Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Enem 1

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 244

Curso Completo

Professor Jos Drummond


Biologia
gua
Introduo
Os seres vivos so formados por um conjunto de elementos qumicos,
denominados tomos. Os principais elementos presentes na matria viva so:
carbono (C), hidrognio (H), oxignio (O), nitrognio (N), fsforo (P) e enxofre
(S).
Esses elementos constituem aproximadamente 98% da matria viva e se
ligam atravs de ligaes qumicas formando as molculas ou substncias
(orgnicas e inorgnicas). As principais molculas nos seres vivos so: gua
(70% a 85%), Protenas (10% a 15 %), Lipdios (2% a 5 %), Carboidratos
(Glicdios) (1% a 3%) e cidos Nuclicos (1%). Outras substncias
importantes que esto presentes nos seres vivos so as vitaminas e sais
minerais. Observe o grfico com as porcentagens das substncias nos seres
vivos e alguns parmetros identificados numa tabela nutricional de um alimento.

gua 70% a 85%

Protenas 10% a 15%

Lipdios 2% a 5%

Carboidratos 1% a 3%
(Glicdios)
cidos 1%
Nuclicos

Fonte: http://seraseramesmo.blogspot.com.br. Acessado


em: em: 17/12/2015

1
INFORMAO NUTRICIONAL
Poro___ g ou ml (medida caseira)
Quantidade por Poro % VD (*)
Valor Energtico ...Kcal = ... Kj
Carboidratos g
Protenas g
Gorduras Totais g
Gorduras Saturadas g
Gorduras Trans g
Fibra Alimentar g
Sdio mg
(*) % Valores Dirios com base em uma dieta de 2.000 Kcal ou 8.400 KJ. Seus
valores dirios podem ser maiores ou menores dependendo de suas
necessidades energticas.

gua
Molcula formada pela unio de dois elementos Hidrognio e um
elemento Oxignio atravs de ligaes covalentes polares formando uma
molcula com momento dipolar diferente de zero fazendo com que seja
classificada como uma substncia POLAR.

Frmula estrutural Frmula molecular


H2O

H2O

2
Solvente universal
Por ser de natureza polar, a gua capaz de solubilizar outras molculas
de mesma natureza, ou seja, protenas, sais, acares, aminocidos e outras
substncias (hidroflicas). Ela encontrada dissolvendo solutos dentro
(intracelular) e fora (extracelular) da clula. Nota-se que a maior parte da gua
encontra-se no meio intracelular.

Coeso das molculas de gua


Essa molcula tende a apresentar uma interao qumica com
outra molcula idntica (interao intermolecular) chamada ponte ou ligao
de hidrognio (interao entre o Hidrognio de uma molcula com o Oxignio
de outra), o que ir garantir uma elevada coeso entre as molculas. Tal coeso
permitir uma elevada tenso superficial e um alto calor especifico.

Fonte: http://estudandoresumos.blogspot.com.br. Acessado em: 17/12/2015

Calor especfico
O calor especfico da gua de 1 cal/g C, ou seja, para aquecer 1g
de gua em 1C necessria 1 caloria. Comparando o calor especifico da gua
com o de outras molculas, observamos que necessrio fornecer muito mais
energia para elevarmos a temperatura da gua do que muitas substncias. Desta

3
forma, conclumos que, em funo do alto calor especifico, a gua apresenta um
papel fundamental nos mecanismos de termorregulao.

Os seres vivos so classificados em 2 grupos:


1. Pecilotrmico
Ser vivo que no tem a capacidade de controlar a temperatura corprea, ou seja,
a temperatura do corpo varia conforme o ambiente.
2. Homeotrmico
Ser vivo que tem a capacidade de controlar a temperatura corprea, ou seja,
mantm a temperatura do corpo constante atravs da variao do metabolismo.
Principais formas de controle trmico:
ambiente frio contrao muscular (tremor) aumentando a produo de
energia e liberando calor que aumenta a temperatura. Para perder menos
calor, alguns organismos se encolhem para diminuir a superfcie relativa.
ambiente quente os vasos da periferia dilatam fazendo com que chegue
mais sangue a superfcie e, consequentemente, calor perdido para o
meio.
liberao de gua na superfcie da pele (suor) que em funo do alto calor
especifico, permite a eliminao de calor do organismo e ao evaporar
possibilita o resfriamento corpreo.

45
40
35
temperatura corporal

30
25 homeotermicos
20 pecilotermicos
15
10
5
0
10 20 30 40
temperatura ambiental

4
Desenvolvendo Competncias
1. Os distintos biomas apresentam temperaturas variadas [Planeta Terra:
Ecossistemas, 2008]. O homem, estando em um local de temperatura elevada,
consequentemente ter sua temperatura corporal alterada. Para a regulao
dessa temperatura, necessita de:
a) sudorese.
b) hemostasia.
c) expirao.
d) gutao.
e) turgncia.

2. (G1 - UFPR 2008)


A gua apresenta inmeras propriedades que so fundamentais para os
seres vivos. Qual, dentre as caractersticas a seguir relacionadas, uma
propriedade da gua de importncia fundamental para os sistemas biolgicos?
a) possui baixo calor especfico, pois sua temperatura varia com muita facilidade.
b) suas molculas so formadas por hidrognios de disposio espacial linear.
c) seu ponto de ebulio entre 0 e 100 C.

5
d) um solvente limitado, pois no capaz de se misturar com muitas
substncias.
e) possui alta capacidade trmica e solvente de muitas substncias.

3.
A gua apresenta propriedades fsico-qumicas que a coloca em posio
de destaque como substncia essencial vida. Dentre essas, destacam-se as
propriedades trmicas biologicamente muito importantes, por exemplo, o
elevado valor de calor latente de vaporizao. Esse calor latente refere-se
quantidade de calor que deve ser adicionada a um lquido em seu ponto de
ebulio, por unidade de massa, para convert-lo em vapor na mesma
temperatura, que no caso da gua igual a 540 calorias por grama.

A propriedade fsico-qumica mencionada no texto confere gua a


capacidade de
a) servir como doador de eltrons no processo de fotossntese.
b) funcionar como regulador trmico para os organismos vivos.
c) agir como solvente universal nos tecidos animais e vegetais.
d) transportar os ons de ferro e magnsio nos tecidos vegetais.
e) funcionar como mantenedora do metabolismo nos organismos vivos.

4. A gua o componente celular mais abundante, corresponde a cerca de 75 a 85% e est presente em
todas as clulas. Essa abundncia e universalidade nos seres vivos ocorre em funo de diversas
propriedades biolgicas dessa molcula.

Sobre essas propriedades, analise as afirmativas a seguir:


I. um excelente solvente de vrias substncias orgnicas e inorgnicas, sendo por isso denominada
como solvente universal, por causa das caractersticas eltricas de suas molculas.

II. Permite a ocorrncia das reaes bioqumicas no citoplasma, alm de contribuir para o equilbrio
trmico das clulas, evitando as variaes bruscas de temperatura.

III. uma molcula dotada da propriedade de catalisar determinadas reaes bioqumicas, tanto no
sentido de sntese como no de degradao de molculas.

Marque a alternativa CORRETA:


a) Apenas a proposio I verdadeira.
b) Apenas as proposies I e II so verdadeiras.

6
c) Apenas a proposio II verdadeira.
d) Apenas as proposies II e III so verdadeiras

5. (UNIFE-SP) - Um ser humano adulto tem de 40 a 60% de sua massa corprea constituda por gua. A
maior parte dessa gua encontra-se localizada

a) no meio intracelular.

b) no lquido linftico.

c) nas secrees glandulares e intestinais.

d) na saliva.

e) no plasma sanguneo.

6. A gua apresenta inmeras propriedades que so fundamentais para os seres vivos. Qual, dentre as
caractersticas a seguir relacionadas, uma propriedade da gua de importncia fundamental para os
sistemas biolgicos?

a) Possui baixo calor especfico, pois sua temperatura varia com muita facilidade.

b) Suas molculas so formadas por hidrognios de disposio espacial linear.

c) Seu ponto de ebulio entre 0 e 100 C.

d) um solvente limitado, pois no capaz de se misturar com muitas substncias.

e) Possui alta capacidade trmica e solvente de muitas substncias.

GABARITO

1. A
2. E
3. B
4. B
5. A
6. E

7
Curso Completo
Professor Jos Drummond
Biologia

Glicdios (Carboidratos)
Classificao

Monossacardeos: so carboidratos simples, ou seja, unidades mnimas


(monmeros) que so classificadas segundo o nmero de tomos de carbono
que possuem. Os principais monossacardeos esto listados abaixo.

Frmula geral: CnH2nOn


3 tomos de carbono: Trioses Gliceraldeido;
5 tomos de carbono: Pentoses - Ribose e desoxirribose (estruturas que
participam da formao dos nucleotdeos que formam o RNA e DNA,
respectivamente);
6 tomos de carbono: Hexoses - Glicose, frutose e galactose.

1
Importante
A molcula de glicose a principal fonte de energia para o organismo pois
degradada durante a respirao celular aerbia/anaerbia com objetivo de
produzir ATP.

Dissacardeos: so carboidratos formados pela unio de dois monossacardeos,


ligados atravs de ligaes chamadas glicosdicas. Tais ligaes formam-se atravs
de uma reao de desidratao, onde observamos a perda de uma hidroxila por uma
das molculas e a perda de um hidrognio pela outra, resultando na produo de uma
molcula de gua.
Os principais dissacardeos so:
Maltose = glicose + glicose
Lactose = glicose + galactose
Sacarose = glicose + frutose

Disponvel em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAsc0AF/monossacarideos-oligossacarideos. Acessado em: 15/12/2015.

Polissacardeos: so carboidratos formados pela unio de um nmero grande

2
de monossacardeos. Apresentam-se em grupos funcionais com propriedades
especificas, tendo como atribuio os seguintes aspectos:

Energtico

Amido: reserva energtica, encontrada principalmente em vegetais,


formada pela unio de muitas molculas de glicose.

Disponvel em: http://istockpho.to/2mc0Ahy

Estruturais

Celulose: principal componente da parede celular dos vegetais, formada


pela unio de muitas molculas de glicose.

3
Disponvel em: http://istockpho.to/2lJZWag

Obs: Os animais no possuem enzimas capazes de quebrar as ligaes da molcula


de celulose (do tipo beta), de modo que herbvoros que se alimentam exclusivamente
de celulose apresentam microrganismos no seu tubo digestivo, para poderem digerir
e assimilar as molculas de glicose.
Quitina (polissacardeo alterado): componente do exosqueleto dos artrpodes.
Alm de proteger esses animais, diminui a perda de gua (evita a desidratao). Est
presente na parede celular dos fungos.

Disponvel em: http://istockpho.to/2lK8bDk

4
Metabolismo Bsico
Hormnios produzidos pelo pncreas relacionados glicemia
Insulina
Caneta de insulina

Disponvel em: http://istockpho.to/2mh3Rcg

Liberado quando a concentrao de glicose no sangue est acima do normal


(HIPERGLICEMIA).
Objetivo: Fazer com que a concentrao de glicose volte ao normal
Principais funes:
Estimula a entrada de glicose nas clulas;
Estimula a formao do glicognio no fgado (GLICOGENOGNESE HEPTICA) e no
msculo (GLICOGENOGNESE MUSCULAR);
Estimula a sntese de gordura;
Estimula a sntese proteica;

5
Alterao no funcionamento da insulina.
Excesso de insulina
Faz com que a concentrao de glicose no sangue fique abaixo do normal promovendo
um desmaio ou at mesmo a condio de coma. Com a ingesto ou injeo de glicose,
a glicemia aumenta voltando as condies normais.
Deficincia da insulina
Faz com que a concentrao de glicose no sangue fique acima do normal deixando o
sangue mais viscoso e prejudicando sua circulao. O excesso de glicose no sangue,
em jejum, um sinal que o indivduo pode apresentar uma doena chamada Diabetes
Mellitus. Esta pode ser classificada de duas formas:
- Tipo 1
Tambm chamada diabetes mellitus juvenil, tem como caracterstica a
deficincia na produo do hormnio insulina promovendo a hiperglicemia.
Tratamento: Consiste em aplicar insulina diariamente para estimular a entrada de
glicose nas clulas.
- Tipo 2
Tambm chamada diabetes mellitus tardia, tem como caracterstica a
deficincia dos receptores da insulina nas clulas promovendo a hiperglicemia.
Tratamento: Consiste em ingerir um medicamento que estimula a produo ou melhor
funcionamento dos receptores de insulina.
Importante
Este hormnio de natureza proteica ou peptdica e como importante aps
as refeies, no pode ser via oral pois seria digerido pelo suco gstrico do usurio.

Glucagon

Liberado quando a concentrao de glicose no sangue est abaixo do normal


(HIPOGLICEMIA)

Objetivo: Fazer com que a concentrao de glicose volte ao normal


Principal funo:
Estimula a quebra do glicognio no fgado (GLICOGENLISE HEPTICA)
Obs: O glucagon tambm estimula a gliconeognese, liplise e protelise. Porm,
estes processos so mais relacionados ao glicocorticoide.

6
Importante: a adrenalina um hormnio produzido pela medula da glndula adrenal
quando o organismo submetido a um processo de medo, perigo ou estresse. Tem
como algumas funes, estimular a quebra do glicognio muscular e heptico e a
formao de novas molculas de glicose.

DESENVOLVENDO COMPETNCIAS
1 (Uel 2005). Pesquisadores franceses identificaram um gene chamado de RN,
que, quando multado, altera o metabolismo energtico do msculo de sunos,
provocando um acmulo de glicognio muscular, o que prejudica a qualidade da
carne e a produo de presunto (Pesquisa "FAPESP", n0. 54, p. 37, 2000).

Com base nos conhecimentos sobre o glicognio e o seu acmulo como reserva
nos vertebrados, correto afirmar:
a) um tipo de glicolipdeo de reserva muscular acumulado pela ao da
adrenalina.
b) um tipo de glicoprotena de reserva muscular acumulado pela ao do
glucagon.
c) um polmero de glicose estocado no fgado e nos msculos pela ao da
insulina.
d) um polmero de frutose, presente apenas em msculos de sunos.
e) um polmero protico estocado no fgado e nos msculos pela ao do
glucagon.

2. Durante uma atividade fsica, o nvel de glicose no sangue pode ficar abaixo do
normal. Nessa condio, qual hormnio liberado no sangue para normalizar a
concentrao de glicose?

a) tiroxina
b) insulina
c) adrenalina
d) glucagon
e) calcitonina
7
3 (Enem 2011). Na modernidade, o corpo foi descoberto, despido e modelado
pelos exerccios fsicos da moda. Novos espaos e prticas esportivas e de
ginstica passaram a convocar as pessoas a modelarem seus corpos.
Multiplicaram-se as academias de ginstica, as salas de musculao e o nmero
de pessoas correndo pelas ruas.

SECRETARIA DA EDUCAO. Caderno do professor: educao fsica. So Paulo, 2008.


Diante do exposto, possvel perceber que houve um aumento da procura por

a) exerccios fsicos aquticos (natao/hidroginstica), que so exerccios de


baixo impacto, evitando o atrito (no prejudicando as articulaes), e que
previnem o envelhecimento precoce e melhoram a qualidade de vida.
b) mecanismos que permitem combinar alimentao e exerccio fsico, que
permitem a aquisio e manuteno de nveis adequados de sade, sem a
preocupao com padres de beleza institudos socialmente.
c) programas saudveis de emagrecimento, que evitam os prejuzos causados
na regulao metablica, funo imunolgica, integridade ssea e manuteno
da capacidade funcional ao longo do envelhecimento.
d) exerccios de relaxamento, reeducao postural e alongamentos, que
permitem um melhor funcionamento do organismo como um todo, bem como
uma dieta alimentar e hbitos saudveis com base em produtos naturais.
e) dietas que preconizam a ingesto excessiva ou restrita de um ou mais
macronutrientes (carboidratos, gorduras ou protenas), bem como exerccios que
permitem um aumento de massa muscular e/ou modelar o corpo.

4 (ENEM 2008). Defende-se que a incluso da carne bovina na dieta


importante, por ser uma excelente fonte de protenas. Por outro lado, pesquisas
apontam efeitos prejudiciais que a carne bovina traz sade, como o risco de
doenas cardiovasculares. Devido aos teores de colesterol e de gordura, h
quem decida substitu-la por outros tipos de carne, como a de frango e a suna.

8
O quadro abaixo apresenta a quantidade de colesterol em diversos tipos de
carne crua e cozida.

Com base nessas informaes, avalie as afirmativas a seguir.

I O risco de ocorrerem doenas cardiovasculares por ingestes habituais da


mesma quantidade de carne menor se esta for carne branca de frango do que
se for toucinho.

II Uma poro de contrafil cru possui, aproximadamente, 50% de sua massa


constituda de colesterol.

III A retirada da pele de uma poro cozida de carne escura de frango altera a
quantidade de colesterol a ser ingerida.

IV A pequena diferena entre os teores de colesterol encontrados no toucinho


cru e no cozido indica que esse tipo de alimento pobre em gua. correto
apenas o que se afirma em:

a) I e II.

b) I e III.

c) II e III.

d) II e IV.

e) III e IV.

9
5 (UCS RS). Em uma refeio composta por arroz, feijo, bife, verdura cozida,
salada crua, suco de fruta e doce de sobremesa, no aproveitamos como
nutriente a substncia denominada:

a) sacarose.
b) frutose.
c) celulose.
d) aminocido.
e) cido ascrbico.

6 (ENEM 2012).

10
A condio fsica apresentada pelo personagem da tirinha um fator de risco
que pode desencadear doenas como
a) anemia.
b) beribri.
c) diabetes.
d) escorbuto.
e) fenilcetonria.

11
GABARITO
1. Gab: c
2. Gab: d
3. Gab: e
4. Gab: e
5. Gab: c
6. Gab: c

12
Curso Completo
Fsica
Professor Fbio Vidal

Fundamentos e Metodologia da Fsica

NOTAO CIENTFICA E ORDEM DE GRANDEZA

Voc saberia me dizer qual a melhor potncia de 10 ( 100, 101, 102...) representa a altura, em
metros, de um homem adulto? Ou que melhor potncia de 10 representaria a quantidade de calor,
em calorias, necessrias para ferver a gua que enche uma chaleira comum de cozinha? Na cincia
usamos notao cientfica e ordem de grandeza para respondermos a essas perguntas. Veja que na 1
pergunta teremos que pensar numa altura para um homem adulto. Sabemos que cada pessoa tem sua
altura mas precisamos de um valor prximo do real como 1,70m ou at mesmo 1,90m. Com esse valor
em mente podemos pensar rapidamente e descobrir que a melhor potncia de 10 que representa a
altura de um indivduo adulto 100m, pois 101m um valor bem maior do que a altura de um homem
adulto.
E qual a vantagem de descobrirmos a ordem de grandeza? Teremos uma noo melhor da
grandeza que estamos analisando e tiraremos melhores concluses das dimenses do que
descobrimos.

NOTAO CIENTFICA
Para determinar a Ordem de Grandeza precisamos escrever a dimenso da grandeza em
notao cientfica. Notao cientfica escrever o nmero que representa a dimenso da grandeza
com apenas um algarismo do lado esquerdo da vrgula e esse nmero no pode ser zero, dez ou maior
que dez. Observe:

120000m = 1,2 x 105m


0,0000673s = 6,73 x 10-5s

ORDEM DE GRANDEZA
Melhor potncia de 10 que representa a dimenso da grandeza. Para determinar a O.G.
pegamos o nmero escrito em notao cientfica e comparamos a parte sem a potncia de 10, com o
algarismo 3,16:

Se a < 3,16 : O.G. = 10N


N
a x 10 (1 a < 10)
N+1
Se a 3,16 : O.G. = 10

120000m = 1,2 x 105m Como 1,2 < 3,16 teremos a O.G. = 105m

0,000673s = 6,73 x 10-4s Como 6,73 > 3,16 teremos a O.G. = 10-3s.
GRANDEZAS ESCALARES E VETORIAIS
Na Fsica encontramos grandezas que so definidas como escalares, que com os seus valores
e unidades de medida so suficientes para caracteriz-las. o caso, por exemplo, do tempo. Observe
a frase: O corpo A se desloca em linha reta durante 20s. Quando lemos 20s podemos dimensionar o
tempo sem precisar de nenhuma outra caracterstica. Como exemplos de grandezas escalares temos
massa, temperatura etc. Observe: Um corpo de massa 2kg encontra-se na temperatura de 300C.
Repare que bastam os valores de 2kg e 300C pra conseguirmos dimensionar as grandezas massa e
temperatura.
No entanto temos grandezas que precisam mais do que um valor e uma unidade de medida
para serem precisamente caracterizadas. So as grandezas vetoriais que possuem tambm direo e
sentido. Observe mais esta frase: O corpo A se desloca em linha reta durante 20s e atinge a velocidade
de 60 km/h. O tempo foi totalmente caracterizado na frase anterior mas a velocidade deixou uma
pergunta no ar: Pra onde est a vel? Para direita? Para esquerda? Para cima? Ficou claro que a direo
e o sentido da velocidade no foram determinados e sendo assim no conseguiremos precisar essa
grandeza corretamente. Podemos citar como exemplos de grandezas vetoriais a acelerao, as foras,
os campos etc. importante sabermos identificar os vetores e os escalares pois a matemtica escalar
diferente da vetorial.

Obs.: O vetor um ente matemtico que possui mdulo (valor), direo (horizontal, vertical...), sentido
(para direita, para esquerda...) e um nome.

Representao:

OPERAES COM VETORES: REGRAS DO PARALELOGRAMO E POLGONO


SOMA DE VETORES: Regra do paralelogramo Unir a origem de um vetor com a origem do outro
vetor e encontrar o vetor resultante desenhando a diagonal do paralelogramo, que vai da origem dos
dois vetores at o vrtice oposto.
Exemplos: calcule o vetor soma

ATENO: Observe que essa regra s se aplica para somar dois vetores!!!

SOMA DE VETORES: Regra do polgono Unir a extremidade de um vetor com a origem do outro
vetor e encontrar o vetor resultante fechando o polgono mas agora colocando o vetor soma origem
com origem e extremidade com extremidade.

ATENO: Na regra do polgono podemos somar uma quantidade maior do que 2 vetores.
SUBTRAO DE VETORES: Usaremos as mesmas regras da soma com a seguinte relao:

PROJEO DE VETORES: Decomposio de um vetor sobre o eixo de referncia.


Desenvolvendo Competncias

01 - Seria o Universo plano e infinito? Os cientistas acreditam que sim.

Assim como em muitas questes da cincia, dizer qual o tamanho do universo no uma tarefa
simples, j que, at agora, no sabemos ao certo se h algo alm do que nossos telescpios mais
potentes j puderam registrar () O universo observvel a parte que contm todas as coisas que
podem ser observadas da Terra porque a luz desses elementos chegou at ns. Isso inclui imagens de
satlites, telescpios e do olho nu () os cientistas acreditam que o dimetro do universo observvel
de 93 bilhes de anos-luz, aproximadamente. <UOL - Cincia e Sade>

Qual a OG dessa distncia, em km?

a) 10-24 km
b) 1024 km
c) 1021 km
d) 10-21 km
e) 103 km

02 - A figura mostra, em escala, duas foras e , atuando num ponto material P.


a) Represente na figura reproduzida abaixo a resultante das foras e , e determine o valor de
seu mdulo em newtons.
b) Represente, tambem, na mesma figura, o vetor , de tal modo que + + = 0.

03 - Suponha que um comerciante inescrupuloso aumente o valor assinalado pela sua


balanca, empurrando sorrateiramente o prato para baixo com uma forca F de modulo 5,0N,
na direcao e sentido indicados na figura. Dados: sen37 = 0,60 ; cos37 = 0,80 ;g = 10m/s2
Com essa prtica, ele consegue fazer com que uma mercadoria de massa 1,5kg seja
medidapor essa balana como se tivesse massa de:

a) 3,0 kg.
b) 2,4kg.
c) 2,1kg.
d) 1,8kg.
e) 1,7kg.
4) Um evento est sendo realizado em uma praia cuja faixa de areia tem cerca de 3 km de
extenso e 100 m de largura.
A ordem de grandeza do maior nmero possvel de adultos que podem assistir a esse
evento sentados na areia de:
(A) 104
(B) 105
(C) 106
(D) 107

5) Numa cidade do interior de So Paulo, um novo bairro foi planejado para que todos os
quarteires sejam quadrados e suas ruas paralelas. A distncia entre um par de ruas ser de
100 m. Imagine um pedestre que realiza o percurso mostrado na figura, comeando no ponto
A e terminando sua trajetria no ponto B. Qual o mdulo do vetor que representa a
deslocamento (deslocamento vetorial) do pedestre?

6 (Enem 2015) As exportaes de soja no Brasil totalizaram 4,129 milhes em toneladas no ms de julho de 2012 e
registraram um aumento em relao ao ms de julho de 2011, embora tenha havido uma baixa em relao ao ms
de maio de 2012
A quantidade, em quilogramas, de soja exportada pelo Brasil no ms de julho de 2012 foi de:

a) 4,1291034,129103
b) 4,1291064,129106
c) 4,1291094,129109
d) 4,12910124,1291012
e) 4,1291015
Gabarito:
01) B
03) D
02) R = 3 N
04)C
05)282,4 m
6) c
Curso Completo
Professor Fbio Vidal
Fsica

Leis de Newton - Dinmica


Na cinemtica, estuda-se o movimento analisando suas caractersticas, sem compreender sua
causa. Na dinmica, estudamos a relao entre a fora e movimento entendendo melhor a origem do
movimento. Galileu deixou vrias contribuies cientficas para a humanidade, como a difuso do
modelo heliocntrico de Coprnico e a inveno de alguns tipos de lunetas. Vrias dessas descobertas
serviram de referncia para que Isaac Newton criasse as bases da mecnica com as trs leis
fundamentais que ficaram conhecidas como as Leis de Newton.

1 Lei: INRCIA
Todo corpo que est em repouso, tende a permanecer em repouso; todo corpo que est em
movimento tende a permanecer em movimento; a no ser que um agente externo altere o seu estado
de equilbrio.
A inrcia caracteriza dois tipos de equilbrio: o esttico e o dinmico. O equilbrio esttico
ocorre com o corpo em repouso e o dinmico com o corpo em movimento retilneo uniforme. Nos dois
casos a fora resultante igual a zero.
Obs.: Massa: a medida quantitativa da inrcia de um determinado corpo. Ento, quanto
maior a massa de um corpo, maior vai ser a dificuldade para vencer a inrcia desse corpo.

2Lei: PRINCPIO FUNDAMENTAL DA DINMICA


Nessa lei, Newton mostra a relao que existe entre a fora aplicada em um corpo e a
mudana na velocidade que ele sofre. A variao da velocidade sofrida por um corpo diretamente
proporcional resultante das foras nele aplicadas.
Ento, quando h variao de velocidade, em um determinado intervalo de tempo, encontramos a
acelerao desse corpo.

FRES = m . a
Com isso temos a equao:

OBS.: FRES e aRES possuem sempre mesma direo e mesmo sentido.

Unidades: m kg a m/s F kg. m/s = N

3Lei: AO E REAO
Se um corpo A exerce fora sobre um corpo B, este por reao, exerce em A, uma fora de
mesmo mdulo, mesma direo porm sentido oposto. De acordo com Newton, no existe fora que
seja capaz de agir sozinha, pois, para cada fora considerada ao, existe outra chamada de reao.
Temos que lembrar que as foras de ao e reao ocorrem sempre em corpos distintos e por isso no
se anulam mutuamente.
PRINCIPAIS TIPOS DE FORA

a) PESO: fora que surge devido ao campo g na superfcie da Terra.

PRINCIPAIS(TIPOS(DE(FORA(

Observe%que%o%Peso%e%a%
g% gravidade%tem%sempre%mesma%
P% direo%
e%sen<do!%
b) NORMAL: fora que surge devido ao contato entre corpos. Essa fora chamado de Normal pois
perpendicular superfcie de contato. F(=(m(.(a((!(((P(=(m(.(g((((

NB%
NA%
PLANO%A%
c) TRAO OU TENSO: fora que surge devido a uma corda ou um fio que no seja inextensvel. Como
esta fora s existe se a corda estiver esticada, a tenso sempre atua, reagindo sobre o corpo,
puxando-o.

d) FORA ELSTICA: fora que surge devido a uma mola e sempre atuar de forma a restituir o
tamanho original da mola.

Obs.: Plano inclinado sem atrito


FORA DE ATRITO
A fora de atrito (FAT) uma fora de contato contrria tendncia de movimento e vai
depender diretamente da Normal (N ), que tambm uma fora de mesma natureza, mas
perpendicular superfcie. Outra grandeza que a FAT depende o coeficiente de atrito ( ), uma
grandeza sem unidade (adimensional) que mede a capacidade de contato entre os materiais que
compem as duas superfcies. Existem dois tipos de atrito: um que atua quando o corpo est em
repouso at atingir a iminncia de movimento, conhecido como atrito esttico, e outro que atua
quando o corpo est em movimento, conhecido como atrito cintico; esses dois atritos so
diferenciados pelos seus coeficientes, ESTTICO e CINTICO . Observe:

FAT
V=0 F V0
(EST) MOTORA
FAT(MAX) V = 0 FMOTORA FAT FMOTORA
(EST) (CIN) QG
QG QG

FMOTORA < FAT (MAX) FMOTORA = FAT (MAX) FMOTORA > FAT (MAX)
(EST) (EST) (EST)

Esttico: FAT EST . N ! 0 FAT EST . N


TIPOS EST
DE EST

ATRITO Cintico: FAT = CIN . N


CIN

GRFICO DE ATRITO:

(MAX)%

valores de atrito esttico e cintico em diferentes tipos de materiais

MATERIAIS EST CIN


Na maioria dos casos o EST maior que o CIN. A tabela abaixo, mostra alguns valores de
coeficientes esttico e cintico entre superfcies:
Desenvolvendo Competncias

01 - O conjunto abaixo, constitudo de fio e polia ideais, abandonado do repouso no instante t = 0 e


a velocidade do corpo A varia em funo do tempo segundo o diagrama dado. Desprezando o atrito e
admitindo g = 10 m/s2, a relao entre as massas de A (mA) e de B (mB) :

a) mB = 1,5 mA.
b) mA = 1,5 mB.
c) mA = 0,5 mB.
d) mB = 0,5 mA.
e) mA = mB.

02 - A figura abaixo mostra uma mola de massa desprezivel e de constante elastica k em tres situaes
distintas de equilbrio esttico. De acordo com as situaes I e II, pode-se afirmar que a situao III
ocorre somente se:

a) P2 = 36N
b) P2 = 27N
c) P2 = 18N
d) P2 = 45N
e) P2 = 50N
Adotar g = 10 m/s2.

03 - As figuras 1 e 2 representam dois esquemas experimentais utilizados para a determinao do


coeficiente de atrito esttico entre um bloco B e uma tbua plana, horizontal. No esquema da figura
1, um aluno exerceu uma fora horizontal F no fio A e mediu o valor 2,0 cm para a deformao da
mola, quando a fora F atingiu seu mximo valor possvel, imediatamente antes que o bloco B se
movesse. Para determinar a massa do bloco B, este foi suspenso verticalmente, com o fio A fixo no
teto, conforme indicado na figura 2, e o aluno mediu a deformao da mola igual a 10,0 cm, quando
o sistema estava em equilbrio. Nas condies descritas, desprezando a resistncia do ar, o coeficiente
de atrito entre o bloco e a tbua vale:

a) 0,1
b) 0,2
c) 0,3
d) 0,4
e) 0,5
4) Os blocos A e B tm massas mA = 5,0 kg e mB = 2,0 kg e esto apoiados num plano horizontal
perfeitamente liso. Aplica-se ao corpo A a fora horizontal F, de mdulo 21N.

A fora de contato entre os blocos A e B tem mdulo, em Newtons:

a) 21 N b) 11,5 N c) 9 N d ) 7 N e) 6 N

5) Uma pequena caixa lanada sobre um plano inclinado e, depois de um intervalo de tempo,
desliza com velocidade constante.
Observe a figura, na qual o segmento orientado indica a direo e o sentido do movimento da
caixa.

Entre as representaes abaixo, a que melhor indica as foras que atuam sobre a caixa :
6.Na parte final de seu livro, Discursos e demonstraes concernentes a duas novas cincias, publicado em 1638,
Galileu Galilei tratado movimento de um projtil da seguinte maneira: Suponhamos um corpo qualquer, lanado
ao longo de um plano horizontal, sem atrito; sabemos... que esse corpo se mover indefinidamente ao longo desse
mesmo plano, com um movimento uniforme e perptuo, se tal plano for ilimitado.

O princpio fsico com o qual se pode relacionar o trecho destacado acima :


a) o Princpio da Inrcia ou 1a Lei de Newton.
b) o Princpio Fundamental da Dinmica ou 2a Lei de Newton.
c) o Princpio da Ao e Reao ou 3a Lei de Newton.
d) a Lei da Gravitao Universal.
e) o Teorema da Energia Cintica.

Gabarito:
1.a; 2.c; 3.b;4.e;5.d; 6.a
Curso Completo
Qumica
Prof.: Jos Roberto Mazzei

Estudo do tomo

Desde ANTES DE CRISTO, desde os filsofos da Grcia antiga aos nossos dias, o
homem vem buscando como explicar e definir o tomo. A prpria significncia da palavra
j nos leva a idia de indivisibilidade (a = no; tomo = diviso). Entretanto, a evoluo dos
conhecimentos atravs de cientistas como J.J.Thomson, Ernest Rutherford e Neils Bohr
foram nos levaram a descoberta de partculas ainda menores que o tomo, as chamadas
partculas subatmicas e a estruturao do que constitui o modelo atmico atual.

A evoluo dos modelos:

Modelo de Dalton

John Dalton em 1803.

Os 5 principais pontos de sua teoria so:

Os elementos qumicos so compostos por partculas mnimas chamadas de tomos;


tomos de um mesmo elemento so iguais em massa, tamanho e propriedades;
Elementos diferentes possuem tomos com propriedades qumicas e fsicas
diferentes;
Diferentes tomos podem combinar-se para formar uma variedade de substncias;
tomos so partculas macias e indivisveis (modelo bola de gude).
Modelo de Thomson

O ingls J. J. Thomson realizou a descoberta do eltron. Nas experincias


realizadas por este cientista, importante se ligar nos seguintes tpicos para o ENEM:

1 experimento

A ausncia de matria gerada pela bomba de vcuo representa que, para o


fechamento da corrente eltrica, "alguma coisa" deve passar entre o catodo e o anodo.
Esse feixe foi denominado de raios catdicos.

2 experimento
Nesse experimento, a presena da ventoinha tem por objetivo determinar se o feixe
possua massa. Como a ventoinha se movimenta, fica provada a existncia de massa no
feixe.

3 experimento

O ltimo experimento estudou a carga do feixe. Como pode ser observado acima, o
feixe aproxima-se da placa positiva tendo, portanto, carga negativa.

Atravs desses trs experimentos J.J.Thomson comprovou a existncia do eltron,


propondo um novo modelo atmico no qual o tomo seria formado por uma pasta positiva
cheia de partculas negativas (o eltron). Esse modelo ficou conhecido como "Pudim de
passas".

Modelo de Rutherford

A experincia de Rutherford constituiu-se no bombardeio de uma finssima lmina


de ouro por um feixe de partculas alfa.
As seguintes observaes foram feitas a partir do experimento:

A grande maioria das partculas atravessou a lmina sofrendo pouco ou nenhum


desvio;
Uma pequena parte das partculas atravessou a lmina sofrendo um grande desvio.

Por ter a partcula alfa carga positiva foi possvel concluir que o tomo possui uma
regio central, que concentra a massa e tem carga positiva, denominada ncleo e outra
regio perifrica que apresenta um grande vazio com eltrons distribudos de forma
bastante dispersa, denominada eletrosfera.

Modelo de Bohr

Este ltimo modelo atmico complementa o de Rutherford e constitui o modelo


atualmente aceito. Nele so propostas maneiras dos eltrons se movimentarem em torno
do ncleo e a energia associada a esse movimento.
Podemos observar que, ao longo do tempo, os modelos complementam um ao outro e que hoje
temos o tomo dividido entre ncleo, parte mais densa de um tomo composto por prtons e
nutrons, e eletrosfera, local onde se encontram os eltrons distribudos em rbitas.

Representao

A
XZ
Para clculo do nmero de nutrons, basta subtrair a massa do nmero atmico

N = A Z ou A = N + Z

Para espcies no estado fundamental, a quantidade de eltrons ser a mesma que a quantidade
de prtons
Ex: 39K19 A = 39; Z = 19; N = 20; e- = 19

Para ons (espcies com carga), o nmero de eltrons ser diferente do nmero de prtons, o
sinal da carga representa a quantidade de eltrons recebidos ou perdidos. Lembrando que o
eltron tem carga negativa, ou seja, se a espcie tiver com carga negativa, representa um ganho
de eltrons, se tiver com carga positiva, representa perda de eletrn.

Ex: 39K19+ A = 39; Z = 19; N = 20; e- = 18 (seria 19, porm a carga + indica perda de eltron)

Ex: 14N7-3 A = 14; Z = 7; N = 7; e- = 10 (seria 7, porm a carga -3, indica ganha de trs eltrons)

Semelhana Atmica

Istopos so tomos que apresentam o mesmo nmero de prtons, ou seja, pertencem ao mesmo
elementos qumicos, pois a quantidade de prtons no ncleo especfico para cada elemento.

Ex: 1H1; 2H1; 3H1

Isbaros so tomos que apresentam o mesmo nmero de massa.

Ex: 40Ca20; 40Ar18

Istonos so tomos que apresentam o mesmo nmero de nutrons.

Ex: 24Mg12; 23Na11

Isoeletronicos so espcies que apresentam o mesmo nmero de eltrons.

Ex: Al13+3; O8-2, ambos possuem 10 eltrons.


DESENVOLVENDO COMPETNCIAS

1. H cerca de 100 anos, J. J. Thomson determinou, pela primeira vez, a relao entre a massa e
a carga do eltron, o que pode ser considerado como a descoberta do eltron. reconhecida como
uma contribuio de Thomson ao modelo atmico:

a) o tomo ser indivisvel.


b) a existncia de partculas subatmicas.
c) os eltrons ocuparem nveis discretos de energia.
d) os eltrons girarem em rbitas circulares ao redor do ncleo.
e) o tomo possuir um ncleo com carga positiva e uma eletrosfera.

2. (UFG) Leia o poema apresentado a seguir.

Pudim de passas
Campo de futebol
Bolinhas se chocando
Os planetas do sistema solar
tomos
s vezes
So essas coisas
Em qumica escolar

LEAL, Murilo Cruz. Soneto de hidrognio. So Joo del Rei: Editora UFSJ, 2011.

O poema faz parte de um livro publicado em homenagem ao Ano Internacional da Qumica. A


composio metafrica presente nesse poema remete
a) aos modelos atmicos propostos por Thomson, Dalton e Rutherford.
b) s teorias explicativas para as leis ponderais de Dalton, Proust e Lavoisier.
c) aos aspectos dos contedos de cintica qumica no contexto escolar.
d) s relaes de comparao entre ncleo/eletrosfera e bolinha/campo de futebol.
e) s diferentes dimenses representacionais do sistema solar.
3. Os nucleos dos atomos sao constituidos de protons e neutrons, sendo ambos os principais
responsaveis pela sua massa. Nota-se que, na maioria dos nucleos, essas particulas nao estao
presentes na mesma proporcao. O grafico mostra a quantidade de neutrons (N) em funcao da
quantidade de protons (Z) para os nucleos estaveis conhecidos.

O antimonio e um elemento quimico que possui 50 protons e possui varios isotopos atomos que
so se diferem pelo numero de neutrons. De acordo com o grafico, os isotopos estaveis do antimonio
possuem

a) entre 12 e 24 nutrons a menos que o nmero de prtons


b) exatamente o mesmo nmero de prtons e nutrons
c) entre 0 e 12 nutrons a mais que o nmero de prtons
d) entre 12 e 24 nutrons a mais que o nmero de prtons
e) entre 0 e 12 nutrons a menos que o nmero de prtons

4. (IME) Sejam os elementos 150A63, B e C de nmero atmico consecutivos e crescentes


na ordem dada. Sabendo que A e B so isbaros e que B e C so istonos, podemos
concluir que o nmero de massa do elemento C igual a:
a) 150
b) 153
c) 151
d) 64
e) 65

5 (UFU-MG). As afirmativas a seguir descrevem estudos sobre modelos atmicos,


realizados por Niels Bohr, John Dalton e Ernest Rutherford.

I. Partculas alfa foram desviadas de seu trajeto, devido repulso que o ncleo denso e a
carga positiva do metal exerceram.
II. tomos (esferas indivisveis e permanentes) de um elemento so idnticos em todas as
suas propriedades. tomos de elementos diferentes tm propriedades diferentes.
III. Os eltrons movem-se em rbitas, em torno do ncleo, sem perder ou ganhar energia.

Assinale a alternativa que indica a sequncia correta do relacionamento desses estudos


com seus autores.
a) Rutherford, Dalton, Bohr
b) Rutherford, Bohr, Dalton
c) Dalton, Rutherford, Bohr
d) Dalton, Bohr, Rutherford

6. Em um determinado momento histrico, o modelo atmico vigente e que explicava parte da


constituio da matria considerava que o tomo era composto de um ncleo com carga positiva.
Ao redor deste, haviam partculas negativas uniformemente distribudas. A experincia investigativa
que levou proposio desse modelo foi aquela na qual:
a) realizou-se uma srie de descargas eltricas em tubos de raios catdicos.

b) determinou-se as leis ponderais das combinaes qumicas.

c) analisou-se espectros atmicos com emisso de luz com cores caractersticas para cada
elemento.
d) caracterizou-se estudos sobre radioatividade e disperso e reflexo de partculas alfa.

e) providenciou-se a resoluo de uma equao para determinao dos nveis de energia da


camada eletrnica.

Gabarito:
1.b
O experimento de Thomson contribuiu para a descoberta do eltron, indo contra uma teoria de
Dalton, que o tomo era indivisvel.

2.a
Os modelos usados por Thomson, Dalton e Rutherford so exatamente o pudim de passas,
bola de gude e o sistema solar.

3.d
No enunciado, foi dito que, o antimnio possui 50 prtons. Analisando o grfico, possvel observar
que os istopos estveis do antimnio possuem de 62 a 74 nutrons, ou seja, possuem entre 12 e
24 nutrons a mais que o nmero de prtons.

4.c
Se A e B so isbaros, isso significa que eles possuem o mesmo nmero de massa, ento j
podemos assimilar o seguinte:

Como B e C so istonos, isso representa que ambos possuem o mesmo nmero de nutrons.
Primeiro calculando quantos nutrons tem o elemento B:
Baseando-se nisso, podemos concluir o seguinte sobre a massa do elemento C:

Ento, por fim, conclumos o seguinte sobre os elementos A, B e C:

5. a
Experimentos com partculas alfa foi de Rutherford, tomo macio e indivisvel era uma
teoria de Dalton e os eltrons em orbitais pertence a teoria de Bohr

6.d
Rutherford pode concluir que os eltrons ficavam em volta do ncleo justamente por experimentos
feitos com partculas alfas.
Curso Completo
Qumica
Prof.: Jos Roberto Mazzei

Radioatividade

1.Descoberta dos Raios-X:

Atravs do estudo do experimento da ampola de Crookes, o fsico


Wilhelm Konrad Rentgen percebeu que placas cobertas com materiais como o
sulfeto de zinco (ZnS) quando colocadas nas proximidades da Ampola tornavam-
se fluorescentes. Mesmo se a ampola fosse envolvida por uma caixa de papelo
e a placa contendo ZnS fosse colocada fora, verificava-se a fluorescncia.
Rentgen anunciou, ento, a descoberta de raios misteriosos
capazes de atravessar diversos materiais. Por no conseguir explicar a natureza
desses raios, os chamou de raios-X. Em 1912 foi provado que os raios-X so
ondas eletromagnticas de comprimento () muito curto, que surgem da coliso
de raios catdicos com anteparos duros. Os raios-X atravessam facilmente
materiais de elementos de baixa massa atmica (C, N, H, dentre outros
constituintes do tecido epitelial e muscular), mas no conseguem atravessar
materiais compostos por elementos de massa atmica mais elevada (como o Ca,
presente no tecido sseo).
Alm da aplicao em radiografias, a difrao de raios-X em cristais
permitiu determinar o arranjo entre os tomos e as distncias entre eles. Assim
foi possvel determinar, de uma outra forma, a constante de Avogadro.
Obs.: Tubos de imagem de aparelhos de televiso emitem raios-X de
baixa energia ( grande) que so inofensivos.
Aps a descoberta dos raios-X comeou uma busca sobre quais
materiais eram capazes de emitir esses raios, e sob quais condies isso ocorria.
Henri Becquerel descobriu que os sais de Urnio emitiam, espontaneamente
radiaes que impressionavam chapas fotogrficas. Pierre e Marie Curie
descobriram que o minrio patchblenda (constitudo essencialmente de U 3O8)
continha o elemento rdio que emite radiaes mais poderosas que o Urnio.
Logo depois foi descoberto que o elemento Trio tambm era capaz de emitir
espontaneamente radiaes.
A intensidade das radiaes dependia do teor do elemento
radiativo presente no material, e no depende de condies fsicas sob as quais
o experimento feito. Analisando resduos do minrio patchblenda, constatou-
se a presena dos elementos Polnio e Actnio que tambm so radiativos (mais
at que o Urnio).

Disponvel em: http://www.grupoa.com.br. Acessado em: 03/12/2015.

Disponvel em: http://www.grupoa.com.br. Acessado em: 03/12/2015.


Disponvel em: http://www.grupoa.com.br. Acessado em: 03/12/2015.

Transmutaes Naturais: Emisses

Emisses : Ncleos com mais de 82 prtons por apresentarem grande


nmero de partculas com carga positiva sofrem repulso Coulmbica que torna
o ncleo instvel, ocorrendo a libertao de 2 prtons e de 2 nutrons.

Faixa ou Cinturo de Estabilidade:


Disponvel em: http://www.grupoa.com.br. Acessado em: 03/12/2015.

A radiao emitida quando um sistema excitado (de mais energia)

passa a um estado menos energtico. Tambm pode acompanhar as emisses

e . A emisso de psitron (anti-eltron - 0


1 ) ocorre em transmutaes
artificiais onde um prton se transforma em um nutron. o fenmeno inverso
ao da emisso beta e mais frequente quando o elemento encontra-se abaixo
da faixa de estabilidade (ncleos que necessitam de um nmero maior de
nutrons).

Transmutao Artificial: Bombardeamentos

Fisso nuclear:

Quando tomos so bombardeados por nutrons resultam em tomos de


ncleos radiativos.
Fuso nuclear:

Processo inverso ao da fisso nuclear. Consiste na unio de dois ncleos


de tomos dando origem a outro.
Desenvolvendo Competncias

1(Enem 2013). Glicose marcada com nucldeos de carbono-11 utilizada na medicina


para se obter imagens tridimensionais do crebro, por meio de tomografia de emisso
de psitrons. A desintegrao do carbono-11 gera um psitron, com tempo de meia-
vida de 20,4 min, de acordo com a equao da reao nuclear:

A partir da injeo de glicose marcada com esse nucldeo, o tempo de aquisio de


uma imagem de tomografia cinco meias-vidas.

Considerando que o medicamento contm 1,00 g do carbono-11, a massa, em


miligramas, do nucldeo restante, aps a aquisio da imagem, mais prxima de
a) 0,200.
b) 0,969.
c) 9,80.
d) 31,3.
e) 200.

2 (Enem 2016). Pesquisadores recuperaram DNA de ossos de mamute (Mammuthus


primigenius) encontrados na Sibria, que tiveram sua idade de cerca de 28 mil anos
confirmada pela tcnica do carbono 14.

FAPESP. DNA do mamute revelado. Disponvel em: http://agencia.fapesp.br. Acesso em: 13


ago. 2012 (adaptado).

A tcnica de datao apresentada no texto s possvel devido


a) proporo conhecida entre carbono 14 e carbono 12 na atmosfera ao longo dos
anos.
b) decomposio de todo o carbono 12 presente no organismo aps a morte.
c) fixao maior do carbono 4 nos tecidos de organismos aps a morte.
d) emisso de carbono 12 pelos tecidos de organismos aps a morte.
e) transformao do carbono 12 em carbono 14 ao longo dos anos.

3. (Enem 2009) Considere um equipamento capaz de emitir radiao eletromagntica


com comprimento de onda bem menor que a da radiao ultravioleta. Suponha que a
radiao emitida por esse equipamento foi apontada para um tipo especfico de filme
fotogrfico e entre o equipamento e o filme foi posicionado o pescoo de um indivduo.
Quanto mais exposto radiao, mais escuro se torna o filme aps a revelao. Aps
acionar o equipamento e revelar o filme, evidenciou-se a imagem mostrada na figura a
seguir.
Dentre os fenmenos decorrentes da interao entre a radiao e os tomos do
indivduo que permitem a obteno desta imagem inclui-se a

a) absoro da radiao eletromagntica e a consequente ionizao dos tomos de


clcio, que se transformam em tomos de fsforo.
b) maior absoro da radiao eletromagntica pelos tomos de clcio que por outros
tipos de tomos.
c) maior absoro da radiao eletromagntica pelos tomos de carbono que por
tomos de clcio.
d) maior refrao ao atravessar os tomos de carbono que os tomos de clcio.
e) maior ionizao de molculas de gua que de tomos de carbono.

4. (Enem 2012) A falta de conhecimento em relao ao que vem a ser um material


radioativo e quais os efeitos, consequncias e usos da irradiao pode gerar o medo e
a tomada de decises equivocadas, como a apresentada no exemplo a seguir.
Uma companhia area negou-se a transportar material mdico por este portar um
certificado de esterilizao por irradiao.

Fsica na Escola, v. 8, n. 2, 2007 (adaptado).

A deciso tomada pela companhia equivocada, pois


a) o material incapaz de acumular radiao, no se tornando radioativo por ter sido
irradiado.
b) a utilizao de uma embalagem suficiente para bloquear a radiao emitida pelo
material.
c) a contaminao radioativa do material no se prolifera da mesma forma que as
infeces por microrganismos.
d) o material irradiado emite radiao de intensidade abaixo daquela que ofereceria risco
sade.
e) o intervalo de tempo aps a esterilizao suficiente para que o material no emita
mais radiao.

5. (Enem PPL 2012) Observe atentamente a charge:


Alm do risco de acidentes, como o referenciado na charge, o principal problema
enfrentado pelos pases que dominam a tecnologia associada s usinas
termonucleares
a) a escassez de recursos minerais destinados produo do combustvel nuclear.
b) a produo dos equipamentos relacionados s diversas etapas do ciclo nuclear.
c) o destino final dos subprodutos das fisses ocorridas no ncleo do reator.
d) a formao de recursos humanos voltados para o trabalho nas usinas.
e) o rigoroso controle da Agncia Internacional de Energia Atmica.

6. (Enem 2005). Um problema ainda no resolvido da gerao nuclear de eletricidade


a destinao dos rejeitos radiativos, o chamado lixo atmico. Os rejeitos mais ativos
ficam por um perodo em piscinas de ao inoxidvel nas prprias usinas antes de ser,
como os demais rejeitos, acondicionados em tambores que so dispostos em reas
cercadas ou encerrados em depsitos subterrneos secos, como antigas minas de sal.
A complexidade do problema do lixo atmico, comparativamente a outros lixos com
substncias txicas, se deve ao fato de

a) emitir radiaes nocivas, por milhares de anos, em um processo que no tem como
ser interrompido artificialmente.
b) acumular-se em quantidades bem maiores do que o lixo industrial convencional,
faltando assim locais para reunir tanto material.
c) ser constitudo de materiais orgnicos que podem contaminar muitas espcies vivas,
incluindo os prprios seres humanos.
d) exalar continuamente gases venenosos, que tornariam o ar irrespirvel por milhares
de anos.
e) emitir radiaes e gases que podem destruir a camada de oznio e agravar o efeito
estufa.
Gabarito

1. [D]
A partir da injeo de glicose marcada com esse nucldeo, o tempo de
aquisio de uma imagem de tomografia cinco meias-vidas.

Teremos:

3. [B]
Como a base das estruturas sseas o elemento clcio, dentre os fenmenos
decorrentes da interao entre a radiao e os tomos do indivduo que permitem a
obteno desta imagem inclui-se a maior absoro da radiao eletromagntica pelos
tomos de clcio que por outros tipos de tomos.

4.[A]

O material mdico no pode acumular radiao, ou seja, no se torna radioativo por ter
sido irradiado. A deciso tomada pela companhia foi equivocada.
5.[C]

O principal problema enfrentado pelos pases que dominam a tecnologia associada s


usinas termonucleares o destino final dos subprodutos das fisses nucleares ocorridas
no ncleo do reator (lixo atmico) e tambm com a gua pesada utilizada na refrigerao
do reator.

6. [A]

Um dos grandes problemas de trabalhamos com elementos radioativos, exatamente


o descarte, pois esses elementos tem a capacidade de emitir partculas nocivas com
um tempo de meia vida muito longo.
Curso Completo
Matemtica
Professor Andr Novaes

Matemtica Bsica

Para efetuar as operaes bsicas necessrio entender primeiramente


como funciona o sistema numrico que usamos, o sistema hindu-arbico de
base 10. Como sabemos, existem outros sistemas numricos como por
exemplo o romano, muito utilizado para indicar os sculos em textos histricos
(Exemplo: sc. XX). Porm o sistema que utilizamos o mais eficaz para
realizarmos contas, isso porque ele um sistema posicional e, portanto, com
apenas 10 algarismos conseguimos representar todos os nmeros.

O significado do sistema posicional:

cada casa representa uma potencia de 10 (por isso dizemos que o


sistema de base 10). Observe:

1a Classe

Centena (10 = 100) Dezena (101 = 10) Unidade (100 = 1)


8 2 8

Observe o nmero 828 (oitocentos e vinte e oito). Apesar dele conter


dois algarismos 8, esses algarismos possuem valores distintos, isso porque
eles ocupam posies distintas. Se lermos o nmero da esquerda para a
direita, o primeiro 8 que aparece, corresponde a 800 (8 centenas) e o segundo
8 que aparece corresponde a 8 (8 unidades).

Operaes Bsicas:

1) Soma: para efetuarmos a soma de dois nmeros, basta agrup-los de


acordo com suas ordens e lembrar que cada ordem no pode ter um valor igual
ou superior a 10. Por exemplo, vamos efetuar a seguinte soma:
Exemplo 1:

603 + 79 =

Centena (10 = 100) Dezena (101 = 10) Unidade (100 = 1)


6 0 3
7 9
7 + (1)** 3+9 = 12*
6 8 2

* Observe que 12 passou de 10. De fato, 12 10 + 2 e portanto 12 representa


1 dezena + 2 unidades. Deste modo, na casa das unidades deixamos o 2 e
acrescentamos 1 na casa da dezena.
** Este 1 representa a dezena formada ao efetuarmos a soma das unidades.

Obs: esse o famoso processo do "vai um" que tanto estamos habituados a
falar.

1
Armando a conta, teramos o seguinte esquema: 6 0 3
+ 7 9
6 8 2

O processo se repete independente do tamanho dos nmeros.

Exemplo 2:

1.853.076 + 85.664 =

3a Classe 2a Classe 1a Classe


Centena Dezena Unidade Centena Dezena Unidade Centena Dezena Unidade
de de de de de de
Milho Milho Milho Milhar Milhar Milhar Simples Simples Simples
1 8 5 3 0 7 6
8 5 6 6 4
8+1 13 8 6+1 13 + 1 10
1 9 3 8 7 4 0
Obs: neste exemplo, por trs vezes o valor em uma ordem igualou ou superou
10 e, portanto, foi acrescentado 1 na ordem posterior.

Armando a conta, teramos o seguinte esquema:

1 1 1
1 8 5 3 0 7 6
+ 8 5 6 6 4
1 9 3 8 7 4 0

importante observar que este processo semelhante quando


trabalhamos com nmeros decimais (com vrgula). Sempre devemos somar os
nmeros que correspondem a mesma ordem.

Propriedade

Para efetuarmos somas importante sabermos suas propriedades para


facilitar o processo. Temos que a soma comutativa, ou seja, no importa a
ordem que efetuamos as parcelas. Assim, uma conta pode ficar muito mais
fcil de ser feita se simplesmente trocarmos as parcelas de lugar.
Exemplo:

27 + 19 + 3 = 27 + 3 + 19 = 30 + 19 = 49

Observe que ao invs de perder tempo efetuando 27 + 19, ao juntarmos


o 27 com o 3 o clculo ficou muito mais intuitivo e, portanto, mais rpido.

2) Subtrao: O processo de subtrair semelhante ao de somar, exceto nos


casos em que no h como subtrair entre uma mesma ordem. Vejamos dois
exemplos:

Exemplo 1: (Quando possvel efetuar as operaes entre as ordens.)

953 - 132 =
Centena (10 = 100) Dezena (101 = 10) Unidade (100 = 1)
9 5 3
1 3 2
9-1=8 5-3=2 3-2 =1
8 2 1

Exemplo 2: (Quando no possvel efetuar as operaes entre as ordens.)

713 - 85 =

Neste caso, quando no h uma quantidade suficiente na ordem,


operamos o caminho contrrio do que fazemos na soma e pegamos 1
emprestado da ordem superior. Vale ressaltar que quando nos referimos a
nmeros positivos, uma subtrao s pode ser feita se o valor a ser subtrado
for menor que o valor inicial.

Centena (10 = 100) Dezena (101 = 10) Unidade (100 = 1)


7 (-1)** 1 (-1)** 3
8 5
10* - 8 13* - 5
6 2 8

* 13 o valor de uma dezena (1 dezena corresponde a 10 unidades) que


pegamos na ordem posterior mais o 3 que j havia na ordem das unidades.
* 10 o valor da centena (1 centena corresponde a 10 dezenas) que pegamos
na ordem posterior mais 0, visto que o 1 j havia sido emprestado.
** (-1) o valor que foi pego emprestado
** (-1) o valor que foi pego emprestado
Armando a conta, teramos o seguinte esquema:

6 10 13
7 1 3
- 8 5
6 2 8

Observao: Vale ressaltar que a propriedade comutativa no se aplica na


subtrao.

3) Multiplicao: para efetuarmos a multiplicao importante aprendermos,


antes de mais nada, a propriedade distributiva. Todo processo de multiplicao
que aprendemos com base nesta propriedade e se bem assimilada
ganhamos tempo nos clculos.

De forma algbrica temos:

A x (B + C) = A x B + A x C

Numericamente podemos efetuar multiplicaes:

5 x 14 5 x (10 + 4) = 5 x 10 + 5 x 4 = 50 + 20 = 70

Observe que o processo, ao utilizarmos o algoritmo da multiplicao, o


mesmo:

2
1 4
X 5
7 0
Tambm aqui ns multiplicamos o 5 pelo 4, resultando 20. Como 20
unidades equivalem a 2 dezenas, o dois acrescentado na ordem posterior
(assim como no processo da soma). Em seguida multiplicamos o 5 por 1
dezena (10). Somando as parcelas obtemos o resultado da multiplicao.

25 x 17 25 x (10 + 7) (20 + 5) x (10 + 7) = 20 x 10 + 20 x 7 + 5 x 10 + 5 x 7


= 200 + 140 + 50 + 35 = 425
Observe que o processo, ao utilizarmos o algoritmo da multiplicao, o
mesmo:
3
2 5
X 1 7
11 7 5
+ 2 5* 0
4 2 5

* Neste caso quando multiplicamos o 1 da dezena pelo 5 da unidade, devemos


posicionar o resultado na casa das dezenas pois 5 vezes uma dezena (5 x 10)
corresponde a 5 dezenas (50). comum tambm completar a casa da unidade
que est vazia com o zero (seu representante).

4) Diviso: o processo de diviso consiste em formar grupos. Deste modo,


dividir nada mais do determinar quantas vezes podemos retirar um nmero
do outro.

Por exemplo, dividir 12 por 4, consiste em determinar quantas vezes eu posso


retirar o 4 do 12. Neste caso a resposta seria 3 e no haveria resto. (12 - 4 = 8;
8 - 4 = 4 e 4 - 4 = 0).

No caso de dividirmos 27 por 6 teramos como resultado 4 e como resto 3, visto


que pegando o 6 quatro vezes (6 x 4) temos 24 e ainda sobram 3 (menor que
6).
Observemos isto utilizando o algoritmo da diviso:

Exemplo 1: Resto nulo Exemplo 2: Resto no nulo

Dezena Unidade Unidade Dezena Unidade Unidade

1 2 4 2 7 6

0 3 3 4
Nomenclaturas:

Dividendo Divisor

Resto Quociente

Temos que: dividendo = Quociente x Divisor + Resto

Exemplo 3:

589 5 =

Centena Dezena Unidade Centena Dezena Unidade

5' 8 9 5
0 8' 1 1 7
3 9'
4
Exemplo 4:

541 5 =

Centena Dezena Unidade Centena Dezena Unidade

5' 4 1 5
0 4' 1 0 8
4 0'
1

Observe que devemos dividir as maiores ordens primeiro. Caso o


algoritmo de uma ordem seja menor que o divisor, preenchemos a referida
ordem com zero, transformamos ser valor relativo a ordem seguinte e
adicionamos a ele o valor que consta nesta ordem. No exemplo quatro, quando
vamos pegar a ordem das dezenas, fazemos 4 5. Como 4 menor que 5,
teremos 0 dezenas no quociente. Para continuar a diviso transformamos 4
dezenas em 40 unidades e adicionamos a 1 unidade que j constava l.
Desenvolvendo Competncias

1. O Sistema Monetrio Colonial do Brasil mantinha uma


clssica ordem de valores baseados nas dezenas, com seus
valores dobrados a cada nvel acima de moeda cunhada,
portanto com valores de 10, 20, 40, 80, 160, 320, 640 e 960
ris; o que em grande parte minimizava a problemtica do
troco. No entanto, a provncia de Minas Gerais produziu
um problema to grave de troco, no incio da segunda
dcada do sculo XIX, que afetou diretamente os interesses
da metrpole e exigiu medidas drsticas para evitar grandes
perdas ao cofre portugus. [...]
Para resolver o problema, em 1818, a Casa da Moeda do Rio de Janeiro, desativada
desde 1734, foi reaberta para cunhar uma das moedas mais intrigantes da histria da
numismtica mundial, o Vintm de Ouro. O nome sugere uma moeda de vinte ris
cunhada em ouro, no entanto uma moeda de cobre que tem no seu anverso o valor de
37 ris, batida no Rio de Janeiro para circular em Minas Gerais.

(O SISTEMA. 2013 ).

De acordo com o texto, se uma pessoa tivesse que efetuar um pagamento de 680
ris e s possusse moedas de Vintm de Ouro, ento, ao realizar esse pagamento, ele
poderia receber de troco uma quantidade mnima de moedas, correspondente a uma
moeda de

a) 40 ris.
b) 80 ris.
c) 10 e outra de 20 ris.
d) 10 e outra de 40 ris.
e) 10, uma de 20 e uma de 40 ris.

2. Todos os anos, a Receita Federal alerta os contribuintes para no deixarem o envio de


seus dados para o ltimo dia do prazo de entrega, pois, aps esse prazo, ter que pagar
uma multa. Em certo ano, a quatro dias do prazo final, contabilizou-se o recebimento de
16,2 milhes de declaraes, o equivalente a cerca de 60% do total estimado pela
Receita Federal. Nesse mesmo momento, foi observado que a mdia de entrada era de
aproximadamente 90 000 declaraes por hora.

Disponvel em: www.folha.uol.com.br. Acesso em: 30 maio 2010 (adaptado).

Considerando o total estimado para entrega e permanecendo nesses ltimos dias


a mesma mdia por hora de recebimentos das declaraes, qual a quantidade
aproximada de pessoas que tero que pagar multa por atraso, sabendo que a Receita
Federal recebe declaraes 24 horas por dia?
a) 2,16 milhes
b) 4,05 milhes
c) 6,21 milhes
d) 7,65 milhes
e) 8,64 milhes

3. Camile gosta de caminhar em uma calada em torno de uma praa circular que possui
500 metros de extenso, localizada perto de casa. A praa, bem como alguns locais ao
seu redor e o ponto de onde inicia a caminhada, esto representados na figura:

Em uma tarde, Camile caminhou 4 125 metros, no sentido anti-horrio, e parou.


Qual dos locais indicados na figura o mais prximo de sua parada?

a) Centro cultural.
b) Drogaria.
c) Lan house.
d) Ponto de partida.
e) Padaria.
Gabarito:
1.e; 2.a; 3.e;
Curso Completo
Matemtica
Professor Andr Novaes

Unidades de medidas

Existem diversos modos de se medir uma grandeza. Atravs da histria


humana, diversos povos e civilizaes utilizaram unidades e mtodos variados
para medir as grandezas como distncia, tempo e massa.
O grande problema que a diversidade dessas unidades de medidas
causam confuso quando as informaes so trocadas. Imagina se cada pas
tivesse uma unidade de medida distinta para cada grandeza (por muitos anos
foi assim)? Seria um caos, correto? Pois , devido a isso, adotamos como
sistema internacional o sistema mtrico como unidade de medida padro de
distncia, rea e volume.
Apesar disso no incomum nos depararmos com unidades de medidas
distintas por a. Aqui no Brasil ainda comum utilizarmos medidas como "are"
e "hectares" para determinar a rea de uma regio, ainda utilizamos o Litro e
seus submltiplos para determinar volume e se pegarmos outros pases, como
os Estados Unidos da Amrica, ainda veremos que seu sistema de medida
usual bem diferente do sistema dito universal. De qualquer maneira, o
sistema universal que todos utilizam quando querem trocar informaes
(pesquisas cientificas, projetos arquitetnicos, etc).

Vamos comear definindo o que uma unidade de medida.

Unidade de medida:

uma medida (ou quantidade) especfica de determinada grandeza


fsica usada para servir de padro para outras medidas.

No caso do sistema internacional a unidade de medida de distncia


padro o metro.
1) Distncia (Metro, mltiplos e seus submltiplos)

Mltiplos Submltiplos

x 10 x 10 x 10 x 10 x 10 x 10

Quilmetro Hectmetro Decametro Metro Decmetro Centmetro Milmetro


(Km) (Hm) (Dam) (m) (dm) (cm) (mm)

10 10 10 10 10 10

Cada casa que andamos para a direita, multiplicamos por 10 o valor da


casa anterior. Se andarmos para a esquerda, dividimos por 10, ou seja, para
trocar entre as unidades de medidas, basta deslocarmos a vrgula casa a casa.
2) rea (Metro Quadrado, mltiplos e seus submltiplos)

Mltiplos Submltiplos

x 100 x 100 x 100 x 100 x 100 x 100

Km Hm Dam m dm cm mm

100 100 100 100 100 100

Observe que como a rea possui duas dimenses (largura e


comprimento) as unidades de medida esto ao quadrado. Deste modo a
unidade padro o metro quadrado, ou seja, um quadrado de dimenses 1m x
1m e por isso, para passarmos as medidas para a casa a direita, devemos
multiplicar por 100 (que 10).
3) Volume (Metro Cbico, mltiplos e seus submltiplos)

Mltiplos Submltiplos

x 1000 x 1000 x 1000 x 1000 x 1000 x 1000

Km Hm Dam m dm cm mm

1000 1000 1000 1000 1000 1000

Observe que como o volume possui trs dimenses (largura,


comprimento e profundidade) as unidades de medida esto ao cubo. Deste
modo a unidade padro o metro cbico, ou seja, um cubo de dimenses 1m x
1m x 1m e por isso, para passarmos as medidas para a casa a direita,
devemos multiplicar por 1000 (que 10).

No caso do volume, comum utilizarmos tambm o Litro como unidade


de medida. Neste caso importante saber a relao entre o Litro (e seus
submltiplos) e o metro cbico (e seus submltiplos).

importante saber que: 1 Litro = 1 dm


Observe a tabela do Litro, mltiplos e de seus submltiplos.

Mltiplos Submltiplos

x 10 x 10 x 10 x 10 x 10 x 10

Quillitro Hectlitro Decalitro Litro Declitro Centlitro Millitro


(Kl) (Hl) (Dal) (L) (dl) (cl) (ml)

10 10 10 10 10 10

Observe que a tabela se assimila com a tabela da distncia.

4) Massa (Grama, mltiplos e seus submltiplos)

Mltiplos Submltiplos

x 10 x 10 x 10 x 10 x 10 x 10

Quilgrama Hectgrama Decagrama grama Decgrama Centgrama Milgrama


(Kl) (Hl) (Dal) (g) (dl) (cl) (ml)

10 10 10 10 10 10

Observe que a tabela se assimila com a tabela da distncia e do volume em


Litros.

comum a utilizao da unidade de medida de massa tonelada. Importante


saber que:

1 tonelada = 1000 Kg
5) Tempo

Para medir tempo, as unidades de medida so determinadas de acordo


com a durao do evento a ser medido e difere um pouco dos exemplos
anteriores pois a relao entre eles no to constante como neles.

Vamos iniciar relacionando hora, minuto e segundo:

1 hora = 60 minutos

1 minuto = 60 segundos

Observe que a base neste caso no mais o 10 e sim o 60.


Multiplicamos e dividimos por 60 para transformar as unidades.

Alm de hora, minuto e segundo, vale registrar que utilizamos como


unidade de medida os dias, semanas, meses, anos, dcadas, sculos entre
outros. Observemos aqui a relao desses principais:

1 dia = 24 horas

1 semana = 7 dias

1 ms = 30 dias

1 ano = 365 dias*

1 dcada = 10 anos

1 sculo = 100 anos

* Lembrando que os anos bissextos possuem 366 dias e que a durao do ano
comercial de 360 dias, pois admiti-se cada ms com 30 dias e este o valor
(360) utilizado na matemtica financeira e contabilidade.
Desenvolvendo Competncias

1. Para realizar uma campanha de imunizao infantil, a prefeitura recebeu


1.728 litros de certa vacina distribuda em 80 caixas, cada uma contendo o
mesmo nmero de ampolas de 18 cm3. Para vacinar 114.000 crianas, em
dose nica, o nmero de caixas, a mais, da vacina que a prefeitura dever
receber
a) 5.
b) 10.
c) 15.
d) 20.

2. A velocidade da luz, que de trezentos mil quilmetros por segundo,


expressa em centmetros por segundo, ser igual a:
a) 3,0 x 109 cm/s
b) 3,0 x 108 cm/s
c) 3,0 x 1010 cm/s
d) 3,0 x 1011 cm/s
e) 3,0 x 106 cm/s

3. Os organizadores de um show sobre msica popular brasileira, a ser


realizado em uma praa com rea livre e plana de 10.000 m, tomaram como
padro que o espao ocupado por uma pessoa equivaleria a um retngulo de
dimenses 40cm por 50cm.Considerando que toda a rea livre da praa seja
ocupada pelo pblico presente, conclui-se que o nmero de pessoas presentes
ao evento ser aproximadamente:

a) 60.000
b) 40.000
c) 50.000
d) 55.000
e) 30.000

Gabarito:

1. c; 2. c; 3. c;
Curso Completo
Professor Joo Felipe
Geografia

Conceitos fundamentais: Espao, Paisagem, Territrio, lugar e Regio.

Diferenas e semelhanas entre paisagem e espao

Denominamos paisagem a parte da superfcie da terra que nossos olhos


conseguem abarcar, ou seja, a parte visvel da superfcie terrestre. A paisagem
possui elementos naturais, como, por exemplo, a vegetao, os rios, o relevo e
construes humanas, como as residncias, fazendas, estradas e fbricas,
como voc pode ver no exemplo a seguir:

Disponvel em: http://www.spaincenter.org. Acessado em: 08/12/2015.

A paisagem a aparncia do espao geogrfico, ou seja, a face visvel do


espao geogrfico. Esse outro conceito, no entanto, mais amplo, porque o
espao geogrfico o conjunto de elementos naturais e artificiais, criaes
humanas, mas tambm, o uso que a sociedade faz desses elementos. O
fragmento a seguir, do professor baiano, Milton Santos, esclarece a diferena
entre esses dois conceitos:
Durante a guerra fria,os laboratrios do Pentgono chegaram a cogitar a
produo de um engenho, a bomba de nutrons, capaz de aniquilar a vida
humana em uma dada rea, mas preservando todas as construes. O
presidente Kennedy afinal renunciou de levar a cabo esse projeto. Seno, o que
na vspera seria ainda o espao, aps a temida exploso seria apenas
paisagem. No temos melhor imagem para mostrar a diferena entre esses dois
conceitos.
Santos, Milton. A Natureza do Espao. So Paulo: EDUSP, 2002, 4 edio.
Ao analisarmos a produo do espao Geogrfico devemos considerar o
papel das inovaes tecnolgicas, pois com a tecnologia cada vez mais
desenvolvida, a sociedade aumenta sua capacidade de alterar mais
intensamente as condies naturais.
Se analisarmos a produo do espao geogrfico ao longo do tempo,
percebemos que no passado as condies naturais eram determinantes para a
distribuio das atividades econmicas e, consequentemente, dos prprios
aglomerados populacionais. Se pensarmos, por exemplo, no desenvolvimento
da agricultura h cerca de 10.000 anos, as reas prximas aos rios e com solos
frteis so utilizadas para realizar a produo devido s suas vantagens
naturais. Passado tanto tempo, as sociedades so capazes de produzir em reas
ridas e semiridas, utilizando tcnicas modernas de irrigao e, em regies de
solos pobres, com o uso de fertilizantes.
As cidades mais antigas possuem localizao condicionada a fatores
naturais, como por exemplo a proximidade com rios e lagos, importantes para o
abastecimento de gua e para o transporte.Atualmente, h diversos exemplos
de cidades mais novas criadas em locais em que no perceptvel uma
vantagem natural mas a tecnologia permite a superao de certas dificuldades.

O Territrio
Nos estudos geogrficos, o territrio a poro do espao definida pelas
relaes de poder, ou seja, uma parte do Espao Geogrfico, com diferentes
escalas, definida por alguma forma de controle.
relativamente simples compreender esse conceito se nos limitarmos a
analisar o territrio nacional. Ao estudarmos um determinado pas, o seu
territrio a sua base espacial, o local onde valem as leis regulamentadas pelo
governo desse pas.
No entanto, o conceito de territrio no se aplica apenas ao Territrio
Nacional, ou seja, a base espacial dos Estados-Naes. O controle, declarado
ou no, de reas do Espao Geogrfico, define a ideia de territrio.
O grupo que se apropria de um territrio ou se organiza sobre ele cria relao
de territorialidade, que pode ser definida como a relao entre os agentes
econmicos, sociais ou polticos e a gesto do espao.

O conceito de Lugar para a geografia

Nos estudos geogrficos o conceito de lugar, utilizado por diversas reas de


estudos, envolve a dimenso da existncia que se manifesta atravs do dia a dia
compartilhado entre as mais diversas pessoas, empresas e instituies.
Obrigatoriamente, a ideia de lugar envolve as relaes de determinados grupos
com determinadas partes da superfcie terrestre, criando uma dimenso afetiva
nesse convvio, o que pode ser percebido em expresses como meu lugar,
prefiro esse lugar etc.

A Regio

As regies so partes do espao geogrfico, com diferentes escalas, definidas


a partir de um determinado critrio, ou seja, regionalizar delimitar conjuntos ou
parcelas do territrio que possuem alguma identidade (fsica, poltica, cultural,
econmica), diferentes sistemas tcnicos, cientficos e informacionais. Observe
a seguir, diferentes formas de regionalizao do Brasil:

Disponvel: http://www.mapasparacolorir.com.br. Acessado: 08/12/2015.


DESENVOLVENDO COMPETNCIAS

1 (UFU). A Geografia se expressou e se expressa a partir de um conjunto de


conceitos que, por vezes, so considerados erroneamente como equivalentes, a
exemplo do uso do conceito de espao geogrfico como equivalente ao de
paisagem, entre outros.

Considerando os conceitos de espao geogrfico, paisagem, territrio e lugar, assinale a


alternativa INCORRETA.

a) A paisagem formada apenas por elementos naturais; quando os elementos humanos e


sociais passam a integrar a paisagem, ela se torna sinnimo de espao geogrfico.

b) O espao geogrfico (re) construdo pelas sociedades humanas ao longo do tempo, atravs
do trabalho. Para tanto, as sociedades utilizam tcnicas de que dispem segundo o momento
histrico que vivem, suas crenas e valores, normas e interesses econmicos. Assim, pode-se
afirmar que o espao geogrfico um produto social e histrico.

c) O lugar concebido como uma forma de tratamento geogrfico do mundo vivido, pois a
parte do espao onde vivemos, ou seja, o espao onde moramos, trabalhamos e estudamos,
onde estabelecemos vnculos afetivos.
d) A categoria territrio possui uma relao estreita com a de paisagem e pode ser considerada
como um conjunto de paisagens contido pelos limites polticos e administrativos de uma cidade,
estado ou pas.

O meu lugar,
Tem seus mitos e seres de luz,
bem perto de Oswaldo cruz ,
Cascadura, Vaz Lobo, Iraj.
O meu lugar,
sorriso, paz e prazer,
O seu nome doce dizer.
Madureira,ia, Iai.
Madureira,ia, Iai.
Em cada esquina um pagode um bar,
Em Madureira.
Imprio e Portela tambm so de l,
Em Madureira.
E no mercado voc pode comprar
Por uma pechincha voc vai levar,
Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar,
Em Madureira.

CRUZ,A. Meu lugar.

Na msica de Arlindo Cruz possvel perceber que a ideia de lugar consiste na interrelao entre a cultura
objetiva e a cultura subjetiva.

Sobre o conceito de LUGAR INCORRETO afirmar:

a) O lugar tido como um intermdio entre o mundo e o indivduo. Neste, a lgica do desenvolvimento dos
sistemas sociais no se manifesta pela unidade das tendncias opostas individualidade e globalidade.

b) A realidade que se constri no lugar tensa, pois se refere a um dinamismo que se recria a cada
instante/momento entre homens, empresas, instituies e meio ambiente construdo.
c) No lugar as relaes so, permanentemente, instveis, em que globalizao e localizao, globalizao e
fragmentao so termos de uma dialtica que se refaz com freqncia.
d) A individualizao e especializao produtiva de cada lugar (re) produz sua rede urbana, funo urbana,
estrutura e uso do solo, habitao, renda, segregao social, meios de consumo e informao, papel do
Estado entre outros. A uma maior globalidade corresponde uma maior individualidade.
e) Ao revisitar os lugares, no mundo atual, encontraremos novos significados, novas identidades, pois esses
so construdos no cotidiano/mundo vivido e considera as variveis: objetos, aes, tcnica, informao e
tempo.

3.Em vrias reas do conhecimento, o conceito de regio utilizado com diferentes propsitos ou
objetivos. Na Literatura, por exemplo, esse conceito foi usado em obras literrias e traduz delimitaes
espaciais, expressas no regionalismo, como foi o caso de escritores nordestinos, como Rachel de Queiroz,
Jos Lins do Rego, Jorge Amado, Ariano Suassuna, entre outros. Na Sociologia, tambm se pode encontrar
esse mesmo recorte regionalista, como o elaborado por Gilberto Freyre. Para a Geografia, o conceito de
regio tem importante significado.

(MARTINS, D.; et al. Geografia sociedade e cotidiano: fundamentos. Vol. 01. 3 ed. So Paulo: Escala
Educacional, 2013. p.36)

O conceito de regio para a Geografia melhor se identifica em uma das afirmaes a seguir. Assinale-a.

a) Organizao do agrupamento das paisagens naturais da Terra.

b) Criao racional em que se divide uma rea com base em critrios previamente estabelecidos.

c) Diviso social das prticas humanas que diz respeito aos processos de composio dos elementos
urbanos.

d) Delimitao espacial realizada a partir da posse, soberania ou domnio sobre uma determinada rea a
partir de uma relao de poder.

e) Representao cognitiva dos elementos culturais humanos e das paisagens naturais.


4 (UFPI). Para o gegrafo Milton Santos paisagem o domnio do visvel, aquilo que a vista abarca. No
formada apenas por volumes, mas tambm de cores, movimentos, odores, sons (...). A dimenso da
paisagem a dimenso da percepo, o que chega aos sentidos. (Metamorfose do Espao Habitado. So
Paulo: Hucitec, 1996, p.61-62).

Considerando essa afirmao, analise as sentenas a seguir:

I. A simples observao da paisagem no nos traz explicaes sobre as funes das edificaes, da
organizao dos sistemas de produo e de tecnologias empregadas.
II. Apenas os elementos naturais so suficientes para entendermos o espao geogrfico, visvel atravs das
paisagens.
III. Ao considerarmos os elementos naturais, as funes dos espaos construdos, as relaes e as estruturas
econmicas, sociais e polticas, estamos tratando do espao geogrfico e no apenas das paisagens.
IV. As paisagens geogrficas envolvem no somente os aspectos naturais, mas tambm os aspectos visveis
da cultura das sociedades.

Est correto apenas o que se afirma em:

a) I e II
b) II e III
c) II e IV
d) I, II e IV
e) I, III e IV

5. (UEPB) De acordo com a composio Triste Partida de Patativa do Assar, nas estrofes que dizem

No topo da serra
Oiando pra terra
Seu bero, seu lar
[...]
Aquele nortista
Partido de pena
De longe acena
Adeus meu lugar...
A categoria geogrfica lugar que aparece no fragmento do texto est empregada
a) com o sentido de paisagem, pois do topo da serra que o retirante delimita visualmente o que ele
denomina como o seu lugar.
b) erroneamente porque ningum pode ter o sentimento de identidade e de pertencimento a uma terra
inspita que s lhe causa sofrimento. O lugar para cada pessoa o espao onde consegue se reproduzir
economicamente.
c) com o sentido de territrio, pois trata-se de um espao apropriado pelo fazendeiro, o qual exerce sobre o
mesmo uma relao de poder.
d) corretamente porque est impregnada de emoes e de afetividade. H uma identidade de pertencimento
para com esta parcela do espao.
e) com conotao de regio natural, pois trata-se do Serto nordestino de abrangncia do clima semi-rido
de chuvas escassas e irregulares e da presena da vegetao de caatinga.

6. (UFU) A Geografia se expressou e se expressa a partir de um conjunto de conceitos que, por vezes, so
considerados erroneamente como equivalentes, a exemplo do uso do conceito de espao geogrfico como
equivalente ao de paisagem, entre outros.
Considerando os conceitos de espao geogrfico, paisagem, territrio e lugar, assinale a
alternativa INCORRETA.
a) A paisagem geogrfica a parte visvel do espao e pode ser descrita a partir dos elementos ou dos
objetos que a compem. A paisagem formada apenas por elementos naturais; quando os elementos
humanos e sociais passam a integrar a paisagem, ela se torna sinnimo de espao geogrfico.
b) O espao geogrfico (re)construdo pelas sociedades humanas ao longo do tempo, atravs do trabalho.
Para tanto, as sociedades utilizam tcnicas de que dispem segundo o momento histrico que vivem, suas
crenas e valores, normas e interesses econmicos. Assim, pode-se afirmar que o espao geogrfico um
produto social e histrico.
c) O lugar concebido como uma forma de tratamento geogrfico do mundo vivido, pois a parte do espao
onde vivemos, ou seja, o espao onde moramos, trabalhamos e estudamos, onde estabelecemos vnculos
afetivos.
d) Historicamente, a concepo de territrio associa-se ideia de natureza e sociedade configuradas por um
limite de extenso do poder. A categoria territrio possui uma relao estreita com a de paisagem e pode
ser considerada como um conjunto de paisagens contido pelos limites polticos e administrativos de uma
cidade, estado ou pas.

Gabarito:

1.a; 2.a; 3.b; 4.e; 5.d; 6.a


Curso Completo
Professor Joo Felipe
Geografia
Formao Geolgica da Terra

Estrutura Interna da Terra

Observando a densidade e a gravidade do globo terrestre, os cientistas


chegaram concluso de que a crosta e o interior do planeta possuem
constituies diferentes. Estudos sobre sismos e meteoritos indicaram que a
Terra constituda por vrias camadas e fornecem dados capazes de esclarecer
os elementos que os compem.

Existem enormes dificuldades para a elucidao dos segredos do interior


do nosso planeta. Tais dificuldades se devem ao fato de que o homem somente
tem acesso a materiais que esto no mximo a 30km de profundidade, como os
expelidos pelos vulces. Dessa forma, o conhecimento cientfico se baseia no
modo como as ondas ssmicas provocadas pelos terremotos se propagam.

O Ncleo

a parte central da Terra, formada por um ncleo slido, de cerca de


1.300Km de raio, a partir do centro do planeta, que se encontra rodeado por uma
camada lquida, que possui uma espessura de 2.100Km. Pesquisas em
meteoritos fazem crer que o ncleo seja constitudo por nquel e ferro, da ser
chamado tambm de nife. Limita-se externamente com o manto pela
descontinuidade de Wiechert-Gutemberg.
O Manto

Situado entre o ncleo e a litosfera, o manto constitudo por material


pastoso chamado magma. Apresenta temperaturas elevadssimas e uma
espessura de cerca de 2.900km. Limita-se com a litosfera atravs da
descontinuidade de Mohorovicic. Os terremotos e o vulcanismo tm como origem
a presso exercida pelo magma do manto na crosta.

A Crosta Terrestre

A crosta terrestre a parte externa consolidada da Terra. Nas reas


continentais, ela apresenta uma espessura de 30 a 50km, sendo formada por
duas camadas: a superior, denominada sial (devido ao predomnio de rochas
granticas, ricas em silcio e alumnio), e a inferior, chamada sima (que possui
constituio basltica, onde se sobressaem o silcio e o magnsio). Sob os
oceanos, a camada superior s existe nas bordas dos oceanos, e a camada
inferior (sima) possui uma espessura de apenas 6km.
A litosfera formada essencialmente por rochas, agregados naturais de
um ou mais minerais. Podem-se distinguir trs grandes grupos de rochas: rochas
magmticas, metamrficas e sedimentares.

A Teoria das Placas Tectnicas

Em 1912, o alemo Alfred Wegener formulou a teoria da deriva


continental. Segundo sua teoria, baseada em evidncias fsseis e semelhanas
geolgicas e geogrficas entre os continentes, principalmente Amrica do Sul e
frica, os continentes formavam um bloco nico que posteriormente se dividiu.
Esse ancestral dos continentes atuais, denominado Pangia, se fragmentou em
diversas partes, que se afastaram umas das outras durante centenas de milhes
de anos, at formarem a configurao que temos hoje em dia da superfcie
terrestre. As foras responsveis por esse afastamento ainda continuam agindo,
separando os continentes.
Entretanto, na poca em que Wegener lanou a teoria, o conhecimento
cientfico no permitia sua comprovao. Assim, os argumentos por ele
utilizados (a migrao dos plos, as foras provocadas pela rotao da Terra e
a atrao gravitacional da Lua e do Sol) no foram capazes de convencer a
comunidade cientfica de seu tempo.
Somente a partir da dcada de 60, com o aprimoramento do
conhecimento cientfico e o uso do sonar, foi possvel comprovar a migrao das
massas continentais.
Sob os oceanos, h sistemas de falhamentos que permitem a subida de
material vulcnico do manto superior, formando verdadeiras cordilheiras
submarinas. Nessas dorsais ocenicas, o magma, ao ascender, fora
lateralmente o assoalho dos oceanos, empurrando as placas e provocando o
afastamento dos continentes. Confirmando este fato, foi observado que a
cordilheira mesoatlntica constituda por material geologicamente mais
recente que o encontra do prximo das massas continentais. Dessa forma, a
placa americana empurrada para o oeste, em direo placa de Nazca. O
dobramento andino fruto do choque entre essas duas placas. A, a placa de
Nazca mergulha nas profundezas do manto, recebendo o nome de cone de
subduco.
Resumindo, podemos dizer que a litosfera formada por diversas placas
rgidas com espessura varivel 50km sob os oceanos e 150km nos continentes
abarcando, portanto, a crosta e parte do manto superior. O movimento das
correntes ascendentes do manto provoca o afastamento entre as placas, de um
lado, e o afastamento no substrato magmtico, de outro.
Disponvel em: http://christopherdeldridge.com. Acessado em: 08/12/2015.

A Deriva dos Continentes

Quatro bilhes de anos (?)

Disponvel em: http://christopherdeldridge.com. Acessado em: 08/12/2015.


Trezentos milhes de anos atrs.

Disponvel em: http://christopherdeldridge.com. Acessado em: 08/12/2015

Oitenta milhes de anos atrs.

Disponvel em: http://christopherdeldridge.com. Acessado em: 08/12/2015

Um milho de anos atrs

Disponvel em: http://christopherdeldridge.com. Acessado em: 08/12/2015


Atual

Disponvel em: http://christopherdeldridge.com. Acessado em: 08/12/2015

Estruturas Geolgicas

Escudos Cristalinos

Os escudos cristalinos se formaram h vrias centenas de anos, durante


a era Pr-Cambriana, como resultado da solidificao do material magmtico.
Os escudos apresentam rochas magmticas plutnicas, como os granitos,
os doritos e os gabros, que, devido ao lento resfriamento do magma, possuem
estrutura cristalina. Alm destas, os escudos antigos tambm possuem rochas
metamrficas, como os gnaisses resultantes da transformao das rochas
magmticas pelas condies de presso e temperatura.
A importncia econmica dos escudos cristalinos deve-se grande
ocorrncia de minerais metlicos que eles abrigam, como o ferro, o zinco, o
cobre etc.

Bacias Sedimentares

As bacias sedimentares formam-se com a deposio de detritos ou


sedimentos nas depresses do relevo. As mais antigas se consolidaram no
Paleozico e no Mesozico, como resultado do desgaste dos macios pr-
cambrianos e a sedimentao nas reas rebaixadas. As mais recentes se
formaram durante a era Cenozica. Normalmente, as bacias sedimentares
originam plancies fluviais e litorneas. Porm, s vezes, elas so soerguidas por
movimentos tectnicos, constituindo baixos planaltos e plats.
As bacias podem possuir rochas sedimentares inorgnicas, como
calcrio, ou orgnicas, como o carvo mineral. As orgnicas se formaram com a
sedimentao de microrganismos terrestres ou marinhos, que se transformaram
lenta mente durante milhes de anos. Sua importncia relaciona-se com a
possibilidade de ocorrncia de combustveis fsseis, como o petrleo e o carvo
mineral.

Dobramentos Modernos

Resultante do choque entre as placas tectnicas, que ocorreram no incio


do Tercirio. Nessas reas se formaram as grandes cordilheiras montanhosas
que temos hoje: Himalaia, Andes, Rochosas, Alpes etc.
Pelo fato de serem reas de choque e acomodao entre placas, so
zonas onde h intensa atividade do interior da Terra. Nos dobramentos se
concentram os vulces do nosso planeta, alm de ocorrerem a maioria e os mais
intensos terremotos.
Desenvolvendo Competncias

1 (Enem MEC). Para compreender o processo de explorao e o consumo dos


recursos petrolferos, fundamental conhecer a gnese e o processo de
formao do petrleo descritos no texto abaixo:

O petrleo um combustvel fssil originado provavelmente de restos de vida


aqutica acumulados no fundo dos oceanos primitivos e cobertos por
sedimentos. O tempo e a presso do sedimento sobre o material depositado no
fundo do mar transformaram esses restos em massas viscosas de colorao
negra denominadas jazidas de petrleo.

(Adaptado de TUNDISI. Usos de energia. So Paulo: Atual Editora, 1991.)

As informaes do texto permitem afirmar que:

a) o petrleo um recurso energtico renovvel a curto prazo, em razo da sua


constante formao geolgica;

b) a explorao de petrleo realizada apenas em reas marinhas;

c) a extrao e o aproveitamento do petrleo so atividades no poluentes, dada


sua origem natural;

d) o petrleo um recurso energtico distribudo homogeneamente, em todas


as regies, independentemente da sua origem;

e) o petrleo um recurso no renovvel a curto prazo, explorado em reas


continentais de origem marinha ou em reas submarinas.

2. (ENEM) O continente africano h muito tempo desafia os gelogos porque


toda a sua metade meridional, a que fica ao sul, ergue-se a mais de 1.333 metros
sobre o nvel do mar (...) Uma equipe de pesquisadores apresentou uma soluo
desse desafio sugerindo a existncia de um esguicho de lava subterrnea
empurrando o planalto africano de baixo para cima. (Adaptado de Revista
Superinteressante, So Paulo: Abril, novembro de 1998, p. 2)

Considerando a formao do relevo terrestre, correto afirmar, com base


no texto, que a soluo proposta :
a) improvvel, porque as formas do relevo terrestre no se modificam h milhes
de anos.

b) pouco fundamentada, pois as foras externas, como as chuvas e o vento, so


as principais responsveis pelas formas de relevo.
c) plausvel, pois as formas do relevo resultam da ao das foras internas e
externas, sendo importante avaliar os movimentos mais profundos no interior da
terra;

d) plausvel, pois a mesma justificativa foi comprovada nas demais regies da


frica;

e) injustificvel porque os movimentos mais profundos no interior da terra no


interferem nos acidentes geogrficos que aparecem na sua superfcie.

3. (Enem 2012) De repente, sente-se uma vibrao que aumenta rapidamente;


lustres balanam, objetos se movem sozinhos e somos invadidos pela estranha
sensao de medo do imprevisto. Segundos parecem horas, poucos minutos
so uma eternidade. Estamos sentindo os efeitos de um terremoto, um tipo de
abalo ssmico.

ASSAD, L. Os (no to) imperceptveis movimentos da Terra. ComCincia: Revista Eletrnica


de Jornalismo Cientfico, no 117, abr. 2010. Disponvel em: http://comciencia.br. Acesso em: 2
mar. 2012.

O fenmeno fsico descrito no texto afeta intensamente as populaes


que ocupam espaos prximos s reas de
a) alvio da tenso geolgica.

b) desgaste da eroso superficial.

c) atuao do intemperismo qumico.

d) formao de aquferos profundos.

e) acmulo de depsitos sedimentares.


4. PUC MG - A estrutura geolgica da superfcie terrestre constitui o embasamento do modelado do relevo,
em contnuo processo de transformao. So grandes estruturas geolgicas, EXCETO:
a) Os escudos cristalinos ou macios antigos, resultantes da solidificao do material magmtico e da
ascenso de suas formaes rochosas at a superfcie.

b) As bacias sedimentares, de formao antiga ou recente, resultantes da ao destrutiva da eroso sobre os


macios e da posterior deposio do material erodido sobre reas rebaixadas ou de sedimentao em
perodos mais recentes.

c) Os dobramentos modernos, originados do entrechoque de placas, formando os episdios mais recentes


de acomodao tectnica.
d) Os crculos de fogo, formadores de reas de elevada instabilidade tectnica, com elevada incidncia de
atividade vulcnica, terremotos e maremotos.

5. PUC MG - A teoria da Tectnica de Placas explica como a dinmica interna da Terra responsvel
pela estrutura da litosfera, sendo INCORRETO afirmar:

a) A litosfera a parte rgida que compe a crosta terrestre; segmentada em placas que flutuam em vrias
direes sobre o manto.

b) O movimento das placas pode ser convergente ou divergente, aproximando-as ou afastando-as, ou ainda
deslizando-as uma em relao outra.

c) A tectnica responsvel por fenmenos como formao de cadeias montanhosas, deriva dos
continentes, expanso do assoalho ocenico, erupes vulcnicas e terremotos.

d) As placas continentais e ocenicas possuem semelhante composio mineralgica bsica, uma vez que
essas placas compem a crosta terrestre.

6. As estruturas geolgicas da crosta terrestre refletem os processos que as originaram e ajudam a


reconstituir a histria do planeta. Em relao a esse assunto correto afirmar que:

a) Os escudos cristalinos constituem o embasamento fundamental das terras emersas, pois originaram-se
de dobramentos modernos.
b) As bacias sedimentares resultam da ao combinada dos processos destrutivos de eroso e dos processos
construtivos de acumulao ou sedimentao.
c) O ncleo da Terra encontra-se em estado pastoso.
d) O manto o envoltrio rochoso da Terra.
e) Os vulces so gerados por violentos movimentos de massas no interior do ncleo.

Bate-papo

1. Gabarito: e

O petrleo um combustvel fssil, sendo portanto no-renovvel.

2. Gabarito: c

A formao do relevo fruto da ao dos agentes internos e externos.

3. Gabarito: a

O alvio de tenso geolgica refere-se a um abalo ssmico ou terremoto,


cuja origem d-se em profundidade (hipocentro). As ondas ssmicas atingem a
superfcie (epicentro) e se propagam, podendo causar danos socioeconmicos.

4. Gabarito: d
5. Gabarito: d

6. Gabarito: b
Curso Completo
Professor: Marcelo Tavares
Histria
Mesopotmia

A - Contexto de Anlise

Por volta de 10.000 A.C grupamentos humanos nmades comearam a experimentar


o que se convencionou chamar de Revoluo Neoltica: a superao do nomadismo pelo
sedentarismo, possvel aps o desenvolvimento de tcnicas rudimentares de agricultura e
criao de animais.

a partir desse cenrio que o nosso raciocnio vai se desenvolver. Imagine que essas
comunidades comeam a se estabelecer em regies que permitem fcil acesso gua
(fundamental para a irrigao - lembrar do termo sociedades hidrulicas) e terras frteis.
No toa, os historiadores convencionaram chamar essa regio de crescente frtil, entre os
rios Tigre, Eufrates e Nilo. Ou seja, o bero da humanidade seria a regio dos atuais Iraque,
Ir, Kuwait.

Essas comunidades so orientadas por laos tribais, ou cls se vocs preferirem.


Podemos assim imaginar que numa mesma regio, vrios cls - ou tribos - se estabelecem.
Por um fator ou outro, algumas dessas tribos comeam a se desenvolver de maneira
acelerada, aprimorando tcnicas agrcolas e pecuaristas de maior intensidade. Algumas
tribos se tornam mais abastadas. Essas tribos mais ricas estimulam o casamento entre seus
filhos, ao ponto da gerao de herdeiros cada vez mais poderosos. As demais tribos, que
no tiveram a mesma sorte, acabam se submetendo progressivamente autoridade dos
poderosos interessadas em garantir benefcios como comida em tempos de escassez. Leis
so criadas organizando o comrcio. Com o passar do tempo, os lideres tribais poderosos
se transformam no que poderamos chamar de reis e vo garantindo respeito religioso.

Esses lderes assumem o ttulo de patesi: era o surgimento da autoridade poltica. No


momento em que essa autoridade se torna consensual e abrange vrios indivduos no
mesmo espao, alcanamos a configurao de um verdadeiro ncleo urbano. Era o
nascimento das cidades da mesopotmia.
De forma analtica precisamos ter em mente a seguinte sequncia: tribos sob o
comando de chefes; tribos mais fortes organizam laos de associao; herdeiros poderosos
comeam a explorar sua vantagem determinando leis e tributos; tribos subordinadas se
submetem, gerando uma configurao de cidade estado.

B- As tentativas de unificao

A mesopotmia antiga foi caracterizada pelas tentativas sucessivas de unificao


empreendidas por patesis poderosos que almejavam dominar no s a prpria cidade, mas
as demais, gerando a possibilidade de um Imprio. Uma estratgia de estudo determinar
a sucesso dessas tentativas:

Sumrios: a regio da Sumria era marcada por cidades estado independentes. Os


sumrios so considerados os responsveis pela inveno da escrita cuneiforme e pela
construo de templos religiosos, os zigurates. Os vestgios datam de 4000 A.C.

Acdios: a primeira tentativa de unificao se deu atravs de uma cidade chamada Acdia
e de seu patesi, Sargo I por volta de 2350 A.C. A cultura sumria passou a ser difundida e
serviu ao projeto de unificao.

Babilnia: o perodo da dominao acadiana no evitou o fortalecimento de uma cidade ,


Babilnia. O patesi de Babilnia, Hamurabi, garantiu o domnio da regio, definindo seus
modelos polticos, culturais e econmicos entre 1700 e 1500 A.C. No perodo inicial da
dominao Babilnica destacou -se a ao direta de Hamurabi, preocupado em fortalecer
as fronteiras do Imprio.Sua principal realizao se deu no campo do Direito: o cdigo de
Hamurabi era um registro de leis a serem observadas em todo o Imprio. O cdigo ficava
exposto em local pblico e era consultado por toda a populao. Registrava que o poder era
exercido pelo rei, mas que este tinha responsabilidade com seus sditos. O cdigo versava
sobre aspectos da vida cotidiana e era orientado pela Lei de Talio.Ainda assim, o cdigo
determinava leis equivalentes condio do cidado.O enfraquecimento do Imprio, gerou
nova onde de fragmentao ate que por volta de 730 A.C, uma nova regio se impe perante
as demais.
Assria: os assrios eram entendidos como excelentes guerreiros, mas pssimos
administradores.Sua centralizao militar no impediu o fortalecimento de um novo povo
que, com a ajuda dos babilnicos, assumiu nova inteno de unificao.

Caldeus: era criado o segundo Imprio Babilnico em 610 A.C. O Novo Imperio Babilnico
assumiu as heranas da centralizao assria, combinada com uma administrao mais
competente. O governo de Nabucodonosor incentivou as artes, a astronomia e ficou famoso
pela construo dos jardins suspensos.

A partir de 539 A.C os Persas ocupam a regio da mesopotmia.

C- Egito

Tambm considerada uma sociedade hidrulica, o Egito Antigo se desenvolveu


atravs de pressupostos prximos queles que analisamos. Grupamentos nmades se
aproveitaram das cheias do Rio Nilo (o que permitia o acmulo de hmus nas margens
quando as guas voltavam ao seu nvel normal) para desenvolver seu processo de
sedentarizao. A presena desses grupos se deu em perodo semelhante aos da
Mesopotmia, cerca de 10.000 anos antes de Cristo.

Lembra que falamos de comunidades ou cls? No Egito aconteceu processo


semelhante. Cada cl - ou nomos - era comandado por um nomarca.Os nomarcas tinham
poderes sobre sua prpria cidade e promoviam aes conjuntas com outros nomarcas o que
permitiu maior integrao. O fortalecimento de alguns nomarcas permitiu um primeiro
processo de centrealizao, formando-se 2 Imprios, o Baixo e o Alto Egito.Por volta de
3000 A.C os dois reinos so unificados. O nomarca nico passa a ser chamado de fara.

Lembre-se da dinmica analtica que desenvolvemos. A Unificao era difcil diante


da possibilidade de novas cidades se desenvolverem assumindo maior autoridade sobre
aquela que, em tempos anteriores, assumira essa mesma autoridade. No Egito isso tambm
aconteceu. Ao longo da histria, o Imprio foi fragmentando diversas vezes. O contedo
religioso aqui explica algo a mais.

Assim, teramos o Alto Imprio (3100-2300 A.C), o Mdio Imprio (2300-1580) e o


Novo Imprio (1580-520).
Cada fara se colocava como representante de um determinado Deus, dentro do
politesmo egpcio. Assim, a melhor forma de usurpar a autoridade de um determinado fara,
era um outro nomarca assumir a supremacia de um outro Deus.

A sociedade era altamente hierarquizada. As terras eram consideradas propriedades


do estado.

Abaixo vinham os sacerdotes, depois a nobreza (demais nomarcas) e os escribas.Os


camponeses eram a mo de obra por excelncia, tanto da produo agrcola quanto das
pirmides.

A Grcia Antiga

1- Poltica e Economia

Para aqueles que desejam aprimorar seu conhecimento sobre a histria das
civilizaes determinante a preocupao com a noo de contemporaneidade dos
eventos analisados. Vejamos o que isso: ainda que sejamos impulsionados a estabelecer
uma inflexvel ordem de eventos quando estudamos como se um processo s pudesse
comear quando um outro anterior terminasse - devemos ter em mente que muitos dos
nossos temas acontecem num mesmo perodo histrico.

Assim, levando em considerao essa perspectiva da contemporaneidade, enquanto


egpcios, babilnicos e persas cuidavam de seus assuntos pontos discutidos em outros
captulos desta apostila - grupos migratrios da sia e da Europa vo se fixando na
pennsula balcnica, a partir do sculo XX antes de Cristo. So eles os aqueus, elios e
jnios. Por volta de 1200 a. C (sculo XII a.C, portanto), esses grupos j compem um
conjunto de caractersticas polticas e culturais especficas: o que chamamos a Grcia
antiga.

Ainda que os gregos antigos nunca tenham constitudo uma unidade poltica (ou um
Estado Nacional, da forma como a Grcia hoje) se sentiam parte de um mesmo conjunto
lingustico e cultural: a Hlade. Politicamente estavam organizados notadamente a partir
do ano 700 a.C - no que chamamos plis, ou cidades-estados. Alis a palavra poltica, usada
h sculos para definir as relaes sociais na esfera pblica, vem justamente do termo plis.
Veja no mapa abaixo a distribuio das plis gregas. Em seguida observe o mapa que
representa a regio atualmente.

Disponvel em: http://www.suapesquisa.com. Acessado em: 02/12/2012.

A plis era, pois, uma comunidade poltica independente. As leis e sistemas


de governo variavam, mas convergiam para um objetivo nico: a administrao do espao
pblico, o estabelecimento de regras de convvio entre os cidados. Alis, no prprio espao
pblico das diversas poleis (o plural de plis) identificamos traos comuns como a gora
(praa central onde os cidados se reuniam para discusses pblicas) e a acrpole
(construo em terrenos elevados onde ficavam templos e as construes mais nobres).

A economia era basicamente agrcola realizada pela mo de obra escrava. A


produo era comercializada entre as cidades gregas e reas na costa do mar Mediterrneo
e na Crimeia (atual Ucrnia) onde os gregos fundaram colnias, subjugando a populao
local. importante salientar que para os gregos o termo colnia tinha uma conotao
diferente da qual estamos acostumados. Colo em latim significa ocupar, povoar. Logo, as
colnias gregas so reas que passam a ser povoadas, mas que no devem qualquer tipo
de submisso s outras cidades gregas.
2 - Religio

Os antigos gregos eram politestas: acreditavam em uma pluralidade de deuses que


se assemelhavam a seres humanos em sua forma fsica, mas foram separados deles por
sua imortalidade e poder. Ironicamente, no tinham uma palavra para a religio, no havia
livros sagrados ou textos religiosos cannicos, no havia clero ordenado e ningum que
exercesse autoridade religiosa absoluta. Mesmo assim, o culto aos deuses era parte
inseparvel da forma dos gregos enxergarem o mundo.

Essa interferncia da mitologia religiosa na forma de compreenso do mundo


notria nas obras do poeta Homero cuja real existncia at hoje motivo de controvrsia
entre os historiadores. Atravs dos poemas picos da Ilada e a Odisseia ele relata de
maneira mstica a experincia poltica e social dos gregos entre os sculos XII a VIII a.C,
portanto no perodo anterior formao das poleis, quando registros documentais se
tornariam mais fartos. A relevncia das obras de Homero como fontes historiogrficas
justifica o fato de tal perodo ser denominado Homrico.

3 Atenas

3.1- Poltica e Economia

Os atenienses pensavam em si mesmos como a estrela brilhante entre as cidades-


estados gregas. De fato, Atenas deixou um legado imensurvel na literatura, filosofia, poesia,
teatro, educao, arquitetura e governo. Cumpre lembrar que os gregos acreditavam que
cada cidade-estado possua um deus ou uma deusa como patrono especial. Para Atenas, o
patrono era Athena, deusa da sabedoria. Para os historiadores isso explica o lugar de
destaque dado educao naquela plis.
At finais do perodo homrico (XII VIII a.C) Atenas era uma pequena vila, que
abrigava um povo de origem indo-europeia: os jnios. A partir da, Atenas cresceria por seu
comrcio e organizao militar. A elite proprietria os euptridas promoveu esforos ao
longo da histria ateniense para amenizar as relaes com grupos menos favorecidos
(pequenos proprietrios, artesos e comerciantes) que cresceram na mesma proporo do
desenvolvimento da cidade. A contemporizao entre as demandas e reivindicaes dos
grupos da sociedade ateniense foi o motor de uma srie de reformas que culminaram na
democracia, como veremos a seguir.
Por volta do ano 508 a.C, um legislador ateniense chamado Clstenes empreendeu
grande reforma poltica. Atenas foi dividida numa srie de regies administrativas
conhecidas como demos (da a demos cracia, ou poder dos demos) que escolhiam
representantes para uma espcie de parlamento conhecido como boul. Composta por 500
membros, a boul assumia as diversas funes legislativas, executivas e judiciais de Atenas.
Suas decises eram apresentadas e passavam pelo crivo da eclsia, a assembleia formada
por todos os cidados da plis. Perceba como as noes que at hoje temos de democracia
direta e indireta so originrias da organizao ateniense.

Vamos destacar as particularidades (e limitaes) da democracia ateniense: os


direitos polticos e civis no eram para todos. Os metecos (considerados estrangeiros pois
no eram filhos de pai e me atenienses) geralmente ligados ao comrcio, no tinham direito
de voto. Da mesma forma estavam excludas as mulheres e os escravos. As provas
geralmente se preocupam com as diferenciaes entre a democracia ateniense e a noo
que hoje temos desse regime poltico, marcado no Brasil pela incluso de toda a populao
acima dos 16 anos. Mas bom lembrar que no foi sempre assim: nossa democracia
excluiria as mulheres at 1934 e os analfabetos at 1988. A sociedade teve que lutar muito
em favor da ampliao dos direitos polticos.

Voltando a Atenas: quanto excluso feminina, uma das ilustraes mais utilizadas
por bancas de vestibulares a msica Mulheres de Atenas, do cantor e compositor Chico
Buarque. Repare as possibilidades de contextualizao propostas pelo autor no que se
refere subordinao da mulher ateniense:

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raa de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas no choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas; cadenas

(...)

Elas no tm gosto ou vontade,


Nem defeito, nem qualidade;
Tm medo apenas.
No tem sonhos, s tem pressgios.
O seu homem, mares, naufrgios...
Lindas sirenas, morenas.

(...)

As jovens vivas marcadas


E as gestantes abandonadas
No fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
s suas novenas
Serenas

3.2 - Cultura
Alm da democracia, Atenas se notabilizou por sua produo filosfica. A tradio
filosfica grega, ainda no perodo homrico, se caracterizava por uma abordagem mitolgica
para explicar o mundo. Gradativamente, a partir do sculo VI a.C, seus filsofos
enveredaram pela perspectiva racional baseada na evidncia. Isso provocou uma srie de
investigaes sobre o limite e o papel da razo, das nossas faculdades sensoriais, de como
o conhecimento adquirido - e em ltima instncia sobre o que o conhecimento. Foi o
nascimento da metafsica, da epistemologia e da tica.

Metafsica: investigao sobre a realidade para alm do mundo fsico, palpvel,


sensorial.
Epistemologia: investigao sobre a origem e validao do conhecimento humano.

Scrates, Plato e Aristteles foram os mais influentes dos antigos filsofos gregos.
Suas obras concentraram ateno no homem e na sua constituio extracorprea, o mundo
material no era mais prioritrio. Aristteles sustentou o pensamento medieval atravs da
interpretao de So Toms de Aquino (1225-1274), alicerce da Escolstica; Plato era a
fonte foi a fonte do pensamento moderno a partir do Renascimento e at hoje estudantes de
filosofia espalhados pelo Brasil se rendem ao estudo desses clssicos.

4-Esparta

Ao lado de Atenas, Esparta uma das mais conhecidas cidades-estado da Grcia


antiga ainda que seus sistemas polticos e hierarquias sociais fossem bem diferentes. Nos
dediquemos agora anlise desses aspectos.

4.1 Poltica e Sociedade

A elite dominante, os espartatas, era descendente direta dos drios, primeiros


conquistadores da regio. As terras frteis eram consideradas propriedades da cidade-
estado e distribudas por entre as famlias espartatas. O poder decisrio tambm estava
totalmente concentrado nas mos espartatas. No topo da estrutura poltica estava a
Gersia, ou Conselho de Ancios, formado pelos chefes das famlias espartatas: 28
membros vitalcios que elegiam os foros (poder executivo) responsveis pela
administrao. Havia ainda uma diarquia, ou seja, dois reis, que assumiam as importantes
funes religiosas e militares. O conjunto dos cidados apenas era consultado pela Gersia
quando necessrio, numa Assembleia denominada Apela. Logo, o corpo de cidados no
tinha a influncia percebida no processo democrtico de Atenas.

A sociedade espartana tambm era composta pelos periecos (agricultores de reas


menos frteis, artesos e comerciantes, descendentes dos povos nativos da regio onde os
drios fundariam Esparta) e pelos hilotas, indivduos capturados nas reas que eram
dominadas militarmente pelos espartanos e que se tornavam servos do Estado, compondo
a maior parte da populao. Note a importncia das guerras para a economia espartana: os
hilotas, tendo a funo nica de cultivar a terra e sustentar as famlias espartatas, eram
obtidos por meio delas. Logo, a guerra entendida como estrutura determinante da
economia da plis.

4.2 - Cultura

Essa relao com a guerra explica o fato de que no sculo V a. C, Esparta tinha status
de potncia militar temida pelas outras pleis. Ainda que o espartano fosse um proprietrio
rural, valores culturais que priorizavam a produo de bons soldados tornavam a dedicao
guerra sua principal marca e verdadeira razo de ser. Formados soldados desde os 20
anos, seu treinamento militar comea ainda mais cedo, quando aos 7 sai da casa dos pais
para ingressar numa escola militar. Os valores de honra, desapego aos vcios, culto ao fsico
e sobrevivncia eram incrustados no homem espartano que os exibia com orgulho como
uma verdadeira identidade.

5- As Guerras e o ocaso militar da Hlade

Entre os sculos V - IV a. C, a hlade viveu seu perodo clssico. Parte da explicao


para o apogeu da regio est na vitria militar sobre os medos, ou de uma maneira mais
comum, os persas. As Guerras Mdicas ocorreram entre 490 a. C e 479 a. C, quando os
persas invasores foram expulsos pelos soldados de Atenas - o que consolidaria a liderana
daquela plis perante as demais. As origens do conflito esto ligadas s disputas entre os
persas e os atenienses pelos postos comerciais da sia Menor (regio da atual Turquia).
Ironicamente, a batalha mais conhecida desse conflito foi travada no por atenienses, mas
por espartanos: a Batalha das Termophilas quando 300 soldados de Esparta sob a
liderana do Rei Lenidas lutaram bravamente contra a superioridade persa, apesar de
todos terem sido mortos em combate.

Terminada a guerra, Atenas se torna a lder da Liga de Delos, aliana militar formada
durante as Guerras Mdicas para arregimentar fundos, soldados e alimentos. Segundo
alguns autores, os atenineses se aproveitariam da liderana sobre a Liga, subjugando as
demais pleis atravs da cobrana de tributos e interferindo em suas polticas internas. Se
por um lado o imperialismo de Atenas permitiu que ela alcanasse seu apogeu, por outro
provocou crescente indignao das cidades subordinadas. A reao de vrias delas sob o
comando de Esparta no tardaria. Era a ciso no mundo grego.
Em 481 a. C explode a guerra do Peloponeso colocando frente a frente a Liga de
Delos e a Liga do Peloponeso (pennsula no sul da Grcia onde estava a maior parte das
cidades contrrias ao imperialismo ateniense). O conflito s terminaria 77 anos depois com
a vitria militar de Esparta, mas com o enfraquecimento e toda a Grcia graas aos esforos
empreendidos numa guerra to longa. A Guerra do Peloponeso marca o fim da Grcia
Antiga. Menos de um sculo depois, toda a regio caa sob o controle de um poderoso
general oriundo da regio da Macednia, norte da Pennsula Balcnica: Alexandre, o
Grande. A Grcia se subordinava a um dos maiores conquistadores do mundo antigo.

Aprofundando
A civilizao helenstica representa o auge da influncia da cultura grega no mundo
antigo, difundida pelo grandioso domnio militar dos macednicos na frica e no Oriente.
Apaixonado pela filosofia grega era discpulo de Aristteles! Alexandre fazia questo de
se comportar como um grego e repercutir os valores da hlade nas reas que dominava.
Aps a conquista do imprio persa, reinos helnicos foram estabelecidos ao longo do
sudoeste da sia e no nordeste da frica (Egito e Cirene, na antiga Lbia antiga). Isso
resultou na exportao da cultura e da lngua grega para estes novos reinos.
Assim, a civilizao helenstica, portanto, representa uma fuso do mundo grego
antigo com o do Oriente Prximo, Oriente Mdio e Sudoeste da sia um verdadeiro
intercmbio cultural que muitos consideram a primeira grande globalizao.

Desenvolvendo Competncias

1. Artigo 200: Se um homem arrancou um dente de um outro homem livre igual a ele,
arrancaro o seu dente.
Artigo 201: Se ele arrancou o dente de um homem vulgar pagar um tero de uma mina de
prata.
Artigo 202: Se um homem agrediu a face de um outro homem que lhe superior, ser
golpeado sessenta vezes diante da assembleia com um chicote de couro de boi.

CDIGO DE HAMURBI. In: VICENTINO; DORIGO. Histria para o Ensino Mdio. So Paulo: Scipione,
2001. p. 47.

Estes artigos pertencem ao clebre Cdigo de Hamurbi, primeiro registro escrito de


leis de que se tem notcia. Com base na leitura dos exemplos apresentados, conclui-se que

a) a pena pelo delito cometido pode variar de acordo com a posio social da vtima e do
agressor.
b) para a legislao de Hamurbi, a Lei de Talio era absoluta, sempre olho por olho,
dente por dente.
c) Hamurbi conseguiu unificar a Babilnia a partir da implantao de um s cdigo de leis
para todo o territrio.
d) os antigos babilnios consideravam que agredir a face de um homem era mais grave do
que arrancar seu dente.

2. Em janeiro de 2011, os jornais noticiaram que os protestos contra o governo do Egito


poderiam ter um efeito colateral muito srio: a destruio ou dano de vrias relquias, obras
e stios arqueolgicos da antiga civilizao egpcia. De acordo com as agncias de notcias,
houve vrias tentativas de saquear o museu do Cairo. Numa delas, indivduos quebraram
pouco mais de uma dezena de esttuas e decapitaram duas mmias, recentemente
identificadas como avs do fara Tutankhamon. Alguns saqueadores pareciam procurar
apenas por ouro.

Sobre o material arqueolgico proveniente do antigo Egito, correto afirmar que


a) sua destruio afetaria a economia do Egito, mas no traria consequncias srias para a
cincia e para a histria, que j estudaram esse material.
b) grande parte dele foi destrudo pelos prprios egpcios ainda na Antiguidade, como
estratgia para proteger os segredos de sua cultura dos invasores.
c) foi uma das causas dos protestos contra o governo, que pagou grandes somas para reaver
objetos em poder de pases europeus.
d) permitiu compreender a importncia dos rituais fnebres, como atestam os sarcfagos do
Vale dos Reis.
e) tem grande valor artstico e confirmou o que j se sabia dos antigos egpcios por meio de
documentos escritos.

3. As cidades do Mediterrneo antigo se formaram, opondo-se ao internacionalismo


praticado pelas antigas aristocracias. Elas se fecharam e criaram uma identidade prpria,
que lhes dava fora e significado.
Norberto Luiz Guarinello, A cidade na Antiguidade Clssica. So Paulo: Atual, p.20, 2006. Adaptado.

As cidades-estados gregas da Antiguidade Clssica podem ser caracterizadas pela


a) autossuficincia econmica e igualdade de direitos polticos entre seus habitantes.
b) disciplina militar imposta a todas as crianas durante sua formao escolar.
c) ocupao de territrios herdados de ancestrais e definio de leis e moeda prprias.
d) concentrao populacional em ncleos urbanos e isolamento em relao aos grupos que
habitavam o meio rural.
e) submisso da sociedade s decises dos governantes e adoo de modelos
democrticos de organizao poltica.

4 (UFSM-RS). A regio da Mesopotmia ocupa lugar central na histria da humanidade. Na Antiguidade, foi bero da
civilizao sumeriana devido ao fato de:

a) ser ponto de confluncia de rotas comerciais de povos de diversas culturas.

b) ter um subsolo rico em minrios, possibilitando o salto tecnolgico da idade da pedra para a idade dos metais.

c) apresentar um relevo peculiar e favorvel ao isolamento necessrio para o crescimento socioeconmico.

d) possuir uma rea agricultvel extensa, favorecida pelos rios Tigre e Eufrates.

e) abrigar um sistema hidrogrfico ideal para a locomoo de pessoas e apropriado para desenvolvimento comercial.

5. (UPE) As sociedades da Antiguidade Oriental tiveram prticas sociais com influncias marcantes das religies e
inventaram outras formas de conhecer o mundo. Na Mesopotmia, ocorreu/ocorreram:

a) o predomnio de castas sacerdotais poderosas, mas que criticavam o poder existente e combatiam as supersties;

b) expresses artsticas pouco originais, direcionadas s para admirao dos deuses e das foras da natureza;

c) o uso da escrita cuneiforme, a descoberta do uso da raiz quadrada e a crena na ao de espritos malgnos causadores
de doenas;

d) a crena em deuses antropomrficos, oniscientes e eternos que no eram adorados em templos;

e) uma arte direcionada para consagrao dos feitos militares e no preocupada com a construo de uma arquitetura
grandiosa.

6 (FUVEST). A escrita cuneiforme dos mesopotmios, utilizada principalmente em seus documentos religiosos e civis,
era:

a) semelhante em seu desenho escrita dos egpcios;

b) composta exclusivamente de sinais lineares e traos verticais;

c) uma representao figurada evocando a coisa ou o ser;


d) baseada em agrupamentos de letras formando slabas;

e) uma tentativa de representar os fonemas por meio de sinais.

Bate-papo

Resposta da questo 1:
[A]
O Cdigo de Hamurabi, sintetizado na frase olho por olho, dente por dente, tratava
agressor e agredido de formas diferentes, considerando a classe social a que pertenciam.

Resposta da questo 2:
[D]
A arqueologia uma cincia que conheceu grande desenvolvimento no sculo XX e
possibilitou o conhecimento sobre a histria de diversas civilizaes antigas. Na maior parte
dos casos, a arqueologia decisiva para entendimento de sociedades que deixaram poucos
ou nenhum documentos escritos. No caso do Egito, as descobertas da regio do Vale
dos Reis foram fundamentais para o conhecimento da importncia da cultura religiosa dos
antigos egpcios.

Resposta da questo 3:
[C]

Ao contrrio de povos mesopotmicos ou de persas, os gregos tenderam a se


organizar de maneira particular, em cidades-estado, caracterizadas pela soberania, ou seja,
por uma estruturao poltica independente, apesar de manterem relaes econmicas e
possurem laos culturais comuns, como a mitologia ou a realizao dos jogos olmpicos.
A origem das cidades normalmente associada desagregao dos antigos Genos,
comunidades de origem familiar.

Resposta da questo 4:
D
Resposta da questo 5:
C

Resposta da questo 6:
C
Curso Completo
Professor: Marcelo Tavares
Histria

Roma
1- A fase monrquica

A cidade de Roma, hoje capital da Itlia, era - oito sculos antes de Cristo
importante entreposto comercial do Mar Tirreno, litoral oeste da pennsula
itlica. A regio estava sob domnio do povo Etrusco: esse povo, originrio da
sia, ocupava regies que hoje seriam as famosas cidades de Livorno e Firenze.
Como os etruscos eram uma monarquia estavam sob o comando de um rei -
essa fase da histria romana sob domnio etrusco conhecida como o perodo
monrquico (Sculos VIII VI a.C).
A sociedade romana era fortemente hierarquizada: os patrcios eram os
proprietrios das terras e exerciam o poder poltico na cidade, interpretando as
ordens do rei atravs de uma instituio chamada de senado (outra contribuio
para a poltica atual); os plebeus desempenhavam diversas atividades como
comrcio e artesanato, mas no tinham direitos polticos; aos escravos - obtidos
por meio da guerra ou por endividamento era destinado o trabalho agrcola.
Em 509 a.C, os patrcios organizaram uma revolta contra o rei etrusco em
nome da autonomia de Roma: liderando exrcitos formados por seus
subordinados conseguem estabelecer na cidade um novo regime, a repblica.
De maneira superficial, os romanos definiram a repblica como o governo de
excluso dos reis. Mas em essncia, o novo regime provocava em seu
significado o ideal de bem comum, de comunidade, de interesse pblico res
publica, do latim coisa pblica. Mas no foi bem isso que aconteceu. A
instaurao da repblica no trouxe qualquer resultado democrtico, revelando-
se um regime a favor dos interesses patrcios.

2 - A Repblica Romana: tenses sociais e expanso


A disparidade existente entre o significado da palavra e o exerccio da
ideia republicana pelos patrcios estimulou reaes quase imediatas. Atravs de
greves sociais que ameaavam o funcionamento de Roma a mo de obra
plebeia era determinante para atividades como o comrcio - o Senado foi
pressionado, forado a negociar em nome de uma maior participao poltica da
plebe.
Um dos momentos marcantes dessa relao conflituosa foi o da criao
do Tribunato da Plebe em 494 a. C, uma espcie de corpo de magistrados
eleitos em assembleias populares que poderia vetar uma lei que prejudicasse os
plebeus alm de propor iniciativas legislativas de atendimento s demandas da
maior parte da populao. Em 450 a.C, graas a ao do Tribunato, foi aprovada
a Lei das 12 Tbuas uma coleo escrita das leis romanas, at ento orais.
importante salientar que leis escritas se tornam uma limitao do poder dos mais
fortes, subordinados agora regras ao alcance e cincia de toda a sociedade.
Outra conquista importante foi a Lei Licnia (367 a.C) que abolia a escravido
por dvidas.
Os mais famosos Tribunos da Plebe foram os irmos Tibrio e Caio
Graco que exerceriam suas funes entre 133 e 121 a.C. Seus esforos se
debruaram sobre a questo da terra o que alis mostra como a luta pela
melhor distribuio das propriedades fundirias intrnseca ao prprio
desenvolvimento da civilizao. Tibrio sofreu tantas retaliaes da elite
proprietria que acabaria sendo assassinado. Seu irmo deu continuidade sua
luta, conseguindo reaver terras do estado romano ilegitimamente ocupadas
pelos patrcios. Insatisfeitos, os senadores conspiraram para evitar a reeleio
de Caio como tribuno. A polarizao entre patrcios e plebeus alcanava nveis
insuportveis.
Outro aspecto marcante do perodo republicano de Roma foi sua
capacidade de expanso territorial: por volta de 250 a.C, o eficiente exrcito
(absorvendo cada vez mais plebeus em busca de um soldo (pagamento) e que
por isso se tornavam soldados) j havia dominado toda a pennsula itlica e se
dirigia para as regies banhadas pelo Mediterrneo, reunindo povos de lngua e
culturas completamente diferentes sob o mesmo sistema poltico.
A expanso romana foi definida por um episdio crucial que merece
ateno. As Guerras Pnicas entre 264a.C e 146a.C constituram um longo
conflito entre Roma e Cartago (regio da atual Tunsia) pelo controle do
Mediterrneo. A vitria dos romanos garantiu enorme desenvolvimento
econmico-comercial e o controle de milhares de escravos. Alis, a
superpopulao escrava explica a maior capacidade de mobilizao desses
grupos contra a explorao que sofriam, destacando-se a revolta liderada pelo
escravo Spartacus no sculo I a. C. Por outro lado, o crescimento de Roma
aprofundava o fosso entre ricos e pobres, j que nem toda a sociedade usufrua
dessa pujana.

3- A crise da Repblica e o nascimento do Imprio


Os plebeus que conseguiram enriquecer com o comrcio passaram a se
mobilizar politicamente exigindo igualdade de direitos perante a elite patrcia.
Prova disso que, no turbulento perodo da gesto de Caio Graco como Tribuno
da Plebe, eles organizaram uma espcie de partido conhecido como a Ordem
Equestre, em oposio Ordem Senatorial dos patrcios.
Um famoso general romano, responsvel por uma srie de vitrias
militares e grandes conquistas territoriais, recebia pleno apoio dessa Ordem
Equestre: seu nome era Jlio Csar. Csar era identificado pela plebe como
um smbolo de confronto e questionamento hegemonia patrcia, e por isso era
adorado pelo povo, mas temido pelos senadores. Entretanto, a fama e a riqueza
provenientes de seu sucesso como general pressionavam esses mesmos
senadores a conferir a Csar uma srie de ttulos polticos, garantindo-lhe
crescente autoridade. Em 48 a.C, por exemplo, ele acumularia os cargos de
ditador vitalcio e cnsul na prtica, a administrao de Roma ficava em suas
mos.
Os senadores no suportariam o poder nem a ambio de Csar por muito
tempo.

Disponvel em: http://mrfreebird.webs.com/introductionpartiii.htm. Acessado em: 02/12/2105

O mapa acima d uma ideia do espantoso domnio territorial alcanado


pelos romanos graas s campanhas militares de Jlio Cesar.
Nos famosos idos de maro de 44 a.C como o poeta ingls Shakespeare
celebraria mais de mil anos depois Csar foi assassinado. A conspirao de
senadores visava restaurar o antigo sistema da Repblica romana.
Argumentavam que Csar tornara-se um tirano e que o senado deveria
recuperar sua legtima influncia. Quando Csar foi ao teatro Pompeu, que era
o local temporrio de reunio do Senado, um dos senadores o esfaqueia no
pescoo. A partir dele, vrios senadores pegam o punhal e desferem golpes
repetidos at que e a a obra de Shakespeare insupervel para imaginarmos
o drama da cena Csar viu seu afilhado Brutus prestes a apunhal-lo e cobre
o rosto de vergonha antes de morrer.
A morte de Csar teve efeitos imediatos. O mais drstico, foi a ameaa de
violenta anarquia social, estimulada pela Ordem Equestre. O Exrcito chamado
pelos patrcios como instrumento de pacificao. O sobrinho e herdeiro de Csar,
Otvio, tem as foras militares diretamente subordinadas sua autoridade. O
Senado no v outra opo a no ser referendar esse poder e entregar a Otvio
o controle sobre Roma. Otvio receberia o ttulo de Imperador em 27 a.C. Era o
fim da Repblica Romana.

4- O Imprio Romano: apogeu e crise


O Imprio a fase final da histria da Roma antiga. um enorme perodo
de quase quinhentos anos. Vai de 27a.C at 476d.C.
Os sucessores de Otvio tinham a autoridade de governo concentrada em
suas mos, ao contrrio do que acontece hoje em dia em regimes democrticos
nos quais existem instituies para criar as leis, outras para julgar o cumprimento
das leis e ainda outras para execut-las. Isso evita o autoritarismo estabelecendo
uma saudvel fiscalizao entre os poderes. No era o caso do Imprio Romano.
Alis, vale lembrar que a concentrao de poderes tambm ser percebida em
outros momentos histricos bem mais recentes como os regimes fascistas no
sculo XX. Assim, o Imperador era a mxima autoridade legislativa, militar e
judiciria ou seja, no havia nenhuma instituio que limitasse seu poder.
Em seu quase meio milnio, o Imprio teve mais de 140 imperadores
diferentes. Alguns entraram para a histria como loucos, sanguinrios, corruptos
e outros como santos. A sociedade imperial era dividida em Ordens seguindo um
critrio censitrio (renda): a senatorial correspondia a uma nobreza com
privilgios polticos, a equestre, formada essencialmente por comerciantes, e a
inferior, correspondendo maior parte da populao. O imprio combinava
assim o apoio econmico da classe comercial e o apoio poltica dos antigos
senadores, agora dependentes da bno do Imperador.
A violenta disparidade social era controlada por uma poltica de
distribuio de alimentos e grandes jogos organizados em espaos pblicos: era
a poltica do po e circo. A massa escrava era reprimida pelo carter militarista
do Imprio Romano.
Esse carter militar tambm explica o fato de que nessa fase Roma
conheceu o apogeu de seu domnio territorial. Regies que hoje conhecemos
como a Inglaterra, Portugal, Espanha, Frana, Grcia, Srvia, Israel, Lbano,
Sria, Egito, Lbia, Tunsia, Marrocos e muitos outros pases eram controlados
pela autoridade de Roma.
No sculo I Roma ps fim ao expansionismo (atravs de uma espcie de
lei conhecida como a pax romana) e ao invs de simplesmente continuar
crescendo tentou consolidar suas fronteiras. Entretanto uma economia que
dependia da mo de escrava (que era obtida graas s conquistas
expansionistas, agora paralisadas), um imprio gigantesco cujas fronteiras
precisavam ser guarnecidas (e militares precisam ser abastecidos e
alimentados), a corrupo na arrecadao de impostos tudo isso daria incio
crise de Roma.
Ciente da dificuldade de administrar um imprio to grande, o governo
imperial promoveu uma srie de tentativas de reordenamento do territrio em
nome da otimizao administrativa, destacando-se a diviso do gigantesco
Imprio em duas unidades autnomas em 395 pelo imperador Teodsio: O
Imprio Romano do Ocidente, com sede em Roma, e o Imprio Romano do
Oriente, com sede em Bizncio (mais tarde Constantinopla, atual Istambul na
Turquia). Veja o mapa abaixo:

Disponvel em: http://mrfreebird.webs.com/introductionpartiii.htm. Acessado em: 02/12/2105


Mas o componente fundamental da desarticulao gradual ( ou uma
morte natural do Imprio) est relacionada aos brbaros. A expresso surgiu
entre os gregos antigos, que chamavam de brbaro qualquer estrangeiro. Mas
se naturalizou quando os romanos passaram a chamar de brbaros todos os
povos nmades ou seminmades do norte da Europa que viviam alm das
fronteiras imperiais, no falavam o latim e tinham outros valores culturais. Nos
relatos romanos os brbaros eram retratados como sujos, sanguinrios,
primitivos e incontrolveis. Mas o fato que tinham organizao poltica,
conhecimentos agrcolas e militares. Para fins didticos, vamos chamar esses
povos de germnicos, o que no deve provocar confuso com o termo
normalmente relacionado Alemanha.
Esses povos j comercializavam com o Imprio Romano, mas eram
proibidos de ocupar suas fronteiras. Entretanto, diante da necessidade de
estimular a produo de alimentos - lembre-se da falta de mo de obra escrava
fruto da pax romana - as autoridades romanas foram liberando gradualmente aos
germanos lotes de terras do prprio Imprio. A presena cada vez maior desses
povos tornava as terras arrendadas pequenas demais para tanta gente. A
presso demogrfica era insuportvel. Da o incio de uma srie de saques e
ataques s cidades romanas.
O comrcio foi prejudicado em meio instabilidade social. A incapacidade
do estado romano em garantir a segurana provocou o esvaziamento das
cidades, alvos preferenciais dos ataques brbaros que culminariam com a
dissoluo do Imprio. A Europa se ruralizava. Famlias de plebeus se
dedicavam ao trabalho em grandes fazendas, pagando ao proprietrio o uso da
terra com parte da produo. Era um sistema conhecido como colonato,
embrio do feudalismo que vai caracterizar a Idade Mdia.
A inpcia do Imprio convidava a iniciativas cada vez mais ousadas de
chefes militares brbaros em busca de mais poder. Em 476, Odoacro, chefe dos
Hrulos, conquista Roma derrubando o ltimo imperador, Rmulo Augusto. Na
prtica, o Imprio j se encontrava fragmentado em Reinos Brbaros. Era o incio
da Idade Mdia.
Disponvel em: http://f1colombohistoriando.blogspot.com.br/2011/05/reinos-barbaros.html. Acessado em: 02/12/2105
Desenvolvendo Competncias

1. (Fuvest 2013) A escravido na Roma antiga

a) permaneceu praticamente inalterada ao longo dos sculos, mas foi abolida


com a introduo do cristianismo.
b) previa a possibilidade de alforria do escravo apenas no caso da morte de seu
proprietrio.
c) era restrita ao meio rural e associada ao trabalho braal, no ocorrendo em
reas urbanas, nem atingindo funes intelectuais ou administrativas.
d) pressupunha que os escravos eram humanos e, por isso, era proibida toda
forma de castigo fsico.
e) variou ao longo do tempo, mas era determinada por trs critrios: nascimento,
guerra e direito civil.

2. (Unicamp 2013). Por que as pessoas se casavam na Roma Antiga? Para


esposar um dote, um dos meios honrosos de enriquecer, e para ter, em justas
bodas, rebentos que, sendo legtimos, perpetuassem o corpo cvico, o ncleo
dos cidados. Os polticos no falavam exatamente em natalismo, futura mo de
obra, mas em sustento do ncleo de cidados que fazia a cidade perdurar
exercendo a funo de cidado ou devendo exerc-la.

(Adaptado de P. Aris e G. Duby, Histria da Vida Privada. So Paulo: Companhia das Letras,
1990. v. 1, p. 47.)

a) Por que o casamento tinha uma conotao poltica entre os cidados, na


Roma Antiga?
b) Indique dois grupos excludos da cidadania durante a Repblica romana (509-
27 a.C.).

3. (Uftm 2012) Imperador de Roma entre 253 e 260, Valeriano escreveu:

No consideramos que os coloni [colonos] tenham a liberdade de


abandonar a terra qual esto presos por sua situao e nascimento. Se o
fizerem, que sejam trazidos de volta, acorrentados e castigados.

(Apud Gordon V. Childe. O que aconteceu na histria, 1973.)

A determinao imperial ocorreu

a) por ocasio da abolio da escravatura e consequente desorganizao


gerada pela mudana do regime de trabalho.
b) em um momento de crise do Imprio, quando a situao de arrendatrios e
camponeses deteriorou-se.
c) em funo das invases dos povos que viviam fora do Imprio, o que propiciou
a fuga dos colonos.
d) em represlia s atitudes dos cristos, que condenavam os trabalhos forados
e promoviam revoltas.
e) por conta do incio da expanso do Imprio, que exigiu um grande exrcito e
causou o despovoamento dos campos.

4 (Enem 2012)

A figura apresentada de um mosaico, produzido por volta do ano 300 d.C., encontrado na cidade de Lod,
atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos que representam uma caracterstica poltica dos
romanos no perodo, indicada em:

a) Cruzadismo conquista da terra santa.


b) Patriotismo exaltao da cultura local.
c) Helenismo apropriao da esttica grega.
d) Imperialismo selvageria dos povos dominados.
e) Expansionismo diversidade dos territrios conquistados.

5. (UFV) A respeito das classes que compunham a sociedade romana na Antiguidade, CORRETO afirmar
que:
a) os "plebeus" podiam casar-se com membros das famlias patrcias, forma pela qual conseguiam quitar
suas pendncias de terra e dinheiro, conseguindo assim certa ascenso social.
b) os "plebeus" compunham a classe formada pelos camponeses, artesos e alguns que conseguiam
enriquecer-se por meio do comrcio, atividade que lhes era permitida.
c) os "clientes" eram estrangeiros acolhidos pelos patrcios e transformados em escravos, quando sua
conduta moral no condizia com a de seus protetores.
d) os "patrcios" foram igualados aos plebeus durante a democracia romana, quando da revolta dos clientes,
que lutaram contra a excluso social da qual eram vtimas.
e) os "escravos" por dvida eram resultado da transformao de qualquer romano em propriedade de outrem,
o que ocorria para todos que violassem a obrigao de pagar os impostos que sustentavam o Estado
expansionista.

6. (Fuvest 2013) A escravido na Roma antiga

a) permaneceu praticamente inalterada ao longo dos sculos, mas foi abolida com a introduo do
cristianismo.
b) previa a possibilidade de alforria do escravo apenas no caso da morte de seu proprietrio.
c) era restrita ao meio rural e associada ao trabalho braal, no ocorrendo em reas urbanas, nem atingindo
funes intelectuais ou administrativas.
d) pressupunha que os escravos eram humanos e, por isso, era proibida toda forma de castigo fsico.
e) variou ao longo do tempo, mas era determinada por trs critrios: nascimento, guerra e direito civil.

GABARITO:
Resposta da questo 1: E

Questo que demanda conhecimentos especficos sobre a escravido na


Roma Antiga. Nessa civilizao embora tenha variado ao longo do tempo,
conforme afirma a alternativa correta , os critrios que determinaram a
escravizao foram basicamente o nascimento, a guerra e o direito civil. A
condio qual estava submetido o escravo era a de ser "propriedade" do seu
senhor; sendo assim, o dono de um escravo tinha sobre ele o direito de vida e
morte.

Resposta da questo 2:

a) Para assegurar a manuteno dos privilgios das elites patrcias, atravs de


filhos legtimos de cidados romanos, garantindo-lhes o poder poltico e
marginalizando outros grupos.
b) Escravos, libertos, estrangeiros, mulheres, crianas, plebeus em alguns
perodos.

Resposta da questo 3: B

Em meio crise do escravismo, a partir do sculo III, o sistema de


colonato torna-se a soluo para o problema da falta de mo de obra e da
retrao da produo agrcola no Imprio Romano. Devido ao fim das
conquistas, a quantidade de escravos que adentrava o Imprio diminuiu
drasticamente, contribuindo para uma crise na produo de alimentos, o que
deteriorou a situao econmica de proprietrios de terra e arrendatrios. Os
escravos, bem como os trabalhadores livres, so substitudos gradativamente
pelos colonos que, por um lado, tinham o status superior ao do escravo uma vez
que no eram mais uma mercadoria, mas por outro lado, estavam presos terra.
4. Resposta da questo 4: E

O Imprio Romano teve como um de seus pilares a expanso territorial e o domnio de outros povos. Essas
caractersticas permitia obter riquezas e escravos, estes por sua vez, eram a principal fora de trabalho.
Dessa forma, o Imprio Romano conquistou vrios povos e se estendeu por toda Europa, Norte da frica e
oeste da sia, sua grande extenso proporcionou ao Imprio uma enorme diversidade como representado
na figura da questo.

Resposta da questo 5: B

A plebe no possua origem nobre nos antigos cls que fundaram a cidade de Roma. Consequentemente,
tambm no possua as grandes faixas de terras cultivveis que os patrcios possuam e nem os mesmos
privilgios polticos que estes.

Resposta da questo 6: E

A alternativa contempla exclusivamente a origem da condio de escravo na Roma antiga, no abordando


a situao do cativo na sociedade nem as relaes com seu proprietrio. Limita-se a enumerar as trs formas
de escravido existentes: a natural (nascer de me escrava), a mais praticada (captura em guerra) e a
determinada por legislao at 367 a.C., quando foi revogada a escravido por dvidas.
CURSO COMPLETO - HISTRIA DA ARTE
AULA 1 O QUE ARTE?
PROFESSOR RODRIGO RETKA

O QUE ARTE? O QUE E DE ONDE VEIO? O INCIO

A Arte a primeira forma de comunicao do homem, ainda na Pr-Histria. Ela veio antes do
surgimento dos idiomas ou da escrita.
A palavra arte deriva do termo em latim Ars (que derivado do grego Tkne) que dizer tcnica. Essa
palavra era usada para designar a capacidade que algumas pessoas tinham para criar ou produzir
algo.
Em termos gerais, Arte uma forma de comunicao humana indireta, conectada a esttica e a
fruio.
Apenas o homem produz e se comunica atravs da Arte, animais podem fazer coisas que
consideramos belas, mas eles no a fazem com o mesmo discernimento que os seres humanos.
A esttica da Arte no est necessariamente conectada com aquilo que a sociedade considera belo,
muitas vezes o papel do artista descontruir um conceito inerente a respeito do que a beleza.
A fruio da obra de arte est ligada a nossa capacidade de ver um trabalho artstico e pensar algo
sobre ele, o objetivo do artista comunicar algo atravs da apreciao, independente se esse algo
lhe desperta sensaes boas ou ruins, muitos artistas buscam o choque outros o encantamento.
Arte uma linguagem que sofre modificaes constantes e ressoa o seu tempo, ela um reflexo de
uma poca. A interpretao do que arte depende do contexto histrico e social no qual ela est
inserida, no havendo uma definio nica para explic-la.

As trs interpretaes mais comuns sobre a Arte so:


Arte como imitao da natureza, onde o artista seria um capaz de recriar o mundo atravs de suas
habilidades. Esse conceito artstico tem origem greco-romana.
Arte como expresso do sentimento, onde o artista mostra ao mundo o seu universo interior nico
carregado de emoes pessoais e subjetivas. Esse conceito artstico foi amplamente discutido durante
o Romantismo do sculo XIX.
Arte como forma significante, onde o artista rompe as barreiras que dividiam o mundo da arte e a vida
para usar as obras para discutir o mundo a sua volta, a arte passa a ser uma questo conceitual e no
necessariamente um objeto manifestado fisicamente. Esse conceito comeou a ser discutido durante
os movimentos de Vanguarda, principalmente o Dadasmo e um dos atuais motes da arte
contempornea.

1
Onde est a Arte?
Muita gente se questiona sobre isso, mas ser que no possvel ver a Arte no nosso cotidiano?
Para comearmos a debater esse assunto responda as seguintes perguntas:
Voc consegue imaginar um mundo sem a sua banda favorita, escritor ou filme favorito?
Voc consegue visualizar uma sociedade onde nunca nasceram desenhistas para criar roupas,
mveis, cadeiras ou sofs?
Voc consegue se imaginar sendo um homem sem idioma, pois seus antepassados no fizeram
as pinturas primitivas que viraram as primeiras letras?
A Arte est conectada com o jeito que vivemos hoje. Olhe a sua volta e conte quantas imagens
criadas pelo homem voc pode ver. Existem estudos que apontam que o homem de hoje v por dia,
aproximadamente 80 mil imagens criadas artisticamente, entre desenhos, pinturas, gravuras, fotografias,
esculturas, filmes, etc. muita coisa, consegue mensurar se somarmos isso quantidade de sons
produzidos que ouvimos diariamente?
A arte est presente em toda a parte s olhar com ateno, ela no fica mais guardada em
museus, galerias ou palcios, ela est no seu celular, nos muros da cidade, na internet, nos videogames,
nas roupas, na capa do seu caderno; ela est na vida.

Por que estudar a Histria da Arte?

Estudar a Histria nos permite conhecer o que j aconteceu com a nossa sociedade e entender
os conflitos pelos quais passamos.
Histria da Arte nos permite entender os aspectos culturais de cada poca e nos possibilita
aprender sobre o pensamento que regia o homem em um determinado momento.
A arte reflete sempre os traos culturais de um povo em uma determinada poca. Entender a arte
de uma civilizao compreender como ela pensava, quais eram os seus valores, quais as suas
habilidades, enfim, aprender como era sua vida. O artista em todas as pocas foi o responsvel por
captar as ideias que esto na sociedade e materializ-las em arte, ele como se fosse uma antena de
televiso, que capta o sinal invisvel e o transforma em uma imagem visvel a todos.
Veremos em nossas aulas que a Histria da Arte complementa os estudos de Histria e vai muito
alm. A Arte nunca esteve separada das outras reas do conhecimento, na Pr-Histria e na Antiguidade
ela era a base da lingustica, enquanto no comeo da Idade Moderna, os artistas eram cientistas,
catalogando e decifrando a natureza e o nosso corpo. No nosso estudo veremos muitas vezes a Arte
falando de Literatura, Biologia, Filosofia, Sociologia e at mesmo Matemtica e Fsica.
A Arte ajuda no desenvolvimento expressivo do ser humano e proporciona referencial crtico para
que a pessoa possa questionar o mundo a sua volta. Aprender e fazer arte possibilita o aprimoramento
de uma srie de habilidades manuais e criativas alm de aprimorar a sintonia fina (capacidade de
desenvolvimento de ideias, conceitos, estratgias de comunicao e projetos para segmentos diversos).

2
Existem muitos casos de grandes empresas que indicam que seus lderes produzam atividades artsticas
para estimular a criatividade e de mdicos cirurgies que atribuem seu sucesso nas cirurgias graas ao
controle e s habilidades manuais conseguidos pela prtica do desenho ou da pintura.
Atualmente muitas profisses se relacionam com Arte, e os cursos superiores so inmeros. Nas
universidades encontramos cursos voltados totalmente para o ensino de Arte, como Artes Visuais, Artes
Plsticas, Desenho, Escultura, Teatro, Msica, Comunicao Social (Cinema), etc. Veja abaixo o que o
Guia do Estudante da editora Abril tem a dizer sobre o mercado de trabalho ligado aos cursos:

A demanda existe porque a questo da arte visual est presente em vrias reas da
atividade humana. Hoje a visualidade est no celular, na capa do caderno, no computador,
na parte grfica", explica Maria Christina de Souza Lima Rizzi, coordenadora do curso da
USP. Alm disso, o maior incentivo dos governos federal, estadual e municipal na rea
cultural faz esse profissional encontrar trabalho em institutos e centros culturais, atuando
como monitor, organizador de eventos, educador e coordenador. O terceiro setor
(organizaes sem fins lucrativos, como ONGs) outra possibilidade de emprego para
esse profissional na curadoria de exposies ou em trabalhos sociais. Dar aulas, para
quem licenciado, boa opo em escolas do Ensino Infantil, Fundamental e Mdio. Alm
de cumprir a carga horria obrigatria, h muitos estabelecimentos de ensino que oferecem
cursos extracurriculares aos alunos. Essa prtica vem crescendo nas instituies
particulares, abrindo vagas para mais professores. Lecionar em cursos livres de artes
outra opo. Os grandes centros, como Rio de Janeiro, So Paulo e Belo Horizonte,
apresentam demanda. "O Nordeste tambm possui um bom mercado. A formao cultural
deixou de ser um privilgio s de grandes capitais, h locais que propagam cultura prpria",
afirma Maria Christina Rizzi.

Alm dos cursos ligados diretamente a arte em muitos outros o aluno dever estud-la para ter
uma formao completa. Este o caso de cursos como Arquitetura, Design, Moda, Histria, Tecnologia
de Jogos Digitais (videogames), Publicidade, Pedagogia, dentre outros.
Outro fator importante quando falamos sobre o porqu da Arte: o prazer. Fazer atividades
artsticas pode proporcionar prazer e relaxar. Estudos apontam que fazer e se envolver com Arte deixa
as pessoas mais felizes.

A Arte inicial: Pr-Histria

A Arte na Pr-Histria tambm conhecida como Arte Rupestre.


A Arte inicial tinha um carter utilitrio e ritualstico, conectada ao cotidiano dos homens e a sua
religio.
Acreditava-se que os primeiros desenhos feitos pelo homem tinham o intuito de atrair
magicamente aquilo que estava desenhado. Essa teoria surgiu a partir do estudo de tribos desconectadas
do mundo dito civilizado, onde pessoas isoladas das cidades mantm essas prticas at os dias atuais
com esse objetivo. Desenhos de bois no caso teriam a pretenso de atrair bois para a caada, assim
como esculturas de mulheres grvidas poderiam ser smbolos de fertilidade.

3
O homem pr-histrico elaborava pinturas usando tintas feitas base de frutas, cascas de rvore,
carvo, sangue, saliva e urina. Suas esculturas eram inicialmente feitas de pedra talhada e barro, mas
com a descoberta do fogo tambm foi possvel a produo de peas de cermica e posteriormente de
metais fundidos.
A arquitetura tambm foi uma Arte que passou a se desenvolver na Pr-Histria em duas linhas
distintas:
Palaftica Construes de madeira elevadas em estacas, destinadas a moradia.
Megaltica Construes de pedra com carter cerimonial e ritualstico.

O Brasil tem uma das grandes reservas de Arte Rupestre do mundo, so mais de 10 mil stios
arqueolgicos tombados como patrimnio histrico da unio, como o Parque Nacional da Serra da
Capivara, Piau; Lapa da Cerca Grande, Minas Gerais; Quilombo do Ambrsio: remanescentes, Minas
Gerais; e Ilha do Campeche, Santa Catarina.

DESENVOLVENDO COMPETNCIAS

1. (ENEM 2015)
Ao se apossarem do novo territrio, os europeus ignoraram um universo de antiga sabedoria,
povoado por homens e bens unidos por um sistema integrado. A recusa em se inteirar dos valores
culturais dos primeiros habitantes levou-os a uma descrio simplista desses grupos e sua sucessiva
destruio. Na verdade, no existe uma distino entre a nossa arte e aquela produzida por povos
tecnicamente menos desenvolvidos. As duas manifestaes devem ser encaradas como expresses
diferentes dos modos de sentir e pensar das vrias sociedades, mas tambm como equivalentes, por
resultarem de impulsos humanos comuns.
SCATAMACHIA, M. C. M. In: AGUILAR, N. (Org.). Mostra do redescobrimento: arqueologia. So
Paulo: Fundao Bienal de So Paulo Associao Brasil 500 anos artes visuais, 2000.

De acordo com o texto, inexiste distino entre as artes produzidas pelos colonizadores e pelos
colonizados, pois ambas compartilham o (a)
a) suporte artstico.
b) nvel tecnolgico.
c) base antropolgica.
d) concepo esttica.
e) referencial temtico.

4
2. (ENEM 2007)

Pintura rupestre da Toca do Paja PI. Internet: www.betocelli.com

A pintura rupestre acima, que um patrimnio cultural brasileiro, expressa:


a) o conflito entre os povos indgenas e os europeus durante o processo de colonizao do Brasil.
b) a organizao social e poltica de um povo indgena e a hierarquia entre seus membros.
c) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram durante a chamada pr-histria do Brasil.
d) os rituais que envolvem sacrifcios de grandes dinossauros atualmente extintos.
e) a constante guerra entre diferentes grupos paleondios da Amrica durante o perodo colonial.

3 (ENEM 2011 PPL).


TEXTO I
Gravuras e pinturas so duas modalidades da prtica grfica rupestre, feitas com recursos
tcnicos diferentes. Existem vastas reas nas quais h dominncia de uma ou outra tcnica no Brasil, o
que no impede que ambas coexistam no mesmo espao. Mas em todas as regies h mos, ps,
antropomorfos e zoomorfos. Os grafismos realizados em blocos ou paredes foram gravados por meio de
diversos recursos: picoteamento, entalhes e raspados.
DANTAS, M. Antes: histria da pr-histria. Braslia: CCBB, 2006.

5
TEXTO II

Disponvel em: https://scipione.com.br. Acesso em: 30 abr. 2009.


Nas figuras que representam a arte da pr-histria brasileira e esto localizadas no stio
arqueolgico da Serra da Capivara, estado do Piau, e, com base no texto, identificam-se
a) imagens do cotidiano que sugerem caadas, danas, manifestaes rituais.
b) cenas nas quais prevalece o grafismo entalhado em superfcies previamente polidas.
c) aspectos recentes, cujo procedimento de datao indica o recuo das cronologias da prtica pr-
histrica.
d) situaes ilusrias na reconstituio da pr-histria, pois se localizam em ambientes degradados.
e) grafismos rupestres que comprovam que foram realizados por pessoas com sensibilidade esttica.

4. Podemos definir a pr-histria como um perodo anterior ao aparecimento da escrita. Portanto, esse
perodo anterior h 4000 a.C, pois foi por volta deste ano que os sumrios desenvolveram a escrita
cuneiforme. Foi uma importante fase, pois o homem conseguiu vencer as barreiras impostas pela

6
natureza e prosseguir com o desenvolvimento da humanidade na Terra. O ser humano foi desenvolvendo,
aos poucos, solues prticas para os problemas da vida. Com isso, inventando objetos e solues a
partir das necessidades. Ao mesmo tempo foi desenvolvendo uma cultura muito importante.
A religiosidade um item de bastante relevncia no estudo da arte na pr-histria, fato facilmente
observvel na prtica de
a) pinturas que serviam de decorao das cavernas para os deuses.
b) pinturas que faziam parte do processo de magia para interferir na captura de animais.
c) danas que homens faziam em volta de fogueiras com um forte carter ritualstico.
d) magia para interferir na captura de pessoas.
e) cermicas decorativas e religiosas.

5. (ENEM 2011)
TEXTO I

Toca do Salitre Piau Disponvel em: http://www.fumdham.org.br. Acesso em: 27 jul. 2010. (Foto: Reproduo/Enem)

TEXTO II

Arte Urbana. Foto: Diego Singh Disponvel em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010.
(Foto: Reproduo/Enem)

7
O grafite contemporneo, considerado em alguns momentos como uma arte marginal, tem sido
comparado s pinturas murais de vrias pocas e s escritas pr-histricas. Observando as imagens
apresentadas, possvel reconhecer elementos comuns entre os tipos de pinturas murais, tais como
a) a preferncia por tintas naturais, em razo de seu efeito esttico.
b) a inovao na tcnica de pintura, rompendo com modelos estabelecidos.
c) o registro do pensamento e das crenas das sociedades em vrias pocas.
d) a repetio dos temas e a restrio de uso pelas classes dominantes.
e) o uso exclusivista da arte para atender aos interesses da elite.

6.
Futebol Arte Joo Paulo de Oliveira
Quando a 20 edio da Copa do Mundo se iniciar por aqui, artistas da bola de 32 pases tero a
oportunidade de mostrar suas "obras de arte", em lances que sero verdadeiras pinturas, fazendo do jogo
com a bola, aquilo que alguns chamam de "futebol arte". Alm de filmes ou mesmo na literatura, o esporte
breto tambm foi retratado nas artes plsticas ao longo do tempo, at mesmo antes de se tornar um
negcio padro FIFA!
Tanto a arte quanto o futebol remontam em seu cenrio dramaticidade da vida, onde perdas e
ganhos, alegrias e tristezas que correm no campo e no cotidiano dos artistas do espetculo e da
expresso esto em jogo. O "jogo bonito" que encanta os olhos e a alma.
(Futebol arte. Disponvel em: <obvious: http://lounge.obviousmag.org/amalgama_cultural/2014/06/futebol-e-
arte.html#ixzz3txGv5JbX> acessado em dezembro de 2015).

O termo Arte amplamente usado em diversos contextos na atualidade, seguindo linhas de


pensamento e interpretaes diversas, mas que de certa forma ainda se relacionam com o sentido original
da palavra. O texto relaciona o futebol com a arte estabelecendo um
a) paralelo entre produo subjetiva da obra de arte que evidencia padres humanos com o esporte onde
o jogador tambm pode exprimir a sua criatividade e sentimento.
b) uma oposio, evidenciando a diferena entre a arte e o esporte, pois o futebol baseado em
habilidade e tcnica e a arte em nada tem a ver com esses elementos.
c) uma analogia entre a produo de um gol e a composio de um quadro.
d) conexo entre a arte e o esporte, deixando claro que os dois so frutos do sacrifcio humano, sendo
assim os dois so arte.
e) uma discordncia, pois apresenta o futebol como uma coisa bruta, resultante da dor humana enquanto
a arte est relacionada unicamente com a beleza e ao prazer.

8
GABARITO COMENTADO

1. O texto aponta que o resultado vem de impulsos humanos comuns.


Gabarito: C

2. Geralmente, as pinturas rupestres caracterizam o cotidiano dos povos pr-histricos, o que


evidenciado na questo pela pintura em destaque aparentar uma caa. importante perceber, tambm,
que a maioria das alternativas (A, D e E) dizem respeito a uma poca diferente da em que foi feita a
pintura.
Gabarito: C

3. Como na questo anterior, preciso saber da importncia do cotidiano nas pinturas rupestres. Mas
tambm pode-se notar, com certo grau de abstrao, rvores na primeira imagem o que poderia remeter
a danas, manifestaes ou mesmo uma colheita e animais na segunda que costuma caracterizar a
caa.
Gabarito: A

4. Ao desenhar figuras relacionadas caa nas paredes de suas cavernas, os artistas primitivos
acreditavam que estariam atraindo aquele animal, facilitando assim a sua caa.
Gabarito: B

5. Perceber que os seres humanos, em ambas as imagens, so peas centrais, fundamental para
acertar a questo.
Gabarito C.

6. O texto destaca o futebol como uma manifestao antropolgica, assim como a arte . No passado a
arte era entendida como tcnica, o futebol se aproxima da arte quando pensamos nele como a
exteriorizao de uma tcnica humana.
Gabarito: A

9
Curso Completo
Filosofia
Prof. nio Mendes

ORIGEM DA FILOSOFIA E SUAS PRIMEIRAS QUESTES - O QUE UM MITO?


O mito, resumidamente, um modelo de narrativa que acompanha a histria humana
e em alguma medida uma forma de explicao antecede a escrita formal nos mais diversos
povos. Todas as civilizaes das quais se tm registro apresentaram alguma narrativa mtica
ou fantasiosa, expondo que o mito parte do agir humano e fruto de sua curiosidade e
ignorncia inicial frente ao mundo externo.
A palavra Mito uma derivao do grego clssico (Mythos), e significa aqui
basicamente um relato ou uma narrativa acerca do mundo. Se tem uma definio que pode
ser dada ao mito que ele , para os gregos, um tipo de discurso, e enquanto tal possui
uma funo e uma configurao especfica. O mito um discurso que para o grego tem a
funo de revelar uma verdade que se encontrava velada ().

MSTICA E COSMOLGICA

A funo mstica aponta para o assombro humano frente criao e como se


relacionar com tal grandiosidade, lida com o incompreensvel e o incomensurvel na
existncia cotidiana. Entram neste as tentativas de responder qual o lugar do homem no
mundo e na realidade social.

Funo cosmolgica aquela aonde se explica a estruturao do cosmos, ou seja,


como a ordem natural se construiu. Mais prxima da preocupao cientfica acerca da
origem do mundo, mas utilizando outro recurso explicativo, no caso o mito.

SOCIOLGICA E PEDAGGICA

Funo sociolgica a caracterstica de mitos que pretendem justificar a ordem


social. Em sociedades onde o modelo de legislao ainda no se sustenta por meio da razo,

1
a formulao de leis depende do mito como o princpio de construo da moral e da estrutura
social.
Funo pedaggica quando se encontra no mito as respostas de como viver a vida,
levando em considerao as mais diversas possibilidades e compreender o horizonte
histrico em que se vive. Esta funo curiosamente abarca e depende das outras, na medida
que lida com importantes definies sociais, constri a moral e ensina a criana e ao jovem
ouvinte os detalhes da existncia.

O QUE FRAGILIZOU O MITO E ABRIU CAMINHO PARA A RAZO


Durante muito tempo duas teses vigoraram na explicao de por qual razo teriam os
gregos sido os pais da filosofia. Estas teses eram as teses do milagre grego, a qual
apontava para um surgimento espontneo de uma nova forma de pensamento sem um par;
e a tese orientalista, a qual dizia que o pensamento grego foi fruto da entrada do
pensamento oriental no mundo grego. Contudo, a primeira tese no explica nada, apenas
d um tom especial aos gregos, por outro lado a segunda possui diversas fragilidades, pois
no existem contatos em larga escala comprovados, e em alguma medida o pensamento
que se seguiu foi bem diverso do oriental. Por isso, na atualidade se prope um novo
caminho. Se assinala que a filosofia teve seu caminho aberto por uma srie de fatores, que
criaram um ambiente de possibilidade. Essas explicaes histricas no resumem tudo,
mas ao menos explicam em que medida o pensamento se tornou possvel.

PLIS

As Plis eram cidades-estados, as quais foram conquistando autonomia em relao


a regio onde se encontram, em outras palavras, no temos aqui uma nao composta de
cidades, mas sim cidades que se comportam como naes. As polis, no formato que se
seguiu, significou a lenta transio dos gregos que viviam nos campos e em um modelo
feudal, para um modelo mais urbano e complexo, que afastava cada vez mais os seus
cidados do discurso mtico, antes forte.

2
AS NAVEGAES

A procura de terras, de alimentos, e de metais que j haviam se tornado raros na


regio, levam as cidades gregas a buscar regies mais distantes, por meio do mar
mediterrneo. Tal expanso influencia no surgimento da filosofia tanto pelo patamar poltico
quanto cultural. A descoberta de novas formas de ver a realidade, de pensar as estruturas
da cidade e a vida, levam a uma experincia de crise com o status social padro da poca.
A troca de produtos movimenta o comrcio, gerando toda uma nova classe comerciante, que
inicialmente navega para alimentar os desejos das aristocracias, mas ao obter riqueza,
questiona os privilgios da mesma.

AS LEIS ESCRITAS
Como sinalizado, com as navegaes surge uma nova classe comercial/comerciante,
com isso as estruturas de poder passam a ser questionadas. Como vimos, o mito sempre foi
utilizado para validao do poder, e com a aristocracia rural grega no era diferente.Com o
surgimento das Polis ficou mais latente os privilgios entre as diversas classes, levando a
procura de novos modelos que fossem mais justos ou corretos. Exige-se aqui de novas leis
de organizao, agora com base em princpios racionais, seguindo o modelo do comrcio,
como explicaremos a seguir.
MOEDA E COMRCIO

Sem dvida, um fator central para a ampliao do comrcio, somada as navegaes,


foi a criao de um sistema de moedas funcional. Ainda que sempre tenho existido moedas
de troca, muitos pesquisadores apontam que o modelo atual de moeda tenha surgido na
Ldia, cercania do mundo grego, que hoje faz parte do territrio turco. A grande novidade de
tais moedas era a indicao do peso da moeda na prpria, facilitando e agilizando o
comrcio, que antes dependia da pesagem da quantidade de metal referente. Alm disso,
este novo sistema acaba gerando uma capacidade de abstrao, na medida em que as
moedas dependem de simbolismo.

3
CIDADANIA E DEMOCRACIA
Falaremos com mais calma do modelo democrtico grego na aula seguinte. Contudo,
cabe aqui pequenas sinalizaes. A Grcia antiga ter sido o bero do atual modelo
democrtico e do conceito de cidadania tambm um fator central para o surgimento da
filosofia como conhecemos. Ainda que a democracia seja fundamentalmente uma inveno
ateniense, o ideal democrtico fruto da vida urbana grega e da quebra de velhos
paradigmas, assim sendo, vrias outras cidades tiveram transformaes semelhantes,
caminhando para sistemas de organizao que tambm traziam as discusses para um
mbito mais pblico. Em toda Grcia o conceito de gora vai ganhando fora, mais do que
apenas a praa pblica, seu significado original, o termo representa o espao de convvio
dirio e do debate acerca dos caminhos da cidade

PR-SOCRTICOS E A BUSCA DO ELEMENTO MAIS ORIGINRIO

O QUE JUSTIFICA A PRIMAZIA DESTES PENSADORES

Que houveram pensadores antes dos pr-socrticos inegvel. A cultura ocidental,


como a conhecemos, que tem a sua raiz no mundo grego, contudo, no oriente outros povos
j possuam culturas riqussimas, e ainda que muitas se fortalecessem em um modelo
teocrtico, no faz sentido desvalorizar tal pensamento. Os pr-socrticos representaram
um conjunto de pensadores que fundaram cincia enquanto tal, como veremos neste
mdulo, a busca destes pensadores se mantivera at os dias de hoje, tomando diferentes
formas. A grande novidade destes pensadores buscar uma explicao puramente racional
e unitria para todo esse processo. Veremos logo duas palavras chaves que se ligam a isso
Physis e Arch. Talvez nenhuma formulao defina melhor que a formulao de Nietzsche,
pensador contemporneo acerca deste fenmeno.
A filosofia grega parece comear com uma ideia absurda, com a proposio: a gua
a origem e a matriz de todas as coisas. Ser mesmo necessrio deter-nos nela e lev-la a
srio? Sim, e por trs razes: em primeiro lugar, porque essa proposio enuncia algo sobre
a origem das coisas, em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulao; e enfim, em

4
terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crislida, est contido o
pensamento: Tudo um.

TERMOS CENTRAIS: PHYSIS E ARCH

PHYSIS

Em uma traduo direta, o mais prximo em nosso idioma seria o termo natureza,
contudo no podemos isto arriscaria gerar uma traduo simples. Physis se apresenta aqui
como um termo que descreve a totalidade do real. o termo para descrever a natureza e a
realidade sua volta.
ARCH, ARQUE OU ARKHE

O termo arch designa aqui origem, no uma origem temporal, mas um princpio
geral, um princpio que gere e ordena a realidade, uma estrutura fundamental que de alguma
forma acompanha o incio, o meio e o fim de todas as coisas. Toda a filosofia e a prpria
cincia despontaram frente a esta busca fundamental.

PRINCIPAIS PR-SOCRTICOS

TALES

Aristteles e outros doxgrafos, apontam que Tales de mileto teria sido o primeiro a
defender que tudo que existe teria como origem e como princpio fundamental a gua. Esta
tese hoje bastante questionvel, inaugurou todo um novo processo de operacionalizao do
pensamento sem volta, fazendo com que todos os filsofos posteriores seguissem esse
gesto e entregassem tambm propostas razoveis e considerando elementos naturais para
tal. De forma sucinta, podemos justificar esta primeira tese da seguinte maneira: A gua
visivelmente um princpio vital, todas as coisas vivas parecem depender da gua para
sobreviver, notvel o fato de que vida surge em superfcies midas, por fim se reconhece
que o que morre acaba por secar. Inegavelmente, um pensamento simplista, mas falamos
aqui tambm de uma poca simples e com menor base tecnolgica.

5
ANAXIMANDRO DE MILETO

Anaximandro defende a ideia do Aperon (termo grego para ilimitado). Assim sendo
ele lida com a realidade a partir da ideia de separao dos contrrios, dizendo que os
elementos se alternam na construo do mundo, sem primazia de um sobre outro

ANAXMENES DE MILETO

Anaxmenes defende o Ar como princpio de todas as coisas. Nota-se aqui que o autor
busca encontrar um elemento ilimitado, e dentre todos elenca o ar como o nico possvel.
Tendo inspirao para sua resposta em fenmenos visveis como a rarefao, na origem do
fogo, e a transformao de vapor dgua em precipitao, ele defende o ar como base para
todos os outros elementos, e toda a realidade.
PITGORAS

Mais famoso dentre os pr-socrticos, graas a seu teorema, o nome Pitgoras se


relaciona no apenas com um pensador, mas com a escola filosfica por ele fundada. Os
pitagricos faziam parte de uma ordem mstica, mas fundavam sua estrutura fsica e religiosa
nos elementos matemticos, acreditando que a base de todas as coisas era o nmero, e
defendia que a libertao da alma (tendo por base certos conceitos rficos) se encontrava
no desenvolvimento da intelectualidade
DEMCRITO

Demcrito acredita que a realidade fundamentalmente constituda de duas


estruturas, os tomos e o vazio. Lembremos aqui que tomo vem do grego, "a", negao e
"tomo", divisvel. tomo= indivisvel. O tomo seria a menor parte da matria, o elemento
fundamental de que tudo seria constitudo.

O PRENNCIO DE NOVOS QUESTIONAMENTOS: MOBILISMO X IMOBILISMO

Tanto Parmnides quanto Herclito, que aqui falaremos, passaram a discutir a


realidade no a partir de elementos naturais diretos, mas na realidade trazendo tona um

6
debate sobre constncia e mudana. Existncia e fundamento da existncia. Que existe uma
realidade a nossa volta, no aqui negvel, mas como ela funciona, ela constante? Essa
pergunta leva a duas possibilidades, defender uma ordem constante, que se sobreponha as
mudanas, ou uma mudana constante, que d pequenos acenos de ordem.

Parece bobeira, mas essa discusso a base para o futuro do pensamento ocidental,
na medida que buscamos sempre formulaes universalmente validadas, uma verdade
inquestionvel, e at pensamos hoje em leis naturais, por outro lado vemos movimento e
transformao, e podemos o questionar se os mesmos no levam a mudanas to radicais
que minariam essas prprias leis. Sem todo o peso das certezas que nos cercam, estes
pensadores ousaram fazer as perguntas que at hoje nos acompanham.

PARMNIDES E O IMOBILISMO

Parmnides defende que o Ser uno e imutvel, e que deve-se distinguir a cincia
que nos fornece a verdade e que formulada com base na razo, e o conhecimento que
acha que tudo mltiplo e mutvel, a qual seria segundo ele apenas opinio. Parmnides
aponta que o movimento e a mudana so apenas aparncias, e para percebermos isso
basta irmos alm de nossa percepo sensvel. A formulao mais central do autor e seu
poema o ser , o no ser no . Ser para o autor idntico ao pensar, ou seja, o que
pode ser pensado
HERCLITO E O MOBILISMO

Para Herclito, toda realidade se mantm em um fluxo perptuo e constante, sendo


a nica figura de estabilidade a prpria mudana. J um pouco direcionado pelos
pensamentos anteriores que tentavam emendar uma resposta acerca dos elementos atrs
de outra, o autor acredita na alternncia, mas no uma alternncia equilibrada, uma
alternncia baseada no conflito (polmos). A mudana, no sentido mais amplo ganharia o
nome de Devir.

7
DESENVOLVENDO COMPETNCIAS

1. (Enem 2009) No perodo 750-338 a. C., a Grcia antiga era composta por cidades-
estados, como por exemplo Atenas, Esparta, Tebas, que eram independentes umas das
outras, mas partilhavam algumas caractersticas culturais, como a lngua grega. No centro
da Grcia, Delfos era um lugar de culto religioso frequentado por habitantes de todas as
cidades-estados.
No perodo 1200-1600 d. C., na parte da Amaznia brasileira onde hoje est o Parque
Nacional do Xingu, h vestgios de quinze cidades que eram cercadas por muros de madeira
e que tinham at dois mil e quinhentos habitantes cada uma. Essas cidades eram ligadas
por estradas a centros cerimoniais com grandes praas. Em torno delas havia roas,
pomares e tanques para a criao de tartarugas.
Aparentemente, epidemias dizimaram grande parte da populao que l vivia.
Folha de S. Paulo, ago. 2008 (adaptado).

Apesar das diferenas histricas e geogrficas existentes entre as duas civilizaes


elas so semelhantes pois:
a) as runas das cidades mencionadas atestam que grandes epidemias dizimaram suas
populaes.
b) as cidades do Xingu desenvolveram a democracia, tal como foi concebida em Tebas.

c) as duas civilizaes tinham cidades autnomas e independentes entre si.

d) os povos do Xingu falavam uma mesma lngua, tal como nas cidades-estados da Grcia.

e) as cidades do Xingu dedicavam-se arte e filosofia tal como na Grcia.

2. (Enem 2013) Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as leis eram
transmitidas oralmente de uma gerao para outra. A ausncia de uma legislao escrita
permitia aos patrcios manipular a justia conforme seus interesses. Em 451 a.C., porm, os
plebeus conseguiram eleger uma comisso de dez pessoas os decnviros para escrever
as leis. Dois deles viajaram a Atenas, na Grcia, para estudar a legislao de Slon.

8
COULANGES, F. A cidade antiga. So Paulo: Martins Fontes, 2000.

A superao da tradio jurdica oral no mundo antigo, descrita no texto, esteve relacionada

a) adoo do sufrgio universal masculino.

b) extenso da cidadania aos homens livres.

c) afirmao de instituies democrticas.

d) implantao de direitos sociais.

e) tripartio dos poderes polticos.

3. (UEL 2007) H, porm, algo de fundamentalmente novo na maneira como os Gregos


puseram a servio do seu problema ltimo da origem e essncia das coisas as
observaes empricas que receberam do Oriente e enriqueceram com as suas prprias,
bem como no modo de submeter ao pensamento terico e casual o reino dos mitos, fundado
na observao das realidades aparentes do mundo sensvel: os mitos sobre o nascimento
do mundo.

Fonte: JAEGER, W.Paidia. Traduo de Artur M. Parreira. 3.ed. So Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 197.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relao entre mito e filosofia na Grcia,
correto afirmar:

a) Em que pese ser considerada como criao dos gregos, a filosofia se origina no Oriente
sob o influxo da religio e apenas posteriormente chega Grcia.

b) A filosofia representa uma ruptura radical em relao aos mitos, representando uma nova
forma de pensamento plenamente racional desde as suas origens.

c) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvincula dos mitos de forma gradual.

9
d) Filosofia e mito sempre mantiveram uma relao de interdependncia, uma vez que o
pensamento filosfico necessita do mito para se expressar.

e) O mito j era filosofia, uma vez que buscava respostas para problemas que at hoje so
objeto da pesquisa filosfica.

4 (Enem 2015). A filosofia grega parece comear com uma ideia absurda, com a proposio:
a gua a origem e a matriz de todas as coisas. Ser mesmo necessrio deter-nos e lev-
la a srio? Sim, e por trs razes: em primeiro lugar, porque essa proposio anuncia algo
sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulao; e
enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crislida, est contido
o pensamento: Tudo um.

NIETZSCHE, F. Crtica moderna. In: Os pr-socrticos. So Paulo: Nova Cultural, 1999.

O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?


a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensveis em verdades racionais.
b) O desejo de explicar, usando metforas, a origem dos seres e das coisas.
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
d) A ambio de expor, de maneira metdica, as diferenas entre as coisas.
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empricos, o que existe no real.

5 (Instituto Federal RS 2010 (Adaptada). Os filsofos pr-socrticos lanaram questes centrais


sobre o problema do ser, do conhecer e da origem da natureza, do universo. Parmnides e Herclito
so duas referncias importantes nesse incio da filosofia ocidental que ocorreu na Grcia Antiga entre
os sc. VII e V a.C. Qual a principal diferena na forma de pensar entre Herclito e Parmnides?
a) Herclito dialtico e Parmnides analtico.
b) Herclito platnico e Parmnides aristotlico.
c) Herclito diz que os sentidos enganam e Parmnides valoriza os sentidos.
d) Herclito considera que tudo na natureza se transforma, pois todas as coisas esto em constante movimento
e, portanto, conhecer captar a mudana contnua. J Parmnides concebe que conhecer alcanar o idntico,
imutvel.
e) Para Herclito ningum consegue se banhar duas vezes no mesmo rio e para Parmnides todos "os banhos"
so iguais.

10
6 (Instituto Federal RS 2010). A filosofia ocidental teve incio com os pensadores anteriores a
Scrates, por isso chamados de pr-socrticos, dos quais a maioria viveu em colnias gregas distantes
de Atenas; destes pensadores pode-se dizer que:
a) Com os pr-socrticos a filosofia se constitui numa cincia particular e no mais no estudo da
realidade total.
b) A mitologia tradicional grega fazia parte das suas doutrinas.
c) Pitgoras e os seus discpulos dedicaram-se ao estudo da poltica e recusaram a interferncia da
matemtica no estudo da cosmologia.
d) Herclito defendeu s idia de permanncia substancial e constante do ser, contra a noo de devir.
e) Os naturalistas, ou fisilogos da Jnia, dedicavam-se sobretudo ao estudo do cosmo, e muitos deles
buscavam o princpio constitutivo do mundo em algum de seus elementos: ar, gua, terra, ou fogo.

GABARITO

1. Gabarito: c

A questo possui nfase na organizao poltica de duas sociedades de pocas e


lugares distintos, em cidades-estados. No h meno quanto a questo lingustica ou
filosficas, nem a tambm informaes sobre epidemia nos moldes citados, sobre a Grcia

2. Gabarito: b
Como a prpria questo deixa claro, quando a legislao era transmitida oralmente,
as classes superiores "manipulavam a justia de acordo com seus interesses".
Considerando isto, a filosofia e a legislao escrita proporcionaram um nmero maior de
direitos garantidos e melhor estruturados.

3. Gabarito: c
Como indicado no trecho, a filosofia foi se afastando gradualmente do pensamento
mtico, indicando uma insero de novos temas, at que os antigos foram abandonados.
4. Gabarito: c
Nietzsche faz referncia ao surgimento da filosofia atravs dos pr-socrticos que buscavam
na natureza (physis) uma justificativa racional para a origem de tudo. Inicialmente, encontravam um
elemento essencial (arch) como soluo primordial.

11
5. Gabarito: d
Herclito considera que tudo na natureza se transforma, pois todas as coisas esto em constante
movimento e, portanto, conhecer captar a mudana contnua. J Parmnides concebe que conhecer alcanar
o idntico, imutvel.

6. Gabarito: e
Os naturalistas, ou fisilogos da Jnia, dedicavam-se sobretudo ao estudo do cosmo, e muitos
deles buscavam o princpio constitutivo do mundo em algum de seus elementos: ar, gua, terra, ou
fogo.

12
CURSO COMPLETO FILOSOFIA
AULA 2 PLATO E SCRATES
PROF. NIO MENDES

1.PLATO E SCRATES - A DEMOCRACIA EM ATENAS


Na tica, a cidade de Atenas verificou um enriquecimento amplo de sua populao
por conta do comrcio, tanto martimo quanto interno, o que levou a transio gradual do
poder das mos das antigas oligarquias, para uma nova classe urbana, dando gnese na
cidade a um modelo mais democrtico, a partir das reformas de Soln, Clstenes e Pricles.
Neste modelo denominado democracia (Demos+Kratos), teoricamente temos o povo no
poder. Contudo, eram considerados como parte do povo apenas os cidados, e no eram
considerados cidados as mulheres, escravos, os estrangeiros. Vale sinalizar tambm que
ir praa pblica dependia de tempo, fazendo com que a participao macia fosse
daqueles com maior posse e menos necessidade de trabalho. Vale sinalizar que havia
tambm cortes de idade.

Plato e Scrates. Fonte: http://bit.ly/2m9tagj

1
Para evitar a manuteno do poder, Atenas selecionava, por princpios diversos, os
funcionrios de cargos administrativos e judiciais, modificando os mesmos de tempos em
tempos, e formulava suas leis em uma assembleia pblica formada por todos seus
cidados. Dado o quantitativo pequeno, era possvel tomar as decises e expor suas
opinies diretamente. Na gora, termo grego para o local pblico das assembleias, os
atenienses possuam total isegoria, liberdade de expressar suas opinies. No havendo um
princpio de poder geral, a delimitao dos poderes civis era construda a partir da aprovao
de suas vontades nas assembleias pblicas, neste ponto, o discurso se torna inegavelmente
uma forma de atingir o poder, e saber discursar se torna imprescindvel.

2. SOFISTAS E SUA RETRICA


Sofistas um termo que j carrega em si uma crtica, na medida em que aponta para
todos aqueles que acreditavam possuir sabedoria. Classifica-se como sofistas aqueles
que praticavam em ampla escala as tcnicas de aprimoramento da retrica e da oratria,
no s as suas, mas as de seus concidados e at de estrangeiros, na maioria das vezes
mediante pagamento. A retrica arte de persuadir o outro a partir do uso instrumental da
linguagem. Sendo construda de modo independente em relao as provas ou a convico
racional do orador.
Na Repblica, livro que narra o debate de Scrates com uma srie de pensadores,
dentre eles o sofista Trasmaco, vemos a caracterizao deste pensamento dentro da
democracia ateniense. A posio dos sofistas, por no se pautar em uma verdade universal,
acabava sempre sendo resultado de uma compreenso de que justia e tica dependem de
um horizonte de convenes sociais e acordos, e no de algo absolutamente comprovado e
indubitvel.
Sua falta de compromisso com a verdade foi apresentada por Scrates como um
risco para a cidade, dando um ar exclusivamente negativo as suas teses. Contudo, em
releituras mais recentes possvel enxergar em alguns deles importantes leituras polticas
e filosficas.
Protgoras, um dos mais proeminentes dentre os sofistas, defende a ideia do homem
como a medida de todas as coisas. Ainda que aqui apoiada em interesses pessoais, a

2
sentena de Protgoras guarda o incio do relativismo filosfico e a discusso do papel do
homem na construo do conhecimento. Outro nome famoso Grgias, tomado por muitos
como o fundador do Ceticismo, a crena na impossibilidade do conhecimento total e
irrevogvel.

3.SCRATES E A DIALTICA
Scrates foi um importante pensador, talvez em sua poca o mais impactante.
Considerado por muitos o primeiro a discutir as questes humanas somadas as questes da
natureza e do ser, Scrates representa uma fronteira entre dois momentos do pensamento.
Como muitos de sua poca, Scrates no deixou nada escrito. Diversos pensadores,
discpulos seus, escreveram relatos sobre seus dilogos, colocando em suas palavras uma
genialidade e um mtodo bastante particular.

Quando falamos em Scrates, na maioria das vezes, estamos falando com base em
relatos de seu maior discpulo, Plato. Por uma questo organizacional, separamos aqui
suas teses em dois momentos. Apresentamos Scrates como crtico severo dos sofistas e
o mtodo por ele utilizado para combat-los. Entretanto, quando falarmos de suas teorias,
colocamos as mesmas como teorias platnicas, as quais veremos a seguir.

3.1.O mtodo socrtico composto por dois passos: ironia e maiutica

A ironia, enquanto a resposta ao falso sbio, e a Maiutica, como a crena na verdade


universal. Ironia a arte de perguntar e interrogar o interlocutor acerca dos conceitos que
ele expressa. De certa maneira o que Scrates fazia em um primeiro momento no dilogo
era propor um tema, e aps isso a cada resposta do seu interlocutor sobre o tema, ele
lanava questes centrais, acerca do prprio conceito. Ao interlocutor restavam dois
caminhos, admitir como Scrates que ignorava algum saber, e constru-lo, ou fugir do
debate, provando-se um falso sbio. Por Maiutica denominamos o procedimento usado por
Scrates para junto a seus interlocutores chegar a uma verdade que concordassem, no por
submisso, mas como prprio resultado do dilogo. Este mtodo demonstra que a posio
de Scrates no a do sbio que busca impor a sua verdade, mas a de um auxiliar na

3
construo do saber. Maiutica significa literalmente a arte de ajudar no parto, sendo
Scrates ento, um parteiro de ideias

4. MUNDO DAS IDEIAS /INTELIGVEL X MUNDO SENSVEL - MOBILISMO X IMOBILISMO


Vimos na aula passada o debate entre mobilismo e imobilismo. Enquanto a primeira
focava na ideia de que a realidade marcada pelo movimento e pelo conflito entre as foras
naturais, sendo a nica coisa constante na realidade a transformao da mesma, a segunda
acreditava que s era possvel pensar como real o que fosse acessvel ao pensamento, ou
seja, parte do pressuposto que s possvel apontar como ''ser' aquilo que se consegue
estabelecer a partir de uma fixidez. A questo continua, e o pensamento socrtico platnico
o primeiro a dar uma soluo.
importante ter em vista que isto no apenas sobre uma ideia vaga de ser. Este
debate nos leva a perguntas como: Existe um conceito de justia universal? Um conceito de
belo universal? Um conceito de verdade? Um conceito de bem? Se no existir, tanto
Herclito quanto os sofistas tm razo e a crtica, at aqui operada, uma crtica vazia.
Cincia, como ns conhecemos, s se tornou possvel quando se estabeleceu uma medida
de universalidade, ainda que mais aberta que a medida de Parmnides, como veremos a
seguir.

4.1. A Teoria das Ideias

Para solucionar a dicotomia acima citada, era necessria uma tese que assumisse
ambas as propostas, sem fragilizar a outra. Surge aqui o que chamaremos de teoria das
ideias. Plato procura fundamentalmente aquilo que existe de universal e contnuo frente a
apreenso mltipla das coisas. A isto que h de essencial e contnuo nas coisas damos o
nome de ideia. por meio das ideias que nomeamos, identificamos e categorizamos as
coisas, sendo elas as bases do conhecimento verdadeiro, da episteme, dado este ser
construdo em estruturas universais. Por outro lado, ele no nega a existncia de uma
realidade mutvel e em fluxo, assimilando o mobilismo ao afirmar que tomamos

4
conhecimento atravs dos sentidos, das mudanas da realidade e de tudo que se
transforma. Contudo, nosso conhecimento no pode se estruturar sobre a inconstncia,
portanto o mundo sensvel sempre uma derivao do mundo inteligvel, ou das ideias.
Estas ideias j estariam, desde o nascimento presentes em nossa alma e nossa razo,
sendo, portanto, inatas, contudo, a sensibilidade e a materialidade obscurecem as mesmas,
tornando o gesto filosfico da dialtica extremamente necessrio.

5. PASSAGEM DA LINHA E MITO DA CAVERNA

Para ampliar e explicitar as teses de Plato existe duas passagens do mesmo que
so centrais. A passagem da linha e o famoso mito/alegoria da caverna. A primeira se
configura como um enquadramento terico dos estgios de desenvolvimento do
pensamento e o segundo uma imagem forte e fundamental que espelha em uma narrativa,
toda a potncia da teoria das ideias.

5.1.Passagem da Linha

A passagem da linha, ou mito da linha dividida, um mito aonde se expe a diviso


direta entre os graus de conhecimento. Nele Plato monta um modelo de diagrama, no qual
se traa duas linhas, a primeira dividindo as realidades e os tipos de conhecimento, e a
segunda na qual se encontra dividida os tipos de conhecimento, de acordo com a realidade.
Esta passagem trata da evoluo gradual do conhecimento, ento vamos comentar cada
subdiviso. Na parte de cima da linha temos o mundo inteligvel, ou das ideias, aonde se
encontram dois tipos de conhecimento, sendo o mais completo o das formas dialticas, as
ideias puras e perfeitas que compe a leitura da realidade, e abaixo o ainda em
concretizao conhecimento geomtrico. Na parte de baixo, representando o mundo
sensvel temos como mais completo o conhecimento dos objetos naturais, e abaixo o
conhecimento que obtido por meio da viso comum, ou seja, pela apreenso diria.

5
5.2. Mito da Caverna

O mito narra histria de um conjunto de prisioneiros que esto presos em uma


caverna desde sua infncia. Acorrentados. A sua vista tem somente a parede da caverna,
aonde se formam sombras, a partir dos efeitos da luz que penetra na caverna atravs de
uma fogueira. Estas sombras indicam apenas parte das formas, mas nunca uma pessoa ou
figura completa. Da ento um destes prisioneiros se solta. Comea lentamente a caminhar
para sair da caverna. Dado o costume de seu corpo e a subida ngreme, a libertao exigir
esforo. Ao sair da caverna sentir dor nos olhos, graas a luz forte do Sol, mas aos poucos
se adaptar a luz forte e abrir os olhos. Ao descobrir a verdade resolve voltar a caverna e
libertar seus antigos companheiros de priso. Neste momento Plato aponta que
possivelmente ser assassinado ou considerado como louco, sendo assim excludo por seus
companheiros. O lado de fora da caverna representa o mundo das ideias, a caverna
representa a priso da sensibilidade, o prisioneiro liberto representa o filsofo, e aqueles que
l ficaram representam os que no aceitam o novo conhecimento.

6
6.A LIDA PECULIAR DE PLATO COM A ARTE

Falar de Arte em Plato sempre algo curioso. Se por um lado o autor um dos
primeiros a propor uma ideia universal de Belo e defende a matemtica como uma principio
de exatido e harmonia, por outro lado um dos crticos mais severos da histria da arte,
apontando um carter de cpia imperfeita na maioria das lidas artsticas, e defendendo um
potencial negativo da arte na poltica, na medida em que essa pode criar pathos (paixes)
diversas.

6.1. O Conceito de Belo

Seguindo os princpios de sua teoria do conhecimento, a ideia de belo vai se


revelando aos poucos, em diversos estgios, do mais concreto e sensvel, ao mais abstrato
e racional. O primeiro estgio seria a manifestao do amor e do desejo, em uma instncia
fundamentalmente corporal. Aps isso, o ser humano conseguiria perceber o que h de belo
compartilhado em diversos corpos, o primeiro momento de aceno para a abstrao, mas
ainda muito preso a sensibilidade. Tal como na passagem da linha, gradativamente se
caminharia at o ponto aonde o Belo, enquanto conceito, desprovido de qualquer
sensibilidade, se revelaria. Vemos aqui ento que assim como os conceitos de justia,
verdade e bem o conceito de belo uma das ideias puras e universais que se revelam na
realidade inteligvel.

6.2.A arte mimtica


Na direo contrria a sua viso abstrata do belo, Plato defende que a arte potica
e a pintura podem ser chamadas de artes da imitao ou imitativas. deste carter
imitativo que derivamos o termo mimtica, dado que em grego imitao enunciada pelo
termo mimetik. Ele tem por base a teoria das, onde defende a anterioridade de uma
realidade inteligvel em relao a realidade sensvel, em outras palavras, a realidade
sensvel j uma derivao deturpada e particularizada da realidade sensvel. Contudo, a
arte imita a realidade sensvel. Desta maneira, podemos apontar que a arte seria a imitao

7
de algo j derivado, ou seja, uma imitao a 3 nveis de distncia da realidade, a imagem do
particular, destoante da universalidade. Mas qual o problema disso?
Alm da questo acerca de verdade ou falsidade, Plato foca sua crtica no fato de
que a arte pode mobilizar Pathos (Paixes), ou seja gerar sentimentos, e educar o povo
como medidas falsas, tomadas por verdadeiras apenas por repousar em si um aspecto lrico.

DESENVOLVENDO COMPETNCIAS

1(Enem PPL 2012). Pode-se viver sem cincia, pode-se adotar crenas sem querer justific-
las racionalmente, pode-se desprezar as evidncias empricas. No entanto, depois de Plato
e Aristteles, nenhum homem honesto pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi
experimentada, a de adotar crenas com base em razes e evidncias e questionar tudo o
mais a fim de descobrir seu sentido ltimo. ZINGANO,
M. Plato e Aristteles: o fascnio da filosofia. So Paulo: Odysseus, 2002.
Plato e Aristteles marcaram profundamente a formao do pensamento Ocidental.
No texto, ressaltado importante aspecto filosfico de ambos os autores que, em linhas
gerais, refere-se
a) adoo da experincia do senso comum como critrio de verdade.

b) incapacidade de a razo confirmar o conhecimento resultante de evidncias empricas.

c) pretenso de a experincia legitimar por si mesma a verdade.

d) defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade.

e) compreenso de que a verdade deve ser justificada racionalmente.

2 (Uncisal 2012). No contexto da Filosofia Clssica, Plato e Aristteles possuem lugar de


destaque. Suas concepes, que se opem, mas no se excluem, so amplamente
estudadas e debatidas devido influncia que exerceram, e ainda exercem, sobre o
pensamento ocidental. Todavia necessrio salientar que o produto dos seus pensamentos
se insere em uma longa tradio filosfica que remonta a Parmnides e Herclito e que
influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os racionalistas, empiristas, Kant e Hegel.

8
Observando o cerne da filosofia de Plato, assinale nas opes abaixo aquela que se
identifica corretamente com suas concepes.
a) A dicotomia aristotlica (mundo sensvel X mundo inteligvel) se ope radicalmente as
concepes de carter emprico defendidas por Plato.
b) A filosofia platnica marcada pelo materialismo e pragmatismo, afastando-se do
misticismo e de conceitos transcendentais.
c) Segundo Plato a verdade obtida a partir da observao das coisas, por meio da
valorizao do conhecimento sensvel.
d) Para Plato, a realidade material e o conhecimento sensvel so ilusrios.

e) As concepes platnicas negam veementemente a validade do Inatismo.

3 (Uel 2006). Quando , pois, que a alma atinge a verdade? Temos de um lado que, quando
ela deseja investigar com a ajuda do corpo qualquer questo que seja, o corpo, claro, a
engana radicalmente.

- Dizes uma verdade.

- No , por conseguinte, no ato de raciocinar, e no de outro modo, que a alma apreende,


em parte, a realidade de um ser?

- Sim.

[...] - E este ento o pensamento que nos guia: durante todo o tempo em que tivermos o
corpo, e nossa alma estiver misturada com essa coisa m, jamais possuiremos
completamente o objeto de nossos desejos! Ora, esse objeto , como dizamos, a verdade.

(PLATO. Fdon. Trad. Jorge Paleikat e Joo Cruz Costa. So Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 66-67.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepo de verdade em Plato, correto
afirmar:

a) O conhecimento inteligvel, compreendido como verdade, est contido nas ideias que a
alma possui.

9
b) A verdade reside na contemplao das sombras, refletidas pela luz exterior e projetadas
no mundo sensvel.
c) A verdade consiste na fidelidade, e como Deus o nico verdadeiramente fiel, ento a
verdade reside em Deus.
d) A principal tarefa da filosofia est em aproximar o mximo possvel a alma do corpo para,
dessa forma, obter a verdade.
e) A verdade encontra-se na correspondncia entre um enunciado e os fatos que ele aponta
no mundo sensvel.

4 (Enem 2015). O que implica o sistema da plis uma extraordinria preeminncia da palavra sobre
todos os outros instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditrio, a discusso, a
argumentao e a polmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo poltico.
VERNANT, J.P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado).

Na configurao poltica da democracia grega, em especial a ateniense, a gora tinha por funo
a) agregar os cidados em torno de reis que governavam em prol da cidade.
b) permitir aos homens livres o acesso s decises do Estado expostas por seus magistrados.
c) constituir o lugar onde o corpo de cidados se reunia para deliberar sobre as questes da comunidade.
d) reunir os exrcitos para decidir em assembleias fechadas os rumos a serem tomados em caso de
guerra.
e) congregar a comunidade para eleger representantes com direito a pronunciar-se em assembleias.

5. (Enem 2014).

GABARITO

10
Fonte: http://bit.ly/2fsT5Lj

SANZIO, R. Detalhe do afresco A Escola de Atenas

No centro da imagem, o filsofo Plato retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o
conhecimento se encontra em uma instncia na qual o homem descobre a

a) suspenso do juzo como reveladora da verdade.

b) realidade inteligvel por meio do mtodo dialtico.

c) salvao da condio mortal pelo poder de Deus.

d) essncia das coisas sensveis no intelecto divino.

e) ordem intrnseca ao mundo por meio da sensibilidade.

6. (Uel 2015) Leia os textos a seguir.


A arte de imitar est bem longe da verdade, e se executa tudo, ao que parece, pelo facto de atingir
apenas uma pequena poro de cada coisa, que no passa de uma apario.

Adaptado de: PLATO. A Repblica. 7.ed. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Calouste
Gulbenkian, 1993. p.457.
O imitar congnito no homem e os homens se comprazem no imitado.
Adaptado de: ARISTTELES. Potica. 4.ed. Trad. De Eudoro de Souza. So Paulo: Nova Cultural,
1991. p.203. Coleo Os Pensadores.
Com base nos textos, nos conhecimentos sobre esttica e a questo da mmesis em Plato e Aristteles,
assinale a alternativa correta.

a) Para Plato, a obra do artista cpia de coisas fenomnicas, um exemplo particular e, por isso, algo
inadequado e inferior, tanto em relao aos objetos representados quanto s ideias universais que os
pressupem.
b) Para Plato, as obras produzidas pelos poetas, pintores e escultores representam perfeitamente a
verdade e a essncia do plano inteligvel, sendo a atividade do artista um fazer nobre, imprescindvel
para o engrandecimento da plis e da filosofia.
c) Na compreenso de Aristteles, a arte se restringe reproduo de objetos existentes, o que veda o
poder do artista de inveno do real e impossibilita a funo caricatural que a arte poderia assumir ao
apresentar os modelos de maneira distorcida.

11
d) Aristteles concebe a mmesis artstica como uma atividade que reproduz passivamente a aparncia
das coisas, o que impede ao artista a possibilidade de recriao das coisas segundo uma nova dimenso.

e) Aristteles se ope concepo de que a arte imitao e entende que a msica, o teatro e a poesia
so incapazes de provocar um efeito benfico e purificador no espectador.

GABARITO
RESPOSTA DA QUESTO 1

A opo se justifica na medida em que o texto aponta para uma supremacia da


racionalidade frente a vivncia emprica e o senso comum, como horizonte de determinao
da verdade.
Gabarito: e

RESPOSTA DA QUESTO 2

nica opo que apresenta uma afirmao correta acerca da doutrina platnica, a
qual assumia a realidade sensvel e material como ilusria, tendo em vista a diferena da
mesma para com a realidade racionalizada e essencial das ideias.
Gabarito: d

RESPOSTA DA QUESTO 3

nica opo que apresenta uma descrio correta da concepo platnica acerca da
verdade, e apresenta a noo de ideias como inatas na alma, tal qual o texto introdutrio
pretende defender.
Gabarito: a

RESPOSTA DA QUESTO 4

Para os gregos, a gora era a praa central da plis, na qual se reuniam os cidados.
Atenas passava por um perodo democrtico e na Eclsia (assembleia dos cidados) os
cidados se reuniam para decidir sobre os assuntos de interesse pblico, que configurava a
prtica de uma democracia direta.

12
Gabarito: c

RESPOSTA DA QUESTO 5

Vejamos mais de perto o gesto de Plato apontando para cima. Plato estabeleceu, em seu sistema
filosfico, a existncia de dois mundos:
- Mundo das ideias, das essncias, inteligvel, que o homem atinge pela reflexo e dialtica;

- Mundo sensvel ou dos fenmenos. Este o mundo material, que tocamos.

Assim, no quadro Escola de Atenas, Aristteles aponta para baixo, para o mundo sensvel,
material e prtico. J Plato aponta para cima, para o mundo das Ideias.

Seguindo a linha de raciocnio de Plato, temos a alegoria da Caverna:

Os homens vivem dentro de uma caverna, com medo de sair. Eles veem formas enormes na
parede da caverna e se amedrontam. Estas formas na verdade so sombras das formas reais que
esto fora da caverna. Similarmente, o homem vive acorrentado em uma realidade ilusria, em
que todas as coisas so sombras. E a verdade est acima, no mundo das ideias.

Gabarito: b

13
RESPOSTA DA QUESTO 6

Plato defendeu a teoria de que o conhecimento verdadeiro se encontra no mundo inteligvel


(Mundo das Ideias), representado pelas ideias perfeitas que no sofrem a corrupo, captadas pelo
pensamento. Neste mundo, as ideias esto organizadas hierarquicamente das mais elevadas a de menor
perfeio, sendo o bem, o belo e o justo as ideias mais elevadas. Oposto ao Mundo das Ideias est o
Mundo Sensvel (Mundo da Matria). Neste mundo residem os objetos que temos acesso, porm estes
so cpias imperfeitas captadas pelos sentidos. Desta forma, qualquer representao das ideias ou da
beleza so apenas imitaes (mmesis) das coisas sensveis e no das verdadeiras ideias. Assim, a arte
uma imitao inferior da perfeio das ideias, sendo considerada como uma mera iluso para os
sentidos.
De forma diferente, embora Aristteles concorde que a arte imitao, isto no ocorre da mesma forma
que Plato. Para este filsofo, a arte uma imitao de coisas possveis que no tem realidade, mas
podem vir a ter. A mmesis algo natural dos seres humanos, como forma de inveno da realidade.
Portanto, a arte representa possibilidade de compreenso e conhecimento da realidade, servindo
tambm como aprimoramento do ser humano na busca de sua realizao moral, nas palavras do
filsofo uma catarse que por meio da educao dos sentidos conduz o ser humano ao equilbrio. A
alternativa [A] a nica que se enquadra nas teorias explicitadas.

Gabarito: a

14
Curso Completo
Sociologia
Professor: Franklin Augusto
CULTURA
O termo cultura suscita muitas interpretaes. O velho e reconhecido
dicionrio Aurlio assim o define: 1. Ato, efeito ou modo de cultivar. 2. Cultivo.
3. O complexo dos padres de comportamento, das crenas, das instituies e
doutros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e
caractersticos de uma sociedade: civilizao. 4. O desenvolvimento de um
grupo social, uma nao, etc., que fruto do esforo coletivo pelo aprimoramento
desses valores; civilizao, progresso. 5. Apuro, esmero, elegncia. 6. Criao
de certos animais, em particular os microscpicos. Os seis grupos de
significados que encontramos para definir o que cultura nos mostra, de
imediato, que o termo varia, sugerindo-nos que todas as acepes nele
presentes so aceitas. Assim, cultura significa tanto os valores e padres de
comportamento de uma sociedade (3), como civilizao, progresso (4) e, ainda,
apuro ou elegncia (5). Para um leitor descompromissado, tais significados
podem ser facilmente utilizados, desde que aplicados a uma determinada
situao que o exija. No entanto, para o historiador, a utilizao do termo no
pode ser feita dessa maneira, j que a adoo de um ou outro, ou de um e outro
significado implica necessariamente a tomada de uma posio acadmico-
poltica. Assim, no podendo usar indiscriminadamente o conceito de cultura, ao
historiador cabe abord-lo dentro de uma perspectiva histrica, ou seja,
considerando os contextos sociais dentro dos quais os termos foram elaborados.

(LIMA, Raquel Souza. O conceito de cultura em Raymond Williams e Edward P.


Thompson: breve apresentao das ideias de materialismo cultural e experincia.
Disponvel em: <www.historia.uff.br>. Acesso em 28 out. 2011.)

1
CULTURA UM CONCEITO CHAVE
A cultura , enfim, uma espcie de culos atravs do qual enxergamos o
mundo. Os nossos culos so diferentes dos culos dos indianos. Os deles so
diferentes dos paquistaneses, e assim por diante. Algumas categorias gerais
como Ocidente e Oriente podem dar conta das diferenas culturais mais
substanciais, como a preponderncia ou no do indivduo na organizao das
sociedades. Mas, certamente, esta diviso bipolar no d conta da diversidade
de valores e costumes que preenchem de significado a vida de grupos de
homens pelo mundo.
Quando no nos confrontamos com a diferena e compartilhamos modos
de vida, tomamos por naturais os valores que motivam as nossas aes e a dos
outros membros de nosso crculo social. Pensamos, por exemplo, que
absolutamente natural que os executivos se vistam com terno e gravata para ir
ao trabalho no clima brasileiro. Achamos que as mulheres nasceram romnticas
e os homens no. E tantos outros valores culturais so pensados como marcas
do nosso DNA.
Diferentemente dos animais, portanto, os homens tm a capacidade de
produzir cultura e justificativas para suas aes. Se a organizao social no
privilgio dos humanos, a atribuio de significados a todas suas interaes com
o mundo o . As sociedades produzem distintas leituras acerca do mesmo
mundo e as aes dos indivduos so inspiradas em motivaes e valores
diferenciados.

DIVERSIDADE CULTURAL: VALORES CULTURAIS E ETNOCENTRISMO


O etnocentrismo e a discusso dos valores culturais tm aparecido com
muita fora nos ltimos exames do Enem e outros vestibulares. Tal abordagem
no gratuita, dado que o Brasil possui altos ndices de preconceito e inmeras
polmicas relacionadas a questes raciais e culturais. O espao de uma prova
nacional se mostra, portanto, um campo aberto para estes assuntos urgentes.
No contexto geral, as questes se apresentam a partir de debates fundados

2
principalmente na cultura afro-brasileira e na indgena, e o modo como elas se
encontram estabelecidas em nosso pas. Desse modo, h duas centrais:
estabelecer a noo geral de etnocentrismo e relativismo cultural e em seguida
discutir ambos em relao realidade brasileira.

ETNOCENTRISMO CONCEITO E SIGNIFICADO


O etnocentrismo pode ser compreendido como todo preconceito de
carter cultural, que funda seu julgamento da cultura do outro em um conjunto
de valores construdos e fornecidos por sua prpria cultura. Dessa maneira, o
etnocentrismo vai aos poucos destruindo a capacidade de valorizar e exercer a
alteridade, a capacidade de enxergar o outro enquanto outro e respeit-lo.
O conceito de etnocentrismo j em si uma crtica ao modo como a
cultura foi apresentada pela antropologia durante muito tempo. Em obras de
tericos importantes da cultura como E. Taylor, encontra-se um modelo de
evolucionismo cultural que acreditava ser possvel hierarquizar e identificar as
culturas de maior e menor valor. Boas, um dos inauguradores da crtica a essa
viso, compreende que cada cultura tem sua histria e origem, apresentando um
desenvolvimento particular, e uma cincia como a antropologia deve perceber
que toda anlise cultural estar sempre contaminada pela prpria cultura na qual
o exame se origina.
Com o crescimento das teses de Boas e de outros tericos, comeou a
se cunhar o termo relativismo cultural, que se apresentava como a prtica de
maior compreenso para as diferenas culturais, adotando na antropologia uma
postura que tenta compreender a construo de valores, aceitando o carter
diverso. O relativismo no deve ser confundido aqui como plena aceitao, mas
como interesse sincero de entender a alteridade.

3
A REALIDADE BRASILEIRA
O etnocentrismo, enquanto prtica cultural, no pode ser pensado no
Brasil separado da prpria formao histrico-cultural e do preconceito oriundo
desse prprio processo. O incio da colonizao brasileira por Portugal j
desmarcava tais prticas com base na paulatina catequese dos ndios, em um
processo de aculturao forada.
A utilizao da mo de obra africana, em um segundo momento,
conseguiu produzir duas feridas culturais. A primeira delas foi a mutilao das
diversas culturas africanas de onde os escravos foram retirados, cada uma com
seus matizes e caractersticas. Depois, a negao aos escravos da prtica dos
poucos hbitos culturais que ainda conseguiram salvaguardar, diante da
multiplicidade cultural que se formou.
Mesmo com o fim da escravido, o preconceito se instituiu socialmente, e
com a paulatina marginalizao do negro, dada a falta de qualquer plano de
reintegrao social ps-escravido, comeou-se a marginalizar toda e qualquer
cultura desta origem, atribuindo a ela o carter de religio obscura, quando ligada
prtica religiosa, ou de menos valor e lotada de exotismo, quando ligado
produo cultural. Com o ndio no foi diferente: criou-se uma imagem de bom
selvagem e preguioso, que minimiza a verdadeira chacina realizada no
domnio portugus, e que faz com que se esquea a real situao das
comunidades atuais, at mesmo negligenciando-as.
Ao longo do sculo XX, com a ampliao da antropologia, o discurso
falseado de no existncia de preconceito foi abandonado, e aos poucos foram
criados dispositivos legais para garantir a insero destas culturas em nosso
horizonte social. A constituio de 88 foi fundamental nesse aspecto, ao inserir
como obrigao do Estado o pleno exerccio dos direitos culturais. Para isso
novas leis comearam a ser promulgadas, obrigando a insero destas culturas
nos currculos escolares e nas programaes de tv, minando aos poucos o
domnio de uma viso mais etnocntrica do prprio povo.

4
SOCIOLOGIA COMO CINCIA: AUTORES DA HISTRIA DA SOCIOLOGIA
Auguste Comte (1798-1857)

Fonte:http://migre.me/tqHwg. Acessado em: 04 de Abril de 2016

O termo sociologia foi inventado no sculo XIX pelo filsofo francs


Auguste Comte. Tal autor ganhou notoriedade por formular o positivismo,
sistema proposto como superior aos saberes filosficos e religiosos. Comte
defendia o tratamento da sociologia como fsica social, buscando leis
universalmente vlidas e se guiando pelo modelo da fsica. A sociologia natural
comtiana era determinista por ser previsvel e guiada por leis. Comte apenas
um autor importante na histria da disciplina j que suas ideias so consideradas
absolutamente inadequadas para os dias atuais.

5
mile Durkheim (1858-1917)

Fonte:http://migre.me/tqHDu. Acessado em: 04 de Abril de 2016

De Comte, Durkheim compartilhava a valorizao da cientificidade,


devendo o investigador tratar os fatos sociais como coisas, ou seja, enfrentar o
mundo das opinies e do senso do comum que governam a viso sobre os
fenmenos sociais. Assim, dizia que o crime visto pelo senso comum como
anomia, sinalizando que o corpo social no est saudvel, quando na verdade
a sade social presume a existncia do crime, j que ele est presente em todas
as formas sociais. Anomia seria apenas quando o crime atingiria nveis
incomuns, fugindo ao padro social. Durkheim procurou fundar a sociologia por
meio da oposio a outros campos cientficos, afirmando que apenas
explicaes sociolgicas seriam capazes de explicar fatos sociais.

6
Karl Marx (1818-1883)

Fonte: http://migre.me/tqHG7. Acessado em: 04 de Abril de 2016


Marx foi o socilogo mais influente do sculo, contribuindo no papel de
crtica estrutura moderna do capitalismo, baseada na explorao da fora de
trabalho proletria por parte da burguesia industrial. Para o autor, a histria da
sociedade de luta de classes. Do mesmo modo que a burguesia suplantou a
aristocracia, fundando o capitalismo, os estados nacionais e a democracia
burguesa, as contradies entre proletrios e burgueses, inevitavelmente,
levariam a superao do regime capitalista e da ordem burguesa. Por meio da
ditadura do proletariado, estado socialista transitrio, se alcanaria o
comunismo, regime desprovido de classes e de explorao humana.

7
SOCIOLOGIA COMO CINCIA: MAX WEBER
Max Weber (1864-1920)

Weber considerado fundador do individualismo metodolgico. Sua


preocupao central, diferentemente de Durkheim, o sentido com que os
homens atribuem a suas prprias prticas. O autor valia-se de tipos ideais para
empreender a investigao sociolgica. Ou seja, acreditava ser necessrio
exagerar aspectos da realidade seguindo interesses de pesquisa, de modo a
classificar a realidade observada. Um exemplo se refere s aes sociais. O
autor as dividia em ao emocional, ao tradicional, ao racional baseada
em valores e ao racional baseada em fins. Para ele, a realidade misturaria
um pouco de cada, e caberia ao socilogo perceber quais aspectos predominam.
Weber afirma que na modernidade a ao racional movida a fins que ganha
maior espao, superando em relevncia as aes baseadas na tradio, na
emoo e em valores.

8
DESENVOLVENDO COMPETNCIAS

1. (ENEM 2008) Na Amrica inglesa, no houve nenhum processo sistemtico


de catequese e de converso dos ndios ao cristianismo, apesar de algumas
iniciativas nesse sentido. Brancos e ndios confrontaram-se muitas vezes e
mantiveram-se separados. Na Amrica portuguesa, a catequese dos
ndios comeou com o prprio processo de colonizao, e a mestiagem teve
dimenses significativas. Tanto na Amrica inglesa quanto na portuguesa, as
populaes indgenas foram muito sacrificadas. Os ndios no tinham defesas
contra as doenas trazidas pelos brancos, foram derrotados pelas armas de fogo
destes ltimos e, muitas vezes, escravizados.
No processo de colonizao das Amricas, as populaes indgenas da Amrica
portuguesa
a) foram submetidas a um processo de doutrinao religiosa que no ocorreu
com os indgenas da Amrica inglesa.
b) mantiveram sua cultura to intacta quanto a dos indgenas da Amrica inglesa.
c) passaram pelo processo de mestiagem, que ocorreu amplamente com os
indgenas da Amrica inglesa.
d) diferenciaram-se dos indgenas da Amrica inglesa por terem suas terras
devolvidas.
e) resistiram, como os indgenas da Amrica inglesa, s doenas trazidas pelos
brancos.
Gabarito: a

2. (ENEM 2011) Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o pas era


povoado de ndios. Importaram, depois, da frica, grande nmero de escravos.
O Portugus, o ndio e o Negro constituem, durante o perodo colonial, as trs
bases da
populao brasileira. Mas no que se refere cultura, a contribuio do Portugus
foi de longe a mais notada.

9
Durante muito tempo o portugus e o tupi viveram lado a lado como lnguas de
comunicao. Era o tupi que utilizavam os bandeirantes nas suas expedies.
Em 1694, dizia o Padre Antnio Vieira que as famlias dos portugueses e ndios
em So Paulo esto to ligadas hoje umas com as outras, que as mulheres e os
filhos se criam mstica e domesticamente, e a lngua que nas ditas famlias se
fala a dos ndios, e a portuguesa a vo os meninos aprender escola.

TEYSSIER, P. Histria da lngua portuguesa. Lisboa: Livraria S da Costa, 1984


(adaptado).

A identidade de uma nao est diretamente ligada cultura de seu povo. O


texto mostra que, no perodo colonial brasileiro, o Portugus, o ndio e o Negro
formaram a base da populao e que o patrimnio lingustico brasileiro
resultado da
a)contribuio dos ndios na escolarizao dos brasileiros.
b)diferena entre as lnguas dos colonizadores e as dos indgenas.
c)importncia do Padre Antnio Vieira para a literatura de lngua portuguesa.
d)origem das diferenas entre a lngua portuguesa e as lnguas tupi.
e)interao pacfica no uso da lngua portuguesa e da lngua tupi.

Gabarito: e
3. (UFUB) De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se explica:
a) Pela distribuio da riqueza de acordo com o esforo de cada um no
desempenho de seu trabalho.
b) Pela diviso da sociedade em classes sociais, decorrente da separao entre
proprietrios e no-proprietrios dos meios de produo.
c) Pelas diferenas de inteligncia e habilidade inatas dos indivduos,
determinadas biologicamente.
d) Pela apropriao das condies de trabalho pelos homens mais capazes em
contextos histricos, marcados pela igualdade de oportunidades.
e) Pela tica protestante que supera a o pensamento catlico vigente.
Gabarito: b

10
4. Max Weber, em sua obra Economia e Sociedade, prope uma classificao
tpico-ideal da ao social, de acordo com o sentido ou orientao dos atores.
Considere os exemplos de ao social citados abaixo:
I o consumidor adquire um relgio motivado pela emoo que este lhe causa.
II o empresrio estabelece uma gratificao para os empregados mais
produtivos.
III o catlico caminha noventa quilmetros para demonstrar sua f.
IV o (a) estudante escolhe o colgio X s porque ali estudaram seus pais e
avs.

Marque a alternativa correta.


a) Os exemplos III e IV ilustram, respectivamente, a ao afetiva e a ao
racional com relao a fins.
b) Os exemplos I e III ilustram, respectivamente, a ao racional com relao a
fins e a ao tradicional.
c) Os exemplos II e IV ilustram, respectivamente, a ao afetiva e a ao racional
com relao a valores.
d) Os exemplos II e III ilustram, respectivamente, a ao racional com relao a
fins e a ao racional com relao a valores.

Gabarito: d

5. O significado da palavra cultura esteve vinculado terra at o sculo XVIII. Com o Iluminismo,
o termo passa a definir uma caracterstica do homem. Essa mudana de perspectiva s foi
possvel graas:

a) descoberta da teoria da evoluo das espcies e afirmao de que o homem era


descendente dos macacos;

b) imposio da Igreja para que se aceitasse a ideia de cultura como uma caracterstica
humana;

c) descoberta de novos mundos, como a Amrica, que colocou o homem em contato com
povos diferentes do europeu;

d) ao desenvolvimento da cincia e descoberta de novas formas de produo de alimentos;

11
e) a uma nova concepo de mundo, segundo a qual o homem passou a ser o centro do universo,
e no mais Deus;

Gabarito: e
6 (UEL 2003). O etnocentrismo pode ser definido como uma atitude emocionalmente
condicionada que leva a considerar e julgar sociedades culturalmente diversas com critrios
fornecidos pela prpria cultura. Assim, compreende-se a tendncia para menosprezar ou odiar
culturas cujos padres se afastam ou divergem dos da cultura do observador que exterioriza a
atitude etnocntrica. (...) Preconceito racial, nacionalismo, preconceito de classe ou de
profisso, intolerncia religiosa so algumas formas de etnocentrismo. (WILLEMS, E. Dicionrio
de Sociologia. Porto Alegre: Editora Globo, 1970. p. 125.)

Com base no texto e nos conhecimentos de sociologia, assinale a alternativa cujo discurso revela
uma atitude etnocntrica:

a) A existncia de culturas subdesenvolvidas relaciona-se presena, em sua formao, de


etnias de tipo incivilizado.

b) Os povos indgenas possuem um acmulo de saberes que podem influenciar as formas de


conhecimentos ocidentais.

c) Os critrios de julgamento das culturas diferentes devem primar pela tolerncia e pela
compreenso dos valores, da lgica e da dinmica prpria a cada uma delas.

d) As culturas podem conviver de forma democrtica, dada a inexistncia de relaes de


superioridade e inferioridade entre as mesmas.

e) O encontro entre diferentes culturas propicia a humanizao das relaes sociais, a partir do
aprendizado sobre as diferentes vises de mundo.

Gabarito: a

12
Curso Completo
Sociologia
Professor: Franklin Augusto

Diviso Social do Trabalho


O trabalho uma das fontes mais importantes de diferenciao social. O
conceito de campo de Bourdieu pode nos ajudar a pensar que a sociedade
vista por muitos como um bloco homogneo na realidade constituda de
submundos, os campos, que tm regras, valores e objetivos prprios. Deste
modo, os participantes do campo mdico no compartilham dos mesmos
objetivos e valores do que aqueles que participam do campo dos esportistas
profissionais. A importncia do campo tamanha que os corpos so modelados
a partir da sua atuao profissional, desenvolvendo mais alguns msculos e
tcnicas corporais do que outras.
Socilogos como Durkheim acreditam que sociedades com baixa diviso
social do trabalho tendem a manifestar pequenas diferenas entre os membros
por sua vez, aquelas com uma complexa diviso social do trabalho teriam a
individualidade mais desenvolvida.
Nesse sentido, a sociologia recusa a ideia iluminista de que os homens
so governados por uma natureza comum. Valendo-se da ideia de papeis
sociais, articulada as diferentes atuaes profissionais desempenhadas pelos
indivduos, os socilogos mostram que os grupos profissionais desenvolvem
particularidades, formas de se comportar e de pensar o mundo que no so
compartilhadas por todos os membros de uma sociedade. Assim, h diferenas
significativas entre o grupo profissional de jogadores de futebol e o de mdicos
que revelam distintas percepes do mundo e de formas de existir. Ainda que
haja diferenas entre os jogadores de futebol e entre os mdicos, estes tendem
a ser mais prximos entre si do que se comparado com outros grupos
profissionais.
Para Durkheim, a sociedade funciona como um corpo, onde cada rgo
tem a sua funo. Quanto mais desenvolvida, mais atividades devero ser

1
realizadas e mais especializadas sero as funes. Para o bom funcionamento
do todo, fundamental o cumprimento de suas funes.
Dessa especializao progressiva das atividades profissionais decorre a
dependncia, tambm progressiva, entre os homens. Se em tempos mais
remotos os homens controlavam ciclos inteiros do processo produtivo, no mundo
moderno cumprem apenas uma pequena parte deste processo. O efeito disso,
segundo Durkheim, foi, alm do aumento da produtividade, a maior solidariedade
entre os homens.
Durkheim distingue duas modalidades de solidariedade. A Solidariedade
mecnica: nas sociedades primitivas ou na sociedade feudal, a diviso do
trabalho no era muito desenvolvida e sendo pouca a dependncia entre os
homens. Para Durkheim, os laos que unem as pessoas esto fortemente
baseados na religio, na tradio e em sentimentos comuns. Essa para o
socilogo a solidariedade mecnica ou solidariedade por similitude.
A Solidariedade orgnica seria tpica das sociedades capitalistas, que
incluem maior especializao das funes e maior interdependncia entre os
trabalhadores. Para Durkheim, o vnculo social neste ambiente est relacionado
segmentao do trabalho e dependncia generalizada que ela produz entre
os homens.
Para Karl Marx, as relaes sociais so determinadas, ao longo da
histria, pelas dinmicas de produo. Assim, as condies materiais de
produo decorrem do emprego da mo de obra (de forma escrava, servil ou
assalariada) e dos parmetros estabelecidos para os bens e a produo
(agricultura de subsistncia, de larga escala, artesanato ou maquino fatura).
cada poca desenvolveu-se um modo de produo. Nesse sentido,
Marx opera com a ideia de que a histria caminha para uma direo
progredindo conforme se sucedem diferentes condies materiais de produo
e o conflito entre as diferentes classes.
O Materialismo Histrico de Marx aponta para um primeiro momento, nas
sociedades de abundncia, onde no h propriedade privada e

2
a diviso do trabalho baixa, tendendo a se restringir a uma diviso sexual. Tal
modelo conhecido pelo nome de comunismo primitivo. Entre os ndios, por
exemplo, a pesca e a caa seriam tarefas atribudas aos homens. Outros modos
de produo seriam o asitico e o escravista, desenvolvido na Antiguidade,
na Grcia e em Roma. O feudal teria se desenvolvido a partir da desagregao
do Imprio Romano do Ocidente e consistiria em relaes servis de produo,
baseadas na terra como riqueza e na servido.
Para quem vai realizar a prova do Enem no necessrio memorizar
detalhadamente os tipos de sistema de produo, mas saber que o capitalismo
foi precedido pelo sistema feudal e por formas ainda mais simples e com menor
diviso social do trabalho. H, nesse sentido, um curso evolutivo no qual o
capitalismo tambm deve ser sucedido, dessa vez por um sistema definitivo: o
comunismo. Mas esse um tema que voltaremos nas prximas aulas.
O capitalismo surge, em consequncia das Revolues Industrial e Francesa, no
sculo XVIII, a burguesia emergiu como grupo social detentor da propriedade
privada dos meios de produo (ou seja, as mquinas, ferramentas, insumos,
matrias-primas) que empregava mo-de-obra livre e assalariada. Nesta, cada
trabalhador cumpria uma tarefa especfica para a produo de um objeto. Com
isso, a fabricao ganhou agilidade, pois um trabalhador repetia ao longo do dia
uma nica etapa e no era mais responsvel pela concepo total de um
produto. Em seguida, a produo mecanizada nas fbricas introduziu avanos
tcnicos e produtivos que culminaram na industrializao.

MODERNIDADE E TRADIO

H diferentes formas de definir a modernidade e a sociedade moderna, a


seguir apresento um quadro com algumas de suas principais caractersticas,
lembrando que os seus contrapontos, so ainda menos claros, porque se
referem a uma variao considervel de sociedades e perodos histricos. Os
termos utilizados pelas cincias sociais variam entre sociedades tradicionais,
arcaicas, primitivas etc. Trata-se, portanto, de um processo de homogeneizao
de outras sociedades e de oposio aos Estados

3
Unidos e Europa ocidental considerados os autnticos modernos. Como
veremos mais adiante, o Brasil seria com muito esforo includo na categoria
sociedade moderna, ainda mais se pensarmos em todo territrio nacional e no
perodo da primeira metade do sculo XX, quando ainda predominava uma maior
concentrao populacional no campo do que nas cidades.

Soc. tradicional/primitiva Sociedade moderna

Baixa diviso social do trab. Alta diviso social do trab.

Trabalho manual Industrial

Rural Urbano

Alta conscincia coletiva Alta conscincia individual

Tribalismo, feudalismo Capitalismo

Pensamento mgico-religioso Racionalidade

Trab. no assalariado Trab. assalariado, mais valia

Arteso: Totalidade/trab. com sentido Trab. especializado/alienado

importante diferenciarmos a abordagem dos trs socilogos clssicos


no que refere as suas preocupaes com a temtica do trabalho na sociedade
moderna/ capitalista, uma vez que o reconhecimento de seus conceitos pode ser
cobrado na prova do Enem. Marx investiga o funcionamento do sistema
capitalista observando que ele se constitui por meio da explorao que a
burguesia, detentora dos meios de produo, realiza sobre o proletariado. O
autor denomina de mais valia, a apropriao no remunerada de parte do
trabalho operrio. Ele afirma que a conscincia dessa explorao acarretaria a
revolta que, se organizada, poria fim ao sistema capitalista.

4
Weber, por sua vez, critica Marx por dar um sentido exagerado
dimenso econmica, afirmando que classes sociais (que para Weber significam
apenas ter ou no bens) no acarretam necessariamente uma conscincia
comum que essa caracterstica mais tpica de estamentos, como grupos
profissionais j que o que aproxima as classes algo mais distante, mais
abstrato, enquanto o estamento mais prximo, significativo e cotidiano.
Durkheim utiliza o conceito de anomia para se referir ao efeito de
desarticulao da integrao social que pode ser causado pelo avano da
sociedade capitalista, quando h perda do sentido de interpendncia. Essa ideia
se aproxima da de alienao de Marx. No entanto, enquanto Marx v como
condio inevitvel da modernizao da sociedade a alienao e a explorao
capitalista, Durkheim mais positivo e reconhece apenas a possibilidade da
diviso social do trabalho gerar anomia e no solidariedade.
Tambm importante mencionar as mudanas mais recentes no mundo
do trabalho nas sociedades modernas, j que alguns autores vm questionando
se o momento atual no seria ps-moderno. Dentre os elementos que do base
a essa leitura esto mudanas como de crtica razo e burocracia tpica da
modernidade; a ps- industrializao; a globalizao; o crescimento dos
trabalhos informais; a flexibilizao do processo de trabalho, incluindo a
possibilidade de trabalho em casa; o fim dos especialistas e a passagem de um
modelo de produo fordista, centralizado, para um, toyotista, desterritorializado.
Retomaremos a esse ponto em outro momento, por hora, vamos passar o foco
para o Brasil.

O TRABALHO NO BRASIL

No final do sculo XIX, com a abolio da escravido, encerrou um longo


perodo de predomnio de trabalho no remunerado, de modo que h na histria
brasileira um tempo relativamente curto de predomnio do assalariamento.
Nesse sentido, a vinda de imigrantes aumentou expressivamente desde o fim da
escravido. Enquanto de 1820-1890 foram 987.461 pessoas, de 1891-1900 esse
nmero foi de 1.129.315 pessoas.

5
Para o socilogo Florestan Fernandes o fim da escravido no teve como
questo central a melhoria de vida dos negros, sendo feito com o intuito de
modernizar o Brasil e se adequar a realidade internacional. O Brasil, segundo o
autor, no viveu uma revoluo burguesa como os demais pases, j que no
houve democratizao dos ganhos da burguesia e o sistema competitivo se
manifestou de maneira muito rudimentar no incio do nosso processo de
urbanizao e de industrializao.
O perodo de Primeira Repblica (1889-1930) foi cercado por intensas
manifestaes de trabalhadores pela conquista de direitos. importante
considerarmos que as primeiras mobilizaes dos trabalhadores no Brasil foram
construdas num contexto histrico mundial de 1 Guerra Mundial, Revoluo
Russa, crescimento econmico e poltico dos EUA e da crise de 1929.
As pssimas condies de trabalho e os baixos salrios levaram muitos
desses imigrantes a se organizarem em sindicatos e promoverem greves, como
as de 1917, fortemente marcada pela ideologia anarquista. Dentre as principais
reivindicaes: melhores condies de trabalho, diminuio da carga horria,
melhoria salarial e normatizao do trabalho de mulheres.
Getlio Vargas, no dia primeiro de maio de 1943 ganhou notoriedade pela
consolidao das leis trabalhistas (CLT) que entre outros pontos foi responsvel
pela regulamentao do descanso semanal, das frias remuneradas e do
seguro-desemprego.
Nesse momento, o Brasil ainda era um pas predominantemente rural
como possvel observar a partir dos dados do IBGE no grfico a seguir:

6
Jos de Souza Martins questiona a ideologia urbana por atribuir um papel
desimportante ao mbito rural e responsabiliz-lo pelo atraso do pas. Para o
autor, esse atraso s pode ser entendido em complementariedade com a esfera
urbana que exige do campo baixos preos para extrair vantagens na competio
externa. Alm disso, o autor afirma que as lutas no campo contra a concentrao
de terra e o sistema de rentismo exprimem uma relao de proximidade com a
cidade, j que enquanto os operrios so explorados pelo capital, os
camponeses so expropriados e obrigados a dar parte de sua produo aos
donos da terra, realizando assim o sistema rentista. importante destacar essa
Ideia, de que tanto no campo quanto na cidade existe um sistema capitalista.
Nos tempos atuais, com o governo Lula, houve a reduo do desemprego,
aumento do salrio mnimo e elevao da condio de vida da populao. No
entanto, o economista Marcio Pochmann afirma que a mdia propaga um
discurso ideolgico equivocado, propagandeando o surgimento de uma nova
classe mdia. O autor afirma que se trata apenas da sada da pobreza extrema,
mas que tais trabalhadores que ganham pouco mais de um salrio mnimo, no
podem acumular dinheiro, por isso no podem ter bens, estando longe da
burguesia e, nesse sentido, no seriam classe mdia. Este salrio seria todo
consumvel e o que determina a posio de classe no o consumo, mas a
propriedade.

7
DESENVOLVENDO COMPETNCIAS

1. (Enem, 2001) ...Um operrio desenrola o arame, o outro o endireita, um


terceiro corta, um quarto o afia nas pontas para a colocao da cabea do
alfinete; para fazer a cabea do alfinete requerem-se 3 ou 4 operaes
diferentes; ... SMITH, Adam. A Riqueza das Naes. Investigao sobre a sua
Natureza e suas Causas. Vol. I. So Paulo: Nova Cultural, 1985.

Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de 1997.

A respeito do texto e do quadrinho so feitas as seguintes afirmaes:

I. Ambos retratam a intensa diviso do trabalho, qual so submetidos os


operrios.
II. O texto refere-se produo informatizada e o quadrinho, produo
artesanal.
III. Ambos contm a ideia de que o produto da atividade industrial no depende
do conhecimento de todo o processo por parte do operrio.

Dentre essas afirmaes, apenas

(a) I est correta.

(b) II est correta.

(c) III est correta.

(d) I e II esto corretas.

(e) I e III esto corretas.

2. O conceito usado por Emile Durkheim para explicar a coeso social na


sociedade moderna, caracterizada pelo individualismo o de:

a) sistema orgnico.
b) solidariedade orgnica.

8
c) solidariedade mecnica.
d) norma social.
e) competio.

3. Enem (2014) Um trabalhador em tempo flexvel controla o local do trabalho,


mas no adquire maior controle sobre o processo em si. A essa altura, vrios
estudos sugerem que a superviso do trabalho muitas vezes maior para os
ausentes do escritrio do que para os presentes. O trabalho fisicamente
descentralizado e o poder sobre o trabalhador, mais direto.
SENNETT, R. A corroso do carter: consequncias pessoais do novo capitalismo. Rio
de Janeiro: Record, 1999 (adaptado).

Comparada organizao do trabalho caracterstica do taylorismo e do


fordismo, a concepo de tempo analisada no texto pressupe que
a) as tecnologias de informao sejam usadas para democratizar as relaes
laborais.
b) as estruturas burocrticas sejam transferidas da empresa para o espao
domstico.
c) os procedimentos de terceirizao sejam aprimorados pela qualificao
profissional.
d) as organizaes sindicais sejam fortalecidas com a valorizao da
especializao funcional.
e) E os mecanismos de controle sejam deslocados dos processos para os
resultados do trabalho.

4. (Unicentro 2011) Um dos livros muito conhecidos do socilogo Emile Durkheim o Da


diviso do trabalho social, obra publicada em 1893. Nesse livro, o autor identifica o surgimento
de um novo mtodo de trabalho que conduzia a uma nova fonte de interao social. Sobre a
funo da diviso do trabalho em Durkheim, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F, para
as falsas.

( ) A especializao das profisses e a diviso do trabalho baseiam-se em uma tica asceta


que leva os indivduos a buscarem acumulao e eficincia e a evitarem o desperdcio e a
preguia.
( ) Os resultados econmicos da diviso do trabalho so de menos importncia, pois o efeito
moral, o sentimento de solidariedade que essa produz a sua verdadeira funo.
( ) Um arranjo social com classes dominantes e classes dominadas em constante conflito entre
si uma das principais implicaes da diviso social do trabalho.

9
( ) A diviso do trabalho possibilita a coeso social, garantindo o funcionamento harmnico do
organismo social.

A alternativa que contm a sequncia correta, de cima para baixo, a

a) V V V F
b) F V V V
c) F V F F
d) F V F V
e) V F F F

5. Ao separar completamente o patro e o empregado, a grande indstria


modificou as relaes de trabalho e apartou os membros das famlias, antes que
os interesses em conflito conseguissem estabelecer um novo equilbrio. Se a
funo da diviso do trabalho falha, a anomia e o perigo da desintegrao
ameaa todo o corpo social e quando o indivduo, absorvido por sua tarefa se
isola em sua atividade especial, j no percebe os colaboradores que trabalham
ao seu lado e na mesma obra, nem sequer tem ideia dessa obra comum.

(DURKHEIM, E. A Diviso Social do Trabalho. Apud QUINTEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.;


OLIVEIRA, M. G. M. Toque de Clssicos. Vol 1. Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2007. p. 91.)

(Uel 2010) Assinale a alternativa que corretamente define a funo moral da diviso do trabalho
social segundo E. Durkheim.

a) Ampliar a anomia social.


b) Estimular o conflito de classes.
c) Promover a conscincia de classe.
d) Estreitar os laos de solidariedade social.
e) Reproduzir formas de alienao social.

6. (Ufpa 2012) Atualmente experimentamos profundas transformaes, em


todas as dimenses da sociedade, que levaram a uma reestruturao radical do
setor produtivo. uma das CONSEQUNCIAS desse processo:

a) Promove-se a organizao da classe trabalhadora e fortalecem-se os


sindicatos, uma vez que agora estes possuem um poder de presso maior sobre
os empresrios.

b) As empresas que passaram por um processo de reestruturao produtiva


conseguiram obter vantagens comerciais porque, ao fazerem um intenso
investimento em tecnologia, reduziram consideravelmente o desemprego
tecnolgico, ao mesmo tempo em que criaram mais postos de trabalho.

10
c) A fragmentao do mundo do trabalho e a prtica empresarial da terceirizao
tendem a criar uma rede complexa e diversificada na qual surgem novos
estatutos precrios de emprego e salrio.

d) Conquistam-se novos benefcios sociais e garantem-se benefcios j


conquistados, na medida em que as empresas contratantes, ao livrarem-se dos
encargos sociais e legais impostos pelo Estado, acrescentam os valores
correspondentes nos salrios dos trabalhadores, a ttulo de incentivo.

e) Existe uma espcie de degradao do trabalho na maioria dos setores da


economia, que determinada, em grande medida, pelo pouco interesse que os
jovens possuem em relao sua prpria qualificao; o que nada tem a ver
com os processos decorrentes da lgica do capitalismo.

GABARITO
1.e, 2.b; 3.e; 4.d; 5.d; 6.c

11
Curso completo
Professora Priscila Gomes
Portugus

Lngua e Linguagem (parte II)

Como sabemos, a Lngua um cdigo que sofre alteraes


frequentemente. Vocbulos so criados, significados so renovados, modos de
expresso so diversificados, ratificando essa sua flexibilidade. Nesse
contexto, deve-se atentar para o fato de que, dentro de cada grupo social,
existem diferenas, que por sua vez geram as chamadas variaes lingusticas.

Variaes lingusticas so variaes que a lngua apresenta, de acordo


com as condies sociais, geogrficas, etrias e histricas em que
utilizada.

As variantes lingusticas

Variantes sociais, culturais ou diastrticas: maneira como cada grupo social se


expressa. O modo de as camadas mais baixas se expressarem, por exemplo,
no o mesmo das mais altas. O fato de as categorias mais abastadas terem
maior acesso escola contribui para essas diversidades. A realidade cultural
na qual cada classe vive gera esse tipo de variao.

Variantes geogrficas, regionais ou diatpicas: cada regio apresenta uma


forma particular de se expressar. Essa variao faz-se presente principalmente
pela pronncia de certos fonemas, pela entonao das frases (sotaque) e at
mesmo pela incorporao de expresses caractersticas de determinada
localidade.

Variantes etrias: modo como cada faixa de idade se exprime. A maneira de


falar de um adolescente, por exemplo, bem diferente daquela de um adulto
ou, at mesmo, de um idoso.

Variantes histricas ou diacrnicas: ocorrem de acordo com a maneira de falar


de determinada poca. Essa variao acompanha as mudanas
comportamentais da sociedade - novas grias so incorporadas, expresses
so esquecidas - tudo de acordo com a passagem do tempo.
Alm disso, entre essas variantes lingusticas, temos a denominada norma
culta ou padro da lngua, considerada como modelo de escrever e de falar
corretamente, segundo a gramtica normativa. aquela ensinada nas escolas,
que procura no infringir as regras e que tem maior prestgio social.

Os registros lingusticos e seus nveis de formalismo

Cada situao comunicativa se adequa a um nvel de formalismo mais


especfico. Ao conversarmos com um amigo, por exemplo, utilizamos uma
linguagem diferente de quando nos dirigimos a uma autoridade ou nos
encontramos num ambiente mais srio, como o de trabalho.
O que deve ser levado em considerao se a comunicao foi
estabelecida e, para que isso ocorra, devemos saber utilizar o discurso mais
adequado determinada situao.

Basicamente, dividiremos da seguinte forma os registros da lngua:

1. Formal: aquele que segue as regras gramaticais, sendo mais utilizado na


escrita, principalmente em casos em que a formalidade se faz necessria.
Trata-se de uma linguagem padro.

2) Informal/Coloquial: no h uma rigidez em relao ao respeito das normas


gramaticais. Ocorrem alguns desvios, coloquialismos da lngua, marcas de
oralidade, uso de grias. Est mais presente no cotidiano, na lngua falada,
principalmente.

Ateno!

A lngua est sujeita a uma srie de influncias e de trocas culturais.


Essa flexibilidade do cdigo permite um enriquecimento que, muitas vezes,
fortalecido a partir da incorporao de novos elementos. Nesse contexto,
estudaremos dois importantes recursos lingusticos decorrentes dessas
transformaes: o neologismo e o estrangeirismo.

O neologismo

Como se pode perceber, a lngua sofre uma srie de adaptaes ao


longo do tempo. Nesse sentido, novos vocbulos podem ser criados e
incorporados ao nosso lxico, muitas vezes, para expressar uma ideia que no
possua uma palavra correspondente. A esse novo termo, damos o nome de
neologismo. O termo vem de neologia, do grego: ne(o)- = novo + -logia =
cincia que significa palavra recm-criada ou palavra com um novo significado.

Observe o poema abaixo:

AO DEUS COM UNIK ASSO

Salve, deus compacto


cinturo da Terra
cala circular
unissex, rex
do lugarfalar
comum.
Salve,meio-fim
De finrinfinfim
Plurimelodia
Distriburrida no planeta.
E quando no restar
o mnimo ponto
a ser detectado
a ser invadido
a ser consumido
e todos os seres
se atomizarem na supermensagem
do supervcuo
e todas as coisas
se apagarem no circuito global
e o Meio
deixar de ser Fim e chegar ao fim,
Senhor! Senhor!
quem vos salvar
de vossa prpria, de vossa terrbil
estremendona
inkomunikhasso?
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Obras Completas: as impurezas do branco. Rio de Janeiro,
Nova Aguiar, 1992. vol. 2, p. 269.)

Apoiado na licena potica a ele atribuda, o poeta faz uso desse


interessante recurso lingustico para enriquecer e ampliar a significao textual.
Quando a palavra j existe, sendo apenas acrescentado a ela um novo
significado, trata-se de um neologismo semntico.

Exemplo:

Campanha contra a pirataria. (www.pr.gov.br)

Repare que a palavra legal assume um novo sentido, alm da questo


da legalidade; de se estar dentro da lei. Quando falamos que algum
legal, muitas vezes, fazemos referncia ao fato de essa pessoa ser gente
boa. Atribui-se, assim, um novo sentido a um termo que j existia em nossa
lngua neologismo semntico.

Estrangeirismos ou emprstimos lingusticos

Como vivemos em um mundo globalizado, estamos sujeitos a uma srie


de trocas culturais. Nesse sentido, sofremos as mais variadas influncias, seja
no modo de viver, na maneira de se vestir, nos hbitos de alimentao, na
msica, nas artes e, claro, no modo de falar e de escrever. Essa flexibilidade
na lngua permite, muitas vezes, a incorporao de palavras de origem
estrangeira em nosso vocabulrio. Esses vocbulos incorporados lngua
recebem o nome de estrangeirismos ou emprstimos lingusticos.
Quando uma palavra, ao ser inserida em nosso lxico, sofre
modificaes grficas, dizemos que ela foi aportuguesada. o caso, por
exemplo, do verbo deletar, que veio do termo em ingls delete.
O texto abaixo um exemplo dessa influncia estrangeira na
composio musical. Veja:

Samba Do Approach
(Zeca Baleiro)

Venha provar meu brunch


Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat

Eu tenho savoir-fare
Meu temperamento light
Minha casa high-tech
Toda hora rola um insight
J fui fo do Jethro Tull
Hoje me amarro no Slash
Minha vida agora cool
Meu passado que foi trash

Venha provar meu brunch


Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat

Mas fica ligada no link


Que eu vou confessar my love
Depois do dcimo drink
S um bom e velho Engov
Eu tirei o meu green card
E fui pra Miami Beach
Posso no ser pop star

Mas j sou um noveau rich

Venha provar meu brunch


Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat

Eu tenho sex appeal


Saca s meu background
Veloz como Damon Hill
Tenaz como Fittipaldi
No dispenso um happy end
Quero jogar no dream team
De dia um macho man
E de noite drag queen

Venha provar meu brunch


Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat

Disponvel em: https://letras.mus.br/zeca-baleiro/43674/. Acessado em:15/12/2015

Desenvolvendo Competncias

1. (Enem)

S h uma sada para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida:


aceitar mudana da lngua como um fato. Isso deve significar que a escola
deve aceitar qualquer forma de lngua em suas atividades escritas? No deve
mais corrigir? No!
H outra dimenso a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita,
no existe apenas um portugus correto, que valeria para todas as ocasies: o
estilo dos contratos no o mesmo dos manuais de instruo; o dos juzes do
Supremo no o mesmo dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais no o
mesmo dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus
colunistas.

(POSSENTI, S. Gramtica na cabea. Lngua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 adaptado).

Srio Possenti defende a tese de que no existe um nico portugus


correto. Assim sendo, o domnio da lngua portuguesa implica, entre outras
coisas, saber

a) descartar as marcas de informalidade do texto.


b) reservar o emprego da norma padro aos textos de circulao ampla.
c) moldar a norma padro do portugus pela linguagem do discurso jornalstico.
d) adequar as formas da lngua a diferentes tipos de texto e contexto.
e) desprezar as formas da lngua previstas pelas gramticas e manuais
divulgados pela escola.
2. (Enem)

S falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso de termos


estrangeiros no Brasil] para que palavras como shopping center , delivery e
drive-through sejam proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas.
Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer rea de
livre comrcio com nosso inculto e belo idioma, venho sugerir algumas outras
medidas que sero de extrema importncia para a preservao da soberania
nacional, a saber:
Nenhum cidado carioca ou gacho poder dizer "Tu vai" em espaos
pblicos do territrio nacional;

Nenhum cidado paulista poder dizer "Eu lhe amo" e retirar ou acrescentar o
plural em sentenas como "Me v um chopps e dois pastel";

Nenhum dono de borracharia poder escrever cartaz com a palavra


"borraxaria" e nenhum dono de banca de jornal anunciar "Vende-se cigarros";

Nenhum livro de gramtica obrigar os alunos a utilizar colocaes


pronominais como "casar-me-ei" ou "ver-se-o".

PIZA, Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado de S. Paulo, So Paulo, 8/04/2001.

No texto acima, o autor:

a) mostra-se favorvel ao teor da proposta por entender que a lngua


portuguesa deve ser protegida contra deturpaes de uso.
b) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos
regionais e socioculturais da lngua.
c) denuncia o desconhecimento de regras elementares de concordncia verbal
e nominal pelo falante brasileiro.
d) revela-se preconceituoso em relao a certos registros lingusticos ao propor
medidas que os controlem.
e) defende o ensino rigoroso da gramtica para que todos aprendam a
empregar corretamente os pronomes.

3. Enem
O lxico e a cultura
Potencialmente, todas as lnguas de todos os tempos podem candidatar-
se a expressar qualquer contedo. A pesquisa lingustica do sculo XX
demonstrou que no h diferena qualitativa entre os idiomas do mundo ou
seja, no h idiomas gramaticalmente mais primitivos ou mais desenvolvidos.
Entretanto, para que possa ser efetvamente utilizada, essa igualdade potencial
precisa realizar-se na prtica histrica do idioma, o que nem sempre acontece.
Teoricamente, uma lngua com pouca tradio escrita (como as lnguas
indgenas brasileiras) ou uma lngua j extinta (como o latim ou o grego
clssicos) podem ser empregadas para falar sobre qualquer assunto, como,
digamos, fsica quntica ou biologia molecular. Na prtica, contudo, no
possvel, de uma hora para outra, expressar tais contedos em camaiur ou
latim, siplesmente porque no haveria vocabulrio prprio para esses
contedos. perfeitamente possvel desenvolver esse vocabulrio especfico,
seja por meio de emprstimos de outras lnguas, seja por meio da criao de
novos termos na lngua em questo, mas tal tarefa no se realizaria em pouco
tempo nem com pouco esforo.
BEARZOTI FILHO, P. Miniaurlio: o dicionrio da lngua portuguesa. Manual do professor.
Curitiba: Positivo, 2004 (fragmento)

Estudos contemporneos mostram que cada lngua possui sua prpria


complexidade e dinmica de funcionamento. O texto ressalta essa dinmica, na
medida em que enfatiza

a) a inexistncia de contedo comum a todas as lnguas, pois o lxico


contempla viso de mundo particular especfica de uma cultura.
b) a existncia de lnguas limitadas por no permitirem ao falante nativo se
comunicar perfeitamente a respeito de qualquer contedo.
c) a tendncia a serem mais restritos o vocabulrio e a gramtica de lnguas
indgenas, se comparados com outras lnguas de origem europeia.
d) a existncia de diferenas vocabulares entre os idiomas, especificidades
relacionadas prpria cultura dos falantes de uma comunidade.
e) a atribuio de maior importncia sociocultural s lnguas contemporneas,
pois permitem que sejam abordadas quaisquer temticas, sem dificuldades.

4. (Enem/2005) Leia com ateno o texto a seguir.

[Em Portugal], voc poder ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas
sutilezas da lngua. Por exemplo, no adianta pedir para ver os ternos pea para ver os
fatos. Palet casaco. Meias so pegas. Suter camisola mas no se assuste,
porque calcinhas femininas so cuecas. (No uma delcia?)

(Ruy Castro. Viaje Bem. Ano VIII, no 3, 78.)

O texto destaca a diferena entre o portugus do Brasil e o de Portugal quanto:

a) ao vocabulrio.

b) derivao.

c) pronncia.

d) ao gnero.

e) sintaxe.

5 (Enem 2009).
A linguagem da tirinha revela:

a) o uso de expresses lingusticas e vocabulrio prprios de pocas antigas.

b) o uso de expresses lingusticas inseridas no registro mais formal da lngua.

c) o carter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal no segundo quadrinho.

d) o uso de um vocabulrio especfico para situaes comunicativas de emergncia.

e) a inteno comunicativa dos personagens: a de estabelecer a hierarquia entre eles.

6 (Enem 2006) No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o
patro para receber o salrio. Eis parte da cena: No se conformou: devia haver engano. () Com certeza
havia um erro no papel do branco. No se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida
inteira assim no toco, entregando o que era dele de mo beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como
negro e nunca arranjar carta de alforria? O patro zangou-se, repeliu a insolncia, achou bom que o
vaqueiro fosse procurar servio noutra fazenda. A Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem.
No era preciso barulho no.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.

No fragmento transcrito, o padro formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de


coloquialismo no vocabulrio. Pertence a variedade do padro formal da linguagem o seguinte trecho:

a) No se conformou: devia haver engano (.1).

b)e Fabiano perdeu os estribos (.3).

c)Passar a vida inteira assim no toco (.4).

d)entregando o que era dele de mo beijada! (.4-5).

e) A Fabiano baixou a pancada e amunhecou (.11).


Gabarito:

1. d; 2. b; 3. d; 4. a; 5.c; 6.a
Curso Completo
Prof. Priscila Gomes
Portugus

LNGUA E LINGUAGEM (I)

Nesta primeira aula, vamos iniciar nossos estudos bsicos envolvendo a principal ferramenta
capaz de fazer com que nos comuniquemos: a Lngua no nosso caso a Portuguesa. Para isso,
tomemos por base o texto a seguir:

Lngua
Esta lngua como um elstico
que espicharam pelo mundo.

No incio era tensa,


de to clssica.
Com o tempo, se foi amaciando,
foi-se tornando romntica,
incorporando os termos nativos
e amolecendo nas folhas de bananeira
as expresses mais sisudas.

Um elstico que j no se pode


mais trocar, de to gasto;
nem se arrebenta mais, de to forte.

Um elstico assim como a vida


que nunca volta ao ponto de partida.
(Gilberto Mendona Teles. Falavra. Lisboa: Dinalivro, 1989. p. 95-6.)

O texto de Gilberto Mendona Teles trata de um relevante assunto para o nosso estudo: as
transformaes pelas quais a lngua passa com o decorrer do tempo. No poema, criada uma imagem
desse sistema como algo mutante e, ao mesmo tempo, enriquecedor para a sociedade.
Na comunidade em que vivemos, utilizamos a Lngua Portuguesa para que possamos nos
comunicar e interagir com os demais membros. Dessa forma:

Lngua um tipo de cdigo, formado por palavras e por leis


combinatrias, capaz de gerar interao social.
A Lngua , hoje, o principal instrumento responsvel pela comunicao. um sistema formado
por signos e por combinaes entre eles, permitindo, assim, a interlocuo, ou seja, o dilogo.
Basicamente, comeamos a traar o sistema comunicativo da seguinte maneira:

MENSAGEM
EMISSOR RECEPTOR

CDIGO (= Lngua)

A Lngua mostra-se, portanto, como um cdigo verbal (por utilizar a palavra), capaz de traduzir
informaes (mensagem) do emissor (transmissor) para o receptor.

Signos lingusticos
Os signos lingusticos so os sinais que permitem a comunicao. Dividem-se em duas partes:
I) Significante: diz respeito s formas como percebemos a imagem do signo; a expresso por ele
representada, as marcas no papel ou o prprio som. a parte perceptvel.
II) Significado: o conceito mental a que se refere o signo; o contedo. a parte inteligvel.

Tomando como exemplo o signo casa, teramos:

Significantes: house, home / k a z a /


Significado: lugar destinado moradia.

Observe
Texto I
A Casa

Era uma casa


Muito engraada
No tinha teto
No tinha nada
Ningum podia entrar nela, no
Porque na casa no tinha cho
Ningum podia dormir na rede
Porque na casa no tinha parede
Ningum podia fazer pipi
Porque penico no tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos Bobos
Nmero zero
(Vinicius de Moraes)
O signo casa, no texto de Vinicius de Moraes, corresponde exatamente ao significado dado
acima (local de moradia). Veja agora o seguinte dilogo:

Dois amigos conversando:


Cara, estou ferrado! Minha mulher descobriu toda a verdade!
E agora?
Agora? A casa caiu!

Repare que a expresso A casa caiu possui um significado diferente; um sentido figurado.
Nesse caso, quer dizer que a situao ficou bem complicada de se resolver. Dessa forma, podemos
perceber que um signo pode ter mltiplos significados, dependendo do contexto no qual esteja inserido.
Quando o sentido o literal, damos o nome de denotao e, quando o figurado, conotao.

Um termo ou uma palavra, alm do seu significado denotativo, pode vir acrescido de
outros significados paralelos, pode vir carregado de impresses, valores afetivos,
negativos e positivos. Assim, sobre o signo lingustico, dotado de um plano de expresso
e um plano de contedo, pode-se construir outro plano de contedo constitudo de
valores sociais, de impresses ou reaes psquicas que um signo desperta. Esses
valores sobrepostos ao signo constituem aquilo que denominamos de sentido conotativo
e esse acrscimo de um novo contedo constitui a conotao.
(Plato & Fiorin. Para entender o texto).

Como vimos, a lngua um sistema de signos e de combinaes que permite a comunicao, no


entanto, ela apenas uma das formas de representarmos nossos pensamentos. Observe a seguir:
A tira encena uma situao comunicativa entre os personagens. Para que seja compreendida,
preciso que observemos um conjunto de informaes, isto , as diferentes linguagens utilizadas.
Quando nos comunicamos, podemos usar palavras, imagens, sons, gestos. Assim, conclumos:

Linguagem a representao de ideias e de pensamentos


com o objetivo de realizar a comunicao.

Tipos de Linguagem
Verbal: aquela que utiliza a lngua (oral ou escrita), ou seja, tem por unidade a palavra;
No Verbal: a que possui outros tipos de unidade, como o gesto, o movimento, a imagem, a dana,
etc.
Mista: aquela que utiliza tanto a palavra quanto as demais unidades, como nas histrias em
quadrinhos, no teatro, na televiso, no cinema.

Tanto a linguagem verbal quanto as linguagens no verbais expressam sentidos e, para


isso, utilizam-se de signos, com diferena de que, na primeira, os signos so constitudos
dos sons da lngua (por exemplo, mesa, fada, rvore), ao passo que nas outras
exploram-se outros signos, como as formas, a cor, os gestos, os sons musicais, etc. Em
todos os tipos de linguagem, os signos so combinados entre si, de acordo com certas
leis, obedecendo a mecanismos de organizao.
(Plato & Fiorin. Para entender o texto)
DESENVOLVENDO COMPETNCIAS

1. (Enem 2005) Leia com ateno o texto:


[Em Portugal], voc poder ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas
desconhecendo certas sutilezas da lngua. Por exemplo, no adianta pedir para ver os ternos pea
para ver os fatos. Palet casaco. Meias so pegas. Suter camisola mas no se assuste,
porque calcinhas femininas so cuecas. (No uma delcia?)
(Ruy Castro. Viaje Bem. Ano VIII, n.3, 78.)
O texto destaca a diferena entre o portugus do Brasil e o de Portugal quanto:
A) ao vocabulrio
B) derivao.
C) pronncia.
D) ao gnero.
E) sintaxe.

2. (Enem 2001)

O problema enfrentado pelo migrante e o sentido da expresso sustana expressos nos


quadrinhos, podem ser, respectivamente, relacionados a:
a) rejeio / alimentos bsicos.
b) discriminao / fora de trabalho.
c) falta de compreenso / matrias-primas.
d) preconceito / vesturio.
e) legitimidade / sobrevivncia.

3. (Enem 2016)
Mandinga Era a denominao que, no perodo das grandes navegaes, os portugueses davam
costa ocidental da frica. A palavra se tornou sinnimo de feitiaria porque os exploradores lusitanos
consideravam bruxos os africanos que ali habitavam que eles davam indicaes sobre a existncia
de ouro na regio. Em idioma nativo, manding designava terra de feiticeiros. A palavra acabou virando
sinnimo de feitio, sortilgio.
COTRIM, M. O pulo do gato 3. So Paulo: Gerao Editorial, 2009 (fragmento).

No texto, evidencia-se que a construo do significado da palavra mandinga resulta de um(a)


a) contexto scio-histrico.
b) diversidade tnica.
c) descoberta geogrfica.
d) apropriao religiosa.
e) contraste cultural.

4. (Enem 2008)

Considerando a diversidade cultural focalizada no texto e nas figuras acima, avalie as seguintes
afirmativas.
I. A mitologia guarani relaciona a presena da Ema no firmamento s mudanas das estaes do
ano.
II. Em culturas indgenas e no-indgenas, o Cruzeiro do Sul, ou Cut'uxu, funciona como parmetro
de orientao espacial.
III. Na mitologia guarani, o Cut'uxu tem a importante funo de segurar a Ema para que seja
preservada a gua da Terra.
IV. As trs Marias, estrelas da constelao de rion, compem a figura da Ema.

correto apenas o que se afirma em:


a) I.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.

5. (Enem 2013)

Pelas caractersticas da linguagem visual e pelas escolhas vocabulares, pode-se entender que o
texto possibilita a reflexo sobre uma problemtica contempornea ao
a) criticar o transporte rodovirio brasileiro, em razo da grande quantidade de caminhes nas estradas
b) ironizar a dificuldade de locomoo no trnsito urbano, devida ao grande fluxo de veculos.
c) expor a questo do movimento como um problema existente desde tempos antigos, conforme frase
citada.
d) restringir os problemas de trfego a veculos particulares, defendendo, como soluo, o transporte
pblico.
e) propor a ampliao de vias nas estradas, detalhando o espao exguo ocupado pelos veculos nas
ruas.
6. (Enem 2016)

Disponvel em: www.paradapelavida.com.br. Acesso em: 15 nov. 2014


Nesse texto, a combinao de elementos verbais e no verbais configura-se como estratgia
argumentativa para
a) manifestar a preocupao do governo com a segurana dos pedestres.
b) associar a utilizao do celular s ocorrncias de atropelamento de crianas.
c) orientar pedestres e motoristas quanto utilizao responsvel do telefone mvel.
d) influenciar o comportamento de motoristas em relao ao uso de celular no trnsito.
e) alertar a populao para os riscos da falta de ateno no trnsito das grandes cidades.

Gabarito
1. A
2. B
3. A
4. D
5. B
6. D
Textualidade
Antes da construo do texto propriamente dito em qualquer que seja a
avaliao de que faa parte o candidato, fundamental o entendimento do que
significa essa estrutura to rica e complexa, para que sua produo se aproxime
o mximo possvel dos objetivos pretendidos por aquele que o escreve.

Texto

Dados, informaes, sob a forma de palavras ou outras formas de


linguagem, que, costurados, compem uma unidade de significado. O
termo que define esse conceito tem origem latina (textum), que, tambm
justificando a formao do termo txtil, confirma o trao de costura de
unidades menores. Partes com objetivos especficos, somados na montagem de
uma estrutura com identidade e razo prprias.

Condies para a existncia de um texto

a) Intencionalidade

O que se pretende expressar por meio do texto, a partir de uma compreenso


prvia do assunto a ser tratado.
Fonte: <fatoresdetextualidade.blogspot.com.br>

Ex. Enquanto uma propaganda visa a promover determinado produto, servio


ou ideia a possveis receptores, textos como depoimento ou resenha crtica
concentram mais suas atenes em quem os cria, construindo relatos ou
opinies sobre textos, respectivamente.

Obs. Quando a estrutura textual no corresponde ao que se define como sua


intencionalidade, os efeitos podem variar de uma simples incompreenso at
mesmo transtornos mais complexos, como confuses entre comportamentos e
discursos.

Ex. Amigos optam por discursos com vocabulrio mais carinhoso, com a
inteno de demonstrar afeto, e muitas vezes, entretanto, so mal interpretados,
como se estivessem fazendo uso de um tratamento infantil e, por isso,
incompatvel situao.

Ex. 2 (ENEM 2003) Leis e atuaes dos rgos de punio so decisivos para
que haja avano social, na medida em que essas permitem a criao de
referncias para os que ainda viriam a se tornar reais contraventores.

b) Aceitabilidade

Deve existir uma cooperao de significados entre emissor e receptor, a fim


de que se estabelea ligao entre os plos do processo comunicativo. O alvo
da informao, tambm conhecido como interlocutor, utiliza-se de critrios
prprios, construdos ao longo de sua formao, para deixar completar o
percurso do dado transmitido.
Ex. Quando mencionam um dia abafado, moradores de uma cidade de clima
tropical tendem a no contar com o mesmo referencial de cidados de regies
de temperaturas comumente bem mais reduzidas. Assim, por questes de
experincias pessoais e, dessa maneira, critrios distintos de percepo,
essa expresso poderia no funcionar numa tentativa de comunicao entre
esses dois tipos de indivduo quanto aos graus marcados pelos termmetros
pblicos em tal ocasio.

Ex. 2 - Sinal vermelho foi feito para parar, sabia?

A aceitabilidade faz com que uma simples pergunta seja interpretada como uma
crtica diante de certo desrespeito sinalizao, por exemplo.

Ex. 3 (ENEM 2008) Incentivos fiscais podem engajar empresas originalmente


ausentes em atividades de relevncia social. Fazendo com que mais pessoas
possam ser beneficiadas em suas necessidades bsicas.
Uma Banca Avaliadora exige dos candidatos no somente que haja sentido nas
palavras utilizadas pelo candidato, mas rigoroso respeito a regras gramaticais.
O trecho acima pode at ser claramente compreendido, mas no corresponde
aos filtros de aceitao de uma prova que precisa ser rgida.

c) Situacionalidade

O contexto em que as informaes textuais so construdas tem de ser levado


em considerao para que haja uma adequao s condies impostas pelo
meio.

Fonte: arquiles.blogspot.com.br/

Ex. O nvel comum de formalidade com que um palestrante conta em uma


apresentao para scios de uma empresa no o mesmo que se espera em
uma conversa descontrada entre amigos de longa data.
OBS. Sem a referenciao contextual, por isso situacional, compromete-se
eventualmente a prpria compreenso do que se pretende informar.

Ex.

- Onde vocs esto? A pea vai comear!

- Calma! Estamos aqui!

Uma palavra como aqui, no dilogo destacado, s assume qualquer tipo


de significado a partir do momento em que surja uma referncia dentro do prprio
discurso; caso contrrio, ela pode remeter a qualquer espao em que se
encontra o emissor da mensagem e, dessa forma, facilmente provocaria
incompreenso.
Ex. 2 (ENEM 2009) Trs meses atrs, presenciou-se uma mudana de atitude
no que diz respeito aos transtornos ambientais provocados por multinacionais a
partir da adoo de uma lei que aumenta substancialmente multas e punies
s irregularidades cometidas.

Pelo fato de o texto no ser datado em seu incio ou fim, como, por exemplo,
uma carta, convm evitar, como houve no trecho destacado, qualquer referncia
a tempo que s se compreenda a partir da realidade externa s palavras
utilizadas. Ler trs meses atrs em dezembro no provoca o mesmo
entendimento que, por exemplo, em novembro.

d) Informatividade

Volume de dados com que conta o texto, varivel a partir das intenes
de acrscimo ou de simples confirmao de realidade do alvo da comunicao.
Ex. Por definio, uma charge, tratando-se de um texto cuja prioridade a de
repercutir fato ou situao de conhecimento pblico, teria uma baixa
informatividade quando comparada a uma reportagem ou mesmo um artigo
cientfico, obras com volumes razoavelmente maiores de dados a serem
propagados.

Obs. Nem sempre informao a mais do que se espera em um determinado tipo


de texto, ao contrrio do que normalmente se imagina, torna-se uma vantagem,
chegando em algumas ocasies a comprometer decisivamente o processo de
comunicao em si ou mesmo os pedidos feitos por uma Banca Avaliadora.

Ex. Em um tema como o cobrado pelo Enem em 2014, Efeitos da Implantao


em Lei Seca, conhecimentos sobre legislao de trnsito poderiam favorecer a
construo do texto, desde que no se tornem mais importantes do que a anlise
dos problemas provocados por essa lei em especial, escolha que pode provocar
fuga parcial do tema e do texto dissertativo exigido.

Ex. 2 (Enem 2015) A Lei Maria da Penha, conhecida como Lei Nmero 11.340,
que entrou em vigor em setembro de 2006, fruto da luta de uma mulher contra
as agresses que sofreu durante 23 anos de casamento, representa um dos
avanos que as mulheres obtiveram ao longo de sua luta por igualdade de
condies.

O conhecimento a respeito das especificaes da lei mencionada no trecho no


aumentou o potencial do texto, muito pelo contrrio. Desviou o foco da principal
discusso, muito mais como estratgia de preenchimento de linhas do que de
colaborao para um posicionamento mais direto.

e) Intertextualidade

Conjunto de relaes estabelecidas entre os mais diversos tipos de


texto a partir de suas estruturas e/ou de seus contedos.
Uma dissertao argumentativa comum em vestibulares pode contar com
experincias comuns vividas por seus redatores, desde que contadas de forma
impessoal. Alm disso, frases de referncia ditas por especialistas no assunto
ou grandes pensadores, assim como conhecimento especfico de diversas
reas cientficas podem funcionar como timos incrementos na defesa de
posicionamentos crticos.

Ex. (Enem 2011) Pessoas que utilizam indiscriminadamente seus celulares em


quaisquer momentos, independentemente ou no da pertinncia,...

Cena observada frequentemente em nosso cotidiano, uma situao como a do


trecho em destaque pode ilustrar uma discusso mais especfica diante do tema
proposto.

Ex. 2 (ENEM 2012) Hobbes, quando afirma que o homem o lobo do homem,
ilustra a forma com que a individualidade se sobrepe ao coletivo em diversos
momentos de construo social.

Ex. 3 (ENEM 2006) Considerando-se a noo de fato social proposta por


Durkhein, em que o interesse da coletividade se sobrepe ao indivduo, a leitura
surge como, para o senso comum, sinnimo de conhecimento.

Trazer as palavras ou ideias reescritas de um especialista sobre o tema ou de


algum com conhecimento humanstico amplo pode sustentar com ainda mais
qualidade posicionamentos ou argumentos diante do tema abordado pela prova.

Obs. Assim como ocorre no que diz respeito ao volume de dados, a


intertextualidade torna-se um problema quando referncias externas se
sobrepem real autoria do candidato. Pensadores devem ser confirmaes da
qualidade da opinio de quem redige, no a quem se d o papel principal de
autoria da obra.

3. Aplicao Prtica

Partindo da frequncia com que aparece na proposta de redao ENEM a


mesma estrutura de comando, conseguimos, a partir do exemplo abaixo,
verificar na prtica como conhecer as condies textuais pode favorecer o
planejamento de seu texto.
Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos
construdos ao longo de sua formao, redija texto dissertativo-argumentativo
em norma culta escrita da lngua portuguesa sobre o tema O Trabalho na
Construo da Dignidade Humana, apresentando experincia ou proposta de
ao social, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de
vista.

- Tratando-se de uma dissertao argumentativa o tipo de texto solicitado, a


intencionalidade, ento, gira em torno da defesa de um ponto de vista a
respeito de uma temtica particular citada pela Banca;

- Conhecendo o perfil de correo da banca, a aceitabilidade diz respeito a um


avaliador que busca obedecer a critrios para apontar a nota final do candidato.
Dominando como se subdividem os possveis 1000 pontos, o candidato pode
entregar o trabalho que dele se espera;

- Formalidade, organizao, esttica. A situacionalidade de uma avaliao de


vestibular exige que sejam evitados aspectos comuns a textos mais coloquiais,
sob pena de no perder pontos somente devido aos critrios de correo, mas
por uma percepo negativa que o candidato pode provocar pela inadequao
ao contexto;

- O nvel de informatividade deve ser adequado ao comando proposto. No


exemplo em especial, conhecimentos sobre Trabalho so to fundamentais
quanto sua associao a valores de Dignidade. Um grande volume de dados
a respeito de somente um desses ncleos do tema nunca seria mais importante
do que a capacidade e a necessidade de associ-los; e

- Filosofia, Sociologia, Histria e Geografia exemplificam fontes de dados com


que se podem construir intertextualidades teis para a fundamentao da
opinio do candidato. Alm disso, vivncias pessoais familiares (no tema em
questo, o desemprego repentino de um parente qualquer, por exemplo) podem
ajudar, desde que colocadas de forma neutra, a exemplificar a discusso imposta
pelo tema.
Califrnia, cerca de 75 milhas (120 km) a norte da fronteira com o
Tipologia Textual Mxico e 400 milhas (600km) a sul de San Francisco. O nome original
da cidade foi "El Pueblo de Nuestra Seora la Reina de Los ngeles"
("A Cidade de Nossa Senhora a Rainha dos Anjos"), mas foi abreviado
por razes bvias. (universia.net).

Aspectos como localizao referencial e histria so


decisivos na proposta de particularizar a cidade de Los Angeles frente
a quaisquer outras.

Ex. 2

Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de 'menino-


diabo'; e verdadeiramente no era outra coisa; fui dos mais malignos
do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por
exemplo, um dia quebrei a cabea de uma escrava, porque me
negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, no
Um dos fatores responsveis pela textualidade, a contente com o malefcio, deitei um punhado de cinza ao tacho, e,
intencionalidade explica-se como o que se busca expressar a partir no satisfeito da travessura, fui dizer minha me que a escrava
da produo da informao. Essa vontade explica a composio que estragara o doce 'por pirraa'; e eu tinha apenas seis anos. (...).
estrutural do texto que busca apresent-la.
(Memrias Pstumas de Brs Cubas Machado de Assis)
Ex.
b) Injuno
Enquanto textos como uma mensagem de whatsapp se
caracterizam pela dimenso reduzida e vocabulrio prprio do uso Texto que, utilizando-se de ordens, comandos e conselhos,
de um determinado grupo social, artigos cientficos precisam ser direciona as atenes de um emissor a certo receptor. Verbos no
densos e formais para que atinjam quaisquer pblicos que dependam Imperativo e marcas de interlocuo, como pronomes e verbos na
do estudo desenvolvido nesses textos acadmicos. segunda e na terceira pessoas (esta desde que aponte para um
voc), alm de Vocativo, permitem a eficcia do sistema
No perca a nossa aula de tipologia textual: http://bit.ly/2dtfLun comunicativo.
Quando elaboramos um texto, costumamos organiz-lo a Manuais de instruo de aparelhos eletrnicos, bulas de
partir de sua inteno discursiva, tendo por base determinada remdio, textos cuja principal finalidade instruir usurios de
estrutura. Logo, dependendo de como organizado estruturalmente, determinado produto ou servio a obter sua maior eficcia possvel,
podemos enquadr-lo em uma tipologia textual, ou seja, um alm de obviamente evitar possveis problemas. Atos como suplicar
modo de organizao do discurso. Basicamente, dividimos os e implorar tambm contam com a mesma estratgia textual, mas
tipos textuais em: claramente diferenciveis das demais injunes pela temtica
envolvida, bem como pelas motivaes emocionais apresentadas.
Descrio;
Injuno; Ex. Modo de preparo
Narrao;
Dissertao. Aquea a panela em fogo mdio. Acrescente 1 colher de
sopa de manteiga. Logo aps utilize todo o Leite Condensado junto
a) Descrio manteiga. Em seguida acrescente 4 colheres de sopa de Chocolate
em P e mexa sem parar at desgrudar da panela. Unte um
Consiste em um texto que, a partir de detalhes, recipiente onde a mistura ser despejada e faa pequenas bolas com
caractersticas, busca individualizar qualquer elemento a mo passando a mistura no chocolate granulado.
confundvel com outros de mesma espcie: lugares, pessoas,
objetos. Substantivos e adjetivos so traos que ajudam a Fonte: http://bit.ly/1beCrdi
confirmar essa estrutura, que pode ser objetiva, sem nenhum
tipo de envolvimento emocional, ou subjetiva, com dados
envolvidos por percepes sentimentais.

Boletins policiais e relatrios de seguradoras a respeito de


acidentes de trnsito exemplificam situaes em que a objetividade
dos dados se faz extremamente necessria em possveis
investigaes. Um rapaz que descreve a mulher que ama, entretanto,
corre um risco bastante considervel de fazer com que alguns traos
observados possam se modificar se comparada a sua forma de
enxerg-la com a de algum sem qualquer sentimento pela mesma
figura feminina.

Ex.

Los Angeles a maior cidade da Califrnia e a segunda


maior cidade dos Estados Unidos. Est situada na costa sul da

1
Verbos no Imperativo, conjugados na terceira pessoa Enredo: conjunto dos fatos de uma narrativa, costurados por
(voc), indicam contato direto com o receptor interessado na relaes de acarretamento.
produo do alimento cujos ingredientes so descritos.
Narrador: relator dos fatos ocorridos, participando (1 pessoa) ou
Ex. 2 - 10 dicas para melhorar o sinal da sua rede Wi-Fi no (3 pessoa) do que se conta.

1. Mantenha seus equipamentos atualizados; Personagens: agentes que possibilitam a ocorrncia dos fatos ou
que so atingidos diretamente por eles.
2. Posicione o seu roteador no melhor lugar possvel;
Tempo: conjunto de instantes em que se desenrolam os fatos,
3. Procure um canal de transmisso que esteja liberado; mediante percepo exata (Cronolgico) ou
sentimental/instintiva/intuitiva (Psicolgico)
4. Livre-se de aparelhos que causam interferncia;
Espao: conjunto de locais fsicos ou psicolgicos em que se
5. Aumente a segurana de sua rede e livre-se dos ladres de sinal.
desenrolam os acontecimentos da narrativa.
Fonte: http://bit.ly/2cGHEn2
d) Dissertao
c) Narrao
Principal cobrana textual em vestibulares de todo o Brasil,
Construo derivada do gnero pico literrio, pode se definir incluindo o ENEM, trata-se de um texto cujo principal objetivo a
como um conjunto de fatos em sequncia, no necessariamente exposio de ideias, pontos de vista. Conectores, como preposies
em ordem cronolgica natural, mas que estabelecem entre si e conjunes, sequenciando as ideias de forma lgica, ajudam a
relaes de causa e efeito. Esses acontecimentos, juntos, entender um posicionamento como a prioridade de quem escreve.
compem o que chamamos de enredo, do qual participam Dependendo da necessidade de se sustentar o que se declara em
personagens, que, atuando em certos tempos e espaos, meio ao texto, a dissertao pode ser classificada como
tornam- se elementos do relato de um narrador. Verbos de ao
d.1) Expositiva
e trechos descritivos, em que se possam identificar os elementos
agentes ou situacionais dos fatos, ajudam a confirmar a existncia Como o nome sugere, a prioridade desse tipo de
ou a predominncia dessa tipologia textual. dissertao um posicionamento simples a respeito de um
determinado assunto, sem que se busquem motivos para tornar
Desde fbulas e contos de fada at histrias contadas por
esse ponto de vista algo a ser necessariamente defendido por quem
geraes anteriores nossa, a narrativa surge como componente
l, mas simplesmente ter sua coerncia aceita.
fundamental na construo da identidade cultural de um povo, seja
pelos lugares e tempos mencionados, seja pelas figuras pessoais que Ex.
marcam pocas e vidas.
Uma aula de Histria pode contar com essa organizao
Ex. textual em meio s explicaes do professor no momento em que
simplesmente se busca contar uma perspectiva diante dos fatos ao
Resolvi ficar em casa o dia inteiro, alguma novidade
mesmo tempo narrados, sem que necessariamente se queira a
poderia surgir. A o telefone tocou e quando fui atender, escorreguei
aceitao do aluno quanto quela anlise.
no corredor. No deu tempo de saber quem era, desistiram de
esperar. A eu imaginei que era ela, contando o que eu mais queria d.2) Argumentativa
ouvir naquela hora: que estava, at que enfim, voltando pra casa e
pra mim. Ao contrrio do anterior, a argumentao possibilita ao
autor encontrar razes que faam da opinio escolhida a mais
Mesmo na coloquialidade, possvel a conexo entre os legtima entre todas as que a discusso permitia a que se chegasse.
fatos, permitindo a construo de uma coerncia interna, obtida no Textos desse tipo so boas ferramentas de cobrana de
trecho destacado, por exemplo, a partir do uso de a, advrbio de conhecimento em avaliaes, j que no s os mecanismos
lugar funcionando como conjuno conclusiva, dando continuidade gramaticais acabam por ser analisados, mas tambm se verifica a
ao desenrolar dos acontecimentos relatados. Conectores como capacidade de associao de dados, exemplos e discursos a favor de
ento, logo, por isso, enfim e assim obteriam o mesmo um ponto de vista: o do candidato.
efeito textual, porm com formalidade.
Ex. (ENEM 2013)
Ex. 2
Com o caos predominando na circulao urbana, a venda
Dario vem apressado, guarda-chuva no brao esquerdo. de automveis e motos a preos acessveis ou parcelamentos
Assim que dobra a esquina, diminui o passo at parar, encosta-se a extensos deveria ser extremamente combatida por um Estado que
uma parede. Por ela escorrega, senta-se na calada, ainda mida de se pretende eficaz em proporcionar condies saudveis de vida a
chuva. Descansa na pedra o cachimbo. seus cidados.

Dois ou trs passantes sua volta indagam se no est Obs: Traos que merecem ser evitados em dissertao
bem. Dario abre a boca, move os lbios, no se ouve resposta. O argumentativa
senhor gordo, de branco, diz que deve sofrer de ataque. (...).
- Pronomes e verbos em 1 pessoa do singular
(Uma vela para Dario Dalton Trevisan)
Ex. (ENEM 2014)
c.1) Componentes da Narrativa

2
Acredito que haja maiores possibilidades de alterao no REESCRITURA POSSVEL: Deve-se logo considerar a guerra como
cenrio... nico meio de promover o controle de grupos radicais.

REESCRITURA POSSVEL: Talvez haja maiores possibilidades de - Metalinguagens (Concluindo no ltimo pargrafo,
alterao no cenrio... quando s se poderia obviamente estar executando essa
atividade etc.)
(ENEM 2014)
Ex. (ENEM 2014)
Acreditava que haveria mudanas em pouco tempo, mas
no se efetivaram diante da crise. Conforme dito acima, enquanto no houver engajamento
de vrios setores da sociedade civil, a tendncia a de estagnao
*Cuidado com formas verbais que podem concordar do processo de aperfeioamento das atividades humanas.
simultaneamente com pessoas do discurso possveis na
dissertao (ele ou ela) e com outras inaceitveis no REESCRITURA POSSVEL: Enquanto no houver, portanto,
mesmo tipo de texto (eu, voc ou a gente). engajamento de vrios setores da sociedade civil, a tendncia a de
estagnao do processo de aperfeioamento das atividades
- Pronomes e verbos em 2 pessoa do singular ou do plural humanas.
ou em 3 pessoa, desde que apontem para receptor (voc
ou vocs). - Coloquialidade (Vocabulrio informal, desvios gramaticais
leves ou graves).
Ex. (ENEM 2015)
Ex. (ENEM 2015)
Lute! Faa sua parte em prol de uma realidade mais justa.
Se percebeu que a gente no teria nenhuma condio de
modificar o cenrio atual. Um pouquinho que fosse j seria o
bastante, nos indicaria um pouquinho que fosse o caminho a seguir
REESCRITURA POSSVEL: O cidado deve fazer sua parte em prol
em busca de melhoria da vida de cada um. Seria bem legal encontrar
de uma realidade mais justa.
um mundo melhor assim.
(ENEM 2014)
REESCRITURA POSSVEL: percebeu-se que no haveria nenhuma
Aquilo que te oprime no pode se sobrepor a uma srie de condio de mudana do cenrio atual. O mnimo que se fizesse j
sonhos com que crescemos. indicaria referncias na busca de melhoria das condies de vida
individuais, o que j agradaria bastante.
REESCRITURA POSSVEL: Aquilo que oprime o indivduo no
pode se sobrepor a uma srie de sonhos com que crescemos -Referenciais externos ao texto (indicaes temporais ou
espaciais que dependam de um dado com que no conta o
(ENEM 2013) texto em si)

Alguns fatos so, com razo, provocadores: voc chega a Ex. (ENEM 2015)
um hospital e percebe que no h nem maca para que se inicie o
atendimento. Cinco meses atrs houve um episdio que chocou os
brasileiros. O rompimento de uma barragem em Mariana, municpio
REESCRITURA POSSVEL: Alguns fatos so, com razo, de Minas Gerais, fez com que as atenes da mdia se voltassem a
provocadores: chegar a um hospital e percebe que no h nem maca um territrio nem sempre abordado por matrias jornalsticas ao
para que se inicie o atendimento. longo do ano.

- Pronomes e verbos em 1 pessoa do plural QUANDO SE REESCRITURA POSSVEL (PARTINDO DO PRESSUPOSTO


REFERINDO A UMA VERDADE SOMENTE PERTENCENTE AO QUE A PROVA OCORRE NORMALMENTE EM OUTUBRO): em
AUTOR DO TEXTO) maio de 2015, houve um episdio que chocou os brasileiros. O
rompimento de uma barragem em Mariana, municpio de Minas
Ex. (ENEM 2013) Gerais, fez com que as atenes da mdia se voltassem a um territrio
nem sempre abordado por matrias jornalsticas ao longo do ano.
Vivemos um desequilbrio na gesto do trnsito das
grandes cidades brasileiras. - Clichs

POSSVEL USO, TENDO EM VISTA QUE CONSTATAO Ex. (ENEM 2008)


SOCIAL A PROBLEMTICA NO TRFEGO DAS GRANDES
CIDADES BRASILEIRAS Espera-se que, diante das mudanas propostas, haja uma
evoluo no quadro de desigualdade brasileira. Afinal de contas, o
(ENEM 2013) brasileiro no desiste nunca e a esperana a ltima que morre.

Devemos logo considerar a guerra como nico meio de REESCRITURA POSSVEL: espera-se que, diante das mudanas
promover o controle de grupos radicais. propostas, haja uma evoluo no quadro de desigualdade brasileira.
Como nao, temos um histrico de perseverana, o que permite que
CONDENVEL, J QUE DIVIDE COM O MEIO UMA OPINIO
ainda acreditemos em perspectivas melhores.
EM TESE SOMENTE PERTENCENTE AO AUTOR DA
DISSERTAO EM QUE O TRECHO SE INSERE 2. Interao entre as tipologias

3
Conhecer as caractersticas bsicas de cada uma das
tipologias previstas em Portugus no s garante que no se
desobedea ao comando proposto pela Banca, mas tambm
possibilita que o candidato tenha mais ferramentas para sustentar
seu ponto de vista diante do que se prope como tema.

Ex.

Num tema de tom mais subjetivo, abstrato, a descrio


pode aparecer como excelente ferramenta para que o avaliador da
redao consiga visualizar melhor as ideias construdas pelo
candidato diante daquela abordagem, mas, caso esse tipo de texto
ocupe todo o pargrafo, a dissertao argumentativa passa a ganhar
um aspecto mais expositivo do que o esperado, tendo em vista que
a principal inteno da banca encontrar sustentao de uma
opinio inicial.

4
Curso Completo
Literatura
Professora Slvia Gelpke
O Papel do protagonista na literatura

O heri clssico;
O heri romanesco;
O heri problemtico;
O anti-heri;
O heri idealizado;
O heri ps-moderno.

O heri clssico
Heri - Heri s.m. (Do gr. e lat. heros) 1. Nome dado pelos gregos aos grandes
homens divinizados. - 2. Aquele que se distingue por seu valor ou por suas aes
extraordinrias, principalmente por feitos brilhantes durante a guerra.
O termo heri foi utilizado na Antiguidade para designar um homem fora do comum,
principalmente por sua coragem e capacidade de se tornar vitorioso quando se deparava
com uma srie de dificuldades.

Caractersticas:

Apresenta caractersticas alm da capacidade do ser humano;


So semideuses da mitologia grega e os protagonistas das epopeias;
So protegidos pelos deuses e tm o destino traado;
Suas lutas so sempre por causas coletivas, nas quais eles assumem o papel de
representantes de seu povo;
So poderosos, fortes, corajosos e predestinados a cumprir uma determinada misso.

A Odisseia, de Homero
Neste fragmento da Odisseia, texto pico de Homero que narra o retorno do heri
Ulisses sua terra depois da guerra de Troia, Penlope, esposa de Ulisses, pede a um
interlocutor que a ajude a compreender um sonho que tivera:
Ouvi meu sonho e vede o que significa. Havia vinte grandes gansos que saram da
gua para comer. Senti um calor no corao quando os vi. Mas uma guia das montanhas
desceu, quebrou-lhes o pescoo com suas garras recurvadas e matou-os. Eles ficaram
estendidos no cho enquanto a guia subia ao cu.
Eu gritei, no sonho, quero dizer, e uma multido de mulheres ajuntou-se em torno de
mim, enquanto eu chorava amargamente porque a guia matara meus gansos. A guia
voltou, pousou numa viga do telhado e falou-me com voz humana: "Toma coragem, filha do
famoso Icrios! Isto no sonho, mas uma viso do bem que certamente ser cumprido.
Os gansos so aqueles que te fazem a corte e eu, que era antes uma guia, sou agora teu
prprio marido, e trar-lhes-ei uma morte terrvel. Ento acordei e vi os gansos, como sempre
pastando entre o trigo.
Ao ouvi-la, o interlocutor responde:Nobre dama, impossvel interpretar o sonho de
outra maneira, uma vez que o prprio Ulisses te disse o que ele significava. A morte vir
para os que te cortejam, no resta dvida: eles morrero e nenhum escapar.

(Homero. A Odisseia (em forma de narrativa). Rio de Janeiro: Ediouro, 7a. edio)

O heri romanesco

O surgimento do heri romanesco

Na Idade Mdia, surgiu uma forma literria chamada romance de cavalaria, tambm
conhecida como novela de cavalaria.
O termo cavalaria refere-se aos jovens cavaleiros medievais, que tinham na cavalaria
no apenas uma referncia para as tcnicas de combate a cavalo, mas, principalmente, uma
conveno moral, tica e social a seguir, em torno das noes de honra e lealdade.
Os romances de cavalaria eram, inicialmente, escritos na forma de versos, embora
tenham assumido a forma de prosa, posteriormente. Os textos mantinham um tom pico ao
narrarem grandes aventuras de heris corajosos e defensores da f crist.
As novelas de cavalaria mais conhecidas so as que retrataram a busca pelo Santo
Graal na Idade Mdia, assim como as lendas do Rei Arthur.

Algumas obras:
- O Rei Arthur e os cavaleiros da Tvola Redonda
- Amadis de Gaula
- Las sergas de Esplandin
- Palmern de Oliva
- Primalen
- Floriseo

O heri problemtico

Dom Quixote, um dos smbolos da literatura universal e provavelmente o primeiro


romance moderno, o ttulo de um livro do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-
1616). A primeira parte deste livro foi publicada em 1605.
O titulo do livro o mesmo do heri da histria, Dom Quixote de La Mancha, o
cavaleiro andante que vive diversas aventuras pelo interior da Espanha.
Influenciado pela leitura de diversos contos sobre a cavalaria medieval, o fidalgo Dom
Quixote parte em busca de aventuras. Com uma imaginao muito frtil, passa por situaes
maravilhosas. Chega, por exemplo, a lutar contra gigantes moinhos de vento, sempre tendo
ao seu lado o fiel escudeiro Sancho Pana.
O livro interessante, pois mostra as paisagens da regio da Espanha no perodo
ps Idade Mdia. Mergulha tambm no imaginrio e nas fantasias do personagem principal.
Embora passe por situaes de privao e, muitas vezes, ridculas, Dom Quixote desperta
um sentimento de simpatia. A f e o entusiasmo motivam o leitor, pois os sentimentos do
cavaleiro so nobres e puros.
Cervantes constri uma pardia dos romances de cavalaria, ao mesmo tempo em que
critica, com agudeza, a sua prpria poca.
Caractersticas do heri problemtico

Sente-se, muitas vezes, moralmente abaixo dos homens comuns;


Vive num mundo capitalista e sofre com a diferena de classes e os valores dbios
da sociedade, expondo fraqueza e contradies;
o ser humano na sua pequenez, cheio de fraquezas, manias e incertezas diante de
um mundo no qual se sente deslocado.

Fragmento de Dom Quixote

- Que gigantes? - disse Sancho Pana.


- Aqueles que ali vs - respondeu seu amo -, de longos braos, que alguns chegam a t-los
de quase duas lguas.
- Veja vossa merc - respondeu Sancho - que aqueles que ali aparecem no so gigantes,
e sim moinhos de vento, e o que neles parecem braos so as asas, que, empurradas pelo
vento, fazem rodar a pedra do moinho.
- Logo se v - respondeu D. Quixote - que no s versado em coisas de aventuras: so
gigantes, sim; e se tens medo aparta-te daqui, e pe-te a rezar no espao em que vou com
eles me bater em fera e desigual batalha.

Brs Cubas, o primeiro heri problemtico da literatura brasileira

Este ltimo captulo todo de negativas. No alcancei a celebridade do emplasto, no


fui ministro, no fui califa, no conheci o casamento. Verdade que, ao lado dessas faltas,
coube-me a boa fortuna de no comprar o po com o suor do meu rosto. Mais; no padeci
a morte de Dona Plcida, nem a semidemncia do Quincas Borba. Somadas umas cousas
e outras, qualquer pessoa imaginar que no houve mngua nem sobra, e,
conseguintemente que sa quite com a vida. E imaginar mal; porque ao chegar a este outro
lado do mistrio, achei-me com um pequeno saldo, que a derradeira negativa deste
captulo de negativas: -- No tive filhos, no transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa
misria.
Memrias Pstumas de Brs Cubas, Machado de Assis (final sc. XIX)
O anti-heri

O anti-heri na fico , geralmente, o protagonista, uma personagem que vai contra


o que normal para o arqutipo de heri, mas ao mesmo tempo possui diversas
caractersticas heroicas. Este tipo de personagem, ao contrrio do heri, no necessita de
um vilo.
Enquanto o heri tradicional geralmente mais atraente fisicamente, mais forte, mais
corajoso, mais esperto ou carismtico do que as pessoas comuns, os anti-heris no so
assim to fabulosos, so at geralmente corruptos, opressivos, mal-educados No so
viles nem so necessariamente heris. Podem fazer coisas ms, todavia no so maus.
Usualmente combatem os viles (quando os h), mas no pelas razes de justia ou de
fazer o que certo. As suas aes so motivadas pelos seus desejos pessoais, tais como
ambio, vingana, orgulho. Por vezes podem quase, ou efetivamente, quebrar a linha entre
mal e bem, mas normalmente esta quebra seguida de um ato de redeno, o qual os
leitores apoiam.

O Anti-heri mais popular da literatura brasileira: Leonardinho.

(...) Achava ele um prazer suavssimo em desobedecer a tudo quanto se lhe ordenava; se
se queria que estivesse srio, desatava a rir como um perdido com o maior gosto do mundo;
se se queria que estivesse quieto, parece que uma mola oculta o impelia e fazia com que
desse uma ideia pouco mais ou menos aproximada do moto-contnuo. Nunca uma pasta,
um tinteiro, uma lousa lhe durou mais de 15 dias: era tido na escola pelo mais refinado
velhaco; vendia aos colegas tudo que podia ter algum valor, fosse seu ou alheio, contanto
que lhe casse nas mos: um lpis, uma pena, um registro, tudo lhe fazia conta; o dinheiro
que apurava empregava sempre do pior modo que podia. Logo no fim dos primeiros cinco
dias de escola declarou ao padrinho que j sabia as ruas, e no precisava mais de que ele
o acompanhasse; no primeiro dia em que o padrinho anuiu a que ele fosse sozinho fez uma
tremenda gazeta; tomou depois gosto a esse hbito, e em pouco tempo adquiriu entre os
companheiros o apelido de gazeta mor da escola (...)

Memrias de um Sargento de Milcias, Manuel Antnio de Almeida.

Macunama, o heri sem nenhum carter (sc. XX)

No fundo do mato-virgem nasceu Macunama, heri de nossa gente. Era preto retinto e filho
do medo da noite. Houve um momento em que o silncio foi to grande escutando o
murmurejo do Uraricoera, que a ndia tapanhumas pariu uma criana feira. Essa criana
que chamara Macunama.
J na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos no falando.
Si o incitavam a falar, exclamava:
Ai! Que preguia! ... e no dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de
paxiba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha. Maanape
j velhinho e Jigu na fora de homem. O divertimento dele era decepar cabea de sava.
Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunama dandava pra ganhar vintm. E
tambm espertava quando a famlia ia tomar banho no rio, todos juntos e nus (...) No
mucambo si alguma cunhat se aproximava dele pra fazer festinha, Macunama punha a
mo nas graas dela, cunhat se afasta (...)
Mrio de Andrade

O heri romntico, idealizado (incio do sc. XIX)

Prosa Romntica

A burguesia ansiava por uma literatura que enfocasse seu prprio tempo, seus
problemas e sua forma de viver.
O romance, por relatar acontecimentos da vida cotidiana e por dar vazo ao gosto
burgus pela fantasia e pela aventura, tornou-se o mais importante meio de expresso
artstica dessa classe.
O romance narra o presente, os acontecimentos comuns da vida das pessoas, numa
linguagem simples e direta.
O heri romntico geralmente um ser dotado de idealismo, honra, fora e coragem.
s vezes pe a vida em risco para atender aos apelos do corao ou da justia.
Em algumas obras de influncia medieval, o heri romntico assume feies de
cavaleiro medieval, como o caso do personagem Peri, da obra O Guarani, de Jos de
Alencar. Por outro lado, o heri deste perodo no apresenta aspectos de superioridade do
ser, como podemos verificar numa epopeia, por exemplo. O heri clssico, em muitas
caractersticas, lembrava um deus. Tinha fora, distinguia-se do homem comum. O heri
romntico aproxima-se do homem comum e mostra-se pouco integrado sociedade a que
pertence.

Observe este fragmento de Iracema, de Jos de Alencar:

Alm, muito alm daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lbios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da
grana e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati no era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque
como seu hlito perfumado.
Mais rpida que a ema selvagem, a morena virgem corria o serto e as matas do Ipu,
onde campeava sua guerreira tribo da grande nao tabajara, o p grcil e nu, mal roando
alisava apenas a verde pelcia que vestia a terra com as primeiras guas.

Fragmento de Senhora, Jos de Alencar

H anos raiou no cu fluminense uma nova estrela.


Desde o momento de sua ascenso ningum lhe disputou o cetro; foi proclamada a
rainha dos sales.
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o dolo dos noivos em
disponibilidade.
Era rica e formosa.
Duas opulncias, que se realam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores
que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem no se recorda da Aurlia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte
como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira
o seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. No a
conheciam; e logo buscaram todos com avidez informaes acerca da grande novidade do
dia. (...)
O heri ps-moderno
Homem-Aranha

Eu adoro andar no abismo


Numa noite viril de perseguio
saltando entre os edifcios
vi voc
Em poder de um fugitivo
Que cercado pela polcia, te fez refm
l nos precipcios
Foi paixo primeira vista
me joguei de onde o cu arranha
te salvando com a minha teia
Prazer, me chamam de Homem-Aranha
Seu heri

Hoje o heri aguenta o peso


das compras do ms
No telhado, ajeitando a antena da tev
Acordado a noite inteira pra ninar beb

Chega de bandido pra prender,


de bala perdida pra deter
Eu tenho uma ideia:
Voc na minha teia
Chega de assalto pra impedir,
Seja em Braslia ou aqui
Eu tive a grande ideia:
Voc na minha teia
Hoje eu estou nas suas mos
Nessa sua ingnua seduo
que me pegou na veia
Eu t na tua teia

Jorge Vercillo

Desenvolvendo Competncias
1.(Enem) O correr da vida embrulha tudo. A vida assim: esquenta e esfria, aperta e da
afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente coragem.

ROSA. J. G. Grande serto: veredas.

No romance Grande serto: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua trajetria de


jaguno. A leitura do trecho permite identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de
um(a):

a) dirio, por trazer lembranas pessoais.


b) fbula, por apresentar uma lio de moral.
c) notcia, por informar sobre um acontecimento.
d) aforismo, por expor uma mxima em poucas palavras.
e) crnica, por tratar de fatos do cotidiano.

2. Leia o trecho seguinte para responder questo:

"Agitam-se em mim sentimentos inconciliveis: encolerizo-me e enterneo-me; bato


na mesa e tenho vontade de chorar."
(Personagem Paulo Honrio - So Bernardo - G. Ramos)

Com relao personalidade de Paulo Honrio, personagem narrador do romance, pode-


se inferir que ele possua:

a) uma personalidade fraca, abatida pelas circunstncias.


b) uma personalidade forte, revoltado contra tudo e contra todos.
c) uma personalidade lrica e sentimental, sendo incapaz de conciliar os prprios
sentimentos.
d) uma personalidade complexa, perturbada diante dos acontecimentos.
e) uma personalidade astuciosa e dissimulada, em virtude de sua perturbao psicolgica.

3. Leia os trechos de Os Lusadas, de Lus Vaz de Cames, e responda.

I. As armas e os bares assinalados,


Que, da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados

Passaram ainda alm da Taprobana,


Em perigos e guerras esforados.

II. No mar tanta tormenta e tanto dano


Tantas vezes a morte apercebida;
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!

A narrativa do poema faz referncia

a) ascenso do regime feudal portugus.


b) expanso martima portuguesa.
c) independncia das colnias de Portugal.
d) submisso dos espanhis coroa portuguesa.
e) vinda da corte portuguesa ao Brasil.

4 (Enem 1999). E considerei a glria de um pavo ostentando o esplendor de suas cores; um luxo imperial.
Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas no existem na pena do pavo. No h pigmentos.
O que h so minsculas bolhas d'gua em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavo um arco-
ris de plumas.
Eu considerei que este o luxo do grande artista, atingir o mximo de matizes com o mnimo de elementos.
De gua e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistrio a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e
delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glrias e me faz
magnfico.
(BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 20. ed.)

O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu assim sobre a obra de Rubem Braga:

O que ele nos conta o seu dia, o seu expediente de homem, apanhado no essencial, narrativa direta e
econmica. (...) o poeta do real, do palpvel, que se vai diluindo em cisma. D o sentimento da realidade e
o remdio para ela.
Em seu texto, Rubem Braga afirma que "este o luxo do grande artista, atingir o mximo de matizes com o
mnimo de elementos". Afirmao semelhante pode ser encontrada no texto de Carlos Drummond de
Andrade, quando, ao analisar a obra de Braga, diz que ela :

a) uma narrativa direta e econmica.


b) real, palpvel.
c) sentimento de realidade.
d) seu expediente de homem.
e) seu remdio.

5. rico Verssimo relata, em suas memrias, um episdio da adolescncia que teve influncia significativa em
sua carreira de escritor.
Lembro-me de que certa noite -- eu teria uns quatorze anos, quando muito -- encarregaram-me de segurar
uma lmpada eltrica cabeceira da mesa de operaes, enquanto um mdico fazia os primeiros curativos
num pobre-diabo que soldados da Polcia Municipal haviam carneado. (...) Apesar do horror e da nusea,
continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por
que no hei de poder ficar segurando esta lmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa
vida? (...)
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado at hoje a ideia de que o menos que o
escritor pode fazer, numa poca de atrocidades e injustias como a nossa, acender a sua lmpada, fazer luz
sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escurido, propcia aos ladres, aos assassinos
e aos tiranos. Sim, segurar a lmpada, a despeito da nusea e do horror. Se no tivermos uma lmpada eltrica,
acendamos o nosso toco de vela ou, em ltimo caso, risquemos fsforos repetidamente, como um sinal de
que no desertamos nosso posto.
(VERSSIMO, rico. Solo de Clarineta. Porto Alegre: Globo, 1978. t. I.)

Neste texto, por meio da metfora da lmpada que ilumina a escurido, rico Verssimo define como uma das
funes do escritor e, por extenso, da literatura:

a) criar a fantasia.
b) permitir o sonho.
c) denunciar o real.
d) criar o belo.
e) fugir da nusea.

6 (UERJ 2009).

Os quadrinhos se aproximam da abordagem do primeiro texto.

Essa proximidade est relacionada com o seguinte aspecto:

(A) foco na celebridade


(B) luta contra a tirania

(C) referncia a conflitos

(D) humanizao do heri

Gabarito

1.d; 2.d; 3.b; 4.a; 5.c; 6. d


CURSO COMPLETO LITERATURA
AULA 1 - CONCEITO DE LITERATURA
PROFESSORA SILVIA GELPKE

CONCEITO DE LITERATURA

Observe as definies apresentadas no dicionrio:

Literatura. [Do lat. litteratura.] S. f. 1. Arte de compor ou escrever trabalhos artsticos em prosa ou verso. 2. O
conjunto de trabalhos literrios dum pas ou duma poca. 3. Os homens de letras: A literatura brasileira fez-se
representar no colquio de Lisboa. 4. A vida literria. 5. A carreira das letras. 6. Conjunto de conhecimentos
relativos s obras ou aos autores literrios: estudante de literatura brasileira; manual de literatura portuguesa.
7. Qualquer dos usos estticos da linguagem: literatura oral [q. v.]. 8. Fam. Irrealidade, fico: Sonhador, tudo
quanto diz literatura. 9. Bibliografia: J bem extensa a literatura da fsica nuclear. 10. Conjunto de escritos
de propaganda de um produto industrial.
FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Novo dicionrio da lngua portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986.

Agora observe alguns conceitos de grandes escritores de pocas distintas:


Literatura mimese; a arte que imita pela palavra." (Aristteles)
Literatura a realidade recriada por meio do esprito do artista. (A. Coutinho)
"Literatura linguagem carregada de significado". (Ezra Pound)

Traduzindo em midos:
A literatura imita a vida por meio de palavras organizadas de modo tal que formam uma
suprarrealidade, isto , uma realidade paralela ao ambiente que foi imitado.
O escritor, com sua sensibilidade, capta o mundo como se tivesse antenas. Ele pode ou no ter
vivenciado determinada experincia amor, dio, fome, guerra, morte , mas dela se apodera como
se fosse sua. E o leitor ou espectador da obra muitas vezes fica em completo xtase com o que destrincha
em linhas retas\tortas\ densas\suaves ou assiste em palcos de diferentes dimenses.

A Catarse

Na Antiguidade Clssica, por exemplo, o teatro segundo Aristteles tinha para o ser humano a
capacidade de libertao, pois quando este via as paixes representadas, conseguia se libertar delas.
Essa purgao ou purificao tinha o nome de catarse, que era provocada no pblico durante e aps a
representao de uma tragdia grega. A catarse era o estado de purificao da alma experimentada pela
plateia atravs das diversas emoes transmitidas no drama.

1
A Epifania

Outra experincia bastante significativa que os personagens podem experimentar em narrativas


de cunho intimista, ou seja, em que h um mergulho no conflito do indivduo na sua esfera consciente e
tambm inconsciente, a chamada epifania.
Segundo Afonso Romano de Santanna, o termo significa o relato de uma experincia que a
princpio se mostra simples e rotineira, mas que acaba por mostrar toda a fora de uma inusitada
revelao. a percepo de uma realidade atordoante quando os objetos mais simples, os gestos mais
banais e as situaes mais cotidianas comportam iluminao sbita da conscincia dos figurantes, e a
grandiosidade do xtase pouco tem a ver com o elemento prosaico em que se inscreve o personagem.
A epifania se compe desses trs instantes:
1) a personagem est numa situao corriqueira;
2) surgem sinais de uma estranha situao, que se transforma numa epifania reveladora;
3) esgota-se a epifania e a personagem volta ao cotidiano modificada.

A Verossimilhana

Escrever dar forma s ideias. organizar as palavras para traduzir um pensamento e transmitir
mensagens, que possuem um modo singular de formar uma organizao prpria.
A literatura visa verossimilhana, ou seja, a suprarrealidade criada pelo autor pretende ser
verdadeira, estar bem prxima ao real. Essa verossimilhana pode ser interna ou externa. A
verossimilhana interna fundamental para dar sentido ao texto ela diz respeito coerncia entre o
texto e suas estruturas: personagens, tempo, espao, causa, consequncia... A verossimilhana externa
est relacionada ligao entre os fatos que ocorrem no texto e a possibilidade de eles acontecerem no
nosso mundo aqui fora, na nossa realidade.
Exemplo: No livro Memrias Pstumas de Brs Cubas, o protagonista da histria Brs Cubas,
um personagem que narra sua vida depois de morto. H verossimilhana interna na obra, pois os fatos
se encadeiam, o narrador no se perde, consegue explicar sua trajetria do seu nascimento a sua morte
embora comece pelo seu enterro. (O narrador o personagem principal). Morto ele pode criticar de
forma impiedosa a sociedade de seu tempo. No entanto, a verossimilhana externa comprometida, uma
vez que sabemos no existir essa possibilidade na vida real, isso seria fantstico.

A plurissignificao da linguagem literria

O texto literrio plurissignificativo, suas palavras podem ter mais de um significado. Ele se
caracteriza exatamente por sua capacidade de transmitir significaes diversas, isto , por sua
ambiguidade.
O texto literrio possui regras prprias; dependendo da poca em que foi escrito no h
preocupao com a sintaxe, com a ortografia, com a correo gramatical. Muitas vezes, o ritmo, a
sonoridade, o aspecto visual, a mensagem so os elementos mais importantes no texto. Observe:

2
Texto I
Vcio na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mi
Para pior pi
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vo fazendo telhados

Oswald de Andrade

Oswald de Andrade, autor da 1. fase do Modernismo brasileiro, renova a literatura ao negar os


modelos literrios de sua poca, criando versos irreverentes, repletos de humor e ironia; alm disso,
valoriza a linguagem coloquial, como podemos observar no poema vcio na fala:

Texto II
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento


na vida de minhas retinas to fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(Carlos Drummond de Andrade)
Voc observa a ambiguidade da palavra pedra no texto? Pedra seria essa pequena rocha com
que frequentemente nos deparamos pelas ruas ou seria um problema, um obstculo? Drummond lana
mo nesse poema de uma metfora para causar a ambiguidade, ou seja, o duplo sentido.

OBS.: O interessante na literatura que qualquer palavra pode se tornar literria; o que vai transform-
la o arranjo, a combinao nova entre ela e as outras selecionadas pelo artista na hora da criao.

Texto Literrio: conotativo sentido figurado, metafrico, potico.

3
Texto III
O acar
O branco acar que adoar meu caf
nesta manh de Ipanema
no foi produzido por mim
nem surgiu dentro do aucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afvel ao paladar
como beijo de moa, gua
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este acar
no foi feito por mim.
Este acar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este acar veio
de uma usina de acar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este acar era cana
e veio dos canaviais extensos
que no nascem por acaso
no regao do vale.
Em lugares distantes, onde no h hospital
nem escola,
homens que no sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria acar.
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este acar
branco e puro
com que adoo meu caf esta manh em Ipanema.
Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira, 1980, pp.227-228

Texto no literrio: denotativo sentido prprio da palavra, real.

4
Texto IV
A cana-de-acar
Originria da sia, a cana-de-acar foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses no
sculo XVI. A regio que durante sculos foi a grande produtora de cana-de-acar no Brasil a Zona da
Mata nordestina, onde os frteis solos de massap, alm da menor distncia em relao ao mercado
europeu, propiciaram condies favorveis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de cana-
de-acar So Paulo, seguido de Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Alm de
produzir o acar, que em parte exportado e em parte abastece o mercado interno, a cana serve
tambm para a produo de lcool, importante nos dias atuais como fonte de energia e de bebidas. A
imensa expanso dos canaviais no Brasil, especialmente em So Paulo, est ligada ao uso do lcool
como combustvel.

Comentrios sobre os textos: O acar e A cana-de-acar


Que diferenas h entre os dois textos?
O texto Cana-de-acar basicamente informativo, isto , ele no contm elementos que
produzam alguma reao emotiva no leitor. Trata-se de um conjunto de palavras organizadas na forma
de um texto, destitudas de sentimento, de juzos. As palavras que constituem os elementos formadores
deste texto esto em estado de dicionrio; elas no guardam outras significaes alm da informao em
si. Trata-se da informao bruta. O seu objetivo meramente informar.
O poema de Ferreira Gullar contm vrios elementos que provocam reaes no leitor. Trata-se
de um texto carregado de expressividade. O poeta constri sua imagem das usinas atravs de impresses
totalmente pessoais, Eis algumas: Em Usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este
acar branco e puro...

Funes da literatura

Funo esttica a literatura a expresso do belo; existe para ser admirada;


Funo ldica a literatura visa despertar emoes agradveis, distrao, sem qualquer finalidade
prtica e utilitria;
Funo cognitiva a literatura exerce a funo da descoberta, do conhecimento. Esta funo est
centrada no contedo transmitido;
Funo catrtica o texto literrio purifica, libera sentimentos reprimidos. O sofrimento alheio, por
exemplo, vivido pelo heri numa tragdia, proporcionaria ao leitor um alvio dos prprios temores;
Funo pragmtica ou social a literatura compromisso arte como meio de conscientizao. a
arte do engajamento, da denncia, da crtica, por isso tica e utilitria.

"A literatura nos mostra o homem com uma veracidade que as cincias talvez no tm. Ela o

5
documento espontneo da vida em trnsito. o depoimento vivo, natural, autntico... Quando um
poeta canta que nele se operou todo um processo de sntese: sua sensibilidade, sua
personalidade recolheu os elementos esparsos do momento, da raa, da terra, dos contatos
sociais e espirituais; todo o complexo da vida, na receptividade ativa e criadora de um homem (...)
Ceclia Meireles

DESENVOLVENDO COMPETNCIAS

1. Leia o texto abaixo, transcrito de uma pichao de muro, em So Paulo:


Eternamente
ter na mente
ter na mente
Eternamente

Pode-se considerar este texto como artstico, principalmente, porque:


a) Traduz, de maneira clara, a ideia de eternidade.
b) Trabalha um arranjo de palavras a partir de um s vocbulo, relacionando-as entre si.
c) Participa socialmente de um contexto, por estar pichado num muro.
d) Evoca uma mensagem potica, a partir do dado incontestvel da imortalidade.
e) As palavras se repetem e rimam numa mesma cadncia.

2. O termo destacado que est empregado em seu sentido prprio, denotativo, ocorre em:

a) O baque do corpo no cho chamou a ateno do vizinho, moo do interior de So Paulo, inquilino
recente do apartamento do andar de baixo (...) (Drauzio Varella).
b) O pirralho no se mexeu, e Fabiano desejou mat-lo. Tinha o corao grosso, queria responsabilizar
algum pela sua desgraa. (Graciliano Ramos).
c) A porta envidraada estava aberta; e subimos pela escadaria de pedra, no imenso silncio em que toda
a Flor da Malva repousava, at a antecmara, de altos tetos apainelados, com longos bancos de pau,
onde desmaiavam na sua velha pintura as complicadas armas dos Cerqueiras. (Ea de Queirs).
d) Jos Dias fez um gesto de aborrecido, e apenas lhe respondeu com uma palavra seca, olhando para
o padre que lavava as mos. (Machado de Assis).
e) Crimes da terra, como perdo-los? Tomei parte em muitos, outros escondi. Alguns achei belos, foram
publicados. Crimes suaves, que ajudam a viver. Rao diria de erro, distribuda em casa. (Carlos
Drummond de Andrade).

6
3. (Enem 1999) Leia o que disse Joo Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a funo de
seus textos:
"Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; Falo somente do que falo: a vida seca,
spera e clara do serto; Falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade
e na mngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situao da misria
no Nordeste."
Para Joo Cabral de Melo Neto, no texto literrio,
a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para
determinados leitores.
b) a linguagem do texto no deve ter relao com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto
seja lido.
c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.
d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os
leitores.
e) a linguagem est alm do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.

4. A partir da leitura da tirinha da Mafalda, possvel fazer algumas afirmaes acerca da literatura,
exceto:

Fonte: <http://fdv.br/arquivo/uploads/o2u_to7cqe.pdf>
a) A escola um dos poucos lugares hoje em que se pode ter acesso literatura, conhecer sua linguagem
e apreci-la.

7
b) Na conversa entre Mafalda e sua amiga, podemos observar o uso da aliterao: recurso sonoro de
repetio sonora, utilizado na poesia.
c) O ensino de literatura, muitas vezes, por ser artificial e descontextualizado, faz com que a literatura
fique restrita ao ambiente escolar.
d) A repetio, como recurso de explorao da sonoridade, um recurso exclusivo da poesia.
e) Uma das funes da literatura, destacada na tirinha, a funo de entreter e divertir o leitor.

5. (Enem 2009). Com base no conceito de literatura como arte potica e ficcional, alguns textos so
literrios, outros, no. Observe as declaraes que se fazem sobre eles.
I. A linguagem utilizada pelos autores de textos no literrios a denotativa.
II. A funo principal dos textos no literrios informar, esclarecer, convencer.
III. O texto literrio tem uma funo esttica, enquanto o no literrio tem funo literria.
IV. A funo principal dos textos literrios comover, despertar sentimentos, provocar a reflexo.
V. O autor, no texto literrio, procura recriar a realidade, utilizando, principalmente, a linguagem
conotativa.

Assinale a alternativa mais adequada a respeito das declaraes anteriores.


a) So todas falsas.
b) So todas verdadeiras.
c) So verdadeiras apenas a II e a IV.
d) So falsas a I e a II.
e) So falsas a IV e a V.

6. (Enem 2009 prova cancelada)


Texto I
Principiei a leitura de m vontade e logo emperrei na histria de um menino vadio que, dirigindo-
se escola, se retardava a conversar com os passarinhos e recebia deles opinies sisudas e bons
conselhos. Em seguida vinham outros irracionais, igualmente bem-intencionados e bem-falantes. Havia
a moscazinha, que morava na parede de uma chamin e voava toa, desobedecendo s ordens
maternas: tanto voou que, afinal, caiu no fogo. Esses contos me intrigaram com o (livro) Baro de
Macabas. Infelizmente um doutor, utilizando bichinhos, impunha-nos a linguagem dos doutores.
Queres tu brincar comigo?
O passarinho, no galho, usava adjetivos colhidos no dicionrio. A figura do baro manchava o
frontispcio do livro, e a gente percebia que era dele o pedantismo atribudo mosca e ao passarinho.
Ridculo um indivduo hirsuto e grave, doutor e baro, pipilar conselhos, zumbir admoestaes.
Adaptado de: Ramos, Graciliano, Infncia.

8
Texto II
Dado que a literatura ensina na medida em que atua com toda a sua gama, artificial querer que
ela funcione como os manuais de virtude e boa conduta. E a sociedade no pode seno escolher o que
em cada momento lhe parece adaptado aos seus fins, enfrentando ainda assim os mais curiosos
paradoxos, pois, mesmo as obras consideradas indispensveis para a formao do moo, trazem
frequentemente o que as convenes desejariam banir. Alis, essa espcie de inevitvel contrabando
um dos meios por que o jovem em contato com realidades que se tenciona escamotear-lhe.
Adaptado de: Candido, Antnio. A literatura e a formao do homem.

Os dois textos, com enfoque diferentes, abordam um mesmo problema, que se refere,
simultaneamente, ao campo literrio e ao social. Considerando-se a relao entre os dois textos, verifica-
se que eles tm em comum o fato de que:
a) Tratam do mesmo tema, embora com opinies divergentes, expressas no primeiro texto por meio da
fico e, no segundo, por meio de uma anlise sociolgica.
b) Foi usada, em ambos, linguagem de carter moralista em defesa de uma mesma tese: a literatura,
muitas vezes, nociva formao do jovem estudante.
c) So utilizadas linguagens diferentes nos dois textos, que apresentam um mesmo ponto de vista: a
literatura deixa ver o que se pretende esconder.
d) A linguagem figurada predominante em ambos, embora o primeiro seja uma fbula e o segundo um
texto cientfico.
e) O tom humorstico caracteriza a linguagem de ambos os textos, em que se defende o carter
pedaggico da literatura.

Gabarito
1. B
2. A
3. A
4. D
5. B
6. C

9
Conhecendo a prova de Ingls do ENEM:
Estrutura da prova:

A prova de lngua estrangeira do ENEM composta por cinco questes


encabeadas por textos dos mais variados tipos no idioma proposto com cinco
alternativas e enunciados em lngua portuguesa. A relevncia de observarmos
que tanto opes, quanto enunciados, esto em portugus que podemos
extrair deles informaes importantes acerca dos textos a que se referem, bem
como, muitas vezes, inferirmos o significado de palavras, expresses, ou
mesmo frases que, por ventura, no tenhamos compreendido na leitura.
Podemos ver abaixo a importncia da lngua portuguesa como instrumento de
auxlio na leitura atravs de exemplos de questes de ENEM anteriores:

O enunciado j nos
diz que a charge
trata de que
atividades escolares
tm prazo de
entrega e que a
aluna apresenta
argumentos sobre o
assunto.

1
O enunciado j nos diz que o
artigo aborda os tumultos na
Inglaterra e que houve um
alerta feito.

Vimos, atravs destes exemplos, que possvel uma melhor


compreenso dos textos em lngua estrangeira atravs do uso da nossa lngua-
me. Portanto, uma vez que se recebe a prova, leia atentamente as
informaes contidas nos enunciados e nas opes, pois podem elas ser
responsveis pelo auxlio na busca pela resposta correta.

2
Tipologia Textual:
A prova de lngua inglesa do Exame Nacional do Ensino Mdio apresenta
uma variada tipologia textual. de suma importncia sabermos que tipos de
textos podem aparecer na prova, pois desta forma, sabemos o tipo de
linguagem que pode ser usada, a temtica textual que pode surgir e que
objetivos cada texto pode apresentar. Ao fazermos isso, seremos mais capazes
de interpret-los melhor, compreend-los melhor e assim responder a questo
proposta.

Os textos mais comuns a carem na prova so:

Cartoons/Charges/Tirinhas:
Este tipo de texto tem por natureza comum o tom de ironia, sacarmos ou
mesmo de comdia. comum que se encontre um tipo de linguagem mais leve,
cotidiana e proveniente da oralidade. Podem surgir expresses idiomticas
bem como grias. Seguem exemplos abaixo:

3
Poesia:
Poemas so aparies comuns nas provas de ingls do ENEM e
costumam ser textos um pouco mais complicados de se ler e interpretar, visto
que, normalmente, apresentam uma linguagem menos cotidiana, por vezes
mais rebuscada ou ainda, em alguns casos, termos arcaicos ou de pouco uso
pela lngua moderna. importante tambm termos em mente que este tipo de
texto apresenta por vezes linguagem metafrica.

Letras de Msica:
Letras de msica so muito comuns nas provas de lngua estrangeira e
podem apresentar linguagem bastante variada, desde a mais corriqueira mais
rebuscada, bem como apresentar linguagem bem literal ou mesmo metafrica.
Algumas canes utilizadas pelo ENEM j apresentaram um tema poltico-
histrico. Vejam exemplos a seguir:

4
Citaes famosas ou relevantes:
Muitas vezes frases e opinies proferidas por pessoas importantes e
relevantes historicamente ou socialmente so utilizadas como textos nas

5
provas de lngua inglesa. Portanto, estar atento ao que dito com relevncia
para a sociedade pode facilitar a compreenso textual. Seguem exemplos:
Artigos e Reportagens:
Talvez seja esta tipologia a mais comum e corriqueira de todas. Pode
apresentar uma enorme gama de linguagem que depende sempre do tema
abordado, bem como do pblico-alvo a que o mesmo destinado. Seguem
exemplos:

6
Imagens:
Algumas vezes imagens so
utilizadas nas questes e no somente
atravs de charges ou tirinhas como vimos,
mas atravs de outros recursos visuais.
Vejamos este exemplo a seguir:

Agora que j vimos os textos mais comuns, passamos as tcnicas de


leituras que podemos utilizar para melhor lermos os textos, bem como para
otimizarmos o tempo de prova.

Contexto e Inferncia:
Atravs do contexto, possvel entender o sentido geral do texto, no se
perdendo tempo com cada palavra desconhecida, bem como inferir o
significado de um ou mais vocbulos. Pode-se fazer isso:

Utilizando as palavras vizinhas


Utilizando as imagens (caso haja)

Exemplo 1:

7
Digamos que no quadrinho anterior, no saibamos o significado da
expresso hang up on. Entendemos que o rapaz ameaa nunca mais ligar
para Ellen se algo acontecer. A segunda parte da imagem, atravs de um
recurso onomatopeico, bem como da expresso facial do rapaz, vemos que
Ellen desligou o telefone. Portanto, podemos tentar inferir que o termo utilizado
na ameaa refere-se justamente a atitude tomada por Ellen, que foi a de
desligar o telefone. Desta forma, vemos que atravs do contexto e dos recursos
visuais fomos capazes de realizar a inferncia de um termo desconhecido.

Exemplo 2:

Nesta imagem, vemos um garoto muito feliz


comendo uma pizza. Ele faz uso da palavra
terrific para remeter-se a ela. A princpio, se no
conhecemos o significado dela, tentemos a
comparar com nossa lngua-me. Ao fazer isso,
ocorremos no erro, pois esta palavra um falso
cognato e no significa terrvel ou ruim como
poderamos pensar. Como poderia significar algo
ruim se ele est com uma expresso facial boa?
Portanto, possvel inferir que a palavra tem um
significado positivo.

Outras duas tcnicas de leitura muito utilizadas em provas so o skimming e


o scanning. Vamos ver casa uma delas:

Skimming:
Skimming uma tcnica de leitura que consiste em realizarmos uma
leitura rpida e superficial de um texto com o objetivo maior de se ter uma ideia
geral do texto, saber do assunto abordado e buscar a ideia central que
transmitida.

Exemplo:

Pope Francis makes it easier for Catholics to remarry

8
Pope Francis has unveiled reforms intended to
make it easier for Roman Catholics to get
annulments and remarry within the Church.

Catholicism does not recognise divorce


and teaches marriage is a lifelong commitment.
In order to separate, Catholics must have their
marriage annulled by showing it was flawed
from the outset. The radical reforms allow
access to procedures free of charge and fast-
track decisions.
Until now the procedures have been seen
as arcane, expensive and bureaucratic.
Catholics seeking an annulment previously needed approval from two Church
tribunals. The reforms will reduce this to one and remove the requirement of
automatic appeal. An appeal will still be possible if one of the parties requests
it.
The new fast-track procedure will allow bishops to grant annulments
directly if both spouses request it. Because annulment procedures are
complicated, couples normally require experts to guide them through, meaning
that gaining one can be expensive.
Without an annulment, Catholics who divorce and marry again are considered
adulterers and are not allowed to receive communion.
Last year, the Pope set up a commission of church lawyers and clerical
experts to look at how to streamline the procedure. Writing about the changes,
Pope Francis said it was unfair that spouses should be "long oppressed by
darkness of doubt" over whether their marriages could be annulled.
Caroline Wyatt, BBC Religious Affairs Correspondent
BBC News September 8th 2015

Scanning:
Scanning uma tcnica de leitura que consiste em realizarmos uma busca por
uma informao especfica contida no texto. Muitas vezes, queremos uma ideia
que est descrita somente em uma frase ou um pargrafo.

Exemplo:

9
(...)
Until now the procedures have
been seen as arcane, expensive
and bureaucratic. Catholics seeking an
annulment previously needed approval from
two Church tribunals. The reforms will reduce
this to one and remove the requirement of
automatic appeal. An appeal will still be
possible if one of the parties requests it. ()

Conhecimento de Mundo:
Alm da tcnicas de leitura apresentadas, outro recurso que podemos
utilizar para melhor ler e interpretar os textos propostos na questes estarmos
munidos do maior contedo possvel acerca do mundo que nos cerca, tanto
quanto s atualidades bem como acerca da histria. Digamos que uma
repostagem seja utilizada e voc j sabe do tema tratado pois estava a par de
seu contedo, a leitura e a compreenso ficam mais simples e eficazes. Assim
tambm verdade para msicas, poesias, citaes, etc.

10
Vejamos uma questo do ENEM de 2015:
A questo apresenta um poema que,
segundo o enunciado em portugus,
refere-se tradio oral da cultura
indgena norte-americana. Munido de
um conhecimento prvio de que tais
povos possuam uma conexo enorme
e muito prxima da natureza, tanto no
seu dia-a-dia quanto nas suas crenas
religiosas, a busca pela resposta certa
fica mais fcil, pois uma das respostas
justamente sobre a importncia dos
elementos da natureza. Unindo-se a
leitura do texto com o conhecimento
prvio de mundo e o auxlio dado pela
lngua portuguesa, conseguimos
responder a questo.

11
Desenvolvendo Competncias
1. Enem 2013

Disponvel em: www.gocomics.com. Acesso em: 26 fev. 2012. (Foto: Reproduo)

A partir da leitura dessa tirinha, infere-se que o discurso de Calvin teve um efeito diferente do
pretendido, uma vez que ele

12
a) decide tirar a neve do quintal para convencer seu pai sobre seu discurso.
b) culpa o pai por exercer influncia negativa na formao de sua personalidade.
c) comenta que suas discusses com o pai no correspondem s suas expectativas.
d) conclui que os acontecimentos ruins no fazem falta para a sociedade.
e) reclama que vtima de valores que o levam a atitudes inadequadas.

2. Enem 2011

A tira, definida como um segmento de histria em quadrinhos, pode transmitir uma mensagem com
efeito de humor. A presena desse efeito no dilogo entre John e Garfield acontece porque
a) John pensa que sua es namorada maluca e que Garfield no sabia disso.
b) Jodell a nica namorada maluca que John teve, e Garfield acha isso estranho.
c) Garfield tem certeza de que a ex-namorada de John sensata, o maluco o amigo.
d) Garfield conhece as ex-namoradas de John e considera mais de uma como maluca.
e) John caracteriza a ex-namorada como maluca e no entende a cara de Garfield.

13
3. Enem 2012

Questo 94 de ingls do Enem 2012 (Foto: Reproduo/Enem)

Cartuns so produzidos com o intuito de satirizar comportamentos humanos e assim oportunizam


a reflexo sobre nossos prprios comportamentos e atitudes. Nesse cartum, a linguagem utilizada
pelos personagens em uma conversa em ingls evidencia a

a) predominncia do uso da linguagem informal sobre a lngua padro.


b) Dificuldade de reconhecer a existncia de diferentes usos da linguagem.
c) aceitao dos regionalismos utilizados por pessoas de diferentes lugares.
d) necessidade de estudo da lngua inglesa por parte dos personagens.
e) facilidade de compreenso entre falantes com sotaques distintos.

Gabaritos e Resolues
1. c
Resoluo

14
Apesar de afirmar que suas atitudes ruins so ocasionadas pela influncia da
sociedade em seu comportamento, Calvin, eximindo-se de culpa, elabora um discurso
profundo a fim de convencer seu pai de tal. No entanto, podemos inferir que o efeito
pretendido no alcanado pela fala de Calvin no ltimo quadrinho e sua ao de ter de
retirar a neve da calada a pedido do pai, que o faz para que o filho adquira mais
personalidade e carter e no use a sociedade como escape para fazer coisas ruins.

2. d
Resoluo
O efeito de humor no dilogo entre Jon e Garfield ocorre porque o ltimo, por meio do
balo de pensamento, deixa claro que Jon precisa dar mais informaes, ser mais especfico
(Youll have to be more specific), para que ele possa descobrir a qual namorada Jon se
refere, j que considera muitas como malucas.

3. b

Resoluo
O primeiro personagem julga seu falar como a melhor forma, afirmando que s est
ali quem fala ingls muito bem. J o segundo concorda ironizando e faz a sugesto de que
o primeiro siga a gramtica normativa, no devendo se utilizar de duplas negativas e
devendo se lembrar de usar advrbios. Isso mostra que, embora tenha havido a
inteligibilidade mtua, no h a aceitao de um pelo outro ou de seus diferentes usos da
linguagem, dando o carter crtico-reflexivo tpico do cartum.

15
Referncia Bibliogrfica das Questes

Disponvel em: http://educacao.globo.com/provas/enem. Acessado em: 07/01/2016

16

Você também pode gostar