Manual de Abordagem - Final 27-02-2014
Manual de Abordagem - Final 27-02-2014
Manual de Abordagem - Final 27-02-2014
DEPENDNCIAS QUMICAS
384p.
ISBN 9788567783000
CDU 610
Sobre os autores
p.7
Prefcio
p.15
Sobre os autores:
Alessandra F. Almeida Assumpo: Mestranda no Programa de Ps-Graduao em
Medicina Molecular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduada em Psico-
logia pela UFMG (2012) e graduada em Servio Social pela Universidade Federal do Esprito
Santo (2005). preceptora em Neuropsicologia Clnica no Ambulatrio de Dependncias
Qumicas e comportamentais do Hospital das Clnicas/UFMG e integrante do Centro Regional
de Referncia em Drogas da UFMG.
Ana Ceclia Alves Cardoso: Graduanda em Medicina pela Universidade Federal de Minas Ge-
rais. Possui experincia nas reas de neurocincias e psiquiatria, atuando principalmente nos
seguintes temas: cognio, esquizofrenia, neuropsicologia e dependncia qumica.
Ana Paula Ribeiro: Psicloga pela Universidade Federal de Minas Gerais (2012). Espe-
cialista em Neuropsicologia pela Faculdade de Medicina de Minas Gerais (2013). Integrante
do Centro Regional de Referncia em drogas (CRR - UFMG).
7
Daniel Gonalves Dias Diniz: Graduando do curso Medicina pela Universidade Federal
de Minas Gerais. Aluno de Iniciao Cientfica do Ambulatrio de Hepatites Virais do Instituto
Alfa - HC - UFMG. Monitor do curso a distncia de Eletrocardiografia - CETES - UFMG.
Felix Henrique Paim Kessler: Possui graduao em Medicina pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (2005). Especialista em Psiquiatria da Infncia e Adolescncia pela
UFRGS (2011), atuando principalmente nos seguintes temas: genes candidatos, transtorno
de dficit de ateno e hiperatividade, dependncia qumica e crianas e adolescentes. M-
dico Contratado do Hospital de Clnicas de Porto Alegre, atua no Servio de Psiquiatria da
Infncia e Adolescncia, atendendo crianas e adolescentes com problemas relacionados
ao uso de substncias psicoativas na Unidade lvaro Alvim.
8
terologia do Hospital das Clnicas da UFMG, do Grupo de Pesquisa em Transplante Heptico
do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clnicas da UFMG e do Grupo de Pes-
quisas do Ambulatrio de Dependncia Qumica da Faculdade de Medicina - UFMG.
Lafaiete Moreira: Psiclogo pela Universidade Federal de Minas Geriais (2010). Mestre
pelo Programa de Ps Graduao em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG
(2013). Colaborador do Laboratrio de Investigaes Neuropsicolgicas do Instituto Nacional
de Cincias e Tecnologia em Medicina Molecular da UFMG. Neuropsiclogo do Instituto
Jenny de Andrade Faria de Ateno Sade do Idoso. Desenvolve trabalhos nas reas de
Neuropsicologia do envelhecimento, Sintomas Comportamentais e Psicolgicos das Demn-
cias e Neuropsicologia das Dependncias Qumicas.
Lvia Pires Guimares: Psicloga pela FUMEC, Especialista em Criminologia pela PUC-
MINAS / ACADEPOL, Especialista em Gesto Pblica em Organizaes de Sade pela UFJF,
Especialista em Dependncia Qumica pela UNIFESP, Mestre em Educao, Cultura e Orga-
nizaes Sociais pela UEMG / FUNEDI.
Luiz Filipe Arajo: Professor Assistente de Filosofia do Direito, Teoria Geral do Direito
e Prtica Jurdica da Universidade Federal de Viosa. Coordenador do Curso de Direito na
mesma Universidade. Doutorando em Filosofia do Direito na Faculdade de Direito da Univer-
sidade Federal de Minas Gerais (2013). Mestre em Filosofia do Direito pela Universidade
Federal de Minas Gerais (2012). Graduado em Direito pela Universidade Federal de Viosa
(2008).
9
dao Hospitalar do Estado de Minas Gerais (2004), Residncia Mdica em Psicoterapia
pela Fundao Hospitalar do Estado de Minas Gerais (2006), Mestrado em Cincias Biol-
gicas: Farmacologia Bioquimica e Molecular pela UFMG (2006), Doutorado em Cincias da
Sade: Medicina Molecular (2008). professora Adjunta de Psiquiatria da Faculdade de
Medicina da UFMG. Atualmente membro da diretoria da Associaao Mineira de Psiquiatria
na Comisso de Educao Continuada. Tem experincia nas reas de Psiquiatria, Intercon-
sulta Psiquitrica, Gentica Molecular e Neuroimagem, atuando principalmente nos seguintes
temas: cognio social, neuroimagem e comportamento suicida.
Mara Ferreira Nogueira da Gama: Psicloga Clnica formada pela UFMG. Colaboradora
do CRR/UFMG.
Mara Glria de Freitas Cardoso: Possui graduao em Psicologia pela Universidade
Federal de Minas Gerais (2012). Atualmente psicloga (unidade AVE) do HOSPITAL DAS
CLINICAS e pesquisadora voluntria - Laboratrio de Investigaes em Neurocincia
Clnica da UFMG. Tem experincia na rea de Psicologia, com nfase em Neuropsicologia
Marta Paula Pereira Coelho: Nutricionista pelo Centro Universitrio Newton Paiva.
Atualmente realizandoatendimento nutricional em consultrio particular e atendimento nu-
tricional voluntrio no Ambulatrio de Dependncia Qumica da Faculdade de Medicina
UFMG e Ambulatrio de Hepatites Virais UFMG.
Moiss de Andrade Jnior: Possui graduao em Psicologia pela UFMG (2005), mes-
trado em Psicologia pela UFMG (2008) e doutorando em Psicologia pela mesma universi-
dade. Possui especializao em Dependncia Qumica pela UNIFESP (2013)
10
Neliana Buzi Figlie: Psicloga pela Universidade So Marcos, Especialista em Depen-
dncia Qumica, Mestre em Sade Mental e Doutora em Cincias pela UNIFESP. Professora
e Pesquisadora Snior na UNIAD/INPAD, Orientadora no Curso de Ps-Graduao em Psi-
quiatria na UNIFESP.
Orestes Diniz: Psiclogo Clnico, Doutor em Psicologia Clinica (PUC-Rio), Mestre em Psi-
cologia Social (UFMG), Especialista em Terapia de Famlia Professor Adjunto IV (UFMG).
11
Tamyres Tania Martins Marques: Graduanda do curso Medicina pela Universidade
Federal de Minas Gerais.
12
PREFCIO
Frederico Garcia
15
Espero que este livro possa servir como referncia para todos os
profissionais envolvidos na abordagem do usurio de drogas e seus
familiares.
Boa leitura!
16
1o
1
PARTE 1
Conceitualizao, epidemiologia
e legislao
Captulo 1
As drogas psicoativas
Tabela 1
Tipos de drogas segundo a classificao de efeito no
sistema nervoso central. Descrio do efeito de cada grupo
Inibidoras Ativadoras Alucingenas
(Psicolpticas) (Psicoanalpticas) (Psicodislepticas)
lcool Cocana/Crack LSD
Opiides Ch-de-Trombeta
Cactos
Causam diminuio global da So as drogas que causam As drogas perturbadoras
atividade do SNC. H uma um aumento da atividade causam fenmenos
tendncia reduo da cerebral, sobretudo em psquicos anormais como
atividade motora, da certos grupos de neurnios. os delrios e as alucinaes.
reatividade dor e da As drogas estimulantes
ansiedade. comum um induzem um estado de
alerta exagerado, causando
efeito euforizante no incio
diminuio do sono e do
do uso e posteriormente apetite, sensao de energia
de sonolncia e menor fadiga; Uma
acelerao do pensamento
e da fala; taquicardia,
acelerao do pulso e
aumento da presso arterial
20
Conceito de drogas e seus padres de uso
21
Manual de abordagem de dependncias qumicas
22
Conceito de drogas e seus padres de uso
Tabela 2
Critrios propostos para a caracterizao de um comportamento
de dependncia ou comportamento aditivo. Adaptado de Goodman, 1990
23
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Figura 1
Classificao categorial dos transtornos relacionados ao uso de
substncias. No modelo categorial existia a ideia de que o uso e a
intoxicao por drogas no trariam consequncias negativas ao usurio.
Contudo, tm-se cada vez mais evidncias de que qualquer uso de drogas
est associado a consequncias biolgicas, psicolgicas e sociais.
Uso
Intoxicao aguda
Uso nocivo
Sndrome de dependncia
Consequncias somticas/psquicas/sociais/econmicas
24
Conceito de drogas e seus padres de uso
Tabela 3
Critrios diagnsticos do CID-10 para uso nocivo (abuso) de substncia
25
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 4
Critrios do CID-10 para dependncia de substncias
27
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Figura 2
A ao das drogas na liberao de dopamina no circuito
de recompensas, via mesocorticolmbica
28
Conceito de drogas e seus padres de uso
29
Manual de abordagem de dependncias qumicas
30
Conceito de drogas e seus padres de uso
Concluso
Referncias
ALVES, H., KESSLEr, F., rAttO, L.r.C., Comorbidade: uso de lcool e ou-
tros transtornos psiquitricos. Rev. Bras. Psiquiatr., v.26, supl I , p.51-53, 2004.
AMErICAN PSyCHIAtrIC ASSOCIAtION (APA), Diagnostic and Statistical
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AMErICAN PSyCHIAtrIC ASSOCIAtION, DSM-5 Development, 2012, [acesso
em 10 de jul. 2013], disponvel em: http://www.dsm5.org/Pages/Default.aspx
BrASIL, 2006, Lei nmero 11.343, de 23 de agosto de 2006 que institui o Sis-
tema Nacional de Polticas Pblicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas
para preveno do uso indevido, ateno e reinsero social de usurios e de-
pendentes de drogas; estabelece normas para represso produo no autori-
zada e ao trfico ilcito de drogas; define crimes e d outras providncias.
CArLINI, E. A. [et al.], II Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psi-
cotrpicas no Brasil : estudo envolvendo as 108 maiores cidades do pas : 2005
31
Manual de abordagem de dependncias qumicas
32
Captulo 2
Introduo
Levantamentos
Prevalncia e incidncia
34
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
lcool e tabaco
O lcool e o tabaco continuam sendo as drogas mais
con-sumidas no mundo. Estima-se que 48% da populao
mundial adulta seja usuria de lcool e 29% de tabaco. Isso
corresponde a dois bilhes e 1,1 bilhes de adultos
respectivamente (Anderson, 2006). No ano de 2005, o consumo
anual de lcool era de 6,13 litros por cada habitante acima de 15
anos. Sabe-se que o uso de drogas influenciado pelas leis de
mercado. O uso de drogas lcitas to disseminado, atualmente,
pela grande disponibilidade e os baixos custos dessas drogas. O
uso abusivo de lcool resulta em 2,5 mi-lhes de mortes a cada
ano, ou seja, 4% das mortes no mundo, numa proporo de
quatro mulheres para cada homem (WHO, 2011). O tabaco
responsvel por 6 milhes de mortes por ano no mundo. Dessas
600 mil so de pessoas no fumantes expostas a fumaa do tabaco
na famlia ou no trabalho. Mais de 80% dos fu-mantes vivem em
pases de baixa ou mdia renda. Apesar do con-sumo de tabaco
ter diminudo um pouco nos ltimos dez anos, ele continua
crescendo entre mulheres jovens (WHO, 2013).
Drogas ilcitas
No mundo, estima-se que entre 167 milhes e 315
milhes de pessoas entre 15 e 64 anos (3.6% a 6.9% da populao
mundial dentro desse grupo) usou alguma droga ilcita no ano
anterior a 2011 (UNODC, 2012). Desde 2008, houve um
aumento de 18% no nmero total de pessoas que usaram alguma
35
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Grfico 1
Evoluo do nmero de usurios e dependentes de drogas
ilcitas no mundo 1990-2001 a 2010. Adaptado de UNODC,
2012
36
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
37
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Grfico 2
Tendncias mundiais na prevalncia do uso de diferentes drogas
de 2009 a 2011. Adaptado de UNODC, 2012
38
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
39
Manual de abordagem de dependncias qumicas
lcool e tabaco
40
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
41
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Fatores de risco
42
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
Concluses
43
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
44
Epidemiologia do uso de drogas no Brasil e no mundo
45
Captulo 3
Introduo
graves para a sade pblica mundial. H uma tendncia UNODC: United Nations Office
mundial que aponta para o uso cada vez mais precoce de oncritrio
Drugs and Crimes (Es-
das Naes Unidas
substncias psicoativas, sendo que tal uso ocorre de sobre Drogas e Crimes). uma
agencia especializada da
forma cada vez mais pesada. O ltimo relatrio do Naes Unidas que presta con-
UNODC - Escritrio das Naes Unidas sobre Drogas e Crimes sultoria dirigida e coordenada
para responder a questes
aponta uma tendncia de aumento do consumo de dro- relacionadas ao trfco ilegal,
abuso de drogas, crimes e pre-
gas sintticas e de prescrio (UNODC, 2013). veno de crimes.
outras drogas tem sido cada vez mais precoce entre estudantes do
ensino fundamental e mdio. Entre essa populao, a idade mdia
para o incio do consumo de lcool e tabaco por volta dos 12 anos
de idade e o incio do uso de outras drogas, tais como a maconha,
a cocana e o crack, ocorre por volta dos 13 e 14 anos de idade
(CArLINI et al., 2010).
O uso de drogas gera vrios efeitos danosos
para a sade. Esses danos vo depender de quanto da
substncia utilizada, de que forma e com que padro
de uso levando a efeitos txicos e a dependncia. Entre
as consequncias diretas e indiretas do consumo de dro-
gas destacam-se os acidentes de trnsito, as agresses, de-
presses clnicas, distrbios de conduta, ao lado de
HIV: Vrus da Imunodeficincia
comportamento de risco no mbito sexual e a transmis-
adquirida. A infeco pelo
vrus pode causar a AIDS, ou
so do vrus HIV e da hepatite B e C pelo uso de drogas
sndrome de imunodeficincia injetveis. Por outro lado, os efeitos danosos da depen-
adquirida.
dncia no contexto social, gera desarmonia familiar, vio-
lncia domstica, abuso infantil, separao, delitos,
abandono escolar, faltas ao trabalho, desemprego e inca-
pacidade para vida.
Para conter esses prejuzos, os governantes necessitam
tomar decises com base em consensos na forma de lei, regras e
regulaes. O conjunto dessas medidas define polticas pblicas
(LArANJEIrA; rOMANO, 2004). Apesar dos impactos sociais
relacionados ao consumo e dependncia de lcool, tabaco e outras
drogas (AtOD), as estratgias de preveno, tratamento e polticas
pblicas, ainda so muito deficientes, sendo que muitas vezes os re-
cursos so alocados de forma inadequada. Alm disso, percebe-se
ainda que h uma grande lacuna entre o que comprovadamente
eficaz, segundo as pesquisas, e o que de fato se faz, tanto na prtica
clnica quanto em relao s polticas de preveno e controle social
(DIELH et al., 2012).
48
Bases para uma poltica pblica sobre lcool, tabaco e outras drogas baseada em evidncias
49
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Figura 1
Modelo Geral de causas do uso de lcool, tabaco e outras drogas.
Adaptado de Birckmayer et. al. 2004.
50
Bases para uma poltica pblica sobre lcool, tabaco e outras drogas baseada em evidncias
Tabela 1
Fatores de risco ou de proteo conhecidos para o
desenvolvimento de uso de drogas
51
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Programa de preveno:Pro-
gramas que visam evitar a ex-
de proteo. Um programa de preveno planejado deve co-
posio de uma pessoa ou um mear definindo o ambiente de onde vo partir as aes
grupo de pessoas a um fator
de risco e aumentar o impacto e a partir de ento quais os domnios devero ser traba-
dos fatores de proteo com o
objetivo de se evitar um agravo
lhados. A preveno visa diminuir os fatores de risco e
de sade ou doena. aumentar os fatores de proteo para cada um dos do-
mnios de vida definidos como foco do programa de pre-
veno. Em cada um desses ambientes existem diferentes
domnios, cujas aes preventivas podem ser direciona-
das (Tabela 2).
Tabela 2
Diferentes domnios de direcionamento de aes preventivas
Intervenes preventivas
52
Bases para uma poltica pblica sobre lcool, tabaco e outras drogas baseada em evidncias
Relacionamento familiar
53
Manual de abordagem de dependncias qumicas
O ambiente escolar
O ambiente comunitrio
54
Bases para uma poltica pblica sobre lcool, tabaco e outras drogas baseada em evidncias
Figura 2
Polticas pblicas para reduo da mobimortalidade do uso abusivo
de lcool e outras drogas. Adaptado de Babor, 2003
Alocatrias Regulatrias
Campanhas educativas. Leis que regulam os preos e
Tratamento para o dependente. taxao de bebidas alcolicas e
compra de tabaco.
Restrio do horrio de funciona-
mento de locais de venda e idade
mnima para compra.
Proibio de propagandas.
Outras medidas
Represso
Fiscalizao
Priso
Descriminalizao
Despenalizao ou legalizao
55
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 3
Polticas pblicas para reduo da morbimortalidade
do uso abusivo de lcool. Adaptado de Babor, 2003.
56
Bases para uma poltica pblica sobre lcool, tabaco e outras drogas baseada em evidncias
Consideraes finais
Figuras 3
Componentes do tratamento integral do abuso de drogas
57
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
58
Captulo 4
Introduo
60
Polticas pblicas e a assistncia integral do paciente com dependncia qumica
61
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Art. 1. {...}
I. Articular as aes desenvolvidas pelas trs esferas de governo des-
tinadas a promover a ateno aos pacientes com dependncia e/ou
uso prejudicial de lcool ou outras drogas;
II. Organizar e implantar rede estratgica de servios extra-hospitalares
de ateno aos pacientes com esse tipo de transtorno, articulada
rede de ateno psicossocial;
III. Aperfeioar as intervenes preventivas como forma de reduzir
os danos sociais e sade, representados pelo uso prejudicial de lcool
e outras drogas;
IV. realizar aes de ateno/assistncia aos pacientes e familiares, de
forma integral e abrangente, com atendimento individual, em grupo,
atividades comunitrias, orientao profissional, suporte medicamen-
toso, psicoterpico, de orientao e outros;
V. Organizar/regular as demandas e os fluxos assistenciais;
VI. Promover, em articulao com instituies formadoras, a capaci-
tao e superviso das equipes de ateno bsica, servios e progra-
mas de sade mental locais. (Portaria GM/MS 816/2002)
62
Polticas pblicas e a assistncia integral do paciente com dependncia qumica
Poltica de assistncia
63
Manual de abordagem de dependncias qumicas
64
Polticas pblicas e a assistncia integral do paciente com dependncia qumica
Concluso
65
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
66
Captulo 5
Aspectos do
Estatuto da Criana e do Adolescente
e o uso de drogas
Renato Csar Cardoso
Luiz Filipe Arajo
Introduo
68
Aspectos do Estatuto da Criana e do Adolescente e o uso de drogas
69
Manual de abordagem de dependncias qumicas
70
Aspectos do Estatuto da Criana e do Adolescente e o uso de drogas
71
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 1
Comparao do Cdigo de Menores com o ECA
adaptado de BRANCHER (2000, p. 126)
ASPECTO CDIGO DE MENORES ECA
Doutrinrio Situao irregular Proteo integral
Carter Filantrpico Poltica pblica
Fundamento Assistencialista Direito subjetivo
Centralidade local Judicirio Municpio
Executivo Unio/estados Municpio
Decisrio Centralizador Participativo
Institucional Estatal Co-gesto
Organizacional Piramidal Rede
Gesto Monocrtica Democrtica
72
Aspectos do Estatuto da Criana e do Adolescente e o uso de drogas
73
Manual de abordagem de dependncias qumicas
74
Aspectos do Estatuto da Criana e do Adolescente e o uso de drogas
Referncias
75
Captulo 6
Introduo
78
O papel conselho tutelar na abordagem da criana e adolescente usurios de drogas
Grfico 1
Promoo, Controle e Defesa dos interesses da Criana e do Adolescente
79
Manual de abordagem de dependncias qumicas
O conselho tutelar
81
Manual de abordagem de dependncias qumicas
82
O papel conselho tutelar na abordagem da criana e adolescente usurios de drogas
83
Manual de abordagem de dependncias qumicas
84
O papel conselho tutelar na abordagem da criana e adolescente usurios de drogas
85
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Notas
1
Para marcar esse paradoxismo na legislao brasileira veja-se o cunho civiliza-
dor do Estatuto do ndio - Lei n 6.001 de 19 de dezembro de 1973 e intuito
garantidor do Estatuto da Igualdade Racial Lei n 12.288, de 20 de julho de 2010.
2
tEPEDINO, Gustavo (Coord). Problemas de Direito Civil. rio de Janeiro: reno-
var, 2001. Pg. 1 e segs.
3
GADELHA, Graa apud Alexandre rocha Arajo. Responsabilizao no contexto
do Sistema de Garantia de Direitos de Belo Horizonte: a posio do Conselho tutelar.
Dissertao de Mestrado. 114p. Belo Horizonte: Fundao Joo Pinheiro, 2009.
Pg. 50.
4
Lei n 6697, de 10 de outubro de 1979. Bem como o antigo Cdigo Mello Mat-
tos (Decreto N 17.943-A de 12 de outubro de 1927).
5
Para um breve percurso histrico da legislao nos primrdios da republica cf.
FErrEIrA, Laura Valria Pinto. Menores Desamparados da Proclamao da Repblica
ao Estado Novo. Disponvel em: http://www.ufjf.br/virtu/files/2010/05/artigo-
86
O papel conselho tutelar na abordagem da criana e adolescente usurios de drogas
87
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
88
1o
2 89
PARTE 2
Aspectos clnicos dos transtornos
do uso de drogas
Captulo 7
Das Utopias
Se as coisas so inatingveis... ora!
No motivo para no quer-las...
Que tristes os caminhos, se no fora
A presena distante das estrelas!
Mario Quintana
Introduo
92
Efeitos somticos e alteraes clnicas do lcool,tabaco e da maconha.
93
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 1
Resumo das principais consequncias clnicas
associadas ao uso do lcool
95
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 2
Nveis plasmticos de lcool (mg%), manifestaes clnicas e condutas
Os sinais e sintomas mais comuns da SAA so: Delirium Tremens: estado con-
fusional que ocorre durante a ab-
agitao, ansiedade, alteraes de humor (irritabilidade, stinncia de lcool em indivduos
dependentes dessa substncia.
disforia), tremores, nusea, vmitos, taquicardia, hiper- caracterizado por confuso men-
tenso arterial, entre outros. Ocorrem complicaes tal, desorientao, ideao per-
secutria, delrios, iluses,
como: alucinaes, o Delirium Tremens (Dt) e convulses alucinaes (tipicamente visuais
de animais), inquietude, tremores,
(LArANJEIrA et al., 2000). Os sintomas, em geral, re- sudorese, taquicardia e hiperten-
lacionam-se ao desenvolvimento da adaptao do cre- so. A instalao do delirium
tremens ocorre 48 horas ou mais
bro exposio crnica do lcool e variam quanto aps a cessao ou reduo do
consumo de lcool e pode durar
intensidade e gravidade. por mais de uma semana.
97
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 3
Critrios para o diagnstico da Sndrome de Abstinncia do lcool (SAA)
99
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 4
Elementos essenciais para o diagnstico da Sndrome de
Dependncia do lcool (SDA)
100
Efeitos somticos e alteraes clnicas do lcool,tabaco e da maconha.
101
Manual de abordagem de dependncias qumicas
102
Efeitos somticos e alteraes clnicas do lcool,tabaco e da maconha.
103
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Manifestaes clnicas
104
Efeitos somticos e alteraes clnicas do lcool,tabaco e da maconha.
Referncias
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105
Manual de abordagem de dependncias qumicas
106
Efeitos somticos e alteraes clnicas do lcool,tabaco e da maconha.
107
Captulo 8
Introduo
O crack e a cocana
Crack: substncia derivada da
Crack (tambm chamado de craque) uma cocana que pode ser fumada.
Seus efeitos diferenciam-se do
droga, geralmente, fumada feita a partir da mistura clori- da cocana por serem de incio
drato de cocana com bicarbonato de sdio e amonia. mais rpido e de durao mais
curta.
uma forma impura de cocana e no um subproduto. O
Manual de abordagem de dependncias qumicas
110
Alteraes clnicas caractersticas do uso de crack
Tabela 1
Efeitos e manifestaes clnicas relacionadas ao uso do crack/cocana
Cardacas
Angina do peito, Arritmias cardacas, Cardiomiopatia dilatada, Edema agudo de pulmo,
Hipertenso arterial, Hipertrofia de ventrculo esquerdo, Infarto agudo do miocrdio,
M-formaes cardacas (CIA, CIV e pulmonar), Miocardite, Rotura de aorta
Gastrointestinais
Colite isqumica, Isquemia intestinal, Perfurao gastroduodenal
Obsttricas
Baixo peso para a idade gestacional, Descolamento prematuro de placenta,
Microcefalia, Prematuridade
Neurolgicas
Atrofia cerebral, Convulses, Dor de cabea, Hemorragia cerebral,
Infarto cerebral, Vasculite Cerebral
Pulmonares
Bronquilote obliterante, Crack lung, Edema pulmonar, Exacerbao de asma,
Pnemomediastino, Pnemopericrdio, Pneumotrax
Otorrinolaringolgicas
Alteraes do olfato, Ceratite, Eroso do esmalte do dente, Perfurao de septo nasal,
Rinite crnica, Sinusite osteoltica, Ulcerao gengival
Psiquitricas
Ansiedade, Delrio, Depresso, Paranoia, Psicose, Suicdio
Endcrinas
Hiperprolactinemia
Renais
Insuficincia renal aguda (rabdomilise)
Outras
Defeito do epitlio da crnea, Hipertermia, Morte sbita, Neuropatia ptica, Priaprismo
111
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Figura 1
Leses cutneas por queimadura nas pontas dos dedos de
caractersticas de usurios de crack
112
Alteraes clnicas caractersticas do uso de crack
Figura 2
Aumento do trabalho cardaco, sob efeito da cocana, com reduo do
aporte de glicose e oxignio para o corao, aumentando assim o risco
de isquemia, arritmias e infarto agudo do miocrdio (RIBEIRO et al., 2010).
113
Manual de abordagem de dependncias qumicas
114
Alteraes clnicas caractersticas do uso de crack
115
Manual de abordagem de dependncias qumicas
116
Alteraes clnicas caractersticas do uso de crack
Concluses:
117
Manual de abordagem de dependncias qumicas
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Alteraes clnicas caractersticas do uso de crack
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119
Manual de abordagem de dependncias qumicas
120
Captulo 9
Adolescncia:
desenvolvimento normal e associado
ao uso de drogas
Maila de Castro L. Neves
Marina de Souza Maciel
Introduo
Neurodesenvolvimento
122
Adolescncia: desenvolvimento normal e associado ao uso de drogas
123
Manual de abordagem de dependncias qumicas
124
Adolescncia: desenvolvimento normal e associado ao uso de drogas
125
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Uso de drogas
126
Adolescncia: desenvolvimento normal e associado ao uso de drogas
127
Manual de abordagem de dependncias qumicas
128
Adolescncia: desenvolvimento normal e associado ao uso de drogas
Concluses
Referncias
130
Adolescncia: desenvolvimento normal e associado ao uso de drogas
131
1o
3 133
PARTE 3
Abordagem farmacolgica dos
transtornos do uso de drogas
Captulo 10
Introduo
O sistema gabargico
GABA: cido gama-
Existem vrios subtipos de receptores GABA. O aminobutrico. O GABA um
lcool potencializa o efeito dos receptores GABA A, que neurotransmissor inibidor do
sistema nervoso.
controla a entrada de cloro para o interior da clula.
Quando o etanol interage com esse receptor, ocorre uma
potencializao de abertura de canais de cloro. O influxo
desse on torna a clula menos excitvel e de difcil des-
polarizao. Os dois longos tratos GABArgicos identi-
ficados so os neurnios que se projetam a partir do
corpo estriado para a substncia negra e as clulas de
Purkinge que se projetam para o cerebelo. Existem ainda
Manual de abordagem de dependncias qumicas
O sistema glutamatrgico
O sistema opiide
136
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de lcool
Canais de clcio
Terapia farmacolgica
137
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Desintoxicao alcolica
Tratamento de desintoxi-
cao: tambm chamado de O tratamento de desintoxicao o primeiro est-
tratamento de abstinncia.
Esta forma de tratamento
gio do tratamento e pode ser indicado para pacientes de-
feita com a interrupo aguda pendentes ou no de lcool. Consiste num perodo entre
do consumo de uma droga e o
tratamento sintomtico dos uma a duas semanas em que o indivduo ir se abster de
sintomas de abstinncia a
droga. Quando bem feito e lcool em ambiente protegido pela famlia ou por equipe
acompanhado por uma equipe
multidisciplinar esta forma de
multiprofissional. Esse perodo costuma ser relativa-
tratamento diminui o sofri- mente mais difcil para indivduos com maior gravidade
mento do paciente em inter-
romper o uso da droga e de se da sndrome de dependncia devido ao aparecimento da
engajar em um projeto terapu-
tico para o perodo ps-desin- sndrome de abstinncia. Inicialmente, pacientes intoxicados
toxicao. por lcool devem ser avaliados clinicamente e laborato-
Abster: interromper o uso por
completo.
rialmente para excluso de alteraes hidroeletrolticas,
Sndrome de Abstinncia:
hemodinmicas e infeces que, geralmente so gerado-
Conjunto de sintomas cuja ras de delirium justificando-se assim o estado confusional
gravidade varivel que ocor-
rem quando da interrupo ab- em que os pacientes normalmente se apresentam devido
soluta ou relativa do uso de
uma substncia psicoativa s complicaes clnicas.
consumida de modo prolon-
gado. O incio e a evoluo da
O tratamento dos quadros de intoxicao alco-
sndrome de abstinncia so lica consiste basicamente em cuidados clnicos para os
limitadas no tempo e depen-
dem da categoria e da dose da casos com e sem complicaes clnicas, com administra-
substncia consumida imedi-
atamente antes da parada ou
o de dieta, reposio hdroeletroltica e de tiamina. A
da reduo do consumo. A sn- dose de tiamina na primeira semana, caso o paciente
drome de abstinncia pode se
complicar pela ocorrncia de apresente nuseas e vmitos, dever ser parenteral na
convulses.
dose de 300 mg/dia e a partir da segunda semana esta
Delirium: perturbao da con-
scincia com reduo da ca- dose poder ser oral at o final da segunda semana. Deve-
pacidade de direcionar,
focalizar, manter ou deslocar a
se evitar administrar glicose hipertnica, isoladamente
ateno. Alterao na cog- sem que se administre tiamina pelo menos 30 minutos
nio, como dficit de
memria, desorientao, per- antes (Laranjeira et al., 2000; Marques & ribeiro, 2002).
turbao da linguagem. O
Delirium se desenvolve em um Tiamina: vitamina B1. Esta
curto perodo de tempo (horas vitamina auxilia no bom fun-
ou dias) te tem uma tendncia cionamento do sistema ner-
a flutuar durante o dia sendo voso central, dos msculos e
que os sintomas so mais in- do corao e auxilia no meta-
tensos no final do dia. Tem bolismo da glicose. Sua defi-
como causa uma alterao do cincia pode ocasionar leso
funcionamento transitria do cerebral e em pacientes depen-
crebro. Deve ser diferenciado dentes de lcool a Sndrome de
de delrio o sintoma psictico Wernicke-Korsakoff (ver cap-
(ver definio no captulo 8)
138
tulo 8)
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de lcool
139
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 1
Sintomas que compe a sndrome de abstinncia leve a moderada
Tabela 2
Sndrome de abstinncia grave
141
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Figura 1
Dinmica de encaminhamento para tratamento
da intoxicao alcolica na rede
Sensibilizantes ao lcool
Dissulfiram
Esta medicao atua inibindo a enzima heptica acetoal-
dedo-desidrogenase (ALDH), que catalisa a oxidao do acetal-
dedo em acetato, subprodutos do metabolismo do lcool. O
aumento dos nveis sanguneos de acetaldedo provoca uma reao
aversiva caracterizada clinicamente por rubor facial, cefaleia pulstil,
nuseas, vmitos, dor torcica, palpitaes, taquicardia, fraqueza,
turvao visual, hipotenso arterial, tontura e sonolncia. Nas rea-
142
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de lcool
Indicaes
Os pacientes que mais se beneficiam com o uso de dis-
sulfiran so aqueles motivados, sem doenas fsicas graves, estveis
do ponto de vista social e que necessitam de um auxlio externo
para ajudar na sua deciso de interromper o uso de lcool. Para o
uso dessa medicao o paciente deve assinar um termo de consen-
timento livre e esclarecido (tCLE) explicando os objetivos, indica-
es, contraindicaes, precaues e reaes adversas caso o lcool
seja ingerido concomitantemente. A superviso do tratamento por
um familiar ou profissional de sade favorecem a adeso ao trata-
mento (CAStrO & BALtIErI, 2004; DIEHL et al., 2011).
Contraindicaes
As principais contraindicaes ao dissulfiram so: doena
vascular cerebral, doena cardiovascular, doena pulmonar grave,
insuficincia renal, cirrose com hipertenso porta, aterosclerose
oculta, transtornos psicticos, transtornos depressivos, neuropatia
perifrica, distrbios convulsivos idiopticos, sndromes mentais
orgnicas e gravidez (CAStrO & BALtIErI, 2004; DIEHL et al.,
2010).
143
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Orientaes clnicas
A dose habitual de 250 mg ao dia em dose nica diria,
aps um intervalo de pelo menos 24 horas sem beber. Alguns
pacientes podem beneficiar-se com doses de 500 mg ao dia.
(CAStrO & BALtIErI, 2004; DIEHL et al., 2011).
Interaes medicamentosas
O dissulfiram interfere com a biotransformao dos se-
guintes medicamentos: warfarina, fenitona, isoniazida, rifampicina,
diazepam, clordiazepxido, imipramina e desipramina, cujos nveis
plasmticos devem ser monitorados junto com o tempo de pro-
144
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de lcool
Agentes anti-fissura
Naltrexona
Indicaes
A naltrexona atua como um antagonista competitivo nos
receptores opiides. A administrao de antagonistas opiides pode
reduzir o consumo de lcool atravs do bloqueio ps-sinptico dos
receptores opiides , e nas vias mesolmbicas. Os antagonistas
opiides devem ser usados como parte de um programa de trata-
mento que inclua aconselhamento ou psicoterapia. Portanto, so
pouco eficazes quando usados isoladamente. O oferecimento de
intervenes psicossociais (por ex., aconselhamento, treinamento
de habilidades sociais, preveno de recada e entrevista motivacio-
nal) associado s intervenes farmacolgicas aumentam a eficcia
e a adeso ao tratamento (CAStrO & BALtIErI, 2004; DIEHL
et al., 2011).
Contraindicaes
As principais contraindicaes a naltrexona so: hepatite
aguda, insuficincia heptica, dependncia de opiides ou abstinn-
cia de opiides, necessidade de usar opiides. O uso na gravidez
considerado contraindicao relativa, que deve ser levado em con-
siderao os riscos e benefcios do tratamento (CAStrO & BAL-
tIErI, 2004; DIEHL et al., 2011).
145
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Precaues
O aumento leve dos nveis sricos das transaminases no
contraindicam o seu emprego. Entretanto, a monitorizao mensal
dos valores da bilirrubina e das transaminases sricas nos trs pri-
meiros meses, e depois a cada trs meses de suma importncia.
Monitorizaes mais frequentes devem ser indicadas, quando as
transaminases estiverem elevadas. O naltrexona deve ser suspenso,
quando as elevaes das enzimas hepticas persistirem, salvo se os
aumentos forem brandos e atribudos ao consumo atual de lcool.
(CAStrO & BALtIErI, 2004; DIEHL et al., 2011)
Orientaes clnicas
A posologia recomendada 50 mg dirios. Para diminuir
a gravidade dos efeitos adversos pode-se iniciar com 25 mg dirios
nos dois primeiros dias, aumentando a dose para 50 mg dirios
se for tolerada. Nas doses acima de 50 mg dirios pode induzir
hepatotoxicidade dose-dependente, o que contraindica o seu uso
em pacientes com hepatite aguda e insuficincia heptica. Os prin-
cipais efeitos adversos so: nuseas, cefaleia, vertigem, ansiedade
e irritabilidade, fadiga, insnia, vmitos e sonolncia (CAStrO
& BALtIErI, 2004; DIEHL et al., 2011). Para aumentar a ade-
rncia ao tratamento, solicita-se ao paciente ingerir a medicao
pela manh (por ex., junto com o desjejum), principalmente
quando o paciente bebe ao anoitecer.
Para os pacientes com histria prvia de abuso de herona
necessrio de pelo menos um perodo mnimo de sete dias de abs-
tinncia, com vista a prevenir a sndrome de abstinncia. Nos pa-
cientes tratados com metadona recomenda-se um perodo de
abstinncia maior (dez a quatorze dias). Nos pacientes dependentes
de opiides, a naltrexona pode ser administrado por pelo menos
seis meses (CAStrO & BALtIErI, 2004; DIEHL et al., 2011)
146
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de lcool
Interaes medicamentosas
As interaes medicamentosas de maior relevncia clnica
so as seguintes medicaes: uso concomitante com dissulfiram,
devido ao potencial dos efeitos hepatotxicos de ambos os medi-
camentos; tioridazina, com piora da letargia e sonolncia, pacientes
que necessitam de medicamentos para controle da dor (deve-se
priorizar outros analgsicos no-opiceos). Os pacientes que sero
submetidos a cirurgias eletivas e analgsicos, contendo opiides no
ps-operatrio devem ser alertados para suspenderem a natrexona
pelo menos 72 h antes da cirurgia. (Diehl et al., 2011)
Acamprosato
Indicaes
Acamprosato (acetil-homotaurinato de clcio) a outra
medicao aprovada para o tratamento da dependncia de lcool.
Estudos recentes sugerem que sua eficcia decorra de antagonismo
na neurotransmisso do receptor N-Metil-D-Aspartato (NMDA).
O acamprosato diminui o fluxo de clcio e a eficcia ps-sinptica
desses neurotransmissores excitatrios (NMDA), diminuindo, por-
tanto a excitabilidade neuronal. uma droga segura que no inte-
rage com o lcool ou o diazepam, e parece no ter nenhum
potencial de causar dependncia. (Castro & Baltieri, 2004; Diehl et
al., 2011)
Contra indicaes
Insuficincia heptica e gravidez (CAStrO & BAL-
tIErI, 2004)
Orientaes clnicas
A dose usual de 1998 mg (dois comprimidos de 333 mg
trs vezes ao dia) para um peso corporal acima de 60 kg. No deve
ser prescrito para indivduos com insuficincia heptica ou renal.
Ensaios clnicos utilizaram o medicamento por seis a doze meses.
147
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Consideraes finais
148
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de lcool
Referncias
149
Captulo 11
152
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de cocana e crack
153
Manual de abordagem de dependncias qumicas
154
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de cocana e crack
155
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Antidepressivos
157
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Agonistas dopaminrgicos
158
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de cocana e crack
Dissulfiram
159
Manual de abordagem de dependncias qumicas
160
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de cocana e crack
Anticonvulsivantes
161
Manual de abordagem de dependncias qumicas
162
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de cocana e crack
Antipsicticos
163
Manual de abordagem de dependncias qumicas
164
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de cocana e crack
166
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de cocana e crack
Psicoestimulantes
Psicoestimulantes: medica-
Psicoestimulantes podem ser definidos, em ter- mentos que causam um au-
mento de dopamina e
mos gerais, como medicamentos que produzem excitao produzem excitao psquica.
Podem ser usados como
psquica e comportamental; agindo, direta ou indireta- medicamentos de substituio
mente, no aumento da dopamina e noradrenalina na de drogas ilcitas estimulantes.
167
Manual de abordagem de dependncias qumicas
168
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de cocana e crack
Anfetaminas
169
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Modafinil e Armodafinil
170
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de cocana e crack
171
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Perspectivas futuras
172
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de cocana e crack
173
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Concluso
Referncias
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Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de cocana e crack
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177
Captulo 12
Introduo
Prevalncia
180
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso da maconha
181
Manual de abordagem de dependncias qumicas
182
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso da maconha
Farmacologia da cannabis
183
Manual de abordagem de dependncias qumicas
184
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso da maconha
Critrios diagnsticos
O mais recente Manual Diagnstico e Estatstico de
transtornos Mentais (DSM V), ainda sem verso na lngua portu-
guesa, considera que o diagnstico de um transtorno de uso de
substncia baseado em um padro patolgico de comportamentos
relacionados ao consumo daquela substncia que proporciona so-
frimento psquico ou prejuzo clnico significativo. O DSM V clas-
sifica quatro grupos de critrios diagnsticos (em traduo livre):
incapacidade de controlar o uso, prejuzo social secundrio, uso de
risco e critrios farmacolgicos. Com relao ao ltimo grupo, no
necessrio que ocorram sinais de tolerncia ou de abstinncia para
que seja diagnosticado um transtorno, mas a presena desses fen-
menos associa-se a curso clnico de maior gravidade.
O transtorno relacionado ao uso de cannabis classificado
como sendo leve, moderado ou grave, de acordo com a quantidade
de sintomas presentes. Outros especificadores so o tempo de abs-
tinncia (dividido em inicial e sustentado, tendo como referncia 3
e 12 meses) e o fato dessa ocorrer em ambiente seguro, caso acon-
tea em local com restrio de acesso droga. A gravidade de um
transtorno relacionado ao uso de uma substncia varia com o
tempo e reflete a intensidade e frequncia do uso num dado mo-
mento. importante lembrar que o termo dependncia (ou adic-
o) no utilizado na nova classificao do DSM V, que observa,
principalmente, o transtorno causado pelo uso e considera o amplo
espectro de gravidade encontrado na prtica clnica.
Intoxicao
A intoxicao por cannabis caracteriza-se por al-
teraes psicolgicas e comportamentais problemticas
que surgem durante ou logo aps o uso da substncia -
prejuzos de coordenao motora, euforia, ansiedade, sen-
sao de lentificao do tempo, alteraes de juzo e isola-
mento social. Sinais clnicos incluem hiperemia conjuntival, Hiperemia conjuntival: ver-
melhido dos olhos.
185
Manual de abordagem de dependncias qumicas
186
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso da maconha
Sndrome de abstinncia
Comorbidades e Associaes
187
Manual de abordagem de dependncias qumicas
188
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso da maconha
189
Manual de abordagem de dependncias qumicas
190
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso da maconha
191
Manual de abordagem de dependncias qumicas
192
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso da maconha
193
Manual de abordagem de dependncias qumicas
194
Manual de abordagem de dependncias qumicas
195
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Preveno
196
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso da maconha
197
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
198
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199
Captulo 13
Introduo
Tratamento farmacolgico
202
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de tabaco
Vareniclina
A Vareniclina um agonista parcial dos receptores coli-
nrgicos nicotnicos alfa4beta2, que impede a ligao de nicotina a
eles e reduz a vontade de fumar. Mais eficaz que a bupropiona, ela
praticamente triplica chances de sucesso no tratamento (CAHILL
et al., 2013).
Est disponvel no mercado brasileiro nas apresentaes
de 0,5mg ou 1mg. Inicia-se o tratamento com 0,5 mg, 1 vez ao dia,
por trs dias. No quarto dia, prescrever 0,5 mg, duas vezes ao dia.
Do 7 dia em diante, prescrever 1mg, duas vezes ao dia. impor-
tante que o indivduo marque uma data para parar de fumar que
sugerida para oito dias aps o incio da medicao (MIrrA et al.,
2011).
A vareniclina apresenta um perfil relativamente seguro de
interaes e de contra-indicaes (apenas hipersensibilidade). En-
tretanto, deve-se ter cautela no uso em pacientes com histria de
transtornos psiquitricos associados. Alguns estudos sugerem agra-
vamento desses sintomas (incluindo suicdio) em indivduos com
predisposio (AHMED, 2011; MOOrE et al., 2011). Embora uma
metanlise publicada em 2011 tenha mostrado um possvel au-
mento do risco de eventos cardiovasculares graves, associados ao
uso desse medicamento, tal ocorrncia no foi confirmada em es-
tudos metanalticos posteriores (PrOCHASKA & HILtON, 2012;
WArE et al., 2013).
necessrio adequar dose em pacientes portadores de in-
suficincia renal grave que estejam em dilise. O uso de vareniclina
est inteiramente contraindicado em gestante.
204
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de tabaco
205
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Bupropiona
A bupropiona um antidepressivo que aumenta disponi-
bilidade sinptica da dopamina e noradrenalina (DIEHL, 2010).
tem sido utilizada no tratamento do tabagismo e praticamente
dobra as chances de sucesso no tratamento (CAHILL et al., 2013).
Encontra-se disponvel no mercado brasileiro nas apre-
sentaes de 150 mg ou 300 mg. Inicia-se o tratamento com 150
mg/manh e aumenta-se a dose para um comprimido de 150 mg,
duas vezes ao dia, partir do 5 dia. Geralmente, as doses so to-
madas no incio da manh e no incio da tarde, para evitar um dos
possveis efeitos colaterais, a insnia. Pode-se, ainda, utilizar o com-
primido de liberao lenta em uma nica tomada pela manh.
importante que o indivduo marque uma data para parar de fumar,
sugerida para o 8o dia, aps o incio da medicao (MIrrA et al.,
2011).
A bupropiona apresenta perfil ideal para pacientes que
temem o ganho de peso que costuma ocorrer nas primeiras sema-
nas de abstinncia do tabaco ou pacientes que apresentam a de-
presso como comorbidade.
contraindicada em gestantes ou pacientes com histria
de epilepsia ou com risco aumentado para convulses (abstinncia
alcoolica, traumatismo cranioenceflico, acidente vascular encef-
lico, uso de medicamentos que reduzem o limiar convulsivo), pre-
sena de anorexia ou uso de inibidores da monoaminoxidase.
206
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de tabaco
Nortriptilina
A nortriptilina um antidepressivo tricclico que tem sido
utilizado no tratamento do tabagismo e dobra a chance de sucesso
(CAHILL et al., 2013).
Est disponvel no mercado brasileiro nas apresentaes
de 25, 50 ou 75 mg. No tratamento para o tabagismo, emprega-se
uma dose menor que para a depresso. Preconiza-se tomar 25mg,
preferencialmente noite, em virtude do seu efeito sedativo. Assim
como no uso de outros medicamentos no nicotnicos, impor-
tante que o indivduo marque uma data para parar de fumar, o dia
D, que pode ser sugerido o 8o dia aps o incio do medicamento.
Apesar de no ser de primeira linha no tratamento do ta-
bagismo, a nortriptilina uma medicao barata, geralmente dispo-
nvel gratuitamente no servio pblico de sade brasileiro. Dentre
os tricclicos, o medicamento com perfil mais brando de efeitos
colaterais, principalmente em dose baixa, como a preconizada para
o tratamento do tabagismo. A nortriptilina apresenta um perfil ideal
para pacientes com problemas de insnia ou que precisam ganhar
peso, pois a sonolncia e ganho de peso so efeitos colaterais espe-
rados para esse medicamento. Pacientes que apresentam a depres-
so como comorbidade tambm podem se beneficiar desta
indicao. Entretanto, para o tratamento da depresso comrbida,
costuma-se empregar uma dose diria maior, entre 50 e 150mg/dia,
que ajustada segundo o resultado do exame de dosagem srica da
nortriptilina.
contraindicada em gestantes e nos quadros de cardio-
patia grave (p. ex., arritmia ou infarto agudo do miocrdio recente),
glaucoma de ngulo fechado, uso de inibidores da monoaminoxi-
dase e medicamentos que prolongam o intervalo Q-t. Sugere-se
cautela nos pacientes com reteno urinria, hiperplasia benigna da
prstata, hipertireoidismo, tumor cerebral, doenas psiquitricas ou
risco aumentado para convulses.
207
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Outros medicamentos
Apesar de haver evidncia cientfica de que a clonidina
seja superior ao placebo no tratamento do tabagismo, ela no deve
ser utilizada como primeira escolha, pelo seu potencial de provo-
car muitos efeitos colaterais (MIrrA et al., 2011). O uso de inibi-
dores seletivos da recaptao da serotonina, em monoterapia ou
da naltrexona no mostrou benefcio no tratamento do tabagismo
(CAHILL et al., 2013).
A citisina um agonista parcial dos receptores nicotnicos
alfa4beta2, semelhante vareniclina, utilizada para o tratamento
contra o tabagismo na rssia e alguns pases do antigo regime so-
cialista com resultados positivos (CAHILL et al., 2013).
Associao de medicamentos
208
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de tabaco
Idosos
A prevalncia mdia do tabagismo em idosos de 12%
(homens, 17% e mulheres, 9%) (INCA, 2011). Parar de fumar na
terceira idade pode melhorar a qualidade de vida, reduzir o risco de
um infarto do miocrdio, entre outros benefcios (Schofield, 2006).
O tratamento do tabagismo nessa faixa etria lana mo da mesma
abordagem utilizada para os mais jovens e com taxas de sucesso se-
melhantes (rICHErt, 2008). Entretanto, importante estar atento
a maior possibilidade de comorbidades e maior risco de interaes
medicamentosas (HALty, 2004). No tratamento de tabagistas
nessa faixa etria, importante lembrar que as prteses dentrias
podem dificultar o uso de gomas de nicotina e, consequentemente,
a aderncia proposta teraputica. Alm disso, alteraes da funo
renal, comuns em idosos, demandam ajuste da dose de medicamen-
209
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Gestantes
Fumar durante a gravidez aumenta o risco de uma srie
de problemas, incluindo o aborto espontneo, diminuio do cres-
cimento fetal e prematuridade. Apesar disso, aproximadamente
30% das mulheres so fumantes quando engravidam e cerca de
23% continuam fumando durante a gravidez. O aconselhamento
para cessao do tabagismo durante a gravidez mostra aumento das
taxas de abstinncia, mas o acompanhamento importante, pois
uma recada comum aps o nascimento do beb. A farmacotera-
pia com reposio de nicotina deve ser considerada apenas quando
uma mulher grvida no conseguir parar com abordagens no far-
macolgicas ou quando a probabilidade dos benefcios da cessao
do tabagismo superar os riscos do uso desse tratamento (MIrrA
et al., 2011). Nesse caso, as formulaes de liberao intermitentes
de nicotina (goma de mascar ou pastilha) devem ser preferidas por
disponibilizarem ao feto uma dose total diria de nicotina menor
do que os dispositivos de liberao lenta (adesivo) (MACHADO &
LOPES, 2009).
Adolescentes
A adolescncia a poca mais comum de incio do taba-
gismo e cerca de 11% dos adolescentes brasileiros so fumantes
(INCA, 2011). O aconselhamento a abordagem que parece ser a
mais efetiva nessa populao, mas as taxas de cessao ainda so
muito baixas (MIrrA et al., 2011). difcil conseguir a adeso de
indivduos dessa faixa etria em programas formais de cessao do
tabagismo.
210
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de tabaco
Concluses
211
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
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212
Terapias farmacolgicas para os transtornos do uso de tabaco
213
1o
4
PARTE 4
Ateno integral e
abordagem psicossocial dos
transtornos de substncia
Captulo 14
218
Abordagem integral do paciente com dependncia qumica
219
Manual de abordagem de dependncias qumicas
220
Abordagem integral do paciente com dependncia qumica
221
Manual de abordagem de dependncias qumicas
222
Abordagem integral do paciente com dependncia qumica
224
Abordagem integral do paciente com dependncia qumica
225
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Figura 1
O crculo de Diclementi e Prochasca, relativo ao processo de mudana
e ruptura com a ambivalncia. importante notar que as cinco fases
so uma diviso didtica do problema e que o crculo no unidirecional,
ou seja, o paciente pode evoluir e involuir na fase da mudana a
qualquer momento e que a recada considerada uma das fases de
mudana (Prochaska & Velicer, 1997).
226
Abordagem integral do paciente com dependncia qumica
Figura 2
Proposio de modelo tcnicas e servios, para um modelo
de ateno integral do paciente com dependncia qumica a partir
dos princpios do processo de mudana. CAPS: Centro de Ateno
Psicossocial; HG: Hospital Geral; HEP: Hospital especializado em
psiquiatria; UBS: Unidade bsica de sade
P Pr-contemplao
O Reduo de danos Consultrio/equipe de rua
N
T
O Contemplao
S
Entrevista Motivacional/Projeto teraputico Ateno bsica/UBS
D
E
Mudana
E Tratamento especializado CAPS/Leitos em HG/HEP
N
T
R Reabilitao/Ressocializao
A
D Avaliao e reabilitao cognitiva/Reinsero Centro integrado de reabilitao psicossocial
A scio/profissional/familiar
227
Manual de abordagem de dependncias qumicas
228
Abordagem integral do paciente com dependncia qumica
229
Manual de abordagem de dependncias qumicas
230
Manual de abordagem de dependncias qumicas
231
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Concluso
232
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
233
Captulo 15
Introduo
Marcos legais
237
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 1
Modalidades de internao psiquitrica segundo a lei 10.2016, de 2001
e a portaria do gabinete do ministrio da sade 2.391, de 26 de
dezembro de 2002. CRM: conselho regional de medicina
Voluntria Involuntria Compulsria
Se d com o consentimento Realizada sem o Determinada por medida
expresso do paciente consentimento expresso do judicial pelo juiz competente
paciente e a pedido de A alta se d somente por
terceiro a condio que seja determinao judicial.
acompanhada de laudo de
mdico registrado no CRM
justificando os motivos da
hospitalizao.
A alta pode ser solicitada por
parente ou pessoa prxima
do paciente.
Hospitalizao psiquitrica
voluntria: a hospitalizao
A hospitalizao psiquitrica voluntria aquela
que acontece quando o pa- que se d com o consentimento expresso do paciente
ciente, civilmente capaz d seu
consentimento autorizando a civilmente capaz. Nessa modalidade o paciente tem li-
hospitalizao.
berdade para, a qualquer momento, solicitar a inter-
rupo da hospitalizao e sua alta. A hospitalizao
Hospitalizao voluntria-
involuntria: a hospitalizao
voluntria poder tornar-se involuntria quando o paciente
voluntria pode se tornar invol- internado exprimir sua discordncia com a manuten-
untria caso o paciente pelo
trmino da hospitalizao o da internao e houver critrios clnicos para a ma-
tendo critrios clnicos para
que a hospitalizao seja man- nuteno da internao, devidamente justificados em
tida. laudo mdico. Um exemplo disso um paciente de-
primido, que exprime ideao suicida, que no tem su-
porte familiar ou assistencial no momento e que pede
alta da sua hospitalizao voluntria. Nesse caso o
risco de passagem ao ato suicida bastante elevado e
esse um critrio clnico para a manuteno da hos-
pitalizao. Assim sendo, o mdico pode optar por
converter a hospitalizao voluntria em involuntria.
238
A hospitalizao do paciente com dependncia qumica: critrios clnicos e modalidades de internao...
239
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Figura 1
Fluxograma para avaliao da modalidade de hospitalizao psiquitrica.
Adaptado de Taborda, Baron e Neto
NO
Paciente maior Obter autorizao
de 18 anos ? do responsvel legal
SIM
SIM NO SIM
NO
Internao No
voluntria internao
Termo de Internao
consentimento involuntria
Comunicao ao
Ministrio Pblico
240
A hospitalizao do paciente com dependncia qumica: critrios clnicos e modalidades de internao...
241
Manual de abordagem de dependncias qumicas
242
A hospitalizao do paciente com dependncia qumica: critrios clnicos e modalidades de internao...
243
Manual de abordagem de dependncias qumicas
244
A hospitalizao do paciente com dependncia qumica: critrios clnicos e modalidades de internao...
Concluso
245
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
246
Captulo 16
Introduo
Consulta motivacional: es-
A consulta motivacional um estilo de aconse- tilo de aconselhamento cen-
lhamento centrado na pessoa, com foco na resoluo trado na pessoa com foco na
resoluo de problema da am-
do problema da ambivalncia para a mudana. Surgiu bivalncia para a mudana.
Desenvolvimento
248
Aconselhamento motivacional em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
249
Manual de abordagem de dependncias qumicas
250
Aconselhamento motivacional em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
251
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Concluso
252
Aconselhamento motivacional em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
Referncias
253
Manual de abordagem de dependncias qumicas
254
Captulo 17
Introduo
256
Terapia cognitiva comportamental na abordagem dos transtornos de uso de tabaco
257
Manual de abordagem de dependncias qumicas
de um fato isolado;
Magnificao e minimizao: exagerar ou minimizar o signi-
n
ficado de um acontecimento;
Personalizao: assumir responsabilidade ou culpa por um
n
258
Terapia cognitiva comportamental na abordagem dos transtornos de uso de tabaco
n
Viso em tnel: enxergar somente aspectos que confirmam
o prprio ponto de vista e ignorar ou menosprezar as informaes
contrrias;
n
Supergeneralizao: estender uma concluso de um acon-
tecimento isolado para outras reas do funcionamento.
No caso da dependncia de tabaco, quando a pessoa est
fissurada e sente um desejo forte e incontrolvel de fumar, crenas
permissivas so ativadas e impedem que o sujeito se lembre das ra-
zes para no usar o cigarro. Ocorre uma distoro cognitiva cha-
mada viso em tnel ou bloqueio mental (BECK, 1993). Esse erro
cognitivo ocorre quando o sujeito d ateno e assimila preferen-
cialmente, apenas os estmulos favorveis fissura e/ou uso de
drogas, desconsiderando todos os outros estmulos, inclusive pen-
samentos alternativos ao uso da droga.
Uma das principais crenas disfuncionais observadas no
tabagista so as crenas acerca do cigarro. Essas se manifestam
desde o incio ou at mesmo anteriormente ao uso. So crenas de
contedo antecipatrio se eu fumar serei aceito naquele grupo -, per-
missivo hoje eu tive um dia estressante, mereo relaxar -, inconsequente
s um trago no vai me fazer mal, entre outros que aumentem a pro-
babilidade do uso imediato. Indivduos que apresentam tais crenas,
associadas a um perfil de baixa tolerncia frustrao, diante de si-
tuaes que envolvem estresse ou algum desconforto emocional
podem ter ativadas tais crenas permissivas e antecipatrias, as quais
tornam-se imperativas preciso fumar agora para relaxar, caso contrrio
algo pior pode acontecer.
Aps o uso do tabaco, muitas dessas crenas acabam
sendo reforadas pelos efeitos benficos iniciais que a droga
proporciona relaxamento, sensao de bem estar. O uso pro-
longado da nicotina aumenta o risco da instalao da depen-
dncia qumica, na qual os efeitos malficos e as consequncias
prejudiciais j passam a superar os aspectos positivos iniciais.
Nesse estgio, um padro comportamental j est instalado e
259
Manual de abordagem de dependncias qumicas
260
Terapia cognitiva comportamental na abordagem dos transtornos de uso de tabaco
261
Manual de abordagem de dependncias qumicas
262
Terapia cognitiva comportamental na abordagem dos transtornos de uso de tabaco
263
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tcnicas de tratamento
264
Terapia cognitiva comportamental na abordagem dos transtornos de uso de tabaco
265
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Figura 1
Proposta de protocolo utilizada no programa do
Instituto Nacional do Cancr
Sesses 1 Entender 2 Os primeiros 3 Como vencer 4 Benefcios
porque se fuma e dias sem fumar obstculos para obtidos aps parar
como isso afeta permanecer sem de fumar
sua sade fumar
Intervenes - Informao sobre o - Ensino de tcnicas de - Reviso da sesso Troca de Experincias
tabagismo enfrentamento/soluo anterior -Psicoeducao:
- Psicoeducao: de problemas par lidar -Troca de experincias: prevenindo recadas
trabalhando a com a fissuro - como os que -Listagem dos
ambivalncia Psicoeducao: o que parearam viveram benefcios a longo
- Apresentao dos a sndrome de seus dias? prazo
mtodos para parar abstinncia - Listagem dos -Encorajamento aos
de fumar (abrupta ou - Modificao das benefcios de parar de que ainda no
gradual; reduo ou cognies/descrio fumar pararam a contin-
adiamento) de pensamentos alter- - Informao sobre uarem tentando
-Tarefas: escolher o nativos construtivos possvel ganho de - Tarefa: Pense numa
dia para parar de -Treino de assertivi- peso frase que expresse
fumar. dade para lidar com -Encorajar os que no sua razo mais forte
situaes de estresse pararam de fumar. para no voltar a
-Reviso da sesso fumar. Escreva neste
anterior caro e guarde com
-Discusso das voc.
experincias vividas
-Tarefas: tcnica de
respirao profunda e
relaxamento.
Considerae finais
Referncias
267
Manual de abordagem de dependncias qumicas
268
Captulo 18
Introduo
Clnica da dependncia
Estudos realizados, desde a dcada de oitenta,
qumica que inclui a terapia sugerem que a clnica de dependncia qumica, que inclui a
de famlia: propicia maior en-
gajamento e aderncia ao terapia de famlia e o suporte das redes sociais, quando
tratamento. Reduz a recada e
permite a reestruturao dos comparada interveno individual, propicia um maior en-
comportamentos disfuncionais
familiares.
gajamento e aderncia do paciente adicto ao tratamento.
Nessa abordagem, as taxas de recadas ao uso de drogas
so reduzidas, os comportamentos disfuncionais familiares
so reestruturados, de maneira que favoream a reabilitao
psicossocial e cognitiva do usurio de drogas (ALEXAN-
DEr; PArSONS, 1982; COPELLO; tEMPLEtON;
VELLMAN, 2006; SANtIStEBAN et al., 2006; SLE-
NICK; PrEStOPNIK, 2009; LIDDLE et al., 2011;
rOWE, 2012; GUIMArES; ALELUIA, 2012). Esses
resultados positivos so decorrentes da compreenso do
incio do abuso das substncias psicoativas, a partir da an-
lise dos padres familiares do adicto e da identificao dos
fatores de risco e de proteo, que podem favorecer a
Manual de abordagem de dependncias qumicas
270
Abordagem teraputica dos familiares do usurio de drogas
271
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Codependncia
272
Abordagem teraputica dos familiares do usurio de drogas
273
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 1
Modelos de terapias baseadas na famlia
Modelos de terapias Conceitos Modelos Estudos Resultados
baseadas na famlia Tericos
MDFT Endossada pelo National Institute Sistemas/ Liddle et al., Aps 3 meses de tratamento,
for Drug Abuse (NIDA) e pela ecolgicos 2011 87% de jovens tratados com
Substance Abuse and Mental MDFT se mantiveram
health Services Administration abstinentes comparado 23%
(SAHMSA)(HUDGINS, 2009), de Jovens que participaram do
um tratamento ambulatorial que tratamento tradicional.
trabalha com terapia de famlia,
individual, psicoeducao, vrios
sistemas de interveno sobre os
domnios: desenvolvimento inter
e intrapessoal; padres transa-
cionais familiares, interveno
com os membros influentes do
sistema extrafamiliar.
MST Trabalha mltiplos fatores de Sistemas/ Slesnick; 119 adolescentes que apresen-
risco que envolve o dependente, ecolgicos Prestopnik, tavam problemas com lcool
entre eles a famlia e a comu- 2009 tratados com EBFT e FFT
nidade onde este est inserido. tiveram melhores resultados,
O objetivo implcito de reestru- comparados aos jovens
turar o ambiente para reduzir os submetidos ao tratamento
comportamentos anti-sociais. tradicional quando analisados as
Um exemplo de MST a Terapia recadas ao uso de drogas aps
Ecologicamente Baseada na 15 meses.
Familiar (EBFT).
FFT O tratamento visa alterar Comportamental Alexander; Melhoria da dinmica familiar e
relaes negativas da familiar Parsons, reduo na reincidncia da
e usa intervenes comportamen- 1982 delinquncia dos adolescentes
tais para reforar respostas tratados com FFT, quando
positivas, sendo uma eficaz comparados a outros programas
abordagem de resoluo de de tratamento (Grupos Juvenis
problemas no seio da famlia no tribunal de Justia, a Grupos
de Terapia Domiciliar, Terapia
psicodinmica) ou nenhum
tratamento.
BSFT Baseia-se em estudos anteriores Sistmica Santisteban Em ensaios clnicos do NIDA
que demonstram resultados et al., 2006 em oito locais diferentes, com
positivos usando estratgias de mais de 400 adolescentes
engajamento e estratgico usurios de drogas e famlias
estruturais, visando demonstram que BSFT foi
reestruturao das interaes uperior ao grupo terapia na
familiares e promovendo reduo do uso de maconha.
mudanas significativamente
positivas na famlia.
274
Abordagem teraputica dos familiares do usurio de drogas
275
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Discusso
276
Abordagem teraputica dos familiares do usurio de drogas
Referncias
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Manual de abordagem de dependncias qumicas
278
Captulo 19
Introduo
280
Avaliao neuropsicolgica do usurio de drogas
Alteraes neuropsicolgicas
281
Manual de abordagem de dependncias qumicas
282
Avaliao neuropsicolgica do usurio de drogas
Tabela 1
Funes cognitivas comprometidas de drogas estimulantes e
inibidoras no Sistema Nervoso Central (SNC)
Drogas estimulantes
Cocana e Crack
Os usurios eventuais de cocana e crack podem apre-
sentar comprometimentos significativos em comparao com
os grupos controle, nas seguintes funes: ateno sustentada e
alternada, memria espacial, controle inibitrio e flexibilidade
cognitiva. Tais alteraes levam a uma menor capacidade de
ajustar de forma rpida e flexvel o comportamento com rapidez
podendo ter repercurses no desempenho das atividades do
cotidiano (COLZATO; HOMMEL, 2009; COLZATO; HUIZINGA;
HOMMEL, 2009; COLZATO et al., 2009). Em usurios
destas substncias so observadas frequncias maiores de
283
Manual de abordagem de dependncias qumicas
284
Avaliao neuropsicolgica do usurio de drogas
285
Manual de abordagem de dependncias qumicas
lcool
Embora alguns abusadores crnicos de lcool
mantnham o nvel intelectual praticamente intacto, um grande
nmero deles apresentam alteraes cognitivas correlacionadas
com a quantidade e frequncia do uso do lcool, como: (a)
alteraes cognitivas leves; (b) prejuzos cognitivos moderados; e
(c) danos neuropsicolgicos mais severos, como a demncia
persistente induzida pelo lcool e do transtorno amnstico
persistente induzido pelo lcool (Sndrome de Korsakoff)
(CUNHA; NOVAES, 2004). As alteraes mais frequentemente
encontradas so aquelas relacionadas memria episdica
(COrLEy et al., 2011; CUNHA; NOVAES, 2004), to-mada de
deciso (CUNHA; NOVAES, 2004), controle inibitrio
(BArDENHAGEM; OSCAr-BErMAN; BOWDEN, 2007;
CUNHA; NOVAES, 2004; HILDEBrANDt et al., 2004; KA-
rEKEN et al., 2013; NOEL et al., 2007; ), memria de trabalho
(CUNHA; NOVAES, 2004; HILDEBrANDt et al., 2004;
tHOMA et al., 2013), processamento visioespacial (CUNHA;
NOVAES, 2004; SCHOttENBAUEr; HOMMEr; WEIN-
GArtNEr, 2007), nas habilidades sociais (tHOMA et al., 2013),
velocidade psicomotora, velocidade do processamento, ateno, e
gera uma baixa ativao do Crtex Pr-Frontal (CPF) que pode
ser observada mesmo aps meses de abstinncia, devido a
atividade gabargica e serotoninrgica desta regio.(ABErNAtH;
CHANDLEr; WOODWArD, 2012; CUNHA; NOVAES, 2004)
286
Avaliao neuropsicolgica do usurio de drogas
Cannabis (Maconha)
A Cannabis, uma das drogas ilcitas mais utilizadas no
mundo, devido aos seus efeitos psicoativos e fisiolgicos (bom
humor, euforia e relaxamento). Seu uso apresenta riscos quando
feito a longo-prazo. Estudos epidemiolgicos, de que o seu uso
crnico est associado ao desencadeamento de esquizofrnia no
incio da idade adulta.
Os endocanabinides, um dos princpios ativos da ma-
conha, esto envolvidos na regulao das funes cognitivas, em
circuitos neuronais do crtex, nos neurnios do hipocampo e em
neurnios da amgdala. Sua ao atinge tambm o estriado e a
substncia cinzenta periaquedutal (CASADIO et al., 2011). Apesar
de no haver evidncias da alterao das funes cognitivas em
adolescentes, estudos revelam que em usurios pesados, ocorre
uma alterao da tempralidade, reduo da volio e do desejo,
reduo da ateno, da aprendizagem, e da capacidade de
processar e regular as emoes. Usurios crnicos de cannabis
apresentam uma diminuio bilateral do hipocampo e da
amgdala. uando comparados com a populao geral estes
usurios podem no apresentar resultados inferiores em baterias
287
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Herona/opiides
A exposio crnica a opiides ocorre tanto em
pacientes em tratamento de dores crnicas, quanto por depen-
dentes qumicos que a usam sem prescrio. Dependentes
crnicos de opiides apresentam comprometimentos durante o
perodo de abuso da droga (BALDACCHINO et al., 2012;
POrtENOy; FOLEy, 1986; VErDEJO-GArCIA et al., 2005)
em funes executivas, como flexibilidade cognitiva e memria de
trabalho e na memria de reconhecimento.
Dependentes e usurios crnicos de opiides apresentam
comprometimentos na memria de trabalho (BALDACCHINO et
al., 2012), memria de reconhecimento (ErSCHE; SAHAKIAN,
2007), fluncia verbal, flexibilidade cognitiva (BALDACCHINO et
al., 2012) e planejamento (ErSCHE; SAHAKIAN, 2007).
Aps abstinncia prolongada, comprometimentos cogni-
tivos consistentes foram observados nas funes executivas (ErS-
CHE; SAHAKIAN, 2007), memria de reconhecimento e
aprendizagem. Ersche e Sahakian (2007) sugerem que mesmo aps
alguns anos de abstinncia, o comprometimento persistente pode
refletir a neuropatologia nos crtex frontal e temporal. tal fato
importante para o planejamento personalizado de tratamento.
288
Avaliao neuropsicolgica do usurio de drogas
Concluso
289
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
290
Avaliao neuropsicolgica do usurio de drogas
291
Manual de abordagem de dependncias qumicas
292
Avaliao neuropsicolgica do usurio de drogas
293
Captulo 20
Introduo
1 Eixo: Formao
296
A insero do enfermeiro na abordagem do dependente qumico
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Manual de abordagem de dependncias qumicas
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A insero do enfermeiro na abordagem do dependente qumico
2 Eixo: Pesquisa
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Manual de abordagem de dependncias qumicas
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A insero do enfermeiro na abordagem do dependente qumico
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Manual de abordagem de dependncias qumicas
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A insero do enfermeiro na abordagem do dependente qumico
Consideraes finais
303
Manual de abordagem de dependncias qumicas
304
A insero do enfermeiro na abordagem do dependente qumico
Referncias
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305
Manual de abordagem de dependncias qumicas
306
Captulo 21
308
Avaliao das condies sociais do usurio de drogas: limitaes, potencialidades, interesses e expectativas...
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Manual de abordagem de dependncias qumicas
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Avaliao das condies sociais do usurio de drogas: limitaes, potencialidades, interesses e expectativas...
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Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
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Avaliao das condies sociais do usurio de drogas: limitaes, potencialidades, interesses e expectativas...
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Manual de abordagem de dependncias qumicas
322
Avaliao das condies sociais do usurio de drogas: limitaes, potencialidades, interesses e expectativas...
323
Captulo 22
Introduo
326
Reinsero social em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
327
Manual de abordagem de dependncias qumicas
328
Reinsero social em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
329
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 1
Estratgias e tcnicas utilizadas na prtica da reabilitao
psicossocial para dependentes qumicos
TCNICA DESCRIO
Psicoeducao Interveno em que o paciente recebe informaes sobre a etiologia do seu diagnstico,
como funciona, as possibilidades de tratamento, o prognstico, dentre outras (COLOM, 2004);
Visa tornar o dependente qumico um colaborador ativo, aliado dos profissionais de sade
(JUSTO & CALIL, 2004);
Instrumentos: esclarecimentos, folders educativos, livros com linguagem acessvel a leigos,
filmes, etc;
Busca-se a auto-identificao de pensamentos e comportamentos disfuncionais e/ou
distorcidos que gerem sofrimento e aflio e o conhecimento das consequncias e fatores
desencadeantes e mantenedores dos problemas (FIGUEIREDO, 2009).
Reabilitao vocacional Processo destinado a auxiliar o dependente qumico a retomar e manter uma atividade
produtiva, segundo suas possibilidades (MOWBRAY et al, 1997);
Trabalha-se em torno da postura de prontido para o trabalho, da empregabilidade
(capacidade de funcionamento adequado da pessoa frente a uma situao de trabalho) e da
superao de barreiras ao trabalho (baixo nvel de escolaridade, poucas oportunidades locais
de emprego, estigma dos empregadores);
Objetiva-se o desenvolvimento e aperfeioamento educacional e pessoal, treinamento de
habilidades voltadas para o retorno ao mercado de trabalho elaborao de currculos,
preparao para entrevistas e pesquisa de vagas disponveis (BONADIO, 2010).
Grupos operativos Tcnica de trabalho em grupo que propicia um aprendizado aos participantes por meiode uma
leitura crtica da realidade, com postura de investigao, com abertura para dvidas e inquietaes;
Os participantes assumem diferentes papis e posies diante das tarefas propostas,
contando com a presena de um:
a) coordenador - que faz intervenes, indagaes, problematizaes, estabelece articulaes entre
as falas dos participantes e direciona o grupo para a realizao das tarefas;
330
Reinsero social em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
TCNICA DESCRIO
Grupos operativos b) observador - registra o que ocorreu no encontro, faz o resgate da histria do grupo e, posterior-
mente, analisa os pontos emergentes, a movimentao do grupo em torno das tarefas e os papis
assumidos pelos participantes (Bastos, 2010).
Oficinas teraputicas Realizao de atividades em grupo que proporcionam aos participantes a expresso de sentimen-
tos e problemas, a realizao de atividades produtivas e a prtica da cidadania;
So promotoras da socializao e da insero social;
Destacam-se as oficinas expressivas (expresso plstica, corporal, verbal e musical)
e as oficinas de atividades geradoras de renda (MINISTRIO DA SADE - BRASIL, 2004).
Arte terapia O uso da arte como terapia consiste na elaborao de material artstico sem preocupao es-
ttica, mas com a finalidade de expressar sentimentos, com carter catrtico;
Possibilita que o indivduo se reorganize internamente, atravs do carter regenerador da arte;
Pode ser manifestada sob a forma de pintura, msica, teatro, dentre outras (VALENTE, 2005).
Atendimento familiar Devido s dificuldades e imposies requeridas para cuidar do familiar, faz-se necessria
disponibilizao de apoio e orientao aos familiares do dependente qumico;
Terapia familiar e visitas domiciliares (observao do relacionamento familiar e
identificao de membros chaves no processo de reabilitao) so algumas das
estratgias utilizadas (JORGE et al, 2006).
Suporte social A rede social o conjunto de vnculos e intercmbios interpessoais do dependente qumico,
cujo reconhecimento permite o planejamento de intervenes a serem realizadas at mesmo
por ele prprio, com o objetivo de ativ-las, desativ-las ou mobiliz-las para fazer conexes
que norteiem novas possibilidades (BONADIO, 2010);
A rede se compe de pessoas que o cercam, tais como a famlia, vizinhos, colegas de trabalho,
profissionais de sade, pessoas da comunidade, etc (SOUZA et al, 2006);
As redes sociais influenciam a auto-imagem do indivduo e so fundamentais na sua
percepo de identidade e competncia (CAVALCANTE et al, 2012).
A famlia
Tabela 2
Sntese dos principais tpicos em reabilitao psicossocial
Definio Processo formado por um conjunto de atividades capazes de maximizar as
oportunidades de recuperao de indivduos e minimizar os efeitos desabilitadores
da cronificao das doenas, por meio do desenvolvimento de insumos individuais,
familiares e comunitrios.
Objetivo geral Oferecer aos indivduos a oportunidade de alcanar timo nvel de funcionamento
na comunidade.
Onde realizar Deve ser desenvolvida nos diversos mbitos em que os dependentes qumicos
vulnerveis ou com algum tipo de comprometimento estejam inseridos, tais
como a famlia, a comunidade e os servios sociais, no geral.
Quando realizar Ocorre concomitantemente psicoterapia e farmacoterapia.
Profissionais atuantes Sugere-se uma equipe multidisciplinar
no processo
Prtica Elaborao de um plano teraputico individual, composto de avaliao inicial
e uso de diversas estratgias teraputicas (ver tabela 1)
332
Reinsero social em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
Consideraes finais
333
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
334
Reinsero social em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
335
Reinsero social em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
336
Captulo 23
Introduo
338
Gerenciamento de casos em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
Populao Alvo
339
Manual de abordagem de dependncias qumicas
O gerente de caso
340
Gerenciamento de casos em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
341
Manual de abordagem de dependncias qumicas
343
Manual de abordagem de dependncias qumicas
cincia no tratamento.
7. Garantir ao paciente que ele poder ser contatado e encorajado a
retornar ao tratamento em caso de abandono: o gerente deve ser um
articulador entre o paciente e a rede de apoio, de modo que retroces-
sos sejam identificados rapidamente. Caso ocorram recadas, im-
portante que o paciente entenda que ele no o nico a passar por
essa situao e que a equipe do servio de sade, continua disposta a
ajud-lo em sua recuperao.
8. reforar e dar continuidade ao processo de tratamento, em modo
menos intensivo, dando seguimento ao tratamento no sentido de for-
necer suporte na reabilitao psicossocial do paciente na comunidade,
identificando precocemente futuras dificuldades.
Reduo de danos
344
Gerenciamento de casos em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
Famlia
345
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Consideraes finais
346
Gerenciamento de casos em usurios de drogas: conceito, princpios, estratgias e aplicaes
Referncias
347
Manual de abordagem de dependncias qumicas
348
Captulo 24
Introduo
350
Reduo de danos no Brasil: desafios e perspectivas
351
Manual de abordagem de dependncias qumicas
353
Manual de abordagem de dependncias qumicas
354
Reduo de danos no Brasil: desafios e perspectivas
355
Manual de abordagem de dependncias qumicas
357
Manual de abordagem de dependncias qumicas
358
Reduo de danos no Brasil: desafios e perspectivas
Concluso
359
Manual de abordagem de dependncias qumicas
360
Reduo de danos no Brasil: desafios e perspectivas
Referncias
361
Manual de abordagem de dependncias qumicas
362
Captulo 25
Introduo
364
Rede de ateno ao dependente qumico: dispositivos de sade e de assistncia social
365
Manual de abordagem de dependncias qumicas
366
Rede de ateno ao dependente qumico: dispositivos de sade e de assistncia social
Tabela 1
Dispositivos de sade implicados na ateno de usurios de droga
367
Manual de abordagem de dependncias qumicas
368
Rede de ateno ao dependente qumico: dispositivos de sade e de assistncia social
369
Manual de abordagem de dependncias qumicas
370
Rede de ateno ao dependente qumico: dispositivos de sade e de assistncia social
Tabela 2
Dispositivos da assistncia social implicados na assistncia
de dependentes qumicos
371
Manual de abordagem de dependncias qumicas
372
Rede de ateno ao dependente qumico: dispositivos de sade e de assistncia social
373
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Tabela 3
Fluxograma de integrao das redes de ateno relativas
aos servios de sade e de assistncia social
374
Rede de ateno ao dependente qumico: dispositivos de sade e de assistncia social
Consideraes finais
375
Manual de abordagem de dependncias qumicas
Referncias
376
Este livro foi compostona fontes Garamond e Univers Condensed e
impresso na Grfica O Lutador em fevereiro de 2014.