Rodrigo Sanches - Versão Final PDF
Rodrigo Sanches - Versão Final PDF
Rodrigo Sanches - Versão Final PDF
Escola de Engenharia
Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil
Porto Alegre
2015
RODRIGO DE CARVALHO SANCHES
Porto Alegre
2015
RODRIGO DE CARVALHO SANCHES
BANCA EXAMINADORA
A meus Pais, Jorge e Selma, e meus irmos, Bruno e Diego, pelo amor incondicional,
incentivo, compreenso e confiana que sempre depositaram em mim.
Ao meu Orientador, Carlos Torres Formoso, por acreditar em meu potencial e conceder
a oportunidade de ser membro da famlia denominada NORIE. Por todo o conhecimento
repassado, por toda a pacincia, compreenso e, sobretudo, pelas crticas, sempre muito
construtivas para este trabalho, para minha vida profissional e pessoal.
Aos meus familiares, em especial para meus avs maternos e minha av paterna.
Aos meus amigos Norianos, em especial para Daniela, Rafaela Bortolini, Ariane, Rafaela
Sokoloski, Ana Maran, Lucila, Juliana Parise, Juliana Brito, Marlon, Abrao, Eugnio,
Lucas, Gabriela Rocha, Gabriela ustria, Jefferson, Guilherme, Muriel, Anderson, Mauro
e todos os outros que no mencionei, mas que sempre estiveram presentes quando
precisei, nas alegrias e nos momentos difceis.
Aos professores ngela Masuero, Eduardo Isatto, Luciani Lorenzi, Luciana Miron, Lus
Carlos Bonin, Ana Paula Kirchheim, Patrcia Tzortzopoulos e aos demais, que nunca se
importaram em dividir comigo os preciosos conhecimentos.
amiga Rosana Dal Molin e ao amigo e ao mentor Renato das Neves, por todo o carinho
dedicado minha pessoa.
Aos engenheiros Willy Castelo, Lucas Athayde, Renato Mariz, Gustavo Muraro, Gabriel
Banha, Romulo Rocha, por terem participado de toda a minha formao profissional e
terem me influenciado a seguir na rea de Gesto e Economia da Construo.
A todos aqueles que, embora no citados, contriburam para meu amadurecimento, e para
alcanar esse objetivo.
Ando devagar
Porque j tive pressa
E levo esse sorriso
Porque j chorei demais
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
S levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei. .
Almir Sater.
RESUMO
FIGURA 1: DESCRIO DAS SOLUES INICIAIS DO STP: ADAPTADO DE WOMACK (2004). ........................ 30
FIGURA 2: 14 PRINCPIOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUO. FONTE: LIKER (2005) ............................... 32
FIGURA 3: A CASA DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUO. FONTE: ADAPTADO DE LEAN ENTERPRISE
INSTITUTE (2003). ............................................................................................................................... 33
FIGURA 4: DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SEGUNDO OS REQUISITOS DOS CLIENTES. FONTE: ADAPTADO
DE WOMACK E JONES (2003). ............................................................................................................. 36
FIGURA 5: DIAGRAMA PROCESSO X OPERAO. FONTE: SHINGO (1996). .................................................. 38
FIGURA 6: DIAGRAMA DE PROCESSO (FONTE: ADAPTADO DE KOSKELA, 1992). ..................................... 40
FIGURA 7: COMPARAO ENTRE AS DEFINIES E ENQUADRAMENTO DO TP NA FILOSOFIA LEAN
PRODUCTION. ..................................................................................................................................... 42
FIGURA 8: ELEMENTOS DO TRABALHO PADRONIZADO. FONTE: LIKER E MEIER (2007)............................... 44
FIGURA 9: MODELO DE RELACIONAMENTO ENTRE OS PRINCPIOS DA ER. FONTE: ADAPTADO DE
HOLLNAGEN (2011)............................................................................................................................ 52
FIGURA 10: PROTOCOLO PARA GESTO DE REGRAS EM SSTC..................................................................... 56
FIGURA 11: ARTEFATOS GERADOS PELA DESIGN SCIENCE RESEARCH. (FONTE: ADAPTADO DE VAISHNAVI
E KUECHELER, 2007). ..................................................................................................................... 61
FIGURA 12: RELAO DOS OBJETIVOS DA DSR COM OS PROPSITOS DESTE TRABALHO (FONTE: PRPRIO
AUTOR). .............................................................................................................................................. 62
FIGURA 13: PROCESSO CCLICO DA PESQUISA-AO. (FONTE: ADAPTADO DE SUSMAN; EVERED, 1978)63
FIGURA 14: DELINEAMENTO DA PESQUISA. ................................................................................................. 65
FIGURA 15: INTEGRAES ENTRE OS ESTUDOS E A EMPRESA X .................................................................. 67
FIGURA 16: RELAO DAS SOLUES CONSTRUTIVAS FORNECIDAS PELA EMPRESA X. .............................. 69
FIGURA 17: REDUO DO TAMANHO DO LOTE ATRAVS DA DIVISO EM ETAPAS (FONTE: EMPRESA X) ..... 70
FIGURA 18: ESTRUTURA METLICA DE SISTEMA CONSTRUTIVOS. ............................................................... 71
FIGURA 19: TRELIA SEMIESPACIAL ........................................................................................................... 71
FIGURA 20: PRINCPIOS BSICOS PARA ESCOLHA DE FONTES DE EVIDNCIA (FONTE: ADAPTADO DE YIN,
2005). ................................................................................................................................................. 72
FIGURA 21: DOCUMENTOS ANALISADOS NOS ESTUDOS. .............................................................................. 74
FIGURA 22: DIAGRAMA DE ISHIWATA (FONTE: ISHIWATA, 1997) ............................................................ 76
FIGURA 23: DIAGRAMA DE PROCESSO (FONTE: ADAPTADO DE KOSKELA, 1992).................................... 76
FIGURA 24: CDIGO DAS POSIES DO OWAS (FONTE: CORLETT, 1995)................................................ 78
FIGURA 25: GRFICO GERADO PELO SOFTWARE WINOWAS (FONTE: WINOWAS) ................................ 79
FIGURA 26: CRONOGRAMA EXECUTIVO DO ESTUDO EXPLORATRIO.......................................................... 81
FIGURA 27: EXEMPLO DE PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRO ANALISADO. ........................................ 83
FIGURA 28: CLASSIFICAO DOS TIPOS DE INFORMAES DOS POP'S. ....................................................... 84
FIGURA 29: CRONOGRAMA DO ESTUDO EMPRICO 1 .................................................................................... 86
FIGURA 30: ETAPAS DA OBRA B ................................................................................................................. 87
FIGURA 31: SOLUES UTILIZADAS NA OBRA B ......................................................................................... 87
FIGURA 32: PLANEJAMENTO PRELIMINAR DA OBRA B. ............................................................................... 89
FIGURA 33: DISPOSITIVOS DE GESTO VISUAL DO SGS ............................................................................... 90
FIGURA 34: DADOS DAS EXECUES DO PROCESSO DE MONTAGEM. ........................................................... 94
FIGURA 35: CRONOGRAMA DO ESTUDO EMPRICO 2. ................................................................................... 97
FIGURA 36: LAYOUT DA REA DE PR-MONTAGEM DA OBRA A................................................................ 100
FIGURA 37: LAYOUT DA OBRA A .............................................................................................................. 101
FIGURA 38: DIAGRAMA DA SEQUNCIA DE MONTAGEM. ........................................................................... 102
FIGURA 39: DIAGRAMA DE ISHIWATA. ...................................................................................................... 103
FIGURA 40: DISTRIBUIO DOS TEMPOS DO PROCESSO ............................................................................. 104
FIGURA 41: DISTRIBUIO DE TEMPOS DO PROCESSO EM %...................................................................... 105
FIGURA 42: FREQUNCIA DE POSIES ERGONMICAS DOS TRABALHADORES (FONTE: WINOWAS). ... 107
FIGURA 43: GRFICO DE POSTURAS DE TRABALHO. ................................................................................... 107
FIGURA 44: ANLISE QUALITATIVA DOS POP'S......................................................................................... 109
FIGURA 45: REPRESENTAO GRFICA DAS ETAPAS ABERTAS DA OBRA B............................................... 111
FIGURA 46: PREVISO DE ESTOQUE DE TRELIAS CONFORME O PLANEJAMENTO INICIAL DA OBRA B. ..... 112
FIGURA 47: LAYOUT INICIAL PREVISTO. .................................................................................................... 113
FIGURA 48: SEQUNCIA DE MONTAGEM INICIAL DO ESTUDO EMPRICO 1 .................................................. 114
FIGURA 49: DIAGRAMA DE ISHIWATA INICIAL DO ESTUDO EMPRICO 1. .................................................... 115
FIGURA 50: RESUMO DE DISTRIBUIO DE TEMPOS DO PROCESSO INICIAL DO ESTUDO EMPRICO 1. ......... 116
FIGURA 51: DISTRIBUIO % DE TEMPO DO PROCESSO INICIAL DO ESTUDO EMPRICO 1. .......................... 116
FIGURA 52: AMOSTRAGEM DE OBSERVAES ERGONMICAS. .................................................................. 117
FIGURA 53: ANLISE POSTURAL DO ESTUDO EMPRICO 1. ......................................................................... 117
FIGURA 54: DESCRIO DOS COMPONENTES DO SISTEMA DE GESTO DA SEGURANA. ........................... 119
FIGURA 55: REPRESENTAO GRFICA DO SISTEMA DE GESTO DA SEGURANA DA OBRA B................. 120
FIGURA 56: ESCOLARIDADE DOS TRABALHADORES E CONHECIMENTO ACERCA DOS POPS...................... 121
FIGURA 57: EXEMPLO DE DOCUMENTO (KYM) ANALISADO. .................................................................... 122
FIGURA 58: EXEMPLO DE ANLISE COGNITIVA DE PERCEPO DOS RISCOS. ............................................. 123
FIGURA 59: ANLISE DE PERCEPO DOS PERIGOS. .................................................................................. 124
FIGURA 60: EVIDNCIAS EMPRICAS DE RESILINCIA (PARTE 1). ............................................................... 125
FIGURA 61: EVIDNCIAS EMPRICAS DE RESILINCIA (PARTE 2). ............................................................... 126
FIGURA 62: EVIDNCIA EMPRICA DE MAKING-DO .................................................................................... 127
FIGURA 63: MODELO DE RELAO ENTRE VARIABILIDADE, MAKING-DO E RESILINCIA. .......................... 128
FIGURA 64: QUADRO DOS TEMPOS DAS OPERAES DE MONTAGEM DE UMA ETAPA. ................................ 130
FIGURA 65: PLANO DE UMA ETAPA COMPLETA. ......................................................................................... 131
FIGURA 66: SIMULAO DO SEQUENCIAMENTO PLANEJADO UTILIZANDO BIM-4D DE UMA ETAPA
COMPLETA. ....................................................................................................................................... 132
FIGURA 67: ESTOQUE DE TRELIAS PRONTAS. ........................................................................................... 133
FIGURA 68: PADRO DE TRABALHO OPERACIONAL PORTTIL. .................................................................. 136
FIGURA 69: PROCEDIMENTO DE MONTAGEM. ............................................................................................ 137
FIGURA 70: RELAO ENTRE AS CARACTERSTICAS DOS POP'S E OS PRINCPIOS DA LP E ER. .................. 138
FIGURA 71: DIAGRAMA DE ISHIWATA PS-PADRONIZAO. ..................................................................... 140
FIGURA 72: RESUMO DO PROCESSO APS IMPLEMENTAO DA PADRONIZAO. ..................................... 141
FIGURA 73: DISTRIBUIES DE TEMPOS DO PROCESSO APS A IMPLEMENTAO DA PADRONIZAO. ..... 141
FIGURA 74: ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO DA LTIMA ETAPA ESTUDADA. ..................... 143
FIGURA 75: VISO PANORMICA DO PROCESSO ESTUDADO NA LTIMA ETAPA. ........................................ 144
FIGURA 76: REGISTROS DE UTILIZAO DOS PADRES DE TRABALHO DURANTE O PROCESSO................... 145
FIGURA 77: VERSO PRELIMINAR DO MTODO DE PADRONIZAO CONSIDERANDO OS CONCEITOS E
FERRAMENTAS DA LEAN PRODUCTION E ENGENHARIA DE RESILINCIA. ......................................... 147
FIGURA 78: CONTEXTO LOGSTICO DA OBRA C. ........................................................................................ 150
FIGURA 79: ESTOQUE DE PEAS PRONTAS NO INCIO DO ESTUDO. ............................................................. 150
FIGURA 80: DIAGRAMA DA SEQUNCIA DE MONTAGEM DO ESTUDO EMPRICO 2. ...................................... 151
FIGURA 81: DIAGRAMA DE ISHIWATA DO ESTUDO EMPRICO 2.................................................................. 152
FIGURA 82: DIFERENAS ENTRE O ESTUDO EMPRICO 2 E O ESTUDO EMPRICO 1, RELATIVAS AO MTODO DE
PR-MONTAGEM E MONTAGEM. ........................................................................................................ 153
FIGURA 83: ANLISE COMPARATIVA DOS ESTUDOS EMPRICOS 1 E 2. ....................................................... 154
FIGURA 84: DISTRIBUIO DE TEMPO EM % DOS ESTUDOS EMPRICOS 1 E 2. ............................................ 154
FIGURA 85: DIAGRAMA DE ISHIWATA DA EXPERINCIA DO ESTUDO EMPRICO 2. ...................................... 156
FIGURA 86: ANLISE DOS RESULTADOS DO ESTUDO EMPRICO 2. ............................................................. 157
FIGURA 87: DISTRIBUIO DE TEMPO EM % DO EXPERIMENTO DO ESTUDO EMPRICO 2............................ 157
FIGURA 88: MACRO ETAPAS DO MTODO DE PADRONIZAO DO TRABALHO. ........................................... 160
FIGURA 89: DETALHAMENTO DO MTODO DE PADRONIZAO DO TRABALHO, CONSIDERANDO OS
PRINCPIOS E FERRAMENTAS DA LP E DA ER. ................................................................................... 164
FIGURA 90: RELAO DE PRINCPIOS E FERRAMENTAS UTILIZADOS .......................................................... 168
LISTA DE SIGLAS
INTRODUO
Nesse mbito, a Lean Production (LP) apresenta-se como uma filosofia de gesto da
produo que fornece contribuies para a reduzir a variabilidade. Esta filosofia tem
17
Porm, a presena de uma estabilidade inicial uma premissa bsica para implementao
do TP, caso contrrio no possvel manter um padro de trabalho e as melhorias
conquistadas perdidas (LIKER, 2005; LEAN INSTITUTE BRASIL, 2003).
1
Risco: a probabilidade ou chance de leso ou morte (Sanders e McCormick, 1993, p. 675).
18
ter um grau mnimo de estabilidade, por meio da gesto dos processos anteriores, de
forma a aumentar a confiabilidade na entrega de recursos, tais como material, mo-de-
obra e equipamentos; deve-se controlar as causas das instabilidades existentes (LEAN
INSTITUTE BRASIL, 2003).
2
Perigo: uma condio ou um conjunto de circunstncias que tm o potencial de causar ou contribuir
para uma leso ou morte (Sanders e McCormick, 1993, p. 675)
20
Para tanto, a padronizao deve ser flexvel, deixando margens para que os trabalhadores
possam adaptar as operaes de maneira a combater as instabilidades provocadas pela
variabilidade (DEKKER, 2003). Embora estas adaptaes possam ter efeitos indesejados
e inesperados, trata-se do princpio da equivalncia entre sucessos e falhas, presente em
SSTCs (HOLLNAGEL, 2012). Dekker (2003) sugere, ento, que deve haver o
monitoramento da interface entre prtica e procedimentos a fim de entender melhor as
dificuldades do sistema, permitindo que este seja resiliente, adaptando-se continuamente
aos constrangimentos3 e vulnerabilidades das operaes de maneira eficaz.
Desta forma, em virtude de o objeto de estudo ser uma empresa de sistemas construtivos
metlicos, cujas obras apresentam um alto grau de complexidade e os processos
produtivos no so fortemente padronizados, constatou-se a oportunidade para
aprofundar os estudos relativos padronizao na construo civil sobre as perspectivas
da Lean Production e Engenharia de Resilincia, de maneira complementar.
3
Constrangimentos: problemas que aparecem durante o processo produtivo.
21
operaes, direcionadas aos operrios, facilitando a anlise de como estas podem ser
aplicadas em diferentes contextos produtivos (SHINGO; 1996; OHNO; 1997; LIKER,
2005; LIKER; MEIER, 2007; KONDO; 1991)
Por conta das particularidades da construo civil e da maneira como tem sido
implementada, a padronizao do trabalho no tem contribudo significativamente para a
estabilidade dos processos e da melhoria contnua destes (FAZINGA, 2012; SAFFARO;
HIROTA, 2008).
Cheng et al. (2012), afirmam que a maioria das organizaes do setor ainda utilizam como
modelo de gesto da padronizao, o estabelecimento de uma srie de procedimentos que
podem ter especificaes extremamente detalhadas e rgidas ou ento, muito flexveis e
genricas. Os autores afirmam tambm, que a forma adotada para minimizar a
variabilidade baseia-se no fornecimento de treinamentos aos operrios, segundo o
contedo destes procedimentos (CHENG et al., 2012). Sobre esta afirmao, necessrio
especificar que o erro no est no fato dos treinamentos estarem ligados aos
procedimentos, mas na forma como estes procedimentos so formulados e,
consequentemente, como as informaes contidas nestes documentos, so repassadas nos
treinamentos (CHENG et al., 2012).
Van der Vorm et al. (2011) argumentam tambm que a Engenharia de Resilincia no
contrria ao uso de prticas para reduo da variabilidade (como a aplicao do trabalho
padronizado sobre a perspectiva da LP, por exemplo), uma vez que esta reduo contribui
para o diminuio da complexidade do sistema. Segundo os autores, estas prticas,
quando aplicadas isoladamente em um SSTC, so insuficientes e necessitam de
complementao atravs do uso da Engenharia de Resilincia, beneficiando-se a partir da
parte necessria e inevitvel da variabilidade em nvel individual, de equipe e de
organizao (VAN DER VORM et al., 2011).
Saurin et al. (2013) apresentam uma anlise de como a Lean Production compatvel
com a natureza dos sistemas complexos, expondo os vrios pontos de
complementariedade entre as teorias. So evidenciados tambm, os impactos potenciais
que a padronizao do trabalho pode sofrer usando, complementarmente, as duas teorias.
1.4. OBJETIVOS
1.5. DELIMITAES
Por fim, o ltimo captulo apresenta concluses e recomendaes para trabalhos futuros.
Neste captulo so sintetizadas as principais contribuies desta pesquisa.
26
2.1.1. Taylorismo
O Taylorismo teve sua essncia na sistematizao do conceito de produtividade,
introduzindo a cultura de separao departamental dos processos, dividindo a produo
em conceber e fazer, e buscando novos mtodos de trabalho para resolver os problemas
da indstria (CORRA, 2003; SLACK et al., 2009; MARTINS E LAUGENI, 2005).
Entretanto, este sistema assumia que a mo de obra era pouco qualificada ou, at mesmo,
desqualificada (HOPP E SPEARMAN, 1996). Os operrios no eram considerados
elementos ativos na melhoria dos mtodos de trabalho, ou seja, o conhecimento dos
mesmos no influenciava substancialmente a padronizao das tarefas (CHIAVENATO,
2000). Segundo Liker (2005), atualmente, grande parte das tentativas de padronizao do
trabalho ainda so baseadas nos princpios do Taylorismo, como o the one best way.
2.1.2. Fordismo
O Fordismo apresentou como destaque, a linha de montagem mvel, permitindo a
realizao do trabalho em grandes lotes de produo, aplicados em todas as linhas,
exercendo influncia desde a matria-prima at o produto acabado (WOMACK et
al.,2004; BOYER e FREYSSENET, 2002). Este sistema tambm foi baseado nos
princpios do Taylorismo, configurando-se a padronizao das atividades na forma do the
28
one best way, como um dos principais aspectos para o estabelecimento da produo em
srie (CHIAVENATO, 1983; WOMACK; JONES, 2003).
(a) Dificuldade para a identificao de falhas nos processos a diviso das tarefas e
no comunicao entre as equipes dificulta a obteno de uma viso do processo
como um todo (SHINGO, 1996a).
(b) Dificuldade no planejamento e controle dos processos, ocasionado pela diviso
do trabalho em nvel operacional e gerencial (SHINGO, 1996a);
(c) Desmotivao e fadiga dos trabalhadores com o trabalho desempenhado, em
funo da necessidade de cumprimento das exigncias dos padres, que eram
estabelecidos segundo um desempenho superior (SHINGO, 1996a; LIKER E
MEIER, 2007; CORRA E CORRA, 2007; CHIAVENATO, 2000);
(d) Subemprego da capacidade criativa dos funcionrios, ocasionando perdas no
processo de padronizao (KONDO, 1991); e
(e) Necessidade de um espao maior de trabalho, gerado pelo aumento nas reas de
trabalho e estocagem, acarretando custos desnecessrios (SHINGO, 1996a).
29
Liker (2005) e Womack et al. (2004) relatam que o sistema produtivo desenvolvido pela
Toyota comeou a tomar forma a partir da busca das solues para os problemas na
incorporao do sistema de produo em massa. As solues iniciais so descritas
conforme a Figura 1, a seguir:
entre os quais se destacam Womack e Jones (2003), Spear e Bowen (1999), Liker (2005)
e Ohno (1997).
Spear e Bowen (1999) definiram quatro regras de comportamento que foram elaboradas
a partir de observaes empricas em diversas fbricas da Toyota nos Estados Unidos e
no Japo:
Liker (2005), por sua vez, props 14 princpios, divididos em 4 categorias (filosofia,
processos, funcionrios e parceiros, soluo de problemas), sintetizados na Figura 2.
32
Figura 3: A casa do Sistema Toyota de Produo. Fonte: adaptado de Lean Enterprise Institute
(2003).
A casa da Figura 2 est dividida em trs partes, descritas a seguir (LIKER, 2005; LEAN
INSTITUTE ENTERPRISE, 2003; WOMACK, 2004):
Spear e Bowen (1999), Womack et al. (2004) e Liker (2005) argumentam que o sistema
de produo enxuta pode ser aplicado em qualquer outro tipo de atividade. Womack et
al. (2004) argumentam que a implementao desta filosofia de produo depende do
cumprimento de cinco conceitos bsicos, abstrados do STP, propostos conforme, a
seguir:
a) Valor: na Lean Production adota-se a premissa de que valor aquilo que o cliente
considera como valor para um produto final especfico, em outras palavras, os
produtos devem representar um benefcio para o cliente, atravs do atendimento
de suas necessidades, disponvel a um preo e tempo especficos, conforme Figura
4 (WOMACK; JONES, 2003; SHINGO, 1996a).
36
1996a). O autor tambm estabelece que deve haver prioridade na execuo de melhorias,
primeiro deve-se melhorar os processos e depois as operaes.
Esta viso de Koskela (1992) baseada na viso de processo proposta por Shingo (1996).
Dessa forma, esta nova abordagem de fluxos implica no estabelecimento do foco da
gesto da produo e na eliminao da parcela de atividades que no agregam valor.
Dentre os onze princpios da gesto da produo propostos por Koskela (1992), seis esto
relacionados viso da produo como um fluxo, reduzindo a variabilidade e a parcela
de atividades que no agregam valor, fornecendo estabilidade bsica para o sistema e
favorecendo a aplicao do TP. Baseados em Koskela (1992; 2000), estes seis princpios
esto apresentados e explicados resumidamente, conforme a seguir:
Enquadramento
do TP dentro da
Referncia Definio
filosofia Lean
Production
TP o processo utilizado para desenvolver os mtodos de
trabalho, atravs da descrio detalhada de um processo
Liker e Meier
global que se destina a produzir resultados especficos
(2007); Liker Processo
relacionados com o trabalho, observando-se as perdas,
(2005)
desenvolvendo as habilidades da mo de obra e
conectado com os treinamentos e instrues de trabalho.
Fujimoto Padronizao de todas as formas de realizar atividades em
Princpio
(1999) todos os processos da empresa.
Spear e Especificao minuciosa de todos os trabalhos em termos
Princpio
Bowen (1999) de contedo, sequncia, tempo e resultado.
Estabelecimento de procedimentos precisos para o
Lean Institute trabalho de cada um dos operadores em um processo de
Princpio
Brasil (2003) produo, baseado em trs elementos: takt time, sequncia
e estoque padro.
Definio clara e concisa do trabalho, atravs das folhas
Ohno (1997) Procedimento de trabalho padro, baseado em trs elementos: tempo de
ciclo (takt time), sequncia e inventrio padro.
uma ferramenta para determinar o mximo desempenho
com o mnimo de desperdcio por meio de uma melhor
Cudney
Ferramenta combinao das operaes que envolvem homem e
(2001)
mquina. O seu principal objetivo a melhoria nos
processos.
TP um processo, cujo objetivo o estabelecimento, a
Productivity
comunicao, a adeso e a melhoria de padres de
Press
Processo produo. J os padres, so as especificaes que
Development
fornecem todas as especificaes sobre um produto ou
Team (2002)
sobre um processo.
Figura 7: Comparao entre as definies e enquadramento do TP na filosofia
Lean Production.
Neste trabalho foi utilizado o conceito proposto por Liker e Meier (2007); Liker (2005),
no qual, o Trabalho Padronizado corresponde a um processo da filosofia Lean
Production, utilizado para desenvolver os mtodos de trabalho, atravs da descrio
detalhada de um processo global que se destina a produzir resultados especficos
43
Esta definio foi escolhida pelo fato de ser a nica que especifica a busca pelo
desenvolvimento das habilidades da mo de obra, convergindo com os objetivos deste
trabalho, que utiliza os conceitos e ferramentas da engenharia de resilincia para entender
qual o impacto do desempenho humano no combate variabilidade no antecipada,
atravs do desenvolvimento de solues (evidncias empricas de resilincia)
promovendo a melhoria contnua do processo e como estas solues podem ser
incorporadas nos padres de trabalho.
b) sequncia: a ordem das aes que cada trabalhador deve desempenhar dentro
do takt time (MONDEN, 1998);
Campos (2004) argumenta que um padro deve ser composto por procedimentos para
execuo das tarefas, de modo que cada operrio tenha condies de assumir a
responsabilidade pelos resultados de seu trabalho e conduzi-lo em direo meta. Ou
seja, deve indicar a meta do trabalho e o mtodo para que este seja realizado.
Kondo (1991) e Campos (2004), discutem o contedo das especificaes contidas nos
padres de trabalho. Para Campos, um padro deve indicar a meta do trabalho e o mtodo,
ou seja, os procedimentos para execuo das tarefas de modo que cada operrio tenha
condies de assumir a responsabilidade pelos resultados de seu trabalho e conduzi-lo em
direo meta. Kondo (1991), por sua vez, afirma que o padro de trabalho deve conter
trs elementos bsicos:
As especificaes contidas nos padres devem ser baseadas em anlises de fatos reais e
no em decises intuitivas. Para tanto, devem ser considerados dados relativos s
caractersticas do contexto produtivo, prticas adotadas pelas equipes de produo,
experincias dos operrios especialistas no trabalho em questo, especificaes tcnicas,
e evidncias empricas de variabilidade e as possveis solues (LIB, 2003;
PRODUCTIVITY PRESS DEVELOPMENT TEAM, 2002; KONDO, 1991).
46
Apesar de haver uma convergncia acerca dos tipos de especificaes descritas nos
padres, a literatura no apresenta esclarecimentos acerca do grau de especificao dos
mesmos, uma vez que este fator est diretamente ligado ao tipo de processo, bem como a
hierarquia organizacional ao qual ser aplicado, perfil do operador, entre outros fatores.
Para Perrow (1984), um sistema SSTC caracteriza-se por duas dimenses: acoplamento
e complexidade. O grau de acoplamento est relacionado ao grau de conexo das
diferentes funes e elementos deste sistema, ou seja, em um sistema cujos elementos so
fortemente ligados, quando um destes componentes sofre alguma alterao, isto tende a
provocar consequncias expressivas em outras partes deste sistema, em curto um
intervalo de tempo (PERROW, 1984).
De acordo com Hendrick e Kleiner (2001), um SSTC composto por quatro subsistemas
(tcnico, social, organizao do trabalho e ambiente externo), que interagem entre si e
no tm limites rigidamente definidos. J a complexidade do sistema est diretamente
relacionada com a quantidade de elementos ou entidades que interagem dinamicamente,
resultando em comportamentos imprevisveis (SIRMIENIUCH e SINCLAIR, 2002).
O conceito de resilincia ainda recente e, no decorrer dos ltimos anos, vem sendo
refinado, em funo de novos estudos. Woods e Wreathall (2003) conceituam resilincia
como a capacidade, de um sistema, em manter-se ou retomar rapidamente sua estabilidade
inicial, permitindo a continuao das operaes depois de um incidente ou estresse
significativo. Percebe-se, nesta conceituao, um carter corretivo, cuja estabilizao do
sistema pode ser alcanada aps a ocorrncia de incidentes. Entretanto, os mesmos
autores no fazem inferncia sobre o carter da imprevisibilidade dos incidentes.
Ao longo dos anos, diversos estudos trouxeram contribuies importantes para a anlise
da variabilidade do desempenho humano em sistemas complexos. Em especial, destacam-
se estudos provenientes do campo de Engenharia de Resilincia (ER) e fatores humanos,
os quais buscam o desenvolvimento de novos modelos e mtodos para a compreenso
sistmica dos erros e acertos dos atores destes sistemas (ver: Dekker, 2004, 2006;
HOLLNAGEL; WOODS, 2006).
Como a ideia de ER ainda recente, no existe unanimidade acerca dos seus princpios e
conceitos fundamentais. Entretanto, diversos trabalhos (NEMETH et al., 2009;
HOLLNAGEL et al., 2008; HOLLNAGEL et al., 2006; HOLLNAGEN et a., 2011;
WOODS; WREATHALL, 2003; HOLLNAGEL; WOODS, 2006, COSTELLA et al,
2006) visaram a entender suas ideias fundamentais. Por exemplo, Hollnagel e Woods
(2006) propuseram quatro princpios para a Engenharia de Resilincia:
50
Alm destes quatro princpios, Hollnagen et al. (2011) afirma tambm que a aplicao da
Engenharia de Resilincia apoiada na prtica conjunta de quatro outros princpios
complementares aos princpios explicados anteriormente, so eles: antecipar,
monitorar, aprender e responder.
Por fim, o princpio de resposta do sistema, refere-se a saber o que fazer quando um
problema ocorrer. a capacidade de lidar com o atual, conquistada atravs da
implementao de uma srie de respostas possveis ou atravs do ajuste do funcionamento
normal do sistema s distores e variabilidade, que geram problemas ao sistema, sendo
estes regulares ou irregulares (HOLLNAGEN et a., 2011).
Segundo os Hollnagel (2011), estas habilidades so relacionadas entre si, conforme est
representado no modelo de relacionamento, mostrado na Figura 9.
52
Wreathall (2005) ressalta que os mtodos utilizados pelos sistemas, como fontes de
informao para a tomada de deciso, so limitados. Portanto, necessrio que sejam
utilizados mtodos proativos para entender o estado de desempenho da segurana dentro
da prpria organizao. O mesmo autor ressalta que para obter-se resilincia, necessrio
o desenvolvimento de uma srie de ferramentas, que, se utilizadas conjuntamente, podem
aumentar a segurana, tendo em vista a variabilidade do sistema (WREATHALL, 2005).
Segundo Bottani et al. (2009), um modelo de gesto da variabilidade tem como intuito
melhorar constantemente a performance do sistema, para aumentar a eficincia e eficcia
das execues dos planos de trabalho, de forma a garanti-la no sistema. Porm, muitas
organizaes do setor ainda utilizam, como modelo de gesto, uma srie de
procedimentos extremamente padronizados ou muito genricos, sendo que os
treinamentos so baseados nestes procedimentos, como forma de minimizar
constrangimentos4 vinculados s operaes (CHENG et al., 2012). Sobre esta afirmao,
necessrio especificar que o erro no est no fato dos treinamentos estarem ligados aos
procedimentos, pois estes so padres de trabalho, mas forma com que estes
procedimentos so formulados e, consequentemente, como as informaes so difundidas
nos treinamentos.
resilincia contida nas equipes que, mesmo sobre presses capazes de levar ao insucesso,
apresentam bons desempenhos (DEKKER, 2004; HOLLNAGEL, 2004). Aps o
diagnstico, deve promover aes de reprojeto do sistema e treinamento das equipes
menos resilientes, aumentando a segurana e desempenho da empresa como um todo.
(DEKKER, 2004; HOLLNAGEL, 2004; HOLLNAGEL et al. 2006; HALE; BORYS,
2013a; HALE; BORYS, 2013b)
Alguns trabalhos anteriores (DEKKER, 2003; HALE; BORYS, 2013a; HALE; BORYS,
2013b) discutem acerca da padronizao em sistemas scio tcnicos complexos e definem
alguns critrios de como os padres de trabalho devem ser especificados e o que eles
devem levar em considerao.
Para Hale e Borys (2013a), so necessrias formas inovadoras para elaborao de padres
de trabalho. Os referidos autores ressaltam que os procedimentos no devem ser
separados por objetivos (qualidade, segurana, produo, etc.), pois, para eles, tornam-se
muito mais eficazes ao serem desenvolvidos de maneira integrada, abordando todas as
regras dirigidas a todos os objetivos de uma determinada atividade.
Quanto s aplicaes dos padres de trabalho, Dekker (2003) expe dois modelos
essencialmente distintos:
Segundo Hale e Borys (2013a), h trs tipos de regras que precisam ser definidas em
procedimentos para que eles possam ser considerados resilientes:
(b) Regras de processo: so aquelas que definem o processo pelo qual a pessoa
ou organizao devem chegar ao seu objetivo. Mas ainda deve deixar uma
liberdade considervel sobre a execuo desta operao. Nesse sentido, as
regras exigem a incluso dos requisitos do processo para avaliao da
execuo. Deve estabelecer um sistema de gesto da segurana e os requisitos
para que determinadas pessoas possam ser consultadas em uma situao fora
do normal, para saber como lidar com as situaes. Ambas as metas de
desempenho e regras do processo precisam de tempo para que possam traduzi-
las em aes concretas quanto mais competentes e experientes as pessoas
que utilizam as regras, menor este tempo.
56
Segundo Hale e Borys (2013b), o protocolo tem um carter cclico, dividido em nove
etapas, no qual a gesto de regras realizada de forma dinmica: as especificaes do
trabalho so adaptadas realidade das atividades e para o contexto em que estas so
realizadas. Segundo os autores, apesar deste protocolo ter sido desenvolvido para a gesto
de regras de segurana em SSTC, aplicvel a outras situaes, como qualidade e
produtividade. A seguir, cada uma das etapas descrita (HALE E BORYS, 2013b):
1. Monitorar e feedback: nesta etapa, devem ser feitas observaes acerca das
operaes de maneira a monitorar o uso das regras existentes, para entender
as regras que so ou no usadas, como essas regras so usadas, e porque
algumas regras so negligenciadas. Estabelece-se um foco na compreenso do
desempenho humano frente a ocorrncia de variabilidade;
8. Testar e aprovar as regras: devem ser executados testes prticos para avaliar
a utilidade das regras para posterior aprovao das mesmas; e
Candrall et al., (2006), apresentam uma srie de mtodos de CTA, que podem ser
aplicados aos trabalhos, como as anlises de documentos, as anlises atravs de
observaes e de entrevistas, o Mtodo de Decises Crticas (Chritical Decision Method)
e Think Aloud. Segundo Candrall et al (2006), todos os procedimentos de CTA tm, como
objetivo geral auxiliar os pesquisadores a entender como a cognio permite que os
humanos faam as coisas e auxiliar para que as pessoas faam as coisas de maneira
melhorada.
O presente captulo descreve a abordagem adotada para a conduo desta pesquisa, bem
como a descrio das etapas do processo da mesma. A primeira seo discute o
posicionamento deste trabalho como Design Science Research. Posteriormente so
apresentados a estratgia de pesquisa e o delineamento, ressaltando os ciclos de
aprendizagem realizados, assim como a descrio detalhada do objeto de estudo, as fontes
de evidncia e as ferramentas utilizadas para a coleta e anlise de dados. Por fim, so
expostos os escopos dos estudos de casos realizados.
Este trabalho pode ser classificado como Design Science Research (DSR), denominada
tambm de pesquisa construtiva. A DSR estabelece o foco na resoluo de problemas do
mundo real, atravs de construes de artefatos inovadores, que, por sua vez, devem ser
implementados e/ou testados na prtica (MARCH; SMITH, 1995; LUKKA, 2003).
Artefatos Descrio
Constructo Vocabulrio conceitual dos termos e variveis do estudo. Constituem uma
conceituao utilizada para descrever os problemas dentro do domnio e para
especificar as respectivas solues.
Modelo Um conjunto de proposies que gera uma relao entre os constructos.
Representam situaes como problema e soluo.
Mtodo Os mtodos so criaes tpicas de uma DSR. Tratam-se de um conjunto de
passos para a execuo de uma tarefa. Os mtodos baseiam-se em um conjunto
de constructos e/ou em um modelo.
Instanciao Uma instanciao a concretizao de um artefato em seu ambiente, por meio
da operacionalizao de um constructo, modelo ou mtodo.
Figura 11: Artefatos gerados pela Design Science Research. (Fonte: adaptado de VAISHNAVI
e KUECHELER, 2007).
Figura 13: Processo cclico da pesquisa-ao. (Fonte: adaptado de SUSMAN; EVERED, 1978)
para padronizao do trabalho na construo. Tal qual uma pesquisa ao, o processo de
pesquisa foi desenvolvido com uma forte participao e engajamento de uma equipe de
diretores, gerentes, engenheiros e trabalhadores da empresa, no qual houve ciclos de
aprendizagem, semelhante ao que descrito por Susman e Evered (1978).
4.3. DELINEAMENTO
A pesquisa foi dividida em trs fases: (a) Etapa de compreenso; (b) Etapa de
desenvolvimento; (c) Etapa de anlise e reflexo. As trs fases da pesquisa no foram
desenvolvidas de forma linear, existindo ciclos de aprendizagem.
Para finalizar esta etapa, foi realizada a coleta de dados do estudo exploratrio, onde
foram diagnosticados os problemas e, posteriormente, realizado um workshop com a
67
A Empresa X foi fundada no Rio Grande do Sul, no ano de 1967. Era atuante em diversos
segmentos do mercado de estruturas metlicas, aos quais fornece vrias solues
construtivas. Esta pesquisa abrange apenas a unidade de negcio denominada Sistema
Construtivo Metlico, a qual foi escolhida por representar a parcela de maior volume de
negcios. Esta unidade produzia principalmente edifcios para instalaes industriais,
galpes logsticos e de locao. Esta unidade oferecia os servios de projeto, fabricao,
transporte e montagem de empreendimentos em estruturas metlicas.
Figura 17: Reduo do tamanho do lote atravs da diviso em etapas (fonte: Empresa X)
A composio de uma unidade de trelia semiespacial (Figura 19) dada por 2 banzos
superiores, 2 banzos inferiores acoplados entre si, perfis u denominados de
diagonais e de montantes, parafusos, porcas, arruelas e acessrios (NSD, tala de emenda,
mo francesa e elementos de travamento). Para a montagem de uma trelia so utilizadas
cerca de quinhentas peas.
As trelias podem ser projetadas com tamanhos variados, tanto em altura, quanto em
comprimento. Por conta da geometria e dimenses adquiridas quando montada, as peas
de uma trelia necessitam ser entregues soltas nas obras, para serem pr-montadas in loco
no solo, para depois ser iada por meio de guindaste. Atribui-se a esse processo o nome
pr-montagem, pois a pea s considerada montada quando instalada aps o iamento.
72
Yin (2005) estabelece 3 princpios bsicos para a definio das fontes de evidncias que
sero utilizadas no desenvolvimento de uma pesquisa, so eles:
1. Uso de mltiplas fontes de evidncia: princpio diretamente ligado criao de
diferentes linhas de investigao, possibilitando ao pesquisador variedade na
captao dos aspectos referentes ao objeto de estudo. Entretanto, estas fontes
devem estar alinhadas entre si (YIN, 2005).
2. Estabelecimento da cadeia de evidncias: objetiva garantir o alinhamento das
evidncias, de maneira que apontem na mesma direo, com o intuito de
responder de maneira objetiva todas as questes de pesquisa levantadas (YIN,
2005).
3. Criao de um banco de dados: este princpio serve para conservar os dados
coletados pelas fontes de evidncias de maneira sistmica, possibilitando a
recuperao, a rastreabilidade e o cruzamento posteriores destes dados,
contribuindo para a validao dos resultados da pesquisa (YIN, 2005).
Seguindo os princpios citados, a escolha correta das fontes de evidncia, contribui para
aumentar a validade, a representatividade e a confiabilidade da pesquisa (YIN, 2005),
como mostra a Figura 20.
Figura 20: Princpios bsicos para escolha de fontes de evidncia (fonte: adaptado de YIN,
2005).
Neste trabalho, foram adotadas as fontes de evidncias descritas nos subitens seguintes,
bem como as respectivas ferramentas de coleta e anlise de dados.
73
4.5.1. Observao
De acordo com Yin (2005), existem duas formas de observao:
Observao direta: o observador assume, o mximo possvel, uma postura
imparcial e impessoal, em suma, apenas registra os fatos e eventos que so
relevantes ao estudo proposto.
Observao participante: neste tipo de observao, o pesquisador faz parte do
contexto ao qual est analisando. Exerce influncia direta no processo, alm de
compor o objeto de pesquisa.
4.5.2. Entrevistas
Segundo Yin (2005), as entrevistas permitem que o pesquisador faa registro de dados e
informaes privilegiados, sob a perspectiva das pessoas que esto inseridas no contexto
organizacional. O referido autor ressalta ainda que as entrevistas permitem certa
objetividade devido possibilidade de conduo, abordando apenas assuntos de interesse,
podendo ser empregados diferentes tipos de entrevista: estruturadas, semiestruturadas e
abertas.
Alm dos dados contidos nos documentos, foram analisados os dados resultantes das
aplicaes das ferramentas e tcnicas do mtodo proposto nesta pesquisa. A anlise de
dados presente em documentos foi muito importante na conduo desta pesquisa, pois
permitiu o processamento de informaes fundamentais para a compreenso do problema
real, desenvolvimento do mtodo proposto e avaliao dos resultados empricos.
Estas fontes de evidncias foram utilizadas ao longo de todas as etapas da pesquisa: foram
feitos 725 registros fotogrficos e cerca de 27 horas de vdeos. O registro fotogrfico foi
utilizado, sobretudo, no monitoramento das atividades, registrando as caractersticas e
detalhes dos processos e operaes. J os vdeos, serviram para registrar as dinmicas das
equipes, tempos e movimentos dos processos e operaes, condies ergonmicas dos
operrios e exposio destes aos riscos.
Este diagrama foi utilizado em conjunto com o diagrama de Ishiwata, para identificao
e classificao qualitativa das operaes de cada processo estudado.
77
Segundo Matilla E Vilkii (1999), o Sistema OVAKO de Anlise de Posturas (OWAS) foi
planejado visando os seguintes critrios e objetivos:
(a) categoria 1: postura normal e natural, sem efeitos nocivos sobre o sistema
msculo esqueltico. Nenhuma ao necessria;
(b) categoria 2: posturas com algum efeito nocivo sobre o sistema msculo
esqueltico. Aes corretivas so necessrias no futuro prximo;
(d) categoria 4: a carga causada por essas posturas tem um efeito muito
prejudicial sobre o sistema msculo esqueltico. Aes corretivas devem ser
feitas imediatamente.
A ferramenta atribui cdigos para cada uma das posies e para a estimativa de carga em
kg, conforme o Figura 24, a seguir:
A coleta de dados deste Mtodo, consistiu nas observaes instantneas das posturas dos
operrios que trabalhavam na montagem das trelias em solo. Neste estudo, as
observaes obedeceram ao intervalo de 1 minuto entre cada medio, considerando
todos os participantes da atividade, totalizando 1083 observaes ao longo dos estudos
exploratrios e estudo emprico 1. Para compilao e anlise de dados foi utilizado o
software WinOWAS, gerando grficos conforme a Figura 25 a seguir:
79
Crandal, Klein e Hoffman (2006), apontam este mtodo como uma abordagem voltada
para a identificao: a) das indicaes ou padres que experts percebem; b) das regras
no escritas que eles desenvolveram para atuar em seus campos; c) dos tipos de deciso
que precisam tomar; d) dos elementos que tornam as decises difceis; e) dos elementos
que tornam alguns casos tpicos; e f) dos elementos que compem situaes especiais ou
raras.
Crandall, Klein e Hoffman (2006) sugerem que a conduo do mtodo deve ser realizada
em quatro etapas:
a) seleo de um incidente ou processo junto ao entrevistado;
80
Segundo Jaspers et al. (2004), em muitos casos, o mtodo think aloud uma fonte nica
de informao sobre os processos cognitivos, ou seja, gera dados diretos sobre os
processos de pensamento contnuo durante o desempenho de uma tarefa.
Em geral, o mtodo consiste em: a) usar o mtodo think aloud de maneira sistemtica; b)
analisar as informaes a fim de obter um modelo de processo cognitivo que ocorre na
soluo de um problema. Esses protocolos so utilizados como dados brutos e requerem
uma substancial anlise e interpretao para compreenso da maneira como os sujeitos
desempenham suas tarefas (JASPERS et al., 2004).
Neste contexto, o mtodo think aloud reconhecido como uma fonte til de dados, que
pode fornecer amplas possibilidades para desvendar mecanismos psicolgicos e
estruturas de conhecimento subjacente soluo de problemas humanos com atividades
81
maio junho
2014 2014
SEGUNDA-FEIRA TERA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SBADO DOMINGO SEGUNDA-FEIRA TERA-FEIRA QUARTA-FEIRA
28 29 30 01 02 03 04 26 27 28
05 06 07 08 09 10 11 02 03 04
COLETA DE COLETA DE COLETA DE COLETA DE
ANLISE DE
DADOS NA DADOS NA DADOS NA DADOS NA WORKSHOP 1
DADOS
OBRA A OBRA A OBRA A OBRA A
12 13 14 15 16 17 18 09 10 11
COLETA DE COLETA DE COLETA DE
ANLISE DE ANLISE DE ANLISE DE
DADOS NA DADOS NA DADOS NA
DOC. DOC. DOC.
OBRA A OBRA A OBRA A
19 20 21 22 23 24 25 16 17 18
ANLISE DE ANLISE DE ANLISE DE ANLISE DE ANLISE DE ANLISE DE
DOC. DOC. DOC. DOC. DOC. DOC.
26 27 28 29 30 31 01 23 24 25
ANLISE DE ANLISE DE ANLISE DE ANLISE DE ANLISE DE ANLISE DE
DADOS DADOS DADOS DADOS DADOS DADOS
O primeiro dia de visita obra foi voltado para entender o sistema construtivo, a estrutura
da obra, a estrutura fornecida pelo cliente (rea de pr-montagem, rea de estocagem de
materiais, equipamentos, etc.) e o layout de implantao da obra.
Durante os outros seis dias do estudo, o pesquisador realizou a coleta de dados, baseada
na observao direta da equipe de trabalho, no havendo interveno alguma por parte do
pesquisador. Ao longo de todo o estudo, foram registradas cerca de 15 horas de vdeos,
alm do registro de imagens fotogrficas, correspondentes ao processo produtivo.
What (o que): especifica o que deve ser feito, ou seja, que ao deve ser realizada;
Who (quem): especifica quem ser o responsvel pela realizao da ao;
84
necessrio ressaltar que no foi feita anlise quantitativa das informaes. Partiu-se do
pressuposto que um processo longo e complexo necessita de mais informaes que um
processo simples e rpido. Contudo, apesar de todos os procedimentos apresentarem o
mesmo formato (uma folha A3 com as informaes compostas por textos e imagens), a
85
natureza de informaes era muito distinta nos procedimentos, de acordo com os seus
respectivos processos.
02/06/2014
09/06/2014
16/06/2014
23/06/2014
30/06/2014
07/07/2014
14/07/2014
21/07/2014
28/07/2014
04/08/2014
11/08/2014
18/08/2014
25/08/2014
01/09/2014
08/09/2014
Figura 29: Cronograma do estudo emprico 1
O planejamento das atividades foi a primeira etapa deste estudo, sendo realizado de forma
conjunta pelo pesquisador e representantes da Empresa envolvidos na execuo do
projeto (diretores, coordenadores de obra e engenheiros). Para tanto, foram realizadas
quatro reunies de aproximadamente duas horas cada, com o intuito de definir os planos
de ao a ser executado pela equipe de pesquisadores e pela equipe de gesto da obra.
Tambm foram definidas as formas de carregamento dos componentes metlicos,
critrios para a gesto logstica, e os equipamentos a serem utilizados, entre outras
decises.
Esta obra foi escolhida como objeto de estudo pela Empresa X em virtude de se tratar de
um cliente extremamente exigente, que se props a exercer um alto nvel de cobrana
baseado na filosofia Lean Production, sobretudo, no que se refere padronizao do
trabalho, indo totalmente ao encontro dos objetivos desta pesquisa. Alm disto, a obra
apresentava todo o suporte de equipe necessria para o desenvolvimento da pesquisa,
tendo dois engenheiros residentes, um engenheiro trainee e dois tcnicos de segurana.
Por fim, a montadora subcontratada tinha mais de 10 anos de experincia com este tipo
de obra e processo, alm disto, apresentava um histrico de bom desempenho em termos
de qualidade, produtividade e segurana, em diversas obras e contexto.
88
Por fim, foi realizada a coleta de dados sobre a equipe de montagem da obra. Nesta etapa,
o pesquisador fez uma visita de um dia uma obra da Empresa X, na cidade de Campinas-
SP. O engenheiro responsvel por esta obra j havia gerenciado duas obras com a equipe
de montagem designada para executar a Obra B e conhecia os mtodos de trabalho desta
de maneira detalhada. Durante a visita Obra, realizou-se uma entrevista aberta com o
engenheiro, para obter uma descrio dos mtodos de trabalho da empresa montadora,
possibilitando ao pesquisador um entendimento prvio que ajudou na conduo dos
passos seguintes do estudo.
89
Dispositivos visuais: havia nesta obra dispositivos visuais que continham padres
de trabalhos, visando a aumentar a transparncia de processos, tais como
sinalizaes de segurana, tais como com bandeiras e banners para elucidar riscos,
layout da obra para que as pessoas se localizassem, e um fluxograma para
situaes de emergncia (Figura 33);
Em paralelo, tambm foram aplicadas tcnicas de Anlise Cognitiva das Tarefas (CTA),
com o objetivo de identificar as caractersticas do processo, bem como as evidncias
empricas das habilidades de resilincia desenvolvidas pela equipe de montagem.
Portanto, as tcnicas de CTA serviram para a identificao e aprendizado das evidncias
empricas de resilincia desenvolvidas por aquela equipe, para aquele processo.
Neste estudo, foi feita a observao das atividades e anlise de documentos, bem como
tcnicas de CTA, como CDM e Think Aloud, descritas nos itens 4.6.5 e 4.6.6,
respectivamente.
J a utilizao do think aloud foi desenvolvida com duas duplas de produo, formadas
pelos operrios mais experientes da equipe, todos com mais de 3 anos de experincia em
montagem de estruturas metlicas. Este mtodo foi utilizado para coletar informaes e
avaliar o processo cognitivo sob a tica dos operrios, complementando as informaes
obtidas na aplicao do CDM.
Estas oportunidades de melhorias foram analisadas e discutidas para que, ento, fossem
implementadas algumas solues em ciclos de prototipagem e refinamento. Estes ciclos
de prototipagem corresponderam s etapas de execuo da obra. A implementao das
melhorias comeou com a reviso do planejamento, detalhamento e sequenciamento das
atividades componentes para a execuo de uma etapa completa.
desenvolvidas aps anlise do processo inicial, como: (a) reduo do tempo de ciclo das
atividades, (b) aproximao do local do estoque de matrias para a rea de montagem, (c)
definio da sequncia exata de trabalho dos operrios, (d) eliminao da interferncia
entre as tarefas, (e) especificao dos recursos necessrios para execuo das tarefas.
O segundo ciclo (etapa 6), refere-se implementao das melhorias planejadas no ciclo
anterior, bem como a anlise detalhada dos resultados. No terceiro ciclo (etapa 7), as
melhorias implementadas foram padronizadas e foi feita a avaliao da padronizao para
que pudessem ser realizadas novas aes de melhoria contnua.
08/10/2014
15/10/2014
22/10/2014
29/10/2014
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18/02/2015
25/02/2015
Figura 35: Cronograma do estudo emprico 2.
Os resultados desta etapa esto descritos no item 6.3.1, referente aos resultados da coleta
de dados do contexto do Estudo Emprico 2.
98
Durante a execuo das montagens foram coletados dados e estes foram novamente
analisados. A partir da segunda anlise de dados foram identificados novos problemas no
mtodo de padronizao, devido a inadequaes a todos os contextos das obras.
Necessitando de uma nova etapa para compreenso terica sobre os problemas.
A primeira etapa da anlise de dados do Estudo exploratrio iniciou com entrevistas com
participantes do processo e entendimento acerca do contexto produtivo. Segundo os
entrevistados, na obra como um todo, haviam os problemas listados a seguir:
Tambm foi feito um mapeamento dos layouts da obra e da rea destinada a pr-
montagem de trelias semiespaciais, conforme exposto nas Figuras 36 e 37.
No Layout da Obra A, percebe-se que h uma distncia muito grande entre a rea de pr-
montagem de trelias e a rea onde ficavam estocados os materiais, cerca de 200 m. Estas
reas ficaram afastadas, em virtude da falta de espao na obra, e pela necessidade de uma
rea de pr-montagem com capacidade de comportar a pr-montagem de trelias e a
estocagem de peas prontas.
Aps a coleta de dados inicial do estudo exploratrio, foi realizada a anlise mais
detalhada dos dados coletados e os diagramas de sequenciamento de operaes (Figura
38) e de Ishiwata (Figura 39), foram montados.
102
O processo todo de montagem de uma pea durou em mdia 4 horas, considerando uma
amostragem de 7 ciclos de produo de peas, havendo entre 2 e 6 funcionrios
trabalhando simultaneamente na pea, sendo que o tempo teve uma variao entre 3,25 h
e 4,97 h. No estudo de tempos do processo, constatou-se que a montagem de uma trelia
de 16 metros de comprimento utilizava, em mdia, 9,18 horas/homem, atingindo a
produtividade mdia de 1,74 metros montados por horas-homem trabalhadas, sendo
executadas 32 operaes (transporte, inspeo, estoque, retrabalho e processamento),
com a seguinte diviso em percentual de tempo, exposta na Figura 41. necessrio
ressaltar que os tempos so referentes s atividades de processamento das peas e no s
operaes.
a) Defeito no dimetro dos furos das peas: na fabricao das peas, no houve
folga no dimensionamento dos furos para encaixe dos parafusos. Os furos,
excessivamente justos impossibilitaram a colocao manual dos parafusos. Neste
caso, a soluo adotada era a aplicao de golpes de martelo nos parafusos, para
facilitar o encaixe dos mesmos. Entretanto, esta prtica podia danificar as roscas
dos parafusos, comprometendo a qualidade estrutural dos componentes.
Ento, com auxlio de ponteiro e marreta de 1 Kg, foram feitas as ampliaes dos
dimetros dos furos, o que garantiu o posicionamento dos parafusos sem perda de
qualidade do produto final, mas com um impacto substancial na produtividade.
Cada trelia recebe cerca de trezentos parafusos, sendo necessrio o alargamento
do mesmo nmero de furos, o que demandou em mdia 6,63 horas-homem,
correspondente a 72% do tempo total do processo.
Quanto postura dos colaboradores na execuo das atividades, foram coletadas 745
amostragens repetidas a cada 1 minuto, ento, os dados foram lanados no software
107
WinOwas, gerando a tabela com o quantitativo de posies (Figura 42) que resultou no
grfico de posturas (Figura 43).
RESUMO
Tipos de
GERAL
ITM 10
ITM 11
ITM 26
ITM 4
ITM 5
ITM 7
ITM 8
ITM 9
informaes
ITM6
Informaes sobre os X X X X X X X X X 100%
Objetivos do
procedimento
Informaes de X X X - X - X X X 77%
Definies de Meios
e Mtodos.
Informaes sobre a X X - - - - X - - 33%
Segurana do
trabalho.
Informaes sobre a X X - X - - X - X 55%
Qualidade.
Informaes X X X X X X X X - 88%
Complementares
Informaes de X X X X X X X X X 100%
Restries.
Todas as imagens X X - - X X - X X 33%
com qualidade
Todas as X - - - - X X X X 44%
Informaes so bem
classificadas
RESUMO POR ITM 100% 87% 50% 50% 62% 62% 87$ 75% 75%
Todos as ITMs fazem referncia sobre alguma restrio que deve ser removida para
garantir a execuo do trabalho sem interrupes ou problemas. Mas, nem todas as
restries so descritas, limitando o apoio do procedimento s atividades de remoo
sistemtica de restries.
informaes visuais se tornam difceis de interpretar. Por fim, 44% dos documentos
apresentam informaes mal classificadas, dificultando o entendimento do leitor.
Aps esta anlise, foi feita uma entrevista com o engenheiro especialista responsvel pela
montagem dos procedimentos e, segundo os relatos, os padres de trabalho da empresa
estavam passando por alteraes, onde estavam sendo desenvolvidos novas verses mais
sistemticas dos POPs, devido a implementao de um programa de treinamentos
operacionais, porm, ainda no estavam padronizadas e disponveis para uso. Quanto aos
POPs analisados, foi afirmado que no haviam especificaes detalhadas para os
processos de concepo, formalizao, disseminao ou controle da utilizao destes
documentos.
Baseado nas anlises dos dados do estudo exploratrio, pde-se concluir que uma elevada
parcela do tempo da equipe era utilizada na realizao de atividades que no agregam
valor, tais como retrabalhos e transportes. A anlise ergonmica indicou que as condies
de trabalho eram inadequadas, necessitando de intervenes no mtodo de trabalho. Alm
disto, os documentos, que deveriam servir para auxiliar na padronizao da execuo do
trabalho de montagem, apresentam muitas falhas, dificultando o entendimento dos
operrios sobre como os processos e operaes devem ser realizados.
Aps as anlises realizadas, foi feito um workshop, no qual os resultados deste estudo
foram discutidos com vrios representantes da empresa (diretores, engenheiros de
montagem, projetista e especialistas tcnicos). Aps a exposio e discusso dos dados
coletados, foram tomadas algumas decises a respeito do andamento deste trabalho,
sendo definida a realizao de um novo estudo, com uma equipe que tivesse elevado
desempenho produtivo, para que se pudesse entender diferenas entre duas equipes, para
que ento fossem feitas revises nos padres de trabalho e a posterior implementao do
trabalho padronizado em toda a empresa.
111
Portanto, havia uma grande quantidade de trabalho em progresso. Alm disso, com base
em anlise de projetos, percebeu-se que a maioria destas etapas eram repetitivas e que,
apesar disto, os ndices de produtividade considerados no eram similares nas diferentes
etapas. Durante as entrevistas, os engenheiros relataram que o planejamento era feito com
base em estimativas, necessidades dos clientes e experincia dos colaboradores do setor
de planejamento da Empresa X.
No planejamento, cada etapa foi dividida em duas fases: a fase inicial, composta pela
montagem em solo das trelias semiespaciais e a segunda fase, referente montagem de
estrutura, desde a montagem de vigas prtico at o iamento e fixao das trelias. Cada
fase tem uma equipe especfica de produo, sendo diviso necessria para a composio
de um buffer no estoque de trelias prontas, pois a produo em solo demanda mais tempo
que o iamento e montagem da estrutura.
Porm, com vrias etapas em execuo simultnea, o estoque de peas prontas atingiria
um pico de 36 unidades e uma mdia de 20 unidades em estoque, como mostra a Figura
46.
Este nmero foi obtido atravs da diviso da quantidade de peas necessrias para cada
etapa (40 trelias) pelo nmero de dias planejados para a concluso da etapa. Assim,
obteve-se a demanda diria de peas por etapa e, ento, foram somadas as demandas
dirias de cada etapa para chegar no estoque previsto.
O processo envolveu uma mdia de 7,8 horas-homem, para montar 1 trelia semiespacial
com 20 metros de comprimento, conforme apresentado na Figura 50.
O ndice de produtividade deste processo foi de 2,57 metros de trelia montada para cada
hora de trabalho. Portando, uma produtividade 47% maior que no processo do estudo
exploratrio.
117
O ponto mais crtico encontra-se nas posies das pernas dos funcionrios, que se localiza
no limiar entre as categorias 2 e 3, necessitando de mudanas imediatas por apresentar
riscos ao sistema musculoesqueltico.
Por meio desta anlise, constatou-se que no havia uma conexo direta e sistemtica entre
os diversos tipos de padres, pois em nenhum dos padres avaliados foi identificada
alguma referncia aos demais. Alm disto, os padres de trabalho do SGS existentes
foram desenvolvidos separadamente e por pessoas diferentes, criados de acordo com as
necessidades emergentes, sem planejamento ou definio prvia do grau de especificao
dos contedos abordados. O desenvolvimento destes padres tambm no teve a
participao dos operrios ou lderes das atividades, desconsiderando a experincia das
equipes.
Alm disso, foi feito um levantamento, juntamente aos trabalhadores, acerca da utilizao
e entendimento dos procedimentos operacionais das atividades, considerando todos os
documentos existentes. Dentre os 10 funcionrios entrevistados, apenas 4 sabiam da
existncia dos POPs e, dentre estes 4, apenas 1 havia lido todas as instrues ali contidas.
Isto indica o pouco impacto dos padres de trabalho sob o ponto de vista dos
trabalhadores, o que tambm pode ter sido influenciado pelo baixo ndice de escolaridade
dos mesmos (Figura 56).
Por outro lado, os colaboradores ressaltaram que as reunies eram eficazes, no que se
refere a evidenciar e corrigir os perigos diariamente.
7
Making-do: um tipo de perda que ocorre quando a tarefa iniciada ou continuada sem que todos os
recursos estejam disponveis em sua forma padro ou tima (KOSKELA, 2004).
127
Essas habilidades de resilincia foram classificadas pelo pesquisador de duas formas: (a)
resilincia reativa: caracterizada por combater a variabilidade e resolver problemas
simultaneamente com a sua ocorrncia - se bem-sucedida, pode ou no ser incorporada
128
Baseado nas anlises empricas, percebeu-se ento, que h uma relao entre a
variabilidade no antecipada, a ocorrncia de making-do e a resilincia do sistema,
conforme representado na Figura 63.
A implementao das melhorias foi dividida em trs ciclos, sendo que cada ciclo se refere
execuo de uma etapa da obra, iniciando na etapa 5 e terminando na etapa 7.
O objetivo deste primeiro ciclo (etapa 5 da obra) foi planejar aes de maneira a
solucionar os problemas diagnosticados como oportunidades de melhorias. Para tanto,
primeiramente foi feito um estudo de tempos da etapa completa, incluindo as operaes
130
Figura 66: Simulao do sequenciamento planejado utilizando BIM-4D de uma etapa completa.
133
No segundo ciclo, referente etapa 6 da obra, foram implementadas parte das melhorias
identificadas. Primeiramente, com o sequenciamento das atividades, estabeleceu-se uma
produo nivelada8 de trelias pr-moldadas, reduzindo o estoque de peas inacabadas,
de 37 unidades (previsto no planejamento inicial) para o mximo de 14 unidades e, por
vezes, alcanando-se uma mdia de 7 unidades. Isto representou uma reduo de 62% de
estoque, como mostra a Figura 67. Consequentemente, a rea de estoque de peas prontas
foi reduzida, possibilitando aproximar o estoque de peas inacabadas rea de pr-
montagem, melhorando o layout da obra.
8Nivelamento da produo: equilibrar a taxa de produo para atingir a taxa de sada, evitando-se o inventrio
excessivo (itens em processos ou acabados), que aumentam os custos de produo.
134
Aumentar a transparncia do
Reduzir o tempo de ciclo
Caractersticas do conjunto de padres de
Reduzir a variabilidade
que no agregam valor
trabalho desenvolvido.
Responder
Monitorar
Antecipar
Aprender
processo
Planejamento em BIM-4D
1 Sequnciamento das atividades X X X X X X
2 Reduo de estoque X X X X
Apresentao visual das etapas de
3 X X X X X
servio
4 Colaboratividade no desenvolvimento X X
5 Reduo do nmero de operaes X X X X
Reduo da movimentao e
6 X X X X
transporte
7 Planejamento em lotes de produo X X X X X
8 Definio do takt time das operaes X X
9 Definio do tempo de ciclo X X
Guias de boas prticas
1 Uso excessivo de imagens X X X
Informaes baseadas nas evidncias
2 X X X X X X
empticas de Resilincia
3 Exposio dos pr-requistos X X X
Diviso de procedimentos de acordo
4 X X X X
com as etapas de produo
5 Informaes dos riscos das atividades X X X X X
6 Portabilidade do procedimento X X X
7 Facilidade de manuseio X X X
Estudo de Procedimento de Montagem
Informaes dispostas baseadas no
1 X X X X X X
5w1H
2 Uso de imagens ilustrativas X X X
Sequncia de informaes conforme o
3 X
planejado
4 Relaes com outros procedimentos X X X
5 Informaes de Segurana X X X X X
6 Informaes de Qualidade X X X X X X
Total caractersticas que atendem aos
princpios da Lean Production e da 4 13 6 5 15 10 11 14 7
Engenharia de Resilincia
Nestas relaes, o uso de imagens nos guias de boas prticas, por exemplo, auxilia no
aumento de transparncia no processo, no monitoramento das atividades e no aprendizado
139
Medidas de produtividade
140
Para esta anlise, foi elaborada uma planilha de controle de aderncia ao padro (Anexo
1), permitindo o acompanhamento da produo na ltima etapa estudada, percebeu-se que
a equipe de produo tinha uma elevada aderncia ao plano de produo, obedecendo ao
sequenciamento planejado e tambm especificado nos padres de trabalho. A equipe
tambm obedeceu aos nveis de estoque estabelecidos, entretanto, houveram pequenas
variaes no tempo das atividades, mas nada muito prejudicial, neste controle, as
variaes ocasionadas pela ocorrncia de variabilidade tambm foram mapeadas.
A figura 74, a seguir, quando comparada com o planejamento da etapa produtiva exposto
na Figura 66, exemplifica o seguimento da sequncia estipulada, a produo de trelia
seguiu quase o ritmo planejado, apresentando poucas variaes, mantendo um baixo nvel
de estoque de trelias acabadas. Nota-se, tambm, que o estoque de matrias inacabadas
estava localizado ao lado do local de produo.
143
Aps a realizao do estudo emprico 1, foi proposta uma verso preliminar do mtodo
de padronizao, o qual composto por oito passos, descritos conforme a seguir:
Esta sequncia de etapas est representada na figura 77, a qual indica tambm os ciclos
de aprendizagem.
147
O controle da qualidade deve ser eficaz, evitando, por exemplo, problemas com
peas entregues com defeitos de fbrica. No estudo emprico, este problema fez
com que fosse necessrio retrabalhar algumas peas em obra, aumentando o
tempo de produo, a variabilidade do processo, e a incidncia de making-do.
A identificao destas barreiras serviu como aprendizado, para que o pesquisador pudesse
melhorar o mtodo proposto no segundo e ltimo estudo emprico desta pesquisa.
149
A equipe da obra C era menos experiente que a equipe da obra B: o funcionrio mais
experiente desta equipe trabalhava h dois anos no processo de montagem de trelias
semiespaciais. Os outros 6 operrios presentes na obra apresentavam cerca de 1 ano de
experincia no processo. Entretanto, neste pouco tempo, a equipe de produo j
executava o processo de forma padronizada, porm, de forma menos eficiente que a
equipe do estudo emprico 1.
O incio deste estudo se deu aps trs dias da chegada da equipe de produo na obra, e
por se tratar de uma obra pequena, a equipe de produo j havia executado a pr-
montagem de metade das trelias, acumulando um estoque significativo de peas prontas,
conforme a Figura 79. Este estoque foi formado em virtude de atrasos na entrega da carga
de pilares e vigas, impossibilitando a montagem dos prticos, para tanto, toda a equipe
de produo foi remanejada para a pr-montagem de trelias.
Transporte de Acessrios 2 5 20 10 1 - 20 40
1 Transporte de Parafusos 2 2 22 4 1 - 10 20
N DE OCORRNCIA
3 0 0 0 0
TOTAL - - 22 0,73 - - - 100
TEMPO (MIN)
22 0 0 0 0
TEMPO TOTAL DA ETAPA DO PROCESSO 22
Montagem de Banzo Inferior 1
Posicionar Placas 2 3 3 6 1 - 15 30
Atarraxar parafuso para
2 15 18 30 5 Ponteiro 15 30
fixao
2
N DE OCORRNCIA
1 0 0 0 1
TOTAL - - 18 0,60 - - - 60
TEMPO (MIN)
3 0 0 0 15
TEMPO TOTAL DA ETAPA DO PROCESSO 18
Montagem de Banzo Superior 1
Posicionar Placas 2 3 3 6 1 - 15 30
N DE OCORRNCIA
3 0 0 0 1
TOTAL - - 68 1,18 - - - 70
TEMPO (MIN)
25 0 0 0 33
TEMPO TOTAL DA ETAPA DO PROCESSO 58
Montagem de Banzo Superior 2
Tombar a pea 2 2 2 4 1 - 2 4
Posicionar peas 2 2 2 4 1 - 15 30
Atarraxar parafuso para
2 15 15 30 5 - 10 20
fixao
Posicionar peas 2 2 17 4 1 ponteiro 15 30
5
Atarraxar parafuso para
2 14 31 28 5 - 10 20
fixao
2 0 0 0 2
TEMPO (MIN)
TOTAL - - 31 1,10 - - - 70
4 0 0 0 29
33
Montagem de Diagonais 2 e Aperto de Parafusos
Posicionar peas 2 15 15 30 1 - 15 30
Tombar a pea 2 2 62 4 1 - 2 4
Aperto de Parafusos 1 30 112 30 5 parafusadeira 10 10
6
suportes
Formar Contra Flexa 1 10 72 10 5 40 40
improvisados
N DE OCORRNCIA
2 1 0 0 4
TOTAL - - 112 2,40 - - - 99
TEMPO (MIN)
17 10 0 0 85
TEMPO TOTAL DA ETAPA DO PROCESSO 112
Diferenas do EC2 para o EC1 Imagem - estudo emprico 1 Imagem estudo emprico 2
Diferenas positivas do Estudo Emprico 2, referente ao Estudo Emprico 1
Figura 82: Diferenas entre o estudo emprico 2 e o estudo emprico 1, relativas ao mtodo de
pr-montagem e montagem.
Ento, por dois dias, a dupla executou o processo seguindo exatamente os padres de
trabalho desenvolvidos no estudo emprico 1, contando com a superviso e as orientaes
do pesquisador. O diagrama de Ishiwata, representado na Figura 85, apresenta o resultado
desta mudana.
156
Para eles, a forma de produo proposta pelo pesquisador era muito boa, porm, o
resultado final no apresentava grandes diferenas, quando comparado ao mtodo
desenvolvido pela equipe. Os operrios afirmaram que a falta de prtica em executar os
servios da maneira proposta no procedimento, mesmo com treinamento e
acompanhamento direto do pesquisador, prejudicou muito a produtividade.
Como base desta nova reviso, foi utilizada estrutura de gesto de regras proposta por
Hale e Borys (2013b), na qual so propostas algumas etapas de compreenso, avaliao
e padronizao das regras de um processo de um SSTC, associando-o com as ferramentas
da Lean Production e Engenharia de Resilincia utilizadas nos estudos empricos 1 e 2.
O mtodo de padronizao do trabalho final, composto por 10 etapas, conforme a Figura
88 a seguir. Subsequentemente, as etapas do mtodo so descritas de maneira detalhada.
160
Para a anlise das regras existentes, deve-se analisar as normas tcnicas, as normas de
segurana, os projetos, os procedimentos operacionais padres existentes e demais
documentos relacionados ao processo escolhido. Estas regras servem como diretrizes
bsicas para o processo de padronizao. Caso no existam regras formais prescritas,
deve-se iniciar a implementao da padronizao pela etapa 5 deste mtodo.
Etapa 2 Monitorar o uso individual e coletivo das regras existentes e dar feedback:
nesta etapa, deve ser feita uma anlise cognitiva da tarefa, para que seja identificado o
uso das regras existentes e, sobretudo, quais as divergncias entre as prescries e a
execuo. Ento, deve ser dado feedback para a equipe de produo de maneira a discutir
os resultados e identificar os motivos que fizeram necessrias tais divergncias e as
solues encontradas para os problemas. Em virtude dos longos tempos de ciclo e da alta
variabilidade normalmente presente nos processos construtivos, importante que, durante
o processo de observao, sejam feitos registros de imagens e vdeos de todas as
operaes, possibilitando reanlises e identificao posterior de outros fatores que podem
no ter sido identificados in loco.
Etapa 3 Anlise crtica de regras existentes: esta etapa objetiva a anlise crtica das
regras existentes, a identificao dos erros nas concepes das regras, identificao de
adaptaes na execuo do processo, que levaram a divergncias entre as especificaes
e a realidade. Tambm so feitas as anlises de produtividade do processo existente, para
que posteriormente sejam identificados os impactos das modificaes no desempenho
produtivo.
3.1. Aplicar ferramentas para anlise de processo, tais como diagrama da sequncia de
montagem, diagrama de Ishiwata, e anlise de posturas. Tais ferramentas servem para
fazer anlises sistemticas dos processos e operaes, gerando alguns indicadores
relevantes, incluindo distribuies percentuais de tempos (transporte, inspeo,
processamento, estoque e retrabalho), a durao de cada operao e o tempo de ciclo.
3.2. Analisar os impactos das divergncias entre o processo e as regras especificadas,
considerando os mesmos fatores da etapa 1 (produtividade, qualidade e segurana).
Com os resultados das anlises quantitativas do processo e com a anlise dos impactos
das divergncias entre as especificaes e a realidade, deve-se fazer a anlise
162
cognitiva das tarefas (podem-se utilizar tcnicas como CDM, Think Aloud,
observaes, anlise de documentos e entrevistas abertas). O intuito desta anlise
identificar as causas da variabilidade no processo que ocasionaram tais adaptaes e
improvisaes, e como o desempenho humano se adapta diante da variabilidade,
gerando resilincia no sistema (caso as adaptaes sejam positivas) ou making-do
(caso as adaptaes sejam negativas).
3.3. Por fim, devem ser feitos registros das evidncias empricas de resilincia, das
evidncias empricas de making-do, dos erros nas concepes das regras e dos desvios
identificados.
Etapa 5 Definies dos padres de trabalho: Deve-se definir quais as etapas dos
processos que sero abordadas, cenrios de risco e controle das atividades e baseado nas
anlises prticas, definir quais controles necessitam ter regras e quais os usurios para
cada regra.
Etapa 9 Reforar o uso de boas regras: todos os usurios devem ser devidamente
treinados acerca das modificaes nos padres de trabalho, para que seja possvel a
operacionalizao das mesmas conforme as novas prescries
necessrio ressaltar que das 10 etapas do mtodo proposto, foram testadas e aplicadas
na prtica, apenas as etapas 1 a 7. As demais etapas tiveram o desenvolvimento baseado
no protocolo de gesto de regras proposto por Hale e Borys (2013b) e, por limitaes de
tempo do estudo emprico 2, no puderam ser implementadas na prtica.
CAPTULO 7 CONCLUSES
Com base neste problema de pesquisa, foi formulada questo de pesquisa principal: como
a associao dos conceitos e ferramentas da Lean Production e Engenharia de Resilincia
pode contribuir para a padronizao eficaz do trabalho na construo?
Para respond-la foi feita uma reviso de literatura mais aprofundada, para identificar
como as abordagens da Lean Production e da Engenharia de Resilincia sobre a
padronizao do trabalho podem ser aplicadas de forma complementar. De fato, nesta
reviso de literatura notou-se que havia uma carncia de estudos relacionados ao tema em
questo. Foi ento realizado o primeiro estudo exploratrio, no qual se buscou entender
o problema real, a partir de um diagnstico sobre as dificuldades de padronizao do
trabalho que ocorriam no processo da Empresa X escolhido como objeto de estudo.
167
Como definir o contedo e o grau de autonomia que devem estar contidos nos
padres de trabalho?
Princpios da ER
Princpios propostos por Koskela
propostos por Hollnagel Ferramentas utilizadas
(2000)
(2010)
Aumentar a transparncia do
nmero de passos ou partes
Reduzir o tempo de ciclo
Reduzir a variabilidade
Diagrama de Ishiwata
Modelagem BIM-4D
no agregam valor
Mtodo OWAS
Mtodo CDM
Responder
Monitorar
Antecipar
Aprender
processo
Dessa forma, foram desenvolvidos trs tipos de padro de trabalho (planejamento BIM-
4D, padro de trabalho operacional porttil, e o padro denominado pela empresa como
estudo de procedimentos de montagem), cujos contedos foram definidos com a
colaborao de seus usurios. Foi definido ento, que os contedos dos padres de
trabalho devem abordar: (a) tempo de ciclo; (b) sequncia dos processos e operaes; (c)
participantes responsveis pelo desenvolvimento; (d) principais riscos; (e) critrios de
qualidade; (f) recursos bsicos necessrios para o desenvolvimento das atividades; (g)
evidncias empricas de resilincia; (h) caractersticas do contexto; e (i) provveis
ocorrncias de variabilidade.
169
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176
Anexos
177
Produo
Durao Durao e Nveis de
Seq. Controle Identificao dos
Nome da tarefa Estimada Real consumo Estoque
Ativ. da seq. problemas
Min Min de Executado
Medajoists
Guindaste estava realizando o
iamento de medajoist da etapa
Descarregamento de Skid e Organizao de
1 415 554 0 0 ok anterior, atividade teve que
Estoque de Medajoist
aguardar liberao de
equipamento.
Incio da produo pelo local
mais distante da rea de pr-
2 Produo de Medajoist Lote 1 240 260 3 3 ok
montagem - aumento da
distncia de transporte
Iamento de Prtico (mdulo travado por 2 Necessidade de executar solda
3 210 250 0 3 ok
medajoists) nos pilares
Transporte e lavagem de Medajoists de
4 70 75 0 3 ok
Travamento
O prtico apresentou variao
no comprimento, necessitamdo
5 Iamento de Medajoist de travamento 1 30 48 -1 2 ok de ajuda de um segundo
caminho com guindaste
acoplado
45 Iamento de Medajoist 17 30 25 -1 13 ok
47 Iamento de Medajoist 18 30 32 -1 12 ok
Furou o pneu do carro de
48 Transporte e Lavagem de Medajoist 19 35 110 0 12 ok
transporte de medajoist
49 Iamento de Medajoist 19 30 24 -1 11 ok
181
51 Iamento de Medajoist 20 30 31 -1 10 ok
53 Iamento de Medajoist 21 30 30 -1 9 ok
58 Iamento de Medajoist 23 30 27 -1 10 ok
60 Iamento de Medajoist 24 30 32 -1 9 ok
62 Iamento de Medajoist 25 30 33 -1 8 ok
64 Iamento de Medajoist 26 30 26 -1 7 ok
66 Iamento de Medajoist 27 30 31 -1 6 ok
68 Iamento de Medajoist 28 30 33 -1 5 ok
73 Iamento de Medajoist 30 30 20 -1 6 ok
75 Iamento de Medajoist 31 30 33 -1 5 ok
77 Iamento de Medajoist 32 30 25 -1 4 ok
79 Iamento de Medajoist 33 30 28 -1 3 ok
81 Iamento de Medajoist 34 30 27 -1 2 ok
83 Iamento de Medajoist 35 30 24 -1 1 ok
86 Iamento de Medajoist 36 30 30 -1 4 ok
88 Iamento de Medajoist 37 30 31 -1 3 ok
90 Iamento de Medajoist 38 30 29 -1 2 ok
92 Iamento de Medajoist 39 30 28 -1 1 ok