Sal - Flávio Passos
Sal - Flávio Passos
Sal - Flávio Passos
Produtos com teor de sdio reduzido ocupam cada vez mais espao nas prateleiras e uma
dieta com baixo teor de sdio recomendada e seguida por muitos que se preocupam
com a sade - quase sempre com pesar, pois o sal reala os sabores, ameniza o amargo e
desperta o paladar.
Neste e-book, iremos esclarecer essas questes um tanto polmicas com informaes
abrangentes e atualizadas sobre o tema.
UM POUCO DE HISTRIA
Todas as evidncias apontam que as primeiras espcies de animais da Terra se
desenvolveram no oceano. Estes seres evoluram imersos em gua salgada, e toda a
sua complexidade biolgica e metabolismo evoluiu de acordo com este ambiente
repleto de sais. Provavelmente este o motivo da proporo mineral ser basicamente
igual no sangue humano e no oceano.
Conforme fomos nos afastando do mar, nosso corpo foi desenvolvendo mecanismos
sosticados para regular o equilbrio mineral interior e passamos a ser dependentes de
minerais advindos da alimentao para sobreviver. Dentre estes, o cloro e o sdio - que
formam o cloreto de sdio, a base do sal comum - so minerais que precisamos em
grande quantidade.
O sal sempre teve grande importncia para o ser humano, sendo estimado e utilizado
por todas as civilizaes conhecidas, dando origem a diversas rotas comerciais. O
termo sal provm da Deusa Romana da Sade - Salus. O sal era visto pelos romanos
como uma ddiva divina, que conferia sabor e conservao aos alimentos e
proporcionava sade e vitalidade. da tambm que vem a palavra salarium - ou salrio.
Os soldados romanos recebiam periodicamente uma poro de sal ou uma quantia
monetria que gastariam em sal, pelos seus servios.
A prpria origem da palavra revela que esta substncia estava associada sade, isto
ca claro em palavras como salubre ou salutar - aquilo que promove a sade. Nossa
linguagem est repleta de termos e expresses relacionada ao sal, como sal da terra,
salgado no sentido de custo nanceiro alto e at salada, que se refere vegetais
frescos adicionados de sal.
Atravs de uma rpida pesquisa, descobrimos que o sal foi uma substncia altamente
estimada por todas as civilizaes, e muitos povos. Entre os gregos, egpcios,
romanos, judeus, rabes; encontramos citaes em textos religiosos e bblicos. Em
algumas regies e perodos, o valor do sal era igualado ao do ouro.
Todos os animais precisam de sal e surpreendente o que fazem para suprir esta
necessidade vital. Elefantes se deslocam por dezenas de quilmetros e cavam tneis e
cavernas para lamber certas rochas salinas, cabras escalam longas distncias em
montanhas de difcil acesso e macacos catam pulgas e piolhos um dos outros e comem,
pois, estes parasitas esto impregnados com a secreo salgada da pele do hospedeiro.
Ainda assim muitas culturas indgenas conheciam e utilizavam o sal mineral, tanto
coletado em depsitos extrado dos oceanos, como atravs da queima de certas
plantas, utilizando suas cinzas.
Alm de fonte de minerais essenciais, o sal serviu como importante higienizador e conservador
de alimentos, ajudando a conservar vegetais e carnes por semanas ou at meses.
Tomando tudo isso em considerao, o que teria levado este elemento to importante
boa sade a ser mal visto e evitado como causador de problemas de sade na
atualidade?
A IMPORTNCIA DO SAL
PARA A SADE
Existem diversos tipos de sal, com diferentes composies de minerais.
Neste texto, o foco para o composto principal que utilizamos na culinria, o cloreto de
sdio, ou sal de cozinha (natural). O cloro e o sdio, junto com o potssio, so os
eletrlitos mais abundantes no organismo.
necessrio para o bom funcionamento do fgado e dos rins para a eliminao de toxinas.
FUNES DO SDIO NO ORGANISMO:
Em outras palavras, no preciso colocar menos sal em seus pratos, contanto que
voc obtenha uma boa quantidade de potssio, ou seja, de 4.000 a 5.000 mg por dia.
Alm do potssio, um dos melhores remdios para a hipertenso uma boa noite de
sono. Mesmo uma moderada reduo das horas de sono ir acelerar a gradativamente
taxa cardaca, aumentando signicativamente a presso arterial.
RISCOS DE UMA
DIETA DE BAIXO SAL
O sal to fundamental para a vida que sua decincia age como um contraceptivo
natural em todos os tipos de animais, incluindo ns, humanos. Ou seja: menos sal,
menos Sade. Menos sade, menos fertilidade.
Uma dieta com pouco sal reduz o desejo sexual, inibe as chances de engravidar e afeta o
peso dos bebs. Estudos clnicos mostram que dietas com baixo teor de sal podem
aumentar o risco de disfuno ertil, fadiga e a idade em que as fmeas se tornam frteis.
Se voc tem presso alta, ou pertence a um grupo considerado como tendo maior risco de
desenvolv-la, como ter mais de 60 anos ou ser afrodescendente, os mdicos ainda
aconselham cortar sua ingesto para dois teros de uma colher de ch de sal por dia.
Esses limites vo contra nossos instintos naturais. Quando as pessoas utilizam o sal
livremente, do modo como gostam, tendem a usar entre uma colher e meia e trs
colheres de ch por dia, independentemente da regio, clima, cultura ou classe social.
Alguns especialistas sugerem que a quantidade ideal de sal para o organismo se
manter em homeostase entre 8 e 10 gramas.
Ainda que certos estudos apontem que o consumo de menos sal leve a nveis de
presso arterial modestamente mais baixos em algumas pessoas hipertensas, muitos
outros estudos vericaram que a restrio de sal na verdade aumenta o risco de
cardiopatia, e uma meta-anlise importante concluiu que diminuir o sal no oferece
nenhum benefcio sade.
Resistncia insulina. Alguns estudos diferentes vericaram que uma dieta com
baixo teor de sal propiciou um aumento de 15 a 20% na resistncia insulina em
voluntrios saudveis. A resistncia insulina contribui para o ganho de gordura e, a
longo prazo, ao diabetes tipo 2 e sndrome metablica.
Fadiga e qualidade do sono. Um estudo vericou que a restrio do sal prejudica o
sistema nervoso simptico, perturbando a qualidade do sono e causando exausto e
fadiga muscular mais rapidamente. Os participantes desse estudo tambm
apresentaram um aumento na presso sangunea.
Portanto, atletas precisam naturalmente de mais sal, assim como qualquer pessoa no
dia em que faz exerccios ou sua muito. Nas dcadas de 50 e 60 esportistas utilizavam
suplementos de sal. Se voc est fazendo qualquer tipo de dieta com baixo teor de
carboidratos, a quantidade de sal necessria tambm maior.
Quando voc consome uma dieta do tipo low carb, produz bem menos insulina (o que
timo para a sade em todos os nveis), mas nveis de insulina baixos e estveis
tambm assinalam aos rins que eles no precisam trabalhar para reter sdio, fazendo
com que o sdio seja excretado mais facilmente.
Muitos sentem desconfortos ao migrar para uma dieta low carb e este um dos
motivos, pois se voc no repuser todo o sdio que seus rins esto eliminando, poder
sofrer com dores de cabea e fadiga devido desidratao.
Assim sendo, comear o dia tomando um copo de gua com limo e aproximadamente
1/3 ou meia colher de ch de sal natural, fornece hidratao e facilita o trabalho dos
rins e das supra-renais ajudando no despertar do corpo e a manter nveis de energia
estveis ao longo do dia.
A hiptese a seguinte: quando comemos sal, camos com sede, ento bebemos
mais gua. O excesso de sal faz com que o corpo retenha essa gua para diluir a
salinidade do sangue. A reteno de gua aumentaria o volume sanguneo, o que
levaria a uma maior presso arterial, e, portanto, a doenas cardacas, acidentes
vasculares cerebrais e outras condies graves.
Embora isso parea fazer sentido na teoria, no o que ocorre na grande maioria dos
casos. Evidncias na literatura mdica sugerem que aproximadamente 80 por cento
das pessoas com presso arterial normal (ou seja, uma leitura menor do que 120 por
80) no sofrem quaisquer sinais de aumento da presso arterial quando aumentam a
sua ingesto de sal.
No incio da dcada de 70, o Dr. Lewis Dahl, convicto de que o sal causava hipertenso,
selecionou geneticamente ratos que apresentavam sensibilidade ao sal (que hoje so
conhecidos como "ratos Dahl sensveis ao sal "), pois como o prprio Dr. Dahl foi
obrigado a admitir, ratos normais no so sensveis ao sal.
Isso mesmo: Dahl criou ratos sensveis ao sal em um laboratrio e depois os usou para
provar sua hiptese de que o sal afetou a presso arterial com quantidades que
chegavam ao equivalente de 500 gramas de sdio em escala humana.
A ligao entre presso alta e sal foi estabelecida na mente do pblico, e assim
permanece at hoje. Curiosamente pases com alto consumo de sdio, como a Coreia
do Sul, Japo e Frana apresentam algumas das taxas mais baixas do mundo para
hipertenso, doena cardaca coronria e morte devido a doena cardiovascular.
O TIPO DE SAL QUE VOC
CONSOME IMPORTA
Antes de voc sair polvilhando sal de cozinha sobre tudo, considere a qualidade!
A maioria dos sais marinhos ou ainda o sal rosa do Himalaia (assim como qualquer sal mineral,
seja dos Andes, do Paquisto, de Malbec, da Frana ou da Turquia) contm cerca de 80
elementos-trao, incluindo potssio, clcio, magnsio, iodo, ferro e zinco, dentre outros.
Evite o sal branco renado, que no apenas est desprovido de todos os traos dos outros
minerais, mas contm aditivos antiumectantes e antiaglomerantes txicos, incluindo o
aluminosilicato de sdio (alumnio) e o ferrocianeto (cianeto).
SAL ROSA
O Sal rosa esteve envolto em polmicas, por isso colocaremos algumas observaes
adicionais sobre este sal especco. Por um lado, alguns armam que o sal rosa fornece
dezenas de minerais ao corpo, possuindo propriedades teraputicas diversas, dentre
outras coisas.
Tudo isto exagerado, o sal rosa basicamente igual ao sal marinho comum, com traos
de outros minerais, sem alcanar quantidades que possam caracteriz-lo como fonte ou
suplemento destes minerais. possvel que apresente propriedades teraputicas, isto
algo que faz parte da tradio ayurvedica, mas tais efeitos esto fora do mbito da cincia
e do conhecimento tradicional ocidental.
Por outro lado, alguns armam que o sal rosa simplesmente uma moda, que boa parte
falsicado, possui or, sendo prejudicial, e que seria inapropriado para consumo humano,
devido compostos insolveis. Nada disto verdade.
O sal rosa conhecido e utilizado h milnios, no moda, apenas est sendo difundido e
conhecido no mundo moderno, sua quantidade abundante e sua textura e o modo como interage
com a umidade bem diferente do sal marinho ou renado, falsic-lo no impossvel, mas seria
trabalhoso e facilmente perceptvel; o or presente no sal rosa est presente tambm em
alimentos como ma e abacate e em algumas fontes minerais de gua, um tipo de or natural,
diferente da sua forma adicionada quimicamente, esta, sim, perigosa.
O sal rosa passa por rgos reguladores na Europa, EUA, Japo e sua comercializao
permitida pois os testes so positivos quanto sua adequao e pureza. Alm disso,
como dissemos, um sal tradicional utilizado h milnios, certamente apropriado ao
consumo humano.
Outra preocupao quanto ao iodo. Originalmente o sal rosa no possui iodo, porm,
todo o sal vendido no Brasil precisa por lei ser iodado, portanto o sal rosa disponvel
para a venda em nosso pas contm iodo adicionado.
E, caso voc ainda tenha uma alimentao baseada em industrializados, com decincia
de potssio e utilize sal renado, se preocupar com o excesso de sal isoladamente no vai
trazer basicamente nenhuma melhora em sua qualidade de vida.
Faria muito mais sentido neste caso se preocupar com a sade em sua totalidade, com as
diversas decincias nutricionais que podem estar acontecendo e com a sobrecarga de
elementos desnecessrios e txicos ao organismo.
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LIVROS:
Mark Kurlansky, Salt: A World History
Dr. James DiNicolantonio, The Salt Fix: Why the Experts Got It All Wrong - and How Eating More Might Save Your Life
www.aviopassos.com
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