Apostila 3 - Decisà Es de Investimento PDF
Apostila 3 - Decisà Es de Investimento PDF
Apostila 3 - Decisà Es de Investimento PDF
Emerson Bisco
Apostila 3 – Decisões
de Investimento e
Financiamento
- O Fluxo de Caixa
- A estimativa de Receitas, Custos,
Despesas e Impostos
- O Valor Presente Líquido – VPL
- A Taxa Interna de Retorno
- O Payback Simples
- O Payback Descontado
Introdução
Olá meu caro aluno! Nesta apostila iremos abordar o Fluxo de Caixa e sua importância em Decisões de
Investimento e Financiamento.
A compreensão do funcionamento, preenchimento e construção do fluxo de caixa faz toda a diferença no
momento em que pretende analisar a viabilidade de um projeto de investimento. Alias para quem não sabe o que é
projeto de investimento, posso simplificar isto para você: analisar um projeto de investimento significa verificar se a
aplicação de um capital em uma determinada situação trará benefícios financeiros em um determinado prazo para
uma empresa, ou até mesmo para uma pessoa. Seria mais ou menos assim: Vamos supor que você tem um dinheiro
guardado na poupança, no qual ele está rendendo juros e surge uma oportunidade de você comprar um
apartamento de uma tia, que te fará um precinho bem camarada. Como a oferta é bem atrativa, mas você não
pensava em estar comprando um apartamento neste momento, achou que seria interessante comprar ele agora e
aluga-lo, afinal a partir do momento que você retirou o dinheiro da poupança, não ganhará mais os juros que vinha
recebendo todos os meses, mas em contrapartida você terá um apartamento e receberá um aluguel. Será que isto é
vantajoso?
Basicamente as técnicas que veremos em decisões de investimento se referem aos cálculos necessários para
verificar se é melhor deixar o dinheiro na poupança ou se é melhor comprar o apartamento e alugar. Logicamente
aqui a melhor decisão é exclusivamente financeira e não se deve levar em conta sentimentos pessoais, exatamente
como se deve ser em uma empresa: um projeto só é viável se ele trará retorno financeiro para a empresa.
A para construirmos e aplicarmos esta técnica temos que conhecer melhor o Fluxo de Caixa, que será o
responsável por reunir todos os elementos financeiros que estarão relacionados com o projeto.
O Fluxo de Caixa
Em finanças e contabilidade o termo Fluxo de Caixa pode ter algumas interpretações um tanto diferentes
inicialmente, mas que deve ser remetido à mesma finalidade: controlar entradas e saídas de dinheiro da empresa.
Em Contabilidade temos a DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa, o qual possui dois métodos: o direto e o
indireto. Simplificadamente o método direto toma todas as contas do Balanço Patrimonial e verifica como elas
variaram de um período para o outro. A soma desta variação adicionada ao saldo anterior que a empresa possuía em
Disponibilidades do Balanço deve coincidir com o saldo do final do período ao que o Balanço Patrimonial se refere. Já
o método direto, é obtido com a movimentação de cada conta do Balanço Patrimonial. Ambas DFC são subdivididas
em atividades: Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais que é toda movimentação de dinheiro ligada às atividades
operacionais como pagamento de fornecedores, salários, impostos, recebimento de clientes, entre outros; Fluxo de
Caixa das Atividades de Financiamento: todo dinheiro que foi movimentado em função de tomada ou pagamento de
empréstimos, financiamentos e afins; e o Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento que é a movimentação de
todo dinheiro que foi utilizado para investir na empresa, como por exemplo, compra de imobilizados.
O DFC pelo método direto é a Demonstração que mais detalha como o dinheiro foi movimentado dentro da
empresa, mas ela é extremamente trabalhosa de se construir e requer que a empresa tenha um bom Sistema
Integrado para que ela seja atualizada rapidamente e não apresente erros.
Já em para quem trabalha no departamento financeiro de uma média ou grande empresa, ou tem um pequeno
negócio, existe um modelo de Fluxo de Caixa, que de certa maneira podemos classifica-lo como mais simples de se
construir quando comparado ao DFC. O DFC tem uma aplicação mais voltada para contabilidade e é mais utilizado
por grandes empresas, principalmente aquelas de capital aberto que são obrigadas a publicar seus Balanços
Patrimoniais, já que o DFC é uma das Demonstrações obrigatórias a serem apresentadas pela empresa.
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
O outro modelo e Fluxo de Caixa, que é exclusivamente voltado apenas para controlar a movimentação e
dinheiro, é o que mais nos interessa aqui em Decisões de Investimento e Financiamento.
O Fluxo de caixa pode ser considerado pela tesouraria como sendo a sua principal ferramenta, pois é ele que
controla todas as entradas e saídas de dinheiro na empresa e que possibilita ao administrador financeiro visualizar as
sobras e as necessidades de dinheiro do dia e dos dias que se sucedem.
Existem várias maneiras de se construir um Fluxo de Caixa, e apesar de existirem estas várias maneiras, a sua
estrutura básica não muda, apenas pode mudar o “layout” que para quem constrói esta estrutura pode colocar os
itens que o compõem em lugares diferentes.
Então, independente do layout que seja utilizado, um fluxo de caixa pode ser desenvolvido de acordo com as
necessidades da empresa, mas obrigatoriamente ele deve conter:
Saldo Inicial de Caixa: como o próprio nome já diz, é o valor constante no caixa no início do período que se
inicia para a elaboração do Fluxo. Se você estiver começando um Fluxo de Caixa no momento “zero”, ou seja, não
existia nenhum controle, o valor do saldo inicial deverá ser o valor de todo o dinheiro que a empresa tem disponível:
dinheiro vivo em caixa, conta corrente. Dependendo da empresa, algumas consideram o valor que consta em
aplicações de resgate imediato, mas não é convencional. O ideal é se ter um controle à parte para estas aplicações e
manter no Fluxo de Caixa somente o dinheiro vivo e saldo em contas correntes bancárias. Normalmente este
controle das aplicações financeiras fica junto ao Fluxo de Caixa, para que o administrador também possa visualizar
este dinheiro, que é da empresa e está disponível para uso. Já para os casos que o Fluxo de caixa já está
funcionando, o saldo inicial de um determinado dia deverá ser o saldo final do dia anterior, ou seja, o que sobrou no
caixa do dia anterior irá abrir o caixa no dia seguinte.
Entradas de Caixa: correspondem às vendas realizadas à vista, bem como a outros recebimentos, tais como
duplicatas, cheques pré-datados que se converterão em dinheiro, faturas de cartão de crédito etc., disponíveis como
“dinheiro” na respectiva data.
Saídas de Caixa: correspondem a todos os pagamentos que foram executados pela empresa: fornecedores, pró-
labore (retiradas dos sócios), aluguéis, impostos, folha de pagamento, água, luz, telefone e outros entre eles alguns
descritos em nosso modelo.
Saldo Final de Caixa: representa o valor obtido da soma do Saldo Inicial adicionado o valor das Entradas de
Caixa e excluindo as Saídas de Caixa.
Quando estamos trabalhando com um Fluxo de Caixa para controle do dinheiro das atividades do dia-a-dia da
empresa, ele é “alimentado” a todo o momento que se tem informações. Conforme estas informações vão surgindo,
mesmo que sejam acontecimentos que irão ocorrer, deve-se ir preenchendo o Fluxo de Caixa, obviamente com a
data correta, para que seja construído um horizonte futuro, para que se possa ter uma visualização do que irá
acontecer e assim poder tomar as decisões com maior cautela e precisão.
Vamos entender melhor como isso funciona e ver um exemplo:
Vamos supor que a empresa faça vendas de na qual ela concede o prazo de 15 dias para seu cliente pagar. No
momento que é feito a venda, o Fluxo de Caixa já deve ser alimentado. Como base de entendimento, supondo uma
venda de 12.000,00 tenha sido efetuada no dia 05 de julho de um determinado ano. Logo o recebimento desta
venda ocorrerá no dia 20 deste mês, se não ocorrer nenhum imprevisto. Então o Fluxo de Caixa deverá ser
“alimentado”, no grupo Entradas, no dia 20, exatamente assim:
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
Fluxo de Caixa
Julho de 20XX
Dias 05 15 20
Entradas 12.000,00
Vendas 12.000,00
Recebimento de aluguéis
Multas/Juros/ Atraso Clientes
Empréstimos
Resgates Aplicações
Empréstimos
Outros
Saídas
Pagto. Fornecedores à vista
Pagto. Fornecedores à prazo
Folha de pagamento
Impostos
Despesas Comerciais
Aplicações Financeiras
Saldo Inicial de Caixa
Saldo Final de Caixa
Esta empresa paga seus fornecedores com 10 dias após a compra. Se ela comprasse 5.000 no dia 05 de julho, o
Fluxo de Caixa deveria ser alimentado no dia 15. Vamos ver como isto ficaria:
Fluxo de Caixa
Julho de 20XX
Dias 05 15 20
Entradas 12.000,00
Vendas 12.000,00
Recebimento de aluguéis
Multas/Juros/ Atraso Clientes
Empréstimos
Resgates Aplicações
Empréstimos
Outros
Saídas 5.000,00
Pagto. Fornecedores à vista
Pagto. Fornecedores à prazo 5.000,00
Folha de pagamento
Impostos
Despesas Comerciais
Aplicações Financeiras
Saldo Inicial de Caixa
Saldo Final de Caixa
Notem que aqui estou apenas interessado em mostrar à você como deve ser preenchido um Fluxo de Caixa,
pois a grande parte dos outros campos a serem preenchidos estão em branco. Isto porque preciso detalhar mais
alguns pontos para que você entenda como deve funcionar esta ferramenta indispensável para qualquer negócio.
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
- O primeiro deles é que o Fluxo de Caixa é uma ferramenta utilizada para controlar entrada e saída de
dinheiro, exclusivamente. Então por isto os valores que irão constar nele, tanto nas entradas como nas saídas
somente devem ser preenchidos caso realmente haja movimentação de dinheiro, na data correta.
- O segundo ponto é que como foi explicado acima, você pode questionar: mas então, e o valores que
ocorrerão no futuro, como por exemplo, o recebimento das vendas que foi registrado 15 dias após a data da venda e
se chegar no dia do recebimento, o cliente não pagar? Então o administrador do Caixa, terá de alterar a data de
entrada e tomar providências para que a falta de entrada de dinheiro daquele dia não afete os pagamentos que a
empresa tem neste mesmo dia.
- Terceiro ponto: Se o Fluxo de Caixa cuida de entradas e saídas de dinheiro, quando o dinheiro acaba, então
não tem como pagar o que a empresa deve no dia? Sim, isto pode acontecer. Vamos supor que no dia5 de julho, a
empresa tenha no caixa o valor de 1.000,00 e vai receber mais 4.000,00 de seus clientes, mas tem a pagar 7.000,00.
Irão faltar 2.000,00! Isto não pode ocorrer. O administrador do Caixa terá de duas opções: renegociar prazo com
alguns fornecedores ou recorrer à empréstimos bancários caso a empresa não tenha dinheiro guardado em
aplicações financeiras. Olhe só como ficaria o Fluxo de Caixa nesta situação:
Fluxo de Caixa
Julho de 20XX
Dias 05 15 20
Entradas 4.000,00
Vendas 4.000,00
Recebimento de aluguéis
Multas/Juros/ Atraso Clientes
Empréstimos
Resgates Aplicações
Empréstimos
Outros
Saídas 7.000,00
Pagto. Fornecedores à vista
Pagto. Fornecedores à prazo 7.000,00
Folha de pagamento
Impostos
Despesas Comerciais
Aplicações Financeiras
Saldo Inicial de Caixa 1.000,00
Saldo Final de Caixa -2.000,00
O Fluxo de Caixa pode aparecer assim no dia 05, mas não poderá permanecer assim até o fechamento do dia.
Sempre o Fluxo de Caixa deve fechar em um valor positivo ou no máximo, ficar com o saldo “zero”, após a decisão
tomada pelo administrador.
Vamos supor que o administrador tomou a decisão de pegar emprestado o dinheiro que faltava para pagar em
dia seus fornecedores. Assim o Caixa não ficaria com o saldo negativo e a empresa conseguiria ter pagado todos seus
compromissos:
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
Fluxo de Caixa
Julho de 20XX
Dias 05 15 20
Entradas 7.000,00
Vendas 4.000,00
Recebimento de aluguéis
Multas/Juros/ Atraso Clientes
Empréstimos 2.000,00
Resgates Aplicações
Empréstimos
Outros
Saídas 7.000,00
Pagto. Fornecedores à vista
Pagto. Fornecedores à prazo 7.000,00
Folha de pagamento
Impostos
Despesas Comerciais
Aplicações Financeiras
Saldo Inicial de Caixa 1.000,00
Saldo Final de Caixa 0,00
Notem que quando a empresa tomou o empréstimo, foi dada a entrada deste dinheiro no Fluxo para assim
equilibrar os valores de entradas e saídas. Obviamente este empréstimo deverá ser pago e de acordo com o que foi
pactuado com o banco, o valor ou valores (caso seja pago parceladamente) já poderia ser colocado no Fluxo de Caixa
nas respectivas datas de pagamento futuro.
- Quarto ponto: a construção do fluxo de caixa vai ocorrendo de acordo com a obtenção das informações que
estão relacionadas com entradas e saídas de dinheiro. Logo o Fluxo de Caixa pode e deve ser construído diariamente
e suas datas futuras, independente de serem dias, meses ou até anos, já podem e devem ser alimentadas com
valores para que seja construído um horizonte e o administrador consiga ter uma prévia antecipada do que vai
acontecer com o caixa, para que assim, ele tome as decisões com calma e caso seja necessário a intervenção por
falta de dinheiro em algum dia, isto seja previsto antecipadamente para que se possam estudar as melhores
decisões acerca do que será feito para suprir esta falta.
Lembrando que qualquer alteração de informação que já foi registrada no Fluxo deve ser corrigida caso haja
alterações na data de vencimento de uma obrigação ou de um recebimento, devendo ser ajustado no momento em
que já se definiu uma nova data. Isto é para que não ocorra o esquecimento e consequentemente atrapalhe todo o
planejamento anterior e que na data prevista não ocorra problemas de última hora, como a de falta de dinheiro para
pagamento de suas obrigações, renegociar prazos em cima da hora com fornecedores pode prejudicar a imagem e
credibilidade da empresa e tomar empréstimos para que este seja liberado no mesmo dia para a empresa nem
sempre é possível, pois tem todo um trâmite burocrático por parte do banco para a liberação de crédito.
Então, como podemos definir o que é Fluxo de Caixa? Segundo o Sebrae (2014) Fluxo de Caixa é um
instrumento de controle que tem por objetivo auxiliar o administrador a tomar decisões sobre a situação financeira
da empresa. Consiste em um relatório gerencial que informa toda a movimentação de dinheiro (entradas e saídas),
sempre considerando um período determinado, que pode ser uma semana, um mês etc.
E para que serve o Fluxo de Caixa? Aqui, o SEBRAE (2014) consegue sintetizar muito bem a sua utilidade:
- Planejar e controlar as entradas e saídas de caixa num período de tempo determinado.
- Auxiliar o administrador a tomar decisões antecipadas sobre a falta ou sobra de dinheiro na empresa.
- Verificar se a empresa está trabalhando com aperto ou folga financeira no período avaliado.
- Verificar se os recursos financeiros são suficientes para tocar o negócio em determinado período ou se há
necessidade de obtenção de capital de giro.
- Planejar melhores políticas de prazos de pagamentos e recebimentos.
- Avaliar a capacidade de pagamentos antes de assumir compromissos
- Conhecer previamente (planejamento estratégico) os grandes números do negócio e sua real importância no
período considerado.
- Avaliar se o recebimento das vendas é suficiente para cobrir os gastos assumidos e previstos no período
considerado.
- Avaliar o melhor momento para efetuar as reposições de estoque em função dos prazos de pagamento e da
disponibilidade de caixa.
- Avaliar o momento mais favorável para realizar promoções de vendas visando melhorar o caixa do negócio.
Fluxo de Caixa
Julho de 20XX
Dias 05 06 07
Entradas 4.000,00
Vendas 4.000,00
Multas/Juros/ Atraso Clientes
Saídas 3.000,00
Pagto. Fornecedores à vista
Pagto. Fornecedores à prazo 3.000,00
Aplicações Financeiras
Saldo Inicial de Caixa 1.000,00
Saldo Final de Caixa 2.000,00
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
O que importa é que ele reflita a movimentação de dinheiro a aponte os saldos que a empresa tem. O Saldo
Final de Caixa será o Saldo Inicial de Caixa do Dia ou período seguinte. O tempo aqui, dependendo da finalidade que
o Fluxo está sendo empregado, também pode ser mensal, anual entre outros. O mais usual, obviamente, para
controle diário das movimentações de dinheiro, é montá-lo dia-a-dia.
Quanto ao detalhamento dos históricos que vão constar nas Entradas e nas Saídas, isto vai depender de cada
empresa e da necessidade de detalhamento de quem administra o Caixa. Assim como as demonstrações contábeis,
como o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado, o Fluxo de Caixa também é um sistema de informação
e quanto mais detalhadas forem estas informações, mais ampla será a visão de quem toma conta do dinheiro da
empresa. Basicamente devem constar aquelas contas que mais se repetem na emprese e que sempre ocorrerão,
como por exemplo, pagamento de fornecedores, água, luz, telefone, aluguel, impostos, entre outros. Então cada
empresa deve buscar preencher com o que realmente é mais interessante e útil para ela.
Agora, quando falamos em Fluxo de Caixa em grandes empresas, é bem complicado mantê-lo em ordem porque
o administrador de Caixa, mais conhecido como Tesoureiro, depende de várias informações que serão geradas por
outros departamentos, como o departamento de vendas que deverá informar o valor e data de vencimento das
vendas, o departamento fiscal que informará os valores e da do pagamento dos impostos, o departamento de
pessoal que irá informar o valor da folha de pagamento e a sua data de pagamento, entre outros. Cada
departamento deve ter ciência da importância de repassar estas informações ao tesoureiro, sob pena de faltar
dinheiro na data e não ter como recorrer a alternativas para conseguir quitar tudo. Imagine faltar dinheiro para a
folha de pagamento de uma montadora, por exemplo, o que aconteceria no dia seguinte!
Apesar do Fluxo de Caixa ter um funcionamento bem simples, controla-lo não é uma tarefa tão simples assim. E
quanto maior a empresa, mais complexo e detalhado deve ser seu controle. Dependendo do porte da empresa,
existe uma única pessoa que só faz isto praticamente o dia todo, de tão grande que é o volume de transações que
afetam o caixa da empresa. Então podemos notar que a importância deste instrumento é essencial para o controle
financeiro de qualquer empresa, seja ela micro, pequena, média ou grande.
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
Quando vamos construir o Fluxo de Caixa em Decisões de Investimentos e Financiamentos, incluímos uma
coluna com o momento “zero”, ou seja, o início do estudo deste projeto. Neste momento zero, é colocado o valor
que será investido no projeto, para que assim se possa gastar este investimento inicial no que o projeto necessita.
Veja que em nosso exemplo, o investimento inicial foi de 165.000,00, no qual 150.000,00 é o valor do apartamento e
15.000,00 o valor da reforma. Todos estes gastos devem ser lançados no Ano 1, que é quando o projeto realmente
começaria. Como não detalhamos o Fluxo de Caixa em meses, considerei que no primeiro ano fiz o desembolso e na
sequência já aluguei o apartamento por 1.000,00 mensais. Para estimar a receita que teria com o aluguei em um
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
ano, multipliquei por 12 e cheguei ao valor de 12.000,00. Talvez se o Fluxo de Caixa estivesse em meses, o mês 1
poderia ficar sem receita, pois seria o mês que estaria reformando o apartamento. Também poderia deixar o mês
dois sem receber aluguel, pois seria o tempo que o apartamento estaria disponível para aluguel, já que raramente
vou alugar logo que coloca-lo disponível. Tudo vai depender do foco dado por quem está montando o Fluxo de
Caixa.
Você pode estar se questionando: então se tudo é uma simulação e uma estimativa, podem ocorrer erros e a
realidade, caso venha a se concretizar, ser diferente do que foi planejado? A resposta é sim. Mas qualquer análise
sempre é uma estimativa do que pode acontecer e quem está simulando pode fazer várias simulações de diversas
situações que possam ocorrer para ter certeza se o projeto realmente é viável. Quando se tem isto construído em
uma planilha eletrônica, fica muito mais fácil simular diversas situações que podem ocorrer em um projeto e assim
ter uma visão mais ampla e tomar a decisão correta.
Normalmente as grandes empresas que já têm seus negócios em andamento se baseiam em gastos e receitas já
existentes para estimar a de projetos que ela pretende investir. Assim a possibilidade de erros é minimizada.
A parte mais difícil e complexa de um projeto sempre será a estimativa dos ganhos e gastos que ocorrerão nele.
Todo estudo de viabilidade de tomada de recursos com aplicações em projetos envolve certa margem de erro, pois
por mais preciso que seja o estudo sempre ocorrerão algumas divergências, que podem ser positivas ou negativas.
O administrador tem que se cercar da maior quantidade de informações disponíveis para realizar o estudo e
uma vez aceito o projeto ele deve seguir a risca o que foi definido para que esta margem de erro seja a menor
possível, sob a pena de que a viabilidade do projeto que foi aceita, baseada nas projeções, não apresente o resultado
que deveria, anulando sua rentabilidade e prejudicando a empresa.
Assim tudo que foi estimados de receitas e gastos devem ser respeitados. As metas de vendas devem ser
atingidas e os gastos não poderão ultrapassar o que foi simulado no Fluxo de Caixa do projeto. Obviamente em
algumas situações não tem como respeitar os gastos, por exemplo, pois podem ocorrer situações em que possam
surgir gastos novos que não estavam previstos no projeto como aumento do preço de produtos ou serviços
envolvidos no projeto, acidentes, atrasos entre outros. Um exemplo atual é a construção dos estádios da Copa do
Mundo, que a cada momento a estimativa de gastos inicial vai ficando cada vez mais desatualizada em função de
vários erros na execução do projeto. E isto pode ser crucial para uma empresa continuar com suas atividades.
Em nosso exemplo da compra do apartamento, estamos simulando uma situação na qual o dinheiro está
aplicado em uma poupança e seria utilizado para a compra. Mas também a empresa pode não possuir dinheiro
próprio para fazer isto e resolve tomar empréstimos e financiamentos e até lançar novas ações e debêntures para
captar dinheiro e aplicador no projeto. Neste caso o Fluxo de Caixa deve ser construído com o investimento que será
aplicado no projeto, ou seja, todos estes capitais de terceiros e até próprio.
11,92%. Para a fabricação de um determinado produto, o bolo de frutas, a empresa incorre nos seguintes gastos
mensais:
Matéria-Prima: 51.000,00 C V
Materiais Indiretos 4.000,00 C V
Mão-de-Obra Direta 32.000,00 C V
Seguro Área Produção: 1.000,00 C F
Depreciação Máquinas Produção 1.500,00 C F
Depreciação Computadores Adm. 600,00 D F
Seguro Área Administrativa 700,00 D F
Propagandas 12.000,00 D F
Comissões Vendedores 7.000,00 D V
Energia Elétrica Produção 4.000,00 C V
Energia Elétrica Administração 2.000,00 D F
Salário Administração 39.000,00 D F
Outras Despesas com Marketing 3.000,00 D F
Esta empresa tem uma capacidade produtiva de 50.000 unidades deste bolo de frutas, que vem
apresentando uma ótima aceitação no mercado, mas que não vem dando lucro para a empresa. Com isto a Ômicron
está analisando ampliar a sua produção, mas para isto vai precisar comprar mais equipamentos e utensílios
envolvidos no processo de fabricação. O Investimento nestes equipamentos está na ordem de 500.000,00 e com isto
a Ômicron conseguiria dobrar sua capacidade de produção, ou seja, passaria a produzir 100.000 unidades.
Vamos verificar como se comportaria o retorno deste investimento, caso a Ômicron optasse por comprar
esses equipamentos.
Antes de tudo, é necessário definir o preço de venda com base na estrutura de custos atuais para se
conseguir projetar o valor das receitas de vendas que ocorrerão a cada mês. Para isto é necessário que a empresa
tenha definido uma margem de rentabilidade (em %), que para a Ômicron será de 27%.
1° passo: Calcular o Mark-up:
Impostos sobre Vendas 11,92%
Lucro Desejado pela Empresa 27%
Mark-up (1 – Impostos – Lucro Desejado) 0,6108 ou 61,08%
2° passo: levantar os custos e despesas da empresa, classificando-os e calculando o gasto por unidade produzida
(faça a classificação na primeira tabela e apenas some os resultados e preencha esta tabela):
Gastos variáveis Totais 98.000,00
Custos Fixos Totais 2.500,00
Despesas Administrativas 42.300,00
Despesas com Vendas 15.000,00
Total 157.800,00
Quantidade Produzida 50.000 unid.
Gasto Variável Unitário 1,96
Aqui temos o valor da Receita, Custos, Despesas e Impostos que a empresa teria de arcar mensamente
vendendo a quantidade do ponto de equilíbrio. Para iniciarmos o estudo acerca do retorno do investimento na
ampliação da produção, notamos que a produção atual de 50.000 unidade não é suficiente para que a empresa
tenha lucro, pois a quantidade do ponto de equilíbrio é superior (68.942 unidades).
A empresa precisa analisar entre aceitar o projeto de investir no aumento de sua capacidade produtiva, ou
em um caso mais extremo, abandonar a produção do bolo de frutas, pois a atual produção não está sendo rentável
para a empresa.
Para analisar isto, a empresa precisa efetuar a montagem de um Fluxo de Caixa para aplicar técnicas de Valor
Presente Líquido – VPL, Taxa Interna de Retorno – TIR e tempo de recuperação do investimento, calculados pelo
Payback Simples e Payback Descontado.
Estes gastos já foram apurados quando a empresa fez o estudo acerca da formação do preço de venda. Um
detalhe importante é que devem ser colocados no Fluxo de Caixa apenas aqueles gastos que envolvem real
movimentação financeira, ou seja, aqueles gastos que movimentarão dinheiro. Itens como depreciação,
amortização, exaustão nunca devem entrar no Fluxo de Caixa, pois eles apenas representam movimentações
econômicas e não financeiras.
Então a Ômicron gasta mensalmente os seguintes valores para 50.000 unidades:
Matéria-Prima: 51.000,00 C V
Materiais Indiretos 4.000,00 C V
Mão-de-Obra Direta 32.000,00 C V
Seguro Área Produção: 1.000,00 C F
Seguro Área Administrativa 700,00 D F
Propagandas 12.000,00 D F
Comissões Vendedores 7.000,00 D V
Energia Elétrica Produção 4.000,00 C V
Energia Elétrica Administração 2.000,00 D F
Salário Administração 39.000,00 D F
Outras Despesas com Marketing 3.000,00 D F
Como a quantidade do ponto de equilíbrio é de 68.942, é necessário ajustar os valores dos gastos variáveis,
pois estes se alteram de acordo com a quantidade vendida/produzida. Então temos:
Então a Ômicron teria todos estes valores para os gastos variáveis vendendo a quantidade encontrada no
Ponto de Equilíbrio, que é de 68.942. Com isto já podemos fazer a montagem do Fluxo de Caixa projetando estes
gastos juntamente com o valor das vendas e dos impostos. Para facilitar efetuaremos a montagem do Fluxo de Caixa
por ano, já que é mais prático para aplicação em Análise de Projetos de Investimentos e Financiamentos. Então
temos que estimar todos os valores para o tempo de um ano:
Receita Bruta de Vendas 221.303,82 X 12 = 2.655.645,84
Matéria-Prima: 70.320,84 X 12 = 843.850,08
Materiais Indiretos 5.515,36 X 12 = 66.184,32
Mão-de-Obra Direta 44.122,88 X 12 = 529.474,56
Seguro Área Produção: 1.000,00 X 12 = 12.000,00
Seguro Área Administrativa 700 X 12 = 8.400,00
Propagandas 12.000,00 X 12 = 144.000,00
Comissões Vendedores 9.651,88 X 12 = 115.822,56
Energia Elétrica Produção 5.515,36 X 12 = 66.184,32
Energia Elétrica Administração 2.000,00 X 12 = 24.000,00
Salário Administração 39.000,00 X 12 = 468.000,00
Outras Despesas com Marketing 3.000,00 X 12 = 36.000,00
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
Com isto já se tem a estimativa dos valores a serem preenchidos no Fluxo de Caixa do primeiro ano:
F l u x o d e C a i x a - Ômicron
Dias Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Entradas 2.655.646
Receita Bruta de Vendas 2.655.646
Outros
Saídas 3.130.469
Impostos sobre Vendas 316.553
Matéria-Prima: 843.850
Materiais Indiretos 66.184
Mão-de-Obra Direta 529.474
Seguro Área Produção: 12.000
Seguro Área Administrativa 8.400
Propagandas 144.000
Comissões Vendedores 115.822
Energia Elétrica Produção 66.184
Energia Elétrica Administração 24.000
Salário Administração 468.000
Outras Despesas Marketing 36.000
Fornecedores 500.000
Outros -
Como o estudo é uma projeção das vendas, podem-se simular várias situações de acordo com as
possibilidades que podem ocorrer. O ideal é sempre escolher um método de reajuste, tanto das receitas como as
despesas, que normalmente estão atreladas com a possibilidade de aumento de vendas ou aumento de preços (para
as receitas) e reajustes de preços e valores para os custos e despesas.
Neste caso da Ômicron será suposto que ela pretende ter um aumento anual nos valores das vendas na
ordem de 10% e que os custos e despesas sejam reajustados por algum índice de inflação. Para facilitar, vamos supor
que a inflação projetada que está sendo utilizada neste estudo seja de 7% ao ano. Então basta tomar os valores do
ano 1 e aplicar estes reajustes nos próximos 4 anos, que é o prazo que a empresa definiu como limite para recuperar
os investimento de 500.000,00. Então se tem o seguinte Fluxo de Caixa:
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
F l u x o d e C a i x a - Ômicron
Dias Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Totais de Entradas 2.655.646 2.921.210 3.213.331 3.534.665 3.888.131
Receita Bruta Vendas 2.655.646 2.921.210 3.213.331 3.534.665 3.888.131
Outros
Totais de Saídas 3.130.469 2.824.098 3.032.230 3.255.980 3.496.538
Impostos sobre Vendas 316.553 338.712 362.422 387.791 414.936
Matéria-Prima 843.850 902.920 966.124 1.033.753 1.106.115
Materiais Indiretos 66.184 70.817 75.774 81.079 86.754
Mão-de-Obra Direta 529.475 566.538 606.195 648.629 694.033
Seguro Área Produção: 12.000 12.840 13.739 14.701 15.730
Seguro Área Adm. 8.400 8.988 9.617 10.290 11.011
Propagandas 144.000 154.080 164.866 176.406 188.755
Comissões Vendedores 115.823 123.930 132.605 141.888 151.820
Energia Elét. Produção 66.184 70.817 75.774 81.079 86.754
Energia Elétrica Adm. 24.000 25.680 27.478 29.401 31.459
Salário Administração 468.000 500.760 535.813 573.320 613.453
Outras Despesas Mark. 36.000 38.520 41.216 44.102 47.189
Fornecedores 500.000 - - - -
Outros -
Esta última linha da tabela acima, o Fluxo de Caixa Final são os valores necessários para os cálculos dos índices
de VPL, TIR e Payback’s que normalmente são encontrados em livros com a seguinte representação gráfica:
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
500.000
O valor de 500.000,00, por ser tratada como valor que foi empregado no projeto, deve ser considerado
como um desembolso, ou seja, uma saída de dinheiro da empresa. Então temos de coloca-lo com o sinal negativo e
efetuar montagem de um novo Fluxo de Caixa Acumulado, no qual será possível verificar o quando se recupera
deste investimento:
Ano 0 1 2 3 4 5
Fluxo de Caixa Final -500.000 25.177 97.112 181.101 278.685 391.593
Fluxo de Caixa Final Acum. -500.000 -474.823 -377.711 -196.610 82.075 473.667
Esta montagem com o Fluxo de Caixa Final Acumulado serve apenas para o cálculo do Payback Simples, já que
primeira linha que é o Fluxo de Caixa Final será utilizada para o cálculo do VPL e da TIR.
Como em Projetos de Investimentos e Financiamentos é necessário se calcular um conjunto de indicadores que,
é mais prático efetuar a montagem do Fluxo de Caixa Final, do Fluxo de Caixa Final Acumulado, do Fluxo de Caixa
Final Descontado, do Fluxo de Caixa Final Descontado Acumulado.
com que o estudo do projeto reflita uma realidade mais concreta. Desta maneira estamos aplicando o conceito
básico de Matemática Financeira, que prega que o valor do dinheiro no tempo é modificado. Ou seja, 1.000,00 não
serão 1.000,00 daqui um ano, será um valor maior. Se os valores dos Fluxos de Caixas estão todos no futuro, então é
necessário trazê-los a valor presente para se ter um valor correto do que aquele valor do futuro representa hoje, na
data do estudo.
Seguindo estes detalhes, vamos utilizar o Fluxo de Caixa anterior e fazer sua descapitalização. Neste exemplo a
empresa vai utilizar o dinheiro que estava aplicado rendendo 12% ao ano. Então a taxa de 12% será a Taxa Mínima
de Atratividade a ser utilizada para descapitalizar o Fluxo de Caixa. Então basta tomar os valores do Fluxo de Caixa
Final (primeira linha da tabela) e calcular o Valor Presente na HP12C. Então temos:
Ano 1:
FV n i PV =
Ano 1: 25.177 1 12 22.479*
Ano 2: 97.112 2 12 77.417*
Ano 3: 181.101 3 12 128.904*
Ano 4: 278.685 4 12 177.109*
Ano 5: 391.593 5 12 222.200*
*Apesar dos resultados representarem um valor monetário, não é necessário utilizar os centavos, já que eles
serão irrelevantes em nossas contas.
Agora basta preencher o Fluxo de Caixa, acrescentando duas linhas: Fluxo de Caixa Final Descontado e o Fluxo
de Caixa Final Descontado Acumulado:
Ano 0 1 2 3 4 5
A finalidade de se montar esta estrutura é facilitar no momento do cálculo dos Paybacks que veremos a
seguir:
Calculando Valor Presente Líquido – VPL, Taxa Interna de Retorno – TIR, o Payback Simples e o Payback
Descontado
Após todo o trabalho de montagem do Fluxo de Caixa, que é justamente a parte mais difícil e trabalhosa dentro
de um estudo de projetos de investimentos e financiamentos, basta calcular os índices a seguir:
Valor Presente Líquido - VPL: é a metodologia no qual será feito a descapitalização do Fluxo de Caixa de acordo
com a TMA a utilizada. Todas as descapitalizações de cada período são somadas e retira-se desta soma o valor do
investimento inicial. O Resultado positivo indica que os retornos trazidos a valor presente superam o investimento
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
inicial, indicando que o projeto trará um retorno financeiro superior ao que se ganharia, que neste exemplo seria
deixando o dinheiro aplicado.
Como calcular: na HP 12C tem esta função. Você precisará seguir os seguintes passos:
Valor Tecla Tecla Tecla
500.000 CHS g CF0
25.177 g CFj
97.112 g CFj
181.101 g CFj
278.685 g CFj
391.593 g CFj
12 i
Apertar f NPV = 128.110,41
Então este projeto proporciona um valor de 199.202,79 positivo. Isto significa que este projeto terá uma
rentabilidade de 128.110,41 superior ao retorno que a empresa teria caso comparasse a com rentabilidade obtida na
aplicação financeira de 12% ao ano.
Taxa Interna de Retorno - TIR: a TIR é a companheira do VPL, pois como o VPL representa qual o retorno que o
projeto irá trazer em valores monetários, a TIR representa o retorno que o projeto ira trazer, mas em percentual. A
TIR serve para comparar o quanto o projeto traria acima ou abaixo da TMA caso ele fosse realizado.
Como calcular: a metodologia de cálculo da TIR é praticamente a mesma do VPL. Aliás, quando se calcula o VPL, logo
na sequência se calcular a TIR:
* A taxa da TIR reflete o tempo do Fluxo de Caixa. Neste exemplo, o Fluxo estava ao ano, então a TIR deve ser ao
ano. Caso o Fluxo de Caixa estivesse ao mês, por exemplo, a TIR seria 19,02% ao mês.
Neste nosso exemplo a TIR do projeto é de 19,02% de rentabilidade sobre o capital investido, que foi de
500.000,00. Se a compararmos com a TMA que é de 12% ao ano podemos notar que a taxa de retorno do projeto é
superior a taxa de retorno da aplicação financeira em mais de 7%, ou seja, se a empresa deixar de investir neste
projeto ela deixaria de ganhar mais dinheiro. Então já se tem indícios de que este projeto é viável, mas para ter
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
certeza deste fato, ainda é necessário calcular os Paybacks Simples e descontados para se ter o tempo que demorará
em recuperar o capital investido e comparar com o tempo que a empresa define como limite para recuperar este
capital.
Payback Simples: É o tempo de recuperação do capital investindo em um determinado projeto sem levar em
consideração o valor do dinheiro no tempo. Como no Payback Simples o valor do dinheiro no tempo não é
considerado ele é apenas um referencial para comparar com o Payback Descontado e verificar o impacto do valor do
dinheiro no tempo no tempo de recuperação de capital.
O cálculo: aqui deve-se utilizar o Fluxo de Caixa que já foi preparado anteriormente:
Ano 0 1 2 3 4 5
Fluxo de Caixa Final -500.000 25.177 97.112 181.101 278.685 391.593
Fluxo de Caixa Final Acum. -500.000 -474.823 -377.711 -196.610 82.075 473.667
Notamos que o último ano negativo no Fluxo de Caixa Final Acumulado é o ano 3, então já se tem o tempo em
anos: 3 anos.
Para calcular os meses, que é a segunda unidade de tempo menor, basta tomar o valor do último ano negativo
(que deve-se descartar o sinal negativo) do Fluxo de Caixa Final Acumulado e dividir pelo ano seguinte do Fluxo de
Caixa Final: 196.610 : 278.685 = 0,705491864 de uma ano. Multiplicando por 12 meses: 0,705491864 x 12 =
8,465902363. Utilizando apenas a parte inteira tem-se 8 meses.
O que sobrou da conta acima é a quantidade de dias: 8, 465902363 – 8 = 0, 465902363. Agora basta multiplicar
por 30, que é a quantidade de dias de um mês: 0, 465902363 x 30 = 14 (aqui se deve arredondar pois dia é a unidade
de tempo mínima)
Então este projeto tem Payback Simples de 3 anos, 8 meses e 14 dias.
Ano 0 1 2 3 4 5
Fluxo de Caixa Final
-500.000 22.479 77.714 128.904 177.109 222.200
Descontado
Fluxo de Caixa Final
-500.000 -477.521 -399.807 -270.903 -93.794 128.406
Descontado Acumulado
Então: último ano negativo do Fluxo de Caixa Final Descontado Acumulado: 4 anos.
Para calcular os meses: 93.794 : 222.200 X 12 = 5,065382538, utilizando somente a parte inteira: 5 meses
Para calcular os dias: 0, 065382538 x 30 = 2 dias
Então este projeto tem Payback Descontado de 4 anos, 5 meses e 2 dias.
Para facilitar a visualização, o ideal é manter todos os índices e Fluxo de Caixa juntos:
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
Ano 0 1 2 3 4 5
Se a empresa tivesse definido como tempo limite de recuperação do capital investido o tempo de 5 anos, se
pode dizer que este projeto deve ser aceito, pois o VPL é positivo, a TIR é maior que a TMA e o tempo de
recuperação dele é inferior ao limite traçado pela empresa. Lembrando que todo o Fluxo de Caixa foi estruturado
com base no Ponto de Equilíbrio Contábil, ou seja, a empresa, no ano 1 não teria lucro contábil algum. Isto
demonstra que o projeto parece ser bem interessante, pois a empresa ainda tem a capacidade de produzir mais e
consequentemente gerar melhores resultados.
Exercício:
Com base nos dados abaixo, estruture o Fluxo de Caixa e na sequência calcule o VPL, a TIR e os Paybacks. Ao final
responda se o projeto é viável ou não:
A empresa Bike e Runners, produtora de bicicletas é uma empresa de médio porte que atualmente está
enquadrada pelo sistema de tributação Lucro Presumido, pois seu faturamento médio anual era de 29.000.000,00. A
empresa tem capacidade para produzir 10.000 bicicletas e para isto incorre nos seguintes Custos e Despesas e paga
as seguintes alíquotas de impostos:
Sabendo que a empresa almeja conseguir uma rentabilidade de 20% após o pagamento de todos os
impostos, incluindo CSLL e IRPJ, faça um estudo de projetos de investimentos e financiamentos, no qual fará com
que a empresa consiga aumentar em seu potencial de produção. Isto fará com que ela consiga obter a margem de
lucratividade desejada de 350.000,00 no Ponto de Equilíbrio Econômico. Para este projeto a empresa pretende
investir 20.000.000,00 (vinte milhões de reais). Este dinheiro será captado sob forma de financiamento de à uma
taxa de 12% ao ano. A empresa pretende ter o retorno deste investimento em até 5 anos.
1° Passo: Cálculo do Mark-up:
Lucro Presumido
Impostos sobre Vendas
Contribuição Social
Imposto de Renda
Lucro Desejado pela Empresa
Total
Mark-up
2° passo: levantar os custos e despesas da empresa, classificando-os e calculando o gasto por unidade produzida:
Gastos variáveis
Custos Fixos
Despesas Administrativas
Despesas com Vendas
Total
Quantidade Produzida
Gasto Variável Unitário
10° passo: Estimativa dos valores a serem preenchidos no Fluxo de Caixa. A empresa pretende crescer 5% ao ano
valor das vendas e prevê um crescimento de 6% nos custos e despesas (exceto impostos):
F l u x o d e C a i x a - Bike & Runners
Dias Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Entradas
Receita Bruta de Vendas
Outros
Saídas
Impostos sobre Vendas
Contribuição Social
Imposto de Renda
Matéria-Prima:
Materiais Indiretos
Mão-de-Obra Direta
Seguro Área Produção:
Outras Desp. Marketing
Fretes
Seguro Área Administrativa
Propagandas
Comissões Vendedores
Energia Elétrica Produção
Energia Elétrica Adm.
Salário Administração
Fornecedores
Totais de Entradas
Totais de Saídas
Saldo Inicial de Caixa
Saldo de Caixa Acumulado
10° passo: Montar o Fluxo de Caixa Final e Descontado para o cálculo dos índices:
Decisões de Investimento e Financiamento – Prof. Emerson Bisco
Ano 0 1 2 3 4 5
Fluxo de Caixa Final
Fluxo de Caixa Final
Acumulado
Fluxo de Caixa Final
Descontado
Fluxo de Caixa Final
Descontado Acumulado
TMA
VPL
TIR
Payback Simples
Payback Descontado
Referências Bibliográficas:
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
ASSAF NETO, A. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2010.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira – 7ª ed. São Paulo: Harbra, 1997.
IUDÍCIBUS S., Marion, J.C. Curso de Contabilidade para Não Contadores. 6ª ed. São Paulo: Altas, 2010.