Administração de Recursos Humanos À Gestão de Pessoas
Administração de Recursos Humanos À Gestão de Pessoas
Administração de Recursos Humanos À Gestão de Pessoas
AGRADECIMENTOS
RESUMO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 8
3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 40
3.1 Classificação da pesquisa ............................................................................................... 40
3.2 Sujeitos da pesquisa ....................................................................................................... 43
3.3 Coleta de dados .............................................................................................................. 43
3.4 Análise e interpretação dos dados ................................................................................... 44
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 66
APÊNDICES ...................................................................................................................... 68
8
INTRODUÇÃO
Este estudo visa a investigar os desafios pertinentes à área de gestão de pessoas e traz
não somente a reflexão da importância atual desses aspectos na empresa, mas em todas as
organizações onde as pessoas, juntamente com a organização, concentram esforços no sentido
de perseguir objetivos.
Nesse sentido, este trabalho traz em seu primeiro capítulo a contextualização do
estudo, que consiste na apresentação do tema, na formulação do problema, nos objetivos e na
justificativa para sua realização.
No segundo capítulo o estudo apresenta os fundamentos teóricos de gerenciamento
dos processos de gestão de pessoas, a provisão (recrutar, selecionar, socializar), as seções de
planejamento em uma visão sistêmica da organização, o recrutamento e a seleção com a
ambientação das pessoas, evidenciando o momento de atrair o potencial humano e integrá-lo
aos demais processos.
Nesse momento, e com base numa pesquisa bibliográfica, o estudo faz um apanhado
geral desde a evolução de recursos humanos até a gestão de pessoas, abordando os desafios de
gerir as pessoas e as tendências atuais para a empresa, foco central do estudo. Comprova,
assim, que a gestão de pessoas, num enfoque sistêmico, acontece num momento estratégico
de ação.
A empresa percebe que precisa compor novas estratégias de gerir pessoas, e sabe que
não há fórmulas prontas, nem tem a certeza quanto à melhor maneira de fazer isso. Dentro de
suas atividades, porém, busca entender a importância de perceber as pessoas com um
diferencial competitivo.
Considerando que área de recursos humanos é responsável pelo recrutamento, seleção,
treinamento, planos de cargos e salários, contratação, remuneração e questões trabalhistas, o
estudo identifica, a partir de estudiosos do tema, o poder estratégico em desenvolver pessoas
criativas num ambiente de ideias que são inovadas na empresa.
Ressalta-se ainda, que o gestor tem a responsabilidade de recrutar a pessoa certa, para
o lugar certo. Além disso, ele precisa saber estimular as pessoas a gostarem de estar na
empresa, precisa alinhar políticas que incentivem as boas ações de seu colaborador e os
motive a permanecer na empresa.
O estudo ainda identifica a aplicação das pessoas na empresa no que diz respeito às
suas atividades, como as estão desempenhando, e como é possível mantê-las comprometidas
com os objetivos da empresa. O enfoque, então, passa a ser o treinamento e desenvolvimento
(T&D) que, talvez, no contexto do trabalho, seja o mais relevante na revolução das práticas de
ARH na empresa, uma vez que envolve a aprendizagem e a gestão individual das pessoas.
10
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO
A gestão de pessoas é tão importante quanto o próprio lucro na empresa, pois é pela
atuação das pessoas que as coisas são feitas, sendo o lucro uma consequência alcançada
exatamente pelo desempenho das pessoas aliado ao que a empresa deseja.
Dutra (2002, p. 17) traz o conceito de que gestão de pessoas é um conjunto de políticas
e práticas que viabiliza a conciliação das expectativas das pessoas com os objetivos
organizacionais delimitados ao longo do tempo. Gil (2008, p. 17) compartilha desse conceito
ao afirmar que a cooperação das pessoas se dá na proporção dos objetivos, tanto
organizacionais como individuais, e a gestão de pessoas se dá na medida em que são
atendidas as expectativas das pessoas na empresa.
Chiavenato (2008, p. 4) percebe a gestão de pessoas como um contexto formado por
pessoas e organização, e que sem uma ou outra não existiria a gestão de pessoas, já que uma
depende da outra para alcançar seus propósitos de existência, ou seja, é “Uma relação de
mútua dependência na qual há benefícios recíprocos”.
As diretrizes da organização balizam as decisões e o comportamento das pessoas e da
empresa, definindo as políticas que são instituídas. Enquanto isso, as práticas são as
metodologias utilizadas para programar as decisões tomadas, conciliando e compartilhando
responsabilidades entre as pessoas e a empresa num modo sistêmico.
O foco desta pesquisa é entender como a estratégia dos processos de gestão de pessoas
adotada pela empresa em questão pode significar um diferencial competitivo diante das
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tendências e desafios que o gestor enfrenta em lidar com o capital humano na empresa
“Totens Pizzaria”.
Muitos problemas podem estar relacionados à gestão de pessoas numa organização, a
exemplo do absenteísmo (faltas ao trabalho) decorrente de doenças ou insatisfação; da alta
rotatividade (turnover), que necessita de nova seleção e treinamento; de problemas de saúde
ocupacional por falta de motivação; e da qualidade de vida no trabalho, cujas questões
desafiam as empresas, aumentando custos desnecessários.
Os desafios estratégicos das pessoas no interior de uma empresa passam a ser uma
preocupação para o gestor, em especial quanto a sua função, desempenho, saúde emocional,
pois necessita conhecer e estabelecer estratégias. Chiavenato (2001, p. 11) muito bem explica
a questão:
[...] o segredo está em saber estabelecer os meios adequados para que as pessoas
sejam excelentes em seus papéis, e desempenhem bem o seu trabalho. Para tal um
gestor deve imprimir-lhes as condições para que a contribuição seja dinâmica e
criativa e o desempenho melhor possível.
1.3 Objetivos
1.4 Justificativa
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Vergara (2004, p. 35), denomina-se referencial teórico o capítulo que tem por
objetivo apresentar os estudos sobre o tema, ou especificamente, sobre o problema, já
realizados por outros autores. Nesse mesmo contexto, Lakatos e Marconi (2003, p. 116)
confirmam que “Teoria serve para resumir sinteticamente o que se sabe sobre o objeto de
estudo, através de generalizações empíricas e das inter-relações entre afirmações já
comprovadas [...]”, não se esgotando a possibilidade de questionar e compreender a literatura
de modo a instigar nova investigação.
As pessoas, atualmente, representam o maior investimento das empresas, e as
organizações expressam nas pessoas os seus objetivos, o que não é somente competitividade
lucrativa em relação ao concorrente, mas sim a capacidade de a empresa alcançar um
ambiente de plena satisfação e desenvolvimento humano.
Com o passar dos anos ocorreram rápidas mudanças nas mais diversas áreas
empresariais. O maior impacto, porém, foi constatado nas pessoas que precisaram se adaptar
aos novos processos de aprendizado, às novas exigências do mercado de trabalho, novas
tecnologias, diferentes formas de atender as demandas produtivas e o modo de ver e gerir os
trabalhadores.
As pessoas fazem parte de uma organização e, nesse cenário, Davis e Newstrom
(2001, p. 5) afirmam que “pessoas representam o sistema social interno da organização,
consistem em indivíduos ou grupos”. Ainda na mesma linha de pensamento os autores
identificam que as organizações não são mais as mesmas do passado, elas mudam,
transformam-se ao longo do tempo e as pessoas buscam seus objetivos dentro de uma
organização. As organizações existem, portanto, para servir as pessoas, e não o contrário. Elas
são constituídas de pessoas, e nada acontece em uma organização se as pessoas não tomarem
as decisões (LACOMBE, 2005, p. 8).
comunicação, as quais podem determinar a complexidade das ações num sistema interagente e
interdependente (CHIAVENATO, 1998, p. 23). O autor prossegue afirmando:
As organizações não são absolutas, elas interagem com diversas forças ambientais
para funcionar. Para Chiavenato (1998, p. 50), elas operam em um ambiente que as envolve e
as rodeia.
Já Lacombe (2005, p. 10) retrata que as pessoas e as organizações estão ligadas
intimamente, de forma dependente umas das outras. A organização é mais do que a soma das
pessoas que a constitui, havendo ainda outros componentes que geram sinergia, e que o todo é
maior que a soma das partes.
O autor constata também que as organizações sofrem uma força que advém do externo
do seu ambiente, por isso mudam constantemente. Por serem chamadas de sistemas abertos
ficam vulneráveis a tudo que circunda no ambiente.
O ambiente geral constitui-se de fatores econômicos, tecnológicos, sociais, legais,
culturais e demográficos que ocorrem de maneira geral. Na sociedade esses fatores se
manifestam num turbilhão de forças, provocando mudanças que, muitas vezes, são
incontroláveis pela complexidade e falta de informações, dificultando a previsão das
tendências e o dimensionamento dos impactos organizacionais (CHIAVENATO, 1998, p. 52).
O ambiente de tarefa ou microambiente, para o autor, é o mais próximo da
organização, portanto, seu ambiente específico é que trata das entradas e saídas do sistema,
como seus fornecedores, concorrentes, clientes. As entidades reguladoras, como os sindicatos,
órgãos fiscalizadores e normalizadores, podem causar as limitações das atividades
organizacionais e, para isso, precisam ser controlados com mais eficiência. Chiavenato (1998,
p. 52) complementa que:
Nesse prisma, portanto, a empresa precisa controlar as forças influentes para se manter
atuante e competitiva no seu ambiente geral e específico. Isso significa que precisa estar alerta
quanto às mudanças que são provocadas em seu contexto, bem como agir estrategicamente
quanto às oportunidades que podem ocorrer. Enfrentar esses desafios organizacionais requer
uma adaptação ao ambiente externo, bem como a manutenção de recursos não humanos e os
humanos, pois da sintonia desses recursos depende o funcionamento e o alcance dos
objetivos.
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O objetivo principal da área de ARH é de uma complexidade muito maior hoje do que
há algum tempo. Chiavenato (2008, p. 39) chama a atenção para o fato de que a antiga
Administração de Recursos Humanos cedeu lugar a uma abordagem nova, a chamada “gestão
de pessoas”, que tem um foco voltado às pessoas não somente como recursos humanos, mas
20
Administrar pessoas nem sempre é fácil, pois elas não são recursos, são gente que
viabiliza a administração de todos os recursos da empresa, seja financeiro, de produção,
21
planejamento, inclusive de recursos humanos, enfim, sem as pessoas nada seria possível no
desenvolvimento das estratégias organizacionais.
Para Chiavenato (2001, p. 9), o profissional de ARH não estava habituado e tampouco
preparado para enfrentar a situação advinda do surto da industrialização, possuindo pouca
habilidade para lidar com as transformações humanas no trabalho. Hoje, porém, se tornou
peça fundamental na empresa, onde lidera as mudanças e gere pessoas.
Nesse enfoque, à gestão de pessoas cabe a incumbência de preparar os meios de
prover a organização com pessoas, avaliando-as em todos os sentidos a fim de obter a parceria
evidenciada por Chiavenato (2008, p. 30). As pessoas passaram a ser observadas mais
estrategicamente na empresa, nos processos de agregar, aplicar, recompensar, manter,
desenvolver e monitorar, que vão desde a sua formação profissional até a coleta de
informações sobre desempenho, comportamento e detenção de talentos.
A avalanche de novas tecnologias e as inúmeras oportunidades improvisam maneiras
de desenvolver os profissionais, qualificá-los e retê-los nas organizações, estimulando as
mudanças e a adequação de uma nova consciência da importância dos investimentos em
formação de recursos humanos, com melhores condições de trabalho e aplicação de novas
habilidades. Nesse sentido, os desafios são expandidos e as estratégias de trabalho do gestor
passam a ser vistas de modo sistemático e desafiador.
Para a ARH as pessoas constituem um ativo organizacional, surgindo daí a
necessidade de ver nas pessoas a capacidade de a empresa crescer, prosperar e manter a
continuidade de seus objetivos, investindo nas pessoas como parceiras. As pessoas podem
aumentar ou reduzir as forças e as fraquezas da empresa, tudo isso está na forma como são
tratadas, podendo ser tanto fonte de problemas como de soluções.
Ribeiro (2005, p. 4) enfatiza também que a gestão de pessoas é a área que mais sofre
com as transformações das novas tecnologias, da globalização, do aprendizado, porque
necessita aplicar e gerenciar perfis de pessoas voltadas especificamente às necessidades da
empresa.
As pessoas, portanto, representam a imagem da empresa, são a sua vantagem
competitiva, mantêm o status da empresa. São elas que inovam, decidem, lideram, motivam-
se, produzem e vendem, compõem a cultura organizacional, ou seja, as pessoas revelam a
identidade da empresa.
A variação de gerenciar tais comportamentos das pessoas na empresa depende de
políticas e diretrizes internas que direcionam essas ações e a maneira de lidar com as pessoas
de forma integrada.
22
As pessoas na empresa hoje podem ser consideradas como parceiros ou como recursos
que dependem de aspectos situacionais e contingenciais. Isso significa que agem conforme a
cultura, a estrutura, o contexto ambiental da empresa, o seu negócio. As estratégias estão entre
a forma de tratamento das pessoas, ou seja, como recursos precisam ser administrados
envolvendo planejamento, organização, direção e controle, considerando apenas a passividade
diante de suas atividades; já como parceiros podem ser vistas como portadoras do
conhecimento, da aprendizagem, inteligência, decisão e ação (CHIAVENATO, 2008, p. 10).
A gestão de pessoas nas empresas, num contexto futurístico, pode ser entendida como
um processo totalmente descentralizado, apoiado em cada área da empresa por uma
supervisão competente e pré-estabelecida de estratégias.
Nesse sentido, Lacombe (2005, p. 20) reitera que a provável tendência das
organizações é manter um pequeno órgão interno de recursos humanos, de alto nível, que
conhece muito bem o negócio da empresa e que apoia todas as decisões dos gestores
responsáveis por cada área, com uma comunicação intensa e eficiente na implantação das
estratégias na empresa.
A tendência na gestão de pessoas é elas se autogerenciarem, definindo objetivos com o
apoio de seu gestor numa direção em comum. França (2010, p. 6) reforça a teoria de que a
gestão de pessoas representa um conjunto de forças humanas voltadas às atividades na
empresa de forma produtiva, tanto gerenciais como estratégicas, num sistema organizacional
que busca criatividade, compromisso, interação, potencial, inovação e força de trabalho.
A partir dessa base Tachizawa et al. (2006, p. 21) explicam que captar e compreender
as tendências que estão se delineando para os próximos anos é tão importante para a gestão de
pessoas como administrar os problemas do dia a dia.
Nesse sentido, no dia a dia da empresa o gestor de RH é considerado um estrategista,
com a responsabilidade de tomar decisões. Para tanto, deve ter uma visão tanto dos aspectos
internos como externos, cabendo a ele emitir as propostas em adequar as soluções aos
desafios que aparecem em seus processos e pessoas no contexto organizacional.
Com as transformações tecnológicas e a competitividade, a integração do capital
humano, segundo Gil (2008, p. 39) passa a ser entendido como estratégia fundamental para
enfrentar as transformações radicais. O conhecimento que está nas pessoas e a integração aos
24
A tendência até há pouco tempo era forte na ênfase no cliente, mas hoje também está
focada na satisfação do colaborador, no seu conhecimento e no aprendizado organizacional.
Esse novo trabalhador e seu intelecto devem ser administrados e reconhecidos para
potencializar inovações tecnológicas na empresa, das mais simples às mais complexas que
agregam valor em todos os processos produtivos da empresa.
25
Globalização
Tecnologia
Informação
Tendências
Conhecimento
atuais do
Gestão de
mundo
Serviços pessoas
moderno
Ênfase no cliente
Qualidade
Produtividade
Competitividade
O autor define ainda que essas fortes tendências influenciam de maneira muito forte as
organizações e seu estilo de administrar, exigindo um alerta na empresa para se tornar mais
competitiva. O fato decorre da existência de um mercado mais exigente em todos os aspectos,
com maior impacto nas pessoas que precisam de um suporte maior de seu gestor.
Para o mesmo autor, as pessoas são geridas de uma forma sistêmica e de maneira
organizada e eficaz, identificando todas essas práticas em seis processos de gestão de pessoas.
Na figura 3, a seguir, Chiavenato (2008 p. 16) apresenta a sua concepção de processos de
gestão de pessoas.
Sistemas de RH Atividades
Suprimento ou agregação Identificação das necessidades de pessoal
Pesquisa de mercado
Recrutamento
Seleção
Aplicação Análise de cargos e salários
Planejamento e alocação interna de recursos humanos
Compensação ou Manutenção Salários
Benefícios
Carreiras
Higiene e segurança no trabalho
Desenvolvimento ou Treinamento e desenvolvimento de pessoas
Capacitação Desenvolvimento e mudança organizacional
Controle e Monitoração Avaliação de desempenho
Banco de dados
Sistemas de informações gerenciais
Auditoria de recursos humanos
Figura 4. Classificação das atividades de gestão de pessoas (GIL, 2008, p. 25).
30
A pergunta que se faz é: quem irá trabalhar na empresa? É em cima desse contexto
que se parte em busca das pessoas para integrar a empresa, podendo-se afirmar que isso
representa planejar a gestão de pessoas na organização. Lacombe (2005, p. 27) remete às
peculiaridades de cada tipo de negócio e à formação de uma boa equipe de trabalho, não
existindo uma ideal, mas que atenda aos objetivos do negócio. Para o autor, o objetivo sempre
é ter a pessoa certa, na posição certa, e no momento certo.
É necessário saber onde encontrar as pessoas no mercado, conhecer este mercado,
como é composto, suas características de inter-relacionamentos. Chiavenato (1998, p. 169)
apresenta essa dinâmica destacando aspectos importantes, como a dimensão de espaço, que
leva em conta a área física de mercado onde o diferencial de mão de obra está disponibilizado.
Para Gil (2008, p. 173), as empresas modernas consideram as mudanças do ambiente
em desenhar os cargos e as funções, o que passa a ser um enriquecimento da tarefa que amplia
a responsabilidade, os objetivos e os desafios. O autor afirma também que a motivação e a
satisfação estão em ocupar o cargo que se tem liberdade de escolher, usando as capacidades a
ele imputadas de uma maneira mais eficaz.
A especificação do cargo fornece um alicerce para sua avaliação e controle, que pode
fixar uma política de salários racional e bem feita.
31
serão necessárias informações claras, a descrição do cargo, bem como dos requisitos pessoais
indispensáveis para o bom desempenho das suas tarefas.
Contratações acertadas, para serem consideradas como tal devem ser monitoradas,
avaliando-se a satisfação da gerência requisitante e a motivação do recém-
contratado. A porta de entrada é a mesma da saída. Nada mais frustrante que ver o
profissional em que você apostou ir embora. (FAISSAL, 2005, p. 24).
É claro que as pessoas diferem quanto à satisfação pessoal, pois enquanto uma
valoriza a recompensa em valores monetários, outra se satisfaz com o simples reconhecimento
de seu trabalho e esforço. Cabe ao gestor ou gerente usar as ferramentas certas para visualizar
e entender as pessoas dentro do contexto de prioridades e tentar na imparcialidade atender as
diversas expectativas que o colaborador tem em relação à recompensa ou reconhecimento.
38
No contexto da ARH esses dados significam a fácil execução das atividades, já que é
neles que se buscam cadastros de pessoas, de remuneração, de desempenho, de treinamento,
enfim tudo que diz respeito às práticas de recursos humanos na empresa (CHIAVENATO,
2008, p. 505).
O processo decisório e a criação de estratégias ligam-se ao fato de se obter os dados,
filtrá-los e analisá-los conforme a necessidade da empresa. Sua aplicabilidade se dá no
momento em que é possível resolver problemas, relacionando-os com o padrão estabelecido.
Antigamente, monitorar as pessoas na empresa era um processo mais rígido, vigilante.
Hoje, porém, está mais voltado para o empoderamento (empowerment) das pessoas, e coloca
em suas mãos a responsabilidade pelas decisões de seu trabalho (CHIAVENATO, 2008, p.
512).
40
3 METODOLOGIA
dados de modo padronizado. Nesse sentido, Gil (2006, p. 44) confirma que as pesquisas
descritivas têm por objetivo a identificação de relações entre variáveis, analisando e
descrevendo opiniões.
A pesquisa de campo pode ser caracterizada como um estudo de caso por usar o
método qualitativo, com o foco na exploração e descrição do que acontece na empresa. A
complexa percepção e a subjetividade da questão de estudo comprovaram se tratar de um caso
único.
Quando há um problema para solucionar e não existem muitas informações, a pesquisa
adota um conjunto de ações que proporciona e norteia a busca de soluções. Nesse sentido faz-
se necessária a busca de informações de diversas formas, como conversas informais, visitas à
empresa, observação do ambiente pesquisado, além de questionários com perguntas abertas
aplicadas ao gestor (Apêndice A), e fechadas aos 24 colaboradores (Apêndice B).
Para realizar a pesquisa ocorreram inúmeros contatos com o gestor da empresa
“Totens Pizzaria” ao longo do mês de setembro de 2012, por meio de ligações telefônicas e
trocas de email com conversas informais. Na forma presencial aplicou-se um questionário
contendo 35 questões abertas e estruturadas com o intuito de investigar a percepção do gestor
em relação aos seus colaboradores na empresa, que foi respondido de forma escrita.
O referido questionário contemplou os seis processos de gestão de pessoas (agregar,
aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar), sua formação profissional, sua
definição de gestor de pessoas e a percepção dos desafios que enfrenta na sua gestão na
empresa.
Após a aplicação do questionário ao gestor partiu-se para a coleta de dados junto aos
colaboradores, cujo questionário foi aplicado no mês de outubro de 2012, e conteve 30
questões, distribuídas em seis blocos de perguntas nos tópicos em estudo, visando analisar a
percepção dos processos de gestão de pessoas. Além disso, um bloco de questões buscava a
percepção dos colaboradores sobre os desafios do gestor na gestão de pessoas da empresa.
Da mesma forma como ocorreu com o gestor, o questionário aos colaboradores
igualmente abordou os processos de agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e
44
monitorar pessoas, bem como a percepção desses movimentos internos que passam
despercebidos pelos sujeitos, surgindo novos desafios estratégicos na gestão da empresa em
relação aos seus colaboradores.
Ficou evidenciado, portanto, o aspecto qualitativo do estudo, bem como a observação
dos participantes e a técnica quantitativa dos questionários aos colaboradores que
responderam em separado.
Com base nas informações prestadas pelo gestor, suas características o identificam
como democrático. Seu foco organizacional está nas pessoas, conforme a questão: “Você está
mais focado nos resultados organizacionais ou nas pessoas?”, ao que respondeu: “Nas
pessoas”. É com essa cultura que o fundador da empresa norteia suas decisões, preocupando-
se com um modo de gestão mais dinâmico e participativo. Ao tomar as decisões argumenta
que é ponderado em algumas situações mais complexas, e que as decisões difíceis ensinam
muito. Aprova a autonomia de seus colaboradores, mas somente quando estas estão de acordo
48
com a filosofia da empresa, que identifica em uma das conversas pessoais como “confiança e
honestidade”.
O proprietário da empresa “Totens Pizzaria”, Ilmar Petris cursou Pedagogia em
Blumenau, SC. Inicialmente, sua intenção era seguir a carreira de professor, mas não terminou
o curso e decidiu ser empreendedor. Relata que antes de se estabelecer no ramo de pizzaria
iniciou outros negócios que não prosperaram, e hoje não se arrepende, pois seu perfil é
inovador, gosta de arriscar, é uma pessoa muito bem relacionada no meio em que atua. Para
ele a confiança nas pessoas com as quais trabalha e o respeito ao seu cliente são fatores
primordiais para se buscar o sucesso.
A figura 5, a seguir, apresenta as características dos colaboradores da empresa “Totens
Pizzaria” quanto à faixa etária, gênero, tempo de empresa, motivo e regime de contratação, e
participação em treinamentos.
entre 1 a 3 anos, indicação pessoal como motivo da contratação, regime celetista de contração
e a maioria nunca participou de treinamentos.
O diagnóstico dos processos que segue deixa clara a visão do gestor e a percepção de
seus colaboradores quanto às ações e rotinas executadas na gestão de pessoas da empresa
“Totens Pizzaria”. Na verdade, trata-se de um apanhado geral de cada processo que pode ser
estudado futuramente com uma maior profundidade, uma vez que os desafios do gestor dentro
de sua empresa não se esgotam neste momento.
admitir novos colaboradores, o gestor Ilmar Petris é quem faz o planejamento situacional,
coloca anúncios em jornal da cidade, analisa e seleciona as pessoas, conforme as
necessidades, mas prefere contratar pessoas indicadas por seus colaboradores.
A respeito desse tipo de sistema de recrutamento, que é a apresentação de candidatos
por indicação, Chiavenato (2008, p. 122) expressa que se trata de um processo de alto
rendimento e baixo custo, pois há uma co-responsabilidade com seus colaboradores, o que
pode ser considerado um dos meios mais eficientes e de amplo espectro de recrutamento.
A tabela 1, a seguir, apresenta as questões sobre recrutamento e seleção e a
ambientação das pessoas na empresa, composta de cinco questões.
1 2 3 4 5
% 75 25 0 0 0 100%
acordo com suas palavras, itens como confiança e honestidade são fundamentais e reforçam a
indicação do candidato à vaga.
Para esse processo a proposição seria a adoção de um formulário específico, o qual
possibilitaria um maior conhecimento das pessoas, com questões fundamentais que ajudariam
a perceber o comportamento individual e social das pessoas, a fim de alinhá-las aos propósitos
do gestor em suas estratégias de trabalho.
Outro aspecto considerado importante nesse processo é o acolhimento das pessoas na
empresa. Segundo dados obtidos nos questionários aplicados aos colaboradores e
representados na tabela 1, 75% se sentem acolhidos, enquanto que 62,5% responderam que a
ambientação é importante para o bom andamento do trabalho.
Quanto à opinião do gestor sobre a ambientação, suas palavras revelam que ela é feita
“de forma natural, proporcionada pelo bom ambiente que o nível ‘humano’ de meus
colaboradores tem, os mais antigos na casa é que ensinam o trabalho e recepcionam o novo”.
Isso confirma o alto índice de acolhimento expresso pelos colaboradores.
Esta prática encontra respaldo em Lacombe (2005, p. 95), o qual salienta que a
integração ou a socialização de um novo colaborador é muito importante para a adaptação
desse novo integrante aos colegas, ao chefe, à cultura da empresa, às práticas e condutas, o
que acelera a ambientação e tende a reduzir a rotatividade.
Araújo e Garcia (2009, p. 320) também contribuem nessa análise quando propõem um
programa de ambientação que consiste em transmitir ao recém-chegado a cultura da empresa,
não havendo uma receita certa de sucesso, mas uma maneira peculiar de cada empresa em
associar a sua cultura com a do colaborador que está começando a fazer parte do contexto da
empresa.
Percebe-se que na empresa “Totens Pizzaria” a ambientação é reconhecida como algo
importante aos colaboradores, conforme percentual apresentado na tabela 1, em que a maioria
se sente bem acolhida. O ponto certo é adequar a ambientação ao que se quer apresentar ao
novo colaborador, numa adaptação contínua, de longo prazo e com uma nova visão de
integração e de incorporação adequada ao seu novo colaborador. Essas ações determinam,
segundo Araújo e Garcia (2009), uma forte diminuição do turnover (rotatividade), assim
como o tempo de sua adaptação, provocando uma maior satisfação e o desenvolvimento de
uma empatia mais realista com as pessoas.
52
1 2 3 4 5 24
uma forte divergência entre a questão 2 e 3, pois ao mesmo tempo em que 95,8% percebem
com clareza as metas da empresa e realizam bem o seu trabalho, na questão seguinte 54,1%
referem não serem claras as tarefas de rotina das funções na empresa, causando certa
confusão.
Por sua vez, o gestor, ao ser perguntado a respeito de regras, manuais e políticas
adotadas na empresa de forma escrita confessa que: “Não vejo necessidade de nenhum
manual, sempre fiz assim”, e quanto a descrever os cargos e as tarefas, também argumenta:
“Não, nunca pensei em descrever cargos e tarefas, um ensina para o outro e eu digo como
gostaria que fosse”.
Nesse sentido Chiavenato (2008, p. 168) contribui com essa análise ao salientar que as
pessoas na empresa representam um conjunto de atividades e comportamentos para
desempenhar suas funções, e que alguns papéis ficam claros aos indivíduos e outros
necessitam de um direcionamento para atender os objetivos da empresa. O autor ainda
complementa que as organizações só funcionam quando as pessoas bem desempenharem as
suas funções.
Na empresa analisada isso acontece ao acaso, o que pode ser percebido na questão três
da tabela 2, onde se constata a concordância quanto à confusão que a falta de definição desses
papéis individuais pode causar nas rotinas da empresa.
É nessas condições que Chiavenato (2008) procura afirmar que tudo na empresa é
provisório e mutável, que um sistema permite e privilegia as mudanças para a melhoria do
desenvolvimento das atividades.
O gestor ainda identifica a necessidade da multifuncionalidade, e que algumas
atividades na empresa exigem que o colaborador exerça mais de uma função. E expressa:
“Nem todas as funções, mas os garçons, por exemplo, ajudam na copa, mas no resto cada
qual na sua função”.
No processo de aplicar as pessoas, portanto, o gestor percebe que o seu maior desafio
está em padronizar tarefas. Em suas palavras: “O grande giro de colaboradores e o fato de
muitos terem essa função como apenas um ‘bico’ não permite manter os processos
definidos”.
e saídas são justificadas pelos próprios funcionários como a busca por melhores
oportunidades.
Nesse caso, a empresa convive com um problema que requer planejamento de salários
a fim de mantê-los acima da média de mercado, além de proporcionar alguns incentivos
quanto aos resultados alcançados. Sem dúvida, iniciativas dessa espécie provocam maior
satisfação dos colaboradores e um investimento da empresa em manter pessoas que
apresentam resultados efetivos.
A tabela 3, a seguir, apresenta as questões do processo de recompensar as pessoas, a
satisfação com o salário e a necessidade de a empresa conceder benefícios.
Nas questões 1 e 2 percebe-se que 75% dos colaboradores afirmam que os resultados
deveriam ser um fator de recompensa na empresa pela dedicação pessoal em fazer com que as
coisas aconteçam. Os colaboradores evidenciam que se não estiverem satisfeitos com o salário
buscam outras oportunidades.
No item 3 os colaboradores são questionados quanto à busca de recompensas
financeiras e um conjunto de benefícios, ao que os mesmos se mantiveram imparciais, e
novamente evidenciaram que consideram mais importante os elogios, o reconhecimento
pessoal pelo seu trabalho e pelos resultados que apresentam.
55
variável baseada nos resultados poderia ser um desafio estratégico ao gestor da empresa, que
poderia elencar alguns benefícios necessários e desejados pelos seus colaboradores. “Isso
determinaria um comportamento mais proativo das pessoas em busca de atingir os resultados
esperados pela empresa”. Com isso pode-se concluir que a empresa necessita:
Reconhecer os resultados, estipulando metas a serem perseguidas.
Fazer um plano de salário maior que a média de mercado, para reter pessoas.
houver uma orientação quanto aos rumos da empresa. O gestor, porém, não tem exigido mais
nenhum tipo de capacitação, o que pode ser considerado um ponto fraco na sua gestão. Por
outro lado, os colaboradores percebem a necessidade de aperfeiçoamento, o que poderia vir a
ocorrer em parceria com empresas como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(Senac), que oferece cursos na área de Gastronomia e Técnicas no Atendimento ao Cliente.
Para o gestor da empresa o treinamento passa a ser uma responsabilidade em tornar o
conhecimento produtivo, o que é considerado um grande desafio gerencial na empresa
“Totens Pizzaria”, que requer aplicar o conhecimento na prática como:
investimento na capacitação das pessoas, com treinamentos específicos nas funções,
palestras de motivação, agregando conhecimento na área de cada um;
desenvolvimento das habilidades individuais das pessoas, estimulando-as a apreender
coisas novas.
área, e que possua uma comunicação intensa e eficiente na implantação das estratégias na
empresa usando uma maior comunicação dos acontecimentos, como sugestões, reclamações,
mudanças necessárias entre outras informações básicas para se realizar as tarefas com
segurança.
necessidades das pessoas. Já 95,8% concordam que a empresa tem o grande desafio de formar
mão de obra para suas necessidades de negócio a fim de obter os resultados esperados, o que
está evidenciado na tabela de treinamento e desenvolvimento de pessoas. Para 75% dos
colaboradores o desafio é a importância dos incentivos não financeiros aos seus
colaboradores, e 70,9% percebem que a comunicação precisa ser mais eficaz e disseminada
entre os colaboradores.
Pode-se constatar nas questões acima e nos resultados de concordância que a
percepção dos colaboradores da empresa identifica a capacidade de formar mão de obra como
um desafio ao gestor. Outra questão é a remuneração como fator diferencial na empresa, bem
como a disseminação das informações, tornando a comunicação intensa e de interação
participativa.
Diante desses desafios a proposta é a adoção de uma avaliação dos processos de gestão
de pessoas na empresa “Totens Pizzaria”, mediante pesquisas externas a fim de fazer uma
comparação com outras empresas, o chamado benchmarking, caracterizado por Chiavenato
(2008, p. 548) como:
[...] a arte de descobrir como e porque algumas empresas podem desempenhar muito
mais tarefas e bem melhor do que outras. O benchmarking permite comparar as
diferenças em termos de qualidade, velocidade e desempenho em custos de uma
empresa com outras.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2002.
______. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar desempenho.
5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
______. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2008.
DUTRA, Joel Souza. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. São
Paulo: Atlas, 2002.
FAISSAL, Reinaldo et al. Atração e seleção de pessoas. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2005.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas da pesquisa social. São Paulo, 2006.
______. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2008.
PINHEIRO, José Mauricio dos Santos. Da iniciação científica ao TCC: uma abordagem
para os cursos de tecnologia. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2010.
TEIXEIRA, Enise Barth et al. Pesquisa em administração. Ijuí, RS: Ed. da Unijuí, 2009.
232 p. (Coleção Educação à Distância. Série Livro Texto).
TEIXEIRA, Gilnei Mourão et al. Gestão estratégica de pessoas. Rio de Janeiro: Ed. FGV,
2005.
APÊNDICES
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APÊNDICE A
QUESTÕES AO GESTOR DE PESSOAS DA EMPRESA “TOTENS PIZZARIA”
APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO AOS COLABORADORES DA EMPRESA
PERFIL DO COLABORADOR