A Solidariedade Resistente Desvendando Vida Verdadeira de Domingos Xavier
A Solidariedade Resistente Desvendando Vida Verdadeira de Domingos Xavier
A Solidariedade Resistente Desvendando Vida Verdadeira de Domingos Xavier
Monografia apresentada ao
Centro de Letras e Comunicao
da UFPel - Universidade Federal
de Pelotas -, como requisito
parcial para a obteno do ttulo
de Especialista em Literatura
Comparada
Pelotas, 2011
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Banca examinadora:
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Barbara Harlow
Amlcar Cabral
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SUMRIO
Resumo....................................................................................................05
Introduo................................................................................................06
Primeiro Captulo
I-a-Narrador...............................................................................................10
Segundo Captulo
Terceiro Captulo
Consideraes Finais................................................................................47
Referncias Bibliogrficas........................................................................49
5
ABSTRACT: This paper analyses the resistance struggle in the novel A Vida
Verdadeira de Domingos Xavier 1961, of Luandino Vieira, taking as a propellant
motive of this resistance, the prison of the tractor driver Domingos Xavier, in the
context of colonisation in Africa more precisely in Angola. The paper also
discusses the placement of the writer within of the narrative, whose primary
instrument for this movement is the narrator who presents the struggles of the
characters for the sovereignty of their culture and the locations of expression of
this culture. This novel also points to the importance of the traditional
knowledge and institutionalised expressed by the strength of popular
organisation and solidarity.
Introduo
1
A edio utilizada nesta obra :VIEIRA,Luandino. A Vida Verdadeira de Domingos Xavier.So
Paulo:Editora tica,1975.Portanto, a partir daqui quando se tratar de citao da obra ser esta
indicada somente pela pgina.
7
Captulo Primeiro
I a Narrador
I- b - Escritor combatente
I- c - Narrador Intruso/dialgico
Segundo Captulo
Palco de situaes
expressivas da atmosfera predominante naquele momento
histrico, a cidade de Luanda funciona estrategicamente
como uma alegoria do projeto de nao imaginado e
perseguido pelos militantes. Em seus bairros mesclavam-se
representantes da pluralidade de raas, etnias,lnguas de
que se compunha a populao oprimida pelo sistema
colonial (CHAVES, 2005, p.25).
Ou, ainda, quando Domingos Xavier, aps ter sido espancado, estando
deitado na cela, seus pensamentos corriam como as guas do Kuanza,
fazendo-o lembrar da mulher e do mido Bastio: Fechava os olhos e o
Kuanza corria ao luar, rugindo furioso ou manso e quieto, grande mar sem
ondas.(p. 27), e tambm aps apanhar mais uma vez dos cipaios, Domingos,
sangrando, deitado no cho da cela recorda sua infncia [..] e vnhamos
papagaios de papel dos meninos do musseque,vadiando num cu azul ou
cheio de nuvens correndo malucas, como na infncia, beira do
Kuanza,fazendo luta com o menino(p.52). Esse recordar mostra o quo
necessrio ao homem a liberdade, o convvio com seus pares. Tendo isto em
mente, Domingos, apesar da violncia sofrida, mantm-se seguro na sua
convico, no declinar seus irmos, pois o percurso da vida, assim como o do
Kuanza, confirma sua atitude e o rio indica essa constncia:
Terceiro Captulo
de sua comunidade, avisando seu Vav Petelo que havia chegado preso na
carrinha:
Por ter esse carter, Petelo correu para avisar seu afilhado, Xico Joo,
utilizando-se da esperteza e proto-formao articulista de Zito, portanto futuro
militante e angolano liberto. Mido Zito era esperto, e at nas brincadeiras
sabia ganhar sendo articulado, astuto e sempre atento aos acontecimentos, viu
quando Maria, esposa de Domingos, se dirigiu at a esquadra saber de
Domingos:
que Xico entendeu que este discurso uma forma de discurso crucial para a
ligao de uma srie de diferenas e discriminaes que embasam as prticas
discursivas e polticas da hierarquizao racial e cultural (BHABHA, 1998,
p.107).
Com a mente aclarada, Xico convidado pelo alfaiate para ser diretor
do clube Botafogo onde os irmos negros haviam aberto uma escola e que,
aps isto, os brancos fecharam com a desculpa de que o local no respeitava o
plano de ensino imposto pelo colonizador. Por isso, muitos negros foram
presos. Obviamente o clube no poderia fechar, pois era um local de
engajamento e resistncia e era a oportunidade que Xico tinha de trabalhar
pelos seus irmos ativamente.
A ti Mussunda amigo
a ti devo a vida
No era isto
que ns queramos, bem sei
Ns somos
Mussunda amigo
Ns somos
Inseparveis
e caminhando ainda para o nosso sonho (...) (NETO,1979, p.79-80)
uma aura de poder absoluto e, por sua vez, excludente, que acreditam ser
independentes e revestidos de caractersticas prprias e privilegiados. Mas, o
intelectual neste conceito ora citado, intelectual, mas no so todos os
homens, pode-se dizer ento, que nem todos desempenham na sociedade a
funo de intelectuais, pois os que atendem aos preceitos do colonizador no
cumprem o seu exato papel social, o papel que Xico, Mussunda e Silvestre
cumprem perante sua nao angolana.
No meu caminho
e no teu caminho
os coraes batem ritmos
de noites fogueirentas
os ps danam sobre palcos
de msticas tropicais
Os sons no se apagam dos ouvidos
Consideraes finais
por vezes sem uma estratgia inteligente e bem pautada nos aspectos do
projeto de Luandino discutidos nesta monografia.
Por tal motivo, que o texto do escritor em questo um marco, haja vista
os textos utilizados como base bibliogrfica deste trabalho, textos produzidos
em dcadas vrias por pensadores cientes da gravidade dos fatos debatidos,
que reconhecem amplamente o projeto poltico - social da narrativa em
questo. O romance no se esgota, mesmo a priori parecendo datado, j que,
como mostrado no pargrafo anterior, os fatos denunciados, logicamente por
Luandino, ainda persistem apesar do modelo governamental tenha de certa
forma mudado, mas a poltica econmica social ainda persiste em Angola com
conseqncias acentuadamente graves. Por isso, o romance pode ser
considerado um marco, uma espcie de alerta do acontecido e do que viria
acontecer futuramente, nos anos que se seguiram publicao do manifesto
deste escritor engajado e politicamente lcido. Uma invaso to devastadora
de um continente e de um pas como Angola em frica, no desapareceria
magicamente e imediatamente aps a descolonizao. preciso levar em
conta de que a libertao procedeu com a utilizao da guerra. Correto estava
o observador quando declarou que o concreto se dissipa no ar, o mando do
colonizador, ao contrrio que propagava ilusoriamente, no era slido. Muito
pelo contrrio, pois desde a fundao sofria corroso e porosidade, e por
essas brechas que os resistentes atacam, como verdadeiras trincheiras de
luta.
Referncias Bibliogrficas