Geoprocessamento No Planejamento Urbano PDF
Geoprocessamento No Planejamento Urbano PDF
Geoprocessamento No Planejamento Urbano PDF
nandacf2008@yahoo.com.br
anaclara@ufmg.br
bielacoelho@hotmail.com
RESUMO
A apropriao tecnolgica associada criao de projetos que atendam a todas as classes sociais
essencial para a estruturao do espao urbano. Porm as prefeituras, em geral, possuem uma
deficiente base cartogrfica dos seus municpios. Para contornar problemas como esse, o
Ministrio das Cidades criou o Programa de Capacitao objetivando capacitar agentes pblicos
de modo a promover nos municpios o desenvolvimento institucional e a implementao de
sistemas de informao. O geoprocessamento a principal ferramenta que condiciona essa
implementao tecnolgica ao municpio. Alm disso, a sua introduo no curso de Arquitetura
e Urbanismo UFMG contribui para o processo de formao dos estudantes. A difuso desta
prtica do geoprocessamento ir permitir, no futuro, que os pases tenham um retrato de sua
realidade espacial. Isto ir permitir a construo e interpretao da histria espacial dos
municpios.
ABSTRACT.
The appropriation of technology associated with creating designs that reaches all the social
classes is essential for the structuring of urban space. Nevertheless local governments in general
have a poor database and cartographic information of their municipalities. To solve such
problems, The Federal Cities Ministry created a training program for technicians in order to
enable public agents to promote institutional development in municipalities and implementation
of information systems. The Geographic Information Systems (GIS) are the main tools to
implement this technology in the municipality. Moreover, the introduction of GIS in the course
of Architecture and Urbanism - UFMG contributes to the process of training students. The
extension of this practice of GIS will provide in the future, a good representation of their spatial
reality. This will allow the construction and interpretation of spatial analysis of municipalities.
Keywords: GIS, Federal Cities Ministry, Urban Planning, Training Program, Municipalities.
1 - Introduo
Xavier-da-Silva (1999, p.3) defende que o termo assim caracterizado, pois "Sistema" significa
uma estrutura organizada, com limites definveis, funes externas e internas com dinmica
prpria e conhecimento de suas relaes com a realidade. Informao no somente um dado,
mas um ganho de conhecimento, o que possvel quando a transmisso feita atravs de um
protocolo convencionado. O mesmo autor (1992, p. 48) ao definir o termo geoprocessamento, o
caracteriza como "um ramo do processamento de dados que opera transformaes nos dados
contidos em uma base de dados referenciada territorialmente (geocodificada), usando recursos
analticos, grficos e lgicos, para obteno e apresentao das transformaes desejadas."
Partindo da conceituao de SIG como instrumento de elaborao eletrnica que permite coleta,
gesto, anlise e representao automatizada de dados georreferenciados, destaca-se que o
geoprocessamento no se resume no armazenamento, mas tem como funo principal a anlise
de dados. Secondini (1988, p.24) destaca que os SIGs acrescentam potencialidade s seguintes
funes de pesquisa territorial, em qualquer escala de sua aplicao: aquisio e elaborao de
informaes; anlise das informaes; formulaes de previses; gerao de propostas de
controle do sistema, e identificao de solues aos problemas apresentados.
2 Contextualizao
O processo de ocupao do homem foi constitudo de formas distintas de acordo com o tempo e
local em que se formou.
As cidades tiveram origem na Antiguidade (cerca de 4000 a.C.), desenvolvendo com a funo
religiosa, militar, poltica e comercial, como por exemplo, as civilizaes na Mesopotmea
Nnive, Babilnia, Tiro, Jerusalm na sia; Tebas e Mnfis na frica; Atenas, Esparta e Roma
na Europa, entre outras.
Durante a Baixa Idade Mdia, o Sistema Feudal reduziu a importncia das cidades, mas com o
desenvolvimento do comrcio, estimulou o ressurgimento das cidades (burgos) passando a
exercer forte influncia em suas regies, como Florena, Gnova, Veneza, Marselha, Colnia
atraindo o excedente de mo-de-obra dos feudos para essas localidades.
Embora as primeiras cidades tenham aparecido h mais de 3500 a.C., o processo de urbanizao
moderno teve incio no sculo XVIII, em conseqncia da Revoluo Industrial, desencadeada
primeiro na Europa e, a seguir, nas demais reas de desenvolvimento do mundo atual. Nesse
perodo, a indstria foi consolidada como atividade essencialmente urbana, havendo uma grande
migrao dos trabalhadores do campo para as cidades, atrados por mais empregos, melhores
salrios, condies de vida, bem como, pela prpria mecanizao do campo que acabou
expulsando os trabalhadores da zona rural.
At o final do sculo XIX, o planejamento urbano na maioria dos pases industrializados era de
responsabilidade de arquitetos, que eram contratados por empresas particulares ou, raramente,
pelo governo. Mas o crescimento dos problemas urbanos durante o final do sculo XIX forou
governos de muitos pases a participar mais ativamente no processo de planejamento urbano.
A dinmica crescente da globalizao tem desencadeado na dificuldade de atuao por parte dos
administradores pblicos no momento de governar. Com isso, a estrutura social e poltica se
tornam uma rede cada vez mais ampla e complexa. Assim, as cidades tm crescido rapidamente
e de forma bastante desordenada acentuando a segregao social e comprometendo a
organizao do espao urbano.
Atualmente tem crescido por parte das Prefeituras o interesse e investimento no planejamento
urbano, uma vez que a organizao e a qualidade de vida nos municpios depende diretamente
disso. Consequentemente a procura por ferramentas que proporcionem a criao e anlise de
dados condicionantes deste planejamento tem sido cada vez mais recorrente.
Em suma, o Plano Diretor uma lei municipal que estabelece diretrizes para a adequada
ocupao do municpio. Ele deve identificar e analisar as caractersticas fsicas, as atividades
predominantes e as vocaes da cidade, os problemas e as potencialidades, determinando o que
pode e o que no pode ser feito em cada parte do mesmo.
Cabe lembrar que antes da vigncia do Estatuto da Cidade, o Plano Diretor era obrigatrio para
municpios cuja populao ultrapassasse 20 mil habitantes. Agora, tambm exigido para as
regies metropolitanas, aglomeraes urbanas e cidades integrantes de reas especiais de
interesse turstico, bem como as que possuem em seus limites territoriais empreendimentos ou
atividades com significativo impacto ambiental.
Seu contedo dever estabelecer no mnimo a delimitao das reas urbanas onde poder ser
aplicado o parcelamento, a edificao ou a utilizao compulsria, levando em conta a
infraestrutura e demanda para a utilizao do solo urbano no edificado, subutilizado ou no
utilizado. Estabelecer as condies de exerccio do direito de preempo, da outorga onerosa
do direito de construir, das reas onde sero permitidas a alterao de uso do solo e as operaes
urbanas consorciadas.
Medidas como essas so consideradas como atenuantes aos problemas municipais decorrentes
do processo de expanso urbana. Elas podem, alm de evitar, corrigir as distores do
crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente.
necessrio investimentos para a criao de uma base digital adequada para a realizao da
construo de um cadastro. O Cadastro Territorial Multifinalitrio um sistema de informaes
espaciais e alfanumricas, que atua na identificao das parcelas e imveis de um municpio,
orientando a formulao e aplicao de polticas pblicas municipais. Esse cadastro utilizado,
principalmente, para o clculo de arrecadao do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU),
Imposto de Transmisso de Bens Imveis (ITBI) e outros geradores de arrecadao de interesse
do gestor pblico. A informao atualizada e real sobre as condies de uso e ocupao do solo
de um municpio so bases para as atuaes das diversas secretarias municipais, e o
conhecimento do territrio condio sine qua non para a aplicao das ferramentas de
gerenciamento urbano previstas no Estatuto das Cidades. importante lembrar, ainda, que
grande parte dos recursos financeiros aplicados em projetos de infra-estrutura urbana e social,
provm desses impostos.
FIGURA 1 Banco de Dados Setor Censitrio do municpio de Montes Claros MG. (Censo
2000).
Dependendo dos objetivos de aplicao, as bases digitais podem ser construdas de duas formas:
1. Adquirir imagens de satlite de alta resoluo (Ikonos ou QuickBird) e a partir de suas bases
cartogrficas, georreferenci-las e realizar as correes necessrias. Para tais correes devem
ser marcados pontos referenciais atravs de trabalho de campo com uso do GPS diferencial.
J a segunda opo destinada aos municpios que pretendem fazer uma anlise mais complexa
e que possuem meios de investir no estudo. Essa uma soluo mais tradicional, e
principalmente mais precisa, por possuir um processo de identificao e classificao de
detalhes, correo e ortorretificao. Dessa forma, pode-se dar incio a um Cadastro Territorial
Multifinalitrio e a uma planta detalhada das parcelas da ocupao urbana.
No entanto, em ambas alternativas, o bsico que deve ser solicitado na imagem vetorizada so
as curvas de nvel, o arruamento e eixo de vias, as quadras e lotes, ou no mnimo, a testada do
lote. A representao da testada deve ser obrigatria, j que, muitas vezes, na imagem no h
uma visualizao perfeita das divisas do lote. interessante tambm que se identifiquem
algumas localidades importantes como escolas, igrejas, hospitais, edifcios pblicos e tombados,
quadras esportivas, entre outras.
A Universidade Federal de Minas Gerais est envolvida no projeto desde 2007, j tendo
formado mais de 160 tcnicos de mais de 80 municpios do estado. No ano de 2010 foi
implantada a continuao do projeto, que treinou mais 80 tcnicos de 40 Prefeituras Municipais
Mineiras das Mesorregies Central, Norte e Oeste de Minas Gerais. As capacitaes foram
focadas na utilizao das tecnologias de geoprocessamento. A inteno foi implantar a prtica e
cultura do geoprocessamento, abordando o uso de diversos aplicativos como TerraSig,
TerraView e GeoSnic.
FIGURA 3 Foto dos agentes das prefeituras em prtica de campo no Curso de Capacitao
(2010).
O uso das geotecnologias, em especial dos Sistemas de Informaes Geogrficas (SIG) permite
a captura, o armazenamento, caracterizao e anlises espaciais, sendo ferramentas de grande
valor em uma gesto municipal. O geoprocessamento um conjunto de mtodos e tcnicas
destinados construo da anlise ambiental em amplo sentido, em vrios aspectos da anlise
espacial. Ele atende demandas das reas de geocincias (geologia e geografia), turismo,
agrimensura, urbanismo, arquitetura, engenharia ambiental, geotecnia, solos, engenharia
florestal, agronomia, veterinria, medicina tropical, cincias biolgicas (ecologia), antropologia,
histria, comunicao, cincias da computao, entre outras. Devido a essa abrangncia, os
tcnicos vindos das prefeituras no precisam ter uma especializao especfica, uma vez que o
instrumento se aplica s vrias secretarias municipais e tem carter multifinalitrio.
5 Resultados
FIGURA 8 Imagem de Satlite da regio de Abaet - MG. Fonte: Imagem Landsat (2008).
6 Importncia do Geoprocessamento na Arquitetura
Como qualquer rea tecnolgica de ponta, a velocidade de suas inovaes demanda, cada vez
mais, um aprendizado contnuo para enfrentar os desafios da realidade espacial em constante
mutao. O projeto minimiza essas dificuldades e torna essas novas tecnologias mais acessveis,
tanto aos gestores pblicos, quanto aos estudantes. O curso de Arquitetura e Urbanismo
Noturno, da UFMG, tem como nfase a questo urbana, no qual inquestionvel o papel do
geoprocessamento como apoio s anlises urbanas.
Alm disso, permite estudos de casos para a proposio de prottipos de construo de anlises
urbanas, segundo diferentes escalas de abordagem (escala municipal, escala de bacias
hidrogrficas, planos diretores, gesto municipal, cadastro tcnico multifinalitrio).
7 Concluso
Os bancos de dados criados e que so entregues para cada municpio no decorrer do projeto
uma forma de incentivo aos administradores pblicos das prefeituras iniciarem com essa
metodologia de trabalho, principalmente quando se trata de municpios que ainda no possuem
Plano Diretor e nem mesmo recursos suficientes para criarem uma organizao administrativa
que o substitua.
A importncia do Plano Diretor Municipal foi bastante ressaltada no decorrer do curso, uma vez
que ele o resultado dessa apropriao tecnolgica. Nele, so criadas medidas que tentam
resolver, ou pelo menos minimizar os problemas das cidades. Como o Plano Diretor exigido
apenas nos municpios com mais de 20 mil habitantes e para municpios integrantes das regies
metropolitanas, muitos municpios no o possuem. Porm, a finalidade do projeto justamente
mostrar que indiferente de ter ou no Plano Diretor em uma cidade, possvel fazer
planejamentos municipais e regionais bastante eficientes.
FIGURA 9 Mapa temtico de renda do municpio de Arcos. Fonte: Banco de dados de Arcos -
MG (2010).
8 Referncias Bibliogrficas
KOSHIBA, Luiz, PEREIRA, Denise Manzi Frayze. Histria Geral e Brasi Trabalho, Cultura
e Poder. So Paulo, 1993.