Fischer nega a Lula produção de provas
Ministro do Superior Tribunal de Justiça rejeita solicitação dos advogados do ex-presidente que pretendiam, inclusive, perícia no famoso triplex do Guarujá, que o petista nega ser o dono
Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Breno Pires
12 Abril 2017 | 15h51
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da Lava Jato /
Foto: Adriano Machado/Reuters
O ministro do Superior Tribunal de Justiça Felix Fischer rejeitou pedido da defesa do ex-presidente Lula para a produção de provas periciais, documentais e testemunhais na ação penal contra o petista em curso na 13.ª Vara Federal de Curitiba, que analisa os processos relacionados à Operação Lava Jato na primeira instância judicial.
Fischer nega a Lula produção de provas
Ministro do Superior Tribunal de Justiça rejeita solicitação dos advogados do ex-presidente que pretendiam, inclusive, perícia no famoso triplex do Guarujá, que o petista nega ser o dono
Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Breno Pires
12 Abril 2017 | 15h51
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da Lava Jato /
Foto: Adriano Machado/Reuters
O ministro do Superior Tribunal de Justiça Felix Fischer rejeitou pedido da defesa do ex-presidente Lula para a produção de provas periciais, documentais e testemunhais na ação penal contra o petista em curso na 13.ª Vara Federal de Curitiba, que analisa os processos relacionados à Operação Lava Jato na primeira instância judicial.
Fischer nega a Lula produção de provas
Ministro do Superior Tribunal de Justiça rejeita solicitação dos advogados do ex-presidente que pretendiam, inclusive, perícia no famoso triplex do Guarujá, que o petista nega ser o dono
Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Breno Pires
12 Abril 2017 | 15h51
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da Lava Jato /
Foto: Adriano Machado/Reuters
O ministro do Superior Tribunal de Justiça Felix Fischer rejeitou pedido da defesa do ex-presidente Lula para a produção de provas periciais, documentais e testemunhais na ação penal contra o petista em curso na 13.ª Vara Federal de Curitiba, que analisa os processos relacionados à Operação Lava Jato na primeira instância judicial.
Fischer nega a Lula produção de provas
Ministro do Superior Tribunal de Justiça rejeita solicitação dos advogados do ex-presidente que pretendiam, inclusive, perícia no famoso triplex do Guarujá, que o petista nega ser o dono
Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Breno Pires
12 Abril 2017 | 15h51
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da Lava Jato /
Foto: Adriano Machado/Reuters
O ministro do Superior Tribunal de Justiça Felix Fischer rejeitou pedido da defesa do ex-presidente Lula para a produção de provas periciais, documentais e testemunhais na ação penal contra o petista em curso na 13.ª Vara Federal de Curitiba, que analisa os processos relacionados à Operação Lava Jato na primeira instância judicial.
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Superior Tribunal de Justia
HABEAS CORPUS N 390.433 - PR (2017/0044204-9)
RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER
IMPETRANTE : CRISTIANO ZANIN MARTINS E OUTROS ADVOGADO : CRISTIANO ZANIN MARTINS E OUTRO(S) - SP172730 IMPETRADO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4A REGIO PACIENTE : LUIZ INCIO LULA DA SILVA
DECISO
1. Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em favor
de LUIZ INCIO LULA DA SILVA, no qual os impetrantes apontam como ato coator a negativa de concesso de liminar no HC n 5002991-16.2017.4.04.0000/PR, impetrado perante o Tribunal Regional Federal da 4 Regio, por conta do indeferimento, pelo Juzo da 13 Vara Federal de Curitiba, de produo de provas pericial, documental e testemunhal, requerida pelo Paciente nos autos da Ao Penal n 5046512-94.2016.4.04.7000/PR. Alegam os impetrantes que a coao ilegal est prevista no art. 648, VI do CPP, j que ante o indeferimento das provas requeridas o processo manifestamente nulo. Sustentam que deve haver o afastamento do bice consubstanciado na Smula n 691 do STF, pois o indeferimento da liminar no est devidamente fundamentado, pois no menciona os argumentos da impetrao. Alm disso, a demora no julgamento do HC no TRF justifica a impetrao do presente HC nesta Corte, pois a Ao Penal encontra-se em fase final da instruo, forando o Paciente a permanecer sob a incidncia de evidente coao ilegal, com prejuzos pessoais e para sua imagem pblica. No mais, os pedidos feitos liminarmente e quando do julgamento do mrito so diferentes, razo pela qual a Smula n 691 do STF no deve ser aplicada. Quanto ao mrito da impetrao, aduzem que o indeferimento de produo das provas requeridas (pericial, documental e testemunhal) acarretou manifesto cerceamento de defesa, j que tais provas poderiam comprovar a inexistncia dos crimes imputados ao Paciente. Em carter liminar, requerem o sobrestamento da tramitao e eventual Documento: 71051502 - Despacho / Deciso - Site certificado - DJe: 07/04/2017 Pgina 1 de 11 Superior Tribunal de Justia julgamento da Ao Penal n 5046512-94.2016.04.7000, at o final julgamento de mrito deste writ. Ao final, pleiteiam a concesso da ordem para o fim de se decretar a nulidade de todas as decises que indeferiram os pleitos de produo de provas pelo Paciente, anulando-se, por igual, o feito desde o recebimento da Denncia. o sucinto relatrio. Passo a fundamentar para, ao final, decidir.
2. vista do entendimento consagrado na Smula 691 do Supremo
Tribunal Federal, de regra, no cabe ao Superior Tribunal de Justia conhecer de habeas corpus impetrado contra deciso liminar de Tribunais de segundo grau de jurisdio, sob pena de supresso de instncia. Sabe-se, entretanto, que a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal admite o abrandamento da incidncia do entendimento sumulado em casos excepcionais, podendo-se conferir, entre outros: o HC 122.670, Relator(a): Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 05/08/2013; HC 121.181, Relator(a): Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 22/04/2014, quando a deciso impugnada teratolgica, manifestamente ilegal ou abusiva. No caso do presente HC, portanto, cabe analisar se houve flagrante constrangimento ilegal ou teratologia na deciso pela qual foi negada a concesso liminar do writ impetrado em favor do Paciente perante o Tribunal Regional Federal da 4 Regio. certo que o acusado tem o direito de requerer a produo das provas que entender pertinentes para para o exerccio de seu direito de defesa, garantido constitucionalmente. certo tambm, porm, que o magistrado pode indeferir as provas que forem consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatrias (art. 400, 1, do CP). Em relao a isso, assim se pronunciou o ilustre Relator do HC originrio: [...]De outro norte, no sistema processual vigente, o juiz o destinatrio da prova e pode recusar a realizao daquelas que se mostrarem irrelevantes, impertinentes ou protelatrias, conforme previso do art. 400, 1, do Cdigo de Processo Penal. A ampla defesa no pode ser confundida com a possibilidade de realizao de todo e qualquer ato processual pretendido, mesmo que sem qualquer Documento: 71051502 - Despacho / Deciso - Site certificado - DJe: 07/04/2017 Pgina 2 de 11 Superior Tribunal de Justia utilidade prtica. [...] lcito ao juzo, portanto, o indeferimento de provas que, a seu sentir, mostram-se desnecessrias para a formao de seu convencimento, em especial quando os requerimentos da defesa buscam ampliar a discusso para fora dos limites da acusao, como ocorreria se permitida a juntada de todos os contratos ou atas de todas as reunies da mais alta administrao da Petrobras.[....]" (fl. 39).
Da anlise do excerto acima, verifica-se que o e. Relator analisou a
questo, mas entendeu que o Juzo de primeiro grau poderia indeferir eventuais provas que entendesse desnecessrias. Assim, a anlise do cabimento do presente Habeas Corpus, j que ainda no houve o julgamento do HC originrio na instncia inferior, no sentido de verificar se o indeferimento de provas foi manifestamente ilegal ou houve deciso teratolgica. Da leitura da pea acusatria, verifica-se que o Paciente est sendo denunciado pelas supostas prticas dos delito de: 1) Corrupo passiva qualificada, em sua forma majorada, previsto no art. 317, caput e 1, c/c art. 327, 2, todos do Cdigo Penal, no perodo compreendido entre 11/10/2006 e 23/01/2012, por 7 vezes, em concurso material; 2) Lavagem de capitais, previsto no art. 1 c/c o art. 1 4, da Lei n 9.613/98, no perodo compreendido entre 08/10/2009 e a data da denncia, por 3 vezes, em concurso material; 3) Lavagem de capitais, previsto no art. 1 c/c o art. 1 4, da Lei n 9.613/98, no perodo compreendido entre 01/01/2011 e 16/01/2016, por 61 vezes, em continuidade delitiva. Isto porque, em suma, de acordo com o resumo feito pelo magistrado de primeiro grau quando analisou o recebimento da Denncia, "(...) o ex-Presidente da Repblica Luiz Incio Lula da Silva teria participado conscientemente do esquema criminoso, inclusive tendo cincia de que os Diretores da Petrobrs utilizavam seus cargos para recebimento de vantagem indevida em favor de agentes polticos e partidos polticos. A partir dessa afirmao, alega o MPF que, como parte de acertos de propinas destinadas a sua agremiao poltica em contratos da Petrobrs, o Grupo OAS teria concedido, em 2009, ao Ex-Presidente vantagem indevida consubstanciada na entrega do apartamento 164-A do Edifcio Solaris, de matrcula 104.801 do Documento: 71051502 - Despacho / Deciso - Site certificado - DJe: 07/04/2017 Pgina 3 de 11 Superior Tribunal de Justia Registro de Imveis do Guaruj/SP, bem como, a partir de 2013, em reformas e benfeitorias realizadas no mesmo imvel, sem o pagamento do preo. Estima os valores da vantagem indevida em cerca de R$ 2.424.991,00, assim discriminada, R$ 1.147.770,00 correspondente entre o valor pago e o preo do apartamento entregue e R$ 1.277.221,00 em benfeitorias e na aquisio de bens para o apartamento. Na mesma linha, alega que o Grupo OAS teria concedido ao ex-Presidente vantagem indevida consubstanciada no pagamento das despesas, de R$ 1.313.747,00, havidas no armazenamento entre 2011 e 2016 de bens de sua propriedade ou recebidos como presentes durante o mandato presidencial. Em ambos os casos, teriam sido adotados estratagemas subreptcios para ocultar as transaes. Estima o MPF que o total pago em propinas pelo Grupo OAS decorrente das contrataes dele pela Petrobrs, especificamente no Consrcio CONEST/RNEST em obras na Refinaria do Nordeste Abreu e Lima - RNEST e no Consrcio CONPAR em obras na Refinaria Presidente Getlio Vargas - REPAR, alcance R$ 87.624.971,26. Destes valores, R$ 3.738.738,00 teriam sido destinados especificamente ao ex-Presidente."
A defesa alega que requereu a produo de provas periciais, documentais
e testemunhais, e que, no entanto, o Juzo de 1 grau indeferiu a realizao de vrias dessas provas, por meio de decises com fundamentaes que seriam inadequadas e inidneas. Quanto s provas periciais, requereu a defesa: "Seja determinada a realizao de prova pericial multidisciplinar a fim de identificar (i) se houve desvio de recursos da Petrobras em favor de seus agentes em relao aos trs contratos indicados na Denncia; (ii) quem seriam os beneficirios dos recursos desviados; e (iii) se houve algum tipo de repasse desses eventuais recursos desviados em favor de Lula e Marisa Letcia"; "Seja determinada a realizao de prova pericial econmico-financeira a fim de apurar: (i) se a OAS utilizou diretamente de recursos eventualmente ilcitos oriundos dos trs contratos firmados com a Petrobras indicados na Denncia na construo e eventuais benfeitorias realizadas no empreendimento Condomnio Solaris ou, ainda, para pagamento da empresa Granero para armazenagem do acervo presidencial; (ii) os prejuzos eventualmente causados UNIO em virtude dos eventuais desvios verificados em relao a esses trs contratos indicados na Denncia"; "Seja determinada a realizao de prova pericial no Condomnio Solaris a fim de apurar: (i) a data em que o empreendimento foi finalizado; (ii) a situao das unidades do empreendimento, inclusive no que tange ao registro no Cartrio de Registro de Imveis; (iii) as alteraes eventualmente realizadas na unidade 164-A Documento: 71051502 - Despacho / Deciso - Site certificado - DJe: 07/04/2017 Pgina 4 de 11 Superior Tribunal de Justia aps a finalizao do Condomnio Solaris; (iv) o valor da unidade 164-A e das alteraes eventualmente realizadas no local; (v) eventual posse da unidade 164-A por Lula e Marisa Letcia". (fl. 12).
Analisando tais pedidos, assim entendeu o Juzo da 13 Vara Federal de
Curitiba (fls. 380/381): "Pela primeira percia, pretende a Defesa que os peritos informem se houve desvio de recursos da Petrobrs em relao aos trs contratos da Petrobrs com o Grupo OAS e se parte deles foi destinado ao ex-Presidente. Pela segunda percia, quer a Defesa que seja verificado se h possvel estabelecer um rastro financeiro entre os valores recebidos do Grupo OAS e os recursos utilizados para construo do Edifcio Solaris ou para pagamento das benfeitorias do apartamento ou para pagamento da armazenagem. Para ambas as percias requeridas, no h afirmao, em princpio, na denncia de que exatamente o dinheiro recebido pelo Grupo OAS nos contratos com a Petrobrs foi destinado especificamente em favor do ex-Presidente. Dinheiro fungvel e a denncia no afirma que h um rastro financeiro entre os cofres da Petrobras e os cofres do ex-Presidente, mas sim que as benesses recebidas pelo ex-Presidente faziam parte de um acerto de propinas do Grupo OAS com dirigentes da Petrobrs e que tambm beneficiariam o ex-Presidente. Ento a percia, alm de inapropriada, seria incua pois a acusao no se baseia em um rastreamento especfico. A prova de natureza documental e oral, no pericial. Quanto ao requerimento de apuraao dos prejuzos sofridos pela Petrobrs nos contratos com o Grupo OAS, no faz ele parte da acusao. O prejuzo apontado decorreria da prtica do cartel e ajuste fraudulento de licitao, imputaes que no foram realizadas contra o ex-Presidente. Relativamente a terceira percia pretendida, ela desnecessria ou inadequada para definir a data da finalizao do empreendimento ou para verificar o registro de imveis do prdio e principalmente para definir "eventual posse da unidade 164-A pelos Defendentes". Esses fatos demandam prova de natureza documental e oral e no pericial. Enfim, indefiro as trs percias requeridas porque imprprias ou inadequadas aos fins pretendidos ou mesmo impertinentes ou irrelevantes."
J o relator do HC originrio, ao indeferir a liminar almejada, entendeu
no haver ilegalidade, j que o juiz pode indeferir provas e houve fundamentao adequada para tanto.
Documento: 71051502 - Despacho / Deciso - Site certificado - DJe: 07/04/2017 Pgina 5 de 11
Superior Tribunal de Justia Assim, feita uma anlise inicial dos requerimentos da defesa, bem como do indeferimento feito pelo Juzo de 1 grau, verifica-se que os dois primeiros requerimentos de provas periciais no teriam como provar, como acredita a defesa, que o Paciente no teria praticado as condutas que lhe so imputadas, pois como foi dito a Denncia no faz uma ligao entre os contratos indicados e os valores supostamente recebidos pelo Paciente, j que pea acusatria trata de um "caixa geral de propina" . Quanto ao terceiro requerimento de prova pericial, que seria percia no Condomnio Solaris, o Juzo de 1 grau entendeu que ela seria desnecessria ou inadequada, e que os fatos demandariam prova documental e oral, e no pericial. Da mesma forma, reputa-se em princpio correta essa fundamentao, tendo em vista que a data em que o empreendimento foi finalizado e a situao das unidades do empreendimento, inclusive no que tange ao registro, podem ser apuradas por certides, que so pblicas, no prprio Cartrio de Registro de Imveis da localidade, como tambm o valor da unidade, j as alteraes eventualmente realizadas na unidade 164-A aps a finalizao do Condomnio e eventual posse da unidade por parte do Paciente podem ser obtidas por meio de prova oral. Ante o teor do indeferimento das provas periciais pelo Juzo de primeiro grau e da deciso liminar proferida no HC, no se vislumbra manifesta ilegalidade, muito menos teratologia, a ponto de admitir-se a superao da Smula n 691 do STF.
Das provas documentais requeridas pela defesa e que restaram
indeferidas
Requereu a defesa cpia de todas as atas de reunies ordinrias e
extraordinrias do Conselho de Administrao e Conselho Fiscal da Petrobrs, incluindo eventuais anexos, no perodo compreendido entre 01/01/2003 a 16/01/2016, e cpia de todas as atas de reunies ordinrias e extraordinrias da Comisso de Licitao da Companhia no mesmo perodo e, ainda, cpias de pareceres e manifestaes emitidos pelo rgo nesse perodo. Documento: 71051502 - Despacho / Deciso - Site certificado - DJe: 07/04/2017 Pgina 6 de 11 Superior Tribunal de Justia Requereu tambm que fosse determinado ao Tribunal de Contas da Unio o envio de cpia de todos os procedimentos relativos s contas e auditorias da Petrobras relativos ao perodo compreendido entre 1/01/2003 a 16/01/2016, com eventuais pareceres dos auditores e decises proferidas nesses procedimentos, bem como fosse determinado Controladoria Geral da Unio o envio de cpia de todos os procedimentos relativos s contas e auditorias da Petrobras relativos ao perodo compreendido entre 1/01/2003 a 16/01/2016, com eventuais pareceres dos auditores e decises proferidas nesses procedimentos. Quanto ao pedido de juntada de todas as atas, assim se manifestou o Juzo de primeiro grau (fl. 376): "A pretenso de juntada, no perodo de 2003 a 2016, de todas as atas de reunies de Conselho de Administrao, Conselho Fiscal e das dezenas de Comisses de Licitao da Pctrobrs, no se justifica. Provas tem um custo e o objeto da denncia determinado, relativo a trs contratos. A documentao da Petrobrs , portanto, a pertinente aos trs contratos e no a todas as atas de reunies dos rgos colegiados da Petrobrs cm treze anos. Observo, ademais, que a denncia contm vrios documentos relativos aos trs contratos celebrados pela OAS, em consrcio, com a Petrobrs, inclusive os relatrios sobre as auditorias internas realizadas pela Petrobrs e que foram aparentemente ignorados pela Defesa (v.g. evento 3, arquivos compll5, compl41 e compl42). Considerando, de todo modo, a sentena prolatada na ao penal conexa 5083376-05.2014.4.04.7000, na qual esses contratos foram examinados, forme a Secretaria mdia com o contedo eletrnico dos eventos 205, 251, 269, 633 e 634 daquela ao penal e afete-se a este processo eletrnico, disponibilizando cpia s partes. Junte a Secretaria diretamente no processo eletrnico cpia dos seguintes documentos constantes nos seguintes eventos daquela ao penal evento 1, out, out40, out42, out 66, out 69, out76 e out77. Assim, indefiro a juntada de todas as atas de rgos colegiados da Petrobrs em treze anos assim como todas as atas de comisses de licitao da empresa em treze anos. Caso desses documentos, haja alguns especficos pertinentes, poder a Defesa discriminar e esclarecer a relevncia para eventual nova deciso do Juzo. Prazo de cinco dias."
J o Relator do HC impetrado por conta de tal indeferimento entendeu
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Superior Tribunal de Justia que houve fundamentao adequada, no se justificando a concesso da liminar requerida. Assim, considerando que o indeferimento da prova requerida foi devidamente fundamentado, no h flagrante ilegalidade ou teratologia a justificar o processamento do presente HC enquanto ainda no julgado o HC originrio. Quanto documentao solicitada ao Tribunal de Contas da Unio e Controladoria-Geral da Unio, assim se manifestou o Juzo: "Deve a Defesa esclarecer a relevncia e a pertinncia do requerido. A denuncia reporta-se a trs contratos e obras da Petrobrs e no a todos. Invivel requisitar junto ao TCU todos os procedimentos de fiscalizao de contas e auditoria da Petrobrs em treze anos. Prazo de cinco dias." "Deve a Defesa esclarecer a relevncia e a pertinncia do requerido. A denncia reporta-se a trs contratos e obras da Petrobrs e no a todos. Invivel requisitar junto CGU todos os procedimentos de fiscalizao de contas e auditoria da Petrobrs em treze anos. Prazo de cinco dias."
O TRF no viu ilegalidade em tal indeferimento, pois, da mesma forma,
houve fundamentao pertinente. Quanto ao requerimento para que fosse determinado Presidncia da Repblica que encaminhasse aos autos informaes relativas s 84 misses empresariais realizadas pelo Paciente quando estava no cargo de Presidente da Repblica, entendeu o Juzo processante que estas informaes no constituem objeto da Denncia, aparentando ser prova custosa e duvidosa. Para demonstrar a pertinncia do pedido, assim aduziu o impetrante: " evidente a pertinncia desse material para demonstrar que o Paciente buscou incentivar a internacionalizao das empresas brasileiras sem qualquer distino." (fl. 16).
De fato, em uma anlise inicial, no se verifica a relevncia da prova
requerida com os fatos imputados ao Paciente, tendo em vista tambm que este no est sendo denunciado pelo crime de associao criminosa com outros funcionrios pblicos ou empreiteiros/empresrios. Verifica-se o mesmo em relao ao pleito para que fosse determinado ao
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Superior Tribunal de Justia Congresso Nacional que informasse o status de todos os projetos de lei apresentados pela Presidncia da Repblica entre os anos de 2003 a 2010, constando, dentre outras coisas, as emendas apresentadas e eventual qurum de aprovao. Quanto a esse pedido o Juzo processante referiu que os dados so pblicos, podendo a defesa levantar essa prova, o que se reputa correto. Quanto ao pedido de que fosse determinado empresa Planner Trustee que informasse a relao contratual mantida com a empresa OAS em relao ao Condomnio Solaris (incluindo os recursos disponibilizados para a construo do empreendimento, as garantias envolvidas e o status da operao, bem como que encaminhasse aos autos cpia dos documentos correspondentes), verifica-se que a Denncia sustenta que o apartamento 164-A, do referido condomnio, foi personalizado e decorado com recursos provenientes dos crimes praticados em prejuzo da Petrobrs, no se referindo a construo do mesmo, como consta do pedido. Enfim, no se evidencia a manifesta ilegalidade na deciso liminar proferida no HC perante o Tribunal Regional Federal a justificar o conhecimento do presente Habeas Corpus, j que o caso ainda est pendente de julgamento do TRF.
Da prova testemunhal indeferida
Quanto oitiva de testemunha que possui residncia em outro pas
(Frana), esta se daria por meio de carta rogatria. Sobre esse instrumento dispe o CPP, em seu art. 222-A que "As cartas rogatrias s sero expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade ". Quanto a isso os impetrantes aduzem que: "A oitiva do Embaixador Paulo Cesar de Oliveira Campos se mostra efetivamente necessria para melhor apurao dos fatos narrados e imputados especialmente em relao ao Paciente, uma vez que ocupou relevantes cargos durante o seu governo e poder prestar valiosos esclarecimentos para contrapor as afirmaes contidas na denncia especialmente em relao ao carter lcito, probo e tico da atuao do mesmo em relao aos assuntos relativos Petrobras e a outros rgos de governo. " (fl. 19, grifou-se).
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Superior Tribunal de Justia Do excerto acima, verifica-se, a princpio, que a oitiva da testemunha residente na Frana seria, como bem aduziu a defesa, para atestar especialmente as qualidades do acusado, como seu carter lcito probo e tico. Dessa anlise inicial constata-se que a testemunha seria "abonatria" das condutas do ru, no sendo demonstrada a sua imprescindibilidade em relao aos fatos imputados ao Paciente. Ante tais consideraes, no se vislumbra manifesta ilegalidade, pois o indeferimento da produo de tal prova foi justificado. Assim, no havendo manifesta ilegalidade ou teratologia na deciso negativa da liminar requerida nos autos do HC n 5002991-16.2017.4.04.0000/PR, ainda pendente de julgamento, no compete a este Superior Tribunal de Justia conhecer do presente Habeas Corpus, devendo ser aplicada a Smula n 691 do STF. Destaco, por fim, os seguintes precedentes no sentido de ser considerado, de plano, incabvel o processamento do Habeas Corpus, em casos como o presente: a) no Pretrio Excelso: HC n 103570, Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurlio, Rel. p/ acrdo Min. Rosa Weber, DJe de 22/8/2014; HC n 121828, Primeira Turma, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 25/6/2014; HC n 123549 AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Crmen Lcia, DJe de 4/9/2014; b) nesta Corte de Justia: HC n 392.348/RO, Sexta Turma, Rel. Ministro Nefi Cordeiro; HC n 392.249/PR, Sexta Turma, Rel. Ministro Sebastio Reis Jnior; HC n 392.316/SP, Quinta Turma, Rel. Ministro Ribeiro Dantas; HC n 391.936/SP, Quinta Turma, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik; HCn 392.187/SP, Sexta Turma, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.
3. Ante o exposto, com fulcro no art. 34, inciso XX, e art. 210, ambos do RISTJ, indefiro liminarmente o processamento do presente Habeas Corpus, eis que inadmissvel.
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Superior Tribunal de Justia
Braslia (DF), 06 de abril de 2017.
Ministro Felix Fischer
Relator
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