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Síndrome Do Olho Vermelho

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Enciclopdia de Oftalmologia Antnio Ramalho

1. SNDROME DO OLHO VERMELHO

O olho vermelho uma das manifestaes clnicas oculares mais comuns na prtica
clnica oftalmolgica.

Existem numerosos factores etiolgicos que podem provocar processos inflamatrios


da superfcie ocular, tais como traumatismos, corpos estranhos, agentes qumicos,
infeces, deficit lacrimal, neoplasias, etc.

A causa mais frequente de olho vermelho no traumtica a conjuntivite.

A superfice ocular, juntamente com o sistema lacrimal, est constantemente exposta


a agresses externas, fsicas, inflamatrias ou infecciosas.

A conjuntiva normal participa activamente na defesa imune da superfcie ocular contra


as agresses externas.

Uma histria clnica rigorosa e um


exame objectivo com lmpada fenda
so fundamentais para um diagnstico
diferencial mais correcto.

Fig. 1.1 Hipermia Conjuntival

INTRODUO

O fenmeno bsico constante em qualquer processo inflamatrio do globo ocular a


dilatao vascular.

A inflamao um processo caracterizado por uma reaco do organismo a um


determinado agente lesivo, mediante o qual se libertam mediadores qumicos
(histamina, sistema complemento, prostaglandinas, leucotrienos, etc), os quais vo
gerar a resposta sintomatolgica clssica.

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Fig. 1.2 Uveite Bilateral

Dependendo da localizao e do tipo de leso, a inflamao do globo ocular pode


associar-se a uma alterao da funo visual, mais ou menos grave.1

A capacidade defensiva do globo ocular resulta da existncia de diversos elementos


que se encontram nas:

1. Lgrimas A pelcula lacrimal tem um papel fundamental na defesa perante as


agresses externas.

a) Os componentes do sistema de complemento, presentes no filme


lacrimal facilitam e potenciam as aces do lisosima e das
imunoglobulinas.2

b) Lactoferrina tem propriedades bactericidas e bacteriostaticos.


Regulam a produo do factor estimulante de macrofagos e
granulcitos, inibe a formao do C3 do sistema de complemento e
interfere com os anticorpos especficos.3

c) Lisosima efectua a lise de algumas bactrias gram + e facilita a lise


das bactrias pela Ig A e sistema de complemento.4

d) Imunoglobulina G- neutraliza vrus, degrada as bactrias e, atravs do


sistema de complemento, aumenta a opsonizao das bactrias e a
quimiotaxia dos fagcitos.5

e) Imunoglobulinas A tm um papel protector na superfcie da mucosa,


atravs da sua capacidade de bloquear os receptores da superfcie
celular, que poderiam estar disponveis para a fixao das bactrias e
vrus. Modula igualmente a flora normal da superfcie ocular.6

2. O tecido linfide da conjuntiva, nomedamente: os linfcitos T, presentes no


epitlio e substncia prptia da conjuntiva, reconhecem os antignios; as
clulas dendrticas processam os antignios para os linfcitos T; os linfcitos B
presentes no fundo saco conjuntival; os plasmcitos, secretam anticorpos,
sintetizando a Ig A, esto presentes nas glndulas lacrimais acessrias.7,8,9

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3. O epitlio conjuntival capaz de absorver, por fagocitose ou difuso, as


substncias diludas na pelcula lacrimal.

4. O limbo esclerocorneano responsvel pela imunovigilncia da superfcie


ocular e as respostas de hipersensibilidade.

Nos espaos intercelulares do epitlio conjuntival existem compartimentos onde de


alojam anticorpos e clulas imunolgicas, que tornam a conjuntiva especialmente
sensvel s patologias alrgicas e imunolgicas.10

SINAIS CLNICOS NO OLHO VERMELHO

A visualizao, em pormenor, das estruturas oculares, deve ser efectuada no exame


com lmpada de fenda.

A everso palpebral superior fundamental, de modo a ser possvel visualizar a


conjuntiva palpebral e descartar a presena de qualquer corpo estranho.

A aplicao de fluorescena deve ser regra, porque se distribui de forma homognea


pela superfcie ocular, permitindo a visualizao de defeitos epiteliais da conjuntiva, e
sobretudo da crnea.

A) HIPERMIA CONJUNTIVAL

o sinal mais frequente e caracterstico da inflamao da superfcie ocular, mas a sua


intensidade varivel consoante as diversas formas clnicas.

Resulta da dilatao dos vasos da superfcie ocular, conjuntivais e episclerais.

Pode dever-se a uma inflamao aguda ou crnica ou em resposta a factores irritantes


crnicos.

Segundo a vasodilatao afecte o sistema vascular predominante (vasos conjuntivais


posteriores e ciliares superiores) assim ter a denominao de hipermia conjuntival
ou hipermia ciliar.11

Na conjuntivite aguda, a hipermia conjuntival difusa, especialmente no fundo saco


conjuntival.

Na conjuntivite crnica, a inflamao afecta principalmente a conjuntiva tarsal.

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O aumento do nmero, do dimetro e a


tortuosidade dos vasos conjuntivais
superficiais produz o caracterstico
aspecto de cor vermelho brilhante.

Frequentemente associa-se a um
aumento da permeabilidade vascular,
ocasionando edema localizado ou
difuso, infiltrao ou hemorragia
Fig. 1.3 Hipermia Conjuntival subconjuntival.

A hemorragia subconjuntival uma forma de olho vermelho que no secundria a


uma dilatao vascular. formada por uma coleco de sangue subconjuntival,
secundria a uma ruptura de um vaso conjuntival. No requer tratamento e reabsorve-
se espontaneamente em semanas, sem deixar sequelas oftalmolgicas. Geralmente
secundria a uma manobra de valsalva, e sobretudo na presena do uso de um
antiagregante plaquetrio, e tambm se associada hipertenso arterial.

A hipermia dos vasos conjuntivais pode ser:

ACTIVA A dilatao dos vasos sanguneos ocorre por mecanismos inflamatrios


(agudos ou crnicos). A colorao vermelho brilhante. Pode ocorrer por:

Irritao directa (corpos estranhos)


Irritao reflexa (defeitos de refraco ptica, irritao nasofarngea)
Doenas metablicas (gota)
Doenas dermatolgicas (acne roscea)
Infeces locais (conjuntivite)
Infeces sistmicas (leptospirose icterohemorragica)
Alergias
PASSIVA Ocorre por obstruo venosa ou por aumento da viscosidade sangunea.
Os vasos apresentam-se dilatados e tortuosos.

A colorao vermelho escuro ou cor violcea, porque tem sangue venoso no seu
interior, com uma baixa tenso de 02.

Surge em tumores rbita, tromboflebites, fstulas cartido-cavernosas, policitmia.

H 3 formas de hipermia conjuntival:

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a) HIPERMIA CONJUNTIVAL SUPERFICIAL

Representa a dilatao dos vasos da superfcie da conjuntiva. Afecta


difusamente toda a conjuntiva bulbar, manifestando uma menor intensidade na
regio perilimbica. So fceis de mobilizar.

A colorao vermelho escarlate ou


vermelho tijolo.

Fig. 1.4 Hipermia Conjuntival Superficial

b) HIPERMIA CILIAR

produzida pela dilatao dos vasos conjuntivais mais profundos e episclerais

No se mobilizam ao tentarmos desloc-la com a plpebra.

Provoca uma cor vermelha escura, ou violcea, sobretudo perilimbica, radiaria


em toda a crnea. Corresponde vasodilatao dos vasos ciliares anteriores.

A dilatao dos vasos que rodeiam a crnea, maiores e mais profundos, indica
um processo inflamatrio mais profundo como a episclerite, a esclerite, uveites
ou infeco crnea.

A hipermia ciliar no diminui


nem desaparece aps a
instilao tpica de
vasoconstritores.

Fig. 1.5 Hipermia Ciliar

c) HIPERMIA MISTA

a dilatao conjunta dos vasos superficiais e profundos.

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Fig. 1.6 Hipermia Conjuntival Mista

B) EDEMA TECIDUAL

Corresponde a uma transudao lquida dos vasos de soro ou exsudado atravs da


parede dos vasos sanguneos para os tecidos circundantes, levando a um aumento de
volume.

Traduz-se em toda a conjuntiva bulbar, pois o tecido subconjuntival laxo.

uma tumefaco translcida da conjuntiva bulbar. Ocasionalmente, se o edema de


grande magnitude pode levar a uma protuso da conjuntiva bulbar atravs da fenda
palpebral, impedindo a ocluso palpebral completa e podendo originar dessecao por
exposio e leso tecidual.

Pode associar-se a: qualquer inflamao, infeces, alergias (libertao de


mediadores qumicos capazes de alterar a permeabilidade vascular) e as doenas
inflamatrias da rbita, onde h comprometimento da drenagem venosa ou linftica.
Pode igualmente ocorrer em doenas sistmicas, acompanhadas por reteno hdrica.

1. EDEMA CONJUNTIVA (QUEMOSE)

O edema da conjuntiva manifesta-se como uma bolha, mais ou menos transparente,


segundo o grau de hipermia presente.

Fig. 1.7 Edema Conjuntival (Quemose)

2. EDEMA PALPEBRAL ASSOCIADO

Ocorre no hordeolo.

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3. EDEMA CRNEA

Resulta da alterao da funo normal de bomba de endotlio corneano.

O edema da crnea est relacionado com patologias oculares graves.

PATOGENIA - deve-se a um aumento da permeabilidade vascular, dano endotelial,


instabilidade vasomotora, bloqueio e congesto dos linfticos da orbita ou da
drenagem venosa, diminuindo a presso osmtica.

C) SECREO CONJUNTIVAL

Representa a chegada de clulas de defesa regio do foco inflamatrio.

produzida a partir da exsudao filtrada atravs do epitlio, ao qual se juntam os


restos epiteliais, lgrimas, muco, fibrina, clulas polinucleares e, nalguns casos, soro e
outros componentes sanguneos, bem como a secreo de algumas glndulas
conjuntivais.

As caractersticas da secreo colocam


a pista sobre a etiologia da conjuntiva.

A natureza e a quantidade de secreo


conjuntival, devem ser verificados
mediante o exame biomicroscopico
lmpada de fenda.

Fig. 1.8 Secreo conjuntival no canto interno.

A secreo purulenta espessa, branco amarelada e com pus.

A secreo serosa transparente.

A secreo mucosa caracteriza-se por cordes esbranquiados no fundo saco


conjuntival e no bordo palpebral.

A existncia de grande quantidade de fibrina, confere secreo uma caracterstica


particular, com formao de pseudomembranas, as quais tm a particularidade de ser
fceis de descolar.

A anlise citopatolgica pode determinar a natureza exacta da secreo.

1. SECREO PURULENTA

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uma secreo abundante, amarelada ou esverdeada, que cola as pestanas,


sobretudo ao despertar.

caracterstica da conjuntivite bacteriana ou por clamideas. Mas pode ocorrer


tambm em casos de inflamao e necrose conjuntival intensa, como na
queratoconjuntivite epidmica grave ou no penfigide cicatricial ocular agudo.

A hipermia muito intensa com clulas inflamatrias, pode produzir uma secreo
mucopurulenta.

A secreo pode provocar irritao,


sensao corpo estranho e viso
desfocada.

No caso da conjuntivite bacteriana


hiperaguda, provocada pela Neissria
Gonorreia, a secreo esverdeada
to abundante que d a impresso de
ser um abcesso que se drena.
Fig. 1.9 Secreo conjuntival mucopurolenta.

2. SECREO MUCOSA

Representa o excesso de actividade das glndulas caliciformes conjuntivais perante


uma irritao crnica.

uma secreo conjuntival, de colorao esbranquiada, habitualmente pouco


abundante e com caractersticas filamentares.

tpica das conjuntivites alrgicas.

Fig. 1.10 - Secreo conjuntival mucosa. Fig. 1.11 Filamento mucoso.

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3. SECREO AQUOSA

Caracteriza-se por um aumento da secreo lacrimal reflexa.

tpica das conjuntivites virais,


irritativas ou alrgicas. H uma
abundante secreo serosa,
igualmente provocando uma
aglutinao das pestanas e das
plpebras, ao acordar.

Fig. 1.12 Secreo sero-aquosa.

D) LINFADENOPATIA PR-AURICULAR

A adenopatia pr-auricular representa a regio de drenagem da conjuntiva.

Ocorre nas infeces vricas, por clamdeas e gonoccicas graves.

E) HEMORRAGIA

Sinnimo de petquias e hemorragia subconjuntival.

Surgem, quase sempre espontaneamente, sob a colorao vermelho brilhante,


estendendo-se at regio do limbo esclerocorneano. Pode associar-se a uma
inflamao conjuntival aguda, com a hiperemia consequente.

Pode haver hemorragias conjuntivais petequiais, na endocardite bacteriana subaguda.

A hemorragia subconjuntival isolada quase sempre espontnea e no se associa a


patologia sistmica. Os doentes acordam com a hemorragia ocular, sem dor, sem
irritao, nem perda viso.

Raramente, a hemorragia
subconjuntival se deve a HTA mal
controlada, a anemia, alterao da
coagulao sangunea, coagulao
intravascular disseminada,
disproteinmias e discrasias
sanguneas.

Fig. 1.13 Hemorragia subconjuntival.

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Na reabsoro da hemorragia ocorre


uma modificao da colorao, de
vermelho brilhante a castanho e
posteriormente a amarelo,
desaparecendo em 7-12 dias.

As hemorragias subconjuntivais podem


repetir-se sobretudo em doentes com
factores de risco sistmicos.
Fig. 1.14 Hemorragia subconjuntival.

Tipicamente desaparecem sem sequelas.

A evidncia duma hemorragia subconjuntivalextensa, sem limites posteriores, na


sequncia dum traumatismo craniano, dever colocar a hiptese duma fractura do
andar anterior e mdio craniano.

PATOGENIA - A maioria deve-se a um aumento da presso venosa, como acontece


no acto de tossir ou espirrar (manobra de valsalva). Raramente, se produzem por
discrasias sanguneas, anomalias vasculares ou traumatismos directos.

F) DIMINUIO DA ACUIDADE VISUAL

frequente que um olho vermelho curse com uma acuidade visual desfocada.

A diminuio real da acuidade visual acompanha-se habitualmente de patologias de


maior gravidade, como o edema epitelial crnea ou uveites.

REACO CONJUNTIVAL INTERMDIA A CRNICA A DOENAS E LESES

a) FOLICULOS

Tambm chamados folculos linfoides.

Os estmulos inflamatrios, quando so persistentes e crnicos, levam inevitavelmente


ao aparecimento de uma hiperplasia epitelial e um infiltrado linfocitico subepitelial,
chamado folculo.

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Apresentam-se como formaes


elevadas, rosadas ou cinzento plidas,
translcidas, grandes, redondas, por
baixo do epitlio conjuntival.

Fig. 1.15 Foliculos na conjuntiva tarsal superior.

So estruturas avasculares, arredondadas e elevadas. Medem 0.5 -2 mm dimetro. Na


infeco por clamidea so maiores.12

Os folculos desenvolvem-se no bordo do tarso e no fundo saco conjuntival, em


resposta a alergenos, txicos e infeces vricas.

A poro central dos folculos avascular, contrariamente s papilas, as quais


apresentam vasos sanguneos a dirigir-se para a convexidade.

Representam basicamente uma reaco linfocitica.

Histologicamente, uma hiperplasia do tecido linfide no estroma da conjuntiva, sem


uma organizao evidente. constituda por grandes linfcitos mononucleares.

O prognstico dos folculos depender da sua causa especfica. So uma reaco


tecidual inespecfica a uma irritao e desaparecem sem deixar sequelas.

CONJUNTIVITE FOLICULAR AGUDA - infeces virais e conjuntivite de incluso, por


clamdeas.

CONJUNTIVITE FOLICULAR CRNICA - Clamidea trachomatis, moraxella, molusco


contagiosum e D. Lyme.

CONJUNTIVITE TXICA - por exposio crnica a medicamentos tpicos, como


antivirais, antihipertensivos oculares, ciclopegicos.

Nalguns casos, paralelamente ao aparecimento dos folculos, ocorrem fenmenos


importantes e variveis de fibrose, com consequente esclerose restritiva e sequelas
cicatriciais (tracoma).

b) PAPILAS

Aparece na conjuntiva bulbar, durante a fase inflamatria aguda.

So hiperplasias teciduais, numa estrutura que j existe na conjuntiva normal.

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Surgem como formaes carnosas, vascularizadas no centro, comprimidas umas


contra as outras, tipo favo de mel, separadas umas das outras por linhas brancas
fibrosas. O seu tamanho varivel (em mdia 0.1-0.2 mm).

Cada papila tem uma arterola central dilatada.

A resposta papilar um sinal inespecfico de inflamao conjuntival. E desaparecem


quando se resolve a inflamao conjuntival.

A conjuntivite papilar crnica, pode dever-se a: 13

Infeco lacrimal
Anomalia palpebral
Corpo estranho
Reaco txica
Agresso mecnica
Cicatrizes da conjuntiva bulbar
Suturas no globo ocular
Lentes de contacto hidrfilas
O prognstico depender da causa subjacente.

Quando so de tamanho mdio, assumem uma forma tipo empedrado ou mosaico.

As papilas gigantes aparecem como vegetaes papilomatosas e desenvolvem-se por


uma ruptura da matriz fibrosa fina, da substncia prpria. So maiores do que 1 mm
dimetro, localizando-se habitualmente na conjuntiva tarsal superior. Surgem
normalmente em : 14

Conjuntivite alrgica
Conjuntivite primaveril
Queratoconjuntivite atpica.
As papilas surgem quando a inflamao aguda ocasiona uma dilatao e um aumento
da permeabilidade do vaso sanguneo central, tal como o extravasamento de lquido e
protenas para o tecido circundante.

A conjuntivite papilar aguda quase sempre se deve a infeces bacterianas (N.


gonorreia e N.meningitidis).

A conjuntivite papilar crnica unilateral pode dever-se a neoplasia intraepitelial,


carcinoma clulas sebceas, dacricistite, canaliculite crnica, corpo estranho
conjuntival.14

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c) FLICTNULA

Consiste numa vescula, pequena, ou um ndulo ulcerado, no tecido subepitelial,


adjacente ao limbo esclerocorneano. Recurrentes.15

Ao redor, ocorre uma congesto vascular.

Desaparecem espontaneamente sem deixar cicatrizes. Correspondem a uma reaco


de hipersensibilidade retardada s protenas do bacilo de Koch, estafilococos,
cndidas ou clamdeas.12

d) PSEUDOMEMBRANAS

Ocorrem nas conjuntivites agudas ou hiperagudas.

Caracteriza-se pela formao dum tecido brilhante, esbranquiado, revestindo a


conjuntiva.

HISTOLOGIA Acumulao de clulas inflamatrias, muco fibrinoso, formando um


cogulo sobre a superfcie da conjuntiva.

No produz hemorragia quando se retira.

e) MEMBRANAS

Tpico da conjuntivite diftrica. Ocorre tambm no E. pneumoniae e E. aureus.

HISTOLOGIA Necrose de clulas epiteliais conjuntivais, provocada por uma


aderncia firme fibrovascular entre o cogulo e o estroma da conjuntiva.

Provoca hemorragia quando se retira.

e) SIMBLFARO

Cicatrizao e consequente aderncia entre a conjuntiva bulbar e a conjuntiva tarsal,


resultado da inflamao aguda ou crnica do estroma da conjuntiva.12

Provoca uma diminuio da secreo mucosa e aquosa das glndulas lacrimais.

ETIOLOGIA traumatismos, queimaduras qumicas, tracoma, eritema multiforme,


penfigide ccatricial ocular.

1.2. CAUSAS OLHO VERMELHO

1.2.1. CAUSAS OLHO VERMELHO TRAUMTICAS

Corpo estranho na crnea


Eroso crnea

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Corpo estranho Conjuntiva tarsal superior


Queratite por ultravioletas
Hifema
Corpo estranho intraocular
Ferida perfurante crnea

1.2.2. CAUSAS OLHO VERMELHO NO TRAUMTICAS

Conjuntivites
Hemorragia subconjuntival
Olho seco
Inflamao Pterigium
Pinguculite
Episclerite
Queratite dendrtica (herpes simples)
Esclerite
Glaucoma agudo ngulo fechado
Celulite orbitaria

1.3. ESTRUTURAS ANATMICAS IMPLICADAS NO OLHO VERMELHO

CONJUNTIVA
PALPEBRAS
CRNEA
ESCLERA
S. LACRIMAL
ORBITA
UVEA
H. AQUOSO

2. RACIOCNIO DIAGNSTICO NO OLHO VERMELHO

HISTRIA CLNICA 16

ANAMNESE

2.1. INTERROGATRIO

Uni ou bilateral

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Circunstncias de aparecimento

- Espontnea (epidemia)

- Provocada (traumatismo)

Incio

- Sbito

- Progressivo

Evoluo

Antecedentes oftalmolgicos

- Miopia, traumatismos, cirurgias oftalmolgicas

Antecedentes sistmicos

- H.T.A., diabetes, doenas autoimunes, factores risco cardiovascular

Tratamentos efectuados

Histria de alergias

Sintomas associados

o Olho vermelho
o Lacrimejo ou secrees conjuntivais
o Prurido
o Sensao corpo estranho
o Ardor
o Fotofobia
o Cefaleias
o Campo visual
o Diminuio acuidade visual

2.2. RECONHECER FACTORES RISCO /AMBIENTAIS

Abuso lentes contacto


Ar condicionado
Viagens areas longas
Excesso ou deficit de utilizao cloro nas piscinas

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2.3. ACUIDADE VISUAL

Medio acuidade visual longe e perto

OLHO VERMELHO COM A.V. NORMAL

Conjuntivite viral
Conjuntivite alrgica
Conjuntivite bacteriana
Hemorragia subconjuntival
Celulite orbitaria pr-septal
OLHO VERMELHO COM A.V. DIMINUDA

Eroso/ferida crnea
Traumatismo
Uveite anterior
Glaucoma agudo ngulo fechado

2.4. EXAME FSICO

Exame oculomotor

Campo visual por confrontao

Exame geral

EXAME LMPADA DE FENDA

2.5. EXAME DAS PALPEBRAS

Hematomas
Feridas
Edema
Corpo estranho palpebral e na conjuntiva tarsal
Mobilidade (ptose)
Alterao da esttica palpebral

2.6. EXAME CONJUNTIVA

A - HIPERMIA

a) HIPERMIA CONJUNTIVAL SUPERFICIAL

LOCAL (pinguculite)

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DIFUSA (conjuntivite)
b) HIPERMI CILIAR

Uveite anterior

Glaucoma agudo ngulo fechado.

c) HEMORRAGIA SUBCONJUNTIVAL

Associada a manobras Valsalva

Associada a traumatismos

Associada a doenas sistmicas

B -SECREO CONJUNTIVAL

a) SEM SECREO

Hemorragia subconjuntival

b) SECREO SEROSA/ SANGUINOLENTA

Traumatismo

c) SECREO MUCOSA

Conjuntivite alrgica

d) SECREO AQUOSA

Queratoconjuntivite epidmica

e) SECREO MUCOPURULENTA OU PURULENTA

Conjuntivite bacteriana

C PAPILAS

D FOLCULOS

E MEMBRANAS

F PSEUDOMEMBRANAS

G - FLICTNULAS

H EDEMA

I FERIDAS

J CORPOS ESTRANHOS

L CICATRIZAO CONJUNTIVAL

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2.7. EXAME CRNEA

OPACIDADES CRNEA

SEM OPACIDADES CRNEA

Maioria conjuntivites

OPACIDADES SUBEPITELIAIS (caractersticas)

Queratoconjuntivite epidmica

OPACIDADES DIFUSAS

Glaucoma agudo ngulo fechado


lcera crnea
OPACIDADES LOCALIZADAS

Queratite dendrtica
Ulcera crnea
Corpo estranho crnea
LESES EPITLIO

PONTEADAS / DIFUSAS

Queratite por ultravioletas

EROSO

Traumtica
Excesso uso lentes contacto
Queimaduras qumicas
Queratite dendrtica
EROSES MDIAS/ GRANDES

Traumatismo
Queimadura qumica
lcera crnea

CORPOS ESTRANHOS

EDEMA

ULCERA

CICATRIZES

ABCESSO

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FERIDA

PRECIPITADOS ENDOTELIAIS

2.8. AVALIAO CMARA ANTERIOR

PROFUNDIDADE

AUSENTE (atalamia)

Perfurao globo ocular

BAIXA

Glaucoma agudo ngulo fechado

PRESENA SANGUE (HIFEMA)

Traumatismo ocular fechado

Perfurao globo ocular

PRESENA PS (HIPOPION)

Ulcera crnea

Endoftalmite

EFEITO TYNDALL

CORPO ESTRANHO

MEMBRANA FIBRINA

2.9. AVALIAO PUPILAS

PUPILAS DILATADAS (MIDRASE)

Traumatismo
Paralisia 3 par
Glaucoma agudo ngulo fechado
Pupila Adie
Efeito medicamentos (atropina, tropicil, midriodvi)
PUPILAS COM MIOSE

S. Horner
Efeito pilocarpina

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Efeito narcticos
Uveite anterior
SINQUIAS IRIDOCRISTALIANAS

2.10. GONIOSCOPIA

ngulo iridocorneano estreito

ngulo iridocorneano aberto

2.11. TONOMETRIA

2.12. CRISTALINO

Posio
Catarata
Membrana fibrina
Sinquias iridocristalianas

ORIENTAO DIAGNSTICA

I) Baseado sobretudo na pesquisa do trade sintomatolgica :

DOR

HIPERMIA

DIMINUIO ACUIDADE VISUAL

1) OLHO VERMELHO, DOR E DIMINUIO ACUIDADE VISUAL

a) Contexto traumtico

Queimaduras qumicas
Traumatismo contuso
Feridas do globo ocular
Corpo estranho no eixo visual
b) Contexto ps-cirurgico

Endoftalmite aguda exgena

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Rejeio transplante crnea

c) Outros contextos

Glaucoma agudo ngulo fechado


Glaucoma neovascular
Queratite e abcesso cornea
Uveites
Esclerite
Queratocone agudo

2) OLHO VERMELHO, DOR E SEM DIMINUIO ACUIDADE VISUAL

a) Contexto traumtico

Corpo estranho
Eroso superficial
b) Contexto atraumtico

Conjuntivite
Inflamao pterigium

3) OLHO VERMELHO, INDOLOR E COM DIMINUIO ACUIDADE VISUAL

Traumatismos
Uveites

4) OLHO VERMELHO, INDOLOR E SEM DIMINUIO ACUIDADE VISUAL

Conjuntivites
Hemorragias subconjuntivais espontneas
Pterigium
Pingucula

II) Baseado na:

HIPERMIA CONJUNTIVAL

DOR OCULAR.17

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1) HIPERMIA CONJUNTIVAL LOCALIZADA+DOR OCULAR

EPISCLERITE ESCLERITE
HIPERMIA sectorial/ difusa HIPERMIA sectorial / sobretudo difusa
NORMAL A.V./ P.I.O./ PUPILA NORMAL P.I.O./ pupila/
AUSENTE secreo conjuntival/ fotofobia NORMAL / DIMINUDA A.V.
TESTES diminuio hipermia aps a aplicao AUSENTE secreo conjuntival
fenilefrina a 10
DOR moderadamente grave
TESTE a hiperemia no se altera com a
aplicao de felilefrina a 10%

ULCERA CRNEA CORPO ESTRANHO CRNEA


HIPERMIA CILIAR HIPERMIA sectorial / difusa
NORMAL P.I.O./ pupila NORMAL A.V. / pupila
A.V. Diminuda PRESENTE secreo conjuntival
MODERADAMENTE GRAVE Dor MODERADA Dor / fotofobia
GRAVE Fotofobia
PRESENTE Secreo conjuntival

2) HIPERMIA CONJUNTIVAL LOCALIZADA, SEM DOR OCULAR

INFL/ PTERIGIUM HEMORRAGIA TUMOR CONJUNTIVA


PINGUECULITE SUBCONJUNTIVAL
HIPEREMIA leve / moderada
HIPERMIA leve a moderada/ NORMAL A.V./ P.I.O./ pupila
sectorial NORMAL P.I.O. / pupila
AUSENTE Dor / fotofobia/
NORMAL P.I.O./ pupila / A.V. secreo conjuntival/ hiperemia NORMAL/ LEVE Dor

AUSENTE Dor / fotofobia PRESENTE Hemorragia em NORMAL / DIMINUDA A.V.


toalha AUSENTE fotofobia

3) HIPERMIA DIFUSA COM DOR

UVEITE ANTERIOR GLAUCOMA AGUDO NGULO FECHADO


HIPERMIA leve / moderada HIPEREMIA moderada/ grave
NORMAL/ MIOSE pupila AUSENTE secreo conjuntival
DIMINUIO A.V. PUPILA Mdio-midrase
PRESENTE fotofobia / dor aos movimentos MODERADA fotofobia
oculares
INTENSA dor / diminuio A.V.
NORMAL / AUMENTADA P.I.O.
OUTROS cefaleias, nuseas, vmitos
AUSENTE secreo conjuntival

Sndrome do Olho Vermelho 22


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4) HIPERMIA DIFUSA SEM DOR

CONJUNTIVITE
HIPERMIA leve / moderada
NORMAL A.V./ P.I.O./ pupila
PRESENTE secreo conjuntival
MODERADA fotofobia
OUTROS edema palpebral / prurido

III) DIAGNSTICO DIFERENCIAL UVEITE/ CONJUNTIVITE/ GLAUCOMA AGUDO18

Glaucoma agudo
Conjuntivite Uveite
ngulo fechado
Sensao corpo
Sintoma Dor, fotofobia Dor, fotofobia
estranho, prurido
Serosa, aquosa,
Secreo conjuntival Ausente Ausente
mucopurulenta
Pupila Normal Mitica Mdio-midrase
Hipermia conjuntival Difusa e superficial Ciliar Ciliar e difusa
Crnea Normal ou opacidades Precipitados querticos Edema crnea
P.I.O. Normal Baixa Elevada
Cmara anterior Normal Tyndall Baixa

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2. CONJUNTIVA
A conjuntiva uma membrana mucosa transparente e fina, que reveste a superfcie
interna das plpebras (conjuntiva palpebral) aderindo firmemente ao tarso at atingir
os fundo-saco conjuntivais, onde se reflecte (superior e inferior), revestindo depois a
superfcie escleral anterior (conjuntiva bulbar).

Adere cpsula Tenon, onde se funde com ela, ao nvel da insero esclero-
corneana.

Permite um movimento independente das plpebras e do globo ocular

A sua funo servir de barreira de defesa defensiva face infeco, devido


abundncia de estruturas linfticas e presena de lisozima (substncia bactericida).
O globo ocular serve de primeira barreira fsica invaso de agentes patognicos,
devido s foras de adeso intercelular e sua capacidade de cicatrizao por
agresses externas. Tem uma flora saprfita bacteriana (que inibe o alojamento de
bactrias potencialmente patognicas).

A substncia prpria da conjuntiva,


formada por tecido conjuntivo laxo,
ricamente vascularizada por ramos das
artrias ciliares anteriores e palpebrais.
Apresenta uma grande densidade de
vasos linfticos, os quais permitem o
fcil acesso de clulas para o tecido
inflamado.

Fig. 2.1 Hipermia conjuntival.

Os vasos linfticos da conjuntiva palpebral interna drenam para os gnglios


submandibulares, enquanto os ramos linfticos da conjuntiva palpebral externa
drenam para os gnglios pr-auriculares ipsilaterais.

O estroma mais superficial contm abundantes elementos de proteco, entre os


quais, macrofagos, mastcitos e numerosos linfticos, que formam o tecido adenide
associado mucosa (CALT).

Entre as clulas estratificadas do epitlio, encontram-se numerosas clulas


caliciformes (10% das clulas basais do epitlio da conjuntiva constituda por estas
glndulas mucosas unicelulares). A sua funo produzir glicoprotenas ou mucina
(forma a camada mais interna do filme lacrimal), em relao estreita com o glicoclix

Sndrome do Olho Vermelho 24


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das clulas epiteliais (facilitando a distribuio uniforme e a manuteno da camada


aquosa sobre a superfcie corneana).

Basicamente, a diferena entre o epitlio conjuntival e o epitlio lmbico a ausncia


de clulas caliciformes no limbo.

No estroma da conjuntiva, localizam-se as glndulas lacrimais acessrias (Krause e


Wolfring), responsveis pela secreo aquosa lacrimal basal.

A conjuntiva tarsal ligeiramente mais grossa do que a conjuntiva bulbar.

O fundo saco conjuntival inferior pode explorar-se facilmente, traccionando com


facilidade a plpebra inferior para baixo.

O fundo saco conjuntival inferior tem menos vasos sanguneos do que o fundo saco
conjuntival superior, mas tem mais tecido linftico e mais glndulas produtoras muco.

O fundo saco conjuntival no se pode ver directamente, sendo necessrio uma


everso para se inspeccionar.

Os vasos sanguneos da conjuntiva tarsal superior derivam das aracadas palpebrais.

O limbo esclerocorneano a zona de transio entre o epitlio conjuntival e o epitlio


corneano.

1) INFLAMAO PINGUCULA (PINGUCULITE)

A pingucula uma degenerescncia elstica da conjuntiva, frequente, elevada,


banco-amarelada, amorfa, adjacente mais comumente vertente nasal do limbo, na
zona interpalpebral da conjuntiva bulbar.

Geralmente bilateral e assintomtica.

Pode ocorrer simultaneamente no lado nasal e temporal.

Etiopatogenia - Ocorre isoladamente ou associada com exposio crnica luz


ultravioleta ou microtraumas.

A pingucula pode inflamar-se, acompanhando-se duma hipermia localizada


(pinguculite).

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Fig. 2.2 Pingucula inflamada. Fig. 2.3 Pingucula inflamada.

A pingueculite uma forma especfica de episclerite localizada leso epibulbar.

Os sintomas so:

Vermelhido localizada
Irritao ocular
Secura ocular
Sensao corpo estranho

Histolgicamente, as pinguculas caracterizam-se por hializao do tecido conjuntivo


subepitelial.

PATOGENIA: Desconhecida. A prevalncia aumenta com a idade. Evidente a


exposio crnica radiao ultravioleta e aos microtraumatismos.

Originam-se a partir dos fibroblastos activados actnicamente, pela sua proliferao e


porque segregam grande quantidade de enzimas que degradam a matriz conjuntival.

2) INFLAMAO DO PTERIGIUM

uma proliferao conjuntival subepitelial, triangular ou trapezoidal, fibrovascular,


carnosa, que passa o limbo esclero-corneano, invadindo a crnea, no meridiano
horizontal da fenda interpalpebral.

Localiza-se predominantemente na conjuntiva bulbar nasal.

Uni ou bilateral.

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Fig. 2.4 Pterigium inflamado. Fig. 2.5 Pterigium inflamado.

Pode ficar quiescente ou crescer em qualquer altura.

Clnica ardor, irritao, sensao corpo estranho, astigmatismo e diminuio da


acuidade visual.

Pode provocar diplopia horizontal.

Prevalncia de at 22,5% nas regies equatoriais, enquanto que no paralelo 40, a


prevalncia de 2%.19

Pode ser duplo (nasal e temporal).

Tipos clnicos20

I - < 2 mm extenso

II - 2-4 mm extenso

III - Estende-se a mais de 4 mm na


crnea, afectando a zona ptica e
provocando diminuio da acuidade
visual.

Fig. 2.6 - Pterigium inflamado.

O pseudopterigium causado pela aderncia, unicamente pelo vrtice, duma prega da


conjuntiva bulbar a uma zona de adelgaamento corneano ou ps ulcera crnea
perifrica (o pterigium verdadeiro adere completamente s estruturas subjacentes).
Usualmente ocorre aps uma inflamao ou um trauma, podendo ocorrer em qualquer
meridiano.

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3) CONJUNTIVITES

Conjuntivite uma inflamao da mucosa conjuntival, provocada por agresso


qumica, bactrias, vrus ou reaco medicamentosa. O termo inclui um enorme
polimorfismo clnico e etiolgico. Isto acontece porque a correlao entre o quadro
clnico e a etiologia muito varivel para cada caso individual, e porque, em muitos
casos, a etiologia difcil de precisar.

A camada subconjuntival superficial contm clulas linfides em quantidades variveis


(esto ausentes nas crianas at aos 3 meses de idade).

A variabilidade clnica pode ser classificada segundo vrios critrios:

Aguda, subaguda e crnica (segundo a forma de incio e a sua evoluo no


tempo).

Conj serosas, mucosas, purulentas e pseudomembranosas (de acordo com a


secreo produzida).

Conj foliculares, papilares, flictenulares, papilar gigante (segundo as alteraes


estruturais da prpria mucosa, ou seja, pela reaco tecidual, que se produza).

Conj alrgicas, bacterianas, vricas, inespecificas (classificao segundo o


agente microbiano causal).

Blefaroconjuntivite, queratoconjuntivite (segundo afectem ao mesmo tempo, as


estruturas oculares da vizinhana).

O quadro clnico que traduz a reaco da conjuntiva a um agente externo diferente


segundo a gravidade e a patogenicidade do agente infeccioso, a resposta imunolgica
e a tolerncia do hospedeiro.

FISIOPATOLOGIA GERAL

O agente causal provoca vasodilatao dos vasos sanguneos (hipermia) e dano


endotelial (aumento da permeabilidade vascular).

Com consequente:

1) Extravasamento de fluidos e clulas para o espao extravascular (edema).

2) A libertao de mediadores e catabolitos da inflamao estimulam as


terminaes sensoriaisdas fibras nervosas, dando a sintomatologia tipo
conjuntivite (hipersecreo).

Por sua vez, a irritao vai levar a que as glndulas conjuntivais aumentem a sua
actividade, quer das glndulas lacrimais, quer das globet cells, produtoras de muco

Sndrome do Olho Vermelho 28


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(segundo predominam um ou outro mecanismo, variam as caractersticas da secreo


conjuntival:

Aquosa (lgrimas)
Serosa (exsudao)
Mucosa (mucina)
Mucopurulenta (inf bacteriana aguda e por Clamydea)
Purulenta (inf. gonococos)

A evoluo prolongada da inflamao leva a que a resposta tecidual origine alteraes


morfolgicas especficas, cujo aspecto pode ajudar a estabelecer o diagnstico:

Papilas
Folculos
Flictnula
Granulomas
Pseudomembranas
Membranas
Todas as manifestaes clnicas tm em comum o desenvolvimento e a libertao de
mediadores celulares e humorais, em resposta a diversas agresses.

A resposta inflamatria da conjuntiva pois uma reaco inespecfica s agresses da


conjuntiva (infecciosa, txica, por produtos qumicos ou fsica).

A inflamao da conjuntiva a inflamao da camada mucosa.

QUADRO CLNICO

SINTOMAS:

Os primeiros sintomas so sensao corpo estranho, sensao de picadas,


calor.
Dor e fotofobia (quando existe afeco concomitante do epitlio corneano).
Diminuio da acuidade visual (por lacrimejo e acumulao de secrees
conjuntivais).
SINAIS

Hipermia (constante)
Edema
Hipersecreo
Alterao morfolgica tecidual

Sndrome do Olho Vermelho 29


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CONJUNTIVITES AGUDAS

CLASSIFICAO

1. INFECCIOSAS

Virais
Bacterianas
Protozorios
Fngicas
2. NO INFECCIOSAS

a) ALRGICAS

Sazonal e perene
Atpica
Vernal
Por Ag bacterianos
Conj papilar gigante
b) MECNICAS

Entropion
Ectropion
Triquase
Corpos estranhos
Lentes contacto
c) QUIMICAS

d) RADIAO

A conjuntivite pode levar cegueira, por atingimento da crnea.

CLASSIFICAO:

1) INFECCIOSAS

A defesa primria contra a infeco a camada epitelial, que reveste a conjuntiva.


Uma ruptura desta barreira origina a infeco.

As conjuntivites vricas ou bacterianas podem subclassificar-se em ligeiras ou graves,


em funo de dois factores: a virulncia do agente infeccioso e a imunidade do
hospedeiro.

As conjuntivites a fungos so raras, mas graves e de evoluo trpida, afectando


frequentemente a crnea.

Sndrome do Olho Vermelho 30


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A conjuntivite a parasitas produz conjuntivites com caractersticas similares s


fngicas, no que se refere ao diagnstico, gravidade e ao prognstico.

A) CONJUNTIVITES BACTERIANAS

A conjuntivite bacteriana um processo inflamatrio da conjuntiva bulbar ou


tarsal, causada por um agente bacteriano. Uni ou bilateral.

CONJUNTIVITE BACTERIANA LIGEIRA (AGUDA)

Entidade frequente. Autolimitada. Benigna. Ocasionalmente grave.

As principais causas so: S.aureus, S. pneumoniae, Hemofilus influenza e


Moraxella.

Podem ter um incio sbito. Uni ou bilateral.

Causadas por contacto directo com secrees conjuntivais infectadas. Aparece


frequentemente em epidemias.

Edema palpebral presente, mas apenas ligeiro.

Secreo aquosa tpica, inicialmente, que em poucas horas evolui para secreo
mucopurulenta moderada.

Sem adenopatia preauricular

Hipermia conjuntival difusa ligeira. Reaco papilar intensa na conjuntiva tarsal

Sem alteraes corneanas ou eroses epiteliais corneanas punctiformes


superficiais.

Sem manifestaes sistmicas.

Os sintomas podem desaparecer em 7-14 dias, inclusive sem tratamento.

Sem sequelas permanentes.

CONJUNTIVITES BACTERIANAS GRAVES (HIPERAGUDA OU PURULENTA)

As causas so: S. aureus, S. pneumoniae, N.gonorreia, N. meningitidis e


Hemofilus influenza.

Incio agudo. uma infeco grave da conjuntiva, que se pode complicar de


lceras corneana e perfurao.

Uni ou bilateral.

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Edema e tumefaco palpebral intensa.

Secreo purulenta, amarelo-esverdeada, espessa, abundante.

Quemose. Olho vermelho doloroso.

Hipermia conjuntival bulbar intensa.

Adenopatia prauricular proeminente.

Formao de membranas.

O perodo de incubao varia entre poucos dias e 3 dias.

A conjuntivite purulenta hiperaguda uma doena de rpida evoluo (a causa


mais frequente a N. Gonorreia).14

A N.meningitidis pode causar uma conjuntivite hiperaguda associada com


infeco respiratria alta.

A evoluo da inflamao fulminante (A queratite por N. gonorreia evolui para


perfurao corneana, na ausncia de tratamento).

A N.meningitidis pode provocar meningococmia, meningite e morte.

O H.influenza pode acompanhar-se de febre, celulite pr-septal e orbitaria.

CONJUNTIVITES BACTERIANAS CRNICAS

Definida como uma conjuntivite de durao superior a 3 semanas.

Hipermia conjuntival difusa, mais importante no fundo saco conjuntival.

Secreo aquosa ou mucosa mnima, caracteristicamente seca pela manh.

ETIOLOGIA E. aureus e Moraxella os mais comuns.

TRACOMA

Infeco crnica da superfcie ocular, causada por uma Clamidea Trachomatis,


serotipos A-C.

uma das causas principais de cegueira. Bilateral.

Queratoconjuntivite folicular crnica no tarso superior. Cicatrizes conjuntivais.


Opacidades corneanas.

Evoluo lenta. Mltiplas reinfeces originam uma cicatrizao da crnea, conjuntiva


e plpebras.

Sndrome do Olho Vermelho 32


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Transmisso relacionada com m higiene (mos, gua, moscas).

O diagnstico de tracoma essencialmente clnico.

Os 5 sinais clnicos para a classificao do tracoma so: folculos, hiperplasia papilar,


cicatriz conjuntival, triquase e opacidades corneanas.21

Mac Callan22 classifica 4 estadios:

- Estdio 1 hiperplasia linfide

- Estdio 2 folculos+ hipertrofia papilar

- Estdio 3 tracoma cicatricial atrofia dos folculos (fossetas de Herbert)

- Estdio 4 cicatriz conjuntival simblfaro, triquase e queratite seca

CONJUNTIVITE POR INCLUSO DO ADULTO

Conjuntivite folicular crnica, bilateral.

Resulta duma infeco pela Clamdea Trachomatis, serotipos D-K.

Transmisso por mos contaminadas com secrees uretrais e vaginais. Tambm


ocorre em piscinas com pouco cloro.

Secreo mucopurulenta, hipermia intensa, queratite epitelial, edema lmbico


.Hipertrofia papilar e folicular. Pannus limbar superior. Opacidades subepiteliais.

Adenopatia pr-auricular.

B) CONJUNTIVITES VIRAIS

CONJUNTIVITE POR ADENOVRUS

Comuns. O diagnstico habitualmente clnico.

Clnica - lacrimejo unilateral, olho vermelho, sensao corpo estranho e fotofobia. O


olho adelfo afectado 1- 2 dias depois, sendo significativamente menos afectado.

A infeco caracterizada comumente por uma reaco conjuntival folicular aguda e


uma adenopatia prauricular.

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Fig. 2.7 Conjuntivite viral bilateral.

CLNICA: 14

CONJUNTIVITE FOLICULAR AGUDA

a forma mais ligeira de infeco ocular a adenovrus.


Incio agudo

Unilateral inicialmente
Hipermia conjuntival, queratite,
hemorragia subconjuntival,
quemose ligeira
Autolimitada
A transmisso do vrus
altamente contagiosa.
Adenopatia pr-auricular

Fig. 2.8 Conjuntivite viral.

FEBRE FARINGO-CONJUNTIVAL

Febre, cefaleias, conjuntivite folicular no purulenta e faringite.


Transmite-se por secrees em pessoas com infeces das vias respiratrias
superiores.
Hipertrofia folicular proeminente, com edema do fundo de saco conjuntival
inferior. Quemose ligeira. Secreo aquosa.
Adenopatia prauricularem 90% dos casos.
Queratite em 30% (raramente grave).
Uni ou bilateral.

QUERATOCONJUNTIVITE EPIDMICA

Serotipos 8, 19, 37
Faringite e rinite

Sndrome do Olho Vermelho 34


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a forma mais grave de conjuntivite a adenovrus.


Transmisso por dedos contaminados e contacto com lgrimas.
Secreo serosa uni ou bilateral
O envolvimento corneano varivel : queratite epitelial ponteada difusa que
pode evoluir para queratite subepitelial (Ocorrem em 50 - 80% dos casos.
Podem deixar sequelas).
Hemorragias subconjuntivais e edema palpebral.
Adenopatia prauricular.
Frequente a formao de membranas (1/3 dos casos) e pseudomembranas.

Fig. 2.9 Pseudomembrana. Fig. 2.10 Extrao da pseudomembrana.

Fig. 2.11 Secreo conjuntival sero-aquosa. Fig. 2.12 - Secreo conjuntival sero-aquosa.

EVOLUO - Perodo de incubao de 8 dias, com um perodo de contgio durante


14 dias.

ESTADIOS TARDIOS - Infiltrados subepiteliais.

COMPLICAES

Macroulcerao epitelial.
Formao membranas ou pseudomembranas.
Secura ocular.

Sndrome do Olho Vermelho 35


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Opacidades subepitelais, que desaparecem gradualmente durante meses e


anos (diminuem a acuidade visual em 25% dos casos).

A via habitual de transmisso por


contacto pessoa a pessoa, ou por
instrumentos oftlmicos contaminados.

Fig. 2.13 Secreo conjuntival sero-aquosa abundante.

CONJUNTIVITE POR HERPES SIMPLES

Pode ser uma primoinfeco ou uma infeco recidivante. Edema com vesculas
herpticas no bordo palpebral ou queratite epitelial (ocorre em 1/3 dos casos).

Unilateral em 80% dos casos.

Fig. 2.14 Herpes simples no canto externo.

Pode associar-se a faringite ou rinite.

Adenopatia pr-auricular.

Secreo conjuntival serosa. Conjuntivite folicular e papilar, hemorragia subconjuntival.

Envolvimento corneano queratite epitelial ponteada, infiltrados marginais e lcera


dendrtica.

Autolimitada. Desaparece em 2-3 semanas.

A luz ultravioleta pode desencadear os sintomas.

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CONJUNTIVITE HEMORRGICA AGUDA EPIDMICA

Quemose, hipermia conjuntival, fotofobia, lacrimejo, sensao corpo estranho e


conjuntivite folicular.

Hemorragias subconjuntivais, sobretudo na conjuntiva tarsal superior, que podem ser


difusas.

Edema palpebral.

Adenopatia pr-auricular.

Incio unilateral.

Perodo de incubao curto (18-30 horas).

Autolimitada. Evoluo espontnea em 3-5 dias, sem sequelas.

A evoluo muito rpida e a curta durao fazem o diagnstico diferencial com a


conjuntivite adenovrica.

VRUS EPSTEIN-BARR (Mononucleose infecciosa)

Febre, faringite, poliartrite, miosite e linfadenopatia generalizada.

Conjuntivite folicular ou membranosa.

Autolimitada. Raras vezes provoca cicatrizao conjuntival.

MOLUSCUM CONTAGIOSO

Provoca uma conjuntivite folicular difusa.

1 ) NO INFECCIOSAS

CONJUNTIVITES TXICAS

CONJUNTIVITES ALRGICAS

CONJUNTIVITES TXICAS

Tambm chamada conjuntivite irritativa.

Provocada por agentes qumicos diludos, slidos ou gasosos. Outros pilocarpina,


neomicina e conservantes (EDTA, mertiolato).

Sndrome do Olho Vermelho 37


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As substncias com PH baixo ou alto, provocam a destruio das clulas epiteliais


superficiais da conjuntiva e da crnea.

Conjuntivite folicular.

No afecta a pele das plpebras.

CONJUNTIVITES ALRGICAS

So importantes pela sua frequncia, cronicidade e clnica.

So provocadas por um mecanismo de hipersensibilidade mediado pelo Ig E.

Entidade mltipla, com um diagnstico difcil.

CLASSIFICAO

CONJ. ALRGICA SAZONAL E PERENE


QUERATOCONJUNTIVITE VERNAL
QUERATOCONJUNTIVITE ATPICA
QUERATOCONJUNTIVITE PAPILAR GIGANTE

CONJUNTIVITE ALRGICA SAZONAL E PERENE

Chamada conjuntivite alrgica ou conjuntivite sazonal e perene (variante, com


sintomas menos graves).

Fig. 2.15 Conjuntivite alrgica bilateral.

Queixas nasais e farngeas (associao com rinite crnica comum).


O alergeno desencadeador habitual da conjuntivite sazonal o plen e o
alergeno desencadeante da conjuntivite perene o caro.
Quemose ligeira e moderada, hipermia rosada da conjuntiva, hipertrofia
papilar ligeira e edema palpebral.
Prurido ocular ligeiro e periocular, sensao queimadura e secreo conjuntival
aquosa.

Sndrome do Olho Vermelho 38


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Episdios de exacerbao e remisses, com queixas de prurido durante todo o


ano.
Autolimitada.
No h envolvimento corneano.
Antecedentes de hipersensibilidade. Alergenos (p, acaros, penas aves).
a forma mais frequente de doena alrgica ocular.23

Fig. 2.16 Conjuntivite alrgica. Fig. 2.17 Conjuntivite alrgica.

2 - QUERATOCONJUNTIVITE ATPICA

Processo inflamatrio crnico grave.


Rara. Bilateral. Simtrica.
Doena hereditria.
Incio entre a 2 e a 5 dcada de vida.
Desenvolve-se habitualmente em jovens sexo masculino, associada a
dermatite atpica.
Sintomatologia clnica frequente durante todo o ano, embora piorem no tempo
frio.
Alt superfcie ocular.
Pode levar cegueira.
Associao com eczema e asma.

CLNICA

O sintoma mais habitual o prurido, que pode ser intenso e persistente. Lacrimejo,
secreo mucosa, olho vermelho, viso turva, fotofobia e dor.

Dermatite eritemato-descamativa periocular.

Blefarite

Sndrome do Olho Vermelho 39


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Hipertrofia papilar mais proeminente na conjuntiva tarsal inferior.

Outros sinais conjuntivais (fibrose subepitelial, encurtamento fundo-saco, simblfaro) e


cicatrizao da carncula.

O atingimento corneano comum.

CRNEA - queratite epitelial punctiforme no tero inferior crnea.

- Vascularizao superficial crnea

- Queratopatia grave - neovascularizao, adelgaamento recidivante

Evoluo sazonal

ETIOLOGIA plen

A queratoconjuntivite atpica tende a ser crnica. No remite. Os sintomas podem


regredir com o avanar da idade. Morbilidade visual alta.

O diagnstico clnico.

3 - CONJUNTIVITE VERNAL

Ou Conjuntivite Primaveril.

Doena inflamatria conjuntival crnica, bilateral, comumente associada com uma


histria familiar ou pessoal de doena atpica.

Os episdios de crise so mais comuns em regies de clima quente.

IDADE - antes dos 10 anos idade (mdia de idade aos 7 anos)

EVOLUO - extingue-se com o tempo (durao de 4-10 anos). So frequentes as


reagudizaes estacionais, normalmente na Primavera e Vero.

CLNICA - Podem apresentar sintomas leves ou sintomas mais intensos.

- Prurido - fotofobia - lacrimejo - secreo mucosa espessa, em cordes- sensao


corpo estranho blefaroespasmo.

FORMAS CLNICAS

1) FORMA PALPEBRAL afecta sobretudo a conjuntiva tarsal superior. a forma


mais frequente. Pode associar-se com a forma corneana.

Macropapilas (> 1 mm) no tarso superior, com depsito de muco interpapilas.

Com a cronicidade, a fibrose subepitelial toma a forma de linha de ARLTS (cicatriz


branca paralela ao rebordo palpebral).

Sndrome do Olho Vermelho 40


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2) FORMA LMBICA Papilas gelatinosas na conjuntiva, adjacente ao limbo.


Caracteriza-se pela presena de manchas brancas nos seus vrtices.

Manchas TRANTAS - So coleces focais de clulas epiteliais degeneradas.

3) FORMA MISTA

QUERATOPATIA Mais frequente na forma palpebral (eroses epiteliais


punctiformes, macroeroses epiteliais, lceras crnea em escudo, pseudogerontoxon).

HISTOLOGIA - Papilomatose, com invaginao profunda do epitlio conjuntival no


crion sub-jacente.

ETIOLOGIA - Controversa (indicados factores fsicos, como a luz e alt. endcrinas).

LABORATRIO - Aumento da Ig. E lacrimal (e no a Ig. A).

95% dos casos remite at ao final da adolescncia.

Os doentes com queratoconjuntivite vernal tm uma incidncia aumentada de


queratocone.

4 - CONJUNTIVITE PAPILAR GIGANTE

Patologia inflamatria, no infecciosa, que afecta a conjuntiva tarsal superior e se


caracteriza por hipertrofia papilar maior do que 0.3 mm de dimetro e que resulta dum
traumatismo mecnico da conjuntiva palpebral superior.

Causada por corpos estranhos em superfcies oculares (complicao frequentemente


associada com o uso de lentes de contacto, mas tambm com a existncia de outros
estmulos mecncios, como suturas e ampolas filtrantes).

PATOGENIA

Traumatismos repetidos da conjuntiva tarsal.

Material antignico cobrindo a lente contacto.

CLNICA

Os primeiros sintomas incluem : olho vermelho,, sensao de corpo estranho,


presena duma maior quantidade de muco no canto nasal e prurido. Tambm
lacrimejo e intolerncia ao uso de lentes de contacto.

Papilas na plpebra superior (gigantes - maiores do que 1 mm dimetro).

Micropannus e queratite ponteada so achados caractersticos (a queratopatia


rara, devido a uma menor secreo de cotocinas txicas).

Sndrome do Olho Vermelho 41


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ETIOPATOGENIA - O Ag em causa no corresponde ao material da lente, mas sim


aos depsitos que se observam na face anterior da lente.

Bom prognstico.

CONJUNTIVITE POR ALERGIA MICROBIANA

Papel da hipersensibilidade tipo IV.

A bactria mais frequentemente encontrada o estafilococos.

PATOGENIA - O alergeno responsvel na conjuntivite no o agente microbiano ele


mesmo, mas as toxinas secretadas por eles.

Olho seco, hipermia conjuntival. Sem secreo conjuntival. Blefarite marginal.

Alterao papilar e queratite superficial so caractersticas.

ETIOLOGIA

Estafilococos, estreptococos, bacilo Koch (conj. flictenular).


Cndidas.

CONJUNTIVITE FLICTENULAR

uma inflamao perilmbica, secundria a uma reaco de hipersensibilidade da


crnea e conjuntiva.

Sexo feminino mais afectado.

1 e 2 dcadas .

Isolada ou associada com D.Beets, tuberculose, H.I.V., roscea.

Lacrimejo, irritao ocular, fotofobia.

ETIOLOGIA estafilococos.

Secreo mucopurulenta.

Leso flictenular na conjuntiva ou crnea, 1-3 mm, elevada, branco-amarelada,


sobretudo no limbo inferior.

Recorrncias frequentes.

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D) CONJUNTIVITES MICTICAS (ou fngicas)

Rara.

Placas brancas e elevadas sobre a conjuntiva palpebral (leso nodular ou


papilomatosa localizada).

Conjuntivite folicular e ulcerativa.

TIPOS: Conjuntivite por cndida, esporotricose, rinosporidose conjuntival e


coccidiodomicose.

A esporotricose conjuntival inicia-se como um ndulo amarelado, mole, que ulcera e


forma granulomas. Secreo purulenta. Adenopatia regional. Cicatrizao conjuntival.

A rinosporidiose conjuntival apresenta-se com lacrimejo, olho vermelho, fotofobia,


secreo conjuntival e ectropion. As leses so pequenas, vascularizadas e que
sangram com facilidade.

A cocciodiodomicose pode ter manifestaes conjuntivais agudas e crnicas.


Conjuntivite folicular aguda e crnica. Autolimitada. Flictnulas lmbicas e bulbares.
Sem cicatrizao e granulomas conjuntivais.

E) CONJUNTIVITES PARASITRIAS

ONCOCERCOSE

Ou cegueira dos rios.

18 milhes de pessoas infectadas pelo parasita Onchocerca Volvulus, estando


270.000 destas atingidas pela cegueira.24

Leso cutnea, com exantema eritematoso-papular e prurido intenso.

As alteraes oculares decorrem da reaco inflamatria, resultante da morte dos


nemtodos.

Conjuntivite crnica precoce, com edema palpebral, hipermia conjuntival ligeira,


quemose e inflamao na regio lmbica.

A leso mais precoce a queratite (reas arredondadas s 3 e 9 horas).

Evoluo da queratite para opacidades do estroma, queratite esclerosante, pannus


fibrovascular e cegueira.

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A queratite esclerosante a leso mais grave do segmento anterior do globo ocular,


caracterizada por uma reaco fibrtica irreversvel, que comea na periferia da
crnea e se estende para a regio central, afectando a viso.

Uveite granulomatosa, corioretinite e neurite ptica.

Patogenia picada da mosca negra Simulium, com transmisso das microfilrias.

LOIASE

Quemose, com hiperemia conjuntival associada.

As filarias migram pelos tecidos subcutneos.

Patogenia- infeco por picada duma mosca fmea do gnero Chrysops.

3) CONJUNTIVITE LENHOSA

uma conjuntivite crnica pouco frequente.

Caracteriza-se pela presena de leses pseudomembranosas, com aspecto de


madeira, firmes, recurrentes, densas em fibrina.25

Habitualmente bilaterais.

Desenvolvem-se principalmente na conjuntiva tarsal.

Leses conjuntivais, cobertas por uma secreo mucide branco-amarelada espessa.

Depsitos subepiteliais, ricos em fibrina e tecido de granulao.

Cicatrizao corneana, vascularizao.

4) OFTALMIA DO RECM-NASCIDO

Ou conjuntivite neonatal.

uma conjuntivite bilateral purulenta, que ocorre dentro das duas primeiras semanas
de vida.

Grave, devido ausncia de imunidade do recm-nascido e pela imaturidade da


superfcie ocular (ausncia de tecido linfoide e pelcula lacrimal escassa).

ETIOLOGIA N.gonorreia (rara, mas grave)

- C. trachomatis

- outros (E.aureus. E. pneumoniae e H.influenza).

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- txica (nitrato de prata).

CLINICA:

Edema palpebral bilateral (grave nas infeces goncocicas).


Inicialmente a secreo serosanguinolenta e, posteriormente, mucopurulenta.
Reaco conjuntival papilar e quemose.
Associao pseudomembranas.
Complicaes corneanas (lceras e perfurao corneana na N.gonorreia)
Cicatrizao conjuntival e pannus corneano superficial na C. trachomatis sem
tratamento).

5) DISQUERATOSE

um termo que abrange uma variedade de alteraes patolgicas no epitlio


conjuntival e crnea.

Apresenta-se clinicamente como uma placa esbranquiada, translcida, na superfcie


do globo ocular (leucoplaquia), em forma de V, predominantemente na regio do
limbo.

6) PAPILOMATA

Surge na conjuntiva, como uma leso pedunculada, rosada e de superfcie irregular.

Ocorre acima dos 40 anos de idade.

Quando ocorre no limbo


esclerocorneano, pode irradiar para a
crnea, ficando firmemente aderente.

Fig. 2.18 Papilomata.

7) NEOPLASIA INTRAEPITELIAL CONJUNTIVAL

Doena unilateral e lentamente progressiva,

Factores de risco exposio a radiao ultravioleta, H.I.V+, pigmentao clara da


pele, exposio e derivados do petrleo, tabaquismo.

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Em 1978, Pizzarello e Jakcobiec afirmaram que a displasia epitelial, o carcinoma in


situ e o carcinoma espinocelular no representam entidades separadas, mas formam
uma doena conhecida como neoplasia intraepitelial.28

Acredita-se que as neoplasias intraepiteliais tenham origem a partir das clulas


germinativas (stem cells) do limbo, razo pela qual ocorrem nesta localizao
invariavelmente.

HISTOLOGIA

A) DISPLASIA EPITELIAL CONJUNTIVAL

So leses do limbo, na fenda interpalpebral.

Mais comum no sexo masculino e acima dos 60 anos de idade.

Superfice elevada, cor rosada, invadindo a crnea.

Atipia celular presente nas camadas basais do epitlio.

B) DOENA BOWEN ou CARCINOMA IN SITU

As clulas displsicas afectam toda a espessura do epitlio.

um carcinoma, com extenso lateral no epitlio, sem invaso do tecido


subjacente.

Ocorre em idosos.

Fig. 2.19 Carcinoma in situ.

Envolvimento do limbo.

Crescimento lento.

C) CARCINOMA CLULAS ESCAMOSAS (EPITELIOMA) DA CONJUNTIVA

As leses so semelhantes s anteriores, mas tipicamente apresentam-se mais


elevadas.

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O tumor ultrapassa a camada basal, invadindo o estroma subjacente.

Manifestao inicial como um ndulo


pequeno, acinzentado, gelatinoso,
translcido (assemelha-se a um
pterigium).

Mais tarde evolui para uma massa


carnosa papilomatosa, rosada.

Fig. 2.20 Carcinoma clulas escamosas.

Mais comum na regio perilmbica (zona interpalpebral).

O tumor cresce lentamente.

Podem assumir um aspecto de crescimento leucoplsico ou um crescimento


papilomatoso, dependendo da quantidade de produo de queratina pelo tumor.27

Raramente progride para invaso intraocular (devido resistncia das membranas de


Bowman).

Desenvolvem-se vasos largos nutritivos.

Olho vermelho e irritao ocular so os sintomas mais comuns.

O prognstico bom para as leses totalmente excisadas.

8) HEMANGIOMA CONJUNTIVA

uma proliferao focal dos vasos sanguneos, delimitada por clulas endoteliais
normais.

Vasos nutritivos intensos.

9) LESES LINFOPROLIFERATIVAS

Olho vermelho, irritao ocular, indolor, bilateral.

A) HIPERPLASIA LINFOIDE BENIGNA DA CONJUNTIVA

Crescimento lento e difuso do tumor, envolvendo a conjuntiva bulbar e fundo-saco


conjuntival. Cor salmo.

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A conjuntiva no afectada normal. Raramente provoca uma leso difusa, que simula
uma conjuntivite crnica.

B ) LINFOMA CONJUNTIVAL

Massa cor salmo conjuntival ou rbita.

A localizao mais comum o funo-saco-conjuntival inferior.

Bilateralidade em 20%.

Assintomticos ou sensao corpo estranho.

Podem crescer rapidamenteem certas formas.

Jovens. Envolvimento sistmico comum.

10) MELANOMA DA CONJUNTIVA

Representa cerca de 2% de todas as neoplasias malignas oculares.

Pode surgir espontaneamente dum nevus pr-existente ou duma rea de melanose


pr-cancerosa.

Sem predileco sexual.

Mais frequente entre os 40 e os 60 anos de idade.

Clnica:

Ndulo de cor negra ou acinzentada, que contm vasos nutitivos dilatados.


Tumores amelnicos, de cor rosa, liso.
Localizao na regio lmbica e, posterior, invaso da crnea.

11) SARCOMA DE KAPOSI

Leso nodular ou difusa (elevadas). Cor vermelho brilhante, similar a uma hemorragia
subconjuntival.

Frequentemente, localiza-se no fundo saco conjuntival inferior.

Crescimento lento.

Indolor. Irritao ocular.

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12) AMILOIDOSE

Forma localizada ou difusa, secundria a processos sistmicos.

A inflamao conjuntival crnica pode levar amiloidose localizada secndria.

Pode afectar qualquer parte da conjuntiva.

Uni ou mltiplas, elevaes, indolores, com forma fusiforme ou polipoideia.

Geralmente encontra-se nos fundo de saco conjuntival, particularmente no fundo saco


conjuntival superior.

Hemorragias subconjuntivais recurrentes.

12) LESES DIVERSAS DA CONJUNTIVA

Leses relativamente frequentes, benignas. Geralmente assintomticas.10

CONJUNTIVOCALAZA

uma conjuntiva bulbar redundante, laxa, com pregas, no edematosas, localizadas


entre a superfcie ocular e a plpebra inferior, que protui sobre o bordo palpebral.

Diagnostico diferencial com conjuntivite


alrgica (no existe edema da
conjuntiva).

Prevalncia alta em idosos.

Pode localizar-se na zona interna,


central e externa da plpebra inferior.

Fig. 2.21 Conjuntivocalaza.

Causa no identificada (stress mecnico da conjuntiva, desencadeado pelo olho


seco?)

Patogenia - enzimas de degradao da lgrima do lugar a colagenlise e


degenerescncia elstica.

Assintomtica ou olho vermelho, similar episclerite.

Tipos (leve, moderada e grave).

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LINFANGIECTASIAS CONJUNTIVAIS

So dilataes dos vasos linfticos da conjuntiva bulbar e, ocasionalmente, do fundo


saco conjuntival.

Aparecem sob a forma de espaos quisticos, de contedo transparente.

Isoladas ou em forma de colar de prolas.

Etiopatogenia - a dialtao dos vasos linfticos conjuntivais primria (benigna) ou


secundria obstruco de drenagem linftica da conjuntiva aos gnglios pr-
auriculares ou submandibulares.

Clnica:

Quistos do tamanho varivel, contedo claro e paredes finas.


Localiza-se na conjuntiva bulbar, paralelos ao limbo.
Habitualmente assintomticos.
Quemose persistente.

CONCREES CONJUNTIVAIS

Tambm chamadas calcificao ou litase conjuntival.

So depsitos de cor branco-amarelados, localizados na superfcie da conjuntiva


tarsal inferior e fundo saco conjuntival.

Fig. 2.22 Concreo conjuntival. Fig. 2.23 Extrao com agulha duma concreo
conjuntival

Isoladas ou mltiplas (habitualmente).

Histopatologia- Compostos por produtos de degenerescncia de clulas epiteliais e


restos de secreo mucosa das glndulas conjuntivais.

Costumam aparecer em doentes com irritao conjuntival crnica, queratoconjuntivite


atpica, tracoma.

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Podem associar-se a pingucula e pterigium.

Sensao de corpo estranho, causando eroso do epitlio conjuntival, irritando a


superfcie da crnea e conjuntiva bulbar (resultado do endurecimento das concrees).

OUTRAS SITUAES

Fig. 2.24 Lente contacto alojada no fundo saco


conjuntival superior.

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3. PALPEBRAS
As plpebras formam parte dos chamados anexos oculares.

Ainda que nem todas as patologias palpebrais evoluam para olho vermelho,
frequente que a inflamao do mesmo induza uma inflamao secundria da
superfcie ocular (sobretudo nos que afectam o bordo livre palpebral), dada a estreita
relao entre as plpebras e a superfcie ocular.

As plpebras so constitudas, de dentro para fora, por: mucosa (a conjuntiva tarsal ou


palpebral, que se reflecte nos fundos-saco-conjuntivais, antes de continuar na
conjuntiva bulbar); o tarso (estrutura fibrosa, que contm as Glndulas sebceas
modificadas de Meibomius); plano muscular (musculo orbicular, elevador plpebra
superior e musculo Muller) e plano cutneo.

A pele constituda pela epiderme, derme e anexos cutneos, compostos por diversos
tipos celulares (capazes de proliferar e sofrer uma transformao neoplsica).

3.1. ENTROPION

Ou inverso do bordo livre palpebral.

Afecta mais frequentemente a plpebra inferior (porque a plpebra superior tem um


tarso mais largo e mais estvel).

Congnita ou adquirida.

H 4 tipos de entropion: involutivo (mais frequente), cicatricial, espstico e congnito.

A doena adquirida resulta de


alteraes relacionadas com a idade
(entropion involucional) ou alteraes
cicatriciais, por cicatrizao grave da
conjuntiva palpebral, ps tracoma, pr
traumatismo, ps quemaduras
qumicas (entropion cicatricial).

Fig. 3.1 Entropion.

A doena congnita causada por uma hipertrofia da pele e do msculo orbicularis.

Clinicamente - Sensao corpo estranho. Queratite. Irritao crneo-conjuntival por


contacto das pestanas com o epitlio conjuntivo-corneano.

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Provoca pseudotriquase, pelo roar constante das pestanas sobre a crnea.

3.2. ECTROPION

Ou everso do bordo livre palpebral.

Malposio palpebral, caracterizada pela rotao para fora do bordo livre palpebral.

Fig. 3.2 Ectropion da plpebra inferior. Fig. 3.3 Queratinizao conjuntival tarsal inferior.

Congnita ou Adquirida.

H 5 tipos de ectropion: involutivo (o mais frequente), paraltico, cicatricial, congnito e


mecnico).

As complicaes so consequncia da perda de contacto entre a plpebra e o epitlio


conjuntivo-corneano.

A conjuntiva tarsal fica exposta, tornando-se mais grossa, inflamada e queratinizada.


D lugar a lacrimejo crnico (epfora) por malposio do ponto lacrimal inferior,
responsvel pelo escoamento das lgrimas para o nariz.

A malposio palpebral e a
queratinizao conjuntival podem
causar eroses epiteliais ponteadas,
por alterao da repartio do filme
lacrimal, as quais, por sua vez, podem
complicar-se, originando uma queratite
infecciosa ou perfurao corneana.

Fig. 3.4 Ectropion cicatricial.

3.3. CHALAZION

Ou quisto meibomiano

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uma leso inflamatria lipogranulomatosa crnica, causada pela obstruco da


secreo sebcea nas glndulas de Meibomius, no plano tarsal, ou outras glndulas
sebceas.

Fig. 3.5 Chalazion plpebra inferior. Fig. 3.6 Formao polipoide na conjuntiva
tarsal.

Histologia Reaco inflamatria lipogranulomatosa causada pela reteno das


secrees das glndulas.

Apresenta-se como uma leso nodular, firme, dolorosa palpao, com edema e
eritema da pele.

Pode alcanar 6-8 mm de tamanho.

Duas formas clnicas:

a) Estadio inflamatrio, com ndulo vermelho e doloroso.

b) Estadio enquistado, com ndulo indolor.

Ocasionalmente, so chalazions de grande dimenso, podendo induzir um


astigmatismo alto e diminuir a acuidade visual.

A everso da plpebra pode revelar um granuloma polipide associado.

O chalazion marginal afecta a


glndula de Zeiss, localizando-se no
bordo palpebral anterior (e no no
tarso).

Fig. 3.7 Chalazion da plpebra superior (aspecto da conjuntiva tarsal), aps a everso da plpebra.

Ocorrem mais frequentemente em doentes com roscea, blefarite, seborreia.

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A maior parte dos chalazions desaparecem espontaneamente.

3.4. HORDEOLO

Isolados ou mltiplos.

Inflamao aguda e supurativa das glndulas sebceas da plpebra (glndula Zeiss


ou de Moll).

Dois subtipos:

- Hordeolo externo provocado por uma infeco estafiloccica das glndulas


de Zeiss e Moll. O abcesso aponta para o lado da pele das plpebras.

- Hordeolo interno caracteriza-se por uma infeco estafiloccica das


glndulas de Meibomius (tende a abrir-se para a conjuntiva tarsal).

O microorganismo mais frequente o estafilococos aureus.

Fig. 3.8 Hordelo. Fig. 3.9 Drenagem espontnea do hordelo.

Tumefaco dolorosa e inflamada do bordo palpebral.

3.5. MEIBOMITE

Inflamao mais generalizada das glndulas de Meibomius, crnica, devido a uma


alterao da sua funo secretora.

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Fig. 3.10 Meibomite. Fig. 3.11 Rolho no orifcio da glndula de meibomius.

Aspecto irregular e eritematoso do bordo livre palpebral.

Secreo espessa.

3.6. CARCINOMA GLNDULA MEIBOMIUS

Forma localizada ou generalizada

A forma generalizada apresenta-se como uma forma unilateral, grave, e blefarite


crnica persistente.

Mau prognstico.

3.7. CARCINOMA GLNDULA SEBCEA

As glndulas sebceas localizam-se na pele periouclar, na caruncula e nos folculos


pilosos das sobrancelhas.

um tumor raro (1% de todos os tumores malignos oculares).

Habitualmente surge na plpebra superior.

Inicialmente o aspecto clnico pode simular um chalazion ou uma blefarite crnica,


especialmente se for unilateral (a presena de material amarelado no centro do tumor
indicativo do diagnstico).

um tumor muito agressivo. Dissemina para a rbita e produz metstases sistmicas.

3.8. TRIQUASE

Afeco adquirida da plpebra.

Frequente.

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Fig. 3.12 Triquiase na plpebra superior. Fig. 3.13 Eroses lineares crnea provocadas por
triquiase.

Isolada ou associada a uma cicatrizao secundria do bordo palpebral ps blefarite


crnica ou ps herpes zster oftlmico.

Consiste no direccionamento para trs


das pestanas, mas numa fila anatmica
normal.

Provoca eroses epiteliais punctiformes


e irritao ocular (pode levar a ulcera
corneana e formao de pannus).

Fig. 3.14 Triquiase.

3.9. DISTIQUASE

Anomalia caracterizada pelo crescimento de pestanas acessrias, nos orifcios das


glndulas de Meibomius.

Congnita e adquirida.

Fig. 3.15 Distiquiase. Fig. 3.16 Queratite provocada por distiquiase.

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Formam uma fila adicional de pestanas, localizada ao nvel dos orifcios das glndulas
de Meibomius.

As pestanas so mais delgadas, mais curtas e menos pigmentadas do que as


pestanas normais.

Clinicamente, ocorre irritao ocular, com sensao de corpo estranho.

A distiquase congnita pode tolerar-se bem normalmente at aos 5 anos de idade.

A distiquase adquirida causada pela metaplasia e diferenciao das glndulas de


Meibomius, que se convertem em folculos pilosos. A causa mais frequente a
conjuntivite cicatrizante, Sndrome Stevens-Johnson e penfigide cicatricial ocular.

3.10. REACO ALRGICA PALPEBRAL

EDEMA ALRGICO AGUDO

Surge aps uma picada dum insecto e, ocasionalmente, aps administrao dum
frmaco.

Incio agudo de edema periorbitrio.

Bilateral.

Fig. 3.17 Edema alrgico da plpebra.

DERMATITE CONTACTO

uma resposta inflamatria que se segue exposio de medicamentos ou


cosmticos.

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Fig. 3.18 Dermatite contacto.

O doente sensibiliza-se primeira exposio. Desenvolve uma resposta imunitria em


exposies posteriores

Clnica-sensao picada, lacrimejo aps exposio.

Fig. 3.19 - Dermatite contacto.

Edema palpebral, descamao. Quemose, olho vermelho e conjuntivite papilar.

Eroses corneanas punctiformes.

DERMATITE ATPICA

Ou eczema
Frequente. Idioptica.
Associao com asma e febre dos
fenos.

A pele das plpebras apresenta-se


grossa, com crostas e fissuras
verticais, associadas a uma blefarite
estafiloccica e madarose.

Fig. 3.20 Eczema atpico das plpebras.

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3.11. BLEFARITE

Inflamao crnica ou aguda das plpebras ou dos seus bordos, associada


frequentemente a conjuntivite.

Causa frequente de irritao ocular.

A inflamao pode ser de origem infecciosa, txica ou alrgica.

Pode associar-se a alteraes secundrias da superfcie ocular.

Pode ser bilateral e simtrica.

Subdivide-se em blefarite anterior e posterior.

A blefarite anterior afecta o tarso, ao redor das pestanas. Subdivide-se em


estafiloccica e seborreica.

Sintomas irritao, sensao picadas, ardor, lacrimejo e olho vermelho.

Os sintomas so piores de manh. Fotofobia associada.

A blefarite estafiloccica consequncia de uma resposta celular anormal aos


componentes da parede celular do estafilococos aureus (causando olho vermelho e
infiltrados corneanos perifricos).

Fig. 3.21 Blefarite estfiloccica.

A blefarite estafiloccica manifesta-se como eritema, prurido e edema do bordo


palpebral. Bilateral.

A blefarite seborreica consiste num excesso de produo lipdica das glndulas Zeiss
e, sobretudo, das glndulas de Meibomius. Eritema bordo palpebral, escamas tipo
crostas, amareladas, na base das pestanas.

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Fig. 3.22 Blefarite seborreica. Fig. 3.23 - Blefarite seborreica.

A blefarite seborreica associa-se a seborreia generalizada.

Frequentes a perda (madarose), o desvio (triquase) e a despigmentao (poliose) das


pestanas.

As complicaes so: hordeolo, instabilidade filme lacrimal, conjuntivite papilar de


repetio, eroses corneanas ponteadas e mau posicionamento palpebral.

A blefarite posterior crnica causada por uma disfuno das glndulas de Meibomius
e, consequentemente, s alteraes da sua secreo.

Fig. 3.24 Secreo, em espuma, na blefarite posterior.

As lipases bacterianas formam cidos gordos livres que impedem a secreo


glandular. Como consequncia, provocam irritao da superfcie ocular.

Presena de glbulos de gordura nos orifcios das glndulas de Meibomius.

Hipermia e telangiectasias do bordo palpebral posterior.

A pelcula lacrimal tem um aspecto gorduroso e espumoso.

Conjuntivite papilar e eroses epiteliais corneanas punctiformes, se ocorrer afeco


corneana.

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3.12. PEDICULOSIS PALPEBRAL

uma infestao das pestanas.

Prurido intenso e irritao ocular crnica.

Doena venrea. Pode afectar crianas com ms condies higinicas.

O bordo palpebral apresenta eritema, ardor e sensao de picadas.

Os piolhos e as lndeas alojam-se na base das pestanas.

Conjuntivite folicular rara.

Adenopatia preauricular.

Sobreinfeco bacteriana palpebral.

3.13. BLEFARITE ANGULAR

Afeco das plpebras, produzindo uma inflamao com fissura do canto externo
(mais frequentemente) ou interno.25

Fig. 3.25 Blefarite angular (canto externo). Fig. 3.26 - Blefarite angular (canto externo).

Clnica pele hmida e macerada, escamosa, eritematosa, unilateral.

Conjuntivite papilar e folicular associada.

Patogenia Moraxella lacunae e estafilococos aureus.

3.14. MOLUSCO CONTAGIOSO

Infeco cutnea causada por um poxvrus humano

Incio mdio pelos 2-4 anos de idade. Transmite-se por contacto com pessoas
infectadas.

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Ndulo cupuliforme, uni ou mltiplo,


plido, de 2-4 mm de dimetro
tamanho, elevado, com o centro
umbilicado.

Assintomtico.

Fig. 3.27 Molusco contagioso.

As leses do bordo palpebral podem libertar o vrus para o filme lacrimal, originando
uma conjuntivite folicular crnica e queratite epitelial ponteada.

Geralmente unilateral.

Resolve-se espontaneamente em 3-12 meses.

3.15. HERPES SIMPLES

A maioria das primoinfeces so assintomticas.

Blefaroconjuntivite unilateral. Secreo aquosa.

Vesculas, de lquido transparente, em base eritematosa, no bordo palpebral plpebra


e periorbitrias (rompem-se habitualmente em 48 horas, drenando um lquido
seropurulento. Forma-se posteriormente uma crosta).

Mais frequente nas plpebras superiores. Blefarite erosivo-ulcerativa.

Fig. 3.28 Herpes simples. Fig. 3.29 Herpes simples.

Resoluo gradual em 6-8 dias.

Conjuntivite papilar associada (secreo e edema palpebral).

Adenopatia pr-auricular dolorosa.

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Nas infeces recidivantes, as complicaes so mais frequentes (queratite epitelial e


estromal, uveite, conjuntivite, blefarite).

3.16. HERPES ZOSTER

Infeco frequente, unilateral, causada pelo vrus da varicel-zoster.

Exantema maculopapular, unilateral, edema palpebral superior, sobrancelhas e regio


frontal. Desenvolve-se rpida e progressivamente para vesculas, de lquido
transparente. As vesculas rompem-se em 1 semana, formando crostas.

Dor associada no territrio de distribuio do 1 ramo do nervo trigmio.

Cura sem cicatriz ou deixa apenas alguma pigmentao.

Prurido.

Fig. 3.30 leo de trigo queimado no Fig. 3.31 - leo de trigo queimado no herpes zster oftlmico.
herpes zster oftlmico.

A activao do herpes zoster est relacionada com traumatismos, cirurgia,


tuberculose, radioterapia, uso esterides e imunosupresso.

As leses cutneas curam em 4 semanas. Pode persistir dor (a nevralgia ps


herptica, ocorre sobretudo aps os 50 anos de idade).

3.17. GRANULOMA PIOGNICO

Massa carnosa, vascularizada, frivel, que sangra facilmente.

Associa-se a traumatismo, sobretudo iatrognico (cirrgico).

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3.18. SNDROMES MUCOCUTNEOS

Autoimunes.

Afeco pele e mucosas.

A nvel ocular, afecta principalmente a conjuntiva.

Fig. 3.32 Penfigide cicatricial. Fig. 3.33 Penfigide cicatricial.

a) EPIDERMLISE BOLHOSA

Etiologia desconhecida.

Caracterizada pela tendncia a formar vesculas ao menor trauma e cicatrizao da


conjuntiva.

Eroses corenanas recurrentes. Vesculas na cconjuntiva. Queratite ponteada


superficial difusa, blefarite, ectropion, simblfaro, triquase, neovascularizao crnea.

b) PNFIGO

Rara.

As manifestaes oculares podem constituir o primeiro sinal da doena.

Conjuntivite purulenta ou pseudomembranosa.

Ulcera crnea rara. Mas quando est presente, pode evoluir para perfurao.

Malformao plpebras. Triquase.

c) PENFIGOIDE BOLHOSO

Doena mucocutnea

Caracteriza-se clinicamente pela presena de ampolas amplas e tensas


subepidermicas.

As leses oculares so transitrias e curam sem cicatrizao.

Sndrome do Olho Vermelho 65


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O penfigide de membranas mucosas cursa com leses da mucosa, graves,


persistentes e que curam com cicatrizao.

d) DERMATITE HERPETIFORME

Ampolas e vesculas na pele.

Etiopatogenia desconhecida.

Ag de histocompatibilidade HLA B8 ocorre em 90% dos casos.

e) NECRLISE EPIDRMICA TXICA E ERITEMA MULTIFORME

NECRLISE EPIDRMICA TXICA

Leses dolorosas e edematosas da pele e membranas mucosas, que cursam


com necrose generalizada.

Febre, vmitos cefaleias, diarreia.

Ampolas nas plpebras e conjuntivite purulenta.

Pseudomembranas, simblfaro, ectropion, triquase, queratoconjuntivite sicca.

ERITEMA MULTIFORME

Afeco aguda, na maioria das vezes autolimitada, que afecta a pele e as


membranas mucosas.

Predileco pelo sexo masculino.

Apresenta-se sob 2 formas: minor (envolve a pele, no afectando o globo


ocular) e a major (leso da pele e das membranas mucosas- conhecida como
S. Stevens Johnson).

Mculas e ppulas eritematosas, vesculas, ampolas e eroses das mucosas.

Etiopatogenia desconhecida. Factor precipitante presente em 50% dos casos


(agentes virais, bacterianos, fngicos ou parasitrios).

Afeco ocular em 1% do eritema multiforme minor e 90% dos doentes com


Sndrome Stevens-Johnson.

Conjuntivite purulenta bilateral, com edema e lceras das plpebras.

Uveite anterior, eroses corneanas e perfurao.

As clulas caliciformes esto reduzidas a 1-2 % do normal.28

Sndrome do Olho Vermelho 66


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Durante a fase crnica da doena so proeminentes os efeitos de cicatrizao


da conjuntiva e crnea (fibrose subepitelial, simblfaro, ectropion, entropion,
olho seco, neovasculartizao corneana).

f) PENFIGIDE DE MEMBRANAS MUCOSAS

Ou penfigoide cicatricial ocular.

Patogenia autoimune cicatrizante crnica, caracterizada pela produo de autoAc


contra as membranas basais da membrana mucosa e pele.

Apresenta-se tipicamente como conjuntivite unilateral crnica, progressiva e


recidivante, evidente sobretudo no fundo saco conjuntival inferior.

A inflamao conjuntival crnica provoca uma leso das globet cells, com consequente
diminuio da produo de mucina, o que leva instabilidade do filme lacrimal.

Doena multidisciplinar, que ocorre em 70% de doentes com afeco oral. Com o
envolvimento da pele ocorre em 25% dos casos.

Clnica: olho vermelho, secura ocular, sensao corpo estranho, diminuio da


acuidade visual, prurido, secura ocular, fotofobia, diplopia e blefaroespasmo

Causa simblfaro progressivo e perda viso

Biomicroscopia triquase, entropion, disfuno das glndulas Meibomius, fibrose


conjuntival e achados corneanos.

Quatro estadios da doena: 27

Estdio I conjuntivite crnica, com leve epiteliopatia

Estdio II cicatrizao conjuntival. Encurtamento do fundo saco conjuntival.

Estdio III fibrose conjuntival leva a simblfaro.

Estadio IV queratinizao crnea e anquiloblefaron.

Evoluo lenta, caracterizada por perodos de remisso e grande exacerbao, com


progresso rpida para a cicatrizao conjuntival e queratopatia associada.

Inicialmente unilateral. Ocorre bilateralizao em 2-4 anos (assimtrica).

Sndrome do Olho Vermelho 67


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Fig. 3.34 Penfigide cicatricial.

3.19. CARCINOMA BASOCELULAR

Representa 12% tumores palpebrais, mas 90% das neoplasias malignas.14

Predileco pelas plpebras inferiores e canto interno.

O carcinoma de clulas basais apresenta diversas apresentaes clnicas. A mais


comum um tumor nodular, firme, endurecido, com finas telangiectasias.28

Quatro padres morfolgicas tpicos: 14

Carcinoma basocelular nodular (a forma mais frequente).

Carcinoma basocelular ulcerado (forma ulcerada, elevada, bordos mal


definidos).

Carcinoma basocelular morfeiforme (a forma mais agressiva - leso ulcerada,


com bordos mal definidos e extensa infiltrao drmica).

Leso com padro multicntrico

Fig. 3.35 Carcinoma basocelular morfeiforme no


canto interno.

Sndrome do Olho Vermelho 68


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3.20. LAGOFTALMOS

Devido a uma impotncia do msculo orbicular ou leses palpebrais mecnicas.

Pos paralisias faciais perifricas e centrais.

Fig. 3.36 Lagoftalmos no olho esquerdo ps nevralgia do trigmio.

Fig. 3.37 Impossibilidade ocluso palpebral total.

Etiologia das paralisias faciais perifricas: 31

Causas infecciosas (herpes, diabetes, sarcoidose, hepatite)


Leses ngulo ponto-cerebeloso (neurinoma 8 par, meningioma)
Leses do rochedo
Leses da partida (S. Heerdford)
Traumatismo facial
Tumores

Fig. 3.38 Lagoftalmos ps tumor cavidade oral.

Consequncias/sequelas ectropion, diminuio da secreo lacrimal, consequncias


corneanas (queratites, lceras).

Sndrome do Olho Vermelho 69


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4. OLHO SECO
O termo Olho Seco, em si mesmo, incorre em muitas imprecises, podendo aplicar-se
a um sintoma, a um sinal, a uma patologia e a um sndrome.

A definio mais aceite sobre olho seco : o olho seco uma doena multifactorial,
caracterizada por uma desordem do filme lacrimal, devido a uma deficincia em
volume e funo das lgrimas ou a uma evaporao excessiva, afectando a
integridade da superfcie ocular, no espao da fenda palpebral, provocando sintomas
de desconforto ocular. Acompanha-se dum aumento da osmolaridade do filme lacrimal
e da inflamao da unidade funcional que constitui a superfcie ocular.

A prevalncia de olho seco difcil de


estabelecer, dado que, de um modo
geral, s um dos diferentes graus de
olho seco diagnosticado
habitualmente como tal: 32

a) Grau 1 (leses reversveis, s


diagnosticadas com provas
laboratoriais);
Fig. 4.1 Olho seco.

b) Grau 2 (leses reversveis da superfcie ocular diagnosticadas por


biomicroscopia),

c) Grau 3 (leses irreversveis da crnea e conjuntiva).

Outras definies/terminologias:

Queratoconjuntivite seca olho com algum grau de secura ocular.


Xeroftalmia olho seco associado a uma deficincia de vitamina A.
Xerose secura ocular grave em conjuntivites cicatriciais graves.
S.Stevens Johnson doena inflamatria autoimune, associada a olho seco.

A sndrome do olho seco representa, juntamente com a catarata e a degenerescncia


macular ligada idade, uma das principais patologias oftlmicas do idoso.

Pensa-se que cerca de 15-25% das pessoas acima dos 65 anos de idade fazem
regularmente a aplicao de substitutos lacrimais.

Sndrome do Olho Vermelho 70


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INTRODUO

O filme lacrimal distribui-se sobre a superfcie epitelial crnea e da conjuntiva.

Tem uma espessura de 5 a 30 micras.

O volume da pelcula lacrimal distribudo pela superfcie ocular de 5-10 l, sendo


renovado habitualmente a uma velocidade de 1-2 l/min.33

importante para proteger o globo ocular das influncias externas e contribui para a
integridade da crnea e da conjuntiva.

A estabilidade ptica e a funo normal do olho dependem do filme lacrimal para


realizar a cobertura adequada da sua superfcie.

O filme lacrimal formado e mantido por um sistema constitudo por:

- um componente secretor (glndula lacrimal, glndulas lacrimais acessrias,


glndulas sebceas da plpebra, globet clulas e outros elementos secretores mucina
da conjuntiva)

- um componente distribuidor (movimentos do pestanejo)

- um componente excretor (pontos lacrimais, canalculos lacrimais e canal


nasolacrimal).

EXTENSO DO FILME LACRIMAL - O filme lacrimal espalha-se mecanicamente


sobre a superfcie ocular, pelo movimento do pestanejo, controlado neurologicamente.
Os 3 factores necessrios para a recuperao da pelcula do filme lacrimal so: 25

Movimento do pestanejo.
Contacto entre a superfcie externa ocular e as plpebras.
Integridade do epitlio corneano.

ESTABILIDADE DO FILME LACRIMAL depende de:

Anatomia funcional da plpebra.

Regularidade da superfcie ocular.

Movimento do pestanejo.

Presena e funo normal das glndulas lacrimais principais e acessrias.

Integridade do epitlio da superfcie ocular.

Sndrome do Olho Vermelho 71


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Integridade das diferentes camadas do filme lacrimal.

AS FUNES DO FILME LACRIMAL SO: 34

a) Funo ptica (atravs da integridade e uniformidade ptica da superfcie


corneana).

b) Funo mecnica (por limpeza dos restos celulares e corpos estranhos).

c) Funo nutrio crnea.

d) Funo antibacteriana.

O filme lacrimal constitudo por 3 camadas relacionadas entre si, cada uma com
funes bem definidas, produzidas pelas diferentes estruturas do globo ocular, e
descritas por Wolf, em 1954: a camada lipdica, a camada aquosa e a camada
mucosa.

Fig. 4.2 Queratite ponteada no olho seco.

CAMADA LIPDICA

A camada mais externa.

Representa 0.02%. muito delgada.

composta por lpidos de baixa polaridade, nomeadamente por esteres de cera,


colesterol, triglicridos. O resto so lpidos de alta polaridade, como glicolpidos,
cidos gordos livres, lcoois alifticos e pequena quantidade de lecitina.

Os lpidos de baixa polaridade localizam-se na poro mais anterior (superficial) da


camada lipdica. Os lpidos de alta polaridade localizam-se na poro profunda da
camada lipdica.

A espessura da camada lipdica de 80 nm. No entanto, esta espessura varia, dado


que na ocluso palpebral, as molculas lipdicas se comprimem, alcanando uma

Sndrome do Olho Vermelho 72


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espessura de 1000 nm. Com a abertura palpebral, os lpidos voltam a estender-se


sobre a superfcie ocular.

A secreo efectuada sobretudo pelas Glndulas de Meibomius. Em menor


quantidade tambm pelas glndulas de Zeiss e Moll.

As glndulas meibomius esto situadas na poro posterior do bordo palpebral. O seu


nmero de 30 na plpebra superior e 25 na plpebra inferior.

Os factores mais importantes na secreo de lpidos pelas 3 glndulas so:

a) Factores mecnicos (pestanejo)

b) Factores sensoriais (sistema simptico e parasimptico)

c) Factores hormonais (estmulos androgenicos e adrenocorticotrfico)

O movimento das plpebras, durante o pestanejo, importante na libertao dos


lpidos pelas glndulas.

A espessura desta camada pode aumentar com o pestanejo forado e diminuir com o
pestanejo menos frequente.

As funes da camada lipdica so: 35

a) Evitar ou limitar a evaporao da camada aquosa.

b) Diminui a tenso superficial da lgrima.

c) A estabilidade do filme lacrimal, tal como o grau se evaporao da fase


aquosa, esto relacionados com a estrutura da camada de lipidos ( menor
quanto maior for a concentrao dos lpidos polares).

d) Lubrificar a interface olho/plpebras.

e) Prevenir a contaminao bacteriana.

CAMADA AQUOSA (ou aquosa/serosa)

Constitui cerca de 99,78% do filme lacrimal.

A sua espessura de cerca de 6-7 micras.

formada fundamentalmente pela secreo da glndula lacrimal principal (representa


95% da produo) e pelas glndulas acessrias de Krause e Wolfring. Em menor
proporo, os lquidos so atrados pela hiperosmolaridade da lgrima.

A sndrome Sjogren afecta sobretudo esta camada do filme lacrimal.

Sndrome do Olho Vermelho 73


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A glndula lacrimal principal situa-se no ngulo superoexterno da rbita. Divide-se pela


aponevrose do msculo elevador, em poro orbitaria e poro palpebral, sendo esta
de menor tamanho.

As glndulas acessrias so:

a) Gl. Krause (localizam-se no fundo-saco-conjuntival-20 na plpebra superior e 8


na plpebra inferior).

b) Gl. Wolfring, situadas por cima do tarso, na conjuntiva da plpebra superior.

A taxa de produo basal das lgrimas estimada em 0.9 a 1.2 microlitros/minuto.

A camada aquosa contm: 35

a) Electrlitos (responsveis pela osmolaridade de 304 mOsm/L). A


hiperosmolaridade lacrimal um marcador precoce da secura ocular,
provocando uma ruptura da barreira epitelial conjuntivo-corneana.

b) As protenas (lactoferrina e lysozima-antiinfecciosas, sintetizadas pela glndula


lacrimal principal).

c) Cytoquinas, imunoglobulinas (sobretudo a Ig A), factores de crescimento e


clulas imunocompetentes.

A secreo da camada aquosa depende dum conjunto de reaces, onde as


substncias estimulantes interactuam com os receptores da membrana basal das
clulas do cino e dos canais das glndulas lacrimais. A inervao aferente e eferente
da glndula lacrimal depende do nervo lacrimal, ramo oftlmico do trigmio.

A secreo basal do filme lacrimal produzida de forma constante ao longo do dia. A


secreo basal (repouso) secretada pelas glndulas acessrias e regulada pelo
sistema simptico. A secreo reflexa, que se produz como resposta a estmulos
externos irritativos (conjuntivais e corneanos) ou estmulos sensoriais centrais,
produzidos pela glndula lacrimal principal e acessria. A via eferente o 7 par
craniano.

A secreo pode aumentar at 500%, como resposta a uma leso.

Funes principais da camada aquosa:

a) Nutrio do epitlio corneano (fornece oxignioatmosfrico ao epitlio


corneano).

b) Proteco imunolgica e antibacteriana (presena de protenas, como a IgA,


lisozima e lactoferrina).

Sndrome do Olho Vermelho 74


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c) Funo refractiva (proporciona uma superfcie ptica lisa, anulando as


irregularidades minor da superfcie ocular).

d) Funo lavagem e eliminao detritos.

A causa mais frequente de queratoconjuntivite sicca a reduo da produo do


componente aquoso das lgrimas.

CAMADA MUCOSA

a camada mais interna.

Constitui 0.2 % do filme lacrimal. Tem uma espessura de 0.02-0.04 micras.

Permite a adeso das lgrimas sobre as clulas epiteliais da superfcie ocular. A


camada mucosa adere ao glicoclix das clulas epiteliais.

constituda por uma subcamada interna (muito delgada) e uma subcamada externa
mais espessa.

As mucinas so produzidas essencialmente pelas clulas caliciformes conjuntivais e,


acessoriamente, pelas glndulas lacrimais.

As clulas caliciformes esto distribudas por toda a superfcie conjuntival, atapetando


quer a superfcie anterior globo ocular, quer a subcamada posterior das plpebras,
mas faltam ou so escassas no anel conjuntival perilimbico.

So constitudas por 1.5 milhes de clulas caliciformes isoladas ou concentradas nas


criptas Henle e nas glndulas Manz. A concentrao de clulas caliciformes maior
no fundo saco conjuntival inferior.

A leso das clulas epiteliais impede a aderncia normal da pelcula lacrimal. Leses
trmicas ou qumicas causam cicatrizao conjuntival, que resulta em perda de globet
cells no perodo da leso.36

A secreo de mucina em cada olho aproximadamente de 2-3 microl/dia.

As funes da camada mucosa so:

a) Permitir a humidificao da superfcie epitelial, graas ao efeito surfactante


(que diminui a tenso superficial do componente aquoso do filme lacrimal).

b) Proteco fsica imunolgica ante os agentes infecciosos.

c) Lubrifica a crnea (para facilitar o deslizamento palpebral).

A manuteno da estabilidade do filme lacrimal, depende da qualidade e adequada


relao entre os seus componentes. regulada pelos nveis hormonais de

Sndrome do Olho Vermelho 75


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andrognios, os quais regulam a funo das glndulas lacrimais de Meibomius,


mantm o estdio anti-inflamatrio da superfcie ocular e pela inervao da superfcie
ocular, o que desencadeia a produo e a libertao dos diferentes componentes do
filme lacrimal.

Fig. 4.3 Queratite filamentosa no olho seco.

TIPOS DE SECREO LACRIMAL

H 3 tipos de secreo lacrimal: basal, reflexa e emocional

a) BASAL - o que se produz em circunstncias basais.

b) REFLEXA a secreo lacrimal estimulada por um reflexo nervoso, que


parte na superfcie ocular e na retina.

c) EMOCIONAL a que ocorre por ordem cerebral. Est relacionada com


diferentes estados anmicos.

SNDROME DO OLHO SECO

uma das afeces mais comuns na prtica clnica oftalmolgica.

Manifestao de caractersticas clnicas muito variadas, que afectam diferentes partes


do corpo humano, sendo mais evidente a secura ocular.

Sndrome do Olho Vermelho 76


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Consiste numa irritao ocular


resultante duma alterao do filme
lacrimal, devida principalmente a uma
deficincia de produo lacrimal ou a
um excesso de evaporao.

Fig. 4.4 B.U.T. diminudo no olho seco.

Assume cada vez mais uma importncia crescente, dado que afecta cerca de 14-33 %
da populao acima dos 65 anos e, particularmente, em mulheres ps-menopausa.
Patologias como S. Sjogren, a. reumatide, diabetes mellitus, alteraes tirideias,
gota e dislipidmia aumentam o risco de manifestaes relacionadas com o olho seco.

Fig. 4.5 Queratite ponteada.

A sndrome de disfuno do filme lacrimal definida como uma patologia multifactorial


da superfcie ocular e lgrimas, causando instabilidade do filme lacrimal e originando
desconforto ocular. O hbito de fumar e a ingesto de multivitamnicos aumentam o
risco de aparecimento do olho seco.

SNTOMAS TPICOS:

Ardor
Sensao corpo estranho
Sensao picadas
Lacrimejo
Secreo conjuntival ligeira
Fotofobia
Viso desfocada transitria, que melhora com o movimento do pestanejo.

Sndrome do Olho Vermelho 77


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O olho seco o resultado duma


resposta inflamatria localizada, de
causa imune, que afecta as glndulas
lacrimais e a superfcie ocular.

Fig. 4.6 Secreo conjuntival mucosa filamentosa.

A baixa da acuidade visual induzida pelo o olho seco parece estar relacionada com a
instabilidade do filme lacrimal e com a queratite epitelial ponteada.37

A etiopatogenia do olho seco multifactorial (doenas genticas, nutricionais,


endcrinas, imunitrias, neurolgicas, infeco, ambientais).

CLASSIFICAO CLNICA OLHO SECO

1 - CLASSIFICAO POR GRAVIDADE32

a) GRAU 1 Olho seco ligeiro.

Presena de manifestaes clnicas de olho seco, com leses reversveis da superfcie


ocular, no diagnosticadas biomicroscopicamente. O diagnstico efectua-se s por
provas laboratoriais.

Sintomas ligeiros de olho seco:

Sensao de picadas
Sensao secura ocular
Sensao alvio com os olhos fechados.

b) GRAU 2 Olho seco mdio

Existncia de leses da superfcie ocular reversveis, diagnosticadas


biomicroscopicamente, pela evidncia de colorao com fluorescena.

Sndrome do Olho Vermelho 78


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Aos sintomas de olho seco,


acrescentam-se.

Dificuldade em abrir os olhos


ao acordar.
Ardor.
Fotofobia.
Episdios transitrios de
viso desfocada.

Fig. 4.7 Queratite ponteada.

c) GRAU 3 Olho seco grave.

Caracterizada pela presena de leses corneanas e conjuntivais persistentes.

Fig. 4.8 Hipermia conjuntival no olho seco. Fig. 4.9 Queratite evidente ps aplicao rosa bengala.

Apresenta uma variabilidade de sinais, desde opacidades corneanas parciais at


opacidades maiores.

Provoca frequentemente uma diminuio da acuidade visual.

2 CLASSIFICAO POR ETIOLOGIA 32

Conhecer a etiologia do olho seco fundamental, pois permite considerar a evoluo,


proposta e estabelecer o tratamento mais adequado.

S. SJOGREN PRIMRIO
S. SJOGREN SECUNDRIO
ENDOCRINOPATIAS IMUNITRIAS (NO SJOGREN)
DOENAS CICATRIZANTES DA MUCOSA
INFECCIOSAS E INFLAMATRIAS
DEF. NEUROLGICAS

Sndrome do Olho Vermelho 79


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DEF. NUTRICIONAIS (AVITAMINOSE A)


DESTRUIO GLANDULAR
MALFORMAO CONGNITA GL. LACRIMAIS
INVOLUO SENIL
AMBIENTAIS
HISTERIA
TRAUMATOLOGIA E TXICAS (ansioliticos, antidepressivos, antipsicticos,
antiparkinson, antihistaminicos, anticolinrgicos, anti-HTA, diurticos,
contraceptivos orais, antiestrognios (Tamoxifen).

3 CLASSIFICAO PELO SUBSISTEMA FILME LACRIMAL AFECTADO32

Segundo qual seja o componente do filme lacrimal afectado, o olho seco pode ser
dividido em 5 grupos:

Aquodeficiente
Mucodeficiente
Lipidodeficiente
Epiteliopatias
Incongruncia palpebral /olho

Na prtica clnica, a classificao de olho seco assenta sobretudo em duas grandes


alteraes:

Sndrome olho seco, por deficincia de produo aquosa.


Sndrome olho seco devido a perda por evaporao.

A - SNDROME OLHO SECO COM DEFICIT DA CAMADA AQUOSA

Ocorre quando h uma insuficincia de secreo das glndulas lacrimais principais e


acessrias, o que resulta numa reduo do componente aquoso:

Falta de estmulos reflexos (leso trigmio)


Menopausa
Interrupo via parasimptica lacrimosecretora
Aps tratamento com radioterapia
Medicamentos (antihistaminicos, antidepressivos)
Destruio imunolgica glndula (S. Sjogren primrio e secundrio)
(D.vasculares colagnio, tiroidite Hashimoto, D. Raynaud)
Doena sistmica (Tracoma, H.I.V., amiloidose, linfoma)

Sndrome do Olho Vermelho 80


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Envelhecimento
Extraco gl. lacrimal (por tumor)

A prova que determina directamente a deficincia de secreo aquosa lacrimal o


Teste schirmmer. As provas que determinam indirectamente a deficincia aquosa so:
1) determinao da diminuio dos componentes proteicos secretados pelas
glndulas-lisosima, lactoferrina, IgA, 2) osmometria (quando a evaporao normal e
a lgrima hipertnica, deduz-se que a hipertonicidade se deve no a um aumento da
evaporao, mas pouca produo lacrimal aquoserosa.

Fig. 4.10 Olho seco ps aplicao rosa bengala. Fig. 4.11 Clulas conjuntivais coradas pelo rosa
bengala.

B - SNDROME OLHO SECO COM DEFICIT CAMADA MUCOSA

Ocorre por uma alterao das clulas caliciformes conjuntivais:


Hipovitaminose A
Conjuntivite crnica infecciosa ou alrgica
Irritao por vapores irritativos (poluio atmosfrica)
Irritao mecnica (uso lentes contacto)
Patologias que cursam com cicatrizao conjuntival (penfigide, S.Stevens-
johnson, Tracoma
Agenesia de clulas mucnicas (S.Bietti)

As provas que podem medir a deficincia mucosa so mltiplas:

Exame ao biomicroscpio (superfcie conjuntival hiperemiada ou metaplsica,


retraco fundo-saco conjuntival, presena de filamentos mucnicos no fundo-
saco conjuntival inferior).

Sndrome do Olho Vermelho 81


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B.U.T. (mede a estabilidade do filme lacrimal. Depende de vrios parmetros:


integridade epitelial, componentes aquoso, mucoso e lipdico. O factor muito
importante o factor mucnico.

Colorao com Rosa Bengala. Cora as clulas no cobertas de mucina


(especialmente as clulas mortas). A colorao com fluorescena revela as
reas descobertas do epitlio.

C - SNDROME OLHO SECO COM DEFICIT CAMADA LIPIDICA

As causas mais frequentes esto relacionadas com as patologias das glndulas


lipdicas do bordo palpebral.

Alt. Glndulas Meibomius, Zeiss e Moll


Desregulao nveis hormonais andrognios e estrognios
Blefarite
Irritao local por raios infravermelhos e ultravioletas
Irritao mecnica por vento ou gua com cloro das piscinas

D - OLHO SECO POR EPITELIOPATIA

Produz-se pela existncia de uma leso que, inicialmente, afecta e desvitaliza o


epitlio da superfcie ocular.

As causas mais frequentes so as leses das clulas me lmbicas32 (por um uso


prolongado de lentes de contacto e custicos irritantes do epitlio corneano).

Igualmente ocorrem:

- Na descompensao ps-cirurgica do endotlio corneano.

- Alguns medicamentos administrados por via sistmica (tranquilizantes) podem


descompensar o epitlio corneano. Igualmente os antiandrognicos usados
em patologia prosttica (diminuem a camada lipdica e favorecem a
evaporao).

- Aplicao intensiva de anestsicos oculares tpicos (com diminuio do


B.U.T.).

- A tesaurismose (caso da adm. sistmica de amiodarona em dose 400mg)


ocorre quando o produto qumico se deposita no epitelio corneano, alterando-

Sndrome do Olho Vermelho 82


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o, deste modo dificultando a extenso do filme lacrimal pela superfcie


corneana.

E - OLHO SECO POR INCONGRUNCIA PALPEBRAL/GLOBO OCULAR

Quando a plpebra no se adequa bem superfcie ocular do globo ocular, apesar de


haver uma secreo lacrimal normal, causa uma incapacidade palpebral de se
estender sobre a totalidade da superfcie ocular ou mesmo de evitar a evaporao do
filme lacrimal.

Fig. 4.12 Ectropion da plpebra inferior.

Segundo as diversas formas pode classificar-se em:

1) Defeitos de ocluso palpebral (ectropion, entropion, cicatrizes deformantes).

2) Defeitos de deslizamento da superfcie ocular por falta presso (flacidez senil,


paralisia facial, enoftalmia senil).

3) Defeitos de deslizamento da superfcie ocular provocados por elevaes


(pterigium, quisto dermide, ampolas filtrao pos trabeculectomia).

4) Diminuio frequncia de pestanejo (ocorre na anestesia ou hipoestesia


corneana, blefaroptose).

OLHO SECO POR EXPOSIO/ EVAPORAO

Entre 10 a 25% do total de lgrimas secretadas perdem-se por evaporao. Na


ausncia da superfice lipdica, a evaporao pode aumentar at 10-20 vezes. A
principal causa de olho seco por evaporao a deficincia da camada lpidica (ocorre
uma diminuio da sua secreo na roscea, dermatite seborreica, acne vulgar). 38

Sndrome do Olho Vermelho 83


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Devido grande superfcie de contacto com a atmosfera, a aco dos poluentes


atmosfricos faz-se principalmente sobre a camada lipdica. Com menor percentagem
sobre a camada mucosa e, menor ainda, sobre a camada aquosa.

Na presena de uma patologia xeroftlmica ligeira (blefarite, uso lentes contacto) a


associao com a agresso ambiental pode iniciar um quadro clnico de olho seco,
que isoladamente, no desencadearia esse mesmo quadro clnico.

70% do escoamento das lgrimas efectua-se pelo canalculo lacrimal inferior e 30%
pelo canalculo lacrimal superior.

No h uma deficincia dos componentes do filme lacrimal, mas a lgrima evapora-se


por diferentes mecanismos:

A superfcie ocular no est suficientemente protegida (ectropion, por laxidez


palpebral; lagoftalmus - incapacidade de ocluso das plpebras, aps uma
paralisia facial).
Escassa humidade
Vento
Poluio
Portador de lentes de contacto
Uso computadores
Leitura prolongada
Conduo prolongada
Segundo Basu, 1977, o fumo do tabaco diminui de modo considervel a estabilidade
do filme lacrimal.

Segundo Roth, 1996, 20-30% dos doentes com queixas de olho seco, sofrem dos seus
sintomas no local de trabalho.

OLHO SECO E USO LENTES CONTACTO

Doentes que usam lentes de contacto referem manifestaes clnicas de olho seco
mais frequentemente do que a populao em geral.39

As lgrimas minimizam a frico entre as lentes contacto duras e as plpebras durante


o pestanejo e age como uma almofada entre a lente contacto e a superfcie crnea
durante esse mesmo movimento de pestanejo.

Inadequada lubrificao lacrimal em portador lentes contacto age como um corpo


estranho irritante. Esta situao precipitada pelo ar seco ambiental, relacionado com

Sndrome do Olho Vermelho 84


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o uso ar condicionado. precipitada igualmente pela diminuio frequncia do


pestanejo aquando do trabalho prolongado ao computador.

SINAIS OLHO SECO EM PORTADOR LENTES CONTACTO

Perda frequente lentes contacto


Bolhas entre a lente contacto e a crnea
Astigmatismo induzido pelo bordo seco das lentes contacto
Injeco ciliar evidente s 3 e s 9 horas
Alterao da espessura corneana

SINTOMAS OLHO SECO EM PORTADOR LENTES CONTACTO

Aumento da sensao de corpo estranho


Melhor acuidade visual imediatamente aps a abertura palpebral e durando
apenas alguns segundos.

ETIOPATOGENIA OLHO SECO

A superfcie ocular continuamente submetida a mltiplas agresses, como o


pestanejo (frequncia de 12-15 vezes por minuto) e tambm:

Factores ambientais (corrente ar)


Baixa humidade ambiental
Microorganismos (bacterianos e virais)
Agresso por corpos estranhos
Em condies normais, a superfcie ocular permanece intacta, sendo capaz de reparar
as alteraes provocadas por estes agentes.

As protenas da lgrima, como a Ig A, a lactoferrina, a lisozima e os factores de


crescimento, como o TgF-B e o factor de crescimento epidrmico so imprescindveis
estarem em concentraes adequadas, de forma a manter a superfcie ocular normal.

ETIOPATOGENIA

a) Factores hormonais (andrognios)

b) Factores neurohumorais

c) Factores imunolgicos

Sndrome do Olho Vermelho 85


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a) FACTORES HORMONAIS

Quase todas as hormonas (tiroxina, insulina) esto relacionadas, de alguma


maneira, com a produo de lgrimas, embora as hormonas sexuais paream ter
o papel mais importante.

Os andrognios so as principais hormonas responsveis pela regulao da


produo de lpidos.

b) FACTORES NEUROHUMORAIS

O polipeptido intestinal vasoactivo (VIP) e o neuropeptido Y podem estimular a


secreoaquosa e mucosa, atravs do sistema nervoso autnomo.

c) FACTORES IMUNOLGICOS

ELEMENTOS MEDIADORES NO OLHO SECO

Hiperosmolaridade filme lacrimal.


Apoptose das clulas da superfcie ocular.
Estimulao nervosa responsvel duma inflamao.
Activao dos mediadores inflamatrios a todos os nveis da superfcie
ocular.

A hiperosmolaridade das lgrimas pode ser a principal via de leso das clulas
epiteliais (o que provoca o aparecimento de uma queratite).

Ao nvel da conjuntiva, a superfcie celular responsvel por uma apoptose sobre as


clulas da conjuntiva e, particularmente, dos mucocitos, cuja destruio o sinal
citolgico mais importante.

Fig. 4.13 Queratite ponteada. Fig. 4.14 Queratite ponteada.

Sndrome do Olho Vermelho 86


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CICLO VICIOSO DO SNDROME SECO 35

Instabilidade do filme
lacrimal/ hiposecreo Perda mucocitos

Hiperosmolaridade Libertao cytoquinas


celular TNF, IL1
Activao MMP

Inflamao neurogenica
Sofrimento celular Hipersecreo lacrimal

Apoptose
(conjuntiva/crnea) Estimulao nervosa

DIAGNSTICO

ANAMNESE

Sintomatologia
(incio, evoluo, tratamento, situaes em que agravam)
Doenas (diabetes, alergias, artrite reumatide, xerostomia)

DIAGNSTICO

POR GRAVIDADE
POR SUBSISTEMA AFECTADO
POR ETIOPATOGENIA

TESTES PARA ANLISE DO OLHO SECO

PRODUO AQUOSA efectua-se o teste de Schirmer.

ESTABILIDADE LACRIMAL pelo B.U.T. (tempo que demora uma pelcula de


fluoresceina, previamente distribuda pela crnea, em que deixa de ser uniforme).

DOENA DE SUPERFICIE OCULAR evidencia os defeitos epiteliais corneanos ou


conjuntivais, aps a aplicao de corantes (fluoresceina, rosa bengala, verde
lisamina).

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Fig. 4.15 Olho seco evidente com fluoresceina. Fig. 4.16 Querato-conjuntivite seca evidente com rosa
bengala.

Fig. 4.17 Teste schirmer.

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5. QUEIMADURAS OCULARES
As queimaduras oculares classificam-se em qumicas, trmicas, elctricas e por
radiao.

As complicaes graves da superfcie ocular, aps uma queimadura ocular, so


relativamente raras. No entanto, so uma agresso muito importante, podendo afectar
de forma permanente, a funo visual.

A gravidade das queimaduras oculares est directamente relacionada com o tipo e a


concentrao do produto qumico (o tipo de custico e a sua respectiva concentrao),
a rea de superfcie afectada (a extenso e a profundidade), a durao da exposio
do globo ocular ao agente, pelo PH da soluo e tambm pelo tratamento
preconizado.40

O prognstico de uma queimadura qumica ocular depende, no s da gravidade da


leso, mas tambm da rapidez com que o tratamento institudo.

Todos os custicos, de um modo geral,


afectam a integridade epitelial da
crnea, em maior ou menor extenso.
Secundariamente, e em funo da sua
gravidade, as camadas mais profundas
so tambm afectadas.

Fig. 5.1 Eroso da crnea ps queimadura qumica.

Os problemas mais imediatos so a inflamao e, secundariamente, a infeco.

EPIDEMIOLOGIA - Em mdia, 2/3 das queimaduras qumicas ocorrem em acidentes


de trabalho, enquanto 1/3 ocorrem em casa.

ETIOLOGIA - Em geral, as queimaduras qumicas por alcalinos so mais perigosas e


mais frequentes (2:1) do que as queimaduras por cidos.41

CIDOS QUE PRODUZEM MAIS FREQUENTEMENTE QUEIMADURAS


OCULARES42

SULFURICO (limpeza industrial ou cido das bactrias). O c. sulfrico


muito hidrfilo. Em contacto com as lgrimas, provoca um aumento da
temperatura, associando uma queimadura qumica a uma queimadura trmica.

Sndrome do Olho Vermelho 89


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CLORDRICO (leses graves em altas concentraes).

SULFUROSO (conservante de frutas e vegetais penetra mais facilmente que


outros cidos).

ACTICO (vinagres e essncia vinagres - produzem leses graves em altas


concentraes).

C. FLUORDRICO (limpeza e esmerilado de cristais produzem leses


graves. Penetra facilmente).

C. CRMICO indstria de cromado provoca conjuntivites crnicas.

Fig. 5.2 Queimadura da face e ocular.

ALCALIS QUE PRODUZEM MAIS FREQUENTEMENTE QUEIMADURAS


42
OCULARES

AMONACO Usado nos fertilizantes e agentes de limpeza tem uma rpida


penetrao.
LXIVIA Usada nos agentes de limpeza. Penetra rapidamente.
HIDRXIDO MAGNSIO Usado nos abrilhantadores. Pode combinar o efeito
trmico.
CAL usa-se no gesso, cimento e cal. Tem pouca penetrao.

Fig. 5.3 Hipermia conjuntival na queimadura qumica.

QUEIMADURAS TRMICAS

Queimaduras provocadas por fsforos, cigarros, liquido a ferver (gua, leo), metais
em fuso.

As queimaduras da crnea, pelo calor, resultam do contacto directo com o elemento


quente. A sua gravidade depende da durao do contacto.

Sndrome do Olho Vermelho 90


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O reflexo de pestanejo, de defesa, faz com que as plpebras e as pestanas sejam as


estruturas queimadas.

As leses corneanas o superficiais (necrose epitelial, opacidades do estroma, pannus


vascular, ectasia corneana).

As queimaduras tmicas pelo frio so raras. Ocorre um edema crnea e pregas de


descemet.

O sintoma principal a dor intensa. Perda de acuidade visual.

QUEIMADURAS ELCTRICAS

Podem provocar opacidades da crnea ou catarata subcapsular posterior.

QUEIMADURAS POR RADIAO

Por ultravioletas (na ausncia de proteco, a queratite surge habitualmente,


em mdia, 4 a 6 horas aps a exposio. Igualmente dor ocular, lacrimejo e
fotofobia). Os raios U.V. reagem com os c. nucleicos e as protenas celulares,
aumentando a permeabilidade da membrana celular.

Por laser (sobretudo da mcula).

Queimadura solar por infravermelho (caso de observao de eclipse- leso


macular). As leses corneanas so sobretudo as queratites ponteadas
superficiais.

QUEIMADURAS POR AGENTES QUMICOS

As queimaduras qumicas provocam leses moderadas a graves, quer na conjuntiva,


quer na crnea. So relativamente frequentes.

A maioria das queimaduras cidas esto limitadas nas camadas superficiais da crnea
e da conjuntiva, e o seu efeito txico no progressivo.

As queimaduras produzidas por cidos so, de um modo geral, menos frequentes do


que as queimaduras produzidas por alcalis. Em geral, so menos graves, devido a que
se produzem com cidos mais fracos e diludos.

FISIOPATOLOGIA Necrose de clulas epiteliais da conjuntiva e corneanas. Perda


de clulas lmbicas pode originar a vascularizao da superfcie corneana.

Sndrome do Olho Vermelho 91


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QUEIMADURAS POR CIDOS

O agente mais comum o c. sulfrico (presente nas baterias dos automveis).

O agente qumico mais grave o c. fluordrico, que pode penetrar no segmento


ocular.

Clinicamente, aceita-se que no penetram mais alm do que o epitlio da crnea (o


que depender, evidentemente, do PH e da concentrao do produto txico).42 A
penetrao dos cidos relaciona-se em parte com a sua liposolubilidade.

O io H+ provoca uma coagulao instantnea e uma precipitao das protenas das


clulas do epitlio corneano, formando desta forma uma barreira protectora
penetrao mais profunda do agente txico e limitando a leso.

O efeito destrutivo dos cidos depende da sua acidez e da sua capacidade para se
unir s protenas.

A gravidade de qualquer queimadura por cidos depende de: concentrao,


toxicidade, volume, penetrao e durao da exposio.

Os cidos orgnicos penetram mais facilmente nos tecidos que os cidos inorgnicos,
os quais causam coagulao das protenas na superfcie do globo ocular. A leso
maior produz-se s 48 horas, deixando uma opacidade mais ou menos densa, como
sequela.

CLNICA

As leses por cidos distinguem-se pela extenso da leso epitelial, pelo grau de
edema do estroma (como medida da sua penetrao ocular) e a isqumia lmbica.

As queimaduras da conjuntiva e da crnea apresentam, nas primeiras horas, edema e


quemose da conjuntiva, com zonas de hemorragia e perda de epitlio corneano.

So frequentes a dor, a fotofobia, o lacrimejo e a secreo.

Nos primeiros dias, as zonas de conjuntiva necrtica (apresentam-se cobertas por


fibrina), o que potencialmente tende a causar simblfaro.

A maioria das queimaduras qumicas por cidos tm um prognstico relativamente


bom.

Edema da conjuntiva e hemorragia relacionada com a destruio e a ruptura dos


vasos sanguneos.

Sndrome do Olho Vermelho 92


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Complicaes/sequelas Aumento P.I.O., defeitos epiteliais persistentes, isqmia,


cicatrizao da crnea, opacificao crnea, queratlise e perfurao ocular.

Fig. 5.4 Eroso da crnea ps queimadura qumica


por cido.

QUEIMADURAS POR ALCALIS

Os alcalis so habitualmente mais destrutivos, relativamente aos cidos, devido


rapidez com que conseguem penetrar no globo ocular e provocar alteraes
teciduais.43

As queimaduras mais graves so causadas pela amnia e pela soda custica que,
aps lesar o epitlio corneano, penetram no estroma, podendo inclusive alcanar a
cmara anterior em minutos.

O agente alcali mais comum a cal, que tem pouco poder de penetrao intraocular.

A presena de um alcalino forte na superfcie ocular muda a concentrao dos ies de


hidrognio. O io OH- provoca a saponificao dos cidos gordos das membranas
celulares e a sua desintegrao, provocando a morte celular e ruptura das pontes
intercelulares. A gravidade da queimadura est relacionada ao seu catio, o que
determina a sua penetrao.42

O tecido do estroma corneano e esclertica tornam-se hidratados, ocorre


desnaturalizao do calgenio, ficando com um aspecto fibrilhar e gelatinoso.

A leso celular por queimadura qumica de alcalinos depende da sua concentrao,


volume, penetrao e da durao da exposio.

Quanto maior o PH, mais grave a leso, sendo mais significativa a partir do PH de 11.

A destruio da conjuntiva lmbica de um prognstico muito grave.

CLNICA

Hipermia e edema da conjuntiva bulbar, seguida de isqumia conjuntival e necrose.

Sndrome do Olho Vermelho 93


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Imediatamente aps a queimadura por alcalis, a conjuntiva fica edematosa, com zonas
de hemorragia e necrose.

A crnea perde o epitlio e surge dema e cor esbranquiada.

A cmara anterior poder apresentar hifema. Uveite.

Horas aps, a crnea torna-se mais opaca e a ris edematosa e grossa.

Complicaes /sequelas simblfaro, glaucoma, midrase, cataratas, descolamento


retina exsudativo, atrofia bulbar, queratlise e perfurao ocular.

CLASSIFICAO

No existe uma classificao ideal, devido complexidade e s diferentes variveis


associadas s queimaduras qumicas.

CLASSIFICAO THOFT44

Relaciona o estado corneano e lmbico, com o prognstico visual.

GRAU I prognstico bom - leses epitlio corneano, sem isqumia

GRAU II prognstico bom crnea com manchas, visualizao dos detalhes da


ris, isqumia inferior a 1/3 do limbo esclerocoreano.

GRAU III prognstico reservado - perda total do epitlio corneano; estroma turvo,
com limitao da visualizao dos detalhes ris; isqumia de 1/3 a do limbo
esclerocorneano.

GRAU IV prognstico mau crnea opaca: impossvel a visualizao da ris.

(Adaptao de Thoft RA. Chemical and thermal injury. Int Ophthalmol clin 1979; 19.
243).

Dua e al.45, propuseram recentemente uma nova classificao das queimaduras


qumicas oculares.

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Grau Prognstico Envolvimento Envolvimento


Lmbico Conjuntival

I Muito bom 0h 0%

II Bom <3h < 30%

III Bom >36h > 30 50%

IV Bom- reservado > 6-9 h > 50 75%

V Reservado-mau > 9 e <12 h > 75 e < 100%

VI Muito mau 12 h (total) 100% (total)


Tabela 1 - Classificao queimaduras qumicas segundo Duo e al.

EVOLUO CLNICA DAS QUEIMADURAS QUIMICAS OCULARES

Macculley 46 diferenciou vrias fases na evoluo clnica das queimaduras oculares.

1 FASE IMEDIATA

A clnica est relacionada com:

Extenso das queimaduras qumicas


Profundidade da penetrao
Toxicidade do custico
Concentrao do produto txico
A extenso da queimadura da superfcie ocular determinada pelo tamanho do defeito
do epitlio da conjuntiva e da crnea.

A profundidade das queimaduras qumicas oculares estimada por:

Avaliao da transparncia
Avaliao da inflamao intraocular
Avaliao da P.I.O.

2. FASE AGUDA (0 A 7 DIAS)

Evidncia do atraso da epiteliazao


Diminuio da sensibilidade corneana
Transparncia corneana
Alterao P.I.O (hipo ou hipertonia)
Reaco da cmara anterior

Sndrome do Olho Vermelho 95


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Estudo do cristalino
O incio lento da epitelizao sucede, de forma concomitante, com a inflamao
subjacente.

Um dos erros mais frequentes nesta fase aguda no tratar a inflamao intraocular
(dado que esta diminui a mitose e limita a migrao epitelial).

3. FASE REPARADORA PRECOCE (7 21 DIAS)

Na 2 semana, acrescentam-se as alteraes da transparncia corneana e da sua


espessura.

Formao de pannus fibrovascular.

O epitlio corneano e conjuntival continua a proliferar, na tentativa de restaurar a


normalidade da estrutura e da funo da superfcie ocular. Nas formas mais graves, a
reepitelizao est atrasada, ocorrendo uma proteolise excessiva do estroma, com
adelgaamento e risco de perfurao.

Os erros mais comuns so: no usar o tratamento antiinflamatorio mais adequado e


no se controlar o adelgaamento progressivo do estroma corneano, de modo a ser
evitada a perfurao.

4.FASE REPARADORA TARDIA (21 DIAS E MESES)

H 2 grupos, dependendo da evoluo da reepiteliazao.

O 1 grupo A epiteliazao est completa.

Ocorre:

Anestesia corneana
Alterao das clulas caliciformes e mucnicas
Alterao processo regenerativo na membrana basal e da adeso celular
Nas formas mais graves, desenvolve-se um pannus fibrovascular na crnea.

O 2 grupo - so os casos de pior prognstico. A reepitelizao corneana produz-se a


partir do epitlio da conjuntiva.

A superfcie ocular evolui com uma vascularizao e cicatrizao, deficincia mucnica


e das clulas caliciformes e eroses epiteliais recurrentes.40

Sndrome do Olho Vermelho 96


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PROGNSTICO

A extenso da leso e o prognstico depende duma multiplicidade de factores, como o


tipo e a quantidade do agente custico, o PH e a durao da exposio.

O aspecto da rea perilimbica um dos factores mais importantes no prognstico.


reas maiores de embranquecimento perilimbico so mais susceptveis de
desenvolver lceras da crnea e perfurao.

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6. CORNEA
A funo da crnea fundamentalmente ptica ( uma lente convergente), da ser
importante a manuteno da sua transparncia. A transparncia corneana resulta
duma:

- Organizao regular das fibrilhas de colagnio, estruturadas em feixes paralelos.

- Duma taxa determinada de colagnio.

- Da sua avascularidade.

Da superfcie para a profundidade, apresenta as seguintes camadas:

Epitlio (clulas estratificadas).

Membrana Bowman.

Estroma (representa 90% da espessura corneana). A sua transparncia deve-


se estrutura tridimensional regular das fibrilhas de colagnio, que se
organizam em feixes paralelos.

Membrana Descemet.

Endotlio (monocamada de clulas hexagonais, sem capacidade de


regenerao).

A crnea ligeiramente elptica, com um dimetro vertical (10,5 mm) menor do que o
dimetro horizontal (11,7 -12 mm). Apresenta uma espessura menor na rea central
(520 micrometros) do que na periferia (650 micrometros).14

A curvatura corneana mais pronunciada nos 4 mm centrais (eixo ptico) do que na


crnea perifrica.

6.1. ULCERA CORNEANA BACTERIANA

Ou Queratite bacteriana.

Caracteriza-se por um processo inflamatrio que afecta as partes centrais ou


perifricas da crnea.

uma patologia grave, dado constituir uma causa importante de deficit visual.

A maioria das infeces bacterianas da crnea so secundrias ao uso de lentes de


contacto, a traumatismos ou imunodeficincia. Quando existe uma disrupo da
integridade da barreira do epitlio, as bactrias invadem o estroma, provocando a
infeco.

Sndrome do Olho Vermelho 98


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As caractersticas da afeco variam segundo o tipo de microorganismo, a sua


virulncia e a imunidade do hospedeiro.

As lceras corneanas bacterianas so causadas por organismos gram + e gram -. So


mais frequentes as lceras corneanas bacterianas por gram +.

O uso de lentes de contacto o principal factor de risco para o desenvolvimento de


47
queratite bacteriana .10 a 30 doentes por 1000.000 que usam lentes de contacto
48,49
desenvolvem queratite bacteriana, anualmente, nos Estados Unidos . 10% das
lentes de contacto abriga na sua superfcie bactrias gram ( altamente patognico
mesmo em indivduos assintomticos).50

Clnica Hipermia conjuntival intensa (injeco ciliar), dor, sensao corpo estranho,
fotofobia, lacrimejo, diminuio da acuidade visual, edema conjuntival, edema
palpebral e secreo conjuntival mucopurulenta.

Fig. 6.1 lcera da crnea com hipopion. Fig. 6.2 - lcera da crnea com hipopion.

Ex. biomicroscopico Defeito epitelial corneano, com exsudao mucopurulenta,


supurao do estroma, infiltrado branco-amarelado no leito da ulcera e reaco
inflamatria na cmara anterior (uveite anterior, hipopion).

Complicaes/ Sequelas:

Astigmatismo irregular.

Cicatrizao e vascularizao corneanas.

Perfurao da crnea (as lceras bacterianas podem progredir para perfurao


em menos de 24 horas, se no forem tratadas correctamente).

Sndrome do Olho Vermelho 99


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Fig. 6.3 lcera da crnea central, com hipopion.

Factores de risco: patologias (queimaduras, olho seco grave, blefarite), traumatismos


fsicos (uso lentes contacto, traumatismos, devios das pestanas), antecedentes de
cirurgia crnea (transplante crnea, cirurgia refractiva), iatrognicos, dietticos
(deficincia de vitamina A), abuso de esterides tpicos, abuso de antivirais,
medicao imunosupressora, causas sociais (alcoolismo).

Todas as lceras corneanas supostamente infecciosas devem tratar-se empiricamente


como lceras bacterianas, at que seja identificado o microorganismo especifico.

ULCERA CORNEANA POR PSEUDOMONAS

o gram mais frequentemente encontrado nas lceras da crnea.

Necessita duma ruptura ou defeito epitelial corneano, onde vai aderir e proliferar.

Dor intensa. Evoluo rpida.

Secreo mucopurulenta profusa.

lcera de forma arredondada, cor esbranquiada, bordos bem definidos.

O microorganismo produz enzimas destrutivos (proteases, lipase, elastase) que


provocam uma lcera necrtica corneana, provocando um aspecto gelatinoso.

Edema conjuntiva e da crnea.

Hippion proeminente

Encontra-se frequentemente como contaminante na soluo das lentes de contacto ou


de colrios.

6.2. QUERATITE VIRAL, NO HERPTICA

Ou queratoconjuntivite epidmica.

Secreo aquosa, de incio agudo, com sensao de corpo estranho e fotofobia.

Sndrome do Olho Vermelho 100


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Associao com hemorragia subconjuntival, pseudomembranas, folculos e edema


palpebral.

Afeco bilateral em 50% dos casos.

Associao com infeco respiratria alta.

Evoluo - hipermia conjuntival surge em 2 dias, secreo aquosa ao 3 dia e


reaco folicular por 2-3 semanas.

Queratite epitelial ponteada ocorre entre o 7 e o 14 dia, com fotofobia.

Complicaes /sequelas - as pseudomembranas podem levar formao de


simblfaro e cicatrizao conjuntival.

Os infiltrados virais podem persistir durante meses ou anos.

6.3. QUERATITE POR HERPES SIMPLES

A queratite por herpes simples a principal causa de cegueira infecciosa nos pases
desenvolvidos.51

A infeco da crnea pelo vrus herpes simples pode afectar o epitlio, o estroma ou o
endotlio. Pode originar tambm uma blefarite, conjuntivite e uveite anterior.

A afeco epitelial mais frequente e caracterstica a queratite ou ulcera corneana


dendritica. Inicialmente uma queratite ponteada, mas evolui posteriormente para
uma queratite dendritica (forma de ramos de arvores, com bulbos terminais).

H 2 tipos de infeco com o herpes simples: primria e recurrente. A infeco


primria habitualmente leve e subclnica.51

Clnica Sinais funcionais frequentemente unilaterais (fotofobia, injeco ciliar, dor


ocular, lacrimejo e diminuio da acuidade visual).

Mltiplos factores causam a recurrncia : febre, mesntruao, luz solar e stress


emocional.

Os sintomas so mais intensos na infncia.

CLASSIFICAO DAS QUERATITES HERPTICAS:

Podem afectar o epitlio, o estroma e o endotlio corneano.

a) QUERATITE EPITELIAL HERPTICA

Sndrome do Olho Vermelho 101


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Queratite ponteada superficial

Queratite dendritica

Queratite geogrfica

Queratite marginal

b) QUERATITE ESTROMAIS HERPTICAS

Queratite necrosante

Queratite intersticial

c) ENDOTELITE HERPTICA (Rara. Podendo associar-se a uveite anterior, edema


crnea e precipitados querticos)

Endotelite disciforme

Endotelite difusa

Endotelite linear

Endotelite sectorial

Fig. 6.4 - Queratite dendritica. Fig. 6.5 - Queratite dendritica.

A primoinfeco pode apresentar-se


com erupo vesicular da pele das
plpebras ou periocular.

Febre, mal estar e linfadenopatia


preauricular.

A maioria dos casos de primoinfeco


so subclnicos.

Fig. 6.6 - Queratite dendritica.

Sndrome do Olho Vermelho 102


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As recurrncias so uma caracterstica da queratite por herpes simples

As infeces herpticas recurrentes ocorrem em cerca de 24% dos casos no 1 ano e


ocorrem em cerca de 68% dos casos aps 2 anos.

As mltiplas recidivas e sobretudo se atingirem o estroma corneano, pode ser uma


causa de cegueira.

Os traumatismos fsicos podem reactivar a queratite por herpes simples, tal como o
tratamento com costicosteroides tpicos ou sistmicos.

6.4. QUERATITE POR HERPES ZOSTER

Exantema vesicular aguda, doloroso, na pele das plpebras, no territrio cutneo do


primeiro ramo do V par craniano.

Unilateral, no ultrapassando a linha mdia.

As vesculas na ponta do nariz (sinal de Hutchinson) indicam a existncia duma


afeco ocular (cerca de 60% dos doentes com zona oftlmica desenvolvem leses
oculares (envolvimento do ramo nasociliar) 25

Clnica Conjuntivite, com hipertrofia papilar e folicular, pseudomembranas e


membranas.

Envolvimento crnea - Descritas 5 formas clnicas :

- queratite epitelial

- queratite estromal numular

- queratite disciforme

- queratite lmbica

- queratite neurotrfica

Normalmente a queratite epitelial ponteada desaparece em 2-3 semanas.

Pode persistir uma nevralgia postherptica.

Uvete granulomatosa e no granulomatosa.

Sintomas prodrmicos so: cefaleia, febre, mal estar, viso enevoada e dor ocular.

Complicaes/ sequelas ectropion, entrpion, queratite neurotrfica (devido perda


de sensibilidade corneana) e glaucoma.

Sndrome do Olho Vermelho 103


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6.5 QUERATITE NA D.LYME

(borrelia burgdorferi)

Manifestaes clnicas: 14

Estdio 1 Conjuntivite e fotofobia

Estdio 2 uveite, vitrite, pars planite, coroidite, panoftalmia, edema papila, neurite
ptica.

Estdio 3 Queratite do estroma, episclerite e miosite orbitaria.

Manifestaes sistmicas Exantema, eritema migrans, alteraes cardacas,


neurolgicas e artrite.

A espiroqueta Borrelia Burgdorferi transmite-se pela picada dum vector, a carraa


Ixodes Dammini.

Complicaes cicatrizao corneana, paralisia de pares cranianos, neuropatia


perifrica.

6.6 QUERATITE MICTICA

Representa 3-33% das lceras corneanas.

O principal factor para o desenvolvimento de queratite a fungos a ruptura da barreira


do epitlio corneano,53 consecutiva a um traumatismo com material vegetal
(habitualmente ramos de arvore).Ocorre igualmente na imunosupresso causada por
corticoterapia crnica e doenas sistmicas. Tambm pode ocorrer aps
54
procedimentos cirrgicos ou uso de lentes de contacto

Dor, fotofobia, lacrimejo, hipermia conjuntival, secreo conjuntival, sensao corpo


estranho. Reaco da cmara anterior e edema corneano.

A gravidade da infeco depende da patogenicidade do microorganismo, da


integridade anatmica da crnea, do uso prvio de esterides e do status imunolgico
do hospedeiro.

Opacidades corneanas branco-acinzentadas, com bordos no ntidos.A presena de


pigmento no infiltrado caracterstico da infeco fngica.

Defeitos epiteliais centrais.

Leses satlites ao redor dos infiltrados corneanos principais, com hipopion.

Pode ocorrer 36-48 horas, aps o traumatismo ocular.

Sndrome do Olho Vermelho 104


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Incio e evoluo lenta, contrariamente s queratites bacterianas.

Hippion.

Complicaes as leses sem tratamento evoluem para perfurao do globo ocular e


endoftalmite.

O tratamento deve manter-se durante 12 semanas.

6.7 QUERATITE POR ACANTHAMOEBA

Causa rara de queratite infecciosa.

O factor de risco mais importante nos casos de queratite a acanthamoeba o uso de


lentes de contacto.

Antecedentes de soro fisiolgico de manipulao para limpar as lentes de contacto ou


nadar em piscinas pblicas com lentes de contacto colocadas.

uma queratite estromal grave.

Clnica - dor ocular, fotofobia intensa, edema palpebral, quemose, hiperemia


conjuntival, sensao de corpo estranho e reaco cmara anterior.A dor tem a
particularidade de ser desproporcional apresentao clnica.55

Inicialmente surge como uma pequena eroso crnea, irregularidades e infiltrados


pseudodendrticos ou pontes elevadas epiteliais. Duas semanas aps surge um
infiltrado do estroma e precipitados querticos. A existncia dum anel de infiltrado
anular tpico ao redor da opacidade central caracterstico.

Geralmente tem uma progresso lenta, com episdios de regresso e recidivas.56

Complicao adelgaamento progressivo da crnea e perfurao ocular.

Pode associar-se com sobreinfeco bacteriana.

Factores de risco secura ocular, imunodepresso, leso do epitlio corneano.

6.8 INFLAMAO CORNEA

A) ULCERA MOOREN

lcera perifrica da crnea, autoimune, crnica, bilateral, progressiva, inflamatria e


dolorosa.

Rara.

Sndrome do Olho Vermelho 105


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Dor ocular intensa, fotofobia e lacrimejo.

Clinicamente, inicia-se como um defeito epitelial pequeno na crnea perifrica e


marcada congesto conjuntival adjacente. No existe um zona clara entre o limbo e a
ulcera de mooren, o que a distingue das queratites marginais.

Infiltrados na zona de fenda interpalpebral, seguida de lcera crnea.

Inicialmente progride circunferencialmente, e depois radiriamente para o centro e


para o estroma corneano, nos estdios finais da doena.

Cura com vascularizao e fibrose da conjuntiva, com crnea delgada e vascularizada.


E astigmatismo irregular.

Risco de perfurao crnea, sobretudo nos casos bilaterais graves.

Associao ocasional a hepatite C.

Etiopatogenia desconhecida.

Dois tipos clnicos:

Em jovens - bilateral, grave e dolorosa. Destruio progressiva da crnea.

Em idosos - menos grave e menos dolorosa. Melhor prognstico.

Devem descartar-se as causas de vasculites necrosante sistmica.

No ocorre envolvimento escleral.

B) QUERATOCONJUNTIVITE LMBICA SUPERIOR

Inflamao crnica, focal e recidivante da conjuntiva bulbar superior, com queratite


epitelial adjacente, envolvendo o limbo e hipertrofia papilar da conjuntiva tarsal
superior.

Hipermia conjuntival, dor, sensao corpo estranho, fotofobia, lacrimejo.

Hipermia conjuntival bulbar superior, queratinizada, espessa e redundante. Pannus


fino da crnea superior.

Mais frequente no sexo feminino e adultos.

Frequentemente h queratite fina filamentar.

Diminuio gradual de tolerncia s lentes de contacto.

Patogenia laxidez da conjuntiva bulbar superior (?)

Prognstico excelente (sintomas podem persistir anos).

Sndrome do Olho Vermelho 106


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6.9 TRAUMATISMOS CORNEA

Quando o traumatismo afecta o epitlio mais superficial, chama-se exfoliao


corneana.

Eroso crnea afecta todo o epitlio, sem lesar a membrana de Bowman.

lcera crnea se atinge o estroma.

CLNICA:

Dor, lacrimejo, sensao corpo estranho, blefaroespasmo, hipermia ciliar


ligeira.

Ex. biomicroscpio o defeito epitelial fcil de diagnosticar pela aplicao de


fluoresceina (identifica qualquer disrupo da superfcie da superfcie epitelial
corneana).

As clulas epiteliais comeam a replicao antes das 24 horas, at que restaurem a


espessura normal da camada epitelial.

CORPO ESTRANHO CRNEA

A no extraco do corpo estranho metlico intracorneano perpetua a inflamao.

Fig. 6.7 Corpo estranho (limalha) crnea. Fig. 6.8 Anel de pigmento ps corpo estranho (limalha).

CORPO ESTRANHO NA CONJUNTIVA TARSAL SUPERIOR

As leses verticais indiciam a presena dum corpo estranho na conjuntiva tarsal


superior.

Produz uma leso epitelial a cada movimento de pestanejo. Pode provocar eroso da
crnea.

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Risco potencial de sobreinfeco bacteriana.

EROSES CORNEANAS RECURRENTES

Crises recurrentes de dor ocular, fotofobia e lacrimejo, sobretudo durante o sono ou ao


acordar.

Antecedentes de traumatismo ocular.

Pode haver microquistos epiteliais corneanos, edema epitelial, flictenas e perda


epitelial.

FACTOR RISCO traumatismo ocular ou diabetes mellitus (tm membrana basal


epitelial anmala).

6.10 QUERATITE POR ULTRAVIOLETAS

Incio sintomatologia ocorre 8-24 horas aps a exposio.

Dor, fotofobia, sensao corpo estranho, hipermia conjuntival, lacrimejo, queratite


epitelial ponteada.

O prognstico da recuperao visual excelente.

Patogenia Exposio excessiva a radiao de comprimento de onda de cerca de 290


nanometros. Provoca inibio da mitose e perda da aderncia intercelular.

6.11 QUERATITE NEUROTRFICA

uma doena corneana degenerativa.

Rara.

Sinais precoces queratite ponteada


epitelial e defeito pin point epitelial.

Defeitos epiteliais corneanos clssicos


redondos ou ovalados, com bordos
empilhados.

Primria ou secundria a doenas


oculares ou sistmicas.

Fig. 6.9 Queratite neuotrfica ps herpes simples.

Sndrome do Olho Vermelho 108


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Os defeitos epiteliais no reepitelizam, podendo levar a lcera crnea trfica, melting


da crnea e descemetocelo.

A deficincia do filme lacrimal agrava e piora o prognstico da patologia.

Progride para lceras corneanas e perfurao.

Associada uma deficincia das stem cells lmbicas.

Etiopatogenia A perda de inervao sensitiva corneana provoca uma diminuio do


metabolismo e mitose das clulas epiteliais corneanas e defeitos epiteliais.

Infeco viral (herpes simples ou herpes zster)


Leses intracranianas (neurinomas, meningiomas, aneurismas)
Diabetes, esclerose mltipla e lepra
Queimaduras qumicas
Abuso de anestsicos tpicos
Radioterapia
Ps cirurgia corneana
Abuso de lentes de contacto
Terapia sistmica (neurolpticos, antipsicticos e anti-histamnicos)

Clnica - A classificao Mackie 57,58 distingue trs estdios:

a) Estdio 1 queratite ponteda, hiperplasia e iregularidade epitelial,


neovascularizao superficial da crnea e cicatrizao do estroma.

b) Estdio 2 defeito epitelial persistente, mais frequentemente localizado na metade


superior da crnea.

c) Estdio 3 compromisso do estroma, com ulcera crnea e perfurao.

O prognstico depende da causa de leso da sensibilidade corneana, do grau de


anestesia/hipoestesia corneana, do olho seco, deficit lmbico.

6.12 ULCERAS CORNEANAS PERIFERICAS NO INFECCIOSAS

Tambm chamada queratite marginal.

As reaces por hipersensibilidade a estafilococos conduzem frequentemente a leses


perifricas corneanas ou do limbo.

A queratite marginal inicia-se como um infiltrado da crnea perifrica (sinal


diagnstico), separado do limbo por uma rea mnima de crnea s.

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Fig. 6.10 lcera corneana perifrica Fig. 6.11 lcera crnea perifrica, corada com fluorescena

Fotofobia, dor, lacrimejo e sensao corpo estranho (podem durar 2-3 semanas).

Leso inflamatria destrutiva, em forma de meia lua, na periferia da crnea.

Associada a defeito epitelial e a um infiltrado subepitelial.

Uni ou bilateral.

Progride de forma circunferencial (contrriamente s lceras infecciosas que


progridem para o centro da crnea).

Podem apresentar uma leso satlite unida por um infiltrado.

Episclerite adjacente e hipermia lmbica.

Podem evoluir para adelgaamento, descemetocelo e perfurao corneana.

Isolada ou associada a doena infecciosa e no infecciosa, oculares ou sistmicas


(vasculites sistmicas, doena dermatolgica, leucemia).

A artrite reumatide uma doena de colagnio mais frequetemente associada a


ulcera perifrica crnea.

Patogenia desconhecida. Autoimune.

Deposio imunocomplexos nos vasos lmbicos activao da cascata de


complemento quimiotaxia das clulas inflamatrias (neutrfilos e macrofagos)
libertao de enzimas coalagenoliticos e proteoglicanoliticos destruio do tecido
corneano

A lcera perifrica crnea pode constituir o primeiro sinal duma vasculite sistmica.59

Diagnstico diferencial Infiltrados infecciosos perifricos (por estafilococos).


Doloroso, forma redonda, defeitos epiteliais e uveite. Infiltrado nico e no recurrente.

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6.14. QUERATOCONE AGUDO

Ou hydrops.

Estdio avanado de queratocone (ectasia corneana axial, de origem no


inflamatria), caracterizado por um edema macisso do estroma, olho vermelho, dor e
perda viso sbita.

Pode resolver-se em semanas, deixando um leucoma profundo, vascularizado.


Ocasionalmente, assume a forma dum globo. Raramente ocorre uma ruptura
espontnea da crnea.

Fig. 6.12 Queratocone agudo.

6.15.QUERATOPATIA BOLHOSA

Entidade clnica, caracterizada por mltiplas causas e patognese complexa.

Caracterizada pela existncia de uma hidratao do estroma e epitlio corneano,


levando formao de micro e macrobolhas, acompanhada de leses endoteliais e
alterao do metabolismo corneano.

Fig. 6.13 Queratopatia bolhosa. Fig. 6.14 Ps ruptura bolha.

Causas:

Doenas corneanas (distrofias do endotelio e estroma)

Sndrome do Olho Vermelho 111


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Trauma
Cirurgia (pos facectomia, cirurgia refractiva, leo silicone, iridotomia rgon-
laser)
Glaucoma
Agentes txicos

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7. DOENAS DA ESCLERA
A esclera constitui a camada mais externa do globo ocular, adequando-se de forma
elstica, presso intraocular.

O estroma da esclera composto por feixes de fibras de colagnio, de tamanho e


forma variveis, distribudos de uma forma no uniforme.

Colorao esbranquiada.

A esclera pode ser afectada por processos inflamatrios e processos no


inflamatrios.

EPISCLERITE

um processo inflamatrio circunscrito, do tecido conjuntivo laxo localizado entre a


conjuntiva e a esclera, predominantemente na zona perilmbica.

Ocorre em doentes jovens, sobretudo do sexo feminino.

Habitualmente recurrente no mesmo olho e associada a doena sistmica (eritema


nodoso, herpes zster, sfilis). Mobilidade sobre os planos profundos.

Duas formas clnicas: simples e nodular.

EPISCLERITE SIMPLES

Provoca uma hipermia localizada, sectorial ou difusa, na superfcie do globo ocular,


mas podendo afectar difusamente todo o segmento anterior.

Incio quase sempre sbito. Sensao corpo estranho.

Pode apresentar dor moderada, que no irradia.

Etiologia desconhecida.

Sem secreo conjuntival.

Doena autolimitada, atinge o pico mximo em 12 horas, desaparecendo


gradualmente em 2-3 semanas.

EPISCLERITE NODULAR

A inflamao est confinada a uma rea localizada.

Tende a afectar mais os jovens, sexo feminino.

Incio menos agudo e uma evoluo mais prolongada do que a espisclerite simples.

Sndrome do Olho Vermelho 113


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Olho vermelho, que se nota mais ao despertar. Dor moderada e sensao de corpo
estranho.

2-3 dias depois, a rea avermelhada aumenta de tamanho. Apresenta dor palpao.

Autolimitada.

ESCLERITE

Mais rara e mais profunda do que as episclerites.

Caracteriza-se por inflamao do estroma da esclera. A maioria das inflamaes da


esclera so no infecciosas.

Contrariamente episclerite, no um quadro clnico benigno, podendo ter graves


consequncias para o globo ocular, pelas suas complicaes.

Pode ser uma manifestao isolada ou associar-se a uma doena inflamatria


sistmica.

Unilateral, bilateral simultnea ou alternando dum olho para o outro.

A durao da inflamao varivel (pode durar meses ou persistir vrios anos) 59, 60

ESCLERITE ANTERIOR NO NECROTIZANTE

ESCLERITE DIFUSA

Ligeiramente mais frequente no sexo feminino. 5 dcada.

Apresenta-se com olho vermelho

Dias depois, surge uma dor intensa, profunda, que pode irradiar face.
Caracteristicamente, exacerbada pelos movimentos do globo ocular ou pela leitura.
Fotofobia, hiperestesia e epfora associadas.

Provoca miose e miopia transitrias.

A esclerite pode ocorrer associada a doenas autoimunes (espondilite, artrite


reumatide, poliarterite nodosa e lpus).

A eslerite tem uma forma grave de apresentao: a esclerite necrosante, a


escleromalacia necrosante ou esclerite posterior. Produzem uma esclera fina, com
exposio do tecido uveal translucente, podendo levar perfurao do globo ocular.

Recurrncias frequentes.

Sndrome do Olho Vermelho 114


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A durao da doena habitualmente 6 anos. A frequncia de recurrncias diminui a


partir dos 18 meses de patologia.

ESCLERITE NODULAR

Incidncia igual esclerite difusa.

Frequncia maior em herpes zster prvio.

Apresentao com dor insidiosa, acompanhada de olho vermelho, dor palpao

Ndulo escleral (nico ou mltiplos), sobretudo localizados na regio interpalpebral, a


3-4 mm da regio lmbica. Colorao vermelho-azulado.

Os ndulos mltiplos podem confluir.

ESCLERITE ANTERIOR NECROTIZANTE

uma forma grave de esclerite.

Idade incio mais tardia do que a forma no necrotizante (em mdia 60 anos idade)

Bilateral em 60% dos casos.

A dor intensa interfere com o sono.

Apresentao clnica, com dor que gradualmente se torna mais intensa, persistente,
com irradiao. Ndulos de centro esbranquiado ou amarelado. A evoluo faz-se em
semanas para ulcerao.

Adelgaamento escleral por necrose escleral, com visualizao da coroide, atravs do


tecido cicatricial translcido.

Associao com artrite reumatide.

TIPOS ESPECFICOS 58

Esclerite necrotizante vasooclusiva, granulomatosa (associada a Granulomatose


Wegener e Poliarterite nodosa)

Esclerite induzida cirurgicamente (aps cirurgia do estrabismo, trabeculectomia,


cerclage).

Sndrome do Olho Vermelho 115


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ESCLEROQUERATITE o atingimento corneano ocorer em 50%dos doentes com


esclerite: edema do estroma corneano com neovascularizao. Pode evoluir para
perfurao corneana.

ESCLEROUVETE Uvete de grau varivel, que pode originar secluso pupilar.

ESCLEROMALCIA PERFURANTE

Indolor e no inflamatria. Associada com um processo degenerativo ou necrtico da


esclera.

um tipo especfico de esclerite necrotizante que afecta mulheres idosas com artrite
reumatide crnica.

Clnica - Irritao ocular inespecfica. Pode suspeitar-se duma queratoconjuntivite


seca.

evoluo lenta e gradual para o adelgaamento da esclertica e exposio da uvea


subjacente.

ESCLERITE POSTERIOR

Mau prognstico. Grave.

Refere-se a uma inflamao atrs do equador do globo ocular.

Potencialmente pode levar cegueira

Idade de incio em idades inferiores a 40 anos.

Bilateral em 35% dos casos.

Os doentes com esclerite posterior podem cegar rapidamente. Importante o


diagnstico precoce.

Dor retro-ocular que aumenta com os movimentos oculares.

Dor palpao habitual. Viso desfocada. Fotofobia.

Descolamento retina exsudativo (em cerca de 25% dos casos).

Descolamento coroideu. Pregas coroideias.

Massa subretiniana pardoamarelada.

Edema do disco ptico.

Miosite. Diplopia. Proptose eventual.

Sndrome do Olho Vermelho 116


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8. UVEITES ANTERIORES
So inflamaes da uvea (a inflamao uma reaco patolgica do organismo,
provocada pela entrada em aco de Ag microbiolgicos, tissulares ou outros). Esta
reaco faz-se graas s Ig, no caso da imunidade celular e linfocitos T, no caso da
hipersensibilidade retardada.

So as formas mais frequentes de uvetes (12/100.000/ ano).

As manifestaes clnicas mais importantes das uvetes anteriores so: hipermia


ciliar, tyndall do humor aquoso, precipitados endoteliais, ndulos ris e sinquias
posteriores.

A uvete anterior aguda a forma mais frequente (ocorre em dos casos).


Caracteriza-se por ser de incio sbito e ter uma durao inferior a 3 meses.

A uvea, bem protegida pela esclera, no acessvel aos microorganismos (excepto


nas feridas do segmento anterior).

Segundo o segmento anatmico da uvea (ris, corpo ciliar, coroide ou as trs), assim
falamos de irite, coroidite e panuveite).

Fig. 8.1 veite anterior bilateral.

CLASSIFICAO

As uveites so classificadas em funo do seu modo evolutivo ou em funo do seu


carcter reaccional.

Modo evolutivo:

Agudo
Subagudo
Crnico

Caracterstica reaccional:

Sndrome do Olho Vermelho 117


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Serosa
Fibrino-plastica
Purulenta
Woods fez uma classificao baseada na classificao histopatolgica em: 63

a) Granulomatosas (correspondem s formas crnicas de tipo fibrinoplstico).

b) No granulomatosas (correspondem s formas agudas de tipo seroso ou


purulento).

A multiplicidade das classificaes origina confuso. Um exemplo o termo agudo que


traduz uma noo de intensidade, enquanto que o termo crnico expresso da
durao da uveite.

CRITRIOS EVOLUTIVOS

Incio (sbito ou insidioso).

Perfil evolutivo.

nico incio sbito e durao limitada.

Recurrente episdios repetidos, separados por um perodo de inactividade de


pelo menos 3 meses.

Remisso doena inactiva, durante pelo menos 3 meses aps a interrupo


do tratamento.

Crnica inflamao persistente, caracterizada por uma recada, pelo menos 3


meses aps a interrupo do tratamento.

Intensidade (fraco (1, 2 cruzes Tyndall) e forte (tyndall maior que 2 cruzes).

Durao (curta ou limitada menor que 3 meses e longa ou persistente, se a


inflamao dura mais que 3 meses).

Resposta ao tratamento (boa ou m).

Cortico-dependncia (sim ou no, segundo a doente tem necessidade ou no de


corticosteroides, de maneira a conseguir a melhoria).

CLASSIFICAO:

UVEITES ANTERIORES AGUDAS

Sndrome do Olho Vermelho 118


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UVEITES ANTERIORES CRNICAS

Fig. 8.2 veite anterior (hipermia ciliar e miose).

UVEITES ANTERIORES AGUDAS

SINAIS FUNCIONAIS

Acuidade visual varivel, habitualmente diminuio.

Injeco ciliar colorao violcea

Dor ocular

Fotofobia

Modificao da viso das cores

Miose por espasmo do esfncter iridiano. Pode predispor formao de


sinquias.

Depsitos endoteliais precipitados corneanos ocorrem em dias.


Correspondem a depsitos no endotlio corneano.64 So de 3 tipos:

Finos, predominando ao nvel hemicrnea inferior

Granulomatosos, por vezesconfluindo em gordura de carneiro

Espiculados, repartidos de maneira difusa.

Clulas do Humor aquoso indicam actividade e o seu nmero reflecte a


intensidade.36

A classificao efectua-se na lmpada de fenda, com um feixe de luz de 2 mm


comprimento e 1 mm de altura.

Sndrome do Olho Vermelho 119


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Grau Clulas em campo

0 <1
1+ 6-15
2+ 16-25
3+ 26-50
4+ > 50

Fig. 8.3 Tyndal.

Clulas do vtreo anterior (indicam iridociclite)

Turvao do humor aquoso (reflecte a presena de protenas devido a uma


alterao da barreira hematoaquosa.64 Visualiza-se com o feixe de luz na
lmpada de fenda.

0 Ausente
1+ Dbil
Moderada (detalhes da ris e
2+
cristalino visveis)
3+ Marcada
4+ Intensa (exsudado fibrinoso)

Exsudado fibrinoso no humor aquoso

Hipopion um sinal de inflamao intensa, na qual as clulas se depositam


na poro inferior da cmara anterior (formam um nvel horizontal).

No Sind. Behet, o hipopion tem uma quantidade pequena de fibrina desloca-


se fcilmente consoante os movimentos da cabea.

Sinquias posteriores devem romper-se antes que se convertam em


permanentes.

Sndrome do Olho Vermelho 120


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Presso intraocular baixa comum. Por diminuio da secreo de humor


aquoso, excepto na uveite hipertensiva, uveite herptica ou no Sind. Posner-
schlossman, em que est elevada.

UVEITE ANTERIOR CRNICA

Menos comum.

Caracteriza-se por uma inflamao persistente, com um episdio recurrente em pelo


menos 3 meses aps a interrupo do tratamento.

Inflamao granulomatosa/no granulomatosa.

Bilateralidade mais frequente que na uveite anterior aguda.

SINAIS

Olho pode ser branco ou rasceo durante os perodos de exacerbao da


inflamao.

Turvao do humor aquoso pode ser marcada (pode ser um indicador da


actividade da inflamao).

Precipitados endoteliais, compostos por clulas epiteliides, linfcitos e


polimorfonucleares. Grandes, em gordura de carneiro, mais numerosos na
poro inferior. Podem pigmentar-se.

Ndulos da ris na doena granulomatosa.

Ndulos Koeppe pequenos, localizados no bordo pupilar

Ndulos Busacca estroma

Ndulos grandes e rosados (uveite por sarcoidose).

As remisses e reagudizaes so habituais.

Sndrome do Olho Vermelho 121


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Fig. 8.4 Hipermia ciliar. Fig. 8.5 Feixe luz da lmpada fenda na cmara anterior.

UVETES ANTERIORES

- IRITES

- IRIDOCICLITES

IRITES (a inflamao afecta principalmente a ris)

Rara.
Isolada quase sempre aguda e no granulomatosa.
Incio sbito e que pode ser muito doloroso.
Manifesta-se pela trade: EPFORA, FOTOFOBIA E ESPASMO ORBICULAR.
Edema estroma ris.
Cura em 10-15 dias.
A dor habitualmente irradia at regio fronto-temporal (consequncia da
hiperemia e congesto do musculo ciliar e dos tecidos iridiano e escleral).
O ponto de partida da inflamao situa-se na zona tributria do grande crculo
arterial da ris.

IRIDOCICLITES (a inflamao afecta a ris e o corpo ciliar)

So menos agudas e tambm menos benignas.


So quase sempre bilaterais.
Evoluo recidivante ou de maneira crnica.
Sintomas menos marcados, nomeadamente a dor!
Precipitados querticos mais importantes (maiores e mais espessos).
Nas iridociclites crnicas, o exame s revela uma injeco ciliar discreta.
A ris apresenta zonas de edema e placas de atrofia da ris.
Flocos de fibrina que se depositam sobre a ris, formando um cogumelo adiante
da pupila.

Sndrome do Olho Vermelho 122


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Fig. 8.6 Membrana fibrina.

Sinquias posteriores (se mltiplas podem levar a secluso pupilar).

Fig. 8.7 Sinquias posteriores. Fig. 8.8 Pigmento na cmara anterior cristalino ps
ruptura sinquias posteriores.

INSUCESSO PESQUISA ETIOLGICA

A etiologia de qualquer doena inflamatria importante, porque s ela permite um


tratamento especfico. No entanto na uveite habitualmente a pesquisa etiolgica
traduz-se por um insucesso devido:

1) Um tecido uveal especializado, mas simples. Composto de vasos e pouco


tecido mesenquimatoso, pigmentos e epitlio. O aspecto da reaco
inflamatria da uvete no varia segundo a etiologia seja microbiolgica,
txica ou alrgica.

2) A uvea raramente invadida por agentes microbiolgicos patognicos. As


uvetes bacterianas so consequncia de um traumatismo corneano ou
conjuntival. Mesmo que os organismos estivessem realmente na uvea
durante o episdio inflamatrio, a sua colocao em evidncia, e ainda mais o
seu isolamento, so difceis. A biopsia que pode efectuar no estado agudo da
iridociclite a puno do humor aquoso.

Sndrome do Olho Vermelho 123


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ETIOLOGIA

Os diagnsticos etiolgicos de probabilidade so:

1) Agentes patognicos

a) VIRUS (o mais frequente o herpes simples, mesmo na ausncia de


queratite. A varicela e azona caracterizam-se pelo seu aspecto
hemorrgico. Outras causas so varola, adenovrus e influenza).

b) RICKETTSIAS (Febre Q).

c) BACTRIAS (A tuberculose, que causa sobretudo mais uma uveite


posterior).

d) PARASITAS (Onchocercoses).

e) PROTOZORIOS (A Toxoplasmose mais importante no segmento


posterior.

f) FUNGOS (o mais frequente a canddiase).

2) Auto-antignios

a) AUTO Ag TISSULARES

FORMAS EXOGENAS

Ainda que relativamente raras, mas que podem ter um mau prognstico.

OFTALMIA SIMPTICA

UVEITE FACO-ANTIGNICA

ENDOFTALMIA

FORMAS ENDOGENAS

1) INFECCIOSAS

Tuberculose, sfilis, lepra, vrus, candidase, cocciodomicose, criptococse,


aspergilose, toxoplasmose, tripanosomase, amebase, toxocariose,
onchocercose

2) NO INFECCIOSAS (mais frequentes - pressupem em geral um mecanismo


imunitrio)

Sndrome do Olho Vermelho 124


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Hipersensibilidade a agentes microbianos, virais ou fngicos, D.Behcet, S.Vogt-


koyanagi-harada, iridociclite heterocromtica fuchs, S. Posner-schlossmann,
espomdilartrose anquilosante, S.reiter, A.R. juvenil, colite ulcero-hemorragica.

ORIENTAO DIAGNSTICA

UVEITES GRANULOMATOSAS

Sarcoidose

Tuberculose

Sfilis

Toxoplasmose

D.Lyme

Esclerose em placas

UVEITES COM HIPOPION

HLA B27+, associada ou no a espondilartropatia

Reumatismo psoriatico

D.Crohn

D.Behet

UVEITE FACO-ANTIGNICA

Rara, sobretudo aps facoemulsificao. Podem surgir aps uma catarata


hipermadura com libertao de protenas cristalinas na cmara anterior.

Incio sbito (1-2 dias aps a abertura cpsula - intensa, com edema
palpebral, injeco ciliar, precipitados querticos em gordura de carneiro,
sinquias posteriores. Deve ser distinguida do glaucoma facoltico, que um
glaucoma agudo resultante do bloqueio das malhas do trabculo pelos
macrofagos e massas cristalinas).

Incio insidioso (pouco intenso).

Etiopatogenia Straub diz que um processo de toxicidade s protenas do


cristalino e Verhoeff, aponta um processo alrgico.

Sndrome do Olho Vermelho 125


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UVETE APS IMPLANTE LENTE INTRAOCULAR

PRECOCES (1-4 DIAS)

Ligadas ao traumatismo cirrgico ou s impurezas do implante intraocular.

TARDIAS (mais do que 3 MESES)

Factores mecnicos presso sobre o corpo ciliar

Factor imunolgico

IDIOPATICA

a forma mais comum de inflamao do segmento anterior. No uma


entidade clnica definida.

uma inflamao isolada do segmento anterior que no est associada com


outros sndromes clnicos sistmicos.

mais frequente no sexo masculino e jovens.

36% inflamao ocular e HLAB27+

Precipitados querticos no granulomatosos.

Tyndall, sinquias e fibrina.

ESPONDILITE ANQUILOSANTE

A uvete anterior e a espondilite anquilosante so independentes quanto ao momento


de ecloso e sua intensidade.

Envolvimento ocular (25%) iridociclite intensa, recidivante, com dor intensa e


fotofobia.

Bilateral em 80% dos casos.

Mais frequente no sexo masculino. Homens entre os 15 e os 45 anos idade.

HLAB27 positivo em 90% de doentes com uveite anterior e espondilite.

Sacroileite e restrio pulmonar.

Raros casos de edema macular cistoide e edema papila.

Recurrncias inflamao ocular, em mdia, 3 semanas por ano (sazonais).

Sndrome do Olho Vermelho 126


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O mecanismo pelo qual o AgHLAB27 tem uma funo no desenvolvimento da


uveite anterior aguda mal conhecido.

OFTALMIA SIMPTICA

Uveite granulomatosa com bilateralizao caracterstica.

Relativamente rara.

uma das formas mais graves.

Bilateral, num intervalo de tempo menor que 3 meses (em 45% dos casos).

Inflamao uvea granulomatosa, difusa e no necrosante.

Suspeita-se de oftalmia se no olho lesado ou operado aparecer im injeco


periquertica, fotofobia, lacrimejo, dor e tyndall. Tambm no caso de hemorragias
intraoculares de repetio ou hipertenso ocular persistente.

Tipicamente, o 2 olho tem um incio insidioso, com fotofobia e alterao acomodao.


Posteriormente, a inflamao uveal manifesta-se por diminuio da acuidade visual,
precipitados querticos em gordura de carneiro, turvao vtrea, edema macular e
descolamento retina exsudativo.

EVOLUO Pthisis ocular.

ETIOPATOGENIA Autoimunidade (?)

ARTRITE REUMATIDE JUVENIL

uma afeco progressiva e invalidante, que afecta mais o sexo feminino.

3 formas ( D.Still, atrite poliarticular e artrite panciarticular).

A D.Still s excepcionalmente d iridociclite.

A forma panciarticular a que atinge mais as crianas sexo feminino.

Idade menor que 16 anos.

Factor reumatide negativo.

Poliartrite.

Maior risco de uveite na panciarticular.

Sndrome do Olho Vermelho 127


Enciclopdia de Oftalmologia Antnio Ramalho

A inflamao articular usualmente precede o aparecimento de sintomas


oculares por vrios anos.

A inflamao articular diminui com o aumento da idade, mas a uveite


habitualmente prolonga-se at idade adulta.

Diagnstico diferencial com sarcoidose ocular.

Anticorpos antinucleares ocorrem em 80% de doentes com artrite reumatide e


uveite.

IRIDOCICLITE HETEROCROMTICA FUCHS

Relativamente rara.

uma pseudouvete.

Crnica recurrente.

Os 3 sinais major so hipocromia ris, precipitados querticos caractersticos


(espiculados difusos) e catarata.

Fig. 8.9 Heterocromia da irs. Fig. 8.10 Heterocromia da irs.

Unilateral em 90% dos casos.

Heterocromia ris-

Eiologia controversa - degenerativa ou imunolgica.

Antigamente fazia-se a associao com Toxoplasmose, mas nem todos os


casos tm cicatrizes corioretinianas.

A hipocromia ris secundria a atrofia do estroma que se inicia na zona


pupilar ris.

Sndrome do Olho Vermelho 128


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Os precipitadops querticos so dispersos, pequenos, estrelados e


translcidos.

A catarata surge tardiamente e subcapsular posterior.

D. BECHET

uma afeco relativamente rara.

Aftose boca, lceras genitais (escroto e vulva) e uveite. Leses cutneas


semelhantes a eritema nodoso.

Iridociclite recidivante, no granulomatosa (80%).

Hipopion, por vezes. No patognomnico! Observa-se tambm na espondilite


anquilosante, D.Reiter, D.Crohn e linfoma ocular.

ETIOPATOGENIA - Desconhecida. Vasculite por depsito de imunocomplexos


circulantes (?). O facto dos complexos imunes ter tendncia a acumular-se ao nvel
das membranas basais e provocar vasculite explica o polimorfismo clnico da
D.Behcet.

S. VOGT-KOYANAGI-HARADA

Panuveite bilateral, exsudativa, com vitiligo, poliose, alopecia, meningite e alteraes


auditivas.

Predileco pelos asiticos e bacia mediterrnica.

Trs estadios de evoluo

1. PRODRMICO - febrcula, cefaleias intensas e vertigens

2. OCULAR diminuio sbita viso, sinquias posteriores, precipitados


querticos em gordura carneiro, glaucoma secundrio.

3. CONVALESCENA poliose, vitiligo e sinal siguira (despigmentao


perilimbica em 10% dos casos)

ETIOPATOGENIA - Infeco viral (?)

- Reaco autoimune (?)

Sndrome do Olho Vermelho 129


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UVEITE SARCOIDOSICA

Manifestao comum de sarcoidose generalizada.

Pode iniciar-se sob a forma de iridociclite aguda, com dor, fotofobia e injeco
ciliar, mas na maioria dos casos inicia-se insidiosamente, com uma iridociclite
pouco intensa, com alterao viso.

Incio insidioso ou agudo.

Ndulos brancos, cremosos, plpebras e conjuntiva.

ETIOPATOGENIA - Enigmtica parece tratar-se de uma alterao de cooperao


entre os macrofagos que fagocitam incompletamente o Ag desconhecido e os
linfocitos T.

Sobre a rea da pars plana, observam-se a forma de bancos de neve.

S. REITER

Uretrite, artrite e conjuntivite.

CRITERIOS MAJOR- poliartrite, conjuntivite, iridociclite, uretrite, queratodermia,


blenorragia.

CRITRIOS MINOR fascete. Tendinite, sacroileite, queratite, cistite, diarreia

Patologia definitiva maior ou igual a 3 critrios major ou 2 major e maior ou


igual a 3 critrios.

Provvel se 2 critrios ou 2 critrios minor.

CONJUNTIVITE - 30-40%. Muco-purulenta. o achado mais comum.

IRITE/QUERATITE menos comuns. A queratite ponteada subepitelial e tem


um infiltrado estroma anterior.

IRITE 3-12%. No granulomatosa. Ocorre mais tardiamente. recidivante e


de bom prognstico. Por vezes com hipopion.

ETIOLOGIA aps disenteria gram - ou uretrite no gonococica. O organismo mais


frequente a clamdea trachomatis. Os sintomas ocorrem 2-4 semanas aps o incio
da disenteria.

Sndrome do Olho Vermelho 130


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UVEITES VIRAIS

HERPES SIMPLES

A forma mais frequente a iridociclite acompanhando a queratite herptica.

A iridociclite por herpes simplex manifestao do vrus tipo I, contrariamente


corioretinite que se observa no recm-nascido, consequncia do vrus tipo II.

o Queratite disciforme (crnica e pouco intensa)

o Queratite dendrtica (intensa e glaucoma 2), com precipitados queraticos


em gordura de carneiro. O glaucoma 2 resultado da acumulao de
protenas e clulas inflamatrias no trabculo.

HERPES ZOSTER

frequente provocar uma de iridociclite quando o ramo naso-ciliar do trigmio


atingido.

o Incio insidioso indolor

o Incio sbito, com dores fortes

A iridociclite zosteriana pode ser acompanhada ou no por leses corneanas.

OUTROS

S. SCHLOSSMAN-POSNER-crise glaucomato-cicltica, com crises unilaterais e


recidivantes . Hipertenso ocular e ciclite com edema crnea, midrise, precipitados
querticos pequenos. frequente na Primavera e Outono. Etiopatogenia
desconhecida.

PSORASE Uveite anterior se associada a artrite.

D. INFLAMATORIA INTESTINAL Colite ulcerosa e D.Crohn provocam inflamao


anterior e posterior. Investigar sobre diarreia e sangue, porque a irite pode ser o
primeiro sintoma.

NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA

S. SCHWARTZ uveite anterior com glaucoma e descolamento retina.

TUMORES O pseudotumor ocular inflamatrio pode ter iridociclite. Leucemias.


Metstases (a uveite anterior pode ser o primeiro sinal).

Sndrome do Olho Vermelho 131


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ISQUEMIA DO SEGMENTO ANTERIOR por I.arteria cartida, em doentes idosos. A


pupila fracamente reactiva. Associao com estase venosa e neovascularizao.

D. KAWASAKI - Ou linfonodo mucocutneo. uma vasculite da criana, associada


com uveite anterior. Causa desconhecida. Doena febril com linfadenopatia e eritema
drmico.

XANTOGRANULOMA JUVENIL. Antes da idade de 1 ano. Unilateral. Desenvolve


glaucoma 2 com buftalmus.

RETINOBLASTOMA E MELANOMA COROIDE - podem provocar reaco inflamatria


a nvel do segmento anterior ocular aps necrose do tumor e hipopion.

DIAGNOSTICO DIFERENCIAL

CONJUNTIVITE AGUDA injeco conjuntival com rede superficial de vasos


tortuosos, vermelho vivo no equador. No d fotofobia, lacrimejo ou blefaroespasmo.

QUERATITE / EROSES CORNEA - indispensvel o exame ao biomicroscopio.

GLAUCOMA AGUDO - distingue-se da uveite anterior pela observao da pupila


(midrase no glaucoma.

RUBEOSIS IRIDENS Na uveite anterior de longa durao, a atrofia ris permite a


visualizao de vasos ris que devero ser distinguidos da rubeosis iridens.

TUMORES

COMPLICAES

GLAUCOMA GRAVE. Sobretudo associado a hipertenso ocular. S.Posner-


schlossman, heterocromia fuchs, uveites virais.

CATARATA subcapsular posterior, aps sinequias posteriores.

QUERATOPATIA EM BANDA - complicao da uveite crnica e recidivante. Consiste


em depsitos de calcrio na m. Bowman. Inicia-se na regio lmica entre as 3-9 horas.

ATROFIA IRIS Uveites de longa durao e recidivantes. Atinge o estroma.

DESCOLAMENTO RETINA - exsudativo. No Vogt-Koyanagi-Harada

PHTYSIS DO GLOBO OCULAR estdio terminal de uveite conduzindo cegueira.

Sndrome do Olho Vermelho 132


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9. SISTEMA LACRIMAL
O sistema lacrimal produz e elimina lgrimas, alcanando um equilbrio entre a
lubrificao corneana adequada e a limpeza da superfcie ocular.

O sistema secretor de produo de lgrimas formado por glndulas lacrimais


acessrias (Krause e Wolfring), as glndulas sebceas de Meibomius, Zeiss e as
caliciformes conjuntivais.

A glndula lacrimal principal est dividida pelo elevador da plpebra superior. Localiza-
se na fossa lacrimal, no ngulo supero-externo da rbita, desembocando no fundo
saco conjuntival superior.

As lgrimas, segregadas pelas glndulas lacrimais principais e acessrias, dirigem-se


para o canto interno, atravs da superfcie ocular.

O sistema excretor da lgrima inicia-se nos pontos lacrimais, superior e inferior, o


canal comum, o saco lacrimal (debaixo do ligamento palpebral interno),
desembocando no meato nasal inferior, atravs do canal lcrimo-nasal.

OBSTRUCO CONGNITA DO CANAL LACRIMO-NASAL

A permeabilizao completa do canal lacrimo-nasal s se produz habitualmente pouco


depois do nascimento.

A epfora afecta cerca de 20% dos recem-nascidos. Resolve-se espontaneamente em


cerca de 96% dos casos.

Epfora e pestanas coladas com secreo conjuntival, constantes ou relacionadas


episodicamente com infeco do aparelho respiratrio superior.

Refluxo evidente de material purulento pelo ponto lacrimal, aps a presso sobre o
saco lacrimal.

A dacriocistite aguda rara.

A massagem do canal lacrimo-nasal aconselhada, porque aumenta a presso


hidrosttica, podendo, deste modo, romper a obstruco membranosa.

OBSTRUCO ADQUIRIDA DO CANAL LCRIMO-NASAL

Epfora intermitente e episdios recurrentes de dacriocistite aguda.

Causas: 25

Sndrome do Olho Vermelho 133


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Estenose idioptica (a mais frequente).


Traumatismos nasorbitrios
Doena granulomatosa
Infiltrao por tumores nasofarngeos

CANALICULITE

A canaliculite crnica uma afeco rara, causada habitualmente pelo Actinomyces,


uma bactria anaerbica gram+.

A maioria dos casos no tem causas predisponentes (referidos casos de divertculos


ou obstruco do canalculo).

Epfora unilateral.

Conjuntivite mucopurulenta crnica associada (no responde ao tratamento


convencional).

Sinal diagnstico (ponto lacrimal supurante. Secreo mucopurulenta aps expresso


sobre o canalculo lacrimal.

Inflamao pericanalicular.

No existe obtruco do canal lcrimonasal (contrariamente dacriocistite).

DACRIOCISTITE CONGNITA

uma imperfurao congnita, habitualmente membranosa, localizada


preferencialmente na poro final do canal lcrimo-nasal (vlvula de Hasner).

Incidncia de 2 a 4%.

Unilateral em cerca de 2/3 dos casos.

A sintomatologia inicia-se com lacrimejo constante a partir das primeiras semanas de


vida e secreo mucopurulenta.

Indicadores de patologia so a expresso do saco lacrimal e a conjuntivite de


repetio.

DACRIOLITASE

Pode ocorrer em qualquer localizao do sistema lacrimal. Representam entre 5-20%


das estenoses do canal lacrimo-nasal.

Sndrome do Olho Vermelho 134


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Patogenia desconhecida. A obstruco inflamatria do sistema lacrimal pode precipitar


a formao do dacriolito e metaplasia do epitelio do saco lacrimal.

Predomnio do sexo feminino.

O saco lacrimal est distendido, mas no doloroso ou inflamado (como acontece na


dacriocistite).

Os dois sinais clnicos caractersticos de litase so a presena de secreo


mucopurulenta e a permeabilidade das vias lacrimais , com a irrigao.

Epfora intermitente.

Dacriocistite aguda recurrente.

DACRIOCISTITE ADQUIRIDA

Corresponde a uma infeco aguda do saco lacrimal.

A infeco do saco lacrimal e habitualmente secundria obstruco do canal lacrimo-


nasal. Esta estenose provoca uma reteno a montante, originando uma dilatao
progressiva do saco lacrimal, que pode infectar.

Aguda ou crnica.

Habitualmente causado por estafilococos.

DACRIOCISTITE AGUDA Incio subagudo, com dor, eritema e edema do canto


interno na zona correspondente ao saco lacrimal. Epfora.

Desenvolve-se por resistncia ao escoamento das lgrimas, resultado de estenose,


litase, edema ou presena de corpos estranhos.

Fig. 9.1 Dacriocistite adquirida

Sndrome do Olho Vermelho 135


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Pode associar-se a celulite pr-septal.

Em casos graves, pode formar-se um


abcesso e fistulizar.

Fig. 9.2 Dacriocistite aguda.

Etiologias principais E. aureus e Est. Pneumoniae.

Complicaes /sequelas Fistulizao pele. Celulite orbitaria.

DACRIOCISTITE CRNICA - Consiste num estreitamento ou ocluso do canal


lcrimo-nasal, com inflamao crnica. Apresentao com epfora; secreo
mucopurulenta (o refluxo de secreo pelos canalculos aumenta com a expresso
mecnica do saco lacrimal) e conjuntivite unilateral crnica e recurrente.

Ocasionalmente, o pus acumulado no saco lacrimal pode drenar para a pele (fstula
cutnea).

Sndrome do Olho Vermelho 136


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10. GLAUCOMA
Glaucoma Primrio de ngulo estreito

Cerca de 67 milhes de pessoas esto afectadas por doena glaucomatosa em todo o


mundo, sendo que metade tem glaucoma de ngulo estreito. O glaucoma primrio de
ngulo estreito uma causa major de cegueira bilateral; ele predominante na sia e
responsvel por 91% dos casos de cegueira bilateral na China, afectando mais de 1,5
milhes de chineses.

O Glaucoma Primrio de ngulo Estreito (GPAE) no tem uma patogenia nica


simples e bem definida, mas trata-se sim de um conjunto de mecanismos que
isoladamente ou em coexistncia do lugar ao encerramento do ngulo. Podemos
abordar a patogenia desta entidade clnica atendendo a mecanismos patognicos,
factores desencadeantes e aos tipos de encerramento angular.

1- Mecanismos patognicos:

Bloqueio pupilar mecanismo mais frequente. Impede a passagem do humor aquoso


para a cmara anterior. Depende da rea de contacto entre a ris e o cristalino. Por
isso frequentemente desencadeado por midrase mdia.

ris em plateau configurao da ris em que h como que um espessamento estromal


anterior na periferia enquanto que o resto da ris est francamente separada da
crnea. Apresenta-se com uma CA bastante profunda pelo que para o diagnstico
imprescndivel a gonioscopia. Em midrase h uma aproximao exagerada da ris h
malha trabecular que impede a drenagem do humor aquoso.

Bloqueio pelo cristalino mecanismo pelo qual a ris se aproxima do ngulo por o
cristalino est muito prximo das estruturas angulares na periferia da cmara anterior.
Nestes olhos a znula permitiria um deslocamento anterior do cristalino suficiente para
se produzir um encerramento do ngulo sem bloqueio pupilar.

Bloqueio ciliar acumulao de humor aquoso atrs do diafragma cristalino-zonular ou


seja no segmento posterior o que faz a CA ficar mais estreita tanto no centro como na
periferia. o quadro clnico conhecido como glaucoma maligno.

Mecanismo misto situaes em que a combinao destes vrios factores podem


coexistir: algum grau de bloqueio pupilar mais algum grau de bloqueio do cristalino e
alguma configurao de ris em plateau.

Sndrome do Olho Vermelho 137


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2- Factores desencadeantes
So as diversas circunstncias em que fazem num olho anatomicamente predisposto
se desencadeie um quadro de glaucoma agudo. O principal factor a midrase mdia
(fisiolgica: ambientes mal iluminados ou farmacolgica: parasimpaticoliticos ou
simpaticomimticos alfa 1).

3- Tipos de bloqueio angular -


Convencional quando a raiz da ris contacta com a linha de Schwalbe e
obrigatoriamente com todas as estruturas angulares posteriores a ela. um
encerramento tipo tudo ou nada. Numa primeira fase reversvel para posteriormente
se fazer irreversvel (goniosinquias permanentes). o que acontece em presena de
cristalinos espessos. Parece ser o tipo de encerramento angular mais frequente na
populao ocidental.
Creeping nestes casos o encerramento comea com o contacto da periferia da ris
com a banda ciliar para progressivamente ir subindo (reptando) sobre o resto das
estruturas angulares ao longo de meses ou anos at alcanar a linha de Schwalbe.
Acontece nas formas crnicas de encerramento angular e nestes olhos o cristalino
teria uma espessura normal mas a sua posio seria mais anterior que o habitual.
Parece ser o mecanismo mais comum na populao asitica. Nestes casos a situao
agrava-se progressivamente apesar de poder haver uma iridotomia aberta.

Factores de risco: Raa Acima dos 40 anos


Caucasianos 0.1-0.6%
Negros 0.1-0.2%
Asiticos (Este) 0.4-1.4%
Japoneses 0.3%
frica do Sul (Grupo tnico) 2.3%

Fig. 10.1 ngulo estreito Fig. 10.2 Glaucoma agudo ngulo fechado.

Sndrome do Olho Vermelho 138


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Parmetros oculares biomtricos Habitualmente tm segmentos anteriores e


comprimentos axiais curtos. Uma profundidade de cmara anterior < 2.1 mm factor
de risco.

Idade A frequncia deste tipo de glaucoma aumenta a cada decnio aps os 40


anos de idade.
Sexo Admite-se como sendo 2-4 vezes mais frequente nas mulheres que nos
homens sem ter em conta a raa.
Hist. Familiar Para indivduos afectados, a incidncia de encerramento primitivo do
ngulo est aumentada nos parentes de primeiro grau, sendo que na raa branca se
avalia entre 1 e 12%. Na populao chinesa o rico seria 6 vezes superior nos
pacientes com histria familiar.
Refraco Mais frequente nos hipermtropes sem ter em conta a raa.

Clnica:

Este quadro clnico decorre da subida rpida da PIO aps o bloqueio do ngulo:

Dor ocular, cefaleias, viso turva, percepo de halos corados, nuseas e vmitos.
O aumento da PIO desencadeia um edema epitelial corneano responsvel pelos
sintomas visuais.
Os sinais biomicroscopia so: PIO elevada, ris bomb, pupila em meia midriase e
pouco reactiva, edema epitelial corneano, hipermia conjuntival e espiscleral, CA
pouco profunda, quantidade moderada de partculas e clulas no humor aquoso.
Diagnstico definitivo: Gonioscopia para verificar encerramento do ngulo.

GLAUCOMA NEOVASCULAR

Forma secundria e grave de glaucoma por encerramento do ngulo.

Fisiopatologia - Encerramento secundrio do ngulo por contraco de uma


membrana inflamatria, hemorrgica ou vascular que conduz formao de
goniosinquias.

Caracteriza-se pela presena de finos vasos sanguneos que se ramificam na margem


pupilar, superfcie da ris e trabculo. O encerramento do ngulo leva ao
desenvolvimento de um glaucoma secundrio. Ocasionalmete uma membrana fibrosa
pode ser observada, sem neovasos activos no ngulo e noutros casos poder haver
neovasos no ngulo sem que sejam detectveis na superfcie da ris. Com a

Sndrome do Olho Vermelho 139


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contraco da membrana fibrovascular formam-se sinquias que encerram


progressivamente o ngulo. Tipicamente esta membrana no progride para o endotlio
corneano saudvel, pelo que o limite das goniosinquias se situa sobre a linha de
Schwalbe distinguindo esta afeco de outros glaucomas secundrios (p. ex. sndrome
Irido Corneano Endotelial) em que o endotlio anormal. O factor de crescimento
endotelial (VEGF) parece ser o factor de conexo entre a isqumia retiniana e a
neovascularizao intraocular.

No complexo processo da angiognese participam diferentes molculas pr e


antiangiognicas sendo o VEGF o mais importante mas no o nico. A hipoxia um
estmulo bsico na induo do aumento dos nveis de VEGF na retina, vtreo e humor
aquoso. Estas molculas acedem ao segmento anterior atravs do vtreo ou humor
aquoso activando o receptor VEGF e desencadeando a cascata de acontecimentos
vasoproliferativos: crescimento de clulas endoteliais, migrao de vasos pr
existentes, diferenciao e mobilizao de clulas endoteliais progenitoras, aumento
da permeabilidade vascular. Este factor tambm est elevado em outros tipos de
glaucoma como o de ngulo aberto, ngulo estreito e pseudoexfoliativo, mas no GNV
os nveis de VEGF so 40 a 113 vezes mais altos que nos outros tipos de glaucoma.

Fig. 10.3 Glaucoma neovascular.

Causas:
As principais causas de GNV so:
Retinopatia diabtica proliferativa (30%),
Ocluso veia central da retina (45%),
Sndrome ocular isqumico (66% desenvolve rubeosis),
Uvete crnica e tumores intraoculares.

Sinais e sintomas
Clinicamente estes doentes apresentam-se com um quadro de glaucoma agudo ou
subagudo.

Sndrome do Olho Vermelho 140


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Podem individualizar-se vrias fases:


Inicial em que h rubeosis iridis e/ou no ngulo sem aumento de presso
intraocular (PIO). Em 10% dos casos pode existir rubeosis isolada no ngulo.
Fase de ngulo aberto em que este vai sendo coberto por uma membrana
fibrovascular transparente. Clinicamente s se vm os neovasos mas a
membrana reduz a funcionalidade do ngulo provocando um aumento de PIO.
Fase de ngulo fechado em que a membrana produz um encerramento
progressivo por extenso das sinquias a toda a extenso angular.
Fase de glaucoma congestivo com encerramento completo do ngulo e PIO
muito elevada.
Conforme a fase em que o doente se
nos apresenta podemos encontrar
sinais mais precoces como por
exemplo baixa de acuidade visual,
algum edema corneano e discretos
sinais inflamatrios at um quadro de
dor muito intensa associado
sintomatologia neuro vegetativa de
uma situao tpica de GNV avanado.
Fig. 10.4 Glaucoma neovascular.

observao em biomicroscopia:
Proliferao anormal de vasos sanguneos na malha trabecular e bordo pupilar.
Segundo a descrio clssica a neovascularizao do segmento anterior aparece sob
forma de finos aglomerados vasculares ao nvel do bordo da pupila. Progressivamente
estendem-se de modo radirio sobre a ris.

Reduo de reflexos pupilares


aferentes e eferentes.
Flare e clulas na CA.
Ectropion Uveae nas fases mais
avanadas.

Fig. 10.5 Rubeosis iridens no glaucoma neovascular.

Sndrome do Olho Vermelho 141


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Membrana fibrovascular que cobre a malha trabecular.

Sinquias anteriores perifricas que encerramento angular completo ou incompleto.

Tonometria os valores da PIO dependem da gravidade das sinquias anteriores e da


isqumia do corpo ciliar. No Sindrome ocular isqumico a PIO pode no ser muito alta
devido a hiposecreo do humor aquoso secundria a hipoperfuso ocular.

Gonioscopia neovasos e sinquias em fase avanada.

Fundoscopia fundamental para a sua avaliao etiopatognica: caractersticas das


artrias e veias retinianas, papila, exsudados retinianos, hemorragias,
macroaneurismas e avaliao do estado de perfuso da artria central da retina.

Angiografia fluorescenica da ris evidencia a presena de neovasos, inclusive aqueles


que no so visveis apenas biomicroscopia.

ERG demonstra a isqumia retiniana.

Angiografia fluorescenica da retina avaliao de um quadro de Ret. Diabtica ou de


Trombose venosa central. No sndrome ocular isqumico demonstra-se um atraso no
preenchimento coroideu com zonas de no perfuso, alargamneto do tempo A-V
retiniano e reas retinianas de no perfuso capilar.

Diagnstico Diferencial.

Numa fase inicial em que existe rubeosis isolada deve diferenciar-se dos vasos
sanguneos da ris normal situados no estroma e com trajectria radial, sobretudo em
olhos azuis muito pouco pigmentados. Nos processos inflamatrios do segmento
anterior a vasodilatao e ingurgitamento vascular podem levantar dvidas, mas a sua
distribuio radiria ajuda a distingui-los de neovasos. Na uveite heterocrmica de
Fuchs pode haver no ngulo vasos muito finos mas que no tm a capacidade de
provocar estreitamento do ngulo.

No GNV em fase tardia devemos ter em conte outro glaucomas agudos sobretudo
aqueles de ngulo estreito e facomrficos. Tambm os glaucomas crnicos de larga
evoluo e PIO muito elevada (p.ex. pseudoexfoliativo) podem acompanhar-se de
neovasos. muito importante ter em conta que existem patologias que alm de
provocarem GNV podem elevar a PIO por outros mecanismos como as uveites,
tumores intraoculares ou descolamentos de retina pelo que imprescindvel realizar
uma fundoscopia cuidadosa.

Sndrome do Olho Vermelho 142


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11. ORBITA

INFLAMAO

PATOLOGIA VASCULAR

PATOLOGIA TUMORAL

1. INFLAMAO RBITA

As doenas inflamatrias da rbita so comuns e podem simular neoplasias. A


oftalmopatia tirideia representa cerca de 50% dos casos.

CELULITE ORBITRIA

Consiste na inflamao dos tecidos orbitrios de origem infecciosa. Distinguem-se em


2 tipos: pr-septal e septal.

A celulite pr-septal consiste na infeco bacteriana difusa do tecido celular


subcutneo das plpebras, anterior ao septo orbitrio.

Fig. 11.1 Celulite pr-septal. Fig. 11.2 Celulite pr-septal.

Clinicamente, apresenta-se com edema de ambas as plpebras do mesmo olho e


periorbitria, com eritema cutneo e dor palpao.

Causas: 25

Traumatismo cutneo (nomeadamente aps uma ferida ou picada de insecto


(E. aureus ou Estreptococos pyogenes).

Disseminao a partir dum hordeolo ou dacriocistite.

Sndrome do Olho Vermelho 143


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Disseminao a partir duma infeco das vias respiratrias superiores ou do


ouvido.

A complicao mais grave da celulite prseptal a progresso rpida para celulite


orbitaria ou septal, ainda que raramente.

A celulite orbitria implica uma maior gravidade devido proximidade do nervo ptico
e ao facto de no existir uma barreira anatmica para a infeco atingir as estruturas
intracranianas, particularmente o seio cavernoso (atravs da fenda esfenoidal).

Fig. 11.3 Celulite orbitria.

Pode ocorrer em qualquer idade, mas mais frequente na infncia.

Microorganismos responsveis: Estreptococos pneumoniae, S. aureus (mais comum


em adultos), S. pyogenes e H.influenza (mais comum em crianas). Menos comuns:
Pseudomonas e E. coli.

Patogenia: 25

A partir dos seios adjacentes


Extenso a partir de celulite pr-septal
Disseminao hematogenea
Ps traumtica e pos-cirurgia
Disseminao a partir de dacriocistite e infeces vizinhas.

Fig. 11.4 Celulite orbitria. Fig. 11.5 Celulite orbitria.

Sndrome do Olho Vermelho 144


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A clnica caracterizada pela tumefaco das plpebras, acompanhada de febre e


sinais de compromisso orbitrio ( comum a diminuio da motilidade ocular ou
oftalmoplegia); estruturais, nomeadamente quanto posio do globo ocular:
exoftalmia e dificuldade de retorno venoso (quemose e dilatao vascular conjuntival);
e queratopatia de exposio.

A complicao mais grave da celulite orbitaria a trombose do seio cavernoso. Mas


tambm podem ocorrer, queratopatia por exposio, glaucoma, ocluso artria central
retina, neuropatia ptica, meningite, abcesso cerebral.

Os sinais de aviso de celulite orbitaria so: oftalmoplegia, perda de acuidade visua,


defeito pupilar aferente, pupila dilatada e edema do disco ptico.

OFTALMOPATIA DE GRAVES

A tireotoxicose (D. Graves) uma patologia inflamatria autoimune, que ocorre na 3-


4 dcada de vida, afectando mais o sexo feminino (8:1). Relacionada habitualmente
com o hipertiroidismo, mas tambm com a Tiroidite de Hashimoto e hipotiroidismo.

Habitualmente bilateral e assimtrica.

5 principais manifestaes clnicas :

Afeco das partes moles (queratoconjuntivite lmbica superior,


queratoconjuntivite seca, hipersecreo epibulbar, edema periorbitrio).
Retraco palpebral.
Proptose.
Neuropatia ptica.
Miopatia restritiva.
A oftalmopatia tirideia pode preceder ou coincidir com o hipertiroidismo ou no ter
nenhuma relao com a disfuno tirideia.

Existem 2 etapas na evoluo da doena:

1) Estadio congestivo (olho vermelho, inflamatrio e doloroso)

2) Estdio fibrtico (olho branco e quiescente)

O principal factor de risco em doentes com doena de Graves e de potencialmente


virem a desenvolver uma oftalmopatia tirideia o tabaquismo.

Caracteriza-se por apresentar uma inflamao dos tecidos orbitrios, que levam
retraco palpebral, proptose, miopatia extraocular restritiva (sobretudo o recto interno
e o recto inferior).

Sndrome do Olho Vermelho 145


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A afeco dos tecidos moles frequente. Os sinais evocadores so:

Hipermia conjuntival (com vasodilatao ao redor dos msculos rectos


horizontais- um sinal indicativo da actividade inflamatria).
Quemose.
Queratoconjuntivite lmbica superior.
Queratite sicca

PSEUDOTUMOR ORBITA

Tambm chamado inflamao orbitaria idioptica difusa.

Caracteriza-se pela existncia de uma leso orbitaria, no neoplsica e no infecciosa,


que ocupa espao. Consiste num processo inflamatrio, no granulomatoso, de
origem desconhecida, que pode afectar qualquer um dos componentes da estrutura
mole da orbita.

A maioria ocorre na poro anterior e mdia da rbita.

Envolve frequentemente a glndula lacrimal.

Pode apresentar-se com dor sbita, diminuio da motilidade ocular, de forma aguda,
proptose, injeco conjuntival, quemose, edema palpebral e periorbitrio.

Tipicamente unilateral (sobretudo em adultos).

Histopatologicamente: infiltrao inflamatria celular, pleomrfica, por fibrose reactiva.

Na TAC pode evidenciar-se uma massa localizada ou difusa.

MUCORMICOSE RINOORBITRIA

uma infeco oportunista, rara, causada por fungos da famlia MUCORACEAE, que
afecta tipicamente, os doentes com cetoacidose diabtica ou com imunodepresso.

A infeco estende-se aos seios ajacentes e, posteriormente, rbita e ao crebro.

Produz vascululite oclusiva, com enfartes isqumicos do tecido orbitrio.

Apresentao clnica tumefaco da face e perirbita, com incio lento, diplopia e


perda de viso.

Sndrome do Olho Vermelho 146


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O enfarte isqumico sobre a necrose


sptica responsvel pela escara de
cor negra, sobre as plpebras.

Fig. 11.6 Mucormicose.

Complicaes ocluso vascular retiniana, paralisia pares cranianos e ocluso


vascular cerebral.

Fig. 11.7 Dermatite infecciosa versus celulite necrosante.

Fig. 11.8 Dematite infecciosa versus celulite Fig. 11.9 Evoluo da dermatite infecciosa.
necrosante.

Fig. 11.10 Dermatite infecciosa ps tratamento.

2. PATOLOGIA VASCULAR RBITA

FSTULAS CARTIDO-CAVERNOSAS

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As fstulas cartido-cavernosas so uma das patologias mais graves de olho vermelho.

Consiste na comunicao vascular anormal entre o seio cavernoso e o sistema arterial


carotdeo (cartida interna, fstula directa, cartida externa ou menngea: fistula dural),
o que leva a uma dificuldade de retorno venoso dos tecidos.

Fig. 11.11 Fstula cartido-cavernosa.

Fig. 11.12 Fstula cartido-cavernosa. Fig. 11.13 Fstula cartido-cavernosa ps


embolizao.

A clnica tpica consiste em exoftalmia aguda, pulstil, diplopia, quemose e hipermia


(dilatao e tortuosidade vascular, com imagem tpicab dos vasos em cabea de
medusa).

Pode levar perda de viso por compresso e isqumia do nervo ptico ou por
neuropatia secundria alterao hemodinmica presente.

3. PATOLOGIA TUMORAL DA ORBITA

HEMANGIOMA CAPILAR (HEMANGIOENDOTELIOMA)

o tumor mais frequente da rbita e reas periorbitrias, na infncia.


O tumor pode apresentar-se como uma leso pequena e com um significado
clnico mnimo ou como uma massa desfigurante, que pode afectar a viso.
Unilateral
Afecta frequentemente a conjuntiva palpebral e o fundo de saco conjuntival
(chave diagnstica importante). Localiza-se mais frequentemente no quadrante
supero-nasal da plpebra superior.
Ptose, ambliopia e astigmatismo.

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CARCINOMA DA GLNDULA LACRIMAL

um tumor raro.
Alta mortalidade e morbilidade
Idade mdia entre a 4 5 dcada de vida
A dor um sinal de malignidade.
Exoftalmia rpida, mal tolerada, frequentemente dolorosa e associada a
diplopia e diminuio acuidade visual.
Pode acompanhar-se de sinais inflamatrios

SARCOMA EMBRIONRIO

Tambm chamado rabdomiosarcoma.


o tumor maligno orbitrio primrio mais comum na infncia.
Ocorre na 1 dcada de vida (idade mdia de 7 anos), com uma proptose
rapidamente progressiva (pode confundir-se com um processo inflamatrio).
Massa palpvel e ptose.
Tumefaco e eritema da pele plpebra.

SARCOMA MIELOIDE

Tumor localizado, composto por clulas malignas, de origem mielide.


Pode apresentar uma cor verde caracterstica
7 anos de idade (proptose de incio rpido, s vezes bilateral.
Associao com equimose e edema palpebral.

Fig. 11.14 Carcinoma espinocelular da rbita.

Fig. 11.15 Carcinoma espinocelular da rbita. Fig. 11.16 Carcinoma espinocelular da rbita.

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Fig. 11.17 Carcinoma espinocelular da rbita.

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12. TRAUMATISMOS OCULARES


Os traumatismos oculares so uma das principais causas de cegueira.

Embora o olho represente 0.27 % da superfcie corporal, os traumatismos oculares


representam mais de 10% de todos os traumatismos corporais. 67,68

Existem dois tipos de traumatismos:

a) Traumatismos do globo ocular fechado ou contuso ocular. A parede formada pela


crnea e pela esclertica est intacta, mas pode ocorrer uma leso intraocular. A leso
no se localiza apenas no local do impacto, mas tambm a 180 (leso por
contragolpe ou noutras partes).

b) Traumatismos do globo ocular aberto ou feridas perfurantes oculares (apresenta


uma ferida de espessura completa da parede da crnea e/ou esclertica).

Outras definies:

Ruptura ( uma ferida de espessura completa, causada por um traumatismo


contuso. O globo ocular abre-se num local que pode no ser o local de
impacto).

Lacerao ferida de espessura completa, causada por um objecto afilado.

Lacerao laminar ferida de espessura parcial

Penetrao ferida de espessura completa, causada por um objecto afilado

Perfurao consiste em 2 feridas de espessura completa (ferida de entrada e


de sada, habitualmente de projctil).

As alteraes oculares prvias, com cirurgia prvia, queratocone e adelgaamento


corneano perifrico podem predispor a leses mais graves do que seria suposto para
esse traumatismo.

PALPEBRA

Os traumatismos palpebrais tm um mecanismo variado.

Podem ser isolados ou feridas mltiplas.

A integridade da estrutura palpebral essencial para manter a proteco do


globo ocular e assegurar o escomento das lgrimas.

Sndrome do Olho Vermelho 151


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Os hematomas palpebrais resultam dum traumatismo palpebral ou contuso


frontal.

As laceraes palpebrais tm uma maior gravidade nas feridas por mordedura


animal.

As feridas canaliculares devem reparar-se antes das 24 horas.

Fig. 12.1 Ferida na plpebra. Fig. 12.2 Feridas mltiplas nas plpebras
suturadas.

Fig. 12.3 Hematoma palpebral. Fig. 12.4 Ferida palpebral suturada.

As feridas do bordo palpebral implicam recolocar topo a topo as estruturas tarso-


conjuntivais e pele, sem tenso.

CONJUNTIVA

TRAUMATISMOS CONJUNTIVAIS

A hemorragia subconjuntival localizada ps-traumatica traduz um traumatismo ocular


mnimo.

A hemorragia subconjuntival difusa, especialmente se associada a quemose ou


presena de uveite, far suspeitar de ferida perfurante do globo ocular.

Sndrome do Olho Vermelho 152


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Importante determinar se h perfurao da esclertica.

Enfisema subconjuntival traduz uma possvel fractura dos seios periorbitarios,


etomidais ou maxilares.

Qualquer lacerao da conjuntiva deve tratar-se como um caso potencial de infeco


intraocular.

CORPO ESTRANHO CONJUNTIVAL

A presena de corpo estranho na conjuntiva tarsal superior provoca eroses


corneanas secundrias (necessrio efectuar a everso da plpebra superior para se
poder verificar da sua existncia ou no).

Fig. 12.5 Eroso da crnea provocada por corpo Fig. 12.6 Hemorragia conjuntival ps extraco de
estranho conjuntival tarsal superior. corpo estranho conjuntival tarsal superior.

A presena de mltiplos corpos estranhos, como gros de areia ou p est quase


sempre associada a ferida ocular.

Fig. 12.7 Corpo estranho subconjuntival. Fig. 12.8 Pestana subconjuntival.

FERIDA CONJUNTIVAL

Associada frequentemente a corpos estranhos

Sndrome do Olho Vermelho 153


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Fig. 12.9 Ferida conjuntiva bulbar. Fig. 12.10 Ferida conjuntiva bulbar.

Importante verificar a integridade escleral.

CORNEA

1) CONTUSO CORNEANA

EDEMA CORNEA Ps contuso, em resultado da hipertenso ocular.

Pode ser secundrio disfuno local ou difusa do endotlio corneano.

O edema da crnea pode ser


secundrio ruptura da membrana de
Descemet (diminuio da acuidade
visual associada percepo de halos
coloridos). Podem ter um aspecto
vertical e ser secundrio ao
traumatismo ocular por frceps.

Fig. 12.11 Edema da crnea.

HEMATOCORNEA Consiste na impregnao do estroma corneano pelos produtos


de degradao dos eritrcitos.

RUPTURA CORNEANA Ps contuso, ocorre sobretudo em doena corneana


prvia (queratocone) ou cirurgia corneana prvia (queratoplastia penetrante).

2) CORPOS ESTRANHOS INTRACORNEANOS

Consiste na presena de corpos estranhos na espessura da crnea.

Dor que aumenta com o pestanejo, associado a fotofobia.

Sndrome do Olho Vermelho 154


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O teste de Seidel deve ser realizado


para investigar possvel perfurao
corneana.

Fig. 12.12 Corpo estranho intracorneano (s 5 horas).

3) ULCERAS TRAUMTICAS DA CORNEA

So leses da crnea no transfixivas.

EROSO CORNEA uma leso unicamente epitelial, respeitando a membrana de


Bowman.

Fig. 12.13 Eroso traumtica da crnea. Fig. 12.14 Eroso traumtica da crnea (corada com
fluoresceina).

Dor, fotofobia, lacrimejo e diminuio da acuidade visual.

Fig. 12.15 Eroso traumtica da crnea (corada com


fluoresceina).

Sndrome do Olho Vermelho 155


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EROSO RECURRENTE CORNEA Consiste numa anomalia de adeso da camada


mais profunda do epitlio da crnea poro mais superficial do estroma corneano.

Clinicamente, consiste em episdios


agudos dolorosos, sensao corpo
estranho, fotofobia, lacrimejo, e
caracteristicamente, durante a noite ou
ao despertar.

Existe sempre uma histria prvia de


traumatismo. Apresenta-se com um
epitlio corneano frgil, elevado, com
Fig. 12.16 Eroso recurrente da crnea. flictena crnea ou queratite ponteada
superficial.

Irregularidade do filme lacrimal

Podem ser secundrias a traumatismo ou distrofias corneanas.

Nos episdios mais graves, a sintomatologia pode durar vrias semanas.

FERIDAS CORNEANAS

Por atingimento directo da crnea por um agente traumtico penetrante.

Deve pesquisar-se sempre a presena possvel dum corpo estranho intraocular.

Nas feridas no transfixivas, pesquisa-se sempre o fenmeno de Seidel, para testar a


integridade das estruturas descmico-endoteliais.

Fig. 12.17 Ferida no transfixiva da crnea. Fig. 12.18 Ferida no transfixiva da crnea (corada por
fluoresceina).

Sndrome do Olho Vermelho 156


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Fig. 12.19 Ferida perfurante da crnea (suturada).

A ferida perfurante da crnea inclui dor aguda, diminuio da acuidade visual e


antecendente de leso ocular por um objecto afilado.

Sinais a investigar na lacerao corneana: cmara anterior baixa, hifema, hemorragia


subconjuntival e/ou ferida conjuntival, irregularidade pupilar, prolapso da ris, luxao
ou subluxao do cristalino, catarata traumtica.

Teste de seidel positivo, com fluoresceina, visvel no local da perfurao corneana.

Outros sinais na lacerao corneana: iridodialise, ciclodialise, equimose periorbitaria,


rasgaduras da retina, commotio retinae, ruptura coroideia, hemorragia vtrea e
neuropatia ptica traumtica.

Complicaes: cicatrizao corneana, astigmatismo elevado, catarata, glaucoma,


rasgaduras da retina.

A endoftalmite ou panoftalmite so uma complicao muito grave ps leso penetrante


ocular. Os factores de risco so: atraso na reparao primria, ruptura da cpsula
posterior e uma contaminao da ferida.

Realizar sempre RX simples da orbita ou TAC rbita em caso de suspeita de corpo


estranho intraocular.

TRAUMATISMOS RIS

Os traumatismos da ris podem resultar em: irite traumtica, hifema, ruptura esfncter
ris, iridodialise, prolapso ris.

As rupturas iridianas so sobretudo esfincetrianas. As iridodilises (deiscncias da ris


em relao com o corpo ciliar, na sua raiz) so frequentes e limitadas.

As modificaes da pupila so a miose reflexa, rara, por espasmo ciliar, com miopia
acomodativa. A midrase traumtica mais frequente e pode ser permanente.

Sndrome do Olho Vermelho 157


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HIFEMA TRAUMTICO Define-se pela presena de sangue na cmara anterior


(ocorre aps traumatismo contuso ou penetrante e aps cirurgia ocular).

O hifema pscontuso tem habitualmente duas origens principais, que so a ris e o


corpo ciliar.

Habitualmente consequncia de
traumatismos contusos.

Os glbulos vermelhos sedimentam-se


na poro inferior, apresentando um
nvel lquido.

O hifema classificado em 5 estadios,


de gravidade crescente (0 a IV). O grau
IV representa o hifema total.
Fig. 12.20 Hifema.

Em cerca de 95% dos casos, reabsorve-se totalmente, sem sequelas. A maioria dos
hifemas so pequenos.

Fig. 12.21 Hifema. Fig. 12.22 Hifema.

O traumatismo contuso est associado a uma compresso anteroposterior do globo


ocular e a uma expanso equatorial do olho. A expanso equatorial provoca uma
leso sobre o ngulo iridocorneano, originando uma ruptura do estroma ris e /ou uma
leso da base do corpo ciliar, provocando o aparecimento de hemorragia.

As complicaes so sobretudo a hemorragia secundria (habitualmente nas primeiras


24 horas aps o traumatismo inicial, a hipertenso ocular e a impregnao hemtica
da crnea.

Sndrome do Olho Vermelho 158


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HIPERTENSO OCULAR PS-TRAUMTICA

A hipertenso ocular precoce (nos primeiros dias) resulta da libertao de


prostaglandinas e da obstruco trabecular por hemcias e outros produtos.

O glaucoma tardio ps-traumatico unilateral. Importante verificar as alteraes


pupilares e a iridodonesis.

A recesso do ngulo associa-se com um risco de glaucoma tardio.

HIPOTONIA OCULAR PS-TRAUMTICA

Um traumatismo contuso grave pode levar a um stop temporrio de secreo de


humor aquoso.

TRAUMATISMOS DA ESCLERTICA

As feridas esclerais anteriores tm, dum modo geral, um melhor prognstico do que as
feridas posteriores ora serrata.

As feridas esclerais anteriores podem associar-se a complicaes graves, como o


prolapso iridociliar e a encarcerao do vtreo.

As feridas esclerais posteriores associam-se a rasgaduras retinianas.

TRAUMATISMOS RBITA

1) FRACTURAS

As fracturas orbitarias surgem por traumatismos directo ou fracturas em blow out


(hiperpresso antero-posterior), por um objecto contundente, com um dimetro
superior a 5 cm.

A fractura do pavimento da orbita a mais frequente das fracturas da rbita. Aquando


da fractura, uma parte dos tecidos contidos na orbita pode encarcerar-se no foco da
fractura, provocando um abaixamento do globo ocular e/ou limitao da sua rotao.

Os sinais perioculares da fractura do pavimento da rbita so:

Edema, equimose, enfisema subcutneo

Anestesia ou hipoestesia na rea do nervo infraorbitrio (plpebra inferior,


bochechas, asa nariz).

Sndrome do Olho Vermelho 159


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Diplopia (o estudo da motilidade ocular extrnseca evidencia uma limitao,


especialmente no olhar para cima).

Enoftalmia (manifesta-se quando se resolve o edema inicial).

Fig. 12.23 Enoftalmia do olho direito ps fractura do pavimento da rbita.

A indicao operatria mais frequente o encarceramento do recto inferior no foco da


fractura.

2) HEMATOMA ORBITRIO

Consequncia de traumatismo directo.

Sinais: exoftalmia, diminuio da acuidade visual, alteraes da oculomotricidade


intrnseca e extrnseca, hipertenso ocular.

Fig. 12.24 Hematomas da rbita ps traumatismo (chumbos).

Sndrome do Olho Vermelho 160


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Fig. 12.25 Hematoma da rbita ps traumatismo (chumbos).

CORPO ESTRANHO INTRAOCULAR

Um corpo estranho intraocular pode traumatizar o globo ocular, mecanicamente


(formando uma catarata secundria a leso capsular, liquefaco vtrea e hemorragia
e rasgaduras da retina), ou pode introduzir uma infeco ou efeito txico sobre as
estruturas oculares.

Importncia da realizao de TAC


rbita, em caso de suspeita de corpo
estranho intraocular.

Fig. 12.26 Corpo estranho alojado na cmara


anterior.

OFTALMIA SIMPTICA

uma panuveite granulomatosa, rara e bilateral, que surge aps um traumatismo


ocular penetrante, que pode associar-se a um prolapso uveal, ou mais raramente,
aps uma cirurgia intraocular.

O olho traumatizado chama-se olho desencadenate, e o outro olho, chama-se olho


simpatizante.

Caracterstica uma infiltrao linfoctica difusa e macissa da coride.

Em cerca de 65% dos casos, ocorre entre as 2 semanas e os 3 meses aps a leso
inicial.

Sndrome do Olho Vermelho 161


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Os dois olhos apresentam uma uveite anterior, que varia de ligeira a grave e
granulomatosa.

PS CIRURGIA OCULAR

TASS ou SNDROME TXICO DO SEGMENTO ANTERIOR

uma reaco inflamatria aguda ps cirurgia ocular, na qual uma substncia, no


infecciosa, penetra no segmento anterior ocular, provocando uma reaco txica dos
tecidos intraoculares.

Provoca uma reaco inflamatria marcada, de intensidade varivel, consoante o tipo


e a durao do txico.

Fig. 12.27 T.A.S.S. Fig. 12.28 Membrana fibrina no T.A.S.S.

O agente txico provoca uma ruptura aguda das barreiras das aderncias endoteliais.

Pode provocar uma leso endotelial permanente.

Sem predileco racial ou sexual.

Caracteristicamente, a TASS tem um incio rpido, usualmente dentro de 24-48 horas.


Raramente apresenta um incio mais tardio.

A dor est ausente ou ligeira.

Edema do limbo esclerocorneano um achado clnico. Reaco da cmara anterior,


com hipopion e fibrina.

A inflamao vtrea rara.

Sndrome do Olho Vermelho 162


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Causas: 69

Substncia extraocular que penetra no globo ocular inadvertidamente

o Agentes anti-spticos

o P talco

Produtos introduzidos

Anestsicos tpicos

Cloreto benzalcnio

Mitomicina C

Lentes intraoculares

Inadequada esterilizao dos instrumentos cirrgicos

Diagnstico diferencial com endoftalmite

Complicao Perda clulas endoteliais, glaucoma, leso esfncter ris e edema


macular cistide.

ENDOFTALMITE

uma inflamao, frequentemente de natureza purulenta, que afecta todos os tecidos


intraoculares (excepto a esclertica).

ENDOFTALMITE PS-OPERATRIA AGUDA

Patogenia uma das complicaes mais devastadoras da cirurgia intraocular.

Tipicamente ocorre nas primeiras 6 semanas ps cirurgia.

Incidncia varivel (0.15%)

Fig. 12.29 Endoftalmite. Fig. 12.30 Endoftalmite, com hipopion

Sndrome do Olho Vermelho 163


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Factores risco idade superior a 80 anos, diabetes (duplica o risco), implante LIO
secundrio, ruptura cpsula posterior e cirurgia combinada.

Etiologia 90% so gram + e 10% so gram -. Anaernios so menos frequentes.70

Por ordem frequncia Estafilococos epidermidis, e. aureus, estreptococos,


pseudomonas, proteus .

Fonte infeco a origem mais frequente a flora prpria das plpebras e da

conjuntiva (blefarite, conjuntivite, obstruco vias lacrimais)

- instrumentos e solues contaminadas

- pessoal e ambiente da sala operatria

Sintomas dor (74%) e viso turva (em 94% dos casos) 71

Sinais:

Quemose, olho vermelho, secreo


Defeito pupilar aferente
Edema crnea. Edema palpebral
Hipopion
Vitrite
Periflebite retina
Diagnstico diferencial restos massas na cmara anterior ou no vtreo.

- hemorragia vtrea
- uveite ps-operatria
- S. Tass

ENDOFTALMITE PS-OPERATRIA TARDIA

Patogenia Ocorre uma cirurgia da catarata, quando o microorganismo de baixa


virulncia fica retido no saco capsular.

Ocorre 4 semanas a anos (mdia 9 meses) aps a cirurgia.

Ocorre raramente aps a capsulotomia Yag-laser (o mecanismo a libertao dos


microorganismos sequestrados).

Etiologia Microorganismos de baixa virulncia (P.acnes, S. epidermidis,


corynebacterium).

Clnica diminuio ligeira e progressiva da acuidade visual.

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Sinais uveite anterior moderada persistente ou recurrente (s vezes, com


precipitados endoteliais em gordura de carneiro).

Vitrite frequente

Fotofobia

Dor ligeira

Hipopion raro.

Frequente uma placa capsular crescente

PANOFTALMITE

A infeco afecta todo o globo ocular, habitualmente com extenso orbitaria.

PS DIVERSAS CIRURGIAS

Fig. 12.31 Ps transplante da crnea. Fig. 12.32 Ponto solto ps transplante da crnea.

Fig. 12.33 Membrana amniotica. Fig. 12.34 Ps cirurgia pterigium

Sndrome do Olho Vermelho 165


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Fig. 12.35 Edema da crnea ps faco. Fig. 12.36 Extruso de explante.

Fig. 12.37 Ansa de L.I.O. subluxada na cmara Fig. 12.38 Tubo ex-press.
anterior.

Sndrome do Olho Vermelho 166


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13. TRATAMENTO INFLAMAO SEGMENTO ANTERIOR


A inflamao um mecanismo de defesa, processo complexo, desencadeado pela
libertao de mediadores qumicos e elementos celulares, originados nas clulas
migratrias, nos tecidos lesados, em resposta a um traumatismo ou leso.

Face a uma agresso da superfcie ocular ocorre a activao da fosfolipase A2, a qual
actua sobre os fosfolpidos da membrana celular e a libertao de cido araquidnico
livre, o qual pode ser metabolizado por duas vias diferentes.

O c. araquidnico entra na via da lipoxigenase ou na via da cicloxigenase


(isoenzimas COX1 e COX 2).

Os produtos finais sa via da cicloxigenase so as protaglandinas (os principais


mediadores da resposta inflamatria ocular), os tromboxanos e as prostaciclinas.

O produto final da via da lipoxigenase so os leucotrienos.

FARMACOCINTICA No tratamento da inflamao da superfcie ocular, a via de


administrao habitualmente utilizada a via tpica (permite atingir uma concentrao
eficaz do frmaco e diminui ou evita os efeitos adversos sistmicos).

A via de administrao tpica engloba:

Colrio
Gis
Pomada oftlmica
As barreiras oculares, nomeadamente da conjuntiva e da crnea, a diluio do
frmaco pelas lgrimas e a eliminao pela drenagem atravs do canal lcrimo-nasal
faz com que, em mdia, s 1-5% da dose administrada que atinge os tecidos
intraoculares (o aumento da biodisponibilidade tem a ver com um aumento da
penetrao ocular e com um aumento da reteno ocular do frmaco, atravs do
aumento da viscosidade da soluo).

Existem basicamente trs grupos farmacolgicos para modular a resposta inflamatria


da superfcie ocular: 33

Corticosterides
Antinflamatrios no esterides
Imunomoduladores (ciclosporina A)
Iremos debruar-nos sobre os 2 primeiros grupos.

Sndrome do Olho Vermelho 167


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CORTICOSTERIDES

Os corticosterides podem ser administrados por via tpica, periocular (subconjuntival,


subtenoniana, retrobulbar), intraocular (intracamerular, intravtrea) e sistmica (oral,
endovenosa e intramuscular).

So a primeira opo teraputica para a administrao tpica no tratamento da


maioria dos processos inflamatrios da superfcie ocular, devido sua eficcia e
potncia.

Devido aos seus efeitos secundrios graves, associados utilizao tpica dos
corticsteroides, como o aumento da P.I.O., a formao e progresso da catarata, as
sobreinfeces e o S. melting do estroma da crnea, os AINEs.10 Cada vez com uma
maior frequncia, esto a ser utilizados na inflamao do segmento anterior ocular.

MECANISMO DE ACO:

Os corticosterides so agentes antiinflamatrios eficazes e potentes que inibem a


sntese de lipocortina, que porsua vez, inibe o enzima fosfolipase A2. Deste modo
inibem indirectamente a formao de c. araquidnico. O c. araquidnico o
precursor das prostaglandinas e leucotrienos, que tm uma aco infalamatria.

Ao nvel da membrana celular reduzem a libertao de prostaglandinas,


bloqueando a produo de cytoquinas pr-inflamatrias.

Efeito imunosupressor, que deve a sua aco sobre os linfcitos e fagcitos.

Efeito antiinflamatrio, que deve a sua aco sobre os neutrfilos.

Efeito estabilizador sobre o endotlio vascular, diminuindo a permeabilidade vascular.

A administrao tpica dos corticosterides, face aos graves efeitos adversos, dever
ser sempre rigorosa, devidamente ponderada e bem avaliada, por perodos de tempo
curtos e sempre monitorizada por Oftalmologistas.72

Os corticosterides so o frmaco usado para a maioria das doenas autoimunes. A


sua utilidade, no entanto, limitada devido aos efeitos adversos auqndodum
tratamento prolongado, o que requer uma monitorizao individualizada a cada caso
clnico.

CORTICOSTERIDES TPICOS

Permite uma penetrao ocular adequada e um grau eficaz de imunosupresso local.

Preparados em forma acetato, forma lcool e derivados fosfatos.

Sndrome do Olho Vermelho 168


Enciclopdia de Oftalmologia Antnio Ramalho

Formulaes em forma acetato e lcool so liposoluveis (podem atravessar as


camadas epiteliais e endoteliais) e os derivados fosfatos so hidrosoluveis (penetram
facilmente no estroma, mas no atravessam o epitlio intacto).

ESTERIDES TPICOS 10

DEXAMETASONA

lcool
Fosfato sdico
PREDNISOLONA

Acetato

FLUOROMETOLONA

lcool

MEDROXIPROGESTERONA

RIMEXOLONA

LOTEPREDNOL etalonato

Os derivados acetatos e lcoois tm uma actividade biolgica superior aos derivados


fosfatos.

Conjugando a potncia e a biodisponibilidade, os corticosterides tpicos oculares


classificam-se em 3 tipos:

Fracos (medroxiprogesterona).

Intermdios (fluorometolona).

Potentes (betametasona, dexametasona e prednisolona).

O acetato de prednisolona o agente mais eficaz. Tem uma menor potncia


antiinflamatria, mas que compensada pela maior penetrao intraocular, o que lhe
confere uma maior efectividade.

A medroxiprogesterona possui a menor potncia antiinflamatria e uma baixa taxa de


efeitos secundrios.

A fluorometolona tem uma menor potncia antiinflamatria, uma grande capacidade de


penetrao intraocular, mas tem um risco relativamente baixo de elevar a PIO.

Sndrome do Olho Vermelho 169


Enciclopdia de Oftalmologia Antnio Ramalho

A dexametasona tem uma alta capacidade de penetrao intraocular. Tem tambm


uma semi vida superior maioria dos outros corticosterides.

Os corticosterides inibem a actividade da fosfolipase A2 e diminuem a produo de


c. Araquidnico. Os antiinflamatrios no esterides diminuem a inflamao pela
inibio da ciclooxigenase (diminuindo aproduo de protaglandinas a partir do c.
Araquidnico).

EFEITOS SECUNDRIOS

Efeitos adversos oculares e sistmicos, podem ocorrer independentemente da via de


administrao.

Os efeitos secundrios sistmicos so mais frequentes aps a administrao oral e


parenteral.

O risco de induzir glaucoma cortisnico depende fundamentalmente da sua


penetrao intraocular (maior penetrao intraocular, maior risco de elevar a P.I.O.,
excepto a fluorometolona).

Os efeitos adversos esto relacionados com a potncia dos corticosterides, com a


frequncia e a durao da utilizao do frmaco.

Os corticosterides apresentam mltiplos efeitos secundrios:

Catarata subcapsular posterior


Glaucoma secundrio
Aumento da susceptibilidade s queratites infecciosas
Atraso na cicatrizao de feridas do estroma corneano
Atraso na reepiteliazao das clulas do epitlio da crnea
Reaces alrgicas
Ptose palpebral
Reactivao de patologias virais.
Queratite ponteada superficial
Coagulao intravascular local (o que contraindica o seu uso em situaes de
risco de isqumia)
Midrase ligeira
Corioretinopatia serosa central
Alteraes de acomodao.

CATARATAS

Relao com a durao do tratamento e com a dose administrada.

Sndrome do Olho Vermelho 170


Enciclopdia de Oftalmologia Antnio Ramalho

Mais prevalente aps a administrao de costicosterides tpicos por perodos


superiores a 3-6 meses.

A catarata subcapsular posterior a catarata esteride tpica (no reversvel com a


suspenso do tratamento).

O mecanismo fisiopatolgico multifactorial.

mais frequente se j existe uma catarata prvia.

mais precoce o seu aparecimento se existe uma inflamao associada do segmtno


posterior.

GLAUCOMA

Os esterides tpicos podem provocar o aparecimento de glaucoma crnico de ngulo


aberto, por reduo do escoamento do humor aquoso, mais do que pelo aumento de
produo.

Tipicamente, produzem um aumento de PIO aps 3-4 semanas de uso.

Nalguns casos, pode surgir aps 15 dias de utilizao.

Habitualmente, a suspenso do medicamento leva normalizao da PIO em 2-4


semanas.

O risco maior em doentes com glaucoma simples, altos mopes e doentes


diabticos.

SUSCEPTIBILIDADE A QUERATITES INFECCIOSAS

frequente a reactivao de uma queratite herptica em doentes tratados com


corticosterides.

Os esterides favorecem o desenvolvimento de infeces corneanas por fungos e


algumas bactrias (pseudomonas).

INTERFERNCIA COM A CICATRIZAO CORNEANA

Inibem a cicatrizao corneana, excepto o medroxiprogesterona.

Provocam um efeito catablico sobre o tecido conjuntivo, inibindo a proliferao de


fibroblastos, inibem a sontese de colgnio e aumentam a actividade de colagenase.

Sndrome do Olho Vermelho 171


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um efeito dose-dependente. rara em doses baixas ou usadas por perodos de


tempo curtos.

MIDRASE E COMPLICAES NEUROFTALMOLGICAS

A midrase e a ptose so raras e reversveis aps a suspenso do tratamento.

CONTRA-INDICAO AO USO CORTICOSTEROIDES TPICOS

Queratite herptica.

Antecedentes pessoais ou familiares de glaucoma cortisnico.

lceras corneanas.

Qualquer infeco por bactrias ou vrus do globo ocular.

O uso da associao antibiocorticosteroides no justificada, dum modo geral, nas


situaes crnicas, devido ao facto de induzir o aparecimento de bactrias
multiresistentes, ao efeito alrgico de alguns antibiticos e irritao dos
conservantes.

CORTICOSTERIDES SISTMICOS

Esto raramente indicados em patologias da superfcie ocular.

A prednisona o frmaco mais utilizado.

Os efeitos adversos so:

Fluidos e electrlitos (reteno lquidos e sdio e perda potssio)

Musculoesqueltico (osteoporose)

Gastrointestinais (lceras G-I, nuseas)

Dermatolgicos

Aumento de sudorao

Neurolgicos (convulses, psicose)

Endocrinolgicos (cushing, hirsutismo, diabetes)

Outros (H.T.A., aumento peso)

Sndrome do Olho Vermelho 172


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Em tratamentos prolongados, deve associar-se o emprego de suplementos de clcio e


vitamina D, para atrasar a perda ssea e administrar protectores gstricos, sobretudo
em doentes com antecedentes de lcera gastro-duodenal.

A retirada dos corticsteroides sistmicos deve ser gradual, de modo a evitar a


insuficincia suprarrenal ou uma reactivao da inflamao.

Nas situaes em que necessrio um tratamento crnico deve ser usada a dose
mnima efectiva.

ANTIINFLAMATRIOS NO ESTEROIDES (AINEs)

O efeito antiinflamatrio e analggico dos AINEs tpicos devido sua actividade


inibitria do isoenzima COX 2.

Os AINEs exercem a sua aco antiinflamatria apenas pela inibio da via de


cilcoxigenase, no actuando na via da lipoxigenase (ou seja, actuam inibindo a sntese
de prostaglandinas, no actuando na sntese de leucotrienos).

As prostaglandinas so o mediador qumico mais importante na inflamao.

Aces das prostaglandinas a nvel ocular:

Na P.I.O. (as Pg E1 e E2 aumentam a P.I.O. e as Pg F2 x diminuem a P.I.O.,


por aumento da drenagem uveoscleral).
Na miose.
Vasodilatao e aumento da permeabilidade vascular (aumento de
concentrao de protenas no humor aquoso).
Leucotaxia.
A inibio do isoenzima COX2 o mecanismo teraputico dos AINEs tpicos no
controle e no tratamento da inflamao da superfcie ocular.

Os AINEs, contrariamente aos corticosterides, no apresentam um efeito significativo


na P.I.O., nem exacerbam infeces e no atrasam a reepitelizao do epitlio
corneano.

Actualmente, os AINEs so uma alternativa eficaz e segura, relativamente ao uso de


corticosterides, no tratamento e controle da inflamao ocular

ANTIINFLAMATRIOS NO ESTEROIDES TPICOS (CLASSIFICAO)

a) DERIVADOS INDLICOS

INDOMETACINA

Sndrome do Olho Vermelho 173


Enciclopdia de Oftalmologia Antnio Ramalho

b) CIDOS FENILCANOICOS

FLURBIPROFENO

KETOROLAC

c) CIDOS FENILACTICOS

DICLOFENAC

BROMFENAC

INDICAES

Os AINEs so usados amplamente em instilaes tpicas, na superfcie ocular e na


inflamao do segmento anterior.

No tratamento da inflamao ps-cirurgia ocular e na reduo da dor (cerca de


90% das publicaes sobre o uso de AINEs na inflamao ocular, referem-se
ao uso ps cirurgia ocular, sobretudo aps a cirurgia da catarata.

Na preveno e tratamento do edema macular cistoide (EMC) ps-cirurgia (os


antiinflamatorios no esteroides so eficazes como actividade sinrgica no
edema macular cistoide. A associao esteroides-antiinflamatorios no
esteroides mais eficaz do que o uso isolado de cada colrio). Rojas e al.
Reportaram um efeito positivo dos AINEs no edema macular cistide, similar
73
injeces de corticosterides perioculares. Os AINEs sistmicos tm um
papel limitado no tratamento do EMC inflamatrio.74

Preveno de miose peroperatria.

Conjuntivite alrgica e blefarites

Uveite anterior aguda

Tratamento da inflamao pingucula/pterigium.

Ps trabeculoplastia.

EFEITOS SECUNDRIOS

As reaces adversas mais comuns aps a instilao de AINEs tpicos so o ardor a


sensao picada transitrios ( a maior parte relacionada com o conservante).

Sndrome do Olho Vermelho 174


Enciclopdia de Oftalmologia Antnio Ramalho

O facto de no induzirem elevao de P.I.O. e de no ser cataratognicos permitem


manter o tratamento durante vrias semanas.

Sensao de picadas e hipermia conjuntival (transitrios). Geralmente so


observadas em doentes com histria de conjuntivites alrgicas e
particularmente com uma maior sensibilidade conjuntival (por diminuio da
sensibilidade corneana).

Queratite ponteada superficial, infiltrados corneanos e defeitos epiteliais

Relatados casos de Melting e perfurao corneana (os antiinflamatorios no


esteroides tpicos levam a um aumento de produo de matrix
metalloproteases, enzimas envolvidos na ruptura corneana durante a
ulcerao).

Os AINEs podem estar relacionados com complicaes corneanas em doentes


predispostos, nomeadamente em doentes com olho seco.75

EFEITOS SISTMICOS

Cerca de 74% da dose administrada topicamente atinge a circulao sistmica,


atravs da absoro pela drenagem do canal lcrimo-nasal. Ocorre a
possibilidade de toxicidade sistmica em tratamentos prolongados
broncoespasmos, rinites, lceras gastro-intestinais.

POSOLOGIA

A maioria dos AINEs tpicos necessita para ser eficaz de ter uma
frequncia de utilizao de 4x ao dia, excepto o Bromfenac que tem uma
utilizao de 2x ao dia.76 O bromfenac apresenta uma molcula altamente
lipoflica, o que lhe permite ter uma rpida penetrao nos tecidos oculares.

FACTORES IMPORTANTES NA SELECO DUM ANTIINFLAMATRIO NO


ESTEROIDE

a) SEGURANA excelente alguns relatos de Melting corneano,


conjuntivites alrgicase alguns sistmicos G-I

b) EFICCIA capacidade de inibir os enzimas COX-1 e COX-2 (inflamao e


dor ps cirurgia e edema macular cistoide).

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c) TOLERNCIA

d) CUSTOS

e) COMPLIANCE

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