Manual BRT PDF
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ERMNIA MARICATO
Ministra Adjunta / Secretria-Executiva
Apresentao
O Ministrio das Cidades foi criado em 1 de de transporte e da mobilidade urbana como
janeiro de 2003, conforme previsto no Programa estratgia para a implantao das polticas
de Governo do Presidente Luis Incio Lula da SeMob, foi establecida parceria com o Institute
Silva, em resposta a um anseio da sociedade for Transport and Development Policy (ITDP)
civil organizada. O Ministrio encarregado para a publicao em lngua portuguesa do livro
de polticas para o desenvolvimento das cidades Bus Rapid Transit (BRT), denominado Manual
nas reas de transporte e mobilidade urbana, de BRT. O objetivo da publicao contribuir
trnsito, habitao e saneamento, bem como os para o aperfeioamento e desenvolvimento dos
programas necessrios para a sua execuo. recursos humanos responsveis pelo planeja-
Por meio de suas Secretarias, tem entre suas mento, regulao e gesto do transporte e da
atribuies a elaborao, implantao e realiza- mobilidade urbana, tanto no mbito municipal
o de aes voltadas capacitao de quadros quanto metropolitano.
tcnicos e de agentes pblicos de governos A tecnologia dos sistemas de transportes com
municipais e estaduais para a gesto eficiente operao exclusiva em corredores de nibus
das cidades e aglomerados urbanos e regies (Sistema BRT) proporciona alta qualidade,
metropolitanas. rapidez, conforto e eficincia, com a reduo de
A Secretaria Nacional de Transporte e da custos operacionais na infra-estrutura de mobi-
Mobilidade Urbana (SeMob), especifica- lidade e acessibilidade urbana. Pode ser de duas
mente, responsvel por formular e materia- a 20 vezes mais barato do que a de sistemas com
lizar a Poltica Nacional de Transportes e da capacidade semelhante, como o de veculos leves
Mobilidade Urbana; apoiar o desenvolvimento sobre trilhos (VLT) e, cerca de 100 vezes mais
institucional, regulatrio e de gesto de setor; e econmicos do que as tecnologias metrovirias.
coordenar aes para integrao das polticas de Os BRTs tiveram por precursoras as cidades de
transporte e da mobilidade urbana e a integra- Curitiba (Brasil) e Bogot (Colmbia), e esto
o dessas com as demais polticas de desenvol- implantados em mais de 40 cidades de seis
vimento urbano. continentes.
Considerando essas atribuies e compreen- Marcio Fortes de Almeida
dendo a importncia da capacitao no setor Ministro de Estado das Cidades
i
Publicado por: Institute for
Transportation & Development Policy
127 W. 26th Street, Suite 1002
New York, NY 10001
USA
mobility@itdp.org
http://www.itdp.org
MINISTRIO DAS CIDADES
Desenvolvido com o apoio de: Esplanada dos Ministrios Bloco A
The William and Flora Hewlett Foundation Braslia DF CEP 70050-901
BRASIL
Global Environment Facility /
United Nations Environment Programme Traduo a partir da 3. edio
(junho de 2007) do BRT Planning Guide
Deutsche Gesellschaft fr
Technische Zusammenarbeit (GTZ) GmbH
Fotos: Capa:
TransMilenio de Bogot
Editores: Lloyd Wright Foto por Karl Fjellstrom
Researcher / Pesquisador
Contra capa:
Bartlett School of Planning
TransMilenio de Bogot
University College London
Foto por Lloyd Wright
Walter Hook
Traduo: Arthur Szsz
Executive Director / Diretor Executivo
Institute for
Reviso: Lena Aranha
Transportation & Development Policy
Diagramao: Klaus Neumann, SDS, G.C.
ii
Manual de BRT
Bus Rapid Transit
Guia de Planejamento
Dezembro 2008
Autores colaboradores:
(em ordem alfabtica)
iii
Prefcio
Pela distrao vagueamos, pela realizao um elemento em um pacote de medidas que
viajamos. pode transformar cidades em lugares mais
Hillaire Beloc, escritor, 18701953 habitveis. A integrao do BRT com o trans-
O acesso a empregos, educao e servios porte no-motorizado, polticas de uso do solo
pblicos parte das necessidades fundamentais e medidas de restrio do uso de carros progres-
para o desenvolvimento humano. Um sistema sivas fazem parte de um pacote de sustentabili-
de transporte pblico eficiente e de preo justo dade que pode servir de base para um ambiente
conecta as pessoas com a vida diria. Muitas urbano saudvel e eficiente. Nesse sentido, o
cidades, no entanto, desistiram do verdadeiro BRT representa um pilar em meio a esses esfor-
transporte pblico, deixando as necessidades de os para melhorar a qualidade de vida urbana
mobilidade exclusivamente nas mos de vecu- de todos os segmentos da sociedade e, especial-
los particulares e de operadores de transporte mente, para oferecer maior igualdade entre toda
coletivo, desordenados e sem regulamentao. a populao.
Essas cidades esto bastante despreparadas para O Manual de BRT representa o pice de cinco
as consequncias, incluindo srios congestio- anos de esforos para documentar e aperfeioar
namentos, poluio do ar e sonora, acidentes o estado da arte das solues de transportes de
e perda do senso de comunidade. Um sistema custo eficiente para cidades. O presente docu-
de transporte pblico de alta qualidade ainda mento a terceira edio desse publicao. A
um elemento indispensvel no desenvolvimento produo de novas verses em breves intervalos
de uma cidade onde as pessoas e a comunidade um indicativo da velocidade com que o con-
vm em primeiro lugar. ceito de BRT cresce e evolui. As duas primeiras
O BUS RAPID TRANSIT (BRT) cada vez verses foram desenvolvidas por Lloyd Wright
mais reconhecido como uma das solues mais e publicadas por meio do Projeto de Transporte
eficientes para oferecer servios de transporte Urbano Sustentvel da Agncia Alem para
de alta qualidade a custos eficientes em reas Cooperao Tcnica Mundial (SUTP GTZ).
urbanas, tanto nos pases desenvolvidos quanto Essa nova edio foi expandida para incluir a
em pases em desenvolvimento. O aumento da experincia de uma maior gama de profissio-
popularidade do BRT como soluo vivel para nais que trabalharam diretamente na prtica
a mobilidade urbana enfatizado pelo sucesso da implementao de sistemas. Alm disso,
de implementaes pioneiras em cidades como medida que novos projetos foram implementa-
Curitiba, Bogot e Brisbane. O BRT, ao permi- dos, a base de conhecimento sobre alguns temas,
tir a oferta de uma rede funcional de corredores como desenho de linhas, tecnologia da informa-
de transporte pblico, conseguiu que at mesmo o, cobrana de tarifas e veculos, expandiu-se
cidades com pouca renda desenvolvessem um de forma relevante.
sistema de transporte de massas que servisse s Este manual traz primeiro uma viso geral do
necessidades dirias de viagens do pblico. conceito BRT, incluindo a definio e a evolu-
Entretanto, BRT no diz respeito apenas a o histrica. O manual prossegue com a descri-
transportar pessoas. Antes, o BRT representa o, passo a passo, do processo de planejamento
iv
do BRT. O Manual de BRT abrange seis com- as mais bem-sucedidas aplicaes prticas de
ponentes principais: I. Preparao do Projeto; BRT vieram de cidades como Bogot, Curitiba
II. Projeto Operacional; III. Projeto Fsico; IV. e Guayaquil, as naes desenvolvidas tm muito
Integrao; V. Plano de Negcios; VI. Avaliao que aprender com o mundo em desenvolvi-
e Implementao. No total, so 20 captulos mento. Alm disso, como a segurana energtica
diferentes cobrindo diversos cenrios e tpicos e a ameaa da mudana climtica se torna-
de planejamento, incluindo comunicaes, ram tpicos relevantes que preocupam todas
anlise de demanda, planejamento operacional, as naes, oferecer transporte pblico efetivo
servio ao usurio, infra-estrutura, integra- deveria ser um objetivo fundamental para todas
o modal, tecnologia veicular e tecnologia de as cidades, independentemente de sua denomi-
cobrana, estruturas institucionais, custeio, nao econmica.
financiamento, marketing, avaliao, planeja- O BRT sozinho no resolver a mirade de
mento de construo e contratao. Finalmente, problemas sociais, ambientais e econmicos
essa publicao enumera uma amplitude de que desafiam os centros urbanos mundo afora.
fontes de informao que podem auxiliar a Entretanto, o BRT mostrou ser um catalisa-
cidade em seus esforos para planejar um BRT. dor efetivo na transformao das cidades em
O Manual de BRT foi concebido como um ambientes mais habitveis e amigveis. A fora
documento para guiar a diversa gama de do BRT reside em sua capacidade de promover
profissionais envolvidos na execuo de servi- um sistema de transporte de massa de quali-
os de transporte pblico em reas urbanas. dade que se encaixa no oramento da maioria
Planejadores pblicos e consultores se benefi- dos municpios, mesmo nos de cidade de baixa
ciaro em especial da documentao passo a renda. O BRT provou que a barreira para o
passo do processo de desenvolvimento de BRT. transporte eficiente no depende de um alto
Entretanto, ONGs envolvidas com transpor- custo ou de alta tecnologia. Planejar e imple-
tes, ambiente e desenvolvimento comunitrio mentar um bom sistema de BRT no fcil.
tambm acharo estas informaes teis na Este manual tem a inteno de tornar a tarefa
realizao de seus objetivos. Adicionalmente, um pouco mais fcil. O ingrediente principal,
outros participantes do processo, incluindo entretanto, no a capacidade tcnica: a von-
organizaes empresariais, agncias governa- tade poltica para fazer acontecer.
mentais nacionais e regionais e organizaes
Lloyd Wright
de desenvolvimento internacional tambm so
University College London (UCL) e Viva
parceiros estratgicos que se beneficiaro do
conhecimento da alternativa de BRT. Walter Hook
O Manual de BRT foi originalmente desen- Institute for Transportation & Development
volvido para funcionrios pblicos em cidades Policy (ITDP)
de naes em desenvolvimento, e a maioria do
conhecimento apresentado aqui foi desenvolvido
nas cidades dessas naes. Dado que, at hoje,
v
vi
Agradecimentos informaes muito teis. Alm disso, o ex-dire-
A produo deste Manual de BRT se beneficiou tor da TransMilenio, Edgar Enrique Sandoval,
da experincia de cidades e profissionais do aplicou sua experincia para fornecer uma
mundo todo. Sob muitos aspectos, o BRT deve grande variedade de sugestes ao Manual de
sua existncia criatividade e determinao de BRT. Da mesma forma, Dario Hidalgo, outrora
Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba (Brasil) e vice-diretor da TransMilenio e agora com a
ex-governador do Estado do Paran. Curitiba foi empresa Booz Allen Hamilton deu assistncia
o marco desse primeiro passo vital na compreen- ao fornecer uma grande quantidade de infor-
so de uma viso de oferta de transporte baseada maes, incluindo-se a ideias brilhantes para o
no usurio. O ex-prefeito Lerner e sua equipe desenvolvimento inicial do projeto.
municipal usaram de bastante criatividade no Pedro Szsz, renomado engenheiro de
desenvolvimento de um sistema de metr de transportes, que teve papel chave ajudando
superfcie, que precedeu o BRT. TransMilenio alcanar suas inigualveis capaci-
Posteriormente, a liderana do ex-prefeito de dade e velocidade, contribuiu enormemente para
Bogot, Enrique Pealosa, levou ao desenvolvi- as sees sobre operao e projeto. Igualmente,
mento do sistema TransMilenio de Bogot no as informaes e interaes constantes com
final da dcada de 1990. O sistema de Bogot consultores brasileiros como Wagner Colombini
provou a aplicabilidade de BRT, at mesmo nos (Logit Engenharia), Paulo Custdio e Arthur
cenrios urbanos mais extensos e complexos. Szsz ofereceram inestimveis pontos de vista
Alm disso, o ex-prefeito Pealosa se tornou um para este texto.
embaixador mundial do transporte sustentvel.
Csar Arias, que atuou em papel chave no desen-
Juntas, as histrias de Curitiba e de Bogot
volvimento do sistema BRT de Quito e agora
so hoje a base para que mais e mais cidades se
engajem na transformao urbana conduzida faz o mesmo na cidade de Guayaquil, ofereceu
pelo BRT e por um pacote de outras medidas informaes sobre o desenvolvimento de BRT
para o transporte sustentvel. nessas cidades. Da mesma maneira, Hidalgo
Nuez e Cecilia Rodriguez do Departamento de
No mera coincidncia que muitas pessoas Transporte de Quito ofereceram muita assistn-
envolvidas com este guia tiveram papis centrais
cia na documentao da experincia de Quito.
no planejamento e na implementao de siste-
mas BRT em todo o mundo. A experincia de Na sia, lies valiosas emergiram de nossa
planejadores do Brasil, Colmbia e demais luga- parceria com a Corporao Municipal de
res ajudou dramaticamente a melhorar a quali- Desenvolvimento de Tecnologia, parte da
dade desta terceira edio do Manual de BRT. Comisso de Construo de Ghuangzhou e com
o escritrio de Beijing da Energy Foundation.
Este livro apoiou-se centalmente na equipe que
projetou o sistema TransMilenio de Bogot. Reconhecimento especial tambm deve ser
A firma de consultoria Akiris, especialmente estendido a Lin Wei e a todo o time da cidade
Juan Carlos Diaz, ajudou a esboar as sees de Kunming que desenvolveu o primeiro projeto
do manual sobre a preparao do projeto, de BRT da China. Adicionalmente, as informa-
comunicaes e tecnologia. Sob a orientao es do Dr. Jason Chang e Kangming Xu aju-
de Luis (Pilo) Willumsem, a equipe da Steer daram a documentar as primeiras experincias
Davies Gleave forneceu informaes sobre na China e em Taiwan. Na ndia, o Dr. Dinesh
as sees de anlise de demanda e operaes. Mohan e Dr. Geetam Tiwari do Instituto
Jarko Vlasak, quem ajudou a conduzir a equipe Indiano de Tecnologia em Delhi so pioneiros
que desenvolveu as estruturas institucionais nos esforos por l, e muitos elementos deste
e de negcios para o TransMilenio, forneceu manual resultam da riqueza de suas contribui-
as informaes desses tpicos no Manual de es, em especial sobre a integrao de acessos
BRT. Anglica Castro, atual Diretora Executiva de pedestres e pequenos vendedores ao ambiente
da TransMilenio S.A., e outros membros das estaes, Dr. Tiwari ofereceu vises singu-
da empresa pblica de BRT, TransMilenio lares para esse guia. Reconhecimento tambm
S.A., tambm ofereceram inmeras ideias e precisa ser estendido a DKI Jakarta e s valiosas
vii
lies aprendidas durante o desenvolvimento do de Dennis Hinebaugh, Georges Darido e
sistema de BRT TransJakarta. Alasdair Cain no Instituto Nacional de BRT
Na frica, a cidade de Dar es Salaam segue pelo da Universidade do Sul da Flrida foi muito
mesmo caminho, destinada a provar que um gentil oferecendo dados e imagens para esse
sistema de transporte pblico de alta qualidade Manual de BRT. Tambm, Bill Vincent da
possvel mesmo em cidades com recursos finan- Breakthrough Technologies foi inspirador do
ceiros limitados. A chegada do sistema de BRT a BRT nos Estados Unidos e em outros lugares
Dar es Salaam dever impulsionar esforos simi- e ajudou e desenvolver um dos vdeos mais
lares por todo o continente africano. A interao efetivos sobre BRT at hoje. Kate Blumberg do
com Raymond Mbilinyi e Asteria Mlambo da Conselho Internacional do Transporte Limpo
Unidade de Gerenciamento de Projetos de Dar (ICCT) contribuiu com muitas ideias sobre a
es Salaam em conjunto com a equipe da Logit qualidade do ar e a tecnologia de combustveis
Engenharia ofereceu inestimvel orientao para este livro. Em termos de cidades, agrade-
aos temas apropriados para se trabalhar sob o cemos os esforos dos funcionrios de Brisbane,
contexto africano. Nagoya, Ottawa e Rouen, que fizeram uma
relevante diferena para o aprofundamento do
O manual se beneficiou no apenas das avan-
adas experincias das naes em desenvolvi- conceito de BRT.
mento, mas tambm do crescente nvel de inte- Muitos profissionais internacionais de trans-
resse por BRT na Austrlia, Europa Ocidental, porte trabalham para se certificar que conceitos
Japo e Amrica do Norte. Um compendium como o BRT sejam integrados ao contexto local.
de experincias desenvolvidas pelo Programa Michael King da Nelson Nygaard Consultores
Cooperativo de Pesquisa em Transporte Pblico o principal autor da seo do manual que versa
(TCRP) foi uma fonte rica sobre experincias sobre a integrao de BRT com acessos de pedes-
mundiais com BRT. Sam Zimmerman, hoje no tres. Todd Litman do Instituto de Planejamento
Banco Mundial, e Herbert Levinson, um con- de Transporte Victoria (VTPI) deu grandes
sultor de transportes independente, lideraram contribuies s sees sobre integrao de BRT
esses esforos e ajudaramo presente textocom com planejamento de uso do solo e sobre BRT
contribuies brilhantes. inserido na estrutura de desenvolvimento orien-
Heather Allen e toda a equipe da Unio tado ao transporte (TOD). O VTPI continua
Internacional de Operadores de transporte sendo um recurso valioso para o movimento
Pblico (UITP) ajudaram a compartilhar do transporte sustentvel. Tambm, atravs da
as experincias de sua sociedade de forma a cooperao com Nancy Kete, Lee Schipper e
fortalecer este manual. Franois Rambaud, do todo o time do Programa Embarq do Instituto
Centro Francs de Pesquisa sobre Transporte e de Recursos Mundiais (WRI) e o Centro para o
Urbanismo (CERTU) tambm foi muito til Transporte Sustentvel, na Cidade do Mxico,
em registrar os desenvolvimentos do BRT na valiosas ideias formam inseridas.
Frana, assim como foi Werner Kutil da Veolia Muitas organizaes internacionais esto prestes
Transport. Apreo ainda estendido a Dave a transformar o BRT na tendncia dominante
Wetzel, Vice-Presidente da Transporte para de opo para cidades em todo o mundo. O
Londres (TfL), que contribuiu enormemente Banco Mundial e o Fundo Global para o Meio
para estratgias financeiras inovadoras como o Ambiente (GEF) esto equipados para apoiar
conceito de um Tributo de Benefcio Territorial as iniciativas de BRT em uma gama de cidades,
(Land Benefit Levy, LBL). incluindo: Hani, Lima, Cidade do Mxico
Adicionalmente, esforos para chamar aten- e Santiago. Gerhard Menckhoff, consultor
o para a opo de BRT so aprofunda- do Banco Mundial foi, particularmente, o
dos por diversas organizaes dos Estados instrumento desse processo e fez contribui-
Unidos, incluindo a Administrao Federal es substanciais para muitos elementos neste
de Transportes Pblicos dos EUA (USFTA), a manual. Igualmente, Peter Midgley, outrora
Associao Americana de Transporte Pblico especialista de transportes do Banco Mundial
(APTA), e a WestStart-CALSTART. A equipe e pioneiro no desenvolvimento do conceito de
viii
BRT, tambm forneceu assistncia para este apoio ao desenvolvimento das duas primeiras
guia. Outros no Banco Mundial, envolvidos de verses do Manual de BRT. Da mesma forma, a
perto com a transformao de projetos de BRT GTZ tambm deu apoio a esta terceira edio,
em realidade, incluem Mauricio Cullar, Pierre alm de continuar a apoiar a disseminao dos
Graftieaux e Shomil Mehndiratta. Ainda mais, conhecimentos sobre BRT atravs de cursos de
Cornie Huzienga e sua equipe da Iniciativa do treinamento.
Ar Limpo para Cidades Asiticas (CAI-sia)
Finalmente, muito se aprende ao tornar as
trabalham para melhorar a qualidade das cida-
ideias de BRTs em realidade nas ruas. A maioria
des asiticas atravs da promoo de medidas
das valiosas lies apresentadas aqui resulta da
como BRTs. Os esforos na sia tambm so
persistncia e pacincia de pessoas em situaes
assistidos atravs do programa de Kazunobu
estratgicas, posies essas, quase sempre, muito
Onogawa, Choudhury Mohanty e outros no
difceis. Muitos membros do pessoal estrat-
Centro para o Desenvolvimento Regional
gico do Instituto de Polticas de Transporte e
das Naes Unidas (UNCRD): Transporte
Ambientalmente Sustentvel (EST). Desenvolvimento (ITDP) estiveram na prtica,
providenciando assistncia tcnica direta a cida-
Esta verso mais recente do manual no teria se des em desenvolvimento perseguindo opes de
tornado uma realidade sem a viso e o suporte transporte sustentvel. Do time do ITDP, Oscar
de muitas organizaes essenciais. A Hewlett Diaz desempenhou papel crtico na coleo de
Foundation se destaca como uma das princi- informaes sobre TransMilenio; igualmente,
pais organizaes catalisadoras em tornar o o trabalho de John Ernst na Indonsia, Eric
BRT possvel em pases como o Brasil, China
Ferreira no Brasil, Karl Fjellstrom na China
e Mxico. Temos grande apreo por Joseph
e na Tanznia e Aime Gauthier no Senegal
Ryan e Hal Harvey da Hewlett Foundation
e na frica do Sul, serviram de base para as
por sua crena no BRT como a opo susten-
idias compartilhadas aqui. Um agradecimento
tvel para as cidades das naes em desenvol-
especial tambm dado a Klaus Neumann que
vimento. Igualmente, Sheila Aggarwal-Kahn
providenciou o projeto visual e formatao deste
e Lew Fulton do Programa Ambiental das
documento.
Naes Unidas (UNEP) trabalharam com o
Secretariado do Fundo Global para o Meio No total, o Manual de BRT a soma do traba-
Ambiente (GEF) para conseguir uma contri- lho de algumas das mentes mais experientes no
buio substancial tanto no contedo quanto empenho de melhorar as condies do trans-
nos recursos financeiros para a publicao deste porte pblico mundo a fora. O contedo deste
manual. Adicionalmente, Manfred Breithaupt livro oferece ao leitor uma viso reveladora das
e o Projeto de Transporte Urbano Sustentvel promessas e dos ltimos feitos dos sistemas de
(SUTP) da GTZ tiveram papel fundamental no Bus Rapid Transit.
ix
Acrnimos DANIDA Danish International Development
Agency (Agncia Dinamarquesa para
ADB (BDA) Asian Development Bank (Banco de o Desenvolvimento Internacional)
Desenvolvimento Asitico) dB Decibel
AfDB (BAD) African Development Bank (Banco DFID Department for International Devel-
Africano de Desenvolvimento) opment (Departamento de Desen-
AGV Automatic Guided Vehicle (Veculos volvimeto Internacional, Reino Unido)
Guiados Automaticamente) DKI Territrio Especial da Capital
ALS Area Licensing Scheme (esquema (Jacarta, Indonsia)
de licenciamento de reas) DLT Development Land Tax
ANTP Associao Nacional de EF Energy Foundation
Transportes Pblicos (Brasil) (Fundao da Energia)
APS Acessible Pedestrian Signals EI Expresso de Interesse
(Semforos de pedestres com
acessibilidade) EIA Estudo de Impacto Ambiental
APTA Associao Americana de EMBARQ PRograma de Transporte do WRI
Transporte Pblico (EUA) ERP Electronic Road Pricing
AVL Automatic Vehicle Location (cobrana eletrnica de uso de vias)
(localizao automtica de veculos) EST Programa do Transporte Ambiental-
BAD (AfDB) Banco Africano de Desenvolvimento mente Sustentvel (UNCRD)
(African Development Bank) EU (EU) European Union (Unio Europia)
BAPC Banco da frica do Leste e da EURO 1, 2 Padro de emisses de poluentes
frica Austral para o Comercio e o de veculos desenvolvidos pela UE
Desenvolvimento (Banco da APC) FV Foto-voltaico
BDA (ADB) Banco de Desenvolvimento Asitico GEF Fundo Global para o Meio Ambiente
(Asian Development Bank) GLP Gs Liquefeito de Petrleo
BEI Banco Europeu de Investimentos GNC Gs Natural Comprimido
BERD Banco Europeu para a Reconstru- GTZ Deutsche Gesellschaft fr Techni-
o e Desenvolvimento sche Zusammenarbeit (GTZ) GmbH
BID (IADB) Banco Interamericano de (Cooperao Tcnica Alem)
Desenvolvimento (Inter-American HCBS High-Capacity Bus System (Sistema
Development Bank) de nibus de Alta Capacidade)
BIRD (IBRD) Bainco Internacional para HOV High-occupancy vehicle (veculo de
Reconstruo e Desenvolvimento alta ocupao)
(International Bank for
Reconstruction and Development) IC (JI) Implementao Conjunta (Joint
Implementation, pelo protocolo de
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Kyoto)
Econmico e Social
ICCT Conselho Internacional do Trans-
BRT Bus Rapid Transit porte Limpo
CAF Corporao Andina de Fomento IDA International Development
CAI Clean Air Initiative (Iniciativa do Ar Association (Associao
Limpo) Internacional de Desenvolvimento)
CAI sia Iniciativa do Ar Limpo para Cidades IEA International Energy Agency
Asiticas (Agncia Internacional de Energia)
CBD Central business district (Distrito IFC International Finance Corporation
Central de Negcios, em geral o (Corporao Financeira Internacional)
centro histrico) IIT Indian Institute of Tecnology
CERTU Centro de Pesquisa sobre (Instituto Indiano de Tecnologia)
Transporte e Urbanismo (Frana) IPCC Inter-governmental Panel on Climate
CFD Car-free day (Dia sem carro) Change (Painel Intergovernamental
CH4 Metano sobre Mudana do Clima)
CIDA Canadian International Development IPVA Imposto sobre a propriedade de
Agency (Agncia canadense para o veculos automotores
desenvolvimento internacional) ISS Imposto sobre servios
CO Monoxido de Carbono ITDP Instituto de Polticas de Transporte e
CO2 Dixido de Carbono Desenvolvimento (Institute for Trans-
COT (BOT) Contruo-Operao-Transferncia portation & Development Policy)
(esquema de concesso pblica, ITS Inteligent Tranportation System
Build-Operate-Transfer) (Sistema de Trfego Inteligente)
COV Compostos orgnicos volteis JBIC Banco Japons de Cooperao
CQNUMC Conveno-Quadro das Naes Internacional
Unidas sobre Mudana do Clima JICA Agncia Japonesa de Coperao
CTS/UI Centro de Estudos de Transportes Internacional
da Univerisdade da Indonsia JIT Just-in-time
x
KfW Kreditanstalt fr Wiederaufbau SUMA Sustainable Urban Mobility in Asia
(Banco Alemo para Renconstruo) SUTP Projeto de Transporte Urbano
LBL (TBT) Location Benefit Levy (Tributo sobre Sustentvel
Benefcios Territoriais) TBT (LBL) Tributo sobre Benefcios Territoriais
LPI Leading Pedestrian Intervals (Location Benefit Levy)
(Tempo Inicial de Pedestres) TCRP Programa Cooperativo de Pesquisa
LRT Light Rail Transit (Veculo Leve em Transporte Pblico
sobre Trilhos) TDM Traffic Demand Management/Geren-
LVT Land-value taxation ciamento de Demanda de Trfego
MDL (CDM) Mecanismo de Desenvolvimento TfL Transporte for London (Agncia de
Limpo (Clean Development operao de transportes de Londres)
Mechanism) TI/TIC (IT/ICT) Tecnologia de Informao/ e
MI Manifestao de Interesse Comunicao (information/ and
MP Material Particulado communications technologies)
MRT Mass Rapid Transit TOD Transit oriented development (desen-
(Tranporte de Massa Rpido) volvimento (imobilirio/uso do solo)
N2O xido de Nitrognio orientado a transportes pblicos)
NBRTI National Bus Rapid Transit Institute TR Termos de Rerferncia
(EUA) TRB Transportation Research Board
NCHRP Programa Cooperativo de Pesquisa (Conselho de Pesquisa de
em Rodovias Transportes, EUA)
TVR Transport sour voue reserve
NCHRP National Cooperative Highway
(Transporte sobre via exclusiva)
Research Program (Programa de
Pesquisa Rodoviria Cooperativo UCL University College London
Nacional) UE (EU) Unio Europia (European Union)
NMT Non-motorised transport UITP Unio Internacional de Operadores
(transporte no motorizado) de transporte Pblico
NOX xidos de Nitrognio UN CRD Centro para o Desenvolvimento
Regional das Naes Unidas
NS Nvel de servio
UNCED United Nations Conference on
O3 Oznio
Environment and Development
OD Origem-Destino UNDP United Nations Development
OECD Organisation for Economic Co-ope- Programme
ration and Development (Organiza- UNEP United Nations Environment
o para a Cooperao e Desenvol- Programme (Programa Ambiental
vimento Economicos) da Organizao das Naes Unidas)
ONG Organizao no-governamental UNEP Programa Ambiental da Organiza-
ONU (UN) Organizao das Naes Unidas o das Naes Unidas
(United Nations) UNFCCC United Nations Framework
PC Personal computer (Computador Convention on Climate Change
Pessoal) US AID United States Agency for
PCU Passenger car units International Development (Agncia
(veculo equivalente) americana para o desenvolvimento
PDA Personal digital assistant internacional, EUA)
PM (MP) Particulate matter US EPA United States Environmental Protec-
(material particulado) tion Agency (Agncia americana de
pphpd passenger per hour per direction proteo ambiental, EUA)
(passageiros/(hora*sentido) ou US FHWA United States Federal Highway
pass/(hora*sent)) Administration (Administrao
PPP Parceria Pblico-Privada federal de rodovias, EUA)
US FTA United States Federal Transit Ad-
PPQ Por el Pas que Queremos
ministration (Administrao federal
PRT Personal Rapid Transit (Transporte de transportes pblicos, EUA)
Pessoal Rpido)
VLP Veculo Leve sobre Pneus
RATP Rgie Autonome des Transport VLT (LRT) Veculo Leve sobre Trilhos (Light Rail
Parisien (Agncia de transportes Transit)
pblicos de Paris)
VTPI Victoria Transport Policy Institute
RCE (CER) Redues Certificadas de Emisses (EUA)
(Certified Emission Reduction)
WB (BM) World Bank (Banco Mundial)
SDG Steer Davies and Gleave
WBCSD World Business Council for Sustain-
SIDA Swedish International Development able Development (Conselho de
Agency (Agncia sueca de negcios mundial para o desenvol-
desenvolvimento internacional) vimento sustentvel)
SMS Short message service WRI World Resource Institute
SOX Oxidos de Enxofre (Instituto de Recursos Mundiais)
xi
Sumrio
Resumo Executivo 1
Introduo 11
I. Preparao do Projeto 38
1. Incio do projeto 39
2. Tecnologias de transportes pblicos 52
3. Configurao do projeto 102
4. Anlise de demanda 136
5. Seleo de corredores 168
6. Comunicaes 206
II. Projeto Operacional 230
7. Projeto de rede e linhas 231
8. Capacidade e velocidade do sistema 264
9. Intersees e controle de semforos 300
10. Servio ao usurio 340
III. Projeto Fsico 368
11. Infra-estrutura 369
12. Tecnologia 437
IV. Integrao 496
1 3. Integrao modal 497
14. Integrao com gerenciamento de demanda e uso do solo 559
V. Plano de Negcios 588
1 5. Estrutura institucional e de negcios 589
16. Custos operacionais e tarifas 621
17. Custeio e financiamento 661
18. Marketing 718
VI. Avaliao e Implementao 742
1 9. Avaliao 743
20. Plano de Implementao 777
Referncias 806
Glossrio 815
Anexos
1: Comparaes entre sistemas de BRT
A 819
A 2: Diretrio de consultores de BRT 845
A 3: Modelos para solicitao de consultoria 857
A 4: Lista de intituies de financiamento 861
A 5: Modelo para contrato de concesso 865
Referncias bibliogrficas 869
ndice 875
xii
Manual de BRT
Figura 1
Resumo Executivo Sistema de BRT
O transporte pblico um recurso crtico para TransMilenio
de Bogot.
que os cidados acessem efetivamente bens e
Foto por Cortesia de
servios atravs da extenso das cidades dos dias TransMilenio S.A.
Resumo Executivo 1
Manual de BRT
padro de nibus so, todos, opes que lde- de marketing e comunicao. Em geral, um
res municipais devem considerar. No h uma projeto de BRT pode ser planejado dentro de
nica tecnologia certa ou errada, j que tudo um perodo de 12 a 18 meses. Um plano de
depende das circunstncias locais. Os fatores BRT geralmente custa algo entre 1 e 3 milhes
afetando a escolha tecnolgica incluem inves- de dlares, dependendo da complexidade e
timentos (infra-estrutura e custo de terrenos), tamanho da cidade, bem como da extenso
custos operacionais, consideraes de projeto e dos servios prestados por consultores externos.
implementao, desempenho e impactos econ- O custeio das atividades de planejamento de
micos, sociais e ambientais. A chegada do BRT BRT pode ser obtido atravs de diversas fontes,
como uma opo eficiente se relaciona princi- incluindo oramentos de transporte nacionais
palmente com os relativamente baixos custos de e locais, bancos de desenvolvimento regionais
infra-estrutura e a capacidade de operar sem e internacionais e o Fundo Global para o Meio
subsdios. A capacidade dos BRTs em serem Ambiente (GEF).
implementados em um breve perodo (de 1 a 3 Um projeto de BRT comumente um projeto
anos depois da concepo) tambm se mostrou multi-fases j que no seria realista construir
uma vantagem importante. A natureza flexvel uma rede completa em um breve e nico
e modular da infra-estrutura de BRT tambm perodo. O tamanho da fase inicial depende de
quer dizer que os sistemas podem ser efetiva- muitos fatores, mas, geralmente, uma primeira
mente adaptveis a uma variedade de condies fase de projeto deve captar passageiros suficien-
urbanas, em termos de custo. tes para estabelecer o novo sistema em uma base
3. Configurao do projeto financeira saudvel. Ela, em geral, abrange um
ou dois corredores maiores para totalizar de 15
Uma vez que a deciso para desenvolver um
a 60 km de vias exclusivas assim como de 40 a
sistema BRT foi feita, a formao de uma
equipe de projeto estar entre as primeiras 120 km de servios alimentadores.
atividades. A equipe de projeto provavelmente 4. Anlise de demanda
ser composta tanto de funcionrios pblicos
O perfil dirio da demanda de viagens em uma
quanto consultores externos e envolver uma
cidade proporciona a base para o desenho do
Figura 2 quantidade de funes com habilidades espe-
sistema BRT. O entendimento do tamanho da
Linha Ecova de Quito. cficas, como administradores, especialistas em
demanda de usurios ao longo dos corredores e
finanas, engenheiros, projetistas e profissionais
Foto por Lloyd Wright
a localizao geogrfica das origens e destinos
permitem aos planejadores aproximar bastante
as caractersticas do sistema com as necessidades
dos usurios. O Manual de BRT apresenta duas
opes para estimar a demanda de usurios: 1.)
Mtodo de avaliao expedita; 2.) Avaliao
com um modelo de transporte completo.
Como o nome sugere, o mtodo de avaliao
expedita permite que as cidades faam uma
estimativa aproximada da demanda com relativa
rapidez e com um oramento modesto. Nesse
caso, contagens bsicas de trfego so combina-
das com pesquisas de embarque e desembarque
nos servios de transporte pblico existentes.
A esperada demanda do novo sistema BRT
, a grosso modo, igual utilizao existente
de transporte pblico no corredor mais uma
porcentagem de novos passageiros provenientes
de veculos particulares (e.g., talvez um desloca-
mento de 10% de veculos particulares, depen-
dendo das circunstncias locais).
2 Resumo Executivo
Manual de BRT
Resumo Executivo 3
Manual de BRT
4 Resumo Executivo
Manual de BRT
trfego misto, contudo, podem ser acomodados qualidade e a presena de pessoal de segurana
atravs de estratgias de converso seletivas. tambm contribuem muito para encorajar as
A eficincia das intersees tambm pode se viagens, especialmente em horrios noturnos. A
influenciada pela locao da estao de BRT. limpeza e aparncia esttica da infra-estrutura
Estaes locadas perto da interseo podem ser tambm transmitem mensagens sobre a cordiali-
mais convenientes, s vezes, aos passageiros, mas dade do sistema.
uma locao no meio de quadra deve ser a favo-
rita se o trfego misto tiver permisso de virar III.Projeto fsico
na interseo. Finalmente, controle semafrico
11. Infra-estrutura
prioritrio pode ser uma opo a ser conside-
A engenharia e o projeto do sistema depen-
rada em algumas circunstncias.
dem de diversos fatores estratgicos que ditam
10. Servio ao usurio a forma final da infra-estrutura. Esses fatores
Se um sistema projetado em volta das neces- incluem: custo, atributos funcionais, condies
sidades e desejos do usurio, ento o sucesso climticas e topolgicas, atributos estticos e
quase garantido. Se as questes de servio ao preferncias culturais. A engenharia e o desenho
usurio so ignoradas, ento o fracasso tambm fsico do sistema resultam diretamente das esco-
quase garantido. Da perspectiva do cliente, lhas operacionais e das caractersticas de servios
medidas pequenas e simples que melhorem o ao usurio. O corredor selecionado, capacida-
conforto, a convenincia, a proteo e a segu- des esperadas e opes de servio tudo isso
rana so mais importantes que tecnologias influencia o desenho fsico.
veiculares e projetos sofisticados. O projeto de infra-estrutura deve abranger uma
Muitas pessoas no utilizam transporte pblico ampla gama de sistemas componentes, incluindo
simplesmente porque no entendem como o vias de nibus, estaes, estaes interme-
sistema funciona. Sinalizao clara e mapas do dirias de transferncias, benfeitorias de
sistema podem contribuir muito para superar as integrao, utilidades pblicas e paisagismo.
barreiras de informao para utilizao. Painis A escolha entre asfalto e concreto como mate-
eletrnicos e anncios de vozes digitais tanto nos rial do leito acarreta consequncias de longo
veculos quanto nas estaes tambm podem alcance para o desempenho e para o custo de
facilitar muito a compreensibilidade do sistema. manuteno. Em geral, o pavimento de concreto
Resumo Executivo 5
Manual de BRT
necessrio na via das estaes para garantir quando se reconstri um corredor, o municpio
que a altura da plataformas das estaes e a dos decide resolver tambm outros problemas de
nibus sejam niveladas. Estaes podem ser pro- infra-estrutura no relacionados diretamente
jetadas no apenas para as funes propostas, com o projeto de BRT. Se extensos alargamen-
mas tambm para o conforto e a convenincia tos de vias e desapropriaes so requeridos, o
do passageiro. Tcnicas de projeto de adequao custo total pode subir rapidamente. Qualquer
solar podem fazer muito para amainar as tempe- desapropriao de propriedade deve ser mane-
raturas externas. O perfil de muitos sistemas de jada de modo transparente, aberto e justo,
BRT foi desenvolvido atravs de desenhos arqui- especialmente se a confiana da comunidade
tetnicos criativos para as estaes. Terminais financeira internacional tiver de ser obtida. Os
precisam ser dimensionados de forma apro- tpicos componentes de custo dentro de um
priada para manejar eficientemente transfern- projeto de BRT incluem vias de nibus, esta-
cias entre alimentadoras e troncais. Igualmente, es, terminais, garagens, infra-estrutura para
reas de garagem precisam ser projetadas para pedestres, benfeitorias para integrao de txis
manejar uma srie de tarefas, incluindo: reabas- e bicicletas, centro de controle e aquisio de
tecimento, limpeza, manuteno e reparos, e a propriedade.
guarda dos veculos. Um centro de controle per-
mite que os controladores do sistema assegurem 12. Tecnologia
um servio constante ao usurio e solucionem Poucas decises no desenvolvimento de um
quaisquer problemas ou emergncias. sistema de BRT geram mais debates do que a
Os custos de infra-estrutura de BRTs, de escolha da tecnologia de propulso dos nibus
forma distinta de outras opes de transporte e os seus fabricantes. Ainda assim, preciso
pblico, so relativamente acessveis, mesmo ter em mente que o BRT muito mais do que
para cidades de pases em desenvolvimento. apenas um nibus. A escolha da tecnologia
Em geral, um sistema de BRT custar entre 1 veicular importante, mas no necessariamente
milho e 8 milhes de dlares por quilmetro. mais importante do que a mirade de outras
Figura 6 O investimento final no sistema depende de escolhas do sistema.
uma gama de fatores, incluindo: complexidade As opes de tecnologia veicular envolvem
Bicitxis podem ser um
servio de alimentao do ambiente virio, necessidade de viadutos e tanto o tamanho do veculo quanto o sistema
de nvel de emisses passagens subterrneas, nmero de faixas de de propulso. Para corredores de alta demanda,
zero perfeito. nibus e necessidade de desapropriao de terre- veculos articulados para 160 passageiros
Foto por cortesia de INSSA nos. Os custos, com frequncia, sobem porque, se tornou o padro. Veculos alimentadores
vindos de reas residenciais de baixa densidade
variam, em geral, de micronibus ou vans at
nibus tamanho padro, dependendo do perfil
de demanda da rea. Tecnologias e combust-
veis inovadores reduzem substancialmente as
emisses de veculos BRT. Os nveis de emis-
so Euro3 esto cada vez mais se tornando o
padro mundial. Tal tecnologia veicular limpa
inclui: diesel limpo, gs natural comprimido,
gs liquefeito de petrleo, biocombustvel, ve-
culo eltrico hbrido e trlebus.
Sistemas de controle e cobrana tambm
representam uma gama de opes tecnolgicas
com custos e caractersticas distintos. A versa-
tilidade de sistemas de smartcards disponibili-
zou essa opo tecnolgica aos mais avanados
sistemas de BRT. Ainda assim, ainda existem
muitas opes tecnolgicas de baixo custo que
6 Resumo Executivo
Manual de BRT
Resumo Executivo 7
Manual de BRT
8 Resumo Executivo
Manual de BRT
17. Financiamento
O financiamento raramente um obstculo
para a implementao de um projeto de BRT de
sucesso. Em comparao com outras opes de
transportes de massa, os relativamente baixos
investimentos e custos operacionais do BRT
colocam os sistemas ao alcance da maioria das
cidades, at mesmo das cidades de baixa renda. Finalmente, bancos internacionais de desenvolvi- Figura 7
Algumas cidades de naes em desenvolvi- mento esto cada vez mais interessados em apoiar O teste final de
mento descobriram, de fato, que emprstimos projetos de BRT. O Banco Mundial, particular- qualquer sistema de
e financiamentos externos so desnecessrios. mente, demonstra ter bastante disponibilidade Transporte Pblico a
Recursos internos nacionais e municipais devem para o financiamento de iniciativas de BRT. satisfao do cliente.
Foto por cortesia de TransMilenio S.A.
ser suficientes para financiar totalmente todos os
custos de construo. 18. Marketing
Anunciar o BRT como uma nova opo de
Entretanto, caso algum financiamento seja
transporte ao pblico no uma tarefa fcil,
necessrio para a implementao do sistema,
j que o pblico raramente est satisfeito com
muitos recursos internacionais, nacionais e
o servio de transporte existente. O estigma
locais esto disponveis para as cidades interessa-
negativo dos sistemas de nibus existentes pode
das. Na esfera local, o oramento existente para
ser uma enorme barreira para superar a venda de
transportes: pedgios urbanos, cobrana de esta-
qualquer conceito baseado em nibus, mas pode
cionamentos, impostos na gasolina, IPVAs so
tambm ser uma oportunidade para promover
possibilidades. Adicionalmente, cidades podem
mudanas. A estratgia de marketing prova-
gerar faturamento com o desenvolvimento de
velmente comear com a criao da marca
propriedades no entorno das estaes e corredo-
atravs do nome e logo do sistema. Nomes
res, bem como com o marketing e anncios no
de sistema como TransMilenio TransJakarta,
sistema. Emprstimos do setor privado e inves-
TransMetro e Rapid contriburam muito para
timentos so ainda opes a ser considerada.
Parcerias Pblico Privadas (PPPs), de modo a criao de uma nova imagem do transporte
caracterstico, envolvem firmas particulares baseado em nibus.
bancando toda a infra-estrutura ou parte dela O plano de marketing deve tambm incluir
em troca de direitos exclusivos de operao por uma estratgia de mdia, envolvendo promo-
um longo perodo. Embora os PPPs apresentem es e anncios em jornais, revistas, panfletos
um registro em que possvel observar tanto comunitrios, rdio e at televiso. Essa estra-
os sucessos conquistados quanto os problemas tgia de mdia no s deve promover o novo
enfrentados, tais esquemas de investimento se sistema, mas tambm salientar a insatisfao
tornam cada vez mais uma opo para as cida- pblica com o sistema existente. Um plano de
des levarem em considerao. educao pblica ajuda a descrever o conceito
Resumo Executivo 9
Manual de BRT
10 Resumo Executivo
Manual de BRT
Figura 8
O sistema
TransMilenio de
Bogot ilustra
claramente o nvel
de qualidade de
transporte em massa,
similar ao metr,
oferecido com o BRT.
Foto por cortesia de
Volvo Bus Corporation
parte da populao. Apesar disso tudo, a endividamento municipal. Bus Rapid Transit
municipalidade acaba assumindo uma dvida (BRT) pode oferecer alta qualidade de servio,
de longo prazo, que pode afetar os investimen- similar ao metr, por uma frao do custo das
tos em reas mais prioritrias, tais como sade, outras opes. Este Manual de BRT fornece
educao, abastecimento dgua e saneamento. s autoridades municipais, s organizaes no
Mais ainda, a provvel necessidade de subsi- governamentais, aos consultores e a outros mais
diar as relativamente caras operaes frreas uma introduo ao conceito de BRT, assim
pode colocar contnuas restries nas finanas como o processo passo a passo para planejar de
municipais. forma bem-sucedida um sistema de BRT.
Entretanto, h uma alternativa entre os ser- Esta seo introdutria ao BRT inclui os seguin-
vios de transporte pblicos ruins e o alto tes tpicos:
Resumo Executivo 11
Manual de BRT
i. Definindo BRT
i.Definindo o Bus Rapid Transit com definies de BRT, dentre os quais pode-
Cidades so um inveno para maximizar mos citar os seguintes:
as oportunidades de troca e para minimizar BRT um modo de transporte pblico sobre
viagens O papel do transporte ajudar a pneus, veloz e flexvel, que combina esta-
maximizar as trocas. es, veculos, servios, vias e elementos de
David Engwicht, escritor e ativista (1999, p. 19) sistema inteligente de transporte (ITS) em um
sistema integrado com uma forte identidade
O que o Bus Rapid Transit? positiva que evoca uma nica imagem.
Bus Rapid Transit (BRT) um sistema de (Levinson et al., 2003, p. 12)
transporte de nibus de alta qualidade que BRT um transporte pblico de alta
realiza mobilidade urbana rpida e eficiente e qualidade, orientado ao usurio, que realiza
com custo eficiente atravs da proviso de infra- mobilidade urbana rpida, confortvel e de
estrutura segregada com prioridade de passa- custo eficiente. (Wright, 2003, p. 1)
gem, operao rpida e frequente e excelncia BRT um modo de transporte rpido
em marketing e servio ao usurio. BRT basica- que consegue combinar a qualidade dos
mente imita as caractersticas de desempenho e transportes frreos e a flexibilidade dos
conforto dos modernos sistemas de transporte nibus. (Thomas, 2001).
sobre trilhos, mas a uma frao do custo. Um Todas essas definies fazem com que o BRT se
sistema BRT custa, em geral, entre 4 a 20 vezes distinga do servio de nibus convencional. De
menos que um sistema de bondes ou de veculo fato, as definies tendem a sugerir que o BRT
leve sobre trilhos (VLT) ou entre 10 a 100 vezes tem muito mais em comum com sistemas ferro-
menos que um sistema de metr. virios, especialmente em termos de desempe-
O termo BRT surgiu de sua aplicao na nho operacional e servio ao usurio. Em vez de
Amrica do Norte e na Europa. Entretanto, o representar uma verso de menor qualidade dos
mesmo conceito conhecido no mundo com grandes desenvolvimentos ferrovirios, BRT ,
muitos nomes diferentes, entre eles: na verdade, um reconhecimento do que muitos
Sistemas de nibus de alta capacidade, sistemas ferrovirios urbanos tm oferecido de
Sistemas de nibus de alta qualidade, melhor at hoje. BRT incorpora os aspectos
Metro-nibus, mais valorizados pelos usurios de VLT e metr
Metro de superfcie, e faz com que esses atributos se tornem acess-
Sistemas de nibus expressos, e veis para um nmero maior de cidades. A prin-
Sistemas de corredores de nibus. cipal diferena entre BRT e sistemas urbanos
Ainda que os termos variem de pas para pas, a ferrovirios simplesmente que o BRT geral-
mesma premissa bsica permanece comum: Um mente oferece transporte de alta qualidade a um
servio de transporte pblico de alta qualidade, custo que a maioria das cidades pode pagar.
bastante competitivo com carros particulares e Hoje, o conceito de BRT est se tornando
a custos acessveis. Para simplificar a leitura, o cada vez mais utilizado pelas cidades que
Figura 9 termo BRT ser usado neste documento para buscam solues de transportes a custo efetivo.
Corredor de nibus descrever genericamente esses tipos de sistemas. medida que novos experimentos em BRTs
segregado no canteiro Entretanto, reconhece-se que o conceito e o surgem, o estado da arte em BRT indubitavel-
central em Seul. termo indubitavelmente continuaro a evoluir. mente continua a melhorar. Apesar de tudo, o
Foto por cortesia do Seul
Development Institute Diversos documentos anteriores j contriburam foco no usurio do BRT, certamente, continua
12 Introduo
Manual de BRT
Introduo 13
Manual de BRT
Servios de Servios de
transportes nibus Corredores BRT
alternativos convencional Bsicos BRT-leve BRT Completo
14 Introduo
Manual de BRT
completo definido pelos sistemas com no Essa falta de um nmero relevante de siste-
mnimo as seguintes caractersticas: mas de BRT completos deve-se, em parte,
Vias segregadas ou faixas exclusivas na maio- relativamente recente inveno do conceito de
ria da extenso do sistema troncal/corredores BRT. Tambm notvel que o BRT completo
centrais da cidade; s aconteceu nas duas cidades onde foi possvel
Localizao das vias de nibus no canteiro obter o maior nvel de comprometimento pol-
central, em vez de ao lado das caladas; tico com a qualidade dos transportes.
Existncia de uma rede integrada de linhas e Diversos sistemas existentes, no entanto, esto
corredores; bem perto de serem considerados um sistema
Estaes modernas, com convenincias, con- de BRT completo. Ao sistema de Goinia
forto, seguras e abrigadas; (Brasil) falta-lhe apenas o maior nvel de qua-
Estaes oferecem acesso em nvel entre a lidade de um BRT completo. Se os mltiplos
plataforma e o veculo; corredores em Quito (Equador) fossem com-
Estaes especiais e terminais para facilitar a binados em uma nica rede sem interfern-
integrao fsica entre linhas troncais, servios cias entre eles, ento, certamente, essa cidade
alimentadores e outros sistemas de transporte tambm se qualificaria. Se os sistemas em
de massa (se aplicvel); Brisbane (Austrlia) e Ottawa (Canad) imple-
Cobrana e controle de tarifas antes do mentassem a cobrana externa, ento esses
embarque; sistemas certamente teriam todas as qualidades
Integrao fsica e tarifria entre linhas, cor- de um BRT completo. Assim que os sistemas,
redores e servios alimentadores; ainda em corredores limitados, de Guayaquil
Entrada no sistema restrita a operadores pres- (Equador), Len (Mxico) e Pereira (Colmbia)
critos, com uma estrutura administrativa e de se expandirem para redes completas, ento
negcios renovada (sistema fechado); esses sistemas certamente tambm se qualifica-
Distinta identidade de mercado. ro. Se Jacarta (Indonsia) tornar seus servios
Baseado nessa definio estrita, at novembro de alimentadores mais integrados com os servios
2006, existiam apenas dois verdadeiros sistemas troncais, ento ele ter tambm um sistema de
de BRT completos no mundo: BRT completo. At que esses avanos sejam
Bogot (Colmbia) feitos, no entanto, todos esses sistemas perma-
Curitiba (Brasil) necero sob a alcunha genrica de BRT.
TransMilenio Figura 14
Evoluo do
BRT Completo BRT Servios aprimorados transporte pblico.
Introduo 15
Manual de BRT
De muitas maneiras, a ideia de BRT com- depende das caractersticas escolhidas para defi-
pleto similar definio de servio de nir um sistema. Para os propsitos deste Manual
transporte pblico ideal. Entretanto, o tipo de BRT, o termo BRT ser reservado para
de sistema mais apropriado para uma cidade em sistemas com as seguintes caractersticas:
particular muito dependente das circunstn- Vias segregadas ou faixas exclusivas na maio-
cias locais. Da, o conceito de um sistema BRT ria da extenso do sistema troncal/corredores
ideal ou completo pode no ser a soluo centrais da cidade.
certa para um dado cenrio de condies locais. E pelo menos dois dos seguintes:
A proposio dessas categorizaes de BRT Existncia de uma rede integrada de linhas e
meramente para destacar as diferenas entre os corredores;
sistemas existentes. Essas categorizaes no Estaes modernas, com convenincias, con-
devem ser interpretadas como necessariamente forto, seguras e abrigadas;
implicando superioridade de uma filosofia BRT Estaes oferecem acesso em nvel entre a
sobre uma outra. plataforma e o veculo;
Tambm se reconhece que o termo genrico Localizao das vias de nibus no canteiro
BRT uma noo bastante subjetiva que central, em vez de ao lado das caladas;
Cobrana e controle de tarifas antes do
Tabela 1: Cidades com sistemas BRT, at maro de 2007 embarque;
Continente Pas Cidades com sistemas de BRT Estaes especiais e terminais para facilitar a
sia China Beijing, Hangzhou, Kunming integrao fsica entre linhas troncais, servios
ndia Pune
alimentadores e outros sistemas de transporte
de massa (se aplicvel);
Indonsia Jacarta (TransJakarta)
Integrao fsica e tarifria entre linhas, cor-
Japo Nagoya (Yutorito Line)
redores e servios alimentadores;
Coria do Sul Seul
Entrada no sistema restrita a operadores pres-
Taiwan Taipei critos, com uma estrutura administrativa e de
Europa Frana Caen (Twisto), Lyon, Nancy (TVR line 1), Nantes negcios renovada (sistema fechado);
(Line 4), Nice (Busway), Paris (RN 305 busway,
Mobilien e Val de Marne busway), Rouen Distinta identidade de mercado;
(TEOR), Toulouse (RN 88) Tecnologias veiculares de baixa emisso
Holanda Amsterd (Zuidtangent), Eindhoven, Utrecht (Euro3 ou maior);
Reino Unido Bradford (Quality Bus), Crawley (Fastway), Sistema de gerenciamento atravs de centro
Edimburgo (Fastlink), Leeds (Superbus and de controle centralizado, utilizando aplicaes
Elite) de Sistemas de Trfego Inteligentes (ITS), tais
Alemanha Essen (O-Bahn) como localizao automtica de veculos;
Amrica Brasil Curitiba (Rede Integrada), Goinia Providncias especiais para facilitar o acesso
Latina e (METROBUS), Porto Alegre (EPTC), So Paulo para portadores de necessidades especiais
Caribe (Interligado) como crianas, velhos e pessoas com deficin-
Chile Santiago (Transantiago) cia fsica;
Colmbia Bogot (TransMilenio), Pereira (Megabus) Mapas de linhas, sinalizao e/ou painis de
Equador Quito (Trol, Ecova, Central Norte), Guayaquil informao em tempo real, claros e visveis
(Metrova) dentro das estaes e/ou veculos.
Guatemala Cidade da Guatemala (TransMetro)
A Tabela1 apresenta uma lista de cidades que
Mxico Len (Optibus SIT), Cidade do Mxico atualmente se qualificam como possuidoras de
(Metrobs)
sistemas BRT.
Amrica do Canad Otawa (Transitway)
Norte Estados Boston (Silver Line Waterfront), Eugene (EmX),
Somando-se a esses sistemas existentes, h
Unidos Los Angeles (Linha Laranja), Miami (South numerosos projetos de BRTs tanto em cons-
Miami-Dade Busway), Orlando (Lynx Lymmo), truo quanto em planejamento. Muitos desses
Pittsburgh (Busway) novos sistemas devero abrir como sistemas
Oceania Austrlia Adelaide (O-Bahn), Brisbane (Busway), Sydney BRT completos (e.g., Guayaquil e Pereira).
(T-Ways) Alm disso, muitos sistemas de BRT existentes
16 Introduo
Manual de BRT
e sistemas de faixas exclusivas esto sendo sistemas existentes que esto atualmente em
ampliados e recebendo melhorias, e esses siste- grande expanso.
mas provavelmente se tornaro sistemas BRT Conforme j mencionado, o conceito de BRT
completos em breve (e.g., Jacarta e Len). A evoca uma quantidade de atributos tanto quali-
Tabela2 enumera as cidades com sistemas BRT tativos quanto quantitativos que juntos ajudam
em construo. a criar uma experincia de transporte pblico
Na realidade, existem atualmente mais sistemas de qualidade para o usurio. O anexo 1 deste
BRT em desenvolvimento do que em funcio- documento oferece uma matriz comparativa
namento. Novamente, essa situao deve dizer Tabela 2: Cidades com sistemas BRT em construo, at maro de 2007
muito sobre o surgimento recente do interesse
pelos sistemas BRT. Embora essa rpida expan- Continente Pas Cidades com sistemas em construo
so apresente dificuldades em termos de assegu- frica Tanznia Dar es Salaam
rar a providncia de apoio tcnico de qualidade, sia China Jinan, Xian
o envolvimento de muitas cidades representa que Europa Frana Evry-Snart, Douai, Clermont-Ferrand
existem mltiplas oportunidades para experi- (Line 1 Lohr system)
ncias e melhorias das noes atuais sobre as Itlia Bolonha
melhores prticas. A Tabela3 apresenta cidades Amrica Latina Colmbia Bucaramanga, Cali, Cartagena, Medelin
com sistemas BRT em processo de planejamento. e Caribe Venezuela Barquisimento, Mrida (Trolmrida)
Alm dos novos sistemas em desenvolvimento, Amrica Estados Cleveland
do Norte Unidos
registrados na Tabela3, muitos dos sistemas
Oceania Austrlia Canberra
BRT existentes esto em processo de ampliao
e melhoria. A Tabela4, a seguir, enumera os Nova Zelndia Auckland (Northern Busway)
Introduo 17
Manual de BRT
dos muitos aspectos qualitativos e quantitati- (Figura 15), Aeroporto de Orlando e Osaka-
vos que definem um sistema de BRT. Um tipo Kansai Internacional. Dependendo de qual
similar de informao pode ser encontrado em seja a definio de BRT, esses sistemas tambm
muitas outras publicaes incluindo Menckhoff podem ser classificados como sistemas BRT for-
(2005), Levinson et al., (2003), Rebelo (2003) e mais. Entretanto, dada a natureza especializada
Mereilles (2000). desses sistemas, eles no so tratados como BRT
H tambm sistemas sobre pneus com guias no contexto deste manual.
laterais fixas, utilizados em muitos aeropor-
tos, entre os quais: Schippol em Amsterd, Corredores de nibus bsicos
Aeroporto de Frankfurt, Londres Gatwick Este Manual de BRT se concentrar, na maior
parte, sobre sistemas atendendo aos padres
descritos para BRT com o objetivo de promo-
ver sistemas de BRT completos. Entretanto,
tambm se reconhece que existem sistemas
de transporte de qualidade que no alcanam
completamente a definio de BRT. H cidades
que implementaram corredores bsicos de vias
de nibus que, embora no alcancem o padro
de desempenho e conforto de um BRT, ajudam a
melhorar os tempos de viagens dos residentes. Em
muitos casos, esses sistemas de faixas exclusivas
antecederam o BRT e contriburam imensamente
para o desenvolvimento do conceito de BRT.
Por exemplo, o servio Va Expressa em Lima
(Peru) foi um predecessor de muitos dos sistemas
BRT na Amrica Latina e em outros lugares
(Figura 16). Esses servios oferecem um nvel
bsico de servio que, ao menos, d prioridade
Figura 15 aos veculos de transporte pblico, conduzindo a
Um veculo sobre pneus em uma via elevada potenciais economias nos tempos de viagem.
oferece servios de transporte pblico entre os Nos Estados Unidos, vias de nibus bsicas so
terminais do Aeroporto de Londres Gatwick.
Foto por Lloyd Wright
utilizadas ao longo de corredores de rodovias de
forma a oferecer servios expressos rpidos entre
Tabela 4: as reas suburbanas e os centros das cidades. A
Sistemas BRT existentes em grande expanso, at maro de 2007 ausncia de paradas ao longo desses corredores
Continente Pas Cidades com sistemas de BRT em expanso produziram algumas das mais altas velocidades
comerciais registradas em operaes de servios
sia China Beijing
de nibus. Nesses exemplos, as faixas centrais
Indonsia Jacarta (TransJakarta)
das rodovias so deixadas apenas para uso exclu-
Coria do Seul sivo de nibus. Em outros casos, essas faixas so
Sul
designadas somente para veculos de alta ocu-
Europa Frana Paris (Mobilien)
pao (HOV, do ingls high occupancy vehi-
Amrica Brasil Curitiba, Porto Alegre (EPTC), So Paulo cle), e os nibus dividem a faixa com outros
Latina e (Interligado)
Caribe
veculos de muitos passageiros. Cidades como
Chile Santiago (Transantiago) Los Angeles, Nova Iorque e Perth (Austrlia)
Colmbia Bogot (TransMilenio) tambm, de alguma forma, fazem uso de
Equador Quito (Trol, Ecova, Central Norte) medidas de prioridade ao transporte pblico nas
Mxico Len (Optibus SIT), Mexico City (Metrobs) rodovias. A Tabela5 traz uma lista de cidades
Amrica do Estados Boston (Silver Line) com servios de vias de nibus bsicas.
Norte Unidos
Enquanto essas vias de nibus podem resultar
Oceania Australia Brisbane em melhores tempos de viagem, elas, em geral,
18 Introduo
Manual de BRT
Introduo 19
Manual de BRT
20 Introduo
Manual de BRT
Londres implementou muitos elementos de BRT Tabela 6: Cidades com Servios de nibus Aprimorados (BRT-Leve),
no servio convencional de nibus: at janeiro de 2007
Veculos de plataforma baixa, acessveis para
Cidades com servios de nibus
embarque e desembarque rpidos; Continente Pas
aprimorados
Cobrana externa nas reas centrais;
sia China Hong Kong
Painis de informao em tempo real nas
Europa Itlia Trieste
estaes;
Holanda Almere
Reino Unido Londres
Quadro 1: Amrica Latina Porto Rico San Juan (Ro Hondo Connector)
Faixas de nibus ou vias de nibus e Caribe (EUA)
Faixas de nibus e vias de nibus so bas- Amrica do Estados Alameda e Contra Counties (AC Transit
Norte Unidos Rapid Bus), Albuquerque (Rapid Ride),
tante diferentes em projeto e efetividade. Boston (Silver Line Washington Street),
Enquanto alguns sistemas de faixas de nibus Chicago (NEBR), Denver (16th Street Mall),
bem demarcadas e bem policiadas em pases Honolulu (City / County Express), Kansas
desenvolvidos so um sucesso (e.g., Londres), City (MAX), Las Vegas (MAX), Los Angeles
em geral faixas de nibus sozinhas, particu- (Metro Rapid Wilshire Boulevard), Phoenix
(RAPID), Santa Clara (VTA)
larmente as na faixa da calada, contribuem
pouco para melhorar a eficincia do transporte Canad Gatineau, Halifax, Quebec (Metrobus),
Montreal (STM R-Bus 505), Vancouver
pblico.
(B-Line), York (Viva)
Faixas de nibus so superfcies das ruas
reservadas primariamente para veculos de Contratos com incentivo de qualidade para os
transporte pblico numa base permanente (ou operadores concessionados;
em um horrio especfico). Faixas de nibus no Treinamentos avanados de motoristas;
so fisicamente segregadas das outras faixas. Medidas de faixas prioritrias.
Embora as faixas sejam pintadas, demarcadas Ainda que Londres no tenha implementado
e sinalizadas, ainda assim possvel mudar vias de nibus estritas, o uso frequente de faixas
de faixa. Em alguns casos, faixas de nibus de nibus bem demarcadas e policiadas ajudou
podem ser compartilhadas com veculos de a aumentar as velocidades e a confiana. Hong-
alta ocupao, txis e/ou veculos no moto- Kong conseguiu muitos dos mesmos xitos que
rizados. Faixas de nibus tambm podem ser
abertas ao uso de carros privados prximos
aos pontos de converso.
Vias de nibus so faixas fisicamente segre-
gadas que so permanente e exclusivamente
dedicadas ao uso de veculos de transpor-
tes pblicos. Entradas nas vias de nibus s
podem ser feitas em pontos especficos. A via
de nibus segregada do outro trfego por
meio de muros, guias, cones ou outro ele-
mento estruturalmente bem definido. Veculos
que no sejam de transporte comunitrio so
geralmente proibidos de acessar uma via de
nibus, mesmo que veculos de emergncia
normalmente possam utilizar a via. Vias de Figura 20
nibus podem ser no nvel da superfcie, ele-
O uso de fiscalizao
vadas ou enterradas, mas, quando localizada por cmeras e
numa artria de trfego misto, costuma ser cobrana externa em
no canteiro central. Sistemas BRT de modo Londres melhorou o
caracterstico consistem de infra-estrutura de desempenho do sistema
vias de nibus. consideravelmente.
Foto por Lloyd Wright
Introduo 21
Manual de BRT
Londres com faixas de nibus prioritrias, estru- tecnologia no um substituto para prioridade
turas de tarifas integradas com outras opes clara para o transporte pblico por parte da lide-
de transporte pblico de massa, contratos com rana poltica. Servios de nibus aprimorados
incentivos para os operadores concessionados e devem, portanto, evitar o risco de colocar a per-
veculos de qualidade superior. fumaria sobre a substncia no que diz respeito a
O AC Transit Rapid Bus na rea da Baa de oferecer valor real para o usurio.
So Francisco (EUA) e o servio Viva em York
(Canad) estabeleceram altos padres em termos O que BRT no
de servio ao usurio e desempenho. Esses dois BRT tem pouco em comum com servios con-
sistemas utilizam inovaes, como faixas fura-fila vencionais de nibus. Em boa parte do mundo,
e prioridade semafrica sobre os outros fluxos de servios convencionais de nibus so lentos,
trfego nas intersees. O sistema Viva tambm demorados (baixa frequncia), inadequados, des-
instalou mquinas de bilhetes nas estaes para confortveis e irregulares, alm de carecerem de
facilitar a cobrana externa. Dessa forma, esses servios e status. Sistemas que buscam mudanas
sistemas fizeram muito para replicar as feies do pequenas e cosmticas no servio convencional
BRT, mas em situaes em que as vias segrega- provavelmente no colhero os benefcios teste-
das para nibus no so ainda possveis. munhados at hoje nos melhores sistemas BRT.
H muito tempo, servios de nibus tm um
Da mesma forma, o novo sistema MAX em estigma negativo, e isso associado ao pssimo
Las Vegas utiliza os veculos Civis que foram desempenho operacional e servio inadequado
originalmente popularizados nos sistemas fran- ao usurio. Transporte Pblico, em geral, tem
ceses. Las Vegas decidiu empregar sistemas de a mesma conotao lamentvel que banheiro
guia tico na aproximao dos veculos em suas pblico. Superar essa imagem negativa requer
estaes modernistas. uma completa remontagem de cada aspecto de
Assim como muitos desses sistemas aprimora- servio e desempenho operacional. A bandeira
dos exemplificam, se o sistema cunhado de BRT no deveria ser apropriada para sistemas
BRT ou no, deve ser menos relevante que que fazem apenas um esforo marginal pela
a qualidade do servio oferecido e o grau com melhoria de desempenho.
que melhorias contnuas so conquistadas. A BRT tambm no deve ser confundido com
maioria dos servios convencionais de nibus faixas de nibus. Em muitas cidades, a ausn-
pode receber aprimoramentos substanciais pela cia de fiscalizao tornou as faixas de nibus
considerao de alguns dos avanos de servios ineficazes (Figuras 21 e 22), particularmente
ao usurio de baixo custo que so evidentes em quando localizadas na faixa da calada. Nesses
sistemas de BRT. Alm disso, em muitos casos, casos, a faixa de nibus um gesto simblico
esses Servios de nibus Aprimorados podem para os usurios de transporte pblico e fazem
muito bem evoluir para o status de BRT com muito pouca diferena na qualidade do servio.
a posterior incluso de vias de nibus exclusivas. O Quadro 1 discute as diferenas entre faixas de
A segunda fase do sistema Viva de York requer o nibus e vias de nibus em maior detalhe.
desenvolvimento de vias de nibus exclusivas.
Paradas breves de txis e veculos de entrega
Entretanto, h limitaes para a extenso do que contribuem muito para degradar a utilidade da
as solues baseadas em tecnologia podem criar faixa de nibus. Nesses casos, os nibus prova-
sozinhas em um servio de transporte pblico velmente apenas deixam de fazer uso das faixas
de alta capacidade. (Figuras 23 e 24).
Na criao da imagem do novo sistema, muitos Em outros casos, h faixas de nibus que
dos servios de nibus aprimorados, especial- so policiadas regularmente, e isso gera uma
mente nos EUA, apoiam-se somente sobre as perceptvel melhora no servio. Por exemplo, a
caras tecnologias veiculares. Novos veculos, no marcao colorida e a fiscalizao por cmeras
entanto, no fazem muito para encorajar novas das faixas de nibus em Londres serviram para
viagens, se outras mudanas, como prioridade maximizar a utilidade dessas faixas. Entretanto,
de acesso, no forem tambm tratadas. Alta por causa dos inevitveis conflitos com veculos
22 Introduo
Manual de BRT
Os predecessores do BRT
A histria do BRT consiste de uma variedade de
esforos anteriores em melhorar a experincia do
transporte pblico para o usurio. Ainda que a
moderna era do desenvolvimento do BRT seja
creditada abertura do sistema de Curitiba em
1974, houve muitos esforos antes de Curitiba
que ajudaram a estabelecer a idia. Alm disso,
o BRT tambm se beneficiou enormemente
Introduo 23
Manual de BRT
das aplicaes de sistemas ferrovirios urba- 1969, a primeira via de nibus de alta veloci-
nos de alta qualidade. Sob muitos aspectos, o dade foi construda nos Estados Unidos, com a
BRT absorveu conceitos dos sistemas de metr abertura da primeira seo de 6,5 quilmetros
ferrovirio urbano e dos sistemas ferrovirios da Busway da Rodovia de Shirley na Virgnia
leves, de maneira a oferecer uma experincia de do Norte (Figura 25). Em 1971, a cidade de
qualidade ao usurio, mas a custos menores que Runcorn (Reino Unido) abriu um corredor de
os sistemas ferrovirios tradicionais. via de nibus que tambm atuou como catalisa-
As origens do conceito de BRT podem ser dor para um novo desenvolvimento da cidade.
remontadas a at 1937, quando a cidade de A primeira via de nibus em um pas em
Chicago delineou seus planos para converter trs desenvolvimento foi criada em Lima (Peru) com
linhas frreas dentro da cidade em corredores a introduo de 1972 da via de nibus bsica,
de nibus expressos. Vias de nibus exclusivas dedicada, conhecida como Va Expressa. A
foram desenvolvidas para muitas outras cidades Va Expressa cobre a distncia de 7,5 km e ainda
nos EUA, incluindo: Washington, DC (1955- oferece um servio eficaz, embora bsico, para a
1959), St. Louis (1959) e Milwaukee (1970) rea. A chegada da primeira rua exclusiva para
(Levinson et al., 2003). nibus tambm foi em 1972, com a converso
Entretanto, a implementao real de medidas da Rua Oxford em Londres, uma rota principal
de prioridade de nibus no ocorreu at os anos de trfego, em uma rua exclusiva para nibus e
60 com a introduo do conceito de faixa de txis. Um ano depois, em 1973, a via de nibus
nibus. Em 1963, faixas de nibus expressas El Monte com 11 quilmetros foi desenvol-
no contra-fluxo foram introduzidas na rea da vida em Los Angeles (Figura 26).
cidade de Nova Iorque. Um ano depois, em
1964, a primeira faixa de nibus no fluxo foi Sistemas BRT modernos
implementada em Paris. Quando voc tem pouco dinheiro, voc
aprende a ser criativo.
Em 1966, a primeira via de nibus no canteiro
Jaime Lerner, ex-Prefeito de Curitiba
central apareceu nos EUA (em St. Louis) e na
Blgica (em Liege), como resultado da converso A promessa de um BRT completo no foi
de sistemas de bonde para o uso de nibus. Em cumprida, contudo, at a chegada do sistema do
metr de superfcie desenvolvido em Curitiba
Figura 25 (Brasil) (Figura 27). Os primeiros 20 quilme-
A via de nibus na tros do sistema de Curitiba foram planejados
Rodovia de Shirley em
em 1972, construdos em 1973 e abertos para o
Arlington (EUA), um
dos primeiros esforos servio em 1974. Em conjuno com os outros
de vias de nibus no avanos de Curitiba com zonas de pedestres,
canteiro central. espaos verdes e programas sociais inovadores,
Imagem por cortesia de US TCRP a cidade se transformou em uma histria de
Media Library
sucesso urbano, renomada em todo o mundo.
Ironicamente, Curitiba, de incio, queria a
construo de um sistema de metr ferrovirio.
No entanto, a falta de recursos suficientes para
o custeio necessitava de uma abordagem mais
Figura 26 criativa. Da, sob a liderana do Prefeito Jaime
Um anncio tentando Lerner, a cidade comeou o processo de desen-
convencer motoristas a volvimento de corredores de vias de nibus que
trocar seus carros pela irradiavam do centro da cidade. Na ocasio,
Via de nibus de El Curitiba, como muitas cidades da Amrica
Monte em Los Angeles Latina, estava sofrendo um rpido crescimento
(O ltimo a ficar populacional. No comeo dos anos 70, a cidade
um motorista!). tinha cerda de 600.000 habitantes e, hoje, tem
Imagem por cortesia de US TCRP
Media Library mais de 2,2 milhes.
24 Introduo
Manual de BRT
Introduo 25
Manual de BRT
Figura 284
Em 1980, Essen se
tornou o primeiro
sistema usando um
sistema mecnico
de guia.
Foto por cortesia da TCRP Media
Library
Figura 298
A linha Trole de
Quito fornece um
exemplo cedo de BRT
na Amrica Latina. tempo, operadores privados de nibus de viso No final dos anos 90, muitos operadores de
Foto por Lloyd Wright curta, aproveitando a estabilidade e o aumento nibus da Amrica Latina encararam uma crise
de passageiros, resistiu aos desenvolvimentos de com o declnio do nmero de viagens graas
sistemas BRT por temer a perda dos benefcios competio com o os veculos motorizados
de taxao mnima e da fraca regulamentao. particulares e os micronibus do setor informal,
Assim mesmo, os anos 80 viram o advento e isso fez diminuir a resistncia s mudanas.
da primeira via de nibus guiada. Como uma Em 1996, Quito (Equador) abriu um sistema
alternativa ao sistema ferrovirio leve planejado, de BRT usando tecnologia de trlebus eltricos
a cidade de Essen (Alemanha) abriu seu sistema (Figura 29). Quito, depois, incluiu seu corre-
guiado em 1980 (Figura 28). Essa inovao dor Ecova, em 2001, e seu Central Norte,
usa rodas guias laterais para controlar o movi- em 2005. Alm da Amrica Latina, o primeiro
mento do veculo dentro de uma canaleta da interesse por BRT na sia aconteceu anos 90.
largura do nibus. Adelaide (Austrlia) seguiu Em 1999, Kunming desenvolveu a primeira via
com sua prpria via de nibus guiada em 1986. de nibus no canteiro central na China. Taipei
Ocasionalmente, o conceito de via guiada (Taiwan) tambm desenvolveu um sistema de
Figura 30 chegou at outras cidades, incluindo algumas vias de nibus no canteiro central, inaugurado
Os sistemas de BRT cidades do Reino Unido, como Ipswich (1995), s em 2001. Igualmente, cidades em pases
em Rouen (foto acima) Leeds (1995) e Bradford (2002), assim como a desenvolvidos tambm demonstraram um
e outras cidades da cidade japonesa de Nagoya (2002). Contudo, renovado interesse no final dos anos 90, e novos
Frana introduziram em razo do custo um tanto alto da via de sistemas foram implementados em Vancouver
novas caractersticas, nibus guiada, o conceito teve relativamente (Canad), em 1996, Miami (EUA), em 1997, e
em especial a alta poucas adoes. Brisbane (Austrlia), em 2000.
tecnologia veicular e Na Frana, no final dos anos 90, inovaes em
sistemas de orientao. Foi s no fim dos anos 90 que o perfil dos
Imagem por cortesia de Connex BRTs se tornou mais amplamente conhecido. tecnologia veicular toldaram a distino entre
BRT e VLT. Veculos como os Civis da Irisbus
e o TVR (Transport sur Voue Reserve) da
Bombardier utilizaram carrocerias arredondadas
e tiveram as rodas cobertas, compondo um pro-
duto bastante sofisticado. Os sistemas em Caen
(2002), Clermont-Ferrand (2001), Lyon (2004)
Nancy(2001) e Rouen (2000) utilizaram esses
tipos de veculos (Figura 30). O sistema de BRT
de Rouen TEOR particularmente sofisticado
graas ao uso de um sistema de guia tico.
A transformao de Bogot
Ainda nos anos 90, contudo, o BRT no era
visto como uma opo de transporte em massa
capaz de oferecer um servio completo como
sistemas ferrovirios. O BRT era mais um nicho
26 Introduo
Manual de BRT
Introduo 27
Manual de BRT
28 Introduo
Manual de BRT
Introduo 29
Manual de BRT
2. Daca
(foto por Karl Fjelstrom)
3. Manila
(foto por Lloyd Wright)
4. Santo Domingo
(foto por Lloyd Wright)
30 Introduo
Manual de BRT
I. Preparao
1. Incio 2. Opes tecnolgicas 3. Organizao de Projeto
Gerao de idias Introduo a alternativas Equipe/gerentes de projeto
Comprometimento poltico Critrio de Seleo Escopo e prazos de projeto
Formalizao da viso Tomada de decises Oramento de Planejamento
V. Plano de negcios
15. Estrutura de negcios 16. Operational costs 17. Custeio e 18. Publicidade
Modelo de negcios Itens do custo operacional Financiamento Nome do sistema
Mudana estrutural Distribuio de faturamento Opes de financiamento Logo and slogan
Organizao institutcional Preo da tarifa Pblico Estrategias para
Privado campanhas
Introduo 31
Manual de BRT
32 Introduo
Manual de BRT
Introduo 33
Manual de BRT
34 Introduo
Manual de BRT
Figura 39
A fase de estudo
conceitual envolve
produzir uma viso
geral do futuro sistema.
Ilustrao por cortesia de Lane
Transit District (Eugene, EUA)
Introduo 35
Manual de BRT
Lista dos principais agentes participantes: Utilizando ferramentas especializadas para dese-
grupos, organizaes e indivduos; nho de projetos, o time de engenharia desenha
Potenciais caractersticas de desenhos do em detalhe cada aspecto fsico do sistema. Em
projeto (estaes, vias, terminais, veculos, alguns casos, cada metro de infra-estrutura da
sistemas de cobrana, etc.). via de nibus recebe seu prprio tratamento de
Esses assuntos levantados no estudo da viso projeto. O projeto detalhado de engenharia
geral devem ser vistos como conceitos iniciais mais tarde usado como a base para os documen-
e no como decises inalterveis. Claramente, tos de licitao para os vrios componentes da
circunstncias posteriores e novas informaes infra-estrutura.
podem requerer alteraes das decises
anteriores, registradas no estudo concei-
tual. Entretanto o estudo conceitual um
valioso comeo do projeto como um todo.
36 Introduo
Manual de BRT
na economia, nos nveis de trfego, no meio temas relacionados com as anlises de impacto e
ambiente, na equidade social e no desenvolvi- avaliao do projeto.
mento urbano. Assim que o sistema de trfego
Plano de implementao
for completamente planejado, vale a pena rever
essas estimativas. Um conjunto mais preciso de O principal objetivo de qualquer processo
impactos projetados possvel aps a finalizao de planejamento de transporte pblico no
meramente produzir um plano. Ao contr-
de todo o desenho e componentes de plane-
rio, o extenso esforo de planejamento deve
jamento. Uma anlise de impactos detalhada
dar nfase gerao de um sistema real. Para
possibilita que os tomadores de deciso tenham preparar o processo de construo, um plano
confiana para se comprometer totalmente com de implementao englobando prazos, planos
a construo. Alm disso, uma vez que o sistema de construo e procedimentos de contratao
esteja operando, um plano de avaliao til devem ser desenvolvidos. O Captulo 20 deste
para conhecer o seu desempenho e para identifi- manual descreve os passos tpicos de um plano
car reas para melhorias. O Captulo 19 discute de implementao.
Introduo 37