Foucault e Educacao - As Praticas de Poder e A Escola Atual
Foucault e Educacao - As Praticas de Poder e A Escola Atual
Foucault e Educacao - As Praticas de Poder e A Escola Atual
Caroline Caciano1
Giuliana Arboite da Silva2
Resumo: O presente estudo trata de uma pesquisa realizada em escolas de Educao Infantil no
Municpio de Capo da Canoa e Osrio, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul e busca, atravs de
observaes analisadas, perspectivas do terico Michel Foucault que permanecem embasando as
prticas educativas dos dias atuais. Atravs deste estudo pretende-se analisar as contribuies do
pensamento de Foucault na resoluo das problemticas da educao na atualidade. Foucault, um
crtico da instituio escolar, base fundamental para analisar, diagnosticar o nosso presente,
propondo abordagens inovadoras para entender as instituies e os sistemas de pensamento.
Abstract: The present study is a survey conducted in early childhood education schools in the
municipality of Capo da Canoa and Osrio, on the northern coast of Rio Grande do Sul and search,
through observations analyzed, theoretical perspectives Michel Foucault that remain the demotic
Assembly, educational practices of the present day. Through this study aims to analyze the
contributions of Foucault's thought in the resolution of the problems of education today. Foucault, a
critic of the school institution, is a fundamental basis to analyze, diagnose our present, proposing
innovative approaches to understand the institutions and systems thinking.
Introduo
1
Acadmica do sexto semestre do Curso de Pedagogia, da Faculdade Cenecista de Osrio FACOS,
orientada pela Professora Ana Fausta Borghetti, responsvel pela disciplina de Epistemologia da
Educao.
2
Acadmica do quarto semestre do Curso de Pedagogia, da Faculdade Cenecista de Osrio
FACOS, orientada pela Professora Ana Fausta Borghetti, responsvel pela disciplina de
Epistemologia da Educao.
A obra de Foucault caminhou livremente entre os campos dos saberes. Seu objetivo
era conhecer o sujeito. Suas pesquisas buscavam responder: Como, quando e por
que os sujeitos so constitudos? A educao, contudo, no foi o foco de suas
pesquisas. Da a pergunta: Como fazer a articulao entre Foucault e a educao?
Sabe-se que qualquer pedagogia tem como elemento central o sujeito e ai que se
insere os estudos de Foucault. em uma anlise minuciosa do sujeito que Foucault
apresenta uma nova perspectiva para a educao.
Foucault por meio de uma anlise histrica e inovadora viu no exrcito, nas fbricas,
nas prises, nos asilos e nas escolas da Idade Moderna atitudes de vigilncia e
Esse modelo de disciplina tem uma funo econmica e poltica permitindo gerar
lucros com o trabalho humano, mecnico, tirando o mximo de foras individuais de
cada um, permitindo controlar grandes massas humanas com o discurso de
verdade, a fim de formar um sujeito submisso e disciplinado, que no fuja das
normas impostas pelo Estado.
[...] nasce uma arte do corpo humano, que visa no unicamente o aumento
de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeio, mas a
formao de uma relao que no mesmo mecanismo o torna tanto mais
obediente quanto mais til, e inversamente. (FOUCAULT, p.119).
Essa disciplina antiga, comeou h muito tempo nos colgios medievais, mas foi a
partir do sculo XVIII que ela foi refinada expandindo-se para escolas, para o
exrcito, os hospitais e, no sculo XIX, para as fbricas.
O controle dos corpos e dos movimentos, como em uma mquina com rapidez e
agilidade, com o melhor desempenho possvel, sem imprevistos e com eficcia
presente nas organizaes escolares dos sculos XVIII e XIX, so vistas como
escolas modelos.
Faz-se necessrio aqui uma reflexo sobre a importncia da existncia desta rotina
no ambiente escolar. A rotina uma categoria pedaggica elaborada principalmente
pelos responsveis pela Educao Infantil, gestores e professores, mas tambm, em
alguns casos, com a ajuda das crianas afim de melhor desenvolver os trabalhos
cotidianos nas instituies de ensino. Sua importncia se d a partir da organizao
do trabalho pedaggico dos educadores e a proposta da ao educativa desses
profissionais.
Em umas das escolas observadas, a rotina das crianas no foi o que mais chamou
a ateno, pois se constitua dos mesmos fazeres de outras escolas de educao
infantil. O que mais nos fez refletir partindo das concepes de Foucault foi observar
as crianas (maternal e berrio) trancadas em cercadinhos. Talvez o relato a
seguir possa parecer um pouco intransigente, mas desta mesma forma as crianas
podem se sentir nestes espaos.
Com essa breve descrio, fica melhor de visualizar o espao que iremos
transcrever. Notemos a importncia do espao escolar sob o olhar de Galardini e
Giovannini in Edwards e Gardini:
Talvez um dos fatores que merece maior destaque ainda nesta mesma linha de
discrio, o fato de ao invs das crianas irem at os brinquedos, escorregador e
cavalinhos, na rua, estes so levados at as elas, dentro dos cercadinhos.
Nas rotinas esto dois grandes grupos de atividades. Um deles so as prticas que
se constituem de momentos de socializao como a hora da entrada, do recreio e da
sada e o outro grupo esto s atividades consideradas pedaggicas. Em todas as
realidades, encontramos a hora de, ou seja, a rotina dividida em momentos (a
hora da rodinha, a hora do lanche, a hora do ptio, a hora de atividade).
Considerando as idias de poder citadas por Foucault pensamos: Ser que todas
essas horas, foram pensadas e refletidas sobre a sua real importncia, ou servem
apenas para controlar os sujeitos neste espao educacional de acordo com os
padres organizacionais? Perguntamo-nos tambm se esta rotina na educao
infantil realmente o instrumento para organizao institucional da pedagogia ou de
regulao das subjetividades dos seus sujeitos?
Colocar sentado para pensar sobre o que fez, talvez no seja o que mais chame a
ateno, mas da forma como isso imposta para a turma e a idade de que estamos
tratando, o Maternal I recebe crianas com menos de 3 anos, que neste castigo
Agora, paremos para pensar, como usar uma rea que dispe de brinquedos e
diverso para uma turma de Berrio II (1 a 2 anos) e Maternal I (2 a 3 anos)
exigindo-lhes silncio e ordem?
Essas so perguntas que nos fazem refletir sobre o real papel destas instituies.
Michel Foucault foi um crtico das instituies de ensino e de todas as outras
instituies que usam a ordem, a disciplina e o poder afim de criar corpos dceis.
E, a partir de suas ideias, que podemos pensar em novos meios de executar as
prticas pedaggicas de uma maneira, no melhor, mas diferente e eficaz.
Consideraes finais
Referncias
DORNELLES, Leni Vieira. Na Escola Infantil todo Mundo Brinca se Voc Brinca. In:
CRAIDY, Carmen Maria; KAERCHER, Gldis Elise P. da Silva. Educao Infantil:
Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.
HORN, Maria da Graa Souza. Sabores, cores, sons e aromas: a organizao dos
espaos na educao infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.