O Romance de Amadis PDF
O Romance de Amadis PDF
O Romance de Amadis PDF
y/S^
jomante ^c
o ROMANCE
DE AMADIS
DO AUTOR
JOtb/A
AUTO A SEKENTAtesg.i
O MEU ADhUS '.esg.)
O POETA SAUDADE (esg.)
O ENCOBER ro
AR LIVRi
O l'AO E AS ROSAS esg.)
(
ROSAS BRAVAS
POESAS DE HEiNE (lora do mercado)
SOBRE ASSCENAS INFANIIS. uh SCHUMANN K&?.>
ILHAS DE BRUMA
CANCES DE SAUDADE E AMOR (.Heder)
CANCIONEIUO DE COIMBRA
CRISFAL
O LIVKO DE AMOR DE JOO DE DEUS (compilaio)
PAIS LILAS, DES 1 HkO AZUL
fQ
/1AR14 1968 (ep-'^^
xin
que criaram o tipo. A narra9ao, sobre-
ludo, dos seus amores com Oriana^ a
Sem-Par, ora ora contrariados.
idilicos,
XIV
:
\\
pitante casticidadc, hbilmente tCM:ado de
leve ptina de idade, conquanto sem um
nico arcasmo.
De mais a mais numa redac9o trao
condensada e atraente que num serao
um bom ledor pode abranger o con-
junto.
De hoje em diante ; e, estranho como
parcha, pela pnmetra pe^.
XVI
que ele brincando presta irmanzita
da
pnncesa -distinguem-se ambos to no-
tveimente, pela sua gra^a e
ingenuidade,
dos Livros iii e iv, que parece
justo atri-
bu-Ios aos iniciadores
portugueses,
depois de aliviados das roupagens
roza-
gantes em que foram envolvidos
crea
de i5oo.
Alm diss conhecemos, felizmente,
a redac*;o primeira de uma amostra
que sobrenada, inalterada, e a
parcela
mais autntica e amiga de toda a
Novela.
E o Luis que Amadis dedicou tal
pequea e gentil senhorinha.
Leonor e a ^
fin roseta,
bda sobre toda fror^
XVJI
Joam Lobeira. Nome histrico de un
vassalo do Infante *Z). Q/lfonso de Por-
tugal^ irmo mais novo D. Denis,
del-rei
senhor, em de
Portugal,Portalegre e
Lourinh, e nico D. Afonso de Portu-
tugal, tanto da primeira como da se-
gunda dinasta, que durante toda a sua
vida teve positivamente o titulo nobi-
lirquico de Infante.
Por ambos os motivos indicados deve
ser o que fez a Joo Lobeira a curiosa exi-
gencia de alterar as rela96es afectuosas
de Amadis e Briolanja, conquanto desde
o Dr. Antonio Ferreira (ou seu filho
Miguel Leite Ferreira) seja costume
identific-lo com o primognito e suces-
sor de D. Denis D. Afonso iv, o Bravo
vencedor no Salado, e CRiel castiga-
dor de Ins de Castro, por sse ser o
mundialmente conhecido.
XVIII
mesmo motivo do pernicioso deslcix
nacional.
H todavia referencias em escritores
de 1400. Sobretudo urna do cronista
Gomes Eanes de Zurara que levou a
atribu la, j proluxa no estilo, a outro
Lobeira (por ventura descendente do
capaleiro Joo Lobeira), oriundo do
Porto, segundo uns, residente em Elvas,
segundo outros. Esse Lobeira, Vasco
Lobeira, foi armado cavaleiro antes da
batalha de Aljubarrota, talvez em cir-
cunstancias to essenciais como as do
velho escudeiro ^Macayidon.
Outras alusoes, casteihanas, fazm
supor que Vasco Lobeira tinha acres-
centado ao cAmadis um Lipro III, ime-
diatamente traduzido para os vizinhos o
saborearem.
A nao ser assim, se a redac^o pri-
mitiva nao tivesse constado de apenas
dois Livros, nao se comprcendia que um
Pero Ferruz acentuasse o haver lido a
Novela e/n/mLzVros, no seu^e^irao sa-
;az Basco, o Chanceler Pero Lpez do
Ayala (fal. em 1407), que anteriormente
confessara no seu Rimado de Palacio
hayer-se deliciado na mocidade com as
mentir as provadas de livros de depaneios
como Lancarote e oAmadis,
XX
passos relativos aos tempos calamitosos
c]ueprecederam o glorioso reinado.
Essc Amadis de Gaula^ em caslelhano^
claro que o comum, o geralmente co-
nhecido, o que foi lido c relido na Pe-
nnsula e fora dla durante o fecundo
seculo XVI. E o de que Afonso Lopes
Vieira se serviu para dle extrar a ma-
teria prima portuguesa.
Estampado mais de vinte vezes antes
de 1 588,* continuado at constar de doze
Livros, cada um com titulo e heri es-
pecifico ; imitado em outros ciclos de
Cavalaria; dramatizado em Portugal por
(il Vicente numa bela tragicomedia;
transposto em epopeia romntica na
trra de Ariosto ; traduzido para as prin-
cipis lnguas vivas, e mesmo para
aquela morta que praxc chamar sa-
grada (c. 1540, Livro I, em Constant-
nopla, pelo impressor hebraico Eleazar
Ben Gershom Soncino) sse Amadis fi-
XJCI
;
XXIl
por telogos e filsofos como profans-
simo, lascivo, s-cnsual; como mentiroso
por verdadeiros historiadores como
;
xxri
Linhagens. Por isso nao acabam os lou-
vores a oAmadis o casto, oAmadis o lial,
OAmadis o bcm amador!
Em Portugal acarinharam-no como
cousa prpria. Em Espanha creio que
influiu poderosamente na constitu^o do
Portugus Namoradoy aqule que de
amor se mantm; gabado, mas tam-
bm s vezes ridicularizado em epigra-
mas, como choro em demasa, e de
devo^o quimrica ou mesmo idoltrica
pela Mulher! No estrangeiro estima-
vam em especial o influxo benfico que
o exemplo de Qyimadis exerceu na vida
social.
La pi bella c forsc la pi giovevole
sioria favolata ; wna das melhores no-
velas do mundOy distinta pela sua paga
htven^ione ou leggiadra vaghei\a, assim
podemos conglobar os louvores essen-
que Ihe foram tributados
ciais ate' em
j6o5 D. Miguel de Cervantes matar
Q/madis^ e com ele todos os cavaleiros
andantes a golpes de ironia.
Mas o prprio criador imortal do Dom
Quixote teceu elogios calorosos k No-
XXIV
:
XXV
o-
XXVI
Anigitidades de Entre Douro e Minho
do Dr. Joo de Barros. Falando de Por-
tuenscs ilustres, o autor nomeia Vasco
Lobeira como inventor do oAmadis (nb.
errneamente emquatro livros!) e acres-
centa mas como estas cousas se sccam em
:
XXVt
ras; e anda de varios outros pontos du-
vidosos ou problemticos como a
besitafao entre Joo e Vasco Lobeira^
am Tedro e outro Joo e Vasco moder-
namente descobertos nasceu, em volta
das origens e da evolufo do Amadis,
urna das polmicas literarias mais pro-
lficas que conhe^o
ventilada entre
Portugueses e Espanhis, mas em que en-
traram tambm, no scculo da crtica hist-
rica, Franceses, Alemes e Ingleses (2).
xxvni
que se ligam ao problema das origensy
h dois que reforcam, correctamente
interpretados, a fe nos I.obeiras: o de
Briolanja e o de Macandon^ o escudeiro
que encanecido recebeu a ordem de ca-
valaria.
O primeiro caso, o leitor o conhecc
certamente AmadtSy
: mo90 de vinte anos,
reconquista o reino e o trono da deser-
dada nia hermosa. Mas nao cede aos
desejos da romntica e apaixonada don-
zela. que ignora a sua lialdade ideal c
verdadeiro amor por Oriana,
O Senhor Infatite D. Afonso de Portu-
gal suzerano de JoSo Lobeira, a meu
ver, mais realista e positivista do que o
poeta cujo plano psicolgico anda nao
percebera pretendeu altera-lo, e exigiu,
cheio de piedade pela menina, em harmo-
na com os processos grosseiros dos Lt-
vros de Linhagens^ que, rudemente em-
bora romnticamente, ^watVs Ihe fizessc
um filho e uma filha de um s vcntre.
Claro que o autor nao cumpriu tal
mandado. Contentou-se com registar a
exigencia. A margem do seu autgrafo,
XXIX
pens eu; e nos traslados, onde poste-
riormente ela foi intercalada no texto,
passando redact;o de Montalvo.
No prprio texto nao se d seguimento
altera^o. Pelo contrario, afirma-se
que a altera^ao era suprflua^ vd e nao
perdadeira.
E filhos de Q/madis e Briolatya nao
surgem em nenhuma continua9o.
Mas o curioso caso despertou, natu-
ralssimamente, a atenfo dos leitore
portugueses. Um
houve no seculo xvi,
muito culto e particularmente versado
em lngua e literatura arcaica, que in-
terpretou a Nota no sentido que eu Ihe
dou, com a diferen9a apenas que, igno-
rando a existencia do verdadeiro c nico
infante D. Afonso de Portugal, julgou
iratar-sedo mais conhecido e mais falado
Z'ifonso da Dinastia o que foi figura
:
XXX
Ajuda tentativas de transpor versos tro-
vadorescos em ritmo moderno, teve o
singular capricho de metrificar a Notu
marginal de Lobeira, fazendo dla um
Soneto italiana, mas na linguagem de
D. Denis (3).
Pseudo-doutos atribuiram-no por isso
ao prprio D. Afonso
identifican-
;
XXXI
cavaleiro por D. Joao I com dzias de
outros homens de armas, e introduziu
em seguida na Novela (do seu anteces-
sor?) o episodio a ele relativo da espada
e da guirlanda milagrosa, nao seria di-
fcil tornar plausivel o s aparentemente
extraordinario caso.
Em teoria podia eu apontar, nos Don-
/r>;jr> de Cavaleiros^ referencias a ho-
mens estrenuos que tinham entrado em
centenas de combates e assistido to-
mada de outros tantos castelos, sem
terem recebido a ordem de cavalaria.
E,prticamente, podia assinalar exem-
pls.
Nao deve quem trata do Amadis con-
fundir os combatentes do sculo xiii e
XIV com os moradores da corte de
D. Manuel e D. Joo ni.
Quanto cronologia, o De{ir em que
Viliasandino menciona o velho escudeiro,
que depois dos sessenta come90u a cor-
rer tormenta e a ser cavaleiro armado ,
XXX n
Com rela^o nacionalidade da No-
vela (abstraindo das razes escondidas
no sub-solo cltico e das can96es de
gesta em lngua picarda, etc.), pronun-
ciaram-se a favor de Espanha, por causa
da existencia do texto de Montalvo e
das alusoes tmporas a figuras da No-
vela, os distintos hispanlogos Baret,
Braunfels e Baist, e os Ingleses de hoje
que ainda mencionarei, sem considerar
quo contraproducente a falta de todos
os elementos nacionais na Novela.
A favor de Portugal, ligando impor-
tancia nao s aos argumentos externos,
mas tambe'm aos internos, e abrangendo
nos seus estudos, com simpatia igual, a
Pennsula inteira, declararam-se Mil y
FontanaJs, Gastn Paris, F. Wolf, Sou-
they, antes que Joo Lobeira fsse
conhecido como autor do Lais de Leo-
nor et a.
Depois de 1880, foi, sobretudo e decidi-
damente, Menndez y Pelayo (as Ori-
gens da Novela) como j ficou dito.
fHavia na Pennsula hispnica al-
guma ra9a mais preparada que a de
XXXIII
Gstela para receber o influxo do Ama-
dts de Gaida ? preguntou urna vez.
E respondeu: S urna existia, afastada
XXXIV
das rela^oes mutuas, literarias, entre
Espanha e Portugal.
O Portugus (que em regra tem o dom
das lnguas e ouvido musical finssimo)
entende a sonora lngua do centro com
as suas cinco vogais claras e expressi-
vas e le com facilidade textos de l sem
precisar de tradu9es.
O Castelhano, pelo contrario, tem di-
ficuldade em
apanhar as trinta vogais
diferenciadas do Portugus. E conhece
da literatura portuguesa exclusivamente
o que Luso-castelhanos ou Galego-caste-
Ihanos Ihe vertem ou nacionalizam.
No futuro e indispensvel livro sobre
a Intercultura dos dois pases, j muito
bem preludiado, dever ser feita a an-
lise das prosas arcaicas, para verificar
se o Graal, o Merlin, o Langarote^ o
Vespasiano, o Jos-ab-Artmatia^ a Cle-
mencia^ o Monro T{asis, a Viia Cliristi,
ec.ypassaram de portugus para caste-
lhano, ou de castelhano para portugus.
Aqui basta notar que as duas mais
notveis controversias sobre a autoria
de obras-primas, nao meras tradu96es
XXXV
:
XXXVI
a
XXXVII
as circunstancias peculiares do Ama.
dts nao havia outro processo possvel
senao o de novamente excavar da nica
redac9o existente, castelhana e tardia,
as partes que, crticamente decompostas,
pareciam ser a matra-prma portu-
guesa.
As outras partes, acrescentadas por
Montalvo s duas prmeiras sobrepostas,
era preciso elimin-las. E elas eram
tantas que a compila9ao enchia um in-
figuras secundarias.
XXXVIII
Procurando as liuhas constitutivas da
Novela, reduziu a poucas as batalhas e
os duelos do cavaleiro andante; sem ex-
cluir o maravilhoso, desenvolveu com
breves tra9os o que Ihe pareceu essen-
cial o elemento humano^ o carcter l-
:
XXXIX
Igual Novela de Joo Lobeira e
Vasco Lobeira ?
XL
.
NOTAS
(i) Mal documentada embona pela men?o de um manus-
outro, (ou o mesmo) na Casa
crito entre i45o e 1460 (Zurara) ;
XLI
o %OMAn,CE
T>E ^MAT) I S
PERION
e, vendo-o s, preguntou-lhe:'
Bom homem, que trra esta
em que os cavaleiros sao salteados ?
o T{OmA^CE DE oAmA'DIS
8
o "l^O^A^CE ^E qA^MA'DS
DARIOLETA
cm
C
ARREGADOS dois pilafrns
o leo e o veado, para a
vila seencaminharam com
grande prazer os senhores; do que
sendo avisada a rainha, de ricos e
grandes atavos se enfeitaram os
pa(;os eforam postas as mesas. Sen-
taram-se a urna mais alta os dois reis
e a rainha, com Elisena em outra
a-par desta ;
foram servidos
e ali
II
;;
12
o 1{0\AV^CE "DE (ycMA'DIS
i3
:
^4
:
o 1{0IMA^CE ^E oqMA'DIS
i5
!
Se
me prometis como rei,
guardando em tudo a verdade a que
mais obrigado sois, de a seu tempo
a tomar por mulher, ento eu farei
coisa que nao s o cora9o vos con-
tente,mas tambm o dla, onde
mora amor igual ao vosso. Mas se
o nao prometerdes, por mulher a
nao lograreis, nem vossas palavras
haverei como de honrado amor.
El-rei Perion, que obedeca ao
mando de Deus para que tudo fsse
como adiante ouvireis, pos a mo
na cruz da sua espada e jurou :
16
:
17
o I^OmAT^iCE "DE QiMA'DIS
i8
o ^{OmA^CE "DE ozMA'DIS
9
: :
Ili
ELISENA
c
OMO tudo estivesse sosse-
gado, a donzela encaminhou
a infanta e saram ambas ao
pomar. Fazia um luar muito claro.
j/
o %OmA^CE "DE cAqMA'DIS
senhor.
Perion, com do cora-
a queixa
co e a esperanca que a don-
zela Ihe dera, nao havia podido
dormir caira em modorra, e sonha-
;
Por que me fazeis tal crueza?
dizia Perion a labutar as vascas
do pesadelo.
porta da cmara, Elisena tremia
toda e, como na aldrava mexssem,
acordou Perion espavorido e ben-
zeu-se.
Nste ponto iam entrar as don-
zelas e, como ele as sentisse^ temeu-
-se de tra9o e saltou do leito, em-
22
:
o q^O^JAV^CE TE oA^MA'DlS
23
o %OmAV^CE "DE qA^A'DIS
24
!
nhora ficava.
Ai, minha amiga, eu vo-Ia re-
comend como ao meu prprio
cora^o
E tirando do dedo um formoso
anel de deis iguis que trazi, deu-
-Iho para que Iho levass por seu
amor.
5
!
IV
27
o T{0mA'3^CE "DE <24mA<T>lS
28
!
o ^I{O.V^iA':h(iCE DE c^i^A'DIS
29
o 1{0mAV^CE "BE oAmA'DIS
3o
:
o 1{0mA:NiCE ^E qA^AT>IS
nhor?
Sossegou-a a donzela responden-
do-lhe o que a infanta a si mesma
dizia quando cuidava naquela au-
sencia :
3i
!
32
o %OmA'J^CE 'DE c4^A-DIS
3 33
:
34
o %OmAV^CE 'DE QmA'DIS
35
!
o DONZEL DO MAR
^7
:
o 1{0mA^CE DE qAqMATUS
38
:
Ai, Cndales! se muitos altos
senhores soubessem o que eu sei,
cortavam-te a cabera. . .
39
!
40
o ^{OSMA^CE DE oAmA-DIS
4t
o ^(OmAV^CE "DE QiMAT)IS
Ora vinde e veris a mais linda
criatura que nunca foi vista I
42
o 'JlOaA^CE 'VE Q/imA'DlS
4S
:
44
: :
o %O^'J<iCE ^E Q^aA^lS
filho?
onde me mandardes, mas
Irei
45
: !
46
o 1{0mA^CE ^E Q/SMA'T)IS
47
VI
ORIANA A SEM-PAR
49
o 'I{0^lAtKCE DE Q^iPilA'DIS
5o
.sorrindo a qatni \he c.->tava prepa-
rando a mortc, e lo esperto e Hndo
como qicm vinha vivcr para ero
ludo vencer e brilhar. E mmtas vc-
zcs. rodeada de seus filhos, entris-
5/
o ^OmA^CE 'DE caiA'DIS
52
o 1(0^1A^Cf: ^Di q4i\A'DIS
5.?
o liOmA^CP: 'DE QoMA'DJS
54
Scnhor do Mar, - dissc
Doiizcl
o mcnsageiru de Gandujes -vosso
amo vos saiida como quele a qucm
milito querc, e cnvia-vos Gsle anel,
esta carta e esta espada, pedindo-vos
que a espada usis sempre pela
grande amizade que vos ele tem,
Descobriu o Doncel a espada, li-
rando-a do pao que a envolva e
admirad(3 ile que a nao guardasse
bainha. K, lomando-a na mo,
sorriu que la luminosa nudez.
Don/.el, -disse-lhc el-rei Lan-
guines, depois que com ele se apar-
tou queris ser cavaleiro e vossa
mcsma historia ignoris. M doxe
anos vi eu essa espada, assim nua
e formosa ; e, pois hojc a lendes por
vossa, vos convm saber como a
haveis.
Contou-lhe cnto como ele fura
^.>
o 1{0^a:NCE "DE C.^A'DIS
5
: :
5S
:
^^
: :
o 'I^OmA^CE DE QiMADIS
'^o
vil
AMADIS DE GAULA
Tardava-lhe empre-
noite.
gar aquela espada que recebera e
com que fra achado no mar.
E olhava Oriana, a despedir-se
dla . . . Olhava-a muito, a dizer-
-Ihe adeus at nao sabia quando !
6i
.
62
o 'JiOIMAV^CE 'DE q4Z\A'DIS
63
o %OmAV^CE 'DE oAmADIS
64
!
o T{09dAV^CE ^E qA^AT)1S
65
o %OmAV^CE "DE oAmAlDlS
66
! :
prezo
Prosseguia entanto a batalha, e os
67
o 'lipmA'^CE TfE oASMATilS
68
:
o T^O^lV^CE ^E oAmATUS
c o povo, que o via passar, salva-
Ta-o e dizia:
Mantenha-vos Dcus, Donzel!
E exclamava maravilhado
Deus, como formoso O Sc- !
6g
o %OmA'^CE "DE Q^mA'DIS^
70
;
73
o T{0OAAV^CE DE QMA1)IS
at morte.
Dizei-me : de quem sois filho ?
73
o liOmAV^CE T>E cmATfL^
74
VIII
NA CORTE DE EL-REI
LISUARTE
75
o "liOmA^CE T>E cA^A'DIS
^6
o 1{0SMAV^CE "DE oAmA'DlS
V
o %OmAV^CE "DE oAmA'DlS
Senhor, nao
disse ela cho-
rando, do que el-rei houve pena
porque era boa dona.
Olhava Dardan em roda e nao
via quem combatesse com ele todos ;
79
:
que te fiz.
Preguntou el-rei Lisuarte dona
viva se outorgava seu direito qule
cavaleiro.
Senhor, sim! E que Deus o
ajude !
8o
!
o I^OaA^KCE DE cl^A'DIS
Comeca Dardan a deler-se, e Araa-
dis carrega-o de golpes.
Mas quem ser o cavaleiro
pensava o povo, seguindo a luta
que fr9a soberba de Dardan ope
tanta frca formosal'
E a alguns que o estavam vendo
c reparavam no que Amadis tinha
a modo de resplandecente, afigura-
Ta-se que ele seria da Cavalaria
do Cu.
Sob os golpes que Ihe chovem e
Ihe cegara a sanha, vai Dardan re-
cuando at debaixo das janelas onde
as damas assistem ao combate.
E eis que, erguendo os olhos,
Amadis v Oriana
Ah ! senhores, sents tudo que es-
tas palavras guardara?
Amadis viu Oriana ! Nao a olhara
ele desde a noite em que recebera
ti
o TiOmA'J^CE ''DE oAmA^BIS
82
: !
^4
!
o Q{O0AV^CE ^E cAmAT>IS
Senhora, dle ser o que qiii-
S5
:
Oriana tornou-lhe
Mas de mim nao bajis tal
cuidado que eu vos d tristeza e
dor.
Senhora, em tudo obedeco,
nisso nao posso . . .
86
: : !
^7
o I^OmA^CE "DE o^A'DIS
SS
rx
ARCALAUS
S9
: ! :
9^
! !
Continuou o mercador:
E para tos, senhora, trago este
maato.
E isto dizendo, tirou da arqueta
um manto tao bem obrado como a
cora e formoso como outro jamis
se vira, orvalhado de aljfares e com
todas as aves do mundo bordadas
na mals rica pedraria.
Assim Deus me valha, amigo,
disse a ranha
que ste manto
parece que o bordou a mo daqule
Senhor que tudo pode
Senhora, bem podis crer que
a ste manto o bordou mo da trra,
mas outro nao h assim formoso e,
por o eu saber, vo-lo trouxe.
Tornou logo a ranha a el-rei:
Certo, senhor, ste formoso
manto me convm
Disse ento o mercador:
92
o %O^A'^CE 'DE qA\A1J1S
95
X
o PRIMEIRO BEUO
FizERAM-sE as cortes em um
grande campo bem plantado
de rvores, e a cadeira real,
6
o T{O^AV^CE DE d^^lA'DIS
vosso.
Senhor, sou de estranha
trra
c escolh-losnao sei mas pe(;o ;
97
!
9S
: : :
99
:
JOCf
o "JlOmA^CE 'DE oAmA^IS
lOI
o T{OmA^CE "DE Q^A'DIS
zn
o %OmAV^CE "DE oAmADIS
io3
! : !
o %OmAV^CE ^E (yimA<T>IS
104
meira este bem sem igual de se
achar s com a bem-amada.
Ali com ela, tendo-a salvo do
horrendo perigo a que a arrastara
mal precavida promessa e conquis-
tando-a em batalha no momento
em que ia perder o seu bem, sentia
Amadis no coraco to grande ven-
tura que esta qusi o empcia de
a gozar, to grande era.
E anda ali Amadis amava a furto,
o TIO^IA^CE ^E qAqMA'DIS
to
XI
BRIOLANJA
107.
o r[{OaiA^CE "DE Q.MA^IS
Tog
o ^{pmA^iCE "DE ddmATilS
no
:
///
!
o %OmA^CE ^E QmA'DIS
IJ2
!
zi3
XII
AS PENAS DE AMADIS
z/i
: :
Ji6
! !
117
o 1{0a(!AV^CE "DE oAmA'DIS
ii8
:
o i{o^ia:^ce de QmAi^is
iig
: ;
i20
o %0MAV^CE 'DE cA^lT>IS
o %OmAV^CE ^E oAaiA'DIS
aben(;oou-o.
Rezou o ermito as vsperas e,.
J22
!
123'
o ^{OmAT^iCE ^E oAoMATUS
J24
XIII
BELTENEBROS
/25
o %OqMAV^CE 'T>E Q^A'DIS
J26
:
128
o '1{0IMA\><CE 'DE C/^mA'DIS
9 /Sy
! .
j3o
: ! !
i3i
:
i33
:
i34
o 1{0SMAVSiCE ^E Q^mADIS
cercava a vossa amiga a pena em
que ela vive por vos.
i3S
!
i36
o %ozMA':sici: ^de q/i:^lvl)Js
i37
!
i3S
o T{OSMA\>iCE T)E (ylSMA'DIS
i3^
o T{0mA7^CE "DE oAmA^DIS
140
! :
o 'I{0MAV^CE DE 2,4SMA'DIs
i4r
XV
A SENHOll/V DA PENHA
143
!
144
Durin sua parte. Foi por mi-
nha mo que Amadis receben aquela
carta que o perdeu, e se eu Iha en-
tregue! sem suspeitar que desespero
Ule darla, para que obedec no mais,
nao Ihe aceitando a'resposta? E
You morrer sem poder resgatar esta
maldade!
Passados dias o mar e o vento
amainaram e, na torna da manh,
avistaram trra.
146
o %OqMAX^CE "DE cAmA'DIS
ia a esperanc^a.
Bom homem, pelo ermito
W7
!
J48
XV
NO GSTELO
DE MIRAFLORES
^49
o 1{0zMA^CE DE qAqMAT>IS
1 5o
!
i5i
o 1{0mAV^CE "DE ciAm^IS
l52
frulo e lor. E dentro tinha cma-
ras de rico lavor c ptiozinhos onde
as fonics cantavam.
Urna vez que el-rei Lisiiarte ali
deu de presente.
E ali viera agora Oriana sentida
-das dores que sofrera, trazendo no
rosto formoso o sinal descerado das
penas.
Com a liel Mabilia .sentava-se a
infanta num ptiozinho ensombrado
de rvores frondosas, debaixo das
quais urna fonte cantava por melo-
diosa bica.
Ai confessava Oriana o seu temor
de Ihe nao perdoar Amadis a crueza
com que o tratara; e contava-lhe
de como o amava mais, depois que
j53
:
i54
!
o 1(09^1A'^CE DE qAS\1A'T)1S
1 55
o 'JiCh^lAVSiCE 'DE Q/mA^IS
sem saber!*
Senhora, respondeu Ganda-
lin quero-vos grande bem por meu
senhor, inda que mal vos quis quan-
do perdido o julguei. E vos, para
o recebcrdes, tom*ii ora todo o bri-
ilao e cAr!
To feia te parejo? tornou
Oriana, rindo. Foi por me achar
feia, amigo, dcpois de tanto sofrer,
que eu vim a este castelo esperar a
j56
!
Durin, que o
tinham posto us
ombros, ajudado de cima pelas
e
mos de Oriana, de Mablia e da
donzela, entrn Amadis no castelo
e ficou preso num beijo boca
da bem-amada!
i58
XVI
A ESPADA
E A GUIRLANDA
i5g
o %OmAVXCE "DE cmA^IS
Ora, estando ele ai urna vez com
sua amiga, veio Gandalin da corte
com grandes novas.
Um velho escudeiro grego, por
nome Macandon, mostrara a el-rei
Lisuarte maravilhosas coisas, as
quais trouxera corte da gr Bre-
tanha por ser ela afamada em gen-
tileza.
j6o
o 1f{0^1A^CE "DE Q^^WDIS
II JI
o %Oi^AV^CE "DE oAmA'DIS
162
o ^{OSMAV^CE 'DE oAmADIS
perfeito amor. E esta guirlanda,
qiiando posta na cabe(;a daquela
que a scu amado quiser com amor
que reverdece e
igual, ento se ver
ficar toda em tlor.
63
!
164
:
i6b
o %OmA^CE "DE QAmA<T)IS
166
o %OmAV^CE 'VE oAmA'DlS
pada.
E assini oi com Polomir, com
Dragonis, com todos que a prova-
ram ;
pois se todos, uns mais, outros
menos, arrancaram da espada algum
tanto, nenhum pode arrancar a es-
pada toda.
Ento adiantou-se Beltenebros,
levando pela mo a bem-amada : e,
i6j
o 1{pm^CE "DE QmATUS
i68
XVI
A CANCO
DE LEONORETA
jr,g
o ^OmA^CE T)E d^mATUS
guirlanda, assim como na mo de
Beltenebros rebrilhava a espada.
Voltando a palacio, quis ei-rei
J70
:
171
o 1{0^A7<iCE "DE oAmA'DIS
Senhor genta^
min tormenta
voss'amor en guisa tal,
que tormenta
que eii senta^
outra non m' ben nen mal^
mais la vossa i7 mortal,
Leonoreta^
fin roseta^
beta sobre toda fror,
fin roseta^
77:
! f
E desejo
tan sobejo
matara un len,
senhor do meu coracon !
Leonoreta,
fin roseti,
tela sobre toda fror,
fin roseta,
non me meta
en tal coita vosso amor
Mha ventura
en loucura
me meten de vus amar.
loucura
que me dura,
que me non poss'n quitar.
Ai fremosura se ni par
o I^OMAHiCE "DE QmADIS
Leonoreia,
fin roseta,
hela sobre toda fror,
fin roseta,
non me meta
en tal caita vosso amor I
jy4
XVIIl
AS SETE PARTIDAS
17S
o 1{0MA^CE DE QAmA<T)IS
iy6
!
Amigo,
respondera-lhe Oria-
na, a quem o corac^ao tambm se
partia a mim era, e nao a el-rei
la . 177
o ''I{0aA7<iCE DE cAaiA'DIS
779
o ^OmA^CE "DE cAmA'DIS
iSo
1 !
i8r
o 1{0MA'XCE TfE QmA<T>IS
j8:
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iS3
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J84
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i85
o ^BdA'^CE "DE oAmA^lS
como ele.
:8t
!
OM AVXCE ^E QAmAT>lS
i88
XIX
IMPERATRIZ DE ROMA
189
o 1(pmAZNiCE ^E oAmA^DIS
jgo
o "^{OSMA^CH ^Dk cyliiMA'DlS
igi
! : !
ig2
o 1{0aiA':NiCE "DE QmA'DlS
i3 193
o 1{0mAV^CE 'DE QAmAT>IS
^94
!
jg6
:
o ^{O^^A^CE ^E oAmADIS
honrar a coroa da <v\ Bretanha,
aliando as grandezas do Imperio
as da cavalaria dste reino; e que
esperava em seu cora<;o de rci e
^97
Oriana, e que ele suspeitava que a
infanta nao era leda de se alear por
Imperatriz que por sse casamento
;
igS
o %OiMA^CE TtE Q/lPdA<T>IS
igg
:
200
o "J^OVAV^CE "DE qAz\A'THS
201
XX
A ILHA FIRME
20
o I^OmAV^iCE T^E oAmA^IS
S04
Quem embarca ? quem se embarca
se ?
quem vem comigo? quem vem ?
Quem se embarca no meu peitOy
que linda mar que iem !
205
o 1(pmA^CE "DE qA^A'DIS
^06
! !
o 1{0mAV^CE DE (z4mAT)IS
20J
. : :
o %OmA^CE ^E QmA'DlS
208
!
4 20g
!
J2I0
1
o 1{0mA':SiCE ^E oAmATilS
plendor.
21
o %OmAV^CE "DE oAmA'DlS
'
la a infanta a par de el-rei e mon-
tava um soberbo palafrm ricamente
ajaezado, com freio, peitoral e es-
tribo de ouro a martelo, cravejado
de pedras finas, presente de seu pai,
eem que devia fazer a sua entrada
em Roma.
E j a aguardavam os nobres
embaixadores, ora mais orgulhosos
com o despacho.
Mostrava el-rei Lisuarte bom
semblante, posto 'que em seu cora-
cao pesava nuvem grossa : nao es-
lava ali a flor dos seus cavaleiros,
e havia muitos olhos razos de agua.
Doa uma pena escondida nos cora-
9es dos homens bons, e a arraia-
-mida murmurava de ver partir
-a infanta.
Contra vontade vai el pen-
savam as mulheres do povo, a quem
2IL
! !
2:3
o 1{0qMA^CE "DE oAmADlS
274
5
21
outras muitas historias, tirei e viv
o que ela tem to nosso urna
hericpa e amorosa cango. E foi
216
IV^^EX
. 1
l^^EX
PREFACIO XI
1 PERION
II DARIOLETA ... . 1
III ELISENA 21
D.FRANCISCO MA-
NUEL DE MELLO.
ACABOU-SE DE IMPRIMIR
AS VSPERAS DO NATAL
DE 1922
^^^Mmm^^^
PQ Amad i s de Gaula
6276 romance de Amadis
P6L6