A Primeira Grande Guerra
A Primeira Grande Guerra
A Primeira Grande Guerra
A Primeira Guerra Mundial envolveu vários paises, mas representou, principalmente, o conflito entre
quatro grandes potências: França, Inglaterra, Rússia, por um lado e Alemanha, por outro.
As diferenças entre países refletiram os problemas criados pela industrialização e a conseqüente
competição por mercados de capitais. O desenvolvimento do capitalismo empurrou o mundo em
direção a uma rivalidade entre Estados, à expansão imperialista, ao conflito e à guerra.
A descoberta de novas fontes de energia, de novos remédios e de novas tecnologias favorecia a crença na
inesgotável capacidade humana de inventar, de criar novos produtos, dando a ilusão de que se
estava vivendo um período áureo da humanidade. Era a Belle Époque, conhecida pelo seu
otimismo, pela certeza de uma estabilidade e paz duradouras.
Os esforços da industrialização e a competição desenfreada tendiam recriar antigas rivalidades. Neste
sentido a deflagração de uma guerra entre duas ou mais potências era uma realidade possível. A
obrigação do jovem em prestar o serviço militar tinha por si só efeitos sociais significativos, pois
fazia crescer a influência do exército na sociedade e na política de seus países.
Mas nenhum governante acreditava numa guerra longa que pudesse vir a envolver tantas nações. O
surgimento do sistema de alianças e a formação de blocos atendiam aos interesses de cada país de
se defender em relação à ofensiva de um terceiro, mas era difícil prever que isso provocaria um
efeito dominó.
A idéia de que a guerra seria rápida estava de acordo com a crença na superioridade de um país em relação
a outro. Fortaleceu-se o nacionalismo dos países, o que significou a construção e generalização de
um conjunto de tradições que procuravam convencer a população de sua importância e
superioridade na história mundial.
O Estado tinha então um importante papel a cumprir. A generalização da educação pública consolidou uma
única língua nacional, construiu uma única história e, para tanto, utilizou-se de antigas mágoas e
rivalidades.
Não era difícil supor que a rivalidade entre França e Alemanha poderia provocar um conflito. Afinal, a
unificação da Alemanha em 1871 ocorreu no interior da Guerra Franco-Prussiana, que significou
para a França não somente a derrota como também a perda dos territórios da Alsácia e da Lorena
(ricas em ferro e carvão).
A região dos Bálcãs parecia um barril de pólvora. Ali, os interesses austríacos esbarravam no desejo de
autonomia das minorias étnicas e no avanço russo na região. A Alemanha, interessada em
preservar seus acordos com a Áustria formou a Tríplice Aliança (Alemanha, Império Austro-
Húngaro e Itália).
O esforço de superar rivalidades coloniais em África aproximou Inglaterra e França, que formaram a
Entente Cordiale. O acordo franco-inglês definiu estratégias contra o avanço industrial e colonial
alemão. Mais tarde a Rússia se aproximou da Entente Cordiale. O país buscava expandir sua
influência em direção aos Bálcãs, apoiando a independência dos povos eslavos submetidos ao
domínio austro-húngaro.
Atentado contra o príncipe herdeiro do trono austríaco, Francisco Ferdinando, em Sarajevo, então província
do Império Austro-Húngaro (28 de junho de 1914). Sérvia, país localizado no Bálcãs defendia a
formação de uma Grande Sérvia abrigando todos os povos eslavos da região. Francisco
Ferdinando foi morto por um militante da sociedade secreta Mão Negra, que defendia a
incorporação da Bósnia à Grande Sérvia.
Os interesses alemães ficaram claros no plano formulado pelo estrategista Alfred Schieffen e partia da
crença de que a guerra teria curta duração. Segundo as previsões do plano a França cairia em 45
dias. Após a derrota francesa os alemães atacariam a Rússia.
A ofensiva alemã começou pela Bélgica e pelo noroeste da França e partia do pressuposto da
inexorabilidade da vitória da Alemanha. No primeiro momento tudo indicava que os alemães
estavam certos em sua previsão. Já em fins de 1914 as tropas germânicas se deslocavam para a
Europa Oriental, em direção à Rússia.
Apesar das esperanças de todos, a guerra dava sinais de que não seria de curta duração. Os Estados então
envolvidos no conflito tiveram que se organizar para armar, equipar e abastecer os exércitos que,
apesar das previsões otimistas não voltariam logo para suas casas.
Em fins de agosto o exército alemão conseguiu uma importante vitória contra a Rússia na batalha de
Tannenberg. Em 29 de outubro os russos tiveram que enfrentar mais um novo inimigo, com a
entrada do Império Turco na guerra. Em resposta, França, Grã-Bretanha, Bélgica e Sérvia
declararam guerra àquele país.
Batalha do Marne – consagração da derrota do plano alemão e surgimento da guerra de trincheiras. O
domínio da artilharia e a incapacidade de vencer o inimigo dariam um caráter estático à guerra,
sem possibilidade de avanço real de nenhuma das partes envolvidas. De temporárias as trincheiras
passaram a ser definitivas. Os soldados permaneciam entrincheirados e milhares de homens ali
morreram sem que uma das partes alcançasse a vitória.
1915: declaração de guerra da Itália contra a Áustria.
1916: A Bulgária entra na guerra ao lado da Alemanha, ajudando a ocupar a Sérvia.
O ano de 1917 seria decisivo para os aliados. Em janeiro a Alemanha proclamou completo bloqueio da
França e da Grã-Bretanha e todas as potências neutras foram avisadas para que retirassem seus
navios dos mares britânicos.
O bloqueio alemão feria os interesses americanos, uma vez que impedia a manutenção das exportações dos
Estados Unidos para os seus parceiros europeus. Este fator, aliado à saída da Rússia da guerra,
determinou a decisão dos Estados Unidos de participar do conflito.
Após a saída da Rússia os alemães ampliaram seus esforços na frente ocidental para dar fim ao conflito.
As dificuldades das forças aliadas foram aos poucos sendo sanadas com os reforços americanos, cujos
exércitos começaram a desembarcar na França.
Nos meses de junho e julho de 1918, os aliados começaram a acumular sucessivas vitórias. A criação de um
comando único em julho permitiu uma organização mais racional da ofensiva aliada. Em junho os
austríacos foram derrotados pelos italianos. Logo depois americanos e ingleses conseguiram
romper as linhas alemãs.
Em 18 de novembro de 1914 o Estado alemão assinou o armistício.
Ao todo 14 países entraram no conflito. Em 1917 apenas Suíça, Espanha e alguns reinos escandinavos se
mantiveram neutros.
Empregado pela primeira vez pelos alemães em 1915, o gás fazia aumentar as baixas de ambos os lados.
Soldados entrincheirados viviam o constante pavor de morrerem envenenados. O mais conhecido
de todos os gases era o gás mostarda. Diferentemente dos demais, que atacavam o sistema
respiratório, o mostarda queimava qualquer parte exposta do corpo, incluindo os olhos.
Os britânicos, por sua vez, inauguraram, em setembro de 1916, o emprego dos tanques.
As forças navais utilizaram novos modelos de navios – cruzadores e submarinos alemães e couraçados e
submarinos ingleses. Ambos os lados procuravam destruir os navios carregados de suprimentos
para os inimigos. Ao afundá-los eles impediam que as populações civis tivessem alimentos
suficientes para sobreviver.
OS ACORDOS DE PAZ
Com a vitória da Revolução Bolchevique, o novo governo teve que negociar sua saída do conflito. Pelo
tratado de Brest-Litovsk os comunistas foram obrigados a aceitar a perda da Finlândia, da Polônia
russa e da Ucrânia, assim como a dos chamados países bálticos: Lituânia, Letônia e Estônia.
O Presidente dos Estados Unidos apresentou, no início de 1918, seus conhecidos “14 pontos de Wilson”,
rejeitados pelas potências vitoriosas européias. A idéia de uma “paz sem vencedores” não
agradava à Grã-Bretanha e à França. Para estes dois países era preciso impedir, a todo custo, que a
Alemanha pudesse voltar a ameaçar os vencedores. Era também preciso desarmar aquele país e
obrigá-lo a reparar os sofrimentos das populações aliadas.
19 de janeiro de 1919: na Conferência de Paris, na qual se reuniram os países vencedores é elaborado o
Tratado de Versalhes.
A Alemanha era obrigada a restituir a Alsácia e a Lorena à França, além de entregar a bacia carbonífera do
Sarre para ser explorada pela França durante quinze anos. Findo este prazo deveria haver um
plebiscito para que a população decidisse pela nacionalidade francesa ou alemã. Estabelecia-se
uma faixa de terra na Prússia Oriental conhecida como “corredor polonês” para dar uma saída
marítima à Polônia. Transformava-se a cidade alemã de Dantzing em cidade livre e dividia-se o
império colonial alemão pelas potências vencedoras, principalmente França e Inglaterra.
Indenizações punitivas: a Alemanha deveria pagar 132 bilhões de marcos-ouro divididos em cota num
prazo de 30 anos. Eram ainda confiscados todos os bens e investimentos nacionais ou privados
alemães existentes no estrangeiro. Os alemães eram obrigados a entregar 40 bilhões de toneladas
de carvão aos aliados europeus durante um período de 10 anos.
O Tratado de Versalhes determinava ainda que a Alemanha deveria admitir sua inteira responsabilidade
sobre a guerra, razão que justificou a desmilitarização de seu exército.
Os demais tratados:
Tratado de Saint Germain: assinado com a Áustria em 1919, determinou a independência da Hungria, da
Tchecoslováquia e da Iugoslávia. Além disso, os territórios irredentos – Trieste, Trentino e Ístria –
foram anexados à Itália.
Tratado de Neully: assinado com a Bulgária em 1919 que foi obrigada a ceder para a Romênia, a Iugoslávia
e para a Grécia a maior parte dos territórios anexados quando das guerras balcânicas.
Tratado de Trianon: assinado com a Hungria em 1920 que perdeu diversos territórios. A Eslováquia foi
incorporada à Tchecoslováquia; a Croácia à Iugoslávia e a Transilvânia à Romênia.
Tratado de Sèvres: assinado com a Turquia em 1920, acabou com o Império Turco. A Armênia se tornou
independente; a Grécia ficou com a maior parte da Turquia européia; os franceses passaram a
controlar a Síria e os ingleses controlaram a Mesopotâmia e a Palestina.
Balanço das perdas: a França teve 1,4 milhões de mortos em um período em que a população francesa era
de 39 milhões. A Alemanha perdeu 1,7 milhões numa população total de 66 milhões. 19 milhões
de mortos no total, entre civis e militares.