Apostila Gilcione
Apostila Gilcione
Apostila Gilcione
umeros Complexos
Um n umero complexo z e uma expressao da forma z = a + ib, sendo que a e b sao n umeros
2
umero imaginario puro que satisfaz i = 1. Definimos a = Re(z) ( parte real
reais e i um n
de z) e b = Im(z) ( parte imaginaria de z). O conjugado de z e definido por z = a ib e o
valor absoluto ou modulo de z por |z| = a2 + b2 .
Dados dois n
umeros complexos z = x + iy e w = u + iv podemos definir as operacoes
soma, subtracao, multiplicacao e divisao de n
umeros complexos da seguinte maneira :
O conjunto dos n umeros complexos munido com tais operacoes e denotado por C. A
partir dessas definicoes, algumas propriedades podem ser facilmente verificadas :
(a) z w = z w
(b) zw = zw
(c) z z = |z|2
z+z
(d) Re(z) = 2
zz
(e) Im(z) = 2i
.
Utilizando o criterio da razao verifica-se que o raio de convergencia da serie complexa acima
e , ou seja, a serie converge para todo n umero complexo. Em particular, para z = i,
R, devido a convergencia absoluta de (1), nos obtemos a formula de Euler :
n
(i)
ei =
P
n=0 n!
P (i) 2n P (i)2n+1
= n=0 (2n)! + n=0 (2n+1)!
2 4 3 5
= 1 2 + 4! + . . . + i( 3! + 5!
+ . . .)
ei = cos + isen .
(Observemos que i2n = (i2 )n = (1)n .) Alem disso, ei = cos isen = ei . Portanto,
devido a (d) e (e) conclumos que :
ei + ei ei ei
cos = , sen = .
2 2i
1
A partir da formula de Euler, algumas demonstracoes de identidades trigonometricas
se tornam muito mais simples. Por exemplo, uma vez que
ei ei = ei(+)
Exerccios
4. Mostre usando a formula de Euler que sen 2 = 2sen cos e que cos 2 = cos2 sen 2 .
2
2 Forma Complexa da S
erie de Fourier
A partir da serie de Fourier de uma funcao f , introduziremos o conceito da forma complexa
da serie de Fourier. Alguns resultados da secao anterior serao fundamentais neste topico.
Mas, primeiramente, facamos uma definicao.
Defini ao 2.1 Uma funcao f : R R e uma func
c ao secionalmente contnua se f for
seccionalmente contnua em qualquer intervalo fechado em R.
Seja f : R R uma funcao periodica de perodo 2l, seccionalmente contnua com f 0
seccionalmente contnua, entao, f se expressa por uma serie de Fourier
a0 X nx nx
f (x) = + (an cos + bn sen ),
2 n=1 l l
com
1Z l nx 1Z l nx
an = f (x) cos dx e bn = f (x)sen dx, n 0 inteiros. (2)
l l l l l l
Pelos resuldados da secao anterior, temos que :
i nx i nx i nx i nx
an cos nx
l
+ bn sen nx
l
= an e l +e 2
l
+ bn e l e
2i
l
nx nx
= 21 (an + bin )ei l + 12 (an bin )ei l
nx nx
= 21 (an ibn )ei l + 12 (an + ibn )ei l
nx nx
= cn ei l + dn ei l ,
em que
an ibn an + ibn
cn = , dn = , n > 0.
2 2
Vamos considerar as formulas (2) dos coeficientes da serie de Fourier validas para
n 0 inteiros. Desta forma, obtemos que an = an e bn = bn . Sendo assim, teremos que
cn = dn e c0 = a0 /2.
Logo,
nx nx nx nx
an cos + bn sen = cn ei l + cn ei l .
l l
Da definicao de cn e pelas equacoes dadas em (2), podemos mostar que
1 Zl nx
cn = f (x)ei l dx, n Z. (3)
2l l
A fim de obtermos a forma complexa da serie de Fourier, introduziremos a seguinte
notacao
X n=
X
n = 0 + (n + n ),
n= n=1
nx Pn=
pondo n = cn ei l , temos que f (x) = 0 + n=1 (n + n ), ou ainda,
n=
nx
cn ei
X
f (x) = l . (4)
n=
A serie (4) com os coeficientes dados por (3) e chamada de forma complexa da serie
de Fourier de f (x).
3
Exemplo 2.1 Obtenha a forma complexa da serie de Fourier da func
ao
(
1, 0x
f (x) =
0, < x < 0
f (x + 2) = f (x).
Como l = , obtemos
cn einx ,
X
f (x) =
n=
em que
1 Z
cn = f (x)einx dx, n Z.
2
1
Como c0 = 2
e segue para n 6= 0 que :
1 R0 R
cn = 0einx dx + 2
2
1
0 1einx dx
1 einx
= 2 in
0
1 i in
= 2 n
(e 1)
i n
cn = 2n
[(1) 1].
Assim
1 i
[(1)n 1]einx .
X
f (x) = +
2 n=,n6=0 2n
Exerccios
1. Mostre que os coeficientes da forma complexa da serie de Fourier de uma funcao mpar
sao imaginarios puros (n
umeros complexos com parte real nula) e de uma funcao par
sao reais.
6. Escreva a forma complexa da serie de Fourier da funcao f (x) = cos x + cos 3x + sen 3x.
7. Calcule a forma complexa da serie de Fourier das funcoes f (x) = cos x e g(x) = sen x
com f (x + 2) = f (x) e g(x + 2) = g(x) em que nao e um n umero inteiro.
4
8. Sejam f e g duas funcoes contnuas e periodicas de perodo 2l. Defina o produto interno
entre estas funcoes da seguinte maneira:
Z l
< f (x), g(x) >= f (x)g(x)dx.
l
nx
(a) Seja n (x) = ei l com n Z. Mostre que
(
0 , se n 6= m
< n (x), m (x) >=
2l , se n = m
3 A motivac
ao da transformada de Fourier
O metodo separacao de variaveis e eficaz na obtencao da solucao do problema de conducao
de calor em uma barra finita e na solucao do problema de uma corda vibrante. Tais solucoes
sao dadas por somas de senos e cossenos cujos os coeficientes dependem do parametro t. A
ideia e estendermos estes resultados para uma barra infinita e uma corda infinita para as
equacoes de calor e onda respectivamente.
Uma ideia consiste em se resolver a equacao de calor para uma barra de comprimento
l e fazermos l . Condicoes serao devidamente impostas para garantir a convergencia da
solucao. Ja a motivacao que daremos, consiste em obtermos uma serie de Fourier de uma
funcao periodica de perodo 2l e tambem fazermos l .
Procedemos entao, a uma motivacao tradicional e formal da definicao da Transfor-
mada de Fourier, dada como o limitede uma serie de Fourier. Antes de realizarmos este
procedimento necessitamos da seguinte definicao
5
Observemos que a e b na definicao acima tendem independentemente para infinito.
Este fato e importante quando se trata de integrais improprias, pois n
ao queremos afirmar
que a integral impropria
Z Z a
xdx = a
lim xdx = a
lim 0 = 0,
a
seja convergente e sim, pelo contrario, queremos considerar esta integral impropria como
divergente.
O espaco das funcoes absolutamente integraveis em R sera indicado por L1 (R). Entao,
afirmar que uma funcao f L1 (R) equivale a dizer que dado qualquer > 0, existe M > 0
tal que Z
|f (x)|dx < ,
|x|>M
ou seja, Z
lim |f (x)|dx = 0. (5)
|M | x>|M |
6
logo, temos que
fl (n )ein x .
X
fl (x) = (7)
n= 2
A serie dada em (7) se assemelha a uma soma de Riemann na variavel , e se fizermos
l tender para teremos que tendera para 0. (Lembremo-nos que se h : [a, b] R for
uma funcao integravel entao :
Z b k
X
h(x)dx = lim h(xn )x (8)
a k
n=1
1 Z
f () = lim fl () = f (x)eix dx.
l 2
Considerando em (8) xn = n , h(x) = f (x)eix e x = , da igualdade (7),
obtemos formalmente que
1 Z
f () = f (x)eix dx, (9)
2
caso a integral impropria esteja bem definida. Ja a igualdade liml fl (x) = f (x) nos diz
que
1 Z
f (x) = f ()eix d. (10)
2
que e a transformada inversa de Fourier de f().
Afirmar que (9) esta bem definida significa que para cada a integral converge para
um n umero, e, portanto, temos uma funcao f() definida em R. A condicao f L1 (R) e
suficiente para que a transformada de Fourier exista. De fato, como |ei | = 1, para todo
real, temos que :
R R
| 12 f (x)eix dx| 1 |f (x)eix |dx =
2 R
1
= 2 |f (x)|dx < .
A condicao de f estar em L1 (R) e apenas suficiente, pois existem funcoes que nao sao
absolutamente integraveis embora a expressao (9) convirja, mas nao absolutamente.
Indicaremos a transformada de Fourier de uma funcao f por f() ou F(f ) e a trans-
formada inversa de f por f ou por F 1 (f ).
Facamos um exemplo dessas transformacoes:
7
Exemplo 3.1 Seja f : R R definida por f (x) = 1 se 1 x 1 e f (x) = 0 se x > 1
ou x < 1.
Aplicando (9), temos que
Veremos agora se podemos recuperar a funcao f por meio de (10). Usando a teoria
dos resduos das funcoes complexas ou mesmo transformda de Laplace( veja o exerccio (4))
podemos mostrar que
Z
sen
d = . (11)
Decorre de (11), atraves de uma mudanca de vari
avel que
Z sen ()
d = sign()
em que sign() = 1 se > 0, sign() = 0 se = 0 e finalmente sign() = 1, se < 0.
Ent
ao, aplicando (10), temos que
Exerccios
8
1. Verifique se as funcoes abaixo sao absolutamente integraveis, ou condicionalmente in-
tegraveis ou divergentes :
2
(a) f (x) = ( 1
1+x2
(b) f (x) = (ex
1, se |x| 1 ex , se x 0
(c) f (x) = (d) f (x) =
1/x, se |x| > 1 ex , se x > 0
(e) f (x) = sen
( x (f ) f (x) = sen x2
sen x
, se x 6= 0
(g) f (x) = x (h) f (x) = k, kR
1, se x = 0
3. Seja
(
2n2 |x n| + 1, se |x n| 1
2n2
para todo n Z
f (x) =
0, caso contrario
(a) Seja f (t) = sent t se t 6= 0 e f (0) = 1. A funcao f e uma funcao analtica e limitada
pois |f (t)| 1. Entao f possui transformada de Laplace
Z Z sen t
L(f ) = F (s) = est f (t)dt = est dt
0 0 t
e F 0 (s) = L(tf (t)) = L(sen t) = 1+s
1
2 . Mostre que F (s) = arctan(s) + C.
(b) Como |f (t)| 1 temos que lims F (s) = 0. Conclua que C = /2.
(c) Como
R sen t
F (s) e uma funcao contnua em s 0. Faca s 0 e conclua que
0 t
dt = 2
R sent
(d) Com o item (c) conclua que t
dt = .
R sen t R sen t
5. Admitindo que t
dt = mostre que t
dt = sign().
9
7 . Usando teoria dos resduos de funcoes complexas calcule a transformada de Fourier da
funcao f (x) = 1/(1 + x2 ).
Sugestao: Use como caminho de integracao C = L CR em que L e o intervalo
fechado [R, R] no eixo-x e CR e o semi-crculo superior de raio R centrado na origem
se < 0 e o semi-circulo inferior se > 0.
4 Transformada de Fourier
Nesta secao, inicialmente, daremos algumas propriedades da Transformada de Fourier validas
para funcoes absolutamente integraveis. Posteriormente, introduziremos o conceito de Espaco
de Schwartz que nos permite trabalhar sob hipoteses mais fortes que garantem as principais
propriedades da transformada de Fourier.
ao 4.1 Sejam f, g L1 (R) ent
Proposic ao :
(a) F(af (x) + bg(x)) = aF(f (x)) + bF(g(x)), para a, b R
(b) F(f (x c)) = eic F(f (x)).
Demonstracao A demonstracao de (a) segue da linearidade da integral. Para demonstrar-
mos a segunda afirmativa, temos, por definicao que:
Z
F(f (x c)) = (2)1/2 f (x c)eix dx,
em que a = t0 < t1 < . . . < tn1 < tn = b e f e contnua em (tj , tj+1 ) e possui limites laterais
limitados neste intervalo, basta mostrar o lema para uma funcao contnua em [a, b]. Sendo
assim, temos que
Z b Z a+h Z b
f (x) cos(nx)dx = f (x) cos(nx)dx + f (x) cos(nx)dx
a a a+h
10
para todo h que faca sentido as integrais acima. Em particular, para h = /n, com n
suficientemente grande. Na segunda integral do lado direito da igualdade acima, facamos
uma mudanca de variavel y = x h. Entao, temos que:
Rb
f (x) cos(nx)dx = abh f (y + h) cos(ny + )dy =
R R bh
a+h a f (y + h) cos(ny)dy
= abh f (x + h) cos(nx)dx
R
Como f e contnua em [a, b], temos que limh0 f (x+h) = f (x), e alem disso, sabemos
que | ab g(x)dx| max{|g(x)|, a x b}|b a| com g contnua em [a, b]. Entao, fazendo
R
Demonstrac
ao Dado > 0, de (5), existe M > 0 tal que
Z
2
|f (x)|dx < .
|x|>M 2
Pelo lema de Riemann-Lebesgue, sabemos que:
Z
lim f (x)eix dx = 0.
|| |x|M
11
Entao para || > 0 , para um certo 0 , temos que
Z Z
|f()| (2)1/2 f (x)eix dx + (2)1/2
|f (x)|dx < .
|x|M |x|>M
2
Exemplo 4.1 Se f (x) = cos(ax2 ) com a > 0 ent ao f() = 12a cos( 4a 4 ) e no entanto
lim|| f() 6= 0. Mas f nao e absolutamente
q
integr
avel. Com um pouco mais de trabalho,
R 2
pode-se mostrar que cos(ax )dx = 2a , ou seja, f e condicionalmente convergente.
Vemos entao que a partir da definicao do espaco de Schwartz que se uma funcao f
S(R) temos que para todo n, m 0 inteiros, entao xn f (m) (x) S(R), e alem disso, o
lim|x| f (m) (x) = 0 e f e abolutamente integravel. De fato, tome n = 2 e por definicao
existe uma constante M (2, m) = M tal que
M
|f (m) (x)| , se |x| 1,
x2
segue diretamente que lim|x| f (m) (x) = 0 e que
R 1
|f (m) (x)|dx = 1 |f (m) (x)|dx + |x|>1 |f (m) (x)|dx
R R
R1
1 |f (m) (x)|dx + |x|>1 M dx < .
R
x2
12
2
Exemplo 4.2 Vejamos que f (x) = ex pertence ao espaco de Schwartz. Derivando f m
2
vezes verificamos que f (m) (x) = p(x)ex para um certo polinomio p(x). Portanto, dado
2
um n umero n inteiro nao-negativo, temos que x f (x) = q(x)ex em que q(x) = xn p(x).
n (m)
Logo, por LHopital, xn f (m) (x) 0 quando |x| e portanto xn f (m) (x) e uma funcao
limitada em R, isto e, f S(R).
ao Integrando por partes e usando que f (x) 0 quando |x| , nos obtemos
Demonstrac
que: R 0
F(f 0 (x)) = (2)1/2 f (x)eix dx
= (2)1/2 [f (x)eix |
R ix
(i) f (x)e dx]
= iF(f (x)).
ario 4.5 Se f S(R) entao para todo n 0 inteiro F(f (n) (x)) = (i)n F(f (x)).
Corol
Podemos verificar que F(f 0 (x)) = iF(f (x)) e F(f 00 (x)) = F(f (x)) 6= (i)2 F(f (x)). Ob-
servemos ainda que para todo n, m 0 temos que lim|x| xn f (m) (x) = 0 e no entanto
f/ S(R). Por que ?
Um importante problema em matematica e de determinar se uma funcao (x),
definida por por meio de integral impropria
Z
(x) = f (x, y)dy,
13
Uma condicao necessaria imediata e que para x I fixado, a funcao y 7 f (x, y) seja uma
funcao integravel. No caso em questao, queremos saber se
d
= f0 () = (2)1/2
R
d
(f ())
(f (x)eix )dx
= (2)1/2 f (x)(ix)eix dx ?
R
Teorema 4.6 Se f S(R) entao para todo n 0 temos que f(n) () = F((ix)n f (x)).
Demonstrac
ao Consulte [1].
Exemplo 4.4 Sejam f (x) = eax , com a > 0 e f() sua transformada de Fourier. Pelo
2
2
chamando u = ieix e dv = xeax dx e integrando por partes, n
os obtemos que
ax2
e Z ax2 ix
f0 () = (2)1/2 ieix
e e dx = f().
2a 2a
2a
2
Como se trata de equacao diferencial ordin aria de primeira ordem, entao f() = Ie 4a .
Resta-nos calcular f(0) = (2)1/2 2
eax dx = I. Esta integral
R
aparece em varias
aplicac
oes, em particular na distribuic
ao normal e seu valor e I = 1/ 2a, veja o exerccio
16. Portanto
2 1 2
f() = F(eax ) = e 4a .
2a
2 2
Observemos ainda que se a = 1/2 temos F(ex /2 ) = e /2 , ou seja, F(f ) = f. A
func ao de F com autovalor igual a 1.
ao f e chamada de auto-func
14
( (
x, se 0 x 1 1, se 0 x 1
Exemplo 4.5 Sejam f (x) = e g(x) =
0, caso contrario 0, caso contrario.
Calcularemos neste exemplo a convoluc
ao de f e g. Ent
ao:
Z Z 1
h(x) = (f g)(x) = f (y)g(x y)dy = yg(x y)dy.
0
15
ario 4.8 Sejam f = F(f ) e g = F(g) ent
Corol ao F 1 (fg) = (2)1/2 (f g).
Exerccios
16
4. Seja f funcao real e absolutamente integravel em R. Mostre que
f() = f() .
Sugest
ao: Use os exerccios (1) e (6).
( (
e2x , se x 0 ex , se x 0
9. Sejam f (x) = e g(x) = .
0, se x < 0 0, se x < 0
Calcule a convolucao (f g)(x).
( (
1, se |x| 1 ex , se x 0
10. Sejam f (x) = e g(x) = .
0, se |x| > 1 0, se x < 0
Calcule a convolucao (f g)(x).
17
1
(c) (1+i)(1+2i)
;
i
(d) 1+ 2
;
1
(e) 1 2 +i
;
13. Resolva a equacao
Z g(y) 2
dy = .
(x y)2 + 9 x2 + 16
14. Mostre que Z Z
f (x)g(x)dx = f()
g ()d.
Conclua que se f (x) = g(x) para todo x R entao
Z Z
2
|f (x)| dx = |f()|2 d.
(
x, se |x| 1
15. Seja f (x) = .
0, se |x| > 0
Calcule F(f (x))() = f() e com o exerccio anterior, mostre que
Z (x cos x sen x)2
dx = .
x4 3
R 2
16. O objetivo deste exerccio e mostrar que I = (2)1/2 eax dx = 1/ 2a com a > 0.
R 2 R 2
(a) Convenca-se que I = (2)1/2 eax dx = (2)1/2 eay dy e que
Z Z
1 Z Z a(x2 +y2 )
2 1/2 ax2 1/2 ay 2
I = (2) e dx (2) e dy = e dxdy.
2
(b) Introduzindo coordenadas polares
x = r cos , y = rsen , r [0, ) e [0, 2),
e tambem lembrando que dxdy = rdrd, mostre que
1 Z 2 Z ar2 Z
2
I2 = e rdrd = ear dr
2 0 0 0
R ar2
(c) Calcule a integral impropria 0 e dr e conclua que I = 1/ 2a.
17. Seja f (x) a transformada inversa de Fourier da funcao f(). Mostre que
(a) F 1 (f( + c)) = f (x)eicx ;
(b) F 1 (f() cos(c)) = [f (x + c) + f (x c)]/2;
(c) F 1 (f()sen (c)) = [f (x + c) f (x c)]/(2i);
18 . Use o fato que cos x2 dx = sen x2 dx = 22 para mostrar que F(cos(ax2 )) =
R R
2 2
1 cos( ) e F(sen (ax2 )) = 1 cos( + ) com a > 0.
2a 4a 4 2a 4a 4
18
5 Aplicac
oes da Transformada de Fourier
Nesta secao daremos algumas aplicacoes da transformada de Fourier. Resolveremos os pro-
blemas de conducao de calor em uma barra infinita e semi-infinita e o da vibracao em cordas
infinitas.
u Z
2u
(, t) = (2)1/2 eix 2 2 (x, t)dx.
t x
Uma hipotese devera ser imposta neste instante: lim|x| u(x, t) = lim|x| ux (x, t) = 0,
pois assim teremos que
u
(, t) = 2 F(uxx (x, t)) = 2 (i)2 F(u(x, t)) = 2 2 u(, t).
t
Entao, obtemos uma equac ao diferencial parcial que pode ser reduzida uma equacao
diferencial ordinaria, cuja solucao e
2 2 t
u(, t) = C()e .
19
Caso saibamos a expressao de f , podemos usar a transformada inversa de Fourier
ou mesmo utilizando uma tabela de transformada e obtermos a express ao da func
ao u(x, t).
Utilizaremos o teorema da convolucao, para obtermos a func ao cuja transformada e dada
acima.
t) = e2 2 t . Como F 1 (e2 /(4a) ) = 2aeax2 com a > 0, temos que
Seja k(,
1 x2
k(x, t) = e 42 t ,
22 t
2 u 1/2
Z 2
ix u
(, t) = (2) e (x, t)dx.
t2 t2
20
Pela equacao diferencial parcial dada em (17), temos que
2 u
(, t) = F(utt (x, t)) = F(a2 uxx (x, t)).
t2
Novamente, devemos impor duas condic oes na func ao u(x, t), que s
ao lim|x| u(x, t) =
lim|x| ux (x, t) = 0 para que tenhamos as relac oes
2 u
(, t) = a2 (i)2 u(, t) = a2 2 u(, t).
t2
Obtemos entao uma equacao diferencial parcial que pode ser reduzida a uma equacao difer-
encial ordinaria cuja solucao e dada abaixo:
Exerccios
1. Equac
ao de onda:
(a) Mostre que a transformada de Fourier da solucao do problema
2
utt a uxx
= 0 , x R, t > 0
u(x, 0) = f (x) , x R
ut (x, 0) = g(x) , x R
e
1
u(, t) = f() cos at + g() sen at .
a
21
(b) Sabendo que a energia total de uma corda infinita vibrante e
1 Z
E = (ut (x, t)2 + a2 ux (x, t)2 )dx ,
2
onde e a densidade linear de massa na corda, mostre que ela pode ser reescrita como
1 Z 2 2
E = (a |f ()|2 + | g ()|2 )d .
2
Conclua que a energia se conserva.
2. Obtenha a expressao da solucao do problema anterior.
3. Equac
ao do calor:
Considere uma barra infinita com difusividade termica 2 = 1/4 e com temperatura
2
inicial u(x, 0) = e(xb) , b > 0.
(a) Calcule a temperatura u(0, t) do ponto x = 0 para qualquer instante t > 0.
(b) Mostre que esta temperatura atinge um maximo num determinado instante (b) e
depois decresce a zero. Calcule (b) em funcao de b.
(c) Procure entender fisicamente porque u(0, t) primeiramente cresce para depois tender
a zero.
4. A equacao que governa a temperatura u(x, t) de uma barra infinita ( < x < )
que troca calor pela superfcie lateral com um ambiente a temperatura 0 e
ut 2 uxx = u ,
2
onde e uma constante positiva. Se a temperatura inicial e u(x, 0) = ex , calcule
u(x, t) para t > 0. Mostre que, como seria de se esperar, a temperatura em todos
os pontos tende a 0 quando t e o faz mais rapidamente que no caso = 0 da
equacao do calor usual.
5. Resolva a equacao diferencial abaixo, utilizando transformada de Fourier.
u00 u = f (t),
onde u0 e a derivada de u em relacao a variavel t. Alem disso, a funcao f e absoluta-
mente integravel e limitada.
Observemos que a transformada de Fourier gera uma solucao da equacao diferencial
acima sem as condicoes iniciais. Porem, tal equacao diferencial e de 2a ordem, e
portanto deveramos ter condicoes iniciais para caracterizar um PVI. Voce saberia
dizer quais as condicoes iniciais do PVI que foi resolvido?
6. Use transformada de Fourier para resolver problema de vibracao de uma corda infinita
com amortecimento
2
utt (x, t) = a uxx (x, t) 2but (x, t), x R, t > 0;
u(x, 0) = f (x), x R;
ut (x, 0) = g(x), x R
em que b > 0.
22
7. Usando transformada de Fourier, resolva a equacao diferencial abaixo
(
ut (x, t) + 4ux (x, t) = g(x), x R, t > 0;
u(x, 0) = f (x), x R
9. Equac
ao de Laplace:
Ache a solucao limitada u(x, y) do problema
(
uxx + uyy = 0 , y R e x > 0
1 .
u(0, y) = 1+y 2 ,y R
11. Este problema objetiva mostrar como se pode usar transformada de Fourier tambem
para resolver problemas de propagacao de calor em barras semi-infinitas.
(a) Considere primeiramente o problema de propagacao de calor numa barra infinita
com temperatura inicial f (x) dada, < x < . Utilize a formula para a solucao
obtida no exemplo (5.1)para mostrar que se f e uma funcao mpar e absolutamente
integravel em R, entao a temperatura u(0, t) na origem e nula se t > 0. Procure
tambem entender fisicamente este resultado.
R
Sugest ao: A integral impropria f (x)dx e nula, se f e mpar e absolutamente
integravel em R.
(b) Resolva o seguinte problema de conducao de calor numa barra semi-infinita.
ut = uxx , x > 0, t > 0
u(0, t) = 0, t > 0
u(x, 0) = g(x), x > 0
23
Sugestao: Defina f como a extensao mpar de g. Mostre que a solucao do problema
de barra infinita para f , quando restrita `a regiao x > 0, obedece a todas as condicoes
do problema em (b) e e portanto a solucao deste.
2
(c) Escreva a solucao de (b) no caso em que g(x) = xex .
Sugest ao: Para calcular a transformada de Fourier necessaria, utilize a propriedade
que relaciona a transformada de Fourier da derivada de uma funcao com a transformada
de Fourier da propria funcao.
12. Ache a solucao da equacao de calor para uma barra semi-infinita 0 < x < sujeita
a uma condicao inicial u(x, 0) = f (x) e com a condicao de isolamento termico da
extremidade x = 0, ou seja, ux (0, t) = 0, t > 0.
Sugest
ao: Adapte a ideia do problema anterior.
em que
0, 0 < x < 2
x 2, 2 < x < 3
f (x) = .
x + 4, 3 < x < 4
0, x > 4
24
6 Tabela de Transformada de Fourier
f (x) f()
(
1 , |x| a q
2 sen (a)
1 (a > 0)
0 , |x| > a
ea||
q
1
2 a2 +x2
, a > 0. 2 a
2
2
3 eax , a > 0. 1 e 4a
2a
2
4 cos(ax2 ), a > 0. 1 cos(
)
2a 4a 4
2
5 sen (ax2 ), a > 0. 1 cos( +
)
2a 4a 4
(
1 |x|/a , |x| a q
2 1cos(a)
6 (a > 0) a 2
0 , |x| > a
(
eax , x 0 1
7 (a > 0)
0 , x<0 2(a+i)
(
eax , x 0 1
8 (a > 0)
0 , x>0 2(ai)
(
cos ax , |x| b 1 [ sen (a)b sen (a+)b
9 (b > 0) + ]
0 , |x| > b 2 a a+
(
sen ax , |x| b i [ sen (a)b sen (a+)b
10 (b > 0) + ]
0 , |x| > b 2 a a+
11 f (x)eicx f( c)
12 f (x + c) f()eic
13 f (n) (x) (i)n f()
14 (ix)n f (x) f(n) ()
15 f(x) f ()
Refer
encias
[1] Figueiredo, Djairo Guedes de, An
alise de Fourier e equac
oes diferenciais parciais. Rio
de Janeiro, IMPA, CNPq. 1991. Projeto Euclides.
[4] Kreyszig, Erwin, Advanced Engineering Mathematics, Seventh Edition. John Wiley &
Sons. 1988.
25