Cap 2 Maquinasde Inducao PUC
Cap 2 Maquinasde Inducao PUC
Cap 2 Maquinasde Inducao PUC
CAPTULO II
MQ UINAS DE INDUO
2.1) INTRODUO
A mquina de induo a mais simples das mquinas eltricas rotativas, seja sob o ponto de
vista de sua construo, seja sob o ponto de vista de sua operao. O seu principal campo de aplica-
o o acionamento, isto , ela opera sempre como motor. Apesar de eletricamente ser possvel a
mquina de induo funcionar como gerador, so raros os exemplos neste campo de aplicao. Nas
fbricas e plantas industriais os motores de induo so encontrados s centenas. Assim, ao longo
deste captulo, a menos que se afirme o contrrio, a mquina de induo ser sempre considerada
motor. Ser visto posteriormente, seu papel como gerador e como freio.
Como toda mquina eltrica rotativa, o motor de induo possui uma parte fixa, o estator ou
armadura, e uma parte que gira, o rotor. No h, praticamente, nenhuma diferena entre o estator
de um motor ou gerador sncrono e o estator de um motor de induo de mesma potncia, mesmo
numero de polos, etc. O rotor que diferente. Enquanto nas mquinas sncronas o rotor de polos
salientes uma montagem comum, nos motores de induo ela no existe: todos os rotores de mo-
tores de induo so de polos lisos. Como toda mquina rotativa, os ncleos do rotor e do estator
so montados com chapas de ao silcio, de granulometria orientada, para reduzir a relutncia do
circuito magntico e as perdas magnticas devidas ao fenmeno das correntes parasitas. Os pacotes
de chapas de ao so perfurados em diversas formas (circular, retangular, etc) criando as ranhuras.
Enquanto o estator fixado em bases metlicas ou de concreto, o rotor montado sobre um eixo de
ao que se acopla, mecanicamente, ao eixo da mquina a ser acionada.
A figura 2.1 mostra as partes componentes de um motor de induo. Os dois tipos de rotor
esto mostrados com mais detalhes na figura 2.2.
35
1
Este tipo de rotor e seu campo de aplicao sero estudados mais adiante.
36
2.2) ESCORREGAMENTO
n = n1 (1 s ) [2.02]
A freqncia f2 das tenses e correntes induzidas no rotor ser, portanto, de acordo com a
equao [1.02], igual a:
P(n1 n )
f2 = [2.03]
120
P o nmero de polos do rotor que reproduz o mesmo nmero de polos do estator. Dividin-
do membro a membro as equaes [2.03] e [2.01] podemos escrever:
Pn1
f2 = s = sf1 [2.04]
120
transformador em que o estator seria o primrio e o rotor o secundrio. Tal condio facilmente
obtida no motor de rotor bobinado que, para ser travado, basta apenas levantar as escovas deslizan-
tes sobre os anis, o que interrompe o circuito do rotor e impede a circulao de correntes. Em fun-
cionamento normal a velocidade n do motor se aproxima da velocidade sncrona. Os valores usuais
de escorregamento, quando os motores operam nas suas condies nominais, so de 1 a 4%. Quan-
do operam a vazio, sua velocidade quase igual velocidade sncrona. A velocidade do rotor ja-
mais poder alcanar a velocidade sncrona, pois se isto ocorresse no haveria velocidade relativa
entre elas, condio essencial para haver conjugado eletromagntico. Porm, os fasores das FMM
do campo girante do estator e do rotor devem, evidentemente, girar mesma velocidade e manter o
mesmo ngulo de carga entre eles.
A FMM do rotor gira em relao a ele prprio com uma velocidade (n1-n) conforme mostra
a equao [2.03]. O rotor gira velocidade n. Portanto, em relao ao estator a FMM do rotor gira
velocidade
(n1-n) + n = n1,
Com relao ao estator, a equao [2.05] pode ser reescrita como segue:
Kb2 e N2 tm o mesmo significado de [2.06], s que referente ao rotor. Dividindo membro a membro
[2.06] e [2.07], obtm-se a equao [2.08]
:
E1 NK E
= 1 b1 = K e E2 = 1 [2.08]
E2 N 2 K b 2 Ke
rio (rotor) de uma mesma fase, s que aqui multiplicada pelos respectivos fatores de bobinagem. No
N
caso dos motores de rotor bobinado, pode-se considerar Kb1=Kb2, o que tornaria K e = 1 , a mesma
N2
relao de transformao dos transformadores. Assim sendo, um motor de induo com o rotor tra-
vado opera da mesma forma que um transformador.
Quando o rotor est girando a freqncia do rotor a freqncia de escorregamento dada
pela equao [2.04]. A tenso induzida E2r, numa fase, ser:
Logo, a tenso induzida no rotor girando igual tenso induzida com o rotor travado,
multiplicada pelo escorregamento.
O fluxo m que aparece nas equaes acima o fluxo que atravessa o entreferro, criado pela
componente magnetizante da corrente do estator. Porm, as correntes do estator e do rotor produ-
zem tambm os chamados fluxos de disperso do estator e do rotor, que no chegam a atravessar o
entreferro. Por exemplo, as linhas de fora ao redor das cabeas das bobinas do estator ou do rotor.
Como estes fluxos de disperso circulam pelo ar, cuja permeabilidade magntica constante, eles
podem ser considerados diretamente proporcionais s respectivas correntes do estator e do rotor e
em fase com elas. Estes fluxos enlaam uma parte dos seus respectivos enrolamentos e induzem
neles tenses, da mesma forma que o fluxo m de entreferro. A expresso das tenses induzidas por
esses fluxos, a partir da lei de Lenz-Faraday, pode ser escrita sob a seguinte forma:
di
ed = L [2.10]
dt
O valor mximo, em mdulo, ser E m = I maxL . O valor eficaz ser obtido dividindo ambos
os membros por 2 . Para o estator e rotor as tenses eficazes induzidas pelos respectivos fluxos de
disperso sero: (o sinal negativo devido lei de Lenz est sendo mantido para mostrar, claramente,
que a tenso induzida na bobina igual e oposta queda de tenso na reatncia indutiva correspon-
dente).
:
Ed 1 = I1L1 = jI1 X 1 Ed 2 = I 2L2 = jI 2 X 2 r = jI 2 X 2 s [2.12]
Ed1 e Ed2 so as tenses induzidas no estator e no rotor pelos respectivos fluxos de disperso,
iguais e opostas s respectivas quedas de tenso nas reatncias de disperso X1 e X2r. I2 a corrente
do rotor por fase. As reatncias so iguais a:
39
V1 + E1 + Ed 1
I1 = V1 = ( E1 ) + ( Ed 1 ) + R1I1 [2.14]
R1
A tenso por fase V1 aplicada ao motor equilibrada pelas tenses induzidas pelos fluxos
magnetizante e de disperso e pela queda de tenso na resistncia hmica R1 do enrolamento. Subs-
tituindo Ed1 pelo seu valor dado em [2.12], ser obtida a equao [2.15]:
Esta equao chamada equao de equilbrio de tenses do estator. Pode-se fazer a se-
guinte leitura: a tenso aplicada a uma fase do enrolamento do estator possui trs componentes, a
primeira, ( E1 ) , equilibra a tenso E1 induzida no prprio enrolamento do estator pelo fluxo de
entreferro; a segunda, I1R1, igual queda de tenso na resistncia prpria do enrolamento; a terceira,
a queda de tenso jI1X1 na reatncia de disperso X1, que equilibra a tenso induzida Ed1 pelo fluxo
de disperso do estator. A componente ( E1 ) igual queda de tenso jI m X m na reatncia magne-
tizante do motor como se ver na seo 2.7.
Algumas vezes, para simplificar a anlise da operao do motor de induo, a queda de ten-
so I1Z1 na impedncia desprezada, pois seu valor pequeno, comparado com o valor de E1. A
equao [2.14] torna-se ento V1 E1 . A equao [2.06] permite escrever:
V1
V1 E1 = 4,44 N1 f1m K b1 m = [2.16]
4,44 N1 f1K b1
sE2
sE2 = I 2 (R2 + jsX 2 ) I 2 = [2.17]
R2 + jsX 2
40
As correntes I1 e I2, definidas pelas equaes [2.14] e [2.17], ao circularem pelos respectivos
enrolamentos criam as FMM que se compem para criar um fluxo resultante. Os seus valores m-
ximos so dados pelas equaes [2.18] e [2.19]:
m1 4 N1
Fm1 = K b1 2 I 1 [2.18]
2 P
m2 4N2
Fm 2 = Kb2 2 I 2 [2.19]
2 P
4 2 m1 4 2 m2 4 2 m1
Fm1 + Fm 2 = Fer = K b1 N1 I 1 + K b2 N 2 I 2 = K b1 N1 I m [2.20]
P 2 P 2 P 2
Teoricamente, se o motor gira a vazio, no h carga, isto , a corrente I2 nula. (Na realida-
de esta situao no existe, pois mesmo girando a vazio o motor possui uma pequena carga consti-
tuda pelo atrito de seus mancais, o atrito com o ar, a prpria ventilao e as perdas magnticas).
Portanto, a vazio, a corrente I1 a corrente magnetizante.2 Se o motor acoplado a uma carga, en-
to aparece no rotor a corrente I2 e a corrente do estator passa de Im para I1, ou seja, corrente Im se
soma uma componente que resulta em I1, de modo a manter o fluxo de entreferro inalterado. A e-
quao pode ser reescrita conforme abaixo:
m2 K b 2 N 2
I1 + I 2 = I m I1 = I m + I 2' [2.22]
m1K b1 N1
mK N I mK N
Foi feito I 2' = 2 b 2 2 I 2 = 2 , sendo K i = 1 b1 1 a relao de transformao de
m1K b1 N1 Ki m2 K b 2 N 2
correntes. I 2 a corrente I2 do rotor referida ao estator.
2
Como ser visto mais adiante, na realidade, a corrente a vazio do motor possui duas componentes: a corrente magneti-
zante que a maior e a corrente que alimenta as perdas magnticas, quase sempre desprezveis.
41
Se m1=m2 e Kb1=Kb2, como ocorre no rotor bobinado, a relao de correntes se torna igual
1
do transformador, ou seja, K i = .
Ke
Nas equaes anteriores que se referem ao rotor, aparecem os parmetros nmero de fases
m2 e nmero de espiras em srie por fase N2. Quando se trata do rotor bobinado, m2=m1, pois neste
tipo de rotor o enrolamento construdo com o mesmo nmero de polos e de fases do enrolamento
do estator. Quando o rotor em gaiola, o nmero de fases do rotor e o nmero de espiras em srie
no so claramente visualizados, pois o rotor no possui um enrolamento convencional semelhante
ao do estator, mas vrias barras unidas em paralelo por dois anis, conforme mostra a figura 2.2a.
Se o enrolamento de um rotor bobinado de dois polos fosse substitudo por trs barras, defa-
sadas espacialmente 120 eltricos, unidas em suas extremidades por dois anis, seria formada uma
gaiola de apenas trs barras. (Fig. 2.03a)
As tenses induzidas em cada uma das barras pelo fluxo girante magnetizante sero, respec-
tivamente, Ea,,Eb e Ec, defasadas entre si, no tempo, de 120. O diagrama fasorial mostra que no
rotor foi criado um sistema trifsico. Nesse caso, o nmero de barras do rotor igual ao nmero de
fases. Se, em lugar de trs o rotor tivesse 12 barras, como na figura 2.03b, cada uma delas defasa-
360 o
das, no espao, de um ngulo = = 30 o eltricos (no caso, igual a 30o graus geomtricos), as
12
tenses induzidas em cada barra estariam defasadas de 30 eltricos no tempo, conforme mostra o
diagrama fasorial. Pode-se concluir que para uma mquina de dois polos o nmero de fases do ro-
tor igual ao nmero de barras.
Por sua vez, N2 representa o nmero de espiras em srie de uma bobina, por fase. Uma bobi-
na, seja de uma s espira ou de N2 espiras, possui dois lados, isto , cada lado a metade de uma
bobina. Quando se trata de bobina de uma s espira, cada lado igual a um condutor. Como no ro-
tor em gaiola cada barra uma nica fase de um s condutor, cada barra representa meia espira em
srie por fase. Em outras palavras, no motor de induo de dois polos, o nmero de espiras em srie
1
por fase sempre igual a . Alm disto, o Fator de Bobinagem Kb2 para o rotor em gaiola ser
2
sempre igual a 1.
Para um nmero p de pares de polos ou P polos, as seguintes igualdades podem ser escritas
para os dois parmetros m2 e N2:
42
Q2 2Q2 p P
m2 = = N2 = = [2.23]
p P 2 4
A equao [2.17] foi obtida a partir do circuito da fig. 2.04a e a [2.24], a partir do circuito
da figura 2.04b.
E2
I2 = [2.24]
R2
+ jX 2
s
Por outro lado, a equao [2.14] corresponde exatamente equao do primrio de um trans-
formador e pode ser representada pelo circuito eltrico equivalente da fig. 2.05.
Os circuitos das figuras 2.04 e 2.05 esto acoplados magneticamente pelo fluxo magntico
girante do entreferro que, conforme visto anteriormente, induz em cada uma das fases do estator e
do rotor as tenses E1 e E2. O acoplamento ser representado pelas bobinas do estator e do rotor
formando o circuito equivalente completo de uma fase do motor, como mostra a fig. 2.06.
Para que o circuito equivalente da fig. 2.06 seja apenas um circuito eltrico, necessrio
eliminar o acoplamento magntico de modo a se poder aplicar todas as leis bsicas dos circuitos
E
eltricos. Para isto, a tenso E 2 ser substituda por 1 , de acordo com [2.08] e I 2 por I 2 K i , de
Ke
acordo com [2.22]. Substituindo estes valores na equao [2.17] obtm-se a equao [2.25].
E1
Ke E1
I 2 K i = I 2 = [2.25]
R2 R2
+ jX 2 + jX 2 K e K i
s s
A equao [2.25] indica que o acoplamento magntico pode ser eliminado desde que a cor-
rente I 2 seja substituda por I 2 e a impedncia do rotor seja multiplicada por KeKi . Os terminais do
circuito do rotor podero ento ser ligados diretamente tenso E1, eliminando-se a tenso E2. (O
sinal negativo da corrente I 2 foi desconsiderado para no complicar a equao, pois ele significa
apenas que ela tem um sentido contrrio a I 2 ). A impedncia do rotor multiplicada por KeKi cha-
mada de impedncia do rotor referida ao estator ou seja:
44
R2' R
+ jX 2' = 2 + jX 2 K e K i [2.26]
s s
O circuito eltrico da fig. 2.07 o resultado das substituies efetuadas. Ele est de acordo
com as equaes [2.15] e [2.25]. chamado circuito equivalente de um motor de induo, para
uma fase. A tenso E1 comum aos circuitos do estator e do rotor. Ela induzida pelo fluxo magne-
tizante do entreferro m, o qual, por sua vez, criado por uma corrente magnetizante Im. A tenso E1
igual e oposta queda de tenso jImXm, isto , ( E1 ) = jI m X m . Na figura v-se que alm da rea-
tncia Xm est indicada uma resistncia Rm pela qual passaria uma corrente no indicada na figura.
Essa corrente que alimenta a perda magntica do estator ou perda no ferro que ocorre no ncleo
do estator devida ao fenmeno da histerese magntica e das correntes parasitas. Essa corrente
muito pequena comparada com a corrente Im e, por isto essa resistncia eliminada do circuito, co-
mo se ver mais adiante. Todavia, a perda magntica correspondente no desprezada, ela incor-
porada perda mecnica do rotor, formando as perdas rotacionais a vazio que so determinadas no
ensaio a vazio do motor. Neste ensaio, o motor gira sem carga no seu eixo e a corrente que circula
pelo estator a soma da corrente magnetizante com a corrente que alimenta as perdas magnticas
formando a corrente a vazio do motor, Io
As equaes [2.15] e [2.25] bem como a fig. 2.07 permitem traar o diagrama fasorial do
motor de induo que nos fornece uma radiografia das relaes entre as grandezas que atuam duran-
te a operao do motor, fig. 2.08. O diagrama fasorial ser construdo no primeiro e no terceiro
quadrantes. No primeiro quadrante estaro representadas as grandezas que aparecem no circuito
equivalente e as relaes de fase entre elas. No terceiro quadrante sero representadas as grandezas
reais do rotor, isto , no referidas ao estator. Portanto, no aparecem no circuito equivalente.
Para iniciar a construo do diagrama, o fluxo m ser tomado como fasor de referncia e po-
sicionado na horizontal. A corrente magnetizante Im que o cria est em fase com ele. Pela lei de
Lenz-Faraday as tenses induzidas E1 e E2 esto atrasadas 90 de m. A tenso E2, que no diagrama
R
do circuito equivalente no representada, possui duas componentes: a queda de tenso I 2 2 , em
s
fase com I 2 e a queda de tenso jI 2 X 2 , adiantada 90 de I 2 . O ngulo de fase 2 entre a corrente I2
45
e a tenso E2 pode ser determinado pelo seu cosseno, fator de potncia do rotor, isto ,
R2
cos 2 = .
R2
+ jX 2
s
No primeiro quadrante, a corrente Im em fase com m, se soma com a corrente que alimenta
as perdas magnticas do rotor para formar a corrente Io. A corrente I 2 de sentido oposto a I 2 e igual
a I2 multiplicada por Ki, ou seja, a corrente I2 referida ao estator. A soma de Io e I 2 igual cor-
rente I 1 . A tenso V1 ser a soma de ( E1 ) = jI m X m com a queda de tenso I1Z1 = I1 ( R1 + jX 1 ) .A
queda de tenso jImXm est adiantada 90 de Im. Observar que E1 poderia ser calculado tambm pela
R'
soma das quedas de tenso I 2' 2 e jI 2' X 2 no representadas no diagrama. O cosseno do ngulo
s
entre V1 e I 1 o fator de potncia do motor.
Fe e Fr so, como j foi visto, os valores mximos das respectivas FMM do estator e do ro-
tor. O ngulo de carga er o ngulo espacial entre os eixos das FMM, ou seja, entre os eixos da
corrente magnetizante Im e da corrente I2 do rotor, indicado na figura 2.08. Pela figura, temos:
er = 90 o + 2 sen er = cos 2
46
Por outro lado, podemos substituir Fe e Fr pelos seus valores dados pela equao [2.20].
Substituindo estas expresses na equao [1.32], substituindo Im por m = Lm I m e fazendo as simpli-
ficaes necessrias obtm-se a equao [2.27]:
C = K m I 2 cos 2 [2.27]
K uma constante que engloba todas as constantes. O fator de potncia do rotor um valor
muito alto, principalmente para os motores de rotor em gaiola. Em muitos casos prticos ele con-
siderado igual a um. Pode-se interpretar a equao [2.27] da seguinte maneira: o conjugado desen-
volvido pelo motor de induo diretamente proporcional ao produto do fluxo magnetizante pela
componente ativa da corrente do rotor.
A maior utilidade do circuito equivalente est na facilidade que ele oferece para se analisar o
desempenho do motor. A anlise feita para uma fase supondo uma operao equilibrada da m-
quina, isto , o que ocorre numa fase ocorre igualmente nas demais. As constantes do circuito equi-
valente so determinadas pelos ensaios a vazio e em curto-circuito do motor.
Para melhor entender o desempenho do motor atravs de seu circuito equivalente, a resistn-
R
cia varivel 2 introduzida pela equao [2.24], considerando que o escorregamento s um nme-
s
ro menor do que 1, pode ser considerada como soma da prpria resistncia R2 com uma resistncia
adicional Rx, ou seja:
R2 R
= R2 + R x R x = 2 (1 s ) [2.28]
s s
Portanto, o circuito equivalente da fig. 2.07 pode ser substitudo pelo da fig. 2.09.
Chamando P1 a potncia que entra pelos terminais do motor, Pj1 a perda julica na resis-
tncia do enrolamento do estator e Pfe a perda magntica no ncleo do estator e sendo o ngulo
de fase entre V1 e I1, a potncia que ser transferida ao rotor pelo campo magntico girante, atravs
do entreferro, denominada potncia eletromagntica, ser igual a:
47
Esta a expresso da potncia eletromagntica vista pelo lado do estator. Quando vista pelo
lado do rotor, ela ser igual potncia consumida na nica resistncia existente no rotor, ou seja:
R2 R
Pem = I 2'2 = I 2'2 R2 + I 2' 2 2 (1 s ) = sPem + (1 s )Pem [2.29]
s s
Portanto, da potncia que transferida do estator para o rotor, uma parte, I 22 R2 , dissipada
R
sob a forma de calor na resistncia prpria do rotor e a outra, I 22 2 (1 s ) , a maior delas, consu-
s
R
mida na resistncia fictcia 2 (1 s ) . A potncia consumida na resistncia fictcia do circuito
s
equivalente a potncia mecnica que ser utilizada no acionamento das cargas mecnicas acopla-
das ao eixo do motor. Esta potncia chamada potncia mecnica interna, Pmi, isto :
R2
Pmi = I 22 (1 s ) = (1 s )Pem [2.30]
s
P = Pmi Pv [2.31]
As perdas magnticas significativas ocorrem no estator. Elas sero somadas s perdas mec-
nicas para constituir as perdas rotacionais a vazio quando, no circuito equivalente, a resistncia Rm
em paralelo com a reatncia magnetizante tenha sido eliminada. Quando isto no ocorrer, a potncia
til ser achada subtraindo-se da potncia mecnica interna somente as perdas mecnicas, pois as
perdas magnticas j tero sido subtradas da potncia eletromagntica transferida ao rotor.
O conjugado eletromagntico interno associado potncia mecnica interna ser igual a:
R2
m1 Pmi
m1 I 2' 2 (1 s ) m I '2 R
C mi = = s = 1 2 2 [2.32]
1 (1 s ) 1 s
Introduzimos na equao [2.32] o fator m1 para indicar o nmero de fases do motor. Para um
motor trifsico m1 = 3 . Se Pmi for dada em watts e em rad/s, o conjugado ser obtido em Nm. Da
mesma forma que em [2.32], o conjugado til ou de sada no eixo do motor ser igual a:
48
P
C= [2.33]
Os modelos de circuito equivalente das figuras 2.07 e 2.09 do resultados bastante precisos
para o clculo de desempenho dos motores. Estes clculos so, em geral, trabalhosos. Por exemplo,
quando se deseja calcular a potncia mecnica ou o conjugado til, necessrio calcular a corrente
I 2' , que sempre apresenta mais dificuldades. Para reduzir este trabalho, se opta, quando possvel,
por uma simplificao do modelo, perdendo-se em preciso, mas ganhando em facilidade. Esta
simplificao est indicada na fig. 2.10 que mostra o ramo contendo a reatncia Xm e a resistncia
Rm tirado de sua posio original e ligado diretamente tenso da rede. Desta forma, a corrente I 2'
facilmente calculada por meio da equao [2.34].
Neste modelo, a tenso V1 igual tenso induzida E1 e o fluxo m pode ser calculado de
acordo com a equao [2.16].
V&1
I&&2' = [2.34]
R'
(
R1 + 2 + j X 1 + X 2'
s
)
Substituindo [2.34] em [2.32], ser obtida uma nova expresso do conjugado eletromagnti-
co interno, em funo das constantes do circuito equivalente.
m1R2' V12
Cmi = [2.35]
1s R2'
2
(
R1 + + X 1 + X 2'
s
)
2
1 velocidade sncrona do campo girante dada em rad/s e V1 a tenso aplicada ao motor, por
fase, em volts. Cmi ser obtido em Nm.
A anlise da equao [2.35] mostra a grande influncia que a tenso exerce sobre o conjuga-
do do motor: ele varia com o seu quadrado. Os parmetros da equao [2.35] so considerados
constantes para cada motor. Para uma tenso aplicada constante pode-se dizer que Cmi uma funo
49
R2'
smax = [2.36]
(
R + X1 + X
1
2
2)
' 2
Substituindo este valor na equao [2.35] ser encontrado o valor do conjugado mximo do motor.
m1V12
Cmax = [2.37]
( )
21 R1 + R12 + X 1 + X 2'
2
No primeiro quadrante est indicada tambm uma curva designada por Cr que representa a
caracterstica mecnica da mquina que est sendo acionada pelo motor. No caso, trata-se de uma
caracterstica parablica tpica de vrias mquinas como sopradores de ar, exaustores, bombas cen-
trfugas, etc. Se o motor opera na sua condio nominal, o ponto de encontro das duas caractersti-
cas representa esta condio operacional em que o conjugado, a potncia e a rotao que o motor
desenvolve so valores nominais fornecidos na sua placa de identificao.
50
n1 n n1 + n n1 + n1 (1 s )
s' = = = = 2s [2.38]
n1 n1 n1
2.10.1) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, 220 V, 60 Hz, 6 polos, ligado em es-
trela, aciona uma carga com um escorregamento igual a 2%. As perdas rotacionais a vazio so cons-
tantes e iguais a 403 watts. As constantes do circuito equivalente tm os seguintes valores em
ohms/fase:
1 1 1 1 1
= + ' = + Z e = 5,41 + j 3,11 = 6,24029,89 o
Z e jX m R2 j13, 25 0,144
+ jX 2' + j 0,209
s 0,02
Esta impedncia, somada com a do estator, Z1 = R1 + jX 1 , dar a impedncia total do
motor, ou seja:
E1
E1 = jI m X m I m = ; E1 , por sua vez, igual a:
jX m
113,44[ 2,46]
Im = = 8,59 92,46 o (R)
j13,2
R2' 2 0,144
f) Pem = 3I 2'2 = 3(15,757 ) = 5362,91 watts (R)
s 0,02
g) Pmi = (1 s )Pem = (1 0.02 )5362,91 = 5255,65 watts (R). Como a resistncia Rm foi despre-
zada, a perda magntica do estator foi transferida para o rotor e somada perda mecnica,
cuja soma, igual a 403 watts constitui as perdas rotacionais a vazio que esto embutidas na
potncia Pmi.
Pmi 5255,65
h) C mi = = = 42,67 Nm (R)
123,15
P 4852,65
j) C = = = 39,40 Nm (R)
123,15
P 4852,65
k) = = = 80,12%
P1 6056,6
1 1 1 1 1
= + = +
jX m R2 13,25 0,144
( )
'
Z mot
R1 + + j X 1 + X 2
'
0,294 + + j (0,503 + 0,209)
s 0,02
Z mot = 5,24 + j 3,488 = 6,29533,63o
220 o
0
I1 = 3 = 20,18 33,65o (R)
6,29533,63o
R'
( )
Z rot = R1 + 2 + j X 1 + X 2' = 7,494 + j 0,712 = 7,5285,43o
s
220 o
0
A corrente do rotor ser: I 2 = ' 3 = 16,873 5,43o A (R)
7,5285,43 o
( )
Pmi = Pem 3 R1 + R2' I 2' 2 = 6401,12 3(0,294 + 0,144 )(16,873) = 6027,03 W (R)
2
Pmi 6027,03
h) Cmi = = = 48,94 Nm (R)
123,15
P 5624,03
j) C = = = 45,67 Nm (R)
123,15
P 5624,03
k) = = = 87,86%
P1 6401,12
(R)
87,86
va: passa a ser = 1,097 vezes maior, o que para rendimento de motor uma diferena muito
80,12
grande e inaceitvel.
Em concluso, podemos dizer que o uso do circuito equivalente aproximado oferece resulta-
dos bem diferentes dos resultados do circuito equivalente completo. Obviamente que os percentuais
obtidos podem variar de acordo com as constantes do circuito e serem mais aceitveis ou no, po-
rm, de uma maneira geral, no se deve usar tal modelo. A nica simplificao que pode ser feita
apenas a de eliminar a resistncia Rm.
Na seo 2.9 afirmamos que para tornar os clculos do desempenho do motor de induo
menos trabalhosos optou-se por um modelo de circuito equivalente conforme o da fig. 2.10 que,
todavia, produzia resultados menos precisos do que os dos circuitos completos das figuras 2.07 e
2.09. Quando se deseja dar nfase potncia e ao conjugado do motor, que dependem da corrente
do rotor, o modelo de circuito equivalente apresentado por A.E. Fitzgerald em seu livro Mquinas
Eltricas3, baseado no teorema de Thvnin, facilita os clculos do desempenho do motor, sem per-
der a preciso. No modelo de Thvnin, a resistncia Rm removida permanecendo apenas a reatn-
3
A. E. Fitzgerald; Charles Kingsley Jr; Alexander Kusko Mquinas Eltricas- Editora McGraw-Hill do Brasil Ltda.
55
cia Xm, conforme mostra a fig. 2.12. As perdas magnticas so transferidas ao rotor e somadas s
perdas mecnicas, formando as perdas rotacionais a vazio.
Os circuitos equivalentes das figuras 2.07 e 2.09 podem ento ser substitudos pelos da figu-
ra 2.12a e 2.12b. Os pontos a e b dividem o circuito equivalente em duas partes distintas: esquer-
da, as grandezas do estator e direita, as grandezas referidas do rotor.
A aplicao do teorema de Thvnin, consiste em obter a impedncia equivalente do estator
em srie com a impedncia do rotor. Dessa forma, a corrente que vai circular por todo o circuito
equivalente a corrente do rotor. Aplicando o teorema de Thvnin entre os pontos a e b da fig.
2.12, a tenso da fonte equivalente entre os terminais a e b, estando o circuito direita de a e b a-
berto, ser igual a:
jX m
VTh = V1 I m (R1 + jX 1 ) = V1 [2.39]
R1 + jX 1
1 1 1 jX m (R1 + jX 1 )
= + ZTh = RTh + jX Th = [2.40]
ZTh Rr1 + jX 1 jX m R1 + j ( X 1 + X m )
Os circuitos equivalentes da fig. 2.12 se transformam nos circuitos equivalentes da fig. 2.13
com a introduo dos valores obtidos nas equaes [2.39] e [2.40].
RTh +
s
(
+ X Th + X 2' )
2
A expresso do conjugado mximo, da mesma forma, ser idntica expresso [2.37], subs-
tituindo R1 e X1 por RTh e XTh, respectivamente, ou seja:
m1V12
C max = [2.42]
(
2 1 RTh + RTh2 + X Th + X 2' )
2
A partir da equao [2.36] o valor de R2' pode ser obtido de acordo com [2.45]:
(
R2' = s max RTh2 + X Th + X 2' )
2
[2.45]
Substituindo, em [2.44], R2' pelo seu valor obtido em [2.45] e fazendo as devidas redues
algbricas obtm-se a seguinte igualdade:
57
C mi 1+ Q2 +1
= [2.46]
C max Q2 +1 s s
1+ + max
2 s max s
X Th + X 2'
Nesta equao foi feito Q = .
RTh
De modo semelhante pode-se obter uma relao entre a corrente do rotor, I 2' , corresponden-
te a uma condio operacional qualquer do motor, e a corrente I 2' max correspondente ao conjugado
mximo Cmax, a partir da equao [2.32].
I 2'
=
(1 + )2
Q2 +1 + Q2
[2.47]
I 2' max sm
2
1 + Q2 +1 + Q2
s
Q tem o mesmo significado da equao [2.46]. Para a grande maioria dos motores de indu-
o a relao Q se situa entre 3 e 7.
C
A fig. 2.14 mostra as curvas resultantes considerando agora as variveis mi no eixo das
C max
s
ordenadas e no eixo das abscissas. V-se a pouca influncia que a relao Q exerce sobre a
s max
configurao das curvas, mesmo se seu valor se torna infinito.
Fazer Q = , significa dizer que RTh igual a zero, ou seja, possvel se desprezar a resis-
tncia do estator sem com isto introduzir erros significativos nas caractersticas dos motores. Se isto
for feito as equaes [2.46] e [2.47] se simplificam4 mais ainda, ou seja:
C mi 2
= [2.48]
C max s s max
+
s max s
I2 2
= 2 [2.49]
I 2 max s max
+1
s
medida que a curva se desloca para a esquerda, o valor inicial do conjugado de partida va-
ria, aumentando o seu valor at que o escorregamento smax seja igual a 1, isto , o conjugado de par-
tida igual ao conjugado mximo. A partir deste valor, se a resistncia for aumentada o conjugado
4
Ao se fazer RTh= nas equaes [2.46] e[2.47] elas se tornam indeterminadas. A indeterminao levantada dividin-
do-se o numerador e o denominador por Q.
59
mximo se dar no segundo quadrante e o conjugado de partida passa a diminuir de valor. A possi-
bilidade de variar a resistncia do rotor s possvel no motor de rotor bobinado por meio da intro-
duo de resistncias externas, em srie com as bobinas de cada fase, atravs dos anis. Estas resis-
tncias so introduzidas durante o processo de partida do motor quando se deseja manter um alto
conjugado de acelerao e retiradas aps o motor atingir sua velocidade de regime.
O equipamento que permite fazer este tipo de operao chamado reostato de partida. A
fig. 2.16 mostra o diagrama esquemtico de um reostato de partida. Ele introduz inicialmente, o
maior nmero dos estgios de resistncia disponveis no momento da partida do motor e, medida
que ele se acelera, os estgios vo sendo retirados. Ao final do processo de acelerao todos os es-
tgios de resistncia tero sido retirados e os anis so, ento, curto-circuitados. A operao de par-
tir um motor por meio de um reostato toda automtica, feita por contatores eletromagnticos co-
mandados por rels de tempo e outros dispositivos de controle.
Os estgios de resistncia so calculados em funo dos valores de corrente de partida e de
conjugado mximo que se deseja limitar. Para a corrente de partida se limita o valor mximo que
ela pode atingir e para o conjugado, o mnimo valor. Para simplificar o clculo dos estgios de re-
sistncia que iro compor o reostato de partida, a parte estvel da caracterstica do motor de induo
regio da curva entre o conjugado mximo e o conjugado zero considerada reta.
Aps ter sido ligado rede de alimentao e atingir a sua velocidade de regime, o motor de
induo, em especial o de rotor em gaiola, um motor de velocidade praticamente constante. Mes-
mo quando h variao da carga e, conseqentemente, uma variao do escorregamento, sua velo-
cidade varia muito pouco. Entretanto, em muitos acionamentos realizados pelos motores de induo
exigido um controle de sua velocidade dentro de certos limites que pode ser alcanado por diver-
sos modos, dependendo do grau de controle que se deseja.
Pode-se controlar a velocidade de um motor de induo usando os seguintes mtodos:
A equao [1.02] mostra que a velocidade sncrona do campo girante do motor depende da
freqncia da rede e do nmero de polos do rotor, ou seja:
f1120
n1 = [2.50]
P
Na figura 2.17 as letras (A1, X1) e (A2, X2) representam os terminais de uma bobina qualquer
(comeo e fim da bobina) e a letra grega o passo polar. Os diagramas a e b da figura 2.17 mostram
conexes em srie das bobinas para obter a mudana de polos. Se a conexo inicial a da figura
61
2.17a, temos 4 polos (4 passos polares indicados pela letra ). Fazendo a mudana das conexes
conforme a figura 2.17b (conexo srie) ou 2.17c (conexo paralela), obtemos dois polos (dois pas-
sos polares ).
A figura 2.18a mostra a conexo que deve ser feita para mudar um enrolamento de 2P polos
para P polos, cujas duas metades esto ligadas em estrela-srie. A conexo passa de estrela-srie
(2P polos) para estrela em paralelo (P polos). Na figura 2.18b, o enrolamento de 2P polos est liga-
do em tringulo-srie e a conexo a ser feita que ir mud-lo para estrela-paralelo.
Estas conexes so normalizadas. Nos diagramas da figura 2.18 a figura central mostra co-
mo deve ser feita a conexo e a figura da direita o resultado obtido. Obviamente, a conexo pode ser
feita no sentido de dobrar ou reduzir metade o nmero de polos. O motor que permite estes tipos
de conexo conhecido como motor tipo Dahlander.
A segunda maneira de se mudar o nmero de polos de um motor construindo um estator de
forma que suas ranhuras comportem dois enrolamentos distintos, eletricamente isolados um do ou-
tro. Neste caso, o motor poder operar, ora com um enrolamento, ora com outro e a relao entre as
velocidades no precisa ser igual a dois, como no caso precedente.
Na seo 2.13 ficou demonstrado que quando se altera a resistncia de um rotor bobinado, o
escorregamento correspondente ao conjugado mximo se altera na mesma proporo, modificando
a configurao da curva de conjugado para cada valor de resistncia. Assim, da mesma forma que
no caso anterior, a cada ponto de encontro da curva de conjugado da carga com as curvas do conju-
gado motor obtidas pela alterao da resistncia rotrica, corresponder uma velocidade de opera-
o do motor, como mostra a figura 2.20.
5
Este assunto ser estudado em detalhes na disciplina de Acionamentos Eltricos I
64
tenso na resistncia do estator, o fluxo magntico sofre um significativo decrscimo. Como conse-
qncia, o conjugado mximo reduz o seu valor. Isto pode ser visualizado pela equao [2.37] ou
[2.45]. Nas freqncias mais altas, R1 se torna pequena comparada com as reatncias e pode ser
desprezada. A equao [2.37] se transforma em:
Nas freqncias mais baixas, o valor relativo de R1 em relao s reatncias j no pode ser
desprezado e valor do conjugado mximo se reduz. Para manter o conjugado mximo com valores
iguais em alta e baixa freqncia, a tenso deve ser reduzida em um grau menor do que a reduo
da freqncia.
2.15.1) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, 4 polos, 60 Hz, gira com um escor-
regamento igual a 0,03. Pede-se:
SOLUO
f) A velocidade do campo girante do rotor igual velocidade mecnica do rotor mais o es-
corregamento absoluto. Chamando de n2 a velocidade co campo girante do rotor, tem-se:
2.15.2) Um motor de induo trifsico, rotor bobinado, 220 V, 6 polos, 60 Hz, possui o seu
enrolamento do estator ligado em tringulo e o do rotor em estrela. O nmero de espiras em srie
por fase do enrolamento do rotor a metade do nmero de espiras em srie por fase do enrolamento
do estator. Os fatores de bobinagem de ambos os enrolamentos so iguais. Pede-se:
d) A freqncia do rotor.
SOLUO
n1 n 1200 1110
a) s = = = 0,075 (R)
n1 1200
E1 N K E
b) De acordo com a equao [2.08] tem-se: = 1 b1 = K e E 2 = 1
E2 N 2 K b2 Ke
220
E1 V1 = 220 V; K e = 2 E 2 = = 110 V. Este o valor induzido por fase. Como o
2
enrolamento do rotor est ligado em estrela e os anis ligados aos terminais do enrolamento, a ten-
so induzida entre os anis ser 110 3 = 190,52 V (R)
c) A tenso induzida por fase com o motor operando com o escorregamento calculado em a)
ser igual a E 2 r = sE 2 = 0,075 110 = 8,25 V (R)
2.15.3) Um motor de induo trifsico, rotor bobinado, 4 polos, 60Hz, possui um estator
ligado em estrela com 48 ranhuras e 10 condutores por ranhura. O passo das bobinas que compem
o enrolamento igual a 10 ranhuras. Pede-se:
SOLUO:
n
sen
a) K b1 = K d 1 K p1 ; Sendo K d 1 = 2 e K = sen . A letra n representa o nmero de
p1
2
n sen
2
48
ranhuras por plo, por fase, isto : n = = 4 ; o ngulo eltrico entre duas ranhuras cont-
43
4 15
sen
360 4 2 = 0,9576 ;
guas, ou seja: = = 15 0 K d 1 =
48 2 15
4 sen
2
a relao entre o passo da bobina e o passo polar, ambos medidos em nmero de ranhuras, isto
10 10
: = K p1 = sen = 0,9659 . Portanto, K b1 = 0,9576 0,9659 = 0,9249 (R)
12 12 2
220
E1 3
E = 4,44 NfK d K p = 4,44 NfK b = = = 0,0064 Wb (R)
4,44 N 1 f 1 K b1 4,44 80 60 0,9249
48
10
N 1 = nmero de espiras em srie por fase = 3 = 80 .
2
2.15.4) Supondo que o rotor do problema anterior possua o enrolamento ligado em estrela,
com 36 ranhuras, 6 condutores por ranhura e um passo de bobina igual a 9 ranhuras, determinar a
relao de transformao de tenses do motor.
SOLUO
N 1 K b1
A relao de tenses dada por: K e = . Os dados com relao ao rotor sero obti-
N 2 K b2
dos como segue:
n 3 20
sen sen
Kd 2 = 2 = 2 = 0,9598 ; sendo n = 36 = 3 e = 360 4 = 20 o .
20 43 36 2
n sen 3 sen
2 2
36
6
9 3
K p 2 = sen = = 1 . O nmero de espiras em srie por fase ser: N 2 = = 36 .
2 9 2 2
Substituindo os valores na expresso de Ke tem-se:
80 0,9249
Ke = = 2,1414 (R)
36 0,9598
SOLUO
2.15.6) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, 440 V, 60 Hz, 6 polos, possui o en-
rolamento do estator ligado em estrela. O nmero de espiras por fase igual a 180, sendo 0,93 o seu
fator de bobinagem. O nmero de ranhuras do rotor 48. Pede-se:
SOLUO
a) O nmero de fases e o nmero de espiras para um rotor do tipo gaiola so conceitos que
N K
foram definidos na seo 2.6. A tenso induzida por fase ser: E 2 = E1 2 b 2 . Os valores das
N 1 K b1
p 3
grandezas so os seguintes: N 1 = 180; N 2 = = = 1,5 . O nmero de fases do rotor ser igual a
2 2
Q 2 48
= = 16 . Substituindo os valores obtidos tem-se:
p 3
440 1,5 1
E2 = = 2,2763 V (R)
3 180 0,93
1200 1180
b) E 2 r = sE 2 = 2,2763 = 0,0379 V. (R)
1200
20
c) f 2 = sf 1 = 60 = 1 Hz (R)
1200
2.15.7) Um motor de induo trifsico, rotor bobinado, 4 polos, 60 Hz, funciona na sua con-
dio nominal com um escorregamento igual a 0,05. A potncia eletromagntica igual a 120 kW.
As seguintes perdas foram determinadas:
SOLUO
b) A potncia til igual potncia mecnica interna menos as perdas mecnicas, ou seja:
68
P P P 112
c) = = = = = 89,8% (R)
P1 P + P P + (Pj1 + Pfe + Pj 2 + Pmec ) 112 + (3 + 1,7 + 6 + 2 )
P1 a potncia de entrada e poderia ser tambm calculada como sendo igual potncia ele-
tromagntica mais as perdas do estator, ou seja:
2.15.8) Uma mquina de induo trifsica, 6 polos, 60 Hz, funciona como gerador. O rgo
primrio acionador acoplado diretamente ao eixo do rotor desenvolve um conjugado igual a 402
Nm a uma velocidade de 1260 RPM. As perdas julicas do estator so iguais a 1,4 kW, as perdas
magnticas 1,6 kW e as perdas mecnicas, 1 kW. Calcular o rendimento do gerador.
SOLUO
2.15.9) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, desenvolve a sua potncia nominal com um
escorregamento igual a 8,5%. O seu conjugado mximo, igual a 2,5 p.u. do conjugado nominal, se
d para um escorregamento de 50%. Desprezando-se as perdas magnticas e mecnicas (perdas
rotacionais a vazio), pede-se:
SOLUO
a) Este problema ser resolvido por meio das equaes normalizadas [2.46] e [2.47]. Substi-
tuindo Cmax e smax pelos valores dados e fazendo s= sn= 0,085 em [2.47], obtm-se o seguinte valor
para o parmetro Q:
69
C mi 1+ Q2 +1 1 1+ Q 2 +1
= = Q = 3,021
C max Q2 +1 s s max 2,5 Q 2 + 1 0,085 0,50
1+ + 1+ +
2 s max s 2 0,50 0,085
Voltando mesma equao e agora com o valor de Q conhecido, faz-se s = 1, para cujo va-
lor corresponde o conjugado de partida Cp, ou seja:
Cp 1 + 3,0212 + 1
= C p = 2,1 p.u. (R)
2,5 3,0212 + 1 1 0,50
1+ +
2 0,50 1
b) A corrente de partida ser obtida pelo mesmo processo usando a equao [2.47]
I 2'
=
(
1+ Q2 +1 + Q2 )2
1
=
(
1 + 3,0212 + 1 + 3,0212 )2
'
Voltando mesma equao e substituindo agora o valor de I 2m e fazendo s = 1, tem-se o
valor de I 2' p = 5 p.u. (R).
C (p.u.)
B A
1,00
0,467 M
70
Fig. 2.22 Variao do conjugado motor com a resistncia do rotor (caractersticas retas)
SOLUO
A velocidade do motor a plena carga ser: n = n1 (1 s ) = 450(1 0,025) = 439 RPM. O con-
jugado que o soprador de ar vai requerer a esta velocidade igual ao conjugado nominal de plena
224
carga tomado como conjugado base. Seu valor igual a Cn = 9550 = 4872,89 Nm. e poder ser
439
considerado igual a 1 p.u.
Na velocidade de 300 RPM, o conjugado que o soprador vai requerer ser igual a
2 2
300 300
C300 = C439 = 1 = 0,467 p.u. = 2275,64 Nm. O escorregamento correspondente
439 439
450 300
velocidade de 300 RPM ser: s300 = = 0,333 .
450
2.16.01) Um motor de induo trifsico, rotor bobinado, 6 polos, 60Hz, com o enrolamento
do estator ligado em estrela, possui 54 ranhuras, 12 condutores por ranhura e passo de bobina igual
a 7 ranhuras. Pede-se:
a) Calcular o fluxo magntico por plo quando o motor for ligado a uma tenso de 230V.
Desprezar a impedncia do enrolamento do estator
b) Tendo o rotor 4 ranhuras/plo/fase com 4 condutores em srie por ranhura e sendo o en-
rolamento do rotor de passo pleno, determinar a relao de transformao das tenses.
c) Determinar a tenso induzida em um nico condutor do rotor quando este gira a 1160
RPM. Desprezar a impedncia do enrolamento.
2.16.02) O estator de um motor de induo trifsico com rotor bobinado, 6 polos est ligado
a um barramento de freqncia 60 Hz e o rotor a um outro barramento de 25 Hz. Pede-se:
2.16.03) A figura 2.23 representa uma mquina de induo trifsica com rotor bobinado cujo
eixo est rigidamente acoplado ao eixo de um motor sncrono trifsico. O enrolamento do rotor da
mquina de induo est ligado a trs anis coletores como indica a figura. A mquina de induo
acionada pelo motor sncrono a uma determinada velocidade de modo a se obter nos anis coletores
tenses trifsicas de 120 Hz. O enrolamento do estator da mquina de induo para 6 polos. Pede-
se:
2.16.04) A mesma figura do problema anterior representa, agora, um sistema para converter
tenses trifsicas equilibradas na freqncia de 60 Hz para outras freqncias. O motor sncrono
tem dois polos e aciona a mquina de induo no sentido horrio. A mquina de induo possui 12
polos e o enrolamento do estator est ligado rede para produzir um campo magntico no sentido
anti-horrio. A mquina de induo possui o rotor bobinado cujos terminais so ligados aos anis
coletores deslizantes. Pede-se:
2.16.05) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, de 75 kW, 440 V, 60 Hz, 8 polos,
enrolamento do estator ligado em estrela, possui as seguintes constantes do circuito equivalente em
valores por fase, referidos ao estator:
2.16.06) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, 7,5 kW, 60 Hz, 6 polos, opera a
plena carga com um escorregamento igual a 3%. As perdas mecnicas representam 4% da potncia
de sada. Pede-se:
2.16.07) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, de 7,5 kW, 230 V, 60 Hz, 4 polos,
estator ligado em estrela, desenvolve o conjugado nominal com um escorregamento de 4%. As per-
das rotacionais a vazio podem ser desprezadas. As constantes do circuito equivalente referidas ao
estator so:
X 1 = X 2' = 0,47; R1 = R2' = 0,36; X m = 15,5
2.16.08) O motor do problema anterior ligado a um barramento de 230 V, 60 Hz, por meio
de uma impedncia igual a Z = 0,5 + j 0,3 ohms por fase. Determinar o conjugado eletromagntico
mximo que o motor pode manter e os valores correspondentes de corrente e tenso de Thvnin.
2.16.09) Um motor de induo trifsico tem um conjugado de partida igual a 1,6 p.u. e um
conjugado mximo igual a 2,0 p.u. (o conjugado nominal tomado como base). Desprezando-se a
resistncia do estator e as perdas rotacionais a vazio do rotor, e supondo a resistncia do rotor cons-
tante, pede-se, usando-se as equaes normalizadas de Thvnin:
a) O escorregamento nominal.
b) O escorregamento crtico.
c) A corrente do rotor na partida, em p.u., tomando a corrente nominal do rotor como base.
2.16.10) Para um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, de 18,5 kW, 60 Hz, 230 V,
operando a plena carga, a perda julica do rotor correspondente ao conjugado mximo 9 vezes a
perda julica correspondente ao conjugado nominal. As perdas rotacionais a vazio podem ser des-
prezadas. Sendo 3% o escorregamento nominal, pede-se:
73
a) O escorregamento crtico.
b) O conjugado mximo em p.u..
c) O conjugado de partida em p,u,
2.16.11) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, opera a plena carga com um escor-
regamento igual a 5%. A corrente do rotor na partida igual a 5 p.u. Todas as perdas podem ser
desprezadas. Pede-se, usando as equaes normalizadas:
2.16.12) Um motor de induo trifsico, rotor bobinado, de 37 kW, 440 V, 4 polos, 60 Hz,
desenvolve um conjugado mximo igual a 2,5 p.u. a um escorregamento de 16%, estando os anis
do rotor curto-circuitados. A resistncia do estator e as perdas rotacionais a vazio podem ser despre-
zadas. Pede-se:
a) O escorregamento nominal.
b) As perdas julicas do rotor a plena carga.
c) O conjugado de partida, em Nm.
2.16.13) Um motor de induo trifsico, rotor bobinado, 37 kW, 440 V, 60 Hz, 4 polos,
1745 RPM tem o conjugado mximo igual a 2,0 p.u. A resistncia hmica do rotor 0,10 ohms por
fase. As perdas rotacionais a vazio podem ser desprezadas. Pede-se:
O motor agora ligado a um barramento de 50 Hz com uma tenso tal que a onda de fluxo
do entreferro tem a mesma amplitude com o mesmo conjugado que em 60 Hz. Pede-se:
2.16.14) Um motor de induo trifsico, rotor bobinado, 220 V, 4 polos, 60 Hz, desenvolve
um conjugado interno de 1,50 p.u. com uma corrente de linha igual a 1,80 p.u. a um escorregamento
de 5%, estando os terminais do rotor curto-circuitados. O enrolamento do rotor est ligado em estre-
la e a sua resistncia hmica por fase vale 0,05 ohms. Pede-se:
a) Qual deve ser o valor da resistncia a ser introduzida no circuito do rotor de modo a li-
mitar a corrente de partida a 1,60 p.u.?
b) Qual o conjugado de partida?
74
2.16.15) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, 220 V, 4 polos, 60 Hz, desenvolve
um conjugado interno mximo igual a 2,50 p.u. com um escorregamento de 16%. Desprezando-se a
resistncia do estator, pede-se:
2.16.17) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, de 400 V, 60Hz, 4 polos, estator li-
gado em estrela, gira a 1750 RPM. As constantes do circuito equivalente tm os seguintes valores:
Sendo as perdas rotacionais a vazio iguais a 800 W, pede-se calcular as seguintes grandezas,
usando o modelo de circuito equivalente completo:
a) A corrente do estator.
b) A potncia de entrada.
c) A potncia til.
d) O conjugado til.
e) O rendimento.
2.16.18) Com os dados do problema anterior, calcular as mesmas grandezas usando o circui-
to equivalente segundo Thvnin.
2.16.19) Um motor de induo trifsico, rotor bobinado, 220 V, 60 Hz, 4 polos, desenvolve
um conjugado mximo de 2,25 p.u. com um escorregamento de 15%. A resistncia do rotor igual
a 0,03 ohms/fase (valor real no referido ao estator). A resistncia do estator e as perdas rotacionais
a vazio podem ser desprezadas. Pede-se:
a) Qual o valor de resistncia deve ser inserida no circuito do rotor de modo que o conju-
gado mximo se d na partida?
b) Qual o escorregamento a plena carga? (sem a resistncia inserida)
c) Qual o escorregamento e o conjugado, quando a corrente do motor a nominal, com
uma resistncia de 0,07 ohms inserida no circuito do rotor?
d) Qual o mximo valor do conjugado, em p.u., se o motor fosse ligado a uma fonte de 220
V, 50 Hz?
2.16.20) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, estator ligado em estrela, 4 polos,
60 Hz, possui uma resistncia do estator igual a 5 ohms temperatura de operao. Quando a cor-
rente do estator for 10 A e a potncia de entrada for 3000 W, qual ser o conjugado eletromagntico
em Nm? Desprezar as perdas magnticas do estator.
75
2.16.21) Um motor de induo trifsico, rotor em gaiola, 37 kW, 220 V, 4 polos, 60 Hz, 4
polos, possui uma corrente de partida igual a 2,0 p.u. O seu conjugado de partida igual a 0,16 p.u.
quando se aplica uma tenso de 30% da nominal no motor. Deseja-se ligar este motor rede por
meio de uma chave compensadora de partida com a finalidade de reduzir a corrente de partida. Pe-
de-se determinar o conjugado de partida, em p.u., de modo que a corrente de partida na rede seja
reduzida de a 1,50 p.u.
Perdas mecnicas: 3 kW
Perdas magnticas do estator: 1,5 kW
Perdas julicas do estator: 3,5 kW
Pede-se:
2,16.20) 15,12 Nm
2.16.21) 1 p.u.
2.16.22) a: 1890 RPM; b: 128 kW; c: 6,09 kW; d: 121,9 kW; e: 116,9 kW; f: 91,3%
2.17) QUESTIONRIO
2.17.22) Quais as vantagens que um reostato de partida proporciona ao motor de rotor bobi-
nado durante o processo de partida e acelerao?
2.17.23) Explique como se controla a velocidade do motor de rotor bobinado pela introdu-
o de resistncias no circuito do rotor e qual o inconveniente desta soluo.
2.17.24) Qual o cuidado que se deve ter ao fazer o controle de velocidade de um motor de
induo pela variao da freqncia?
2.17.25) Porque o motor de induo monofsico no possui conjugado de partida?
2.17.26) Porque, aps o motor monofsico ter sido ligado, com o auxlio de uma fora ex-
terna aplicada ao rotor, ele pode girar para a esquerda ou direita?
2.17.27) Porque o motor monofsico, comparado com o motor trifsico, possui um menor
rendimento?
2.17.28) O que enrolamento auxiliar de um motor monofsico? Qual o papel do capacitor
que faz parte do circuito?
A) CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A possibilidade de se obter um campo magntico girante com facilidade uma das princi-
pais vantagens da corrente trifsica em relao monofsica. Todavia, motores de induo monof-
sicos so fabricados apesar de, tecnicamente, serem inferiores aos motores trifsicos. Eles so utili-
zados principalmente no acionamento de pequenas cargas tais como ventiladores domsticos, gela-
deiras, pequenas bombas dgua, etc.
O estator do motor monofsico construdo para receber dois enrolamentos: um, chamado
enrolamento principal, e um outro, chamado enrolamento auxiliar, que essencial para se dar a
partida do motor, como se ver mais abaixo. O rotor sempre em gaiola. O campo magntico cria-
do pelo enrolamento principal ao ser percorrido por uma corrente alternada senoidal um campo
pulsativo cujo eixo magntico fixo no espao, mas cujo sentido varia de acordo com a corrente. O
fluxo deste campo induz tenses e correntes nas barras do rotor, da mesma forma que o fluxo mag-
netizante criado pelo enrolamento primrio de um transformador induz tenses e correntes no enro-
lamento secundrio.
alternada que alimenta o enrolamento do estator cria uma FMM pulsativa cujo eixo fixo no espa-
o, variando sua polaridade, no tempo, de acordo com a freqncia da corrente. Nas barras do rotor
as correntes induzidas tm um sentido tal que produzem uma FMM contrria FMM do estator. O
eixo da FMM do rotor coincide com o eixo da FMM do estator sendo, portanto, o ngulo de carga
igual a zero. No h, como conseqncia, conjugado que possa atuar sobre o rotor e faz-lo partir.
Nesta condio, o motor simplesmente um transformador esttico com o secundrio (rotor) curto-
circuitado.
Esta ausncia de conjugado de partida no motor monofsico pode tambm ser explicada da
seguinte maneira: as correntes induzidas no rotor criam campos magnticos ao redor dos condutores
que interagem com o campo pulsativo do rotor dando origem a foras que atuam sobre esses condu-
tores. No caso da figura 1, considerando o eixo magntico da FMM do estator como uma vertical,
as correntes induzidas nos condutores do rotor esquerda da vertical tero o sentido contrrio ao
das correntes induzidas nos condutores da direita. Portanto, as foras que atuam sobre eles so i-
guais e de sentidos opostos sendo sua resultante nula. A ausncia de um conjugado de partida uma
caracterstica dos motores de induo monofsicos. Quando ligado diretamente rede, o motor no
parte, a menos que lhe seja dado um impulso inicial por uma fora externa que o far girar no senti-
do da fora aplicada.
Alm das explicaes acima, a ausncia de conjugado de partida no motor monofsico pode
ser entendida luz da teoria dos dois campos magnticos girantes presentes na operao do motor
monofsico de induo. Essa teoria extremamente til para explicar no s a ausncia do conjuga-
do de partida como tambm servir de base para a elaborar o circuito equivalente do motor.
Por esta teoria, a FMM pulsativa criada no estator pela corrente alternada i = I m sen t
composta de duas FMMs, iguais em mdulo, que giram, no espao, em sincronismo com a freqn-
cia da rede, porm em sentidos opostos.
Como foi visto ao se estudar o campo girante do motor de induo trifsico, a expresso da
FMM de um campo magntico pulsativo, criado por uma corrente alternada senoidal, dada por:
F1max representa o mximo valor da FMM e o ngulo eltrico espacial medido a partir do
eixo magntico da bobina do estator. De acordo com conhecida relao trigonomtrica, a equao
[2.53] igual a:
F F
F1 = 1 max cos( t ) + 1 max cos( + t ) [2.53]
2 2
mo. Este fluxo que gira no mesmo sentido do rotor chamado fluxo girante direto e o outro que
gira no sentido oposto, fluxo girante reverso
Fig. 2.25 Fluxos girantes opostos cuja soma igual ao fluxo pulsativo
medida que o rotor gira, o fluxo reverso ser fortemente desmagnetizado e o fluxo resul-
tante ser praticamente o fluxo girante direto, para velocidades prximas do sincronismo. A des-
magnetizao do fluxo reverso explicada da seguinte maneira: o escorregamento do rotor, girando
velocidade n no mesmo sentido do fluxo direto, com relao velocidade sncrona n1 do fluxo
reverso, igual a:
n1 n n1 + n n1 + n1 (1 s )
s' = = = = 2s [2.54]
n1 n1 n1
Portanto, a freqncia de escorregamento produzida pelo fluxo reverso muito maior do que
a produzida pelo fluxo direto. Por exemplo, para uma freqncia da rede de 60 Hz e um escorrega-
mento de 0,05 produzido pelo fluxo direto, a freqncia de escorregamento relativa ao fluxo direto
seria 0,05x60 = 3 Hz, enquanto a relativa ao fluxo reverso seria (2-0,05)60 = 117 Hz, ou seja, 39
vezes maior do que a do fluxo direto. A essa freqncia a reatncia do rotor muito maior do que a
sua resistncia e, como conseqncia, as correntes devidas a este campo sero praticamente reati-
vas, exercendo um forte efeito desmagnetizante no fluxo reverso. Assim, para pequenos valores de
escorregamento, o conjugado de um motor de induo monofsico produzido, praticamente, pelo
fluxo direto. Existe ainda um pequeno fluxo reverso que produz um efeito frenante, pois o conjuga-
do que ele produz se ope ao conjugado produzido pelo fluxo direto.6
A figura 2.26 mostra em linhas tracejadas as curvas caractersticas dos conjugados produzi-
dos pelos fluxos direto e reverso (para frente e para traz, na figura) e em linha contnua a caracters-
tica resultante.
Como se pode observar, velocidade sncrona (n=n1), diferentemente do que ocorre no mo-
tor trifsico, h um conjugado frenante devido ao conjugado reverso atuando no rotor do motor mo-
nofsico.
A corrente que circula no rotor formada pela superposio de duas correntes de freqn-
cias muito diferentes. A perda julica do rotor a soma das correntes induzidas pelos dois campos
separadamente. Por esta razo, a perda julica no rotor de um motor monofsico bem maior do
6
Podemos ficar em dvida se a teoria dos dois campos girantes reproduz realmente um fenmeno fsico que est ocor-
rendo no motor monofsico ou se apenas uma elaborao matemtica. Por exemplo, ser que h duas correntes de
freqncias diferentes no rotor? A verdade que a matemtica no falha. Existem, realmente, duas correntes de fre-
qncias diferentes no rotor e isto pode ser provado por ensaios.
80
que a que ocorre num motor trifsico, o que o torna um motor de menor rendimento do que o trif-
sico correspondente
A figura 2.27b mostra o diagrama fasorial na partida do motor onde se v a corrente de par-
tida do motor I composta das correntes Ia do enrolamento auxiliar, adiantada da tenso V, e Im do
enrolamento principal, atrasada da tenso V. Alguns motores tm capacitor permanente no seu cir-
cuito auxiliar. Nesse caso, o circuito auxiliar no interrompido aps a partida, permanecendo liga-
do durante a operao normal do motor. Quando se deseja inverter o sentido de rotao do motor
monofsico basta inverter entre si os terminais do enrolamento auxiliar ligados aos terminais do
enrolamento principal.
Devido ao seu baixo rendimento por causa das elevadas perdas julicas do rotor, os motores
monofsicos no devem ser usados no acionamento de cargas acima de 1 kW, mas sim no aciona-
mento de cargas pequenas, ditas fracionrias, (fraes de 1 kW), tais como pequenos compressores
de ar, mquinas rurais, bombas dgua etc.
possvel operar um motor trifsico ligado a uma rede monofsica. Esta possibilidade pode
ocorrer, por exemplo, nas redes rurais que alimentam as fazendas e chcaras por redes monofsicas
e se dispe de um motor trifsico.
A figura 2.28 mostra as ligaes que devem ser feitas para se ligar um motor trifsico a uma
rede monofsica. O capacitor melhora o rendimento e a operao do motor, alm de determinar o
sentido de rotao.Quando ele est instalado entre os terminais T3 e T2 (A) o motor gira no sentido
82
horrio ou anti-horrio. Quando instalado entre os terminais T3 e T1 (B) ele vai girar no sentido o-
posto ao anterior
Evidentemente, a potncia do motor ser reduzida de 57,74% e seu desempenho no ser to
estvel como se ele estivesse ligado a uma rede trifsica. O problema da falta de conjugado de par-
tida vai aparecer e ser necessrio resolv-lo de alguma forma, por exemplo, usando um pequeno
motor a gasolina ou diesel suficiente para girar o motor, sendo em seguida desacoplado.
B) CIRCUITO EQUIVALENTE
O circuito equivalente para um motor trifsico representa uma fase do motor quando ele gira
com um escorregamento s. Quando s=1, ou seja, quando o motor est parado, aquele circuito repre-
senta tambm o circuito equivalente do motor monofsico na condio parado, o que equivale dizer,
ligado rede, produzindo um campo pulsativo. A figura 2.29a mostra as constantes do circuito e-
quivalente para esta condio sendo V a tenso aplicada ao motor, Im a corrente do estator.
De acordo com a teoria dos dois campos girantes, a amplitude de cada fluxo igual metade
da do fluxo pulsativo e giram com a mesma freqncia angular desse ltimo, em sentidos opostos,
induzindo correntes e tenses no rotor. Estando o rotor travado, estas tenses e correntes sero de
freqncia igual do estator. O circuito equivalente que representar a condio de rotor travado,
usando a teoria dos dois campos girantes, deve ser equivalente ao da figura 2.29a e produzir os
mesmos resultados. Ora, como a tenso Em no circuito equivalente da figura 2.29a induzida pelo
fluxo, representado pela reatncia magnetizante X, as tenses Emf e Emb que sero induzidas com o
rotor travado, pelos dois fluxos girantes, sero iguais metade de Em. Assim sendo, as reatncias
correspondentes aos dois fluxos girantes sero iguais metade de X. O mesmo pode ser dito da
reatncia de disperso X2 e da resistncia R2 do rotor.
O circuito equivalente com o rotor travado e com a presena dos dois fluxos girantes ser
representado pela figura 2.29b. As impedncias Zf e Zb, em srie, so iguais impedncia Zf do cir-
cuito equivalente da figura 2.29a, igual a X em paralelo com Z 2 = R2 + jX 2 . As tenses Emf e Emb
foram induzidas, respectivamente, pelos campos direto e reverso.
Quando o motor est operando, o escorregamento das tenses e correntes induzidas no rotor
pelo campo direto s e pelo campo inverso s , = 2 s . Assim, por analogia com o circuito equiva-
83
lente do motor trifsico, a figura 2.29c representa o circuito equivalente do motor monofsico, em
qualquer condio de operao, inclusive com o rotor travado, quando se faz s =1.
0,5 R2
Z f = R f + jX f = + j 0,5 X 2 em paralelo com jXm.
s
0,5 R2
Z b = Rb + jX b = + j 0,5 X 2 em paralelo com jXm.
(2 s )
A potncia eletromagntica transferida ao rotor igual soma das potncias eletromagnti-
cas transferidas por cada um dos fluxos girantes, ou seja:
( )
Pmif = (1 s )Pemb e Pmib = 1 s ' Pemb = (1 2 + s )Pemb = (1 s )Pemb [2.56]
A potncia mecnica interna atuando no rotor ser a soma das potncias mecnicas internas
obtidas em [2.56], ou seja:
Pmi = Pmif + Pmib = (1 s )(Pemf Pemb ) [2.57]
(P )
j2 f = sPemf ; (Pj 2 )b = (2 s )Pemb Pj 2 = sPemf + (2 s )Pemb [2.58]
84
A potncia mecnica til ser igual potncia mecnica interna calculada em [2.58] menos
as perdas rotacionais a vazio.
D) EXEMPLOS
Pede-se calcular o valor de capacitncia de partida que estabelea entre as correntes do enro-
lamento principal Im e do enrolamento auxiliar Ia um ngulo de 90o, conforme mostra a figura 2.27.
SOLUO
1200 o
Im = = 20,6 39,43 o
5,82639,43 o
Xc Xl X 3,5 X 3,5
arctan = arctan c = 53,57 c = 1,355 X c = 16,37 ohms.
Ra 9,5 9,5
10 6 10 6
A capacitncia C ser igual a: C = = = 162 F (R)
X c 2f 16,37 377
R1=2,02 ohms; R2=4,12 ohms; X1=2,79 ohms; X2 = 2,12 ohms; Xm=66,8 ohms
a) A corrente do estator;
85
b) O fator de potncia;
c) A potncia de sada;
d) A velocidade;
e) O conjugado til ou de sada;
f) O rendimento
SOLUO
c) A potncia de sada igual potncia mecnica interna Pmi menos as perdas rotacionais a
vazio. Temos os seguintes resultados:
P[kW ] 0,1465
e) Temos: C [Nm}] = 9550 = 9550 = 0,818 Nm (R)
n[RPM ] 1710
P 146,5
f) = = = 0,60 (R)
P1 244
Para reduzir os clculos numricos, muitas vezes se despreza, na impedncia Zb, a reatncia
0,5Xm e, para pequenos valores de escorregamento, se despreza s, tornando a resistncia igual a
0,25R2.
E) EXERCCIOS PROPOSTOS
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1) Um motor de induo monofsico de 230 V, 60 Hz, 4 polos, gira a1728 RPM. As cons-
tantes de seu circuito equivalente so:
a) A corrente de entrada
b) A potncia de entrada
c) A potncia mecnica interna
d) O conjugado eletromagntico interno
5.3) Um motor de induo monofsico de 110 V, 4 polos, 60 Hz, possui as seguintes cons-
tantes do circuito equivalente:
a) A corrente de entrada
b) O fator de potncia
c) c) O conjugado eletromagntico interno.