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Aprender e Ensinar Com Foco Na Educação Híbrida PDF

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Aprender e ensinar com foco na educao hbrida

Lilian Bacich; Jos Moran


Revista Ptio, n 25, junho, 2015, p. 45-47. Disponvel em: http://www.grupoa.com.br/revistapatio/artigo/11551/aprender-e-ensinar-com-foco-na-educacao-hibrida.aspx

A integrao cada vez maior entre sala de aula e ambientes virtuais fundamental para abrir a
escola para o mundo e trazer o mundo para dentro da escola.

Hbrido significa misturado, mesclado, blended. A educao sempre foi misturada, hbrida,
sempre combinou vrios espaos, tempos, atividades, metodologias, pblicos. Agora esse
processo, com a mobilidade e a conectividade, muito mais perceptvel, amplo e profundo:
trata-se de um ecossistema mais aberto e criativo. O ensino tambm hbrido, porque no se
reduz ao que planejamos institucionalmente, intencionalmente. Aprendemos atravs de
processos organizados, junto com processos abertos, informais. Aprendemos quando estamos
com um professor e aprendemos sozinhos, com colegas, com desconhecidos. Aprendemos
intencionalmente e aprendemos espontaneamente.
Falar em educao hbrida significa partir do pressuposto de que no h uma nica forma de
aprender e, por consequncia, no h uma nica forma de ensinar. Existem diferentes
maneiras de aprender e ensinar. O trabalho colaborativo pode estar aliado ao uso das
tecnologias digitais e propiciar momentos de aprendizagem e troca que ultrapassam as
barreiras da sala de aula. Aprender com os pares torna-se ainda mais significativo quando h
um objetivo comum a ser alcanado pelo grupo.
Colaborao e uso de tecnologia no so aes antagnicas. As crticas sobre o isolamento que
as tecnologias digitais ocasionam no podem ser consideradas em uma ao escolar realmente
integrada, na qual as tecnologias como um fim em si mesmas no se sobreponham discusso
nem articulao de ideias que podem ser proporcionadas em um trabalho colaborativo.
Nesse sentido, um simples jogo ou atividade realizada no formato digital pode servir como
inspirao para uma ao integradora, e no individual.
As estratgias de conduo da aula devem ser repensadas. Os modelos de rotao, propostos
pelo Instituto Clayton Christensen (Christensen, 2012), podem ser utilizados com tal propsito.
Nessa abordagem, os estudantes so organizados em grupos e revezam as atividades
realizadas de acordo com um horrio fixo ou com a orientao do professor. As formas de
organizao das salas para os modelos de rotao so descritas a seguir.
1. Rotao por estaes: os estudantes so organizados em grupos, e cada um desses grupos
realiza uma tarefa de acordo com os objetivos do professor para a aula. Um dos grupos estar
envolvido com propostas on-line que, de certa forma, independem do acompanhamento
direto do professor. importante notar a valorizao de momentos em que os alunos possam
trabalhar colaborativamente e momentos em que trabalhem individualmente. Aps
determinado tempo, previamente combinado com os estudantes, eles trocam de grupo, e esse
revezamento continua at que todos tenham passado por todos os grupos. As atividades

planejadas no seguem uma ordem de realizao, sendo de certo modo independentes,


embora funcionem de maneira integrada para que, ao final da aula, todos tenham tido a
oportunidade de ter acesso aos mesmos contedos.
2. Laboratrio rotacional: os estudantes usam o espao da sala de aula e o laboratrio de
informtica ou outro espao com tablets ou computadores, pois o trabalho acontecer de
forma on-line. Assim, os alunos que forem direcionados ao laboratrio trabalharo nos
computadores individualmente, de maneira autnoma, para cumprir os objetivos fixados pelo
professor, que estar, com outra parte da turma, realizando sua aula da maneira que
considerar mais adequada.
A proposta semelhante ao modelo de rotao por estaes, em que os alunos fazem essa
rotao em sala de aula; porm, no laboratrio rotacional, eles devem dirigir-se aos
laboratrios, onde trabalharo individualmente nos computadores, sendo acompanhados por
um professor tutor. Esse modelo sugerido para potencializar o uso dos computadores em
escolas que contam com laboratrios de informtica.
3. Sala de aula invertida: a teoria estudada em casa, no formato on-line, por meio de leituras
e vdeos, enquanto o espao da sala de aula utilizado para discusses, resoluo de
atividades, entre outras propostas. No entanto, podemos considerar algumas maneiras de
aprimorar esse modelo, envolvendo a descoberta, a experimentao, como proposta inicial
para os estudantes, ou seja, oferecer possibilidades de interao com o fenmeno antes do
estudo da teoria. Diversos estudos tm demonstrado que os estudantes constroem sua viso
sobre o mundo ativando conhecimentos prvios e integrando as novas informaes com as
estruturas cognitivas j existentes para que possam, ento, pensar criticamente sobre os
contedos ensinados. Essas pesquisas tambm indicam que os alunos desenvolvem
habilidades de pensamento crtico e tm uma melhor compreenso conceitual sobre uma ideia
quando exploram um domnio primeiro e, a partir disso, tm contato com uma forma clssica
de instruo, como uma palestra, um vdeo ou a leitura de um texto.
4. Rotao individual: cada aluno tem uma lista das propostas que deve completar durante
uma aula. Aspectos como avaliar para personalizar devem estar muito presentes nessa
proposta, visto que a elaborao de um plano de rotao individual s faz sentido se tiver
como foco o caminho a ser percorrido pelo estudante de acordo com suas dificuldades ou
facilidades, identificadas em alguma avaliao inicial ou prvia. A diferena desse modelo para
outros modelos de rotao que os estudantes no rotacionam, necessariamente, por todas
as modalidades ou estaes propostas. Sua agenda diria individual, customizada conforme
as suas necessidades. Em algumas situaes, o tempo de rotao livre, variando de acordo
com as necessidades dos estudantes. Em outras situaes, pode no ocorrer rotao e, ainda,
pode ser necessria a determinao de um tempo para o uso dos computadores disponveis. O
modo de conduo depender das caractersticas do aluno e das opes feitas pelo professor
para encaminhar a atividade.
Concluso
A integrao cada vez maior entre sala de aula e ambientes virtuais fundamental para abrir a
escola para o mundo e trazer o mundo para dentro da escola. Outra integrao necessria a
de prever processos de comunicao mais planejados, organizados e formais com outros mais
abertos, como os que acontecem nas redes sociais, em que h uma linguagem mais familiar,

uma espontaneidade maior, uma fluncia constante de imagens, ideias e vdeos.


Os jogos e as aulas roteirizadas com a linguagem de jogos esto cada vez mais presentes no
cotidiano escolar. A combinao de aprendizagem por desafios, problemas reais e jogos com a
aula invertida muito importante para que os alunos aprendam fazendo, aprendam juntos e
aprendam no prprio ritmo. So muitas questes que impactam a questo da educao
hbrida, que no se reduz a metodologias ativas, ao mix de presencial e on-line, de sala de aula
e outros espaos. Essa prtica mostra que, de um lado, ensinar e aprender nunca foi to
fascinante graas s inmeras oportunidades oferecidas; de outro, pode ser frustrante devido
s dificuldades em conseguir que todos desenvolvam seu potencial e realmente se mobilizem
para evoluir sempre mais.
A educao hbrida precisa ser pensada no mbito de modelos curriculares que propem
mudanas, privilegiando a aprendizagem ativa dos alunos individualmente e em grupo,
escolhendo-se fundamentalmente dois caminhos: um mais suave, de mudanas progressivas, e
outro mais amplo, de mudanas profundas. No caminho mais suave, elas mantm o modelo
curricular predominante (disciplinar), mas priorizam o envolvimento maior do aluno, com
metodologias ativas, como o ensino hbrido, para a realizao de projetos, jogos de cunho mais
interdisciplinar e, em especial, a aula invertida para iniciar com a primeira aproximao a um
tema ou atividade no ambiente virtual e realizar o aprofundamento com a mediao do
professor no ambiente presencial.
As instituies mais inovadoras propem modelos educacionais mais integrados, sem
disciplinas. Organizam o projeto pedaggico a partir de valores, competncias amplas,
problemas e projetos, equilibrando a aprendizagem individualizada com a colaborativa;
redesenham os espaos fsicos, combinando-os aos virtuais com o apoio de tecnologias
digitais. As atividades podem ser muito mais diversificadas, com metodologias mais ativas, que
combinem o melhor do percurso individual e grupal.
As tecnologias mveis e em rede permitem no s conectar todos os espaos, mas tambm
elaborar polticas diferenciadas de organizao de processos de ensino-aprendizagem
adaptados a cada situao, ou seja, aos que so mais proativos e aos mais passivos; aos muito
rpidos e aos mais lentos; aos que precisam de muita tutoria e acompanhamento e aos que
sabem aprender sozinhos. Conviveremos nos prximos anos com modelos ativos no
disciplinares e disciplinares com graus diferentes de misturas, de flexibilizao, de
hibridizao.

Lilian Bacich psicloga, pedagoga e mestre em Educao. lilian.bacich@usp.br

Jos Moran doutor em Comunicao e professor aposentado da


USP. moran10@gmail.com

http://www.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/11551/aprender-e-ensinar-com-foco-naeducacao-hibrida.aspx

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