Vocabulário Lacaniano
Vocabulário Lacaniano
Vocabulário Lacaniano
A
A-B-C-D-E-F-G-H-I-L-M-N-O-P-R-S-T-V
AGENCIAMENTO (Agencement)
(J.B.F.):Termo qu srv para dEsignar globalmente tudo que se liga na
linguagem.
AGRESSIVIDADE (Agressivit) (J.B.F.):
Na primeira infncia, atitude do sujeito que visa a espedaar o corpo de
seus semelhantes, identificado com o seu prprio.
ALIENAO (Alination) (J.B.F.):
Relao de confuso entre si e os objetos, por falta de individualidade
prpria e de linguagem diferenciada.
ALINGUA:
O saber inconsciente, aquele que, segundo Lacan (1985 [1975], p. 190)
escapa do ser falante e, portanto, sabe-se sem saber; aquele que marca
o corpo (da a linguagem no dar conta dele) com significantes, sem a
mediao da significao. Ainda no mesmo seminrio citado (idem,
p.188), o autor acrescenta que a alngua serve pra coisas inteiramente
diferentes da comunicao, ou seja, no implica em dilogo, mas
comporta efeitos que so afetos (idem, p.190), da serem corpo
campo do real - e no palavra campo da linguagem.
Traduo adotada, a partir da publicao de Outros Escritos (Jorge Zahar,
2002), para o termo "lalangue", criado por Lacan a partir da juno do
artigo la ("a") com o substantivo langue ("lngua").
ANDRGINO (Androgyne) (J.B.F.):
Ser mtico anterior diferenciao dos sexos.
AUFHEBUNG (C.M.):
Para Hegel, o processo que anima o real e o racional - o ser e o
pensamento - obedece a um ritmo ternrio: a tese ou afirmao, a
anttese ou a negao e a sntese ou a negao da negao. esta
ltima que constitui o momento da Aufhebung ("ultrapassamentoconservao).
B
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BARRA (Barre) (J.B.F.):
Linha indicando uma relao (entre significante e significado) e que se
torna linha de separao.
C
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CADEIA (Chaine) (J.B.F.):
A linguagem enquanto formada de uma srie articulada de signos.
CASTRAO (Castration) (J.B.F.):
Interveno do pai, significando criana que ela no o falo e me
que ela no o tem.
D
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DEMANDA ou PEDIDO (Demande)
(J.B.F.):Transcrio do desjo no plano da linguagem.
DEMANDE (A.L.):
Vertemos de presto e invariavelmente por "pedido", que o que o
"paciente" nos faz em sua angstia. Demanda traz bolia conotaes
outras (relao de poder) que no vm ao caso.
DENOTAO (Denotation) (J.B.F.):
Linguagem primeira, corrente e objetiva.
DESEJO (Dsir) (J.B.F.):
Segundo Freud: movimento do aparelho psquico para a percepo do
agradvel e do desagradvel.
Segundo Lacan: mpeto visando preencher a falha aberta pela falta-a-ser
(ver esse termo).
DESFILE (Dfil) (J.B.F.):
A cadeia da linguagem enquanto coercitiva.
DESLOCAMENTO (Dplacement)
(J.B.F.):Derivao de um significante sobre outro por meio de uma associao de
sentido.
DIACRONIA (Diachronie) (J.B.F.):
Mudana do sistema da lngua pela passagem a um outro estado.
DISCURSO (Discours) (V. FALA)
(J.B.F.):Sentido extenso: A caeia falada, todo o alm da frase;
Sentido restrito: Nvel da obra que escapa s regras, narativas e da
competncia das regras de argumentao, de retrica.
DISCURSO (J.P.L.):
No equivale, em psicanlise, nem lngua nem fala. Lacan chamou
E
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ECART (A.L.)
estampamos como "desvio". o sentido exato na distribuio da curva de
Gaus. No sentido leclairiano, o espao criado na diferena de uma
superfcie. A borda permanente do formen, exempligratia, alterada
(diferena) pela carcia de um dedo.
DIPO (OEdipe) (J.B.F.):
Segundo Freud: Primeiro encontro da dif renciao sexuaL.
Segundo Lacan: Esse mesmo encontro ligado ao acesso ordem da
linguagem.
EFEITO DE SENTIDO (Effet de sens)
(J.B.F.):Emprego particular dum lexema (palavra).
EGO (Moi) (J.B.F.):
Instncia do indivduo enquanto ao nvel do imaginrio. Se ope Sujeito
(ver este termo).
EMBREADOR (Embrayeur) (Shifter)
(J.B.F.):Unidade gramatical cuja funo dupla; ao mesmo tempo convencional e
"existencial". Por isso relaciona a mensagem comunicada e o ato de
comunicao.
ENUNCIAO (Enonciation) (J.B.F.):
O ato de comunicar uma mensagem.
ENUNCIADO (Enonc) (J.B.F.):
A mensagem manifestada, comunicada.
ERGENA (zona) (Zone erogne)
(J.B.F.):Zona do corpo onde se concentram as pulses (os mpetos a retomar).
F
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"FADING" (Fadiga do sujeito) (J.B.F.):
Eclipse do sujeito, produzida pela Fenda (ver este termo).
FALA ou DISCURSO (Parole) (J.B.F.):
A linguagem enquanto falada concretamente segundo variaes
individuais.
FALO (Phallus) (J.B.F.):
O atributo paterno, significante primeiro 3e toda a cadeia de significantes
inconscientes e conscientes.
FALTA-A-SER (Manque-a-tre) (J.B.F.):
Condio de existncia do sujeito separado do complemento materno.
FANTASMA (Fantasme) (J.B.F.):
Incio de simbolizao de um desejo inconsciente.
FENDA (Fente) (J.B.F.):
Diviso entre discurso consciente e inconsciente.
FONOLOGIA (Phonologie) (J.B.F.):
Cincia que estuda as rela~ entre os sons recolhidos pela linguagem.
G
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GRAMTICA GERATIVA (Grammaire
gnrative) (J.B.F.):Gramtica que estuda as regras de transformao das frases (Noam
Chomsky).
GOZO (J.P.L.):
Quando o termo empregado por analistas, no se deve entend-lo em
sua acepo usual, ainda que nem por isso esteja dissociado dela. Com
efeito, comumente o termo "gozar" remete ao gozo sexual e, a esse ttulo,
deixa entender que parcialmente tem uma ligao com o prazer. Mas,
simultaneamente, o gozo est alm do prazer. Alis, Lacan indicou que o
prazer era uma maneira de se proteger do gozo. Da mesma forma que
Freud indicava que havia um "alm do princpio do prazer". Assim, beber
um vinho de qualidade pode ser qualificado de prazer, mas o alcoolismo
transporta o sujeito para um gozo do qual ele seria, sobretudo, o escravo.
Por extenso, a palavra pode ser utilizada para designar o prprio
funcionamento de um sujeito enquanto aquele que repete
infatigavelmente tal ou qual comportamento sem de modo nenhum saber
o que o obriga a assim permanecer - como um rio - no leito desse gozo.
H
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HIANCE (A.L.):
neologicamente traduzido por hincia. Termo j justificado, alhures,
Psicanalisar de Serge Leclaire. Cf. pginas internas.
HINCIA (Bance) (J.B.F.):
Falha entre a falta-a-ser e o complemento materno.
I
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IDEOLOGIA (Idologie) (J.B.F.):
Conjunto dos significados de conotao.
IMAGINRIO (Imaginaire) (J.B.F.):
Caracteriza a relao desprovida de individualidade distinta por falta dum
acesso verdadeiro linguagem.
IMAGINRIO (A.V. e L.C.M.):
Um dos trs registros essenciais do campo psicanaltico tambm o
primeiro efeito da estruturao do sujeito para o outro. No
L
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LANGAGE (A.L.):
quase sempre traduzimos por "linguagem"; por vezes "fala" se impunha,
visto que se tratava diretamente daquilo com que o analista lida.
LEI DO PAI (Loi du pre) (J.B.F.):
Manifestaes pelas quais o pai, detentor do falo, representa a
linguagem, a cultura, e instaura a configurao familial das trs
individualidades.
LETRA (Lettre) (J.B.F.):
A linguagem em suas transcries cultura j na escrita.
LNGUA (Langue) (J.B.F.):
Instituio social de signos codificveis.
LINGUAGEM (Langage) (J.B.F.):
Termo que recobre ao mesmo tempo a lngua e a fala (langue/parole).
M
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N
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NARCISISMO (Narcissisme) (J.B.F.):
Caracterstico da relao de identificao entre o Ego (Moi) e: a me, a
imagem, o outro.
NECESSIDADE (Bsoin) (J.B.F.):
Transcrio no organismo da falta-a-ser (ver este termo).
NEUROSE (Nvrose) (J.B.F.):
Maneira (deficiente) de percorer a ordem da linguagem segundo relaes
que permaneceram imaginrias (recalcadas).
N BORROMEANO (J.P.L):
Objeto matemtico advindo da topologia e utilizado por Lacan desde 1972
para mostrar a articulao dos trs registros, Real, Simblico e
Imaginrio. O n borromeano se caracteriza pelo enlaamento de trs
"anis" ou "cordinhas de barbante" tal que a ruptura de um acarreta o
desligamento dos trs. Tratava-se tambm da figura inscrita no braso de
famlias dos borromeanos que assim selava sua indissolvel amizade
com outras grandes famlias italianas.
NOM-DU-PRE (A.L):
neologicamente, Nome-do-Pai. Os hfens na grafia coalescem a palavravalise no conceito tcnico lacaniano.
O
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OBJETO a (J.P.L.):
Propriamente falando, trata-se da "inveno" de Lacan, e segundo seus
prprios termos. O objeto a o objeto causa do desejo. No
representvel como tal, "perda" implicada pela fala, mas que vai dar lastro
ao conjunto da cadeia significante, ele vai, por isso, dar ao sujeito "sua
consistncia" - consistncia paradoxal, j que s se sustenta por essa
perda.
OUTRO (Autre) (J.B.F.):
Toda a ordem da linguagem que constitui ao mesmo tempo a cultura
trans-individual e o inconsciente do sujeito.
OUTRO (J.P.L.):
Lacan muito rpido escreveu Outro - outro com uma letra maiscula para distingui-lo do parceiro. Trata-se aqui, ento, de um lugar, que em
particular o lugar da linguagem, situado para alm de qualquer pessoa e
onde se situa o que anterior ao sujeito e que, entretanto, o determina.
a me que ocupa o lugar de primeiro Outro para o sujeito, o que quer
dizer que ela que torna presente para a criana essa cena em que sua
subjetividade vai ser construda por palavras exteriores a ela prpria antes
que ela se aproprie delas. A me, ento, empresta seu corpo a ser para a
criana esse lugar do Outro, que tambm o lugar da linguagem, o lugar
dos significantes.
P
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PARADIGMA (Paradigme) (J.B.F.):
Oposio significante entre dois ou mais termos.
PAROLE (A.L.):
normalmente vertido por "fala", o que de cotio. Mas, s vezes,
empregamos simplesmente "palavra". Dizemos, com efeito: "Com fulano a
palavra". "Tomo a palavra..."
PASSE (A.L.):
passe. J. Lacan, a fim de restituir a formao de analista verdade,
suprime a chamada psicanlise didtica, elimina o "rito inicitico" e prope
o conceito de passe..Passe resume-se nesse difcil conceito: "O analista
no se autoriza seno por si mesmo". A multifacetada utilizao
imaginria que passe pode embrear, quer para passantes quer para
passadores, exige profundo exame. O termo vem mencionado no prefcio
de Lacan; a autora, contudo, no o ventila.
PENIS (Pnis) (J.B.F.):
O rgo sexual masculino, no sentido anatmico.
PLENO (discurso) (Parole pleine)
(J.B.F.):O discurso de interpretao e de cura, emitido pelo psicanalista.
PSICOSE (Psychose) (J.B.F.):
Deficincia radical - efeito da forcluso (ver este termo) - que se traduz
por uma inaptido a relacionar corretamente o significante ao significado
ou o significado ao significante.
PULSO (Pulsion) (J.B.F.):
Impeto que invade a criana por causa de sua falta-a-ser (ver este termo).
R
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REAL, O (A.V. e L.C.M.):
Juntamente com o Imaginrio e o Simblico, constitui um dos registros
mediante os quais Lacan explicita o campo da Psicanlise e a
antropognese da espcie humana. O Real aparece como um corte na
estrutura do Sujeito. Este corte, operado pelo entrecruzamento dos outros
S
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SABER (Savoir) (J.B.F.):
Resistncia do sujeito verdade da linguagem, pelas iluses imaginrias
de conhecimento objetivo que ele se oferece.
SEMBLANTE (J.P.L.):
A categoria de Semblante, para Lacan, no remete ao falso semblante. Ao
contrrio, o Semblante designa o que organiza a vida psquica para alm
do que seria uma aparncia por oposio a uma essncia. O Semblante
deve ser relacionado com a Verdade. Assim, pelo fato da falta e da
defasagem introduzida pela linguagem, no difcil dar-se conta de que
somos todos um pouco divididos, nunca completamente garantidos do
que afirmamos, sempre um pouco no Semblante - mas irredutvelmente e,
ento, sem nenhuma conotao pejorativa. Tal , antes, nossa verdade
de humanos.
SEMNTICA (Smantique) (J.B.F.):
Cincia dos signos do ponto vista dos signicados.
SEMIOLOGIA (Smiologie) (J.B.F.):
Cincia dos signos do ponto de vista dos significantes.
SIGNIFICADO (Signifi) (J.B.F.):
No sentido semiolgico: parte ' signo que est "escondida", imaterial.
No sentido lacaniano: aquilo a que remete o significante, mas que, no
inconsciente, inarticulvel.
SIGNIFICANTE (Signifiant) (J.B.F.):
No sentido semiolgico: parte do signo que perceptvel (visvel,
audvel).
No sentido lacaniano: a definio acima aceita no que se refere ao
consciente. No inconsciente, o significante o que pode se articular em
um sistema, uma cadeia (a partir do significante primeiro, o falo).
SIGNO (Signe) (J.B.F.):
O todo formado por um significante e um significado.
SIMBLICO (Symbolique) (J.B.F.):
No sentido lacaniano: coextensivo a toda a ordem da linguagem.
SMBOLO (Symbole) (J.B.F.):
No sentido semiolgico: signo qual as relaes entre significantes e
significados comportam uma certa analogia.
SINCRONIA (Synchronie) (J.B.F.):
Abstrao segundo a qual um sistema estudado independente do tempo
(cronolgico).
SINDOQUE (Synecdoque) (J.B.F.):
Figura de retrica que nom com maior exatido o modo de substituio de
sentido designado sob o nome de "metonmia".
T
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TRIDICA (relao) (Relation triadique)
(J.B.F.):Relao onde os trs "papis" (o pai, a me, a criana) se explicitaram.
V
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VAZIO (discurso) (Parole vide) (J.B.F.):
Fala aparentemente insignificante, "neutra", do psicanalista para que o
paciente "esvazie" tudo o que construiu.
VERDADE (Verit) (J.B.F.):
Momento do discurso pleno, da interpretao, da cura, o sujeito e o
psicanalista concordando sobre a ordem simblica.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
(J.P.L.) = Jean-Pierre Lebrun - MELMAN, Charles. O homem sem gravidade, Ed. Companhia de Freud.
(J.B.F.) = FAGES, J. B. Para compreender Lacan, Ed. Rio.
(A.L.) = LEMAIRE, A. Jacques Lacan uma introduo, Ed. Campus.
(A.V. e L.C.M.) = Vallejo, A. e Magalhes, L.C. LACAN: OPERADORES DA LEITURA. Ed. Perspectiva.