Arquivo 5 Educacao de Jovens Adultos e Idosos.
Arquivo 5 Educacao de Jovens Adultos e Idosos.
Arquivo 5 Educacao de Jovens Adultos e Idosos.
Apresentao................................................................................. 11
Introduo..................................................................................... 15
Histrico do Centro Municipal de Educao de Jovens e
Adultos: Um relato possvel........................................................ 19
Nova Gesto: novos olhares e aes para a EJA.................... 23
As mudanas ocorridas na EJA de Jundia de 2013 a 2016 ... 27
Ensino Fundamental I:............................................................. 27
Ensino Fundamental II e Ensino Mdio:............................... 31
Setor Administrativo................................................................ 34
Mudanas implantadas na EJA: algumas consideraes
importantes................................................................................ 35
A estrutura pedaggica do CMEJA
Prof. Dr. Andr Franco Montoro............................................... 39
Ensino Fundamental I:............................................................. 39
Ensino Fundamental II:............................................................ 40
PROEJA-FIC............................................................................... 40
Ensino Fundamental II (semipresencial):.............................. 41
Ensino Mdio (semipresencial):.............................................. 42
Educao Popular e Educao de Jovens e Adultos................. 45
A importncia da Educao de Jovens e Adultos..................... 49
Concepo de Alfabetizao....................................................... 55
Eixos de articulao das orientaes curriculares: Cultura,
Cidadania, Trabalho e Cincia................................................... 57
Eixo de Cultura.......................................................................... 58
Eixo de Cidadania..................................................................... 60
Eixo de Trabalho....................................................................... 61
Eixo de Cincia.......................................................................... 62
Estrutura Curricular da Educao de Jovens e Adultos.......... 63
Avaliao do processo do ensino e aprendizagem................... 95
Possibilidades para novos caminhos......................................... 99
Palestrantes participantes das Diretrizes Curriculares da Edu-
cao de Jovens e Adultos ......................................................... 101
Dicas de Materiais ..................................................................... 107
Sugestes de Filmes diversos:................................................ 107
Educadores e educadoras que contriburam na
construo das Diretrizes Curriculares.................................. 117
Referncia bibliogrfica............................................................. 123
Apresentao
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
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Introduo
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
cas realizadas por eles e tambm para contriburem com Paralelamente formao continuada, mas dentro
a construo do presente documento. da perspectiva da construo das diretrizes curriculares,
A segunda formao foi proferida pelo professor no dia 27/02/2016, a professora Jany Dilourdes Nasci-
Antonio Joaquim Severino, no dia 09/11/2015; nesse mento dialogou com os educandos e educandas da EJA
evento, o palestrante questionou sobre a produo dos de Jundia. A proposta desse dilogo foi justamente tra-
planos nacionais de educao, alm das mudanas que zer a reflexo dos educandos e educandas sobre a escola,
ocorreram no sistema educacional do pas desde a dcada bem como as propostas de mudana.
de 60 at os dias atuais. Nessa mesma data, tivemos ainda Aps essa sequncia de palestras, dilogos, crculos
a participao do Secretrio de Educao do municpio de conversa, considerao dos apontamentos realizados
de Jundia, que dialogou sobre a importncia e qualidade pelos educandos e educandas e estudo de textos diversos,
dos trabalhos e esforos realizados com os educandos e os educadores e educadoras da EJA, dentro de cada rea
educandas da EJA. A gesto pedaggica realizou o pri- do conhecimento, dialogaram a fim de se elencarem as
meiro encontro dividido por disciplinas, alm da partici- diversas possibilidades de temas e contedos a serem tra-
pao do corpo pedaggico, para compartilharem sobre balhados com os educandos e educandas, nos diferentes
as prticas realizadas em sala de aula. segmentos.
Na terceira palestra tivemos a participao de Ja- O material contendo as diretrizes curriculares foi
son Mafra, que trabalhou o tema Paulo Freire e a Edu- organizado em trs captulos. O primeiro captulo expla-
cao Popular, o que nos fez refletir sobre sua prtica e na sobre o histrico da educao de jovens, adultos e ido-
de como podemos reinventar nosso trabalho pedaggico sos no municpio, desde a sua criao at a atual gesto,
por meio de uma educao freireana. que compreende o perodo de 2013 a 2016.
Realizamos ainda a formao continuada com no- No segundo captulo, tratamos da concepo de
mes como a professora Jany Dilourdes Nascimento, no Educao Popular, Alfabetizao e Educao de Jovens,
dia 05/02/2016, que explanou sobre A Leitura do Mun- Adultos e Idosos, alm dos eixos de educao com as te-
do e de Construo do Currculo; a professora Carmen mticas Cultura, Cidadania, Trabalho e Cincia.
Sylvia Vidigal Moraes, no dia 11/03/2016, que palestrou No terceiro captulo, abordamos a estrutura cur-
sobreO trabalho como princpio educativo; e a profes- ricular das disciplinas divididas pelas reas do conhe-
sora Maria Clara Di Pierro, no dia 18/04/2016, que pales- cimento: Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias (Arte,
trou sobre as Possibilidades de Emancipao Cultural e Ingls, Informtica e Lngua Portuguesa); Cincias da
Social. Alm das palestras realizadas, houve tambm a Natureza e suas Tecnologias (Cincias, Biologia, Fsica e
participao de representantes da Educao de Jovens e Qumica); Cincias Humanas e suas Tecnologias (Geo-
Adultos das cidades de So Bernardo do Campo e Santo grafia e Histria); Matemtica e suas Tecnologias (Mate-
Andr, que compartilharam suas experincias sobre con- mtica).
cepes pedaggicas e construo do currculo.
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
1996, com a aprovao do Fundo de Manuteno e De- mercado de trabalho por certificao sem, contudo, que
senvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizao se mudasse a rotina de trabalho por turnos, comum em
do Magistrio (FUNDEF), quando, pelo Decreto 40.673, muitas reas.
o governo estadual retirou-se da oferta das sries iniciais Conforme Luciana Barcelos:
da EJA, delegando essa tarefa s municipalidades.
A origem conceitual dessa proposta, de Centros de Estu-
A Lei 5.692/71 afirmava que o ensino supletivo des- dos Supletivos (CES), eram unidades escolares que aten-
tinava-se a suprir a escolarizao regular para adoles- diam a modalidade de educao de jovens e adultos nos
centes e adultos que no a tinham seguido ou concludo nveis fundamental e mdio, por meio de ensino semipre-
na idade prpria. Permitia, tambm, que este ensino fos- sencial, prevendo avanos sequenciados de mdulos, sem
carter de seriao; e tinham por base o trinmio custo/
se oferecido via ensino a distncia, por correspondncia tempo/efetividade. Foram criados no incio dos anos 1970,
ou por outros meios adequados.3 O modelo pedaggico em plena ditadura militar, quando princpios como cons-
adotado, ento, foi sugerido por estudo do Sr. Antnio cientizao e participao deixavam de fazer parte do
Carlos Maglio, assessor tcnico pedaggico (ATP) da Se- iderio da educao de jovens e adultos, ento impregnado
cretaria de Educao de Jundia. Tal modelo foi baseado pelo tecnicismo educacional, caracterizado pela excessiva
centralizao na metodologia, e na finalidade ltima da
em sistema de ensino semipresencial adotado, ento, por educao: servir ao mercado de trabalho.
17 escolas do Estado de So Paulo4 . A acentuada busca
por certificao internacional, a fim de adequarem-se s A proposta pedaggica em Jundia era proporcio-
normas da Organizao Internacional de Padronizao nar a escolarizao referente ao 1 Ciclo (1 e 2 sries)
(ISO), em especial a partir da criao da Unio Europeia, na forma de ensino presencial e, para os demais Ciclos,
fez com que muitas indstrias da regio, no final da d- ensino semipresencial, chamados inicialmente de estu-
cada de 1980 e incio de 1990, exigissem de seus empre- dos personalizados. Incluam o seguinte fluxograma:
gados a concluso do Ensino Bsico. Assim, escolheu-se inscrio; orientao educacional; orientao de apren-
um modelo pedaggico que suprisse a necessidade do dizagem com teste de sondagem; matrcula em uma das
fases oferecidas (alfabetizao, consolidao de alfabeti-
3 Citado em: Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao de Jo-
vens e Adultos Reunio Nacional. Braslia, 05 e 06 de julho de 2000.
zao, pr-modular e modular); orientao de aprendiza-
4 Estas escolas so: CEES de Americana; CEES Profa. Ceclia Dultra gem com instrues especficas; orientao educacional,
Caram, de Ribeiro Preto; CEES COHAB Vila Costa e Silva, de Cam- em que o aluno elaborava um plano de curso; avaliao;
pinas; CEES de Marlia; CEES Profa. Iria Fofina Seixas, tambm em nova lio. Tambm inclua setor de multimeios e biblio-
Marlia; CEES Pres. Tancredo Neves, de Bauru; CEES Prof. Dr. Ar- teca, com dois professores e recursos didticos para aux-
chimedes Jos Bava, de Santos; CEES Maria Aparecida Pasqualeto Fi-
gueiredo, de Santos; CEE de Registro; CEES Leonor Pinto Thomaz, de lio dos alunos, que poderiam cursar at duas disciplinas
Sorocaba; CEES Prof. Hernani Nobre, de Bebedouro; CEES D. Clara simultaneamente, em tempo e carga horria obrigatria,
Mantelli, de So Paulo; CEES ValbertoFusari, de Ribeiro Pires; CEES no definidos a priori. O estudo dos mdulos ou lies
Prof. Antnio Jos Falconi, de Piracicaba; CEES de Taubat; e CEES deveria ser feito em casa, indo o aluno escola para es-
Mxi Dad Gallizi, de Praia Grande.
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
clarecimento de dvidas ou ao trmino de cada mdulo No perodo de 2005 a 2010, houve queda de 83,84%
para fazer uma prova (agendada previamente na secreta- nas matrculas de EJA na rede estadual de Jundia, aci-
ria escolar). ma da mdia do Estado (de 49,48% de queda). Observan-
Conforme o Ofcio GC 848/94, da Coordenadoria de do-se, contudo, a demanda em 2010, de 142 mil jovens
Estudos e Normas Pedaggicas, da Secretaria de Estado e adultos com educao bsica incompleta, e oferta de
da Educao, foi autorizada a reproduo das Unidades de 7.747 vagas, se verifica que o ndice de oferta era de ape-
Estudo de Supletivo de 1 Grau, editadas pela CENP, ex- nas 5,4% 5.
cetuando-se, porm, o material de Portugus. Isso porque
a autorizao da reproduo dos textos contidos nele fora Nova Gesto: novos olhares e aes para a EJA
concedida quela Secretaria, destinados especificamente A equipe de gesto formada em janeiro de 2013
aos Centros de Educao Supletiva do Estado de So Pau- encontrou no Centro Municipal de Educao de Jovens
lo, portanto, no estendida ao Municpio. e Adultos e salas descentralizadas uma equipe de nove
O local escolhido para implantao foi o terreno funcionrios administrativos, vinte e dois professores
e construo da Argos S.A., antiga indstria txtil, cuja do Ensino Fundamental I, vinte e quatro professores do
verba para desapropriao e consequente transferncia ao Ensino Fundamental II, dezesseis professores do Ensino
patrimnio pblico, durante a gesto do prefeito Walmor Mdio todos concursados , trs cozinheiras, equipe de
Barbosa Martins, fora retirada do oramento da Secreta- limpeza terceirizada.
ria de Educao e Coordenadoria de Cultura. O Estudo Os desafios eram imensos e os poucos dados dispo-
Preliminar de Ocupao do Centro Educacional e Cultu- nveis obrigavam a aprofundar o conhecimento, tanto do
ral Argos previa Escola Experimental de 1 Grau, confor- funcionamento da escola quanto do modelo pedaggico
me proposto pelo arquiteto Gustavo Bonfanti de Lemos, adotado, a fim de se pensar em possveis mudanas; o que
CREA 127206/D, anexado carta de 11/02/94, do CON- era claro que o nome e o modelo supletivo deveriam ser
DEPHAAT ao Sr. Luiz ngelo Monte, vice-presidente rapidamente superados. Educadores e educandos preci-
da Cmara Municipal de Jundia. Em 1999, foi ofertado savam ter uma relao muito mais prxima; experincias
tambm o Ensino Mdio, na modalidade de EJA. vivenciadas tanto de educadores e educadoras deveriam
A Educao de Jovens e Adultos passou a funcionar ser respeitadas e levadas em considerao na proposta
com dois sistemas: o Presencial (Ensino Fundamental pedaggica; a realidade de educandos e educandas con-
I - 1 ao 5 ano) e semipresencial (Ensino Fundamental sideradas no processo de ensino e aprendizagem; a edu-
II e Ensino Mdio) no Centro Municipal de Educao 5 DI PIERRO, Maria Clara. Meta 3. In: CATELLI JR., Roberto; HA-
de Jovens e Adultos e em algumas salas de aula descen- DDAD, Srgio; RIBEIRO, Vera Masago (Orgs.). Educao de Jovens
tralizadas no municpio. Quanto ao modelo pedaggico e Adultos: insumos, processos e resultados. So Paulo: Ao Edu-
cativa, 2014, 1 edio. Disponvel em: http://www.acaoeducativa.
podemos afirmar que foram realizadas mudanas, mas org/images/ stories/ pdfs/relatorio_final_INEP_EJA.pdf, acesso em
mantendo o sistema de retirada de dvidas e apostilas. 13/05/2014.
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
cao no como transmisso de contedo, mas um pro- mentos do trabalho educativo (FREIRE apud FVERO
cesso libertador e transformador na vida dos educandos. e FREITAS, 2011, p. 370). 6
Diz Freire: A equipe passou a ter a compreenso do processo
preciso mesmo brigar contra certos discursos ps-mo- pedaggico estabelecido no CMEJA e ncleos descen-
dernamente reacionrios, com ares triunfantes, que decre- tralizados, estudando as mudanas a serem implantadas
tam a morte dos sonhos e defende um pragmatismo opor- com o objetivo de elevar a qualidade social da educao
tunista e negador da Utopia. possvel vida sem sonho, ofertada e focando na humanizao das relaes existen-
mas no existncia humana e histria sem sonho. (FREI-
RE, 2006)
tes (gesto funcionrios educadores e educadoras
educandos e educandas). Tambm firmamos o compro-
Enfim, dentro das nossas possibilidades e com as con- misso de garantir o acesso e a permanncia reduzindo
tradies observadas, buscamos uma maior proximidade os ndices de repetncia e evaso; implantar o Programa
da Educao Popular, proposta e vivida por grandes edu- Nacional de Integrao da Educao Profissional com a
cadores, entre eles Paulo Freire, Carlos Rodrigues Brando Educao Bsica na Modalidade de Educao de Jovens e
entre tantos outros. Por isso, o conceito de Indito Vivel do Adultos (PROEJA-FIC); reduzir o ndice de analfabetis-
Educador Paulo Freire passou a ser a nossa referncia. mo e preparar a formao continuada dos educadores e
Em pesquisa realizada no CMEJA em 2012, pela educadoras.
ONG Ao Educativa, os dados eram desanimadores.
Observou-se que, embora houvesse um grande nmero
de alunos matriculados, poucos realmente se formavam
em 2011, segundo dados da PRODESP, 3% dos alunos
do Ensino Fundamental II e 7% dos do Ensino Mdio
se formaram. Em 2012, este nmero foi de 4% do Ensi-
no Fundamental II e 7% do Ensino Mdio. Quanto aos
alunos da regio de Jundia que concluram o Ensino
Fundamental II e Mdio atravs dos exames ENCEJA
e ENEM, o nmero foi de 34 (0,9% dos inscritos) e 42
(1,7% dos inscritos), respectivamente. Conclui-se, por-
tanto, que um sistema de ensino baseado na autodidaxia
no apropriado ao aluno de EJA, sendo, de fato, exclu-
dente. Tornava-se cada vez mais evidente a afirmao de
Paulo Freire que, j em 1960, propunha outra forma de
trabalho: no sobre ou para o homem, mas com ele, con- 6 FVERO, Osmar; FREITAS, Marinaide. A educao de adultos e de
jovens e adultos. Um olhar sobre o passado e o presente. p.365-392.
siderando imperativa sua participao em todos os mo- In: Inter-Ao, Goinia, v. 36, n. 2, jul./dez. 2011.
24 25
R
Ensino Fundamental I:
Em 2013, quando a nova gesto assumiu o Centro
Municipal de Educao de Jovens, Adultos e Idosos, uma
das prioridades da coordenao pedaggica foi a de re-
gularizar a situao dos educandos e educandas nomea-
dos como ouvintes, uma vez que estes alunos possuam
PRODESP (Companhia de Processamento de Dados do
Estado de So Paulo) de anos superiores, inclusive de
fundamental II. Para equalizar esta situao trabalhou-
se com um projeto denominado como apoio pedaggi-
co, desenvolvido por alguns educadores de ncleos des-
centralizados e uma professora do prprio CMEJA, pois
quando chegamos j existia uma vaga para educador de
apoio aos educandos e educandas, dos diferentes segmen-
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
tos, que apresentavam grandes dificuldades de aprendi- o excelente resultado de tal apresentao, que envolveu e
zagem. motivou os educandos e educandas, a coordenao pe-
Tambm houve uma reorganizao nas turmas do daggica, em dilogo com os educadores, estabeleceu o
CMEJA, que eram organizadas em dois ciclos: alfabe- Projeto Sarau como um dos projetos institucionais da
tizao e ps-alfabetizao; sendo assim, as salas eram escola, conforme descrito no Projeto Poltico Pedaggico.
multisseriadas. Para a reorganizao, os educadores e Tambm em 2014, outras duas modificaes foram
educadoras, junto com a coordenao, avaliaram todos implantadas no CMEJA: foi inserida a disciplina de In-
os educandos e educandas e, com o resultado da avalia- formtica nas turmas de quarto e quinto anos e a disci-
o, ficou definido o ano/srie mais adequado para o de- plina de Arte passou a ser trabalhada por educador espe-
senvolvimento escolar de cada um, respeitando-se o ciclo cialista.
determinado pela PRODESP. Outras aes foram efetivadas no ano de 2014: a
Ainda em 2013, reorganizamos o currculo do En- entrega do kit de material escolar e a reorganizao pe-
sino Fundamental I com a separao das disciplinas His- daggica nos quarto e quinto anos do CMEJA. Tal reor-
tria, Geografia e Cincias, e a implantao da disciplina ganizao props, em carter experimental, a diviso dos
de Arte, como tambm o trabalho com jogos. Tal mudan- componentes curriculares em dois blocos, trabalhados
a gerou um pouco de desconforto nos educandos, sendo por educadores distintos. Desta forma, Lngua Portugue-
necessrio um estudo a respeito da relevncia do ensino sa e Histria seriam componentes trabalhados por um
de arte e do trabalho com jogos nos anos iniciais. Aps educador, enquanto outro educador ficaria responsvel
alguns estudos e dilogos com educadores e educandos, pelos componentes de Matemtica, Geografia e Cin-
a situao ficou melhor e at ouvimos depoimentos de cias; conforme dito anteriormente, Arte e Informtica
estudantes de que as aulas de arte, por exemplo, os deixa- seriam trabalhadas pelos especialistas. Com a aprovao
ram mais sensveis. da reorganizao inicialmente experimental, a partir de
Em 2014, houve a ampliao da oferta de apoio pe- 2015 este modelo passou a integrar a estruturao dos
daggico aos educandos com dificuldade de aprendiza- quarto e quinto anos do CMEJA.
gem, tanto no CMEJA quanto nos ncleos descentrali- No final de 2015, houve um investimento em um
zados. O atendimento realizado em horrio distinto ao trabalho com a equipe de docentes e discentes do CME-
das aulas regulares, sempre se observando a real dificul- JA sobre convivncia e leis, estudamos alguns textos de
dade do educando. Dubet, Cury e Ortega e assistimos a alguns vdeos de Sa-
Ainda em 2014, a partir de uma sequncia didtica viani, para responder algumas questes levantadas pelos
sobre Cora Coralina, trabalhada pela educadora Lucia- educandos e educandas, tais como: Por que tenho que
na Meirelles, intensificamos o trabalho com poesias, o frequentar as aulas de Arte? Eu s quero aprender a ler e
que culminou na apresentao de um sarau. Observado escrever. Por que preciso ir ao museu? O que aprenderei
l? Por que vou passar se eu no sei nada? A aula comea
28 29
Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
s sete e minha professora s comea a es-crever na lousa Ensino Fundamental II e Ensino Mdio:
s oito, porque ela faz a leitura de um livro por captulo, Aps entendimento da sistemtica de atendimento
faz roda de conversa e a j perdemos uma hora de aula. do CMEJA ofertada aos educandos e educandas, confor-
Por que no fazem classes separadas para quem tem difi- me j exposto anteriormente, a equipe gestora passou a
culdade? E assim por diante. Queremos, com isso, buscar observar e reformular outros pontos importantes da EJA.
formas dialgicas para superao de tenses e conflitos
Existia um programa denominado Controle Aca-
e que os educandos e educandas percebam que, alm da
dmico para que os registros de atendimentos indivi-
obrigatoriedade das leis, importante a conscientizao
dualizados fossem realizados pelos educadores; assim, o
das conquistas que tivemos na educao brasileira, ainda
educando, ao chegar para estudar, passava primeiramen-
que tenhamos um longo caminho a percorrer nas relaes
te pela secretaria para dar entrada no sistema e, poste-
humanas. Eis tambm um modo de perseguir a perma-
riormente, o seu atendimento era finalizado pelo profes-
nncia do aluno na escola: interao com eles mesmos, j
sor, em sala de aula.
que so educandos e educandas adultos, trazendo infor-
mao e participao, fazendo valer o seu direito social e O material pedaggico utilizado eram apostilas ela-
o seu direito individual, sujeitos de seu aprendizado. boradas pelos prprios educadores e educadoras; tal ma-
terial era entregue no primeiro encontro e ocorria nesse
No ano de 2016, o xadrez foi includo nas turmas
mesmo momento a orientao sobre as atividades que de-
do CMEJA para todas as sries, com o principal objetivo
veriam ser realizadas para que os educandos retornassem
de desenvolver a capacidade de aprender a pensar, atra-
para a escola.
vs da prtica do jogo. Esse projeto tambm trouxe maior
interao com os colegas da classe e de outras sries, fo- Em 2013, paralelamente ao processo de elaborao
mentou a autoconfiana e a autoestima. Tambm neste das modificaes a serem adotadas na EJA de Jundia,
ano firmamos uma parceria mais efetiva com as intr- uma primeira ao foi implantada: a abertura da primei-
pretes de Libras e suas coordenadoras, a fim de alinhar ra turma do Programa Nacional de Integrao da Educa-
o trabalho dessas profissionais com as novas propostas o Profissional com a Educao Bsica na Modalidade
pedaggicas que vm acontecendo na EJA. de Educao de Jovens e Adultos PROEJA-FIC, em par-
ceria com o Instituto Federal de Educao, Cincia e Tec-
A reorganizao dos quarto e quinto anos, iniciada
nologia. O curso Tcnico em Informtica foi escolhido a
de modo experimental em 2014 e efetivada em 2015, para
partir de audincia pblica. Houve boa adeso ao curso
as turmas do CMEJA, tambm passou a ser adotada nas
por parte dos educandos e educandas, que tem dupla cer-
mesmas sries do ncleo Emeb Ivo de Bona, uma vez que
tificao ao trmino do curso, sendo uma pelo CMEJA e
tal formato possibilita mais estudo e pesquisa de cada
outra emitida pelo prprio Instituto Federal. A equipe de
disciplina, alm de ser um exerccio para o discente que
educadores e educadoras tambm se sentiu muito moti-
passa a ter cada componente curricular trabalhado por
vada com a nova modalidade.
um educador especfico, a partir do sexto ano.
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
Entendida a sistemtica adotada pelo CMEJA, o so algumas das aes que puderam ser observadas com
novo modelo pedaggico foi pensado e implantado em as novas mudanas.
2014. Mudanas no sistema operacional, material peda- A humanizao mencionada no ficou restrita aos
ggico, carga horria, dias de aulas, tudo foi reformulado educandos dentro de suas respectivas turmas; tem sido
a partir da nova gesto. uma prtica constante no CMEJA o processo de huma-
Assim, a partir de 2014, o sistema deixa de ser plan- nizao em todas as relaes, desde a secretaria at a sala
to de dvidas e passa ser com carga horria e dias de de aula. E dentro desse processo de humanizao, o aco-
aula previamente estabelecidos, em dias alternados, com lhimento e atendimento s diversas incluses prtica
quatro opes de horrios. O material didtico deixa de constante no CMEJA; sndrome de Down, autistas, defi-
ser exclusivamente composto por apostila e passa a ter o cientes auditivos, deficientes intelectuais entre outros so
livro didtico, escolhido pela equipe docente, como mais tratados com dignidade e respeito, buscando-se cada vez
um instrumento pedaggico. mais o aprimoramento na socializao e aprendizagem
A mudana mais significativa, que foi a alterao de desses educandos.
atendimento individualizado para a formatao de tur- Em 2014, substituiu-se o sistema de ensino do n-
mas, com dias e horrios preestabelecidos e de livre esco- cleo descentralizado Emeb Ivo de Bona, deixando ento
lha no ato da matrcula, foi amplamente aprovada pelos de ofertar o sistema de planto de dvidas e passando a
educandos e educandas, uma vez que a presena do edu- oferecer o ensino presencial. A nova formatao garantiu
cador em sala de aula, por duas horas por dia, de duas a a permanncia dos educandos e educandas no ambiente
trs vezes por semana, trouxe mais confiana, segurana escolar.
e aprendizado significativo a um pblico que esteve fora Um aspecto importante a ser destacado na implan-
da escola, em mdia, por 10 anos7. tao do sistema presencial para o Ensino Fundamental
Ao se sentir parte de uma turma, com amigos de II, nos ncleos descentralizados, que esse atendimento
sala que caminham juntos pelos componentes curricu- possibilitou um maior acesso e permanncia aos educan-
lares, os educandos e educandas foram adquirindo mais dos e educandas que residem em comunidades distantes
determinao e persistncia em concluir os estudos, fa- e de maior vulnerabilidade social.
zendo com que a evaso escolar diminusse consideravel- Com o aumento da procura pelo sistema presen-
mente; alm disso, a sensao de pertencimento escola cial de ensino, a equipe gestora decide pela ampliao do
e a uma turma contribuiu muito para as relaes de hu- sistema, uma vez que este proporciona mais segurana
manizao entre os membros do grupo; ajuda mtua nos para os educandos e educandas que em determinada fase
estudos, formao de grupos, relaes de amizade extra- da sua vida foram excludos, de alguma forma, da esco-
classe e confraternizaes ao trmino de cada disciplina la. Em 2015, esse tipo de ensino passa a ser ofertado no
7 Dado obtido a partir de pesquisa realizada com os educandos e edu- CMEJA no perodo da manh e no ncleo descentrali-
candas da EJA para elaborao do Projeto Poltico Pedaggico.
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
zado Emeb Deodato Janski. A partir de 2016, o ncleo O cadastro do estudante est dentro desse sistema
descentralizado Emeb Antonio Adelino Marques da Silva que alimentado inicialmente na secretaria da escola que
Brando tambm passou a ofertar o Ensino Fundamental realiza a inscrio e posteriormente a matrcula nas tur-
II presencial. mas, depois ele alimentado pelos professores que reali-
zam os registros necessrios para que a secretria possa
Setor Administrativo prosseguir com a certificao do mesmo.
Com o novo formato da escola surgiu tambm a ne-
cessidade de reorganizar a estrutura administrativa no Mudanas implantadas na EJA: algumas conside-
que diz respeito vida escolar dos educandos e educandas raes importantes
matriculados no CMEJA e nos ncleos descentralizados. Aps a implantao das novas diretrizes, realiza-
No incio das atividades, o CMEJA dispunha de mos uma primeira pesquisa com 10 questes, envolvendo
apenas um registro digital do aluno, que era a Prodesp; todos os educandos e educandas do Centro Municipal de
o restante dos procedimentos que iam da inscrio at a Educao de Jovens e adultos e ncleos descentralizados.
certificao eram realizados manualmente. Em 2012 foi O objetivo da pesquisa era conhecer o nosso pblico e
criado um sistema chamado Controle Acadmico que era avaliar como foram recebidas as mudanas estruturais e
alimentado pelos educadores para registrar frequncia, pedaggicas adotadas pela nova gesto. O resultado no
contedos e parecer final para que a secretria pudesse poderia ter sido mais animador: 63% avaliavam o novo
emitir a certificao de cada modalidade de ensino con- sistema como timo, 33% como bom, 3% como regular e
cluda pelos educandos e educandas. apenas 1% avaliou o sistema como ruim; vejamos o grfi-
Com a nova proposta pedaggica, houve a necessi- co abaixo que mostra o resultado:
dade de alterar e ampliar o sistema, criando o JA (Sistema
informatizado de Jovens e adultos), para atender a essa
nova demanda da Educao de Jovens, Adultos e Idosos.
Com a implantao do novo sistema, quando o edu-
cando procuram a secretaria da escola realizada uma
inscrio e, de acordo com a documentao apresenta-
da e a disponibilidade de horrio, ele matriculado; se
o educando(a) no tem como comprovar sua escolarida-
de, agendada uma sondagem pedaggica, realizada por
uma educadora, e depois da correo e anlise do coorde-
nador pedaggico determina-se o ano e a turma que ele
dever frequentar. Organizao dos trabalhos pedaggicos
34 35
Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
1400
1200
1000
2013
2014
800 2015
2016
600
400
200
0
2013 2014 2015 2016
A pesquisa tambm apresentou outras informa- De 2013 a 2015 o nmero de concluintes foi sem-
es importantes, como: a maioria dos educandos era do pre, de forma expressiva, crescente; o ano de 2016 aparece
sexo feminino; a maior parte estava fora da escola por com reduo uma vez que foram computados apenas os
mais de 10 anos; a renda mensal entre um e dois salrios concluintes do 1 semestre do presente ano. Ao analisar-
mnimos; a maioria dos educandos matriculada no En- mos o grfico, percebemos que a nova sistemtica da es-
sino Mdio, seguido do Ensino Fundamental I e depois cola realmente foi uma ao bem sucedida.
do Ensino Fundamental II; o motivo mais citado que os Ressaltando que no nos propusemos a implantar
fizeram abandonar a escola foi o trabalho, casamento e apenas mudanas de carter pedaggico ou logstico; as
famlia; e, para nossa surpresa, a maioria voltou a estudar alteraes pretendidas e implantadas so tambm ticas
por satisfao pessoal e depois vem a preocupao com o e humanizadoras.
mundo do trabalho.
Atualmente, h na escola a preocupao em incor-
Interessante, pois, observar que a implantao das porar a concepo de EJA, expressa em documentos inter-
mudanas no se traduziu apenas em opinio positiva por nacionais (V CONFINTEA, Declarao de Hamburgo, VI
parte dos educandos e educandas; para alm de elogios, a CONFINTEA, Marco de Ao de Belm), dos quais o Bra-
nova configurao trouxe resultados surpreendentes com sil signatrio, e em documentos nacionais (Constituio
relao permanncia do educando na escola, entenden- Federal de 1988, Lei 9394/96, Parecer 11/2000, Documen-
do-se, dessa forma, que a evaso escolar foi amplamente to Preparatrio a VI CONFINTEA, Parecer 6/2010). Tais
reduzida. A observao do grfico de concluintes abaixo documentos, para alm da normatizao, propem a ela-
nos d clareza sobre tal situao: borao de polticas pblicas inclusivas para atendimento
da EJA, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao
para o trabalho (Constituio Federal de 1988, Art. 205).
36 37
R
Ensino Fundamental I:
O Ensino Fundamental I (do 1 ao 5 ano) ofertado
no CMEJA Prof. Dr. Andr Franco Montoro e tambm em
diversas salas descentralizadas, nos mais variados bairros da
cidade, a fim de facilitar a permanncia por parte dos educan-
dos e educandas que residem em bairros mais afastados.
SALAS
CMEJA
DESCENTRALIZADAS
Sistema Presencial Presencial
Carga horria diria 1500 horas 1500 horas
Horrios Manh, tarde e noite Manh e noite
Arte, Cincias, Geografia, Arte, Cincias, Geografia,
Base comum Histria, Lngua Histria, Lngua
Portuguesa e Matemtica Portuguesa e Matemtica
Informtica para as
Base diversificada No ofertada
turmas de 4 e 5 ano
Educador Arte para as turmas de 1
No tem
especialista ao 3 ano
39
Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
42 43
R
Educao Popular e
Educao de Jovens e Adultos 8
45
Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
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R
A importncia da Educao de
Jovens e Adultos 9
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
cordel, o teatro popular, o cancioneiro regional, os repen- sa as utopias, reduzindo a identidade dos sujeitos a me-
tistas, as festas populares, as festas religiosas e os registros ros consumidores; nega-se, portanto, a educao integral,
de memria das culturas afro-brasileira e indgena.
humanizadora, dialgica e emancipadora, que propor-
Embora muito tenha sido discutido e avanado ciona aprendizagens necessrias ao desenvolvimento das
sobre tal questo, inegvel que a soluo do problema dimenses afetiva, tica, esttica, intelectual, profissional
ainda est longe de ser alcanada. O Brasil, pas que se e cvica. Paulo Freire j nos alertava:
destaca entre as grandes potncias mundiais, tambm Nem o fatalismo que entende o futuro como a repetio
aparece entre os pases de maior desigualdade social, o quase inalterada do presente nem o fatalismo que percebe
que impede um maior desenvolvimento do sistema de o futuro como algo pr-dado. Mas o tempo histrico sen-
educao e vale destacar que o analfabetismo no do feito por ns e refazendo-nos enquanto fazedores dele.
Da que a Educao Popular, praticando-se num tempo-
apenas uma questo pedaggica, mas essencialmente -espao de possibilidade, por sujeitos conscientes ou vi-
uma questo poltica. Gadotti e Romo nos ensinam que rando conscientes disto, no possa prescindir do sonho.
o analfabetismo a expresso da pobreza, consequncia (FREIRE, 2001, p. 17)
inevitvel de uma estrutura social injusta. Seria ingnuo
combat-lo sem combater suas causas (GADOTTI; RO- justamente na contramo deste pensamento neo-
MO, 2006, p. 32). liberal que a Educao de Jovens e Adultos de Jundia tra-
balha: ela objetiva possibilitar aos educandos e educandas
Como resultado de um longo percurso de ineficin-
as condies fundamentais para uma participao plena
cia do sistema educacional brasileiro, associado aos mui-
na sociedade, assim transformando sua vida, da famlia,
tos problemas sociais e de desigualdade, temos ainda hoje
do bairro, da cidade e por que no dizer tambm da pr-
mais de treze milhes de pessoas sem a garantia do direi-
pria sociedade, tornando-a justa e igualitria.
to educao; pessoas que nunca passaram pela escola
ou que so herdeiras de experincias escolares negativas,
uma vez que acreditaram na falsa ideia de que no eram
aptas a aprender, crena esta pregada por uma escola que
desvalorizava os saberes da classe social desfavorecida.
Felizmente, essas pessoas, ainda que marcadas por
fracassadas trajetrias escolares, carregam um sonho
maior que suas feridas e frustraes, o sonho de aprender
a ler e a escrever, sonho to legtimo em uma sociedade
letrada e grafocntrica.
No campo ideolgico, o neoliberalismo concebe a
educao como mercadoria, prega o fim do sonho e recu-
52 53
R
Concepo de Alfabetizao
55
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
56 57
Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
e, ao mesmo tempo, tornem-se bases slidas de um ensi- A produo de um local para se proteger dos peri-
no significativo e vinculado realidade dos educandos. A gos naturais, ou escrever uma cano, produzir uma fi-
educao no pode, jamais, ser vista como uma clula des- losofia, projetar um automvel, constituem exemplos de
conexa do mundo do trabalho, dos espaos de cultura, das como o ser humano a todo o momento forma concepes
aes cidads que todo ser humano est cotidianamente e bases de planejamentos culturais para a organizao da
interligado. O educador Paulo Freire, a esse respeito, expe sociedade.
a seguinte reflexo: No basta saber ler mecanicamente Para uma melhor definio e compreenso da cultura,
Eva viu a uva. necessrio compreender qual a posio utilizaremos a interpretao do trabalho de Romo (2004),
que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para em seu estudo sobre cultura e civilizao em que define trs
produzir uvas e quem lucra com esse trabalho.10 pontos para pensar a cultura em nossa sociedade:
Quadro 1 Elaborado por Romo (2004)
Eixo de Cultura
DEFINIES DE CULTURA NA ORGANIZAO SOCIAL
Todo povo possui marcas e peculiaridades de pro-
duo de conhecimento e aes coletivas nas artes, leis, Processo Manifestao Elementos Finalidade
crenas, costumes, que certamente reforam a sua pr- Produtivo
Meios de produo, Vida material,
pria histria enquanto sociedade. A produo ora men- Ao foras produtivas Produo/Reproduo
cionada tem, evidentemente, a influncia de muitos fa- Social Direito, Burocracia Vida Coletiva
tores que so marcas especficas de uma sociedade e no Cincia, Arte,
Simblico Representao Explicao, Expresso
de outras. Religio
Assim, ao se propor o trabalho a partir do Eixo de
Esses trs itens nos do as condies de perceber-
Cultura, de extrema importncia a reflexo de que o ser
mos como as aes de construo de meios de produo
humano um ser de cultura. O dilogo sobre esse assun-
bem como as relaes simblicas desenvolvem o sujeito
to, portanto, deve se iniciar com a ideia de que homens
na sociedade. Neste processo, a educao pode ser um
e mulheres se constituem como os nicos seres vivos a
direito social e que traga ao sujeito o conhecimento e
produzirem e intervirem na natureza de maneira plane-
tambm as tcnicas de produo para compor nossas ne-
jada e elaborada por meio de ideias. Diferentemente dos
cessidades, como por meio do trabalho no alienado, ou
seres irracionais, o ser humano tem capacidade de pro-
mesmo no direito a conhecer as expresses como arte,
duzir linguagens distintas e pode elaborar essas lingua-
msica, literatura, e ainda das organizaes legais dos
gens tanto para a transformao da natureza como para
meios jurdicos.
a organizao de suas emoes.
A educao como expresso da cultura, como espao,
concepo e tcnica de organizao do conhecimento pode
10 Fala pronunciada no Simpsio Internacional para a Alfabetizao, no dar possibilidades de construo de uma sociedade igual,
Ir, em 1975.
58 59
Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
ou reproduzir os interesses de uma sociedade de classes. Por Pensando no que descreve o pesquisador acima,
esses motivos que, ao construirmos uma educao crtica e buscamos a garantia de uma educao de qualidade so-
emancipadora, devemos integrar os sujeitos envolvidos para cial que possibilite que educandos e educandas sejam su-
que possamos fazer juntos, vivenciarmos e problematizar- jeitos de seu papel na sociedade como cidados
mos nosso conhecimento e experimentao de mundo. A educao um pressuposto para alcanar a cida-
dania que se assenta pelas bases legais como a LDB (Lei
Eixo de Cidadania de Diretrizes e Bases da Educao), CF/88 (Constituio
Esse eixo fundamental para que possamos cons- Federal de 1988), entre outros documentos e prticas que
truir nossas atuaes educativas e tambm estruturar as potencializam a igualdade entre todos. Assim, assegura-
prticas que temos com os educandos e educandas no es- mos no processo de ensino e aprendizagem reflexo sobre
pao escolar. Pensar a cidadania como parte de integra- o processo histrico e social para a emancipao e coope-
o , em essncia, articular os direitos que temos em uma rao entre cidado e governos vigentes.
sociedade democrtica e de base coletiva, alm de encon-
trarmos nessa concepo princpios de formao de nossa Eixo de Trabalho
prpria organizao social. Nas palavras de Dallari, O trabalho como processo inerente da formao
A cidadania expressa um conjunto de direitos que d e da realizao humana, portanto ontolgico, no so-
pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida mente a prtica econmica de se ganhar a vida vendendo
e do governo de seu povo. Quem no tem cidadania est a fora de trabalho; antes de o trabalho ser o trabalho
marginalizado ou excludo da vida social e da tomada de a ao humana de interao com a realidade para a sa-
decises, ficando numa posio de inferioridade dentro do
grupo social. (DALLARI, 1998, p. 14)
tisfao de necessidades e produo de liberdade. Nesse
sentido, trabalho no s emprego, no ao econ-
mica especfica. Trabalho produo, criao, realizao
humana. Compreender o trabalho nessa perspectiva
compreender a histria da humanidade, as suas lutas e
conquistas mediadas pelo conhecimento humano.
A relao entre trabalho e educao deve contribuir
para a transformao do mundo e a libertao do indiv-
duo, para que ele possa reconhecer o produto de sua obra,
reivindicar seus direitos, dominar contedos de trabalho,
compreender as relaes sociais e o papel que desempe-
nha na sociedade e, por fim, que o trabalho esteja a servi-
o da humanizao do ser humano.
Encontro de formao com Educandos e Educadas
60 61
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Eixo de Cincia
A rea de conhecimento LINGUAGENS, CDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS trabalha diretamente com o desenvolvimento da linguagem e
linguagens, recuperao de patrimnio representativo da cultura, articulao de redes de diferenas e semelhanas entre as linguagens,
s outras linguagens; precisa aprender e apreender a escrita, a leitura e os sistemas simblicos das diferentes linguagens como forma de
O educando, no processo de produo, deve associar essas tecnologias da comunicao e da informao aos conhecimentos cientficos e
entre outras. Trabalha tambm as linguagens no apenas como formas de expresso e comunicao, mas como constituidoras de
Os estudos na rea desenvolvem o conhecimento lingustico, musical, corporal, gestual, de imagens, do espao e das formas. A rea
desenvolve ainda os conhecimentos de investigao, compreenso e contextualizao sociocultural: anlise de recursos expressivos das
A escola um espao de democratizao do conhe-
cimento cientfico, compreendendo-o como produo
dentro de um contexto histrico e social, partindo dos
a produo de sentidos. Mais do que objetos de conhecimento, as linguagens so meios para o prprio conhecimento.
construo de novos aprendizados.
O Eixo CINCIA deve proporcionar no ambien-
te escolar as oportunidades de estranhamento, de per-
guntas diante do conhecimento, de provocaes; o saber
cientfico deve responder s inquietaes do ser humano.
A compreenso da natureza e da cincia garante
R
prprio ambiente, identificando situaes desfavorveis e
descobrindo alternativas possveis para enfrent-las, par-
tindo assim para a construo do conhecimento.
Para ampliar o conhecimento cientfico necess-
ria a disponibilizao de experincias, vivncias e refle-
xes, pois a falta destas costuma ser um dos fatores que
contribuem para a fragilidade dos jovens e adultos dos
62 63
ARTE
Objetivos
Fazer leitura de mundo;
Enxergar e reconhecer expresses artsticas;
Experimentar processos artsticos;
Estimular a produo pessoal;
Apreciar obras artsticas e seus autores em diferentes pocas e locais.
ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MDIO
64
Formas Caractersticas dos Biografia dos artistas
Cores movimentos artsticos Apreciao e fruio de obras
Vivncias Biografia dos artistas Aprofundamento de elementos formais II
Experimentao da parte Apreciao e fruio de obras Luz e sombra, perspectiva area e geomtrica
prtica, a partir da teoria Elementos formais II aplicao em tela
apresentada/contextualizada Aprofundamento do estudo Aprofundamento das cinco linguagens
Introduo apreciao e fruio das cores (primrias, Teatro
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Introduo aos procedimentos Vivncias das cinco linguagens Trabalho com ritmos especficos (samba, msica
Uso dos materiais (tintas, Teatro clssica etc.)
lpis, borracha, rgua etc.) Dana Aprofundamento de tcnicas II
Manuteno e organizao dos Msica Tcnica do uso dos materiais (lpis aquarelvel, tinta
materiais Noes das cinco Artes visuais acrlica etc.)
linguagens Audiovisual Aprofundamento de Retomada de procedimentos: uso de materiais, sua
Teatro tcnicas I manuteno e organizao
Dana Tcnica do uso dos materiais Valorizao do patrimnio histrico, artstico e cultural.
Msica (lpis, tintas etc.)
Artes visuais Retomada de procedimentos: uso
Audiovisual de materiais, sua manuteno e
65
Metodologias
Apreciao de obras nas diferentes linguagens artsticas;
Realizao de produes individuais e/ou coletivas nas diferentes linguagens artsticas;
Contextualizao de artistas, obras e movimentos artsticos em diferentes pocas, lugares e culturas;
Aulas tericas e prticas, com vivncias e experimentaes;
Trabalhos individuais e em grupo;
Visitas externas;
Crculo de cultura.
INFORMTICA
Objetivos
Promover o uso da informtica, a fim de desenvolver diversas habilidades com o uso do computador;
Estimular a utilizao dos recursos da informtica como ferramenta de apoio em vrios aspectos do seu dia a dia, contribuindo com
a incluso digital.
4 ano
Conhecendo o computador:
Partes do computador,
hardware e software.
66
Windows:
rea de trabalho, cones,
barra de tarefas, janelas,
boto iniciar;
Uso do mouse: clique, duplo
clique, arrastar e soltar;
Word:
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Internet
E-mail
PowerPoint:
Apresentao;
Formatao
5 ano
Internet
Excel:
67 Frmulas, funes e grficos
Metodologias
Aulas expositivas e dialgicas;
Utilizao do computador, softwares especficos e a internet para apropriao dos conceitos aprendidos;
Pesquisas na internet;
Eliabe Gomes de Souza
Objetivos
Desenvolver nos educandos a percepo da importncia do aprendizado da Lngua Inglesa;
Compreender a aplicabilidade do Ingls no campo profissional e tecnolgico;
Proporcionar subsdios para a apropriao e uso da lngua inglesa em situaes cotidianas;
Mobilizar o aluno para uma participao e interao na sociedade local e global.
ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MDIO
Introduo:
A influncia da Lngua
Inglesa no dia a dia
68
Por que estudar Ingls?
Perguntas e respostas sobre
informaes pessoais (nome,
endereo, telefone etc.)
Apresentaes
Alfabeto
Numerais at 10
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Verbo to be na forma
afirmativa
Meses do ano
Cores
Numerais at 50
Pronomes demonstrativos e
artigos
Parte III
Nacionalidades
Verbo to be na forma
negativa e interrogativa
69
Profisses
Esportes
Estaes do ano
Eliabe Gomes de Souza
Datas comemorativas
Numerais at 100
Parte IV
Numerais at 1.000
Preos e produtos
Horas
Verbos usuais (cotidiano)
Presente Simples na 3
pessoa
Metodologias
Aulas expositivas e dialgicas;
Uso de mdias: slides, msicas, filmes;
Atividades com foco na oralidade;
Atividades individuais e em grupo.
LNGUA PORTUGUESA
Objetivos
Reconhecer, compreender e produzir textos, orais e escritos, de diferentes gneros;
Ler obras literrias, produtiva e autonomamente;
Compreender a lngua como fenmeno cultural, histrico, social, varivel, heterogneo e sensvel aos contextos de uso;
Reconhecer a lngua como instrumento de construo da identidade de seus usurios e da comunidade a que pertencem;
70
Valorizar a escrita como um bem cultural de transformao da sociedade;
Posicionar-se criticamente contra preconceitos lingusticos;
Posicionar-se criticamente frente a ideologias veiculadas nos diferentes discursos;
Valorizar a literatura e outras manifestaes culturais como formas de compreenso do mundo e de si mesmo.
ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MDIO
gneros textuais, tais como: lista, nominal, variedades Literatura Informativa sobre o Brasil
legenda, parlenda, adivinha, regionais, pontuao e Barroco
legenda ortografia. Arcadismo
Aquisio do sistema de escrita Gneros textuais II: Letra de Romantismo
a partir da oralidade: leitura, cano, notcia, tira e memrias Realismo/Naturalismo/Parnasianismo
interpretao e produo de literrias. Simbolismo
textos utilizando-se de diversos Contedos: Denotao Pr-Modernismo
gneros textuais, tais como: lista, e conotao; antnimo e Modernismo
legenda, parlenda, adivinha, sinnimo; concordncia Artigo de opinio (redao)
bilhete verbal; frase, orao Currculo
Texto narrativo e perodo; interjeio; Figuras de linguagem
71
72
Metodologias
Crculos de cultura;
Protagonismo (favorecer a desinibio, encorajar a expresso espontnea e estimular a fluncia de ideias);
Atividades culturais (teatros, saraus, visitas a museus, exposies etc.);
Atividades de compreenso e interpretao, linguagem, lingustica e produo de texto;
Uso de norma padro e no padro em diferentes situaes de comunicao;
Leitura extraclasse;
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Atividades em grupos;
Produo de textos;
Reescrita de textos;
Leitura de diferentes gneros orais e escritos;
Debate;
Atividade de escrita coletiva e individual.
Observao
A temtica Histria e Cultura Afro-Brasileira e Indgena (Lei 11.645, de 10 de maro de 2008) ser trabalhada pelas disciplinas de
Histria, Arte e Lngua Portuguesa em todos os anos do Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Mdio, a partir de
projetos e sequncias didticas elaboradas pelos professores.
Referncia bibliogrfica
BAKTHIN, M. M. Esttica da criao verbal. So Paulo: Martins Fontes, 2010.
BRASIL. Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Matemtica. Ensino Fundamental. Braslia: MEC/SEF, 1997.
FIORIN, J. L. Elementos de anlise do discurso. So Paulo: Contexto, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. So Paulo: Editora Paz e Terra, 2011.
MARCUSCHI, L. A. Produo textual, anlise de gneros e compreenso. So Paulo: Parbola, 2008.
VYGOTSKY, L. S. A construo do pensamento e da linguagem. So Paulo: Martins Fontes, 2015.
73
A rea de conhecimento CINCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS deve contribuir para a compreenso da natureza e do
uso da tecnologia, seja cotidiana ou profissional. Alm disso, fornecer subsdios para a compreenso da nossa vivncia, do mundo
da informao, da nossa contribuio histrica para a sociedade e a histria evolutiva do cosmo, ou seja, fornece uma viso crtica
de nosso mundo.
Para tanto, os temas devem ser flexveis o suficiente para suprir a curiosidade e as dvidas dos educandos, enfatizando as relaes
no contexto da vida, do Universo, do ambiente e dos equipamentos tecnolgicos que podero situar o estudante em seu mundo.
CINCIAS
Objetivos
Compreender a natureza, conhecendo seus elementos, os seres vivos e o prprio ser humano;
Conhecer o funcionamento dos principais sistemas do corpo humano, a fim de se refletir sobre a manuteno da sade;
Compreender a importncia da ao humana para a conservao da vida e o desenvolvimento tecnolgico.
ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MDIO
Parte I Parte I
Corpo humano: rgos dos Movimentos de rotao e
sentidos, focando os cinco translao da Terra
sentidos (viso, audio, Sistema Solar e os
74
olfato, paladar e tato) componentes do universo
Hbitos alimentares e Lua caractersticas e fases
higiene para manuteno da Parte II
sade Caractersticas e
Meio ambiente: poluio classificao dos seres vivos
Campanhas de sade Estados fsicos da matria
Parte II Ciclo da gua
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Parte V
Corpo humano: sistema nervoso e os problemas de sade
Meio ambiente: lixo, reciclagem e consumo sustentvel
Campanhas de sade
Metodologias
Aulas expositivas e dialgicas;
Atividades individuais e em grupo;
Utilizao de vdeos, simuladores e animao;
Atividades de pesquisa;
76
Crculo de cultura.
BIOLOGIA
Objetivos
Conhecer os seres vivos e suas relaes entre si e com o meio ambiente;
Definir sade e conhecer as doenas da atualidade, relacionando-as com os problemas de poluio ambiental;
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
OMS
SUS
Sade do trabalhador
Eliabe Gomes de Souza
EPIs
Acidente de trabalho
Vacinas e soros
Poluio ambiental
gua
Atmosfera efeito estufa e camada de oznio
Microscopia
Estudo da clula
ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MDIO
Reproduo
Hereditariedade (1 Lei de Mendel)
Biotecnologia
Clulas-tronco
Organismos transgnicos
Evoluo
Seleo
Natural
Consequncias adaptativas (mimetismo, camuflagem)
Metodologias
78
Aulas expositivas e dialgicas;
Atividades individuais e em grupo;
Utilizao de vdeos, simuladores e animao;
Atividades de pesquisa;
Jogos;
Demonstrao experimental;
Crculo de cultura.
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
FSICA
Objetivos
Reconhecer e utilizar adequadamente na forma oral e escrita smbolos, cdigos e nomenclatura da linguagem cientfica;
Ler, articular e interpretar smbolos e cdigos em diferentes linguagens e representaes: sentenas, equaes, esquemas,
diagramas, tabelas, grficos e representaes geomtricas;
Identificar em dada situao-problema as informaes ou variveis relevantes e possveis estratgias para resolv-la;
Analisar, argumentar e posicionar-se criticamente em relao a temas de Cincia e Tecnologia;
Identificar fenmenos naturais ou grandezas em dado domnio do conhecimento cientfico, estabelecer relaes; identificar
regularidades, invariantes e transformaes;
Reconhecer a relao entre diferentes grandezas, ou relaes de causa-efeito, para ser capaz de estabelecer previses;
Identificar regularidades, associando fenmenos que ocorrem em situaes semelhantes, para utilizar as leis que expressam essas
regularidades, na anlise e previses de situaes do dia a dia;
79
Selecionar e utilizar instrumentos de medio e de clculo, representar dados e utilizar escalas, fazer estimativas, elaborar hipteses
e interpretar resultados;
Eliabe Gomes de Souza
Reconhecer, utilizar, interpretar e propor modelos explicativos para fenmenos ou sistemas naturais ou tecnolgicos;
Articular, integrar e sistematizar fenmenos e teorias dentro de uma cincia, entre as vrias cincias e reas de conhecimento;
Compreender o conhecimento cientfico e o tecnolgico como resultados de uma construo humana, inseridos em um processo
histrico e social;
Compreender a cincia e a tecnologia como partes integrantes da cultura humana contempornea;
Reconhecer e avaliar o desenvolvimento tecnolgico contemporneo, suas relaes com as cincias, seu papel na vida humana,
sua presena no mundo cotidiano e seus impactos na vida social;
Reconhecer e avaliar o carter tico do conhecimento cientfico e tecnolgico e utilizar esses conhecimentos no exerccio da
cidadania.
ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MDIO
Uso da calculadora e regras de arredondamento
Grandezas e unidades de medida
Movimento
Variao do tempo, variao das posies, velocidade
mdia
Converso de unidades
Grficos de posio x tempo
Astronomia e astronutica
Termologia
Dilatao
Escalas termomtricas
80
Transmisso de calor: conduo, conveno e irradiao
Isolamento trmico
Tipos de animais: homeotermos e pecilotermos
Presso atmosfrica
ptica da viso
Acstica
Eletricidade
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Eletrizao
Circuitos eltricos
Energia eltrica
Magnetismo
Eletromagnetismo
Eletroms
Metodologias
Aulas expositivas e dialgicas;
Demonstraes experimentais;
Utilizao de vdeos, animaes e simuladores;
Atividades individuais e em grupo;
Jogos;
Crculo de cultura.
QUMICA
Objetivos
Estudar os materiais, suas propriedades, transformaes e aplicaes na vida das pessoas;
Fazer descries das transformaes qumicas em linguagem discursiva;
81
Reconhecer limites ticos e morais que podem estar envolvidos no desenvolvimento da qumica e da tecnologia;
Reconhecer o papel da qumica no sistema produtivo, industrial e rural.
ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MDIO
Estrutura atmica
Tabela peridica
Estados fsicos da matria
Separao de misturas
Ligaes qumicas
ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MDIO
Funes inorgnicas
cido, bases, sais e xidos
Impactos ambientais
Chuva cida e efeito estufa
Solues
Coeficiente de solubilidade
Cintica qumica
Fatores que influenciam a velocidade das reaes
Hidrocarbonetos
Nomenclatura e funo
Alcois
82
Nomenclatura e funo
Combustveis
Metodologias
Aulas expositivas e dialgicas;
Demonstraes experimentais;
Utilizao de vdeos, animaes e simuladores;
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Referncia bibliogrfica
BRASIL. Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Cincias Naturais. Ensino Fundamental. Braslia: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. PCNs + Ensino Mdio: orientaes educacionais complementares aos Parmetros Curriculares Nacionais. Cincias da
Natureza, Matemtica e suas Tecnologias. Braslia: MEC, SEMTEC, 2002.
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MARCONDES, Ayrton Csar; SARIEGO, Jos Carlos. Cincias. So Paulo: Centro Estadual de Educao Paula Souza, 1999.
USBERCO, Joo; SALVADOR, Edgard. Qumica essencial. So Paulo: Saraiva, 2001.
transformaes, como produtos da ao humana; trabalha ainda a compreenso do processo de ocupao e transformaes do
espao geogrfico em seus desdobramentos polticos, sociais, culturais, econmicos e humanos.
Tambm so elementos de estudo da rea o entendimento das relaes entre a produo do conhecimento e o indivduo, da
Eliabe Gomes de Souza
sociedade e da cultura, sociedade/espao e trabalho; a importncia das tecnologias contemporneas de comunicao e informao
e seus desdobramentos e influncias; apropriao e interpretao das variadas linguagens na compreenso dos fenmenos e na
proposio de interveno e soluo de problemas pelos educandos.
GEOGRAFIA
Objetivos
Estudar a relao entre o processo histrico na formao da sociedade e o funcionamento da natureza por meio da leitura do
espao geogrfico como objeto central de estudo e suas categorias: territrio, regio, paisagem e lugar;
Analisar as caractersticas da atual diviso internacional do trabalho e da produo, estabelecendo relaes entre desenvolvimento
e subdesenvolvimento das naes;
Reconhecer as mudanas causadas na paisagem por processos naturais e pela interveno do homem;
Desenvolver a conscincia crtica diante da realidade social, poltica e econmica.
ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MDIO
Alfabetizao cartogrfica Linguagem cartogrfica O espao geogrfico e a forma de produo capitalista
Planta baixa da sala de aula Regionalizao do Brasil Fatores histricos
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com localizao dos pontos Populao e movimentos DIT/Regionalizao do espao
cardeais migratrios no Brasil Pases desenvolvidos e subdesenvolvidos
Identificao dos pontos de Urbanizao: a cidade e seus Indicadores sociais e econmicos
referncia no trajeto casa- desafios Capitalismo e explorao do trabalho: trabalho como
escola O direito moradia mercadoria
Identificao e diferenciao Desenvolvimento Humano IDH Os meios de produo; alienao e mais-valia
entre carta e mapa Demografia a pirmide das A Era das Revolues
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
86
Movimentos e manifestaes
populares (msica, dana,
gastronomia, artesanato,
costumes, literatura popular)
Alfabetizao cartogrfica
Interpretao de informaes
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Metodologias
Aulas expositivas e dialgicas;
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Debates;
Atividades individuais e coletivas;
Produo textual e pesquisas;
Eliabe Gomes de Souza
Objetivos
Reconhecer as permanncias e transformaes das aes do homem no tempo e no espao;
Examinar e interpretar fontes histricas;
Compreender o processo de formao histrica do povo brasileiro e a forma como as diferentes etnias e culturas participam desse
processo;
Conhecer a diversidade cultural entre os povos formadores da identidade brasileira;
Questionar sua realidade, identificando alguns de seus problemas e refletindo sobre algumas de suas possveis solues,
reconhecendo formas de atuao de polticas institucionais e organizaes coletivas da sociedade civil.
ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MDIO
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Identidade Fundamentos da Histria/formao Relaes de poder
Histria de vida do povo brasileiro Ideolgica
Histria familiar Mtodo Econmica
Histria local Noes de tempo Poltica
Patrimnio Fontes histricas Sociedade e Cultura
Importncia Patrimnio Formao do povo e da nao
Preservao Indgenas/africanos/ Povoamento, colonizao, imigrao
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Histria
Estrutura poltica
Ditadura
Democracia
Participao social
Metodologias
Atividades individuais e coletivas;
Anlise de imagens;
Uso de mdias: slides, msicas, filmes;
Leitura de textos diversos: jornais, revistas, livro didtico, poema etc.;
Produo textual;
Atividades culturais de aprendizagem extraclasse: museus, teatros, Cmara Municipal etc.;
Crculo de cultura.
Observao
A temtica Histria e Cultura Afro-Brasileira e Indgena (Lei 11.645, de 10 de maro de 2008) ser trabalhada pelas disciplinas de
Histria, Arte e Lngua Portuguesa em todos os anos do Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Mdio, a partir de
90
projetos e sequncias didticas elaboradas pelos professores.
Referncia bibliogrfica
BRASIL. Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Histria. Ensino Fundamental. Braslia: MEC/SEF, 1997.
A rea de conhecimento MATEMTICA E SUAS TECNOLOGIAS trabalha a resoluo de problemas da vida cotidiana, de modo
a integrar o educando ao mundo do trabalho, insero em uma sociedade cada vez mais cientfica e tecnolgica e possibilitar a
apropriao pelo educando de conhecimentos capazes de lev-los a compreender e a transformar a sua realidade.
Outro aspecto de extrema importncia a contribuio que a rea fornece para a compreenso de elementos que permitem a
apropriao do conhecimento trabalhado em outras reas.
MATEMTICA
Objetivos
Desenvolver o pensamento lgico-matemtico;
Capacitar o educando a enfrentar futuros problemas decorrentes das mudanas tecnolgicas, econmicas e sociais;
Ampliar a ideia do campo numrico por meio de situaes significativas que problematizem o cotidiano;
Reconhecer, representar e classificar formas planas e espaciais com nfase no raciocnio lgico-dedutivo;
Construir, analisar e interpretar dados contidos em tabelas e grficos (tratamento da informao);
Ampliar, de forma significativa, as ideias associadas a grandezas e medidas;
Resolver situaes-problema, sabendo validar estratgias e resultados, desenvolvendo formas de raciocnio e processos, como
deduo, induo, intuio, analogia, estimativa, e utilizando conceitos e procedimentos matemticos, bem como instrumentos
tecnolgicos disponveis.
91
92
escrita dos nmeros) distncia entre dois pontos do plano, ponto mdio de um
Sistema monetrio segmento, estudo da reta
Algoritmo das quatro Estatstica: introduo e conceitos
operaes Grficos e tabelas: construo
Grandezas e medidas Medidas de tendncia central: definio e clculos de
Medidas de comprimento, mdia aritmtica, mediana e moda
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Espao e forma
Formas geomtricas planas e
espaciais
Eliabe Gomes de Souza
Tratamento da informao
Leitura e interpretao de
tabelas e grficos
Nmeros e operaes
Sistema monetrio
(associao com os nmeros
decimais)
Algoritmo das quatro
operaes
ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MDIO
Grandezas e medidas
Medidas de comprimento,
massa, tempo e capacidade
Espao e forma
Formas geomtricas planas e
espaciais
Tratamento da informao
Leitura e interpretao de
tabelas e grficos
Metodologias
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Aulas expositivas e dialgicas;
Problematizao (situao-problema do cotidiano associada aos contedos propostos);
Uso de mdias e recursos tecnolgicos (vdeo, teleaulas, software Graphmatica, Excel, calculadora cientfica);
Situaes-problema (em sala e extraclasse);
Desenvolvimento e socializao das diferentes estratgias utilizadas para a resoluo da situao-problema;
Atividades individuais e em grupo;
Uso de jogos;
Uma utopia possvel: uma luta concretizada
Crculo de cultura.
Referncias bibliogrficas
BRASIL. Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Matemtica. Ensino Fundamental. Braslia: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Ensino Mdio: Matemtica e suas tecnologias. Braslia: MEC/SEF, 1999.
95
R
Ronaldo - EJA
aprendizagem
96 97
R
Possibilidades para novos caminhos
101
Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
educao. Seus estudos e pesquisas atuais situam-se no atualmente pesquisa de campo com equipe em comu-
mbito da filosofia e da filosofia da educao, com des- nidades tradicionais ribeirinhas do rio So Francisco.
taque para as questes relacionadas com a epistemologia Tem experincia na rea de Antropologia, com nfa-
da educao e para as temticas concernentes educa- se em Antropologia Rural, Antropologia da Religio e
o brasileira e ao pensamento filosfico e sua expresso Antropologia e Ambiente, atuando principalmente nos
na cultura brasileira. seguintes temas: cultura, cultura popular, educao po-
Carmen Sylvia Vidigal Moraes: Possui graduao em Psi- pular, educao ambiental.
cologia (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Jason Mafra: Doutor (2007) e mestre (2001) em Educao
de So Paulo (1973), mestrado em Educao pela Uni- pela Universidade de So Paulo (USP). Graduado e licen-
versidade de So Paulo (1978) e doutorado em Sociolo- ciado em Histria pela Unisal. docente do Programa
gia pela Universidade de So Paulo (1990). Atualmente de Ps-Graduao (mestrado e doutorado) em Educa-
professora associada da Universidade de So Paulo. Tem o da Universidade Nove de Julho (PPGE-UNNOVE)
experincia na rea de Educao, com nfase em Educa- e Diretor do Programa de Mestrado Profissional em
o e Trabalho, atuando principalmente nos seguintes Gesto e Prticas Educacionais (PROGEPE) na mesma
temas: educao, educao do trabalhador, histria da universidade. Desenvolve e orienta pesquisas nas linhas
educao, educao profissional e polticas pblicas. de Metodologia da Aprendizagem e Prticas de Ensino
Carlos Rodrigues Brando: Possui graduao em Psico- (LIMAPE) e Educao Popular e Culturas (LIPECULT).
logia pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio de autor de obras didticas em Histria para o ensino b-
Janeiro (1965), mestrado em Antropologia pela Univer- sico e de livros e artigos em educao, entre os quais,
sidade de Braslia (1974) e doutorado em Cincias So- Paulo Freire: contribuiciones para la pedagoga (Edi-
ciais pela Universidade de So Paulo (1980). Ps-douto- tora Clacso, 2005); Valores e Dilogos para uma Cidade
rado realizado nas universidades de Perugia e Santiago Educadora (2010), coleo de vinte e quatro cadernos
de Compostela (1992). Professor titular aposentado da pedaggicos; Histria (4 volumes, para Educao de
Universidade Estadual de Campinas. Atualmente pro- Jovens e Adultos); Jean-Ovide Decroly (2010) e Bog-
fessor do corpo docente do Doutorado em Ambiente e dan Suchodolski (2010), livros da Coleo Educadores,
Sociedade do NEPAM/IFCH da UNICAMP. Foi pro- do MEC, distribudos para todas as escolas pblicas da
fessor convidado da Universidade de Uberaba, do De- Educao Bsica; A Ditadura Espelhada (2014). um
partamento de Cincias Florestais da ESALQ/USP, em dos organizadores do livro Pedagogia do Oprimido: o
Piracicaba, da Faculdade de Educao da Universidade manuscrito (Liber Livro, Instituto Paulo Freire, 2013).
Federal de Gois e do Instituto de Geografia da Univer- Jos Eustquio Romo: Graduado em Histria, pela Uni-
sidade de Uberlndia. pesquisador-visitante do Pro- versidade Federal de Juiz de Fora (1970) e Doutorado em
grama de Ps-Graduao em Desenvolvimento Social Educao (1996), pela Universidade de So Paulo. Atual-
da Universidade Estadual de Montes Claros. Desenvolve mente, diretor e professor do Programa de Ps-Gra-
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
duao em Educao (Doutorado e Mestrado), na Uni- Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (1994-
versidade Nove de Julho (UNINOVE), So Paulo, onde 1997); Coordenador Local das Licenciaturas em Tef,
coordena o Grupo de Pesquisa Culturas e Educao. Amazonas (dcadas de 1970 e 1980). Desenvolve estu-
professor visitante da Universidade Lusfona de Huma- dos sobre o pensamento de Paulo Freire, especialmente
nidades e Tecnologias (ULHT), de Lisboa, Portugal. Foi sobre a Teoria da Civilizao do Oprimido.
professor visitante da Universidade de la Repblica de Jany Dilourdes Nascimento: Mestra pela Faculdade de
Uruguai, da Universidad Cade Cauca, da Colmbia e da Educao da Universidade de So Paulo (2009), gradua-
Universidade California de Los Angeles (UCLA). Coor- da em Pedagogia pela mesma instituio. Atuou como
denador e professor dos programas de mestrado (Edu- coordenadora estadual do Programa TOPA/BA (Todos
cao, Letras e Psicologia) do Centro de Ensino Superior pela Alfabetizao) na rea da Educao de Jovens e
de Juiz de Fora (CESJF), de 1999-2006. Diretor funda- Adultos como assessora do Instituto Paulo Freire. Atuou
dor do Instituto Paulo Freire, onde coordena a Ctedra como professora do curso de Pedagogia da Faculdade de
do Oprimido. Coordenou, nacionalmente, os seguintes Vargem Grande Paulista (UNIESP). Tambm trabalhou
projetos de pesquisa internacionais: 1. Educating the como coordenadora pedaggica do NEA-USP (Ncleo
Global Citizen: Globalization, Educational Reform and de Educao de Jovens e Adultos e Formao Permanen-
the Politics of Equity and Inclusion, que analisa os im- te de Professores da Faculdade de Educao da Univer-
pactos dos fenmenos da globalizao e do neolibera- sidade de So Paulo), exerceu o mesmo cargo no Alfasol
lismo no cotidiano escolar; 2. Supporting International (Programa Alfabetizao Solidria), assumiu a tutoria
Networking and Cooperation in Educational Research no Pec (Programa de Educao Continuada) em nvel
(SINCERE), que tinha por objetivo mapear e confrontar superior para professores da rede estadual de Educao,
as pesquisas educacionais com a formulao das pol- prestando vrios outros servios de assessoria a munic-
ticas nacionais para o setor; e 3. Rede Ibero-americana pios por intermdio da Fundao de Apoio Faculdade
de Investigao de Polticas de Educao (RIAIPE), no de Educao (FAFE/USP).
mbito do Programa Iberoamericano de Ciencia y Tec- Maria Clara Di Pierro: Graduada em Geografia pela Fa-
nologa para el Desarrollo (CYTED). Coordenou a parte culdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da Uni-
estrangeira do Projeto Editorial Educadores, desenvol- versidade de So Paulo (1980), Mestre (1995) e Doutora
vido pelo Ministrio da Educao, UNESCO e Funda- (1999) em Educao: Histria, Poltica, Sociedade pela
o Joaquim Nabuco, com a publicao de 30 biografias Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo. Desde
de educadores estrangeiros, distribuda para toda a rede 2005 professora doutora da Faculdade de Educao
de ensino pblico do pas. Tem vasta experincia na rea da Universidade de So Paulo, atuando na Graduao e
de administrao escolar: Secretrio da Educao de na Ps-Graduao. Em 2011-2012 realizou estgio ps-
Juiz de Fora (1983-1988) e Secretrio de Governo (1997- doutoral no Teachers College, Columbia University. Sua
2000) desta mesma cidade. Foi Pr-Reitor de Ensino e experincia tem nfase em Educao de Jovens e Adul-
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
tiva do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore. 4. Central do Brasil (Direo: Walter Salles, 1998, 113 mi-
Ele apresenta uma srie de dados para comprovar a cor- nutos, Brasil). Dora (Fernanda Montenegro) uma mu-
relao entre o comportamento humano e a emisso de lher que trabalha na estao Central do Brasil escreven-
gases na atmosfera. No preciso sairmos de casa para do cartas para pessoas analfabetas; uma de suas clientes,
que vejamos uma srie de fenmenos naturais com uma Ana, aparece com o filho Josu (Vincius de Oliveira)
frequncia elevadssima, qualquer meio de comunicao pedindo que escrevesse uma carta para o seu marido di-
capaz de fornecer tais notcias, tais como: um furaco, zendo que Josu quer visit-lo um dia. Saindo da estao,
enchentes, secas. Gore faz uma comparao entre um Ana morre atropelada por um nibus e Josu, de apenas
objeto e a terra, quando passamos verniz em determina- 9 anos e sem ter para onde ir, se v forado a morar na
do objeto a sua espessura fina, tal como a camada de estao. Com pena do garoto, Dora decide ajud-lo e
oznio em relao Terra. Se aumenta a emisso de di- lev-lo at seu pai, que mora no serto nordestino. No
xido de carbono, a espessura da camada de oznio au- meio dessa viagem pelo Brasil eles encontram obstculos
menta, e maiores quantidades de raios ficaro contidos e descobertas, enquanto o filme revela como a vida de
dentro dela, ocasionando o aquecimento global. Com o pessoas que migram pelo pas na tentativa de conseguir
advento da Revoluo Industrial tais efeitos aumenta- melhor qualidade de vida ou poder reaver seus parentes
ram de forma assustadora, a escala progressiva est de deixados para trs.
maneira aceleradssima; mesmo que tenhamos vrios 5. Ilha das Flores (Direo: Jorge Furtado, 1988, 13 minu-
estudos provando que o mundo passa de maneira cclica tos, Brasil). A Ilha das Flores est localizada margem
por tais eventos, nunca se constataram tais mudanas esquerda do Rio Guaba, a poucos quilmetros de Porto
em nveis to altos. necessria uma mudana de atitu- Alegre. Para l levada grande parte do lixo produzido na
des, desde a educao primria reeducao dos adul- capital. Esse lixo depositado num terreno de proprieda-
tos. Quantas catstrofes mais devem acontecer para que de de criadores de porcos. Logo que o lixo descarregado
a sociedade acorde para essa realidade? Teremos tempo dos caminhes os empregados separam parte dele para o
suficiente para esperar tal conscientizao social? Os consumo dos porcos. Durante esse processo comeam a
hbitos devem ser modificados, necessrio um freio ao se formar filas de crianas e mulheres do lado de fora da
capitalismo e um cuidado maior com o meio ambiente. cerca, espera da sobra do lixo, que utilizam para alimen-
3. O Jardineiro Fiel (Direo: Fernando Meirelles, 2005, 129 tao. Como as filas so muito grandes, os empregados
minutos, Alemanha/Reino Unido). Justin Quayle, diplo- organizam grupos de dez pessoas que, num tempo esti-
mata por profisso e jardineiro por hobby, tem sua rotina pulado de cinco minutos, podem pegar o que consegui-
alterada quando sua esposa brutalmente assassinada. rem do lixo. Acabado o tempo, este grupo retirado do
Com o intuito de descobrir o que aconteceu mulher, local, dando lugar ao prximo grupo.
acaba sabendo que o crime foi uma queima de arquivo 6. Narradores de Jav (Direo: Eliane Caff, 2003, 1h40,
comandada pela indstria farmacutica que usa africanos Brasil). Somente uma ameaa prpria existncia pode
como cobaias para testes. mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
Jav. a que eles se deparam com o anncio de que a ci- fantil, trfico de pessoas e violncia contra as mulheres.
dade pode desaparecer sob as guas de uma enorme usina Tambm trata das condies precrias de vida em certos
hidreltrica. Em resposta notcia devastadora, a comu- locais do pas, como nos garimpos. Apesar de gostarem
nidade adota uma ousada estratgia: decide preparar um do filme, meus alunos sentiram-se chocados e muitos se
documento contando todos os grandes acontecimentos emocionaram; no um filme que deixa as pessoas ale-
heroicos de sua histria, para que Jav possa escapar da gres. No podemos esquecer que as vrias situaes de
destruio. Como a maioria dos moradores analfabeta, violncia retratadas so comuns na vida de muitos bra-
a primeira tarefa encontrar algum que possa escrever sileiros.
as histrias. 9. Tapete Vermelho (Direo: Luiz Alberto Pereira, 2006,
7. Lixo Extraordinrio (Direo: Lucy Walker e outros, 102 minutos, Brasil). a histria divertida de um caipi-
2010, 99 minutos, Brasil). Documentrio sobre a inter- ra paulista que resolve, nos dias atuais, levar o filho para
veno que o artista Vik Muniz, reconhecido internacio- assistir a um filme do grande comediante Mazzaroppi no
nalmente, fez juntamente com os catadores de material cinema. As aventuras e desventuras dessa famlia que sai
reciclvel no aterro do Jardim Gramacho (RJ), um dos do isolamento da roa em busca do cinema na cidade so
maiores do mundo. O artista prope a realizao de obras emocionantes e engraadas. um bom filme para discu-
em conjunto com os catadores, que no conhecem nada tir as diferenas de costumes no meio rural e urbano, o
do mundo artstico. O filme abre portas para vrias dis- choque cultural que os migrantes sofrem e as dificuldades
cusses interessantes: o consumo exagerado que d ori- na vida na cidade. Um aspecto que rendeu bastante dis-
gem ao imenso acmulo de lixo que se v no Jardim Gra- cusso com meus alunos foi o papel que as curandeiras
macho; as discrepncias entre dois mundos, o do artista tm no mundo rural, em contraposio aos remdios in-
e o dos catadores; o cotidiano e a organizao dos cata- dustrializados do mundo urbano.
dores em uma associao profissional; o preconceito com 10. Besouro (Direo: Joo Daniel Tikhomiroff, 2009, 95 mi-
o trabalho dos catadores; a questo do descarte de lixo e nutos, Brasil). Narra os feitos do lendrio capoeirista Be-
da reciclagem de materiais; a transformao na viso de souro Mangang, na Bahia do incio do sculo 20. O filme
mundo das pessoas por conta do contato com a arte. H expe a triste realidade dos negros que continuavam sen-
vrios trechos em ingls, com legendas, o que pode re- do tratados como escravos mesmo aps a abolio. uma
querer alguma mediao do professor. tima maneira para iniciar discusses sobre a situao do
8. Anjos do Sol (Direo: Rudi Lagemann, 2006, 92 minu- negro no passado e no presente, alm de alguns aspectos
tos, Brasil). Conta a histria de uma garota do interior do da cultura afro-brasileira, como a religio e a prpria ca-
Brasil que vendida pelos pais para um agenciador de poeira. O aspecto religioso foi um ponto de muita discus-
prostitutas. um filme que trata de temticas delicadas so entre meus alunos, o que acabou revelando precon-
e com enredo triste. um bom iniciador de discusses ceitos sobre as religies de matriz africana, mesmo entre
sobre gnero e sexualidade e pode ser usado para abordar estudantes negros. O filme tambm abre possibilidades
questes como gravidez indesejada, explorao sexual in-
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Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
para conversar sobre a produo de acar, que at hoje brasileira e como suas influncias ainda so presentes em
uma atividade econmica importante no Brasil. nosso cotidiano.
11. Revoluo dos Bichos (Direo: John Stephenson, 14. Mulheres do Brasil (Direo: Malu de Nartino, 106 mi-
1999, 1h13, EUA). Num belo dia, os animais da fazen- nutos, 2006, Brasil). O filme rene cinco histrias de es-
da do Sr. Jones se do conta da vida indigna a que so critoras brasileiras, situadas em diferentes regies do Bra-
submetidos: eles se matam de trabalhar para os ho- sil. De Macei a Porto Alegre, passando a Bom Jesus da
mens, lhes do todas as suas energias em troca de uma Lapa, na Bahia, e sem deixar de fora grandes metrpoles
rao miservel, para ao final serem abatidos sem pie- como o Rio de Janeiro e So Paulo, o filme constri um
dade. Liderados por um grupo de porcos, os bichos en- painel com leituras possveis da alma feminina por meio
to expulsam o fazendeiro de sua propriedade e preten- de histrias ora sensuais, divertidas e delicadas, ora debo-
dem fazer dela um Estado em que todos sero iguais. chadas e cruis. So personagens de diferentes culturas e
Logo comeam as disputas internas, as perseguies e a classes sociais, experincias de vida singulares, vivendo
explorao do bicho pelo bicho, que faro da granja um momentos especiais em suas trajetrias. Tempo de ruptu-
arremedo grotesco da sociedade humana. ras, descobertas, alegrias, tristezas, desvio de rotas e reco-
12. Terra Fria (Direo: Niki Caro, 2005, 2h, EUA). Baseado meo. Mulheres comuns movidas pela eterna e inquieta
em uma histria real, o filme Terra Fria narra o drama de busca de seus desejos.
Josey Aimes, uma mulher que tem a ousadia de abando- 15. Que Bom Te Ver Viva (Direo: Lucia Murat, 1h40, 1989,
nar o marido que a espancava para procurar um emprego Brasil). Documentrio que narra a vida de algumas mu-
e sustentar sozinha seus dois filhos. Para conseguir che- lheres brasileiras que pegaram em armas contra o regime
fiar essa famlia, ela resolve trabalhar numa mineradora militar. H uma srie de depoimentos de guerrilheiras e
de ferro no interior do estado de Minnesota, nos EUA. cenas do cotidiano dessas mulheres que recuperam, cada
13. Eu, Tu, Eles (Direo: Elena Sorez, 1h47, 2000, Brasil). uma sua prpria maneira, os vrios sentidos de viver.
O filme Eu, Tu, Eles teve seu enredo pensado a partir de 16. A Cor Prpura (Direo: Steven Spielberg, 156 minutos,
uma histria verdadeira, publicada em um jornal brasi- 1985, EUA). Do ttulo original The Color Purple, o livro
leiro. Histria da roceira Maria Marlene Silva Sabia, que A Cor Prpura, de Alice Walker, vem encantando gera-
viveu com trs maridos morando todos juntos, na mesma es h dcadas. Este um dos romances mais lindos que
casa, durante dez anos, no distrito de Quixel, em Mora- tive a oportunidade de conhecer. uma histria sensa-
da Nova, a 163 quilmetros de Fortaleza, no Cear. A tra- cional de uma mulher que tinha tudo para ser nada e se
ma que se passa entre Ozias, Zezinho (primo de Ozias), tornou um pilar, com sua fora e sensibilidade.
Darlene (mulher de Ozias) e Ciro (agregado da casa) re- 17. Celie representa uma poca onde a condio dos negros
presenta, tanto pela forma esttica quanto pelo seu con- e principalmente das mulheres era extremamente desfa-
tedo, um padro de comportamento dos brasileiros que vorvel. Nesse contexto, Alice Walker descreve o racismo
transita entre o arcaico e o moderno na formao social nos Estados Unidos, a condio inferior das mulheres na
sociedade machista, e a degradante condio de uma mu-
112 113
Uma utopia possvel: uma luta concretizada Eliabe Gomes de Souza
lher pobre e negra nessa sociedade. Todas as desgraas mida! Voc no sabe que pessoas como a famlia de Fide
e humilhaes a que uma mulher, negra, pobre e quase no tem nada?. Ela s conseguia sentir pena dele. Um
analfabeta submetida, estuprada pelo homem que acre- dia, Chimamanda e sua famlia foram visitar a aldeia de
ditava ser seu pai, do qual teve dois filhos, que acredi- Fide. A pequena garota ficou surpresa ao ver um cesto
tava serem seus irmos. Celie foi afastada de seus filhos, que o irmo do garoto havia feito. Nunca havia pensado
que foram adotados por um casal, foi tambm separada que algum em sua famlia pudesse realmente criar algu-
da nica pessoa que a amava, que era sua irm e reduzi- ma coisa, relata. Tudo o que eu tinha ouvido sobre eles
da praticamente condio de escrava, pelo homem com era como eram pobres, assim havia se tornado impossvel
quem foi obrigada a se casar. para mim v-los como alguma coisa alm de pobres. Sua
18. O Xadrez de Cores (Direo: Marco Schiavon, 22 minu- pobreza era minha histria nica sobre eles.
tos, 2004, Brasil). O filme narra a histria da convivn- 21. Bastardos Inglrios (Direo: Quentin Tarantino, Eli
cia entre uma mulher branca e outra negra. A primeira, Roth, 2h34, 2009, EUA). No primeiro ano da ocupao
Maria viva, idosa, sem filhos, doente e muito solitria, da Frana pela Alemanha, Shosanna Dreyfus testemunha
totalmente dependente. A segunda, Cida jovem, negra, a execuo de sua famlia pelas mos do coronel nazista
pobre, sem filhos, trabalhadeira, honesta, independente, Hans Landa (Waltz). Shosanna escapa por pouco e parte
habitante em uma comunidade muito pobre. para Paris, onde assume uma identidade falsa e se torna
19. Maria contratou Cida como sua empregada e cuidado- proprietria de um cinema. Em outro lugar da Europa, o
ra. No entanto, apesar da eficincia e da honestidade de tenente Aldo Raine (Pitt) organiza um grupo de solda-
Cida, Maria a tratava com xingamento, palavras ofensivas dos americanos judeus para praticarem atos violentos de
e discriminatrias, preconceituosas. Enfim, a funo de vingana. Posteriormente chamados pelo inimigo de os
Maria era a de humilhar sua funcionria, apenas porque Bastardos, o esquadro de Raine se une atriz alem Bri-
ela era negra. Tudo que Cida fazia, e fazia muito bem, no dget von Hammersmark (Kruger) em uma misso para
era suficiente para fazer de Maria uma pessoa mais hu- derrubar os lderes do Terceiro Reich. O destino cons-
mana, menos intolerante. Mesmo nos momentos de di- pira para que os caminhos de todos se cruzem em um
verso era perversa, racista. No sabia ela que o seu nico cinema, onde Shosanna pretende colocar em prtica seu
divertimento seria o instrumento de libertao de Cida e prprio plano de vingana. O filme combina histrias de
dela prpria o xadrez. opresso, infames, verdicas e heroicas da Segunda Guer-
20. O Perigo de uma nica Histria (Direo: Palestra pro- ra Mundial.
ferida por Chimamanda Adichie para o TED). Quando
criana, a escritora nigeriana Chimamanda Adichie con-
vivia com Fide, um menino que trabalhava para sua fa-
mlia. Tudo o que ela sabia sobre ele que sua famlia
era muito pobre. Diante de qualquer desperdcio, a me
de Chimamanda chamava sua ateno: Termine sua co-
114 115
R
Adriana Chagas
Adriana da Silva Oliveira
Adriana Thomaz
Aguinaldo Cirino da Silva
Aline Maria Pederiva Caruso
Ana Benedita Pereira
Ana Ceclia Vieira Seron
Ana Lcia Cardoso da Cunha Valent
Ana Paula de Mello Alves
Ana Paula Sanite Artico
Antonio dos Santos
Aparecida de Sales Toledo Peres
Aparecida Natalina Pereira Luiz dos Santos
Ariel Rodrigues Cardoso
Arlindo Alves da Silva
urea Clia Pontes
Cassiano Alexandre da Luz
Ciara Visnardi
Cinthia Vivian Silva Kerche
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O conhecimento o nico bem no transitrio do ser humano.