Parecer Professores Substitutos e Estágio Probatório
Parecer Professores Substitutos e Estágio Probatório
Parecer Professores Substitutos e Estágio Probatório
SINDICAL IF SUL-RIO-GRANDENSE
PARECER N /2016
1 DA CONSULTA
Esta Seo Sindical elabora consulta sobre quais so as implicaes jurdicas
no caso de professores substitutos e servidores em estgio probatrio aderirem
greve deflagrada neste momento.
2 DO PARECER
Como forma de responder aos questionamentos o parecer estar escudado em
dispositivos contidos na Constituio Federal, na lei 7.783/89 (lei de greve), lei
8.745/93 (que dispe sobre a contratao por tempo determinado para atender
necessidade temporria de excepcional interesse pblico), Convenes 151
e 154 e os verbetes 526, 531, 533, 536 e 547 todos da Organizao
Internacional do Trabalho, na lei 8.112/90 (Regime Jurdico nico) e em
decises exaradas pelo Colendo Supremo Tribunal Federal.
O direito de greve uma conquista no s dos trabalhadores, mas tambm da
sociedade, por isso a Constituio Federal procurou garantir o exerccio deste
direito tanto na esfera privada quanto na esfera pblica. Todavia, o exerccio do
direito de greve sucessivamente tolhido por iniciativas do empregador, do
Governo Federal, do Ministrio Pblico e da Justia (do Trabalho e Federal). A
forma jurdica utilizada para sufocar o movimento paredista tem se centrado no
uso de aes de reintegrao de posse e/ou interdito proibitrio, aes com
pedidos de indenizao por perdas e danos e lucros cessantes, aes
requerendo a punio de dirigentes sindicais e aplicao de multas aos
sindicatos.
Muito embora a greve seja um instrumento de luta tpico do Estado capitalista,
ela acaba sendo vista como um ato de insurgncia, de insubordinao ou de
afronta ao Estado Democrtico de Direito. Desde 2014 algumas centrais
sindicais tm olvidado esforos no sentido de denunciar as arbitrariedades
cometidas tanto pelos empresrios quanto pelo Estado Brasileiro. Um exemplo
a ser aqui lembrado a reclamao encaminhada Organizao Internacional
do Trabalho em face de violaes ao direito de livre negociao coletiva. As
centrais sindicais signatrias a presente reclamao so: Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil CTB, a Central Geral dos
Trabalhadores do Brasil CGTB, a Central nica dos Trabalhadores CUT, a
Fora Sindical FS, a Nova Central Sindical de Trabalhadores NCST e a
Unio Geral dos Trabalhadores UGT.
Mas quando o assunto tratado diz respeito ao livre exerccio de greve, o artigo
5 da Constituio no deixa qualquer dvida em favor da liberdade e respeito
a pessoa humana, vejamos:
Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade,
segurana e propriedade, nos termos seguintes:
II - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
seno em virtude de lei;
IV - livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o
anonimato;
VIII - ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa
ou de convico filosfica ou poltica, salvo se as invocar para eximirse de obrigao legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestao alternativa, fixada em lei;
XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou
ameaa a direito;
XXXVI - a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito
e a coisa julgada;
XLIX - assegurado aos presos o respeito integridade fsica e
moral; (grifo nosso)
LIII - ningum ser processado nem sentenciado seno pela
autoridade competente;
Fonte de Publicao
Smula da Jurisprudncia Predominante do Supremo Tribunal
Federal Anexo ao Regimento Interno. Edio: Imprensa Nacional,
1964, p. 140.
Referncia Legislativa
Constituio Federal de 1946, art. 158.
Consolidao das Leis do Trabalho de 1943, art. 482; e art. 723.
Decreto-Lei n 9.070/1946, art. 10.
Precedentes
RE 46019
Publicaes: DJ de 21/11/1963
RTJ 30/423
RE 51529
Publicaes: DJ de 07/11/1963
RTJ 30/242
RE 53841
Publicao: DJ de 17/10/1963
RE 53698
Publicao: DJ de 19/09/1963
RE 32434 EI
Publicaes: DJ de 14/12/1961
RTJ 10/97
RE 48805
Publicao: DJ de 07/12/1961
RE 226966 RS
Relator(a):
Julgamento:
11/11/2008
r g o
Primeira Turma
Julgador:
Publicao:
Parte(s):
Ementa
Ementa: DIREITOS CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO DE GREVE.
SERVIDOR PBLICO EM ESTGIO PROBATRIO. FALTA POR MAIS DE TRINTA DIAS.
DEMISSO. SEGURANA CONCEDIDA.
1. A simples circunstncia de o servidor pblico estar em estgio probatrio no justificativa
para demisso com fundamento na sua participao em movimento grevista por perodo
superior a trinta dias.
2. A ausncia de regulamentao do direito de greve no transforma os dias de paralizao em
movimento grevista em faltas injustificadas.
3. Recurso extraordinrio a que se nega seguimento.
Dito tudo isto, deixo claro que qualquer ato praticado por agente pblico com o
intuito de constranger, pressionar ou ameaar professor substituto ou servidor
em estgio probatrio, caracteriza um ato arbitrrio e ilegal, tipificado como
caso de assdio moral. Caracterizado o ato aqui tipificado poder o prprio
professor ou servidor constrangido, pressionado ou ameaado denunciar este
fato a chefia imediata superior ao agente pblico assediador. O sindicato
tambm poder, caso entenda pertinente, denunciar. A presente denncia, em
tese, pode ser encaminhada ao Delegado da Polcia Federal ou ao Ministrio
Pblico Federal, caso o ofendido ou o sindicato assim entendam proceder.
Porm, considerando o momento atpico por que passa o nosso pas com a
troca de Presidente da Repblica e o perigoso ativismo judicial praticado pelo
Colendo Supremo Tribunal Federal, ser necessrio que este sindicato
acompanhe com ateno os desdobramentos do movimento paredista em
funo do julgamento ocorrido nesta Corte Suprema a respeito ao desconto
dos dias parados, Recurso Extraordinrio (RE) 693456, com repercusso geral.