Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

2 - Formação Do Estado Moderno

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 10

Ensino Mdio

220 Poder, poltica e ideologia


Sociologia

FORMAO DO
ESTADO MODERNO <Salvina Maria Ferreira1

e os homens sempre procuraram ser li-


vres, por que organizaram um meio de se-
rem controlados?

Tal como ns, muitas pessoas tentaram


responder questo acima e escreveram
verdadeiros tratados a partir de seus estu-
dos e anlises de sua sociedade e do mo-
mento histrico em que viviam. Acompa-
nhemos algumas dessas respostas!

Colgio Estadual Hasdrubal Bellegard Curitiba - Pr


1

Formao do Estado Moderno 221


Ensino Mdio

Comecemos por Nicolau Maquiavel (1469-1527) que viveu numa


sociedade italiana corrompida, dividida, sujeita s invases externas.
Ele nos diz que os homens buscam uma organizao de um poder ca-
paz de colocar freios em seus maus sentimentos e em seus desejos
mundanos. Assim sendo, o homem s tem um caminho: escolher uma
forma de governo capaz de controlar a maldade humana.
Anal que tipo de governo seria esse? Segundo Maquiavel, somente
um prncipe seria capaz de organizar os homens numa sociedade onde
existisse o equilbrio, sem maus desejos, educada, virtuosa e com ins-
tituies estveis. Quando chegasse a atingir esse tipo de sociedade, o
prncipe no precisaria mais governar pois os homens chegariam a um
ideal e poderiam mudar a forma de governo para a Repblica pois os
homens seriam virtuosos e participariam ativamente.
Para o lsofo Thomas Hobbes (1588-1679), o homem, em seu es-
tado de natureza, acaba provocando conitos com os outros, pois
vive competindo, descona de todos e vive buscando a glria. Es-
sa situao levou os homens a buscarem uma maneira de evitar esse
constante estado de guerra de todos contra todos.
E qual foi a sada? A sada foi fazer um contrato que assegurasse a
paz. Mas ser que s isso resolveu a questo? Segundo Hobbes, no,
pois um papel assinado no garante a paz. necessrio que os ho-
mens submetam sua vontade vontade de um s homem que os man-
tenha em respeito e sob leis. E quem seria esse homem? Que tipo de
organizao seria necessria? Esse homem seria um rei que exerceria o
poder despoticamente e essa organizao seria o Estado absolutista.
Mas o que Estado absolutista e por que Hobbes nos d essa res-
posta? Bem, na sociedade dele, a Inglaterra, havia muitos conitos en-
tre o poder real, absoluto, e o poder do Parlamento, que queria liber-
dade poltica e econmica, e isso estava levando a muitas brigas. Alm
do mais, o governo existe para que possamos viver em paz e o poder
do governante tem que ser ilimitado. Portanto, segundo Hobbes, ou o
poder absoluto, centralizado e sem divises ou continuamos a viver
na condio de guerra, de poderes que se enfrentam constantemente.
J, para John Locke (1632-1704), a resposta questo inicial : os
homens concordaram, livremente, em organizar a sociedade com o
objetivo de preservar e consolidar ainda mais os direitos que possu-
am no estado de natureza. Que direitos so esses? O direito vida,
liberdade e aos bens, que Locke simplesmente chama de proprieda-
de. E como garantiriam isso? Por meio de um corpo de leis. A prxi-
ma ao dos homens foi a de escolher a forma de governo a partir da
deciso da maioria.
Qual a forma de governo defendida por Locke? Aquela que for es-
colhida pela maioria e que cumpra seu objetivo: conservar a proprie-
dade. Se isso no for cumprido e ainda o governo usar da fora sem
amparo legal, o povo tem o legtimo direito de resistncia opresso
e tirania.
222 Poder, poltica e ideologia
Sociologia

Por que Locke defende o poder legtimo da populao ir contra uma


forma de governo? Porque ele era contra o poder absoluto exercido em
sua sociedade, a inglesa. Essa mais uma prova de que qualquer tipo de
governo, para ele, s vlido se for do consentimento do povo.
Vejamos mais uma resposta nossa questo inicial. Ela nos dada
por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) que, em seu livro O Contrato
Social, nos diz que os homens zeram uma escolha entre serem inni-
tamente livres em seus impulsos, que podem aniquilar a vida natural
ou aceitarem as garantias de liberdade e de propriedade dadas pela
lei. possvel, ento, ser livre mesmo a partir da criao de leis? No
algo esquisito, pois as leis no nos limitam? Segundo Rousseau no,
porque somos parte ativa e passiva nesse processo. Como assim? o
seguinte: ns elaboramos as leis e ao mesmo tempo as obedecemos, o
que mostra ser possvel a relao perfeita entre liberdade e a obedin-
cia. Obedecer lei escrita por ns mesmos um ato de liberdade.
Para que a melhor escolha prevalecesse, foi necessrio que todos
zessem uso da razo e da liberdade, a m de institurem um contra-
to. Essa a primeira condio que d legitimidade vida poltica, uma
vez que todos estamos em p de igualdade. A partir da os homens -
zeram um contrato que inaugurou a organizao de um Estado. E qual
a forma de governo defendida por Rousseau? Diferentemente dos ou-
tros pensadores aqui apresentados, ele arma que qualquer forma de
governo que se adote secundria desde que ela esteja submetida ao
poder soberano do povo. O governo , ento, entendido como corpo
administrativo do Estado, sendo limitado pelo poder do povo. nesse
sentido que, mesmo sob o regime monrquico, o poder do povo pode
ser soberano, se o monarca governar como funcionrio do povo.

ATIVIDADE

Diante dessas idias, nos cabem algumas questes. Responda-as:


1. Pesquise o que signica estado de natureza para Hobbes e John Locke. a mesma explicao de
vida natural para Rousseau? Faa uma comparao entre os signicados encontrados.
2. Releia as idias de Maquiavel, Hobbes, John Locke e Rousseau. Depois diga com qual delas voc
concorda e no concorda, bem como o porqu.
3. Voc convocado a responder a questo: Por que o homem, querendo ser livre organiza um meio
de ser controlado? Como a responderia?

E a problemtica continua, mesmo que tenhamos conseguido en-


tender um pouco os motivos da organizao do Estado. E qual seria,
ento a melhor forma de organizao desse Estado? Maquiavel defende
um governo centralizado na pessoa de um prncipe; Hobbes defende

Formao do Estado Moderno 223


Ensino Mdio

a monarquia absolutista; John Locke diz que a melhor forma aque-


la escolhida pelo povo; j Rousseau defende que a melhor forma de
governo aquela em que, quem for escolhido para governar deve ser
funcionrio do povo, que soberano. Para entendermos melhor por
que existem essas opes de tipos de governo, leia atentamente a his-
tria que se segue.

Uma discusso clebre


Uma histria das tipologias das formas de governo, como esta, pode ter incio na discusso refe-
rida por Herdoto, na sua Histria (...) entre trs persas Otanes, Megabises e Dario sobre a melhor
forma de governo a adotar no seu pas depois da morte de Cambises. O episdio, puramente imagin-
rio, teria ocorrido na segunda metade do sculo VI antes de Cristo, mas o narrador, Herdoto, escreve
no sculo seguinte. De qualquer forma, o que h de notvel o grau de desenvolvimento que j tinha
atingido o pensamento dos gregos sobre a poltica um sculo antes da grande sistematizao terica
de Plato e Aristteles (no sculo IV). A passagem verdadeiramente exemplar porque, como veremos,
cada uma das trs personagens defende uma das trs formas de governo que poderamos denominar
de clssicas (...). Essas trs formas so: o governo de muitos, de poucos e de um s, ou seja, de-
mocracia, aristocracia e monarquia, embora naquela passagem no encontremos ainda todos os
termos com que essas trs modalidades de governo foram consignadas tradio que permanece vi-
va at nossos dias.
(...) Otanes props entregar o poder ao povo (...) argumentando assim: Minha opinio que ne-
nhum de ns deve ser feito monarca, o que seria penoso e injusto. Vimos at que ponto chegou a pre-
potncia de Cambises, e sofremos depois a dos magos. De qualquer forma poderia no ser irregular
o governo monrquico se o monarca pode fazer o que quiser, se no responsvel perante nenhuma
instncia? Conferindo tal poder, a monarquia afasta do seu caminho normal at mesmo o melhor dos
homens. A posse de grandes riquezas gera nele a prepotncia, e a inveja desde o princpio parte de
sua natureza. Com esses dois defeitos, alimentar todas as malvadezas: cometer de fato os atos mais
reprovveis, em alguns casos devido prepotncia, em outros inveja. Poderia parecer razovel que o
monarca e tirano fosse um homem despido de inveja, j que possui tudo. Na verdade, porm, do mo-
do como trata os sditos demonstra bem o contrrio: tem inveja dos poucos bons que permanecem,
compraz-se com os piores, est sempre atento s calnias. O que h de mais vergonhoso que, se
algum lhe faz homenagens com medida, cr no ter sido bastante venerado; se algum o venera em
excesso, se enraivece por ter sido adulado. Direi agora, porm, o que mais grave: o monarca subver-
te a autoridade dos pais, viola as mulheres, mata os cidados ao sabor dos seus caprichos.
O governo do povo, porm, merece o mais belo dos nomes, isonomia; no faz nada do que ca-
racteriza o comportamento do monarca. Os cargos pblicos so distribudos pela sorte; os magistrados
precisam prestar contas do exerccio do poder; todas as decises esto sujeitas ao voto popular. Pro-
ponho, portanto, rejeitarmos a monarquia, elevando o povo ao poder: o grande nmero faz com que tu-
do seja possvel.
(...) Megabises, contudo, aconselhou a conana no governo oligrquico: Subscrevo o que disse
Otanes em defesa da abolio da monarquia; quanto distribuio do poder ao povo, contudo, seu
conselho no o mais sbio. A massa inepta obtusa e prepotente; nisto nada se lhe compara. De ne-
nhuma forma deve tolerar que, para escapar da prepotncia de um tirano, se caia sob a plebe desati-
nada. Tudo o que faz, o tirano faz conscientemente; mas o povo no tem sequer a possibilidade de sa-

224 Poder, poltica e ideologia


Sociologia

ber o que faz. Como poderia sab-lo, se nunca aprendeu nada de bom e de til, se no conhece nada
disso, mas arrasta indistintamente tudo o que encontra no seu caminho? Que os que querem mal aos
persas adotem o partido democrtico; quanto a ns, entregaramos o poder a um grupo de homens es-
colhidos dentre os melhores e estaramos entre eles. natural que as melhores decises sejam to-
madas pelos que so melhores.
(...) Em terceiro lugar, Dario manifestou sua opinio: O que disse Megabises a respeito do governo
popular me parece justo, mas no o que disse sobre a oligarquia. Entre as trs formas de governo, to-
das elas consideradas no seu estado perfeito, isto , entre a melhor democracia, a melhor oligarquia e
a melhor monarquia, armo que a monarquia superior a todas. Nada poderia parecer melhor do que
um s homem o melhor de todos; com seu discernimento, governaria o povo de modo irrepreensvel;
como ningum mais, saberia manter seus objetivos polticos a salvo dos adversrios.
Numa oligarquia, fcil que nasam graves conitos pessoais entre os que praticam a virtude pe-
lo bem pblico: todos querem ser o chefe, e fazer prevalecer sua opinio, chegando por isso a odiar-
se; de onde surgem as faces, e delas os delitos. Os delitos levam monarquia, o que prova que es-
ta a melhor forma de governo.
Por outro lado, quando o povo que governa, impossvel no haver corrupo na esfera dos ne-
gcios pblicos, a qual no provoca inimizades, mas sim slidas alianas entre os malfeitores: os que
agem contra o bem comum fazem-no conspirando entre si. o que acontece, at que algum assume
a defesa do poder e pe m s suas tramas, tomando-lhes o lugar na admirao popular, admirado mais
do que eles, torna-se monarca. Por isso, tambm a monarquia a melhor forma de governo.
Em suma, para diz-lo em poucas palavras: de onde nos veio a liberdade? Quem a deu? O povo,
uma oligarquia, ou um monarca? Sustento que, liberados por obra de um s homem, devemos manter
o regime monrquico e, alm disso, conservar nossas boas instituies ptrias: no h nada melhor.
< (BOBBIO, 1985. p.39-41).

ATIVIDADE

Vejamos: temos algumas respostas do porqu os homens organizaram a sociedade e o Estado. Va-
mos trabalhar um pouco respondendo s questes abaixo.
1. Os trs personagens da histria Uma discusso clebre, Otanes, Megabises e Dario fazem, cada
um, a defesa de uma das formas de governo e criticam outra. Faa um quadro que mostre qual
o tipo de governo defendido e criticado por cada um. Neste quadro anote os argumentos que eles
utilizam.
2. Com mais trs colegas, elejam um tipo de governo para defende-
rem e um outro para criticarem, isto , dizerem porque apiam
um e no o outro. Depois montem um tribunal onde apresen-
taro a defesa e as crticas desses tipos de governo. Escolham
cinco colegas para serem os juizes que elaboraro o veredicto
nal de cada tipo de governo.

Formao do Estado Moderno 225


Ensino Mdio

Tudo isso nos leva a pensarmos em nossas sociedades e em nossos


tipos de governo. Por que temos, no Brasil e nos E.U.A., a Repblica
presidencialista? Por que na Inglaterra e na Espanha h a Monarquia
parlamentarista? Por que na Frana e na Itlia h o Parlamentarismo?
Por que a experincia de alguns pases, como, por exemplo, a Frana
e os E.U.A., tida como modelo para os demais?
Para respondermos essas questes necessria a pesquisa do pro-
cesso histrico de cada pas a m de entendermos as razes ou os mo-
tivos de terem determinado certo tipo de governo. Vejamos a histria
da Frana, mais exatamente o processo da Revoluo Francesa, como
exerccio de anlise e compreenso.
Essa Revoluo ocorreu em 1789 e desde ento cantada em ver-
so e prosa como modelo de revoluo democrtico-burguesa. Mas por
qu? considerada modelo porque pode e deve servir de exemplo;
democrtico porque ao lanar as palavras de ordem liberdade, igual-
dade e fraternidade procurou assegurar o respeito aos direitos de ca-
da um; e burguesa porque, conforme mostrou a histria, ajudou e aju-
da a deter propostas de mudanas mais efetivas.
Mas precisamos nos perguntar sobre a organizao da sociedade
francesa s vsperas da revoluo de 1789: Que tipo de sociedade era?
Quem a governava? Como a governava? Quem inspirou os ideais revo-
lucionrios? Os revolucionrios conseguiram atingir os objetivos pro-
postos?
Para comear, pode-se dizer que, apesar dos historiadores colo-
carem como perodo nal do feudalismo o sculo XVI, havia ainda,
na Frana, alguns caracteres feudais que, teimosamente, insistiam em
manter-se vivos por mais tempo. Isso est longe de signicar, entretan-
to, que o sistema feudal se mantivesse dominante at o sculo XVIII,
pois, um capitalismo agrrio vinha sendo introduzido muito antes
disso, a ponto de, no sculo XVIII, os tradicionais pagamentos aos se-
nhores serem bastante modestos quando comparados com os arrenda-
mentos capitalistas.
Politicamente, a sociedade francesa era governada pelos
reis que mantinham o poder centralizado em suas mos a
ponto de Luis XV dizer ao Parlamento de Paris:

Em minha pessoa reside o poder soberano. S a mim


pertence o poder legislativo, sem dependncia e sem
partilha. A ordem pblica emana de mim por inteiro, e os
direitos e interesses da nao esto unidos necessaria-
mente aos meus, e s repousam em minhas mos. (MI-
CELI,1987:52).

226 Poder, poltica e ideologia


Sociologia

Veja voc! O que diferencia os antigos reis absolutistas dos ditado-


res de hoje no a prepotncia deles, mas a capacidade de dizer cla-
ramente e em pblico, o que ia em suas cabeas!
Luis XV ignorava ou talvez ngia no saber que a monarquia es-
tava desacreditada, que os poderes locais, simbolizados pelos antigos
senhores feudais, no aceitavam a centralizao da administrao, que
os intendentes de justia, de polcia e de nanas eram funcionrios
poderosos, pois em suas mos estava o controle das revoltas, do co-
mrcio, da agricultura e da indstria, alm de serem responsveis pe-
lo recrutamento de soldados para o exrcito e da cobrana de impos-
tos antecipados Coroa.
Alm desses problemas internos, a Frana estava falida pois dispu-
tava, com a Inglaterra, a ustria e a Prssia, por exemplo, territrios
coloniais. No fundo era uma briga pela diviso do mundo e do contro-
le poltico e econmico a partir de interesses exclusivos.
Est dando para perceber como o tipo de governo implantado na
Frana vai construindo seu prprio m? Ento continuemos! Vejamos
agora como a sociedade francesa estava organizada internamente. Va-
mos lembrar de uma perguntinha clssica que se faz quando estuda-
mos de 5 8: Como estava organizada a sociedade francesa s vs-
peras da revoluo de 1789? Lembra a resposta? Vamos ajuda-lo! Ela
estava organizada em trs grupos:
a) 1 Estado representado pelo clero que tinha privilgios polticos, judi-
cirios e scais, controlava 10% das terras de todo territrio francs e,
alm disso, cobrava taxas de batismo, casamento, sepultura e a dzima.
Isso no quer dizer que todo o clero tinha esses privilgios. Somente o
alto clero, isto , bispos e abades, tinha esses privilgios. Os que per-
tenciam ao baixo clero, ou seja, os padres sem cargos, passavam di-
culdades tanto quanto a maioria da populao francesa.
b) 2 Estado representado pela nobreza, aquela que detinha o poder
na Idade Mdia, tambm tinha muitos privilgios como: podiam
usar espada; tinham banco reservado nas igrejas; no pagavam im-
postos; tinham o monoplio de acesso aos cargos superiores do
exrcito, da igreja e de serem juzes. Muitos ainda recebiam impos-
tos dos seus camponeses.
c) 3 Estado era composto pelos camponeses, artesos, operrios, pe-
la burguesia, fosse ela comercial, industrial ou nanceira e pelos
prossionais liberais mdicos, juristas, literatos e professores. Pa-
ra grande parte desses que compunham o 3 Estado, especialmente
os camponeses, artesos e operrios, a situao no era nada boa.
Para piorar, uma grande seca, entre 1785 e 1789, provocou a ele-
vao dos preos dos principais produtos consumidos por eles. Is-
so fez com que a fome se alastrasse ainda mais. D para perceber
o que andou acontecendo, no? Como conter camponeses, artesos
e operrios famintos e revoltosos?

Formao do Estado Moderno 227


Ensino Mdio

Aqui, para tentar responder quem inspirou os propsitos da revoluo, retornemos aos nos-
sos pensadores, especialmente Locke e Rousseau que tentaram provar que os homens so os
principais responsveis por seu destino. Analisemos assim: as necessidades prticas da burgue-
sia de aumentar seus lucros e a busca dos camponeses, artesos e operrios de acabar com
a fome e a misria acabaram dando
respaldo s idias loscas. S falta-
va arregaarem as mangas e irem pa-
ra a luta. Foi o que aconteceu em 14
de julho de 1789 quando uma multi-
do invadiu e tomou a Bastilha, forta-
leza onde o rei trancaava seus inimi-
gos polticos.

< Foto: Joo Urban

PESQUISA

S nos resta saber se os revoltosos conseguiram seus objetivos. Fica aqui o desao:
1. Faa uma pesquisa e responda se os revoltosos conseguiram atingir seus objetivos e quais meios
foram utilizados.
2. Pesquise se na histria do Brasil houve um acontecimento ou uma revolta que possa ser compara-
da com a Revoluo Francesa. Faa um quadro comparativo entre elas destacando: por que ocor-
reu, quem participou, quais os objetivos, o que a inuenciou e quais os resultados obtidos.
3. Entreviste cinco pessoas com as seguintes questes:
a) Voc sabe explicar o que :
1) Monarquia?
2) Oligarquia?
3) Democracia?
4) Parlamentarismo?
b) Hoje, no Brasil, temos o presidencialismo como tipo de governo. Quem fez essa escolha? Com
base em qu?
c) Se tivssemos um plebiscito no Brasil para mudar o tipo de governo, em qual voc votaria? Mo-
narquia, Oligarquia, Parlamentarismo ou Presidencialismo? Por qu?

Construa um texto comentando e relacionando as respostas com a questo inicial de nosso estu-
do. Leia suas concluses para os demais colegas.

228 Poder, poltica e ideologia


Sociologia

z Referncias:
BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: por uma teoria geral da
poltica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. 4 ed. Braslia: Ed.


UnB, 1985.

GOMES, Roberto. Crtica da razo tupiniquim. 8. ed. Curitiba: Criar,


1986.
HOBBES, Thomas. Leviat ou Matria, forma e poder de um estado
eclesistico e civil. 3 Edio. So Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os Pen-
sadores)

KANT, Immanuel. Crtica da razo prtica. Lisboa: edies 70,1989.


(Textos Filoscos).

MICELI, Paulo. As revolues burguesas. So Paulo: Atual, 1987.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. So Paulo: Nova Cultu-


ral, 1999. v. 1.

SADEK, Maria Tereza. Nicolau Maquiavel: o cidado sem fortuna. O intelec-


tual de virt. In.: WEFFORT, Francisco (Org). Os clssicos da poltica: 3.
ed. So Paulo: tica, 2003. v. 2.

WEFFORT, Francisco (Org). Os clssicos da poltica: 13 ed. So Pau-


lo: tica, 2003. v. 2.

Formao do Estado Moderno 229

Você também pode gostar