2-A Escrita e Os Excluidos
2-A Escrita e Os Excluidos
2-A Escrita e Os Excluidos
So Paulo:
Companhia das Letras, 2002. p.257-269.
O interesse e a procura pela palavra oral, geralmente annima, era muito clara
nessa poca, o que o autor chama de cultura de fronteira, por exemplo os
narradores de cordel, que transpem para a letra de forma as histrias que j
foram apenas cantaroladas ou recitadas. O autor parte da hiptese de que
possvel identificar, na dinmica dos valores vividos em contexto de pobreza,
certas motivaes que levem vida social da leitura e da escrita. Atos de ler e
de escrever podem converter-se em exerccios de educao e cidadania, que
o que aconteceu em um encontro com um grupo de operrios de Osasco,
Grande So Paulo, nos anos 70. No auge da fase negra da ditadura militar, um
grupo de operrios se juntavam em uma casa paroquial no bairro Vila Yolanda
em Osasco, com a ajuda de padres operrios franceses. Juntos, aqueles jovens
operrios, sem escolaridade, inicialmente tmidos, comearam a discutir
questes pertinentes ao momento histrico a partir de obras da literatura. A
situao econmica daqueles jovens os excluram da educao formal, mas ao
se juntarem na construo de um projeto comum, se viram em frente um mundo
sem fronteiras da leitura e escrita. Ento, como o excludo entra no circuito de
uma cultura cuja forma privilegiada a letra de forma? Pela necessidade de
respostas, pela motivao de lutar por uma vida melhor, pela no conformidade
do que lhe imposto desde cedo.