07 Caderno PDF
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07 Caderno PDF
Pacto Nacional
pela Alfabetização
na Idade Certa
Alfabetização matemática
na perspectiva do letramento
Caderno 07
Brasília 2015
ISBN: 978-85-7783-189-0
CDU
xxxxx
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Sala 500
CEP: 70.047-900
Tel: (61) 2022-8318 / 2022-8320
Coordenação Geral:
Carlos Roberto Vianna, Emerson Rolkouski, Telma Ferraz Leal, Ester Calland de
Sousa Rosa.
Organizadores:
Carlos Roberto Vianna, Cristiane Azevêdo dos Santos Pessoa, Rosinalda Aurora
de Melo Teles.
Leitores Críticos:
Anne Heloíse Coltro Stelmastchuk Sobczak, Beatriz Rodrigues Diniz, Bruna
Guimarães Barbosa, Carlos Roberto Vianna, Cármen Lúcia Brancaglion Passos,
Cristiane Azevêdo dos Santos Pessoa, Cristiane Maria da Conceição, Domício
Magalhães Maciel, Emerson Rolkouski, Everaldo Silveira, Fabiana Silva Lira,
Francely Aparecida dos Santos, Iloine Maria Hartmann Martins, Isis Thayzi Silva
de Souza, Lizmari Merlin Greca, Luciane de Fatima Bertini, Mara Sueli Simão
Moraes, Maria Alves de Azeredo, Michelle Taís Faria Feliciano, Mirna França da
Silva de Araújo, Nelson Antonio Pirola, Priscila Amâncio de Aquino, Rosinalda
Aurora de Melo Teles, Rogéria Gaudêncio do Rêgo, Tatiane Fonseca Niceas.
Apoio Pedagógico:
Laíza Erler Janegitz.
Revisoras de texto:
Bruna de Paula Miranda Pereira, Maria Ângela da Motta.
05 Iniciando a Conversa
06 Aprofundando o Tema
06 Retomar, continuar e ampliar: um olhar especial para o professor alfabetizador
no PNAIC 2015 – Rosinalda Aurora de Melo Teles, Cristiane Azevêdo dos Santos
Pessoa
73 Compartilhando
73 Água: nosso bem maior – Bruna Guimarães Barbosa
80 Sistema Monetário: Um Contexto Rico E Significativo Para O Ciclo De
Alfabetização – Cristiane Maria da Conceição, Fabiana Silva Lira, Isis Thayzi Silva de
Souza, Priscila Amâncio de Aquino
Iniciando a Conversa
Pós graduação 63
Superior (graduação) 13
Normal médio 2
Médio (magistérios) 2
prejudicá-las com as nossas dificuldades, pois somos nós, educadores, que temos que
perceber a necessidade de aprendizagens do educando; a grande gama de conhecimento
construído, quebrando as barreiras no ensino da Matemática, tornando o conteúdo
mais dinâmico e prazeroso, facilitando a prática em sala de aula; o grande legado
na aprendizagem foi a quebra de paradigmas com relação ao ensino da Matemática,
tornando a matéria acessível a todos; conceitos que eu não conhecia em Matemática
(matematizar, problematizar, as estruturas aditivas e multiplicativas, em simetria
e cartografia, localização e lateralidade, combinatória e probabilidade); aprendi a
aprender, a ensinar.
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cada um tinha era suficiente para pagar a compra efetuada, anotando em uma folha
a quantidade que recebiam. Fizemos também uma lojinha. Levamos roupas com
suas respectivas etiquetas de preços, para ver se os alunos conseguiam dar o troco
certo e identificar o valor de cada cédula. Muitos tiveram dificuldade em registrar os
números referentes às suas compras, especialmente por envolver números decimais.
Apesar de saberem fazer o uso do dinheiro em situações orais, poucos conseguem
registrá-los fazendo relação com os números decimais e suas operações.
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Referências
AQUINO, Priscila; SOUZA, Isis; CONCEIÇÃO, BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria
Cristiane e TELES, Rosinalda. Interpretação da Educação Básica. Pacto Nacional pela Al-
dos enunciados de problemas de estruturas fabetização na Idade Certa. Construção do
aditivas: dificuldades enfrentadas por crian- Sistema de Numeração Decimal. Caderno 03.
ças do 2.o ano do Ensino Fundamental. In: Brasília: MEC/SEB, 2014.
EXPO PIBID. Anais... Recife: UFPE, 2014.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Pacto Nacional pela Al-
da Educação Básica. Pacto Nacional pela
fabetização na Idade Certa. Operações na
Alfabetização na Idade Certa. Cadernos de
Resolução de Problemas. Caderno 04. Brasí-
Formação de Língua Portuguesa. Brasília:
MEC/SEB, 2012. lia: MEC/SEB, 2014.
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PESSOA, Cristiane. Interação Social uma aná- VERGNAUD, Gérard. Psicologia do desenvol-
lise do seu papel na superação de dificulda- vimento cognitivo e didática das matemáticas
des em resolução de problemas aditivos. In- – um exemplo: as estruturas aditivas. Análise
focus, ano 2, n. 4, p. 40-52, 2004. Psicológica, n. 01, p. 75-90, 1986.
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INVESTIGAÇÕES/EXPLORAÇÕES MATEMÁTICAS
NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO
Cármen Lúcia Brancaglion Passos
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Optamos por utilizar neste texto a expressão investigação/exploração matemática, pois nos primeiros anos de
escolarização nem sempre ocorre uma investigação autêntica, podem ocorrer simplesmente explorações de conceitos
matemáticos.
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Os questionamentos que o professor pode fazer a seus alunos são decisivos para
o desenvolvimento da atividade pretendida. Há que se considerar que em aulas com
investigações/explorações matemáticas os tempos disponibilizados são diferentes
das aulas consideradas tradicionais. As tarefas de características exploratório/
investigativas demandam uma organização da turma, geralmente em grupo, para
que os alunos possam trocar ideias e discutir estratégias. A proposta do pesquisador
norte-americano Van de Walle (2009) para a dinâmica de resolução de problemas
pode ser considerada nas aulas de investigações matemáticas. O autor explica
que não basta o professor apresentar um problema, sentar e esperar que os alunos
resolvam. Como mencionamos, o professor tem um papel fundamental: ele será o
responsável pela criação e manutenção de um ambiente matemático motivador e
estimulante para que a aula aconteça. Van de Walle (2009) propõe que a aula tenha
três momentos: antes, durante e depois. No primeiro momento, o professor deverá
se certificar de que os alunos estão preparados para a tarefa proposta, assegurando-
se de que os problemas estejam no nível cognitivo deles. Durante a resolução, os
alunos trabalham e o professor acompanha, observa, certifica-se de que todos estão
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com minha turma, então selecionei uma atividade para iniciar o trabalho. A tarefa
escolhida foi a seguinte:
Os estudantes foram divididos em trios e cada um dos trios recebeu uma folha
com a tarefa. O critério utilizado para a formação dos grupos foi a proximidade de
saberes na resolução de problemas diários.
Este critério teve como objetivo possibilitar a participação de todos nos grupos.
Seria possível questionar se grupos com maior heterogeneidade não seriam mais
adequados, porém eu preferi utilizar a atividade para conhecer o que cada grupo
conseguiria produzir, sendo uma nova experiência para mim também.
Logo que receberam a tabela de números, os grupos iniciaram a observação.
Todos encontraram ao menos uma relação. Até mesmo os grupos formados por
estudantes que apresentam menor autonomia em outros tipos de atividades, como
pode ser observado na figura a seguir.
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Uma tarefa pode ou não ter a propriedade de ser investigativa e isso não depende
somente dela, depende também do conhecimento prévio da turma, como afirma
Ponte (2006). Se os alunos, por exemplo, já resolveram uma situação parecida ou
já aprenderam alguma técnica para resolver questões daquele tipo, a tarefa não
proporcionará uma investigação por parte deles.
O professor, ao decidir trabalhar com um tipo de tarefa que tira dele o poder de
previsão e de controle, passa a trabalhar com a imprevisibilidade, como assinalado na
narrativa da professora Nacir. É preciso enfrentar seus medos e suas inseguranças,
sem permitir que estes o impeçam de seguir adiante. Freire, em um diálogo com Shor
(FREIRE; SHOR, 1986), argumenta que sentir medo é normal, faz parte da condição
humana como uma manifestação de estar vivo e por isso não é algo que diminui o
homem, não se tem, assim, motivo para escondê-lo ou para negá-lo, mas o que não
se pode permitir é que este medo o imobilize.
Uma possibilidade de se introduzir as investigações/explorações matemáticas
em turmas com crianças de 6, 7 e 8 anos é o professor investigar junto com elas.
Na pesquisa realizada por Lamonato (2007), uma das professoras participantes do
grupo assim procedeu. Ao mesmo tempo em que a professora ensinava as crianças
a investigar, ela também se colocou no papel de investigadora.
O Caso de Ensino3 foi criado a partir da experiência vivida pela professora
Guilhermina, participante da pesquisa mencionada, ao desenvolver uma tarefa
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Em um caso de ensino, o tipo de “fala” e “escrita” apresentadas são geralmente descritivas e ricas. Isso nos ajuda a
tornar visíveis e acessíveis eventos, normas e práticas de ensino-aprendizagem e também o modo pelo qual diferentes
professores, estudantes, administradores e famílias os entendem. O “diálogo” simulado ou reelaborado, estabelecido
entre os participantes coadjuvantes desse “cenário de aprendizagem”, desvelam as relações entre casos concretos
e também questões e constructos teóricos mais gerais da prática docente para ensinar conteúdos específicos. Em
contextos onde a investigação é uma postura, grupos de professores envolvem-se na co-construção do conhecimento
por meio de conversas e outras formas de análise e interpretação colaborativas. (PASSOS, 2010, p. 59).
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Ela colocou esses materiais sobre uma das mesinhas da sala. Explicou para a turma que
eles construiriam um brinquedo com sucatas, como de costume, pois a escola tem um
projeto de reciclagem e aquele brinquedo iria fazer parte desse projeto.
A professora informou que fariam um bilboquê e perguntou se conheciam o
brinquedo. Alguns alunos responderam afirmativamente. Ela não apresentou modelo
do brinquedo, pois queria que eles analisassem os materiais disponíveis que poderiam
ser úteis para construí-lo.
À medida que as crianças levantavam hipóteses a respeito do que poderia
consistir no “bastonete”, Guilhermina pedia para que as crianças verificassem qual
seria a escolha das sucatas para a sua construção. As crianças experimentavam
equilibrar a bolinha de isopor na caixa de sabonete e no copo com garrafa PET. Logo
elas perceberam que a caixa de sabonete não seria adequada: diziam que a bolinha
era “circular” e a caixa, “quadrada”, não daria certo.
Guilhermina aproveitou a ocasião e apresentou para a turma figuras planas,
representadas em uma cartolina. Pediu para os alunos identificassem entre os
retângulos, aqueles que seriam quadrados. Conversou com os alunos se poderiam
chamar a abertura da caixa de sabonete de quadrado. Eles diziam que a forma da
caixa de sabonete tinha lados “mais compridos”, mas Guilhermina não os corrigiu,
considerou que para crianças de 6 anos, essa observação estava adequada.
Os alunos experimentaram em qual embalagem seria mais adequado “encaixar” a
bolinha e concluíram que o rolinho (suporte do papel higiênico) era a mais adequada,
pois também era redondo. A professora percebeu que as crianças utilizavam
vocabulário próximo ao matemático para expressar o conhecimento que tinham
das formas geométricas e, a medida que mencionavam as formas, ela questionava
se realmente correspondia à forma existente no objeto, fazendo as intervenções
adequadas. Os alunos compararam a forma prismática da caixa de sabonete com o
formato esférico da bolinha de isopor e confirmaram que a caixa de sabonete deveria
ser excluída.
A análise do rolinho suporte do papel higiênico foi um caso a parte: a bolinha
ficava equilibrada no que seria a “base” do cilindro. Os alunos compararam com o
tamanho da abertura do copo feito de garrafa PET.
O aluno com baixa visão manuseava os objetos e verificava o tamanho das
“bocas” do copo feito com a garrafa PET e do rolinho suporte do papel higiênico,
comparando com o tamanho da bolinha de isopor. Ele percebeu que o encaixe para
esse jogo seria melhor com o uso do rolinho.
Assim como esse aluno, os demais comparavam as embalagens: a bolinha
entrava no copo feito com garrafa PET. Eles decidiram pelo rolinho suporte do papel
higiênico. Os elementos geométricos do cilindro e da esfera não foram discutidos por
Guilhermina.
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Momentos como esses podem gerar perguntas não previstas pelo professor e
provocar dúvidas, mas também podem revelar êxitos para que o professor confie e
permaneça no caminho que escolheu. Caso esses êxitos não apareçam de imediato,
o professor precisará de alguém que lhe garanta que está no caminho certo, como
sugerem Freire e Shor (1986). Nesse sentido é que sugerimos que propostas dessa
natureza sejam socializadas no interior das escolas, com os demais professores, de
modo que no grupo ocorram reflexões a respeito de acertos e equívocos. Um trabalho
com parcerias contribui para manter a confiança na busca de mudanças.
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Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria LAMONATO, Maiza. Investigando geome-
da Educação Básica. Pacto Nacional pela Al- tria: aprendizagens de professoras da Edu-
fabetização na Idade Certa. Organização do cação Infantil. 244 f. Dissertação (Mestrado
Trabalho Pedagógico. Caderno 01. Brasília: em Educação) – Universidade Federal de São
MEC/SEB, 2014. Carlos, São Carlos, 2007.
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Após essa parte inicial, a professora explorou a conta de luz fazendo perguntas
do tipo: qual é a empresa que controla a nossa conta de luz? Quem consegue ler os
numerais que aparecem na conta de luz?
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“qual dezembro”, chamando atenção para o fato de, na conta, aparecerem “dois
dezembros”, ao mesmo tempo em que explica os motivos de a conta de luz ter esse
tipo de histórico.
Para finalizar essa experiência, a professora solicitou que as crianças desenhassem
“a aula do dia” e depois apresentassem seus desenhos aos colegas para posteriormente
fazer um mural com eles.
Reprodução
cessárias para quando se leva as crian-
ças para fora da escola: autorização dos
pais, transporte seguro, atendimento
das crianças pelos trabalhadores do su-
permercado, lanche, dentre outros). Os
panfletos precisam ter alguns preços de
produtos, além das suas imagens. Su-
gerimos que eles sejam coloridos, sem
muita poluição visual, e que as imagens
estejam claras para as crianças.
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Esse segundo relato nasceu ao observar as aulas ministradas por uma professora da rede mu-
nicipal de ensino de Montes Claros – Minas Gerais. O objetivo principal da aula foi explorar
os valores dos produtos estampados em um panfleto de supermercado, bem como ensinar
às crianças a adotarem a atitude de comparar preços e buscar escolhas econômicas na hora
de fazer compras.
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Com a descrição desse segundo relato, podemos afirmar que efetivamente foi
possibilitada às crianças a leitura das informações que o panfleto nos oferece e
a construção de argumentos e de contra-argumentos, a fim de elaborarem suas
aprendizagens matemáticas.
Percebe-se que nos dois casos as professoras agiram de modo a garantir
às crianças a oportunidade de falar o que pensavam e de conjecturarem sobre
possíveis resultados. Também é importante pontuar que cabe ao professor conduzir
a elaboração das argumentações e contra-argumentações de modo que as crianças
adquiram maior autonomia em suas respostas. À medida que vamos explorando
os panfletos, vamos solicitando às crianças os registros das respostas, que podem
ser feitos por meio de desenhos ou de pequenas frases, dependendo do nível de
alfabetização em que se encontram.
Conforme Grando (2013), as várias ações relacionadas ao registro conferem a
possibilidade de se guardar informações, rever os achados, produzir uma leitura e
uma interpretação para o que foi experimentado, refletir, retomar ideias enquanto
se registra, produzir um texto, escrevendo e reescrevendo, comunicar ideias, propor
algo e argumentar, avaliar e articular o pensamento e a linguagem.
Com esse tipo de trabalho, os alunos são convidados a participar das aulas e a
argumentar quando lhes são apresentadas questões que sugerem investigação e
demonstrem a necessidade de se pensar e refletir sobre a resposta. Assim, elas se
sentem participantes ativas no processo de aprendizagem, e elaboram pensamentos
tanto mais complexos quanto mais distantes ficarem suas respostas do simples
“sim” ou “não”.
Alguns exemplos sobre essas ideias já foram abordados nos Cadernos de 2014
e pontuam que
[…] não há necessidade de atividades sofisticadas e que demandem um excessivo tempo
do professor para seu planejamento e execução. Atividades simples possuem grande
potencial pedagógico desde que contribuam para aproximar situações do cotidiano a
situações da sala de aula (BRASIL, Caderno de Apresentação, 2014, p. 25).
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Sequências Didáticas:
1.a ) Diário das aulas de Matemática
Apresentamos essa sequência porque entendemos que a leitura e a compreensão
de textos matemáticos que circulam na sociedade dependem das diferentes maneiras
de perceber o objeto de aprendizagem em Matemática. Acreditamos que a realização
de um Diário em Matemática possa ser um dos instrumentos que melhorem essa
leitura e compreensão.
A prática social do diário das aulas de Matemática desenvolve nos alunos
atitudes de leitores ativos, interativos e críticos diante dos textos, ajudando-os a
terem opiniões mais seguras e fundamentadas sobre a vivência da aprendizagem
matemática, com destaque no desenvolvimento da autonomia da criança.
É possível afirmar que essa prática com a escrita possui extenso potencial,
pois tem revelado muito acerca do conhecimento do aluno sobre a Matemática e
surpreendentemente sobre a prática docente, permitindo ao professor refletir sobre suas
concepções, ou seja, também apresenta contribuições para a formação do professor
quando proporciona uma reflexão crítica sobre o texto produzido pelo aluno:
Os Diários tornaram-se instrumentos riquíssimos para detectar como estava ocorrendo
a aprendizagem dos meus alunos, como eles se relacionavam com o conhecimento
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matemático, mas sobretudo revelou-se também como um espelho das aulas e de minha
atuação como professora, possibilitando, em muitos momentos, rever minha linguagem
e as estratégias que utilizava, além de perceber o sentimento dos alunos em relação às
nossas aulas (PONTES, 2007, p. 04).
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E para culminar essa sequência, a professora chamou os pais dos alunos para
mostrar o trabalho com os Diários de Matemática e pediu que fizessem, caso
desejassem, depoimentos acerca dos pontos positivos do crescimento das crianças
no conteúdo matemático. Uma mãe relatou: “Minha filha mostrou interesse em
escrever no diário, mas não me deixou ler” (MÃE DA CRIANÇA 3,2014). E outra
afirmou: “Meu menino não gosta muito de Matemática, mas com o diário parece que
ele começou a gostar. Eu acho que é porque tem liberdade de escrever” (MÃE DA
CRIANÇA 5, 2014).
Ao finalizar a semana, a professora afirmou que continuaria o trabalho com
os Diários de Matemática, afirmando: “Pude perceber que é um instrumento de
análise da prática pedagógica, bem como do aprendizado matemático das crianças,
buscando possibilidades de um planejamento que permita e ajude a conhecer como
os alunos pensam a Matemática” (PROFESSORA ALFABETIZADORA, 2.o ANO DE
ESCOLARIZAÇÃO, 2014).
Parafraseando Pontes (2014), acredito que ficou evidente o quanto os registros
escritos revelam facilidades, lacunas ou dificuldades de aprendizagem em
Matemática, desde erros conceituais como também a própria dificuldade de escrever
sobre Matemática, sendo esta última uma forte maneira de exercitar e enriquecer o
vocabulário matemático.
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os alunos a serem autores de seus próprios textos” (LUVISON, 2013, p. 80). Nesse
sentido, a linguagem matemática pode contribuir para a construção da autonomia
intelectual de nossas crianças, podendo ser ensinada e aprendida a partir das
relações que fizermos entre ela e a língua materna.
Para exemplificar uma das possibilidades dessas relações, escolhemos
apresentar uma sequência didática realizada com jogos, uma vez que possuem
uma característica interdisciplinar e possibilitam relações com a linguagem já nas
discussões das regras, bem como durante o ato de jogar, devido aos argumentos e
contra-argumentos inerentes à experiência.
É novamente importante salientar que os registros das crianças podem ser feitos
através de desenhos, palavras, algumas frases e até mesmo textos mais longos.
Esses registros possibilitam às crianças a prática da escrita, a produção de textos em
que contam ações e experiências pessoais de forma dinâmica e interativa, cabendo
ao professor preparar e organizar situações nas quais a Matemática seja parte
importante, exigindo detalhes das descrições, contagens, medições, argumentos
justificados e outros aspectos matemáticos que considere relevantes à situação
trabalhada.
Sobre a importância destas atividades “práticas”, nunca é demais trazer alguns
relatos de como os professores se sentem. A orientadora de estudos Maria de
Fátima Cordeiro Leal, do município de Buritizeiro – Minas Gerais, afirma que “as
atividades práticas são importantes para serem trabalhadas com as crianças e a
forma como o PNAIC as aborda só melhora nossa atuação. Em específico, os jogos
são indispensáveis, pois eles contribuem com a Alfabetização Matemática”.
Esta última sequência didática foi realizada em uma turma de terceiro ano de
escolarização de uma escola pública municipal de Montes Claros – Minas Gerais.
O objetivo dessa sequência foi registrar as regras e os relatórios do jogo como texto
instrucional, que faz parte do aprendizado matemático.
A primeira ação da professora para alcançar esse objetivo foi selecionar um jogo
e preparar o ambiente (organizou as crianças em cinco grupos de 4 participantes e
deixou uma caixinha do jogo com cada grupo, além de explicar o que aconteceria
na aula daquele dia) para que ele pudesse ser realizado. O jogo escolhido foi o
Dominó de Adição e, na sequência, a professora combinou as regras com as
crianças. À medida que a discussão foi acontecendo, a professora registrava as
regras no quadro e pedia que as crianças as lessem sozinhas, todas juntas ou junto
com a professora.
Depois desse momento, as crianças também registraram as regras no caderno.
Vejamos quais foram elas: 1.o ) Devemos ouvir os colegas; 2.o ) Vamos falar um de cada
vez; 3.o ) Não podemos mexer nas peças dos colegas; 4.o ) Vamos esperar nossa vez
para colocar as peças; 5.o ) Não pode roubar no jogo; 6.o ) Tem que saber perder; 7.o ) Se
errar passa a vez; 8.o ) Se não tiver a peça que seja o resultado da parcela, também
passa a vez.
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Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria NACARATO, Adair Mendes; MENGALI, Bren-
da Educação Básica. Pacto Nacional pela da Leme da Silva; PASSOS, Cármen Lúcia
Alfabetização na Idade Certa. Caderno de Brancaglion. A Matemática nos anos iniciais
Apresentação. Brasília: MEC/SEB, 2014. do Ensino Fundamental: tecendo fios do en-
sinar e do aprender. Belo Horizonte: Autênti-
CANDIDO, Patrícia Teresinha. Comunicação ca, 2009.
em Matemática. In: SMOLE, Katia Stocco;
DINIZ, Maria Ignês. Ler, escrever e resolver LUVISON, Cidinéia da Costa. Leitura e escrita
problemas: habilidades básicas para apren- de diferentes gêneros textuais: inter-relação
der Matemática. Porto Alegre: Artmed, 2001. possível nas aulas de Matemática. In: NA-
CARATO, Adair Mendes; LOPES, Celi Espa-
FONSECA, Maria da Conceição Ferreira Reis; sandin. Indagações, reflexões e práticas em
CARDOSO, Cleusa de Abreu. Educação Ma- leituras e escritas na Educação Matemática.
temática e letramento: textos para ensinar Campinas: Mercado de Letras, 2013.
Matemática e Matemática para ler textos. In:
LOPES, Celi Aparecida Espasandin; NACA- PONTES, Regina Célia Mussi. A escrita de
RATO, Adair Mendes (Orgs.). Escritas e leitu- diários em aulas de matemática: espaço de
ras na educação matemática. Belo Horizonte: formação e aprendizagem. In: Congresso
Autêntica Editora, 2005. de Leitura do Brasil, 16. Anais... Campinas,
2007. Disponível em: <alb.com.br/arquivo-
GRANDO, Regina Célia. A escrita e a oralida- morto/edicoes.../sm15ss05_01.pdf>. Acesso
de Matemática na Educação Infantil: articula- em 10/08/2014. Acesso em: março de 2015.
ções entre o registro das crianças e o registro
de práticas dos professores. In: LOPES, Celi SMOLE, Katia Cristina Stocco. Textos em Ma-
Aparecida Espasandin; NACARATO, Adair temática: por que não? In: SMOLE, Katia Stoc-
Mendes (Orgs.). Indagações, reflexões e co; DINIZ, Maria Ignês (Orgs.). Ler, escrever
práticas em leituras e escritas na Educação e resolver problemas: habilidades básicas
Matemática. Campinas: Mercado das Letras, para aprender Matemática. Porto Alegre: Art-
2013. P. 35-55. med, 2001.
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Cadernos do Pacto
2014. Elementos relacionados à Matemática têm sido utilizados não somente
nos mais diversos contextos sociais, mas também no que Lopes (2014)4 chamou
de conexões matemáticas externas, “nas quais estruturas, conceitos, métodos e
técnicas são usados em outras áreas do conhecimento, seja como aplicações diretas
para resolver problemas, seja como forma de ampliar a compreensão de fenômenos
que estão sendo estudados.” (LOPES, 2014, p. 25).
Reconhecer a existência de matemáticas não acadêmicas circulando
socialmente, bem como conexões da Matemática acadêmica com outras áreas do
conhecimento, não garante, necessariamente, que tais elementos se constituam
em aliados aos processos de ensino e de aprendizagem de Matemática. Carraher,
Carraher e Schliemann (1988) mostraram, a partir de pesquisas com crianças que
atuavam auxiliando seus pais na feira, que tais crianças utilizavam métodos próprios
de resolução de problemas em situações de vendas de produtos que, embora fossem
totalmente corretos, não eram aproveitados na escola.
Seguindo a lógica que vem sendo adotada nas produções do Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), que vai na contramão do isolamento
de áreas do conhecimento, neste texto serão apresentadas algumas situações de
articulações entre a Matemática e outros componentes curriculares. As discussões
farão referência aos Direitos de Aprendizagem, segundo apresentados nos Cadernos
anteriores, dos anos de 2013 e 2014.
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No caderno “Saberes matemáticos e outros campos do saber”, o autor dedica-se a discutir o que chama “conexões
internas à Matemática”, ou seja, conexões entre os próprios conceitos e procedimentos matemáticos. Nesse texto
focaremos em conexões externas, segundo apresentamos logo no primeiro parágrafo.
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apenas com números Naturais, no caso do 1.o e 2.o ano, mas para crianças do 3.o ano
pode também incluir números Racionais, por exemplo, com apenas uma casa após
a vírgula. Lembramos que números com até duas casas decimais estão presente no
universo infantil e as crianças passam a perceber esses valores desde muito novas,
inclusive, antes de chegarem ao Ensino Fundamental.
A partir dos dados levantados no experimento, o professor pode trabalhar com
as crianças sobre o desperdício de água em uma torneira defeituosa ou mal fechada.
Elas podem ainda utilizar calculadoras para efetuar as somas sucessivas.
Esse caso exemplifica não apenas uma conexão matemática externa, ou uma
articulação da Matemática com outra área do conhecimento, mas uma demonstração
de que o conhecimento sobre temas relacionados à realidade é interdisciplinar.
Dessa forma, observando os elementos utilizados para apresentar as informações
nos parágrafos anteriores, podemos concluir que apenas uma área do conhecimento
não daria conta de compreender e explicar tal tema. Seria possível expor o cenário do
exemplo anterior como uma aula em que se trabalham conceitos de Matemática. É
desejável que cenários como esse sejam utilizados como base para atender Direitos
de Aprendizagem como os expostos a seguir:
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Situação Área do
Conteúdos mobilizados
geradora conhecimento
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Classificando as sementes
Para iniciar o trabalho, o professor pode fazer um estudo sobre sementes incluindo
elementos quanto à sua composição, finalidade, utilidade para o homem. Ressalta-
se a importância da classificação de sementes para o plantio, já que nem todas as
sementes darão boas plantas.
Em seguida, pensando em explorar a diversidade, diferentes tipos de sementes
podem ser trazidas à sala de aula pelo professor e pelos alunos. Além disso,
dependendo do local em que a escola se encontra, pode-se fazer uma visita a campo
para observar e coletar outros tipos de sementes. A partir daí, o professor desafia os
alunos a realizarem uma classificação, segundo critérios próprios. Essa classificação
pode ser efetivada com sementes de apenas um tipo, tal qual é feita, por exemplo,
quando catamos feijão para cozinhar, separando-as pelo critério saudável ou
estragada, ou entre diferentes tipos de sementes que podem ser escolhidas de acordo
com aquelas mais comuns na região. Espera-se que as crianças as classifiquem
segundo suas cores, formato, tamanho, em comestível ou não etc.5
Esse primeiro tipo de classificação pode ser desenvolvido com crianças de 1.o , 2.o
e 3.o anos a partir de manipulações e observações. Com as crianças do 2.o e 3.o ano
pode-se fazer um experimento, buscando encontrar uma forma que poderia ajudar a
determinar, com um pouco mais de precisão, quais das sementes são maiores. Pode-
se utilizar um recipiente, um copo, por exemplo, e experimentar quantas sementes
de cada tipo comparado são necessárias para “encher” o copo até a borda.
Para comparar utilizando o critério massa, especialmente com as crianças de
3.o ano, pode-se utilizar uma balança para determinar quantas sementes de cada
5
As próprias sementes podem ser utilizadas para escrever os números correspondentes em Braille, para que crianças ce-
gas possam contar e registrar as contagens de sementes. As indicações de como fazer são fornecidas na sessão “A Edu-
cação Inclusiva” disponível na página 12 do caderno “Jogos na Alfabetização Matemática”, distribuído no ano 2014.
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As sementes e a água
Como reagem as sementes quando em contato com água? É certo que algumas
sementes não têm sua dormência quebrada6 apenas sendo colocadas em um
ambiente molhado, mas sementes de milho, feijão, alface, abóbora, dentre tantas
outras, que são comuns no nosso cotidiano, normalmente germinam se colocadas
em local úmido.
Para fazer esse experimento podem ser utilizadas sementes de diferentes tipos,
tais como: feijão, milho, alface, alpiste, abóbora, abacate, dentre outras. Embora
seja possível fazer o experimento com diversos tipos de sementes, uma boa opção
é trabalhar com o feijão, dada a facilidade de se conseguir a semente e a sua boa
capacidade de germinação.
Para começar, podemos lançar o seguinte questionamento: a umidade é ou não
fator necessário para que uma semente de feijão germine? Os alunos poderão propor
algumas hipóteses sobre o questionamento, anotando em seus cadernos essas
hipóteses para que sejam confrontadas com os resultados do experimento. Ao final,
podem concluir sobre os resultados conseguidos.
Para experimentar, os alunos deverão utilizar recipientes, como copinhos
pequenos de plástico (ou outro material alternativo), forrados com algodão ao
fundo. O experimento consiste em averiguar se a água é necessária no processo de
germinação, logo, serão utilizados dois copinhos parecidos, com a mesma quantidade
de algodão cobrindo o fundo, e sobre o algodão, em ambos, serão depositadas três
sementes de feijão. Um dos copinhos deverá ter o algodão encharcado de água. O
outro deverá permanecer seco. Com crianças do 3.o ano o professor pode utilizar uma
seringa para medir a quantidade de água que é colocada, criando novos elementos
no experimento, tais como mais recipientes, que terão mais ou menos água. A partir
daí, os alunos deverão fazer o acompanhamento diário7 do que vai acontecendo com
as sementes em ambos os copinhos e anotar suas observações em uma tabela como
a seguinte:
6
Segundo o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, a dormência de sementes é um processo caracterizado pelo
atraso da germinação, quando as sementes, mesmo em condições favoráveis (umidade, temperatura, luz e oxigênio),
não germinam. Para que germinem é preciso que se utilize algum mecanismo de quebrar essa dormência. Existem
diversas técnicas para isso, que podem ir desde a produção de cortes na semente, congelamento da semente a uma
temperatura específica, até a utilização de ácido sulfúrico. A dormência de uma semente de Umbu, por exemplo, é
quebrada a partir da imersão da semente em água a 50°C por 21 minutos. Disponível em < http://www.ipef.br/tecse-
mentes/dormencia.asp>.
7
Como nessa atividade um dos conhecimentos necessários será a grandeza duração de intervalo de tempo, o pro-
fessor pode propor a leitura dos livros “O tempo”, de Ivo Minkovicius e “Que horas são?”, de Guto Lins para que as
crianças conheçam um pouco mais sobre tal grandeza.
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Feijão 1.o dia 2.o dia 3.o dia 4.o dia ... 1.o dia 2.o dia 3.o dia 4.o dia ...
Não ... Não ...
germinou germinou
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Concluindo
O objetivo desse texto é o de ampliar o leque de possibilidades de trabalhos
interdisciplinares envolvendo a Matemática e outras áreas do conhecimento.
Conforme já anunciamos, não é possível esgotar essas possibilidades em um texto,
por maior que ele seja; por outro lado, e é o que intencionamos aqui, é possível
exemplificar algumas situações dessa natureza.
Esperamos que os exemplos aqui apresentados sirvam de motivação para que o
professor crie outras situações e possa socializá-las por meio de relatos de experiência
a serem disponibilizados em sua rede de trabalho do PNAIC e em sua comunidade
escolar. A integração entre as áreas pode parecer difícil no início; no entanto, a cada
nova experiência vamos ampliando nossos conhecimentos e uma vez ampliados,
mais natural passa a ser a incorporação de trabalhos interdisciplinares.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria Brasília: MEC/SEB, 2014.
de Educação Básica. Acervos Complementa- LOPES, Antonio José Lopes. Conexões Mate-
res: as áreas do conhecimento nos dois pri- máticas. In: BRASIL. Ministério da Educação.
meiros anos do Ensino Fundamental. Brasília: Secretaria da Educação Básica. Pacto Nacio-
MEC/SEB, 2009. nal pela Alfabetização na Idade Certa. Sabe-
CARRAHER, Terezinha Nunes; CARRAHER, res Matemáticos e outros Campos do Saber.
David William; SCHLIEMANN, Analúcia Dias. Brasília: MEC/SEB, 2014.
Na vida dez, na escola zero. São Paulo: Cor- VIANNA, Carlos Roberto; ROLKOUSKI,
tez, 1988. Emerson. A criança e a Matemática escolar.
FONSECA, Maria da Conceição Ferreira Reis. In: BRASIL. Ministério da Educação. Secre-
Alfabetização Matemática. In: BRASIL. Mi- taria da Educação Básica. Pacto Nacional
nistério da Educação. Secretaria da Educação pela Alfabetização na Idade Certa. Cader-
Básica. Pacto Nacional pela Alfabetização no de Apresentação. Brasília: MEC/SEB,
na Idade Certa. Caderno de Apresentação. 2014.
51
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54
• grande grupo: o professor realiza uma única atividade, tendo por objetivo
desenvolver determinados conhecimentos;
• pequenos grupos: cada grupo pode trabalhar independentemente, realizando a
mesma tarefa, ou propor atividades diversificadas, em que cada grupo tem uma
tarefa a ser cumprida;
• duplas: as duplas têm a possibilidade de levantar hipóteses, discutir e argumentar
suas ideias de forma mais intensa, sem precisar disputar a fala com o grande
grupo;
• individualmente: o aluno tem a possibilidade de refletir e sistematizar os seus
próprios saberes e coordenar as suas ações.
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59
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Referências
ALBUQUERQUE, Rielda Karina de; BRANDÃO, de alfabetização na perspectiva do letramen-
Ana Carolina Perrusi; LEAL, Telma Ferraz. Por to. Ano 02. Unidade 02. Brasília: MEC, SEB,
que trabalhar com sequências didáticas? In: 2012.
FERREIRA, Andréa Tereza Brito; ROSA, Ester
Calland de Souza (Orgs.) O fazer cotidiano na BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria
sala de aula: a organização do trabalho peda- da Educação Básica. Pacto Nacional pela Al-
gógico no ensino da língua materna. Belo Ho- fabetização na Idade Certa. Organização do
rizonte: Autêntica, 2012. p. 147-173. Trabalho Pedagógico. Caderno 01. Brasília:
MEC/SEB, 2014.
BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; SELVA,
Ana Coelho Vieira; COUTINHO, Marília de. O BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria
trabalho com projetos didáticos: integrando da Educação Básica. Pacto Nacional pela Al-
a leitura e a produção de textos. In: SOUZA, fabetização na Idade Certa. Educação Inclu-
Ivane Pedrosa de; BARBOSA, Maria Lúcia siva. Brasília: MEC/SEB, 2014.
Ferreira de Figueiredo (Orgs.). Práticas de lei-
tura no ensino fundamental. Belo Horizonte: LEAL, Telma Ferraz. Fazendo acontecer: o en-
Autêntica, 2005. p. 111-124. sino da escrita alfabética na escola. In: LEAL,
Telma Ferraz ; ALBUQUERQUE, Eliana Borges
BRASIL. Ministério da Educação. Pacto Na- Correia de; MORAIS, Artur Gomes de (Orgs.).
cional pela Alfabetização na Idade Certa. Alfabetização: apropriação do sistema de
Formação do Professor Alfabetizador. a orga- escrita alfabética. Belo Horizonte: Autêntica,
nização do planejamento e da rotina no ciclo 2005. p. 89-110.
61
62
De fato, na história das medidas percebe-se que houve tempo em que a maioria
das medições era feita com unidades não padronizadas. O homem iniciou o processo
de medição tomando como referência o próprio corpo e isso evidencia como os
conteúdos da Matemática vão sendo criados para resolver problemas que surgem a
partir das necessidades do homem.
Essa compreensão de que a Matemática é construída historicamente pelo homem
atendendo a necessidades criadas ao longo do tempo é importante para abalar a
perspectiva de que a Matemática existe de modo independente da humanidade.
Essa compreensão é um fator que contribui para auxiliar os alunos a estabelecerem
relações entre aquilo que já sabem e aquilo que começam a aprender na escola.
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Este relato corresponde a uma vivência que fiz com alunos do segundo ano da rede Munici-
pal de educação do município de Paulista-PE. A turma contém 20 alunos, sendo 11 meninos
e 9 meninas, com a faixa etária entre 7 e 8 anos.
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RELATO DE EXPERIÊNCIA
Professora: Maria das Dores de Morais/Marília Mota
Escola: EM Manoel Bandeira
Município: Jaboatão dos Guararapes-PE
Essa sequência foi realizada com alunos do 3.o ano B, turno da manhã, da
Escola Municipal Manoel Bandeira, localizada no bairro de Socorro, em Jaboatão dos
Guararapes-PE. A turma, formada por 16 alunos com idade entre 08 e 12 anos, participa
de atividades relacionadas ao PNAIC de Matemática e Linguagem. Nesse contexto,
adotou ao longo do ano de 2014 uma rotina diária de trabalho na qual a leitura e
utilização de jogos matemáticos são elementos norteadores das demais atividades.
Em uma determinada aula, para iniciar a discussão sobre diferentes vistas de um
mesmo objeto, a professora colocou uma banca escolar em evidencia e pergunta:
“Como, em quais posições, poderia desenhar o material?” Questiona: “Se eu olhar
de frente o que posso representar?” A partir da fala dos alunos, a professora faz o
desenho e questiona: “Só posso representar a banca de frente?” Os alunos sugerem a
representação de cima. “Acabaram as representações?” E eles respondem: “Não, pode
ser de lado também!” E a professora desenha novamente e deixa exposto em um
cartaz. Em seguida dá uma folha
Arquivo das autoras
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Os alunos foram convidados a refletir sobre sua casa, desenhá-la, falar sobre
ela, de que material era feita, etc. Além disso, responderam a uma atividade escrita
com várias perguntas sobre moradias e os problemas que pessoas que não possuem
casa enfrentam. Após a realização da atividade escrita, os alunos foram convidados
a apreciar uma pintura chamada “Fachadas”, de Alfredo Volpi, e discutir sobre a
obra. Em seguida, foi entregue um papel oficio para que os alunos desenhassem e
pintassem a fachada da sua casa e, no final, apresentassem o trabalho realizado.
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O jogo “Baralho Geométrico” foi apresentado às cursistas das turmas dos 3° anos
que fazem parte do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade no Município de
Carpina-PE. Foram feitas orientações sobre os objetivos, regras e produção do jogo e
solicitadas às professoras a produção e aplicação do jogo em sala de aula. As cursistas
levaram a proposta para a sala de aula e aplicaram o jogo através de uma sequência
didática nos dias 07 e 08 de outubro de 2014.
As professoras iniciaram a aula explorando os conhecimentos prévios dos
alunos acerca das nomenclaturas das figuras geométricas e objetos do mundo físico,
levantando questionamentos sobre os objetos em sala de aula que se pareciam com
os objetos teóricos da matemática (cones, cilíndros, esferas, retângulos, quadrados,
círculos). Logo após, foram exibidos os blocos lógicos, gravuras em livros e jornais
e objetos do mundo físico, foram trabalhados a leitura, escrita (representação em
linguagem verbal) e desenhos das figuras geométricas (representação gráfica) para
maior compreensão do jogo que seria aplicado posteriormente.
No dia seguinte foi apresentado o jogo “Baralho geométrico”, constituído em três
etapas para o favorecimento do processo de aprendizagem do jogo. Num primeiro
momento, as professoras organizaram a turma em um grande grupo para que todos
assimilassem as regras do jogo e observassem um grupo de 4 crianças jogando sob
70
sua orientação, fazendo várias rodadas para que os alunos se familiarizassem com o
jogo e adquirissem autonomia. As regras estão descritas a seguir:
Número de jogadores: 2 a 4 jogadores (por grupo).
t Cada jogador recebe nove cartas do montante devidamente embaralhado;
t Usa-se um dado para indicar a ordem do começo do jogo;
t Quem começa puxa uma carta do montante da sobra; caso sirva, descarta
outra carta no montante ou pode-se devolver a mesma carta ao jogo, e assim
seguem todos os jogadores;
t Objetiva-se formar três tríades: cada uma deve ser composta por uma carta
de um desenho de objeto geométrico, um desenho de objeto físico e a terceira
composta por uma expressão linguística, que representa o objeto geométrico
ou o objeto físico.
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caixa, etc. Porém, com o passar do tempo eles já estavam respeitando as regras e se
preocupavam com as tríades dos colegas, orientando-os corretamente, começando
a adquirir a linguagem geométrica correta, compreendendo melhor os conceitos e já
não se preocupavam tanto em ser o primeiro a ganhar e sim em realizar corretamente
as tríades.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria
da Educação Básica. Pacto Nacional pela da Educação Básica. Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa. Grandezas Alfabetização na Idade Certa. Jogos na Al-
e Medidas. Caderno 06. Brasília: MEC/SEB, fabetização Matemática. Brasília: MEC/SEB,
2014. 2014.
BRASIL. Ministério da Educação. Secreta- BRITO, Maria Regina Ferreira de. Um estudo
ria da Educação Básica. Pacto Nacional sobre as atitudes em relação à Matemática
pela Al fabetização na Idade Certa. Ge- em estudantes de 1.o e 2.o graus. Tese (Livre-
ometria. Caderno 05. Bra sília: MEC/SEB, Docência em Educação) – Universidade Esta-
2014. dual de Campinas, Campinas, 1996.
72
Compartilhando
Este relato é fruto de uma experiência de ensino vivenciada numa turma do 3.o
ano no turno da tarde na Escola Municipal Prof. Moacyr de Albuquerque, em Recife
– Pernambuco, no período de 08/04/2014 a 08/08/2014, para atender exigência da
disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica (PPP 5) do Curso de Pedagogia da UFPE,
ministrada pela professora Rosinalda Aurora de Melo. A turma era composta por 23
alunos, com faixa etária de idade 9 a 11, 60% meninas e 40% meninos.
Neste relato as áreas de conhecimento Ciências Naturais, Matemática e Ciências
Humanas são exploradas a partir do tema Água. A linguagem oral e escrita permeia
todas as atividades. Conteúdos matemáticos são abordados na perspectiva de
ferramenta, por exemplo, ao coletar dados e organizá-los em gráficos com a finalidade
de refletir sobre atitudes que desperdiçam água e atitudes que economizam água,
ao subsidiar a construção de maquetes e na utilização dos números nos textos.
MOTIVAÇÃO:
A motivação para trabalhar o tema “Água: nosso maior bem” foi tentar oferecer
para as crianças uma visão ampla, e adequada a este nível de escolaridade, sobre
diversos problemas que o mundo vem enfrentando com relação à falta de água.
O planejamento das aulas foi desenvolvido visando proporcionar aos alunos uma
diversidade de conhecimentos, com participação ativa, para assumirem de forma
independente e autônoma atitudes e valores voltados à proteção e conservação
da água. Além disso, a intervenção buscou fomentar reflexões para que os alunos
possam agir em seu entorno e nos demais lugares do seu convívio social, tendo
em vista que o bairro onde a escola está situada enfrenta grande precariedade no
abastecimento de água e saneamento básico.
No Brasil, mais de 14 milhões de pessoas não têm acesso a redes de distribuição
de água e a contaminação dos mananciais é crescente. O acesso à água de boa
qualidade e em quantidade adequada é uma prioridade, em especial em áreas
urbanas, e está diretamente ligada à saúde da população. É importante frisar que
diversas doenças têm sua origem na água contaminada e respondem por mais da
metade das internações hospitalares na rede pública de saúde.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2008, o serviço está
disponível em 99,4% dos municípios do país. A maior parte das cidades que não
possuem qualquer tipo de rede de distribuição de água está situada nas Regiões
Norte e Nordeste. Apesar de ter havido uma redução do número de municípios sem
abastecimento nestas regiões, houve, na última década, um aumento de seu peso
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alternando a leitura entre eles e algumas vezes eu fazia a intervenção, quando não
compreendiam alguma palavra.
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A NATUREZA
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A avaliação foi processual, mas propus uma questão para eles responderem no
caderno ao final da aula: O que podemos fazer para ter uma cidade limpa?
Realizei também uma leitura sobre o tema Água, abordando sua composição
e a importância da limpeza da água, quais medidas devemos tomar para ter água
limpa, quais as doenças causadas pela má conservação da água. Destaquei algumas
doenças causadas pelo consumo de água não potável, como a diarreia, que é a
segunda maior causa de mortalidade infantil no Brasil. Nessa aula fizemos juntos
o soro caseiro, que alguns alunos já conheciam. Finalizamos a aula destacando as
diferenças entre água contaminada e água poluída.
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Este relato é fruto de uma sequência de atividades composta por três aulas,
vivenciadas por um grupo de alunas do Programa de Iniciação à Docência da UFPE,
em parceria com a professora da turma. Desenvolvida no ano de 2014, em uma
turma do 2.o ano, composta por 23 alunos, na Escola Municipal Arraial Novo do Bom
Jesus, município de Torrões – Recife. Dentre os objetivos da sequência, buscamos
ajudar os alunos a conhecer e reconhecer as cédulas e moedas do sistema monetário
brasileiro; o uso do mesmo no dia a dia, bem como consolidar as operações de adição
e subtração a partir de situações-problema envolvendo valores monetários; também
compor e decompor quantias.
Antes de iniciar a sequência, numa aula anterior, solicitamos que os alunos
trouxessem de casa embalagens vazias. Na primeira aula da sequência, os alunos
apresentaram as embalagens dos produtos. Um por um, os alunos mostravam suas
embalagens e falavam que tipo de produto aquela embalagem continha, para que o
produto servia, e como era utilizado, exercitando assim a linguagem oral e a leitura
de rótulos. Houve uma grande diversidade de produtos e discussão acerca daquelas
embalagens, pois os alunos expressavam se compravam aquele tipo de produto, se
o utilizavam e se gostavam ou não do produto contido na embalagem.
Posteriormente, foi apresentada aos alunos uma cédula de R$ 2,00 do sistema
monetário brasileiro e propostas algumas questões: O que aquele papel representava?
Para quê servia? Qual o valor daquela cédula? As respostas da maioria dos alunos
denotou que os mesmos já reconheciam as cédulas; utilizavam o dinheiro em algumas
situações e/ou visualizavam o uso do dinheiro, pelo pai, mãe ou responsável.
As falas de alguns alunos foram as seguintes:
A1 – “É dois reais!”
A2 – “Eu tenho uma nota de dois reais que meu pai me deu e eu vou comprar
biscoito.”
A3 – “Eu tenho mais que dois reais... Minha vó me deu dez reais quando eu fui na
casa dela.”
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separar o real dos centavos, sendo portanto necessário o uso da vírgula quando vamos
escrever um valor. Neste sentido, proporcionamos uma primeira aproximação com os
números racionais escritos na forma decimal, de modo contextualizado e significativo
para os alunos. Ilustramos nossa discussão com folhetos de supermercado, em que
aparecem valores monetários escritos deste modo.
Reprodução
Após essa discussão, os alunos foram instigados a pensar quais as outras notas
que existem no nosso sistema monetário. Os valores das cédulas (papel) existentes
no Brasil foram aparecendo nas falas dos alunos e após todas as quantias de cédulas
serem mencionadas, eles foram conduzidos a pensar nas quantias em moedas (de
metal) que o nosso sistema dispõe. Nesse momento em que começa a se pensar nos
valores em moedas, foi possível perceber que os alunos tiveram maior facilidade
para lembrar e reconhecer esses valores, que pela fala dos alunos, parecem ser mais
utilizadas por eles em situações de compra, também por terem mais acesso a esses
valores. Algumas falas dos alunos:
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Nosso objetivo ao trabalhar com esse jogo foi, como já mencionado, trabalhar
com cédulas do sistema monetário brasileiro, com a resolução de adições/subtrações
entre os valores monetários, mas também noções de distância, força, concentração,
coordenação motora e espacial.
O jogo é composto por 6 garrafas, cada uma ilustrada com uma cédula nos
valores R$ 2,00 / R$ 5,00 / R$ 10,00 / R$ 20,00 / R$ 50,00 / R$ 100,00. As crianças
precisam identificar o valor da nota e representá-lo por escrito, usando símbolos
matemáticos. O objetivo do jogo é obter o maior valor monetário entre os grupos
formados acertando-se as garrafas. Cada grupo recebeu uma tabela para que, a cada
rodada do jogo, eles anotassem os valores que foram adquiridos pelos componente
do grupo, no momento de cada jogada.
A tabela foi a seguinte:
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Nome do grupo:
Nome 1.a Rodada 2.a Rodada 3.a Rodada Total
R$
R$
R$
R$
Total:
Cada jogador escrevia seu nome e registrava os valores obtidos em cada jogada.
Ao explicar todas as regras e procedimentos aos alunos, posicionamos as garrafas e
estipulamos o limite de distância para arremessar as argolas.
Iniciamos o jogo. O grupo 1 (Amor) inicia com o primeiro participante, que
arremessa o dado para obter o valor de argolas que ele irá receber para arremessar
nas garrafas: por exemplo, se ao lançar o dado tirasse o 2, o aluno tinha direito
a lançar duas argolas; e assim cada componente do grupo foi jogando a primeira
rodada. Os três outros grupos também fizeram os mesmos procedimentos. No
momento em que um jogador terminava de jogar as suas argolas, ele já somava o(os)
valor(es), dependendo da quantidade de garrafas que ele acertasse, e registrava o
valor na tabela, sabendo-se que todos os participantes jogavam entre 1 e 6 argolas,
o que era definido pelo lance do dado convencional. Quando o aluno não conseguia
acertar nenhuma garrafa, ele registrava o número 0 (zero) na tabela.
Nos momentos de jogada dos alunos, pedíamos sempre que eles se concentrassem,
observassem a distância entre seu corpo e as garrafas, como também a forma de
segurar a argola que mais favorecesse o arremesso.
Após as três rodadas, os grupos se reuniram para somar os valores de todos os
participantes do grupo e obter um total, momento em que os alunos tiveram apoio
para realizar as somas, principalmente os grupos que obtinham valores muito altos,
R$ 50,00 e R$ 100,00, ou quando havia muitos valores para somar.
Quando todos os grupos haviam realizado as somas, propomos fazer um quadro
com os valores de todos, que ficou desta forma:
G1: Amor
G2: Paz
G3: Felicidade
G4: Amizade
G5: Top 4
Tabela coletiva.
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1. A avô de Akira usou estas notas e esta moeda para pagar as compras na
padaria:
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Ambos os relatos evidenciam práticas sobre temas usuais da sala de aula e, jus-
tamente por isso, aproximam-se do professor em vista da familiaridade com o as-
sunto e abrem a possibilidade de colocar em discussão o encaminhamento realiza-
do, que pode contribuir para uma reflexão sobre as ações pedagógicas mobilizadas
para o tratamento desse tema. Além disso, é importante ressaltar o contexto em que
ambas as sequências foram produzidas: a primeira como trabalho de um curso de
pedagogia e a segunda no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
a Docência (PIBID). Contextos como esses, de projetos, de cursos de graduação, de
pesquisa, alimentam o cotidiano de sala de aula, bem como são alimentados por esse
cotidiano. Ressaltamos esse aspecto por acreditarmos que o PNAIC tem contribuído
para a redução do distanciamento entre as Universidades e as Escolas. Tais contex-
tos acabam trazendo experiências interessantes para a discussão de professores em
processos de formação e oportunizam importantes reflexões.
90
Ainda no mesmo momento, Bruna solicita aos alunos que elaborem cartazes, e mais
uma vez o trabalho com gêneros textuais pode ser aprofundado, distinguindo-se as
características dos cartazes e respectivos portadores de texto.
Na aula seguinte faz-se uma investigação sobre o desperdício da água, momento
em que as crianças ampliam seus conhecimentos sobre o tema, bem como respondem
a questionamentos em que a Matemática se faz presente, tanto para a contagem
(“Quantos alunos têm torneira pingando em casa?”), como para a medida de tempo
(“Quanto tempo você demora tomando banho?”). Passa-se então à construção de
gráficos para melhor leitura das respostas. Na problematização da situação, Bruna
aproveita para trabalhar com o raciocínio proporcional: “Se 3 colegas tomam banho
de ‘tantos’ minutos, quantos litros de água gastam juntos?”
O quinto momento é destinado à leitura e discussão de um poema, que dispara
reflexões sobre a reciclagem e a construção de um brinquedo, bem como maiores
discussões sobre como manter a cidade limpa.
A sequência é finalmente encerrada com a construção de uma maquete
relacionando as atitudes que devemos ter para manter a cidade limpa, em que
novamente conceitos matemáticos são necessários.
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CONCLUINDO
Esses dois relatos evidenciam práticas sobre temas usuais em sala de aula.
No entanto, há uma intencionalidade pedagógica bastante clara na decisão de
se abordar temas que vão além da Matemática, embora seja esse o componente
curricular privilegiado.
Vimos, nesses relatos, que uma série de ideias e conceitos foram considerados
e, sem dúvida, outros poderiam ser contemplados com maior ou menor ênfase, de
acordo com a intenção do professor, que deve ser sempre refletida a partir de um
cuidadoso planejamento.
O que pretendemos mostrar com essa nossa leitura foi a qualidade do que nos
foi relatado e que, muitas vezes, não é percebida. Ao destacarmos essas nuances,
ampliamos a reflexão sobre nossa própria prática e assim podemos nos aprofundar em
determinados conceitos, ou abordar outras áreas do conhecimento, nos momentos
em que acharmos oportuno.
Caderno 3 de 2015.
Diferentemente do Ensino Fundamental II, no Ensino Fundamental I – e no
Ciclo de Alfabetização em particular –, o professor é polivalente, o que permite
a ele percorrer as diversas áreas do conhecimento. Esse percurso deve sempre ter
como finalidade a plena alfabetização das crianças na perspectiva do letramento e,
por isso, disparado pela problematização de práticas sociais, como ocorre nas duas
situações apresentadas.
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Sugestões de Leituras
Livro:
PIRES, Célia Maria Carolino. Educação Matemática: conversas com professores
dos anos iniciais. São Paulo: Zé-Zapt Editora, 2012.
Nesse livro, é possível encontrar reflexões sobre contribuições teóricas recentes
da área de Educação Matemática. Os textos ajudam a compreender melhor o
processo de ensino e de aprendizagem que vivenciamos todos os dias em sala de
aula. Nele há também diferentes propostas de práticas realizadas por professores
de várias localidades brasileiras, que abriram as portas de suas salas de aula e
compartilharam suas experiências.
Artigos
LAMONATO, Maiza; PASSOS, Carmen Lucia Brancaglion. Discutindo resolução de
problemas e exploração-investigação matemática: reflexos para o ensino de Ma-
temática. Zetetiké, Campinas, v.19, n. 36, p. 51–74, jul-dez/2011. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/setembro2012/matema-
tica_artigos/artigo_lamonato_passos.pdf>. Acesso em: março de 2015.
Esse artigo analisa aproximações e distanciamentos entre resolução de problemas
e exploração-investigação matemática, apontando contribuições de ambas para a
Matemática escolar. Tomando como objeto de discussão a literatura de Educação
Matemática, tais aproximações ou distanciamentos são delineados à medida que
são discutidos os diversos entendimentos para as duas abordagens. As contribuições
para o ensino de Matemática dependem das possibilidades geradas na sala de aula,
e tanto a resolução de problemas quanto a exploração-investigação matemática
podem ser promissoras para a construção de conhecimentos, mas não para sua
apropriação como algo pronto e acabado.
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Sugestões de Vídeos
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Sugestões de Atividades
MOMENTO 1 (4 HORAS)
1. Retomada do encontro anterior e discussão das atividades realizadas em casa e
escola.
Reprodução
2. Leitura para deleite: Assim ou Assado, de Alcy.
3. Leitura da seção “Iniciando a Conversa”.
4. Leitura, em pequenos grupos, dos textos 2 e 4 da seção
“Aprofundando” (“Investigações/explorações matemá-
ticas no Ciclo de Alfabetização” e “A Matemática na in-
tegração de saberes”). Discutir os textos em pequenos
grupos. Discussão dos textos no grande grupo.
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MOMENTO 2 (4 HORAS)
1. Leitura para deleite: Sofia, a Andorinha, de Al-
Reprodução
mudena Taboada.
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