Infancia e Arte
Infancia e Arte
Infancia e Arte
Vice-Presidente
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da Educao
Aloizio Mercadante
ISBN: 978-85-93527-00-5
Copyright 2016
Todos os direitos de reproduo so reservados Universidade Federal de So Paulo.
permitida a reproduo parcial ou total desta publicao, desde que citada a fonte
Orientadores Reviso
Ana Maria Pimenta Hoffmann Priscila Pesce Lopes de Oliveira
Andra Claudia Miguel Marques Barbosa
Fabiana Kleufer Adamo Prado Designers
Renato Tocantins Sampaio
Fabrcio Sawczen
Selma Botton
Margeci Leal de Freitas Alves
Sumaya Mattar
Equipe do curso
Tutores
Coordenadora Geral: rica Aparecida Garrutti De Loureno
Fernanda Mannocci
Coordenadora Adjunto: Betania Libanio Dantas de Araujo
Ione Santos da Silva Oliveira
Professora Formadora: Maria Cecilia Sanches
Jaci Sabina de Lima Mattos
Supervisor: Leonardo Sene de Loureno
Jssica Sacuman
Joelma Cristina dos Santos Araujo
Lidiane Cristina Loiola Souza
Autores dos mdulos do curso
Maria Aparecida de Oliveira Brando (material mediacional)
Maria Cristina Quinteiro de Oliveira Tamiello Adriana Alves da Silva
Simone Carleto Betania Libanio Dantas de Araujo
Fabiana Kleufer Adamo Prado
Leitura Crtica Marcia Aparecida Gobbi
Maria Cecilia Sanches
Isabel Melero Bello
Maria Cristina de Campos Pires
Lucila Pesce
Renato Tocantins Sampaio
Selma Botton
Estrutura textual
Sumaya Mattar
Betania Libanio Dantas de Araujo
Este livro foi escrito a partir do estudo de professores e de demais profissionais
da educao das redes municipais de Guarulhos e So Paulo no curso Educao
Infantil, Infncias e Arte. Foram imprescindveis tambm a coordenao do curso,
a equipe do Comit Gestor Institucional de Formao Inicial e Continuada de
Profissionais da Educao Bsica (Comfor) da Universidade Federal de So Paulo
(Unifesp), os designers, orientadores, tutores e o apoio do Governo Federal por
meio da Secretaria de Educao Bsica do MEC SEB.
O curso Educao Infantil, Infncias e Arte nasceu com o intuito de possibilitar novas
experincias com as artes na Educao Infantil. Vivenciar as artes compreender
as nuances dos tons, dos sons e dos movimentos, em oposio ao senso comum
na educao, segundo o qual a criana deve aprender apenas as cores primrias e
secundrias, msicas com apenas trs notas musicais elaboradas por adultos e a
repetio de movimentos sincronizados a partir dos moldes ditados pela televiso.
apresentao
paleta bem extensa de tonalidades e por essa percepo possa experimentar a
criao de novos tons. Na msica, preciso ofertar composies que no tocam
na mdia e que apresentem maior extenso em tons musicais. No movimento,
necessrio propor pesquisas que influenciem diversas formas de chorar, correr,
sorrir e gargalhar, ao invs de ater-se a poucos formatos televisivos repetidos.
Para essa vivncia mais satisfatria nas artes em termos de pesquisa e estudo,
o que norteou o planejamento e desenvolvimento do curso, os participantes e
a possibilidade de viajar em novas descobertas,
a equipe foi
aguando mais os seus olhos, os seus ouvidos, os seus tatos,
os seus olfatos, os seus paladares. Nessa aventura, todas as aes
privilegiaram a articulao entre a teoria e a prtica no processo de formao
docente, fundamentada no domnio de conhecimentos cientficos e didticos.
Estes foram organizados de modo a possibilitar o contato com a ferramenta de
educao a distncia, o estudo de fundamentos das artes na Educao Infantil,
o estudo das artes visuais e das que envolvem corpo e msica, o conhecimento
de como as artes se articulam pressupondo-se a sua interdisciplinaridade e
o planejamento e desenvolvimento de propostas de ao pedaggica em artes.
Ao longo de todo o curso foram realizadas atividades coletivas e individuais, de
modo a promover o aprofundamento terico-metodolgico e estimular processos
de reflexo sobre as prticas no cotidiano de trabalho em creches e pr-escolas,
no que tange s artes, oferecendo um conjunto de vivncias, repertrios e
conhecimentos que possibilitem a construo de olhares e propostas de trabalho
com as crianas pequenas.
Os textos deste livro resultam dos trabalhos de concluso do curso Educao
um projeto que nasce de um mesmo
Infantil, Infncias e Arte.
sonho: dar voz s crianas, muitas vezes silenciadas, pois
consideramos que todas possuem uma cultura das infncias. Por felicidade,
artistas e poetas descobriram desde outrora que as crianas tm a capacidade de
encontrar belezas entre pequenos buraquinhos no cho pisados por adultos com
pressa, e tambm de descobrir imagens desenhadas nas nuvens.
O desenho meticuloso deste livro foi uma criao de Fabricio e Margeci, designers
A capa povoada de desenhos infantis e cada um
do curso.
deles tem uma longa histria. Os textos foram escritos a partir de aes
pedaggicas acompanhadas pelos tutores do curso e orientadores dos trabalhos
de concluso. As aes pedaggicas originais so textos mais alongados, pois
apresentam um estudo sobre as prprias escolas de ao dos cursistas. Nele,
que foram levados a realizar: a) o estudo integrado das artes; b) elaborao de
um plano de ao pedaggica e avaliao do desenvolvimento desta ao com as
crianas; c) apresentao de uma comunicao oral e d) elaborao de um texto
curto acerca dessa experincia. Os textos curtos resultaram nesta publicao.
A criana ensina a olhar para tudo, diz Pessoa, para as flores, mostra como as pedras
so engraadas e ensina a olhar devagar nesse mundo corrido dos adultos. Assim
vai nos ensinando sobre as coisas, e a criana que nasce desta nova experincia d a
mo para mim e para a criana que fez nascer esse sentido maior em ns e corremos
juntas descobrindo que no h mistrio no mundo e que tudo vale a pena*.
Iniciamos o trabalho com uma roda de conversa, perguntando o que faziam quando
voltavam para casa aps as aulas. A maioria disse que assistiam TV, brincavam
em tablets ou com seus brinquedos, sempre sozinhas ou com um irmozinho.
Descrevemos como as crianas de nosso tempo de criana brincavam. Nesse dia,
ensinamos a brincadeira O rei da macarronada. Eles amaram! Aprenderamos
muitas brincadeiras e construiramos instrumentos sonoros a partir de sucatas,
dissemos. Ento enviamos uma pesquisa s famlias com a seguinte questo:
Descreva uma brincadeira cantada (parlenda) que faa parte da infncia de
um membro da famlia, e se possvel ensine-a para seu(sua) filho(a). Alm disso,
enviamos um bilhete pedindo materiais reutilizveis (latas, garrafas pet, tampas,
canos de PVC etc.).
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grande variedade de sons existentes e outros tantos imaginados, como o som das
asas das borboletas...
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A socializao aconteceu no ptio da escola, na presena de todas as turmas e
professores. Num primeiro momento, apresentamos as brincadeiras, maz e Pisa
no Chiclete. Em seguida convidamos todos para brincar.
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som de que? ouvir para conhecer!
Daniela Felix Novaes
Luciana de Ftima Nickel
Sandra Aparecida melro Salim
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Para comeo de conversa, pesquisamos com as crianas o que entendiam e sabiam
sobre o assunto. Durante esta conversa, alguns sons que surgiam espontaneamente
foram sendo pontuados, e a partir da desencadearam-se as pesquisas nas reas
externas e internas da Unidade Escolar.
Foi proposto o registro destes momentos de aproximao com uma cultura que
Nesta ao, meninas
at ento era distante, superficial e sem significado. Foi importante que os adultos
e meninos puderam
envolvidos neste processo tivessem clareza sobre a importncia de seu olhar, que
perceber a relao
por vezes, deixa passar ao largo certas criaes, sobretudo quando oriundas de
que existe entre som
meninas e meninos bastante pequenos. Tornam-se rabiscos sem inteno, menores
e silncio
diante de outros com formas mais facilmente decifrveis (GOBBI, 2005, p.7).
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Todas estas aes nos abrem caminhos para perceber que a arte uma
necessidade do ser humano e talvez seja essa a principal razo para o fato de a
expresso artstica existir desde a Pr-Histria e ainda permanecer nos dias atuais, a arte uma
sobrevivendo ao longo da histria (MATTAR, 2015). necessidade do ser
humano
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ps de moa-moleque
Cristiane Ftima dos Santos
Elenice Paulino da Silva Almeida
mrcia Botarelli Dures
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Ps de Moa-Moleque de Mrcia Botarelli Dures.
Mas naquele dia no sentiu o peso do seu corpo, nem as pernas balanando e os
ps tentando tocar o cho.
Naquele dia o vento encontrou os cabelos do menino, enquanto girava o corpo para
procurar um bambol vazio, fingindo ser um coelho e conseguir vencer o desafio.
Mas naquele dia sua voz desprendeu da garganta ao gritar alerta e suas mos
lanaram a bola, e sorrisos encheram de alegria o ambiente em que estava.
Naquela tarde seus lbios se juntaram e ela descobriu que a fora dos seus pulmes
produzia bolinhas leves como passarinhos, que voavam coloridas, e que as pontas
dos seus dedos teimavam em tocar s para ver como mgica se desfazerem no ar.
Mas naquela tarde ele foi tocar a areia e criar castelos onde prncipes e princesas
enfrentavam drages.
Mas naquele momento ela guiava como os olhos de caramujo, os olhos do pai,
mostrando suas vivncias, descrevendo cada momento, segurando-o pela mo
nessa divertida aventura.
Um dia talvez sabero que neste mesmo tempo, enquanto sorriem, brincam e
deixam cadeiras esperando, aqueles que um dia j foram meninos, ao invs de
segurar pincis e manusear argila, disparam ideologias de horror e medo.
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viajando na cultura
afro-brasileira Elizete Isidora Ferreira Calderon
Nilza Floripedes de Carvalho menezes
Rosangela Saraiva Pessoa
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Encontramos bolinhas de isopor, que coladas em palitos de algodo doce e
pintadas com guache logo se tornaram ideais. Que alegria poder tocar, explorar e
ouvir os tambores soando! As crianas tocaram, tocaram, e chegou o momento de
compartilhar essa descoberta do som com as crianas de outras salas. Para alegrar
ainda mais esse momento, ouvimos a msica Ona, do grupo Barbatuques. Foi
uma grande festa, as crianas cantaram e danaram ao ritmo
contagiante dos tambores.
Ver em cada rostinho a alegria, sentir o prazer de ser propositor dessa atividade,
ser apreciado pelos colegas, deixou evidente que a criana o centro de nossas
aes.
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a imaginao potica
do esttico Rosicler de Lima Silva
Teresa Andrea Ferrara
Vanessa Nunes de Carvalho
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Depois desse episdio, as crianas passaram a usar mais fora e as bexigas
comearam a estourar. Assim que todas as bexigas foram estouradas, a professora
abriu o saco, retirou o papel panam de dentro e pediu para que as crianas
observassem o que tinha acontecido. Apontando para o papel, as crianas foram
dizendo, azul, amarelo, verde, e estrelas referindo-se s lantejoulas. As obras
ficaram secando ao sol. No dia seguinte, as crianas em roda tiveram a oportunidade
de falar sobre o que haviam feito no dia anterior, depois as obras foram colocadas
no cho e foi sugerido pela professora que observassem o que estavam vendo. Elas
mencionaram vrios bichos: coelho, sapo, dinossauro e tambm citaram as cores
amarelo, vermelho, verde e azul. Em seguida, uma delas perguntou se
podiam pular na obra; aps a afirmativa da professora, todas passaram
a pular em cima da obra, depois deitaram, colocaram o rosto
em contato com o papel, apalparam e ficaram muito felizes
com esse movimento. Terminada essa fase, elas ajudaram a levar a obra
para colocar no mural e auxiliaram a fixar com fita crepe.
No dia seguinte, tambm em roda, foi combinado com as crianas que iriam assistir
filmagem da vivncia que fizeram com as bexigas. Elas assistiram atentamente ao
vdeo e apenas comentaram ao final que uma criana havia pisado na outra durante
a brincadeira. Em seguida, foram convidadas a escolher entre dois suportes: mesa
ou parede, para expressar o que fizeram. Como riscadores, tnhamos apenas
canetinha, escolhida para que as impresses ficassem bem ntidas. Das dozes
crianas, apenas duas fizeram desenhos referentes vivncia com as bexigas, as
demais desenharam outras coisas como o pai, a me e animais.
O curso nos deu bastante subsdio para podermos analisar e aprimorar a pratica
cotidiana com as crianas, em busca do pleno desenvolvimento das mesmas.
Cora Coralina
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conhecendo e aprendendo com
msicas do mundo Angela marli Terariol de melo
Lucia Helena Rodrigues Vieira
Rosangela Duarte Pereira
A msica est desde muito cedo presente de forma intensa no cotidiano das
crianas e elas tm interesse no tema. Percebemos que nas rotinas da Educao
Infantil a linguagem musical ainda enfrenta dificuldades para integrar o contexto
educacional, apesar da obrigatoriedade do ensino de msica nas escolas de
educao bsica (LDB 9394/96, artigo 26, pargrafo 2, alterada pela Lei Federal
11.769/08, pargrafo 6). As msicas apresentadas na escola ficam mais restritas
quelas que tm alguma relao com as atividades cotidianas, ao repertrio
infantil j conhecido, o que pode no ser o mais adequado, pois pouco enriquece
o conhecimento das crianas.
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Assim sendo, para realizar este trabalho utilizamos msicas do CD que acompanha
o livro Quantas msicas tem a Msica? ou Algo estranho no museu! de Teca
Alencar de Brito, com msicas de diferentes culturas cantadas por crianas e sons
de instrumentos musicais diversos.
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Fizemos algumas descobertas nesta proposta. Antes de iniciar a ao pedaggica,
tnhamos a expectativa de que tudo sairia perfeito, de que as crianas aprenderiam
facilmente as msicas, as cantariam logo na primeira vez e que no ficariam tmidas
com a filmagem porque j as conhecemos, apesar de no sermos as professoras da
turma. Porm, vimos
que preciso observar e respeitar o tempo
delas para se apropriarem das canes e da organizao que
fizemos para a realizao da ao pedaggica.
Nos momentos em que estivemos com a turma para realizar as atividades, notamos
que as crianas foram bem receptivas. Ficaram tmidas com as filmagens, mas
gostaram muito, querendo participar, cantar, confeccionar e tocar os instrumentos As crianas que
e fazer os desenhos representando o que era solicitado. Quase tudo saiu como participaram da
previsto, apenas no conseguimos socializar a apresentao das msicas com ao gostaram
as crianas de outras turmas, que nos cobravam querendo ver o que fazamos muito e pediram
com aquele grupo. Particularmente achamos que a ao pedaggica foi vlida que acontecesse
para iniciarmos e incentivarmos outras docentes a levarem msicas de diferentes novamente
culturas para que as crianas conheam e apreciem. As crianas que participaram
da ao gostaram muito e pediram que acontecesse novamente.
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Vimos que as crianas no recusam a escuta de msicas de outros povos e culturas,
no fazem crticas ou distines sobre o que lhes apresentado, apreciam e
aproveitam o momento para danar, acompanhar o ritmo das novas msicas que
conhecem e esto dispostas a realizar as atividades que propomos.
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compartilhar... conviver...
Luciene Aparecida Silva
Sandra Regina da Silva dos Santos
Simone Rodrigues Gutierres
Faz parte da nossa rotina a roda de conversa, onde falamos sobre as atividades
que j fizemos ou que pretendemos fazer. Como nossa ao foca a equidade,
comeamos a conversa sobre nossas caractersticas e singularidades. As
crianas fizeram comparaes entre elas ao serem questionadas e observarem
as semelhanas e diferenas entre os corpos. Em uma comparao e observao
entre Henrique e Gustavo, Pietro
disse que o Henrique preto.
Mas sem demora Arthur gritou
que no preto. negro,
n? Respondi que podemos
dizer preto sim, mas muitas
pessoas preferem dizer e ouvir:
negro. Passamos no momento
seguinte apreciao de suas
imagens nos espelhos, para se
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reconhecerem como sujeitos e depois, frente a frente com os colegas, tocaram os
rostos e os cabelos uns dos outros.
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Ao pedirmos s crianas para falarem sobre essa nossa vivncia, Pietro surpreendeu-
nos ao dizer dancei batendo o p pra agradecer a vida; Arthur disse: o ndio
protege a famlia, ndio protege as crianas. to gratificante esse trabalho com os Pietro dancei
pequenos ao v-los mais unidos, compartilhando, posicionando-se na defesa de um batendo o p pra
amigo numa situao real de conflitos. Pudemos contemplar um pouco agradecer a vida;
dessa construo dos sujeitos, numa intensa experincia Arthur o ndio
real de potencializao de nossa prtica pedaggica e do protege a famlia,
protagonismo infantil. gratificante tambm saber que esses valores ndio protege as
de liberdade, justia, igualdade, solidariedade, cooperao, tolerncia e paz so crianas
tambm vivenciados com a professora da manh ou em casa.
Pelas falas das crianas na roda de conversa, suas atitudes durante as brincadeiras
e jogos simblicos, os registros fotogrficos e em vdeo, percebemos que elas
brincam mais juntas, unidas, cuidam mais umas das outras, compartilham objetos
e brinquedos.
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rvore, fonte de vida: a natureza
e suas linguagens mirian Andriani dos Santos
marli Ana Tomasi
Flvia Cruz Russo
Este trabalho originou-se com o fim de promover o uso consciente da gua devido
problemtica da crise hdrica, da importncia da gua para os seres vivos e da
inquietao gerada nas crianas para ajudar o planeta.
Foram feitos pequenos canteiros com pedras, cuidados com p de caf para
espantarem as formigas e as mudas foram regadas e observadas por todos. Essas
etapas foram registradas no caderno.
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Vrias pesquisas foram feitas enriquecendo esse trabalho, tais como em livros
paradidticos e obras de artistas que retrataram rvores em suas telas. Foram
escolhidas pelas crianas as histrias A rvore maravilhosa (KILAKA, 2010), e
A rvore do Brasil (CRUZ, 2009). Partindo dessas obras, foram construdos trs
painis coletivos da rvore maravilhosa e paisagens com e sem natureza.
Os espaos utilizados nas aes foram: sala de convivncia, espao externo e sala
de multimdia. Materiais utilizados foram: sucatas, tintas, pincis, papis, tesoura,
cola, folhas de rvores e outros suportes necessrios durante as atividades.
A socializao do trabalho foi feita por meio da exposio das atividades, pintura
do muro, fotos no portflio da sala e apresentao do teatro para as crianas das
outras turmas do turno da escola.
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O curso Educao Infantil, Infncias e Arte e suas referncias
foram significativas para essa Ao Pedaggica no despertar
da integrao das artes e das outras linguagens, na reflexo
sobre a prtica, mostrando que a arte est em todos os lugares, podendo ser feita
por todos. S necessrio apurar o olhar.
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brincando com o corpo, sensaes
e sentimentos Celia Lopes dos Santos
Raquel Guidini Rezende
meire Silva de Carvalho
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Danando com mscaras, experimentado aromas, tocando nos colegas e sentindo
a bexiga com gua deslizar sobre o corpo... Geladinha, refrescante. As crianas
amaram todo o processo, e o resultado foi satisfatrio.
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com as mos na massa
Daniela Dias
Fabiana Oliveira Dias de Camargo
Roberta Barros Gonalves Sousa
A Galinha Ruiva encontra um gro de trigo e resolve plant-lo. Pede ajuda aos
amigos, mas ningum quer ajudar, nem a plantar, nem a colher, nem a moer, nem
a fazer um lindo e delicioso po. Mas quando o po fica pronto... todos querem
um pedacinho. Ser que a Galinha Ruiva vai dar um pedacinho de po para eles?
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msica e depois dos comentrios das crianas fizemos juntos algumas relaes
sobre o que elas haviam dito antes de ouvir a msica. Na sequncia, solicitamos
a que elas representassem de forma livre a histria. Oferecemos diversos tipos de
materiais, tais como: cartolina, lpis de cor, giz, massa de modelar e tinta, entre
outros.
Iniciamos a nossa AP com muitas expectativas. O que iria acontecer? Como seria o As crianas so
desenvolvimento da atividade? Como seria a reao das crianas? Teramos nossos parceiras durante
objetivos atingidos? O que elas iriam aprender? O que aprenderamos com elas? todo o processo e
Afinal aprendemos muito com os pequenos e eles conosco. As crianas so parceiras
curiosas em saber o
durante todo o processo e curiosas em saber o que ir acontecer, e de que forma. Na
que ir acontecer, e
teoria, o planejamento pode at sair de forma adequada e organizada, mas quando
de que forma
as crianas entram como participantes ativos do processo, a dinmica muda. Tudo
fica mais ativo e prazeroso, pois elas interagem a todo instante querendo realizar
as atividades e ver o resultado do que est acontecendo. As crianas, no momento
da produo artstica, se expressam livremente, explicam o que esto fazendo e
tm orgulho em mostrar seus desenhos. Elas tm suas prprias impresses, ideias
e interpretaes sobre a produo de arte e o fazer artstico. Tais construes so
elaboradas a partir de suas experincias ao longo da vida, e envolvem a relao
As crianas
com a arte, com o mundo dos objetos e com seu prprio fazer.
exploram, sentem, agem, refletem e elaboram sentidos de
suas experincias. A partir da constroem significaes sobre como se
faz arte, o que ela , para que serve e outros conhecimentos a respeito dela.
no fazer artstico e no contato com os objetos de arte que parte significativa do
conhecimento em artes visuais acontece.
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Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Cora Coralina
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ciranda de mariposas
Ana Barbara dos Santos
Simone Cardoso S. Ferreira
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os sacos plsticos para que os materiais dentro deles se movimentassem. Em
um prximo momento, as crianas assistiram a um vdeo de mariposas. Aps o
vdeo, as crianas foram levadas a fazerem movimentos com tecidos coloridos
dizendo: Olha a mariposa! ao som da trilha sonora do filme O fabuloso destino
de Amelie Poulain. Em seguida, os tecidos foram entregues em suas mos e elas
foram convidadas a reproduzirem os movimentos da mariposa com as mos, numa
espcie de dana. No terceiro e ltimo momento, com o mesmo udio, os tecidos
foram novamente entregues, e as crianas convidadas a interpretar mariposas a
partir de sugestes e movimentos como
Para o varal, foi essencial ter um barbante, sacos plsticos transparentes, gua e
diferentes objetos, como: bolinhas de gude, papel crepom colorido picado, ptalas
de flores, pedras, cascas de rvore e lantejoulas. Para as demais atividades foram
necessrios uma televiso, um aparelho de DVD, DVD com cenas de mariposas, CD
player, CD trilha sonora do filme O fabuloso destino de Amelie Poulain e tecidos.
Optou-se por usar materiais disponveis na prpria escola, pois de acordo com
Holm, a criatividade uma parte da brincadeira, um todo. E no preciso comprar
diferentes objetos para ser criativo (2007, p.19).
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Pudemos perceber tambm que caractersticas marcantes
da poesia de Henriqueta Lisboa como a sensibilidade, a
delicadeza e a simplicidade estavam presentes a todo o
momento nos gestos das crianas. Assim como a poetisa brinca
com as palavras em sua poesia, as crianas brincaram com os sacos plsticos e
sobretudo com os tecidos. A musicalidade do poema tambm esteve presente
por meio da trilha sonora escolhida. A originalidade das composies fomentou a
imaginao das crianas e favoreceu a leveza dos movimentos e a teatralidade na
interpretao das mariposas.
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a mgica est no ar
Luciana maria de Carvalho Barbosa
Silvia Gouveia Oliveira
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do educador perante as atividades que devem ser desenvolvidas nas instituies
deste nvel de ensino.
De um instante para
As crianas e bebs atendidos so moradores do bairro em que o CEI se localiza. Os outro, os objetos
bebs das turmas do Berrio II so alegres e bem interativos entre si, e foi rpida da sala passaram
a receptividade de todos proposta apresentada de explorao de objetos para a ter vida e at
produo de sons e movimentos. De um instante para outro, os objetos da sala cores mais vivas
passaram a ter vida e at cores mais vivas quando comearam a ser manuseados quando comearam
por bebs de olhos vibrantes e curiosos para ver o que iria acontecer. A felicidade foi a ser manuseados
contagiante, mobilizando corpos pequeninos de um lado para outro, acompanhando por bebs de
o ritmo dos sons produzidos. A expectativa das educadoras foi superada pelo que olhos vibrantes e
presenciamos naquela sala to acolhedora. De um instante para outro, num passe curiosos para ver o
de mgica, tampas de panela, panelinhas, lixeira e outros objetos se tornaram que iria acontecer.
instrumentos de experimentao, de musicalizao, de dramatizao. A felicidade foi
contagiante,
Os objetivos propostos foram amplamente atingidos, com a participao ativa mobilizando corpos
das crianas na explorao dos materiais apresentados e na produo de sons pequeninos de um
diferenciados, ao mesmo tempo em que os corpos saltavam, pulavam e brincavam lado para outro,
descontraidamente naquele momento infinito de prazer! Como importante a acompanhando
entrega total desses pequenos quando esto construindo seu aprendizado de o ritmo dos sons
forma prazerosa, alegre e espontnea. Com eles, a Mgica est sempre produzidos
no Ar...
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o desenho como forma
de expresso maria Paulina Dos Santos monteiro
marineide de Arajo
Vanessa Alves Furtado
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da ao. Comeamos com algumas perguntas e eles foram dando as suas
opinies. Uma das crianas influenciou o ttulo desta ao pedaggica: Luann
respondeu que Arte uma coisa que pode fazer para ser
feliz. A arte quando a gente pinta assim, tem que fazer tudo
o que quiser, quando estiver em casa e na escola.
Com certeza essa resposta to simples explica o porqu do nosso ttulo. Esse
momento foi surpreendente, pois s vezes subestimamos demais as crianas e E isso nos mostra
no paramos para ouvi-los. Eles sabem de tudo, mas de forma to simples e clara que, ao ensinar,
que nos surpreendemos e nos encantamos com respostas to objetivas. E isso nos aprendemos,
mostra que, ao ensinar, aprendemos, e aprendemos ensinando. e aprendemos
ensinando
A segunda pergunta que fizemos s crianas foi: Vocs fazem arte? Como?. Houve
uma enxurrada de respostas: Sim, fazemos com lpis de cor, giz de cera e de lousa,
carvo, tinta, massinha... Foi uma verdadeira manifestao, todos queriam falar
que faziam arte e quais materiais utilizavam para isso.
Com a oficina Vamos fazer arte, as mesas da sala foram distribudas em fileiras
para melhor organizar os materiais e facilitar a circulao das crianas. Havia mesa
com tintas, com giz de lousa e de cera, carvo e com argila e massinha de modelar.
Cada criana escolheu para que mesa iria, depois ficaram livres para criar a sua arte.
A arte est dentro de ns, o que sentimos e passamos atravs das diversas formas
de arte, dana, teatro, pintura, escultura, entre outras artes, tudo isso vem reforar
o porqu do nosso ttulo O desenho como forma de expresso.
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Com a oficina Vamos fazer arte buscamos conhecer e fomentar o potencial
artstico das crianas por meio de explorao de diversos materiais grficos,
suportes e tcnicas. Alm da descoberta de novos modos de expresso e de
tcnicas para realizar tais expresses, foi marcante durante o processo
a constatao do quanto necessrio oportunizar espao,
material e liberdade criativa para as crianas poderem
explorar e desenvolver seus potenciais.
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mandalas danantes
Ana Lucia de Frana Soares
Edilaine Balbino Nogueira
A motivao para o trabalho com esse tema foi o fato da dana circular e as
mandalas promoverem momentos de unio do grupo, interao na elaborao
conjunta em torno de um nico produto. Desse modo, foi desenvolvido um
planejamento com algumas propostas que sugeriram a dana circular. Nesse
contexto, as crianas puderam vivenciar em grupo algumas experincias em que a
msica e a dana propiciam de maneira singular algumas possibilidades afetivas,
subjetivas e educativas de construo de uma cultura da paz, na qual os corpos em
movimento se tocam e se confraternizam, repensando formas de sociabilidade. Em
uma proposta encadeada a novas dinmicas, as crianas tiveram a possibilidade
de desenvolver registros pessoais, utilizando-se de diversos materiais e suportes.
Algumas leituras, imagens, vdeos, rodas de conversas, experimentaes e
socializaes fizeram parte dessa proposta, que de maneira to significativa se
concretizou como uma experincia rica e singular.
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Alguns objetivos foram previamente estabelecidos de modo que pudssemos
garantir um trabalho efetivo. Preocupamo-nos em planejar momentos
de integrao entre as crianas, situaes que garantissem
a interao com as artes e suas possibilidades de expresso,
alm do desenvolvimento do desenho e da dana. Para isso,
criamos um contexto no qual as crianas pudessem manusear, utilizar-se de
diversos materiais e suportes, fazer escolhas, realizar registros espontneos sobre
as suas compreenses.
Nesse dia, houve tambm a proposta de uma ida at o jardim da escola para a
coleta de elementos da natureza. Ali as crianas separaram, classificaram o que
Usaram a
encontraram: gravetos, flores, folhas, pedra, alm de alguns materiais menos
criatividade
estruturados, como tampinhas, canudos e contas.
que possuem,
As crianas fizeram uma oficina em grupos e cada um construiu uma mandala no trocaram ideias, se
papelo, com elementos da natureza e outros objetos oferecidos, utilizando cola encantaram com as
branca para a colagem. Usaram a criatividade que possuem, trocaram ideias, se possibilidades!
encantaram com as possibilidades!
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No terceiro dia, houve a proposta de outra oficina, agora de desenho em acetato
e sulfite. Aps a produo, a professora deixou disponvel o projetor ligado para
apreciao dos desenhos e um varal com as produes finais.
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olhos, sorrisos, corpos em
movimento... msica na alma! Flavio de macedo Lemos
Lcia Teixeira Ribeiro
maria do Amparo Felix
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No segundo dia riram bastante com os nomes das msicas e dos cantores/grupo.
Um garoto estava concentrado e de repente disse: t na nossa lngua, mas no d
pra entender todas as palavras porque ele fala muito rpido. Outro disse: eu quero
passar no corredor de novo com essa msica. Riram com as perguntas propostas
na letra da msica e que comeavam sempre da mesma forma, em especial quando
perguntava sobre o sapo na lagoa.
Durante a audio da segunda msica uma aluna disse: eu sei, essa msica da
Palavra Cantada, no ? Todos na turma ficaram intrigados em querer saber
onde ser que o comeo se esconde. Se divertiram bastante criando as sequncias
de movimentos e fazendo a apresentao aos colegas.
No terceiro e ltimo dia, eles relembraram o que tnhamos feito nos dias anteriores.
Um menino disse: a gente j ouviu a msica dos Minions, do brasileiro e do
Tiquequ , ao que outro respondeu: no assim, J que eu sou brasileiro .
Vibraram muito ao ouvir a msica da Galinha Pintadinha e mais ainda ao realizar
os movimentos de subir e descer de forma sincronizada.
Riram muito, gargalharam, riram de si mesmos e dos colegas, com respeito, com
entusiasmo. Superaram a timidez e se soltaram.
A cada dia tornava-se mais evidente o interesse e a alegria de cada criana ao falar A cada dia tornava-
sobre suas descobertas e compartilhar hipteses. De suas observaes atentas se mais evidente o
fizemos uma lista de instrumentos e sons, como bateria, tambor, pandeiro, flauta, interesse e a alegria
guitarra, coco, bater palmas, bater os ps, estalar os dedos, estalar a boca e at de cada criana
um som que parece flauta, mas no . ao falar sobre
suas descobertas
Todas essas descobertas se deram num clima de muita descontrao e diverso, e compartilhar
afinal sempre que possvel fazamos questo de retomar com eles que tudo aquilo hipteses
era uma grande brincadeira de ouvir msica, danar e inventar.
48
Por meio desta ao Olhos, sorrisos, corpos em movimento... msica na alma!
as crianas descobriram como possvel sentir e agir para
expressar-se a partir das msicas. Ficaram curiosos com
os sons apreciados e os ritmos que sugeriam movimentos.
Conseguiram articular preferncias infantis, suas culturas, com o que que era
proposto para apresentar. Descobriram que o futebol e outros movimentos de suas
culturas infantis poderiam fazer parte da dana. Perceberam os efeitos das palmas
rpidas e lentas, nem se dando conta de que estavam descobrindo o tempo musical.
49
a dana da chuva
Tatiane Camargo de Lima Bastos
Vernica Aparecida do Prado Arajo
Heloisa Amorim Pereira Louro
Introduo
50
Contamos a eles a histria Crianas da Amaznia sobre os costumes de crianas
indgenas que moram na Amaznia. Assistimos a vdeos sobre a cultura indgena,
pesquisados na internet, no laboratrio de informtica e extrados do youtube. Uma
das crianas, enquanto assistia a dana da chuva, comentou: por isso que os ndios
no ficam sem gua; entendendo que a criana havia formulado uma hiptese, logo
questionei o porqu daquela concluso, ao que ela respondeu: porque eles sabem
fazer a dana da chuva.
A exposio dos paus de chuva no ptio da escola, juntamente com fotos de todo o
processo de construo, causou encantamento em todos que puderam apreci-la. A
explorao livre de materiais, a deciso das crianas sobre os rumos dos prximos
procedimentos, suas hipteses e constataes fizeram dessa Ao Pedaggica um
avano significativo na verdadeira expresso da pura infncia das crianas envolvidas.
Consideraes Finais
51
Lowenfeld e Brittain (1977, p. 18-19), afirmam que:
52
a arte de cada um...
Carla maria de Albuquerque
Dbora Beriteli Lisboa Leite
Silvana Correia Hauser
Resumo: Colagem criativa, arte com gros e desenho com carvo foram propostas
que realizamos, explorando o inusitado e aventurando-nos sem medo, garantindo
que as crianas pudessem inventar. Para conhecer a esttica desenvolvida pela
infncia asseguramos a liberdade de expresso, dando suporte ao imaginrio
infantil, povoado por imagens prprias.
Quero ver com os meus olhos, quero a vida at o fundo. Quero ter
barro nos ps, eu quero aprender o mundo!
Pedro Bandeira
53
escuta de diversos gneros de msicas, foi proposto pela professora que durante
estas trs experincias em artes as crianas escutariam/conheceriam a msica de
Antonio Vivaldi importante msico, considerado uma das figuras mais notveis
da msica clssica mundial, como fonte inspiradora para as produes artsticas;
ficaram curiosos para conhecer a msica desse compositor.
Os resultados so surpreendentes!
Acreditamos que com o desenvolvimento desta proposta, as artes visuais se
tornaram presentes na Educao Infantil, ligadas ao ldico, ao jogo, ao brincar,
ao criar, ao imaginar, ao perceber, possibilitando s crianas a construo no s para que as
do conhecimento cognitivo, mas principalmente, do sensvel! O fato de o professor crianas tenham
no se impor ao processo de criao das crianas importantssimo na construo possibilidades de
do imaginrio infantil. Assim sendo, o professor deve se libertar ao mximo dos desenvolverem-se
esteretipos que tanto influenciam, permitindo desta forma que as crianas na rea expressiva,
possam inventar, descobrir e sonhar livremente, colocando no papel as ideias que imprescindvel
esto em seu pensamento, dando asas sua imaginao. E neste sentido menciona que o adulto rompa
Cunha, para que as crianas tenham possibilidades de desenvolverem-se na rea com seus prprios
expressiva, imprescindvel que o adulto rompa com seus prprios esteretipos esteretipos (...)
(...). Assim, o professor tem de fazer parte do processo de descoberta da criana,
abrindo a mente para novas ideias e novos materiais, no s entendendo, mas
vivenciando as linguagens da arte com as crianas.
54
trecos e truques
Sandra Cristina Aparecida Bianchi da Silva
Silvana Renesto
Alguns resolveram entrar na caixa e outros pediram para fech-la com fitas adesivas
novamente. Surgiu ento a proposta de decor-la, para que depois a brincadeira
continuasse. Interagindo com diferentes materiais como tintas, pincis, barbantes,
palitos, cola, tesouras e papis diversos, as crianas produziram diferentes caixas, que
foram enfeitadas com os recortes e colagens. Aps a secagem, as crianas brincaram
com as caixas. Brincaram muito... elas foram usadas como blocos de montar gigantes,
55
como painel de fundo para as dramatizaes, como painel decorativo e como apoio
para expor seus trabalhos. A atividade foi to marcante que outras turmas quiseram
participar das brincadeiras. Esse trabalho integrado favoreceu o exerccio pleno de
diversas potencialidades e dimenses da arte. Arte movimento, o fazer artstico
de cada um, com suas escolhas, suas formas e seu jeito.
A ao mental projeta-se em
atos motores.
Sendo assim, propusemos um
projeto educativo que d espao
de movimento e expresso,
assegura a liberdade de trabalhar
em grupo, circular pela sala, sair
dela e realizar todas as demais
aes que permitem que
as crianas se desloquem
inteiras no mundo.
56
manifestaes artsticas da
cultura brasileira com nfase
no bumba meu boi Bianca do Nascimento Bandeira
Lucilene Andreia Igncio de Castro
Selma maria da Silva
Resumo: Considerando que as artes, em suas diversas formas, entre elas a msica,
a dana, as artes visuais e a literatura, so elementos da cultura de uma sociedade,
esto muito presentes na vida das pessoas, e que a escola deve atentar-se para a
arte como meio de aprendizagem e como rea de conhecimento, esta proposta de
pesquisa apresenta a questo-problema: Qual a contribuio da arte para o ensino
na Educao Infantil? O trabalho em questo justifica-se uma vez que as artes
despertam e expressam sentimentos, sentidos, imaginao e criao. A sociedade,
porm, da qual a escola faz parte, est acostumada a encarar as artes somente como
lazer e entretenimento. A elaborao da ao pedaggica tem por objetivo pesquisar
o papel que a arte desempenha na educao de crianas de at 5 anos, e averiguar
se ela pode contribuir para um aprendizado menos pautado na transmisso de
informaes, e que considere a expresso e a autonomia da criana.
Introduo
57
A ao pedaggica
58
Conclumos que a partir do momento em que a arte passa
a estar ao nosso redor, convivendo com ela, passamos a
perceber a sua importncia para nossas vidas. Dessa forma,
devemos valorizar a arte desde a infncia, pela vivncia-esttica, imaginao e
criatividade, que caminham juntas e devem ser trabalhadas pelo professor de
forma significativa com a criana, para que a mesma possa apreciar e ampliar sua
trajetria no decorrer da sua vida.
59
flores e folhas: a natureza
inspirando e instigando o
fazer artstico Andra Barbosa de Sousa
Fernanda Carvalho H. Demori
Gisele Aparecida Trevelato Villani
Resumo: A presente ao pedaggica consiste em ressignificar o fazer artstico,
aproximando-o da Arte como linguagem e da cultura infantil. Considerando a
criana como um ser capaz, inteiro e produtor de cultura, buscamos oportunizar s
meninas e aos meninos a pesquisa, a investigao e a criao como pressupostos
para elaborao de pigmentos a partir de elementos da natureza. Neste sentido
consideramos que o movimento, as sensaes, o pensamento e o prazer em criar
e ser tocado pela Arte eram princpios inegociveis para o desencadear das etapas
desta ao.
60
Alm dos artefatos para grafar, os suportes tambm foram diferenciados:
trouxemos caixas de papelo e papis bem grandes.
Foi contagiante
Foi contagiante ver a alegria e o encantamento das crianas com a descoberta ver a alegria e o
das tintas produzidas com folhas, terra e areia. Havia um silncio curioso, muito encantamento das
envolvimento, concentrao, os olhos comunicavam e o corpo pulsava, buscando crianas com a
formas para se acomodar e doar o que cada um tinha de melhor para o encontro descoberta das tintas
com a Arte. produzidas com
folhas, terra e areia
Concluses
61
gua - fonte de vida
Ana Lcia Ferreira De Lima
Andria Gonalves Carvalho
Talita Souza Cotrim
A Ao Pedaggica
62
Momentos marcantes...
O disparador da ao foi o vdeo Calango Lengo morte e vida sem ver gua,
que mobilizou a crianada, uma vez que no desenho h a personagem morte,
que vive atrs do outro personagem, o qual enfrenta vrios obstculos, entre
As crianas na roda
eles a seca nordestina, tudo pela sua sobrevivncia.
de conversa comearam a refletir: gua no amiga da
morte?, A morte no gostava da gua..., Gosta de gente
viva!, Claro! gua vida e morte no gosta de gente viva!
Outro momento marcante desta ao o mergulho nas memrias de uma gota
dgua, que com sua potica e linguagem simples envolveu as crianas que
viajaram. A histria tem incio com a gota dgua tranquila na ponta de uma
folha, quando avista uma poa dgua com gotas caindo e sumindo. Depois de
um tempo, vendo vrias gotas caindo na poa, a gota-protagonista percebe que
tambm cair e sente medo. A partir da, a histria se desenvolve quando a gota
finalmente cai na poa e confunde-se com ela, tornando-se parte de um todo, a
prpria gua.
Quanto s crianas surdas, uma das propostas era ampliar vocabulrio e vivncia,
alm dos aspectos visuais. Houve avanos significativos, mostrando menos inibio
quando questionados
nos movimentos corporais e na comunicao, com valorizao das expresses
sobre a ao, uma
faciais, alm da socializao com grupo escolar, onde todos obtiveram ganhos
das crianas disse: A
importantes na construo do sujeito e no respeito s diferenas.
represa j t seca?
63
Consideraes Finais
possvel notar que as crianas esto sempre dispostas a novas descobertas sem
medo de opinar ou questionar. Mesmo quando contrariadas, no guardam suas
ideias, sempre demonstram disposio e alegria para recomear.
Os olhares so de curiosidade
e no de preconceito.
O respeito aos aspectos culturais e s especificidades das crianas surdas foi
importante para fomentar a participao das mesmas durante a ao pedaggica.
Elas se envolveram com os movimentos e representaes musicais por meio das
expresses corporais e faciais, estudadas pelo grupo desde o primeiro momento.
64
as quatro estaes
Antoinette martins
Patricia Gutschov Campos
Renata Adami mamede
Para a relao com as crianas preciso planejar momentos para capturar todas
as capacidades comunicativas que lhes deem voz (GOBBI, 2015, p.8):
as vozes das crianas, seus desenhos, seu gestual, suas tantas linguagens
devem ser ouvidas, vistas, consideradas, registradas, expostas de forma
que todos ns possamos conhec-las em seus diferentes fazeres, seus
Nosso objetivo
diversos desejos e imaginao.
desenvolver o
Nosso foco era oferecer s crianas a possibilidade autoconhecimento,
de realizarem atividades diferentes das que estavam o senso crtico,
acostumadas, que essas atividades fossem mais prazerosas, curiosas a sensibilidade
e reveladoras, de forma que o grupo, que era muito agitado, se tornasse mais
e a criatividade,
concentrado e organizado. Nosso objetivo desenvolver o autoconhecimento, o
habilidades que
senso crtico, a sensibilidade e a criatividade, habilidades que sero valiosas na
sero valiosas na
vida adulta.
vida adulta
65
Na roda de conversa sobre as estaes do ano, as impresses das crianas sobre
o que acontece na natureza propiciaram um grande comeo para um projeto
participativo. Para saberem sobre o outono, iniciamos um percurso no parque para
recolherem do cho folhas, gravetos, painas e flores. Em pequenos grupos fizeram
as mandalas em papel kraft com os elementos naturais coletados no parque,
tendo como fundo musical Outono de Vivaldi. As mandalas foram apreciadas
pelos grupos durante o vdeo do youtube Let it go, Inverno Vivaldi The piano
guys 435s. A roda de conversa sobre o inverno e o levantamento de personagens
ocorreu no segundo dia. A turma se dirigiu ao ateli para realizarem esculturas
em argila. Aps o vdeo Primavera Alegro Vivaldi, 347s, as crianas realizaram
desenhos de flores em pratos descartveis utilizando facas sem pontas e frutas
disponveis na Escola como ma, banana, laranja e mamo. Observamos
os
efeitos do sol na natureza e fizemos indagaes s crianas:
Se fizermos um desenho na terra ele se apaga? Como
poderemos desenhar? O terceiro dia foi finalizado com uma roda de
conversa, desenho com gua na terra e mandalas com pingos de velas coloridas.
66
quando um pingo de tinta
cai no papel Solange Turgante Adamoli
Nadja Rosany de Siqueira Lima Feitoza
A ao pedaggica foi planejada a partir das obras de Joan Mir, com apresentao e
leitura dos elementos grficos das obras (cor, linha, plano, sensaes, emoes etc.).
O artista foi escolhido pelos traos que sua obra apresenta e que so similares aos
que as crianas pequenas retratam em suas criaes. So obras que nos mostram
liberdade de linhas e cores vibrantes, lembrando infncia.
67
Usamos espaos diversos para a realizao das atividades de acordo com a
necessidade das mesmas: sala de aula com kit multimdia para leitura das
imagens; ptio para a atividade de dramatizao e ateli (espao sob as rvores,
com mesas e bancos) para a Oficina de Percurso. Os materiais necessrios para
a ao pedaggica foram: notebook (internet) e Datashow; papis variados;
A ideia
pincis de tamanho diferentes; tintas; bolinha de gude; forma de bolo.
central foi a desmistificao da obra de Arte como algo
esteticamente perfeito e figurativo, para trazer reflexo a
beleza do desenho infantil.
A ao pedaggica possibilitou, ainda, a integrao de duas reas das Artes. Alm
disso, pudemos aplicar as propostas oferecidas durante o curso de Aperfeioamento
em Educao Infantil, Infncias e Arte. Acreditamos que so muitas as possibilidades
de usarmos as propostas debatidas em todo o curso, tanto de forma integrada como
o desenvolvimento de uma determinada rea das Artes.
Percebemos que as
Percebemos que as crianas aprenderam a valorizar mais as suas prprias produes crianas aprenderam
e compreenderam que no so os materiais ou os suportes que determinam o que a valorizar mais
obra de arte, mas sim as caractersticas que o artista assume em seus trabalhos. as suas prprias
produes
Pudemos aprender com as crianas, que mesmo sendo estimuladas a perceber a
arte abstrata tm necessidade de aproximar-se da realidade, do real, do concreto,
e nos trazem a todo o momento a relao com desenhos figurativos.
68
descobrindo a natureza
Giane Aparecida Silva
Suelene Soares da Silva
Valria Cristina Alves de Almeida e Oliveira
69
Os objetivos desta ao foram sensibilizar o olhar atento para os elementos da
natureza, desenvolver a percepo dos sons e imagens produzidos pela natureza e
articular as diferentes reas artsticas (artes visuais, msica e dana).
70
Figura 1 - Momento de expressividade das crianas - movimentos de rvores,
folhas e pssaros.
71
a criana e as artes na
educao infantil:
diferentes linguagens Fabola Moreira da Costa
Jane maria Leite Catanha Alves
Luclia Ribeiro de Souza
Resumo: As crianas escolheram a obra Macaquinho Travesso e com as educadoras
prepararam um belssimo teatro de sombras com narrao da histria cantada,
expresso corporal, vdeo, teatro de sombras, adereos, fantasias, cenrios.
Observaram como as sombras ficam alongadas e maiores do que o tamanho
natural do objeto projetado, e desenvolveram gestos muito expressivos.
72
A cada movimento o Macaquinho Travesso nos trouxe o que realmente significam
para essas crianas a alegria, o movimento, a cor, a imaginao e tudo o que
O Macaquinho
envolve esse mundo da arte infantil.
Travesso est em cada
O Macaquinho Travesso est em cada uma das crianas que desde o incio uma das crianas
participaram da ao pedaggica, desse processo de criao, pois foi um processo que desde o incio
que fez com que cada um tivesse um papel fundamental na leitura e releitura participaram da ao
dessa obra que foi se transformando aos poucos. As professoras e a comunidade pedaggica, desse
tambm tiveram com certeza um papel fundamental, pois quando se cria algo que processo de criao,
apreciado com os olhos da criana interior de cada um, aquilo toma significado e pois foi um processo
com certeza nos leva para o mundo mgico da arte e da imaginao! que fez com que
cada um tivesse um
papel fundamental
na leitura e releitura
dessa obra que foi se
transformando aos
poucos
As crianas e os adereos
73
arte em movimento, integrao
em ao Cssia Helena dos Santos Lcio Nakamoto
Lindalva maria Duarte
maria Lcia de Carvalho Bernardino
74
Na histria com expresso corporal Vamos Passear, uma criana foi escolhida
para representar as falas do lobo, que responde s perguntas do grupo dando
desculpas para no sair de casa. A dinmica da brincadeira continuou com o lobo
fazendo vrias atividades: tomando banho, escovando os dentes, arrumando a
casa etc. Quando ele resolve que est pronto, escolhe uma criana que vai desafi-
lo e ento sai correndo na tentativa de pegar esta criana, que o substituir.
75
pintando e criando: bebs com
a mo na massa Elizabete de Souza e Silva
Raquel maria Bortone Fermi
Renata Antunes Bento
76
De acordo com Faria e Salles (2007, p.76):
77
As aes propostas aconteceram de forma agradvel ea aceitao das
crianas foi melhor do que o previsto. Elas se envolveram no
que estavam fazendo. Um exemplo disso foi a curiosidade que manifestaram
quando os ingredientes para a massa de modelar foram apresentados. Os bebs
observaram a educadora enquanto os ingredientes eram exibidos. Ao manusear a
massa j pronta, os bebs no estavam interessados em criar algo especfico, mas
o ato de apertar, amassar proporcionou diverso e, em alguns casos, estranheza.
Aumentaram as possibilidades de explorao dos sentidos.
78
brincadeiras de criana retratadas
por meio da arte Silvone Baffa martins
maria das Graas Pereira dos Santos Rosa
maria Aparecida de morais
O que motivou o grupo a propor a ao pedaggica foi, entre outras coisas, reflexes
como a que encontramos no mdulo III do Curso Educao Infantil, Infncias e
Arte, do filsofo e educador francs Herbert Read (2001, p. 8): a criana comea
a se expressar desde o nascimento. Este mesmo filsofo foi um entusiasta da E quanto mais
educao pela arte, isto , a arte fundamentando a educao geral e no s como possibilidades de
rea especfica, por considerar que a educao esttica a educao dos sentidos representaes
nos quais a conscincia, e em ltima instncia, a inteligncia e o julgamento do sejam elas
indivduo humano esto baseados. visuais, sonoras,
corporais maiores
Para refletir sobre as vivncias educativas das crianas pequenas, vale retomar as oportunidades
a concepo de Read: para a criana pequena, pintar, desenhar, modelar, de compreender e
representar, cantar, todas essas atividades que consideramos fazer arte, esto reconstruir o mundo!
dentro de um conceito maior, que a brincadeira cotidiana. Ou, nas palavras de
Paulo Freire:
79
ouvidas e consideradas deixaro de ser meramente reprodutoras de modelos
prontos e acabados.
Iniciamos a atividade com a msica Brincadeira de criana, com letra de Ivan Cruz
e interpretada por Marcos Vinicius Santa Rosa, que genro do artista. A proposta
era que a msica fosse cantada com e para a Brincadeira de criana. Na mesma
data realizamos tambm uma roda de conversa onde as crianas puderam falar de
como brincam, identificar as brincadeiras so citadas na msica e dizer se brincam
com algumas delas; caso afirmativo, quem ensinou, e quais brincadeiras da msica
elas no conhecem. Durante a conversa fizemos as mediaes e interferncias que
pareceram necessrias.
80
Cronograma
1 DIA
2 DIA
3 DIA
81
4 DIA
5 DIA
82
Tendo em vista que os diferentes atores da Unidade Educacional tm que se
comprometer com aquilo que fazem, fundamental que os profissionais reflitam
sobre seus fazeres e busquem de forma consciente as experincias que propostas
s crianas, pois:
Ivan Cruz
83
encontros e reencontros
Regina Freire Costa
Vilma mendes R. Santos
O processo prosseguiu com outras experincias. Fomos para uma rea externa da
creche, que continha um grande espelho, e aguamos as curiosidades oferecendo
espelhos pequenos para as crianas se olharem. Aps a entrega dos espelhos
iniciaram as suas experincias: alguns ficaram observando sua imagem refletida no
espelho, outros os colocaram em suas bocas, e duas outras crianas se levantaram,
84
foram se olhar no espelho maior, ficaram se admirando e aparentando apreciar
suas imagens.
Enviamos um recado via agenda para as famlias solicitando fotos das crianas
quando bebs. Estas fotos seriam para colar no painel gigante. Em outro momento,
fomos ao atelier fazer pintura no painel de tecido de algodo cru. Convidamos
as crianas para esta atividade com tinta guache de vrias cores e pincis
disposio. Eles mostraram apreciar esta atividade, pintavam com sua tinta e em
alguns momentos pegavam a tinta do amigo ao lado, demonstrando felicidade
nesta atividade de artes.
Exemplo de dilogo:
(Educadora apontando para a boneca) Ela tem cabea, ela tem olho, perna,
barriga etc. E vocs?
85
Minha boneca de lata (pano)
Minha boneca de lata
bateu com a cabea (nariz, ombro...) no cho
levou mais de uma hora
pra fazer a arrumao
desamassa aqui
pra ficar boa.
86
cantinhos diversidicados: mil
possibilidades de aprendizagem Penlope Cndido de Souza
Shirley de Sousa Sampaio
87
Decidimos que a integrao deveria acontecer no espao externo, cada professora
especfica de um mdulo (sala) seria responsvel pela conduo da proposta
(geralmente so duas professoras, desta forma, enquanto uma professora ofertava
a proposta, a outra circulava para garantir o bem-estar das crianas). Porm havia
outro desafio: cada mdulo seria responsvel por confeccionar um cantinho
diversificado. As professoras tiveram que criar, confeccionar e garantir novas opes
de cantos diversificados, a fim de garantir vrias possibilidades de atividades ao O desafio foi aceito
mesmo tempo, de modo que as crianas pudessem escolher o que fazer. por todos. Nossos
cantinhos deixaram
O desafio foi aceito por todos. Nossos cantinhos deixaram de ser realizados de ser realizados
apenas dentro das salas, e passaram a acontecer uma vez por semana, no parque. apenas dentro das
Conclumos que cabe a ns, professores, oferecer diferentes salas, e passaram
contextos e oportunidades de ampliar a fantasia e o faz de a acontecer uma
conta das crianas, dando a possibilidade de conhecer e ampliar a viso de vez por semana, no
mundo, a partir das brincadeiras.
parque.
A socializao (nome dado pelo grupo para esta ao pedaggica), acontece toda
sexta-feira este dia foi escolhido pelo grupo, pois todos acreditam que sexta-
feira remete ideia de um dia especial, cheio de novidade.
88
eco arte para bebs - uma
experincia esttica marcia Franco de Oliveira
Silvana Vieira
Vera Ferreira machado
Resumo: O projeto Eco Arte para bebs envolveu a fruio e a construo esttica
do conhecimento por meio de experincias sensoriais com diferentes materiais,
com espaos de exposio escolhidos pelos bebs e crianas e com a participao
dos pais. Compreendemos que o material no pode se sobrepor em importncia
criatividade e a imaginao.
Este CEI trabalha com Projetos e a Arte um componente integrador das reas do
conhecimento. As atividades propostas e sua conduo atendem s especificidades
das crianas, respeitando, sobretudo, o processo de interao destas com os
materiais, tempos e espaos do CEI. A rotina pensada de forma a garantir, na
medida do possvel, a liberdade e o tempo de interao das crianas com diferentes
materiais e produes. A escuta atenta e a observao da interao
dos bebs nos diferentes contextos pelos educadores tm
se apresentado como um potente campo para discusses e
reflexes sobre as prticas educativas.
89
Propusemo-nos a apresentar um dos Projetos desenvolvidos com os bebs, em
que as atividades valorizam a fruio e a construo esttica do conhecimento por
meio de experincias sensoriais com diferentes materiais.
90
influenciou e ainda influencia a pr-escola. Para Anne, desenvolvimento intelectual
no est dissociado do desenvolvimento motor. Ainda nesta perspectiva, pudemos
nos reportar a Wallon, que coloca em destaque a esttica e a criatividade
como alimento do esprito. Foi proposto um percurso onde as crianas tiveram
oportunidade de explorar e experimentar diferentes texturas produzidas a partir
de materiais no txicos e no poluentes.
91
Neste sentido, avaliamos que esta proposta para bebs mobilizou aes e reflexes.
Estimulou produes artsticas dos bebs e propiciou experincias estticas com
a arte. Promoveu deslocamentos no fazer arte pelos bebs e tambm no pensar
sobre Arte para os bebs pelos adultos.
92
brincando com arte na
educao infantil Adriana Ferreira Catureba
Laura montes Wu martins
marisa Basso Garcia
93
Para compreender as antigas brincadeiras representadas por Bruegel e as atuais
representadas por Cruz e Portinari, fizemos um levantamento das brincadeiras que
o grupo de crianas conhecia; para isso usamos desenho, escrita e recorte. Ainda
sobre a leitura da pintura, comparamos as brincadeiras retratadas nas obras com
as brincadeiras das crianas, e discutimos a representao das brincadeiras. Ao
olharmos para a representao das brincadeiras na pintura
de Bruegel queramos saber quais crianas vivenciavam
aquelas brincadeiras. Na mesma conversa, perguntamos:
Existe alguma brincadeira que vocs inventam? Como e
como brincam?
As crianas descobriram e vivenciaram pelas imagens das obras algumas
Foi muito significativo
brincadeiras que no conheciam e com o passar do tempo foram se envolvendo.
realizar esse trabalho
Foi muito significativo realizar esse trabalho com as crianas, pois aprendemos
com as crianas, pois
juntos a todo o momento.
aprendemos juntos a
todo o momento
94
corpo e movimento
Denise Bife moraes Vieira
mrcia Adriana da Silva
Sirleni Oliveira Almeida
95
Roda de conversa: fizemos a apresentao e mediamos a apreciao da
msica; depois de aprendida a letra, partimos para aprender os gestos.
Andar por diferentes texturas: foi construdo um trajeto sensorial para que
as crianas pudessem andar descalas sentindo as diferentes texturas (areia,
serragem, pelcia)
Utilizamos os materiais: papel carto, cola, tesoura, barbante, msica, vdeo, tnel, a msica uma
colchonete, cadeira, papel kraft, areia, serragem, pelcia e cordas. linguagem muito
importante na
Refletindo sobre a elaborao e aplicao desta ao pedaggica, conclumos que comunicao e
foi muito rica em significados tanto para as crianas quanto para ns. Foi possvel expresso humanas,
perceber o quanto cada uma delas se envolveu com cada atividade proposta e uma vez que nos
notar que hoje o relacionamento afetivo entre elas parece estar muito melhor. convida a reviver
momentos marcantes
Pudemos entender ainda que a msica uma linguagem muito importante na
da vida
comunicao e expresso humanas, uma vez que nos convida a reviver momentos
marcantes da vida, enriquecendo nosso imaginrio. Da considerarmos essencial
seu uso como suporte para o desenvolvimento de habilidades e competncias na
Educao Infantil.
Nesta perspectiva,
97
Tnhamos receio de que as crianas no gostassem do tipo de texto apresentado a
elas e que no entendessem a histria em seu formado musical. Alm disso, tivemos
dificuldade para encontrar o livro e no havia a oportunidade de apresentar a
histria de outro jeito at providenci-lo, devido ao fato de no termos uma sala
de projeo adequada. Tambm elaboramos uma atividade em que as crianas
teriam de desenhar o personagem que correspondesse a cada instrumento musical,
transformando a atividade em um livrinho. Foi necessrio apresentar o vdeo mais
de uma vez, para que conseguissem memorizar e relacionar os personagens aos
sons correspondentes.
Mesmo com as dificuldades e apesar do medo de que nada daria certo, foi uma
experincia desafiadora, principalmente a dinmica feita pelas crianas para
encontrarem um som em seu corpo para representar os personagens. Afinal ficou
timo, apesar do improviso o resultado foi muito bom e gostamos. Aprendemos
a ter coragem, experimentar e ousar, mesmo diante da
sensao de insegurana, pois as crianas arriscam a todo o
momento sem preocupao se dar certo ou no.
a msica uma
A elaborao de uma ao pedaggica s vezes nos parece algo simples, mas linguagem muito
quando iniciamos a prtica pedaggica, quando comeamos a pr em prtica importante na
tudo o que foi planejado, percebemos como devemos ser flexveis e abertos comunicao e
improvisao, pois muitas surpresas nos aguardam. expresso humanas,
uma vez que nos
Ao iniciarmos os trabalhos de nossa ao pedaggica surgiram alguns convida a reviver
obstculos a transpor, e esse foi o momento de replanejar, modificar o cronograma, momentos marcantes
criar novas situaes e buscar sadas para o que parecia sem soluo. da vida
Durante a apresentao dos instrumentos que fazem parte do conto musical Pedro
e o Lobo, em conversa com as crianas ficamos sabendo que o instrumento que
poucas delas conheciam era o violino. Os sons graves e agudos que representavam
cada personagem despertaram a curiosidade das crianas ao tentarem descobrir
quais sons o corpo poderia produzir para representar cada personagem. Foram
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momentos de descobertas de outros mundos, de aprendizagens significativas, de
explorao de sons corporais, de brincadeira com seu prprio corpo.
Foram momentos
Ao incluir na rotina pedaggica o trabalho com a literatura de outro pas, envolvendo de descobertas de
arte, improvisando e trabalhando com o que temos mo, podemos ver o quanto outros mundos,
importante oferecer s crianas a oportunidade de enriquecimento cultural, para de aprendizagens
que elas cresam como cidads que percebam que o seu territrio, seu habitat, significativas, de
pode oferecer diversidades culturais e artsticas, e para que elas mesmas possam explorao de
buscar para si uma qualidade de vida melhor. sons corporais, de
brincadeira com seu
O trabalho realizado foi um aprendizado constante e os resultados obtidos foram
prprio corpo
maravilhosos. As crianas demonstraram interesse e receptividade a manifestaes
artsticas diversas daquelas que pertencem ao seu contexto.
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BRINCadeira, arte, criatividade
Eliane Ruas
marisa Leite da Fonseca mendes Vaz
marisa Rosa Coutinho de Azevedo
Resumo: Uma roda de conversa sobre brincadeiras foi o incio desta proposta
contemplando outras linguagens como obras de arte sobre brincadeiras.
As
Depois foram apreciadas algumas obras de arte que retratam a infncia.
crianas demonstraram muito interesse nos artistas que
pintam coisas de crianas, percebendo que as obras de arte tm grande
importncia porque trazem muitos conhecimentos.
Em seguida, foi sugerido ouvir uma msica e, enquanto isso, escolheram alguns
materiais (tela, tinta, pincel, lpis de cor, papel sulfite, massinha), que estavam
disponibilizados sobre uma mesa, sentaram-se em grupo e comearam a produzir
os seus desenhos. Foi percebido que todas conversavam sobre suas infncias e
falavam das brincadeiras de rodas, jogar futebol, pular corda, brincar de casinha e
boneca, entre muitas outras.
No decorrer da produo dos desenhos foi observado que por algumas vezes as
crianas os apagavam, talvez com uma preocupao de obter uma representao
clara, pois so um pouco mais exigentes, e a finalizao dos desenhos manifestava
o desejo de que os outros pudessem apreciar e entender o que elas haviam feito.
Uma das crianas retratou um dos momentos mais importantes de sua infncia,
em que foi muito feliz quando morava numa casa perto de um lago e uma rvore,
que marcaram esse perodo de sua vida. Isso resultou num desenho fantstico, e
percebemos que muitas de ns, meninas, sempre ou quase sempre nos lembramos
100
de haver desenhado as famosas casinhas com chamins, que pareciam um bordado
delicado em nossa vivncia. Um sonho, pois essa no era a nossa realidade, mas
uma vontade. Um sonho, pois essa
no era a nossa
Outra criana retratou a delcia das brincadeiras no intervalo (hora do recreio) e realidade, mas uma
disse que sente saudade de sua infncia (quando era bem pequena), pois aquele vontade
um dos nicos momentos em que brincava. Outra criana utilizou a massinha
para retratar brincadeiras de bonecas construindo os personagens e brinquedos
do filme Frozen, uma representao mais recente em sua memria, com exemplos
de um desenho bastante atual.
Contudo, muitas relataram que isso est por acabar, pois elas esto crescendo.
Que ainda brincam, mas no com a mesma intensidade de quando eram menores.
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arte coisa de criana
Roseli Bonifcio
Sabrina Nascimento Stampar marinho
Nosso objetivo era apresentar uma obra de cada vez s crianas e desenvolver
com elas trabalhos com diferentes linguagens, como recorte e colagem, pintura,
oralidade (histria coletiva) e modelagem. As atividades foram realizadas na sala;
utilizamos os seguintes materiais: revistas, tintas e pincis, cola, papis diversos,
massinha e sucatas (caixas pequenas).
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ALENCAR, Nezite. Cordel das festas e danas populares. So Paulo: Paulus, 2011.
ARDEN, Druce. Bruxa, bruxa venha a minha festa. So Paulo: Brinquebook, 1995.
REFERNCIAS
integral da criana. So Paulo, Ed. Peirpolis, 2003
CUNHA, Suzana Rangel Vieira da. Cor, Som e Movimento: a expresso prtica,
musical e dramtica no cotidiano. Porto Alegre: Mediao, 1999.
CUNHA, Suzana Rangel Vieira (Org.). RINALDI, Carla. Dilogos com Reggio Emlia:
escutar, investigar e aprender. 1 edio. So Paulo: Paz e Terra, 2012.
Neste livro eletrnico consideramos as obras indicadas pelos autores que foram fundamentais em
suas aes pedaggicas. Sendo este livro uma verso reduzida dos textos originais, muitas obras nas
referncias no foram citadas nos textos, mas indicadas pelo autor por consider-las fundamentais
desde a elaborao da ao, durante a vivncia com as crianas e no processo reflexivo. Apresentamos
o conjunto de obras estudadas e indicadas para conhecimento dos leitores.
EDWARDS, C; GANDINI, L; FORMAN, G. (org) As cem linguagens da criana: a
experincia de Reggio Emilia em transformao. Porto Alegre: Penso, 2007.
FARIA, Vitria L.B. de, SALLES, Ftima. Currculo na Educao Infantil: Dilogo
com os demais elementos da Proposta Pedaggica. So Paulo: Scipione, 2007.
______. Baby Art: os primeiros passos com a arte. So Paulo: MAM, 2007.
PILLAR, Analice Dutra. A educao do olhar no ensino das artes. Porto Alegre:
Mediao, 2014.
Material mediacional
ARAUJO, Betania Libanio Dantas de. As artes plsticas - Eu vejo, eu toco, eu fao.
Aperfeioamento em Educao Infantil, Infncias e Arte. So Paulo: Unifesp/
Comfor, 2015.
GOBBI, Marcia.Culturas infantis e as crianas. Mas, afinal o que isso tem a ver
com artes na Educao Infantil? Aperfeioamento em Educao Infantil, Infncias
e Arte. So Paulo: Unifesp/Comfor, 2015.
Video-aulas e softwares
Araujo, Betania Libanio Dantas de.Estecas e giz pastel: baixo relevo e tridimensional.
Power Point. Aperfeioamento em Educao Infantil, Infncias e Arte. So Paulo:
Unifesp/Comfor, 2015. 12 slides. Apresentao em Power Point.
Documentos
Sites
Barbatuques: Sambalel
https://www.youtube.com/watch?v=Gmc9lohQ0Ns
www.youtube.com/watch?v=QD-jCxRBPuM
https://www.youtube.com/watch?v=9GYwYn-Fkhc
Galinha Pintadinha
https://www.youtube.com/watch?v=1i7p0vTGcBk&list=PLldd9ftCJse8
pwnIhn6cJeMCBxRq123hz
Lenine
https://www.youtube.com/watch?v=iVcVS1OPWR8
https://www.youtube.com/watch?v=PaQtUYGo-Xw
https://www.youtube.com/watch?v=Lz-vCm-2bxc
Pharrel Willians
https://www.youtube.com/watch?v=y6Sxv-sUYtM
Tiquequ
https://www.youtube.com/watch?v=eYNBoL_g2t0
http://www.acordacultura.org.br
http://www.avisala.org.br
http://www.direcionalescolas.com.br
http://www.educadoresbrincantes.com
http://www.fmcsv.org.br
http://www.futura.org.br
http://www.papodemae.com.br
http://www.radardaprimeirainfancia.org.br
http://www.portal.sme.prefeitura.sp.gov.br
CDs e DVDs
https://www.youtube.com/watch?v=j7CzrqfIHgk
MILLER, Fernando. Calango Lengo - Morte e Vida Sem Ver gua. Rio de Janeiro: Campo
4 Desenhos Animados. https://www.youtube.com/watch?v=bh5GtyP0PK4
PEDRO E O LOBO. Direo de Maria Lucia Cruz Suzigan. Intrpretes: Helen Helene.
Msica: Sergei Prokofiev. So Paulo: G4 Editora, 2004. CD, son.
Srie para a TV: De onde Vem? (Episdio 14: De onde vem o Po?). TV Cultura.
DVD.
Imagens
http://pieterbruegel.org/portugu%C3%AAs/
www.brincadeirasdecriana.com.br/quadros.htm
www.portinari.org.br/