sistema, corroboramos com
seus atos, vamos a igreja e ao shopping, elegemos
nossos carrascos e compartilhamos tudo isso felizes,
na internet. Convertemo-nos em hipcritas.
Quando foi que nosso mpeto de liberdade morreu?

18

2 - DA ELITE, RELIGIOSA E BRANCA

Existe uma crena popular to verdadeira quanto a

insinuao de que o Tronco de Beneficncia repleto
de ouro, quando no, cheia de dinheiro, a de que a
Maonaria apenas para pessoas brancas e da elite.
preciso deixar claro que isso no regra, e que o
indivduo apresentado Ordem, dentre outras coisas,
pela sua dedicao s causas da humanidade, pelo
modo como atuam na sociedade, e pelo empenho em
progredir e aprender, independentemente de sua raa,
origem e posses.
O candidato avisado (ao menos deveria) de seus
compromissos para com a Maonaria, inclusive o
compromisso financeiro, que no pode comprometer a
manuteno de sua famlia. O fator liberdade
interessante no processo de admisso, mas, reconheoo como muito complicado dentro dos padres sociais
atuais, onde o cidado tem sua vida pautada pela
servido e submisso, mas isso tama para outro livro.
Quando corremos atrs de dinheiro ou de um grupo
em especial, em detrimento a outros, j conhecemos o
resultado. Nossas lojas esto apinhadas de pessoas que
19

foram apresentadas com base em posses somente, e

quase sempre colocam seus bens e ttulos acima de
tudo e de todos, o que quase sempre uma catstrofe
para a oficina. No podemos generalizar, pois pude
conviver com irmos nascidos em bero de ouro e que
eram obreiros dedicados e humildes, de corao
sensvel ao bem, e com imenso desejo de justia
social. Assim, preciso ampliar nossa concepo de
Maonaria para podermos convidar aqueles que
porventura queiram aprender, e tenham o que ensinar e
compartilhar.
No precisamos ir longe na histria para saber que
somos herdeiros das tradies das antigas guildas de
pedreiros, simples construtores, detentores de
conhecimentos especficos, devotados ao prximo,
religiosos mas, no fanticos extremistas. Ricos em
conhecimentos e amor fraternal, com um aditivo,
sculos depois, de novos pensadores humanistas que
complementaram o que faltava para sua
universalizao.
muito comum encontrarmos em livros e sites na
internet, lista imensas com nomes de supostos maons
famosos. Nelas so citados estadistas, inventores,
cientistas, militares, clrigos, polticos, msicos etc.
No podemos esquecer que nesta lista tivemos
20

tambm, corruptos, tiranos, bandidos, assassinos,

criminosos e outras coisas mais, porm esses no so
os nicos escondidos, costuma-se omitir professores,
mecnicos, aposentados, comerciantes, barbeiros,
padeiros, arteso, grficos etc. assim como os negros
foram omitidos em algum momento.
Quanto a ser uma religio ento, algo que sempre
ouvimos. No, no vamos aqui entrar na questo
etimolgica da palavra, mas o fato que a Maonaria
no uma seita religiosa, e nem mesmo satanista,
como apontam alguns, e muito menos crist ou
muulmana, para o desespero de outros.
Em nenhum documento manico conhecido,
encontraremos qualquer restrio ou citao parecida
com algo como: Precisa ser rico; ser da elite, ser
branco, religioso ou ateu etc. No encontrei e duvido
que haja. Ser que a citao ser livre e de bons
costumes pode dar vazo tantas interpretaes
errneas?
No possvel que um candidato chegue s nossas
portas com essa mentalidade, sem que seja orientado
pelos seus proponentes sobre o que a Ordem, pois
muitos dos que assim chegam, acreditam que ficaro
materialmente ricos quando se tornarem mestres. Ao
21

profano at permitido que pense ser a Maonaria

assim, natural e at compreensvel essa construo
ilusria.
A convivncia fraterna entre homens que buscam uma
sociedade melhor seria uma tentativa intil se
houvesse excluso, qualquer que fosse, inclusive como
a que se faz com as mulheres, o que preciso reparar
com urgncia. Porm, no podemos negar que do lado
de c do mundo, parece que a Maonaria resolveu
andar de braos dados com o poder e a elite sim, mas
isso resultado de uma leitura equivocada de mentes
obscurecidas pela ignorncia que chegaram ao poder,
manico.
E tem mais, h surpresa tanto de maons quanto de
anarquistas ao se depararem com nomes (de
libertrios) que eles jamais esperavam ver na lista de
maons, grande, e embora sejam negros, brancos,
amarelos, anarquistas ou monarquistas, cristos ou
maometanos, brasileiros ou finlandeses, nada disso
importa quando esto unidos pela iniciao manica.
Dentro das lojas essa diferena no existe, e para o
maom no importa se dentro ou fora da loja, a
condio de ser humano o que nos torna irmos em
qualquer circunstncia, no havendo espao para a
22

discriminao, os preconceitos e os partidarismos.

Sim, a livre manifestao de ideias imprescindvel
para nossa evoluo como organizao.
Todo ser livre deveria ter acesso Maonaria,
independente de raa, credo, gnero e origem social, e
acho que um dia isso acontecer. Precisamos parar de
julgar. Precisamos urgentemente educar nossos
irmos. No nos esqueamos de que a Ku Klux Klan
(s para citar um exemplo bem conhecido) era
composta por bases de lojas manicas. Se perdermos
o norte, corremos o risco de sermos guiados por
algum com uma lanterna, e isso no convm, afinal,
temos as estrelas das aes humanitrias como guias.
O Velho dito popular j esclarece: Quando cego guia
cego, ambos caem no abismo.
Novamente tomemos a histria como exemplo,
quantos idiotas megalomanacos criaram situaes
catastrficas no mundo graas ignorncia e o
consentimento de um grande nmero de indivduos? O
maom que no pensa e no reage s injustias
porque ainda est preso s suas concepes limitadas
de vida e humanidade, e sabemos, no pode libertar
ningum, aquele quem ainda se encontra nas
masmorras. Para um maom, nada h de to grave
quanto passar pela masmorra e no ter absorvido nada
23

daquele riqussimo ensinamento, como se sua

iniciao fosse invlida.
A loja uma miniatura do universo, ou da sociedade
se assim preferir, e nela estamos sujeitos a tudo. No
difcil notar uma mudana no eixo que equilibra uma
loja, basta prestar ateno luzinha vermelha do bom
senso que acende quando a liberdade (qualquer que
seja ela) tolhida. Precisamos falar mais, opinar,
participar, discutir e propor. Precisamos nos
movimentar, pois a obra s est iniciada.
Sabemos que nada esttico, estamos em constante
mudana e movimento, assim como nossas leis e
regulamentos. Ento, como nas instituies profanas,
essas que esto infestadas de maus elementos,
elementos esses que fabricam leis de acordo com as
suas ambies, valores e crenas, sem se preocuparem
com o prximo, a Maonaria e o povo manico
correm os mesmos riscos. Minto, passamos a fazer o
mesmo!
Pergunto-lhe: - O que mudou em nossas vidas
sabermos que h uma chamada bancada manica
no Congresso Nacional? Alis, se tivesse mudado algo
apenas para os maons j seria um imenso erro. Os
polticos so eleitos para atenderem aos cidados, e
24

no a grupos especficos. J sabendo que o sistema

poltico administrativo no Brasil um engodo,
funcionando apenas como jogo de interesses, tomar
parte disso j seria uma ofensa para o maom. No que
no tentemos mudar essa frmula, mas no o que
acontece, quem est l acaba por jogar com as regras
do dono da bola, e logo vicia-se no jogo.
As pessoas se agrupam normalmente por afinidades, o
que faz com que um irmo apresente para a sua loja
sempre algum muito semelhante a si mesmo.
Devemos estar atentos queles que surgem como
salvadores, donos do conhecimento, protetores da
moral e dos bons costumes. Se no for da vontade dos
obreiros e pelos obreiros, todas essas mudanas que a
modernidade traz para a Maonaria pode ser o
prprio cupim que corroer impiedosamente nossas
colunas algum dia. Sabemos que o novo sempre vem,
como diz a cano, j tem sido assim, mas nada que
venha pode conflitar com o anseio de liberdade, no
importa o quanto novo e t na baila.
A Maonaria obra de seres humanos e isso por si s
elimina qualquer tipo de discriminao, afinal,
sabemos que somos mltiplos, e que a diferena e a
diversidade so a nossas principais caractersticas. Em
25

relao a mulher estamos estagnados no tempo, e os

progressistas nessa hora se escondem e se calam.

26

3 - RFOS, FILHOS DA VIVA

Acredito que todos tenham cincia de que s podemos

dar o que temos. Esse dar, na Maonaria hoje tem sido
motivo de pavor entre os irmos. Espantoso, no? Que
no me ouam os profanos e os puristas!
H maons que deixam de atender um telefonema
achando que do outro lado da linha um irmo ir lhe
pedir algo. A doao, a fraternidade, o auxlio ou
mesmo uma simples ao voluntria so palavras que
perderam o sentido no meio manico, e tornaram-se
sinnimos de encheo de saco. O que funciona
mesmo o doar para se aparecer, esse sim o que
mais valia tem nos tempos atuais. Citarei um exemplo.
Numa dessas catstrofes ocorrida no sul do pas,
lembro-me como se hoje fosse, um grupo de lojas
manicas enviou um caminho de mantimentos para
as vtimas do temporal. Esse caminho fez o seu
trajeto portando uma faixa enorme escrito: Doao da
Maonaria. Vale salientar que boa parte dos maons
seguem alguma religio que diz condenar algo
parecido com isso. Confesso que fiquei morrendo de
vergonha daquilo.
27

Na mesma semana, um estudante primrio, atravs de

aes nas escolas dos bairros na proximidade onde
morava, em So Paulo, conseguiu enviar trs
caminhes de mantimentos para o mesmo local. Esses
caminhes, pasmem, seguiram sem nenhuma
identificao ou estardalhao.
Por que nos esquecemos tanto das instrues?
Quer ver coisa o maom julgar que seu irmo precisa
de algum tipo de ajuda por estar passando por algum
problema financeiro. Basta esse irmo chegar na loja
ou no copo d'gua e comeam a fugir dele como se o
mesmo fosse um leproso.
claro que no queremos ver nenhum irmo em
dificuldade, mas se o encontramos assim, no seria
nosso dever socorr-lo? Isso se aprende no seu
primeiro
dia
na
ordem.
Acudir um irmo no s obrigao, (juramentada,
diga-se de passagem), como tambm um dos maiores
smbolos da irmandade, talvez aquele que mais a
identifique.
Por outro lado, nas vezes em que a loja decide ajudar
determinado irmo, faz-se de modo a exp-lo o
mximo possvel, como se fosse um castigo, uma
punio por ele ter dado esse trabalho. Enfim, vem a
28

ajuda, mas, com um monte de questionamentos, sem

contar que alguns torcem at o nariz. Isto realmente
necessrio?
H os que indicam um emprego. Oferecer cargos ou
dinheiro muitas vezes no a soluo para resolver o
possvel problema do irmo, as vezes at insuficiente
para sua urgncia. Que tal conversar com ele, ou
solicitar que o Ir. Hospitaleiro faa isso em nome da
loja? Estamos entre irmos e preciso que sejamos o
mais sincero e justo possvel.
Ah, e no adianta depois sair falando mal do irmo
para os demais, voc pode acabar sendo confundido(?)
com um hipcrita.
No acredito que algum opte por passar dificuldades,
no sem um bom motivo. J vi casos onde a nica
necessidade do irmo era uma palavra de carinho e de
apoio, porm ele recebia apenas desprezo, sendo
poucos os que procuravam-no para conversar. Apesar
disso, h lojas que tem seus favoritos, aqueles
escolhidos que todos esto sempre dispostos a auxiliar
e amparar, mas essa coisa de favoritismo, por
coincidncia s acontece com os mais ricos, estes so
mimados ao extremo, at mesmo sem necessidade.

29

Quando iniciados, somos testados ao extremo e

expostos s nossas prprias fraquezas, o que serviria
para edificar ou despertar nosso senso de bondade e de
doao, e tambm evidenciar nossa insignificncia
diante da grandeza do mundo.
Lembra-se do pedido de ajuda feito em nome de uma
senhora viva, no momento mais intenso de nossas
vidas, quando estamos destitudos de tudo, coberto
apenas por uma pea de roupa? Foi to marcante para
mim que depois disso ofereo gua at a pernilongo.
Digo mais, se seu corao no se sentiu tocado neste
momento de sua iniciao, rapaz, voc no pedra
bruta,

titnio
puro.
Lembre-se porm de que o auxlio aos seus irmos
do tamanho de suas condies, por isso, no tema
nunca em dar a sua ajuda, nem que seja um abrao
fraterno.

30

4 - MAONARIA E HISTRIA

Um dia fizemos parte ativa da histria, construmos,

fomos sujeitos da histria, seja no Brasil ou no mundo,
fato. E hoje, o que somos?
No Brasil especificamente, a Maonaria atravs de
seus membros edificaram a Repblica, alis, isto foi
feito em toda a Amrica, permitindo caminharmos
para uma sociedade um pouco melhor. Tiranos ficaram
pelo caminho, alguns deles maons como ns. Para se
ter ideia da influncia da organizao, a nica
constituio brasileira laica de fato, que no impe o
ensino religioso nas escolas foi aquela assinada por
Maons.
Numa poca em que os tentculos da igreja tentavam
sufocar toda a sociedade dentro de suas normas e
preceitos, os maons proclamaram a repblica e
criaram o estado laico. No pense que no foram eles
censurados ou perseguidos, inclusive por seus prprios
irmos.
Hoje o que temos um bando de igrejeiros tentando
converter os irmos s suas crenas, ou arrast-los

31

para seus partidos na tentativa de obter maioria

poltica. Essa prtica utilizada constantemente da
loja ao mais auto poder do pas. Percebem o quanto
nossa mentalidade foi debilitada? Caminhamos em
direo contrria queles que lutaram por um pas
laico, justa e igualitrio.
No incio do sculo XX, as manifestaes de rua no
ocorriam sem a presena de maons e da Maonaria, e
no falo de manifestaes da direita conservadora,
como acontece agora.
Atualmente podemos ver a Maonaria em desfiles
militares por quase todo o pas, enquanto que ainda na
dcada de 20 a Ordem saia s passeatas contra as
guerras, a favor das escolas livres e laicas e pela noextradio de operrios tidos como subversivos. Foi
assim contra a primeira guerra mundial, contra a
execuo do maom anarquista Francisco Ferrer, a
favor das escolas modernas, e antes disso, contra o
sistema escravagista, e tantos outros casos na histria.
Foi essa Maonaria ativa, participativa e forte que eu
conheci, qual fui apresentado. Sim, tive como
inspirao Bakunin, Ferrer, Reclus e Proudhon, e no
me importavam os generais e suas estrelas, ou os
estadistas e suas guerras. Interessavam a mim os
32

libertrios, os que buscavam construir uma sociedade

melhor.
Os que se dedicavam s causas sociais e humanistas
faziam Maonaria dentro e fora das lojas, j que
nossos trabalhos nunca cessam, e que o maom nunca
descansa. Onde foi parar os maons livres-pensadores?
Lembre-se, s seremos livres quando no houver mais
grilhes, e s dormiremos tranquilos quando todos
estiverem sob um teto e com a fome saciada, maons
ou no.
Sentar-se na sua fileira, com avental impecvel e
instruo em dia, muito vlido, mas sua instruo
como teoria requer a prtica, a ao que transforma o
homem e a sociedade, e dessa prtica que estamos
carentes, necessitados ao extremo.
Sobejam nas lojas falcias, bajulaes e discursos
vagos, e pra variar, oraes demais e aes de menos.
Precisamos urgentemente tomar corpo e assumirmos o
nosso papel social, preciso reconstruir a Maonaria e
reeducar os maons, ou deixaremos de ser livrespensadores e nos tornaremos dceis ovelhinhas.

33

Eis o lema: ORDO AB CHAOS Quem quer

entender, entende; quem no quer entender, est no
lugar errado.
Estivemos na masmorra; passamos por intempries;
sobrevivemos guerras e batalhas, colocamos nossas
vidas em risco ao provarmos da taa da boa e m sorte,
e que to fatal aos perjuros, at sermos resgatados
por um mestre maom, e isso meu irmo, voc sabe,
bem mais do que simblico.
Deixemos as oraes para os templos religiosos e
partamos para as aes.

34

5 - O QUE A LOJA?

A Loja uma miniatura de um todo, l onde os

irmos se renem para crescerem e progredirem
maonicamente, individualmente. Sob aquela abbada
somos todos iguais, desprovidos de titulaes do
mundo exterior e com o intuito de nos tornarmos
melhores, pois aperfeioando-nos acreditamos poder
melhorar o mundo.
Mas ento, quem a loja afinal?
- Oras, a Loja voc, meu irmo!
O maom a menor partcula da Maonaria, o que na
fsica seria comparado ao tomo, e a loja menor
clula de uma obedincia, nunca esquecendo-se de que
ela autnoma e soberana em suas decises. Assim
sendo, a loja a efetivao da vontade dos indivduos
maons ali reunidos sob um propsito universal que os
move. Ela to grande e to forte quanto seus
obreiros, o mesmo valendo para as suas fraquezas.
na loja que recebemos as instrues que utilizamos
socialmente e que nos preparam para a vida, l que
recebemos as instrues e as ferramentas que muitas
vezes esquecemos jogadas em algum lugar, perdidas
35

de ns mesmos. um templo? Sim, da constante

investigao e da construo do saber.
Talvez um dos diferenciais da ordem manica seja
justamente esse, o de oferecer ferramentas para que
seus adeptos apliquem os ensinamentos recebidos em
loja, na sua vida social. Outra coisa muito importante,
e que precisa ser levado em considerao, que voc
no foi obrigado a ser maom, percebe o quanto isso
grande?
Entendo a Maonaria como uma grande escola que
no s ensina a pescar, ela tambm d ferramentas
para a construo de sua vara de pescar, de seu
barquinho, de como preparar a isca, e de como
compartilhar o resultado da pescaria. Sua riqueza est
na abrangncia, dentre outras coisas.
Por alguma razo qualquer e que desconheo, alguns
maons insistem em tratar a loja como sendo uma
igreja ou templo religioso; outros tratam-na como um
clube de troca de favores, inclusive com pedidos
ilegais que poderiam comprometer seriamente quem se
propusesse a ajudar; e tem tambm aqueles que acham
que se renem l s para ler o ritual e depois beber e
comer vontade no Copo d'gua. So erros que se
repetem constantemente e que nos arrunam. O
36

camarada chega na loja e a primeira coisa que

pergunta : - Onde vai ser o copo d'gua, hoje?
A Maonaria laica quando se coloca contra a
influncia religiosa na sociedade, muito embora tenha
bases religiosas. Devo antes de mais nada lembra-lhe
que laicidade no tem absolutamente nada a ver com
atesmo, como querem fazer acreditar alguns
religiosos evanglicos. Assim, quando eu defendo o
meu ponto de vista na loja, tenho que saber que no
sou o dono da verdade, e que minha verdade pode no
ser a verdade dos outros, e quase sempre no .
Trazer assuntos religiosos que geram discusso em
loja algo que no poderia acontecer nunca, mas
alguns que se intitulam salvadores, acreditam serem os
escolhidos para pregarem a palavra de seu deus, que
consequentemente o melhor e o nico que salva, e
no segui-lo perdio na certa. Percebe-se que por
conta disso passa-se a discutir menos sobre poltica e
sociedade, assuntos que trariam benefcios reais, e
perde-se tempo tentando mudar o termo GADU para
deus, por temer algum tipo de castigo (fala srio!)
Por mais que alguns ritos e graus tenham
caractersticas e traos de determinada religio, no
significa que o maom possa subir ao oriente e de l
37

fazer uma pregao religiosa, ou rezar uma missa,

como se estivesse em sua comunidade religiosa. Na
verdade a discusso religiosa no cabe em nossos
templos, muito menos aquelas que se propem a
querer convencer os demais de sua superioridade,
unicidade e pureza. J inventamos moda demais, est
na hora de darmos um basta.
No devemos nos esquecer de que a Loja uma
assembleia de homens livres e racionais, regulada por
leis e normas, e que tem suas reunies obedecendo um
ritual, esse que tem por finalidade afiar as ferramentas
dos obreiros para que possam melhor trabalhar em prol
da sociedade e de si mesmo. Essa assembleia conta
com autoridades que ocupam cargos hierrquicos, mas
que so delegados do povo manico, pois apenas
referendam a vontade dos indivduos que compem o
seu todo, fazendo valer e ser cumpridas as
determinaes do grupo, decises essas tomadas ali
sob o mesmo teto, expressadas atravs de voto livre,
pessoal e intransfervel.
Sou dos que acreditam que o sistema democrtico s
funciona em pequenas comunidades e grupos, e na loja
manica a democracia faz valer o seu nome. Sei bem
que nem todos concordam com esse argumento, alis
existem at os que acham que poltica no se discute
38

em loja, no que eu discordo completamente. na loja

que ns podemos fazer poltica, afinal, fazer poltica
interagir com o meio.
Por fim, lembre-se de que no h loja sem maons,
assim sendo, o maom o principal fator para a
existncia da loja, e portanto, mais do que justo o
direito de participar, opinar, expressar , escolher e
agir livremente. Participar das reunies no s lhe
garante regularidade como tambm lhe dar o poder de
saber o que se passa em sua loja, o que pode acontecer
com ela, detectar falhas quando houver e sugerir
mudanas quando forem necessrias.
O que a loja? - A loja a vontade do indivduo
expressa num grupo, ou seja: uma comunidade
autnoma, soberana e auto-organizada.

39

6 - A MINHA LOJA MELHOR

A loja tal trabalha assim.... Na loja X os irmos so ...

Na loja Y eles no fazem isso Quanta
incongruncia! Pelas barbas de Salomo!!! A no ser
que os ritos sejam diferentes, as condies,
funcionamento e harmonia das lojas so as mesmas,
partem dos mesmos rituais, juramentos, leis e
regulamentos, ento, que besteira essa?!
Nossos vcios que comearam como teias de aranhas,
agora j se comparam a cabos de ao. Sabemos que a
comparao um fator muito natural para o ser
humano, faz parte de nosso processo de crescimento e
aprendizagem. Mas c pra ns, no precisamos fazer
essas comparaes, que so inclusive agressivas.
A visitao um direito garantido ao maom, mas no
est implcito a que voc ir julgar a loja que visita ou
os irmos que nela trabalham. No podemos sair por a
acreditando que: Ah, na minha loja as coisas
funcionam direitinho... na minha loja isso no
acontece... na minha loja eu no permito etc. Primeiro

40

porque no somos donos da verdade, e segundo, j no

somos mais crianas disputando com os colegas pra
saber quem mais descolado.
Temos uma tendncia natural a interpretar as coisas a
nosso modo, e mesmo quando temos um s ritual, a
sua interpretao ampla, principalmente quando o
que est escrito no muito claro. Outra, boa parte do
que est escrito, se no for mostrado na prtica por
outro irmo, fica difcil de entender mesmo, e para
isso existem as instrues, ou seja: Tente ser
compreensivo para com seu irmo.
Os estudos e a prtica constante, ou mesmo a correo
feita por parte de um irmo com mais conhecimento
ajudam a diminuir as diferenas entre as prticas
ritualsticas das lojas do mesmo rito, mas se no est
como voc acha que deve ser, releve, voc no est
disputando medalhas. At porque, o tratamento que
recebemos das lojas que visitamos quase sempre um
tratamento maravilhoso, a ponto de nos sentirmos em
casa.
Se no encontra-se apto a se sentir em casa em outras
lojas, fique mais tempo aprendendo na sua. Alm do
mais, nada como estar em casa, no ?

41

A Maonaria uma s, no importando se esta ou

aquela loja tenha mais ou menos obreiros, se so juzes
ou professores, nada disso importa. Aprenda a cuidar
das outras lojas do mesmo modo como voc cuida da
sua. A regra simples, tem algo de bom compartilhe
com todos, mas, se for algo ruim, converse com o
Venervel ou com o irmo que o convidou, assim, ao
invs de sair por a falando mal, voc estar ajudando
a organizao.
O mesmo vale para as discusses mesquinhas em
relao s potncias. No h potncia maior do que o
maom. Para qu ficarmos discutindo se o grande X
melhor do que o grande Y e ambos piores do que a
grande W? No fundo, sabemos que os irmos se
respeitam e se auxiliam independentemente de suas
potncias. O amor fraternal e o juramento manico
esto acima dessas mesquinharias. Anote a: A famlia
do maom a humanidade e sua ptria o mundo.

42

7 - COMO FUNCIONA UMA LOJA

O bom funcionamento da loja depende muito da

administrao. Essa administrao deve ser escolhida
conforme vontade da maioria, por voto individual e
livre, como tudo na ordem manica deve ser.
O respeito individualidade e ao livre pensar fator
primordial para o funcionamento da Loja Manica, e
da Maonaria no geral, como no poderia ser
diferente. Defensora da liberdade e da igualdade entre
os homens, a Maonaria se destaca como uma
instituio que est voltada para a libertao do ser
humano, em vrios sentidos, e o seu lema no deixa
dvida quanto a isso.
Qualquer Mestre Maom pode se candidatar a um
cargo em loja, um direito dele, desde que obedea a
alguns critrios, na sua maioria, tempo de uso do
avental de mestre. Muito tem se criticado o fato de que
apenas os Mestres tm direito a voto, mas, os que
criticam isso esto presos limitaes ou a interesses.
O Mestre vota, no por ser melhor, mas por estar no
grupo h pelo menos trs anos, o que faz dele

43

conhecedor dos problemas que a loja possivelmente

tenha. Imagine voc se um grupo de recm-chegados
tivesse que votar, sem saber absolutamente nada sobre
os acontecimentos ocorridos na loja? Pense sobre isso.
As chapas eleitorais, que algumas lojas criam para
facilitar o processo de escolha de suas administraes,
no so previstas na legislao, sem contar que
tambm pode inibir algum irmo que tenha a inteno
de
ocupar
algum
dos
cargos.
No caso das eleies especificamente, eu sou
favorvel a uma prvia com a participao de todos os
obreiros, inclusive aprendizes e companheiros, assim,
tem-se uma noo da vontade popular, antes dos
irmos partirem para uma disputa, algumas vezes
chata e desnecessria.
Essa metodologia tem sido aplicada por algumas lojas
e tm dado bons resultados, mas claro, cada loja tem
suas particularidades.
Quando escolhemos algum para determinado cargo,
ns delegamos a ele um poder, acreditando na sua
capacidade e competncia, mas, se o irmo que
ocupou o cargo no cumpre com a sua funo, ele
poder ser legalmente destitudo, afinal, o mandato
dele pertence loja.
44

Essa regra tambm vale para os deputados, que

deveriam participar de todas as reunies
obrigatoriamente, procurando saber com antecedncia
a posio da loja sobre determinado assunto que ser
votado pela assembleia.
Imagine voc, um deputado que erroneamente ganha
imunidades, alm da no obrigatoriedade de participar
das reunies regulares de sua loja? Para que nos
serviria um camarada desse? E mais, como pode um
deputado decidir na assembleia estadual ou federal,
sobre determinado assunto/tema/lei, com base apenas
em sua opinio, sem consultar a loja? simplesmente
ridculo!
Quer ser deputado? Que bom, mas ter que participar
ativamente da vida da oficina. Acredite, alguns irmos
acham essa situao muito normal, e com isso as
Potncias Manicas vo se transformando em cpias
exatas dos erros administrativos do estado organizado
que eles tentam copiar.
Para que funcione uma loja sem muitos problemas,
precisamos saber se os irmos escolhidos para a
administrao podem realmente ocupar esses cargos,
pois deles demandam tempo, preocupaes, trabalho e
muita responsabilidade, principalmente hoje, onde as
45

lojas adequam-se s normas legais profanas para seus

funcionamentos.
Caso o irmo indicado pela maioria acredite no ter
condies, no aceite a funo, acredite, ela maior do
que o cargo! Justifique a sua negativa para que os
demais entendam e respeitem sua postura. o melhor
a ser feito nesses casos, e no significa que voc no
tenha interesse em ajudar a loja, pelo contrrio, em
casos como esses, o que o maom faz justamente
ajudar.
Quanto aos obreiros, nada mais justo do que
questionar o candidato a respeito da possibilidade de
assumir tal cargo: - O irmo realmente tem condies
de exercer esse cargo, mesmo sabendo que dele
demandam algumas responsabilidades e tempo?
o melhor a ser feito. A conversa entre irmos tem
que ser sempre franca e aberta, costumo dizer: Se no
podemos confiar num irmo, em quem mais
confiaremos?
Se a administrao da loja funcionar bem, e os irmos
estiverem em harmonia, os maiores problemas estaro
longe de aparecer. Infelizmente, topamos com
Tesoureiro que no emite as cobranas e nem presta

46

contas, sem contar os que no emitem recibos;

Vigilantes que no sabem se os irmos receberam ou
no instrues, se apresentaram ou no trabalhos, se
tm ou no tempo hbil para colao de um novo grau;
Secretrio que no traz a ata, quando traz a ata
errada, no protocola os documentos na guarda dos
selos e no comunica loja o recebimento de
documentos importantes, e assim por diante.
No irei aqui citar cargo por cargo, afinal os irmos
sabem que a falha de qualquer um desses cargos j
causa grande problema para toda a ordem, e no s
quela oficina especfica.
A loja tem que permanecer sempre forte, crescer
diariamente, ou no mnimo se manter num
determinado patamar, no podendo esperar que um
Venervel Mestre corrija o rumo dela num piscar de
olhos, como num passe de mgica. Lembre-se, traar
os rumos da loja ou mesmo corrigi-lo, tarefa de
todos os obreiros, sem exceo, e no apenas do
venervel, como alguns acreditam. muito fcil
chegar loja e ir direto para sua cadeira sem se
preocupar que alguns tiveram que organizar as tarefas
durante a semana.
A escolha de uma boa administrao um dos
47

caminhos para o bom funcionamento da loja, isso tudo

agregado participao constante dos irmos em todas
as sesses, propondo, votando, decidindo, opinando,
ouvindo e se fazendo ouvir, isso imprescindvel.
O maom deve saber que sem a sua participao, sem
as suas propostas, sem as suas opinies, sem o seu
voto, seu o seu trabalho e dedicao no h loja. Deixa
de haver uma assembleia livre e passa a ser muitas
vezes dois ou trs irmos tentando manter a loja de p,
cada um agarrado a uma das colunas, lutando
inutilmente contra o bvio.
Uma Loja Manica funciona como uma mquina
gigante onde cada indivduo uma engrenagem que se
encaixa e se apoia umas nas outras, cabendo
administrao manter as engrenagens lubrificadas e a
mquina funcionando, pois assim que trabalha a
Maonaria. A falta de uma pea j sobrecarrega outra,
e isso leva ao cansao e at falncia.
Quando tiver que escolher o Venervel de sua loja, no
tente se basear apenas naquele que o mais rico ou o
mais letrado, procure na humildade daquele que de
fato conhece e sente a loja; procure um irmo que
saiba agregar valores e criar um ambiente de harmonia
onde reine as diferenas.
48

8 - FERRAMENTAS PARA FORMAO

A Maonaria nos fornece as ferramentas para

aperfeioamento individual e nos instrui sobre seu uso
e aplicabilidades, que no so poucas e nem muitas,
elas so o suficiente para um trabalho de uma vida
inteira. Essas ferramentas aludem construo de um
ser pensante e atuante, livre, respeitador e irmanado
com o todo.
As instrues dos rituais especificamente falando, tem
por finalidade esclarecer-nos sobre o que Maonaria,
como ela funciona, o porqu de sua existncia, alm
de trazer os aspectos ritualsticos e hierrquicos dentre
outras coisas. J outras instrues, estas abordam
temas diversificados como: filosofia, histria,
espiritualidade, cincias, artes etc, e existem para
ampliar o campo de viso e de entendimento do
indivduo sobre si mesmo, o mundo em que vive e sua
prpria existncia.
Um grande nmero de lojas fica em dbito com os
seus obreiros no que diz respeito aos ensinamentos,
sem contar que frustram em grande parte a expectativa
49

dos aprendizes que esperam muito mais do que

recebem.
De uns tempos para c criou-se um hbito desgraado
de criar expectativas mil na cabea do recm-chegado
Ordem. O intuito disso simples: parecer-se melhor,
superior etc. Ou seja, ao invs de criar e alimentar o
senso de respeito, humildade e responsabilidade no
aprendiz desde o incio, no, j comea fantasiando e
iludindo o sujeito.
No custa lembrar que Aprendiz no significa ser
bobo, disso j sabemos. Reparem que anteriormente eu
disse um grande nmero e no todas as lojas, mas
preciso muito cuidado com o que se promete ao ainda
profano. A ideia lembr-lo sempre de que haver
muitas responsabilidades para quem aceito na
Maonaria, afinal, dedicar-se causa humana nunca
foi tarefa fcil.
Quanto aos trabalhos, muito comum ouvirmos
indagaes de aprendizes, como: - Ser que s isso?
... Alguns poucos trabalhos, a leitura e o tempo? No
pode ser s isso, pode?.
A resposta : - No. No pode, meu irmo. No pode,
mesmo! Converse com o vigilante responsvel pelas

50

suas instrues, respeitosamente indague sobre seu

aprendizado. Exponha suas dvidas e procure no criar
expectativas com base na fico ou no que leu na
internet.
J dizia Confcio: Quem pergunta tolo uma vez;
quem no pergunta sempre tolo. No podemos
esquecer que existe a necessidade de tambm instruir
os mestres, estes, esquecidos no que diz respeito a
instrues. Sei que difcil de acreditar, mas tem
mestres maons que s conhecem o seu grau pelo que
supostamente viram na exaltao, nada mais. Vo
ensinar o qu?
O jeito calar-se diante das perguntas dos
naturalmente curiosos aprendizes. como se virar
mestre em algumas lojas, por si s j os tornassem
grandes sabedores da Maonaria. A coisa mgica!
Tem Mestre que fez o sinal de identificao do grau no
dia da exaltao, e passou anos at fazer novamente
e errando, claro!
Voc teoricamente foi escolhido para fazer parte da
Maonaria, no surgiu ali de paraquedas, (muito
embora tantos tenham surgido assim nas ltimas
dcadas). Sua instruo deve ocorrer normal e
calmamente, porm dentro de um prazo, que
51

infelizmente no muito bem organizado, basta

analisarmos o tempo de instruo de um companheiro
em comparao com a exigncia do grau, chega a ser
ridculo. Instrues para mestres, em algumas oficinas
nem acontecem. normal? - No!
Assim, temos conhecimentos, ferramentas e material
humano, e de posse disso tudo, desprezamos os
estudos. como ter um silo repleto de gros e no
utilizarmos nem como alimento e nem como semente.
Muito embora a falta de estudos reais e srios ocorra
em algumas lojas, os irmos devem lembrar-se de que
a oficina tem uma agenda (que foi previamente
discutida) e de nada adianta querer atropelar as coisas
ou se precipitar. Mas, uma agenda que tenha como
objetivo nico contabilizar o tempo para colao de
grau, uma afronta e um descaso para com a Ordem.
bom salientar que uma loja no existe apenas para
parir maons.
Parte-se do princpio de que o mestre que o apresentou
Maonaria julgou-o digno e apto a aprender,
compartilhar e praticar os conhecimentos manicos,
o mnimo que ele poderia ter feito. Trazer para a
ordem um ignorante, um fantico, um preconceituoso,

52

um hipcrita, um bandido ou qualquer um outro que

no tenha o mnimo discernimento sobre respeito,
um crime contra a organizao, contra a humanidade e
contra voc mesmo.
Por outro lado, convidar um indivduo totalmente
inapto, e nem sequer instru-lo, traz resultados
desastrosos para a maonaria.
Ali estamos porque fomos julgados capazes de
progredir e revolucionar, e isso vai alm do que ler
rituais. Nosso aprendizado diz respeito no apenas ao
mundo manico, no se iluda. O estudo manico
muito maior do que isso, conhecer a Maonaria como
consta nos rituais a obrigao, a base, o alicerce que
lhe garantir erguer seu templo virtude e cavar
masmorras ao vcio, e isso o comeo do caminhar,
por mais rdua que possa ser essa trilha, ela s o
comeo, e essa jornada deve ser alcanada com
estudos, ampliao do conhecimento.
Apresentadas as ferramentas e ensinadas as suas
aplicaes, a vez de a loja passar a formar seus
obreiros, ensinando-os sobre a importncia da
participao ativa, da pesquisa, da oratria, da
exposio e defesa de ideias, da defesa da liberdade,
do respeito aos direitos, da luta contra desigualdade e
53

as
injustias.
Acrescente aqui a necessidade de se chamar a ateno
para o combate constante tirania, ignorncia, aos
preconceitos e aos erros, conclamar os irmos a se
dedicarem e buscarem uma sociedade cada vez melhor
para todos, e esse todo significa que buscamos um
mundo melhor principalmente para os no maons, ou
profanos, como queira. De que valeria edificar uma
sociedade justa e igualitria, se ela no pudesse ser
para todos?
Porm, as lojas hoje silenciam-se e descansam
farisaicas, abraando causas alheias enquanto
esquecem-se das suas e dos seus. No houve instruo,
no sabem o que fazer, esto perdidos, tornaram-se
apenas mais uma agremiao. Agora s se juntar pra
tomar uma cerveja, assar uma carne e pular na piscina.
Eu admiro o conhecimento e a busca tenaz desses
tantos irmos que passam anos estudando os ritos e
suas caractersticas, sou um dos que gostam desse tipo
de estudo, mas, tenho preferncia pela rea histrica;
minha cobrana que, da mesma forma que nos
debruamos em livros para estudar ritualsticas,
deveramos fazer o mesmo em relao a maonaria
prtica, seus princpios e fins. Afinal, de que me
adianta ter recebido as ferramentas, aprendido a
54

manuse-las e no fazer uso das mesmas? Um pedreiro

no levanta uma casa lendo livros apenas, e de nada
valem teorias sem aes prticas.
O que se pede simples: Estudo manico e ao
humana, constantes.

55

9 - DESPOTISMO, IGNORNCIA E
ERROS

- Que vindes aqui fazer?

- Vencer minhas paixes, submeter minhas vontades e
fazer novos progressos
Fazer novos progressos na Maonaria talvez seja o
mais difcil, pois, requer que se cumpra o que foi dito
antes, o combate s paixes, e a submisso das
vontades suas s do coletivo. Reconheo que no seja
tarefa fcil, e nem precisa ser, afinal Maonaria
sinnimo de trabalho constante, mas como superar
estas barreiras?
- Ensinando.
Quem me conhece sabe que sempre achei que os
mtodos de aprendizagem manicos so partes dos
pontos fracos da Ordem. O modo como formamos
pode ter funcionado um dia, numa poca em que o
homem estava menos sujeito a um mundo to amplo e
complexo, quando vivia em comunidades longe de
56

tudo, e quando o mundo era uma pequena parte do que

temos hoje em tamanho, populao e informao.
Lidar com um ser em constante movimento, cego por
suas paixes, essas criadas por um sistema que o
condiciona desde pequeno a buscar o seu espao sem
se preocupar com o prximo, alis, tendo o prximo
como uma ameaa, esse homem quase sempre um
refm da realidade em que vive. Qualquer mudana de
rumo pode ser traumtica, quando no, uma perda de
tempo.
Manter um sistema de ensino tradicional agora
aplicar um antdoto incuo num paciente picado pela
mortal serpente do sistema predominante, ou seja, um
engana o outro. Prova disso que comumente os
novos maons mantm o seu modo de ser e de pensar
profano, e pior, conseguem at passar adiante seus
erros. A Maonaria nada acrescenta sua vida, ele no
permite. como aquele crente que abandona a
faculdade por no querer acreditar que as lnguas tm
origens, e que no a torre de Babel.
No final, continuamos cultivando nossos erros,
alimentando nossas paixes e vcios como se nada
tivesse acontecido de novo em nossas vidas. A
Maonaria no consegue alcanar esses maons, eles
esto fechados em suas redomas a tal ponto de no
57

serem pedras brutas e sim algo comparado titnio, de

to duro e impenetrvel.
As instrues nesses casos so como brincadeiras, um
teatrinho que remonta o tempo do colgio, partes de
um ritual arcaico, a ser esquecido no minuto seguinte.
Para os maons fechados ao aprendizado, as situaes
vividas em loja so como uma pea de teatro, sem fins
educativos, e no adianta tentarmos convenc-los do
contrrio.
No conseguimos dar a importncia devida a nossos
estudos a ponto de faz-los imprescindveis para os
aprendizes.
Nossos mtodos de ensino deveriam ser repensados,
ou ampliados a ponto de poderem alcanar a todos. A
Maonaria no busca homens perfeitos, ela busca
aperfeioar os homens, no mesmo? Mas para isso
precisa tocar esse homem de forma bem mais intensa
do que a sociedade j o toca, caso contrrio o vcio
mantm-se vcio, os erros permanecem erros, e nada
muda no homem.
Como no nos cabe convencer ningum, deveramos
ao menos pensar maneiras de despert-los para a
realidade. Se o indivduo torna-se maom e no muda

58

nada em seu ntimo, continua o mesmo sujeito de

antes, pode significar um erro t-lo apresentado loja.
Sua arrogncia, seu individualismo, seu fanatismo,
seus vcios e preconceitos impedem-no de crescer e
progredir como ser humano. Se eu no posso servir ao
prximo, para qu sirvo eu? Se voc no est apto a
servir humanidade, no justifica sua presena nas
fileiras da Maonaria. O mundo s ser melhor para
mim quando assim o for para todos os seres. Isso no
significa abrir mo de meus projetos, ou deixar de
dedicar-me s minhas coisas. Cedo aprendi que s
posso dividir se tiver algo para dividir.
No fundo, o que quis dizer aqui que a Maonaria
exige do maom dedicao ao lema: Igualdade,
liberdade e fraternidade. Entendendo a amplitude deste
lema, voc estar apto a entender o que ser irmo.
Lembre-se mais uma vez: Voc no , seus irmos
que o reconhecem.

59

10 - NO AJO, NO PENSO E NO
PARTICIPO

Isso mesmo! No ajo, no penso e no participo,

assim que se mostram muitos maons, de Aprendizes a
Mestres.
No de se estranhar, afinal, nada lhes foi ensinado,
exceto ler os rituais e fazer trabalhos sobre rituais.
instrues que preparariam para o debate, para a
pesquisa, para expor opinies e defend-las, para
opinar e propor, simplesmente existem. Sem isso a loja
capenga, apenas um arremedo de assembleia livre, e
no adianta culpar ningum, exceto a prpria loja.
Por mais que o irmo seja um exmio pesquisador,
estudioso da ordem, falta-lhe o esprito do contestador,
do que expe os contrastes, do que interroga, do que
argumenta, do que cobra ao, e isso parte da
responsabilidade educativa da loja. Faltaram-lhes as
instrues de que tanto falo.
Como diria meu amado irmo Daniel: - Francamente!
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Entrar mudo e sair calado, como costumamos ouvir no

mundo profano, passa a ser crime na Maonaria, e no
significa que o irmo no tenha argumentos e nem
vontade de exp-los, na verdade ele no sabe se deve,
e nem como fazer isso; sente receio em ferir o
venervel que seu amigo; sente medo de criticar a
postura de um irmo mais velho; atormenta-se por no
ter aprovado algo proposto por um dos fundadores da
loja que garantia ser o melhor a fazer no momento
Esses so alguns dos crimes contra a liberdade.
Onde est a loja dos iguais? Cad o to propalado
lema: Liberdade - Igualdade - Fraternidade? Tudo
bem, foi dado o direito, mas, assim como se d as
ferramentas para o recm iniciado, ele necessita
tambm da ajuda do Vigilante para gui-lo no trabalho
dirio, e o que falta esse guia. Percebe a importncia
de tudo funcionar bem?
No basta aos maons estarem timos em ritualstica,
requer que no seja uma lstima em relao a ser
maom, pois assim contribuem mais ainda para o
estado de cegueira de nosso povo e de nossos
governantes, que cada vez mais se veem enterrados em
corrupes e falcatruas.

61

Cada vez mais temos irmos corrompidos e

corrompendo, irmos que em nada contribuem para
acabar com a ignorncia, cada vez mais apegados s
supersties, quase sempre apoiando a tirania, tantas
vezes validando as injustias, encobrindo erros e
defecando em nossas tradies. Ficamos no discurso,
nas fotos dos grandes eventos, nas festividades
patriticas, e nos afastamos lentamente das causas da
humanidade que sempre moveram a Maonaria.
Nunca estivemos to distantes de nossos ideais, se
baseado em nosso lema. De grandes pensadores,
libertadores que enxergavam frente de seus tempos,
nos tornamos fanticos religiosos, polticos corruptos,
patres injustos ou at mesmo pais irresponsveis. A
falta de participao dos maons na vida ativa da loja
causa danos algumas vezes irreparveis, e quando
possvel reparar, sempre gera um grande conflito
seguido de rachas.

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11 - FORMAO DUVIDOSA

Algumas lojas criaram um pssimo hbito de graduar

maons baciada e de forma totalmente
irresponsvel, sem contar que criminosa, de acordo
com nossas prprias leis manicas.
Muitas vezes o erro j vem desde a indicao de um
possvel candidato. Ainda h pessoas que acreditam
que apenas pelo fato de trabalhar no mesmo escritrio
ou ir juntos mesma festa ou igreja, j seja motivo
para indicar o amigo para ingressar na Maonaria.
Erro gravssimo!
No porque voc estava apto a ingressar na
Maonaria que seu companheiro de trabalho ou de
festas tambm esteja, e no pelo fato de ele ser seu
amigo que isso o torna um candidato natural para os
quadros de sua loja.
Aps o ingresso desses desavisados surgem quase
sempre duas situaes tristes. Primeiro, o agora
aprendiz perde total ou parcialmente o seu senso
crtico em relao ordem, ou medo mesmo,
63

despreparo. As coisas passam a acontecer e o sujeito

ali, sem condies de saber sequer como proceder,
muitos inclusive abandonam a loja pouco tempo aps
a iniciao. Ou, no segundo caso, como no foi bem
escolhido no mundo profano, tenta moldar a todos
com a sua arrogncia, crena, destempero e
desrespeito para com os membros da loja. Alguns
desses valem-se de ttulos obtidos no mundo profano,
que por sinal, valor nenhum tem dentro da loja. Claro
que no so todos os casos, mas est cada vez mais
comum. A indicao to importante quanto a
instruo, alis, no esto dissociadas.
Sempre fui crtico em relao ao modo como se instrui
na Maonaria, no fundo, cria-se experts em rituais e
esquece-se totalmente das ritualsticas e das prticas
manicas, da solidariedade e das aes sociais. O
maom autmato aprende tudo sobre leis, e atropela o
que possa haver de humanitrio e revolucionrio em si
e em suas buscas.
Cresce o aprendiz nesse contexto, sedento de
conhecimento que no aparecer se ele no for um
buscador de fato, quando no, torna-se mestre sem ao
menos ter aprendido a aprender. O mais comum o
simples manter-se simples, e o arrogante mais
arrogante ainda. O Indivduo dedicado, to logo se
64

adapta quele novo mundo, alado j ao grau

seguinte, e ao outro grau mais rapidamente ainda, com
o intuito de supostamente fortalecer a loja. Ser que
fortalece mesmo?
A evoluo deste maom foi comprometida, e quase
certo que ele se transforme num lagarto, ficando a
balanar a cabea concordando com tudo o que dito
ou; deslumbra-se com suas vestimentas novas e
transmuta-se em um pavo misterioso numa constante
corrida para conquistar medalhas e graus. Teremos a
mais um mestre que no aprendeu, e portanto, no est
apto a ensinar.
A formao irrisria e a busca por aprender sobre
rituais e leis transforma o maom num intil, quando o
assunto irmandade. Falo isso porque conheci
valorosos irmos que se decepcionaram ao presenciar
muitos discursos belos e nenhuma ao razovel para
ajudar o prximo.
Concordo quanto a conhecer bem o seu ritual e suas
leis, mas chamo a ateno para o fato de que elas
mudam, diferente do compromisso do maom.

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12 - A VERGONHA DE HIRAM

Talvez a grande vergonha de Hiram seria ver um

mestre maom, fabricado nas coxas, assinando
documentos e atas de reunio que no participou, ou
aprovando um candidato sujo, apenas para no
contrariar o Venervel da Loja ou um outro grande
figuro do quadro de obreiros.
incrvel notar que quando o candidato afilhado de
um todo-poderoso, pouco ou nenhum questionamento
levantado. Claro que o que est sendo levado em
conta a condio financeira e o prestgio do novato,
em alguns casos. Sim, isso resultado da mal
formao, quando no, resultado de algum curioso
que chegou ao nosso meio, e achou legal trazer toda a
sua trupe para a festa tambm. A lgica simples: a
possibilidade de um fascista trazer outro imensa.
Muito embora ainda sem muito entender, esse
importante membro da loja passa a convidar seus
amigos, afinal, ele no tem responsabilidade nenhuma
sobre isso. Se der errado, problema da loja! o tpico

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sujeito que tenta fazer mdia com algum

apresentando-o Maonaria... Casos assim surgem s
centenas.
Sujeitos como esses so como cnceres para uma loja,
e que para se curar, ela (a loja) acabar por perder
alguns rgos eficientes, e se no tomar cuidado
acabar com trs abnegados agarrados s colunas
numa tentativa v de manter-se de p. No entendo,
no entendo mesmo essa gana de querer trazer todos
para dentro da loja de uma s vez e a qualquer custo.
Talvez seja a um sinal de que a loja nunca deveria ter
levantado colunas.
Quantas vezes no nos deparamos com lojas montadas
por mestres inexistentes? Inexistente eu digo no
sentido de o indivduo ter apenas dado o nome e o
CIM para ajudar a formar a nova oficina, e depois
disso, no sabe nem o nome dela. No cobrada
dessas pessoas a responsabilidade devida, ento, fica
fcil tratar o que seria uma famlia como se fosse um
clube de pquer.
Mestres que no amassam massa em conjunto com os
aprendizes da loja, no ensinam, at porque as vezes
nem aprenderam, no vivenciaram a comunho de
ideais e propsitos da loja. Mestres que se recusam a
67

abrir suas mentes e aprender, que se recusam a

abandonar seus vcios e que ao invs de combater o
despotismo, o fanatismo e o erro, vivem exatamente
sob esses preceitos.
Quem os reconhece? ... Ns. Chegam eles totalmente
imunes ao veneno mortal da Taa Sagrada, que to
fatal aos perjuros. Ns os abraamos, os vestimos e os
instrumos. No, no somos inocentes ou incautos,
somos bem piores, nos tornamos a vergonha de Hiram.

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13 - O DONO DA LOJA

Tem assunto to chato quanto esse dos donos de loja?

extremamente irritante, e infelizmente constante, o
uso deste encardido termo em tudo que lugar onde
encontramos com os irmos, seja em loja, seja num
almoo no mundo profano, num papo por telefone, e
at numa conversa mais sria em cmara do meio.
Eu tenho duas opinies sobre isso e aqui irei exp-las
rapidamente, alis, como tudo nesse livreto.
Comumente os irmos chamados e apontados como
sendo donos de loja, sofrem de uma tremenda
injustia, na verdade so eles que suprem as
necessidades administrativas da loja, sozinhos, por
falta de responsabilidade, comprometimento e demais
falhas dos oficiais eleitos para os cargos, e que no
cumprem com suas obrigaes como deveriam.
Esses donos de loja ao perceberem que os placets
no so protocolados; ao perceberem que no foram
providenciados aventais, rituais, regulamentos e
constituies; ele vai l e compra tudo, arruma, traz
para loja, prepara ou providencia os copos dgua,

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sugere algumas atividades e assim por diante, coisas

simples (se quiser assim acreditar) mas, que trariam
srios problemas para a oficina se no fossem feitas.
Os donos de loja, no se apoderam do caixa da loja,
no preparam as atas suprimindo ou acrescentando o
que no foi discutido em assembleia, no acharcam
irmos aprendizes, no vendem honrarias, no
corrompem os obreiros e assim por diante. Eles agem
por instinto de sobrevivncia e responsabilidade.
Os irmos denominados donos de loja quase sempre
so os que carregam nas costas o peso da loja, por
omisso,
incapacidade,
irresponsabilidade
e
desconhecimento dos demais obreiros da oficina. E,
por se preocuparem demasiado com ela e sua sade,
carregam a pecha de serem os donos de loja.
Minha segunda opinio sobre " O Dono da Loja".
Esse, quando se apropria da loja poucos percebem;
organiza panelinhas, omite informaes, tenta se
perpetuar no poder, s a opinio dele vlida, no se
pode contradiz-lo, ele decide onde e como as coisas
acontecem, costuma assumir o caixa da loja, manipula
a secretaria e o smbolo maior da arrogncia e da
vaidade.

70

O Dono da Loja comumente aquele que primeiro se

afasta quando o barco comea a afundar, e sai em
busca de um novo lugar para ludibriar novamente.
Eu vejo grande diferena entre 'donos de lojas' e 'Os
Donos das Lojas', mas, sei bem onde eles tm origem:
Eles medram na omisso dos obreiros do quadro. Se
eu no fao, algum precisa fazer; se eu no apresento
propostas, algum apresenta; se eu omito minha
opinio, algum opina; se eu no compareo na loja,
os demais comparecem; se no me proponho a ocupar
um cargo, algum se prope... Essa a melhor forma
de se criar dono de loja, por obrigao e
responsabilidade; J 'O Dono da Loja' , bem, este
nasce por oportunismo de uns e ignorncia dos
obreiros.
Tudo isso que vos falo s poder ser corrigido com as
to mencionadas instrues. Precisamos instruir
nossos obreiros, precisamos faz-los pensar
maonicamente, e assim contribuiremos para uma
maonaria racional e ativa em todas as esferas sociais.
Em minha vida manica conheci os dois tipos, e
claro, no aceito nenhum deles, porm, os irmos
votam nas eleies da loja como votam nas eleies
profanas, ou seja, escolhe pela aparncia, pelo discurso
ou pelo vnculo de amizade, no levando em conta a
71

necessidade de propostas e planos para manuteno e

administrao da oficina, a responsabilidade e o zelo
frente dos trabalhos, dentre outras coisas.
No podemos conceber um homem chamado de livre
sob a batuta de um ditador de avental e medalhas,
dobrando os joelhos para a igreja e a coluna para o
estado. Um maom deve ser um homem livre em suas
escolhas, mas liberdade sem conscincia uma
mentira que contamos a ns mesmos.

72

14 - EU QUERO SER VENERVEL

Claro que quer, um direito, por sinal! Mas, para isso

no podemos atropelar o andamento normal de uma
loja e nem a vontade dos obreiros, concorda?
Comumente um possvel venervel se destaca por sua
assiduidade, trabalho ocupando vrios cargos na loja,
experincia, perspiccia, senso de justia, respeito e
uma certa dose de humildade. Sabe aquele que ocupa
um cargo de grande alguma coisa e que se recusa a
ser o Cobridor Interno do templo ou o Mestre de
Cerimnias em sua prpria loja? Pois , existem
desses.
Ser Venervel Mestre nem sempre o desejo de quem
briga na loja em busca da presidncia dela, muitos na
verdade s querem, necessitam, imploram, por um
avental com azul e dourado... Eh, aventalzinho
cobiado!!! A inteno de alguns desses aventureiros
de apenas poder ostentar o ttulo de Mestre Instalado.
Tudo bem, eu tambm fiquei estarrecido ao chegar a
esta concluso. O ttulo, tudo por um ttulo...
Mas, o que esse avental tem de to valioso? Ser que

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ouro aquele dourado? Ou ser que ele traz consigo a

sabedoria do rei Salomo? Vaidade de vaidades... Tudo
vaidade. Para bom entendedor pingo pingo, letra
letra.
O avental azul traz consigo grandes responsabilidades
para todos os Mestres e principalmente os oficiais da
loja, em especial o Venervel Mestre, que o seu
presidente e quem preside tambm todas as sesses
durante o perodo para qual foi eleito. O Venervel
Mestre tem por obrigao manter a loja funcionando
em harmonia, garantindo o seu progresso,
administrando-a de maneira que seu abrao ou sua
repreenso alcance a todos sem distino.
Eleito por um perodo estabelecido no regimento
interno, ao Venervel da Loja e aos demais membros
da administrao dado o poder de deciso de
assuntos administrativos, que no requerem votaes
em loja por parte dos irmos. No demais, o Venervel
aquele que faz cumprir, faz valer a vontade e a
deciso da loja em todas as instncias.
Atentem para isso, todas as decises que
comprometem a vida do grupo tomada pela loja; a
loja, o conjunto de irmos, dever sugerir, discutir,
opinar e votar, decidir se aprovam ou no determinada
proposta, seja ela qual for. Aprovada a proposta, o
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Venervel ordena ao secretrio que registre em ata,

inclusive o nmero de votos favorveis, os contra e
tambm as abstenes.
Assim funciona uma loja, vontade popular levada
adiante pelo presidente. O que acontece que por
formao, alguns j chegam com a cultura do soberano
dono do mundo, e que acredita que como venervel
pode fazer e desfazer dentro daquele grupo. Esses
ganham fora na falta de instruo dos obreiros e logo
tornam-se verdadeiros ditadores. Passam a ser
adorados e ganham at seguidores.
Ah, e esses famintos pelo ttulo de Mestre Instalado, se
contrariados, a primeira coisa que fazem pegar seus
squitos e montar uma nova loja... Fcil n? No poder,
esses pseudosmestres perpetuam-se e agem como se as
lojas fossem suas propriedades. Eles mesmos tomam
decises, arregimentam squitos e votam o que bem
querem, sem levar em considerao a vontade dos
obreiros. Est a tudo o que voc no precisa para a
sua oficina, mas que infelizmente surge sempre e
alimenta-se de nossa ignorncia.
Pois bem, sendo o defensor da opinio de sua loja, e
seu representante legal, a responsabilidade do
Venervel dobrada, e por isso devemos sempre
75

escolher algum que tenha no mnimo capacidade de

administrar opinies e vontades diversas. Alm disso,
conhecer os direitos e deveres do indivduo; saber
intervir nas horas precisas evitando assim problemas
maiores; saber traar objetivos e tentar cumpri-los;
entender as dificuldades e trabalhar para aprimorar o
nvel de conhecimento e de crescimento da loja; so
algumas das tantas coisas que contam a favor de um
candidato a presidente de uma loja manica.
Quando for escolher seu Venervel, pense que ele ser
espelho de sua loja.

76

15 - AFINAL, QUEM MANDA NA LOJA

Ainda tem dvida meu irmo? Voc a loja, mas, a

loja no s voc. Ento, quem manda na loja a
assembleia de irmos que se rene para estudar,
ensinar, aprender, opinar, discutir e aprovar.
No podemos imaginar a loja como sendo algo que
possa ser mandada, ela tem que ser vista como um
todo, sendo cada um de ns parte deste todo. Ningum
manda, ningum obedece. Todos se entendem e
respeitam as possveis e naturais diferenas. No
precisamos pensar iguais, temos sim que agir de modo
unssono.
Somos ns, indivduos, maons, homens livres que
no admitem a tirania nem o despotismo, nem dentro
nem fora das lojas, que mandamos em nossas vidas e
que no permitimos a intolerncia, que lutamos contra
os preconceitos, as supersties e os erros. No h
senhores e escravos entre ns, melhores ou piores.
Somos ns os pedreiros, construtores sociais; somos
ns, o grupo, a famlia, a loja.

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16 - PARA CONCLUIR

Acreditar que o normal de uma loja e de um maom

seja sentar-se, ler rituais e trocar favores entre si uma
abominao. Um templo no se edifica sozinho, para
isso requer ao contnua e dedicao constante.
Aceitamos demasiado, concordamos mais ainda, onde
est o que se diz pedreiro livre? A dita zona de
conforto apenas um engodo, uma desculpa, exceto
para aquele que vive numa redoma. No podemos nos
ausentar do mundo e nem fechar os olhos para seus
problemas. Somos parte em tudo isso, principalmente
quando tomamos conscincia.
No somos perfeitos, mas podemos ser melhores, e
mais do que ter ferramentas, ns somos as prprias
ferramentas para construo de uma sociedade melhor
e mais justa.
Dediquemo-nos meus irmos, causa da humanidade.
E por fim, nunca nos esqueamos de que no somos,
so os nossos irmos que reconhecem nossa condio
de pedreiros livres. Tudo podemos construir, do
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mesmo modo que tudo podemos derrubar, porm no

destrua, se no sabes construir.

TFA
Ir. Medrado

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SOBRE O AUTOR

Danton Medrado ex-Venervel Mestre da ARLS

Unidos 3239 GOSP-GOB, tendo exercido diversos
cargos na Loja e pela Loja. Professor, pedagogo e
autor, especialista em ensino religioso e educao
libertria, apaixonado pela Ordem, por caf e pelos
ideais cratas que vislumbram a liberdade dos homens
e um mundo melhor.
CONTATO
www.dantonmedrado.com.br
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